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Nutrição Materno Infantil Gravidez de Alto Risco Profa Patrícia Simões Síndromes Hipertensivas da Gestação (SHG) e Diabetes Gestacional 1. HIPERTENSÃO GESTACIONAL - Hipertensão SEM proteinúria com aparecimento após a 20ª SG (Vitolo e Accioly); - Hipertensão: PAD > 140mmHg / PAS > 90mmHg (Krause). - Acomete mulheres normotensas; - Geralmente há normalização da PA no pós parto (após a 6a semana), mas pode evoluir para PE quando a hipertensão associa-se à proteinúria. 2. HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA NA GESTAÇÃO - Diagnosticada antes da 20a SG ou antes da gestação; - Causas: vascular; endócrina; induzida por droga ou de origem renal, obesidade, etc. DIAGNÓSTICO DAS SHG Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg) Normal 160 > 100 Accioly PAS: Pressão arterial sistólica PAD: Pressão arterial diastólica 3. PRÉ-ECLÂMPSIA (PE) - Hipertensão arterial: PA > 140mmHg / 90mmHg ou aumento de 15mmHg na PAD previamente conhecida + proteinúria significativa: valores > 300 mg na urina de 24h, - Geralmente após 20a SG. - Pode haver ou não edema; - Pode acometer mulheres previamente normotensas e sem proteinúria; - Geralmente há remissão dos sinais da PE no puerpério. PE Grave: quando há 1 ou mais critérios: PAD > 110mmHg; proteinúria > 2g/L em 24h; oligúria ( 1,2mg/dl; sinais de encefalopatia hipertensiva*; insuficiência cardíaca; das enzimas hepáticas e bilirrubinas; RCIU. Fatores de risco para o desenvolvimento da PE: primigestas, história familiar ou pessoal de PE ou E; gestação gemelar; HAS crônica; nefropatia; lupus (pelo uso de imunossupressor); DM1 (devido à nefropatia) e DM2 (devido à obesidade e hiperinsulinemia – retenção de Na). DIAGNÓSTICO DAS SHG 4. ECLÂMPSIA - Presença de convulsões generalizadas em gestantes com qualquer dos quadros hipertensivos, não causadas por epilepsia ou qualquer outra patologia convulsiva, podendo ocorrer na gravidez ou parto ou até 10 dias de puerpério. - São observados outros sinais e sintomas, como cefaléia, agitação psicomotora, distúrbios visuais e epigastralgia; - A morte fetal ocorre com frequência por asfixia ou síndrome de aspiração meconial (SAM*). * o mecônio aspirado pode bloquear as vias respiratórias do recém-nascido e causar o colapso e hipertensão pulmonar. DIAGNÓSTICO DAS SHG 5. SÍNDROME HELLP - Em inglês, a sigla significa: H: hemólise; EL: elevação das enzimas hepáticas; LP: baixa contagem de plaquetas. - Quadro clínico que surge como agravamento da PE, caracterizado por hemólise, elevação das enzimas hepáticas e plaquetopenia - Os sinais de extrema gravidade são sinais de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), hepatomegalia, icterícia, cianose, diurese 160 x 100 mmHg Internação obrigatória! ✓ Dieta Normossódia (6g/ dia de NaCl) ✓ Em caso de HAS persistente ou crônica, pode-se adotar a dieta hipossódica, com no máximo 2 a 3g/ dia de NaCl. Conclusão: dieta normocalórica, hipo ou normossódica e hiperprotéica. TRATAMENTO NUTRICIONAL AMBULATORIAL DA HAS GESTACIONAL ou CRÔNICA ou PE CÁLCIO ✓ Relação inversa com o desenvolvimento de PE. Autores recomendam suplementação com 2g/dia a partir do 2o trim para gestantes de risco com histórico de SHG. ✓ Na gestação ocorre expansão do volume extracelular, aumento da filtração glomerular, o que aumenta a excreção do Ca (calciúria) e aumento da sua demanda para atender as necessidades fetais. ✓ Acredita-se que a ingestão resulta em do hormônio paratireoidiano (PTH), contração da musculatura lisa vascular, a PA. ÔMEGA 3 - EPA (eicosapentanóico) ✓ Possui efeito inibitório