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NUTRIÇÃO EM SAÚDE 
COLETIVA – POLÍTICAS 
PÚBLICAS EM NUTRIÇÃO 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Edilceia Domingues do Amaral Ravazzani 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
 Nesta aula, vamos refletir sobre a inserção do nutricionista junto ao 
Sistema Único de Saúde – SUS e sua responsabilidade na aplicação das 
estratégias de alimentação e nutrição em saúde. Para tanto, vamos estudar os 
níveis de atenção e serviços no SUS, com foco na atenção básica, devido à sua 
importante estratégia e aproximação com a população. 
 O cuidado da saúde passa pela alimentação, que é um dos requisitos 
básicos para a garantia da promoção e proteção da saúde dos indivíduos e 
coletividades. Assim, a política de alimentação e nutrição defende a 
transversalidade às demais ações de saúde. Para tanto, nossos objetivos nesta 
aula são os seguintes: 
• Abordar os níveis de atenção e serviços de saúde no SUS; 
• Discutir a interface das ações da Política Nacional de Alimentação e 
Nutrição com outras políticas públicas ligadas a saúde; 
• Destacar o papel do nutricionista e suas ações em saúde. 
TEMA 1 – ORGANIZAÇÃO DO CUIDADO NUTRICIONAL NA ATENÇÃO EM 
SAÚDE 
De acordo com a Lei Orgânica da Saúde, Lei n. 8080/1990, o Sistema 
Único de Saúde – SUS é o conjunto de serviços e ações de saúde a ser 
prestados por órgãos e instituições públicas mantidas pelo poder público e 
complementarmente pela iniciativa privada (Brasil, 1990). Na sua agenda de 
responsabilidades e compromissos, estão incluídos a vigilância nutricional e a 
orientação alimentar, caracterizando a interface das políticas. O SUS é 
hierarquizado e centraliza a comunicação na atenção básica em que é 
reconhecidamente a coordenadora das ações e a porta de entrada principal do 
cuidado em saúde (Brasil, 1990; Jaime et al., 2018). 
Dentro desse contexto, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição – 
PNAN norteia a organização e a oferta do cuidado nutricional, junto ao SUS, com 
o intuito de melhorar a condição de alimentação, nutrição, a saúde e, por fim, 
enfrentar a insegurança alimentar e nutricional da população. Assim, a 
organização da atenção nutricional considera as caracteristicas de cada ciclo da 
vida, mas busca a identificação das fases e grupos de maior vulnerabilidade aos 
 
 
3 
problemas relacionados à alimentação e nutrição, de modo a colocá-los como 
prioridade das ações. 
Seus objetivos e público-alvo estão representados na Figura 1, 
apresentada a seguir. 
Figura 1 – Objetivos e foco de atenção das ações de atenção nutricional no SUS 
 
 A atenção nutricional faz parte da Rede de Atenção em Saúde – RAS, a 
qual tem a Atenção Básica como coordenadora. A rede tem como função 
promover a integração dos sistemas que forma a atenção e cuidado em saúde, 
assim como alavancar as ações e serviços, garantindo a continuidade, 
integralidade da atenção, de forma humanizada. 
1.1 Níveis de atenção em saúde e a Rede de Atenção à Saúde - RAS 
Primariamente, a atenção nutricional é direcionada ao espaço físico das 
Unidades Básica de Saúde, porém não deve ficar restrita ao seu espaço físico; 
precisa ir para fora desse espaço de forma a alcançar, além dos indivíduos, as 
famílias e a comunidade. 
A etapa inicial para organização da atenção nutricional envolve o 
diagnóstico nutricional, que permite a determinação da situação alimentar e o 
posterior desenvolvimento da agenda de alimentação e nutrição na rede de 
atenção, garantindo a especificidade de cada fase do curso da vida, de gênero 
e dos diferentes grupos populacionais, povos e comunidades tradicionais. 
Foco das ações 
Atenção 
nutricional
Promoção 
Proteção a 
saúde e 
prevenção 
Diagnóstico
Tratamento 
Individuos
Famílias
Comunidade
Objetivos 
 
