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1 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) 2 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Sumário ANATOMIA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR .................................................... 3 Componentes ósseos e articulares ........................................................................................... 4 Maxila ......................................................................................................................................... 7 Mandíbula ................................................................................................................................... 7 Disco articular ............................................................................................................................. 8 Cápsula articular ........................................................................................................................ 9 Componentes ligamentares ..................................................................................................... 11 Componentes musculares ....................................................................................................... 13 Músculos elevadores da mandíbula ........................................................................................ 13 Músculo temporal ..................................................................................................................... 13 Músculo masseter .................................................................................................................... 14 Músculo pterigóideo medial ..................................................................................................... 14 Músculo pterigóideo lateral ...................................................................................................... 15 BIOMECÂNICA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ........................................... 20 PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR ....................... 26 AS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES (DTMS)...................................................... 26 FATORES ENVOLVIDOS NAS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES...................... 32 AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL EM DTMS ....................................................................... 47 IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE ............................................................................................ 47 ANAMNESE ............................................................................................................................. 48 EXAMES COMPLEMENTARES .............................................................................................. 49 EXAME FÍSICO ........................................................................................................................ 50 Avaliação da ATM .................................................................................................................... 51 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL EM DTM ........................................... 67 Profissionais da equipe interdisciplinar: .................................................................................. 68 Tratamentos já realizados ou em curso: ................................................................................. 69 História da moléstia atual ......................................................................................................... 70 Avaliação da ATM .................................................................................................................... 75 Exame muscular (sensibilidade à palpação) ........................................................................... 75 Goniometria da região cervical ................................................................................................ 75 ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR PARA AS DTMS........... 77 ETAPAS DA ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA .............................................................. 114 GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 116 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 123 3 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) ANATOMIA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR A articulação temporomandibular, conhecida pela sigla ATM, é um conjunto de estruturas que permite à mandíbula movimentar-se em torno de um osso fixo durante a mastigação. Possui íntima relação com os dentes e faz parte do sistema estomatognático (conjunto de órgãos e tecidos que atuam de forma integrada e participam dos processos de mastigação, deglutição, respiração, fonação e postura). Localiza-se entre a região distal superior da mandíbula e a região inferior lateral do osso temporal. FIGURA - ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR FONTE: Adaptado de MSD, 2008. A ATM é uma articulação móvel (diartrose), considerada uma das articulações mais complexas e utilizadas do organismo humano, realizando aproximadamente 2 mil movimentos por dia, durante os atos de falar, mastigar, deglutir, bocejar. É possível palpá-la colocando os dedos indicadores logo à frente dos ouvidos e realizando movimentos de abertura e fechamento da boca. É capaz de realizar movimentos de dobradiça e de deslocamento em torno dos eixos sagital, horizontal e longitudinal (triaxial), sendo classificada como articulação ginglimoartroidal. Há uma ATM de cada lado da face, e elas são responsáveis pelos 4 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) movimentos de abertura, fechamento, protusão, retrusão e lateralização da mandíbula. A articulação temporomandibular possui algumas peculiaridades: existem duas ATMs, uma em cada lado da face, porém elas só atuam em conjunto, não se movendo de forma independente; a superfície oclusal dos dentes representa um ponto rígido de fechamento terminal da articulação; a ATM não é revestida por cartilagem hialina como a maioria das articulações e sim por uma camada de tecido fibroso avascular (fibrocartilagem), resistente às forças compressivas. Componentes ósseos e articulares A ATM possui um componente fixo (osso temporal) e um componente móvel que se desloca (mandíbula). Separando estes dois ossos existe a cartilagem articular e o disco articular (tecido fibrocartilaginoso que divide o espaço entre o côndilo mandibular e o osso temporal em superior e inferior). Os dentes são responsáveis pelo perfeito equilíbrio dos músculos, da articulação e dos ligamentos, possuindo estreita relação com o adequado funcionamento da ATM. Em decorrência disto, falhas na dentição ou alterações oclusais podem sobrecarregar a articulação, causando dor e outros sintomas. FIGURA - OSSOS DA ATM Maxila (A); Mandíbula (B); Osso Temporal (C). 5 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008.Osso temporal O temporal é um osso par que exerce a importante função de abrigar o sistema auditivo humano. Possui formato piramidal e articula-se com os ossos: occipital, parietal, zigomático, esfenoide e mandíbula e está subdividido em três porções: escamosa (região superior e anterolateral, em formato de concha); timpânica (projeção cônica da parte petrosa do osso temporal) e petrosa (porção mais complexa pela quantidade de estruturas anatômicas a ela relacionadas). FIGURA - OSSO TEMPORAL FONTE: Adaptado de WIKIPÉDIA (A), 2008. Na margem inferior da porção escamosa do osso temporal localiza-se uma estrutura denominada fossa mandibular (cavidade glenoide). Constitui-se por uma concavidade situada abaixo e àinformações sobre a função e o estado de repouso da musculatura envolvida.A sonografia baseia-se num princípio simples: quando duas superfícies lisas entram em contato, ocorre pequena fricção e quase nenhuma vibração. Entretanto, se uma ou ambas as superfícies tornarem-se irregulares ou desgastadas, além da fricção ocorrerá vibrações e ruídos quando essas superfícies se movimentam. Várias patologias da ATM são relacionadas a um tipo específico de vibração e ruído. Nesse exame, um aparelho transdutor é colocado na cabeça do paciente e seus sensores posicionados sobre as ATM. Os ruídos e vibrações podem então ser medidos. O sistema detecta o lado do ruído, a localização, a frequência e a intensidade. Os resultados permitem avaliar o estado da ATM: condição de normalidade ou se há patologias em curso ou instaladas. EXAME FÍSICO Composto por: inspeção geral da face; avaliação da ATM (inspeção e palpação); exame muscular das regiões da ATM e cervical; goniometria da coluna cervical; testes de força muscular; avaliação postural; e avaliação dental. Inspeção geral da face Durante a inspeção geral da face, busca-se observar a presença de alterações funcionais da face, assimetrias faciais, posicionamento antálgico da cabeça e do pescoço, além de analisar se há a presença de manchas, hematomas, 51 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas equimoses, fibroses, edemas e linfedemas, má formações da face (prognatismo ou micrognatismo). É importante analisar também o padrão postural da cabeça do paciente, verificando se há anteriorização, condição comum em pacientes com DTM. Avaliação da ATM Durante a avaliação da ATM, inspeciona-se o padrão de movimentação da articulação ao realizar o movimento de abertura, verificando se ela é simétrica ou se ocorre desvio ou deflexão durante o movimento. Solicitar a movimentação ativa da articulação para detectar se há algum bloqueio articular. Durante a realização dos movimentos ativos pelo paciente, o fisioterapeuta deve avaliar a capacidade funcional do indivíduo em executá-los, observando seu início e sequência. Verificar se há a presença de dor, em que intensidade e edemas teciduais. Os sinais e alterações manifestados devem ser registrados. Deve-se realizar a palpação da articulação simultaneamente nos dois lados da face. O examinador deve introduzir dois dedos no meato auditivo externo e pressionar suavemente para frente, em estado de repouso e em movimento de abertura e fechamento da boca. A palpação no meato auditivo externo permite examinar zonas dolorosas posteriores e movimentos incoordenados do côndilo da mandíbula.Para avaliar a amplitude de movimento deve-se solicitar ao paciente que realize os movimentos de abertura, protusão e lateralidade esquerda e direita. A amplitude alcançada deve ser mensurada com o auxílio de uma fita métrica, paquímetro ou régua (medindo-se dos dentes superiores aos inferiores). Observar se há a presença de ruídos articulares (estalidos e/ou crepitações) durante a movimentação ativa da articulação e em que estágio do movimento eles acontecem (início/meio/final). FIGURA - MENSURAÇÃO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO DA ATM Abertura da mandíbula Protusão da mandíbula 52 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Lateralização (realizar dos lados esquerdo e direito) Exame muscular O exame muscular caracteriza-se pela palpação das estruturas moles da ATM e região cervical, buscando encontrar pontos de dor localizada ou sensibilidade alterada. A palpação muscular é realizada com o objetivo de se detectar áreas com o tônus muscular alterado, espasmos, miosites, fibrosites e pontos gatilho.Deve ser realizada em sentido paralelo e perpendicular às fibras musculares do músculo a ser avaliado. Ao palpar as fibras perpendicularmente, elas sofrem uma deformação que permite identificar zonas dolorosas específicas. Deve ser realizada bimanualmente e com pressão uniforme.O músculo temporal deve ser palpado desde sua origem até sua inserção no osso temporal (fibras anteriores, médias e posteriores). Os pontos 53 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas gatilho neste músculo podem causar cefaleia tensional.Para palpar o músculo masseter, deve-se posicionar os dedos indicador e polegar em forma de pinça na direção anteroposterior no nível da zona média do ventre do músculo intra e extrabucal. Solicitar ao paciente para cerrar os dentes enquanto os músculos são palpados de ambos os lados da boca.A origem do masseter é com frequência sensível, assim como o ventre, nos pacientes que sofrem de ausência de dimensão vertical posterior suficiente de oclusão ou se sofrem de bruxismo ou oclusão forçada crônica. Os pontos gatilho ativos no masseter podem causar dor no músculo propriamente dito e restrição de movimento.A palpação do músculo pterigóideo medial se faz por via intrabucal, introduzindo-se o dedo indicador na região que corresponde à metade do músculo masseter. Se percebermos uma área dolorosa devemos colocar o dedo indicador da outra mão sob e por dentro do ângulo mandibular, realizando a palpação muscular nessa área por via intrabucal.A ativação do ponto de gatilho no pterigóideo medial pode originar dores referidas na língua e na porção posterior da garganta. Isto pode também resultar em dor referida profunda na região auricular e na articulação temporomandibular. PALPAÇÃO DO MÚSCULO PTERIGÓIDEO MEDIAL A palpação do músculo pterigóideo lateral é feita, inicialmente, pedindo ao paciente que cerre seus dentes. Em seguida introduz-se a ponta do dedo indicador de maneira que a polpa superior do dedo toque a região posterior da tuberosidade, na altura da porção lateral do processo pterigoide 54 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Frequentemente, a hipertonia deste músculo é responsável por cefaleia de tensão e dor nos olhos, erroneamente atribuídas a problemas sinusais, alergias ou enxaquecas. O músculo digástrico (ventre posterior), que faz parte do grupo dos suprahióideos pode ser palpado por via extrabucal, colocando-se o dedo indicador na borda inferior da mandíbula e pressionando no sentido para cima e para dentro A palpação dos músculos do pescoço (occipitais, esternocleidomastóideo, trapézio, escalenos, elevadores da escápula e romboides) é importante, uma vez que esta região concentra muitos pontos de tensão, hipertonia muscular e pontos gatilho, sobretudo em indivíduos com alterações posturais instaladas. Os músculos occipitais podem ser palpados na região posterior do crânio, sobre o osso occipital, acima da margem basal do crânio. Geralmente sua sintomatologia dolorosa pode estar associada a um quadro de desordem da articulação temporomandibular ou da relação postural da cabeça com a coluna cervical. FIGURA - PALPAÇÃO DOS MÚSCULOS OCCIPITAIS Os músculos escalenos localizam-se anteriormente ao trapézio e posteriormente ao esternocleidomastóideo. A palpação deve ser feita em direção da primeira costela (atrás da clavícula) As dores referidas são encontradas nas regiões peitoral, lateral e posterior dos braços, cotovelo, antebraço, polegar e indicador. Os músculos elevadores da escápula e omo-hióideo podem ser palpados logo abaixo dos músculos escalenos. Quando hipertônicos, podem causar importante 55 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas limitação de movimentos da coluna cervical, relacionada ao quadro álgico. Os pontos gatilho se situam no ângulo superior da escápula. A zona de dor referida está localizada no ângulo do pescoço e ao longo do bordo vertebral da escápula. Os músculos romboides possuem formato losangulare podem ser subdivididos em romboide maior (processos espinhosos de T1 a T4 até a borda medial e ângulo inferior da escápula) e romboide menor (processos espinhosos de C7 e T1 à 1/3 superior da borda medial da escápula). Podem ser palpados próximo à região escapular. FIGURA - PALPAÇÃO DOS MÚSCULOS ROMBOIDES Goniometria A goniometria é uma técnica de avaliação muito usada na fisioterapia como diagnóstico funcional para mensurar objetivamente as amplitudes de movimento articular, através da utilização do goniômetro. O goniômetro é um instrumento durável, lavável e de baixo custo que se assemelha a um transferidor, com dois braços longos, um fixo e outro móvel. Existe ainda um eixo, que deve estar alinhado com o eixo longitudinal dos seguimentos adjacentes à articulação. O centro deve ser posicionado sobre o eixo da articulação a ser examinada. A medida e o registro das amplitudes articulares devem obedecer a certos preceitos de forma a minimizar possíveis erros: Devem-se conhecer os valores de referência normais para o movimento; 56 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas O comparativo com o lado contralateral do indivíduo é um dado importante; Deve-se explicar ao indivíduo o que, e de que modo, vai ser executado; Os pontos de referências anatômicas devem ser deixados descobertos; A posição inicial do seguimento a ser avaliado deve ser a posição zero (posição de partida), que é normalmente a posição de extensão; Caso exista dor na posição de partida, esta pode ser alterada e o teste deve ser executado na posição de maior conforto para o indivíduo; O movimento deve ser executado lentamente para permitir observar a resposta do indivíduo a sinais de dor ou desconforto; Deve ser realizada a estabilização de segmentos adjacentes, para evitar compensações. Exame de goniometria da coluna cervical Devem ser avaliados os movimentos de flexão, extensão, inclinação lateral direita e esquerda e rotação direita e esquerda. Para mensurar a amplitude de movimento articular da flexão da coluna cervical, deve-se solicitar ao paciente que realize a flexão do pescoço evitando a flexão do tronco e a rotação e flexão lateral da coluna cervical. O músculo principal responsável por este movimento é o esternocleidomastóideo. Amplitude articular normal: 0° - 80º/90°. Para mensurar a amplitude de movimento articular da extensão da coluna cervical, deve-se solicitar ao paciente que realize a extensão do pescoço evitando a extensão de tronco e a flexão lateral e rotação da coluna cervical. Os músculos principais responsáveis por este movimento são o trapézio, esplênio cervical e semiespinhal da cabeça. Amplitude articular normal: 0° - 70°. FIGURA - GONIOMETRIA: EXTENSÃO CERVICAL 57 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Para mensurar a amplitude de movimento articular da inclinação lateral da coluna cervical, deve-se solicitar ao paciente que realize a inclinação lateral do pescoço para um lado e posteriormente para o outro, evitando a flexão, extensão e rotação de tronco e a elevação do ombro no lado testado. Os músculos responsáveis por este movimento são os escalenos. Amplitude articular normal: 0° - 40°.Para mensurar a amplitude de movimento articular da rotação da coluna cervical, devese solicitar ao paciente que realize a rotação do pescoço para um lado e posteriormente para o outro, evitando a flexão, a extensão e a flexão lateral do tronco. O músculo principal responsável por este movimento é o esternocleidomastóideo. Amplitude articular normal: 0° - 70º/90°. FIGURA GONIOMETRIA: ROTAÇÃO CERVICAL 58 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Testes de força muscular Os testes de força muscular devem ser realizados através da execução de movimentos resistidos. O objetivo principal destes testes é graduar a força muscular e testar os movimentos mandibulares. O terapeuta deve aplicar resistência manual ao movimento executado, quantificar e registrar a força muscular, analisando e comparando com resultados posteriores ao tratamento. FIGURA TESTES DE FORÇA MUSCULAR Músculos abaixadores da mandíbula Músculos elevadores da mandíbula Músculos que realizam a protusão mandibular Músculos que realizam a lateralização mandibular 59 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Avaliação postural A avaliação postural compõe-se por uma minuciosa observação do paciente nas vistas anterior (frente), posterior (costas) e lateral (perfil) objetivando detectar alterações e desequilíbrios posturais que possam decorrer ou ser fator causal das disfunções temporomandibulares. Deve-se levar em conta pontos de referência da postura padrão como alinhamento ideal. Pacientes portadores de disfunções temporomandibulares frequentemente apresentam alterações de posicionamento de cabeça, como a anteriorização. FIGURA ALINHAMENTO ESQUELÉTICO IDEAL 60 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas FONTE: Adaptado de JOÃO, 2008. Existem conceitos importantes para realizar a avaliação postural de forma adequada em cada posicionamento. Abaixo estão listados os principais: Conceitos para avaliação postural em vista anterior Genu valgo/varo: referência ao posicionamento do joelho. O genu valgo é a projeção dos joelhos para dentro da linha média do corpo, causada, geralmente, pela hipertrofia da musculatura lateral da coxa e/ou hipotonia da musculatura medial da coxa. O geno varo é a projeção dos joelhos para fora da linha média do corpo, causada, geralmente, pela hipertrofia da musculatura medial da coxa e/ou a hipotonia da musculatura lateral da coxa; 61 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas FONTE: JOÃO, 2008. Ângulo de Talles: triângulo formado entre o tronco e o braço; FIGURA - ÂNGULO DE TALLES FIGURA - GENU VARO E FONTE: Adaptado de GOMES, 2008. 