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Sociologia Geral e da Religião

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Prévia do material em texto

2015
Sociologia geral e da 
religião
Prof. Gesiel Anacleto
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Prof. Gesiel Anacleto
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
306.6
A532s Anacleto, Gesiel
 Sociologia geral e da religião /Gesiel Anacleto. 
Indaial : UNIASSELVI, 2015.
 
 233 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-917-6
 
1. Sociologia e religião. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apreSentação
Olá, caro(a) acadêmico(a)!
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Sociologia Geral e da Religião. 
Nossa proposta nesta disciplina é ter uma visão geral da sociologia, 
dos principais temas sociológicos e também discorrer um pouco sobre 
o fenômeno religioso a partir de uma perspectiva sociológica. Este é um 
trabalho que representa um desafio, pois a religião é um fenômeno amplo 
e que merece muita atenção para que formulemos juízos de valores sobre as 
diferentes religiões. É importante que sua leitura do conteúdo deste Caderno 
de Estudos seja crítica e reflexiva, pois acreditamos que cada pessoa é capaz 
de, a partir de uma visão crítica, contribuir positivamente para a construção 
de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária. 
Este caderno está dividido em três unidades de estudo.
Na Unidade 1 iremos nos debruçar um pouco na Sociologia Geral. 
Inicialmente discorreremos sobre o desenvolvimento histórico da sociologia 
perpassando sobre as mudanças ocorridas em decorrência do advento da 
modernidade e a origem da sociologia como ciência. No sentido de possibilitar 
uma visão geral da sociologia iremos estudar brevemente os sociólogos 
clássicos e para finalizar abordaremos a sociologia no Brasil. 
Na Unidade 2 vamos discorrer sobre Os Principais Temas da 
Sociologia. A estrutura social da qual fazemos parte é muito complexa, 
portanto, é fundamental que escolhas os temas principais que nos darão uma 
visão geral da sociedade. Nesse sentido, nessa unidade, iremos conhecer os 
conceitos de cultura, sociedade e indivíduo. Em seguida, trataremos de buscar 
compreender como está estruturada a sociedade e as instituições que dela 
fazem parte. Por fim, iremos discorrer sobre os grupos sociais que formam a 
sociedade no sentido de diferenciá-los sem excluí-los. 
Na Unidade 3 iremos nos dedicar a conhecer um pouco mais sobre 
A Sociologia da Religião. Trataremos de conhecer um pouco mais sobre os 
sociólogos da religião e suas contribuições para o entendimento do fenômeno 
religioso. Como a religião é vista na sociedade atual. Faremos ainda uma 
abordagem sobre o pluralismo religioso e a religiosidade brasileira no sentido 
de compreender o papel de cada religião na sociedade, enfatizando que as 
diferenças não devem ser motivos de discórdia e conflito. 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
Esperamos que esta disciplina venha a contribuir para sua formação 
acadêmica e humana, pois qualquer conhecimento destituído de uma aplicação 
para a vida se torna irrelevante diante da própria existência humana. Por isso 
desejamos a você um excelente aprendizado e ótimo aproveitamento.
Bons estudos e muito sucesso!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – SOCIOLOGIA GERAL ................................................................................................ 1
TÓPICO 1 – A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E A SOCIOLOGIA ...................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O QUE É SOCIOLOGIA ...................................................................................................................... 3
3 O OBJETO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA ................................................................................. 6
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 7
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 9
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 10
TÓPICO 2 – ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA
 SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA ...................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 11
2 MODERNIDADE.................................................................................................................................. 11
3 A REFORMA PROTESTANTE ........................................................................................................... 13
4 O RENASCIMENTO CULTURAL .................................................................................................... 14
5 O ILUMINISMO ................................................................................................................................... 16
6 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ......................................................................................................... 17
7 A REVOLUÇÃO FRANCESA ............................................................................................................. 19
8 AUGUSTO COMTE E O POSITIVISMO ........................................................................................ 21
 8.1 AUGUSTO COMTE E A FÍSICA SOCIAL .................................................................................... 24
9 HERBERT SPENCER............................................................................................................................ 26
9.1 SPENCER E A TEORIA DO DARWINISMO SOCIAL ............................................................... 27
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 29
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 32
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33
TÓPICO3 – A SOCIOLOGIA CLÁSSICA ......................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 ÉMILE DURKHEIM ............................................................................................................................. 36
2.1 O FATO SOCIAL .............................................................................................................................. 37
3 MAX WEBER ......................................................................................................................................... 39
 3.1 A AÇÃO SOCIAL............................................................................................................................. 40
4 KARL MARX ......................................................................................................................................... 42
4.1 MATERIALISMO DIALÉTICO ...................................................................................................... 43
4.2 MATERIALISMO HISTÓRICO ...................................................................................................... 44
4.3 INFRAESTRUTURA E SUPERESTRUTURA .............................................................................. 45
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 47
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 48
TÓPICO 4 – A SOCIOLOGIA BRASILEIRA ..................................................................................... 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 FLORESTAN FERNANDES................................................................................................................ 49
2.1 FLORESTAN FERNANDES E A SOCIOLOGIA CRÍTICA NO BRASIL ................................. 52
Sumário
VIII
3 DARCY RIBEIRO ................................................................................................................................. 55
3.1 O POVO BRASILEIRO .................................................................................................................... 56
4 GILBERTO FREYRE ............................................................................................................................. 59
4.1 O PROCESSO CIVILIZADOR NO BRASIL ................................................................................. 61
4.1.1 Casa-Grande e Senzala ........................................................................................................... 61
4.1.2 Sobrados e Mocambos............................................................................................................ 64
5 SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA ............................................................................................... 67
5.1 RAÍZES DO BRASIL ........................................................................................................................ 68
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 70
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 73
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 74
UNIDADE 2 – PRINCIPAIS TEMAS DA SOCIOLOGIA ............................................................... 75
TÓPICO 1 – A CULTURA, A SOCIEDADE E O INDIVÍDUO ....................................................... 77
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 A CULTURA ........................................................................................................................................... 78
3 O INDIVÍDUO COMO PRODUTO SOCIAL ................................................................................. 81
4 O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO ................................................................................................ 82
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 87
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 89
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90
TÓPICO 2 – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL ............................................................... 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 91
2 FUNCIONALISMO: SISTEMAS SOCIAIS .................................................................................... 92
3 O GRUPO PRIMÁRIO E O GRUPO SECUNDÁRIO ................................................................... 96
4 FAMÍLIA, PARENTESCO E MATRIMÔNIO ................................................................................. 98
5 ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL ............................................................................................................ 101
5.1 OS ESTAMENTOS E AS CASTAS SOCIAIS ................................................................................ 102
6 STATUS E PAPEL SOCIAL ................................................................................................................. 108
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 112
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 114
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 115
TÓPICO 3 – AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS ........................................................................................ 117
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 117
2 INSTITUIÇÕES ECONÔMICAS ...................................................................................................... 117
3 AS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS ....................................................................................................... 123
4 EDUCAÇÃO .......................................................................................................................................... 125
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 128
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 133
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 134
TÓPICO 4 – CONTROLE SOCIAL E GLOBALIZAÇÃO ................................................................ 135
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 135
2 O CONTROLE SOCIAL ...................................................................................................................... 135
3 O COMPORTAMENTO DIVERGENTE E A DESORGANIZAÇÃO SOCIAL ........................ 137
4 A GLOBALIZAÇÃO .............................................................................................................................141
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 145
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 146
IX
UNIDADE 3 – SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO .................................................................................. 147
TÓPICO 1 – OS PENSADORES CLÁSSICOS E A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO .................. 149
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 149
2 DURKHEIM E AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA ................................... 150
2.1 O QUE É RELIGIÃO PARA DURKHEIM .................................................................................... 151
2.2 O TOTEMISMO COMO FORMA DE EXPLICAR A RELAÇÃO ENTRE RELIGIÃO E
 SOCIEDADE ..................................................................................................................................... 156
3 WEBER E A SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO ................................................................................... 161
4 BOURDIEU E O CAMPO RELIGIOSO ........................................................................................... 166
4.1 O CAMPO RELIGIOSO .................................................................................................................. 171
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 173
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 177
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 179
TÓPICO 2 – A RELIGIÃO NA SOCIEDADE ATUAL...................................................................... 181
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 181
2 A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA RELIGIÃO NA SOCIEDADE ATUAL ........................ 182
3 A CRENÇA NA SOCIEDADE SECULARIZADA .......................................................................... 184
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 187
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 192
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 193
TÓPICO 3 – PLURALISMO E DIVERSIDADE RELIGIOSA ......................................................... 195
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 195
2 O PLURALISMO RELIGIOSO .......................................................................................................... 196
3 DIVERSIDADE RELIGIOSA ............................................................................................................. 197
4 COMPROMISSO DE PAZ GLOBAL ................................................................................................ 199
5 DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO ........................................................................................................ 203
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 205
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 208
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 209
TÓPICO 4 – UM RETRATO DA RELIGIOSIDADE BRASILEIRA............................................... 211
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 211
2 O CATOLICISMO ................................................................................................................................ 212
3 O PROTESTANTISMO BRASILEIRO ............................................................................................. 214
3.1 O PENTECOSTALISMO ................................................................................................................. 216
4 RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS ................................................................................................... 219
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 224
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 225
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 227
X
1
UNIDADE 1
SOCIOLOGIA GERAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• conhecer a origem e o desenvolvimento da sociologia;
• avaliar as mudanças sociais e o desenvolvimento das primeiras concep-
ções sociológicas;
• conhecer os principais clássicos da sociologia;
• situar o pensamento de cada teórico frente à realidade social vivenciada;
• conhecer a sociologia brasileira e seus principais representantes
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dos estudos, você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conteúdos estudados.
TÓPICO 1 – A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E A SOCIOLOGIA
TÓPICO 2 – ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO 
DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
TÓPICO 3 – A SOCIOLOGIA CLÁSSICA
TÓPICO 4 – SOCIOLOGIA BRASILEIRA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E A SOCIOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste primeiro tópico estaremos abordando de uma 
maneira geral o surgimento e o desenvolvimento da sociologia. Por mais que a 
disciplina de sociologia seja algo recente, as discussões em torno dos fenômenos 
sociais são muito antigas, pois remontam à Grécia clássica. Compreender o 
desenvolvimento da história da humanidade é um fator determinante para 
compreendermos a sociologia, pois não está desvinculada das transformações 
históricas pelas quais a humanidade passou e vem passando, como bem sabemos. 
Inicialmente, as discussões sobre as questões relativas à vida em sociedade 
eram feitas no campo da filosofia política. Todavia, com o passar do tempo, viu-se 
a necessidade de estabelecer uma disciplina específica para o estudo da sociedade 
e das relações sociais. A partir do surgimento da sociologia ficou estabelecido que 
seu campo ou objeto de pesquisa seria a sociedade e as relações que nela acontecem. 
Vamos então iniciar nossos estudos sobre a origem e o desenvolvimento 
desta tão importante disciplina. Mãos à obra!
2 O QUE É SOCIOLOGIA
A partir do instante em que os seres humanos foram formando as 
comunidades como uma maneira de sobreviver, ao mesmo tempo em que esse 
ajuntamento facilitava a luta por sobrevivência, outros problemas foram surgindo, 
em decorrência das relações existentes nestes grupos. Nesse sentido, foi necessário 
que se criassem mecanismos que regulamentassem a vida em sociedade, para que 
a mesma permanecesse em harmonia e todos viessem a gozar de uma vida estável 
e feliz. A organização social surgiu devido às necessidades do grupo. À medida 
que os grupos foram crescendo, as relações foram se tornando mais complexas. 
Nesse momento começam a surgir as primeiras instituições, e dentre elas podemos 
destacar o Estado, que serve como mediador nas relações sociais,econômicas e 
políticas da sociedade.
 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
4
A sociologia como ciência veio surgir apenas no século XIX, mas as 
discussões sociológicas são anteriores ao nascimento de Cristo. A ciência que se 
ocupava das discussões sociais, até então, era a filosofia política. De acordo com 
Sell (2002, p. 29),
Ao longo de sua história, a filosofia política teve dois momentos 
fundamentais. O primeiro está ligado ao mundo grego e ao surgimento 
das teorias políticas de Platão (427 a-347 a.C.) e Aristóteles (348-322 
a.C.). O segundo está ligado ao início da era moderna e é representado 
pelas teorias do contrato social de Hobbes (1588-1689), Locke (1632-
1704) e Rousseau (1712-1778).
Platão e Aristóteles fazem parte de um importante período da filosofia política 
clássica, que tinha como objeto de estudo a pólis grega, que eram as cidades-estados 
independentes, que tinham seus próprios governos e tinham autonomia para criar 
suas leis. Nesse período, as questões de ordem política se tornaram o centro das 
discussões filosóficas. Um exemplo disso é a importante obra de Platão, a República. 
Dentre os temas discutidos nos diálogos da obra de Platão está o da justiça, 
pois esta é, sem dúvida, a questão que mais incomoda a vida em sociedade, pois a 
injustiça é um fator determinante no surgimento de revoltas populares e violência. 
Se observarmos, veremos que ao longo da história os grupos de pessoas lutaram 
por justiça, ou por aquilo que acreditam ser justo. Na República nós percebemos os 
diferentes conceitos apresentados pelos interlocutores de Sócrates e as concepções 
divergentes sobre o mesmo tema. 
Tanto as obras de Platão como as de Aristóteles contribuíram para a 
estruturação da filosofia e cultura helenista, lembrando que o helenismo foi um 
período cuja principal característica é a ênfase dada à ciência e ao conhecimento.
NOTA
O conceito de Helenismo foi usado pela primeira vez pelo historiador alemão Johann 
Gustav Droysen (1808-1884) para caracterizar o processo de expansão da cultura helênica, isto 
é, grega, para outras regiões do mundo antigo após a morte do Imperador Alexandre, O Grande.
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadomundo.com.br/idade-antiga/helenismo.htm>. 
Acesso em: 18 maio 2015.
O segundo momento da filosofia política está ligado ao início da 
modernidade, e seus principais representantes foram Hobbes, Locke e Rousseau. 
TÓPICO 1 | A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E A SOCIOLOGIA
5
Se na filosofia política clássica o objeto de estudo era a pólis, na filosofia 
política moderna o objeto de estudo será o Estado. Hobbes, em sua obra Leviatã, 
defendeu a tese de que o Estado deveria ser a instituição principal na regulamentação 
das relações sociais. Locke defendia a ideia de que o poder não reside no Estado, 
mas na população. Ele não estava com isso diminuindo o poder do Estado, mas 
defendia que o próprio Estado precisava se sujeitar às leis naturais e civis. Dentre 
outras coisas, defendia a separação entre a Igreja e o Estado. Rousseau, em seu 
Contrato Social, reflete sobre como é possível criar uma sociedade mais justa e igual. 
Em sua opinião, o homem nasce livre, mas a sociedade o acorrenta. De acordo com 
Strauss e Crospey (2013, p. 502), “Rousseau é republicano; é republicano porque 
acredita que os homens são livres e iguais por natureza. Só uma sociedade civil, 
que é um reflexo dessa natureza, pode ter esperança de fazer felizes os homens”. 
Segundo Sell (2002, p. 29), “O surgimento da sociologia no século XIX 
representa uma terceira onda na história do pensamento social”. Esta terceira onda 
da história do pensamento social foi denominada por Comte de Sociologia. 
A sociologia consiste numa área importante das ciências humanas, ao lado 
da antropologia, história e geografia, que estudam a sociedade em seus diversos 
aspectos, e pode ser definida como o
Estudo científico das relações sociais, das formas de associação, 
destacando-se os caracteres gerais comuns a todas as classes de 
fenômenos sociais, fenômenos que se produzem nas relações de grupos 
entre seres humanos. Estuda o homem e o meio humano em suas 
interações recíprocas. A sociologia não é normativa, nem emite juízos de 
valor sobre os tipos de associação e relações estudadas, pois baseia-se em 
estudos objetivos que melhor podem revelar a verdadeira natureza dos 
fenômenos sociais. A Sociologia, desta forma, é o estudo e o conhecimento 
da realidade social. (LAKATOS; MARCONI, 2006, p. 25). 
Desde os primórdios da história da humanidade o homem vem 
estabelecendo relações, como forma de sobreviver e superar os desafios impostos 
pela natureza. À medida que o tempo vai passando, essas relações vão se tornando 
mais complexas e os homens vão sentindo a necessidade de se organizarem para 
desenvolver estratégias de sobrevivência, cada vez mais eficientes, que garantam 
o bem-estar de todos. 
Não é função da sociologia emitir juízos de valor sobre os fatos históricos e 
sociais, pois este julgamento compete às instituições criadas para isso. Para Weber 
(1994, apud SELL, 2002, p. 180), “sociologia significa uma ciência que pretende 
compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la em seu curso e seus 
efeitos”. A função principal da sociologia é estudar objetivamente os fatos através 
de métodos científicos, procurando fugir das análises subjetivas características do 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
6
senso comum. É importante ressaltar que a sociologia não consiste num conjunto 
de afirmações baseadas no senso comum, pois “enquanto o senso comum apresenta 
ideias familiares e não testadas, a sociologia, utilizando o método científico, 
apresenta ideias fundamentadas que podem ser permanentemente verificadas”. 
(DIAS, 2011, p. 16). O fato de a sociologia utilizar métodos científicos em suas 
pesquisas é o que lhe confere o status de ciência.
3 O OBJETO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA
O objeto de estudo da sociologia é basicamente a vida em sociedade, os 
fenômenos sociais. Enquanto a psicologia, por exemplo, estuda o ser humano 
em seu aspecto particular, a sociologia estuda os grupos sociais. Consiste num 
estudo mais amplo e crítico, sobretudo aquilo que diz respeito à vida social dos 
indivíduos. 
De acordo com Lakatos e Marconi (2006, p. 26), “compete, portanto, 
à sociologia o estudo do homem e do universo sociocultural como um todo, 
analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais”. Tal estudo é por 
natureza complexo, pois seu campo de ação está relacionado a tudo aquilo que diz 
respeito à vida social. Por este motivo é que a sociologia está dividida em várias 
áreas básicas, como, por exemplo, a sociologia sistemática, sociologia descritiva, 
sociologia comparada, sociologia diferencial, sociologia aplicada e sociologia geral 
ou teórica. 
A palavra sociedade é um termo muito utilizado quando estudamos 
sociologia. Nesse sentido, podemos nos perguntar o que é sociedade do ponto de 
vista sociológico? De acordo com Chinoy (1967, p. 55),
A sociedade, portanto, é antes de tudo o grupo dentro do qual os 
homens vivem uma vida comum total, uma organização limitada a 
um propósito ou a propósitos específicos. Desse ponto de vista, uma 
sociedade consiste em indivíduos não apenas aparentados uns com os 
outros, mas também em grupos interligados (sic) e justapostos. 
A sociedade é composta de indivíduos que pensam de maneiras diferentes, 
possuem hábitos, costumes e crenças diferentes. No entanto, mesmo sendo tão 
diferentes, as pessoas possuem relações sociais com os diversos grupos, pois que 
estes estão ligados ou interligados de diversas maneiras, alguns estão ligados aos 
outros por laços familiares, outros pela crença em uma religião comum, outros 
ainda por uma ideologia política ou por relações econômicas etc. Isso significa que 
o indivíduo que está inserido em uma sociedade possui relações com os demais, 
sejam elas espontâneas ou não. 
Vamos usar um exemplo de interligação no campo econômico. Um 
eletricista que pertenceao segmento religioso adventista e guarda o sábado, mas 
tem relações econômicas com um ateu. O ateu não considera o sábado um dia 
sagrado e não vê problema algum em trabalhar no sábado. No entanto, ao contratar 
TÓPICO 1 | A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E A SOCIOLOGIA
7
os serviços deste eletricista, sabe que não poderá contar com ele no sábado para 
consertar algum problema elétrico, apenas depois das seis da tarde. Observe que 
aqui há um caso em que os indivíduos estão ligados por laços econômicos, mas 
quando se trata de religião, possuem uma visão completamente diferente. 
Essa interação social entre os indivíduos com valores e ideias diferentes 
é possível quando a sociedade está organizada no sentido de que as diferentes 
crenças, valores, concepções de mundo são respeitadas. Em algumas sociedades 
isso ainda não é possível, pois há sociedades em que uma determinada religião é 
dominante e, portanto, todos devem se submeter às suas crenças, mesmo que isso 
seja contra sua vontade.
A sociologia toma esses elementos e fenômenos sociais como objeto de 
estudo no sentido de compreender a dinâmica da sociedade. Busca, por meio de 
seus métodos, superar as concepções baseadas no senso comum e compreender 
cientificamente o comportamento humano e suas relações com os demais indivíduos 
ou grupos. Esses conhecimentos elaborados pelos estudos sociológicos, dentre 
outras coisas, servem aos governos para desenvolverem políticas públicas mais 
eficientes no sentido de combater as desigualdades sociais, econômicas e culturais. 
LEITURA COMPLEMENTAR
SOCIEDADE
Sociedade é um tipo especial de sistema social que, como todos os sistemas 
sociais, distingue-se por suas características culturais, estruturais e demográficas/
ecológicas. Especificamente, é um sistema definido por um território geográfico 
(que poderá ou não coincidir com as fronteiras de nações-estados), dentro do qual 
uma população compartilha de uma cultura e estilo de vida comuns, em condições 
de autonomia, independência e autossuficiência relativas. É necessário especificar 
“relativa”, porque se trata de questões de grau no mundo moderno, de sociedades 
interdependentes. É seguro dizer, no entanto, que elas figuram entre os mais 
autônomos e independentes de todos os sistemas sociais. 
Outra característica distintiva das sociedades é que tendem a ser o maior 
sistema com o qual os indivíduos se identificam como membros. É improvável, 
por exemplo, que japoneses, americanos ou britânicos pensem em si mesmos como 
pertencendo a alguma entidade social reconhecível maior do que, respectivamente, 
o Japão, os Estados Unidos ou a Grã-Bretanha. Mas ainda isso pode ser uma questão 
de grau, na medida em que confederações de nações tornam-se mais comuns. 
Unificando-se a Europa, como ora acontece, é concebível que pessoas comecem a 
pensar nesse continente de uma maneira antes reservada às nações-estado. Como 
tal, a Europa pode começar a adquirir as características de uma sociedade.
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
8
Sociedade é um conceito fundamental em sociologia, porque é nesse nível 
que são criados e organizados os elementos mais importantes da vida social. 
Virtualmente, todos os sistemas sociais de que participamos – da família e religião 
às ocupações e aos esportes – são, de certa maneira, subsistemas de uma sociedade 
que define seu caráter básico. Até mesmo grupos subversivos e revolucionários 
operam e se definem principalmente em relação à sociedade e suas instituições.
No entanto, importante como sejam, não devemos imputar-lhes 
características que não possuem. Esse fato é bem evidente na prática comum de 
falar em sociedades como se elas fossem pessoas, capazes de pensar, sentir, querer, 
necessitar e agir. Como sistema social, ela é em grande parte abstrata, mesmo que 
possa ser experimentada como tendo realidade concreta. 
FONTE: JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica. Rio 
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
9
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:
• A sociologia é uma disciplina recente, mas as discussões sobre os fenômenos 
sociais remontam à filosofia clássica grega.
• O objeto de estudo da sociologia é basicamente a vida em sociedade, os 
fenômenos sociais.
• A sociedade é composta de indivíduos que pensam de maneiras diferentes, 
possuem hábitos, costumes e crenças diferentes.
 
• Busca por meio de seus métodos superar as concepções baseadas no senso 
comum.
10
1 De que maneira você compreende a sociologia enquanto ciência que estuda 
as relações sociais?
2 De acordo com os estudos realizados, sabemos que a filosofia política, por 
muito tempo, ocupou o lugar da sociologia nos assuntos que diziam respeito 
à vida em sociedade. Nesse sentido, analise as sentenças a seguir e assinale 
V para as verdadeiras e F para as falsas:
( ) Para explicar a sociedade, Locke escreveu uma importante obra, Leviatã, 
na qual ele entende que o Estado deveria ser a instituição principal na 
regulamentação das relações sociais. 
( ) Para Rousseau, o homem nasce livre, mas a sociedade o acorrenta.
( ) Os principais representantes do segundo momento da filosofia política 
foram Hobbes, Locke e Rousseau.
Agora, assinale a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – F. 
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – V.
AUTOATIVIDADE
11
TÓPICO 2
ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A 
CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A modernidade é um período da história humana que causou muitas 
rupturas em relação ao sistema medieval. Tais rupturas foram sentidas nas 
instituições sociais mais comuns, como é o caso da família, a religião e o Estado. 
Para entendermos o que foi a modernidade, inicialmente iremos tratar de 
entender seu conceito. 
Na essência deste período estão as mudanças. Lembrando que essas 
mudanças acontecem nas mais diversas áreas da vida humana, seja na política, na 
economia, nas artes, na filosofia, na religião e na vida social. 
Juntamente com essas mudanças vieram os desafios, as questões que 
precisavam de respostas, os problemas que precisavam de solução e as decisões 
que precisavam de uma justificativa. Em meio a este turbilhão de acontecimentos 
e mudanças, surge a sociologia como ciência para compreender e explicar pelo 
menos uma parte destas mudanças, ou seja, aquelas que dizem respeito à vida 
social e às relações sociais. 
Nosso objetivo neste tópico é conhecer o cenário em que se deu o surgimento 
da sociologia como ciência. A seguir, veremos alguns fatos históricos importantes 
que antecederam o surgimento da sociologia. Portanto, te convido a trilhar por 
esta fascinante jornada!
2 MODERNIDADE
O período que antecede a modernidade é um momento da história humana 
marcado pelo obscurantismo, misticismo e ignorância. Infelizmente, a religião, 
neste caso o cristianismo, foi usado como um instrumento de domínio por parte 
da Igreja Católica, para controlar a vida das pessoas. No entanto, o poder absoluto 
da Igreja teve seu auge, mas começou a dar sinais de que estava se fragmentando 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
12
devido às intensas disputas políticas internas. Como consequência, o poder da Igreja 
enfraquece e os pensadores começam a questionar tudo aquilo que era tomado 
como verdade absoluta. Surge uma nova fase da história humana: a modernidade, 
que pode ser entendida de diversas maneiras. Segundo Abbagnano (2012, p. 791-
792), a modernidade é interpretada de diferentes formas pelos pensadores: 
a) a de Weber, que identifica o Moderno com a época da racionalização 
técnico-científica e com o consequente “desencantamento do mundo”;
b) a da Escola de Frankfurt, que vê no Moderno a manifestação extrema 
da dialética suicida que caracteriza a civilização “burguesa”;
c) a de Heidegger, que vê no Moderno a época do niilismo e da tecnologia 
planetária;
d) a de Löwith, que reconhece no Moderno uma espécie de cópia 
secularizada da escatologia hebraico-cristã;
e) a de Blumenberg, que, em oposição a Weber e Löwith, identificano 
Moderno não uma obra de mundanização de valores religiosos, mas 
o efeito da “autoafirmação humana” contra “o absolutismo teológico”, 
negando a existência de uma linha de continuidade entre escatologia e 
ideia de progresso;
f) a de Habermas, que identifica o Moderno com a “tradição iluminista 
da civilização ocidental” e com sua luta a favor da emancipação humana. 
Não está em questão aqui qual a concepção mais correta sobre a modernidade. 
O que temos que observar é que cada teórico observa algum aspecto que possa 
explicar os acontecimentos deste período e a maneira como isso afetou a vida das 
pessoas. O que é possível perceber claramente é que o conhecimento científico é 
um elemento fundamental da modernidade. A sociologia surge com a finalidade de 
entender e explicar os problemas decorrentes deste novo cenário que se configurava 
nas cidades europeias. Todavia, vale ressaltar que a sociologia surge como disciplina 
somente em meados do século XIX, com a consolidação do capitalismo.
A modernidade, dentre outras coisas, é marcada por revoluções, ou seja, 
movimentos que surgiram no meio do povo e que foram capazes de reconfigurar 
a estrutura social europeia. De acordo com Sell (2002, p. 20),
As revoluções Industrial e Francesa e o Iluminismo iniciaram um 
movimento de transição entre os períodos históricos da Idade Média 
e da Idade Contemporânea. A Idade Moderna alterou definitivamente 
os aspectos culturais, políticos e econômicos da sociedade e deu início à 
estruturação do mundo no qual vivemos hoje. 
As duas revoluções e o Iluminismo carregam em seu bojo elementos 
desencadeantes de reações sociais tanto positivas quanto negativas, que afetaram 
diretamente a estrutura social vigente. Isso significa dizer que a história da 
humanidade nunca mais seria a mesma. O modo de pensar, viver e agir seguirá 
outro curso, se emancipando do estilo de vida medieval. 
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
13
De acordo com Sell (2002, p. 21), “o conjunto de transformações geradas 
pela Revolução Industrial, Revolução Francesa e pelo Iluminismo precisava ser 
explicado e compreendido pela razão humana. Eles geravam a sensação de que o 
mundo estava em ‘crise’ e de que algo precisava ser feito”. 
Esse conjunto de mudanças mexeu profundamente com a ordem social, 
política, cultural e econômica comum na Idade Média. O futuro era algo incerto, 
novos valores vão sendo assimilados pela sociedade. Se por um lado há otimismo 
e esperança, por outro lado as pessoas se deparam com as dificuldades inerentes 
desta nova realidade. O progresso será experimentado de maneira diferente pelas 
pessoas, pois, dependendo das condições de cada um, o progresso poderia ser 
símbolo de realização para alguns, enquanto para outros se tornava símbolo de 
exploração e sofrimento.
3 A REFORMA PROTESTANTE
O surgimento da sociologia teve influência de várias áreas da vida humana, 
entre elas podemos destacar os campos filosófico, político, econômico, cultural, e 
não podemos esquecer-nos do campo religioso. 
A Idade Média é caracterizada pela autoridade da Igreja Católica nos 
diversos campos da vida humana. Nesse sentido, a vida social da Idade Medieval 
era orientada pelas determinações da Igreja, pois, por meio dos dogmas, a sociedade 
concebia a ideia de justiça, princípios de comportamento e das relações sociais. 
A ideia predominante da Idade Média é a de que o ser humano deveria 
prezar por seu relacionamento com Deus devendo obediência irrestrita aos 
dogmas da Igreja Católica. Era pregada uma anulação do indivíduo em detrimento 
da Igreja e de Deus. Tal ideia criou uma sociedade cativa à vontade da Igreja 
Católica e sujeita aos desmandos de um clero inescrupuloso, com raras exceções. 
Sem contar o fato da cobrança de indulgências para a absolvição do pecado, 
responsável pelo enriquecimento da Igreja. Tal prática dava grande poder sobre 
a vida do indivíduo, pois sem os sacramentos não haveria perdão dos pecados, e, 
por outro lado, o dinheiro arrecadado com a venda de indulgências aumentava 
o poder econômico da Igreja. 
A Reforma Protestante foi um passo importante para as mudanças que 
se iniciaram no século XVI, pois a partir de então a luta pela liberdade e não 
reconhecimento do poder da Igreja Católica possibilitou avanços importantes em 
diversas áreas, inclusive na constituição da sociedade. 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
14
Um aspecto que teve peso significativo para a mudança cultural das 
pessoas foi o acesso às escrituras, ou seja, para Lutero cada cristão tem o direito de 
ler a Bíblia e buscar compreendê-la. O simples fato de os indivíduos terem acesso 
à leitura possibilitou uma mudança estrutural na sociedade medieval, pois abriu 
o caminho para que as pessoas tivessem acesso à informação e se tornassem mais 
participativos da vida social. 
Os reformadores desejavam e expressavam isso em seus ensinamentos, que 
as pessoas tivessem uma conduta cristã que agradasse a Deus, mas precisavam 
estar introduzidas no mundo social como seres vocacionados por Deus para serem 
prósperos e influentes onde estivessem. Isso é possível perceber na vida do político 
William Wilberforce no século XVIII, quando liderou o movimento abolicionista 
do tráfico de negros. Suas convicções religiosas o levaram a abraçar a causa 
abolicionista travando uma dura batalha no Parlamento britânico que culminou 
com a aprovação do Ato Contra o Comércio de Escravos, em 1807. 
Observe que a Reforma Protestante foi um fato histórico fundamental para 
as mudanças que viriam depois. Isso se deve ao fato de que com a Reforma se 
percebeu a fragilidade da Igreja Católica, que não foi capaz de conter um reformador 
e suas ideias de igualdade, pois para Lutero não poderia haver distinção entre os 
filhos de Deus, qualquer pessoa pode se achegar a Deus sem a necessidade de um 
mediador humano, este é o princípio do sacerdócio universal, ponto fundamental 
da Reforma Protestante.
4 O RENASCIMENTO CULTURAL
A produção artística e científica surgida na Europa nos séculos XV e XVI 
produziu mudanças no estilo de vida das pessoas. Um exemplo disso foram as 
viagens marítimas, que culminaram com a chegada dos europeus em outros 
continentes, desencadeando uma euforia muito grande, pois agora o homem 
acreditava ser capaz de mudar as coisas e criar o seu próprio destino. A visão 
teocêntrica dá lugar a uma visão antropocêntrica, onde o homem é capaz de 
intervir diretamente nos destinos da história do mundo. 
Uma das imagens mais populares do Renascimento é a obra de Leonardo 
da Vinci, a Mona Lisa. Por que esta obra chama tanto a atenção? Discuta com seus 
colegas sobre essa pergunta.
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
15
FIGURA 1 - MONA LISA
FONTE: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/
renascimento/>. Acesso em: 17 abr. 2015.
De acordo com Moraes (1993, p. 164), “na verdade não existe um 
Renascimento, mas inúmeras experiências renascentistas que se manifestaram de 
diferentes formas naquele período. Esses novos valores renascentistas atingiriam 
todas as áreas do conhecimento humano, em quase toda a Europa”. O Renascimento 
cultural se opunha diretamente à Igreja Católica, que até então ditava as regras 
de vida espiritual, social, econômica e política da Europa. Isso não significa dizer 
que o homem renascentista ignorava por completo as questões religiosas, pelo 
contrário, o que vemos é a Reforma Protestante que revigorou a fé de muitas 
pessoas. A questão é que o homem moderno não aceitava mais o grau acentuado 
de interferência da Igreja Católica em assuntos que não lhe diziam respeito. O 
homem desejava andar por sua própria conta, não tendo que dar satisfação a uma 
instituição religiosa sobre sua conduta ou opções. 
O ponto principal do Renascimento cultural consiste no fato de que se 
acreditava que o homem é capaz de criar, mudar, destruir, ou seja, a razão humana 
deveria estar acima de qualquer dogmaou instituição. O mundo e a sociedade não 
devem ser coisas estáticas, pois, de acordo com os renascentistas, o homem é capaz 
de criar o seu próprio mundo. 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
16
Conforme Silva e Silva (2009, p. 359), “o contexto histórico do Renascimento 
está associado à crise do Feudalismo e ao surgimento do Capitalismo na Europa 
ocidental no século XIV. Essa crise histórica se manifestou tanto no campo 
econômico, político e social, quanto no intelectual e cultural”. Este cenário, que 
estava se desenhando na Europa, foi uma oportunidade para algumas classes de 
pessoas se posicionarem contrárias, principalmente à Igreja Católica, que estava 
sofrendo sérios problemas em decorrência da corrupção do clero. O Renascimento 
foi, acima de tudo, uma nova concepção de mundo concebida pela classe burguesa 
que estava em ascensão. 
5 O ILUMINISMO
O Iluminismo é um movimento de caráter global, no sentido de que 
envolve diversas áreas da vida humana. Este movimento pregava o uso da razão 
como o elemento-chave para as mudanças necessárias que melhorariam a vida das 
pessoas, tirando-as das trevas da ignorância. Tal movimento promoveu mudanças 
importantes nas áreas política, social e econômica. 
Uma das características principais do Iluminismo era o constante debate 
das ideias. As verdades passam a ser questionadas pelos pensadores. Na figura a 
seguir você pode observar um grupo de pessoas debatendo sobre algum assunto. 
Converse com seus colegas sobre qual seria o assunto mais debatido pelas pessoas 
neste período. Você arriscaria algum palpite?
FIGURA 2 - DEBATE PÚBLICO
FONTE: Disponível em: <http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/41/
artigo158650-2.asp>. Acesso em: 17 abr. 2015.
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
17
 “O Iluminismo surgiu, então, ao mesmo tempo como uma tradição 
filosófica militante de crítica e também de fundamentação de novas propostas 
e valores baseados nas ideias de que a humanidade caminharia no sentido do 
progresso, da liberdade e da busca da felicidade”. (MORAES, 1993, p. 200). A vida 
terrena passa a ser valorizada a partir desta concepção, pois o homem é visto como 
agente indispensável para o progresso da humanidade. O conhecimento científico 
é profundamente valorizado, pois seria este o caminho para melhorar a vida das 
pessoas. Os dogmas religiosos vão gradativamente sendo substituídos por um 
pensamento crítico e inovador, que possa formular teorias capazes de explicar os 
fenômenos naturais e sociais.
Até aqui nós podemos observar que a humanidade estava caminhando 
para um conjunto de mudanças que aconteceriam de maneira efetiva naquilo que 
denominamos de modernidade. A mentalidade do homem moderno deixa de ser 
teocêntrica e o ser humano passa a ter lugar de destaque no mundo, o que ficou 
conhecido como antropocentrismo, onde o homem é o centro do universo. Essa é 
uma mudança radical em relação àquilo que perdurou por toda a Idade Média, 
de que todas as respostas estavam em Deus e tudo convergia para Ele. O homem 
moderno começa a buscar realização aqui na Terra e não mais em um paraíso na 
eternidade. Tais ideias mudaram o comportamento humano em relação à vida e a 
tudo o que lhe diz respeito.
6 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
O conjunto de mudanças que ocorreram na Europa nos séculos XVIII e 
XIX é denominado de Revolução Industrial. Nesse período as máquinas a vapor 
ganharam importância fundamental para o aumento da produção, tornando-se 
símbolo dessa era de elevada produtividade e consumo. Na figura a seguir você 
poderá observar como eram os interiores das fábricas de tecidos na Inglaterra.
FIGURA 3 - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
FONTE: Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/resumos/
revolucaoindustrial.php>. Acesso em: 17 abr. 2015.
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
18
Para aumentar a produção e o lucro, a burguesia industrial buscou 
alternativas que melhorassem a produtividade e, consequentemente, a 
lucratividade de suas indústrias. A Inglaterra foi a pioneira nesta nova fase da 
economia ocidental, pois o fato de seu território dispor de grandes reservas de 
carvão mineral e minérios de ferro deu aos ingleses as condições necessárias para 
impulsionar o desenvolvimento e a produção industrial. 
O desenvolvimento de técnicas de produção não consiste num aspecto 
exclusivo da Revolução Industrial do século XVIII, o que diferencia a indústria 
deste período é o fato de que 
A indústria moderna, para existir, precisa de alguns pré-requisitos: a 
utilização de utensílios e máquinas que substituem o trabalho pesado 
do homem; o aumento do número de pessoas empregadas nas fábricas; 
a automação das etapas de produção; a divisão e especialização do 
trabalho, entre outras coisas. (SILVA; SILVA, 2009, p. 371). 
É possível perceber que as relações sociais foram alteradas profundamente 
a partir do momento em que a indústria passou a ser o elemento-chave 
na formação das cidades. Tal situação alterou a estrutura da sociedade, 
estabelecendo aspectos totalmente novos nas relações sociais. O próprio consumo 
dos produtos industrializados aumentou, pois as pessoas que trabalhavam nas 
indústrias também eram consumidoras. Em decorrência do aumento do mercado 
consumidor foi necessário investir cada vez mais em métodos produtivos mais 
eficientes, nesse sentido iniciou um forte investimento para o desenvolvimento 
tecnológico das indústrias. 
Outro aspecto importante foi que a Revolução Industrial aumentou o 
contingente populacional das cidades, a consequência imediata foi o êxodo 
rural intenso e a elevada oferta de mão de obra que, por sua vez, ocasionou a 
desvalorização do trabalhador e o aumento da exploração, pois os operários se 
submetiam a jornadas de trabalho extenuantes por um salário muito pequeno. Em 
decorrência disso houve o aumento da violência, prostituição e casos de suicídio 
nas cidades. O crescimento das cidades inicialmente não foi planejado, consistiu 
num crescimento desordenado, o que ocasionou os problemas já citados. 
Em meio a este novo cenário iniciaram-se as discussões sobre a sociedade 
de maneira mais específica, ou seja, era necessário desenvolver uma ciência social 
para estudar a sociedade que estava emergindo da Revolução Industrial. Os 
problemas sociais precisavam ser discutidos de maneira mais específica, papel que 
a sociologia assumiu por ocasião de seu surgimento. 
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
19
DICAS
SUGESTÃO DE FILME
Durante o século XIX, no transcorrer da Revolução 
Industrial, os trabalhadores franceses eram explorados 
pela aristocracia burguesa, dona do capital e dos 
meios de produção, que dava aos seus empregados 
condições miseráveis para desenvolver suas atividades 
produtivas. Em uma cidade francesa, os trabalhadores 
de uma grande mineradora decidem realizar uma 
greve e se rebelam contra seus chefes, causando o 
caos. 
Esse filme é baseado na importante obra de Émile Zola, 
que viveu entre os mineradores por três meses para 
conhecer a realidade vivenciada nas minas de carvão. 
O filme está disponível no Youtube, em: <https://www.
youtube.com/watch?v=6GPAlH4I9ug>. 
7 A REVOLUÇÃO FRANCESA
O descontentamento provocado pela divisão da sociedade francesa em 
três estados (clero, nobreza e povo) gerou uma onda de descontentamento por 
parte do terceiro estado (o povo), porque este arcava com a custa dos demais, 
ou seja, trabalhava para pagar a conta. Nesta época a população francesa estava 
enfrentando problemas com o clima, secas e/ou inundações. Tais fatores mexiam 
profundamente com a economia francesa, pelo fato de a metade da população 
trabalhar no campo. Altos impostos, somados aos problemas econômicos e uma 
série de outras desigualdades sociais, tornaram-se um campo fértil para o germe 
de uma revolução que estourou em 1789.
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
20
FIGURA 4 - REVOLUÇÃO FRANCESA 
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/revolucao-francesa/>.Acesso em: 17 abr. 2015.
O absolutismo na França não condizia com os ideais de liberdade pregados 
pelos pensadores iluministas franceses. Tais ideais tinham despertado o sentimento 
de revolta em vários países do mundo, como é caso dos Estados Unidos, e também 
da Conjuração Mineira, em Minas Gerais, em que seus representantes, influenciados 
pelos ideais iluministas franceses, lutavam contra a tirania de seus governantes 
ou países colonizadores. Enquanto que países alcançavam sua independência a 
partir dos ideais franceses, o povo francês, contudo, permanecia apático frente à 
exploração da nobreza, do governo e do clero. 
De acordo com Silva e Silva (2009, p. 371), “a Revolução Francesa não foi 
apenas mais um evento que abalou as estruturas do Antigo Regime, mas um fato 
de consequências mais fundamentais para a contemporaneidade do que qualquer 
outro, visto que foi uma revolução social de massa”. O ideal da Revolução Francesa 
consistia no anseio por liberdade, igualdade e fraternidade. A busca por uma 
sociedade igualitária, livre e fraterna despertou nos franceses um sentimento de 
inconformismo diante daquilo que vinham enfrentando ao longo de sua história. 
Nesse sentido, “a Revolução Francesa não foi uma revolução comum, mas foi uma 
revolução que sacudiu as instituições vigentes e propôs novas instituições e valores 
ao mundo” (SILVA; SILVA, 2009, p. 367). Se, por um lado, a Revolução Industrial 
teve um forte impacto sobre o campo econômico, a Revolução Francesa teve um 
impacto mais abrangente, pois seus efeitos são sentidos nas mais diversas áreas da 
vida humana. Naturalmente, este evento marca o início das discussões sobre os 
direitos universais do homem. 
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
21
8 AUGUSTO COMTE E O POSITIVISMO
Augusto Comte (1798-1857) foi um filósofo francês, nascido em 
Montpellier, França. É conhecido como o criador da corrente de pensamento 
denominada “Positivismo”. Comte realizou seus primeiros estudos em sua 
cidade natal. 
Em Paris, ingressou na Escola Politécnica, mas com o fechamento 
temporário desta, retornou a Montpellier para continuar seus estudos na 
Faculdade de Medicina. Em 1817 retomou os estudos em Paris, até ser expulso 
da Escola Politécnica. No mesmo ano, tornou-se secretário do socialista Saint-
Simon, quem o apresentou à intelectualidade francesa. Nessa época, começou 
a escrever o livro “Curso de Filosofia Positiva”, que seria uma filosofia das 
ciências. De um lado, originou uma classificação das ciências, por ordem de 
complexidade; de outro, formulou a Lei dos Três Estados, que é o alicerce 
fundamental de sua obra. Em 1826, Comte foi internado em uma clínica de 
saúde mental para tratar de problemas psiquiátricos. Já no ano de 1832, voltou 
à Escola Politécnica para lecionar, mas saiu em 1844 por não obter cátedra. Em 
1848 o pensador francês criou uma “Sociedade Positivista”, que obteve muitos 
seguidores. Comte faleceu em Paris, França, no dia 5 de setembro de 1857.
FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/biografia-de-auguste-comte/>. Acesso 
em: 28 abr. 2015.
FIGURA 5 - AUGUSTO COMTE 
FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/biografia-de-
auguste-comte/>. Acesso em: 6 abr. 2015.
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
22
QUADRO 1 – OS TRÊS ESTADOS DA HUMANIDADE
TEOLÓGICO METAFÍSICO POSITIVO
• Fetichismo
Culto de objetos materiais.
Magias.
Místico.
• Politeísta
Presença de vários deuses 
para explicar e justificar a 
natureza das coisas.
• Monoteísta 
Substituição da legião de 
deuses por um único Deus.
Período em que se fazem 
algumas abstrações.
Reunião de todas as forças 
numa só, chamada natureza.
Explicação da realidade por 
abstrações racionais.
Autodestrutível, levando o 
homem ao terceiro estado, que 
é o positivo. 
Científico: conhecimento 
da realidade e das suas 
explicações, através 
da observação e da 
experimentação, buscando 
leis científicas que regem 
a natureza das causas das 
coisas.
• Matemática 
• Astronomia
• Física
• Química
• Biologia
• Sociologia
Igreja Positiva. 
FONTE: OLIVEIRA, 1999, p. 20
O pensamento de Comte é profundamente influenciado pelas ideias de Henri 
de Saint-Simon, do qual se tornou discípulo. Saint-Simon pregava a tese de que o 
sistema católico-feudal entraria em decadência. A Teologia seria substituída pela 
ciência e pela indústria, onde os nobres, padres e soldados que serviam aos interesses 
das classes dominantes e dos Estados dariam lugar às figuras dos engenheiros, dos 
donos de indústrias e operários. Este seria um novo estágio, em que a indústria seria 
guiada pela ciência, modificando profundamente a vida social. 
Sob a influência destas ideias e das mudanças que vinham ocorrendo na 
sociedade, Augusto Comte começa a desenvolver pesquisas no sentido de compreender 
as dinâmicas dessa nova sociedade. De acordo com Oliveira (1999, p. 19),
O criador da Sociologia e do Positivismo, aos exaustivos estudos 
da estática e da dinâmica sociais, termos emprestados da Física para 
poder explicar os fenômenos sociais, acreditava ser possível criar uma 
sociedade-modelo, tendo o amor como princípio, a ordem como base e 
o progresso como fim. 
A humanidade, de acordo com o pensamento de Comte, teria passado por 
três estados no que se refere à sua concepção de mundo e da vida: o estado teológico, 
o estado metafísico e o positivo. Estes três estados pelos quais a humanidade passou 
significam, na verdade, os três estágios do conhecimento científico. Essa teoria de 
Comte tenta explicar o desenvolvimento das concepções intelectuais da humanidade. 
A seguir você poderá observar um resumo da ideia comtiana dos três 
estágios ou estados.
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
23
A organização da sociedade, para Comte, é de responsabilidade dos 
industriais e dos sábios, sendo que o primeiro grupo é possuidor do poder material 
e o segundo grupo possui o poder espiritual. (OLIVEIRA, 1999). 
Para Comte (1978, apud SELL, 2002, p. 42), “No estado teológico, o espírito 
humano [...] apresenta os fenômenos como produzidos pela ação direta e contínua 
de agentes sobrenaturais mais ou menos numerosos, cuja intervenção arbitrária 
explica todas as anomalias existentes no universo”. Neste estado as explicações 
partem da ideia de que há deuses (posteriormente surge a ideia de um único Deus 
– monoteísmo) que regem os destinos do universo, ou seja, Deus está presente em 
tudo e tudo o que acontece parte da vontade Dele. 
O segundo estado da humanidade, denominado de metafísico, é entendido 
como o momento em que se conhecem os fenômenos a partir das causas primeiras. 
Nesse sentido, Comte (1978, apud SELL, 2002, p. 42) escreveu que:
No estado metafísico, que no fundo nada mais é do que uma simples 
modificação geral do primeiro, os agentes sobrenaturais são substituídos 
por forças abstratas, verdadeiras entidades (abstrações personificadas) 
inerentes aos diversos seres do mundo, e concebidos como capazes 
de engendrar por elas próprias todos os fenômenos observados, cuja 
explicação consiste, então, em determinar para cada um uma entidade 
correspondente. 
Neste segundo estado os fenômenos são explicados a partir de forças 
ocultas, a ideia da existência de um Deus, que rege todas as coisas, vai dando lugar 
a explicações menos místicas. Em termos simples, significa dizer que os agentes 
sobrenaturais dão lugar a forças ocultas. As fundamentações deste estado são 
mais racionais que o primeiro, mas ainda têm o caráter metafísico, porque não são 
demonstráveis experimentalmente. 
No terceiro e último estágio, o positivo, a filosofia é substituída pelo 
conhecimento científico. Nesse sentido, Comte (1978, apud SELL, 2002, p. 43) 
afirma que,
Enfim, no estágio positivo, o espírito humano, reconhecendo a 
impossibilidade de obter as noções absolutas, renuncia a procurar 
a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos 
fenômenos, parapreocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso 
do bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a 
saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude. 
Nesse estágio o espírito humano renuncia a procura pelos fins últimos, ou 
seja, abandona a busca de respostas para os últimos ‘por quês’. O ser humano, 
ao abandonar as respostas religiosas, busca, por meio do conhecimento científico, 
compreender as leis que regem os fenômenos, no sentido de prever qual deve ser 
o próximo passo a ser dado para se antecipar ao que irá acontecer. É o estado da 
capacidade humana, porque consegue superar todas as especulações metafísicas e 
constrói um conhecimento resultante da verificação e comprovação.
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
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8.1 AUGUSTO COMTE E A FÍSICA SOCIAL
No pensamento de Comte a sociologia ganha o status de ciência suprema, 
pois ele a concebe como uma física social com rigorosos critérios de pesquisa. 
Sobre isso, Augusto Comte (1989, apud SELL, 2002, p. 45) disse: 
Entendo a Física Social a ciência que tem por objeto próprio o estudo 
dos fenômenos sociais, considerados com o mesmo espírito que 
os fenômenos astronômicos, químicos e fisiológicos, isto é, como 
submetidos às leis naturais invariáveis, cuja descoberta é o objetivo 
especial de suas pesquisas [...]. O espírito dessa ciência consiste, 
sobretudo, em ver, no estudo aprofundado do passado, a verdadeira 
explicação do presente e a manifestação geral do futuro.
 
Comte defendia a ideia da objetividade no estudo da sociedade, pois 
acreditava que tanto os fenômenos sociais quanto os fenômenos físicos possuíam 
uma origem natural e, portanto, seguiam uma ordem natural de funcionamento. 
Nesse sentido, a ciência social deveria obedecer a critérios objetivos de investigação 
da mesma maneira que a física, a matemática e outras ciências exatas seguem para 
chegar às suas conclusões. 
Ao se referir a Comte, os sociólogos Lakatos e Marconi (2006, p. 45) dizem 
que “este pensador francês lutava para que, em todos os ramos de estudos, se 
obedecesse à preocupação da máxima objetividade”. Essa deve ser a característica 
elementar da sociologia enquanto ciência, pois a objetividade científica fortalece 
a credibilidade teórica dos argumentos elaborados. Por este motivo, “defendia o 
ponto de vista de somente serem válidas as análises das sociedades quando feitas 
com verdadeiro espírito científico, com objetividade e com ausência de metas 
preconcebidas, próprios das ciências em geral”. (LAKATOS; MARCONI, 2006, p. 
45). A física social consiste exatamente na objetividade dos fenômenos observados 
e não na subjetividade do observador.
Segundo Comte (1983, apud SUPERTI, 2015, p. 2),
O caráter fundamental da filosofia é tomar todos os fenômenos como 
sujeitos a leis naturais invariáveis, cuja descoberta precisa e cuja 
redução ao menor número possível constituem o objetivo de todos os 
nossos esforços, considerando como absolutamente inacessível e vazia 
de sentido para nós a investigação das chamadas causas, sejam as 
primeiras, sejam as finais.
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
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Comte entendia que a evolução da sociedade estava sujeita a leis naturais 
que não poderiam ser modificadas pela intervenção humana. Nada é por acaso, 
tudo o que acontece na sociedade obedece às leis naturais; nesse sentido, o 
desenvolvimento da sociedade não pode ser impedido, pois qualquer resistência 
é inútil, os fenômenos possuem causas que precisam ser observadas no sentido de 
compreendê-las, mas sem a possibilidade de intervenção. Seu pensamento resulta 
numa compreensão determinista em que nada poderá parar o avanço científico. Os 
passos do progresso humano estão encadeados uns aos outros, isso significa dizer 
que os fenômenos sociais não são isolados, tudo está interligado, e precisam ser 
estudados a partir das causas que os mantêm ligados. 
A evolução social é vista por Comte como estando sujeita a leis naturais 
que não podem ser modificadas pela natureza humana, cabendo à física 
social, pois, alertar para a inutilidade da resistência ao desenvolvimento 
que, afinal, é inevitável, podendo, ao mesmo tempo, mitigar ou acelerar 
artificialmente tal desenvolvimento [...]. E, fiel a tal perspectiva, ele recusa 
a noção de acaso: tudo está interligado, todo fenômeno pode ser estudado 
a partir de causas precisas que o motivaram. (SOUZA, 2008, p. 140)
Observe que esta evolução social não é resultado do acaso, segue um 
conjunto de leis, que, se forem compreendidas devidamente, possibilitam 
que o homem conheça, de certa maneira, qual será o próximo fenômeno a ser 
desencadeado por aquele que o precede. 
A base do sistema de pesquisa positivista é a observação, pois de acordo 
com Suassuna (1999, SOUZA apud 2008, p. 139), “O objeto da sociologia são 
os fatos sociais observáveis, aqueles objetos que não podem ser observados 
sistematicamente, dentro de um exercício metódico, não podem ser objeto da 
sociologia”. Assim como a astronomia elabora suas teorias a partir daquilo que 
é possível observar, a sociologia deve ocupar-se dos fatos que sejam passíveis de 
observação, pois do contrário, na visão de Comte, a sociologia deixaria de ser uma 
ciência e se tornaria um conhecimento baseado no senso comum. 
O estado positivo somente seria alcançado em decorrência da evolução social 
da humanidade. O conhecimento científico possibilitaria que a humanidade chegasse 
neste estado. O que podemos perceber na teoria de Comte é sua visão determinista da 
história da humanidade, não havendo espaço para o acaso, e que a natureza humana 
pouco pode fazer para mudar o curso do progresso científico da humanidade. O 
ser humano está fadado a adequar-se ao progresso científico sem a possibilidade de 
escolher um retrocesso como forma de escapar de tal estágio da humanidade.
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
26
IMPORTANT
E
O positivismo teve fortes influências no Brasil, tendo como sua representação 
máxima o emprego da frase positivista “Ordem e Progresso”, extraída da fórmula máxima do 
Positivismo: "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim", em plena bandeira 
brasileira. A frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria para 
a perfeita orientação ética da vida social.
Embora o positivismo tenha tido grande aceitação na Europa e também em outros países, 
como o Brasil, e talvez seja a base do pensamento da sociologia, as ideias de Comte foram 
duramente criticadas pela tradição sociológica e filosófica marxista, com destaque para a 
Escola de Frankfurt.
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/sociologia/positivismo.htm>. Acesso em: 
18 maio 2015.
9 HERBERT SPENCER
Herbert Spencer, nascido em 27 de abril de 1820 em Derby, morreu em 8 
de dezembro de 1903, em Londres, é um filósofo inglês e sociólogo. Defende, em 
1857, uma filosofia evolutiva. A evolução é uma transição gradual do homogêneo 
para o heterogêneo e contraditório consistente. Um fenômeno evoluindo no 
sentido de aumentar a diferenciação e integração. Vindo de uma família de 
radicais, muito cedo se interessou em questões políticas. É por isso que ele se 
juntou a muitas associações. Tornou-se membro da Anti-Corn Law League, 
fundada por Richard Cobden. Se ele ficou conhecido como um sociólogo, no 
entanto, praticou os caminhos de ferro na profissão de engenharia. 
Colaborador na The Economist, ele escreveu muitas obras originais, 
incluindo a Estática Social. [...] Seu grande trabalho consistiu em desenvolver os 
Princípios da Sociologia.
Ao longo de sua vida, Spencer era um inimigo da guerra e do imperialismo, 
é por isso que ele se opôs à Guerra Hispano-Americana de 1898 e tentou fundar 
uma Liga contra a agressão.
FONTE: Disponível em: <http://elmaxilab.com/definicao-abc/letra-h/herbert-spencer.php>. 
Acesso em: 28 abr. 2015.
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
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FIGURA 6 - HERBERT SPENCERFONTE: Disponível em: <http://global.britannica.com/EBchecked/
topic/559249/Herbert-Spencer>. Acesso em: 7 abr. 2015.
Diferentemente de muitos outros pensadores, seus livros ficaram muito 
conhecidos em seu tempo, tornando-se verdadeiros best-sellers, pois de acordo com 
estimativas, Spencer foi o único filósofo a ter vendido mais de um milhão de cópias 
enquanto ainda vivia. Isso definitivamente mostra o alcance de suas ideias. 
Uma de suas teses é a de que a sociedade se desenvolve de maneira 
muito semelhante à evolução natural, tal ideia ficou conhecida como a teoria do 
darwinismo social, assunto sobre o qual iremos discorrer a seguir.
9.1 SPENCER E A TEORIA DO DARWINISMO SOCIAL
O capitalismo criou um cenário desafiador para a sobrevivência. Assim 
como a natureza exige que os que desejam sobreviver desenvolvam mecanismos 
que lhes deem condições para vencer as intempéries, na sociedade capitalista vai 
imperar a lei do mais forte, daquele que recebeu melhor formação, herança, ou 
posição social. O mundo político, econômico e social assemelha-se, na visão de 
Spencer, ao mundo natural, os fenômenos se repetem. Para explicar os fenômenos 
sociais, Spencer aplicou as ideias das ciências naturais à sociologia. Sua teoria é 
elaborada a partir das ideias de Charles Darwin.
 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
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Segundo a concepção desse pensador, a sociedade assemelha-se a um 
organismo biológico, sendo o crescimento caracterizado pelo aumento da 
massa; o processo de crescimento dá origem à complexidade da estrutura; 
aparece nítida interdependência entre as partes; tanto a vida em sociedade 
como a do organismo biológico são muito mais longas que a de qualquer 
de suas partes ou unidades. (LAKATOS; MARCONI, 2006, p. 47). 
A teoria de Spencer tem gerado muitas controvérsias e debates. Alguns 
argumentam que tal teoria contribuiu ao longo da história para justificar a 
existência dos regimes opressores, pois se na evolução natural o mais forte subjuga 
e se sobrepõe ao mais débil, logo, no desenvolvimento da sociedade seria aceitável 
que isso ocorresse e fosse encarado como um processo natural. Talvez a maneira 
mais correta de ver a teoria de Spencer não seja partindo do princípio de que ele 
tentou justificar a exploração e o domínio, mas tentou explicar o funcionamento da 
sociedade constituída destes elementos. 
Para muitos, Spencer concebe a ideia de dominação e a exploração como 
algo natural. Seria realmente isso o que Spencer tinha em mente ao desenvolver tal 
teoria? Para refletir um pouco sobre essa questão podemos observar, por exemplo, 
o que Spencer diz sobre o direito das mulheres. 
Portanto, se homens e mulheres são considerados seriamente como 
membros independentes da sociedade e cada um deles tem que fazer o 
melhor para si próprio(a), disso se deduz que não se pode estabelecer 
limitações equitativas às mulheres com respeito a ocupações, profissões 
ou outras carreiras que possam querer seguir. Devem ter igual liberdade 
para se preparar e igual liberdade para se beneficiar dessa informação e 
habilidades que adquirirem. (1978, apud RICHARDS, 2015, p. 1).
A ideia de igualdade entre homem e mulher encontrava muita resistência 
em uma sociedade predominantemente machista. Spencer acreditava que uma 
sociedade experimentaria o verdadeiro desenvolvimento se as pessoas fossem 
livres no sentido de desenvolver suas potencialidades. Com a colocação citada 
acima é possível perceber que Spencer não entendia a dominação masculina sobre 
a feminina como algo natural, o princípio da igualdade pode ser visto de maneira 
muito clara em tal afirmação. 
Os homens, ao longo da história, foram naturalmente criando mecanismos 
de controle e os governos foram se estabelecendo naturalmente em decorrência 
da necessidade que as comunidades tinham de se organizar. Sobre o governo, 
Spencer faz uma observação muito importante: 
Então, para que querem um governo? Não para regular o comércio, não é 
para educar o povo, não é para ensinar a religião, não é para administrar a 
caridade, não é para construir rodovias ou ferrovias, senão simplesmente 
para defender os direitos naturais do homem: para proteger a pessoa e a 
propriedade, para impedir as agressões dos poderosos aos mais fracos, 
em uma palavra, para administrar a justiça. Essa é missão natural e 
original de um governo. Não se pretende que faça menos: não deveríamos 
permiti-lo a fazer mais. (1981, apud RICHARDS, 2015, p. 1). 
TÓPICO 2 | ADVENTO DA SOCIEDADE MODERNA E A CONSTITUIÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA
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Podemos observar que a função principal do governo, na visão de Spencer, 
é salvaguardar os direitos dos mais fracos. Em sua argumentação é possível 
perceber que os mais fracos não podem ser deixados à mercê do destino, pois cabe 
ao Estado o dever de administrar a aplicação da justiça. 
O que se pode observar na sociedade são as políticas de dominação muito 
comuns, mas não podem ser encaradas como naturais. É dever da sociedade se 
organizar no sentido de garantir direitos iguais a todas as pessoas. Não é natural 
que alguns sejam explorados para que outros sejam bem-sucedidos, isso é uma 
invenção da sociedade que se utiliza da força e do poder para garantir seus 
privilégios. A construção de uma sociedade justa resulta de uma mobilização 
coletiva no sentido de garantir justiça e dignidade a todos, sem distinção de gênero, 
raça ou classe social.
LEITURA COMPLEMENTAR
A SOCIOLOGIA COMO TEORIA DA MODERNIDADE
A sociologia não é a única ciência social envolvida com a compreensão da 
vida social moderna. Ao longo deste período, praticamente toda a reflexão sobre a 
ordem política, econômica e cultural procurou adaptar-se ao surgimento da ciência. 
Aplicando o método científico ao estudo destes diferentes aspectos da vida social, os 
estudiosos fundaram as principais disciplinas que tratam do homem em sociedade. 
Entre as principais ciências humanas e sociais (às vezes também chamadas de 
humanidades) existentes atualmente, convém lembrar especialmente:
1. História: embora a história, como forma de conhecimento, já possa ser localizada 
na Grécia com os textos de Heródoto e Tucídides, no século XIX autores como 
Leopoldo Ranke (1795-1886) e Friedrich Meinecke (1862-1954) buscaram adaptar a 
pesquisa histórica aos métodos da ciência, fundando, assim, a “ciência da história”.
2. Economia: os primeiros autores a tratar da produção de bens e mercadorias de 
forma científica foram Adam Smith (1723-1790) e David Ricardo (1772-1823), ao 
longo dos séculos XVIII e XIX.
3. Ciência política: a aplicação dos métodos científicos para um estudo empírico 
da política começa apenas no final do século XX, com Gaetano Mosca (1856-
1941) e Vilfredo Pareto (1848-1923).
4. Antropologia cultural: o estudo das chamadas “sociedades primitivas” ou 
“sociedades tribais” também começa nos séculos XIX e XX, com autores como 
Edward Taylor (1832-1917) e Franz Boas (1858-1942), prosseguindo, após, com 
as pesquisas de Malinowsky (1882-1942), Radcliffe-Brown (1881-1955) e Levi-
Strauss (1908), entre outros. 
UNIDADE 1 | SOCIOLOGIA GERAL
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A lista acima mereceria ainda ser ampliada, incorporando-se a ela 
disciplinas como o direito, a psicologia, a psicologia social, a pedagogia e outras 
mais. Mas, se em relação ao uso do método científico, a sociologia se iguala ao 
conjunto das ciências sociais e humanas, em que medida ela se diferencia de cada 
uma delas? Seguindo a argumentação de Jürgen Habermas, podemos perceber 
que o marco distintivo da sociologia é o fato de ela não ter se fixado em apenas 
uma das dimensões da vida social moderna, como fazem as outras ciências, como 
a economia (que trata da produção de bens), a ciência política (que trata do poder) 
ou a antropologia (que trata da cultura). Habermas procura ilustrar isto através do 
seguinte esquema:
Economia
(Ciência econômica)
Política
(Ciência política)
Cultura
(Antropologia) Comunidade societal
É o próprio Habermas (1987, p. 20) que explica que:
Naturalmente, não

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