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Cultura e Diversidade cultural Você tem cultura? DA MATTA, R. “Você tem cultura?”. Jornal da Embratel, Edição Especial, set/1981. Profa. Veronica Eloi Cultura Cultura é um termo que possui vários significados. Antropologia é a ciência que estuda a cultura, os homens que produzem cultura. O antropólogo Roberto DaMatta, um dos mais conhecidos no Brasil, trata do termo usando seus dois significados mais comuns. Cultura na apreensão do senso comum É comum ouvirmos falar que algumas pessoas que não têm formação acadêmica, não tenham cultura também. Por ex. “João não tem cultura”. Isto ocorre porque o sentido dado pelo senso comum à cultura está associado ao volume de leituras, de informação, educação, controle de informações, títulos universitários etc. A palavra cultura pode ser usada para classificar as pessoas, os grupos sociais, servindo como arma discriminatória contra algum grupo, sexo, idade, etnia ou sociedades inteiras. Vejamos os exemplos: As mulheres não aprendem matemática tão bem quanto os homens. Os mais jovens são incultos. Os negros não têm cultura, são favelados. Os ingleses e franceses são polidos e cultos, já os brasileiros, não têm cultura. Por isso, cultura enquanto categoria do senso comum ocupa um lugar no nosso acervo intelectual próximo a outros termos que também têm uma apreensão distinta academicamente. Estou me referindo ao termo personalidade. É comum ouvirmos que uma pessoa de opinião, tem personalidade, enquanto outra mais tímida, com menos magnetismo pessoal, não tem. Assim, como o termo personalidade na Psicologia tem outros significados, com o termo cultura acontece o mesmo na Antropologia. Cultura no sentido antropológico Para a Antropologia todos os indivíduos têm cultura, mesmo aqueles que nunca estudaram. Isto porque para os antropólogos ela é o conceito-chave para a interpretação da vida social. Cultura é a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é um mapa, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam, modificam o mundo e a si mesmas. É a cultura que torna possível a vida em sociedade – porque pessoas de interesses distintos compartilham parcelas importantes deste código, ainda que sejam estas pessoas bem diferentes. A cultura torna possível a vida em sociedade. No sentido antropológico, a cultura é um conjunto de regras que diz como o mundo pode e deve ser classificado. Subculturas - São gêneros de cultura que são equivalentes a diferentes modos de sentir, celebrar, pensar e agir no mundo. Podem estar associados a segmentos sociais. Ex. Funkeiros, emos, nordestinos no Rio de Janeiro, japoneses em São Paulo etc. Agora que começamos a perceber um pouco o que é cultura, discutiremos duas posições que as pessoas têm em relação a culturas diferentes. Etnocentrismo É a Tendência de classificar hierarquicamente o que é diferente do nosso modo de ser na sociedade. Como nos sugere o antropólogo Everardo Rocha (2004), vamos imaginar a sociedade a partir de dois grupos: o “grupo do eu” e o “grupo do outro”. O grupo do eu escolhe as mesmas comidas, bebidas, diversões, formas de olhar o mundo etc. O grupo do outro tem formas totalmente diferentes de comer, beber, se divertir e observar o mundo. O diálogo etnocêntrico ocorrerá da seguinte forma: “Como este grupo do outro pode gostar de coisas tão diferentes de mim e do meu grupo? Será que eu estou errado? Não. Eles é que estão loucos. O outro é bizarro e selvagem e sua cultura é intolerável”. O etnocentrismo toma a diferença como desvio. Se levado ao extremo, o etnocentrismo pode se tornar uma forma de exclusão social grave. Exemplos: Os gays devem ser punidos com surras. Os judeus são uma raça impura. O suburbano não tem cultura, então, vamos exibir apenas filmes americanos nos cinemas da zona norte do Rio de Janeiro! Relativismo cultural É a possibilidade de pensar as culturas sem hierarquizá-las. Propõe o respeito à cultura do outro, ao diferente. Não se trata de se tornar o outro, mas de deixar de estranhá-lo tanto, reconhecendo sua humanidade. Por exemplo, não podemos dizer que somos mais evoluídos do que as tribos indígenas. Podemos dize que somos diferentes, dominamos a sociedade em termos de tecnologia, mas hoje a natureza cobra seu ônus. Já muitas tribos, que não dominaram tanto a natureza, de certo modo, podem nos ensinar como podemos respeitá-la mais. A cultura permite traduzir melhor a diferença entre nos e os outros, resgatando nossa humanidade no outro e do outro em nos. Atualmente, a Antropologia nos convida a ver de forma mais respeitosa o outro, o diferente. Referência bibliográfica DA MATTA, R. “Você tem cultura?”. Jornal da Embratel, Edição Especial, set/1981. ROCHA, Everardo. “O que é etnocentrismo”. 19 ed. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 08-22. � PAGE \* MERGEFORMAT �3�
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