62 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Conceitos para avaliação postural em vista posterior Calcâneo valgo/varo: referência ao posicionamento do calcanhar. Calcâneo valgo é a projeção do calcâneo para fora do corpo, fazendo com que o tendão de Aquiles se projete para a parte interna do corpo. O maléolo lateral fica mais inferiorizado do que no pé reto fazendo a pronação e favorecendo a rotação medial da tíbia, o que irá produzir repercussões em todo o membro inferior. Calcâneo varo é a projeção do tendão de Aquiles para a parte externa do corpo, fazendo com que o calcâneo se projete para dentro; FIGURA CALCÂNEO VALGO E VARO FONTE: Adaptado de MATTA, 2008. FONTE: JOÃO, 2008. Escoliose: deformação morfológica da coluna vertebral nos três planos do espaço. Pode acontecer nas regiões torácica e lombar, conforme ilustração a seguir. Quanto à sua flexibilidade se divide em: não estruturais ou corrigíveis com a eliminação da causa; e estruturais ou permanentes; Gibosidade: saliência da coluna em formato de convexidade posterior (giba), que 63 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas pode ser de origem congênita, traumática ou infecciosa. Frequentemente está associada a quadros de escoliose; FIGURA – GIBOSIDADE FONTE: IGCCV, 2008 Escápula abduzida/alada: alterações da escápula. A escápula abduzida (protraída) é um desvio, para frente, do cíngulo do membro superior. As extremidadesdistais da clavícula e da escápula movem-se anteriormente em torno da caixa torácica, com os bordos mediais da escápula movendo-se para longe da linha mediana 13 cm a 15 cm. A escápula alada (retraída) ocorre quando a extremidade distal da clavícula e a escápula movem-se posteriormente, e os bordos mediais da escápula aproximamse da linha mediana. Geralmente é decorrente de hipotonia do músculo serrátil anterior; FIGURA - ESCÁPULA ABDUZIDA/ALADA FONTE: JOÃO, 2008. 64 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Conceitos para avaliação postural em vista lateral Genu flexum/recurvatum: referência ao posicionamento do joelho. Genu flexum é a projeção dos joelhos para frente, fazendo com que a linha de gravidade passe por cima ou por trás dos joelhos. Causada pela hipertrofia da musculatura flexora dos joelhos. Genu recurvatum é a projeção do joelho para trás, fazendo com que a linha de gravidade passe bem à frente dos joelhos. É causado pela hipertrofia da musculatura extensora dos joelhos; FIGURA - GENU FLEXUM/RECURVATUM FONTE: Adaptado de UNB, 2008. Pelve anteversão/retroversão: alteração de posicionamento da pelve. Na anteversão, a pelve inclina-se para frente diminuindo o ângulo entre a pelve e a coxa anteriormente, resultando em flexão da articulação do quadril, assim a coluna inferior irá se arquear para frente criando um aumento na curvatura para frente (lordose) da coluna lombar. Na retroversão, a pelve inclina-se para trás, as articulações do quadril 65 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas se estendem e a coluna lombar se retifica, levando a uma postura de dorso plano, que pode resultar de um encurtamento dos músculos isquiotibias; Hiperlordose cervical ou lombar: aumento da curva na região cervical ou na região lombar, ou seja, acentuação da concavidade cervical e/ou lombar no plano sagital. A hiperlordose lombar está associada a uma anteversão da pelve. Frequentemente está associada a um desequilíbrio dos músculos abdominais e glúteos; Retificação da coluna lombar: condição associada à retroversão da pelve, originando costas planas e diminuição da mobilidade da coluna. Diante deste desequilíbrio, as curvaturas responsáveis pela dissipação das forças provenientes da ação da gravidade são diminuídas, e consequentemente ocorrerá em determinados pontos da coluna, uma maior incidência de sobrecarga, ocasionando dores, perda da mobilidade e um desequilíbrio postural geral como forma de compensação; Hipercifose torácica: aumento da curvatura da região dorsal, ou seja, é o aumento da convexidade posterior no plano sagital, podendo ser flexível ou irredutível; FIGURA - PELVE EM ANTEVERSÃO/RETROVERSÃO FONTE: RODRIGUES E OLIVEIRA FILHO, 2008. 66 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Retração de ombros: rolamento dos ombros para frente; Protusão de cabeça (hiperlordose cervical): proeminência da cabeça associada à hipercifose dorsal, caracterizando um pescoço mais alongado à frente . Retrusão de cabeça (retificação cervical): diminuição da lordose, originando um pescoço reto e diminuição da mobilidade cervical FIGURA - PROTUSÃO (A) E RETRAÇÃO (B) DA CABEÇA A B 67 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Avaliação dental Devido à importância que a dentição tem sobre a funcionalidade da ATM, é importante inspecionar os dentes do paciente. Questionar sobre a extração de dentes, utilização de próteses, realização de tratamento ortodôntico (aparelho dental), observar a condição gengival, a oclusão e o tipo de mordida que o paciente realiza. OBJETIVOS E CONDUTA TERAPÊUTICA Por fim, é importante que o profissional trace objetivos a curto e médio prazos para o tratamento e determine a sua conduta terapêutica com base nos parâmetros aferidos durante a avaliação. PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL EM DTM Identificação Nome: Data de nascimento: Idade: anos Sexo: Raça: 68 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Situação de trabalho: ( ) Aposentado ( ) Desempregado ( ) Estudante integral ( ) Estudante parcial ( ) Ativo ( ) Trabalha fora ( ) Trabalh a em casa / ( ) Tempo integral ( ) Tempo parcial Profissionais da equipe interdisciplinar: Dentista: Telefone: Médico: Telefone: Fisioterapeuta: Telefone: Fonoaudiólogo: Telefone: Psicólogo: Telefone: Outros: Telefone: Filhos: ( ) Sim. Idades: ( ) Não Endereço: Telefones/e - mail: Escolaridade: Profissão: Estado civil: 69 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Tratamentos já realizados ou em curso: Ingere bebidas alcoólicas ( ) Sim. Freq: ( ) Não Fuma ( ) Sim. Freq: ( ) Não Ingere bebidas estimulantes (café, chá preto)? ( ) Sim. Freq.: ( ) Não Prática regular de atividade física ( ) Sim Diagnóstico clínico: Anamnese História Clínica Foi amamentado ao seio? ( ) Sim. Tempo: ( ) Não Chupou o dedo na infância? ( ) Sim. Tempo: ( ) Não Utilizou chupeta ou mamadeira na infância? ( ) Sim. Tempo: ( ) Não Tipo de alimentação: Cirurgias e/ou internações anteriores: Alergias: 70 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas () Qual: ( ) Não Há história familiar de disfunções da ATM? ( ) Sim. ( ) Não Caso o paciente seja do sexo feminino: Está grávida? ( ) Sim. semanas ( ) Não Menstrua regularmente? ( ) Sim ( ) Não Utiliza contraceptivo hormonal? ( ) Sim ( ) Não Está na menopausa? ( ) Sim ( ) Não Faz reposição hormonal? ( ) Sim ( ) Não História da moléstia atual Queixa principal Frequência dos sintomas: ( ) contínuo ( ) muitas vezes ao dia ( ) uma vez ao dia ( ) muitas vezes por semana ( ) muitas vezes por mês ( ) uma vez por mês ( ) menos de uma vez por mês Duração dos sintomas: ( ) contínuo ( ) meses ( ) semanas ( ) dias ( ) horas ( ) minutos ( ) variável Sintomas são piores: ( ) ao levantar ( ) manhã ( ) tarde ( ) noite ( ) ao dormir Eventos relacionados ao início: Intensidade: Período de início dos sintomas: Há história de traumatismos prévios? Localização: Frequência: 71 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Qualidade: Fatores de piora: Fatores de melhora: Evolução dos sintomas: Medicação atual/doses: Patologias associadas: ( ) alterações reumáticas ( ) hipertensão arterial ( ) alterações cardíacas ( ) desordens pulmonares ( ) desordens hepáticas/urinárias ( ) desordens neurológicas ( ) alterações metabólicas ( ) neoplasias ( ) fibromialgia ( ) outras: Observações: 72 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Sintomatologia / Hábitos parafuncionais Qualidade do sono ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima Horas de sono por noite Posição em que dorme ( ) Dec. dorsal ( ) Dec. ventral ( ) Dec. lateral esquerdo ( ) Dec. lateral direito Dorme com a boca aberta ( ) Sim ( ) Não Respira pela boca ao dormir ( ) Sim ( ) Não Range os dentes à noite (bruxismo) () Sim ( ) Não Aperta os dentes à noite ( ) Sim ( ) Não Tem insônia ( ) Sim ( ) Não Dificuldade para respirar deitado ( ) Sim ( ) Não Acorda várias vezes durante a noite ( ) Sim ( ) Não Acorda durante a noite com falta de ar ( ) Sim ( ) Não Ronca ( ) Sim ( ) Não Sente dor de cabeça ao acordar ( ) Sim ( ) Não Sente-se cansado ao acordar ( ) Sim ( ) Não Sente dor muscular ao acordar ( ) Sim ( ) Não Dificuldade em ficar acordado durante o dia ( ) Sim ( ) Não Acorda muito cedo ( ) Sim ( ) Não Dor facial ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não Dor à mastigação ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não 73 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Estalido na ATM ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não Crepitação na ATM ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não Range os dentes durante o dia (briquitismo)? ( ) Sim ( ) Não Aperta os dentes durante o dia? ( ) Sim ( ) Não Não consegue abrir a boca ( ) Sim ( ) Não Travamento (boca fechada) ( ) Sim ( ) Não Cefaleia (dor de cabeça) ( ) Sim. Região: ( ) Não Nevralgia ( ) Sim. Região: ( ) Não Dor cervical ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não Dor nos ombros ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não Dor no ouvido ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não Zumbido no ouvido ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não Dificuldades auditivas ( ) Sim (lado esquerdo) ( ) Sim (lado direito) ( ) Não Vertigens ( ) Sim ( ) Não Alterações de equilíbrio ( ) Sim ( ) Não Dor nos olhos ( ) Sim ( ) Não Visão distorcida ( ) Sim ( ) Não Dor na língua ( ) Sim ( ) Não Dor de dente ( ) Sim ( ) Não Stress/ ansiedade ( ) Sim ( ) Não Qualidade de trabalho ( ) Ótima ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssima Masca chicletes ( ) Sim ( ) Não Rói as unhas ( ) Sim ( ) Não 74 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Uso contínuo do telefone/computador ( ) Sim ( ) Não Outros sintomas: ________________________________________________ Exames complementares Testes de imagem: ______________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Eletromiografia: ______________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Avaliação da ATM Movimentação: Abertura: Simétrica ( ) Desvio ( ) Deflexão ( ) Abertura máxima: mm / Protusão: mm Lateralidade direita: mm / Lateralidade esquerda: mm Ruídos Articulares: Abertura Direita Esquerda Estalido Inicial (0/15mm) Intermediário (16/30mm) Tardio (31/50mm) Crepitação Fechamento Direita Esquerda Estalido Inicial (0/15mm) 75 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Intermediário (16/30mm) Tardio (31/50mm) Crepitação Palpação da ATM Dor: ( ) Leve ( ) Moderada ( ) Forte ( ) Locais: ( ) Não Edemas ( ) Sim. Locais: _ ( ) Não Exame muscular (sensibilidade à palpação) Assinalar: 0=sem dor/1= dor leve/2= dor moderada/3=dor forte/*trigger point Direito Esquerdo Músculo temporal Masseter Pterigóideo medial Pterigóideo lateral Occipitais Esternocleidomastóideo Trapézio Escalenos Elevadores da escápula Romboides Goniometria da região cervical Movimentos Graus Presença de dor Flexão ( ) Dor Extensão ( ) Dor 76 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Inclinação esquerda ( ) Dor Inclinação direita ( ) Dor Rotação esquerda ( ) Dor Rotação direita ( ) Dor Testes de força muscular Músculos Força muscular Abaixadores da mandíbula Elevadores da mandíbula Músculos que realizam a protusão da mandíbula Músculos que realizam a lateralização da mandíbula (D) Músculos que realizam a lateralização da mandíbula (E) Avaliação dental Possui falhas dentárias? ( ) Sim. Quais dentes? ( ) Não Utiliza próteses? ( ) Sim ( ) Não Fez/faz tratamento ortodôntico (aparelho dental)? ( ) Sim ( ) Não Condição das gengivas: ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim Oclusão: ( ) Normal ( ) Alterada Mordida: ( ) Normal ( ) Aberta ( ) Cruzada 77 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Assinalar: Falhas dentárias em azul Ausências dentárias em amarelo Prótese parcial removível em marrom Prótese parcial fixa em laranja Prótese total em azul ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR PARA AS DTMS Da mesma forma que o diagnóstico das DTMs necessita de uma abordagem interdisciplinar, seu tratamento também só ocorre de forma integral com a atuação de diversas categorias de profissionais. Os mais frequentemente envolvidos são médicos, odontólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos. A disfunção temporomandibular é uma doença que, depois de instalada, quase sempre possui caráter crônico e progressivo. Portanto, o ideal é a prevenção e o tratamento precoce destas alterações, o que certamente proporciona melhores resultados e menos sequelas. Tratamento medicamentoso O primeiro objetivo é controlar a dor sem eliminá-la totalmente, o que apenas encorajaria o uso indevido da articulação. A dor funcional serve para lembrar o paciente que deve evitar um determinado movimento, permitindo que os tecidos Inspeção dos dentes 78 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas traumatizados se recuperem. Os analgésicos leves e os anti-inflamatórios não esteroides são úteis para combater a dor contínua. Drogas que induzem o relaxamento muscular, diminuindo o espasmo dos músculos envolvidos também podem ser úteis. Medicamentos ansiolíticos, com efeito, sedante ou calmante e ação miorrelaxante também podem ser indicados. É importante ressaltar que o uso de drogas deve ser realizado somente após avaliação e prescrição médica, devendo-se evitar a automedicação, que pode levar a danos à saúde geral do paciente, além de interferir no diagnóstico adequado das disfunções. Tratamento cirúrgico O tratamento das DTMs raramente é cirúrgico. Entre as principais indicações cirúrgicas estão: hiperplasia unilateral do processo condilar da mandíbula (aumento de volume da cabeça da mandíbula, resultando em assimetria facial); síndrome do primeiro e segundo arcos branquiais (hipoplasia unilateral da mandíbula); osteoartrite; artrite reumatoide com anquilose instalada; luxação grave e recorrente; fraturas; anquilose; presença de tumores ou cistos. A cirurgia de ATM pode ser fechada (artroscopia) ou aberta (artrotomia). Na artroscopia, é introduzida uma cânula com uma lente para vídeo no espaço articular superior. Pode ser feita uma incisão lateral para permitir a introdução de instrumentos para biópsia, remodelação de disco articular e lise de adesões. O aspecto mais importante é a melhora da abertura da boca. As complicações são raras. A sequela mais comum é a persistência dos sintomas. Pode ocorrer infecção, fístula sinovial, má oclusão, lesão do ramo temporal do nervo facial, lesão articular e crepitação. Das complicações mais graves, as mais comuns são perda auditiva e paralisia facial. Na artrotomia, normalmente o objetivo é reparar o disco deslocado ou retirálo. A decisão entre reparar ou remover o disco é tomada durante o ato cirúrgico.Os 79 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas pacientes devem ser advertidos quanto à possibilidade de persistência de crepitação, desordens mastigatórias e dor ocasional, além da paresia facial. Assistência odontológica Para o tratamento da sintomatologia dolorosa causada pelas DTMs, normalmente, a odontologia utiliza-se inicialmente da colocação de placas interoclusais feitas de material rígido que possuem diversas denominações (placa estabilizadora; placa de mordida; placa noturna; placa de bruxismo; aparelho interoclusal; splint oclusal; placa de Michigan; placa miorrelaxante; placa de Shore). Estas placas são normalmente móveis e podem ser confeccionadas em acrílico ou silicone. Proporcionam o alívio da dor e o relaxamento da musculatura facial, possibilitando um posicionamento adequado dos músculos, ligamentos e componentes articulares. FIGURA - PLACA OCLUSAL MIORELAXANTE FONTE: ORII; MISSAKA e CONTIN, 2008. As maiores vantagens na utilização desses dispositivos terapêuticos são: custo reduzido e facilidade de confecção; efeitos colaterais mínimos; resposta positiva rápida dos sinais e sintomas; as funções de mastigação, fonação e outras podem ser realizadas com pouca interferência do aparelho. O ajuste oclusal também é um recurso utilizado pela odontologia no tratamento das DTMs. É caracterizado pelo reestabelecimento da relação funcional da dentição, para o perfeito equilíbrio com as demais estruturas do sistema estomatognático, através de desgaste, melhorando a eficiência e a função desse 80 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas sistema. O desgaste seletivo é um procedimento através do qual as superfícies oclusais dos dentes são precisamente alteradas para melhorar os padrões de contatos dentários. A estrutura dentária é seletivamente removida até que o dente tenha contatos oclusais equilibrados. O ajuste oclusal tem sido indicado nas seguintes situações clínicas: eliminar o trauma por oclusão em um ou mais dentes; como terapia coadjuvante no tratamento de alguns casos de bruxismo; quando a estabilidade em determinada posição e o movimento mandibular está seriamente comprometido; para melhorar a posição postural mandibular e aumentar o nível de coordenação e repouso dos músculos mastigadores disfuncionais. O uso da terapia ortodôntica (colocação de aparelhos fixos), como tratamento inicial das disfunções da ATM geralmente não é recomendado. Somente é utilizada quando os principais sinais e sintomas de dor foram eliminados e o paciente se encontra estável. Os principais objetivos desta terapia como tratamento coadjuvante das DTMs são: eliminação da mordida cruzada, extrusão de dentes posteriores, verticalização de dentes posteriores; obtenção de movimento distal de dentes posteriores, para aumentar o número de dentes de suporte no segmento posterior; extrusão de dentes anteriores para melhorar a guia protrusiva, eliminação da rotação de dentes, principalmente no segmento posterior e aumentar a estabilidade do sistema dentário. Assistência fonoaudiológica O objetivo principal da assistência fonoaudiológica é adequar a tonicidade e a mobilidade muscular, adaptando as funções estomatognáticas (sucção, mastigação, deglutição, fala e fonação). Pode abranger vários aspectos como: conscientização e propriocepção, mioterapia e terapia miofuncional. A conscientização e o conhecimento do problema são importantes para que o paciente colabore. Explicar o que é ATM, que movimentos realiza e o que determinado hábito parafuncional provoca na articulação, leva à conscientização daquilo que o 81 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas paciente pode ou não fazer. O trabalho proprioceptivo tem como objetivo que o paciente perceba suas tensões, modificações posturais ou funcionais e seus hábitos. Após a percepção e repetição voluntária da situação inadequada, o paciente pode ser capaz de descrevê-la e evitá-la. A mioterapia inclui séries específicas de exercícios que levam ao desenvolvimento e manutenção de um maior controle neuromuscular. Os exercícios podem ser indicados tanto para relaxar os músculos quanto para melhorar tônus e função. São realizados exercícios com a musculatura cervical, facial, mastigatória e lingual. A terapia miofuncional inclui orientações e exercícios a cerca da forma adequada de respirar, mastigar e deglutir. Os exercícios miofuncionais devem ser praticados com o paciente sentado e com a cabeça ereta. Movimentos e postura de língua na cavidade oral são fundamentais para a condição postural e funções da mandíbula. Estes exercícios trabalham a musculatura intrínseca da língua (mudança de forma e movimentos finos) e extrínseca (movimentos para cima e para baixo, para os lados, para dentro e para fora). Assistência psicológica Muitos pacientes com disfunções temporomandibulares apresentam alterações emocionais importantes. O stress e ansiedade podem ocasionar apertamento dental e bruxismo, além de tensão muscular exagerada. A dor pode produzir mudanças de comportamento do paciente que passa a irritar-se a pequenos estímulos. Observamse mudanças no comportamento, sentimentos e pensamentos, além de relevante diminuição da qualidade de vida e de trabalho. A assistência psicológica é um importante suporte para a remissão da sintomatologia das DTMs e manutenção dos resultados obtidos com tratamentos físicos. ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DAS DTMS 82 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas A fisioterapia tornou-se parte integral da abordagem interdisciplinar para o tratamento das disfunções temporomandibulares e outras condições de dor orofacial. Tem como objetivo minimizar a sintomatologia dolorosa, restaurar a função muscular, melhorar a amplitude de movimento, melhorar a postura, reeducar o paciente em relação ao posicionamento correto da mandíbula, reduzir a carga na articulação temporomandibular, evitando a necessidade de cirurgias articulares. A fisioterapia dispõe de diversos recursos em seu arsenal terapêutico capazes de reduzir a dor, acelerar o processo de reparo tecidual e melhorar a função muscular destes pacientes. Entre estes recursos, pode-se citar: orientações e cuidados gerais, recursos eletroterapêuticos, termoterapêuticos, manuais cinesioterapêuticos, entre outros. O fisioterapeuta caracteriza-se como um profissional importante no processo de reabilitação deste tipo de paciente. Orientações e cuidados gerais A primeira medida fisioterapêutica consiste na educação do paciente a respeito da natureza do seu problema e do modo como ele deve agir para reduzir os sintomas, diminuindo a intensidade da atividade dos seus músculos mastigatórios. Entre as orientações mais importantes para os pacientes com disfunções temporomandibulares estão: Descansar os músculos e articulações durante os quadros de dor aguda, porque normalmente ela aumenta com a função muscular; Observar a abertura da boca para evitar luxações ou subluxações (evitar bocejos, gargalhadas, gritar, cantar); Manter uma postura adequada; Evitar hábitos parafuncionais; Relaxar os músculos da mandíbula tentando manter a língua no céu da boca; Praticar atividades físicas regulares; Realizar alongamento cervical; 83 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Manter uma dieta equilibrada, evitando alimentos duros e que demandem muito tempo de mastigação; Evitar a cafeína presente em chás pretos, refrigerantes, café, por ser uma substância estimulante e que pode aumentar a tensão muscular; Preferencialmente dormir em decúbito lateral (de lado), evitando os decúbitosventral e dorsal; evitar posturas viciosas como dormir com as mãos no queixo; Melhorar a qualidade do sono, observando regras básicas: Dormir apenas o necessário, evitando horas de sono adicionais que atrapalham o sono do dia seguinte; Manter um horário regular de sono mantendo um ritmo próprio e constante; Não forçar o sono ao deitar. Se não conseguir dormir, deve-se levantar da cama realizar alguma atividade e retornar quando estiver sonolento; Reduzir o barulho e a claridade do ambiente onde dorme; Manter agradável a temperatura do ambiente onde dorme; Não dormir com fome, porém, evitaralimentos pesados poucas horas antes de dormir. Dar preferência a refeições leves; Evitar o uso abusivo de remédios para dormir, sobretudo sem prescrição médica; À noite, não ingerir bebidas com cafeína ou alcoólicas e não fumar. Recursos eletroterapêuticos Entre os recursos eletroterapêuticos mais utilizados nos tratamentos de pacientes com DTM estão: a corrente Tens e a corrente interferencial para analgesia; a microcorrente para acelerar o processo de reparo tecidual; e a corrente russa para fortalecimento muscular. Eletroanalgesia 84 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas A eletroanalgesia é a utilização de corrente elétrica como recurso terapêutico para o controle da dor. Promove analgesia através da melhora da circulação local e exerce, por efeito contrairritativo, ativação do sistema supressor de dor. As correntes mais comumente utilizadas para analgesia são a Tens e a corrente interferencial. FIGURA - APLICAÇÃO DE CORRENTE ANALGÉSICA Tens (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) Método que utiliza corrente elétrica aplicada à pele com finalidade analgésica. É uma corrente de baixa frequência (2 Hz a 200 Hz). Seu desenvolvimento é baseado na teoria da comporta para explicar o controle e a modulação da dor. A percepção dolorosa é regulada por uma “comporta” que pode ser aberta ou fechada por meio de outros impulsos provenientes dos nervos periféricos ou do sistema nervoso central aumentando ou diminuindo a percepção dolorosa. Alguns mecanorreceptores de baixo limiar da pele e outras partes sobem sem fazer sinapse até as colunas posteriores da medula espinhal. Acredita-se que os impulsos desses mecanorreceptores reduzem efetivamente a excitabilidade das células nociceptoras aos estímulos geradores de dor (inibição pré-sináptica). Assim, os impulsos elétricos que estimulam as fibras mecanorreceptoras são efetivos na redução da percepção de dor. Na dor aguda, a frequência é usada entre 80 Hz e 100 Hz. Na dor crônica, deve-se usar frequência 150 Hz e 200 Hz. 85 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Os eletrodos devem ser posicionados paralelamente à área dolorosa. Caso necessário, outro par de eletrodos pode ser fixado bilateralmente à coluna vertebral, ao nível das raízes nervosas que abrangem a área da dor. A intensidade da corrente deve ser ajustada de acordo com a tolerância do paciente. Corrente interferencial A corrente interferencial é uma corrente de média frequência (4 mil Hz). Seu princípio terapêutico consiste na produção de duas correntes de média frequência levemente diferentes que interfiram uma com a outra, sendo assim, uma nova corrente formada, com amplitude resultante da soma de duas amplitudes de correntes individuais. Alivia a dor mediante a produção de um bloqueio periférico da atividade nas fibras nervosas portadoras de impulsos nocivos. A estimulação das fibras nervosas aferentes grossas tem um efeito inibidor ou bloqueante sobre a atividade das finas. Como consequência, a percepção da dor diminui ou desaparece. Microcorrentes (Mens – Micro Electro Neuro Stimulation) Tipo de eletroestimulação que utiliza correntes contínuas ou alternadas com parâmetros de intensidade na faixa dos microampères. Seu modo normal de estimulação ocorre em níveis em que não se consegue ativar as fibras nervosas sensoriais. Os pacientes não têm percepção da sensação de formigamento (estimulação subliminar). O plano de atuação das microcorrentes é profundo, podendo atingir um nível muscular, e apresenta-se com imediata atuação nos planos cutâneo e subcutâneo. FIGURA - APLICAÇÃO DE MICROCORRENTE 86 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas A terapia por microcorrente pode ser vista como uma catalisadora nos processos iniciais de numerosas reações químicas e elétricas que ocorrem no processo cicatricial, uma vez que acelera em até 500% a produção da adenosina trifosfato (ATP). O ATP é a molécula responsável pela síntese proteica e regeneração tecidual. O uso de microcorrente nas áreas lesadas, ajuda na normalização da corrente elétrica biológica, resultando numa maior cicatrização de tecidos lesados e minimização da percepção dolorosa. Entre seus efeitos terapêuticos estão: analgesia; aceleração do processo de reparo tecidual; redução de edemas; aumento da osteogênese em fraturas ósseas; anti-inflamatório; bactericida; diminuição do espasmo muscular. Entre seus efeitos fisiológicos estão: restabelecimento da bioeletricidade e homeostase tecidual; aumento da produção do ATP celular local; aumento da síntese de proteínas; diminuição de edemas teciduais. As principais indicações são: cicatrizações pós-cirúrgicas; rupturas miotendinosas; tendinites, tenossinovites; síndromes dolorosas. Seu uso está contraindicado nos seguintes casos: alergia ou irritação a corrente elétrica; diretamente sobre útero gravídico; eixo cardíaco; marca-passo; neoplasias; portadores de implantes metálicos; dermatites e dermatoses cutâneas. Corrente russa (CR) 87 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas A estimulação elétrica por corrente russa consiste da aplicação de um tipo de corrente elétrica (eletroestimulação) com o objetivo de promover uma contração muscular induzida para correção da hipotrofia muscular. A corrente russa é caracterizada por apresentar um sinal senoidal de frequência igual a 2.500 Hz, modulada por uma frequência de batimento de 50 Hz com ciclos de 50%. FIGURA - APLICAÇÃO DE CORRENTE RUSSA PARA ESTIMULAÇÃO DO MASSETER De modo geral, as mudanças produzidas no músculo pela eletroestimulação são semelhantes àquelas produzidas pelas contrações voluntárias: há um aumento do metabolismo muscular, uma maior oxigenação, liberação de metabólitos, dilatação de arteríolas e um consequente aumento da irrigação sanguínea no músculo. Os principais efeitos da eletroestimulação são: Facilitação da contração muscular: auxilia a obter uma contração muscular voluntária, inibida pela dor ou por lesão recente; Reeducação da ação muscular: o repouso prolongado ou o uso incorreto de uma musculatura pode afetar sua funcionalidade; Hipertrofia e aumento da potência muscular: sua aplicação em intensidades adequadas contribui no processo de hipertrofia e ganho de potência de um músculo debilitado; 88 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Aumento da irrigação sanguínea: a vasodilatação muscular e os reflexos de estimulação sensorial promovidos pela eletroestimulação propiciam uma melhora na irrigação sanguínea local; Aumento do retorno venoso e linfático: ao promover sucessivas contrações e relaxamentos musculares, a eletroestimulação favorece o retorno venoso e linfático; A contração normal das fibras musculares esqueléticas é comandada pelos nervos motores. Uma fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular ou então se ramificar e inervar até 150 ou mais fibras musculares. No local de inervação, o nervo perde sua bainha de mielinae forma uma dilatação que se coloca dentro de uma depressão da superfície da fibra muscular. Essa estrutura é denominada de ponto motor. Os pontos motores são as melhores áreas para a estimulação dos musculoesqueléticos, pois existe uma menor resistência à passagem de corrente. A intensidade de corrente necessária para a contração muscular vai ser menor e o paciente terá uma percepção diminuída ao estímulo. O mapa de pontos motores da face apresenta suas localizações aproximadas, porém certa exploração local deve ser efetuada para o conhecimento de sua localização individual. FIGURA - MAPA DE ESTIMULAÇÃO DOS MÚSCULOS DA FACE 89 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Há algumas considerações importantes a se fazer em relação aos programas de eletroestimulação por corrente russa: Alguns programas intercalam a eletroestimulação com a contração muscular voluntária para potencializar os resultados; Nas primeiras sessões, a intensidade da corrente deve ser elevada aos poucos, uma vez que a eletroestimulação é uma experiência sensorial nova para a maioria dos pacientes; Para os programas de fortalecimento muscular que necessitam de mais de um canal, deve-se selecionar a forma sincrônica de estimulação. Já nos casos de reeducação funcional pode-se optar pela forma sequencial ou recíproca, posicionando os eletrodos de forma a desenvolver o movimento de toda a cadeia muscular envolvida, pretendendo-se com isso a facilitação do movimento através da contração dos diferentes grupos musculares; FONTE: Adaptado de MARTINS, 2008. 90 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Em diabéticos ou pacientes que apresentam neuropatias periféricas, a eletroestimulação pode não ser capaz de provocar a resposta muscular desejada. Ultrassom terapêutico (US) Aparelho que utiliza a energia ultrassônica para produção de vibrações mecânicas no organismo. Essas vibrações podem ser contínuas ou pulsadas, e são geradas por um transdutor. A técnica de aplicação mais utilizada é a de contato direto, realizada quando a superfície a ser tratada é razoavelmente plana, sem muitas irregularidades, permitindo um perfeito contato de toda a área do transdutor com a pele. FIGURA - APLICAÇÃO DE US TERAPÊUTICO O cabeçote fica em contato direto com a pele do paciente, entretanto se faz necessária a utilização de uma substância de acoplamento visando minimizar os efeitos da reflexão. Normalmente é utilizado gel industrializado a base de água. Para 91 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas assegurar os efeitos do tratamento é necessário manter o cabeçote em movimento contínuo. Os movimentos podem ser circulares, longitudinais ou transversais, preferencialmente executados em ritmo lento. Para a determinação da intensidade correta a ser utilizada em cada caso, deve-se ter em mente a dose ideal que deverá chegar aos tecidos afetados, considerando a atenuação que as ondas sonoras sofrem até atingir os locais lesionados. A duração do tratamento depende do tamanho da área a ser tratada. Nas disfunções de ATM, o tempo de aplicação raramente ultrapassa cinco minutos. Segundo o regime de emissão, o US pode ser contínuo ou pulsado. As frequências usuais são as de 1 MHz (para lesões profundas entre 3 cm a 5 cm) ou 3 MHz (para lesões superficiais de até 2,5 cm). Entre seus efeitos fisiológicos estão: micromassagem celular; aumento da permeabilidade da membrana; e fonoforese (habilidade do ultrassom em incrementar a penetração de agentes farmacológicos ativos através da pele). Os efeitos térmicos do US são proporcionados pela absorção das ondas ultrassônicas à medida que penetram nas estruturas tratadas. A quantidade de calor gerado depende de fatores como o regime de emissão (contínuo/pulsado), a intensidade, a frequência e a duração do tratamento. Entre eles estão: vasodilatação; aumento do fluxo sanguíneo e do metabolismo; ação tixotrópica (propriedade que o US possui de "liquefazer" estruturas com maior consistência física); aumento das atividades dos fibroblastos, da síntese de colágeno e proteínas; estimulação da angiogênese; aumento das propriedades viscoelásticas dos tecidos conjuntivos; analgesia. Entre os efeitos atérmicos estão: aumento da permeabilidade das membranas e difusão celular; aumento do transporte de íons de cálcio pelas membranas celulares; liberação de histamina e agentes quimiotáticos; aumento da síntese e elasticidade do colágeno; aumento da síntese de proteínas; e diminuição da atividade elétrica dos tecidos. As principais indicações são: analgesia, transtornos circulatórios e pós- operatórios; fibroses e aderências teciduais. Está contraindicada a aplicação direta 92 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas na região dos olhos, ovários, ouvidos e testículos; gestação; portadores de marcapasso cardíaco ou implantes metálicos; pacientes com hemorragias recentes; afecções da pele; neoplasias; áreas com insuficiência vascular; osteoporose. Laser O laser é um tipo de radiação eletromagnética não ionizante, monocromática. Suas ondas propagam-se com a mesma fase no espaço e no tempo. Sua direcionalidade permite a obtenção de alta densidade de energia concentrada em pequenos pontos. Essas características proporcionam propriedades terapêuticas importantes (trófico-regenerativas, anti-inflamatórias e analgésicas). Promovem um aumento na microcirculação local, na circulação linfática, proliferação de células epiteliais e fibroblastos, assim como aumento da síntese de colágeno. FIGURA - APARELHO DE LASER Sua principal indicação são os quadros patológicos em que se deseja obter melhor qualidade e maior rapidez do processo reparacional (quadros de pósoperatório, reparação de tecido mole, ósseo e nervoso), quadros de edema instalado (onde se busca uma mediação do processo inflamatório), ou nos quadros de dor (crônicas e agudas). Os protocolos de utilização do laser terapêutico devem considerar a fase do processo inflamatório em que o paciente se encontra. As densidades de energia para aumentar a circulação local e promover analgesia estão entre 2 Jcm2 e 4 Jcm2. FONTE: KLD Biossistemas, 2008. 