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Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO NEURO MÓDULO 8 PROFESSORA ANE DUNCK 1. Epilepsia ........................................................................................................ 2 2. Síndromes neurológicas ............................................................................. 9 3. Cefaleia ....................................................................................................... 20 4. Doenças vasculares encefálicas ............................................................ 28 5. Demências .................................................................................................. 39 Obs.: Em azul estão as observações da professora Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 2 NEURO Epilepsia Crise epiléptica: ocorrência transitória de sinais e sintomas decorrentes de descargas hipersincrônicas e excessivas de uma população de neurônios Obs.: Crise convulsiva à não necessariamente apenas evento motor (por ex, pode ser um formigamento) Obs.2: Crise epiléptica não é sinônimo de epilepsia • Mioclônica = contração rápida muscular, parece um susto • Tônica = mantém o tônus, contraído • Clônica = tonifica e relaxa, parecem tremores Epilepsia: predisposição persistente do cérebro para gerar crises epilépticas recorrentes • Ocorrência de 2 crises não provocadas separadas por intervalo de +24h (médico autorizado, iniciar tratamento) • Ocorrência de 1 crise não provocada e chance de pelo menos 60% de recorrência nos próximos 10 anos o Após a 2ª crise risco de 61 a 87% o Demonstração de lesão estrutural prévia (AVC/infecciosa/TCE) o Alterações EEG por ocasião da 1ª crise • Diagnóstico de síndrome epiléptica (ex.: epilepsia autolimitada da infância com descargas centrotemporais, síndrome de West, etc) Ø Importância do EEG e da neuroimagem! Primeira crise • Em 30% dos casos é sintomática aguda (provocada) - Distúrbios metabólicos graves / abstinência de drogas / álcool ou medicamento / intoxicação por drogas e envenenamento (dentro de 24h) - Distúrbios neurológicos agudos como AVE, cirurgia cerebral, anóxia, TCE (dentro de 1 semana) - Encefalite (durante vigência da infecção) *Apresentam ¯risco de desenvolver epilepsia e muito relacionada à rapidez como se instala o quadro SINAIS E SINTOMAS - Vigil mas comprometimento da percepção de si próprio e do ambiente (crise disperceptiva à no adulto!) - Eventos motores - Eventos sensitivos/sensoriais - Eventos autonômicos - Eventos psíquicos *Percebidos por paciente/observador ETIOLOGIA • Genética: transmitida geneticamente (ex.: presumido por histórico familiar), mas também “mutação de novo” • Estrutural: lesão estrutural visível em exame de imagem / choque regular .Atônica: perde o tônus (pode ser uma síncope). .Mioclônica negativa: para baixo e contrai. Quanto mais perto do córtex, maior a chance de ter uma crise epiléptica (ex: cisticercose); quanto mais na substância branco, menores as chances Classificação é com o eletro OBS: -A crise de ausência é mais comum na infância; -No adulto a parada comportamental é uma crise focal no lobo temporal (tônica, mioclônica..) (perde sentidos, como olfato) (rubor facial, perde contração esfincteriana, taquicardia, alteração respiratória) (déjà vu, não para de repetir uma palavra) SP1 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 3 • Metabólica: defeito metabólico com sintomas sistêmicos • Imunológica: Evidência de processo autoimune (ex.: Anti receptor NMDA) • Infecciosa: Neurocisticercose, Toxoplasmose, HIV... • Desconhecida: causa não determinada Classificação dos tipos de crise da ILAE • Crise de início focal à originam-se em rede neuronal limitada a 1 hemisfério (ex.: sinais clínicos unilaterais) • Crise início generalizado à originam- se em algum ponto da rede neuronal e rapidamente se distribuem em redes neuronais bilaterais (maioria com perda de consciência; apenas mioclônica pode ainda ter consciência) • Crises focais perceptivas à percepção de si próprio e do ambiente preservada • Crises focais disperceptivas à sem percepção de si próprio e do ambiente, comprometida em qualquer momento da crise focal; ex.: automatismos semelhantes ao normal Obs.: Ausência x Disperceptiva - Ausência = na infância; é generalizada; a pessoa não tem aura; não tem automatismos, bem sutil e rápida (10s) - Disperceptiba = é focal; do adolescente em diante; tem aura; dura mais tempo • Crises focais hipercinéticas à movimentos exagerados, fáscies de medo, possíveis gritos; movimentos de tronco Regiões corticais e manifestação epiléptica focal... - Crises epilépticas não são apenas motoras, mas também sensitivas! - Restante do cérebro são áreas de associação Homúnculo de Penfield à no sulco central do córtex frontal (área rolândica); representação das áreas somatotrópicas sensorial e motora (doenças mitocondriais, de depósito..) + (saudação) * crises motoras > área frontal direita do cérebro > lobo frontal ; perde a consciência e tem automatismos *abdominal *sulco central divide lobo frontal do parietal giro pós-central giro pré-central * mais comum as crises afetarem braços e rosto devido ao tamanho da área (minutos) - Lesão na região occipital (alterações visuais); giro pré-central (motoras); giro pós central (sensitivas); regiões anteriores (disperceptivas – hipermotoras; crises versivas de virar a cabeça); superiores (perceptivas). Se virar a cabeça antes da crise, pode ser lobo frontal ou occipital. Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 4 EPIDEMIOLOGIA - A epilepsia é + comum na criança, atinge seu máximo na 1ª infância ( 50 anos) - Epilepsia população global torno de 1% - Crise na população global à 8% FISIOPATOLOGIA - Epileptogênese é a sequência de eventos, contínuo e prolongado, que converte uma rede neuronal normal em uma rede hiperexcitável LOBO FRONTAL * +anterior, chance de perder a consciência; +perto do córtex, ¯chance - Crise versiva perceptiva (zona próxima a área motora primária) ou disperceptiba (zonas mais anteriores do lobo frontal) - Crise clônica (abalos regulares de menos de 1-2 segundos) - Crise hipermotora (chute, pedalada, impulsões pélvicas) com vocalizações, automatismos sexuais, risos e agitação; *estereotipados/aparência agitada – simulam movimentos normais (podem ocorrer também em lesões insulares e de lobo temporal) - Afasia motora ou bloqueio da fala LOBO PARIETAL *área sensitiva no giro pós-central - Parestesias - Metamorfopsia (sensação do corpo maior ou menor) LOBO OCCIPTAL - Alucinações visuais, cegueira, palinopsia (sensação de que algo permanece no campo visual), amaurose branca (tudo fica branco) - Sintomas oculomotores: desvio tônico ou clônico dos olhos, nistagmo, piscamento repetitivos, clonias palpebrais - Vômito ictal - Cefaléia ictal ou pós-ictal LOBO TEMPORAL * crise disperceptiva; passa batido esse tipo de crise; fazer as perguntas certas ao paciente; muitas vezes queixas de perda de memória (que na verdade é perda de responsividade) >> Sequência de eventos: 1. 90% refere aura (fenômeno sensorial consciente) – maioria abdominal (peristaltismo) 2. Reação de parada e fixação do olhar (não confundir com ausência, porque tem a aura) 3. automatismos simples (oroalimentar) ipsilaterais e postura distônica da mão contralateral 4. automatismos complexos ou evoluindo com crises bilaterais convulsivas hipercinética Alice no país das maravilhas > sensação de membro maior do que é; área parietal (área de interpretação) S.N. autônomo Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC- Cefaleia progressiva (sugere tumor) Doenças vasculares encefálicas “AVC é a síndrome clínica caracterizada por sintomas/sinais neurológicos focais de rápida evolução, com duração +24h ou que levem à morte sem causa aparente que não a vascular” + EXAMES DE IMAGEM § AVE isquêmico § Ataque isquêmico transitório § AVE hemorrágico intraparenquimatoso § Hemorragia subaracnoide ANATOMIA VASCULAR SP 4 (cefaleia pós - raqui) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 29 AVE Isquêmico - Súbita instalação de déficit neurológico focal persistente, consequência de isquemia seguida de infarto no parênquima encefálico (cérebro, diencéfalo, tronco ou cerebelo) - Decorrente da oclusão aguda de uma artéria de médio ou pequeno calibre > Tipo embólica (maioria): trombo proveniente de local distante que caminha pela circulação arterial até impactar na artéria) § Cardioembólico (fonte emboligênica é o coração): FA à trombo no AE; IAM de parede anterior à trombo no VE; cardiomiopatoa dilatada à trombo np VE ou AE § Arterioembólico (fonte é placa aterosclerótica instável na carótida comum, na bifurcação carotídea ou artéria vertebral > Tipo trombótica: trombo formado na própria artéria envolvida § Lacunar: infarto 50 ml/100 mg/min) - Quando a isquemia é prolongada ou grave ( 60 anos, síndrome metabólica, arritmias (FA), Chagas, valvopatias, coagulopatias + chances em hipertensos (lesão endotelial favorece formação de trombos, oclusão); (80%) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 30 • Quadro clínico: a artéria + comprometida no AVE isquêmico é a cerebral média SÍNDROMES DA CEREBRAL MÉDIA Oclusão na origem - Lobo frontal, parietal e parte superior do temporal >> Hemiparesia/plegia contralateral desproporcionada, com predomínio braquifacial e disartria com desvio da língua para a hemiplegia (córtex motor, coroa radiada, cápsula interna), desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia nos primeiros três dias (área do olhar conjugado), apraxia contralateral braquial (córtex pré-motor), hemi-hipo/anestesia contralateral, astereoagnosia (córtex somatossensorial e associativo) - Se no hemisfério dominante ou esquerdo, +afasia global (Broca + Wernicke) e síndrome de Gerstmann - Se no hemisfério não dominante, +anosognosia (não reconhece a hemiplegia à esquerda) ou heminegligência (não reconhece seu lado esquerdo), amusia (incapacidade de reconhecer músicas) - Infarto grande, edema pode causar desvio de linha média c/ hipertensão intracraniana; pode evoluir c/ rebaixamento da consciência e até herniação cerebral Oclusão dos ramos lenticuloestriados - AVE lacunar, levando apenas à: >> Hemiparesia/plegia contralateral (cápsula interna) Oclusão do ramo superior - Tipo + comum de AVE isquêmico! - Lobo frontal e parte anterior do parietal >> Hemiparesia/plegia contralateral desproporcionada, com predo- mínio braquiofascial e disartria com desvio da língua para a hemiplegia (córtex motor, coroa radiada, cápsula interna), desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia nos primei- ros três dias (área do olhar conjugado), apraxia contralateral braquial (córtex pré-motor), hemi- hipo/anestesia contralateral, astereoagnosia (córtex somatossensorial e associativo) - Se for no hemisfério dominante ou esquerdo, acrescenta-se afasia de Broca (afasia motora) - A lesão de ramos menores pode causar apenas afasia de Broca Oclusão do ramo inferior - Lobo parietal e parte superior do temporal - Não causa hemiplegia nem hemianestesia >> No hemisfério dominante, cursa com afasia de Wernicke (afasia sensorial) e síndrome de Gerstamann (apraxia ideomotora, agrafia, alexia, acalculia, desorientação esquerda- direita, agnosia digital) >> No hemisfério não dominante, cursa com heminegligência, apraxia construcional e amusia - A lesão de ramos menores pode causar apenas afasia de Wernicke ou apenas a síndrome de Gerstmann ou apenas amusia (maioria não tem cefaleia) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 31 SÍNDROMES DA CEREBRAL ANTERIOR Oclusão unilateral - Lobo frontal e parietal medial anterior unilateral >> Hemiparesia/ plegia, apraxia contralateral e hemi-hipo/ anestesia do membro inferior contralateral Oclusão bilateral - Quando os 2 segmentos distais das cerebrais anteriores se originam de apenas 1 segmento proximal (atresia do segmento proximal do lado oposto) e ele é ocluído >> Paraparesia/ plegia, com perda da sensibilidade nos membros inferiores, apraxia da marcha, síndrome do lobo frontal (abulia ou mutismo acinético, disfunção esfincteriana) SÍNDROMES DA CEREBRAL POSTERIOR Oclusão dos ramos do segmento proximal (mesencéfalo, tálamo) • Síndrome de Weber (síndrome cruzada piramidal do III par): AVE do pedúnculo cerebral, hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral + paralisia do III par ipsilateral, que pode ou não ser acompanhada de parkinsonismo (lesão da substância negra) e hemibalismo contralateral (lesão do núcleo subtalâmico). • Síndrome de Benedikt (síndrome do núcleo rubro): AVE do tegmento mesencefá- lico, tremor cerebelar e/ou coreia contrala- teral (síndrome do núcleo rubro) + paralisia do III par ipsilateral • Síndrome de Dejerine-Roussy: AVE do tálamo posterolateral (artéria talamogeniculada), hemianestesia contralateral + dor talâmica espontânea (refratária a analgésicos, responde à carbamazepina) • Síndrome talâmica anterolateral (artéria talamoperfurante), tremor cerebelar e/ou coreoatetose Oclusão bilateral no segmento proximal - Todo o mesencéfalo - Embolia na bifurcação da basilar - Infarto extenso do mesencéfalo, levando ao coma, pupilas não reativas, tetraparesia Oclusão unilateral no segmento distal - Lobo occipital. Hemianopsia homônima contralate- ral; se acometer o hemisfério dominante (es- querdo), agnosia visual. Se acometer a área próxima ao lobo parietal no hemisfério não dominante (direito) • Síndrome de Balint: simultânea agnagnosia, apraxia óptica, ataxia óptica Oclusão bilateral no segmento distal - Lobos occipitais • Síndrome de Anton:cegueira cortical, sem reconhecimento deste estado • Síndrome de Balint Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 32 SÍNDROMES DA BASILAR Oclusão dos ramos medianos ou circunferenciais: porções da ponte • Síndrome de Millard-Gubler-Foville (ponte baixa anterior): síndrome cruzada do VII e/ou VI par >> Hemiplegia braquiocrural contralateral, paralisia facial periférica ipsilateral, acometimento do VI par ipsilateral (diplopia e estrabismo convergente, quando olha para o lado da lesão, contrário à hemiplegia) • Síndrome do tegmento pontino (ponte média dorsal): síndrome cruzada sensitiva do V par, síndrome cruzada do VII e VI par, síndrome vestibular ipsilateral (vertigem rotatória, lateropulsão, nistagmo), síndrome de Horner ipsilateral (comprometimento do feixe simpático central), ataxia cerebelar ipsilateral, perda da sensibilidade vibratório- proprioceptiva contralateral Oclusão da cerebelar superior - Quase todo o hemicerebelo • Síndrome cerebelar (ataxia cerebelar) ipsilateral + vertigem rotatória, nistagmo Trombose da basilar - Toda a ponte • Síndrome locked in (enclausuramento): paciente lúcido, mas tetraplégico, mexendo apenas os olhos • Síndrome pseudobulbar: disfonia e disfagia graves pelo comprometimento piramidal bilateral - O quadro costuma ser subagudo (AVE em evolução) SÍNDROMES DA VERTEBRAL (BULBAR) Oclusão da vertebral ou da PICA - Bulbo dorsolateral • Síndrome de Wallemberg: síndrome sensitiva cruzada do V par – hemi- hipo/anestesia contralateral + hemi- hipo/anestesia facial ipsilateral, disfagia + disfonia graves (síndrome bulbar), pelo comprometi- mento do núcleo ambíguo (IX e X par), síndrome vestibular ipsilateral (vertigem rotatória, lateropulsão, nistagmo), síndrome de Horner ipsilateral, ataxia cerebelar ipsilateral (acometimento do feixe espinocerebelar), soluços incoercíveis - Não há deficit motor! Oclusão dos ramos medianos da vertebral - Bulbo anteromedial • Síndrome de Dejerine: síndrome cruzada do XII par (hemiplegia contralateral, sempre flácida + paralisia do hipoglosso ipsilateral, com disartria) - A língua desvia para o lado contrário à hemiplegia REGRAS!!! Ø Sugere território carotídeo (cerebral média anterior): afasia, síndromes cerebrais Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 33 clássicas (Gerstmann, amusia, agnosias, síndrome do lobo frontal, etc.) Ø Sugere vertebrobasilar (cerebral posterior, tronco): hemianopsia, agnosia visual, síndrome de Balint, síndrome de Anton; diplopia sugere AVE de tronco; vertigem e nistagmo sugerem AVE pontinho ou cerebelar; ataxia cerebelar sugere AVE de cerebelo, mesencéfalo (núcleo rubro) ou tálamo Ø Síndromes típicas de infartos lacunares: (1) hemiplegia fasciobraquiocrural (cápsula interna); (2) afasia de Broca +/- hemiparesia; (3) hemianestesia (tálamo ventrolateral); (4) disartria com apraxia da mão e braço; (5) hemiparesia atáxica • Diagnóstico: Todo paciente com déficit neurológico focal de início súbito que dura mais de 15-20 minutos deve ser encarado como AVE - A presença de uma das síndromes sugere fortemente AVE isquêmico, embora a TC de crânio não contrastada seja sempre ESSENCIAL para DESCARTAR AVE hemorrágico! - A TC de crânio, nas primeiras 12-24h, geralmente não mostra o AVE isquêmico, pois o infarto só tem expressão radiológica na TC após 24- 72h, como área hipodensa (“cinza”) acompanhada de edema - A RM é um exame de maior acurácia do que a TC no diagnóstico do AVE isquêmico, utilizada a sequência T2 ou o FLAIR (atenuação de fluido); capaz de diagnosticar o AVE de tronco encefálico, impossível de ser visualizado na TC - O Doppler transcraniano pode ajudar a descobrir qual a artéria intracraniana obstruída - Para o diagnóstico etiológico, os exames + importantes são: ECG (diagnóstico de FA), ECO (trombos) e doppler de carótidas • Tratamento fase aguda (3 primeiros dias): • Medidas de suporte: paciente deitado, dieta iniciada em 48h, evitar hiper- hidratação e soro glicosado (prevenir hiponatremia e hiperglicemia) e exames Obs.: PA à não abaixar a PA no 1º dia, a não ser que esteja acima de 22x12, pois a penumbra isquêmica é nutrida por colaterais que dependem diretamente da PA para manter seu fluxo; se a PA for reduzida, a penumbra se converte em infarto • Medidas específicas: - Antiangregante plaquetário dentro das primeiras 48h do AVEi - Heparina em dose profilática - Trombolítico: dentro das primeiras 3h seguindo critérios de inclusão/exclusão • Tratamento fase crônica: - Depende da etiopatogenia - AVE cardioembólico à anticoagulação plena permanente (cumarínicos orais) - AVE arterioembólico: AAS/clopidogrel uso contínuo - Antidislipidêmicos - Reabilitação - Profilaxia secundária para evitar próximo evento (varfarina) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 34 Ataque isquêmico transitório - Déficit neurológico focal reversível, transitório, cuja definição formal prevê duração máxima de 24h; maioria reverte dentro dos primeiros 60min Obs.: gera pequena lesão SIM, mas acaba se resolvendo - Geralmente causado por pequenas embolias arterioarteriais a partir das carótidas ou vertebrais - Decorre de trombose em evolução, ou quando do surgimento de baixo débito cardíaco (por vários motivos) em pacientes com placas de ateroma bilaterais nas carótidas obstruindo mais de 50% do lúmen - Manifestações semelhantes às do AVE, só que transitórias - Amaurose fugaz é um subtipo de AIT no qual pequenos êmbolos se alojam transitoriamente na origem da artéria oftálmica - Os exames indicados são o duplex- scan de carótidas e vertebrais, ECG e ecocardiograma transtorácico. Exames eventualmente necessários: Doppler transcraniano, eco transesofágico, angio-TC, angio-RM, angiografia convencional - Tratamento se baseia na prevenção do AVE isquêmico, através de medicamentos e/ou conduta intervencionista AVE hemorrágico intraparenquimatoso - O AVE hemorrágico representa 20% de todos os AVE, sendo a mais comum a hemorragia intraparenquimatosa, seguida pela hemorragia subaracnoide • Fisiopatologia: o mais comum é o AVE hemorrágico hipertensivo, causado por lesão crônica de pequenas artérias perfurantes (as mesmas do AVE lacunar), promovendo fragilidade da parede vascular e formação de pequenos aneurismas (aneurismas de Charcot-Bouchard); rompimento desses aneurismas (em geral durante pico hipertensivo) provoca AVE hemorrágico intraparenquimatoso hipertensivo; o local mais acometido é o putâmen • Quadro clínico: Manifesta-se com quadro súbito de cefaleia intensa, déficit neurológico focal e rebaixamento do nível de consciência, em geral dentro de algumas horas Hemorragia do putâmen - Entre o putâmen e o tálamo está justamente a cápsula interna - Cursa com um quadro súbito de hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral - Pode haver desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia, pelo comprometimento das fibras do lobo frontal - A hemorragia pode se estender para ventrículos laterais (hemoventrículo) Hemorragia talâmica - Hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral, associada neste caso à hemianestesia para todas as sensibilidades, acompanhando a hemiplegia - Pela extensão da hemorragia para o hipotálamo (núcleos do sistema nervoso simpático) e teto do mesencéfalo (controla o desvio dos (definição atual) antiga/ (80%) (20%) *putâmen e tálamo são os locais mais importantes para causa hipertensiva (charcot-bouchard) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 35 olhos para cima), são comuns alterações oculares e pupilares: desvio dos olhos para baixo e para dentro (ambos olhando para o nariz) ou para o lado dahemiplegia (wrong way eyes: olhando para o lado errado, já que lesões supratentoriais deveriam desviar o olhar para o lado contrário ao da hemiplegia...), pupilas mióticas, anisocoria, com pupila menor do lado da hemorragia (síndrome Horner) - Ainda pode haver a chamada afasia talâmica, se a hemorragia for no hemisfério dominante (tálamo esquerdo) - É comum a hemorragia se estender para o terceiro ventrículo, agravando o quadro Hemorragia do cerebelo - Quadro idêntico ao do infarto cerebelar: vertigem, náuseas, vômitos e ataxia cerebelar aguda, que pode ser uni ou bilateral - O grande risco é seu efeito expansivo, que pode comprimir o IV ventrículo e levar à hidrocefalia obstrutiva, HIC e estado comatoso - A complicação mais temível é a compressão do bulbo pelas amígdalas cerebelares e herniação através do forame magno - O resultado pode ser a apneia súbita, levando a óbito Hemorragia de ponte - Paciente desenvolve quadriplegia súbita, coma e pupilas puntiformes e fotorreagentes - A descerebração, a hiperpneia e a hiperidrose são achados comuns - Os reflexos oculocefálico e oculovestibular são perdidos, e a letalidade beira os 90% • Diagnóstico: TC de crânio não contrastada ou RM • Tratamento: terapia de suporte; drenagem em último caso, se preciso Hemorragia subaracnoide - A Hemorragia Subaracnoide (HSA) espontânea ocorre pela rotura de um aneurisma sacular congênito e, menos comumente, pela rotura de uma Malformação Arteriovenosa (MAV) - Geralmente se localizam nas artérias do polígono de Willis (cerebral média, cerebral anterior, comunicante anterior, comunicante posterior, cerebral posterior) • Quadro clínico: - 35-55 anos: rotura espontânea de aneurisma sacular congênito - 15-30 anos: rotura de malformação vascular arteriovenosa - Cefaleia holocraniana de início súbito e de forte intensidade (“em trovoada”), evoluindo, em metade dos casos, com síncope (perda súbita e transitória da consciência); ao acordar da síncope, o paciente se lembra da dor - A rigidez de nuca aparece geralmente após o 1º dia - A fundoscopia pode mostrar as hemorragias sub-hialoides (PA, Tº...) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 36 - Rotura do aneurisma de comunicante posterior à jato hemorrágico comprime diretamente o III par craniano (oculomotor) à paciente chega com anisocoria (midríase no lado da lesão), diplopia e estrabismo divergente à após o 3º dia (entre 4-14 dias do início dos sintomas), ocorrem as complicações - Normalmente não há déficit focal porque o sangramento é justamente no espaço subaracnoide Obs.: Trombose venosa profunda à também presdispõe à formação de trombos nos seios de drenagem vascular encefálica à também há cefaleia súbita e intensa • Complicações: ressangramento, vasoespasmo (isquemia cerebral à usar vasodilatador em dose alta), hidrocefalia, hiponatremia • Diagnóstico: tríade cefaleia + síncope + rigidez de nuca à diagnóstico provável é HSA - TC de crânio não contrastada confirma diagnóstico em 95% - Em caso de suspeita de HSA e TC normal à exame liquórico, mostra sangue (primeiras 12h) ou líquido xantocrômico (amarelado), por causa da conversão da hemoglobina-bilirrubina • Tratamento: Nimodipino (vasodilatador) para prevenir vasoespasmos, controle da pressão intracraniana, dieta laxativa, anticonvulsivante CASOS CLÍNICOS CASO 1 Mulher, 45 anos, portadora de cardiopatia chagásica e ritmo de fibrilação atrial, há 6 dias está passando por estresse emocional, fazendo com que ela tenha usado suas medicações de rotina de modo irregular. Hoje durante um telefonema com sua irmã, teve quadro de acidente vascular cerebral iquêmico cárdio-embólico. Qual a assertiva correta em relação a esse quadro clínico? a) Caso o acometimento seja da artéria cerebral anterior ela apresentou hemiparesia de predomínio braquiofacial. § Circulação anterior: Cerebral anterior e cerebral média § Circulação posterior: Vertebrais § Se fosse cerebral média, que seria braquio; se fosse anterior, seria perna b) Possivelmente o acidente vascular encefálico ocorreu porque a paciente fez uso irregular de anticoagulante oral c) Em casos de fibrilação atrial a medicação mais indicada para a prevenção de acidente vascular cerebral isquêmico é antiagregante plaquetário § Anticoagulante, não antiagregante! CASO 2 Mulher, 76 anos apresentou episódio de perda visual monocular fugaz. É tabagista, dislipidêmica e hipertensa. Nega outros sintomas. Qual é a melhor explicação neurológica para o caso? Classificações: -TOAST -NIH / basilar / crural *proporcionada: fraqueza igual no braço e perna *desproporcionada: um dos membros mais fraco que outro *normalmente em lesões profundas > lesão é completa e proporcionada (pega todo o feixe) *área de broca: a. c. média *vérnix: a. c. média Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 37 § Se a pessoa possui placa na carótida, ocluindo mais de 50%, podemos escutar sopro § Pode haver embolia arterio- arterial (liberação de êmbolo da carótida) § Se a pessoa perder visão de um olho só, de forma fugaz, devemos pensar em AIT a) Arterite temporal de células gigantes § Não é a sintomatologia e epidemiologia dessa doença; geralmente paciente idoso com febre, cefaleia, claudicação, dor e região de artéria temporal b) Liberação de êmbolo para a artéria central da retina, a partir de placa ateromatosa de artéria carótida interna c) Rompimento de microaneurismas de Charcot-Bouchard, já que é hipertenso § Microaneurismas por HAS, geralmente não são transitórios; é mais comum em putâmen e tálamo e não gera perda de visão unilateral, mas de um campo por inteiro d) Hipertensão intracraniana e consequente papiledema § Papiledema à edema do disco óptico decorrente do aumento da pressão intracraniana; resultante de causas que não envolvem aumento na pressão intracraniana não é considerado papiledema; não condiz com a história CASO 3 Homem de 63 anos, deu entrada no pronto socorro com quadro de paresia facial padrão infranuclear à direita. Ele está muito preocupado, com medo de que seja “derrame” já que é portador de hipertensão arterial e diabetes. Podemos considerar como assertiva correta nesse caso? § Inflamação do nervo periférico – inflamação de Bell (herpes); paralisia infranuclear do nervo facial; “periférica” à tratar com corticoide (prednisona) e colírios § Quando a lesão é supranuclear à esquerda, deixa todo o lado direito do paciente “fraco” e a rima labial “puxa” para a esquerda; mas os olhos continuam se movendo normalmente § Mesmo que lese de um lado, o restante continua recebendo fibras § Lesões altas corticonucleares poupam a região dos olhos a) Toda a hemiface direita do paciente está paralisada § Rosto aberto, puxando para lado contralateral e a testa não franze b) Apenas o andar inferior da hemiface direita está paralisada § Se supranuclear seria c) No caso deste paciente não esperaríamos encontrar perda gustativa nos 2/3 anteriores da língua § Nervo facial também participa da gustação, então esperaríamos isso sim d) O desvio da rima labial neste caso, é para a direita § Para a esquerda (*risco de perder visão - pode ser permanente) (paciente apenas com hemiface paralisada) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 38 CASO 4 Homem, 66 anos, portador de ritmo de fibrilação atrial, teve quadro de acidente vascular cerebral isquêmico cárdio-embólico hoje, tendo acordado as 7 horas, com déficit neurológico. Chegou no pronto socorro às 7:30 horas. Qual a assertiva correta em relação a esse quadro clínico? a) O paciente chegou ao pronto socorro na janela terapêutica para realização de trombólise endovenosa.