na produção de tromoboxano e da prostaciclina, com da agregação plaquetária e da vasodilatação. ✓ Usar 2 a 3 porções de peixe/ semana. Vitaminas ✓ Ênfase em Vitaminas A, C e E. Antioxidante, controlam a peroxidação lipídica, evitando a lesão endotelial e a ação vasoconstrictora do tromboxano. ASPECTOS NUTRICIONAIS GERAIS E SHG ECLÂMPSIA ✓ Depende do grau de consciência: sonda nasogástrica ou pós-pilórica. ✓ Seguir conduta da HAS estágio 2. SÍNDROME HELLP ✓ Conduta não está muito bem definida, sendo motivo de controvérsias. ✓ Em linhas gerais, adotar conduta similar à HAS estágio 2. TRATAMENTO HOSPITALAR DA ECLÂMPSIA e SÍNDROME HELLP As gestantes diabéticas podem ser divididas em: - Diabetes prévia: tipo 1 ou tipo 2 - Diabetes Gestacional Em todos os tipos quando não tratada pode resultar: risco gestacional; Gestantes diabéticas têm as mesmas chances de gravidez segura que a população em geral. Fatores de risco: - HbA1c ≥ 5,7% - Síndrome dos ovários policísticos (SOP) - Acantose nigricans - História familiar; - Mãe portadora de diabetes; - Antecedentes obstétricos desfavoráveis; - Crescimento fetal excessivo; - Altura uterina maior que a esperada; - Glicosúria gestacional; - Diabetes em gestações anteriores; - Intolerância prévia à carboidratos; - Obesidade central; ganho de peso excessivo. DIABETES GESTACIONAL Repercussões maternas: (Krause, Accioly, MS 2019) ✓ Polidrâmnia ✓ Infecções urinárias ✓ Hiperglicemia ✓ Cetoacidose ✓ Necessidade de parto cirúrgico ✓ Risco do desenvolvimento de DM tipo 2 ao longo da vida. Repercussões fetais: (Krause, Chemin, Dan e Accioly) ✓ Macrossomia ✓ Asfixia neonatal ✓ Sofrimento fetal durante o parto ✓ Complicações pulmonares ✓ Hipoglicemia neonatal ✓ Má formação congênita ✓ Morte fetal ou perinatal ✓ Prematuridade ✓ Traumas no nascimento por desproporção céfalo-pélvica DIABETES GESTACIONAL Fisiopatologia: 1a metade da gestação: - Fase de anabolismo; níveis de Estrogênio e Progesterona hiperplasia das células β níveis de insulina gliconeogênese e lipogênese. Final do segundo trimestre: - Modificação da tendência materna ao anabolismo para o catabolismo visa atender as necessidades fetais crescentes. - Aumento da concentração plasmática de Cortisol, Prolactina e HPL Redução na atuação no receptor de insulina Aumento da resistência periférica tecidual à insulina níveis de glicose - Mecanismo para produção de energia: glicogenólise, gliconeogênese, hidólise de TGL níveis de AGL e corpos cetônicos. - Efeito para a mãe: hiperinsulinismo associado à insensibilidade à insulina, porém pode haver insuficiente produção de insluna DMG. - Efeito para o feto: a insulina não atravessa a placenta. Na diabetes descontrolada ocorre transferência exagerada de glicose para o feto hipertrofia das célulasβ fetal hiperinsulinismo tecido adiposo fetal. Os AGL atravessam a placenta Macrossomia. - O hiperinsulinismo fetal pode causar imaturidade pulmonar pela deficiência de surfactante pulmonar e hipoxemia fetal crônica. A incidência de malformações congênitas em gestantes insulino-dependentes descompensadas é 6 a 7x maior que a população em geral. DIAGNÓSTICO DO DIABETES GESTACIONAL Avaliação antropométrica: ✓ A avaliação antropométrica e ganho de peso recomendado: seguir a mesma recomendação do MS para gestantes não diabéticas (Curva de Atalah). Energia: ✓ A dieta deve permitir o ganho de peso adequado, seguindo as mesmas recomendações de gestante sadia. ✓ A perda de peso não é recomendada Distribuição calórica da dieta: • PTN: 15 a 20% (Pode-se estimar a ingestão recomendada considerando 1,1 g/kg/dia) ▪ LIP: 30 a 40% - Saturadas: