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PAULO FREIRE
Uma teoria para a libertação
Erica Amanda Bonfim
Professor-Tutor Externo: Celso Menezes
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Licenciatura em Ciências Biológicas (BID0260) – Prática do Módulo II
10/06/2013
RESUMO
Paulo Freire é um dos célebres pensadores do século XX, sua vasta obra permite, aos seus leitores, um aprendizado com bases progressistas. Freire leva educadores, formados e em formação, a pensar a educação de uma maneira que vise o ser humano efetivo na construção de sua existência, se conhecendo como ser que não tem sua vida predeterminada e, que sabe que sua realidade não é mera fatalidade. Freire nos remete a pensar em um aprendizado que forme o pensamento crítico do educando através de uma prática dialógica onde, professores e alunos, aprendem simultaneamente, onde há, por parte do docente, o respeito pelos conhecimentos que o aluno traz do contexto social no qual está inserido. Pretendemos aqui, expor esta teoria, através de uma pesquisa teórica feita nos livros do próprio autor, utilizando também pesquisa de outros estudiosos como, por exemplo, SCOCUGLIA (1999), que estuda Paulo Freire, e irá, aqui, nos ajudar a entender as influências que Freire teve durante sua obra. Utilizamos também o trabalho de TOMELIN (2013) e SIEGEL (2013). E, desta forma, buscamos entender a crítica ao Neoliberalismo e a busca incessante pela libertação das classes populares, bem como a contribuição de Paulo Freire na Educação de Jovens e Adultos (EJA). 
 
Palavras-chave: Educação. Paulo Freire. Dialógica. 
1 INTRODUÇÃO
Ler Paulo Freire significa entrar em um mundo onde o respeito ao aluno e a luta pela libertação da classe operária é, antes de tudo, a base para a transformação social, Neste trabalho conheceremos um pouco sobre sua teoria e seu pensamento democrático-progressista. Falar em um método freiriano, como explica Scocuglia (1999), é contraditório, pois ao ler sua obra Pedagogia do Oprimido (1994), uma das questões que podemos perceber é a fuga pertinente ao mecanicismo, e pensar em métodos leva a questões meramente mecânicas. Chamaremos então apenas de teoria de Paulo Freire, abordando suas idéias e seus ensinamentos.
Em um primeiro momento, conheceremos um pouco de sua vida, expondo suas influências, lembrando que, a base desta pesquisa, foram obras escritas em um período em que Freire teve muita influência do marxismo (Karl Marx), assim sendo, daremos enfoque aos livros Pedagogia do Oprimido (1994) e Pedagogia da Autonomia (1996), sendo o segundo, um estudo direto a pratica pedagógica progressista. No terceiro capítulo, abordaremos a maneira como Freire entende a prática pedagógica, seus apontamentos e sua visão sobre a educação. Visão esta, que serve de alicerce para muitos educadores que entendem que a prática dialógica leva o processo de ensino-aprendizagem a um de seus objetivos mais importantes: a construção mútua do conhecimento, em que o senso comum do aluno, o seu saber de experiência feito (FREIRE, 1996), é respeitado e transformado, por intermédio do professor, em conhecimento epistemológico.
Seguindo adiante, exploraremos a questão que, para Paulo Freire, deve ser o objetivo final do ato educativo: a formação do pensamento crítico para a busca da transformação social. Neste quarto capítulo, iremos expor algumas críticas, feitas por ele, ao Neoliberalismo e o motivo da importância dada, pelo autor, à consciência que o ser humano deve ter de sua posição no mundo como ser histórico-social e de sua necessidade de buscar a mudança, a necessidade que homens e mulheres devem ter de sua condição de seres inacabados e, assim, chegar a uma posição de igualdade entre oprimidos e opressores (FREIRE, 1994), onde as desigualdades sociais serão nulas.
No quinto capítulo iremos entender a idéia que Paulo Freire fazia da EJA, qual o objetivo real que o autor tinha do que deve ser a Educação de Jovens e Adultos, e o porquê de alfabetizar essas pessoas. Freire, da mesma forma que na educação das crianças e adolescentes, entendia a importância da formação educacional dos adultos, mais que mero repasse de conteúdos, viu a necessidade de uma educação para que, homens e mulheres, se fizessem de fato sujeito no processo de transformação social, e assim unir esforços na luta contra a opressão do Neoliberalismo.
2 UM POUCO DE FREIRE
Paulo Reglus Neves Freire, nasceu em 1921, em Recife, Pernambuco, e faleceu em 1997, vítima de infarto. Pensador da educação, teve sua vida e seu trabalho pautados na democracia progressista e na busca pela liberdade. Escreveu, além de artigos, textos, seminários e conferências, vinte e cinco livros (SCOCUGLIA, 1999). Acusado de perturbação e perseguido por ditadores, Paulo Freire se viu obrigado a fugir e se exilar. Foram 15 anos onde seu trabalho não parou, e foi quando escreveu duas de suas obras mais importantes: Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia (TOMELIN, SIEGEL, 2013).
Pensador sério e respeitado, teve sua obra traduzida em diversos idiomas, sendo um referencial de educação em todo o mundo. Apesar de ter nascido em família de classe média, Freire sempre lutou em prol da libertação da classe operária, os oprimidos, como ele mesmo denominava. Libertação esta que será alcançada através tomada de consciência crítica,obtida através da educação dialógica. Em um primeiro momento, Paulo Freire teve, em seu trabalho, influência de sua vida como cidadão católico progressista, como podemos constatar na obra de Scocuglia (1999):
“Indicamos as principais influências teóricas que constroem o pensamento do ‘primeiro’ Paulo Freire, especialmente correntes existencialistas e personalistas que alicerçam seu pensamento cristão progressista e as influências de intelectuais do ISEB, principalmente Vieira Pinto.” (SCOCUGLIA, 1999, p.14)
Em uma segunda fase de seu trabalho, Freire teve influência de correntes filosóficas, principalmente do marxismo, como bem aponta Scocuglia (1999, p.14) “buscamos identificar a progressão teórica do autor, a começar das influências modificadoras de corrente Marxista”. Segundo Scocuglia (1999), esta influência é notável, primeiramente, em Pedagogia do Oprimido e, posteriormente, em Ação Cultural para a Liberdade e Outros Escritos. A obra de Paulo Freire é tema de inúmeras teses, artigos, livros de escritores e acadêmicos que defendem veemente sua teoria, e de autores que o criticam na mesma intensidade, acusando-o até mesmo de utopia.
3 A NECESSIDADE DO DIÁLOGO E DO RESPEITO
Olhar para a educação como uma maneira de formar o pensamento crítico no educando, com base no diálogo e no respeito ao seu conhecimento de experiência feito, o senso comum, é uma forma simples de pensar a educação segundo a teoria de Paulo Freire, um referencial para a prática educativa e o processo de ensino-aprendizagem. Para Freire, o diálogo é a base para a construção do conhecimento, a verdadeira educação. A única forma de construir um novo saber é através do dialogo, mediante a pesquisa rigorosamente metódica, não a rigorosidade que transfere conhecimento, mas a rigorosidade persistente, inquieta, curiosa, de quem não se contenta com o básico, mas sim, de quem busca a razão e a essência do complexo, pesquisa esta que o educador deve instigar o aluno a fazer, tornando sua curiosidade ingênua em curiosidade epistemológica.