93 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Quando o objetivo é a cicatrização tecidual, a densidade deve estar na faixa de 6 Jcm2 a 8 Jcm2. O número de pontos irradiados depende do tamanho da área a ser tratada. A aplicação do laser na ATM normalmente é feita no músculo temporal, no côndilo, região retroauricular, no ângulo da mandíbula, e região do pescoço. Recursos térmicos Entre os recursos térmicos disponíveis para a utilização do fisioterapeuta estão o uso do calor e do frio (crioterapia). Calor O calor pode ser utilizado de forma superficial por condução (parafina, compressa quente) e/ou convecção (infravermelho, forno de Bier) e profunda por conversão (ondas curtas, micro-ondas). A temperatura terapêutica ideal para que os efeitos do calor sejam atingidos de forma segura, está entre 40ºC e 45°C. Os principais efeitos do calor são: aumento do metabolismo celular, da permeabilidade capilar, da drenagem sanguínea e venosa e aumento da elasticidade do tecido conjuntivo. Para o tratamento das DTMs, o calor é essencialmente indicado em casos crônicos em que exista tensão muscular aumentada e crises de algia. Seu efeito é relaxante e analgésico. A aplicação prévia a outros agentes terapêuticos como a massagem e a cinesioterapia melhora a extensibilidade do colágeno, aquecendo o tecido para o estiramento e potencializando o resultado dotratamento. Normalmente, utilizam-se compressas quentes sobre a articulação e sobre os músculos masseteres e temporais, seguido de massagens. O tempo de aplicação recomendado é de quinze a vinte minutos. FIGURA - APLICAÇÃO DE COMPRESSA QUENTE NA ATM 94 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas O uso do calor é contraindicado na fase aguda de processos inflamatórios, traumáticos ou hemorrágicos e quando há discrasias sanguíneas, isquemias ou estases venosas teciduais; radioterapia localizada; infecções regionais; implantes metálicos; aplicações sobre os olhos e útero gravídico; anormalidades cognitivas e hipoestesia regional que comprometem a percepção ou o relato da ocorrência de hipertermia e de queimaduras. Crioterapia A crioterapia utiliza-se do frio para o tratamento de disfunções inflamatórias e traumáticas, principalmente agudas, e para diminuição do edema e indução do relaxamento muscular quando o calor superficial não é eficaz. A crioterapia leva à vasoconstrição por aumento da atividade neurovegetativa simpática e por ação direta do frio nos vasos sanguíneos, causando relaxamento muscular e analgesia em decorrência da redução da atividade dos fusos musculares, junção neuromuscular, velocidade de condução dos nervos periféricos e redução da atividade muscular reflexa. FIGURA- APLICAÇÃO DE CRIOTERAPIA NA ATM 95 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Para obtenção de efeitos terapêuticos, a temperatura da pele deve cair para aproximadamente 13,8°C, para que ocorra a diminuição ideal do fluxo sanguíneo local e para 14,4°C para que ocorra analgesia. Na região da ATM, podem ser utilizadas bolsas térmicas geladas sobre a articulação ou compressas frias por aproximadamente quinze minutos. As contraindicações são: áreas anestesiadas; alteração do nível de consciência e cognição do paciente; doença de Raynaud; insuficiência circulatória periférica; e em casos de alergia ou intolerância ao frio. Nos processos artríticos ou de rigidez articular a contraindicação é relativa, uma vez que, nestes casos, normalmente o frio não é bem tolerado. Recursos manuais Os recursos manuais constituem arma terapêutica valiosa do fisioterapeuta na condução do tratamento das disfunções temporomandibulares. Drenagem linfática manual (DLM) 96 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas A drenagem linfática manual é uma técnica de massagem especializada, representada por um conjunto de manobras suaves, lentas e rítmicas que atuam sobre o sistema linfático superficial, objetivando drenar o excesso de líquido acumulado no interstício, nos tecidos e dentro dos vasos, através das anastomoses superficiais. Objetiva aumentar a atividade linfocinética dos canais linfáticos normais e a motricidade do linfangion, além do relaxamento e/ou amolecimento do tecido conjuntivo alterado. Para ser efetiva, a técnica deve ser aplicada por profissional habilitado, que saiba aplicar com segurança todos os seus componentes. Ao executar a DLM é fundamental observar aspectos como o ritmo (lento, suave e homogêneo), a característica e a pressão (superficial de até 40 mm/Hg) das manobras, além do sentido do fluxo linfático. Se corretamente executada, a drenagem pode estimular a abertura dos linfáticos iniciais e aumentar o volume do fluxo da linfa em até 20 vezes. A drenagem linfática é uma técnica lenta e que induz ao relaxamento. O tempo médio para drenagem da face é de cerca de 30 minutos, considerando-se variações como a presença de edema ou linfedema severo, condições nas quais pode ser necessário um tempo maior. Existe um deslocamento natural da pele durante as manobras de drenagem, linfática que auxilia na ativação do sistema linfático. Dessa forma, o uso de produtos deslizantes pode dificultar a realização de algumas manobras. Em casos de ressecamento extremo da pele podem-se aplicar algumas gotas de óleo apenas para lubrificação cutânea. As manobras devem ser repetidas de quatro a seis vezes em cada local, havendo uma concentração maior de tempo, nos locais onde o edema for maior. Ao final de cada etapa (cinco manobras de movimentos circulares em cada local de uma região), procede-se à drenagem da linfa para o local de início da manobra, seguindose ao mesmo caminho inicial. FIGURA - APLICAÇÃO DE DLM FACIAL 97 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas A DLM influencia diretamente: às respostas imunes; à velocidade de filtração da linfa e absorção pelos capilares sanguíneos; à quantidade de linfa processada pelos gânglios; à motricidade intestinal; o sistema nervoso autônomo; à formação de fibrose tecidual e o retorno da sensibilidade dos retalhos descolados em cirurgias; A DLM influencia indiretamente: o aumento da quantidade de líquido excretado; favorece a melhora da nutrição e da oxigenação celular e tecidual; promove a desintoxicação dos tecidos intersticiais; facilita a eliminação de ácido lático da musculatura esquelética e a absorção dos nutrientes pelo trato digestivo. Entre as principais indicações estão: edemas e linfedemas; lipoesclerose, insuficiência venosa; cefaleias e nevralgias; enfermidades crônicas das vias aéreas; assistência pós-cirúrgica. Dentre as principais contraindicações estão: tumores malignos não controlados; tuberculose; processos infecciosos e inflamatórios agudos; edemas oriundos de insuficiências renais, hepáticas ou cardíacas; insuficiência renal aguda; trombose venosa profunda, flebites e tromboflebites agudas; erisipela em fase aguda. Massagem clássica Compressão metódica e rítmica do corpo, ou parte dele, para que se obtenham efeitos terapêuticos. É um conjunto de diversas técnicas manuais que atuam nos tecidos corporais, com efeito sob o sistema nervoso, muscular, circulatório e energético, mobilizando estruturas variadas. 98 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Podem ser utilizadas técnicas de deslizamento (consiste em deslizar a mão sobre a área a ser tratada, com uma pressão constante, podendo ser superficial ou profundo); amassamento (compressão rítmica e uniforme de um músculo ou grupo muscular); fricção (aplicada para liberar e evitar aderências em estruturas profundas, com pressão forte e velocidade uniforme); percussão (série de golpes rápidos e alternados); vibração (realização de movimentos vibratórios com a mão em forma de concha). Entre seus principais efeitos estão: Promoção de relaxamento muscular local e geral; Alívio da dor; Aumento da circulação sanguínea e linfática; Liberação de histamina proporcionando hiperemia local; Melhora da vascularização periférica proporcionando oxigenação tecidual; Aumento da nutrição tecidual; Remoção de produtos catabólitos; Alívio de sintomas característicos da ansiedade e da tensão (stress); Aumento da maleabilidade e extensibilidade tecidual; Aumento da mobilidade articular. Entre as indicações da massagem clássica que a torna importante recurso no tratamento das DTMs estão: promoção de relaxamento muscular; alterações circulatórias, disfunções ortopédicas e lesões nervosas. 99 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas São contraindicações: tumores; cardiopatias descompensadas; dermatites agudas; queimaduras; inflamação aguda de articulações; infecções, hiperestesia da pele. Na região facial podem ser utilizados toques e deslizamentos desde a região da órbita. Na região dos músculos temporais e masseteres são realizados movimentos lentos e rotatórios, porém firmes. Pode serrealizada manipulação bidigital em masseter, iniciando com vibração para inibir possível contração reflexa e segue-se deslizando pelo bucinador. FIGURA - SEQUÊNCIA DE MASSAGEM CLÁSSICA FACIAL Músculo temporal Músculo esternocleidomastóideo Músculos mentonianos/suprahióideos Músculo digástrico 100 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Músculo masseter Músculo masseter Também podem ser realizadas manobras de massagem intrabucal, objetivando relaxamento da musculatura em espasmo. FIGURA - MASSAGEM INTRABUCAL Região do músculo bucinador Região do músculo pterigoide lateral 101 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Região do músculo pterigoide medial Em pacientes com DTM, a musculatura da cintura escapular e do pescoço costuma apresentar-se muito tensa e são facilmente detectados nódulos de tensão. Devem ser realizados movimentos de deslizamento e amassamento para relaxamento local. FIGURA - MASSAGEM CLÁSSICA NA REGIÃO POSTERIOR DAS COSTAS 102 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Traços miofasciais Os traços miofasciais compõem uma técnica de massagem baseada na mobilização da fáscia para manutenção da função adequada das estruturas orgânicas. A fáscia pode ser considerada como um envoltório que reveste todos os músculos e vísceras do corpo, daí sua enorme importância. Através de traços em direções específicas, com pressão moderada, focados nos locais de restrições musculares, o fisioterapeuta busca um aumento da circulação 103 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas sanguínea na região, alterações bioquímicas locais, e dessa forma um alongamento da fáscia, e por consequência do músculo. Os traços são realizados tanto na direção paralela quanto na perpendicular em relação as fibras musculares, podendo também ser feita uma combinação de ambas direções. Não são utilizadas substâncias lubrificantes. FIGURA TRAÇOS MIOFASCIAIS Pompage Manobras utilizadas para relaxar a musculatura em torno das articulações. Estas manobras são realizadas de forma precisa e têm determinadas características que proporcionam relaxamento da musculatura estática. As pompages facilitam consideravelmente as mobilizações articulares na recuperação funcional. No sentido da descompressão têm como objetivo principal a recuperação dessa frouxidão fisiológica, permitindo a fisiologia ligamentar. Além disso, a mobilização em descompressão traz resultados rápidos na recuperação das amplitudes prejudicadas. Por outro lado, com o mesmo objetivo, as pompages em descompressão podem ser realizadas em todos os planos de movimento: flexão, extensão, abdução, adução, rotação, de acordo com a rigidez a ser combatida. Este procedimento pode ser útil em casos de artroses degenerativas. Não é capaz de recuperar os desgastes já produzidos, mas pode retardar a evolução da degeneração. 104 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Não são utilizadas em dores muito intensas que tem origem imprecisa, decorrentes, por exemplo, de uma perturbação orgânica. Ela é importante, essencialmente, para as dores de tensão que raramente são agudas, rapidamente tornam-se lancinantes e mesmo insuportáveis. FIGURA - POMPAGE Pompage global Pompage linfática Trapézio superior Esternocleidomastoideo Elevador da escápula Escalenos 105 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Manipulações articulares Técnica de terapia manual que possibilita o aumento da mobilidade articular e a capacidade de extensão capsular, proporcionando alongamento e relaxamento dos músculos mastigatórios. São especialmente úteis em casos de travamentos agudos e hipomobilidade da ATM. Objetivam manipular a mandíbula, descomprimindo a ATM; reorganizar a função articular; e alongar os músculos mastigatórios.Também podem ser realizadas nos músculos da região cervical e dorsal objetivando relaxamento e reposicionamento articular. Mobilização da ATM Manipulação cervical 106 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Manipulações torácicas Cinesioterapia Conjunto de procedimentos dirigidos à proteção e recuperação das funções das estruturas móveis, mediante o uso de propriedades profiláticas e terapêuticas dos movimentos passivos ou ativos. O tratamento cinesioterapêutico tem por finalidade alongar, fortalecer, promover propriocepção e coordenação. Exercícios de propriocepção Objetivam conscientizar o paciente a respeito do movimento de abertura correto e promover a estabilidade articular através de exercícios de estabilização rítmica, para melhor consciência do movimento mandibular. Para a realização dos exercícios, a língua deve estar apoiada atrás dos dois incisivos superiores (acoplada ao céu da boca), limitando a abertura exagerada da mandíbula e guiando o movimento. FIGURA - ABERTURA COM APOIO DA LÍNGUA 107 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Deve-se solicitar ao paciente que realize os movimentos de abertura e fechamento da boca, de forma lenta e rítmica, preferencialmente de frente ao espelho para melhor conscientização do movimento. Observar o correto alinhamento da postura de tronco e cabeça durante os exercícios. Para guiar o movimento pode ser utilizada uma régua. FIGURA - ABERTURA GUIADA POR RÉGUA Estes exercícios servem para treinar os músculos da mandíbula e melhorar a nutrição das estruturas articulares e ao mesmo tempo controlar o grau de abertura. Possibilita a prevenção das consequências nocivas da imobilidade e promove o 108 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas relaxamento dos músculos mastigatórios. São úteis em pacientes com hipermobilidade, que necessitam readequar o tamanho da abertura mandibular fisiológica. Exercícios ativos Nas séries de exercícios ativos, o paciente deve ser orientado a realizar movimentos de abaixamento e elevação mandibular, lateralidade, protusão e retrusão. Devem ser feitas seis repetições de cada movimento, de forma lenta. Esses movimentos aumentam a nutrição tecidual local e evitam a rigidez articular. Em pacientes com hipomobilidade de abertura da ATM, pode-se utilizar abaixadores de língua para melhora da amplitude de movimento articular. Devem ser inseridos na boca, uma quantidade de abaixadores aumentada progressivamente com o ganho de amplitude do indivíduo. A posição deve ser mantida por aproximadamente um minuto, os abaixadores devem ser retirados e após um breve descanso recolocados e o exercício repetido por seis vezes. Dorsal e com uma bola pequena e não totalmente inflada embaixo do pescoço, como suporte. Solicitar ao paciente que realize os movimentos de flexão, extensão e lateralização da cabeça de forma lenta e rítmica. Podem-se associar exercícios respiratórios ao movimento para melhorar a nutrição tecidual local e a conscientização postural. FIGURA- EXERCÍCIOS CERVICAIS COM BOLA Flexão de pescoço Extensão de pescoço 109 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Lateralização do pescoço Outros exercícios ativos que podem ser realizados por pacientes com disfunções temporomandibulares são: Círculo de ombro: fazer movimentos circulares com os ombros. Os movimentos devem ser realizados deforma lenta e em ritmo constante; Desenhar o número 8 com a cabeça: imaginar que a ponta do nariz é a ponta de um lápis, fazer movimentos como se estivesse desenhando o número 8. Mamar: realizar exercícios de sucção com a língua apoiada no palato e a boca fechada (sucção de chupeta); 110 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Pintar o céu da boca: imaginando que a língua é um pincel, passá-la por todo céu da boca, como se estivesse pintando (movimentos de vai e vem sem tirar a língua); Pintar bochecha: imaginando que a língua é um pincel, passá-la por toda bochecha, como se estivesse pintando a parte interna da boca (movimentos de vai e vem sem tirar a língua); Pintar a gengiva: imaginando que a língua é um pincel, passá-la por toda gengiva superior e inferior, por dentro e por fora. Contar dentes: com a língua, passar por cada dente por dentro e por fora como se fosse contar todos os dentes; Estalar língua: com a boca entreaberta, fazer estalos com a língua. Exercícios resistidos São indicados para contratura muscular e deslocamento de disco com redução nos estágios iniciais, além de aumentar a força muscular da região envolvida na disfunção temporomandibular. Os pacientes realizam breves movimentos de abertura a partir da posição postural, enquanto uma resistência é exercida, com o punho ou a palma da mão do fisioterapeuta. A força de resistência não deve ser excessiva. O exercício deve durar alguns segundos e deve ser repetido várias vezes, em alternância com breves períodos de relaxamento. Esse exercício é baseado no princípio de que a contração severa de um grupo muscular pode induzir relaxamento dos músculos antagonistas. Deve ser enfatizado que, se corretamente realizado, esse exercício pode ser benéfico para função articular, melhorando a amplitude. FIGURA - EXERCÍCIOS RESISTIDOS PARA OS MÚSCULOS DA ATM 111 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Trabalho postural nas DTMs As alterações posturais podem desencadear alterações oclusais e disfunções temporomandibulares e vice-versa. Os distúrbios da oclusão descompensam o sistema tônico postural e os distúrbios posturais desequilibram o sistema estomatognático e são um obstáculo à sua correção. 112 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Dessa forma, pacientes portadores de DTM devem ser avaliados quanto ao seu equilíbrio postural e devidamente tratados. A terapêutica deve ser dirigida não apenas à face, mas ao indivíduo como um todo, através de correções funcionais, alongamentos e fortalecimentos. A posturologia permite a obtenção de resultados mais rápidos evitando perturbações frequentemente desastrosas para o sistema postural. As técnicas de reeducação postural global (RPG) avaliam e tratam as cadeias musculares como um todo, através de posturas de contração e alongamento. A respiração é muito importante nesse processo, sendo trabalhada junto com a postura de alongamento. Acupuntura A acupuntura é uma técnica de tratamento milenar que objetiva reequilibrar os meridianos do corpo, mantendo a harmonia da saúde do indivíduo. Consiste na introdução de agulhas em pontos privilegiados da pele, objetivando a obtenção de uma resposta terapêutica determinada. A energia vital flui pelo nosso organismo através dos meridianos de uma forma cíclica, com ritmo circadiano (24 horas). De acordo com a perspectiva da acupuntura, o estado de saúde corresponde a uma condição de equilíbrio e harmonia na circulação da energia, enquanto a doença seria a desarmonia. Os meridianos cujos trajetos passam pela vizinhança da ATM e dos músculos mastigadores são: intestino grosso, vesícula biliar, estômago, triplo aquecedor e intestino delgado. Sob o ponto de vista da seleção de pontos para a penetração das agulhas, deve-se escolher fundamentalmente dois: um situado no local onde se concentra a dor e outro localizado a distância. O ponto distante necessariamente deverá pertencer a um meridiano que transmite pelo território palco do processo doloroso. FIGURA - ACUPUNTURA NO MÚSCULO TRAPÉZIO 113 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas FONTE: CARNEIRO, 2008. Uma vez que as disfunções temporomandibulares normalmente possuem caráter crônico e necessitam de abordagem interdisciplinar para que haja diminuição da sintomatologia dolorosa e melhoria do desempenho funcional, a terapia pela acupuntura deve ser entendida como mais uma opção terapêutica que vai contribuir para o bem estar do paciente, mas, isolada será incapaz de propiciar a cura se fatores desencadeantes sistêmicos restritos ao sistema estomatognático se mantiverem presentes. Biofeedback Ferramenta terapêutica que fornece informações com a finalidade de permitir aos indivíduos, desenvolver a capacidade de autorregulação. Os instrumentos de biofeedback captam informações fisiológicas e as convertem em sinais facilmente compreensíveis, possibilitando um processo de treinamento objetivando um progressivo aumento da capacidade de autorregulação voluntária de uma série de funções orgânicas até então completamente fora do nosso controle consciente. Pode ser térmico (mede a temperatura da pele e a traduz em sinais facilmente reconhecíveis pelo paciente); eletromiográfico (registra a intensidade da atividade elétrica dos músculos e permite identificar regiões de tensão muscular exagerada) ou 114 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas eletrodérmico (a velocidade da condução de eletricidade sobre a superfície da pele é diretamente influenciada pela quantidade de suor presente). Durante o tratamento com o biofeedback, o nível de tensão muscular é monitorado via computador e mostrado em forma de um som cuja tonalidade aumenta ou diminui à medida que a tensão muscular cresce ou é aliviada. Dessa maneira, é possível ouvir as variações do nível de tensão muscular. As sessões de biofeedback costumam durar 40 minutos e ter a frequência de uma ou mais por semana. O objetivo final é que o paciente possa dispensar o equipamento e levar para o seu dia a dia, as estratégias de autorregulação aprendidas. Ao longo do treinamento, o paciente é instruído a tentar reduzir o tom o tanto quanto possível, o que corresponderá a uma redução da tensão muscular nas áreas monitoradas. Após algumas sessões de treinamento, através de um processo de tentativa e erro, descobre-se como relaxar a mandíbula, fronte e pescoço e, assim, reduzir a frequência do som. O paciente é informado de que tudo aquilo que possibilita uma redução do tom representa uma manobra bem sucedida de relaxamento muscular. Ao longo de várias sessões, ele aprende como manter vários desses músculos da face, mandíbula e pescoço relaxados. O biofeedback tem se mostrado eficaz nos casos de disfunções temporomandibulares mediadas por causas musculares e tensionais uma vez que alerta o paciente para a atividade muscular excessiva e inapropriada. ETAPAS DA ASSISTÊNCIA FISIOTERAPÊUTICA A assistência fisioterapêutica em pacientes portadores de DTMs demanda avaliação criteriosa como já mencionado anteriormente. Após detectar as disfunções físico-funcionais que o paciente apresenta e o estágio patológico em que se encontra, podemos adequar a terapêutica para o correto tratamento. É importante que o indivíduo seja reavaliado periodicamente e que seus ganhos funcionais sejam considerados para a evolução do tratamento e recuperação integral do paciente. 115 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Os objetivos principais do tratamentofrente do meato acústico externo. No adulto, esta região é protegida por uma delgada camada de tecido fibroso. Existe uma protuberância óssea na região anterior da fossa mandibular, denominada tubérculo articular, que atua como limitadora anterior para os movimentos condilares. É uma estrutura espessa, que tolera a presença de forças durante a função. FIGURA - ESTRUTURA INTERNA DA ATM 6 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: Adaptado de WIKIPÉDIA (B), 2008. A região posterior da fossa mandibular abriga a parte posterior do disco articular sendo ricamente inervada e irrigada. Esta região é conhecida como zona bilaminar (retrodiscal). Trata-se de uma faixa de tecido conjuntivo que contém no seu interior espaços que são preenchidos com sangue durante o deslocamento anterior da mandíbula.Apresenta duas lâminas: superior (une a porção superior da borda posterior da cartilagem à placa timpânica e apresenta na sua constituição grande concentração de fibras elásticas); e inferior (une a porção inferior da borda posterior da cartilagem à superfície posterior e superior do côndilo, sendo composto de fibras colágenas). FIGURA - ZONA RETRODISCAL FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008. 7 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Na região posterior da fossa temporal encontra-se a parede timpânica. Nessa área situam-se as fissuras escamotimpânica, petrotimpânica e a retroescamosa. A fissura petrotimpânica estabelece uma comunicação entre o ouvido médio e a ATM. Por ela, passam o nervo da corda do tímpano, a artéria e a veia timpânica. Essas estruturas nervosas e vasculares estão fora dos limites funcionais da articulação, estando protegidas de qualquer pressão do côndilo. Maxila Parte fixa do crânio, que constitui a porção estacionária do sistema mastigatório. Inferiormente forma-se o palato (teto da cavidade oral) e o assoalho da cavidade nasal. Mandíbula Osso móvel, em forma de U que sustenta os dentes inferiores. É constituída por um corpo e dois ramos. Cada ramo termina em duas extensões proeminentes denominadas processos coronoide e condilar. O processo coronoide é o processo posterior, onde se insere o músculo temporal. O processo condilar é a parte que apresenta um colo a partir do qual se origina a cabeça da mandíbula. Esta se articula com a fossa mandibular no osso temporal, formando a ATM. A forma e o tamanho dos côndilos variam entre os indivíduos a até mesmo entre os côndilos direito e esquerdo de um mesmo indivíduo. Normalmente, mede cerca de 20 mm de comprimento e 10 mm de largura. Na porção anterior do côndilo existe uma área onde se insere o músculo pterigóideo lateral denominada fossa pterigóidea. FIGURA - MAXILA E MANDÍBULA 8 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: Adaptado de BBLOGER, 2008. Disco articular O disco articular é uma placa ovalada que divide a cavidade articular em dois compartimentos: superior e inferior. Possui uma estrutura fibrocartilaginosa dividida em três partes: anterior, média e posterior. É avascular e não possui inervação. Exerce a função de prolongar a fossa mandibular nos movimentos anteriores do côndilo da mandíbula estabelecendo concordância entre as superfícies articulares e funciona também como amortecedor de forças (BURIGO, 2004). FIGURA - DISCO ARTICULAR 9 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008. O disco está relacionado com a cápsula articular em toda a sua margem. Anteriormente, o disco e a cápsula fundem-se e permitem a inserção do músculo pterigóideo lateral. Lateralmente e medialmente, o disco e a cápsula estão fixados independentemente nas partes lateral e medial do côndilo da mandíbula. Posteriormente, o disco e a cápsula estão unidos pela zona retrodiscal. Esta união dá ao disco a liberdade necessária, permitindo o movimento anterior, no caso de protusão e abaixamento da mandíbula. Cápsula articular A cápsula articular é uma membrana fibrosa e fina que circunda a articulação e une suas partes. Estende-se da fossa mandibular até o colo da mandíbula. É inervada e relativamente frouxa, permitindo a movimentação da mandíbula. Resiste a pressões medianas, laterais e inferiores que tendam a separar ou deslocar as superfícies articulares, definindo os limites anatômicos e funcionais da ATM, entre a fossa mandibular, eminência articular e nos polos medial e lateral do côndilo, abaixo 10 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) da inserção dos ligamentos colaterais. Constitui-se por tecido conjuntivo e apresentase em duas camadas: superfície interna (membrana sinovial) e superfície externa (membrana fibrosa). FIGURA - CÁPSULA ARTICULAR FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008. A membrana sinovial é formada por vilosidades do tecido conjuntivo, que se projetam para o interior da cavidade articular. É composta por fibroblastos e macrófagos denominados de células sinoviais, produtoras de líquido sinovial (produto do plasma adicionado de proteínas e mucina que leva nutriente e lubrifica os tecidos avasculares que recobrem o côndilo, a protuberância e o disco articular). O líquido sinovial confere viscosidade, elasticidade e plasticidade à articulação. A quantidade de líquido sinovial aumenta quando a articulação encontra- se sob maior pressão e o número de movimentos mandibulares também é aumentado, promovendo lubrificação e nutrição a todas as superfícies da ATM. Esta é uma situação frequente em indivíduos que realizam hábitos parafuncionais. Esta membrana é especialmente abundante nos setores mais vascularizados e inervados das superfícies superior e inferior da zona retrodiscal, sempre se apresentando nas regiões periféricas à área funcional. A membrana fibrosa é formada por tecido conjuntivo denso e fibroso, sendo reforçada na sua superfície lateral onde forma-se o ligamento temporomandibular. 11 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Componentes ligamentares Os ligamentos atuam como guias para restringir alguns movimentos mandibulares dentro dos limites estabelecidos pela cápsula, ligamentos, músculos e proprioceptores. Há três ligamentos funcionais na ATM: colaterais, capsular e temporomandibular. FIGURA - LIGAMENTOS FUNCIONAIS FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008. Os ligamentos colaterais estão fixados ao disco articular nos dois polos condilares. São intracapsulares existindo um medial e um lateral. Exercem a função 12 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) de estabilizar o disco articular sobre o processo condilar durante os movimentos de rotação e translação da ATM.O ligamento capsular apresenta-se como um envoltório que cerca toda a ATM, inserindo-se na fossa mandibular. Age resistindo a forças medianas laterais ou inferiores que tendem a separar ou deslocar as superfícies articulares, protegendo a articulação.O ligamento temporomandibular localiza-se na parte externa do ligamento capsular, sendo considerado algumas vezes como um espaçamento da mesma. Pode ser dividido em duas partes; uma oblíqua (ligamento oblíquo) e outra horizontal (ligamento horizontal).O ligamento oblíquo une o tubérculo articular e o processo zigomático à borda posterior do colo do côndilo limitando o grau de rotação do mesmo.O ligamento horizontal liga-se anteriormente também ao tubérculo articular e processo zigomático, e posteriormente na superfície lateral do côndilo e borda lateral da cartilagem. Esse ligamento limita o deslocamento posterior do côndilo, evitando assim a compressão da zonaincluem a redução da dor; restauração da amplitude articular e força muscular normal, redução de tensões musculares exacerbadas e pontos gatilho; adequação postural, sobretudo de cabeça e pescoço, melhora da função mandibular. As etapas da assistência fisioterapêutica podem ser divididas em quatro momentos: fase aguda, fase estrutural, fase funcional e fase normativa. Fase aguda Na fase inicial do tratamento, em que a dor é aguda e normalmente de intensidade moderada à alta e as funções da mandíbula podem estar restritas pelo quadro álgico, o objetivo terapêutico principal é a analgesia. O paciente normalmente encontra-se tenso e angustiado pela presença da dor e sente receio em movimentar- se, entrando em um ciclo vicioso de espasmo muscular mediado pela inatividade e pela tensão. Como recursos terapêuticos, o fisioterapeuta deve utilizar-se de orientações de posicionamento e cuidados gerais para minimizar a sintomatologia dolorosa (diminuição da mobilidade, redução de hábitos parafuncionais, qualidade de sono, postura de trabalho, entre outras). Como terapia física, podemos utilizar a eletroanalgesia, microcorrentes, laser, termoterapia, ultrassom, terapia manual para relaxamento. Fase estrutural A segunda fase do tratamento é a fase estrutural. Após o controle inicial da sintomatologia, é possível agregar à terapêutica, recursos de mobilização articular, trações miofasciais e cinesioterapia específica para correção funcional das disfunções que o paciente apresenta. Os recursos para controle da dor devem ser mantidos, caso a sintomatologia dolorosa ainda esteja presente ou o paciente refira dor após as mobilizações. 116 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Fase funcional São incluídos nesta fase da terapia, exercícios de força, flexibilidade, resistência e manutenção da integridade articular. É importante a prescrição de exercícios para serem realizados em casa pelo paciente, de modo a complementar a terapêutica. Fase normativa A fase normativa é a fase final do tratamento, em que o fisioterapeuta realiza o acompanhamento do paciente no retorno às suas atividades funcionais normais. É um bom momento para intensificar as terapias de reequilíbrio postural, caso haja indicação. O paciente deve adotar hábitos saudáveis de vida, incluindo uma atividade física regular em seu cotidiano. GLOSSÁRIO Aderência: união anormal das superfícies de determinada estrutura orgânica. Agentes quimiotáticos: substâncias que ligam receptores da superfície induzindo a mobilização do cálcio e o agrupamento de elementos citoesqueléticos contráteis. Angiogênese: termo usado para descrever o mecanismo de crescimento de novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes. Antiinflamatórios não esteroides (Aines): grupo de fármacos que têm em comum a capacidade de controlar a inflamação, de analgesia e de combater a hipertermia. Artrite psoriática: artrite inflamatória, geralmente soronegativa para o fator reumatóide, associada à psoríase cutânea. Atrofias: perda do trofismo muscular decorrente da inatividade ou de denervações centrais ou periféricas. 117 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Cartilagem hialina: tipo de tecido cartilaginoso cuja substância fundamental, de aparência amorfa, é muito resistente e elástica. A cartilagem hialina é a mais abundante dos tecidos cartilaginosos. Constitui o anel da traqueia e dos brônquios, assim como as partes cartilaginosas do nariz e das costelas, e recobre as superfícies ósseas articulares (joelho, cotovelo, punho, etc.). Correntes alternadas: correntes elétricas cuja magnitude e direção variam ciclicamente. Correntes contínuas: correntes elétricas cuja magnitude e direção não variam. Cúspides: cada uma das pontas formadas na extremidade de atrito dos dentes. Decúbito dorsal: posicionamento do indivíduo com o abdômen voltado para cima. Decúbito ventral: posicionamento do indivíduo com o abdômen voltado para baixo. Deglutição: ato de engolir. Dentina: tecido conjuntivo avascular, mineralizado, especializado que forma o corpo do dente, suportando e compensando a fragilidade do esmalte. Dermatite: doença que causa inflamação da pele, lesões cutâneas e coceira. Diabetes: doença metabólica caracterizada por um aumento anormal da glicose no sangue. Diartrose: articulação móvel, que permite movimentos extensos, com uma cavidade articular limitada por extremidades ósseas revestidas por uma cartilagem lisa e pela membrana sinovial. A união das peças ósseas é assegurada por uma cápsula articular, por ligamentos capsulares e extracapsulares. Difusão celular: fenômeno de transporte de matéria em que um soluto é transportado devido aos movimentos das moléculas de um fluido. Estes movimentos fazem com que seja transportado soluto das zonas de concentração mais altas para as mais baixas. Dimensão vertical: dimensão facial pré-determinada geneticamente pelo contato oclusal entre os dentes da maxila e da mandíbula. Discrasia sanguínea: qualquer alteração envolvendo os elementos celulares do sangue, glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. 118 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Doença de Raynaud: condição que afeta o fluxo sanguíneo nas extremidades do corpo humano (mãos e pés, nariz, lóbulos das orelhas), quando submetidos a uma mudança de temperatura inferior ou stress. Edema: acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial devido ao desequilíbrio entre a pressão hidrostática e oncótica; Edentulismo: ausência de dentes. Enxaqueca: tipo especial de dor, que afeta apenas uma área limitada da cabeça. Em geral, é acompanhada de outros sintomas, como vômitos ou perturbações da visão. Equimose: infiltração de sangue na malha dos tecidos. Surge com a rotura de capilares. As que surgem a distância resultam da migração do sangue extravasado ou por aumento da pressão venosa por compressão das veias de drenagem. Erisipela: infecção cutânea causada geralmente por bactérias de tipo streptococcus do grupo A e aureus. Cursa usualmente com eritema, edema e dor. Na maioria dos casos também com febre e leucocitose. Estase venosa: situação em que há diminuição da velocidade da circulação do sangue. Fibras colágenas: fibra mais frequente do tecido conjuntivo, sendo constituída por uma escleroproteína denominada colágeno. Tem como função fornecer resistência e integridade estrutural aos tecidos. Fibras elásticas: fibras delgadas, sem estriações longitudinais, que se ramificam de forma irregular e conferem elasticidade aos tecidos, suportando grandes trações. São constituídas por elastina. Fibroblastos: células do tecido conjuntivo que secretam uma matriz extracelular rica em colágeno e outras macromoléculas. Fibromialgia: síndrome dolorosa não inflamatória, caracterizada por dores musculares difusas, fadiga, cansaço e dor em pontos dolorosos específicos sob pressão (pontos no corpo com sensibilidade aumentada ou tender points). 119 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Fibrose: formação ou desenvolvimento em excesso de tecido conjuntivo fibroso em um órgão ou tecido como processo reparativo ou reativo, com a formação de tecido fibroso como um constituinte normal de um órgão ou tecido. Fístula: comunicação anormal entre estruturas orgânicas. Flebites: inflamação da parede das veias que permite a aderência de plaquetas. Forno de Bier: forno usado com finalidade terapêutica, visando provocar uma dilatação nos vasos sanguíneos que promoverão uma melhor vascularização; Hematoma: coleção de sangue num órgão ou tecido, geralmente bem localizado e que pode dever-se a traumatismo, alterações hematológicas ou outrascausas. Hiperemia: vermelhidão da pele, causada pelo aumento da circulação local. Hipertensão arterial: disfunção caracterizada pelo aumento da pressão arterial, medida com esfigmomanômetro, tendo como causas a hereditariedade, a obesidade, o sedentarismo, o alcoolismo, stress, entre outras. Hipertireoidismo: aumento anormal dos níveis dos hormônios tireoidianos no sangue. Hipertonia: aumento anormal do tônus muscular e da redução da sua capacidade de estiramento. Hipertrofia: crescimento da fibra muscular em resposta a um aumento da demanda de atividade do músculo. Hipoestesia: redução da sensibilidade em determinado local. Hipotireoidismo: diminuição anormal dos níveis dos hormônios tireoidianos no sangue. Hipotonia: diminuição anormal do tônus muscular; Histamina: amina biogênica envolvida em processos bioquímicos de respostas imunológicas, bem assim como a desempenhar função reguladora fisiológica intestinal, alem de atuar como neurotransmissor. É uma substância de aspecto cristalino, incolor, solúvel em água, com ação vasodilatadora e constritora de músculos lisos. Homeostase: processo sanguíneo fisiológico mantido em estado de equilíbrio dinâmico constante pelo organismo. 120 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Infravermelho: aparelho que emite raios infravermelhos utilizado em fisioterapia com o objetivo de produzir calor local. Isquemia: falta de suprimento sanguíneo para um tecido orgânico. Linfangion: unidade funcional do sistema linfático, responsável pelo mecanismo de propulsão da linfa. Linfedema: condição que se desenvolve a partir de um desequilíbrio entre a demanda linfática e a capacidade do sistema em drenar a linfa. Linfedema: disfunção do sistema linfático que ocorre quando há um desequilíbrio entre a demanda linfática e a capacidade do sistema em drenar a linfa. Lipoesclerose: fibro edema geloide; Lúpus: doença crônica autoimune de causa desconhecida caracterizada pela produção de anticorpos contra as células do próprio organismo (autoanticorpos), impossibilitando o sistema imunológico de combater corpos estranhos. Macrófagos: células de grandes dimensões do tecido conjuntivo, ricos em lisossomos, que fagocitam elementos estranhos ao corpo. Os macrófagos derivam dos monócitos do sangue e de células conjuntivas ou endoteliais. Intervêm na defesa do organismo contra infecções. Marca-passo: dispositivo de aplicação médica que tem o objetivo de regular os batimentos cardíacos. Mecanorreceptores: estruturas orgânicas que respondem a estímulos como pressão, tato, calor, frio, posição articular e servem de reguladores para adaptação orgânica. Menopausa: parada de funcionamento dos ovários, que deixam de produzir os hormônios estrógeno e progesterona e de eliminar óvulos, causando a interrupção dos ciclos menstruais da mulher. Micrognatismo: hipodesenvolvimento da mandíbula. Micro-ondas: equipamento de fisioterapia para diatermia, que tem a finalidade de produzir calor local. Miosina: uma das proteínas que, com a actina e em presença de ATP, são responsáveis pela contração muscular. 121 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Mordida profunda: acontece quando os dentes anteriores inferiores mordem no palato ou tecido gengival atrás dos dentes anteriores superiores. Pode gerar desconforto e danos ósseos. Mucina: composto pertencente a um grupo de glicoproteínas que são as principais constituintes do muco. Narcóticos: variedade de substâncias que fazem adormecer, reduzem ou eliminam a sensibilidade. Neoplasias: condição orgânica em que há um crescimento exagerado de determinado tipo celular. Ondas curtas: equipamento de fisioterapia para diatermia, que tem a finalidade de produzir calor local. Ondas senoidais: uma onda senoidal pode ser entendida como um movimento circular que se propaga ao longo de um eixo, o qual pode representar uma distância ou tempo. Órgãos tendinosos de Golgi: órgão receptor sensorial proprioceptivo que está localizado nas inserções das fibras musculares esqueléticas, mais especificamente nos tendões dos musculosesqueléticos. Paquímetro: instrumento usado para medir as dimensões lineares internas, externas e de profundidade de uma peça. Consiste em uma régua graduada, com encosto fixo, sobre a qual desliza um cursor. Em avaliação física é utilizado para mensurar os movimentos mandibulares.arafina: substância atóxica derivada do petróleo que possui propriedades termoplásticas e de repelência à água, sendo usada para diversas aplicações. Em fisioterapia é utilizada para manutenção de calor, principalmente em extremidades. Paresia: alteração na capacidade de movimentação de determinado local. Posição intercuspidal: aquela em que se dá o maior engrenamento de cúspides, independentemente de ser cêntrica ou não. Prognatismo: hiperdesenvolvimento da mandíbula. Proteínas: grande molécula composta de uma ou mais cadeias de aminoácidos dispostas em uma ordem específica, determinada pela sequência base dos nucleotídeos no código de DNA da proteína. As proteínas são necessárias para a 122 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas estrutura, função e regulação das células, dos tecidos e dos órgãos do corpo. Cada proteína tem uma função única. Radioterapia: método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes. Retículo sarcoplasmático: importante organela citoplasmática envolvida no armazenamento e na síntese de proteínas. Sinapse: pontos onde as extremidades de neurônios vizinhos se encontram e o estímulo passa de um neurônio para o seguinte por meio de mediadores químicos (neuroptransmissores). Sistema linfático: rede complexa de órgãos linfóides, linfonodos, ductos linfáticos, tecidos linfáticos, capilares e vasos linfáticos que produzem e transportam o fluido linfático (linfa) dos tecidos para o sistema circulatório. Importante componente do sistema imunológico. Tecido conjuntivo: tipo de tecido orgânico caracterizado por apresentar tipos diversos de células separadas por abundante material intercelular, que é sintetizado por elas e representado pelas fibras do conjuntivo e pela substância fundamental amorfa. Tendinite: inflamação de um tendão que surge usualmente através do excesso de repetições de um mesmo movimento. Terminações de Paccini: mecanorreceptores de pressão que se apresentam sob a forma de uma terminação nervosa, envolvida por camadas concêntricas de tecido conjuntivo rico em fibrilas, cujas células são contínuas com o endoneuro. Presente nas camadas subcutânea da pele, nos ligamentos, periósteo, peritônio, mesentério, pâncreas e outras vísceras. Terminações de Ruffini: presentes na pele e nas articulações. Os terminais são associados com fibrilas colágenas na cápsula, confundindo-se com o colágeno dérmico. Uma fibra mielinizada entra na cápsula e divide-se em pequenos ramos não mielinizados. Semelhantes aos bulbos terminais de Krause, porém são mais achatados. 123 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Terminações nervosas livres: estruturas sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e especialmente aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado envolto por células de Shawn sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma membrana basal. Trombose venosa profunda: formação de um coágulo sanguíneo ("trombo") em uma veia profunda. Geralmente afeta as veias da perna, como a veia femoral e a veia poplítea ou veias profundas da pelve. Tuberculose: doença grave, transmitida pelo ar, que pode atingir todos os órgãos do corpo, em especial nos pulmões. O microorganismo causador da doença é o bacilo de Koch, cientificamente chamado mycobacteriumtuberculosis. Vasoconstrição: processo de contração dos vasos sanguíneos, em consequência da contração do músculo liso presente na parede desses mesmos vasos. Vasodilatação: processo de dilatação dos vasos sanguíneos, em consequência do relaxamento do músculo liso presente na parede desses mesmos vasos. REFERÊNCIAS ALVES, L. A. Dor orofacial: desordens temporomandibulares. Entendendo problemas da ATM. Disponível em: 124 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas . Acesso em: set. 2008. H, M. M. Oclusão. São Paulo: Pancast, 1998. B. BLOGER. Desenhistas autodidatas. Anatomia humana. Disponível em: . Acesso em: set. 2008. BALBINOT, A.; ZARO, M. A. Sistema experimental, assistido por computador, desenvolvido para medições do período de silêncio de pessoas com problemas na ATM. Disponível em: . Acesso em: set. 2008. BARBOSA, C. M. R; ARANA, A. R. S.; CUNHA JR., A. 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FIGURA - LIGAMENTOS ACESSÓRIOS FONTE:SOARES e CASTILIO, 2008. 13 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Componentes musculares Os principais músculos envolvidos com a articulação temporomandibular são o temporal, masseter, pterigóideo medial e lateral e digástricos (supra-hióideos). FIGURA - COMPONENTES MUSCULARES DA ATM FONTE:TOOD, 2008. Músculos elevadores da mandíbula Os músculos elevadores têm como função básica a elevação da mandíbula, mas também participam de outros movimentos mandibulares. Músculo temporal Músculo largo, em formato de leque, originado na fossa temporal e inserido no processo coronoide da mandíbula. É inervado por ramos do nervo trigêmeo (ramo mandibular) e irrigado pela artéria temporal superficial. Apresenta três divisões: anterior (vertical), média (oblíqua) e posterior (horizontal). Além da elevação, contraem-se os feixes anteriores, na abertura máxima e os feixes posteriores, na retração da mandíbula e age no deslocamento contralateral. Seus fascículos dorsais 14 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) se contraem na translação com oclusão e os ventrais na rotação com oclusão. Este músculo é fundamental na determinação do tônus muscular na posição postural da mandíbula. Músculo masseter Músculo retangular dividido em uma parte superficial e outra profunda. Originase no arco zigomático e insere-se no ângulo da mandíbula. É inervado por ramos do nervo trigêmeo (ramo mandibular) e irrigado pela artéria maxilar. Além de ser elevador, contribui significativamente para a projeção anterior e lateralidade da mandíbula. Músculo pterigóideo medial Corre paralelamente ao músculo masseter, agindo em conjunto com este na protusão e no movimento de lateralidade da mandíbula com boca fechada. É inervado por ramos do nervo trigêmeo (ramo mandibular) e irrigado pela artéria maxilar. FIGURA - MÚSCULOS ELEVADORES DA MANDÍBULA 15 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Masseter (A); Temporal (B); Pterigóideo Medial (C). FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008. Músculos depressores da mandíbula Os músculos depressores têm como função básica a depressão da mandíbula e cumprem também outras funções secundárias. Músculo pterigóideo lateral Músculo com duas cabeças: superior e inferior. A cabeça superior origina-se no osso esfenoide e insere-se na cápsula articular da ATM. Atua quando há resistência muscular e quando os dentes são 16 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) mantidos fechados durante a mastigação. A cabeça inferior origina-se no processo pterigoide e insere-se no colo da mandíbula. Quando se contrai bilateralmente, os processos condilares são puxados para baixo e a mandíbula sofre protusão. Quando se contrai unilateralmente, a mandíbula desloca-se lateralmente para o lado oposto ao da contração. Quando a cabeça inferior está ativa, a superior relaxa. FIGURA - MÚSCULO PTERIGÓIDEO LATERAL Pterigóideo lateral superior (C); Pterigóideo lateral inferior (D). FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008. Músculos supra-hióideos Grupamento muscular composto pelos músculos digástrico, estilo- hióideo, milo-hióideo e gênio-hioide, todos pares. Quando ativados, realizam abaixamento e retrusão mandibular, sendo importantes para a coordenação dos movimentos mandibulares. O digástrico é o mais importante músculo deste grupo. FIGURA - MÚSCULOS SUPRA-HIÓIDEOS 17 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE:CHETTA, 2008. Músculos envolvidos com a ATM Alguns músculos da cabeça e do pescoço que participam do sistema estomatognático possuem relação com a função da articulação temporomandibular, tornando-se importante descrevê-los. Músculos occipitais Os músculos suboccipitais são o grupamento muscular que forma o trígono suboccipital. Estão localizados na região posterior do pescoço, sobre o osso occipital, acima da margem basal do crânio. Compõem-se pelos músculos: reto posterior maior e menor da cabeça e oblíquo superior e inferior da cabeça. FIGURA- MÚSCULOS OCCIPITAIS 18 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: MEDEIROS, 2008. Músculo esternocleidomastóideo Músculo oblíquo do pescoço, que parte do esterno e da clavícula para inserirse na apófise mastoide do osso occipital. Tem como ação a elevação da cabeça a partir da posição supina. Frequentemente apresenta-se contraturado e dolorido em pacientes com disfunções temporomandibulares. FIGURA - MÚSCULO ESTERNOCLEIDOMASTÓIDEO 19 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: NAVEDA, 2008 Músculo trapézio Músculo da região posterior do tronco que possibilita a elevação da escápula. É um importante sítio de pontos de tensão e dor muscular em indivíduos portadores de disfunções temporomandibulares. FIGURA - MÚSCULO TRAPÉZIO FONTE: NAVEDA, 2008 Músculo escaleno Originam-se nas vértebras cervicais e inserem-se na primeira e segunda costelas. Possuem três porções: anterior, média e posterior. Realizam inclinação homolateral do pescoço. FIGURA - MÚSCULO ESCALENO 20 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: NAVEDA, 2008 Vascularização e inervação da ATM A porção anterior da ATM é irrigada pelas artérias temporal posterior e massetérica. Posteriormente, a ATM é irrigada pelas artérias maxilar, timpânicas anterior, auricular profunda e meníngea média e lateralmente pela artéria temporal superficial.A drenagem venosa da ATM é realizada pelas veias correspondentes às artérias que a irrigam.O ramo mandibular do nervo trigêmeo inerva a ATM. Este ramo é do mesmo tronco nervoso que inerva os músculos mastigatórios. A porção anterior da ATM é inervada pelo ramo anterior do nervo mandibular e ramos do nervo massetérico. Posteriormente, a ATM é inervada pelo nervo aurículo-temporal. BIOMECÂNICA DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Como já mencionado, a ATM é capaz de realizar movimentos de dobradiça e de deslocamento, sendo estruturalmente classificada como articulação ginglimoartroidal. É formada pela junção do côndilo mandibular com a fossa mandibular do osso temporal. Entre esses dois ossos há um disco fibrocartilaginoso, denominado disco articular.Funcionalmente, é classificada como triaxial por realizar movimentos em torno dos eixos sagital, horizontal e longitudinal. Em relação ao 21 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) sistema de alavanca, a ATM é interdependente por ser uma articulação de osso único, isto é, a mandíbula como osso único biarticulado com os ossos temporais. Movimentos articulares A ATM executa os movimentos de abertura, fechamento, protusão, retrusão e lateralização da mandíbula. Abertura Durante a abertura bucal, o disco articular gira posteriormente próximo ao côndilo, enquanto o complexo disco-côndilo se movepara frente e para baixo, próximo à eminência articular. A forma de tensão do ligamento posterior, em meia abertura, auxilia a trazer para trás o disco em rotação próximo ao côndilo (SOLBERG, 1989). FIGURA - MOVIMENTOS DE ABERTURA E FECHAMENTO DA ATM FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008. O movimento de abertura inicia-se com o relaxamento dos músculos elevadores: masseter, pterigóideo medial e fibras anteriores e médias dos temporais, seguido do relaxamento dos músculos retratores que são as fibras posteriores dos temporais. Ao mesmo tempo, ocorre contração dos pterigóideos laterais inferiores, seguida de uma ação forte dos músculos supra-hióideos, principalmente o digástrico, 22 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) proporcionando uma trajetória condilar para frente e para baixo, até que se atinja a abertura máxima. Nesta fase, o osso hióideo é estabilizado pela ação dos infra- hióideos (SOARES e CASTILIO, 2008). Fechamento O fechamento inicia-se com o relaxamento dos músculos depressores (digástrico e pterigóideos). Sincronicamente, ocorre a contração dos músculos elevadores (masseter, pterigóideo medial e temporais), determinando o fechamento inicial com o movimento ascendente da mandíbula, levando o conjunto côndilo/disco a deslizar pela face articular em direção à porção profunda da fossa mandibular, numa trajetória para cima e para trás, enquanto o mento descreve uma trajetória para cima e para frente. Na fase final, as fibras posteriores do temporal se contraem provocando retração final da mandíbula. Durante o movimento de fechamento e abertura o músculo pterigóideo lateral superior e inferior atuam antagonicamente. Na abertura o pterigóideo lateral inferior está ativo e durante o fechamento o pterigóideo lateral superior está ativo para evitar que o disco articular volte para sua posição repentinamente e lesione a zona retrodiscal (SOARES e CASTILIO, 2008). Protusão A protusão simétrica da mandíbula é efetivada pelos músculos pterigóides laterais a partir dos músculos elevadores, principalmente o temporal, como coadjuvante desse movimento, no sentido de manter a mandíbula elevada enquanto ela se desloca para frente. O movimento protrusivo envolve o deslocamento condilar para frente (ação dos músculos pterigóideos laterais) e para baixo (segundo o ângulo ditado pela vertente anterior da fossa articular e pelo padrão de deslocamento do disco articular). FIGURA - MOVIMENTOS DE PROTUSÃO E RETRAÇÃO DA ATM 23 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: WECKER, 2008. Retração Movimento inverso ao de protusão. Ainda sob assistência dos elevadores, funcionam efetivamente o músculo digástrico e a porção posterior do temporal. Lateralização Devido ao seu formato anatômico, a ATM não apresenta movimento de lateralidade pura. Esse movimento só é possível para frente e para o lado, caracterizando uma lateroprotrusão. Uma lateroprotrusão esquerda é iniciada com o relaxamento máximo das fibras posteriores do músculo temporal direito, possibilitando, desta forma, que o côndilo deste lado fique livre para ser tracionado. Sincronicamente ocorre contração máxima do músculo pterigóideo lateral inferior (SOARES e CASTILIO, 2008). O lado contrário ao lado que a mandíbula se desloca é chamado de balanceio e é definido como a posição contrária ao lado de trabalho. O côndilo direito desliza-se 24 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) para frente, para baixo e para mediano, formando um ângulo chamado de Bennett numa análise no plano horizontal. O côndilo direito é denominado côndilo de balanceio (SOARES e CASTILIO, 2008). No lado para qual a mandíbula está sendo movimentada, o côndilo sofre tração através da contração máxima das fibras posteriores do músculo temporal esquerdo, da contração moderada do pterigóideo lateral superior e do relaxamento de pterigóideo lateral inferior, determinando um pequeno movimento contrário à linha média, denominado de movimento de Bennett, e nos dentes temos o lado de trabalho, que é definido como sendo o lado para o qual a mandíbula se desloca e as cúspides de mesmo nome assumem uma posição de alinhamento. O lado para o qual a mandíbula se desloca é o lado de trabalho (SOARES e CASTILIO, 2008). 