§ Até 4,5h pode ser feito; não dá para saber quanto tempo passou, então não pode fazer b) Em casos de fibrilação atrial a medicação mais indicada para a prevenção de acidente vascular cerebral isquêmico é antiagregante plaquetário. § Anticoagulantes! c) Caso o acometimento seja da artéria cerebral anterior ele possivelmente apresentou hemiparesia de predomínio braquiofacial. § Anterior à crural d) Após 48 horas, horas de um acidente vascular encefálico isquêmico a tomografia de crânio provavelmente mostrará hipodensidade no parênquima cerebral irrigado pela artéria obstruída. § Quando hemorrágico, vemos imediatamento hiperssinal (branco) na TC; se isquêmico, pode demorar a ver, e fica cinza (hipodenso) e progressivamente escuro CASO 5 Paciente de 54 anos, deu entrada no pronto socorro com quadro de paresia facial padrão nuclear à direita e hemiparesia esquerda. É portador de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia. Podemos considerar correta a seguinte afirmação, considerando que o mesmo sofreu um acidente vascular encefálico isquêmico (AVCI): § Síndrome alternans § Lesão na ponte (núcleo nervo facial) a) A provável área cerebral acometida é a capsula interna direita. § Não há núcleo de nervo craniano na cápsula interna; se fosse, seria uma paralisia contralateral completa b) Provável área cerebral acometida é o lobo frontal à direita. § Frontal não tem núcleo de nervo craniano, é síndrome alternans!! c) Provavelmente a tomografia de crânio realizada após 24 horas do ictus vascular irá revelar hipodensidade no parênquima cerebral irrigado pela artéria cerebral média direita. § É tronco! Cerebral média não irriga tronco, mas a circulação posterior d) A provável área cerebral acometida é a ponte, à direita. CASO 6 Assinale a alternativa correta: a) Idoso dormiu bem durante toda a noite e acordou às 8 horas da manhã com quadro de hemianopsia à esquerda (comprometimento do campo visual esquerdo). Não apresentava esse déficit previamente. Chegou ao hospital uma hora depois. Caso trate-se de (mais do que isso > risco de sangramento) (ponte) (NC de um lado e hemiparesia do outro) (supranuclear) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 39 acidente vascular cerebral isquêmico podemos considerar que ele se encontrava na janela terapêutica para realização de trombólise venosa no momento que chegou ao hospital. § Se ele acordou assim, não sabemos quanto tempo se passou e não podemos fazer trombólise depois de 4,5h b) As síndromes alternas que podem ocorrer nos acidentes vasculares encefálicos normalmente estão associadas à comprometimento da artéria cerebral média § Artérias da circulação posterior que irrigam tronco c) Paciente vítima de rotura de aneurisma cerebral com consequente hemorragia subaracnóidea poderá apresentar cefaleia em trovoada e ser seguida algumas horas depois por rigidez de nuca § Pessoa pode confundir com meningite § Diferenciar com febre, cefaleia progressiva, mal-estar geral § Diferentemente, no aneurisma, o paciente está bem e tem quadro subido e cefaleia depois d) Afasia de Wernicke associa-se à comprometimento de lobo frontal esquerdo § Afasia de Broca à Cognitivo! § Lesões no lobo frontal dão dificuldades cognitivas; junto com o quadro podemos ter paralisia contralateral; disartria § Artéria cerebral média! Demências A demência é caracterizada por declínio cognitivo ou modificações comportamentais (neuropsiquiátricas) em relação a um nível prévio de desempenho que causa perda da independência para as atividades de vida diária • Critérios diagnósticos: o Declínio de pelo menos 2 domínios cognitivos (já adquiridos) – atenção, memória, agnosias, apraxias... o Declínio interfere nas atividades diárias o Indivíduo alerta (afastar quadro de delirium) - Queixa subjetiva de declínio cognitivo: o Prejuízo subjetivo cognitivo o Atividade diária normal o Não há perdas de pontos nos testes padrões de acordo com a escolaridade - Comprometimento cognitivo leve: o Prejuízo subjetivo cognitivo (corroborado por informantes) o Atividade diária normal o Perda mínima de pontos nos testes padrões o Em torno de 25 % já é Doença de Alzheimer (sem demência ainda) • Epidemiologia: parcelas da população + afetadas pelas demências - Aos 40 anos: 0,1% - Acima de 65 anos: 5-8% - Acima de 75 anos: 15-20% - Acima de 85 anos: 25-50% • Classificação: - Primárias: demências degenerativas progressivas à Demência de Alzheimer; Demência por Corpúsculos de Lewy; Demências fronto temporais (3 variantes) SP 5 (núcleos) (vertebral/basilar) * lesões supranucleares > contralateral da face e do corpo (2/3 inferiores da face recebem fibras apenas contralaterais; 1/3 superior recebe dos dois lados) * lesões nucleares/na ponte > mesmo lado da face e contralateral do corpo > alternans -Agnosia: pessoa sente, mas não interpreta (olfato, visão, tato...); -Anomia (não lembra o nome, mas sabe para o que é); -Apraxia: tem a força normal, mas não consegue realizar um gesto sob comando). (testes normais, mas possui queixas de memória) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 40 - Secundárias: Comprometimento estrutural do SNC; Condições médicas que usualmente resultam em delirium que se não corrigidas cronificam; Desordens psiquiátricas “pseudodemências”; LESÃO EXTERNA CONHECIDA PRIMÁRIAS - Demência de Alzheimer • Fatores de risco: - Idade avançada - História familiar (embora forma esporádica seja mais comum) - As formas pré-senis (/=75 anos, escore >/=3 é anormal; paciente com /= 2 é anormal ...Medicina nuclear (produz mais a ptn beta-amiloide) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 41 – “imagem molecular” radiotraçadores ligantes - PET (TC por emissão de prótons) – hipometabolismo temporoparietal – glicose marcada com fúor-18 (FDG) - Marcadores de proteínas Tau e Beta- amiloide no cérebro - SPECT (hipoperfusão temporoparietal) – HMPAO Obs.: demência x doença - Demência já há comprometimento da vida da pessoa - Doença pode ser sintomática, mas não gera prejuízos • Tratamento: - Anticolinesterásticos (Donepezila/ Rivastigmina/Galantamina) à para aumento da acetilcolina - Memantina (antiglutamatérgica à estágios moderadamente avançados; glutamato é tóxico) - Terapia cognitivo-comportamental - Comorbidades/psicoses/depressão/ insônia >> Não há melhora significativa, só mantém por mais tempo a acetilcolina, o que pode ajudar em certo grau, por um certo tempo PRIMÁRIAS - Corpúsculos de Lewy • Geral: - Sinais motores precoces (parkinsonismo rígido-acinético à lentidão de movimento) - Flutuações cognitivas - Alucinações visuais - Corpos deLewy no tronco cerebral, núcleos suborticais, córtex límbico e neocórtex) - Exames de imagens não específicos >> Diferenciar de DA porque na CL o quadro é súbito e evolui + rápido • Tratamento: - Levodopa (sintomas motores) - Anticolinesterásicos - Antipsicóticos à evitar os típicos porque podem causar sintomas motores; se o paciente já tem parksonismo, vai piorar à usar Quietiapina e Clozapina Obs.: se anticolinesterásicos não resolverem as alucinações, anti- quietiapina e clozapina PRIMÁRIAS - Frontotemporais - Aparece em mais jovens tamb’ém (50-55 anos) Quando suspeitar? - Alteração no comportamento social e da personalidade - Alterações da linguagem Frontotemporais lobares - Demência pré-senil - Alterações precoces de personalidade e de comportamento ou de linguagem - Imagem: atrofias lobares • Apresentações clínicas: - Variante comportamental (3 de 6 sintomas) (50%) - Variante agramática: afasia primária progressiva (14 a 35%) - Variante semântica: afasia primária progressiva (15 a 22%) VARIANTE COMPORTAMENTAL 1- Apatia/Inércia: é o sintoma inicial + comum e geralmente + severo que em outras demências - Perda de interesse, motivação/precisa de ordem para iniciar algo (dano frontal medial e cínculo anterior) 2- Perda da simpatia/empatia: Não se preocupa com o sofrimento, sentimento (tto associado) (primeira alteração > associada a alterações parkinsonianas) (muito inibida ou totalmente desinibida) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 42 do outro/frio/o toque, o abraço e contato visual são evitados (dano frontal medial e temporal anterior direitos) 3- Hiperoralidade e mudanças na dieta: varia desde mudança de hábito alimentar, geralmente preferência por açúcar e gordura até exploração de objetos não comestíveis (dano orbitofrontal, insular, estriatal e temporal direito) à síndrome de Kluver-Bucy 4- Comportamento compulsivo/ perseverativo: movimentos repetitivos simples (tocar, bater palmas,esfregar, riscar, balançar) e discurso estereotipada (dano estritatal) ou comportamentos ritualísticos (checar, limpar, acumular), (dano orbitofrontal, caudado e temporal anterior); esteriotipias 5- Síndrome disexecutiva: se associada à ausência de comprometimento importante de memória episódica e ausência de disfunção visuoespacial têm especificidade de 99% e sensibilidade de 85% para a variante comportamental (região dorsolateral) - Comprometimento da memória de trabalho/planejamento/abstração/ resolução de problemas e flexibilidade mental 6- Desinibição - Paciente perde o “filtro” >> A pessoa precisa 3 desses sinais para se classificar como demência frontotemporal, variante comportamental Obs.: Frontal esquerdo - afasia de Broca - afasia primária progressiva, agramática • Tratamento: - Antidepressivos seletivos serotonina - Antipsicóticos >> Serotonina e dopamina relacionadas ao lobo frontal, por isso anticolinesterásicos não funcionam Demências secundárias 10% dos quadros demenciais - Lesões subcorticais no lobo frontal >> Sinais de alerta: - Manifestação em idade pré-senil (20mm de diâmetro - Área estratégica: Tálamo medial/ Cápsula interna – Tálamo lateral/ bilaterais em globo pálido e núcleo caudado/ giro angular esquerdo/ mesencéfalo/ bilateral de cerebral anterior Lesões estruturais - Hidrocefalia de pressão normal à tríade: apraxia de marcha/ incontinência urinária/demência “frontal” (tap test/tratamento c/ DVP) - Neoplasias à Meningiomas/linfomas - Hematoma subdural à idosos/ alcoolista = atrofia cortical; lentidão cognitiva pode ser o 1º sintoma de hematoma subdural crônico (vem do nada); se fosse agudo, veríamos branco na RM, mas como é crônico, vemos preto (porque o líquor é preto) - Cistos/abcessos Mecanismo autoimune 1) Encefalites límbicas autoimunes e paraneoplásicas - Crises epilépticas disperceptivas/ déficit de memória/sintomas psiquiátricos (tratamento com imunoglobulina) >> Doenças do lobo temporal 2) Meningoencefalites autoimunes responsivas a esteroides = Doença de Sjögren/LES/ADEM – encefzolmielite disseminada aguda/encefalopatia de Hashimoto Highlight doença vascular > secundária *Diagnóstico diferencial com demências do tipo primária *Caso da pct com CA de mama -Ac contra o CA também defendem contra o próprio corpo > atinge células nervosas > demências/encefalite límbica (também pode dar paresterias periféricas e outras); -Pode melhorar com o tto do CA, uso de imunoglobulina, "plasma feres"; -Pode descobrir até 6 anos antes de descobrir o tumor; -Principais sintomas: perda de memória (hipocampo), alt comportamento (hipocampo), crise disperceptivas (lobo temporal); (pode ou não ser paraneoplásica; casos de doença da vaca louca > não tem no Brasil) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 44 Distúrbios metabólicos/nutricionais - Hipovitaminose B12 - Síndrome de Wernicke-Korsakoff (B1) - Hipotiroidismo severo - Insuficiência hepática/renal - Intoxicação por metais pesados e solventes orgânicos - Alcoolismo crônico (degeneração cortical alcoólica/Marchiafava Bignami à lesão dentro do corpo caloso) >> Encefalopatia de Wernicke - Ataxia de marcha - Distúrbio de motilidade ocular (ex.: nistagmo) - Confusão mental >> Nunca fazer glicose em paciente alcoolista, desnutrido cr̂onico à lesão periaquidutal (mesencéfalo) - Se fizer glicose, fazer tiamina junto Doenças infecciosas/priônicas Neurossífilis - FTA-Abs (-) no LCR exclui neurossífilis - VDRL no sangue: 8% em títulos baixos -Mutação do gene príon (PRNP) Doenças psiquiátricas - Depressão - Psicose Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO OFTALMO MÓDULO 8 PROFESSOR CHICÃO 1. Anatomia do globo ocular/fisiologia /anamnese e exames auxiliares em oftalmologia................................................................................................. 2 2. Vícios refracionais (Ametropias) ............................................................. 8 3. Olho vermelho ............................................................................................ 14 4. Uveítes ........................................................................................................ 17 5. Glaucoma ................................................................................................... 20 6. Retina ......................................................................................................... 23 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 2 OFTALMO Anatomia do globo ocular / fisiologia / anamnese e exames auxiliares em oftalmologia Anatomia & Fisiologia OLHO ● Estrutura do corpo especializada na refração da luz; ● Focaliza os raios luminosos imagem invertida no plano da retina converte os estímulos luminosos em corrente elétrica à nervo óptico segue posteriormente, cruza fibras no quiasma óptico córtex visual do lobo occipital (áreas 17, 18, 19 de Brodman) ÓRBITA ● Cavidade óssea no esqueleto da face onde o bulbo ocular se encontra ANEXOS OCULARES • Pálpebras - Limitam as órbitas anteriormente - Fissura ou abertura ocular - Internamente revestidas pela conjuntiva tarsal > se reflete superior e inferiormente à fórnice - Fechamento: contração do m. orbicular (NC VII - facial) - Abertura: m. levantador da pálpebra e m. tarsal de Muller (NC III - oculomotor) - Irrigação: anastomoses entre ramos da carótida externa e interna - Drenagem linfática: linfonodos pré- auriculares e submandibulares Internamente revestidas pela conjuntiva tarsal à se reflete superior e inferiormente (fórnice) • Cílios - Evitam a entrada de objetos e partículas no olho - Reflexo do piscar: via aferente (NC V - trigêmeo) e eferente (NC VII - facial) • Canal lacrimal e lágrima ● Glândulas de Meibomius: principais produtoras da camada lipídica da lágrima → retarda a sua evaporação → distribuição uniforme; ● Glândulas de Krausee Wolfring: camada aquosa da lágrima; ● Glândulas caliciformes conjuntivais: compõem o epitélio da conjuntiva palpebral +camada de mucina da lágrima; - Pontos lacrimais superior e inferior: drenagem das lágrimas SP 1 20, 21 e 22 *prova *assoalho é mais fraco *lagrima tem 3 camadas > lipídica, aquosa e de mucina *base dos cílios com poros > limpeza (secreção) > inflamação *calázio ocorre nela > se de repetição: falta de limpeza ou infecções recorrentes Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 3 - Canalículo lacrimal: drena dos pontos lacrimais até o saco lacrimal - Saco lacrimal: do terço nasal superior ao terço nasal inferior e drena a lágrima para o meato nasal inferior - Quantidade de lágrimas que produzimos +/- de 7 µL; capacidade máxima do saco conjuntival = 30 µL MÚSCULOS EXTRAOCULARES • Conjuntiva - Mucosa fina e transparente - Conjuntiva palpebral: porção supero- posterior da pálpebra - Conjuntiva bulbar: porção supero- anterior da esclera • Cápsula de Tenon - Membrana fibrosa à envolve o globo ocular do limbo do olho até o n. óptico BULBO OCULAR - Túnica externa (córnea e esclera) - Túnica média/vascular/trato uveal (íris, corpo ciliar e coroide) - Túnica interna (retina) > Túnica externa - Esclera e córnea conjuntiva > episclera > esclera > limbo Obs.: Pressão de olho = individual CÓRNEA (6 camadas) – “prolada” - Inervado, mas avascular (nutrição por vasos perilímbicos, humor aquoso e O2) - Maior convexidade (lente convexa) - Muito sensível (NC VI - oftálmico) - Poder refrativo (40 Dioptrias) (1 gota) -m. oblíquo superior > troclear NC IV -m. reto lateral > abducente NC VI * prova (estrutura anatômica apontada) ** *ortoforia > olhar alinhado; *exo/heteroforia > estrábico (normal até 6 meses); *oblíquo > movimentos cruzados *fundo de saco (*pterígio) 2/3 do poder refrativo * visão normal: 60 dioptrias *lente Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 4 - Epitélio: Estratificado não queratinizado (alta reparação) Obs.: Fluoresceína à colírio que, se corar, indica falta de epitélio - Membrana de Bowman: fibras colágenas e glicosaminas (¯regener.) - Estroma: Fibras colágenas paralelas à superfície, poder refrativo - Camada de DUA (nova camada) - Membrana de Descemet: Membrana colágena resistente (+dura) - Endotélio: Trocas entre a córnea e humor aquoso; alta taxa mitótica; bomba iônica de deturgescência (impede passagem da água) ESCLERA - Parte branca do olho - Ocupa 5/6 da superfície ocular - Local de inserção dos músculos extraoculares - Tec. conj. denso de fibras colágenas, recoberto pela conjuntiva bulbar > Túnica média - Íris, cristalino, corpo ciliar, coroide ÍRIS (membrana opaca) - Delimita o espaço entre a córnea e o cristalino: câmara anterior e posterior - Composta por: ● Epit. simples: contín.; endot. corneano ● Estroma: tecido conjuntivo frouxo, ricamente vascularizado ● Epitélio de dupla camada; epitélio pigmentado - cor (melanócitos) Ângulo iridocorneano (entre íris e córnea): rede trabecular e o canal de Schlemm PUPILA (orifício central da íris) - Orifício central da íris à permite a passagem dos raios luminosos; - Diâmetro normal: 2-4 mm >> 0,5mm (miose máxima) até 8mm (midríase máxima) - Miose e midríase determinadas por 2 músculos: ● Esfíncter da íris: inervação parassimpática (NC III) ● Músculo radial da íris: inervação simpática (plexo simpático cervical) • Isocóricas: condição normal, porém deve- se reavaliar constantemente • Miose: lesão no sistema nervoso central ou abuso no uso de drogas • Anisocoria: AVC, TCE • Midríase: ambiente com pouca luz, anóxia ou hipóxia severa, inconsciência, estado de choque, parada cardíaca, hemorragia, TCE CORPO CILIAR - Estrutura espessa que se interpõe entre a íris e a coroide e sustenta o cristalino pelas fibras zonulares ● Pars plana: externa, achatada; ● Pars plicata: interna, enrugada, que contém o epitélio ciliar; sustenta cristalino - Músculo ciliar: Fibras se inserem no estroma do corpo ciliar - Humor aquoso: líquido incolor e constituído por ágia e sais 3 a 5 dias renova completamente bomba de deturgescência (impede a passagem de água) OBS: Estroma > local que o laser atinge para corrigir miopia (retira epitélio e membrana com bisturi e depois coloca lente por 7 dias; técnica antiga rebate e volta) ** importante para drenagem do humor aquoso oculomotor *via de acesso para cirurgia de catarata *cicatriz de córnea geram problemas de visão (colágeno não regenera da mesma forma > alteração na ceratometria) * célula de endotélio não regeneram > inflamação e lesão geram problemas de visão *córnea não é irrigada > nutrição por difusão do humor aquoso *LIMBO: -divisão/final da córnea -células totipotenciais miose (contrai) midríase (dilata) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 5 - Componentes: ● Longitudinal: distensão da coroide ● Circular: redução da distância entre as fibras zonulares e o cristalino (maior convexidade - reflexo de acomodação) ● Inervação parassimpática: NC III CRISTALINO - Biconvexa, transparente, lenticular; fica duro com a idade (presbiopia) - 1/3 poder refrativo - Avascular e sem inervação - Composição: 65% água + 35% proteína - Acomodação visual: do poder dioptriótico - Componentes:● Cápsula fibrosa fina ● Epitélio cúbico simples subcapsular ● Massa interna COROIDE - Camada uveal → estroma ricamente vascularizado (3 camadas) - Principal responsável pela irrigação das camadas mais externas da retina - Células pigmentadas à escurecimento do interior do globo ocular - Camada marrom-avermelhada à olho vermelho em fotos > Túnica interna - Retina e nervo óptico RETINA - 10 camadas – membrana limitante interna e epitélio pigmentar) - Tecido neurossensorial à captação e transmissão dos estímulos luminosos ao nervo óptico - Central X periférica - Limite anterior: ora serrata ● Mácula – centro do ponto focal (maior acuidade óptica) ● Fóvea – região especializada da mácula (cones) ● Fovéola NERVO ÓPTICO (NC III) HUMOR VÍTREO - Gelatinoso e transparente (99% água + 1% ácido hialurônico) - 2/3 volumes do olho - Cristalino, retina, disco óptico - Produzido no processo ciliar -lente > acomodação visual (achatado ou alongado); -idade > diminui acomodação > a partir de 40 anos > presbiopia > "fibras cansadas"; -no míope, as fibras são "+ preguiçosas"; - dilatação da pupila: cicloplegia é utilizada para anular o poder de acomodação do cristalino (paralisa a musculatura do corpo ciliar) *ela que descola no descolamento de retina > emergência ocular > ela fez irrigação da retina > muito tempo sem irrigar é irreversível **10 camadas: ● Membrana limitante interna. ● Camada de fibras nervosas. ● Camada de cél ganglionares. ● Camada plexiforme interna. ● Camada nuclear interna. ● Camada plexifome externa. ● Camada nuclear externa. ● Memb limitante externa. ● Camada de fotorrecep. ● Ep pigmentado da retina (EPR) *glaucoma > alta P > hemorragia expulsiva; (20 dioptrias) lente *proteínas se agrupam/ condensam > catarata *ele que faz ajuste para visão de perto/longe *parte que não tem retina > oro serrata Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 6 Recapitulando... Semiologia & propedêutica 1. Anamnese: ID, QP/HDA, APP/HF 2. Exame físico: acuidade visual, inspeção, motilidade ocular extrínseca, pupilas, biomicroscopia, tonometria, gonioscopia, fundoscopia 3. Exames complementares EXAME OCULAR EXTERNO - Inspeção: supercílios, cílios, pálpebras, fenda palpebral, conjuntiva, esclera, córnea, íris, pupila, coloração e diâmetro pupilares - Presença e aspecto de hiperemia e secreção oculares, alterações anatômicas, lesões cutâneas, alterações pigmentares, inflamatórias e nodulações - Manobra de eversão das pálpebras: avaliação da conjuntiva e pesquisa de corpo estranho ACUIDADE VISUAL - Um olho de cada vez - Acuidade visual sem correção - Acuidade visual com correção - Para longe - Para perto - Se não consegue quantificar AV por Snellen: ● Conta dedos a X metros ● Movimentos de mãos ● Percepção luminosa >> Visão ideal: 20/20 ou 1.0 >> Cegueira legal: visão corrigida 20/400 (0,05) ou ângulo em relação ao campo visual com medida 15mm: secreção dentro da normalidade • 6-10mm: secreção diminuída • chega a 57/65; *Paquimetria: curva de progressão da córnea (+ espessa no centro) *screning > aparelho do vento *paquimetria é o padrão-ouro / confirma Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 8 - Extensão máx de percepção visual do espaço circundante, quando se dirige a fixação a um ponto MAPEAMENTO DE RETINA/ RETINOGRAFIA - Avaliação do polo posterior da retina e de sua integridade - É o registro ampliado e descrito da fundoscopia USG OCULAR - Avaliação da integridade anatômica e de estruturas internas do olho - Indicada quando opacidade dos meios TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA (OCT) - Avalia as camadas retinianas, nervo óptico e mácula Ametropias de baixa ordem: miopia; hipermetropia; astigmatismo; presbiopia Emetropia: quando o olho, sem interferência da acomodação, recebe na fóvea imagens nítidas de objetos situados no infinito >> Depende da relação entre poder refrativo do segmento anterior (córnea e cristalino) e diâmetro ântero- posterior do olho (Ou seja, emetropia = visão normal) Ambliopia: quando o olho não desenvolve a visão por ausência de estímulo à estrabismo, privação Ametropia: quando o olho, NÃO recebe na fóvea imagens nítidas de objetos situados no infinito Anisometropia: situação em que existe diferença refracional entre os olhos LUZ: onda eletromagnética, caminha em linha reta (luz à objeto à reflete onda à olhos à retina à imagem) REFRAÇÃO: desvio do feixe de luz, ao atravessar obliquamente um meio condutor, com velocidade diferente LENTES: fazem a refração dos raios de luz, ou seja, mudam sua direção e sua velocidade Acomodação: capacidade do olho de focalizar na retina imagens de objetos situados a diferentes distâncias § Ajuste do cristalino por ação do músculo ciliar § Contração do músculo, relaxamento das fibras e aumento da curvatura - Ponto próximo: posição mais próxima em que um objeto pode se aproximar do olho, mantendo ainda uma imagem nítida (máxima acomodação) – 9cm - Ponto remoto: maior distância em que um objeto pode ser colocado para obter- se uma imagem nítida (acomodação mais relaxada) à 6m/20pés Visão normal (acuidade visual) - Visão 1 ou 100% ou 20/20 (escala de Snellen) à quando uma pessoa, a 20 pésde um objeto, consegue enxergar nitidamente o que uma pessoa normal enxergaria > Por exemplo, se uma pessoa X tem visão 20/40, ela enxerga a 20 pés o que uma pessoa normal enxergaria a SP 2 para avaliar estruturas posteriores (ex: catarata) *é a foto do mapeamento -Acomodação visual: capacidade de enxergar objetos com nitidez Tipos de ametropia: -alta ordem: aberração esférica, tri/tetrafoil,... > pacientes com baixa qualidade de imagem e dificuldades para ver principalmente de noite -baixa ordem: miopia, hipermetropia, astigmatismo *diferença no esférico entre os olhos até os 12 anos pode ser atingida Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 9 40 pés; ou seja, ela precisa estar mais perto para enxergar a mesma coisa, pois não enxerga de mais longe - 0,05 ou 20/400 é o valor considerado para cegueira legal no Brasil (ausência de percepção luminosa) Poder de refração/Dioptrias - Dioptria = 1/distância focal à quanto dioptria, +a lente consegue mudar a trajetória dos raios luminosos § Córnea-humor aquoso: 40di § Cristalino-humor vítreo: 20di - A unidade dioptria expressa o inverso do comprimento focal da lente (D = 1/f) - Quanto menor o comprimento focal, maior o poder refrativo da lente > Lentes convergentes = (+) > Lentes divergentes = (-) - O erro de refração é medido em dioptrias (“graus”) à significa quantas dioptrias, (+) ou (-), são necessárias para corrigir a nitidez da visão Distúrbios de refração... HIPERMETROPIA (+) “Dificuldade para ver de perto” - Sem interferência da acomodação, objetos situados no infinito se formam posteriormente à retina - O eixo longitudinal do globo ocular é pequeno em relação ao poder refrativo do sistema de lentes do olho • Hipermetropia axial: globo ocular encurtado (diâmetro antero-posterior) Obs.: Muitas crianças nascem com hipermetropia fisiológica porque o globo ocular é proporcionalmente curto; à medida que a criança cresce, o globo ocular se alonga (emetropinização fisiológica entre 5-12 anos • Hipermetropia de índice/refrativa: redução do índice de refração da córnea, humor aquoso ou cristalino • Curvatura: diminuição da curvatura da córnea • Clínica: - Sintomas astenópticos: fadiga, sensação de peso, dor ocular, cefaleia, lacrimejamento e hiperemia conjuntival Obs.: Risco maior de glaucoma • Diagnóstico: Gonioscopia com ângulo fechado; Ceratometria¯ ( 50 anos ou cristalino não transparente) Obs.: cirurgia refrativa na córnea Se >18 anos e até +6,00D MIOPIA (-) “Dificuldade para ver de longe” Highlight ) -Maioria consegue com acomodação arrumar > não precisa de óculos; -Quem nasce com hipermetropia tem mais chances de desenvolver ambliopia do que o miopia; -Conceito: ametropia na qual o paciente possui dificuldade de ver de perto, pois os raios quem vem do infinito se formam depois da retina (+ aplanada) (menor) (por conta do aplanamento da córnea) (astenopia) (cirurgia > altera a dioptria; pode operar na córnea ou no cristalino; por laser na córnea ou por troca de cristalino); + com grau estável (muda até 2 d.p./0,05%) -fácico > lente natural -afácico > sem lente -pseudofácico > lente artificial *óculos não pode mais de 3di de diferença entre os olhos; lentes de contato podem "vira a córnea"; Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 10 - Sem interferência da acomodação, objetos situados no infinito se formam anteriormente à retina - O eixo longitudinal do globo ocular é grande em relação ao poder refrativo do sistema de lentes do olho • Miopia axial: globo ocular alongado (diâmetro antero-posterior) - Desenvolve-se entre 8-14 anos, pode progredir até 20-25 anos, geralmente não passa de -5,00D • Miopia de curvatura: aumento da curvatura da córnea ou cristalino, trazendo um poder de refração excessivo para um olho normal Obs.: Também pode ter miopia 2ª associada à catarata, após trauma, cirurgia ou ceratocônia e congênita: alto grau de miopia ao nascimento - Ponto remoto: distância além da qual a visão fica desfocada na miopia, sendo o inverso do grau de miopia: PR = 1/M, sendo PR = ponto remoto (em metros), M = grau de miopia (em dioptrias) • Fatores de risco: Asiáticos e caucasianos; história familiar (+); leitura excessiva na infância com pouca iluminação; realização excessiva de atividades com visão de perto; catarata congênita; ptose congênita; hemangioma periocular • Clínica: - Baixa acuidade visual para longe - Blefaroespasmo (contração do músculo palpebral): redução da fenda palpebral à estreitamento do feixe de luz ao penetrar no globo ocular à pode focalizar a imagem um pouco melhor - Miopia noturna à excesso de acomodação em ambientes pouco iluminados Obs.: A miopia “protege” contra a presbiopia, pois os raios luminosos estão focalizados à frente da retina, não necessitando (ou menos) da acomodação do cristalino Obs.2: Risco aumentado de descolamento de retina > Miopia degenerativa (patológica) - Miopia de alto grau (26mm) - Neovascularização coroideana à fator de risco para descolamento de retina • Classificação: - Leve: até - 3,00 D - Moderada: -3,00 a - 6,00 D - Grave: > - 6,00 D • Diagnóstico: Gonioscopia com ângulo aberto; Ceratometria (> 45) • Tratamento: Lente de contato/óculos côncavos divergentes; lente intraocular faceCtomia à paciente > 50 anos ou cristalino não transparente); lente fácica; cirurgia refrativa (até -12,00D) > Ortoceratologia: - Terapia refrativa da córnea): - Miopia até -5,00D - Lentes especiais durante o sono, de remodelam a córnea a reduzir seu poder refrativo (de -2,00 a -3,00D) - Se suspenso, a miopia volta gradualmente ao grau anterior - Apenas para miopias relacionadas com a curvatura da córnea Highlight -10% nasce com miopia Implante de (ILF) *Exame obrigatório: mapeamento de retina (chance grande de descolamento na miopia) lentes monofocais Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 11 ASTIGMATISMO - Formação de imagens não nítidas na fóvea pois os raios de luz são convergidos em pelo menos 2 focos diferentes devido a um problema na córnea, cristalino ou misto - A córnea normal é uma lente esférica, possuindo a mesma curvatura em todos os seus eixos (meridianos) - A córnea astigmata possui curvaturas diferentes em pelo menos 2 meridianos, geralmente diametralmente opostos (em vez de esférica, está elíptica) - Assim, quando os raios luminosos incidem sobre a córnea astigmata, são convergidos em pelo menos 2 focos diferentes no globo ocular - Percepção de imagens distorcidas • Regular: meridianos com curvaturas diferentes diametralmente opostos, separados em 90º • Irregular: minoria de astigmatas; os meridianos de curvaturas diferentes não são diametralmente opostos ou existem + de 2 diferentes, determinando 3 ou + focos na retina • Extremo: > 5,00D; doenças da córnea – ceratocone; predisposição genética • Avaliação: Ceratometria/Topografia – valores de K1 (curvatura menor) e K2 (curvatura maior); ver astigmatismo corneano Obs.: as alterações ocorrem tanto na córnea quanto no cristalino K1 – K2 = astigmatismo na CÓRNEA Ex.: Se paciente tem 3D de astigmatismo, sendo K1= 45 e K2 = 43, o astigmatismo da córnea é 2D (45- 43=2); logo, o 1D restante é o astigmatismo do cristalino Para astigmatismos >1.25, pedir topografia • Classificação: - A favor da regra (WTR), orientação vertical do meridiano corneado mais inclinado; - Contra a regra (ATR), orientação horizontal do meridiano corneano mais inclinado; - Oblíquo, o meridiano corneano mais inclinadopossui o ângulo oblíquo. • Clínica: - Borramento heterogêneo de imagem para perto e para longe; astenopia - Pode forçar acomodação ou blefaroespasmo, provocando sintomas astenópticos (fadiga, dor ocular, cefaleia, lacrimejamento) • Tratamento: Lente de contato/óculos cilíndricos; lente intraocular; cirurgia refrativa na córnea ( problema está na córnea *se só refração > problema está no cristalino *se uma parte da ceratometria na refração > problema nos dois Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 12 Tratamento cirúrgico de ametropias > PRK: laser em área + superficial da córnea, após remoção intraoperatória de fina camada de células - Retira epitélio; a córnea não fragiliza; demora +p/ se reepitelizar - Pode gerar Haze, mas usa-se antimitóticos por 20-40s na córnea - Retira nervos superficiais - Menor chance de ectasia e olho seco > LASIK: corte ultrafino na camada anterior da córnea, laser na interna - Retira estroma; “tampa” retirada nunca irá recolar - Retira camada de Bowman (1/3 da tensão da córnea); chance de ectasia - Se retira fibras nasais e temporais, gera olho seco > SMILE: laser cria uma lente dentro da córnea, posteriormente ocorre sua remoção por meio de incisão na periferia da córnea - Laser no meio do estroma, passa em cima da camada de bowman e abre “porta” para retirar - Não gera ectasia nem olho seco • Indicações: Altas ametropias; anisometropias (diferença refracional entre os olhos); astigmatismos irregulares (que não obteriam boa acuidade visual com óculos); prática esportiva; finalidade estética • Contraindicações: Miopia ou astigmatismo composto (miopia total acima de 12D); hipermetropia acima de 6D; astigmatismo superior a 6D; ceratocone diagnosticado ou suspeito pela topografia; opacificação do cristalino com ou sem perda de acuidade visual PRESBIOPIA “Hipermetropia da idade” - Perda gradual da capacidade de acomodação do cristalino com decorrer da idade; se inicia após os 40 anos - Com o avançar da idade, o cristalino sofre mudanças degenerativas, ficando menos complacente e + difícil de “acomodar”, de aumentar a sua dioptria Obs.: Para manter um objeto focado no ponto próximo (9cm), o cristalino precisa acomodar-se, aumentando o seu pode refrativo ao máximo, de +11,00D (ou seja, 60 + 11 = 71, pois temos 40D da córnea-humor aquoso e 20D do cristalino-humor vítreo) § Amplitude de acomodação = § 15 – (0,25 x idade) § Regra de Donders: +0.25 a cada ano de idade • Clínica: astenopia (desconforto ocular, fadiga e cefaleia desencadeada por leitura); sintomas agravam pela manhã; problema de acomodação é bilateral e simétrico (quase = nos 2 olhos) > Sintomas começam quando o paciente tem a amplitude de acomodação limitada a menos de 5,00D • Tratamento: lentes positivas (convergentes); bifocais (adição) ou trifocais/multifocais; lente intraocular Obs.: Não usar lente intraocular multifocal em amblíopes/maculopatia Exemplo de Prescrição à SEMPRE Longe esférico cilindro Eixo OD -5,00 -2,50 180º OE -5,00 -2,50 180º (eixo = astigmatismo) -esférico: hipermetropia (+) e miopia (-) -cilíndrico (-) e eixo (0-180°): astigmatismo DP: distância pupilar DNP: distância naso-pupilar MM > movimentos de mãos/vultos PL > percepção luminosa APL > ausência de percepção luminosa > cego (não tem circuito) CD: conta dedos - cirurgia *sistema óptico tem que ser normal com visão de 1.0 (ou 20/20) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 13 Perto esférico cilindro eixo OD - - - OE - - - Adição (presbiopia) R: Miopia e astigmatismo nos 2 olhos Resumão dos tratamentos • Hipermetropia: - Uso de lentes convergentes (+) - Lente de contato/óculos convexos - Lente intraocular (faceCtomia à TIRAR O CRISTALINO à paciente > 50 anos ou cristalino não transparente) - Cirurgia refrativa (até +6,00D) • Miopia: - Uso de lentes divergentes (-) - Lente de contato - Óculos com lente côncava - Lente fácica - Lente intraocular (faceCtomia à paciente > 50 anos ou cristalino não transparente) - Cirurgia refrativa (até -12D) • Astigmatismo: - Lente/óculos cilíndrico - Lente fácica tórica - Lente intraocular tórica - Cirurgia refrativa (até 6,00D) Observações sobre Catarata (prof Fausto) - Cristalino opaco; normal é +20 di - Hoje é uma das principais causas de cegueira no mundo - Facectomia com Faco à preserva as cápsulas anterior e posterior para sustentar a LIO que substituirá - Laser: corte na córnea, cápsula rex e pré fratura no núcleo >> Questão das lentes: - Fazer biometria antes da cirurgia: AL (comprimento axial), K1-K2 (ceratometria), ACD (altura da câmara anterior), espessura do cristalino à dados p/ calcular a lente Tirar o cristalino do paciente e implantar uma lente à precisamos descobrir qual grau implantar Estudar a córnea também à resultado refrativo é a soma das duas lentes (LIO); compensar grau da córnea também, além da catarata ------------------------------------ Ex.: K1=43,5; K2=45,5 à K1-K2= -2di astigmatismo da córnea à colocar uma LIO tórica para compensar a diferença de curvatura da córnea Ex.: K1=43,5; K2=43,5 à K1-K2 = 0 LIO não precisa ser tórica, porque se não vou induzir um astigmatismo Ex.: Lente tórica eu olho o astigmatismo da córnea!!! +0,5 // -2,25 / / 180 K1=44,2; K2=44,2; K1-K2 = 0 Ainda tem astigmatismo no cristalino? Tem, mas vai tirar o cristalino na cirurgia! Então não precisa colocar lente tórica p/corrigir Ex.: +0,5 // - / / 180 K1=46,5; K2=45,0 à K1-K2 = 1,5 Pode isso? Ter astigmatismo na córnea e não no cristalino? Na verdade, há astigmatismo nos dois e eles se compensam na hora de fazer um teste de refração; por isso a biometria é muito importante porque o astigmatismo da córnea deve ser corrigido nesse caso - não pode usar óculos com mais de 3 di de diferença entre os olhos (priorizar o que vai ver melhor); - lente de contato pode passar com essa diferença > distância vértice é 0; - Tto: cirurgia! - Exames que devem ser solicitados: biomicroscopia (avaliar segmento anterior), tonometria (avaliar PIO), ceratometria (avaliar astigmatismo corneano), USG (avaliar retina), microscopia especular (contagem células endoteliais), biometria ocular (grau da lente); Exemplos/Casos Chicão: 1) homem, 55a, caminhoneiro; -AVSC 0,5/0,4; -AVCC 1.0/0,9 (amblíope, não desenvolveu 1.0, não corrige presbiopia > não pode lente multifocal); -tonometria 23/20 (screening > deve fazer paquimetria), -refração ed -3 -2 40º oe -1 (não tem astigmatismo no cristalino) -ceratometria od 40x42 oe 40x 42 (2di na córnea > oe tem astigmatismo na córnea > corrige com lente tórica) -DIAG: miopia, astigmatismo, presbiopia, ambliopia e anisotropia. -TTO: lente tórica 2) 70a, sem doenças, córnea transparente -AVSC: CD 01 -AVCC> CD 01 (não mudou nada com correção > devido a catarata) -refração: od -2 -2 40º; oe plano; ad: +2 -opacidade do cristalino od 4+/4 oe 2+/4 -ceratometria: od 40x42 (-2) oe 40x42 (-2) -J6 (tabela de jeger) -DIAG: presbiopia, astigmatismo, catarata, anisotropia (não pode afirmar que é ambliope pois não tem passado > não pode colocar LIO trifocal -TTO: cirurgia de catarata (facectomia) > LIO monofocal tórica nos dois olhos (od com miopia e oe pq vai tirar cristalino) -EXAMES pré-oper.: tonometria, ceratometria, USG, biometria, microscopia especular (contagem de células endoteliais), mapeamento de retina do lado esquerdo, biomicroscopia, paquimetria;3) 35a -AVSC: CD 1m -AVCC: 0,5 e 0,9 -refração: od -15 -3 90º; oe -10 -ceratometria: od 40x43 (3 di) oe 43x43 -DIAG: anisometropia, miopia, astigmatismo, amblíope -TTO: óculos não pode ter mais de 3 de diferença > fazer com o -10 para corrigir um olho total e o outro melhora -lente: pode fazer com graus diferentes encontrados -não pode fazer facectomia (se fizer não enxerga de perto pela idade) -não pode trifocal pois é amblíope -pode laser no oe -lente facica tórica pode no od -lente fácica no oe 4) 75a, DM+,25a controlada AVSC 0.4/0.5 AVCC 0.9/0.8 Cristalino opaco OD+/4+ OE++/4+ tono 16/18 KT OD 40x44 OE 43x43 Ref OD -5 -3 90º OE -2 -2 45º -DIAG: astigmatismo, miopia, catarata, presbiopia, anisometropia, ambliopia não tem (antecedente aos 40 anos de AVCC 1.0/1.0), retinopatia diabética -TTO: controle glicêmico, OD: facectomia (lente monofocal tórica intraocular) - monofocal pois tem retinopatia diabética OE: facectomia (lente monofocal intraocular) - monofocal pois tem retinopatia diabética, não é tórica pois astigmatismo é no cristalino 5) 35a; AVSC CD/MM; CC 0.4/0.2; cristalino transparente; REF OD -10 15 40° OE -16 -2 30°; KT OD 40x45 OE 40x41; DIAG: ambliopia, anisotropia, miopia, astigmatismo; TTO: óculos (OD: -10 -5 40º; OE: -13 -2 30º), LC (igual a refração), cirurgia refrativa (miopia>laser - só corrige até 12di; astig>laser e lente fácica tórica OD5di e OE1di) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 14 Obs.: lente trifocal à proscrito para glaucoma, diabetes, ambliopia Ambliopia à falha no desenvolvimento da visão (geralmente até os 7 anos); mais comum unilateral (um olho “compensa” o outro) – é +difícil de ser identificado - Os graus positivos (hipermetropia) são +ambliopizantes - A miopia não depende da acomodação do cristalino que nem na hipermetropia (porque dependendo do grau, a criança consegue acomodar e não faz diferença) - A ambliopia no adulto: acuidade visual corrigida que não chega a 100% e quando se examina o olho não tem nem uma outra causa que justifique (como catarata); é diagnóstico de exclusão e depende muito da história (ex.: quando criança teve “estrabismo” que na verdade é ambliopia) Olho vermelho • Introdução: - 1/3 das queixas de urgências oftalmológicas - Pode estar associado a causas benignas (maioria) ou graves. A principal causa é a conjuntivite viral - Médico generalista: diferenciar condições benignas de graves, iniciar tratamento adequado e saber encaminhar ao serviço especializado • Etiologia: - Traumática: abrasão corneana, corpo estranho na córnea ou sob a córnea, hifema, ceratite UV, danos químicos, fratura direta, laceração corneana - Não-traumática: conjuntivites, hemorragia subconjuntival, irite, celulite orbitária ou por herpes simples, glaucoma agudo, episclerite, esclerite • Anamnese e exame físico: PROVA!!! 1. História de trauma? 2. Trauma aberto ou fechado? 3. Avaliar Acuidade Visual (AV) 4. Avaliar conjuntiva 5. Avaliar opacidade corneana à HAZE: opacidade pós-cirúrgica à laser (antigo); edema localizado na córnea (súbito) 6. Avaliar lesão epitelial (fluoresceína) à Rosa Bengala analisa células mortas 7. Avaliar presença de secreção (aquosa, hialina, purulenta) 8. Avaliar pupilas 9. Estudo da câmara anterior (diminuída, atalâmica) 10. Outros sintomas (prurido, dor, fotofobia) Fluoresceína à teste de Seidel (+) à vemos se a córnea está perfurada • Sinais de alarme (red flags): - Dor ocular severa/súbita, diminuição da AV, fotofobia, hipópio/Hifema, trauma ocular penetrante, presença de corpo estranho, cirurgia oftalmológica recente, fechamento palpebral reflexo, anormalidades corneanas, pupilas não fotorreagentes, unilateral com náuseas e vômitos, exposição química, secreção purulenta, olho cronicamente vermelho, hiperemia ciliar >> Encaminhar para o oftalmologista! • Evolução: - Benigna (manejo clínico): conjuntivites, hemorragia SP 3 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 15 subconjuntival, episclerites, hordéolo, calázio, olho seco - Desfavorável (manejo especializado): ceratoconjuntivites, uveítes, ceratites, endoftalmite, crise aguda de glaucoma, esclerite Causas anexiais Saber apenas conceito e diferenciar ENTRÓPIO • Inversão da borda palpebral, causando atrito dos cílios contra o bulbo ocular • Etiologia: congênita, involucional, cicatricial • Tratamento de alívio: lubrificantes, fita adesiva, quimiodenervação do orbicular, lentes de contato terapêuticas • Tratamento definitivo: tratamento cirúrgico ECTRÓPIO • Eversão da margem palpebral • Etiologia: involucional, cicatricial, paralítico, mecânico • Tratamento de alívio: lubrificantes • Tratamento definitivo: cirúrgico (dependente da causa) TRIQUÍASE • Alteração na direção dos cílios • Etiologia: cicatricial • Tratamento: remoção dos cílios alterados BLEFARITE • Inflamação da margem palpebral que pode ter origem infecciosa • Queimação, sensação de corpo estranho, descamação e vermelhidão das margens palpebrais • Tratamento: higienização, lubrificantes, compressa morna, avaliar o uso de esteroides leves tópicos e pomada antibiótica CALÁZIO • Lesão inflamatória crônica lipogranulomatosa causada por bloqueio dos orifícios das glândulas meibomianas e estagnação das secreções sebáceas • Crescimento gradual de um nódulo indolor na placa tarsal • Tratamento: compressas mornas, injeção de esteroides, cirurgia HORDÉOLO • Abscesso estafilocócico agudo do folículo piloso de um cílio e suas glândulas de Zeis ou Moll associadas • Tratamento: compressa morna + ATB tópico OLHO SECO • Instabilidade do filme lacrimal (deficiência aquosa ou evaporação excessiva) • Queimação, prurido, sensação de corpo estranho, secura, fotofobia, fadiga ocular e olho vermelho • Diagnóstico: break up time test, teste rosa bengala, teste de Schirmer • Tratamento: controle ambiental e lubrificantes CELULITE • Processo infeccioso dos tecidos moles posteriores ao septo orbitário • Grave • Unilateral, presença de quemose, hiperemia conjuntival, proptose e diplopia • Tratamento: antibioticoterapia Esclera e Episclera EPISCLERITE • Inflamação comum, benigna e autolimitada da episclera • Vermelhidão unilateral associada a desconforto, queimação e lacrimejamento "terçol" Highlight - pré-septal (periorbitário): pálpebra + porção anterior do septo orbitário -orbitária: infecção dos tecidos orbitários posteriores ao septo orbitário avalia filme lacrimal Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 16 • Localizada ou difusa • Etiologia: idiopática, autoimune e infecciosa • Tratamento: lubrificantes; avaliar AINEs ESCLERITE • Inflamação da esclera por vasculite imunomediada • Potencialmente grave • Associada a doenças sistêmicas (artrite reumatoide) • Dor ocular intensa, fotofobia, lacrimejamento, coloração violácea da esclera • Tratamento: investigar doença sistêmica, encaminhar para reumatologia, lubrificantes ± AINEs Episclerite Esclerite Hiperemia Vermelha Violácea Fenilefrina ¯hiperemia - Nódulo Móvel Imóvel Dor - Moderada Assoc. sist. 1/3 3/4 Complicac. Pouco comuns Frequentes Conjuntiva PINGUÉCULA • Degeneração do colágeno da conjuntiva bulbar (depósito de coloração amarelada na junção entre a córnea e a esclera) • Tratamento: lubrificantes + evitar exposição solar ± anti-inflamatórios tópicos HIPOSFAGMA • Hemorragia subconjuntival de evolução benigna e autolimitada causada por ruptura de vasos da conjuntiva ou da episclera • Tratamento: expectante Conjuntivites... PROVA!!! • Inflamação da conjuntiva bulbar • Principal causa de olho vermelho • Etiologias: infecciosa (viral, bacteriana); não infecciosa (alérgica, medicamentosa) C. VIRAL • Tipo mais comum de conjuntivite. Curso autolimitado • Agente etiológico: adenovírusGO 5 AURAS (avisos/sinais) - Abdominais (autonômica) indicam comprometimento da ínsula - 82% epigástrica - Experienciais - ilusões, alucinações, dejà/jamais vu, dejà/jamais vecu, despersonalização... - Emocionais – medo (amídala), sensação de êxtase... - Visuais (alucinações elementares ou complexas não estáticas) - Sexuais (raramente) - Gustativa AUTOMATISMOS - Oroalimentares /cuspir /tosse - Motores unilaterais (roçar nariz no pós-ictal ipsilateral) - Sexuais (manipulação de órgãos sexuais) - Piscamento unilateral (90 % das vezes a zona epileptogênica é ipsilateral) - Mímicos (riso) - Verbais (fala “crítica”) • Ocasionalmente crises hipermotoras • Enfermidade +comum: ESCLEROSE MESIAL TEMPORAL (80% começam na adolescência) - Lesão no hipocampo (importante para memória, sistema límbico, comportamento...) - Fibrose/cicatriz idiopática - Crise de difícil controle, geralmente operada para retirar a lesão Conceitos úteis Paralisia de Todd - hemiparesia após crises motoras (dura minutos a dias) Crise jacksoniana - modo de propagação segue representação cortical do homúnculo Crise reflexa - ocorrência claramente relacionada/deflagrada por um estímulo externo ou atividade de indivíduo (lampejos luminosos, música, algum tipo de movimento corporal, ler, jogar xadrez, ler em voz alta, etc...) Encefalopatia epiléptica e/ou de desenvolvimento – atividade epiléptica abundante causando comprometimento cognitivo e comportamental ou esse comprometimento pode ser relacionada ao desenvolvimento (outra causa) Epilepsia resolvida - epilepsia relacionada a idade e que ultrapassaram essa idade ou há mais de 10 anos sem crise, sendo que nos últimos 5 anos não usam medicação anti-epiléptica Epilepsia autolimitada da infância - resolvem-se com o tempo (tendo ou não associação com outras comorbidades como dificuldade de aprendizado, transtorno do espectro autista, etc) Crise não epiléptica psicogênica (CNEP) - maioria por distúrbio conversivo ou dissociativo, portando não sendo produzida de forma consciente ou intencional; não é comum a síndrome de Münchhausen caretas Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 6 (distúrbio factício, produzidos conscientemente, mas com motivação inconsciente); simulação (onde fenômeno e motivação são conscientes) também é raro (ex.: prisioneiros) Ø Ocorrência de crises tônico- clônicas bilaterais durante a noite sugerem tratamento de crises de início focal EPILEPSIAS GENÉTICAS RELEVANTES (Infância) FOCAIS - Epilepsia autolimitada occiptal infantil de início tardio (Síndrome de Gastaut) média 8 anos - Epilepsia autolimitada occiptal infantil de início precoce com crises autonômicas (Síndrome Panayiotopoulos) média 5 anos - Epilepsia autolimitada com pontas centrotemporais (Rolândica) – a mais comum epilepsia focal em crianças Obs.: Em adulto, se for focal, normalmente não é genética GENERALIZADAS - Epilepsia de ausência* da infância - Epilepsia com ausências mioclônicas - Epilepsia com mioclonia palpebral (antes era síndrome de Jeavona) *Ausência típica • 3 a 12 anos • 5 a 25 s; ocorre até 200/dia • 16% podem ter estado de mal/ 40% podem apresentar CGTC • Precipitada por fatores ambientais (emocionais, intelectuais, metabólicos, hiperventilação) • EEG: descargas bilaterais, síncronas, ponta-onda a 3c/s • Instituição precoce de tto contribui na evolução • Tto c/ácido valpróico/ etosuximida; 2a escolha clonazepam EPILEPSIAS GENÉTICAS RELEVANTES (Adolescente-adulto) GENERALIZADAS - Epilepsia ausência juvenil - Epilepsia mioclônica juvenil - Epilepsia com crises TCG FOCAIS - Epilepsia do lobo temporal familiar com esclerose mesial temporal - Epilepsia hipermotora relacionada com o sono *Mioclônica juvenil (EEG com multiespícula-onda generalizados) Ausência típica surge na adolescência; confirma com eletro; reponde bem a medicação, mas deve tomar a vida toda; Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 7 EXAMES COMPLEMENTARES - EEG = Eletroencefalograma - Ressonância Nuclear Magnética de crânio (esclerose de hipocampo, distúrbios de desenvolvimento cortical, tumores de crescimento lento, malformações vasculares) - Tomografia de crânio – uso mais limitado - Monitorização por videoeletroencefalografia - PET (glicose marcada com substância radioativa – hipometabolismo) e SPECT (hiperfluxo – fazer mais próximo da crise possível) TRATAMENTO DA EPILEPSIA Medicamentoso - Evitar dúvida diagnóstica - Classificar a crise para escolha da melhor medicação - Otimização do tratamento com droga única especialmente em idosos, gestantes e mulheres em idade fértil (vantagens farmacocinéticas) - Não suspender tratamento abruptamente - Se houver controle apenas parcial com a primeira medicação em dose terapêutica, pode-se associar uma segunda medicação com mecanismo de ação diferente Fármacos +antigos utilizados em epilepsia... • Barbitúricos - Fenobarbital (PB) /primidona (PRI) - Fenitoína (PHT) - Etossuximica (ETX) • Tradicionais - Carbamazepina (CBZ) - Valproato de sódio (VPA) - Benzodiazepínicos (diazepam/ clonazepam/clobazam/midazolam) FENOBARBITAL (PB) • Inibe GABA, atuando nos receptores GABA-A CARBAMAZEPINA (CBZ) • Bloqueia canal de Na+ - Crises focais e tônico-clônico generalizadas (contra-indicadas para generalizadas mioclônicas/atônicas e ausências) FENITOÍNA (PHT) • Bloqueia canal de Na+ - Contra-incicadas para epilepsias generalizadas mioclônicas e de ausências) VALPROATO DE SÓDIO (VPA) • Bloqueia canal de Na+ / potencializa GABA/ bloqueia canais de Ca tipo T ao nível talâmico/ atua também em neurotransmissores excitatórios - Prevenção de CTCG, crises de ausência e crises mioclônicas (escolha nas síndromes epilépticas generalizadas) CLOBAZAM (CLB) • Ligam-se ao receptor GABA-A em local diferente dos barbitúricos CLONAZEPAM • Indicação em crises mioclônicas e CTCGS DIAZEPAM/LORAZEOAM/MIDAZOLAM • Estado de mal Obs.: CRISE DE AUSÊNCIA E CRISES MIOCLÔNICAS GENERALIZADAS à Medicações específicas!!! - Ex.: ácido valproico; Etossuximina (avalia durante a crise) *Deve-se priorizar a monoterapia *Menor dose possível respeitando o tempo de meia-vida * Critérios para tratar desde a primeira crise: EEG anormal, estado neurológico anormal, imagem com lesão estrutural e crise no sono +coadjuvante Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 8 ESTADO DE MAL EPILÉPTICO - Crise > 30 min ou repetidas crises sem recuperação de consciência entre elas. Pico no 1º ano de vida e > 60 anos Causas: Uso irregular de droga anti- epiléptica, Infeção SNC, Doença Vascular Encefálica, Distúrbios metabólicos. Aumento de CPK e prolactina. • Fase compensada (até 30 min): autorregulação cerebral preservada; liberação de catecolaminas aumentando a glicose sanguínea, a PA e a FC mantendo a perfusão cerebral. Após 30 minutos há dano encefálico irreversível. • Fase descompensada (30 a 90 min): acidose lática leva à não responsividade periférica às aminas circulantes → hipotensão arterial. Obs.: Estado de mal epiléptico sutil = distúrbio de consciência com leves sinais motores de que pode agravar o estado de coma de um paciente com encefalopatia qualquer (fazer EEG e tratar) • 1ª droga utilizada é Diazepam p/ tirar da crise; depois, fenitoína (hidantal) p/evitar novas crises; se deficiência de tiamina (vômitos, desnutridos), usar tiamina e glicose Tratamento: • 0 a 5 Minutos - Medidas gerais: cânula de Guedel entre os dentes, decúbito lateral para evitar aspiração, monitorar sinais vitais, exames bioquímicos, oxigênio - Obter EV e iniciar infusão de soro - 50 mL de solução de glicose a 50% se o paciente estiver hipoglicêmico - 50 mg(mais comum), herpes simples, enterovírus, coxsackievirus, coronavírus • Transmissão: contato direto • Sensação de corpo estranho, lacrimejamento, secreção hialina, adenopatia pré-auricular satélite, envolvimento bilateral frequente • Tratamento: compressas frias e lubrificantes C. BACTERIANA • Agente etiológico: S. aureus, S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis e Pseudomonas (lentes de contato) • Transmissão: contato direto • Curso autolimitado (7-10 dias) • Sensação de corpo estranho, hiperemia da conjuntiva bulbar, secreção mucopurulenta, crostas matinais aderentes • Tratamento: compressas mornas, limpeza, antibioticoterapia, corticoides C. ALÉRGICA • Reação de hipersensibilidade tipo I. Associada a atopias (asma, rinite, dermatite) • Prurido, lacrimejamento, quemose, secreção mucoide, “papilas gigantes” na conjuntiva • Tratamento: controle ambiental, anti- histamínicos, lubrificantes C. Fúngica - Candida spp, aspergilus spp -pouca secreção; pouco lacrimejamento; sem prurido > placa conjuntival esbranquiçada com exsudato -imunossup ou imunocomp > condições associadas -tto: causa base + antifúngicos (tópicos, sistêmicos) C. parasitária -oncocercose, loa loa, teníase -pouca secreção, pouco lacrimejamento, pouco prurido -tto: retirada mecânica dos parasitas, ivermectina oral (para > 3anos) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 17 OUTRAS C. • Não infecciosa e não alérgica • Substâncias tóxicas ou irritativas (olho seco, medicamentos, corpo estranho) • Tratamento: retirada do agente agressor e lubrificante Córnea PTERÍGEO • Crescimento fibrovascular triangular que avança sobre a córnea • Tratamento: lubrificação, excisão cirúrgica • Profilaxia: evitar exposição solar à Causa astigmatismo e hipermetropia CERATITE • Processo inflamatório da córnea, infeccioso ou não infeccioso • Olho seco, dor ocular, fotofobia, miose, blefaroespasmo, BAV, opacificação corneana, hiperemia perilímbica, hipópio, úlcera de córnea • Consequências: BAV, astigmatismo irregular, leucomas, perfuração da córnea, endoftalmite • Tratamento: depende da causa. Antimicrobianos, cicloplégicos, ceratectomia fototerapêutica (se leucomas cicatriciais) Obs.: Ceratite por herpes-zoster à lesões dendríticas na córnea e sinal de Hutchinson (lesões na base do nariz) Outros HIFEMA • Sangue na câmara anterior • Curso benigno e autolimitado • Acompanhamento diário: § 1/3 do nível: reabsorção espontânea § > 1/3 e > 5 dias de evolução: tratamento clínico e/ou cirúrgico § > 1/2 e > 5 dias de evolução: tratamento cirúrgico (drenagem) e lavagem com solução salina balanceada (ringer lactato) HIPÓPIO não é causa de olho vermelho, mas está aqui para diferenciar • Presença de secreção esbranquiçada na câmara anterior • Pode ser inflamatório (hipópio plástico) ou infeccioso (hipópio grave ou purulento) GLAUCOMA AGUDO DE ÂNGULO FECHADO • Emergência oftalmológica • Fechamento abrupto e total do ângulo iridocorneano com consequente aumento da PIO e lesão do nervo óptico • Tratamento da crise: manitol EV, colírio colinérgico, colírio beta- bloqueador, colírio alfa-2-agonista, corticoide, inibidor da anidrase carbônica • Tratamento definitivo: trabeculectomia no olho afetado e iridotomia no olho contralateral Uveítes • Definição: inflamação do trato uveal (íris + corpo ciliar + coroide) - Corresponde a uma das principais causas de olho vermelho e 10% das causas de cegueira no mundo ocidental • Classificação anatômica: - Uveíte anterior (70%): íris + pars plicata do corpo ciliar - Uveíte intermediária (5%): pars plana do corpo ciliar + extrema periferia da retina - Uveíte posterior (15%): coroide + retina posterior à base do vítreo - Panuveíte ( hemécias > glaucoma de células fantasmas ou ceratopatia bolhosa (córnea) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 18 • Etiologia: - Infecciosas: bactérias, vírus, fungos, protozoários (toxoplasmose), vermes - Doenças sistêmicas: reumatológicas - Maioria é idiopática • Evolução: - Aguda: início súbito, sintomático, duração 3 meses - Remissiva: inatividade por > 3 meses após término do tratamento Uveíte anterior > Inflamação da íris (irite) acompanhada ou não da pars plicata do corpo ciliar AGUDA: mais frequente - Idiopática, infecciosa ou associada a espondiloartrites (espondilite anquilosante, artrite reativa) - Surtos autolimitados e recidivantes - Quadro clínico: hiperemia, dor ocular, fotofobia acentuada, lacrimejamento e AV normal - Hipotonia no início CRÔNICA: menos frequente - Idiopática, sarcoidose, tuberculose - Processo oligossintomático insidioso com episódios de agudização - Clínica: leve hiperemia ocular, escotomas, dor, fotofobia, redução AV • Achados: - Hiperemia ciliar: olho vermelho circocorneano - Triângulo de Arlt: precipitados ceráticos finos localizados mais na ½ inferior do endotélio corneano (convecção do humor aquoso) - Flare: turvação na câmara anterior pela suspensão de proteínas no humor aquoso (verificada pelo efeito Tyndall à luz dispersa por partículas diminutas no seu caminho); feixe luminoso sobre a câmara anterior c/um aspecto fosco - Hipópio: secreção esbranquiçada na câmara anterior; inflamatório! - Fibrina: acúmulo de pequenos coágulos vermelhos na câmara anterior - Rubeosis iridis: neovascularização da superfície anterior da íris > Nódulos de Koeppe: nódulos inflamatórios na borda pupilar > Nódulos de Busacca: nódulos inflamatórios no estroma iriano - Precipitados ceráticos do tipo “gordura de carneiro” (mutton fat): precipitados ceráticos grossos localizados no endotélio corneano • Complicações: - Sinéquias anteriores: aderência da íris com a córnea - Sinéquias posteriores: aderência da íris com o cristalino à íris em bombé - Ceratopatia em faixa: depósitos de cálcio na membrana de Bowman e no estroma superficial da córnea - Phthisis bulbi: atrofia ocular - Catarata secundária, glaucoma secundário, edema macular Uveíte intermediária Inflamação da pars plana do corpo ciliar e extrema periferia da retina • Etiologia: idiopática; HTLV, TB, HBV, HCV, esclerose múltipla, complicação de cirurgia de catarata, doença de Lyme (crônica) * hiperemia ciliar é um sinal grave!! obs: moscas volantes > causa: inflamação crônica, acúmulo de proteínas, perfuração? Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 19 • Quadro clínico: - Maioria é bilateral - Sintomas: flutuação de visão; escotomas; baixa AV; moscas volantes; - Sinais: snowballs e snowbank § Snowballs: agregados inflamatórios arredondados de coloração branco- amarelada dispersos no vítreo § Snowbanks: exsudatos inflamatórios maciços esbranquiçados em forma de bancada localizados sobre a pars plana - Complicações: edema macular cistoide (acúmulo de líquido); descolamento de retina; catarata Descolamento de retina Uveíte posterior Inflamação da coroide frequentemente associada à vitereíte e retinite • Etiologia: toxoplasmose, CMV, TB, sífilis, histoplasmose, sarcoidose, doença de Behçet, idiopática • Quadro clínico: - Sintomas: escotomas, moscas volantes, fotopsia, redução AV (progressiva) - Sinais: vitreíte (flare, opacificações, manchas branco-amareladas); vasculite - Complicações: edema macular cistoide, isquemia macular, oclusão vascular, neurovascularização da coroide, descolamento da retina TOXOPLASMOSE - Retinocoroidite associada a uma cicatriz pigmentada (lesão satélite), geralmente no polo posterior - Vitreíte com “farol de neblina” (núcleo inflamatório retiniano branco visualizado durante a vitreíte Uveítes –investigação • Doenças sistêmicas: - Hemograma - Sorologias: toxoplasmose (IgM / IgG), HBV, anti-HCV - RX de tórax: TB, sarcoidose - RX de sacroilíacas: espondilite anquilosante - Testes cutâneos: TB (PPD) • Avaliação especializada: - Reumatologista: espondiloartrites, AIJ, doença de Behçet - Infecto: TB, hepatites, sarcoidose • Avaliação oftalmológica: - Angiofluoresceinografia - OCT de mácula - Mapeamento de retina Uveítes – tratamento • Midriáticos: relaxamento do espasmo do músculo ciliar e do esfíncter pupilar • Esteroides: redução do processo inflamatório – tópico, injeção periocular, injeção intravítrea, sistêmico • Imunossupressores sistêmicos: refratariedade à terapia com esteroides ou complicações secundárias ao uso de esteroides • ATB: Tratamento da infecção PAN - UVEÍTE - Síndrome de Vagt-Kayanagi-Harada: doença rara de etiologia desconhecida que envolve olho, meninge e encéfalo; manifesta-se como uveíte posterior ou pan-uveíte; quadro: granulomatose, descolamento seroso da retina bilateral, cefaleia, zumbido; exame: líquior (avaliar pleocitose) (relaxamento muscular para diminuir a possibilidade de sinéquia anterior e posterior e diminuir a dor) (Sulfametoxazol + Trimetoprima → bactrim) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 20 Glaucoma Neuropatia óptica crônica e progressiva, com fatores de risco multifatoriais, caracterizada por dano estrutural das fibras nervosas retinianas(trabeculado) e perda funcional do campo visual - Doença que causa neuropatia óptica progressiva e irreversível associadas a defeitos característicos do campo visual e alterações estruturais - Caracterizado pela perda de células ganglionares da retina (CGR), afinamento da camada de fibras nervosas da retina e escavação do disco óptico • Epidemiologia: - É a causa +comum de cegueira evitável irreversível no mundo - 2020: entre 76-79 milhões de pessoas com glaucoma - Ascendência africana - para GPAA - Origem asiática tem risco de GPAF • Pressão intraocular (PIO): - A PIO média na população geral é cerca de 16 mmHg na tonometria de aplanação e um intervalo dos 11 aos 21 mmHg tem sido convencionalmente aceito como normal - Varia com FC, PA, respiração, ritmo circadiano - Alguns pacientes desenvolvem lesões glaucomatosas com PIOs menores que 21 mmHg, enquanto outros permanecem incólumes com PIOs bem acima deste valor; mas de 8-21 geralmente é bem ok - PIO normal = a que não gera lesão em nervo óptico (pressão-alvo) • Humor aquoso: pelas células do epitélio ciliar da pars plicata do corpo ciliar, sendo lançado na câmara posterior do olho, entre íris e cristalino - As células do corpo ciliar secretam sódio, cloreto e bicarbonato que carreiam água por mecanismo osmótico • Drenagem do humor aquoso: drena da câmara posterior por meio da pupila para a CA, de onde sai do olho por três vias - Via convencional (trabecular) – 50%; via alternativa (uveoescleral) – 50% - Equilíbrio pressão = drenagem Obs.: Qual o mecanismo de aumento de PIO pelos corticoides? >> Via convencional ou via trabecular (50%): trabéculo -> canal de Schlemm - > veias episclerais - Esta é uma via de fluxo volumoso sensível à pressão de modo que o aumento da PIO aumenta o fluxo >> Via alternativa ou uveoescleral (50%): superfície do corpo ciliar -> espaço supracoroideano -> drenado pela circulação venosa do corpo ciliar, coroide e esclerótica e íris • Pressão intraocular: >> produção X drenagem SP 5 Principal causa irreversível de cegueira (a principal reversível é a catarata) - pode ou não ter hipertensão ocular Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 21 - Normalmente entre 11-21 (verificar com a tonometria) - Varia com FC, PA, respiração, ritmo circadiano - Padrão diurno de produção - Se acho uma pressão de 25, eu preciso fazer uma contra-prova, é apenas suspeito (ex.: escavação fisiológica) • Diagnóstico: lesão do nervo! Não é pressão alta, é fator de risco - Gonoscopia: Observar o ângulo da câmera anterior (aberto/fechado) - Tonometria: Suspeito se PIO>21, porém pode estar normal > Tonometro de aplainação é o melhor para determinar - Paquimetria: Espessura corneana – pode superestimar ou subestimar a PIO > Medimos a pressão na córnea com base na sua espessura média na população; logo, a depender da córnea ser +espessa ou +fina, pode haver divergências (Ex.: uma córnea +grossa falseia pra ++ pois cria +resistência) - Retinografia: Monitorar a escavação; suspeito se diferença de escavação entre os olhos > 0.3; escavação > 0,6 - OCT: Observar cabeça do nervo optico, camadas de fibras nervosas da retina e complexo das células ganglionares - Campimetria: Analisar a progressão da perda do campo visual Glaucoma primário de ângulo aberto Neuropatia glaucomatosa com “ângulo aberto” e com ausência de causas secundárias (+comum!) MIOPIA - Neuropatia glaucomatosa - Ângulo aberto - Ausência de causas secundárias - Evolução insidiosa - 85% apresentam PIO >21 • Fatores de risco: Raça (brancos > 65 anos e negros > 40 anos); História familiar e genética; Idade; Espessura central da córnea; Miopia elevada; Diabetes; Hipertensão arterial; Baixa pressão de perfusão ocular diastólica; Apneia noturna; Escavação suspeita do nervo óptico; Hemorragias no disco óptico; Doença cardiovascular; Doença cerebrovascular; Hipercolesterolemia; Alimentação; Pseudoesfoliação; Flutuação da PIO – PIO elevada • Manifestações: Insidiosa, com comprometimento bilateral, assimétrico e indolor; comprometimento periférico da visão (tunelização) • Tratamento: > Objetivo: reduzir a PIO cerca de 30% + estabilização da doença - Análogos da prostaglandina (latanoprost): aumenta a drenagem pela via alternativa >> Efeitos colaterais - Hiperemia conjuntival, alongamento, espessamento, hiperpigmentação e aumento do número dos cílios e hiperpigmentação irreversível da íris. - Beta bloqueador (timolol): ¯produção de humor aquoso pelo corpo ciliar - Alfa 2-agonista (Brimonidina): diminuem a produção do humor aquoso e aumentam a drenagem V.A - Inibidores da anidrase carbônica (Brinzolamida): reduz a formação do HA pelo corpo ciliar *suspeita: diferença de escavação entre os olhos > 0,3; escavação > 0,6 e PIO > 21mmhg (avalia lesão anatômica) (faz avaliação fisiológica) (não pode monoterapia) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 22 > Trabeculoplastia - aplicação de laser na malha trabecular para aumentar a drenagem de humor aquoso > Trabeculectomia - criação de uma fístula para permitir a drenagem do humor aquoso da câmera anterior para o espaço subtenoniano > Implantes de drenagem Glaucoma primário de ângulo fechado Neuropatia glaucomatosa com “ângulo fechado” e com ausência de causas secundárias HIPERMETROPIA - Definido pela presença de um ângulo iridocorneano estreito na vigência de lesão neuropática glaucomatosa • Fatores de risco: Ângulo iridocorneano estreito; Idade > 40/50 anos; Sexo feminino (3:1); História familiar (+); asiáticos e esquimós; Hipermetropia; DM; Íris plateau; pseudoexfoliação (material fibrinoso amiloide derivado do metabolismo anormal do tecido ocular) • Fisiopatologia: - Bloqueio pupilar: indivíduos predispostos (câmara anterior estreita) têm a íris mais próxima do cristalino à aumento da espessura do cristalino com a idade à dificuldade de passagem do humor aquoso para a câmara anterior à empurra a íris para frente (íris em bombé) à aumenta o estreitamento do ângulo iridocorneano - Íris em plateau: deslocamento anterior da íris periférica pelo corpo ciliar • Diagnóstico: - Teste da iluminação oblíqua: iluminação oblíqua da câmara anterior para avaliar a profundidade e o ângulo da câmara à AA: toda íris iluminada; AF: só parteda íris fica iluminada - Teste de Van Herick: um feixe de luz é projetado na periferia da córnea a um ângulo de 60o o mais próximo possível do limbo e compara-se a profundidade da câmara anterior periférica com a espessura da córnea periférica. - Gonioscopia: padrão-ouro para determinação do ângulo iridocorneano • Classificação: Latente; Subagudo (intermitente); Congestivo agudo; Pós congestivo; crônico • Crise aguda: Fechamento abrupto e total do com perda dolorosa da visão; situações que provocam ½ midríase (estresse emocional, meia-luz, aplicação de colírios midriáticos) >> Manifestações: - Unilateral, c/ pupila em ½ midríase - Olho vermelho (injeção perilímbica) - Dor ocular intensa súbita - Náuseas/vômitos - Edema corneano - Haze corneano - Cefaleia frontal - Fotofobia - Borramento visual/halos de luz - Lacrimejamento e sudorese fria • Tratamento na crise: 1. Manitol EV: agente osmótico sistêmico que desidrata o vítreo (retira excesso de líquido do tecido); 2. Colinérgico (Pilocarpina): miótico; 3. Betabloqueador (Timolol): reduz a produção de humor aquoso pelo corpo ciliar; 4. Alfa-2-agonista (Apraclonidina): reduz a produção de humor aquoso pelo corpo ciliar e aumenta o tríade: aumento PIO, alteração do NO e defeito no campo óptico correspondente (dura cerca de 2 a 3 anos) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 23 escoamento pela via úveoescleral; 5. Corticoide (Prednisolona): reduz a inflamação do trabeculado; 6. Inibidor da anidrase carbônica (Dorzolamida): reduz a produção de humor aquoso por inibir a secreção de bicarbonato. • Tratamento pós-crise: - Olho afetado: trabeculectomia - Olho não afetado: iridotomia Glaucoma congênito A criança nasce com um defeito na formação do ângulo de filtração iridocorneano (disgenesia angular - desenvolvimento incompletoda malhado trabeculado antes ou após o nascimento) - Epífora - Fotofobia - Blefaroespasmo - Córnea opalescente(translúcida) - Aumento do globo ocular (buftalmo) - Injeção conjuntival > Goniotomia > Trabeculotomia Glaucoma secundário Existe um fator causal identificável ocular ou extra-ocular provocando a elevação da PIO - Traumas, uveítes... >> De Ângulo Aberto - Pré-trabecular: obstrução do fluxo causada por membrana cobrindo internamente o trabéculo - Trabecular: obstrução ao fluxo causada por "entupimento" do trabeculado - Pós-trabecular: fluxo de drenagem prejudicado pelo aumento da pressão venosa episcleral >> De Ângulo fechado - Forças posteriores: Empurram a íris contra o trabéculo - Forças anteriores: Puxam a íris sobre o trabéculo pela contração de membranas inflamatórias ou fibrovasculares Retina As principais retinopatias são: retinopatia diabética, retinopatia hipertensiva crônica e maligna e a retinopatia da prematuridade Retinopatia diabética - É uma microangiopatia causada por ambiente hiperglicêmico, que compromete a camada de fibras nervosas da retina • Epidemiologia: - Principal causa de cegueira em população economicamente ativa em países industrializados - Uma das principais complicações relacionadas ao DM e a principal causa de cegueira em pessoas com idade entre 20 e 74 anos - Afeta cerca de 90% de pacientes DM tipo 1 e em 60% dos DM tipo 2 com +20 anos de diabetes - Forma proliferativa atinge 30% de DM com +25 anos de doença - Principal causa de BAV: Edema Macular • Fatores de risco: tempo de diabetes, má qualidade do controle (antes da crise para prevenção) - Doença vascular Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 24 glicêmico/variabilidade glicêmica, HAS, obesidade, tabagismo, nefropatia • Fisiopatologia: prova!!! - A captação de glicose pela retina ocorre de forma independente da insulina; os níveis de glicose neste tecido estão em equilíbrio com a glicemia plasmática, e seu excesso ativa a via dos polióis - Via dos polióis: converte glicose em sorbitol (através da aldose redutase) - Em muitos tecidos, o acúmulo celular de sorbitol é negligenciável, no entanto, na retina, assim como nos tecidos renal e nervoso, temos: Concentração intracelular de sorbitol à efeitos osmóticos adversos à de influxo de líquido à alterações na permeabilidade da membrana à início da patologia celular Acúmulo de sorbitol intracelular está ligado à depleção de mioinositol à determina a redução do metabolismo do fosfoinositol à disfunção celular à lesões anatômicas Por haver depleção dos níveis de NADPH e NAD à ¯¯¯ síntese de óxido nítrico à vasoconstrição, ¯fluxo sanguíneo, isquemia e lesão tissular Enfraquecimento capilar: - Perda dos pericitos (alterações proliferativas) - Hipoperfusão (alterações proliferativas) • Na retina: - Disfunção celular - Estresse oxidativo pelo acúmulo de radicais livres - Vasoconstrição pela redução de óxido nítrico - Formação de fatores inflamatórios e trombogênicos > Perda de pericitos à Alterações não proliferativas: - Edema retiniano - Microaneurismas - Exsudatos duros e algodonosos - Dilatações venosas - Hemorragias intrarretinianas > Hipoperfusão à Produção de VEGF à Alterações proliferativas: - Neovascularização - Hemorragias em retina/vítreo • No cristalino: acúmulo de sorbitol e incha à influxo de líquido e alterações na permeabilidade da membrana à miopia de índice/difração da luz à flutuações da visão >> Por isso não se prescreve óculos p/ pacientes com glicemia não controlada >> Incha, desincha, precipita proteína e pode dar catarata precoce (opacifica o cristalino) HF, dislipidemia -cristalino túrgido > muda refração/labilidade de refração -metamorfopsia, fotopsia Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 25 Ex. do Chicão: A) Paciente hígido de 60 anos satisfeito com sua visão. Acuidade visual com catarata com poucas cruzes e visão de 0.5, 0.6 B) Paciente diabético (controlado há 5 anos) de 60 anos satisfeito com sua visão. Acuidade visual com catarata com poucas cruzes e valores de 0.5, 0.6 P: Quando indico cirurgia para o paciente A e quando indico cirurgia do paciente B? R: Paciente A opera quando começar a incomodar sua visão. Paciente B deve operar quando o exame da retina é prejudicado pela opacificação do cristalino pelo fato de que não seria mais possível fazer o acompanhamento oftalmológico. - Além disso, na retinopatia diabética, há uma perda de pericitos/células de Rouget à células murais que envolvem o endotélio dos capilares; acredita-se que elas regulam o seu fluxo sanguíneo por uma capacidade contrátil (actina, miosina, tropomiosina) - Assim, os vasos se tornam acelulares ou fantasmas, o que, associado às alterações bioquímicas, provoca hipoperfusão da retina, anóxia e extravasamento celular - A hipóxia estimula produção e facilitar a ação dos fatores de crescimento à angiogênese, dentre eles o mais específico é o VEGF • Classificação: Gravidade e achados à oftalmoscopia sob dilatação pupilar Sem retinopatia aparente – sem alterações Retinopatia diabética não proliferativa leve – microaneurismas apenas Retinopatia diabética não proliferativa moderada – achados + abundantes que na anterior e menos que na forma grave Retinopatia diabética não proliferativa grave – 1 dos seguintes: +de 20 hemorragias retinianas em cada 1 dos 4 quadrantes retinianos, ensalsichamento venoso em 2 quadrantes ou microanormalidades vasculares intrarretinianas em 1 quadrante Retinopatia diabética proliferativa – presença de neovasos e/ou hemorragia vítrea ou pré-retiniana - O edema macular né percebido pela presença de espessamento retiniano ou Classificação retinopatia: -Não proliferativa: alteração na retina (microaneurismas) -Proliferativa: alteração na superfície da retina ou fora dela (descolamento, neovasos,hemorragia vítrea) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 26 de exsudatos duros no polo posterior; uma vez presente ele pode ser classificado em: § Leve: algum grau de espessamento de retina e exsudatos duros no polo posterior, mas distantes do centro foveal; § Moderado: espessamento de retina próximo ao centro da mácula, mas ainda não atingiu seu centro; § Grave: espessamento de retina ou exsudatos duros atingindo o centro da mácula. Principal causa de baixa de visão na retinopatia diabética à edema macular (maculopatia diabética) • Diagnóstico: - O exame oftalmológico completo deve ser realizado em todos os pacientes diabéticos por médico oftalmologista especializado, para verificação da melhor acuidade visual corrigida e realização de mapeamento de retina sob midríase medicamentosa por oftalmoscopia binocular indireta, biomicroscopia em lâmpada de fenda e tonometria - A fundoscopia e o mapeamento de retina são os melhores métodos para visualização direta das alterações - Além disso, pode-se solicitar exames complementares, como a angiofluoresceinografia, a OCT e a angio-OCT, que é para avaliação de isquemia retiniana, detecção de neovasos e acompanhamento de edema - Se cristalino opaco, fazer USG • Tratamento: - Controle glicêmico (HbA1c > Crônica - Mais comum; assintomática - Esclerose involucionais, vasoconstrição e rompimento da barreira hemato-retiniana em pequenas áreas, permitindo extravasamento - Cruzamento arteriovenoso patológico (aterioesclerose hialina hipertensiva, que provoca a constrição da veia pela artéria com quem divide a adventícia) - Estreitamento e tortuosidade arteriolar e dilatações venosas adjacentes - brilho arteriolar c/aspecto de fio de cobre ou fio de prata (arterioloesclerose senil, que pode ser encontrada em idosos mesmo na ausência de HAS) >> Maligna - Mais rara (1%), mais comum em indivíduos de 40-50 anos Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 28 - Associada a hipertensão acelerada maligna, nefroesclerose hipertensiva maligna e alto risco para encefalopatia hipertensiva e edema agudo de pulmão - Rompimento/quebra da barreira de autorregulação do fluxo vascular, o que resulta em vasoconstrição arteriolar difusa e edema retiniano - Cefaleia, escotomas, fotopsia, metamorfopsia e borramento visual - Cruzamento arteriovenoso patológico (aterioesclerose hialina hipertensiva, que provoca a constrição da veia pela artéria com quem divide a adventícia) - Estreitamento e tortuosidade arteriolar e dilatações venosas adjacentes - Manchas algodonosas (microinfartos na camada de fibras ganglionares) e hemorragias em chama de vela, semelhante a retinopatia diabética, mas geralmente em menor quantidade - Papiledema (isquemia papilar aguda ou hipertensão intracraniana) - Constrição arteriolar difusa, edema macular e estrelas maculares - Manchas de Elschnig (manchas negras pequenas circundadas por halos brancos/amarelos devido a infartos coroidianos focais) - Estrias de Siergrist (machas dispostas linearmente ao longo dos vasos coroidianos que indicam necrose fibrinoide associada a hipertensão maligna) - Descolamento de retina exsudativo • Classificação: - A partir dessas alterações, pode ser classificada de acordo com Keith- Wagener-Barker em 4 grupos (permite correlacionar o grau com lesão de órgão-alvo à distância): Grupo I: estreitamento arteriolar e alteração do reflexo arteriolar leves Grupo II: cruzamento arteríolo-venoso patológico Grupo III: hemorragia/exsudatos Grupo IV: papiledema • Tratamento: - Controle rigoroso da PA: tratar crise hipertensiva e manter esse controle para evitar surgimento ou progressão de outras lesões de órgão-alvo • Complicações: - Oclusão de veia retiniana, oclusão de artéria retiniana, microaneursima arterial da retina, neuropatia óptica isquêmica anterior, paralisia do nervo oculomotor e piora da retinopatia diabética, uma vez que as duas normalmente estão associadas Retinopatia da prematuridade “Acometimento da retina causado pela exposição de uma retina ainda imatura a um ambiente com alta concentração de oxigênio, configurando-se como uma das principais causas de cegueira prevenível na infância” • Fisiopatologia: - Exposição de retina imatura - começa a desenvolver os complexosvasculares no 4º mês de gestação, alcançando a periferia nasal no 8º mês, mas periferia temporal após o 1º mês de vida § 16ª semana intrauterina: início do desenvolvimento dos complexos vasculares do centro para periferia; vasoconstrição, tortuosidade fios de prata/ouro algodonosos Assintomático Funções cardíaca, renal e cerebral são satisfatórias Funções podem estar comprometidas Funções comprometidas Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 29 § 32ª semana intrauterina: complexos vasculares alcançam a periferia nasal; § 1º mês de vida: complexos vasculares alcançam a periferia temporal • Triagem: - Consiste na avaliação de bebês com IG 34 semanas - É importante a realização a cada 2 semanas até que a vascularização da retina atinja a zona 3 • Classificação: indicador de atividade da doença; severidade é determinada de acordo com: (1) Localização: > Zona 1: limitada a 2x a distância do disco óptico à mácula; > Zona 2: limitada pela ora serrata nasal e uma área próxima ao equador do lado temporal; > Zona 3: estende-se ao crescente temporal residual, anterior à zona 2; (2) Extensão: número de horas do relógio da retina acometida; (3) Estadiamento: > Estágio 1: linha de demarcação, que consiste em uma linha branco- acinzentada que corre paralela a ora serrata, separando a retina avascular imatura periférica da retina posterior vascularizada, mais proeminente na periferia temporal; > Estágio 2: a linha evolui para uma crista elevada que representa uma derivação mesenquimal unindo arteríolas com veias, havendo pequenos tufos neovasculares isolados posteriores a ela; > Estágio 3: a crista apresenta proliferação fibrovascular extrarretiniana, adquirindo uma cor rosada, associada a tortuosidade dos vasos retinianos posteriores ao equador e hemorragia retiniana, principalmente com IG > 35 semanas; > Estágio 4: descolamento de retina subtotal causado por progressão da proliferação fibrovascular, começando na periferia, geralmente após 10 semanas de vida; > Estágio 5: descolamento de retina total; (4) Atividade da doença: > Doença ativa (+): que tende a progressão, apresentando deficiência de dilatação pupilar e ingurgitamento grosseiro dos vasos da íris, turvação vítrea, dilatação das veias e tortuosidade das artérias na retina posterior e aumento das hemorragias pré-retinianas e vítrea > Doença limiar: 5 h contínuas ou 8 h não contínuas de neovascularização extrarretiniana (estágio 3) na zona 1 ou na zona 2, associada a doença ativa, sendo indicação de tratamento • Tratamento: - Ablação da retina avascular imatura por crioterapia ou fotocoagulação a laser em casos de doença limiar, geralmente com sucesso em 85% dos *se estiver opaco > USG Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 30 casos e evolução para descolamento de retina em 15% - Cirurgia vitreorretinianas para descolamento tracional de retina, geralmente com resultado visual desfavorável. ...Observações - Em 80% dos casos a retinopatia da prematuridade regride de maneira espontânea, deixando pouco ou nenhum resíduo, sendo rara a evolução do estágio 1 para 4 em poucos dias - Em 20% dos casos ativos, a retinopatia pode evoluir com complicações cicatriciais - variam de inócuas a extremamente graves, de acordo com severidade do quadro inicial ARTIGOS: 1- Red eye for the internist: When to treat, when to refer - descobrir causa; - blefatires, conjuntivites, abrasão da córnea, olho seco e hemorragia subconjuntiva, pinguécula, pterígio. episclerite > clínico; - infecção bacteriana na córnea/ceratites(*), uveítes(*anteriores), esclerites(*), glaucoma de anulo fechado agudo(*), infecção do canal lacrimal(*); lente de contato, trauma, mudança na visão, dor severa, sintomas sistêmicos (vômitos, náuseas, cefaleia), descarga purulenta, alterações na porção anterior da córnea, pcts sem resposta ao tto das situações anteriores, corpo estranho de difícil remoção (*) > oftalmologias URGENTE; - investigar: 1 ou 2 olhos afetados, duração dos sintomas, problemas anteriores/histórico, tipo da secreção se presente, mudanças na visão/fotofobia/dor; - exame físico: acuidade visual, tamanho da pupila e reação a luz, localização, córnea, linfonodos, fundoscopia. 2- Anatomy and physiology of the cornea - transparente e refrativa; - protege; - córnea é um tecido conjuntivo avascular transparente que atua como a principal barreira infecciosa e estrutural do olho; - diâmetro horizontal da córnea é de 11,5 a 12,0 mm 1 e cerca de 1,0 mm maior que o diâmetro vertical; - 0,5mm espessura no centro (aumenta na periferia); - forma da córnea é alongada – mais plana na periferia e mais íngreme centralmente – o que cria um sistema óptico asférico; - 5 camadas reconhecidas, 3 celulares (epitélio, estroma, endotélio) e 2 de interface (membrana de Bowman, membrana de Descemet); - avascular > componentes são fornecidos por pequenos vasos na borda externa da córnea e de componentes fornecidos pelos ramos terminais das artérias faciais e oftálmicas através do humor aquoso e do filme lacrimal; -um dos tecidos mais inervados e sensíveis do corpo. Os nervos e a sensação da córnea são derivados do ramo nasociliar da primeira divisão (oftálmica) do nervo trigêmeo. Na córnea superficial, os nervos entram no estroma radialmente em troncos espessos formando arranjos plexiformes, que eventualmente perfuram a membrana de Bowman para fornecer um rico plexo abaixo da camada epitelial basal. A córnea também contém fibras nervosas simpáticas autônomas. 3- INTERMEDIATE UVEITIS – A REVIEW - doença inflamatória insidiosa de curso crônico que envolve o vítreo, pars plana, periferia da retina e coroide; - adultos jovens; - etiologia não esclarecida / idiopática; - doença mediada por células T > IL2, IL6, IL12, IL18, TNF-alfa; - diagnósticos diferenciais: infecções (toxoplasmose, doença de Lyme, tuberculose, sífilis, HIV, epstein barr, esclerose, sarcoidose, linfoma, amiloidose, doença de Whipple, vasculite da retina, cirurgias, traumas; - complicações: catarata, edema macular cistoide, hemorragia no vítreo, glaucoma secundário, neovascularização, membranas no vítreo; - diagnóstico: clínico; - tto: corticoesteroides, Triancinolona intravítrea, CO oral, agentes imunossupressivos, Infliximabe, cirurgia - laser, crioterapia. Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO ORTOPEDIA MÓDULO 8 PROFESSOR NILO MACHADO 1. Coluna Vertebral: cervicalgias, lombalgias e hérnia de disco ............ 2 2. Tendinite do ombro; epicondilite lateral cotovelo .............................. 10 3. Síndrome do túnel do carpo; tenossinovite De Quervain ................. 15 4. Doença de Legg-Calvé,Perthes, displasia do desenvolvimento do quadril ........................................................................................................ 18 5. Mieloma múltiplo; osteossarcoma; fasciite plantar e neuroma Morton .............................................................................................................. 21 Obs.: Em azul estão as observações do professor Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 2 ORTOPEDIA Coluna Vertebral: cervicalgias, lombalgias e hérnia de disco A coluna vertebral é definida como a estrutura óssea que vai da região inferior do osso occipital do crânio até a ponta do cóccix; a medula espinhal é o tecido nervoso tubular que transita no canal vertebral da coluna vertebral • Vértebras cervicais (7) • Vértebras torácicas (12) • Vértebras lombares (5) Obs.: tuberculose acomete toracolombar • Sacro (5 fundidas)• Cóccix (3-4 fundidas) CERVICALGIAS Ø COLUNA CERVICAL • 7 vértebras • 8 pares de nervos • Atlas (C1) e Axix (C2) Conceito: síndrome dolorosa regional, caracterizada por dor e rigidez do pescoço, cefaleia, tonturas e irradiação aos ombros e extremidades superiores Epidemiologia: observada em cerca de 25% dos indivíduos de 25 a 29 anos e em até 50% da população >45 anos; estima-se que 12% das mulheres e 9% dos homens apresente cervicalgia crônica; torna-se mais comum à medida que há progressão da idade Fatores de risco: idade, trabalhadores braçais e tarefas repetitivas, indivíduos tensos ou que executem atividade adotando vícios posturais, assim como longos períodos de flexão cervical, fumo e traumatismos prévios Fisiopatologia: não é totalmente esclarecida; existem evidências de distúrbios do metabolismo oxidativo e níveis elevados de substâncias que provocam dor muscular na região cervical, que sugerem que a circulação ou o metabolismo deteriorado do músculo local • Pode estar associada com alteração da coordenação dos músculos cervicais e a deterioração da propriocepção do pescoço e dos ombros • Na cervicalgia pós-traumática, lesão de tecidos moles dificulta a informação dos mecanorreceptores nos tecidos acometidos e provoca disfunções sensitivas e motoras Clínica: desenvolve gradualmente ou aparece pós-trauma, recorrente SP 1 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 3 • Dor e rigidez do pescoço, cefaleia, tonturas e dor que se propaga aos ombros e as extremidades superiores • Dor cervical pós-traumática associa com variedade + ampla de sintomas como temporomandibulares, distúrbios visuais e auditivos, distúrbios do sono, da cognição e da emoção • Ansiedade, depressão e lumbago podm indicam condições mais preocupantes • Pode evoluir de forma aguda ou crônica (> ou = a 3 meses) Raiz C5 Alteração sensorial Deltoide Déficit motor Abdução e rotação lateral do ombro Reflexo Biciptal (supinador) Dor Pescoço, ombro e face anterolateral do braço Raiz C6 Alteração sensorial 1º e 2º dedos Déficit motor Extensão do punho, flexão do cotovelo Reflexo Braquiorradial Dor Pescoço, ombro, face lateral do braço e dorsal do antebraço Raiz C7 Alteração sensorial 2º e 3º dedos Déficit motor Extensão do antebraço/ cotovelo Reflexo Triciptal Dor Pescoço e face dorsal do braço/antebraço Raiz C8 Alteração sensorial 4º e 5º dedos Déficit motor Flexão dos dedos Reflexo Sem reflexo específico; cúbito pronador Dor Borda medial do braço e antebraço Etiologias: extrínseca (articulação e muscular) ou intrínseca (traumática, mecanoposturais, infecciosa, inflamatória, degenerativa, tumores...) • Traumática: > fratura de C1 (fratura de Jefferson): sintomas musculares predominam (espasmo muscular) – o canal é mais alargado, ao invés comprimir a medula, ele alarga-se > C2 (fratura do enforcado): comprometimento neurológico – processo odontoide comprime a medula se houver lesão na base • Infecciosa: dor aumenta com compressão axial da coluna cervical, acompanhada de rigidez e limitação acentuada dos movimentos. • Inflamatórias: artrite reumatoide/AR (espessamento sinovial) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 4 • Degenerativa: degeneração do disco e artrose de facetas • Tumores: dor noturna, que não passa, podendo ser acompanhada de sintomas radiculares Diagnóstico e tratamento: História e antecedentes pessoais/familiares, exame clínico e exames de imagem • O exame local do pescoço começa por estruturas não esqueléticas da face anterior - linfonodos, traqueia, tireoide e glândulas salivares - à procura de pontos dolorosos ou edema; a seguir, examina-se a face posterior à procura de pontos mais sensíveis • O exame da movimentação cervical ativa e passiva permite diferenciar a restrição mecânica da restrição antálgica associada à tensão muscular TESTES CLÍNICOS Teste de Spurling: - Feito com o paciente sentado - Examinador gira e inclina a cabeça do paciente para o lado doloroso, enquanto aplica uma pressão para baixo durante 10 segundos - O teste é (+) se houver reprodução da dor e parestesia característica - Pacientes c/ compressão de C6 podem ter alívio abduzindo o ombro e colocando mão sobre a cabeça Teste de Adson: - Forma de avaliar a permeabilidade da artéria subclávia que pode estar comprimida pela costela cervical ou contratura dos músculos escalenos anterior e médio - Examinador palpa o pulso radial do paciente cm abdução, extensão e rotação externa do braço - Paciente inspira profundamente e prende a respiração enquanto roda a cabeça na direção do lado testado - A diminuição na amplitude do pulso radial durante esta manobra é indicativa de compressão de artéria subclávia Ø Síndrome do desfiladeiro cervicotorácico: variação anatômica, costela cervical � pode causar compressão das estruturas cervicais quando realizada manobra • O exame neurológico deve ser minucioso; membros devem ser examinados para atrofias, fasciculações, força muscular e sensibilidade ao toque • Deve-se examinar o tronco e os MMII para afastar a compressão medular cervical e estabelecer o nível lesional Exames de imagem: • RX AP e perfil > Para fratura em C2 � AP transoral (enxerga processo odontoide e massas laterais de C1) • TC > Delimitar as características de lesão e visualiza se tem lesão nervosa (deformações ósseas – ruim para partes moles); melhor para analisar fraturas, tumores • RM > Melhor para partes moles • Eletromiografia > Complementa o diagnóstico em caso de dor irradiada Tratamento: tratamento etiológico, em geral, não é possível; as intervenções terapêuticas e de reabilitação são ou em pé Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 5 voltadas a redução dos sintomas e a melhora da função • Reabilitação: exercício físico, a mobilização, a manipulação, fisioterapia + intervenções psicológicas • Tratamento imediato/curto prazo: acupuntura, terapia de aplicação do laser de baixa potência e aplicação de campos de pulsos eletromagnéticos • Farmacológico: AINES/analgésicos; relaxantes musculares, caso contratura • Trauma: colar cervical (retira o colar quando paciente lúcido, ausência de dor; se não consciente, após os exames confirmando ausência de lesão) LOMBALGIAS Ø COLUNA LOMBAR • Nervo ciático • Nervo ileofemoral • Nervo obturador - Cone medular: até L1-L2 - L4-S1 Conceito: categorizada em inespecífica (85%), associada à compressão radicular ou estenose, além de secundária a doenças infecciosas, tumorais ou deformidades Epidemiologia: Prevalência de 72% na população geral, enquanto na população adulta fisicamente ativa a incidência anual de dor lombar baixa com limitação funcional é de 15% Fatores de risco: exposição ao estresse vibratório e manutenção da posição sentada por períodos prolongados; relacionados ao indivíduo - emocionais, falta de condicionamento físico, má postura, fraqueza da musculatura abdominal, obesidade Etiologias e quadro clínico: a degeneração do disco intervertebral é frequente à relacionada a ¯hidratação do núcleo pulposo e perda da capacidade de absorção de impacto Obs.: O processo degenerativo pode desencadear a artrose, formação de osteófitos e hipertrofia do ligamento amarelo à pode provocar dor lombar pela doença discal e artrose, mas pode também provocar: dor ciática pela herniação do núcleo pulposo; claudicação neurogênica por estenose do canal central; forame intervertebral por alterações relacionadas à degeneração do disco, facetas e ligamentos • As causas de maior gravidade estão associadas a condições específicas como déficit neurológico progressivo, tumores, infecção,síndrome da causa equina, espondilite anquilosante e fraturas por compressão Síndrome dolorosa miofascial: frequentemente encontrada em lombalgia; definida pelas bandas musculares contraturadas e dolorosas à palpação; dor geralmente não respeita dermátomos Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 6 • Fatores desencadeadores da dor miofascial: psicológicos, fadiga, falta de atividade física, falta de ergonomia, síndromes por esforços repetitivos e processos inflamatórios Raiz L4 Alteração sensorial Face interna do pé Déficit motor Dorsoflexão do pé Reflexo Patelar Exame físico – achados Teste de Lasegue Trajeto da dor Nádega > face anterolateral da coxa > borda anterior da perna Raiz L5 Alteração sensorial Dorso do pé (interdigital – hálux e 2º dedo) Déficit motor Extensão do hálux Reflexo Não possui Exame físico – achados Marcja nos calcanhares, Tendelenburg (+) Trajeto da dor Nádega > face posterolateral da coxa > face lateral da perna > tornozelo (em bracelete) > dorso do pé > hálux Raiz S1 Alteração sensorial Lateral do pé Déficit motor Flexão plantar Reflexo Aquileu Exame físico – achados Dificuldade na marcha na ponta dos pés Trajeto da dor Nádega > face posterior da coxa ou perna > calcanhar e borda lateral do pé > quinto artelho Diagnóstico clínico • Características da dor: localização, presença e território de irradiação, fatores de melhora ou piora, característica da instalação e tempo de evolução da dor e a presença de sinais e sintomas neurológicos associados • Sinais de alarme: presença de dor noturna, febre ou perda de peso, antecedente oncológico, história de traumatismo, extremos de idade, dor ciática, claudicação à investigação imediata exame de imagem - Início da dor: quadro súbito e intenso sugere uma hérnia discal, enquanto sintomatologia insidiosa sugere patologias degenerativas - Localização da dor: difusa ou localizada em algum segmento específico da coluna - Irradiação da dor: com ou sem trajeto radicular específico; dor irradiada abaixo do joelho geralmente é radicular; dor irradiada apenas até o joelho pode estar relacionada com estruturas -N. Ciático: região glútea, posterior da coxa e abaixo do joelho; -N. Femoral: anterior -N. Obturador: lateral Causas: -Inflamatórias -Mecano-Posturais -Tumorais -Degenerativas (discais) -Fraturas -Infecções (tuberculose) *dor irradia > compressão radicular? *teste: caminhar apoiando o calcanhar *teste: andar na ponta dos pés Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 7 próprias da coluna (articulações posteriores, músculos e ligamentos) - Ritmo da dor: dor que piora ao repouso e melhora com movimento sugere patologia inflamatória, como as espondiloartropatias; dor que piora aos movimentos e melhora ao repouso sugere patologia mecânico- degenerativa; dor fixa, de intensidade crescente, sem fatores de melhora, sugere patologia infecciosa ou tumoral - Características da dor: dor radicular costuma ser lancinante, acompanhada de parestesias; já a dor psicogênica costuma ser descrita em termos de sofrimento ou punição e não segue um trajeto dermatomérico específico; a dor da lombalgia mecânica costuma ser descrita como uma dor "surda”, profunda e mal delimitada - Presença de febre e perda de peso: sinais de alerta - infecção e tumores Obs.: Diferenciar de doença visceral (dores em espasmo, paciente inquieto; ex. litíase renal), enquanto a lombalgia o paciente fica em posição antálgica (+confortável para ele) Exame físico • Inspeção estática e dinâmica da coluna: determinar a presença de deformidade - A escoliose pode ser motivo da dor em desvios angulares elevados (> 70º) - As deformidades do plano sagital com desbalanço da coluna são relacionadas à dor e incapacidade - A marcha também deve ser avaliada para identificar padrões patológicos e a presença de discrepância de membros significativa • A palpação pode identificar o local da patologia ou os pontos gatilhos miofasciais • Avaliação neurológica da sensibilidade, motricidade e reflexos dos membros inferiores, incluindo o teste de Laségue (alta sensibilidade - 91%, e baixa especificidade - 26%) para diagnóstico de hérnia de disco - Ciático: L4, L5, S1, S2, S3 à n. tibial, fibular comum superficial e profundo TESTES CLÍNICOS Teste de Laségue: - Paciente é posicionado deitado de costas com as pernas estendidas e solicitado para se manter relaxado - O examinador então eleva o membro inferior do paciente com o joelho estendido - O sinal é (+) quando o paciente refere dor na topografia do nervo ciático com 45° de flexão em média do membro - O movimento tenciona o n. ciático e as raízes nervosas da coluna contra as hérnias de disco e protusões da coluna - Dor com menos de 30° de flexão ou acima de 80° falam contra o diagnóstico de hérnia de disco e a favor de outros diagnósticos, como por exemplo, patologias do quadril ou encurtamento muscular • A mobilização da coluna lombar inclui flexão anterior, extensão e flexão lateral; na flexão anterior, deve-se observar um movimento suave de reversão da lordose lombar normal - Devem ser notados movimentos anormais decorrentes de uma contratura muscular localizada avalia eixo decúbito dorsal Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 8 - Às vezes, o paciente mantém a lordose e flexiona os quadris; em geral, a dor na flexão é considerada originária dos elementos anteriores, como o disco, enquanto a dor à extensão se relaciona com os elementos posteriores, como articulações facetárias Exames de imagem: dor lombar associada a sinais e sintomas neurológicos, presença de febre ou perda de peso, fatores de risco para infecção, doença neoplásica, fratura oculta, dor persistente por + de 4-8s - RX de coluna: história traumática prévia, antecedente de osteoporose para rastreamento de fraturas por insuficiência; também indicada na investigação da deformidade da coluna e na suspeita de instabilidade. Pouco sensível para o diagnóstico de tumores primários ou doença metastática - TM: fraturas - Desintometria óssea: suspeita de osteoporose - RM: partes moles; exame de escolha para investigação da lombalgia associada a sinais de alarme que sugerem processos infecciosos, neoplásicos ou sintomas neurológicos como dor ciática ou claudicação neurogênica; tumor: paciente > 50 anos, dor repentina – mieloma. Tratamento: alívio da dor e melhora funcional, com retorno às atividades profissionais e recreativas; maior parte tem evolução autolimitada e tratamento não operatório satisfatório, reabilitação intensiva é efetiva - Orientação postural, ergonômica e da forma adequada para dormir; doentes devem evitar repouso no leito; retorno precoce às atividades, respeitando-se a tolerância de cada indivíduo; corrigir sedentarismo, obesidade e vícios posturais - Medicações: analgésicas, anti- inflamatórias, opiáceos, relaxantes musculares e antidepressivos - Reabilitação: exercícios de estabilização do tronco, alongamento, acupuntura, meios físicos, agulhamento de pontos gatilhos e bloqueios seletivos, conforme a necessidade do doente Obs.: Síndrome da cauda equina: incontinência urinária (90%), lombalgia, dor em MMII com déficit sensitivo e motor à déficit motor + déficit de esfíncter = compressão aguda das raízes nervosas no final da medula (abaixo de L1-L2); urgência - cirurgia HÉRNIA DE DISCO Disco intervertebral: fica entre 2 vértebras, possui uma área central (gelatinosa) circundada por um anel, servindo como amortecedor Conceito: deslocamento do núcleo pulposo vide ruptura do anel fibroso + reação inflamatória à núcleo do disco intervertebral migra do centro do disco para a periferia, em direção ao canalmedular ou nos espaços por onde saem as raízes nervosas (comprimindo-as) - O envelhecimento, traumas e lesões na estrutura do disco intervertebral, podem romper o anel e a “gelatina” comprimindo a raiz nervosa, provocando os sintomas da hérnia -AP e Perfil padrão-ouro -USG -Eletroneuromiografia fisioterapia -Cirúrgia Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 9 Principais causas: traumas, infecções, malformações congênitas, doenças inflamatórias e metabólicas, neoplasias, distúrbios circulatórios, fatores tóxicos, mecânicos e psicossomáticos Classificação PROTRUSA Ruptura do anel fibroso com integridade do ligamento longitudinal posterior EXTRUSA Rompe o anel e o ligamento e o núcleo migra para o canal vertebral SEQUESTRADA Núcleo pulposo migra para o interior do canal medular Clínica • Dor lombar – lombociatalgia • Escoliose antálgica – dificuldade para fletir tronco • Déficit motor, hiporreflexia, alteração de sensibilidade • Laségue (+) - Dor localizada ou radicular (aparece depois de ataques repetidos de dor localizada, súbita, que pode irradiar da coluna até distribuição inteira da raiz), que melhoram com repouso e pioram com atividades - O 1º sintoma de dor vem idade precoce no paciente (40a), mas só em idade mais avançada que o paciente apresenta radiculopatia >> Lombar: geralmente entre L4 e L5 (comprimindo raiz L5), L5 E S1 (raiz S1); em geral é posterolateral - Coluna pode manter-se rígida, curva lordótica lombar anormal, espasmo muscular proeminente e dor exacerbada c/ extensão da coluna e alívio em flexão - Parestesia e perda sensorial com fraqueza motora no miótomo suprido por aquela raiz, diminuição de reflexos são evidências de distúrbios neurológicas pela hérnia Diagnóstico: clínico + RM; protrusão é diferente de hérnia à necessita de resposta inflamatória TESTES CLÍNICOS Teste de Spurling - Lateralização da cabeça para o lado acometido com força aplicada pelo examinador comprimindo a cabeça que exacerba a compressão radicular na coluna cervical Teste de Adam - Flexão do tronco para frente com pés juntos sem dobrar os joelhos � evidencia escoliose Teste de Schober - Medida da espinha ilíaca póstero superior +10cm à quando o paciente fletir o tronco a distância marcada tem que aumentar +5cm; se abdução § Infraespinhoso > rotação ext. § Redondo menor > rotação ext. (inserem no tubérculo maior) § Subescapular > rotação int. (insere no tubérculo menor) - Os músculos executam movimentos do braço sobre a articulação do ombro Fisiopatologia: +comum > 30 anos, sendo causa +recorrente a dor crônica no ombro em adultos - É uma tendinite do supraespinhoso, devido a posição anatômica no túnel do supraespinhoso (acompanhada da tendinite do infraespinhoso) devido ao atrito e compressão repetitiva do tendão no estreito espaço entre escápula e cabeça do úmero, durante o levantar do braço, especialmente na flexão (elevação anterior) Principais causas: trauma; degeneração biológica do tendão com a idade; hipovascularização; fatores mecânicos, (ex morfologia do acrômio) - “Síndrome do impacto” também pode ser secundária a outros problemas ortopédicos: instabilidade glenoumeral (em jovens) e acometimento da articulação acromioclavicular Complicações: (1) rotura tendinosa (parcial ou completa); e (2) artropatia da rotura do manguito Quadro clínico e diagnóstico: Dor no deltoide com qualquer movimento do braço acima da cabeça (ex levantar o braço), empurrar ou puxar objetos ou ao se deitar por cima do ombro afetado - A dor pode acordar o paciente à noite, aliviando quando o indivíduo pende o braço ao lado da cama TESTES CLÍNICOS Teste do impacto de Neer - Examinador segura o ombro do paciente em uma das mãos (para evitar o movimento da escápula) e com a outra, eleva passivamente o braço do mesmo, provocando uma flexão anterior em rotação interna (polegar para baixo); (+) se dor SP 2 braço para trás elevar o braço - Limitação funcional; (abrupto) - O tendão mais acometido é o SUPRAESPINHAL - A estrutura que encontra-se acometida é: MÚSCULO SUPRAESPINHAL INERVADO PELO NERVO SUPRAESCAPULAR Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 11 Teste do impacto de Hawkins - Partindo de uma posição de flexão anterior com o cotovelo flexionado a 90º, o examinador faz uma rotação interna passiva; (+) quando dor Testes de Jobe e de Patte - Testes isométricos para medir a integridade do supraespinhoso e infraespinhoso, respectivamente - São usados para pesquisar a rotura tendinosa, mas a presença de dor, sem fraqueza, pode ocorrer na tendinite (“síndrome do impacto”) Teste de Gerber - Avalia o músculo subescapular - Consiste no movimento ativo de afastamento da mão do dorso - Incapacidade/impossibilidade da manutenção da mão afastada do dorso sugere lesão do músculo Digitopressão subacromial - Na tendinite do manguito rotador costuma provocar dor focal, especialmente quando associada à bursite secundária Injeção subacromial de lidocaína - O pronto alívio da dor é indicativo da tendinite do manguito rotador ou da bursite subacromial com injeção Exames complementares: RX (AP e Perfil), USG, RM (padrão ouro); TC se quiser estudar o osso em si Tratamento: aliviar a dor e trazer repouso ao tendão inflamado - Crioterapia (gelo por 15-20’ a cada 4h, durante 1-2 semanas); recomendada em toda tendinite. - AINEs se dor acentuada e não responsiva - Alongamento pendular do membro afetado com peso de 2-4 kg - Tipoia desencorajada por gerar “síndrome do ombro congelado” - Se > 2-3 semanas de repouso relativo do ombro à exercícios isotônicos e isométricos de rotação externa, rotação interna e flexão interna Ø fortalecer o supraespinhoso, redondo menor, subescapular e bíceps braquial - Se > 6-8 semanas à fisioterapia e deve-se realizar o teste de injeção de lidocaína; se não houver melhora, suspeita-se de rotura de tendão, cujo tratamento é a infiltração com corticoide do espaço subacromial Ø Nos casos refratários, pode-se optar pela cirurgia, para aumentar o espaço subacromial (descompressão subacromial) Observações... • Tendinite: acometimento do tendão • Tenossinovite: tendão + bainhas sinoviais • DD: bursite, capsulite, compressão do n.axilar, dor referida Obs.: ROTURA DO MANGUITO ROTADOR - Principal complicação da tendinite crônica do manguito rotador - Lesão aguda sobre um tendão cronicamente inflamado à rasgo ou rotura do tendão - + comum > 50 anos pela degeneração das fibras tendinosas devido à idade Diagnóstico: história recente de queda sobre o ombro ou movimentos bruscos de força, do tipo puxar um objeto pesado e principalmente pelo EF demonstrando fraqueza na abdução e/ou na rotação externa do braço Ø Testes de Jobe e de Patte Diagnósticos diferenciais: compressão da raiz de C5, C6, N. supraescapular ou N. axilar; S. do desfiladeiro torácico Jobe: rotação interna Patte: rotação externa (RM:lesão de partes moles; lesão de manguito rotador; invasão de tumor) , Eletroneuromiografia (avaliar raízes nervosas) - Não hormonais/ não seletivos da COX > diclofenaco, naproxeno - Cox > (pessoas com problemas gástricos) - Fisioterapia: propriocepção, fortalecer (não é mais usado) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 12 TESTES CLÍNICOS Drop Arm Test - Com o braço levantado, o paciente vai baixando-os lentamente; em caso de rotura tendinosa, o braço afetado não consegue ser sustentado pelo paciente durante o movimento - Raramente pode ocorrer ruptura subescapular (rotação interna do braço com incapacidade de manter o membro afatado da escápula, refere perda da integridade subsescapular), referida pelo teste de Gerber Exames complementares: RNM de ombro e artrorressonância; eletroneuro- miografia (avalia compressão de nervo– diagnóstico diferencial) Obs.: Capsulite adesiva Tratamento: conservador semelhante a tendinite do manguito rotador - Cirúrgico: refratários (artroscopia com abertura do espaço subacromial e reconstrução do manguito rotador) TENDINITE CALCÍFICA DO OMBRO Patogênese: desconhecida, acomete pessoas de 30-50 anos, +♀ (3:1) - Definida por depósitos localizados de cálcio (fosfato de cálcio ou hidroxiapatita) no manguito rotador - 60% nunca apresentam sintomas - Associado a síndrome de impacto - Evolução geralmente previsível e autolimitada, com 3 fases Diagnóstico: RX com depósito de Ca2+ no manguito; AP em posição neutra do braço (supraespinhoso); AP em rotação interna (infraespinhoso e redondo menor); AP em rotação externa (subescapular); perfil axilar (acrômio) Terapia conservadora: crioterapia e AINEs; infiltração de corticoide se dores intensas e refratárias - Após melhora, exercícios isométricos e cinesioterapia - Cirurgia para refratariedade (raro) TENDINITE BICIPTAL Fatores predisponentes: idade >30 anos, atividades com braços acima do ombro (associada à síndrome de impacto); remo, natação, vôlei... Sinais e sintomas: dor na face anterior do ombro (ao sulco biciptal) exacerbada pelo levantar de objetos e flexionar o cotovelo com resistência - Rotura (+comum após 45 anos): dor súbita e de nódulo de alguns cm acima da fossa antecubital do cotovelo Diagnóstico: Teste de Yergason, teste de Speed, digitopressão positiva no sulco biciptal e teste de lidocaína TESTES CLÍNICOS Teste de Yergason - Paciente com o braço junto ao tronco, com o cotovelo flexionado a 90º e o ombro em posição neutra - Solicita-se ao paciente que faça supinação contra resistência - É (+) quando há surgimento de dor na região do sulco bicipital Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 13 Teste de Speed - Realizado com o paciente flexionando o braço anteriormente contra resistência com o cotovelo estendido e o antebraço supinado - (+) se dor na corredeira bicipital Tratamento: crioterapia + AINES + repouso + alongamento pendular + exercícios isométricos/isotônicos - Sintomas persistentes: infiltração de corticoide no sulco biciptal ou no espaço subacromial; refratário: cirurgia - Terapia conservadora na rotura Bursites BURSAS à estruturas em forma de saco com parede de tecido sinovial que se localizam entre tecidos moles e proeminências ósseas, com a função de proteção desses tecidos do atrito e da pressão sobre o osso - Geralmente são causadas pelo trauma repetitivo (atrito, compressão), ou associadas a AR, gota ou infecção (bursite séptica - S. aureus) Quadro clínico: dor bem localizada em um ponto, aguda, correspondente a bursa conhecida; diferenciada da artrite, pois nela a dor é generalizada e piora com seus movimentos, além de sinais de derrame articular Exames complementares: USG, RM Tratamento: crioterapia, AINE, repouso, infiltração de corticoide e lidocaína nos casos refratários ou muito sintomáticos BURSITE SUBACROMIAL - Inferior, pelo tendão do músculo supraespinhoso (manguito rotador) e superior pelo acrômio e m. deltoide - Secundária à tendinite do manguito rotador (“síndrome do impacto”) - Dor num ponto do deltoide, distando poucos cm da borda do acrômio BURSITE OLECRANIANA - Se traumática: processo insidioso por lesão repetitiva, comum em indivíduos que sustentam peso sobre os cotovelos - Pode ser causada também por gota, AR e infecção (bursite séptica), após trauma com pequenas abrasões na pele - O diagnóstico clínico, pela presença de abaulamento na região olecraniana - Cronificação: espessamento da bursa e redução dos sinais de flogose - Resolução ocorre em poucas semanas BURSITE ISQUIÁTICA (glútea) - Sobre a tuberosidade isquiática da pelve, proeminência sobre a qual o peso do corpo é transferido quando nos sentamos; +comum em quem fica muito tempo sentada mantendo o peso do corpo em uma das nádegas Cabo longo do bíceps Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 14 BURSITE TROCANTÉRICA - Entre superfície do trocânter maior do fêmur e tendão do glúteo médio e banda iliotibial - Causa dor no quadril (atrito da flexão e extensão repetitiva da coxa durante a deambulação) - Predispostos: aqueles que possuem distúrbios da marcha (doença lombo- sacra, diferença de comprimento dos mmii, sacroileíte, osteoartrite de quadril, dor crônica no joelho) - Diagnóstico: dor em lateral de coxa, pior com deambulação e digitopressão Obs.: confundida com lombociatalgia (n. ciático é mais posterior) BURSITE PREPATELAR (“joelho de empregada doméstica”) - Anterior à patela, é suscetível ao trauma pelo hábito de se ajoelhar repetidamente - Paciente apresenta-se com dor e abaulamento localizados na região patelar BURSITE ANSERINA - Porção medial da tíbia, sob a inserção dos tendões dos músculos do jarrete; comum associar à osteoartrite de joelho - Atividades como correr/subir escadas podem predispor a este tipo de lesão BURSITE RETROCALCÂNEA - Fricção do calcâneo contra a parte traseira do calçado - No tratamento, aconselhamos também a alteração do calçado; infiltração de corticoide é desencorajada, pelo risco de rotura do tendão de Aquiles; cirurgia nos refratários (retira bursa) Epicondilites do Cotovelo EPICONDILITE LATERAL (“cotovelo do tenista”) - Musculatura extensora do antebraço: origem no epicôndilo lateral do úmero e contém os músculos extensor radial curto do carpo, extensor ulnar do carpo e extensor dos dedos à compõem a porção carnosa dorsolateral do antebraço, encarregados da extensão punho (todos eles), do desvio radial da mão (extensor radial), do desvio ulnar da mão (extensor ulnar e extensor dos dedos) e da extensão dos dedos, exceto polegar Fisiopatologia: processo inflamatório, com predomínio degenerativo da origem da musculatura extensora, especialm. do extensor radial curto do carpo - Microrroturas desencadeiam reação inflamatória à por esforço repetitivo em atividades com a mão (virar, torcer, segurar com força ou apertar) - Carpinteiro, dentista, tenista - Tenistas: lesão +comum em novatos (movimento de defesa da bola de revés) Quadro clínico - Dor aguda, subaguda ou insidiosa - Nível do epicôndilo lateral, pode irradiar p/ região dorso-lateral do antebraço tendão: extensor radial curto do braço - Dor palpável (irradia para extensores) - O músculo mais acometido é o EXTENSOR RADIAL CURTO DO CARPO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 15 Diagnóstico (1) dor à digitopressão do epicôndilo lateral; (2) dor agravada pela extensão ou desvio radial do punho contra resistência; (3) dor agravada pelo ato de segurar firme um objeto; (4) mobilidade do cotovelo preservada (afastando artrite do cotovelo) Obs.: diferencial – compressão do n. enterócito posterior TESTES CLÍNICOS Teste de Cozen - Extensãodo punho contra resistência - A dor no epicôndilo lateral é (+) - Braço pronado, cotovelo fletido: realiza-se supinação e pronação contra resistência Teste de Mill - Estabiliza o punho do paciente e solicita extensão - Supinação contra resistência: cotovelo estendido - Parte do punho fletido fazendo extensão contra resistência Teste de Maudsley - Extensor radial curto do carpo - III dedo: paciente com cotovelo estendido, dedos estendidos (3º quirodáctilo) - resistência no dedo (inserção no 3º metacarpiano) Tratamento: crioterapia + AINEs (não ideal, pois é degenerativo) + repouso relativo do punho + alongamento + exercícios isométricos e isotônicos; persistente à imobilização EPICONDILITE MEDIAL (“cotovelo do golfista”) - Origem da musculatura flexora no antebraço está no epicôndilo medial, composto pelos músculos: flexor ulnar do carpo, flexor superficial dos dedos, plantar longo e flexor radial do carpo, que compõem a porção ântero-medial do antebraço à função de flexão do punho e os dedos, exceto o polegar Fisiopatologia: Lesão por esforço repetitivo (trabalhos com as mãos e punhos, vide cotovelo do tenista) Quadro clínico: Dor no epicôndilo medial, com ou sem irradiação Diagnóstico (1) dor à digitopressão do epicôndilo medial (2) dor agravada pela flexão ou desvio radial do punho contra resistência (3) dor agravada pelo ato de segurar firme um objeto (4) mobilidade do cotovelo preservada Obs.: Tratamento igual à anterior Síndrome do túnel do carpo; tenossinovite De Quervain SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO - Base da região tenar com hipotênar - Síndrome compressiva +comum (compressão do nervo mediano a nível de punho) - 4-5% da população, 40-60anos, ♀ SP 3 - Dor > positivo > epicondilite - Dor > epicondilite do extensor radial curto do carpo Exames: RX, USG, RM, TC; + analgésicos infiltração, órtese, tala (imobilizar); SÍNDROME DO TÚNEL RADIAL Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 16 Túnel do carpo = túnel pelo qual o nervo mediano e tendões flexores passam à flexor superficial dos dedos (falange média do 2º ao 4º), flexores profundos e flexor do polegar • Nervo Mediano - Parte sensitiva: Face palmar - Parte motora: mm. de oposição (abdutor curto do polegar, oponente do polegar e feixe superficial do flexor curto do polegar) e os 2 primeiros músculos lumbricais Flexor curto, abdutor curto, 1/2º enterócito (região tenar) - 2 locais de possível compressão: § No nível do limite proximal do túnel do carpo (flexão do punho) § No nível da porção mais estreita, próximo do hâmulo de hamato Clínica: Parestesia, dor; - A compressão e tração nervosa podem criar problemas na microcirculação sanguínea intraneural, bainha mielina, nível axonal e alterações no tecido conjuntivo de suporte § Estágio precoce/inicial: dor noturna intermitente § Estágio intermediário: sintomas diurnos e noturnos § Estágio avançado: sintomas permanentes, déficit sensitivo ou motor - Recuperação depende do potencial de regeneração axonal do paciente (maioria idiopática: 50-60% bilater.) Fatores predisponentes: idade, sexo, genética e antropometria, atividades manuais repetitivas, exposições a vibrações e frio, obesidade e tabagismo Obs.: relação com doenças ocupacionais • Dinâmica: pressão interior do túnel em extensão e flexão do punho; movimentos repetitivos aumentam • Aguda: hemorragias, traumas, infecções, injeção de pressão, trombose, queimadura TESTES CLÍNICOS Sinal de Phalen (e invertido) - (+) se o punho flexionado ativamente por 1’ com cotovelo estendido, aparecer parestesia no território do n mediano à�2º melhor sensibilidade Teste de Durkan (digitopressão) - Teste da compressão carpal - Sintomas provocados quando o examinador pressiona o dedo sobre o túnel do carpo em 30s (4) (4) *gravidez, sequela de fratura, processo inflamatório e noite pioram > retenção de líquido. Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 17 - Avaliação da discriminação sensitiva entre dois pontos - Avaliação da sensibilidade através do teste de filamentos de Semmes- Weinstein - Comprime estruturas sobre o nervo - No Phalen invertido, estira o nervo Sinal de Tinel - (+) se o paciente percebe parestesia durante a percussão manual da face palmar do punho no nível do n. mediano à +específico Exames complementares: RAIO-X, USG, eletroneuromiografia, RM (+caro) Diagnóstico diferencial: compressão em coluna cervical (raízes C6, C7, C8), síndrome do pronador Tratamento conservador: injeção de CO, imobilização (órteses), CO VO e AINEs; evitar flexão, extensão, compressão do punho Tratamento cirúrgico: ¯pressão intratúnel pelo do volume do túnel do carpo à secção do retináculo dos flexores; cuidado com parte sensitiva do n. mediano na base da região palmar TENOSSINOVITE DE DE QUERVAIN Ø Tendinite de punho e mão - Pela articulação do punho cruzam tendões na face palmar (flexores) e na face dorsal (extensores) - Os tendões pertencem a músculos que se originam nos ossos do antebraço (rádio ou ulna) e vão se inserir nos ossos da mão, função de movimentar: § Punho (flexão, extensão, desvio radial, desvio ulnar) § Dedos indicador, médio, anelar e mínimo (flexão, extensão) § Polegar (flexão, extensão, abdução) - 1º compartimento (processo estiloide): m. Abdutor longo e extensor do polegar à limite lateral da tabaqueira anatômica Patogênese: Inflamação dos tendões e bainhas sinoviais dos músculos abdutor longo e extensor curto do polegar; compartimento radial (primeiro) do retináculo dos extensores - Na maioria é decorrente de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) em pessoas *inspeção: avaliar perda de massa muscular C6: 1º e 2º dedo C7: 3º C8: 4º e 5º , fisio, analgésicos *processo inflamatório que pega o primeiro compartimento extensor curto (tendões também) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 18 que utilizam muito o punho em desvio ulnar, como passar roupa, digitar etc. - Tendão e bainha inflamam, edemaciados, atrito do compartimento radial do retináculo extensor Quadro clínico: Insidiosa ou subaguda com dor referida na região radial do punho, por vezes irradiada ao polegar, agravada por movimentos do dedo e do punho em desvio ulnar - Dor com movimentos de pinça; as coisas “caem da mão”, “dão choque”, vem de maneira abrupta Diagnóstico: Confirmado no exame clínico; paciente sente dor quando: (1) flexiona e estende o polegar repetidamente; (2) tenta estender ou abduzir o polegar contra a resistência do examinador; (3) é realizada a digitopressão adjacente ao processo estiloide do rádio - A região da “tabaqueira antômica” pode se apresentar discretamente abaulada e dolorosa TESTES CLÍNICOS Teste de Finkelstein - Fletir o polegar para interior da mão e realizar um desvio ulnar de extensão - Após o paciente flexionar o polegar sob os dedos da mão, o examinador provoca um desvio ulnar passivo Teste de Brunelli - Abdução forçada do polegar com o punho em desvio radial - Faz um sinal de “joia” e puxa o polegar para trás Diagnóstico diferencial: artrose, fraturas do escafoide Exames: RX, USG Tratamento: Tala-luva englobando o polegar (para evitar movimentos); AINEs; fisioterapia; infiltração; se nada resolve, cirurgia (acesso 1º compartimento extensor e liberação dos tendões) Doença de Legg-Calvé-Perthes, displasia do desenvolvimento do quadril DOENÇA DE LEGG-CALVÉ-PERTHES Conceito: é uma osteocondrose que envolve necrose avascular/asséptica idiopática da cabeça do fêmur em pacientes infantis Epidemiologia: tem incidência máxima entre as idades de 2 e 12 anos, é mais comum entre os meninos e é geralmente unilateral; cerca de 10% dos casos são familiaresde tiamina EV e 50 mg de tiamina IM se alcoolismo ou desnutrição • 5 a 20 Minutos - Diazepam 5 a 10 mg EV em 1 a 2’ - + Diazepam EV se não responder - A preferência é por lorazepam • 20 a 40 Minutos - Infusão de fenitoína diluído 250 a 500 mg de soro fisiológico, ritmo de, no máximo, 50 mg/minuto - A fosfenitoína é melhor; velocidade de infusão 150 mg/min - Monitorar ECG e frequência cardíaca. - Se paciente já usar fenitoína, dose adicional de fenitoína ou fosfenitoína ou fenobarbital sódico - Transferir para UTI, para iniciar diazepínicos ou de barbitúricos • Se estado for pela retirada abrupta de fenobarbital, usá-lo antes da fenitoína • O valproato EV é excelente alternativa antes do fenobarbital (¯disponibilidade) 1) O diazepam tem início de ação rápido, mas duração de efeito breve, sendo utilizado para abortar a crise 2) A fenitoína é utilizada, em seguida, como manutenção pois possui ação +prolongada, evitando a recorrência da crise CASOS CLÍNICOS CASO 1 - Uma mulher acorda e vê seu marido tendo uma crise na cama. O início não foi presenciado, mas ela foi capaz de descrever um endurecimento bilateral seguido de abalos bilaterais. RNM e EEG normais. • Crise tônico-clônica de início desconhecido • Caso o EEG tivesse revelado ondas lentas focais em região Caso clínico: Paciente de 54 anos, portador de epilepsia estrutural e fazendo uso irregular de carbamazepina 200 mg duas vezes ao dia. Hoje apresentou crise tônico-clônico bilateral e ainda no período pós-ictal, enquanto era transportado ao pronto socorro, apresentou mais 2 episódios semelhantes. Chegou ao hospital ainda em crise. A) Estado de mal epiléptico; B) Uso irregular de medicação; C) Diazepam/Midazolam para crise; Fenitoína para manutenção. Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 9 parietal esquerda e RNM displasia cortical parietal esquerda • Crise focal evoluindo para crise tonico-clônica bilateral CASO 2 - Criança 3a com endurecimento de perna e braço direitos. Responsividade mantida. • Crise focal motora (tônica) perceptiva CASO 3 - Um homem de 35 anos com epilepsia mioclônica juvenil apresenta crises iniciadas com alguns abalos nos braços, seguidos de endurecimento dos 4 membros e na sequência abalos rítmicos dos 4 membros. • Estas crises seriam classificadas como crises generalizadas mioclono-tônico- clônicas. Na classificação antiga este tipo de crise não existia, mas elas poderiam ser chamadas de crises mioclônicas seguidas de crises tônico clônicas Obs.: Antigo à crises mioclônicas seguidas por crise tônico-clônica Obs.2: Novo à crises mioclono-tônico- clônicas CASO 4 - Um homem de 22 anos tem crises que continua completamente consciente, “com os pelos do meu braço arrepiados” e com uma sensação de estar corado. • Estas crises são classificadas como focais perceptivas não motoras autonômicas, ou de forma mais sucinta, crises focais perceptivas autonômicas. A classificação antiga teria nomeado estas crises de crises parciais simples autonômicas Obs.: Antigo à crises parciais simples autonômicas Obs.2: Novo à crises focais perceptivas autonômicas Síndromes neurológicas I. Síndrome piramidal (do 1º neurônio motor - superior) II. Síndrome do 2º neurônio motor - inferior III. Síndrome sensitiva IV. Síndrome extrapiramidal V. Síndrome cognitiva VI. Síndrome cerebelar VII. Síndrome de nervos cranianos VIII. Síndrome álgica IX. Síndrome disautonômica I. Síndrome piramidal (do 1º neurônio motor ou neurônio superior) - Síndrome deficitária motora (lesão da via motora) / da paralisia espástica - Determina paralisia, hipertonia e hiperreflexiva - Manifesta-se por: a) ¯força muscular, acompanhada de incapacidade para os movimentos delicados; b) hipertonia muscular; c) hiperreflexia proprioceptiva (miotática ou profunda); d) diminuição ou abolição dos reflexos exteroceptivos (cutâneos/superficiais); e) presença de sinal de Babinski; f) ausência de atrofia muscular > Lesão piramidal é contralateral Obs.: paresia (redução da força) e plegia (perda completa da força) SP2 Ambulatório: -AGT - amnésia global transitória: perda súbita de memória e incapacidade de adquirir novas informações; transitória (dura horas - até24h) -Vertigem: é a percepção irreal de que as coisas estão rodando ao seu redor ou que o seu corpo está rodando (periférica) ou balançando (central); -Lipotímia (pré-síncope): prestes a desmaiar, mas não chega à perda de consciência; -Síncope (desmaio): perda de consciência súbita e breve com perda do tônus postural seguida de restabelecimento espontâneo; (pais ausentes; filho - 2º - está hiperativo) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 10 • Sinal de Hoffman: lesão acima de coluna cervical; - Técnica: pinçamento da falange distal do dedo médio, exercendo pressão sobre a unha; normalmente a resposta (flexão da falange distal) é fraca ou ausente; exaltação pode indicar lesão piramidal • Clônus: provocar passivamente a distensão brusca de um tendão, desencadeando uma série de contrações clônicas e rítmicas, involuntárias, de duração subordinada ao tempo que se mantém a distensão (clônus inesgotável); - Pesquisa: pé, rótula, mão e mandíbula - Hipertonia elástica = espasticidades = sinal do canivete (1º NEUR. MOT) - Hipertonia plástica = rigidez = Parkinson (EXTRAPIRAM.) - Proprioecpção: corno posterior da medula - Polineuropatia periférica: simétrico; axônios longos, envolve mais distal • Padrão de dormência das polineuropatias: - Padrão em bota e luva: distal - Ocorre principalmente em pés e mãos. - Nesse momento, o paciente não precisa ter, necessariamente, comprometimento motor. - Costumam ser simétricas. - O reflexo costuma estar hiporreflexivo ou pode ocorrer arreflexia. - Causas comuns: diabetes, alcoolismo, intoxicação metais pesados. • Mononeuropatia múltipla: Hanseníase, doenças infecciosas. - Padrão difuso e saltatório = mosaico. - Paciente com mononeuropatia múltipla: muito comum em pacientes com hanseníase e lúpus - Palpar o nervo radial, ulnar, occipital. - A polineuropatia costuma ser mais simétrica (pega todos os nervos e, principalmente na parte distal do corpo), enquanto a mononeuropatia costuma ser mais saltatória, aleatória Graduação da força 0 Nula Ausência de contração muscular 1 Esboçada Esboço de contração; ausência de movimento 2 Fraca Movimento executado desde que não haja ação da gravidade 3 Regular Movimento executado, mesmo contra a ação da gravidade, não vence resistência oposta pelo examinador 4 Boa Vence alguma resistência oposta pelo examinador (pode ser + ou - à comparativo entre os membros) 5 Normal Vence o máximo de resistência oposta pelo examinador II. Síndrome do 2º neurônio motor ou neurônio inferior - Síndrome da paralisia flácida - Manifesta-se paralisia, hipotonia, arreflexia e atrofia muscular - Começa no corno anterior da região medular e faz sinapses com as placas motoras musculo-esqueléticas � contração muscular e trofismo (pais presentes - 1º - e filho inibido) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 11 - Manifesta-se por: a) ¯força muscular; b) hipotonia ou atonia muscular; c) hiporreflexia ou arreflexia d) degeneração muscular neurogênica com consequente atrofia • Nas lesões dos corpos celulares do neurônio motor-periférico, frequentemente ocorrem fasciculações nos músculos comprometidos - São contrações finais, irregulares, de pequenos grupos musculares, visíveis através da pele e que podem ser registradas eletromiograficamente - Em geral, acomete região proximal dos membros • Polineuropatia múltipla: lembrar de vasculite e hanseníase III. Síndrome sensitiva - Manifesta-se por: a) Alterações sensitivas subjetivasFisiopatologia: - O suprimento sanguíneo mais importante da epífise é feito pelos vasos retinaculares superiores e inferiores provenientes da artéria circunflexa medial - Interferência nos vasos, seja por obstrução ou por tamponamento devido à efusão, faz com que a epífise se torne necrótica, ocorrendo, como consequência, parada do seu crescimento normal - Por sua vez, a cartilagem articular, nutrida pelo líquido sinovial, continua a proliferar à espessamento e aumento do diâmetro da cabeça femoral SP 4 *nascimento, fraturas/lesões repetitivas Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 19 - Restabelecida a circulação, o tecido de granulação vascular invade a epífise e substitui o tecido ósseo necrótico - Reabsorção de parte do trabeculado ósseo e, a seguir, tecido ósseo novo de aposição produz espessamento das trabéculas (RX à aumento da densidade da epífise) - Cartilagem sofre moldagem e, em decorrência do colapso da epífise, ocorre deformação da cabeça femoral - Após isso instala-se o processo de reparação por meio da formação de tecido fibrocartilaginoso inicial, que sofrerá posterior ossificação Fases: necrose > fragmentação > reossificação > remodelação Diagnóstico: - Sinais clínicos lembram a sinovite transitória, com claudicação predominando sobre dor (a dor nem sempre é limitante - BEG - Limitação: abdução e rotação interna - A limitação da mobilidade provocada pela sinovite e pela irritação do quadril na fase inicial leva ao espasmo dos adutores, o que provoca a subluxação - Geralmente RX e, se necessário, RM para confirmar o diagnóstico e a extensão da lesão; inicialmente RX pode não ser diagnóstico à pode ser normal ou mostrar achatamento mínimo - RX posterior pode mostrar fragmentação da cabeça do fémur, que contém áreas de lucência e esclerose - Casos bilaterais ou familiares: RX do esqueleto exclui distúrbios hereditários (ex.: displasia epifisária múltipla) - Também deve ser excluído hipotireoidismo, anemia falciforme e traumatismos Obs.: Diagnósticos diferenciais: sinovite transitória do quadril, anemia falciforme, tuberculose, osteomielite hematogênica aguda – regiões metafisárias, tumores ósseos Tratamento: - 57% dos casos têm boa evolução sem nenhuma forma de tratamento - Eliminação da carga (repouso, retirada do apoio, imobilização) - Uso de órteses ou aparelhos gessados em abdução - Osteotomia suntrocanteriana com fixação interna e ambulação precoce - Bisfonatos (?) DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL Conceito: desenvolvimento anormal do quadril à anormalidade no tamanho, na morfologia, na orientação anatômica ou na organização da cabeça femoral, na cavidade acetabular ou em ambos >> Antigamente chamado de luxação congênita do quadril; resulta em subluxação ou deslocamento unilateral ou bilateral - Se não tratada, a perna afetada pode se tornar +curta e o quadril dolorido - A abdução do quadril está diminuída, muitas vezes, em decorrência do espasmo do adutor Epidemiologia: mais comum em meninas, do lado esquerdo ou bilateral; Clínica: raramente sente dores moderadas, BEG, repara que está mancando quando joga; pode referir dor no joelho (N. obturador > dor referida). (exame físico) (formato da cabeça do osso) Classificações: -Caterall -Stulberg -Hering -Salter-Thompson *cirurgias agressivas/grandes/deixam sequelas *doença lenta, progressiva Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 20 Fatores de risco: apresentação pélvica, deformidades, história familiar positiva Fisiopatologia: parece resultar da frouxidão dos ligamentos ao redor da articulação ou da posição intraútero - Luxação teratológica: produzida nos primeiros meses da vida intrauterina e ao nascimento à luxação e alterações morfológicas de tal grau que a redução da articulação é muito difícil - Luxações associadas à artrogripose, à síndrome de Larsen e à deficiência femoral proximal, as neuromusculares e as das síndromes genéticas Diagnóstico: - Usam-se 2 procedimentos de triagem: (até 3 meses!!) • Manobra de Ortolani: detecta o deslizamento posterior do quadril para dentro do acetábulo • Manobra de Barlow: detecta o deslizamento do quadril para fora do acetábulo - Cada coxa é examinada em separado; ambas as manobras começam com o lactente em decúbito dorsal e as coxas e joelhos fletidos a 90° (os pés estarão fora da cama) Ortolani à a coxa do quadril em exame é abduzida (o joelho é movido longe da linha média na posição de perna de rã) e delicadamente puxada anteriormente - Instabilidade é indicada pela palpação, ou com clique audível da cabeça do fêmur movendo-se sobre o arco posterior do acetábulo e recolocação na cavidade (+) à quadril luxado Barlow à o quadril é retornado à posição inicial e, então, levemente aduzido (o joelho é puxado sobre o corpo) e o quadril é movido posteriormente - “Clique” indica que a cabeça do fêmur está se movendo para fora do acetábulo (+) à quadril luxável - Também, a diferença na altura dos joelhos quando a criança está em decúbito dorsal, quadris fletidos, joelhos dobrados e pés sobre a mesa (sinal de Galeazzi) sugerem displasia, sobretudo a forma unilateral Sinal de Galeazzi ou de Allis - Numa fase tardia (>2-3meses) ainda temos a manobra de Hart à limitação da abdução do lado afetado devido ao encurtamento dos adutores *sinal de trendelenburg > fraqueza em um dos lados do quadril Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 21 - RX tem valor limitado pois as epífises femorais proximais não estão ossificadas até 3 meses de vida - USG de quadril para evidência de estruturas cartilaginosas Tratamento: - Logo após o nascimento, pode-se proceder à redução do quadril - Tiras de tração de Pavlik à mantêm os quadris afetados em abdução e rodados externamente - Almofada de Frejka e outras talas também podem ajudar > Opções cirúrgicas: - Tenotomia percutânea dos músculos adutores do quadril - Encurtamento femoral – osteotomias complementares na região acetabular (tipos Salter, Dega) Obs.: O limite de idade para indicação das tentativas de redução do quadril é 4 ou 5 anos de vida; após esta idade, as operações “de salvamento” da articulação são utilizadas, incluindo as osteotomias pélvicas mais elaboradas e difíceis (tipos Steel, de Chiari, poligonal pélvica e outras) ou pensaremos nas artroplastias totais do quadril Mieloma múltiplo; osteossarcoma; fasciite plantar e neuroma Morton Mieloma Múltiplo “Neoplasia caracterizada pela infiltração da medula óssea por plasmócitos malignos, presença de imunoglobulinas monoclonais séricas e/ou urinárias e lesões osteolíticas” Epidemiologia: - É a neoplasia linfoide +frequente em negros e a 2ª +frequente em brancos, representa 15% de todas as neoplasias hematológicas; acomete principalmente indivíduos na 7ª década de vida - A doença óssea é a principal causa de morbidade no MM, sendo responsável por fraturas patológicas, compressão da medula espinhal, hipercalcemia, dor óssea e, como consequência, diminuição da qualidade de vida >> Acomete esqueleto axial Clínica: - A dor óssea está presente ao diagnóstico em +de 2/3 dos pacientes; a dor piora à movimentação; queixa de dor muito aguda sem outra explicação aparente - Outros achados: insuficiência renal e infecções de repetição; cansaço, perda de peso - Hipercalcemia, anemia, VHS elevado, proteína de Bence-Jones, - O paciente pode perder alguns cm de altura por conta do colapso de vértebras - Sintomas relacionados com a compressão da medula espinhal (parestesias, plegias, incontinência ou retenção urinária, obstipação intestinal) estão associados a plasmocitomas em vértebras ou fratura compressiva de vértebras Diagnóstico: -O diagnóstico é feito a partir da contagem de plasmócitos clonais e ressonância magnética § - Biópsia: atipia dos plasmócitos (5-10% de atípicos) SP 5 *validade após 6m *órteses, gesso (imobilização em abdução) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 22 - Exames de imagem como ressonância magnética, PET/CT e cintilografia não permite boa avaliação da doença óssea (destruição sem neoformação óssea; para detectar imagem precisa de uma atividade acentuada dos osteoblastos), mas RX de esqueleto (AP e oblíquo) continua sendo o método padrão Fisiopatologia: - A doença óssea é causada por um desequilíbrio entre a reabsorção e a formação óssea, decorrente da ativação aumentada dos osteoclastos e da inibição da atividade dos osteoblastos - Os osteoclastos acumulam-se somente na superfície reabsortiva adjacente aos plasmócitos malignos Tratamento e Prognóstico: - A sobrevida dos pacientes com MM pode variar de poucos meses a 10 anos, com mediana de sob revida de 30 meses com a quimioterapia convencional e pode ser superior a 8 anos com as novas modalidades de tratamento como o transplante autólogo de células-tronco hematopéticas (TACTH) e novas drogas - Ortopedista só age quando paliativo (ex.: compressão medular, fratura patológica...) Osteossarcoma “Neoplasia óssea maligna (sarcoma), que normalmente acomete os ossos longos” Epidemiologia: - É o sarcoma ósseo + comum, entre 10-25 anos (+jovens); pode ser secundário à doença de Paget óssea - Acomete geralmente a metáfise dos ossos longos, sendo muito mais comum nos ossos do joelho, como o fêmur distal (52%) e tíbia proximal (20%), seguido pelo úmero proximal (9%); é de crescimento rápido, formador de osso - Região metafisária distal do fêmur e proximal da tíbia à JOELHO (bactéria entra e necrosa o osso) Clínica: - Sintomas: dor local (+à noite), tumefação e fratura patológica - Clínica boa, pode ser após exercício intenso, volume (edemaciado) Diagnóstico: - A fosfatase alcalina está elevada - RX revela lesão heterogênea de bordos indistintos, com áreas blásticas de osso esclerótico, reação periosteal e expansão para além da cortical do osso, por vezes sendo descrita como imagem dos “raios de sol” e “triângulo de Codman” - Crescimento indefinido - Metástases pulmonares frequentes - RM: analisar invasão de partes moles - RX de tórax (ver pulmão) Diagnóstico diferencial: tendinite, bursite, sinovite, osteomielite hematogênica aguda (1º foco bacteriano como OMA à colonização da região metafisária da tíbia), cisto ósseo, tumor de células gigantes (respeita placa epifisária) (metabolismo elevado) - Anemia - Biópsia (confirma) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 23 Tratamento e Prognóstico: - O tratamento se baseia na cirurgia sempre associada à quimioterapia neoadjuvante (pré) e adjuvante (pós) - Se possível, deve ser tentada a cirurgia preservadora do membro, utilizando-se endopróteses e homoenxertos; depois, quimio novamente - Pode ser necessária amputação - Com a terapia correta, consegue-se uma sobrevida em cinco anos de 65- 70%. Metástases pulmonares podem ocorrer (estágio III) e contraindicam a terapia cirúrgica curativa Fasciíte plantar Anatomia: - A fáscia plantar é uma estrutura plana fibrosa que se origina na tuberosidade plantar do calcâneo e se insere da face plantar dos dedos do pé - Função: tensiona/estabiliza o arco longitudinal do pé durante a deambulação, recebendo grande parte do peso corporal Fisiopatologia: - Uma tensão excessiva e repetitiva sobre a fáscia plantar (posição ortostática prolongada, calçado inapropriado, mudança do piso para um piso mais duro, atividades de corrida, salto, dança ou ballet), pode causar uma inflamação e/ou degeneração desta fáscia (fasciíte plantar) Obs.: Indivíduos com pé plano e obesos são predispostos a este tipo de lesão >> Predomínio de degeneração! Fatores de risco: obesidade, pé plano/ pé cavo Quadro clínico: - O paciente se apresenta com dor na planta do pé, especialmente pela manhã, ao se levantar e deambular - A fáscia plantar sofre um certo grau de retração durante o sono e o seu primeiro estiramento justifica a maior intensidade da dor de manhã Obs.: calçados que dão conforto à saltos (elevação do retro-pé que joga o calcâneo para cima) - EF: dor caracteristicamente desencadeada ou agravada quando o examinador estende passivamente os dedos do pé enquanto palpa a região plantar - Os pontos dolorosos variam de paciente para paciente, localizados em qualquer região da fáscia (anterior, média ou posterior) Diagnóstico: - Clínico (+corroborado pelos achados da RNM, RX e USG) - Achado: eporão de calcâneo (exostose óssea) Diagnóstico diferencial: - Síndrome do túnel do tarso (abaixo do maléolo medial, internamente) – por , sapatos planos (+ elevado atrás), encurtamento do tendão de aquiles no tornozelo s Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 24 onde passam os tendões flexores, e nervos tibiais à compressão do nervo tibial posterior - Fraturas de estresse Tratamento: - Exercícios de alongamento da planta do pé (em dorsiflexão); alongar a fáscia - Evitar andar descalço ou com calçado com solado duro e plano, palmilhas de silicone; dormir com tala plantar mantendo a extensão dos dedos para aliviar os sintomas pela manhã - Crioterapia, AINE; nos não responsivos, infiltra-se os pontos dolorosos da fáscia com CO; uso de órteses - A cirurgia (fasciotomia plantar) é reservada para os sintomas intensos e recidivantes após 6-12 meses de terapia conservadora Neuroma de Morton “Neuroma dos nervos digitais plantares” Conceito: - Lesão pseudotumoral formada de fibrose perineural, +frequente no 3º e 4º espaço intermetatarsal, coincidindo com a revisão (quiasma) dos ramos lateral e medial do nervo plantar, que, dessa forma, já se apresenta +espesso, tornando este 3º espaço +comumente acometido a partir de microtraumas de repetição que a mobilidade do 4º metatarsal confere a este espaço Epidemiologia: - É causa frequente de metatarsalgia produzida pela compressão mecânica dos ramos digitais - As mulheres, na 4ª década de vida é o grupo mais comprometido, relacionado ao uso de calçados inadequados com antepé estreito e salto elevado, levando à compressão dos dedos, além das metatarsofalângicas posicionadas em hiperextensão, agravando a pressão nessa região Clínica: - Se apresenta com sintomatologia dolorosa no antepé, que piora com o uso de calçados inadequados (sapato de salto com bico fino), melhorando com a retirada desses - A dor é do tipo queimação, com irradiação para os dedos, podendo ocorrer em forma de parestesia/ hipoestesia do 3º e 4º dedos - EF: compressão látero-lateral das cabeças metatarsais, associada à compressão do espaço intercapital no sentido dorso-plantar; produz dor e ressalto que corresponde ao deslocar o neuroma durante manobra Diagnóstico: - Clínico, podendo ser confirmado por USG e por RM; diagnósticos diferenciais muito difíceis, é muito específico Tratamento: - Inicialmente é conservador, podendo ser sequencial, envolvendo adequação do calçado, fisioterapia, palmilhas com apoio retrocapital, suprimindo a carga nas cabeças metatarsais centrais (2ª, 3ª e 4ª), (sintomas diferentes: parestesia, choque, formigamento) - Tumores, doenças degenerativas - Exercícios/dieta > perder peso - Fisioterapia Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 25 - AINEs, infiltrações do espaço comprometido com CO e até c/álcool - A falha do tratamento conservador, as opções cirúrgicas são: neurólise, pela secção do ligamento intermetatarsal, descomprimindo o espaço e neurectomia, ressecção cirúrgicado neuroma que, na verdade, é o tratamento de escolha para os casos persistentes e mais graves (tira dor, mas tira sensibilidade) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO OTORRINO MÓDULO 8 PROFESSORA JULIANE 1. Faringotonsilites .......................................................................................... 2 2. Laringologia ................................................................................................ 11 3. Rinossinusologia ....................................................................................... 16 4. Otologia ....................................................................................................... 21 5. Otoneurologia ............................................................................................ 26 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 2 OTORRINO Faringotonsilites Faringotonsilites são doenças inflamatórias e infecciosas envolvendo faringe, tonsilas palatinas (amígdalas) e tonsilas faríngeas (adenóides) Anatomia A amígdala lingual anteriormente, as tonsilas palatinas, o tecido linfático peritubário e a granulação para- faríngea lateralmente e as tonsilas faríngeas (adenóides) póstero- superiormente formam um anel de tecido linfóide conhecido como anel linfático de Waldeyer (estruturas com funções e histologia semelhantes) Adenoide - A tonsila faríngea é uma massa de tecido linfoide localizada na região póstero-superior da nasofaringe - Seu suprimento sanguíneo provém das artérias faríngea e palatina ascendente, artéria do canal pterogóide, ramo faríngeo da artéria maxilar interna, e ramo cervical ascendente do tronco tireocervical - Ramos dos nervos glossofaríngeo e vago fornecem inervação sensitiva, sendo responsáveis por dor referida para a garganta ou ouvido, durante episódios infecciosos - A drenagem linfática é feita para linfonodos retrofaríngeos e cervicais profundos superiores - A tonsila faríngea desenvolve-se totalmente no 7º mês de gestação e continua a crescer até o 5º ou 6º ano de vida, estimulada por uma variedade de estímulos antigênicos (vírus, bactérias, alérgenos e irritantes) - Devido à sua localização, adenóides aumentadas podem causar obstrução nasal e estase de secreção nasossinusal com proliferação de microorganismos e maior exposição a antígenos, o que, por sua vez, tende a fazer aumentar ainda mais seu tamanho - Além disso, a nasofaringe funciona como um conduto para a passagem de ar inspirado e secreções que drenam da cavidade nasal para a orofaringe, como caixa de ressonância para a fala e local de drenagem da tuba auditiva (tonsila aumentada obstruindo a nasofaringe prejudica essas funções) - Aos 7 anos, a atrofia da tonsila faríngea e o diâmetro da nasofaringe melhoram o fluxo de ar local Amígdala - As tonsilas palatinas são massas de tecido linfoide localizadas lateralmente na orofaringe, e representam o maior acúmulo de tecido linfoide do anel de Waldeyer (normalmente confinadas à orofaringe) SP 1 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 3 - Se muito grandes, podem alcançar a nasofaringe, gerando insuficiência velofaríngea e obstrução nasal - O mais comum é sua extensão à hipofaringe, gerando obstrução alta de vias aéreas e apneia obstrutiva do sono - Localização anatômica à pouca associação a doenças da tuba auditiva e dos seios paranasais (mas frequente coexistência de amígdalas e adenoides aumentadas) - A cápsula da tonsila palatina é uma porção especializada da fáscia faringobasilar que recobre a superfície da tonsila e se estende dentro dela formando septações que conduzem nervos e vasos - A tonsila não é facilmente separada de sua cápsula, que se encontra separada da musculatura faríngea por tecido conectivo frouxo - A loja amigdaliana é constituída por 3 músculos: o palatoglosso (forma o pilar anterior), o palatofaríngeo (forma o pilar posterior) e o constritor superior da faringe (forma o assoalho) - Musculatura extremamente fina e encontra-se externa ao nervo glossofaríngeo, facilmente lesado caso lesão do leito amigdaliano ou edema temporário pós-amigdalectomia - A inervação da tonsila palatina é dada por ramos do glossofaríngeo, no pólo inferior, e de ramos descendentes do nervo palatino - Otalgia após amigdalectomia ou vigência de amigdalites à ramo timpânico do glossofaríngeo Imunologia - Tonsilas palatinas e faríngeas à localização estratégica para proteção imunológica do trato aero-digestivo - Tonsilas palatinas: 10 a 30 invaginações bem desenvolvidas (criptas) na superfície - Tonsila faríngea: pregueamento mucoso bem desenvolvido com poucas criptas - Epitélio escamoso das criptas possui sistema complexo de transporte através de microporos que levam antígenos ingeridos ou inalados ao tecido linfóide subjacente No tecido linfoide, o antígeno entra em contato com células processadoras de antígenos (APCs), apresentando-os aos linfócitos T (LT); quando há concentração suficiente de um antígeno, é estimulada diferenciação de linfócitos B (LB) em plasmócitos e expansão clonal à produção de imunoglobulinas, notadamente IgA, é transportada à superfície mucosa à proteção imunológica local - As tonsilas são imunologicamente ativas entre os 4 e 10 anos de idade; involução do tecido linfoide ocorre após a puberdade, resultando na diminuição local da população de LB (na infância é 50-65% do total) e no aumento da proporção de LT em relação ao de LB Patogênese - Doença inflamatória/infecciosa das tonsilas palatina e faríngea à provavelmente envolve localização anatômica e função de processamento Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 4 de material infeccioso (através da qual também se tornam focos de infecção) - Infecção viral com infecção bacteriana associada pode ser um dos mecanismos de desencadeamento da infecção crônica (criptite crônica, obstrução das criptas, estase de resíduos e persistência de antígenos), mas os efeitos do ambiente, fatores próprios do indivíduo, dieta, entre outros, podem também estar envolvidos Classificação clínica das faringotonsilites Adenoides (faríngeas) 1. Adenoidite aguda: difícil diferenciar de IVAS generalizada, ou rinossinusite bacteriana; febre, rinorréia, obstrução nasal e roncos, que desaparecem com o término do processo 2. Adenoidite aguda recorrente: 4 ou + episódios de adenoidite aguda em 6m; difícil diferenciar de sinusite aguda recorrente 3. Adenoidite crônica: rinorréia constante, halitose, secreção em orofaringe e congestão crônica, difícil diferenciar de sinusite crônica; associação com OMS sugere mais adenoidite Obs.: RGE pode ser causa de adenoidite crônica 4. Hiperplasia adenoidiana: obstrução nasal crônica (com roncos e respiração bucal), rinorréia e voz hiponasal Amígdalas (palatinas) 1. Amigdalite aguda: febre, dor de garganta, disfagia, adenomegalia cervical com hiperemia de amígdalas, podendo haver exsudatos 2. Amigdalite aguda recorrente: 7 episódios em 1 ano, 5 episódios por ano em 2 anos consecutivos ou 3 episódios por ano em 3 anos consecutivos 3. Amigdalite crônica: dor de garganta crônica, halitose, cálculos amigdalianos excessivos, edema periamigdaliano e adenopatia cervical amolecida persistente 4. Hiperplasia amigdaliana: roncos, apneia obstrutiva do sono, disfagia, voz hipernasal; em casos extremos, se associada com obstrução nasal muito intensa (agudo), pode causar insuficiência respiratória aguda Anginas eritematosas ou eritemato- pultáceas... • Origem viral (75%) - Agentes etiológicos: rinovírus (20%), coronavírus (5%), adenovírus (5%), herpes simples (4%), influenza (2%) e parainfluenza (2%) ... - Quadro clínico:sintomas de leve intensidade, principalmente dor de garganta e disfagia; também presentes: mialgia, febre baixa, coriza hialina, espirros; EF com eritema de mucosa faríngea e tonsilas podem estar aumentadas, frequentemente sem exsudato - Tratamento: inespecífico e consiste em terapia de suporte com analgésicos e anti-inflamatórios • Origem bacteriana (20 a 40%) - Agentes etiológicos: Streptococcus pyogenes (20 a 30% em crianças de idade escolar e adolescentes), Mycoplasma pneumoniae, Staphylococcus aureus, Haemophilus sp, Moraxella catarrhalis Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 5 Faringoamigdalite estreptocóccica - Causada pelo estreptococo do grupo A é a +comum das faringites bacterianas - As anginas estreptocócicas ocorrem após os 3a, com pico de incidência entre 5 e 10a, mas podem ocorrer em crianças menores de 3a e em adultos >50a - Sintomatologia: dor faríngea, odinofagia e otalgia reflexa; febre de intensidade variável e pode acompanhar queda de EG; náuseas e vômitos são sinais de alerta em crianças § Sugerem origem estreptocócica: início brusco, febre alta, dor de garganta intensa, adenopatia limitada em cadeia jugulo- digástrica e ausência de sintomatologia nasal ou laringo- traqueal - Exame físico: hiperemia, aumento de tonsilas, exsudato purulento, adenomegalia em cadeia jugulo- digástrica - Diagnóstico: essencialmente clínico; difícil diferenciar estreptocócica de não estreptocócica à confirmação de cultura de orofaringe (padrão-ouro); ainda testes rápidos (ELISA, OIA, Probes) • Complicações não supurativas • Escarlatina à decorre da produção de endotoxinas; as manifestações incluem rash cutâneo finamente papular e eritematoso, que confere à pele um aspecto áspero, linfadenopatia, vômitos, cefaléia, febre, eritema de amígdalas e orofaringe; sinal de Filatov consiste em palidez perioral, enquanto o sinal de Pastia denota o surgimento, em linhas de flexão, de petéquias e hiper- pigmentação; diagnóstico é clínico, mas o ideal é que a suspeita seja confirmada por teste laboratorial; tratamento com penicilina G EV • Febre reumática à pico de incidência ocorre entre 5 e 15a e sintomas manifestam-se 2-3 semanas após episódio de faringite estreptocócica; critérios de Jones modificados podem ser utilizados como guia para o diagnóstico= 2 critérios maiores ou 1 critério maior e 2 menores, associados a evidência de infecção estreptocócica Critérios maiores Cardite Poliartrite Eritema marginado Coreia Nódulos subcutâneos Critérios menores Febre Artralgia Antecedentes de FR Aumento VHS Aumento proteína C reativa Aumento intervalo PR Evidências de infecção Escarlatina recente Presença de anticorpos (ASLO, anti-estreptoquinase, anti-DNAse B) Cultura positiva • Glomerulonefrite: após infecção faríngea ou de pele; incidência em 24% dos pacientes expostos a cepas nefritogênicas, mas constituem apenas 1% do total; paciente apresenta síndrome nefrítica 1-2 semanas após Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 6 infecção de orofaringe; não há evidência que penicilina diminui taxa de ataque ou altera história natural • Síndrome do choque tóxico estreptocócico: após infecção ou colonização estreptocócica; hipotensão associada a pelo menos 2 dos seguintes: insuficiência renal, coagulopatia, anormalidades de função hepática, síndrome da angústia respiratória do adulto, necrose tecidual extensa e rash eritemato-macular • Complicações supurativas • Abcesso periamigdaliano • Abcesso parafaríngeo • Infecções do espaço retrofaríngeo > Amoxicilina é a droga +usada por VO, na dose de 40- 50mg/kg/dia por 10 dias. Em caso de suspeita de germes produtores de beta-lactamase, pode ser associada a ácido clavulânico; utilização de macrolídeos (eritromicina, azitromicina) é limitada a casos de alergia à penicilina e de recaída apesar do tratamento correto - resistência (?) Formas clínicas particulares... Mononucleose infecciosas > Doença sistêmica que acomete principalmente adolescentes e adultos jovens (15 a 25 anos) - Agente etiológico: vírus Epstein-Barr (EBV), da família Herpeviridae; tropismo por linfócitos B e células epiteliais da faringe e das glândulas salivares Obs.: agentes infecciosos que simulam quadro de mononucleose infecciosa (mono-like): citomegalovírus (CMV), Rubéola, Toxoplasma gondii, HIV, Tripanossoma cruzi... - Quadro clínico: transmissão pela saliva; tríade clínica à febre, angina e poliadenopatia; febre pode ser alta e acompanhada de astenia intensa; angina pode ser eritematosa, eritêmato-exsudativa ou pseudo- membranosa; edema de úvula e palato; linfadenomegalia, hepatomegalia (10%) e esplenomegalia (50%) Obs.: Rash cutâneo pode ocorrer principalmente com uso de penicilina; não melhora com ATB!!! - Diagnóstico: quadro clínico + exames laboratoriais – linfocitose (linfócitos> 50% da população de leucócitos), linfocitose atípica (10% ou mais dos leucócitos totais) e discreto aumento de transaminases; IgM pode ser detectado desde o início do quadro clínico, atingindo seu pico em 4-6 semanas - Tratamento: terapias de suporte como hidratação e analgésicos Difteria Principalmente crianças entre o 1° e o 7° ano de vida (hoje é rara) - Agente etiológico: Corinebacterium diphteriae, bacilo gram (+) anaeróbio produtor de endotoxina responsável pelos fenômenos locais e sistêmicos - Quadro clínico: início insidioso com período de incubação de 2-4 dias; ao exame, pseudomembranas branco- acinzentadas sobre as amígdalas e invadindo o 1/3 superior dos pilares anteriores até a úvula; falsas membranas aderem à mucosa, resistem ao descolamento (deixam leito sangrante ao se destacarem) e não se dissociam na água; quando atinge latinge, temos voz e tosse roucas, além de tiragem intercostal; exotoxina tem Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 7 tropismo pelo miocárdio, acarretando arritmias e até mesmo acarretando o sistema nervoso - Diagnóstico: exame bacterioscópico direto e cultura de exsudatos faríngeos ou de fragmento de pseudomembrana em meio de Klebs-Löeffler; diagnóstico diferencial é feito com as anginas estreptocócica, de Plaut-Vincent e a da mononucleose infecciosa - Tratamento: soroterapia específica o mais precocemente possível; penicilina ou eritromicina utilizada para erradicação do foco infeccioso Anginas úlcero-necróticas… Angina de Plaut-Vincent - Agente etiológico: Fusobacterium plautvincenti e Spirochaeta dentuim, saprófitos normais da cavidade bucal, que adquirem poder patogênico quando associados (má higiene bucal e o mal estado dos dentes e gengivas); adulto jovens e adolescentes - Quadro clínico: disfagia dolorosa unilateral, sem elevação de temperatura e queda importante do estado geral; angina úlcero-necrótica unilateral à oroscopia revela ulceração da amígdala, recoberta por pseudomembrana, facilmente desprendido e friável, sem tendência a estender-se, mas acarretando fenômenos de necrose e eliminação de exsudato de odor fétido - Diagnóstico: unilateralidade das lesões e lesões gengivais concomitantes próximas ao 3º molar superior; exame bacteriológico evidencia natureza fuso- espiralar da angina - Complicações: pode complicar-se com tromboflebite jugular com risco de embolização séptica à Síndrome Angina-infarto pulmonar de Lemiérre - Tratamento: ATB (penicilina via parenteral ou metronidazol), gargarejos com soluções anti-sépticas para higiene bucal e dentária e sintomáticos …outras causas: • Cancro sifilítico • Câncer de amígdala Anginas vesiculosas... (viral) Vírus Herpes simplex (HSV) - Agente etiológico: HSV à tipo 1 é “oral” e tipo 2 “genital”, mas devido à alteração dos hábitos sexuais isto tem se descaracterizado - Quadro clínico:infecção primária pelo HSV é uma gengivoestomatite, mas pode se manifestar como uma faringite aguda; vírus tem tendência a infectar células ectodérmicas na pele e mucosas, manifestando-se + em crianças entre 10 meses e 3 anos; vírus transmitido por perdigotos e contato com lesões ativas - Diagnóstico: geralmente autolimitado, mas pode haver alguns casos de infecção disseminada, comprometendo o sistema nervoso central; clínico, microbiológico (cultura viral), com microscopia eletrônica e imunológico (ex: “anticorpo fluorescente” e ELISA de tecidos acometidos) - Tratamento: em sintomáticos, utilizado o aciclovir, 200mg 5x/dia por 7-10 dias Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 8 Herpangina - Agente etiológico: Vírus coxsackie A, provavelmente também coxsackie B e echovírus - Quadro clínico: angina eritematosa com erupção vesiculosa (vesículas pequenas em palato mole, úvula e pilares amigdalianos); ao se romperem, deixam ulcerações esbraquiçadas circundadas por halo eritematoso espalhadas por toda orofaringe, poupando a região da mucosa jugal; comum em crianças, principalmente no verão; acompanha-se de febre, cefaléia, micropoliadenopatia cervical, disfagia e vômitos à autolimitado em 5 a 10 dias - Tratamento: sintomático com medidas analgésicas e hidratação via oral ADENOAMIGDALECTOMIA 1. Indicações para adenotonsilectomia a) Obstrução - de tonsilas faríngeas e palatinas pode causar malformação crânio-facial, anormalidades da deglutição... e: - Ronco primário - Síndrome da resistência de vias aéreas superiores - Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS): • Sintomas noturnos: roncos, pausas respiratórias, apneias, tosse, sono agitado, enurese noturna... • Sintomas diurnos: respiração bucal, rinorreia crônica, voz anasalada, infecções de repetição em vias aéreas, hipersonia, fadiga, hiperatividade, alterações de comportamento, baixo rendimento escolar... b) Disfagia e alteração da fala - obstrução mecânica ou incoordenação entre a respiração e a deglutição; pode diminuir o fluxo nasal e causar voz hiponasal ou abafada ou gerar voz hipernasal devido à insuficiência velofaríngea c) Crescimento dentofacial anormal - obstrução nasal crônica devido a tonsilas aumentadas pode predispor a alterações dentofaciais d) Halitose - quando há acúmulo de debris e bactérias nas criptas das tonsilas palatinas. 2. Indicações para amigdalectomia a) Infecção de repetição − 7 ou + episódios em 1 ano; 5 ou + por ano por 2 anos consecutivos; 3 ou + por ano por 3 anos consecutivos − Cada episódio deve ter pelo menos uma das características: temperatura oral > ou = 38,3°C, linfoadenomegalia cervical >2cm, exsudato amigdaliano ou cultura de secreção faríngea (+) para estreptococo beta-hemolítico do Grp A b) Abcesso periamigdaliano c) Profilaxia para Febre Reumática d) Suspeita de malignidade ou aumento de volume unilateral e) Hemorragia f) Amigdalite crônica - Sugere-se que se leve em conta a duração e severidade da doença e se o paciente recebeu tratamento adequado (incluindo ATB contra germes produtores de B-lactamase) na indicação da cirurgia g) Portador crônico de Streptococcus pyogenes Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 9 3. Indicações para adenoidectomia a) Sinusite recorrente/crônica Se o paciente apresenta obstrução nasal moderada ou severa devido a aumento de tonsila faríngea, deve-se considerar a cirurgia; pode melhorar o fluxo nasal e a drenagem de secreções b) Otites médias • Contraindicações • Fenda palatina • Anemia (Hb ADENOIDECTOMIA - Palato mole é retraído com retrator de palato ou catéter introduzido pela narina e retirado pela boca, permitindo melhor inspeção da nasofaringe por visualização direta ou indireta com auxílio de espelhos, ou palpação - Adenoidectomia pode ser realizada apenas com o uso de curetas; tomar cuidado de não lesar tecidos subjacentes (músculos faríngeos e óstios tubários) - Alguns sugerem o uso de telescópio nasal para melhor visualização do tecido a ser curetado ou de palpação para certificar-se da total exérese do tecido adenoidiano - Sangramento costuma cessar com tampão de gaze na nasofaringe que deve ser deixado por 10 - 15 minutos > AMIGDALECTOMIA - Existem 2 técnicas básicas: dissecção (+usada) e Ballanger-Sluder (+antiga) • Dissecção - Tonsila palatina é presa por clamp e puxada medialmente para deixar os pilares distendidos - É realizada incisão da mucosa do pilar anterior, da prega triangular à fossa supra-tonsilar e pilar posterior - O clamp é então ajustado de modo a apreender a cápsula tonsilar - Realiza-se a dissecção romba do pólo superior, por planos, com auxílio do descolador aspirador ou da pinça de Hartmann Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 10 - Essa dissecção deve ser extra capsular, mantendo a integridade da amigdala e, geralmente, é de fácil execução, exceto na presença de fibrose - Nesse processo, preservar ao máximo os pilares e a musculatura faríngea - Sangramentos podem ser controlados com técnicas compressivas; pode ser necessária eletrocoagulação, suturas hemostáticas ou "nós"; sangramentos profusos podem necessitar de aposição e sutura dos pilares anterior e posterior; ainda podem ser utilizados agentes adstringentes (nitrato de prata) e soluções diluídas de epinefrina - Ao término do procedimento, a faringe é irrigada com salina. Caso não haja sangramento, a salina é succionada e o paciente pode ser submetido à reversão da anestesia e extubação • Cuidados pós-operatórios - Extubação só deve ser realizada com o paciente completamente acordado - Recomenda-se aguardar 7 a 14 dias após a cirurgia para iniciar atividade física rigorosa - Recomendada ingesta de fluidos tão logo o paciente esteja completamente acordado, ajustada conforme tolerância - Evitar alimentos que possam causar lesão aos tecidos faríngeos por 3 semanas, (até cicatrização) - Proibido fumar no pós-operatório; pode ocorrer inflamação secundária prolongando o período de cicatrização • Terapias adjuvantes - Injeção perioperatória de anestésicos locais (¯dor, ¯sangramento peri- operatório e facilitação da dissecção) - Uso pós-operatório de ATB (¯da dor, melhora da ingestão oral, ¯sangramento pós-operatório e ¯episódios de febre) - Uso pós-operatório de esteroides (¯incidência de síndrome de angústia respiratória, ¯edema subglótico, melhor controle da dor e ¯incidência de náuseas e vômitos pós-operatórios) - Manejo da dor pós-operatória (controle inadequado da dor pode resultar em pobre ingestão oral, distúrbios do sono, alterações comportamentais e vômitos) • Avaliação possibilidade de alta - Hospitalização deve durar no mínimo 6h e preconiza-se alta após 8h - Pacientes que não devem receber altano mesmo dia: ingesta oral baixa, vômitos ou hemorragia, > de 3 anos, residir a + de 30-45 min do hospital, nível socioeconômico que possa levar a negligência inadvertida e complicações, apresentar outros problemas de saúde • Queixas pós-operatórias - Dor de garganta (odinofagia), otalgia, febre, desidratação • Complicações pós-operatórias - Sequelas funcionais, hemorragias precoces/tardias, recidivas - Outras: infecção, corpo estranho, estenose cicatricial nasofaríngea, obstrução de vias aéreas superiores pós-amigdalectomia, edema pulmonar, desidratação, lesão dentária, trauma psicológico, óbito >> Melhora da qualidade de vida em pacientes submetidos à adenoamigdalectomia!! Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 11 Laringologia ANATOMIA - Situada na região anterior do pescoço ao nível das vértebras C3 a C6 - Formada por 9 cartilagens unidas por membranas e ligamentos - Contém as cordas vocais - Compostas por músculos extrínsecos e intrínsecos > Esqueleto da laringe (cartilagens): - Tireoidiana: maior; a nível de C4; proeminência laríngea (“pomo de adão) - Cricoidea: C3-4 (criança), 6-7 (adult); ligamento cricotireoideo mediano - Epiglótica: ligamento tireoepiglótico e hioepiglótico - Cartilagens aritenoideas: tensionam e relaxam as cordas vocais - Cartilagens cuneiformes: ajudam enrijecer prega - fechamento epiglótico - Cartilagens corniculadas: ajudam elevar altura da prega epiglótica > Ligamentos da laringe: - Membrana tireoidiana - Ligamento cricotireoideo - Ligamento vocal - Ligamento vestibular/ventricular - Ligamentos da epiglote - Hioepiglótico - Tireoepiglótico - Pregas glosoepiglóticas mediana/ lateral > Ádito da laringe: - Comunicação entre a laringofaringe e a cavidade da laringe - Limite anterior: borda sup. da epiglote - Limite lateral: prega ariepiglótica - Limite inferior posterior: prega interaritenoidea > Interior da laringe: - Vestíbulo da laringe - Parte média da cavidade da laringe - Ventrículo da laringe - Cavidade infraglótica > Músculos extrínsecos da laringe: - Mm. Infrahioideos: abaixam o hioide e a laringe à Omoioideo, Esternoioideo, Esternotireoideo - Mm. Suprahioideos e Estilofaringeo: elevadores do hioide e da laringe à Tireoide, Estiloioideo, Miloioideo, Digástrico, Estilofaríngeo, Palatofaríngeo SP 2 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 12 > Músculos intrínsecos da laringe: - Adutores e abdutores: movimentam as pregas vocais para abrir e fechar a rima da glote; são supridos pelo nervo laríngeo recorrente (ramo NC X) § Adutores: mm. Cricoaritenoideos laterais, mm. Aritenoideos trasverso e oblíquo § Abdutores: mm. Cricoaritenoideos posteriores - Esfincteres: fechamento do ádito da laringe como mecanismo de proteção na deglutição § Mm. Cricoaritenoideos laterais § Mm. Aritenoideos transverso e oblíquo § Mm. Ariepiglóticos - Tensores: elevam a altura da voz § Mm. Cricotireoideos - Relaxadores: reduzem a altura da voz § Mm. Tireoaritenoideos > Artérias da laringe: § Laríngea superior, Cricotireóidea, laríngea inferior > Veias da laringe: § Laríngea superior e inferior > Vasos linfáticos da laringe: § Superiores à linfonodos cervicais profundos superiores § Inferiores à linfonodos pré- traqueais ou paratraqueais à linfonodos cervicais profundos inferiores > Nervos da laringe: § Laríngeo superior à interno (sensitivo) e externo (motor) § Laríngeo inferior à anterior e posterior > Glote (aparelho vocal da laringe) > Pregas vocais - São anteparos musculomenbranáceos móveis de cor branco-pérola - Abaixo das pregas ventriculares - Do ângulo da cartilagem tireóidea, anteriormente, até o processo vocal das cartilagens aritenóideas posteriormente - Cada uma contém um ligamento vocal - Mantêm-se tensas principalmente pelos mm. intrínsecos da laringe Funções da laringe... - Respiração = manter a via respiratória pérvia - Proteção contra penetração de substâncias - Fonação Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 13 Doenças da Laringe... CLASSIFICAÇÕES Agudo ou Crônico Infeccioso ou não-infeccioso Localizado ou Sistêmico • Fatores de risco: idade, causa do processo infeccioso, resposta tecidual, região primeiramente acometida SINTOMAS COMUNS Disfagia Disfonia Odinofagia Odinofonia Tosse Dispneia Estridor Laringite aguda viral - Causas: Infecciosas, fonotrauma, alergia, exposição a agentes irritante, refluxo faringolaríngeo - Principais vírus: Rhinovrius, Adenovirus, Piconavírus, Parainfluenza 1 e 2, Influenza tip * Processo autolimitado que dura normalmente de 3 a 7 dias Obs.: Adultos X Crianças - Principais complicações em crianças (obstruções, perda de permeabilidade) - Diferenças anatômicas: estruturas supraglóticas exuberantes, luz subglótica reduzida > Epiglotite aguda - Acomete as estruturas supraglóticas - Agente etiológico: Haemophilus influenzae tipo B - 2 a 5 anos § Evolução rápida (obstrução respiratória), febre, prostração, estridor inspiratório, disfonia, tosse improdutiva - Estruturas supraglóticas: congestão, edemas, ruborizada • Diagnóstico: laringoscopia direta ou indireta; RX (epiglotes volumosas e “sinal do polegar”) • Tratamento: corticosteroides, nebulização; intubação ou traqueostomia - Resolução em 4 dias; reestabelecimento da permeabilidade das vias aéreas Laringite crônica por refluxo - Refluxo Faringolaríngeo (RFL) – manifestação extraesofágica – é um dos principais causadores de distúrbios otorrinolaringológicos: § Laringite crônica, nódulos vocais, laringoespasmo, úlceras e granulomas das pregas vocais, movimentos paradoxais das pregas vocais • Sintomas: alterações vocais, sensação globus faríngeo, pigarro, tosse seca • Diagnóstico: - pHmetria de duplo canal de 24h - Laringoscopia sugestiva com teste IBP; hipertrofia da parede posterior da glote, paquidermes, eritema, edema - Endoscopia digestiva alta • Tratamento: +agressivo e prolongado; a laringe não possui mecanismos de defesa epitelial in/extrínseco para o refluxo - Omeprazol, Pantoprazol... - Melhora sintomática após 2-3m Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 14 Crupe: Laringotraqueobronquite viral - Doença inflamatória dos tratos respiratórios superior e inferior - Principalmente crianças 6m - 3 anos • Etiologia: patógeno +comum é o Vírus Parainfluenza (Tipo 1 principalmente); ainda temos Vírus sincicial respiratório (VSR), adenovírus, influenza A e B, enterovírus, rinovírus, vírus do sarampo (paramyxovirus) e mycoplasma como causadores menos frequentes Obs.: Crupe por influenza pode ser grave e ocorrer em amplas faixas etárias em crianças - Sazonalidade: parainfluenza tende a ocorrer no outono, casos por VSR e influenza tendem a ocorrer mais no inverno e na primavera • Transmissão: geralmente pelo ar ou por contato com secreções infectadas • Fisiopatologia: infecção pelo patógeno à processo inflamatório na laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e parênquima pulmonar à edema e exsudatos à obstrução nas vias aéreas à + pronunciada na região subglótica à obstrução aumenta o esforço respiratório (pode cursar com hipercapnia, podendo ocorrer quadros de atelectasia se os bronquíolos se tornarem obstruídos) • Sinais e sintomas: precedido de sintomas de IVAS; § Tosse espasmódica, rouquidão, geralmente à noite (e melhora pela manhã) pode ter estridor respiratório, inspiração prolongada - Criança acorda à noite com angústia respiratória, taquipneia e tiragens; em casos graves podem cursar com cianose, insuficiência respiratória e estridor inspiratório grave Obs.: ausculta à inspiração prolongada, crepitações indicam comprometimentodas vias aéreas inferiores • Tratamento: manutenção das vias aéreas patentes - Corticosteroides, Epinefrina - Nebulização NÃO Sinal 0 1 Estridor Ausente Com agitação Retração Ausente Leve Entrada de ar Normal Normal Cor Normal Normal Nível de consciência Normal Agitação sob estímulo Sinal 2 3 Estridor Leve em repouso Grave em repouso Retração Moderado Grave Entrada de ar Diminuída Muito diminuída Cor Cianótica com agitação Cianótico em repouso Nível de consciência Agitação Letárgico Laringomalácia - Colabamento das estruturas supraglóticas à inspiração - Flacidez excessiva do arcabouço cartilaginoso supraglótico - Malformação congênita da laringe +comum; causa +frequente do estridor no lactente Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 15 - Em geral, cursa de forma benigna com resolução espontânea entre os 12 e 18 meses de vida • Diagnóstico: fibrolaringoscopia (padrão ouro) • Etiologia: Imaturidade neuromuscular com alteração do tônus laríngeo à prolapso dos tecidos supraglóticos - Fatores anatômicos, disfunções cartilaginosas, neurológicos e inflamatórios contribuem para o colapso • Quadro clínico: estridor inspiratório que agrava durante os esforços, como choro, alimentação e agitação Obs.: Pior prognóstico à APGAR reduzido ao nascimento, presença e número de comorbidades, presença de lesão sincrônica e a saturação de oxigênio basal em repouso Obs.2: Associação com RGE Tipo 1 Prolapso da mucosa redundante sobre as cartilagens aritenoides e acessórias (cuneiformes e corniculadas) Tipo 2 Encurtamento das pregas ariepiglóticas Tipo 3 Queda posterior da cartilagem epiglote sobre o ádito laríngeo • Tratamento: expectante (quadro leve), tratamento para RGE (moderado), supraglotoplastia (grave) Doenças nas pregas vocais... Estenose subglótica congênita - Congênita ou adquirida; - Estreitamento da luz da via aérea que em nível supraglótico, glótico ou subglótico Obs.: Na congênita, pode se apresentar como atresia • Etiologia: - Malformação à isolada ou relacionada a uma síndrome - Na criança, a região subglótica é especialmente suscetível à obstrução Obs.: Complicação à intubação • Quadro clínico: - Assintomático ou com obstrução das vias aéreas; - Estridor é o maior sinal da obstrução de via aérea à em geral é bifásico, mas pode ser inspiratório - Complicações em obstruções mais graves: cianose, apneia, dificuldade alimentar, retrações e alteração da voz - Classificação segundo obstrução do lúmen (grau I ao IV) • Diagnóstico: - Endocospia rígida, fibrolaringoscopia, laringoscopia direta sob anestesia geral (padrão-ouro), endoscopia flexível • Tratamento: - Depende do grau de estenose e tipo histológico - Traqueostomia, tratamento cirúrgico, balões de angioplastia Paralisia das pregas vocais - Lesão no sistema nervoso à incapacidade total para contrair os mm. que controlam as pregas vocais; § Nervo laríngeo recorrente, laríngeo superior ou ambos; - 3ª anomalia congênita +comum de laringe; pode ser congênita ou adquirida, unilateral ou bilateral Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 16 • Etiologias: - Unilaterais: maioria iatrogênica; cirurgias podem levar à lesão do nervo laríngeo recorrente (traumas), trauma no parto - Bilaterais: suspeita de lesão de SNC (NC X – Vago) - Periféricas: nervo laríngeo recorrente esquerdo +comprometido - Centrais: paralisia/paresia dos mm. constritores da faringe (comprometimento do plexo faríngeo e troncos do simpático) • Fisiopatologia - Paralisia do músculo cricoaritenóideo lateral (adutor) à perda da adução da prega vocal comprometida; - Paralisia do músculo cricoaritenóideo posterior (abdutor) à impossibilita a abdução adequada da prega vocal acometida; - Comprometimento de todos esses músculos: a prega vocal se posiciona na linha mediana ou paramediana • Quadro clínico: - Perda da proeminência da cartilagem e amolecimento; - Estridor inspiratório com tom agudo presente desde o nascimento; - Piora → choro, alimentação ou excitação; melhora →durante o sono; § Característica principal → disfonia, choro fraco e soprado e transtornos da deglutição • Diagnóstico: - Nasofibrolaringoscopia (mobilidade da prega vocal) à ¯ ou ausência de movimentos regulares de adução e abdução das pregas vocais durante choro e à inspiração - Laringoscopia direta + palpação direta ou eletromiografia; TC/RM definem etiologia • Tratamento: - Possível recuperação espontânea nos primeiros meses de vida - Terapia de fala - Traqueostomia, tireoplastia... • Padrão de recorrência de condições congênitas: - Laringomalácia > Paralisia > Estenose Rinossinusologia SP 3 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 17 Observações... > Arcabouço ósseo-cartilaginoso: - Septo - formado anteriormente pela cartilagem quadrangular e posterior pelo septo ósseo (osso etmoide e vômer) - Assoalho ósseo - anteriormente pela maxila e posteriormente pelos ossos palatinos > Teto nasal: (1) anterior (nasal): ossos nasais, frontais e espinha nasal (2) central (etmoidal): lâmina crivosa do etmóide (3) posterior: esfenoide > Conchas nasais: superior (região esfenoetmoidal), média (etmoide) e inferior (maxila) > Meatos: Superior (abre na região dos etmoides); médio (sob a concha média; óstios primários dos seios paranasais anteriores que drenam no hiato semilunar) e inferior (sob a concha inf., drena ducto nasolacrimal); > Irrigação arterial (ramos da carótida ext. e interna): - Artéria maxilar interna (Ce): irriga parede nasal lateral inferior - Artéria septal posterior: irriga septo nasal posterior - Artérias etmoidas anteriores e posteriores (Ci): irriga porções superiores da parede nasal lateral (conchas médias e superiores) > Drenagem venosa: baseadas em unidades anatômicas; veias faciais: segmento frontomediano; plexo venoso oftálmico: região orbitopalpebral > Inervação: ramos oftálmicos V1 (raiz e o dorso nasais, incluindo a ponta nasal; maxilar V2 (nariz lateral, as asas nasais e a área columelar) do trigêmeo ESPISTAXE • Hemorragia nasal: qualquer sangramento que se exterioriza pelas fossas nasais, independente da origem (seios, rinofaringe, tubo aditiva) • Epistaxe: sangramento que se origina da mucosa das fossas nasais >> Área de Little: área na porção anterior do septo nasal em que ocorrem anastomoses entre o sistema carotídeo externo (artérias esfenopalatina e palatina maior) e sistema carotídeo interno (artéria etmoidal anterior); contém o plexo de Kisselbach >> Plexo de Kiesselbach: irriga o septo nasal anterior, e é formado pelo ramo ascendente das artérias palatina anterior e septal posterior, a etmoidal anterior e as artérias labiais superiores, que se anastomosam Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 18 >> Área de Woodruff: localiza-se posteriormente à concha média, apresenta as anastomoses da artéria esfenopalatina (maxilar) e faringea posterior — responsável pelos sangramentos posteriores • Etiologias (locais): traumas, tumores da cavidade, reações inflamatórias, alterações autonômicas • Etiologias (sistêmicas): telangectasia