Uma educação onde o professor é o detentor do conhecimento e simplesmente repassa aos seus alunos as suas informações, não forma um cidadão crítico. Na educação bancária, a qual Freire (1994) se refere, o educador “deposita” no aluno todo o conteúdo, e este, por sua vez, sem questionar, sem dialogar, sem expor seu saber de experiência feito memoriza tudo o que lhe é passado. Esse caráter bancário da educação, segundo Freire,
“Sugere uma dicotomia inexistente homens-mundo. Homens simplesmente no mundo e não com o mundo e com os outros. Homens espectadores e não re-criadores do mundo. Concebe a consciência como algo especializado neles e não aos homens como ‘corpos conscientes’. A consciência como se fosse uma seção ‘dentro’ dos homens, mecanicistamente compartimentada, passivamente aberta ao mundo que irá ‘enchendo’ de realidade. Uma consciência continente a receber permanentemente os depósitos que o mundo lhe faz.” (FREIRE, 1994, p. 36)
Cabe ao educador o respeito ao conhecimento prévio do aluno, mesmo que seja este adquirido no senso comum, sem nenhum tipo de rigorosidade metódica, pois de nada vale um conteúdo que não leve em consideração o contexto social no qual este aluno esteja inserido, tudo se simplifica quando lhe é dado um caráter real, logo, implica diretamente em um aprendizado que seja de fato prazeroso aos dois lados deste processo.
Todo professor deve saber exercer, em sala de aula, a autoridade que seu cargo lhe compete, mas que seja esta autoridade uma autoridade democrática e não puro autoritarismo, que não necessite de afirmações do tipo: “Você sabe com quem está falando?”. O professor que exerce a autoridade democrática recebe o respeito de seu educando, pois este sabe que quem está ali em sua frente não é a representação de um “general”, mas é a figura com quem ele irá contar em sua caminhada. Para Freire,
“O grande problema que se coloca ao educador ou à educadora de opção democrática é como trabalhar no sentido de fazer possível que a necessidade do limite seja assumida eticamente pela liberdade.” (FREIRE, 1996, p.65)
A liberdade sem limite que atrapalhe a prática pedagógica não é a posição a ser tomada pelo educador democrático. Deve o professor dar liberdade aos seus alunos, permitindo lhe o exercício de sua autonomia, mas, guiando-o para não se fundar na licenciosidade, pois é na prática de sua autonomia que irá alcançar a consciência de cidadão efetivo em sua construção histórica, se reconhecendo como sujeito de sua existência e aprendendo o quão importante é a sua ação sobre o mundo, não podendo, desta forma, ficar alheio de suas responsabilidades, pois
“A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, na defesa de seus direitos em face da autoridade dos pais, do professor, do estado [...] É decidindo que se aprende a decidir.” (FREIRE, 1996, p. 66)
Cabe, também ao docente, refletir sobre sua prática a fim de corrigir possíveis falhas no processo de ensino-aprendizagem para melhorá-la e aprimorá-la. A responsabilidade e a seriedade andam lado a lado do educador que sabe da importância de sua profissão, e exercê-la de forma eficaz, pensando em seus alunos, é parte intrínseca do seu exercício profissional. O discurso do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” não cabe a profissão da docência, pois discurso e prática deve unir-se. Não deverá o professor divergir de sua fala enquanto referencial de seus alunos, seu discurso deverá convergir com suas ações, pois
“De nada serve, a não ser para irritar o educando e desmoralizar o discurso hipócrita do educador, falar em democracia e liberdade, mas impor ao educando a vontade arrogante do mestre” (FREIRE, 1996, p. 36)
Assim sendo, é necessário que, educadores e educadoras, cientes de sua posição no mundo e conscientes a politicidade da educação, não fiquem neutros diante de sua prática, tomar um partido e se posicionar diante de uma linha de pensamento faz parte do ser que se vê como agente criador de sua história e transformador de sua realidade. Falamos aqui de tomar um partido, não nos referindo à politicagem, mas sim à política que visa o bem comum, a política do pensar e agir corretamente. Freire conta, em sua obra Pedagogia da Autonomia (1996), de certa vez, estar em um debate, e alguém lhe perguntar sobre os suposto “baderneiros” do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e ele, com sua postura firme de quem sabe escutar, dialogar e defender sua opinião diz que poderia sim haver “baderneiros” em meio ao MST, mas que sua luta é justa e digna (FREIRE, 1996). Entendemos, neste simples gesto de Freire, como devemos agir diante de situações que colocam nosso ponto vista em contraposição com a opinião alheia, e compreendemos a importância do diálogo que respeita a visão de cada pessoa. E, é desta forma que ele expõe a necessidade que tem quem se entende como sujeito, e não como objeto no mundo, de não criar polêmica diante da divergência de opiniões, necessidade de quem entende a educação como aprendizado não determinado, mas como saber produzido na prática efetivamente dialógica, onde, professores e alunos, aprendem junto, o primeiro, aprende no ato de educar, o segundo, em sua ingenuidade, ensina ao aprender. Daí se dá importância do dialogo na prática educativa, não há ensinar sem aprender, não há experiência que não requer aprendizado, como não há senso comum que não tenha o que ensinar.
