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Resumo Detalhado sobre o Milagre Econômico Brasileiro (1968-1973) 
 
O Milagre Econômico Brasileiro foi um período de rápido crescimento econômico no 
Brasil, ocorrido entre 1968 e 1973, durante os primeiros anos da Ditadura Militar. Esse 
processo foi caracterizado por altas taxas de crescimento do Produto Interno Bruto 
(PIB), investimentos em infraestrutura e uma considerável expansão da indústria. O 
milagre foi impulsionado por uma série de políticas econômicas adotadas pelo regime 
militar, mas também gerou desigualdades sociais e aumentou a dependência externa 
do país. Embora o Brasil tenha se destacado como uma das economias mais 
promissoras da época, o milagre não beneficiou a maioria da população e gerou efeitos 
colaterais graves. 
 
1. Contexto Político e Econômico 
 
O Milagre Econômico aconteceu em um contexto de regime militar no Brasil, após o 
golpe de 1964 que depôs o presidente João Goulart. Os militares assumiram o controle 
do país com a justificativa de combater a ameaça comunista e promover a estabilidade 
política. Em 1968, o governo militar, liderado pelo presidente Artur da Costa e Silva, 
adotou uma série de medidas que resultaram na aceleração do crescimento 
econômico. 
 
O período foi marcado pelo uso de uma economia planejada e uma série de reformas 
que buscavam modernizar o Brasil e posicioná-lo como uma potência emergente, 
principalmente no contexto da Guerra Fria, em que o Brasil, alinhado aos Estados 
Unidos, procurava se distanciar do socialismo e do comunismo. 
 
2. Principais Fatores do Milagre Econômico 
 
a. Investimentos Estrangeiros e Empréstimos Externos 
Um dos pilares do Milagre Econômico foi a atração de investimentos estrangeiros e a 
obtenção de empréstimos externos. O Brasil conseguiu grandes empréstimos 
 
 
 
 
internacionais, especialmente dos Estados Unidos e de organismos financeiros 
internacionais como o Banco Mundial. Esses recursos permitiram a implementação de 
obras de infraestrutura, como estradas, usinas hidrelétricas e projetos industriais, 
além de financiar o crescimento da indústria nacional. 
 
b. Expansão da Indústria e do Setor Privado 
O regime militar incentivou a industrialização do país, com ênfase em setores como 
siderurgia, petroquímica, automobilístico e eletrônicos. O governo adotou um modelo 
de substituição de importações, ou seja, incentivou a produção interna de bens que 
antes eram importados, com o objetivo de reduzir a dependência externa. O governo 
também criou incentivos fiscais e financiamentos favorecidos para empresas que se 
instalassem no Brasil. 
 
A indústria automobilística foi um dos principais exemplos desse processo. Grandes 
montadoras, como Volkswagen, Ford e General Motors, expandiram suas operações 
no Brasil, o que resultou na geração de empregos e aumento da produção. 
 
c. Política de Endividamento e Créditos Fáceis 
Durante o Milagre Econômico, o governo adotou uma política de endividamento 
externo crescente, o que permitiu financiar o crescimento rápido. Para tanto, o governo 
também incentivou o crédito fácil, principalmente para empresas e para os 
consumidores de bens duráveis. No entanto, esse endividamento criou uma 
dependência do Brasil em relação ao capital externo, o que resultou em dificuldades 
financeiras na década de 1980, quando o país não conseguiu mais honrar suas dívidas. 
 
d. Plano de Metas e Obras de Infraestrutura 
O regime militar lançou o Plano de Metas para promover o desenvolvimento do país. O 
plano priorizou a construção de grandes obras de infraestrutura, como a Usina de 
Itaipu (na fronteira com o Paraguai), que se tornou uma das maiores hidrelétricas do 
mundo, e a rodovia Transamazônica, que tinha o objetivo de integrar a região Norte ao 
restante do Brasil. 
 
 
 
 
 
Além disso, foi realizada uma grande expansão no setor de energia, com a construção 
de novas usinas hidrelétricas, e o setor de telecomunicações e transportes também 
recebeu investimentos substanciais. 
 
3. O Crescimento Econômico e suas Consequências 
 
Durante o período do Milagre Econômico, o Brasil experimentou um crescimento do 
PIB de cerca de 10% ao ano, o que fez com que o país fosse considerado um dos tigres 
asiáticos da época. A indústria nacional se expandiu rapidamente, houve um aumento 
na urbanização, e a classe média começou a se expandir. 
 
No entanto, esse crescimento foi muito desigual. Os grandes empresários e o setor 
financeiro se beneficiaram de maneira mais direta do crescimento, enquanto a 
população pobre e as classes trabalhadoras não vivenciaram melhorias significativas 
em suas condições de vida. Embora houvesse criação de empregos, muitos deles 
eram precários, e as reformas prometidas pelo regime, como a reforma agrária, não 
foram efetivadas. 
 
Além disso, a expansão do crédito interno e os grandes empréstimos externos 
aumentaram a dívida externa do Brasil, um fator que, mais tarde, contribuiria para a 
crise da década de 1980, conhecida como década perdida. 
 
4. A Crise do Milagre Econômico 
 
A partir de 1973, o Brasil começou a enfrentar os efeitos negativos do crescimento 
rápido. O embargo do petróleo imposto pelos países árabes durante a crise do petróleo 
de 1973 afetou a economia global e aumentou os preços do petróleo, o que teve um 
impacto negativo no Brasil, um país altamente dependente da energia importada. A 
inflação subiu, o crescimento desacelerou e a dívida externa se tornou cada vez mais 
difícil de ser gerenciada. 
 
 
 
 
 
Além disso, o modelo de crescimento baseado em endividamento e grandes obras 
públicas começou a mostrar seus limites. Em 1974, o governo militar, sob a 
presidência de Ernesto Geisel, iniciou uma política de abertura política e, ao mesmo 
tempo, enfrentou as dificuldades econômicas que estavam por vir. 
 
5. Consequências Sociais e Políticas 
 
Embora o Milagre Econômico tenha levado a um crescimento expressivo, os efeitos 
sociais foram limitados. A concentração de renda aumentou, e a desigualdade social 
permaneceu elevada. Muitos setores da população, especialmente os camponeses e 
os trabalhadores urbanos, não sentiram os benefícios do crescimento. 
 
Além disso, o período foi marcado por forte repressão política e censura. O AI-5, que 
havia sido decretado em 1968, intensificou a repressão aos opositores políticos, e 
organizações de esquerda e movimentos sociais foram duramente perseguidos. 
 
Conclusão 
 
O Milagre Econômico brasileiro foi um período de crescimento econômico acelerado, 
impulsionado por grandes investimentos externos, políticas de crédito fácil e uma 
estratégia de industrialização. No entanto, esse crescimento não foi sustentável a 
longo prazo e gerou uma grande desigualdade social. A dívida externa aumentou, e a 
crise de 1973 expôs as fragilidades do modelo adotado. O Milagre Econômico foi 
seguido por uma série de dificuldades econômicas nos anos seguintes, que 
culminaram em uma crise financeira e a necessidade de reformas econômicas na 
década de 1980.

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