25 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FIGURA - LATERALIZAÇÃO DA MANDÍBULA 26 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: SOARES e CASTILIO, 2008. PRINCIPAIS DISFUNÇÕES DA ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR AS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES (DTMS) A articulação temporomandibular é uma complexa e importante articulação do corpo humano que depende da estabilidade anatômica e funcional do sistema estomatognático para funcionar de forma harmônica e adequada. Alterações articulares ou musculares de seus componentes podem ocasionar desequilíbrios funcionais desencadeando DTMs. O termo disfunções temporomandibulares (DTM) designa alterações envolvendo a ATM e seus componentes funcionais (músculos, ligamentos, disco articular). Engloba variadas desordens relacionadas ao sistema mastigatório e que se manifestam principalmente com dor, que pode irradiar para cabeça e braços, estalos ou crepitações e dificuldades de abrir ou fechar a boca. Historicamente, estas disfunções já tiveram várias nomenclaturas. Inicialmente, eram chamadas de distúrbios da articulação temporomandibular. Em 1959, introduziuse o termo síndrome de disfunção da articulação temporomandibular; anos mais tarde, criou-se a expressão distúrbios funcionais da articulação temporomandibular. Foram utilizadas ainda outras denominações dando enfoque aos aspectos etiológicos da disfunção, como: distúrbio oclusomandibular; mioartropatia da articulação temporomandibular ou síndrome dor-disfunção da articulação temporomandibular. Em 1982, um pesquisador chamado Bell sugeriu o termo disfunções temporomandibulares que se popularizou mundialmente. Antecedentes históricos 27 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Descrições dos sinais e sintomas de desarranjos funcionais e parafuncionais do sistema mastigatório podem ser encontrados em manuscritos anteriores ao nascimento de Cristo, oriundos do antigo Egito e da Grécia antiga. Modernamente, o estudo das disfunções temporomandibulares (DTMs) intensificou-se na década de 30 com estudos de Costen, um otorrinolaringologista. No início da década de 70, estudos sistemáticos começaram a surgir focados nos sinais e sintomas das DTMs. A alta incidência de alterações funcionais da ATM desencadeou estudos de vários profissionais em busca de possíveis fatores causais. Inicialmente, acreditavase que o principal fator desencadeador destas disfunções eram alterações oclusais dentárias. Posteriormente, a hiperatividade muscular foi dada como principal motor desencadeador de alterações funcionais da ATM. Nos anos 80, pesquisadores levantaram a hipótese de as DTMs serem decorrentes de desarranjos articulares internos da ATM. Atualmente, predomina o conceito de que as DTMs possuem etiologia multifatorial. Epidemiologia Não existem dados precisos sobre o número de pessoas acometidas por disfunções temporomandibulares, mas segundo estudos norte-americanos atuais cerca de 70% da população tem ao menos um sintoma de disfunção articular e 33% de uma disfunção muscular. Porém, apenas uma em cada quatro pessoas com sinais o reconhece e o reportam como um sintoma. Das pessoas que apresentam um ou mais sinais de disfunção temporomandibular, somente 5% procuram tratamento.Embora as DTMs possam ocorrer em qualquer idade, atingem mais comumenteadultos jovens (20 a 40 anos). Normalmente acometem mais mulheres do que homens, em uma proporção que varia entre 3:1 a 9:1. Essa diferença pode ser decorrente do fato de que as mulheres culturalmente preocupam-se mais com a sua saúde e procuram assistência médica precocemente. A mulher está exposta à maior flutuação emocional decorrente de seus ciclos naturais de vida (ciclo menstrual, 28 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) gravidez, menopausa), estando mais predisposta a desencadear sintomas de dores miofasciais tensionais. Etiologia É consenso atual entre os autores de pesquisas científicas acerca das DTMs, que a etiologia destas disfunções é multifatorial. Acredita-se que alterações funcionais, estruturais e psicológicas estejam reunidas e sejam desencadeadoras dos sintomas. Diversos fatores causais podem estar relacionados à etiologia da DTM, como: alterações de oclusão; ausência de dentes; próteses totais (dentaduras), parciais (ponte móvel) ou pontes fixas mal adaptadas; mastigação unilateral; hábitos parafuncionais; alterações posturais; tensão emocional; stress; traumas articulares agudos e crônicos; patologias sistêmicas, entre outros. Muitas vezes esses fatores apresentam-se associados em um mesmo indivíduo. Sintomatologia As DTMs podem causar alterações em diversos sistemas orgânicos, portanto estão associadas a diversos sinais e sintomas. Há grande flutuação na sintomatologia e são frequentes os períodos de exacerbação e remissão de sintomas. Dor na ATM As dores decorrentes das disfunções temporomandibulares normalmente são profundas, do tipo musculoesquelético e obedecem a certas características: é iniciada ou agravada pela função da ATM (falar, mastigar); a dor responde à palpação da musculatura ou da articulação de uma maneira proporcional ao grau de força aplicada; quando aguda, costuma ser contínua, localizada diante da orelha, podendo se irradiar pela face ou região temporal e tem intensidade variável de leve a incapacitante. Quando crônica, geralmente apresenta-se como uma dor contínua, leve, localizada e 29 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) sem irradiação. Quase sempre ocorre seguida de crepitação, podendo durar meses ou anos. Cefaleia A dor de cabeça é um sintoma muito comum entre os pacientes de DTM. Muitos estudos encontraram dados de cefaleia recorrentes em 70% a 80% de pacientes com disfunção temporomandibular em comparação com 20% da população em geral. Muitos fatores podem causar ou contribuir para o aparecimento das dores de cabeça, mas a maioria deles relaciona-se a alterações musculares. Outras causas podem ser: constante excitação do sistema nervoso simpático e do mecanismo de resposta hormonal ao stress; macrotraumas, mastigação unilateral, apertamento dental, bruxismo, interferência oclusal; e distúrbios circulatórios. As cefaleias mais suaves são comumente atribuídas às excessivas contrações da musculatura esquelética da cabeça e pescoço. Embora possa haver um componente vasodilatador cerebral envolvido, essas cefaleias não são causadas primariamente por processos vasculares ou inflamatórios. A cefaleia tensional pode ser acompanhada de dor facial, cervical, no ombro e nas costas, estando relacionadas com a ansiedade e fadiga (TUCKER, 2000). Tende a aparecer inicialmente como uma sensação de pressão firme, não pulsátil, distribuída por toda a cabeça ou localizada na região frontal, temporal e/ou occipital. Ela aumenta de intensidade com a movimentação da cabeça ou sob pressão digital nos músculos envolvidos. A dor pode surgir dessa constante tensão de flexão e extensão das partes que unem a cabeça e o pescoço a partir da lesão, espasmo do nervo e inflamação. Ruídos nas articulações temporomandibulares Os ruídos articulares apresentam-se na forma de estalidos ou crepitações. O estalido articular é um som único, seco, de curta duração que pode ocorrer durante a abertura e o fechamento mandibular. Está frequentemente relacionado a 30 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) alterações no disco articular. O disco assume uma posição anteriorizada e quando se tenta movimentar a mandíbula, o côndilo não consegue mover-se livremente, uma vez que o bordo posterior do disco interfere com esse movimento. No momento em que o côndilo consegue ultrapassar a resistência criada pelo bordo posterior do disco, é produzido um estalo. Isto caracteriza o que é conhecido como deslocamento do disco com redução. Ocasionalmente, o côndilo articular não consegue ultrapassar o bordo posterior do disco. Nessa situação, o disco se transforma em uma barreira mecânica impedindo a translação normal do côndilo, e com isso há limitação da abertura da boca e desvio dessa abertura para o lado em que ocorreu o deslocamento do disco. Com o passar do tempo, a amplitude de abertura da boca gradualmente vai aumentando. Isto é conhecido como deslocamento do disco sem redução (BRUNO, 2004). A crepitação articular é um som múltiplo que acompanha praticamente todo o trajeto condilar e indica provável lesão do disco articular. É o barulho característico de contato ósseo do côndilo com a eminência articular, sendo comum nas doenças degenerativas. A crepitação lembra a sensação de se ter areia entre as superfícies articulares quando se coloca os dedos indicador ou médio sobre a superfície lateral da ATM e orienta-se ao paciente que faça movimentos de abertura e fechamento. Nesse caso, o que ocorre é a ausência de superfícies articulares lisas e cobertas por uma fibrocartilagem íntegra. Com isso, obtém-se um ruído semelhante ao de duas superfícies rugosas se atritando durante um movimento. Restrição da função mandibular A crepitação lembra a sensação de se ter areia entre as superfícies articulares quando se coloca os dedos indicador ou médio sobre a superfície lateral da ATM e orienta-se ao paciente que faça movimentos de abertura e fechamento. Os valores médios para abertura da boca na população normal se situam entre 45 mm e 55 mm. Similarmente à dor, a limitação dos movimentos mandibulares pode causar uma grande ansiedade nos pacientes, que podem relatar tanto uma sensação geral de apertamento na face, o que provavelmente é uma disfunção muscular, ou a sensação 31 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) de que a mandíbula subitamente “travou”, o que frequentemente está relacionado com problemas de deslocamento do disco da articulação temporomandibular. SIntomas musculares A dor e a contratura muscular ao redor da mandíbula devem-se principalmente ao uso excessivo da musculatura, frequentemente decorrente de um stress psicológico que faz com que o indivíduo aperte firmemente ou ranja os dentes. A maioria dos indivíduos consegue colocar as pontas dos dedos indicador, médio e anular verticalmente no espaço entre os dentes frontais superiores e inferiores sem forçar. Quando um indivíduo apresenta um problema relacionado à musculatura em torno da articulação temporomandibular, esse espaço geralmente é menor.As desordens musculares podem ocorrer devido ao uso excessivo e incorreto da ATM, em que os músculos sobrecarregados desenvolvem estados de contraturas e espasmos dolorosos. Os músculos envolvidos nos movimentos da ATM são exatamente os envolvidos com o processo mastigatório. As atividades parafuncionais são as grandes responsáveis pelo stress muscular que inicia com situações de contratura, evoluindo para miosites. Sintomas oftálmicos Frequentemente, pacientes com disfunções temporomandibulares apresentam sintomas como dor na região supraorbitária e nos olhos. Sintomas otológicos É comum pacientes com disfunçõesna ATM se queixarem de dor no ouvido. O ouvido encontra-se contido no osso temporal e relaciona-se com o côndilo mandibular, separado deste apenas pela parede timpânica. A proximidade do ouvido com a ATM 32 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) e os músculos da mastigação como também suas inervações comuns no trigêmeo, criam uma condição frequente de dor reflexa (MACIEL, 1998). Alguns outros sintomas no ouvido, que também podem ter origem por problemas musculares são: dores reflexas no ouvido, sensações de ouvido tampado, certos tipos de zumbidos ou barulhos no ouvido. Sintomas labirínticos As tonturas ou vertigens, também chamadas de labirintites são originadas, em grande parte dos casos, devido a um ligamento que está em contato com o labirinto e um músculo, que é tracionado quando ocorre um desequilíbrio na musculatura da ATM, causando uma sensação de perda do equilíbrio ou tontura muitas vezes bastante acentuada, que normalmente melhoram com o tratamento da ATM. QUADRO - RESUMO DA SINTOMATOLOGIA DAS DTMS Dor na ATM ou áreas vizinhas, espontânea ou à mastigação; Dor e espasmo nos músculos mastigatórios e da coluna cervical; Dor na região auricular, podendo irradiar-se para o ângulo mandibular; Zumbido ou sensação de bloqueio nos ouvidos; Dor na região dos olhos; Cefaleia; Estalido articular Crepitação articular Restrição da função mandibular; Sintomas labirínticos (tonturas, vertigens) FONTE: Elaboração própria. FATORES ENVOLVIDOS NAS DISFUNÇÕES TEMPOROMANDIBULARES 33 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Condições que podem predispor ao aparecimento das DTMS, causar seu desencadeamento ou interferir no processo de cura das disfunções. Alterações funcionais de oclusão/ausência de dentes Alterações de oclusão podem estar relacionadas à discrepância de bases ósseas maxilomandibulares ou a desarmonia dental. Como a manutenção da saúde da articulação temporomandibular depende de uma boa oclusão, potencialmente, todo portador de má-oclusão é candidato a ter problemas na articulação temporomandibular. Hábitos parafuncionais Certos hábitos podem causar pressões inadequadas na articulação temporomandibular, causando microtraumatismos articulares. Com a continuidade destes microtraumatismos, podem ocorrer alterações intra-articulares, como: deslocamento de disco articular, alterações capsulares e ligamentares, diminuição de líquido sinovial, entre outras. Estes hábitos inadequados podem induzir ou agravar alterações estruturais. Por exemplo, abrasão dentária pode agravar situações preexistentes, tais como mordida profunda ou um edentulismo parcial, com perda da dimensão vertical e deslocamento mandibular. Em outros casos, o bruxismo pode levar a uma nova posição intercuspidal e deslocamento mandibular severo (FUZARO, 2007). Entre os hábitos parafuncionais mais comuns, pode-se citar: apertamento dental diurno ou noturno; apertamento de lábios; colocação de objetos entre os dentes; apoio de mão na mandíbula; bruxismo; briquitismo; roer unhas ou remover cutículas com os dentes; mastigar de um só lado; chupar ou morder o dedo; apoiar a mão sobre o queixo enquanto dorme; dormir com travesseiros inadequados; apoiar com o ombro o telefone de encontro com o ouvido. 34 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Em especial, hábitos de apertamento dental, bruxismo e briquitismo, ocasionam desgastes excessivos dos dentes. O bruxismo é um hábito noturno, caracterizado pelo apertar ou ranger de dentes, em que as forças sobre a musculatura mastigatória são excessivas, produzindo dores de cabeça, problemas gengivais, desgaste do esmalte ou mobilidade dental e disfunções temporomandibulares, entre outros sintomas. Por ser um hábito noturno, muitas vezes, o paciente desconhece essa realidade. Alguns dos principais sinais e sintomas do bruxismo são: acordar com os músculos da face cansados ou doloridos; acordar com a mandíbula travada; presença de desgaste nos dentes caninos. Denomina-se briquismo, quando esse hábito é diurno. FIGURA - DESGASTES DENTÁRIOS CAUSADOS PELO BRUXISMO E BRIQUISMO FONTE: BARROS, 2008. Pacientes portadores dos hábitos do bruxismo ou briquismo podem relatar sensibilidade nos dentes ao ingerir alimentos gelados ou ácidos. Devido à abrasão da superfície de mastigação, pode haver perda de parte do esmalte do dente, expondo a dentina. É comum observar, uma cor escurecida na superfície de mastigação dos dentes. O constante atrito ou aperto entre os dentes superiores e inferiores podem 35 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) causar problemas periodontais, como bolsas, retração gengival, perda do tecido ósseo de sustentação e mobilidade dental (BARROS, 2008). Tensão muscular Condições de stress crônico podem tirar os músculos do estado de repouso para um estado de contração excessiva. Essa hiperatividade dos músculos pode fazer com que eles fiquem doloridos. Fatores tensionais levam, por vezes, o indivíduo a assumir posturas errôneas da cabeça, dos ombros e mesmo de todo o corpo, tendo como reflexo dor na musculatura cervical e cefaleias de tensão e desencadeando mialgias, pontos de espasmo, contratura muscular e pontos gatilho (trigger points). Respiração bucal Respirar pela boca facilita a protusão da cabeça, abaixamento da mandíbula, posição inferiorizada e anteriorizada da língua. A respiração bucal pode então, aumentar a atividade dos músculos acessórios, como esternocleidomastóideos e escalenos. Quando esses músculos se contraem e têm como ponto fixo o tórax, eles puxarão para frente e para baixo as vértebras cervicais superiores onde elas se originam (CARVALHO, 2008 e DOUGLAS, 1998). Dessa forma o occipital se anterioriza, contudo os músculos cervicais posteriores se contraem, exercendo uma força de extensão do occipital. Para regular a linha da visão, os músculos da parte inferior da cervical e do quadrante torácico superior, flexionam-se produzindo uma cifose torácica. Com o occipital estendido, a boca se abre e a mandíbula retrai. Quando a boca se fecha, os supra e infra-hióideos ficam mais tensos. A cabeça da mandíbula assume uma postura mais posteriorizada comprimindo a zona retrodiscal e gerando dor. Uma alteração da mandíbula pode ocasionar uma alteração da mecânica da ATM. 36 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) Traumas das estruturas mastigatórias e da coluna cervical Traumas bruscos nas estruturas mastigatórias podem resultar em alterações nas relações entre os maxilares, desencadeando uma DTM. Quando, por razões diversas, a boca é mantida aberta de modo exagerado (em um tratamento médico ou odontológico prolongado, por exemplo), poderá haver danos aos ligamentos, à cápsula articular ou mesmo deslocamento de disco articular. Uma condição frequentemente associada a acidentes de carro é a aceleração/desaceleração cervical (whiplash). É caracterizada como o movimento brusco da cabeça para frente e para trás, causando estiramento e compressão dos componentes da articulação temporomandibular, podendo danificá-la. Disfunções sistêmicas Alterações sistêmicas que comprometem outras articulações do corpo podem atingir as articulações temporomandibulares, é o que ocorre nos casos da artrite psoriática, lúpus e artrite reumatoide. Fatores posturais As DTMs podem ser desencadeadas ou agravadas por alterações do padrão postural adequado. Estas podem alterar a posição do osso hioide e consequentemente da posição postural da mandíbula (pela ação dos músculos suprahióideos). Podem ocorreralterações morfofuncionais ao redor dos músculos da cabeça, do pescoço e dos ombros.Funcionalmente, a coluna cervical, a ATM e as articulações entre os dentes estão intimamente relacionadas. A anormalidade funcional ou má posição de uma delas pode afetar a função ou posição das outras. O equilíbrio entre os flexores e extensores da cabeça e pescoço é afetado pelos músculos da mastigação e os músculos supra e infra-hióideos. A desordem tanto nos músculos da mastigação quanto nos músculos cervicais pode facilmente alterar este 37 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) equilíbrio. Este equilíbrio entre os grupos musculares opostos é visto na postura relaxada.Uma alteração postural comum em pacientes portadores de DTM é o posicionamento anterior da cabeça. Esta posição leva a hiperextensão da cabeça sobre o pescoço, quando o paciente corrige para as necessidades visuais, flexão do pescoço sobre o tórax, e migração posterior da mandíbula. Estes fatores podem levar a dor e disfunção na cabeça e pescoço.A postura da cabeça e do pescoço e a oclusão são mutuamente relacionadas, assim, a postura ideal é dividida em três classes, sendo: Classe I (oclusão normal): os dentes inferiores devem estar circunscritos pelos dentes superiores, em intercuspidação máxima, os incisivos superiores devem recobrir um terço dos incisivos inferiores; Classe II: recuo relativo da mandíbula, os molares superiores e inferiores perdem a distância normal de meio dente de defasagem. Classe III: avanço da mandíbula para frente, posição baixa da língua. Postura militar – cabeça para trás em retração, tórax inflado; FIGURA - RELAÇÃO ENTRE A OCLUSÃO E A POSTURA 38 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) FONTE: Adaptado de GOMES, 2008. Fatores psicológicos Os fatores psicológicos das DTMs são normalmente classificados em três grupos: comportamentais, cognitivos e afetivos. Os fatores comportamentais 39 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulares (ATM) incluem hábitos bucais, postura da mandíbula e tensão muscular. Inclui comportamentos observáveis das atitudes dos indivíduos. A categoria cognitiva engloba sentimentos de como o indivíduo se sente frente a alterações de saúde, crenças sobre a causa e o significado do sintoma. A categoria afetiva inclui condições emocionais gerais (ansiedade, depressão, medo). Fatores predisponentes (aumentam o risco de aparecimento de DTMs) Falta de dentes; Alterações funcionais; Hábitos parafuncionais; Respiração bucal; Tensão muscular. Fatores de início (podem desencadear as DTMs) Trauma das estruturas mastigatórias; Atividades parafuncionais moderadas ou severas; Mudanças bruscas nas relações entre os maxilares; Intensa tensão física ou psicológica súbita; Aceleração/desaceleração cervical (whiplash) Condições médicas que conduzem a desarranjo estrutural. Fatores perpetuadores (podem interferir no processo de cura) Fatores posturais; Fatores oclusais; Fatores psicossociais; Disfunções musculares. FONTE: Elaboração própria baseada em BRUNO, 2008. 40 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas CLASSIFICAÇÃO DAS DTMS E CONDIÇÕES CLÍNICAS Não existe consenso para a classificação das DTMs, porém de modo geral, estas podem ser classificadas em: Anomalias de desenvolvimento; Disfunções musculares; Disfunções de interferência do disco articular; Osteoartrose; Alterações de mobilidade da mandíbula; Artrite reumatoide. Anomalias de desenvolvimento As anormalidades congênitas da articulação temporomandibular são incomuns, porém, quando presentes, causam deformidades faciais e mau alinhamento das arcadas dentárias, superior e inferior.As alterações da mandíbula e da ATM incluem: hipoplasia (micrognatia): mandíbula pequena; hiperplasia (prognatismo): mandíbula grande; displasia: agenesia parcial ou completa da ATM ou malformação de suas partes e anomalias pós-embrionárias; alterações da ATM ligadas a patologias congênitas primárias. Disfunções musculares Os músculos envolvidos com a ATM podem tornar-se cronicamente dolorosos ou sensíveis em decorrência do stress de contração excessivo, normalmente causado por condições psicossomáticas. As disfunções musculares são as causas mais comuns de dores na cabeça e pescoço.A queixa mais comum dos pacientes é a mialgia, caracterizada como uma dor imprecisamente localizada que piora a movimentação e a palpação. Outra queixa é a dor miofascial, condição semelhante à mialgia, adicionada da presença de sensibilidade aos pontos gatilhos (trigger points). A miosite também pode ocorrer. Trata-se de uma inflamação muscular aguda, dolorosa e generalizada normalmente resultante de um processo infeccioso ou 41 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas traumático.O espasmo muscular é definido como uma contração muscular dolorosa abrupta e involuntária acompanhada de dor severa e de alta intensa e enrijecimento da musculatura envolvida. A contratura muscular é o encurtamento muscular crônico associado a alterações das fibras musculares decorrentes da redução prolongada da amplitude de movimento.Os trigger points são focos de hiperirritabilidade muscular que quando comprimidos, se mostram sensíveis localmente (latentes). Se estiverem suficientemente hipersensíveis (ativos), podem desencadear um quadro de dor referida, elevada sensibilidade, distúrbios neurovegetativos e alterações proprioceptivas. Também podem localizar-se na pele, fáscias, ligamentos e periósteos. Os músculos ligados à articulação temporomandibular, são frequentemente sede de trigger points. Disfunções de interferência do disco articular Deslocamentos do disco articular Os deslocamentos articulares do disco são normalmente decorrentes do rompimento ligamentar entre o disco e o côndilo da mandíbula com consequente deslocamento do músculo pterigóideo lateral. O deslocamento mais comum é anteromedial. FIGURA - DESLOCAMENTO ANTERIOR DO DISCO ARTICULAR DA ATM 42 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas FONTE: Adaptado de THOMAS, 2008. Podem ser classificados em três tipos: Deslocamento do disco com redução: o disco está deslocado da sua posição em direção anterior e medial ou lateral, com redução em abertura total, geralmente resultando em um ruído. Sinais e sintomas principais: clique recíproco na ATM tanto em abertura como em fechamento, que ocorre num ponto a pelo menos 5 mm a mais na abertura da distância interincisal do que no fechamento e é eliminado em abertura protrusiva. Clique na ATM nos movimentos de abertura e fechamento e reproduzível em duas ou três tentativas consecutivas e clique durante excursão lateral ou protusão em duas ou três tentativas consecutivas. Deslocamento de disco sem redução e com abertura limitada: o disco está deslocado da sua posição normal para uma posição anterior e medial ou lateral, com abertura mandibular limitada. Sinais e sintomas principais: história de limitação significativa de abertura; excursão contralateral menorque 7 mm e/ou desvio não corrigido para o lado ipsilateral na abertura; distensão passiva aumenta a abertura por 4 mm ou menos, além da abertura máxima não assistida; ausência de ruído articular ou presença de ruído articular não satisfazendo critérios de deslocamento. Deslocamento de disco sem redução e sem abertura limitada: uma condição em que o disco é deslocado da sua posição entre o côndilo e a eminência para uma posição anterior e medial ou lateral, não associada à abertura limitada. Sinais e sintomas principais:história de limitação significativa da abertura mandibular; máxima abertura não assistida maior que 35 mm; distensão passiva aumenta a abertura em 5 mm ou mais, além da abertura máxima não assistida; excursão contralateral maior que 7 mm; presença de ruídos articulares não satisfazendo critérios de deslocamento de disco com redução; nos casos que permitem exame por imagens, pode-se utilizar a artrografia ou ressonância magnética que revelam a posição do disco articular sem redução. Lesões traumáticas 43 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas O teto da fossa glenoide é uma camada muito fina de osso separando esta da fossa craniana média. Este osso raramente é fraturado, apesar de em injúrias severas o côndilo poder ser dirigido contra esta barreira fina. Isto é verdade por três razões: o disco articular absorve o choque; a cabeça do côndilo é angulada para adiante sobre o pescoço do ramo mandibular; o pescoço do côndilo, sendo muito mais fino que o ramo ou o côndilo, tende a fraturar primeiro, protegendo o teto fino e a fossa craniana média.Os sinais e sintomas encontrados são: dor pré-auricular; dificuldade para abrir a boca. Se apenas um lado for acometido, há um desvio da mandíbula para o lado afetado. Frequentemente uma mordida anterior. O diagnóstico é baseado em achados físicos e radiológicos. O tratamento constitui-se de fixação maxilomandibular e às vezes redução cruenta. Neoplasias São incomuns. Entre os tumores benignos, pode-se encontrar: condroma, osteocondroma e osteoma. Mais raramente entre os tumores benignos encontra-se: mixoma, displasia fibrosa, granuloma de células gigantes, sinovialoma, condroblastoma, osteoblastoma e hemangioma sinovial. Tumores malignos são ainda mais incomuns: fibrossarcoma, condrossarcoma e mieloma múltiplo. Pode haver invasão da ATM por tumores da bochecha ou parótida. Os sinais e sintomas são: dor, movimento limitado da mandíbula e dificuldade de oclusão dentária. A radiografia mostra destruição óssea, com imagens de aposição e reabsorção. O tratamento é cirúrgico (FUZARO, 2008). Osteoatrose Doença articular degenerativa progressiva de caráter não inflamatório. É caracterizada pela deterioração e abrasão das cartilagens articulares e das superfícies dos tecidos moles, além do espessamento e da remodelação dos ossos subjacentes, com formação de cistos subarticulares. Costumeiramente, podem ser sobrepostas por 44 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas condições inflamatórias dolorosas. A sintomatologia inclui dor e rigidez na face e mandíbula, dor na abertura bucal e durante a mastigação, restrição da amplitude do movimento de abertura da mandíbula, travamento em abertura e presença de ruídos articulares.Alterações de mobilidade da mandíbula A mandíbula pode apresentar duas situações extremas de problemas funcionais: excesso de mobilidade (luxação) e redução de mobilidade (anquilose). Luxação da articulação temporomandibular A luxação ocorre quando há perda total ou parcial do contato entre duas superfícies articulares. Acontece quando o côndilo ultrapassa os limites dos movimentos limítrofes da cavidade glenoide e não consegue retornar a posição inicial funcional sem auxílio. Pode acontecer de forma uni ou bilateral. A unilateral ocorre quando somente uma das articulações é atingida. A linha mediana mandibular e o queixo são desviados para o lado oposto da luxação. Na bilateral, não há desvio da linha mediana, porque as duas articulações são atingidas, porém o indivíduo torna-se incapaz de fechar a boca. mandíbula permanece em posição aberta da boca quando luxada. Podem ser definidas três formas: episódio simples agudo; luxação crônica recorrente; luxação crônica permanente. A primeira requer redução manual sob anestesia local e sedação ou anestesia geral. A luxação crônica recorrente e a luxação crônica permanente podem requerer tratamento cirúrgico. Podem ser classificadas em: Anterior (para frente): mais comum. Pode ser uni ou bilateral. Ocorre quando o côndilo ultrapassa a eminência articular;Posterior (para trás): geralmente é bilateral e ocorre quando o indivíduo sofre um traumatismo na região do queixo de frente para trás, forçando o côndilo de encontro à parede timpânica, levando a fratura do colo do côndilo; 45 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas Cranial (para cima): traumatismos no corpo da mandíbula ou no queixo podem levar o côndilo a romper o teto da cavidade glenoide, ficando em contato com a fossa craniana. Lateral: pode ser para fora (a partir de um trauma, o côndilo se fratura e se inclina para distal, ou a partir de uma fratura do côndilo oposto, a mandíbula se desloca para distal); ou para dentro (o côndilo fraturado ou a mandíbula se desvia para medial). Em alguns casos, quando o indivíduo não consegue o fechamento por si próprio, utiliza-se uma manobra, para recolocar a articulação, na sua posição normal, dentro de sua cavidade. Quando não é possível, pode ser necessário utilizar técnicas de sedação para possibilitar o relaxamento muscular e facilitar a recolocação da articulação. Existem fatores predisponentes para a ocorrência de luxações. Entre eles, pode-se citar: fossa mandibular rasa ou eminência articular curta; formato divergente entre côndilo, cavidade glenoide e disco articular; lassidão ligamentar, abertura exagerada recorrente da boca (bocejo, gargalhada, vômito, grito); tratamento odontológico prolongado, traumatismos, entre outros. Subluxação da articulação temporomandibular É quando existe uma pequena diferença, mantendo ainda a cabeça da articulação sobre o topo da eminência articular. Ao iniciar a abertura da boca, na articulação, começa um processo de rotação da articulação e de translação (a articulação caminha do fundo para a borda da cavidade, até a eminência articular). Quando se abre a boca ao máximo, em uma articulação normal, essa cabeça deverá parar no ápice dessa eminência, sem ultrapassá-la.Na subluxação interna, o disco localizado no interior da articulação está localizado à frente de sua posição normal. Na subluxação interna sem redução, o disco nunca desliza de volta para a sua posição normal e o movimento da articulação é limitado. Na subluxação interna com redução (mais comum), o disco está localizado à frente de sua posição normal apenas quando a boca está fechada. Quando a boca é aberta e a mandíbula desliza para frente, o 46 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas disco retorna à sua posição normal, produzindo um estalido ao retornar. Quando a boca é fechada, o disco desliza novamente para frente e, frequentemente, produz outro som. Em muitos casos, o único sintoma desta disfunção é a produção de estalido quando a mandíbula é aberta ou movida lateralmente. Anquilose A anquilose é a perda parcial ou total dos movimentos mandibulares resultante da fusão de ossos da articulação ou da calcificação dos ligamentos periarticulares, limitando ou bloqueando os movimentos mandibulares. Tipicamente, a calcificação dos ligamentos periarticulares é indolor, mas a abertura da boca é de 2,5 cm ou menos. A fusão dos ossos da articulação causa dor e limita com mais intensidade os movimentos mandibulares.Pode ser dividida em: fibrosa e óssea. Na anquilose fibrosa, a articulação é substituída por tecido fibroso, impedindo a excursão normal do côndilo e geralmente o paciente apresenta abertura limitada de boca. Na anquilose óssea, a ATM está totalmente fundida no osso temporal e na mandíbula e ocorre o impedimento total dos movimentos.As causas mais comuns são: trauma e artrite reumatoide, eventualmente anormalidades congênitas, infecçõese neoplasias. Ao RX pode-se observar: deformidade condilar, estreitamento e irregularidade do espaço interarticular ou obliteração da morfologia normal do osso. O tratamento é normalmente cirúrgico (FUZARO, 2008). Artrite reumatoide A artrite reumatoide afeta a ATM em apenas 17% dos indivíduos que a apresentam. Quando a artrite reumatoide é grave, especialmente em indivíduos jovens, a parte superior da mandíbula pode sofrer degeneração e diminuir de tamanho. Essa lesão pode acarretar um desalinhamento súbito de muitos ou de todos os dentes superiores e inferiores (má oclusão). Se a lesão for grave, a mandíbula pode fundir-se 47 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas ao crânio, levando a um processo de anquilose e limitando a capacidade de abrir a boca.Em geral, a artrite reumatoide afeta as duas articulações temporomandibulares de forma similar. O movimento mandibular costuma ser suficiente para as atividades normais, embora a mandíbula não abra tanto quanto de costume. A artrite reumatoide da articulação temporomandibular é tratada com os medicamentos usados para a artrite reumatoide de qualquer articulação. A manutenção da mobilidade articular e a prevenção de anquilose são particularmente importante. AVALIAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL EM DTMS A avaliação e o tratamento das disfunções temporomandibulares caracterizamse em uma responsabilidade compartilhada entre todos os profissionais da área da saúde, distinguida somente pelo conhecimento e treinamento de cada um. O profissional precisa possuir um claro senso de diagnóstico diferencial para perceber o momento correto de indicar o paciente para outro membro da equipe interdisciplinar.O paciente com DTM faz parte de um grupo de indivíduos tratados por serem portadores de dor craniofacial de vários tipos. Portanto, o protocolo de avaliação deve ser extenso o suficiente para permitir conclusões precisas, evitando intervenções inadequadas ou prejudiciais. A avaliação deve obedecer a um critério de desenvolvimento sequencial, de tal forma que permita o diagnóstico e a definição do tratamento. IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE Coleta de dados pessoais (nome, endereço, telefone, idade, sexo, profissão, dados de trabalho). Informações importantes para detecção de possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de DTMs. Neste momento, também é importante identificar os profissionais envolvidos no tratamento do paciente, que fazem parte da equipe interdisciplinar, coletando nome, área de atuação e telefone para posterior contato. Assinalar o profissional que encaminhou ou indicou o paciente para avaliação e posterior tratamento 48 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas fisioterapêutico. Questionar o paciente em relação aos tratamentos já realizados ou em curso com outros profissionais para adequação de conduta dentro da equipe interdisciplinar. Registrar o diagnóstico clínico de encaminhamento proposto pelo médico responsável pelo paciente. ANAMNESE Abordagem inicial do paciente. Uma anamnese detalhada é importante, pela influência que os hábitos diários e antecedentes patológicos, psicológicos e hereditários exercem sobre a instalação e evolução das DTMs. Além disso, a anamnese permite verificar determinados pontos que irão orientar a estratégia terapêutica. O profissional deve dedicar certo tempo a ouvir o relato de seu paciente sem interferir em sua explanação de modo que ele conte seus problemas como melhor lhe convier.A anamnese pode ser estruturada em tópicos: história clínica, história da moléstia atual, sintomatologia e hábitos parafuncionais.A história clínica inclui questionamentos em relação a hábitos da infância que podem influenciar na etiologia das disfunções temporomandibulares (amamentação ao seio, utilização de chupeta ou mamadeira, hábito de chupar o dedo); investigar o tipo de alimentação que habitualmente o paciente ingere (carnes duras, alimentos pastosos). Questionar sobre possíveis alergias que o paciente apresente. Investigar sobre a ingestão de bebidas alcoólicas, bebidas estimulantes como refrigerantes ou café, tabagismo, prática regular de atividade física. Questionar se existe história familiar de disfunções da ATM. Caso o paciente seja do sexo feminino, é importante saber se está grávida, utiliza contraceptivos hormonais ou faz reposição hormonal, se está na menopausa.A história da moléstia atual inclui questionamentos acerca da queixa principal, frequência e duração dos sintomas, localização, intensidade e qualidade dos sintomas, fatores de piora e melhora, evolução dos sintomas, história de traumatismos prévios, além de observações importantes colhidas do relato do paciente. Questionar em relação à existência de patologias associadas como alterações reumáticas, hipertensão arterial, alterações cardíacas, pulmonares, 49 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas hepáticas, urinárias, neurológicas e/ou metabólicas (diabetes, hiper/hipotireoidismo), neoplasias, fibromialgia, entre outras.Em relação à sintomatologia e hábitos parafuncionais, é importante realizar um minucioso questionamento. Como descrito no módulo anterior, os sintomas das DTMs são amplos e variados, podendo incluir diversos sistemas orgânicos (sintomas craniofaciais, oftálmicos, otológicos, labirínticos, musculares, entre outros), sendo importante detectá-los para a determinação do diagnóstico diferencial.Incluir questionamentos a respeito da qualidade do sono (horas de sono por noite, posicionamento adotado para dormir, dificuldade respiratória durante a noite, hábitos de bruxismo ou apertamento dos dentes, insônia, ronco, cansaço ou dor ao acordar); presença de dor facial espontânea ou à mastigação, presença de estalidos ou crepitações na ATM, apertamento dental, briquitismo, dificuldade de abertura ou fechamento da boca, travamento com a boca fechada ou aberta, presença de cefaleias ou nevralgias, dor cervical ou nos ombros, dor ou ruídos nos ouvidos, dificuldades auditivas, vertigens, alterações visuais ou dor nos olhos, dor de dente, stress ou ansiedade.Como complemento da avaliação e pela importância que os fatores sociais, ambientais e padrões de qualidade de vida exercem sobre a gênese das DTMs, deve- se incluir também questionamentos de cunho social, a fim de buscar possíveis causas de ansiedade e stress físico e mental. Questionar sobre a qualidade de vida no trabalho e em casa, sobre as atividades sociais e de lazer que o indivíduo realiza. Investigar se o paciente possui hábitos parafuncionais como roer as unhas ou canetas, apertar ou ranger os dentes, mascar chicletes, uso contínuo de telefone ou computador. EXAMES COMPLEMENTARES Após a anamnese, devemos solicitar ao paciente, possíveis exames complementares que ele tenha realizado e que possam auxiliar no diagnóstico funcional das alterações e ATM. Vários são os exames complementares que podem ser realizados para subsidiar o diagnóstico clínico das disfunções temporomandibulares:Os testes da imagem podem diagnosticar má formações, 50 www.estetus.com.br Fisioterapia nas disfunções temporomandibulas patologias e alterações anatômicas. São utilizadas: radiografia panorâmica; radiografia transcraniana; tomografia linear ou computadorizada; ressonância magnética; cintilografia óssea; ultrassonografia.A eletromiografia (EMG) é o registro elétrico da atividade de um músculo. É utilizada para avaliar o estado dos músculos mastigadores e suas relações com problemas de oclusão e ATM. É um exame de rápida execução, não invasivo e que não traz nenhum desconforto ao paciente. Eletrodos de superfície são fixados sob a pele em oito diferentes músculos mastigadores. Um software específico permite obter