4 A IDEOLOGIA DO NEOLIBERALISMO E O PENSAMENTO CRÍTICO
A educação, segundo Paulo Freire, é o único caminho pelo qual é possível acabar com as desigualdades sociais, acabar com a opressão exercida pelos detentores dos meios de produção. O Neoliberalismo, sendo um sistema que explora tudo e todos que dele não podem se defender, homens, mulheres e meio ambiente, não se interessaria jamais que a classe operária se libertasse de sua ingenuidade, da falta de conhecimento de sua condição. Para tanto, a educação, controlada pelo Neoliberalismo, será somente um meio de perpetuação de um pensamento, deuma ideologia que esmaga os menos favorecidos, numa busca incessante atrás de obtenção de lucros e propriedade. Daí, a necessidade de educadores ensinarem aos seus educandos o pensar certo, não pela sua lógica (do educador), tendo-a como correta, mas pela formação do pensamento crítico, pois
 “Somente quando oprimidos descobrem, nitidamente, os opressores, e se engajam na luta organizada por sua libertação, começam a crer em si mesmos, superando assim, a sua ‘convivência’ com o regime opressor” (FREIRE, 2002, p.52 apud TOMELIN, SIEGEL, 2013, p.53)
Se de algum lugar surgir uma transformação, seria ingenuidade pensar que viria dos opressores, como bem reporta Freire (2002, p.52 apud TOMELIN, SIEGEL, 2013, p.53) “ninguém se liberta sozinho”, é a partir da união entre os oprimidos que se fará a mudança, que, conscientes de que sua situação de desfavorecidos não é mero determinismo, e que sendo o ser humano um ser histórico-social, encontrarão na força do conhecimento a busca pela libertação. Libertação esta que não fará com que oprimidos se tornem opressores, mas se fará alcançar um patamar de igualdades.
A história humana é por si só algo inacabado, o ser humano, por sua vez, deve ter consciência de que sua situação no mundo não algo dado pelo determinismo, não há nada predeterminado, e ter consciência de ser inacabado, cuja condição não é mera fatalidade torna o homem consciente de que a mudança é possível de ser alcançada. Não devem, homens e mulheres, tendo consciência de sua construção histórica e de seu ser inacabado, aceitarem a lógica do mercado que impõe aos oprimidos a fatalidade de sua situação, como bem exemplifica Freire (1996, p.33) pensar que “não há o que fazer, o desemprego é uma fatalidade do fim dos séculos”, é contraditório quando se tem consciência de que a história não é preestabelecida. Faz parte da lógica do Neoliberalismo que o operário aceite sua condição e não se reconheça como ser crítico, consciente de que sua realidade pode ser transformada, não para ser ele o dono dos meios de produção, mas para que não seja mais o oprimido, mas esteja em igual condição do, não mais, opressor.
“A ‘andarilhagem’ gulosa dos trilhões de dólares que, no mercado financeiro, ‘voam’ de um lugar para outro com rapidez dos faxes, à procura insaciável de mais lucro, não é tratada como fatalidade” (FREIRE, 1996, p.33), se o aumento descontrolado do lucro não é fatalidade, porque assim seria a miséria, o desemprego, o analfabetismo? É necessário ao ser que se reconhece como condicionado, e não determinado, fazer valer sua presença no mundo, através da ética, não a ética do mercado que nada faz para acabar com as diferenças exorbitantes, mas a ética verdadeiramente humana, a eticidade do pensar certo, que quer romper com as injustiças, com as desigualdades sociais, com o determinismo, a ética que torna, homens e mulheres, esperançosos, que vêem a esperança como especificidade humana, que não aceita discriminações, que respeita o ser humano e as diferentes formas de pensar e não cria polêmica sobre o pensamento do outro, mas que sabe dialogar e gerar novos saberes. Se reconhecer no mundo implica diretamente se reconhecer construtor de sua existência, pois nossa “[...] presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também na história” (FREIRE, 1996, p.31).
