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1 MOBILIDADE SUSTENTÁVEL E IMPLICAÇÕES DO URBANISMO 1 SUMÁRIO NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 Mobilidade Urbana ........................................................................................... 3 MOBILIDADE URBANA NO BRASIL ............................................................... 5 ESTATUTO DA CIDADE ................................................................................. 8 O MINISTÉRIO DAS CIDADES ....................................................................... 9 SECRETARIA NACIONAL DE TRANSPORTE E DA MOBILIDADE URBANA ................................................................................................................................. 10 POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA ...................................... 10 PLANOS DE MOBILIDADE URBANA ........................................................... 12 COMPONENTES DO SISTEMA DE MOBILIDADE URBANA ....................... 13 MODOS NÃO MOTORIZADOS ..................................................................... 13 Pedestres ...................................................................................................... 14 Bicicleta ......................................................................................................... 15 MODO MOTORIZADO PRIVADO: Automóvel .............................................. 17 Motos ............................................................................................................. 18 MODO MOTORIZADO COLETIVO: Ônibus .................................................. 19 BRS (corredores de ônibus) .......................................................................... 21 Cidades Inteligentes ...................................................................................... 22 Soluções Inteligentes para Mobilidade Urbana ............................................. 24 REFERENCIAS ............................................................................................. 29 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia-se com a ideia visionária e da realização do sonho de um grupo de empresários na busca de atender à crescente demanda de cursos de Graduação e Pós-Graduação. E assim foi criado o Instituto, como uma entidade capaz de oferecer serviços educacionais em nível superior. O Instituto tem como objetivo formar cidadão nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em diversos setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e assim, colaborar na sua formação continuada. Também promover a divulgação de conhecimentos científicos, técnicos e culturais, que constituem patrimônio da humanidade, transmitindo e propagando os saberes através do ensino, utilizando-se de publicações e/ou outras normas de comunicação. Tem como missão oferecer qualidade de ensino, conhecimento e cultura, de forma confiável e eficiente, para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. E dessa forma, conquistar o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos de qualidade. 3 MOBILIDADE URBANA Um estudo do IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal (2005), intitulado “Mobilidade e política urbana: subsídios para uma gestão integrada”, conceitua o sistema mobilidade urbana como: Um conjunto estruturado de modos, redes e infraestruturas que garante o deslocamento das pessoas na cidade e que mantém fortes interações com as demais políticas urbanas. Considerando que a característica essencial de um sistema é a interação de suas partes e não as performances dos seus componentes tomadas em separado, um fator determinante na performance de todo o sistema é exatamente como as suas partes se encaixam, o que é diretamente relacionado com o nível de interação e compatibilidade entre agentes e processos intervenientes no sistema (MACÁRIO, apud IBAM, 2005). Quando o ser humano começou a conviver, sentiu a necessidade de explorar o espaço que o mundo proporcionava. Caminhar já não era mais suficiente para um objetivo maior, então passou a criar inovações que facilitassem a sobrevivência e isso incluía formas mais eficientes de se locomover e transportar bens de um lugar para outro. Marconi e Presotto (1986) nos contam acerca dos primeiros vestígios de evolução da mobilidade: trenós no período Mesolítico, canoas e pirogas no período Neolítico, barcos maiores na Idade do Cobre, além do uso do transporte de carga movido por tração animal. Entretanto, foi a invenção da roda, na Mesopotâmia, que fez com que os meios de transporte começassem a ganhar melhor performance. A partir disso, o transporte rodoviário se desenvolveu consideravelmente e, atualmente, é o principal meio de transporte de passageiros e cargas utilizado no Brasil. Duarte, Sánchez e Libardi (2008) classificam os caminhos de uma cidade em seis modos: do pedestre, sobre bicicleta, sobre motocicleta, do automóvel, do transporte coletivo e sobre trilhos. Os autores dizem que vivemos em disputa por espaço, de modo que a mobilidade urbana é uma das principais armas no desenvolvimento da cidade. Além de ter o objetivo de acabar com grandes engarrafamentos e ter uma fluidez aceitável de veículos nas vias urbanas, esses privilégios buscam reviver e dar um ar mais humano aos espaços urbanos. 4 A mobilidade urbana é um dos maiores desafios para o governo e em muitos países representa uma das faces da crise que os atinge. De acordo com Vasconcellos (2012), “a liberdade de ir e vir nas metrópoles é diretamente proporcional ao acesso que cada indivíduo tem aos meios de transporte e circulação”. Os menos favorecidos encontram péssimas condições de transporte nas áreas periféricas, tornando difícil a locomoção até local de trabalho, escolas e postos de saúde. Jovens e crianças enfrentam problemas para se locomoverem a pé ou com bicicletas. Idosos e pessoas com deficiências físicas têm que superar problemas de uma cidade despreparada para atender às suas necessidades. Glaeser (2011) mostra a dificuldade que é a luta contra a segregação existente nas cidades e ressalta o poder dos transportes em moldar as cidades. Segundo Vasconcellos (2012), a mobilidade é cercada por consumos e problemas. O consumo do espaço no Brasil, por exemplo, é de 1.720.643 quilômetros de extensão da rede rodoviária (DNIT, 2015), cerca de 2.090 quilômetros de estrutura cicloviária (MOBILIZE, 2015), além de trens metropolitanos, metrôs e calçadas. O consumo de tempo também é alto. É comum, nas cidades grandes, com alta densidade populacional, que os centros habitacionais fiquem distantes do centro urbano, o que sobrecarrega o transporte público e evidencia não apenas sua precariedade, mas a insuficiência de vias, que ficam frequentemente engarrafadas. Com isso, a qualidade de vida dos habitantes destas cidades é diminuída e prejudicada. Como exemplo, o tempo médio de deslocamento casa trabalho nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo é de, respectivamente, 49 e 45 minutos (MOBILIZE, 2015). Vasconcellos (2012) também cita o consumo de recursos naturais para construção de vias e calçadas, carros, bicicletas, complementos da infraestrutura de mobilidade, produção de gasolina, entre outros. Além disso, é alto o custo do transporte, bem como o valor do carro e da tarifa de transporte público e tributos. Junto com todos os custos e consumos vêm outros problemas. A poluição atmosférica e sonora, além da visual, trazem muitos problemas para a saúde da população, para o desenvolvimento da cidade e do país e, principalmente, para o futuro do planeta. Outros problemas são os acidentes,que no Brasil representam altos índices, se comparado aos outros países em desenvolvimento 5 (VASCONCELLOS, 2012). Em 2013 foram mais de 42 mil mortes em acidentes de trânsito nas ruas e estradas brasileiras (OMS, 2015). Uma pesquisa da empresa multinacional de tecnologia da informação, IBM – International Business Machines, feita em 20 cidades do mundo, relatou que o trânsito é uma das principais preocupações da população e a tendência, na medida em que a urbanização vai se intensificando, é piorar se o desenvolvimento da infraestrutura urbana não acompanhar o crescimento econômico (CHEDE, 2011). A mobilidade urbana, se bem planejada, traz benefícios socioeconômicos, de modo que o espaço urbano apresentará melhor qualidade e será utilizado de forma menos agressiva, tornando o ambiente urbano mais propício para convívio humano. MOBILIDADE URBANA NO BRASIL De acordo com o censo do IBGE-2010, mais de 80% da população brasileira vive em cidades. A ONU – Organização das Nações Unidas, estima que em 2030, a população urbana brasileira saltará para 91%, uma vez que sua taxa de urbanização é superior à de muitos países desenvolvidos. Segundo o World Factbook 2010 (CIA, 2010), a taxa de urbanização mundial ultrapassou os 50%. Em âmbito internacional, avaliando a participação do Brasil comparada a de outros países, quando se refere aos países do “BRICS” (bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) vê-se que a taxa de urbanização 6 brasileira permanece maior que a dos demais países membros. Em segundo lugar aparece a Rússia com 73% de sua população em áreas urbanas, seguida pela África do Sul com 61%, China com 47% e Índia, com apenas 30%. O Brasil possui um modelo de desenvolvimento urbano que não visa a sustentabilidade nem a utilização planejada dos espaços urbanos. Criam-se “cidades dormitórios” devido aos locais de trabalho e lazer se concentrarem nas zonas centrais da cidade, enquanto que a maior parte da população decide morar nas zonas mais afastadas devido ao alto preço dos imóveis presentes nessas regiões mais desenvolvidas. Sendo assim, a população gradativamente vai ocupando áreas mais distantes dos grandes centros, onde não há infraestrutura adequada. Sendo cada vez maior a distancia entre o local de trabalho e a moradia, a população fica cada vez mais dependente dos sistemas de transporte. Na maioria dos centros urbanos, o ônibus é o principal responsável pela maior parte das viagens, uma vez que no Brasil a malha ferroviária não é extensa. Sendo assim, sem infraestrutura adequada e sem prioridade nas vias, dentre outros fatores, os ônibus ficam sujeitos a congestionamentos. Outro ponto importante é a falta de qualidade do transporte público coletivo, o que ocasiona a migração para o transporte individual motorizado, lotando significativamente as vias não planejadas e consequentemente gerando mais congestionamentos. Quando se fala da distribuição dos deslocamentos por modais de transporte, como viu se, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) - 2011, o modo mais utilizado é o transporte público, com 44%, seguido do automóvel, com 24% e da motocicleta, com 13%. Como modos menos utilizados temos as viagens a pé, com 12% e por bicicleta, com 7%. Entretanto, segundo dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) – 2011, o pedestre tem 37% da escolha modal, seguido do transporte público com 29%, automóvel com 27%, motocicleta com 4% e, por fim, a bicicleta com 3%. Ainda segundo a ANTP, a participação dos automóveis é maior em cidades com população entre 500 mil e um milhão de habitantes, decrescendo com a diminuição da população. 7 Os investimentos em mobilidade urbana no Brasil, durante anos, privilegiaram somente o transporte individual, com obras imediatistas sem um planejamento amplo a ser debatido. Esse modelo de transporte individualista é o grande responsável pela maior parte dos acidentes de trânsito. Segundo dados do Ministério da Saúde (2015), os acidentes de trânsito causam 43 mil mortes por ano. 8 As facilidades concedidas em termos de crédito financeiro com o intuito de adquirir automóveis, juntamente com o aumento do poder de compra da população nos últimos anos, tem como consequência o aumento da percentagem populacional que passa a ter acesso ao carro; num país em que um dos seus pilares é a indústria automobilística. O tempo de viagem também influencia no número de congestionamentos. Segundo dados da Pnad – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 1995 a 2015, o tempo médio de viagem dos trabalhadores subiu 12%. A falta de planejamento, aliada a falta de infraestrutura adequada que priorize o transporte coletivo, propicia o aumento desse número a cada ano. Para alcançar a mobilidade urbana sustentável, é preciso adotar uma política que oriente e coordene esforços, planos, ações e investimentos que garantam o pensamento coletivo, democratizando os meios de transporte, possibilitando à população o direito de desfrutar de uma cidade eficiente. ESTATUTO DA CIDADE A Lei n. 10.257/2001, comumente conhecida como “Estatuto da Cidade”, regulamenta o capítulo de “Política Urbana” da Constituição Federal, detalhando os artigos 182 e 183. O seu objetivo é garantir à cidade o direito de acesso às oportunidades que a vida urbana proporciona. O Estatuto estabelece que a política urbana deve englobar um planejamento extensivo, em escalas nacional, estaduais, regionais, metropolitanas e, 9 principalmente, municipais e intermunicipais, onde deve haver o envolvimento urbano, ambiental, orçamentário, setorial, econômico e social. O principal instrumento do Estatuto da Cidade é o Plano Diretor, responsável por reger cada porção do território municipal, de forma a obter o desenvolvimento urbano do município. Ele serve para mapear a totalidade territorial de um município, envolvendo áreas urbanas, áreas rurais, áreas de preservação ambiental, recursos hídricos, floretas, enfim, tudo que esteja presente em sua área. Em contrapartida, o Estatuto da Cidade não dispõe sobre mobilidade urbana, estabelecendo apenas que, em cidades com mais de 500 mil habitantes, deve-se elaborar um plano de transporte urbano compatível com o Plano Diretor. O MINISTÉRIO DAS CIDADES O Ministério das Cidades foi criado em 2003 para interligar a política urbana e o destino das cidades. É o governo federal, por meio do Ministério das Cidades, que define as diretrizes gerais da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, entretanto, cabe ao município o planejamento e a gestão urbana. O Ministério atua no fortalecimento dessa gestão não apenas por meio financeiro, mas principalmente oferecendo capacitação técnica de quadros da administração pública (seja ela municipal ou estadual), além de fornecer agentes sociais locais. 10 SECRETARIA NACIONAL DE TRANSPORTE E DA MOBILIDADE URBANA A SeMob – Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana foi instituída no Ministério das Cidades com a finalidade de formular e implementar a Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável. A Secretaria tem a missão de criar políticas públicas que garantam o acesso das pessoas às cidades, respeitando os princípios de desenvolvimento sustentável nas dimensões socioeconômicas e ambientais. Em 3 de janeiro de 2012, após 17 anos de tramitação no Congresso Nacional, a Presidência da República sancionou a Lei n. 12.587, que estabelece as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA A PNMU – Política Nacional de Mobilidade Urbana, orienta no sentido de fomentar o planejamento urbano, tornando a cidade mais humana e acessível aos seus cidadãos, indistintamente. As esferas do poder público tem hoje comogrande desafio integrar as políticas urbanas que por décadas foram tratadas de maneira segmentada. A qualidade do deslocamento depende de que o sistema urbano tenha seus elementos urbanos planejados com o intuito de minimizar os deslocamentos, otimizando o espaço e o tempo, promovendo um bom padrão de vida urbano. Assim, 11 a Lei privilegia o transporte não motorizado em detrimento do motorizado e o público coletivo em detrimento do individual motorizado (art. 6, II). Ao se locomover a pé ou por meio de bicicleta, o cidadão interage bem mais com o espaço urbano, colaborando para a redução de gases nocivos à atmosfera. Por serem os meios mais baratos de locomoção, representam menor custo para os usuários, para o meio ambiente e para a sociedade. O uso de transporte público coletivo reduz a ocupação do espaço das vias, já que transporta uma quantidade de pessoas maior quando comparada ao transporte individual motorizado. Ainda em comparação com o transporte individual, o transporte coletivo reduz os custos com a emissão de gases na atmosfera. Para discutir a utilização isonômica do Sistema de Mobilidade Urbana pelos usuários de uma determinada cidade, é necessário que sejam revistas as políticas de custeio para compensar as isenções tarifárias, não apenas para aqueles que já utilizam o transporte público, mas para toda a sociedade, incluindo ciclistas, pedestres e usuários de veículos individuais, impactando todos que ali habitam. Afim de garantir a equidade ao acesso dos cidadãos ao Sistema de Mobilidade Urbana, deve-se garantir a facilidade de acesso principalmente aos que possuem mobilidade reduzida, implementando medidas que reduzam acidentes e melhorem a ocupação e circulação aos espaços urbanos. Os objetivos da PNMU visam definir um panorama para todo o país. A participação social é imprescindível em todo o processo e, juntamente com o poder público, devem compartilhar de uma mudança 12 comportamental no que diz respeito a cada um, promovendo a acessibilidade e reduzindo as desigualdades sociais. PLANOS DE MOBILIDADE URBANA Segundo o artigo 24 da Lei n. 12.587/2012, os municípios com mais de 20 mil habitantes são obrigados por lei a elaborarem seus Planos de Mobilidade Urbana como requisito para que acessem recursos federais para investimento no setor. Entretanto, alguns municípios são obrigados por lei a elaborarem o Plano de Mobilidade mesmo tendo menos que 20 mil habitantes, como é o caso, por exemplo, de cidades históricas. As diretrizes para a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana são as mesmas para a elaboração de Planos Regionais de Mobilidade Urbana, ou seja, deve-se atentar para as necessidades de uma determinada região e aplicar o que couber. Todo Plano de Mobilidade é único, seja ele municipal ou regional. 13 COMPONENTES DO SISTEMA DE MOBILIDADE URBANA O conjunto coordenado e organizado dos meios de transporte, serviços e infraestruturas que garantem o deslocamento das pessoas e cargas na área de um munícipio formam o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana. Os modos de transporte são divididos em modos motorizados e não motorizados, cada um com suas características. MODOS NÃO MOTORIZADOS A Lei n. 12.587/2012 garante a prioridade do transporte não motorizado face o transporte individual motorizado, independentemente do tamanho das cidades. Afim de se planejar com foco no pedestre e no ciclista, é necessário entender alguns conceitos presentes no Código de Trânsito Brasileiro (CTB): ▪ Via: superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais. Composta por pista, calçada, acostamento, ilha e canteiro central; ▪ Logradouro público: espaço livre destinado à circulação, parada ou estacionamento de veículos, bem como a circulação de pessoas; ▪ Calçada: reservada exclusivamente ao trânsito de pedestres, podendo ser utilizada para sinalização, vegetação e outros afins; ▪ Passeio: parte da calçada destinada exclusivamente para a circulação de pessoas; 14 ▪ Pedestre: aquele que anda ou está a pé; ▪ Pessoa com mobilidade reduzida: aquela que possui, temporária ou permanentemente, limitações quanto a sua capacidade de relacionar- se com o meio e utilizá-lo. Dentre os modos não motorizados, merece destaque os pedestres e as bicicletas. PEDESTRES Segundo a pesquisa realizada pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), em 2011, as viagens a pé correspondem ao maior número de deslocamentos realizados em municípios brasileiros entre 100 e 250 mil habitantes, 45%. Com isso, é necessário projetar, planejar e manter os locais destinados ao tráfego de pessoas, sejam elas pedestres, cadeirantes, gestantes, idosos ou pessoas com deficiência, com condições adequadas de segurança e conforto. Pesquisas e estatísticas de acidentes no trânsito indicam a segurança como um grave problema para os pedestres. Contudo, é necessário a melhoria da infraestrutura urbana (condições da via, das calçadas, das rotas dos pedestres, entre outros) e a redução dos conflitos com os tipos de veículos, inclusive com as bicicletas. A iluminação pública tem papel importante já que contribui para reduzir o risco de acidentes, além de fornecer maior segurança pessoal. 15 Os municípios normalmente possuem legislações específicas que determinam diretrizes para a construção e manutenção das calçadas, no qual a competência geralmente é do proprietário do terreno lindeiro. Contudo, não exclui a participação do Poder Público na determinação de padrões construtivos, bem como da fiscalização na construção dos mesmos. Segundo o Guia Prático para a Construção de Calçadas (ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland), a calçada ideal considera os seguintes requisitos: - Acessibilidade; - Largura adequada, atendendo as dimensões mínimas; - Fluidez, garantindo velocidade constante ao pedestre; - Continuidade: piso liso e antiderrapante; - Segurança, não havendo obstáculos; - Espaço de socialização; - Desenho da paisagem. Além do tratamento adequado das calçadas, o planejamento como um todo da cidade precisa priorizar os pedestres, principalmente em situações onde há conflito com os veículos motorizados. Para se criar uma cidade sustentável é necessária a construção de uma infraestrutura inclusiva, na qual o pedestre tem prioridade sobre veículos motorizados. O adequado tratamento da circulação a pé pode influenciar no comportamento da população, influenciando à substituição do uso do automóvel particular frente à caminhada. BICICLETA Segundo dados de 2016 da Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – ABRACICLO, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de bicicletas, com uma produção anual de 2,5 milhões de unidades. De acordo com uma pesquisa feita pelas organizações-não governamentais “Observatório das Metrópoles” e “Transporte Ativo”, em 2015, a 16 maioria dos ciclistas das dez maiores regiões metropolitanas do Brasil usa a bicicleta como transporte, sendo 88,1% para ir ao trabalho e 71,6% pedalam cinco dias ou mais por semana. Entre as capitais com maior índice de utilização da bicicleta como transporte está Recife, com 89,6%, seguidas por Manaus, 77,8% e Rio de Janeiro, 42,9%. Ainda segundo a pesquisa, metade dos entrevistados afirmou que se houvesse mais infraestrutura cicloviária, haveria maior motivação para usar a bicicleta. Foram ouvidos 5000 ciclistas em 10 cidades brasileiras, destacando que a faixa etária que mais utiliza a bicicleta são pessoas entre 25 e 34 anos. A bicicleta é um dos meios de transporte mais eficientes já criados: a tecnologia mais apropriada para distâncias curtas, com pequeno custo operacional, não emite poluentes e contribui para fazer da cidade um espaço livre de congestionamentos.Do ponto de vista urbanístico, a utilização da bicicleta reduz o nível de ruído no sistema viário das cidades; propicia maior equidade na apropriação do espaço urbano, entre outros, aumentando a qualidade de vida dos cidadãos e beneficiando a saúde dos usuários. A integração entre o sistema de transporte coletivo e a malha cicloviária da cidade é fundamental para promover o uso da bicicleta aos habitantes de um município. Todavia, é preciso garantir a segurança dos ciclistas além de oferecer espaços para estacionamento das bicicletas. A bicicleta proporciona grandes benefícios para a saúde, tais como: - Redução no risco de desenvolver diabetes; 17 - Redução da osteoporose; - Melhora o condicionamento físico; - Redução no risco de desenvolver hipertensão; - Alívio dos sintomas de depressão e ansiedade; - Diminuição do mau colesterol e da obesidade; - Estímulo ao sistema imunológico; - Fortalece o músculo das pernas; - Prevenção de quedas na terceira idade; - Emagrece, entre outros. O estímulo ao uso da bicicleta no município propicia um aumento na qualidade de vida e saúde da população, combatendo principalmente a obesidade, o sedentarismo e as doenças cardíacas. MODO MOTORIZADO PRIVADO: AUTOMÓVEL O planejamento da maioria das cidades brasileiras foi orientado para o transporte individual motorizado. Hoje, vemos que esse modelo não se sustenta mais. Não há espaço físico nas cidades que comporte o crescente número de veículos no Brasil. Os veículos motorizados permitiram a ampliação dos espaços urbanos e a multiplicação das distâncias, em contrapartida, geraram maiores deslocamentos, maior quantidade de veículos e necessidade de maiores investimentos em infraestrutura. Um fenômeno chamado “demanda induzida” diz que, quanto mais vias se constroem, mais carros são colocados em circulação, geralmente em volume superior à capacidade da via construída, aumentando os problemas de congestionamentos, poluição e etc. Segundo GORZ (1973) – “O automóvel desperdiça mais tempo do que economiza e cria mais distâncias do que supera.”. 18 O automóvel ocupa muito espaço público no sistema viário, sendo uma das principais causas de morte no trânsito e principal causa de congestionamentos nas grandes metrópoles. Várias cidades no Brasil continuam sendo construídas priorizando o transporte individual motorizado em detrimento ao transporte coletivo, mantendo um sistema antigo e insustentável. Os prefeitos e gestores públicos devem romper essa lógica e investir no desenvolvimento sustentável das cidades, valorizando os espaços e as pessoas que ali habitam, possibilitando que os mesmos façam as escolhas dos seus deslocamentos. MOTOS Segundo dados de 2009 da Associação Brasileira de Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – ABRACICLO, a percentagem de usuários de moto que fazem essa opção para substituir o transporte público é de 40%. Ainda com dados da ABRACICLO, de 2017, foram produzidas 652.192 motocicletas até setembro deste ano, correspondendo a um recuo de 8,5% quando comparado ao mesmo período de 2016 (712.999 motocicletas). O Brasil, em 2016, foi o oitavo maior país produtor de motocicletas, com uma produção anual de 900 mil unidades. 19 O elevado número de motocicletas no país se deve a um conjunto de fatores, tais como: - Baixo preço quando comparado a outros veículos motorizados; - Baixo consumo de combustível; - Baixo custo de manutenção; - Bom desempenho em congestionamentos, já que possuem facilidade para trafegar entre os demais veículos. Esses fatores aliados ao crescente aumento dos custos do transporte público e sua baixa qualidade, tornaram a motocicleta uma opção viável para uma parcela da população que não possui recursos para adquirir um automóvel. MODO MOTORIZADO COLETIVO: ÔNIBUS Segundo dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), três milhões de passageiros por dia deixaram de utilizar os ônibus urbanos nos deslocamentos realizados em 2016. O estudo registra redução média de 8,2% quando comparado ao ano de 2015. Nos últimos três anos, o nível da queda de passageiros atingiu 18,1%. Os dados foram baseados em nove das principais capitais brasileiras (Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de 20 Janeiro, Salvador e São Paulo), juntas concentram 37% da demanda transportada no Brasil. O levantamento aponta a crise econômica do país e o desemprego como os principais vilões da tendência acentuada de redução de passageiros. “Certamente, são fatores que interferem na dinâmica da mobilidade urbana das cidades, mas temos que levar em conta também outras distorções do sistema de transporte urbano, como a falta de fontes de financiamento para a tarifa, hoje paga exclusivamente pelo usuário”, avalia Otávio Cunha, presidente executivo da NTU. Ainda segundo a pesquisa, quando se refere à quilometragem produzida em 2016 pelos ônibus urbanos, ela foi reduzida em 2,0% quando comparada ao ano de 2015, considerando a média dos meses de abril a outubro. Os dados permitem revelar a tendência de redução da oferta de serviços nos anos mais recentes. Com os congestionamentos cada vez mais intensos nos centros urbanos de grande e médio porte, a velocidade dos veículos diminuiu 50% nos últimos 20 anos, segundo dados da NTU (2016). Comprova-se assim a necessidade de aquisição e inserção de novos ônibus para manter a oferta. O transporte público por ônibus possui influência direta no desempenho de outros setores econômicos, pois se relaciona diretamente com processos de produção e consumo de bens e serviços. Ou seja, em cidades em que o sistema de transporte por ônibus é organizado, há uma maior circulação de pessoas, permitindo maior interação no que se refere a oferta e a procura. Quanto à capacidade de transporte dos sistemas de transporte urbano, depende-se do tipo de veículo adotado e da frequência de viagens realizadas. 21 BRS (CORREDORES DE ÔNIBUS) Com o intuito de priorizar o transporte coletivo, outro tipo de intervenção criada, e que vem sendo cada vez mais utilizada, são as faixas exclusivas para ônibus conhecidas como BRS (Bus Rapid Service). A função do BRS é racionalizar o sistema de transporte público e, consequentemente, aumentar a velocidade das viagens do transporte coletivo, reduzindo o tempo de viagem para os usuários. Esse serviço é garantido pela presença principalmente das sinalizações verticais e horizontais no decorrer da via, além da comunicação com os usuários e da fiscalização por câmeras de monitoramento. Segundo dados da NTU (2013), a implantação dos sistemas BRS na cidade do Rio de Janeiro/RJ tornou as viagens mais rápidas, houve um melhor aproveitamento da frota de ônibus e aumentou a produtividade do sistema impulsionado pelo crescimento da demanda. Afim de racionalizar o sistema de ônibus em trajetos específicos, muitas cidades do Brasil criaram corredores ou faixas exclusivas que favorecem as linhas de ônibus em uma determinada via. Com dados da Rio Ônibus – empresa de ônibus operante no Rio de Janeiro, após a implantação dos corredores exclusivos, os usuários tiveram ganho de tempo de até 40% devido ao aumento da velocidade dos ônibus, de 13 km/h para 24 km/h, tendo em vista que os corredores funcionam de segunda a sexta, de 6h às 21h, e aos sábados de 6h às 14h. Cidades como Belo Horizonte, Fortaleza, Manaus e Niterói implementaram sistemas de BRS recentemente. No entanto, a cidade de São Paulo já possui o 22 sistema adotado há muitos anos. Dentre as características do sistema de corredores exclusivos para ônibus, podemos citar: - Aumento da velocidade operacional dos ônibus; - Fluidez na circulação viária para ônibus; - Sinalização de prioridade no sistema viário;- Reduz o consumo de combustíveis e emissão de poluentes; - Impacta positivamente na mobilidade da cidade. CIDADES INTELIGENTES O termo Cidade Inteligente teve origem no final da década de 1990 e, desde então, este modelo vem ganhando força e sendo adotado por grandes empresas de tecnologia (HARRISON; DONNELLY, 2011). Isso porque, dos vários conceitos que existem para o termo, a abordagem mais tecnológica se destaca: Uma cidade que combina a tecnologia de informação e comunicação e a tecnologia Web 2.0 com esforços de organização, concepção e planejamento para desmaterializar e agilizar os processos burocráticos, além de ajudar a identificar soluções novas e inovadoras para a complexidade do gerenciamento da cidade, a fim de melhorar a sustentabilidade e as condições de habitação (TOPPETA, 2010). O intuito é deixar a cidade mais inteligente, menos destruidora, conectada em vários aspectos e gerando novas formas de relações. Apesar do sistema de uma cidade inteligente depender da base tecnológica, vários outros aspectos são importantes para o perfeito funcionamento de todos os seus processos. De acordo com (CHOURABI et al., 2012), os fatores chave de sucesso das iniciativas de Cidades Inteligentes, combinados de forma positiva, são: ▪ Gestão e organização: Fundamental para o bom planejamento de todos os processos e sistemas de uma cidade inteligente, solução de problemas e alcance de objetivos; ▪ Tecnologia: Há uma dependência por tecnologias de computação inteligentes aplicadas em componentes de infraestrutura e serviços; 23 ▪ Governo: Considera-se que um governo inteligente e a participação dos stakeholders constituem o núcleo das iniciativas inteligentes. Um governo capaz de gerir bem esses projetos deve apresentar, principalmente, colaboração, comunicação e transparência; ▪ Política: As barreiras políticas devem ser eliminadas para a completa implementação e execução dos projetos. Se os interesses políticos interferirem nos objetivos ideais, os resultados serão afetados; ▪ Pessoas e comunidades: Fator que foca na participação em governança e gestão da cidade, tornando-os usuários ativos; ▪ Economia: A criação de um ambiente propício ao desenvolvimento industrial e econômico é crucial para o sucesso; ▪ Infraestrutura construída: Além de apresentar-se em ótimo estado, é fundamental que se integre com toda a infraestrutura tecnológica; ▪ Ambiente natural: Visa-se a sustentabilidade e o melhor gerenciamento de consumo de recursos naturais, o que trará melhores condições de habitação. As propostas de implementação de uma cidade inteligente integram operações de infraestrutura urbana e serviços, como prédios, mobilidade, distribuição de água e energia, tratamento de lixo, segurança pública, assistência médica e rede de educação (HARRISON; DONNELLY, 2011). Informações integradas podem antecipar ações. Além disso, melhoram o funcionamento individual dos sistemas, de modo que cada área apresenta soluções específicas de desempenho mais inteligente. Para ilustrar e clarear o funcionamento desse sistema suponha suponhase que o departamento de trânsito de uma cidade recebe o comunicado da central de água que um cano estourou debaixo de uma rua específica e será necessária a perfuração do solo para resolver o problema. O departamento de trânsito envia um alerta de congestionamento para a população por meio de aplicativo de celular, propondo uma nova rota de trânsito, o uso de bicicletas ou a utilização de transporte público, para evitar que o problema identificado gere novos problemas. Se um cidadão, ao escolher se locomover de bicicleta nota um buraco na ciclovia, pode fotografar a situação e comunicar o centro de operações da cidade por 24 meio de aplicativo e logo recebe a resposta de que o problema será resolvido no mesmo dia, já que o centro de operações recebeu um alerta da central climática de uma chuva à noite que provavelmente irá alagar o buraco e poderá causar acidentes depois. Com a ascensão das iniciativas de Cidades Inteligentes, um sistema urbano colaborativo e inovador se torna o objetivo das grandes cidades que abrigam um alto índice populacional. Desse modo, a manutenção e o desenvolvimento da cidade se apoiarão na boa condição do espaço urbano e no uso eficiente de recursos, que elevará a qualidade de vida dos habitantes e suas experiências na cidade, eliminando as barreiras à integração social (LEITE, 2012). SOLUÇÕES INTELIGENTES PARA MOBILIDADE URBANA Quando se trata de mobilidade urbana e sua crise, os governos quase sempre procuravam soluções pautadas em grandes investimentos para melhoria e ampliação de infraestrutura física da malha viária, devido ao uso tradicional e inegavelmente cômodo de veículos motorizados individuais, os quais crescem constantemente em quantidade em circulação. Nos últimos anos, os gestores começaram a prestar mais atenção no fato de que as pessoas não têm apenas a alternativa de usar carros e ônibus para se locomoverem e que, também, chega um momento de esgotamento do solo, onde não há mais para onde expandir, criando um ambiente caótico e poluído, onde também não há estacionamento suficiente. É por isso que planos de soluções inteligentes para mobilidade urbana surgem cada vez mais, de forma eficiente e inovadora, mas que somente revelarão seus efetivos resultados se forem implementados de forma integrada, construindo uma cidade realmente inteligente em toda a sua extensão e departamentos. Em reportagem do jornal Estadão (2016) estão estampadas palavras de Renata Marè, pesquisadora de engenharia de computação e sistemas digitais e professora convidada da Universidade de São Paulo. 25 Ela diz: O grande equívoco é chamar de ‘cidade inteligente’ uma cidade que tem algumas ações inteligentes isoladas. Para ser considerada assim é necessário que essas ações sejam completamente integradas e com troca de informações, o que não ocorre hoje em nenhuma cidade brasileira. Em 1951, o economista William Vickrey ganhou o Prêmio Nobel por idealizar a melhor maneira de reduzir o congestionamento de veículos. Sua ideia consistia em cobrar dos motoristas, de carros, táxis e ônibus, taxas de custo de seus próprios deslocamentos e uma taxa pelo impacto que eles causam aos outros motoristas nas vias públicas, considerando fatores como: gasto de tempo, combustível, depreciação do automóvel e das vias (GLAESER, 2011). Mesmo sendo de décadas atrás, as ideias de Vickrey são pertinentes hoje. Em muitas regiões dos Estados Unidos e em Cingapura são utilizados sistemas eletrônicos de pedágio que reduziram os problemas com o tráfego. Mas a solução desta crise urbana não passa somente pela cobrança de taxas, pois é uma medida que, se for usada de forma abusiva, se torna impopular e deixa os cidadãos insatisfeitos. De acordo com Paraense (2011), um sistema harmônico de mobilidade urbana é baseado em uma tríade: ▪ Cidade: Deve estar integrada em toda sua extensão, compartilhando informações importantes, antecipando ações que reduzam congestionamentos, acompanhando o movimento das vias e gerenciando os modais públicos; ▪ Rede de sensores: É necessário gerar e fornecer informações sobre vias e meios de transporte, além de acompanhar o tráfego e controlar o fluxo; ▪ Pessoas: Devem ser tratadas não só como usuárias anônimas, mas como clientes que querem ter suas demandas atendidas da melhor forma possível. ▪ Além de quererem receber informações, estão dispostas e prover informações em tempo real. Apesar desses fatores, o autor ainda fala que esta tríade deve ser “capaz de suportar gestores públicos e pessoas, que são os agentes que efetivamente constroem uma mobilidade urbana sustentável”. 26 Um exemplo de empresa que tem se focado em soluções para mobilidade urbana em Cidades Inteligentes é a IBM. Uma desuas soluções é o half-car. Na apresentação desta ideia, a empresa traz como não efetivas as decisões que governos normalmente fazem, como ampliação de infraestrutura ou aumento do preço e imposto sobre os veículos. O half-car é baseado no fato de que na maioria do tempo os bancos de trás dos carros estão vazios, o que gasta muito espaço das vias e causa congestionamentos. Então, a proposta é oferecer carros menores, removendo os lugares vazios, além de reservar uma faixa das vias especialmente para esse tipo de carro. Tal situação tende a fazer com que os motoristas migrem para carros menores e aumentem a fluidez do tráfego. Na Califórnia uma solução parecida já está implementada e dando resultados, onde uma faixa da rodovia é reservada para veículos particulares que contenham duas pessoas ou mais. Quem infringe a regra, é multado em mil dólares. Unificação eletrônica de tarifas, instalação de lombadas, exclusividade de faixas, melhora na infraestrutura, incentivo ao uso de bicicletas ou transporte público, cobrança de taxas de congestionamento, painéis rastreadores de transporte público, muitas são as pontuais propostas de solução da crise de mobilidade urbana 19 das cidades, mas o que se deve sempre lembrar é que todo e qualquer modal de locomoção deve estar integrado, para não haver um sistema com rupturas. As informações devem ser passadas em tempo real e os imprevistos identificados antecipadamente para que o cidadão possa decidir sua trajetória e como se locomover sem estresse, com qualidade e rapidez. Mas, além de todos os fatores tangíveis que podem ser desenvolvidos, um fator subjetivo se demonstra bastante influente: a consciência do ser humano, seja morador da cidade, político ou governante. Mudanças exigem vontade, paciência e persistência e o cidadão deve ter na cabeça o desejo de melhorar, de respeitar regras e de ser sustentável, não só por ele, mas pelos outros e pelo planeta. No seminário Cidades em Movimento, durante o Construction Summit 2016, José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia de São Paulo, disse que "uma cidade inteligente só é possível se formada por pessoas inteligentes, civilizadas. A melhor tecnologia, o 27 melhor software, o melhor hardware não servirá de nada sem o 'humanware', que é o lado humano, a interação das pessoas" (JCRS, 2016). A ideia de pessoas civilizadas se refere ao comprometimento com o modelo, dentro do que lhes esperam um posicionamento e em aspectos em que podem fazer a diferença. Além de todos esses exemplos, outras soluções são observadas. Todas funcionam integradas e apresentam o melhor desempenho de frequência, tempo, segurança, confiabilidade, conforto e acessibilidade para os cidadãos. Nesse sentido, a mobilidade urbana de Londres surge como um exemplo de sustentabilidade e integração entre metrô, trem, táxi, bicicleta, ônibus, barco e bonde. Milman (2012) descreve, em Londres, um painel eletrônico que avisa quando tempo falta para o ônibus chegar ao ponto. Com pontualidade, que é prérequisito, suas portas se abrem para passageiros entrarem, passarem os cartões de cobrança em um leitor digital e, rapidamente, sentarem. Lá, todas as tarifas de transportes públicos são unificadas em um cartão magnético para que a cobrança aconteça da forma mais rápida e cômoda possível. Os preços para locomoção são bem acessíveis. As ruas do centro da cidade possuem pedágios que cobram taxas de congestionamento, além de os estacionamentos serem caros, para estimular o uso de transporte coletivo. O metrô de Londres tem 80% de aprovação por parte de seus usuários e cerca de 90% dos londrinos moram a menos de 400 metros de uma estação. Se escolher ir até a estação de bicicleta, há onde deixá-la segura até voltar. Boris Johnson, prefeito de Londres desde 2008, trouxe a ideia de uma mobilidade urbana sustentável. Ônibus e táxis se tornaram mais híbridos, mas sem perderem a estética clássica. Implantou o sistema de aluguel de bicicletas com acesso 24 horas. As bicicletas se tornaram uma boa alternativa de transporte pela cidade, que conta com uma vasta rota de ciclovias, com sinalização adequada. Chede (2011) afirma que, embora os problemas de transporte sejam parecidos, não se pode aplicar uma solução eficaz de uma cidade em todas as outras, pois cada uma tem seus modos mais específicos de mobilidade, ou seja, a solução bem-sucedida de uma cidade que se baseia em transporte por carros particulares não seria boa em uma em que bicicletas ou pedestres prevalecem. É nesse sentido que 28 o planejamento, e todos os fatores vistos no referencial teórico deste trabalho, se tornam imprescindíveis para a criação de uma cidade inteligente. 29 REFERENCIAS ABRACICLO – Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares. Produção de janeiro a agosto de 2017. Acesso em: 29 de Setembro de 2017. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, RJ, 2004. PNMU – Política Nacional de Mobilidade Urbana. Lei N. 12.587. Brasília, 3 de Janeiro de 2012. CHEDE, C. T. Tecnologia para transporte inteligente. IBM, 7 fev. 2011. Disponível em: https://www.ibm.com/developerworks/community/blogs/ctaurion/entry/tecnologia_par a_transporte_inteligente?lang=en. Acesso em: 27 de novembro de 2015. CHOURABI, H., NAM, T., WALKER, S., GIL-GARCIA, J. R., MELLOULI, S., NAHON, K., PARDO, T.A., SCHOLL, H. J. 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