 
4 
 Nesse cenário, o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN 
bem como outros sistemas de informação, disponiveis na atenção básica, 
tornam essa tarefa possível, uma vez que é de extrema importância que o 
diagnóstico correto seja levantado e que os grupos que apresentam agravos 
relacionados à alimentação e nutrição sejam identificados para que as ações 
sejam adequadamente direcionadas e que ainda seja possível manter a 
avaliação e monitoramento constantes (Brasil, 2000). 
 Com base na descrição contínua e na predição de tendências das 
condições de alimentação e nutrição e dos fatores determinantes e 
condicionantes, o diagnóstico descritivo e analitico dos problemas de saúde são 
caracterizados. É possivel fazer um levantamento das áreas geográficas, grupos 
sociais e biológicos de maior risco e propor estratégias que possibilitem a 
prevenção dos agravos e a reversão dos cenários a um quadro de normalidade. 
 São prioridades para a PNAN, no cenário epidemiológico atual, a 
obesidade e outras doenças crônicas, como hipertensão, diabetes; a desnutrição 
e carências nutricionais específicas, a exemplo da anemia e deficiência de 
vitamina A, mas a PNAN ainda destaca como uma necessidade, no âmbito do 
SUS, a atenção nutricional às necessidades alimentares e nutricionais especiais. 
TEMA 2 – INSERÇÃO DO NUTRICIONISTA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
 A atenção nutricional, como vimos, prioriza suas ações no âmbito da 
atenção básica, porém todos os níveis de atenção são locais de ação, ou seja, 
apoio diagnóstico, terapêutico são também alvo do cuidado nutricional. 
 A inserção do nutricionista no campo da saúde coletiva pode ser dividida 
em diferentes fases (Quadro 1) e ganhou expansão a partir da criação do 
Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição – INAN, já visto anteriormente, e 
pela questão emergente da fome, no início da década de 1970, intensificada pela 
crise mundial de alimentos. As condições de vida verificadas pelas pesquisas 
nacionais e a determinação do perfil nutricional e alimentar da população 
apontam para a necessidade de estruturação do serviço de nutrição em todos 
os âmbitos do cuidado, com a inserção do profissional de forma a contribuir com 
a saúde integral (Vasconcelos; Batista Filho, 2011). 
 
 
 
5 
Quadro 1 – Fases da história do desenvolvimento do conhecimento científico e 
da profissão na área da saúde coletiva no Brasil 
Fases do desenvolvimento da profissão 
1930 a 1963 (Gênese do campo) - origem do campo encontra-se associada à 
disciplina “Higiene Alimentar” na academia. 
1964 a 1984 (Consolidação do campo1964 a 1984) – emergência das 
pesquisas nutricionais de base populacional e tentativas de incorporação de 
técnicas de planejamento nutricional ao planejamento econômico, com a 
criação de organismos gestores. 
1985 a 2010 (Novos paradigmas e a ressignificação do campo) – saúde e 
alimentação como um direito social trazendo fortalecimento das ações, 
publicação da PNAN. 
Fonte: Vasconcelos; Batista Filho, 2011. 
 A transição epidemiológica e nutricional aponta para o crescimento de 
doenças associadas ao comportamento e uma grande associação com práticas 
alimentares pouco saudáveis. Ao lado dessas mudanças importantes, a reforma 
sanitária e a construção do SUS trouxeram para o setor público uma 
ressignificação e apontaram para a necessidade de novas propostas de ação. 
Assim, a Política de Alimentação e Nutrição traz novas propostas de ação e sua 
transversalidade com a Política Nacional de Saúde – PNS abre espaço para o 
nutricionista atuar em todos os níveis de atenção em saúde, mas especialmente 
junto à atenção primária à saúde. 
2.1 Atenção Primária à Saúde – APS 
 A atenção básica em saúde ou atenção primária corresponde aos 
cuidados essenciais à saúde, que se sustentam no uso de tecnologias acessíveis 
que permitam que os serviços de saúde cheguem mais aos lugares onde os 
indivíduos vivem ou trabalham e se constitui no primeiro nível de contato das 
pessoas com o sistema nacional de saúde e no início do processo contínuo de 
atenção. Ela vem, cada vez mais, exercendo um papel fundamental na 
reorganização das açõesdo sistema de saúde e especialmente no modelo 
assistencial (Pimentel; Souza; Ricardi, 2013; Junqueira; Cotta, 2014). 
Nesse contexto, as ações de alimentação e nutrição avançaram e se 
consolidaram no SUS A implementação da Estratégia Saúde da Família – ESF 
 