Educadores e educadoras, conscientes da importância de sua prática e de que é necessário ensinar o educando o pensar certo e a ética, tem papel fundamental na construção da história, pois pensando criticamente e não sendo alienado à ideologia dominante, estará o educando preparado para buscar a transformação de sua realidade.
5 A EJA DE PAULO FREIRE
Paulo Freire, em sua trajetória, visou uma educação que atingisse crianças, adolescentes e adultos, mas sua maior contribuição foi na alfabetização das massas populares de adultos analfabetos. Em sua luta pela libertação dos oprimidos, Freire queria a efetivação dos direitos humanos, e sabia que, alfabetizados, os operários poderiam votar, criou assim uma maneira de ensinar as pessoas a ler e escrever em um curto período e, rapidamente, em suas experiências, viu seus objetivos alcançados. O que pretendia era uma formação que além de alfabetizar, utilizasse o contexto social dos alunos para conscientizá-los, surgiu assim, a necessidade de mudar suas estratégias a cada lugar em que estivesse. Freire confiava na capacidade das pessoas, como podemos perceber em sua tese acadêmica:
“[...] O homem é um ser de relações que estando no mundo é capaz de ir além, de projetar-se, de discernir, de conhecer [...] e de perceber a dimensão temporal da existência como ser histórico e criador de cultura.” (FREIRE, 1959, p.8 apud SCOCUGLIA, 1999, p.38)
Para tanto, ele descartou as tentativas do governo para implantação de uma educação de adultos com objetivo único de formação de mão-de-obra, pois formar somente para atender a demanda do mercado implica simplesmente em perpetuar o sistema econômico vigente. Formar de maneira mecânica, transformando as pessoas em meros “robôs”, que não buscam mudanças e nem sabem do seu poder de transformação, era exatamente o contrário do que Freire queria, seu trabalho sempre foi para formar pessoas que lutem por seus direitos, pois “a não descoberta do homem como ser “fabricante” da cultura, implicaria à cultura do silêncio, a submissão e a perpetuação da subalternidade” (SCOCUGLIA, 1999, p.40).
Paulo Freire, durante os anos de exílio, percorreu diversos países onde pôde aplicar seus conhecimentos na alfabetização de homens e mulheres que não sabiam ler e escrever, e assim ajudá-los a se libertarem. A Educação de Jovens e Adultos, nunca foi, para Freire, uma proposta mecânica de formação profissional e, muitas vezes, o que encontramos são conteúdos programados, métodos organizados e alinhados de maneira a impedir a formação plena do cidadão efetivo na construção social. Muitas vezes saem lendo e escrevendo, mas não compreende o porquê disso ou aquilo, só o fazem por saber que todos o fazem, assim, puramente como objetos, e não como sujeitos de suas ações, e não entendem o poder que a educação e a política têm se forem conciliados, formam-se, quando muito, analfabetos funcionais, que lêem e escrevem, mas não interpretam e não tem uma visão humanizadora desta ação. Se
“As esferas das relações entre educação como processo de conscientização e da educação como conquista da liberdade, constituem marcas constantes no discurso político-pedagógico de Freire” (SCOCUGLIA, 1999, p.42)
compreendemos o porquê das propostas prontas para a EJA não se enquadrarem nas propostas de sua teoria, pois cada cultura, cada lugar, cada cidadão se encontra em situações sociais diferentes. A EJA de Freire busca formar o homem que se entende como ser histórico-social, anula as possibilidades do determinismo, respeita os conhecimentos do senso comum e os utiliza para trazer a realidade para a sala de aula e torná-la conhecimento epistemológico para pesquisa e conscientização. Assim sendo, a função da EJA na transformação social dos oprimidos é a de formadora de consciência crítica de adultos que, alienados pelo Neoliberalismo, não têm noção do quanto podem fazer por si próprios e pela sua sociedade. E, é desta forma que todos que estejam envolvidos no processo ensino-aprendizagem devem entender a sua prática pedagógica, buscando tornar o ser humano responsável por alcançar a transformação em sua história, e acabar com toda a opressão exercida pelos detentores de meios de produção e pela luta desenfreada dos mesmos atrás da obtenção de lucro através da exploração de mão-de-obra. Cabe aos docentes entender este processo, trabalhar e analisar sua prática educativa para ajudar seus educandos a irem além da memorização mecânica dos conteúdos curriculares.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos aqui à conclusão de uma pesquisa com a qual esperamos contribuir para que o legado de Paulo Freire possa continuar formandoeducadores que trabalhem sob a influência de sua teoria. Educadores que saibam da importância de sua profissão e de sua responsabilidade como formadores de seres humanos críticos, que busquem, realmente, fazer a diferença na vida de seus alunos. Docentes que saibam que o ato de educar é muito mais que mero repasse de conteúdos programados e sem ligação com a realidade de seus educandos, mas, que entendam que educar é formar o aluno para agir efetivamente em seu processo histórico sócio-cultural, como agentes transformadores da sociedade.
Esperamos contribuir para conscientizar nossos professores, da importância que uma educação que visa à formação plena das pessoas, como sujeitos no mundo, têm para a não perpetuação de um sistema econômico que explora, além da mão-de-obra, o meio ambiente e a imagem dos seres humanos, que explora a sociedade de uma maneira geral, um sistema econômico que não se importa com as condições miseráveis em que pessoas do planeta inteiro se encontram, que o único objetivo é o acumulo de riquezas, não se importando se ali, na calçada da sua empresa, está um ser humano que não tem condições nem mesmo de fazer uma refeição decente. Esperamos com está pesquisa conscientizar o leitor, da importância e da necessidade de uma educação para as massas populares que sofrem com alienação que o Neoliberalismo insiste em perpetuar, através de uma lógica de mercado em que, muitas vezes, as péssimas condições da nossa sociedade passam a ser uma forma de obter lucro, através de demagogias, de falsas preocupações, de puro sensacionalismo.
Queremos aqui contribuir para que nossos educadores e educandos possam entender que o dialogo é a maneira com a qual podemos construir novos conhecimentos com bases em pesquisas metodológicas que transformarão o conhecimento do senso comum em saber epistemológico. Através deste trabalho expomos as idéias de Freire e, é assim que tentamos ajudar as pessoas a entenderem a sociedade como indeterminada e passível de mudanças, mudanças estas que poderão ser atingidas por uma educação democrática progressista voltada para a libertação dos oprimidos.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários Á Prática Educativa. EGA, 1996. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/espanhol/pdf%5Cpedagogia_da_autonomia_-_paulofreire.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11° Ed. Rio de Janeiro. PAZ E TERRA, 1994. Disponível em: <http://www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Pedagogia_do_Oprimido.pdf>.Acesso em: 09 jun. 2013.
SCOCUGLIA, Afonso Celso. A História das Idéias Político-pedagógicas de Paulo Freire e a Atual Crise de Paradigmas. 2ª Ed. João Pessoa. UNIVERSITÁRIA, 1999. Disponível em: <http://xa.yimg.com/kq/groups/24793572/1126028208/name/A_Hist%C3%B3ria_das_Id%C3%A9ias_de_Paulo_Freire_e_a_Atual_Crise_de_Paradigmas.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2013.
TOMELIN, Janes Fidélis. SIEGEL, Norberto. Filosofia geral e da educação. 2ª Ed. Indaial. UNIASSELVI, 2013.

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