 
6 
na atenção básica trouxe mais desafios e, com o propósito de fortalecer o 
cuidado e a assistência nutricional à população, o nutricionista foi inserido junto 
às equipes a fim de a fortalecer e oportunizar a qualificação das ações de 
atenção nutricional (Borelli et al., 2015). 
TEMA 3 – ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) E OS NÚCLEOS DE APOIO 
A SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF) 
 A Estratégia Saúde da Família (ESF) é uma proposta que está pautada 
nos princípios operativos do SUS: universalidade, integralidade e equidade que 
são conceitos (Figura 2) que preconizam que a todos seja garantida a saúde 
dentro de contexto que favoreçam a ampliação dos cuidados à saúde. 
Figura 2 – Princípios operativos do SUS 
 
 A ESF busca a reorientação do modelo de atenção à saúde e nela as 
práticas de alimentação e nutrição estão principalmente direcionadas a vigilância 
à saúde. Esta, por sua vez, visa a resolução dos problemas alimentares e a 
prevenção de doenças que em geral estão associadas à situação de insegurança 
alimentar. 
De acordo com as determinações do Ministério, A ESF prioriza a aplicação 
de ações como promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e 
famílias de forma contínua (Santos, 2005; Brasil, 2010). 
A ESF tem o intuito de substituir o modelo tradicional centrado no médico 
para um modelo interdisciplinar. Para tanto, o núcleo é composto de uma equipe 
• Garantia de acesso às ações e serviços de 
saúde de forma gratuita
Universalidade 
• Garantia do atendimento nos diferentes 
níveis de complexidade
Integralidade
• Redução das disparidades sociais e 
regionais em busca do equilíbrio, elevando 
todos a um patamar mínimo para garantir a 
integralidade
Equidade
 
 
7 
de profissionais de nível superior de diferentes áreas que devem atuar em 
conjunto com os profissionais das equipes de Saúde da Família, de forma a 
apoiá-los nos atendimentos. As Unidades de Saúde que integram a estratégia 
mantêm equipes em número correspondente à população atendida, composta 
de médico de família, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, dentista, técnico em 
higiene dental e agente comunitário de saúde – ACS. 
Como proposta de qualificação da assistência, ampliação da abrangência 
e melhor resolutividade, o Ministério da Saúde, em 2008, criou os Núcleos de 
Apoio à Saúde da Família – NASF com a proposta de levar apoio matricial as 
equipes de saúde da família (Borelli et al., 2015). A criação dos núcleos propiciou 
a inclusão de mais profissionais para atuar dentro das seguintes diretrizes 
relativas à APS: 
• Ação interdisciplinar e intersetorial; 
• Educação permanente em saúde dos profissionais e da população; 
• Desenvolvimento da noção de território; 
• Integralidade, participação social, educação popular; 
• Promoção da saúde e humanização. 
O NASF deve buscar o atendimento compartilhado, com troca de saberes 
e experiências, e a capacitação para maior resolutividade. 
3.1 Composição dos NASF e o matriciamento 
A composição do núcleo é de responsabilidade e decisão da gestão 
municipal. Dessa forma, quando o nutricionista é parte da equipe, ele é o 
responsável pela resolução de problemas alimentares e de insegurança 
alimentar, pois ele é o profissional apto a promover a reeducação dos hábitos 
alimentares de forma a prevenir doenças e assim contribuir para a promoção da 
saúde e qualidade de vida da população (Mattos; Neves, 2009). 
Os profissionais que compõem o NASF devem ter uma visão integral do 
indivíduo, família e da coletividade e devem ser capazes de atuar de forma 
humanizada, competente e com resolutividade de modo a atender às 
necessidades da comunidade. Ao nutricionista cabe a promoção de ações de 
educação em saúde e nutrição, tais como o estímulo ao consumo de alimentos 
saudáveis, o cuidado nutricional diferenciado a cada ciclo da vida, o 
desenvolvimento de planos terapêuticos tanto para doenças crônicas não 
 
 
8 
transmissíveis como para as deficiências nutricionais, ou seja, ações propostas 
na Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAN. 
Também é importante que o nutricionista compreenda o SUS, seus 
objetivos e como o sistema incorpora ações para a garantia do direito humano à 
alimentação adequada – DHAA e como ele contribui para a segurança alimentar 
e nutricional (Recine; Leão; Carvalho, 2015). A atuação interdisciplinar e 
multiprofissional permite a discussão e a implementação das estratégias e ações 
da PNAN e potencializa a prática de promoção da alimentação saudável junto 
aos profissionais e à comunidade. 
TEMA 4 – AÇÕES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA E 
ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA 
Para se garantir o pleno crescimento e desenvolvimento humanos, a 
alimentação e a nutrição se tornam requisitos básicos. Por meio da 
implementação de ações na área, podemos promover e proteger a saúde da 
população, permitindo maior qualidade de vida e cidadania (Jaime et al., 2011; 
Recine; Leão; Carvalho, 2015). De acordo com as orientações da Portaria do 
Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF, vinculadas à atenção básica, 
devem dar respostas às principais demandas de promoção, prevenção, 
assistência e terapêutica nos equipamentos de saúde, de forma inicial, mas deve 
se estender às famílias e à comunidade. 
A situação alimentar e nutricional do indivíduo e comunidades exerce 
influência direta no processo de saúde e adoecimento e é uma questão complexa 
que envolve aspectos biopsicossociais e exige uma atuação interdisciplinar e 
multiprofissional. Nesse contexto, cabe destacar o importante papel do 
nutricionista. Cabe a esse profissional integrar a equipe e propor ações 
estratégicas (Quadro 2) que lhe permitam inicialmente reconhecer e 
compreender o perfil da população a fim de subsidiar as decisões para 
estabelecer linhas prioritárias de ação relativas à alimentação e nutrição 
juntamente aos outros componentes da equipe. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Quadro 2 – Estratégias de ação de responsabilidade do nutricionista no âmbito 
da Atenção Básica 
Ações de promoção da alimentação saudável na atenção básica 
Realizar o diagnóstico da situação alimentar e nutricional da população com a 
identificação de áreas geográficas e segmentos de maior risco aos agravos 
nutricionais. 
Realizar ações de promoção da alimentação saudável na rotina do serviço de 
saúde com foco na redução do consumo de alimentos ultraprocessados e com 
alto teor de sódio, açúcar, gordura saturada e gordura trans. 
Auxiliar na identificação de características domiciliares e familiares que 
orientem a detecção precoce de dificuldades que possam afetar o estado 
nutricional e a segurança alimentar e nutricional. 
Ampliar ações de promoção da alimentação saudável na infância, com foco 
nos primeiros dois anos de vida, estimulando o aleitamento materno exclusivo 
até 6 meses, e continuado até dois anos de idade ou mais. 
Promover atividades de orientação alimentar e nutricional que valorizem os 
alimentos regionais e os aspectos culturais da alimentação dos brasileiros. 
Elaborar rotinas de atenção nutricional e atendimento para doenças 
relacionadas à alimentação e à nutrição, de acordo com protocolos de atenção 
básica, organizando a referência e a contrarreferência. 
Elaborar planos terapêuticos, realizando ações multiprofissionais e 
interdisciplinares, desenvolvendo a responsabilidade compartilhada. 
Participar de ações vinculadas aos programas de controle e prevenção dos 
distúrbios nutricionais como carências por micronutrientes, sobrepeso, 
obesidade, Doenças Crônicas Não Transmissíveis e desnutrição. 
Estimular e apoiar professores e diretores na inclusão da promoção daalimentação saudável. 
Promover, incentivar e implantar hortas escolares e comunitárias 
Fonte: Jaime et al., 2011; Brasil, 2018. 
Para o levantamento do diagnóstico e dos grupos em situação de 
insegurança alimentar, o nutricionista conta com o Sistema de informações em 
saúde, e especialmente do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – 
SISVAN, além de outros sistemas de informação e de inquéritos locais e 
nacionais que forneçam informações pertinentes. Ao analisar os dados, deve-se 
 
 
10 
considerar a intersetorialidade e a multicausalidade da situação alimentar e 
nutricional. 
Na proposição das ações, o nutricionista deve atuar em consonância com 
os profissionais do NASF e das equipes da Saúde da Família, com o objetivo 
melhorar a resolutividade. Deve ainda atuar de forma efetiva sobre os 
determinantes dos agravos e dos distúrbios nutricionais e alimentares e atuar na 
formação e na educação continuada das equipes. Para atuar na atenção à 
saúde, o profissional deve estar apto a lidar com as necessidades nutricionais 
da população e conhecer a estrutura da saúde brasileira. 
4.1 Perfil do nutricionista para atuação na atenção básica 
Como vimos, a equipe do NASF pode ser composta de acordo com 
decisão da gestão municipal. Cada profissional é importante devido aos seus 
saberes e conhecimentos técnicos, mas especialmente a ausência do 
nutricionista confronta o princípio da integralidade das ações, uma vez que este 
profissional, por formação, é capacitado a atuar na área de alimentação e 
nutrição para promoção e recuperação da saúde (Pimentel et al., 2013). No 
Quadro 3, podemos observar a importância das ações de nutrição na atenção 
básica. 
Quadro 3 – Importância e ações de nutrição na atenção básica à saúde 
Importância do nutricionista Ações de nutrição 
Assistência ao usuário 
Atenção multidisciplinar 
Prevenção de doenças 
Educação em saúde 
Assistência nutricional 
Aspectos sociopsicoculturais da 
alimentação 
Fonte: Neis et al., 2012. 
O nutricionista não é parte integrante das equipes básicas de saúde da 
família, mas tem o importante papel no matriciamento das ações de alimentação 
e nutrição junto às equipes do NASF. Suas ações são fundamentais para conter 
os problemas relacionados à alimentação e à nutrição, mas, para atuar frente a 
essa demanda, ele deve apoiar a equipe com seu conhecimento, promover 
atendimento especializado, realizar orientações nutricionais e estar sempre em 
busca de conhecimento e aperfeiçoamento na área. 
 
 
11 
TEMA 5 – POLÍTICAS PÚBLICAS: IMPORTÂNCIA E TRANSVERSALIDADE DA 
POLÍTICA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO 
 Para o alcance de resultados mais positivos no campo da alimentação e 
nutrição em saúde pública, a articulação intra e intersetorial entre os diversos 
equipamentos públicos é necessária e podem com certeza colaborar para se 
atingirem os objetivos do Sistema de Saúde. 
 O avanço depende da composição de um conjunto de políticas públicas 
que, de forma síncrona, atuem no mesmo propósito, ou seja, promover a saúde 
e prevenir os agravos em saúde. 
 Políticas públicas podem ser entendidas como as ações, programas e 
decisões desenvolvidas pelo Estado de forma a garantir o alcance dos direitos 
que estão previstos na Constituição Federal e em outras leis. Ela é abrangente 
e atinge todos os cidadãos, independente de sexo, raça, escolaridade, religião 
ou classe social e na sua aplicação estão envolvidas a implementação, execução 
e avaliação (Souza, 2006). 
 Nesse sentido, de forma intersetorial, o Ministério da Saúde e o da 
Educação dividem a responsabilidade na promoção de hábitos alimentares 
saudáveis, como parte da estratégia que envolvem o cuidado da saúde. Assim, 
a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) e o Programa Nacional de 
Alimentação Escolar (PNAE) atuam de forma complementar ao lado de outros 
políticas públicas, tendo o Sistema Único de Saúde como escopo das ações 
(Figura 3). 
Figura 3 – Representação da intersetorialidade na saúde 
 
PNAN
Outras 
políticas 
públicas
PNAE
SUS SUS 
 
 
 
 
 
12 
 
 O PNAE garante alimentação e ações de educação alimentar e nutricional 
no intuito de promover a alimentação saudável a todos os estudantes da rede 
pública municipal e estadual, escolas filantrópicas e para entidades comunitárias 
que celebrem convênios com o poder público. Nesse cenário, a educação 
infantil, o ensino fundamental, o ensino médio e a educação de jovens e adultos 
integram o programa e recebem alimentação no período em que estão na escola 
(Domene, 2008). 
O programa tem o objetivo de suprir parcialmente as necessidades dos 
alunos, por meio da oferta de no mínimo uma refeição diária, a fim de atender os 
requisitos nutricionais mínimos. O programa ainda contribui, de forma 
secundária, com a melhoria das condições fisiológicas do aluno e para o seu 
aprendizado. 
5.1 Estratégias de promoção de hábitos alimentares saudáveis no PNAE 
 O PNAE, que foi implantado em 1955, passou por adequações e avanços 
e hoje é considerado o mais antigo programa no Brasil e maior programa de 
alimentação escolar no mundo, sendo uma política pública que contribui com o 
cuidado nutricional. 
 Os programas foram avançando, diversificando sua abrangência e 
permitiram que diferentes ações e públicos fossem atingidos. A promoção da 
intersetorialidade é uma tarefa desafiadora, mas é importante que seja 
estimulada devido ao incremento nos resultados obtidos para a saúde. A criação 
e incorporação de programas que atuam em outros setores, com mecanismos 
distintos, mas com o mesmo foco de melhorar a qualidade de vida da população, 
adubam o eixo da saúde. A transversalidade fortalece a luta para que toda a 
população tenha o direito à alimentação saudável e adequada e cabe ao 
nutricionista, como protagonista dessa luta, reconhecer seu valor e atuar com 
qualidade e competência. 
NA PRÁTICA 
 O ambiente escolar é um espaço que traz ótimas condições para se 
trabalharem e se adotarem práticas alimentares saudáveis, uma vez que reúne 
um ambiente de aprendizado. Considere uma escola de educação básica, de 
 
 
13 
uma região de alta vulnerabilidade, em que você atua como nutricionista no 
Programa de Alimentação Escolar e observa alto índice de desperdício em 
especial de hortaliças. Qual é sua proposta de ação frente a essa realidade 
encontrada? 
FINALIZANDO 
Nesta aula, estudamos sobre a organização da atenção nutricional na 
atenção em saúde e como se dá a inserção do nutricionista nesse contexto. 
Vimos a importância da estratégia Saúde da Família, assim como dos núcleos 
de apoio, do qual o nutricionista é participante e destacamos o seu papel no 
matriciamento junto às equipes. Destacamos as ações e atribuições do 
profissional na política de saúde e nas outras políticas públicas que estão ao lado 
da política de alimentação e nutrição em busca da promoção e prevenção dos 
agravos à saúde. Nossos objetivos (abordar os níveis de atenção e serviços de 
saúde no SUS, discutir a interface das ações da Política de Alimentação e 
Nutrição com outras políticas públicas ligadas à saúde e destacar o papel do 
nutricionista e suas ações em saúde) foram atingidos. 
 
 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
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para o matriciamento da atenção nutricional. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, 
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Nutrição do Setor Saúde. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 34, n. 1, p. 
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Atenção Básica. Diretrizes do NASF: Núcleo de Apoio à Saúde da Família. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 
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Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 81-90, jan 2011. 
 
 
 
16 
Gabarito 
Qual sua proposta de ação frente a essa realidade encontrada? 
Trabalhar o conhecimento dos alimentos, por meio de jogos ou 
brincadeiras que permitam que o aluno possa compreender quais os benefícios 
eles podem obter ingerindo hortaliças. Orientar a quantidade que deve ser 
consumida, evitando que o aluno retire uma quantidade maior daquela que pode 
consumir, de forma a evitar o desperdício. Ensinar jogos que permitam o aluno 
degustar o alimento, com os olhos vendados, para poder perceber o sabor e 
desenvolver paladar para as hortaliças.

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