hemorrágica hereditária (THH)/“doença de Osler-Rendu-Weber”, ateriosclerose e HAS, discrasias sanguíneas, drogas, fatores cardiovasculares Perda sanguínea e reposição volêmica • Tratamento: cauterização química/ elétrica/endoscópica, bloqueio do forame palatino maior, drogas (desmopressina, ácido tranexâmico) • Resolução cirúrgica: ligadura da artéria maxilar, ligaduras endoscópicas (artéria esfenopalatina), ligadura das artérias etmoidais, ligadura da artéria carótida externa, embolizaçõesRINITE “Condição inflamatória do nariz, geralmente causada pela reação do sistema imunológico a alérgenos como pólen, ácaros e pelos de animais” • Classificação: • Fisiopatologia: sensibilização inicial com alérgeno à ativação do sistema imunológico (anticorpos IgE) à 2ª exposição ao alérgeno à mediadores químicos (histamina, mastócitos) à inflamação da mucosa nasal à recrutamento de eosinófilos à ciclo à inflamação crônica e sintomas persistentes Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 19 • Clínica: saudação alérgica, epistaxes, prurido ocular e lacrimejamento, obstrução nasal - EF: mucosa pálida, edemaciada e com secreção clara ou mucoide; hipertrofia das conchas inferiores • Diagnóstico: clínica + identificação de possível alérgeno desencadeante com teste cutâneo de hipersensibilidade imediata ou IgE específica - Exames complementares: citologia nasal, exames de imagem • Tratamento não farmacológico: Evitar alérgenos, controle do ambiente, umidificação adequada, higienização pessoal, filtragem do ar, limpeza regular, roupas e roupas de cama, evitar fumaça, evitar uso de ar- condicionado, manter animais de estimação, evitar exposição ao pólen • Tratamento farmacológico: Antihistamínicos, corticosteroides nasais, descongestionantes nasais, corticosteroides oraisromoglicato de sódio e nedocromil, leucotrienos antagonistas, imunoterapia alérgica Rinite eosinofílica não alérgica (RENA) - Eosinofilia nasal, mesmo sem testes alérgicos cutâneos positivos e níveis normais de IgE - Afeta pessoas > 20 anos de idade - Sintomas persistentes de espirros, secreção nasal e prurido, desencadeados por irritantes inespecíficos - 30% dos pacientes desenvolvem pólipos nasais, enquanto alguns evoluem para intolerância ao ácido acetilsalicílico - Há também ligação com hiperreatividade brônquica não específica em metade dos casos - O tratamento é baseado na utilização de corticosteroides nasais, que são eficazes no controle dos sintomas SINUSITES AGUDA E CRÔNICA "Todo processo inflamatório da mucosa de revestimento da cavidade paranasal" • Etiopatogenia: - Propagação da infecção nasal através de óstio de drenagem para a cavidade sinusal - Fatores contra o epitélio cilíndrico ciliado vibrátil e o muco nasossinusal > Fatores gerais: Estados alérgicos, queda das funções imunológicas, hipersensibilidade bacteriana da mucosa sinusal, mudança de temperatura à distúrbios vasomotores da mucosa > Fatores locais: Atresia coanal, desvio de septo nasal, rinite hipertrófica e atrófica, hipertrofia de adenóide (crianças), tumores • Agentes: > Bactérias (0,5-2%): Streptococcus pneumoniae*, Haemophilus influenza*, Moraxella catharralis, Staphylococcus aureus, Streptococcus β-hemolítico, anaeróbios *(mais comuns) > Vírus (maioria): Influenza, Rhinovírus, Parainfluenza, Adenovírus > Fungos: aspergiloses e mucormicoses Classificação anatômica: § Maxilar, etmoidal, frontal, esfenoidal Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 20 Classificação fisiopatológica: § Catarral ou purulenta Classificação etiopatogênico: § Infecciosa, alérgica ou nfecto- alérgica Obs.: varia com idade, época do ano ou local geográfico Classificação clínica: § Agudas (12 semanas) • Sintomatologia geral: Dor → no seio afetado; caráter horário (+ intensa pela manhã); obstrução nasal → uni ou bilateral; rinorréia → uni ou bilateral; serosa, seromucosa, catarral, purulenta; diminuição de olfato; fetidez; alteração do estado geral AGUDA Início súbito, remissão completa entre quadros; viral (resfriado comum) é autolimitada, ~10 dias; pós-viral: piora após 5 dias ou >10 dias; bacteriana: febre, secreção purulenta, PCR e VHS ↑; “dupla piora": reagudização ou deterioração CRÔNICA Sintomas persistentes residuais, rinossinusite aguda não tratada, uso indiscriminado de ATB, bactérias anaeróbias, condições debilitantes, imunocompetência, estresse, alergia, desvio de septo • Diagnóstico: Anamnese, exame físico geral, otorrinolaringológico, e exames complementares • Exame otorrinilaringológico: rinoscopia anterior e posterior pode mostrar mucosa nasal hiperemiada e congestionada, exsudato no soalho ou nos meatos, septo nasal desviado, exsudato sobre a cauda dos cornetos ou nas paredes do cavum • Exames complementares: citologia, cultura e antibiograma do exsudato → determinação do agente, se infecciosa, ou confirmação de condição alérgica (eosinófilos, IgE) • Exames de imagem: diafanoscopia, RX, TC, RM, punção diamética, fibroscopia e USG • Tratamento: - ATB (AMX+Clavulanato), corticoide tópico intranasal, corticoides orais, lavagem nasal, remoção de fatores predisponentes • Complicações: celulite periorbital abscesso periosteal, trombose do seio cavernoso, complicações intracranianas (meningite, abscesso extradural/ subdural/ cerebral), complicações ósseas SINUSITE FÚNGICA (MICETOMA) • Conceito: acúmulo não invasivo de uma densa conglomeração de hifas fúngicas em um seio paranasal. - Massa de restos fúngicos endurecidos e muco, de crescimento progressivo - Patógeno +comum: Aspergillus - Acometimento +comum: infecção unilateral do seio maxilar - Crônica • Epidemiologia: - Imunocompetentes - História de cirurgia de otorrino prévia - Rinossinusite crônica - Traumatismo nasal - Baixa morbidade Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 21 • Fisiopatologia: - Teoria aerogênica - Obstrução funcional do óstio sinusal - Superinfecções - Passagem de selantes dentárias contendo óxido de zinco aos seios maxilares • Sinais e Sintomas: duram longo período - Acomete principalmente o seio maxilar - É assintomática ou simula quadros de rinossinusite crônica - Obstrução nasal - Secreção nasal purulenta - Cacosmia - Dor facial • Diagnóstico: - Suspeita diagnostica: sinusites recorrentes ou refratárias aos tratamentos com antibióticos - Evidências radiológicas (RX e TC) - TC (exame de imagem de escolha): opacificação completa ou parcial - Definitivo: características macroscópicas e histopatológicas da peça cirúrgica • Tratamento à Cirúrgico! - Procedimentos cirúrgicos: • Procedimento de Caldwell-Luc • Cirurgia por via endoscópica (padrão ouro) > Abertura natural do óstio do seio acometido > Pró: procedimento causa menos danos ao paciente > Contra: Resquícios de partículas fúngicas pós cirúrgica Otologia Anatomia Orelha externa: orelha (pavilhão) e meato acústico externo; a concha é a depressão mais profunda; o lóbulo cartilagíneo consiste em tecido fibroso, gorduroso e capilares; o trago é uma projeção linguiforme - Irrigação: aa. auricular posterior e temporal superficial - Inervação: auricular magno e auriculotemporal - Drenagem: linfonofos parotídeos superficiais, mastoideos e cervicais profundos Meato acústico externo: canal que segue internamente através da parte timpânica do temporal até a membrana; as glândulas ceruminosas e sebáceas no tecido subcutâneo da parte cartilagínea do meato produzem cerume SP 4 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 22 Membrana timpânica: 1cm de diâmetro, fina, oval e semitransparente; divisória entre meato acústico externo e cavidade timpânica da orelha média; concavidade para o meato acústico externo, com depressão central cônica rasa (“umbigo”) - Acima do processo lateral do martelo, parte flácida (fina); sem fibras radiais e circulares no restante da MT, é a tensa >> A MT movimenta-se em resposta às vibrações do ar que atravessam o meato acústico externo; os movimentos são transmitidos pelos ossículos da audição (orelha média) até a interna Orelha média: câmara estreita cheia de ar na parte petrosado temporal; 2 partes: cavidade timpânica (espaço diretamente interno à membrana timpânica) e recesso epitimpânico (superior à membrana); seu conteúdo é: § Ossículos da audição (martelo, bigorna e estribo); § Músculos estapédio e tensor do tímpano; § Nervo corda do tímpano, um ramo do NC VII; § Plexo timpânico de nervos Tuba auditiva: cavidade timpânica à parte nasal da faringe, onde se abre posteriormente ao meato nasal inferior - Iguala a pressão na orelha média à atmosférica, permitindo, assim, o livre movimento da membrana timpânica Otite externa aguda “Inflamação aguda e difusa dos tecidos cutâneos e subcutâneos de parte ou de toda a orelha externa, causada predominantemente por bactérias” • Agentes bacterianos: estafilococos, estreptococos, Kleibsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa • Etiologias: inflamatória, infecciosa • Fatores de risco: trauma, presença de corpo estranho otorreia crônica e imunossupressão - Ocorre + em países tropicais, principalmente em períodos de chuvas (ambientes mais úmidos) • Clínica: dor, que piora com mastigação e palpação, pode irradiar para regiões vizinhas (temporal, mandibular), a depender da gravidade da inflamação - Pode haver hipoacusia a depender da extensão do processo inflamatório e da presença de células descamadas e crostas ocluindo o canal - Prurido acompanhado de plenitude auditiva e desconforto • Otoscopia: - Eritema e edema de pele - Secreção serosa ou purulenta, raras vezes, fétida - Restos epiteliais c/obstrução parcial ou total do canal auditivo externo Otite média aguda “Lesões anatomopatológicas inflamatórias agudas do revestimento conjuntivo epitelial das cavidades do ouvido médio” • Etiologia: Vírus, micróbios patogênicos, fatores anatômicos e patológicos, ambientais e genéticos • Agentes: Influenza, adenovirus, coxsakie B4, Streptococcus (34%), Haemophilus (30%), Pseudomonas e Proteus (20%) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 23 • Fatores: - Rinógenos: obstrução e infecção de fossas nasais, seios paranasais, cavum - Tubários: alterações da função mucociliar da tuba auditiva - Regionais: malformações faciais (músculo tensor do véu palatino) - Ambientais: desmame precoce, amamentação deitada, creche... - Endógenos: doenças infecciosas, alergia, debilidade mental, imunopatias... • Clínica: - Crianças menores: dor (deglutição), choro constante, irritação geral, letargia, febre - Crianças maiores/Adultos: plenitude auricular, ruídos pulsáteis, • Otoscopia: - Membrana timpânica abaulada, congesta, hiperemiada - Acúmulo de secreção (perfuração na membrana timpânica) - Coleção purulenta no ouvido médio (empiema) >> OMA necrotizante: sintomas semelhantes, porém apresenta perfurações da membrana timpânica acompanhada de otorréia lesões com necrose e osteíte • Tratamento: - ATB: penicilina, amoxicilina, clavulanato de potássio, cefalosporinas, macrolídeos - Neonatos: timpanocentese e cultura - Sintomas e sinais perdurantes (+72h): reexaminação - Miringotomia: drenagem de secreção >> Cuidado: descongestionantes nasais (aumento da viscosidade da secreção) - Otite alta: drenagem completa (1 mês) e membrana timpânica normal Otite média serosa “Afeta ouvido médio; acúmulo de líquido atrás do tímpano com perda auditiva temporária ou permanente, principalmente em crianças” • Causas: - Multifatorial: infecções respiratórias, problemas de tuba auditiva, anatomia, alterações na pressão do ar, como durante um voo e fatores genéticos • Sintomas: sensação de pressão no ouvido ou de ouvido cheio; perda auditiva temporária ou permanente ou dificuldade para ouvir sons abafados ou distantes; zumbido no ouvido, tontura e dificuldade de equilíbrio • Diagnóstico: otoscopia; audiometria tonal e vocal; imitanciometria; nasofibrolaringoscopia • Otoscopia: MT opaca, às vezes com fluido bolhoso; redução da mobilidade da MT (teste de insuflação); oposto do abaulamento visto na OMA Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 24 • Tratamento: - Não cirúrgico: descongestionantes nasais; esteróides nasais e sistêmicos; anti-histamínicos; ATB - Cirúrgico: Timpanotomia, adenoidectomia, cirurgia de dilatação de tuba Otite média crônica (simples X colesteatomosa) “Alteração crônica do epitélio de revestimento do ouvido médio associada a perfuração timpânica” • Clínica: quadros de otorréia associados a IVAS, entrada de água no ouvido; hipoacusia é de grau variável, geralmente do tipo condutiva; queixa principal é de otorreia intermitente, de aspecto fluido ou mucoide • Otoscopia: CAE pode estar normal, com secreção, edemaciado, hiperemiado ou com granulações; MT pode apresentar perfuração: central, marginal ou ântero-superior; mucosa é edematosa (leve), rósea e brilhante • Tratamento: na fase aguda realiza-se ATB tópico (gotas com neomicina e polimixina associada a CO) e, eventualmente, sistêmica (amoxicilina, amoxicilina + clavulanato e cloranfenicol); aspirações repetidas e cuidados locais - Pode ser classificada em: § Simples § Colesteatomatosa Obs.: Simples pode ser surpurativa, mas a secreção não é fétida; simples é sem colestatoma SIMPLES - Perfuração timpânica de qualquer etiologia na qual as alterações do ouvido médio e mastóide não são permanentes e a sintomatologia apresentada pode ser muito pobre - Em alguns casos surdez de tipo condutivo e quadros intermitentes de otorreia, com cor amarelada de consistência mucoide e com cheiro fraco, sem otalgia, com longos períodos de acalmia - Quadros de otorreia podem estar associados a IVAS, como gripes comuns, c/entrada de água no ouvido ou espontaneamente - Após tratamento adequado normalmente levam à resolução da perfuração (se não for necrotizante) - Na otoscopia observamos perfuração timpânica (ATB profilaxia) que se apresenta com mucosa de revestimento do ouvido médio normal nos períodos sem infecção, ou hiperemiada ou exsudativa nos períodos infecciosos COLESTEATOMATOSA - Lesão de tecido epidérmico e conectivo, forma de saco; segue arquitetura do ouvido médio, ático e mastóide, constituído de epitélio escamoso estratificado, com produção exacerbada de queratina - Colesteatoma é uma massa compacta, esbranquiçada e com uma matriz de epitélio malpighiano queratinizado, lisa e brilhante, de fácil ressecção - Congênitos ou adquiridos; identificado dos 4 aos 5 anos; +predominante na população masculina - Otoscopia: massa esbranquiçada na porção anterior da MT; pode ocorrer paralisia facial, perda auditiva ou vertigem; não há perfuração Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 25 - Sinais/ sintomas: otorréia purulenta com ou sem laivos de sangue/ fétida; hipoacusia; zumbidos; otorragia; plenitude auricular - Sinais de alerta para casos +graves: zumbidos agudos; crise de vertigens; dor; surdez súbita; paralisia facial periférica (PFP); meningite. - Tratamento: cirúrgico; retirada do tumor; restauração de ouvido s/otorréia Obs.: Otite média crônica supurativa (OMCS) – colesteatomatosa ou simples, que supura ocasionalmente - Clínica: otorréia amarelo- esverdeada, podendo se apresentar com cheiro forte - Fatores predisponentes: diabetes, hipotireoidismo, alterações imunológicas, fatores nutricionais socioeconômicos e de hábitos - Diagnóstico: otoscopia revela perfurações grandes, marginais, com retrações; mucosa do ouvido médio edemaciada, c/ tecido de granulação. - Tratamento: ATB específicos, de acordo com a flora encontrada, acompanhada de aspiração e limpeza frequente - É importante a orientação quanto aos hábitos e ao impedimento da entrada de água no ouvido - Normalmente se resolve com mastoidectomia - limpeza do tecido de granulaçãopara eliminar o foco infeccioso Otomicose “Doença da orelha externa causada por fungos (Aspergillus e Candida são os mais encontrados)” - 9% das otites externas, isolada ou sobreposta a infecção (+comum); mais frequente em regiões tropicais e em meses mais quentes e úmidos • Fatores desencadeantes exógenos: umidade, calor, exsudações, falta de higiene, ambiente de trabalho com exposição à poeira, corpos estranhos no CAE, limpeza do CAE com cotonetes, uso prolongado de antibióticos • Fatores desencadeadores endógenos: sistema imunológico deficiente, ausência de cerume, dermatite seborreica, fatores genéticos • Otomicose isolada: apresenta uma sintomatologia pobre, lenta e indolor no início, porém, com prurido intenso - Otoscopia leva ao diagnóstico (presença de filamentos/secreção cobrindo as paredes do conduto, com cor variável segundo agente fúngico) • Otomicose associada a infecção bacteriana: prurido, otalgia intensa, secreção, desconforto, edema e hiperemia do conduto (inflamação) - Pode ser necessário exame micológico para a confirmação da suspeita • Tratamento: limpeza do CAE p/ remoção do fungo e detritos, através de lavagem com água morna e secagem completa por aspiração microscópica - Medicamentos tópicos/gotas: agentes antifúngicos; antifúngicos orais não são eficazes Pericondrite “Processo inflamatório difuso ou abcesso entre a cartilagem e o pericôndrio da orelha, causando edema e dor” • Causas: OMA supurativa, obstrução da tuba auditiva, traumatismo mecânico, queimaduras térmicas ou Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 26 químicas, lesões por explosões, causas Iatrogênicas, anomalias craniofaciais • Complicações: necrose avascular e deformação do pavilhão auricular, necrose séptica - bacilos Gram (-) • Sinais e sintomas: hiperemia, dor, edema, pus entre cartilagem e pericôndrio, possível febre, deformação auricular (orelha em couve-flor) • Tratamento: ATB orais (fluoroquinolona, aminoglicosídeo + penicilina semissintética) - Incisão e drenagem (para abscessos) - ATB empíricos (fluoroquinolonas) para inflamação difusa - Remoção de material estranho - Considerar avaliação para doença inflamatória Otoneurologia • Anatomia do labirinto: - Porção óssea: cápsula óssea, envolvendo e protegendo o labirinto membranáceo § Vestíbulo § Canais semicirculares § Cóclea - Perilinfa: Líquido semelhante à linfa, entre o labirinto ósseo e o labirinto membranáceo - Porção membranácea: abriga a endolinfa, líquido rico em potássio, semelhante ao líquido intracelular § Sáculo e utrículo § Ductos semicirculares § Ducto coclear - Porção anterior: abriga a cóclea e os ductos cocleares, responsáveis pela fisiologia da audição § Liga-se à porção coclear do nervo vestibulococlear (VIII) - Porção posterior: Abriga o vestíbulo, contendo o sáculo e utrículo, bem como os canais semicirculares, que envolvem os ductos semicirculares; é responsável pela fisiologia do equilíbrio § Liga-se à porção vestibular do nervo vestibulococlear (VIII) • Fisiologia da audição: - Aparelho auditivo à transformar energia mecânica sonora em sensação auditiva no córtex cerebral - Cada região exerce função na condução e formação da sensação auditiva > Orelha externa: recebe os sons do ambiente e o conduz à orelha média > Orelha média: conduz o estímulo em direção à orelha interna por 3 vias diferentes: § Condução óssea, alcançando diretamente a cóclea § Difusão pelo ar, por meio da cavidade timpânica § Através da cadeia ossicular: vibração dos ossículos à formação de onda hidromecânica na cóclea SP 5 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 27 > Orelha interna: abriga a cóclea, que abriga o órgão de Corti, sistema ultraespecializado na amplificação e decodificação da energia mecânica - Células ciliadas: § Internas: receptoras auditivas e transformam a energia mecânica em elétrica § Externas: amplificadoras auditivas; transmitem impulso às células ciliadas internas • Fisiologia do equilíbrio: - Sistema Vestibular Periférico à porção posterior do labirinto: ductos semicirculares, saco, utrículo > Cada ducto semicircular possui em sua extremidade uma dilatação (ampola) com a presença de cílios sensitivos (estereocílios e cinocílio) à o deslocamento desses cílios, devido ao contato com a endolinfa, permite a detecção dos movimentos rotatórios > O sáculo e o utrículo, localizados no vestíbulo, também possuem células sensitivas contendo estereocílios e cinocílio, agrupadas nas máculas utriculares e saculares > Sobre as células ciliadas estão os otólios, cristais de carbonato de cálcio que exercem papel semelhante à endolinfa: diante de movimentação linear ou alteração na percepção da gravidade, movimentam os cílios > Nervo, núcleos e vias vestibulares: - Nervo Vestibular: capta os impulsos gerados nas células ciliadas; ramos: § Superior: sáculo, utrículo e ductos laterais e anterior § Inferior: sáculo e ducto posterior - Núcleos Vestibulares: Recebem informações vários órgãos relacionados à orientação espacial; também são transmitidos estímulos para todo o SNC - Vias vestibulares: fibras eferentes dos NV; garantem comunicação dos núcleos vestibulares com o SNC: córtex auditivo à áreas 41 e 42 de Brodmann - Sistema Vestibular Central à nervo/ núcleos/vias vestibulares, cerebelo, formação reticular > Cerebelo: controle do equilíbrio, tônus postural e movimento. > Formação Reticular: se associa a diversas funções do SNC; porção pontina paramediana possui papel importante na gênese do nistagmo vestibular Vestibulopatias Periférica X Central PERIFÉRICA Romberg Desvio p/lado lesado Braços estendidos Desvio p/lado lesado Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 28 Babinski- Weil Desvio p/lado lesado (marcha em estrela) Fakuda e Unterberger Rotação p/lado lesado sem lado preferencial Teste de coordenação Sem alteração CENTRAL Romberg Sem direção preferencial Braços estendidos Queda de 1 ou ambos os braços Babinski- Weil Marcha ebriosa (cerebelar), ceifante, talonante (lesões corticais) Fakuda e Unterberger Sem lado preferencial Teste de coordenação Dismetria, hipometria, hipermetria, lesões cerebelares, incoorden. VERTIGEM - Objetiva: “o ambiente gira”; subjetiva: “o paciente gira”; diferentemente da lipotímia, não há escurecimento visual - Sinal de Romberg: tendência à queda com sentido preferencial - Alterações flutuantes: a sensibilidade muda episodicamente NISTAGMO - Desequilíbrio de informações aferentes - Bifásico: componentes lento e rápido - Lesão periférica unilateral: ¯da atividade do núcleo vestibular ipsilateral e do tônus oculomotor - Movimentos oculares contralaterais - Convenção: a fase rápida determina o sentido no nistagmo (contralateral) - Compensação pelo VOR à Insuficiente na lesão severa bilateral NISTAGMO PERIFÉRICA Vertical Ausente Alternado periódico Ausente De ondas regulares Ausente Estímulo visual pendular/de rastreio (curvas de Benitz) Tipo II ou III Optocinético voluntário e involuntário Normal Posicional Latência, direção fixa, esgotabilidade e vertigem associada Torcional Geralmente ausente Pós estímulo calórico Hipo ou Arreflexia NISTAGMO CENTRAL Vertical Cerebelo e tronco Alternado periódico Cerebelo e tronco De ondas regulares SNC, ansiedade Estímulo visual pendular/de rastreio (curvas de Benitz) Tipo III ou IV Optocinético voluntário e involuntário Assimetria, ¯ou abolição unilateral, inversão da resposta, perversão da resposta, microescritura Posicional Geralmente ausente Torcional Alterações de propriocepção, patologia vascular Pós estímulo calórico• Dor = sensação desagradável e emoção associada; disfunção/lesão do organismo • Parestesias = sensações espontâneas, desagradáveis; dormência, queimação, formigamento, entorpecimento • Hiperestesias = intensidade ou duração da sensação após estímulo • Alodinia: sensação de dor frente a estímulos que habitualmente não provocam dor b) Alterações sensitivas objetivas: • Diminuição (hipoestesia) ou abolição (anestesia) dos diferentes tipos de sensibilidade. Obs.: Pode ser unimodal ou multimodal à topografia da lesão • Unimodal – compromete + sensibilidade térmica e dolorosa = trato espinotalamico lateral. • Multimodal – compromete todas as formas de sensibilidade. • Sensibilidade Profunda (cordão posterior da medula à vibratória, propriocepção e tato epicrítico): sensibilidades cinético-postural, vibratória e localização e discriminação tátil - Alcoolismo e veganos: marcha talândica – deficiência de vitamina B12: causam lesão de cordão posterior IV. Síndrome extrapiramidal - Principais estruturas não corticais são o tálamo, o cerebelo, os gânglios da base, constituídos pelo núcleo lentiforme (putâmen e globo pálido), núcleo caudado, substância negra e núcleo subtalâmico. • Síndrome Hipertônico-Hipocinético: - Redução da atividade espontânea e dos movimentos associados - Aumento do tônus muscular e dos movimentos involuntários - Sítio da lesão → globo pálido e substância negra. Ex: Síndrome Parkinsoniano • Síndrome Hipotônica-Hipercinética: - Movimentos irregulares e involuntários de localização variável. - Intervalo reduzido de tônus muscular de repouso - Sítio da lesão: putâmen e núcleo caudado Ex: Doença de Huntington – coreia, atetose, distonia; contralateral • Síndrome Parkinsoniana = Doença neurodegenerativa progressiva e crônica que se manifesta pela tétrade bradicinesia, rigidez (hipertonia Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 12 plástica = cérea), tremor de repouso de baixa frequência e elevada amplitude e instabilidade postural, cujo principal exemplo é a Doença de Parkinson (DP) Síndrome Parkisoniana x Doença de Parkinson - Na doença, é obrigatório ter bradicinesia (diminuição do movimento) à geralmente assimétrico - Marcha com passos pequenos, quando um pé não ultrapassa o outro - É diferente de marcha em bloco (não há movimentação dos braços e corpo fletido anteriormente) • Parkinson: hipomímica facial • Rigidez à cérea – roda denteada. • Pull test à instabilidade postural (puxar o paciente para traz, se der um passo = instabilidade) Outros distúrbios de movimento... • Discenesia à hipermovimento! - São movimentos involuntários, não repetitivos, ocasionalmente estereotipados, que afetam a musculatura axial, proximal e distal em combinações variadas • Parkinsonismo/tremor de repouso - São caracterizados por oscilações rítmicas de parte do corpo, consequentes à contração alternada de grupos musculares opostos, ou seja, agonistas e antagonistas - Típico da síndrome parkinsoniana, apresentando ritmo lento e regular (4 a 8 oscilações/s) no repouso, diminuindo ou desaparecendo durante o movimento voluntário - Tremor cinético ou de ação: se manifesta quando o movimento é realizado à velocidade média; pode manifestar-se em síndromes cerebelares • Coréia: movimentos involuntários arrítmicos, breves, abruptos, que fluem de uma parte a outra do corpo de forma não ordenada. Movimentos atetóticos (ou atetose) e movimentos balísticos constituem formas de coréia. Ex: FR. • Balismos: movimentos amplos, bruscos, rápidos, predominando na raiz dos membros (proximais). • Atetose: movimentos lentos, por vezes ondulatórios, que ocorrem nas porções distais dos membros. Atetose é a postura contorcida, frequentemente alternante, dos membros proximais que se combinam continuamente num fluxo contínuo de movimentos (+ dançante que na coreia) • Distonia: involuntário, marcado pela contração sustentada/mantida e padronizada de um ou vários grupamentos musculares, determinando torção ou posturas anormais; movimento de torção que se assemelha a crises epiléticas, devido a excesso de antiemético (pacientes jovens); contração mantida. - Diferencia-se dos tremores, mioclonias e coréias pelo seu caráter repetitivo e previsível associado ao componente de torção sendo mais apropriadamente considerados como parte integrante da distonia • Acatisia: transtorno do movimento hipercinético caracterizado por uma inquietação interior, às vezes, descrita como ansiedade e um impulso Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 13 irresistível de se mover, que faz com que os pacientes permaneçam em movimento praticamente constante. O paciente tem dificuldade de permanecer sentado, costuma andar continuamente; balançar o corpo para frente e para trás enquanto sentado ou de pé; levantar o pé como se marchasse no lugar; cruzar e descruzar as pernas quando sentado ou realizar outras ações repetitivas e sem sentido. • Mioclonia: contração breve, rápida, de 1 músculo ou feixe de músculos (susto). • Acinesia e bradicinesia: a perda e a redução da motricidade automática ou involuntária. Manifestam-se, por exemplo, por redução da mímica, marcha em pequenos passos e abolição dos movimentos espontâneos. São encontradas tipicamente na síndrome parkinsoniana. Obs.: Distonia (contração mantida) x Mioclonia (contração brusca) à choque x Tônica à contração mantida, mas diferente da distonia é anômala. Coreia = distal x Balismos = proximal V. Síndrome cognitiva • Conjunto de sinais e sintomas ligados ao próprio envelhecimento ou a processos neurodegenerativos, sendo que as alterações cognitivas incluem diminuição de memória, dificuldade comunicação escrita/verbal, dificuldade em encontrar palavras, esquecimento de fatos de conhecimento comum (Ex.: nome do presidente) - Avaliação Global à utilização de testes padronizados para avaliar o estado mental de forma geral, como Miniexame do Estado Mental (MEEM) = rastreamento para quadros demenciais. > Os domínios avaliados são: orientação temporal e espacial, atenção, memória, cálculo, linguagem e habilidade de copiar um desenho. - Engloba os seguintes conceitos: • Afasia: distúrbios da compreensão e da expressão da linguagem falada e escrita à alteração de linguagem. - Compreende avaliação da fala espontânea, compreensão oral, repetição de palavras/frases (avaliar preservação da discriminação auditiva e da articulação), a nomeação (dificuldade de nomeação dos objetos/ partes do corpo = anomia à diferenciar de agnosia visual), a leitura e a escrita. • Agnosia (tátil ou visual): perda da capacidade de reconhecimento (geralmente, lesão no lobo parietal);. na agnosia visual, um objeto não reconhecido pela visão pode ser facilmente nomeado pelo tato. • Apraxia: perda da atividade gestual consciente e intencional�à Praxia é a faculdade de executar gestos voluntários aprendidos na ausência de alterações da motricidade e da coordenação motora • Memória: capacidade para acumular e reter informações percebidas, dividida em imediata, recente e remota - A avaliação da memória imediata é feita no exame da atenção, sendo que esse tipo de memória se refere à memória de ultracurta duração • Atenção: capacidade psíquica para notar, focalizar, selecionar e realçar objetos e movimentos, entre vários percebidos. A diminuição da atenção espontânea ou hipovigilância Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 14 caracteriza-se pela menor capacidade de estar atento ao mundo circundante. Os principais déficits de atenção são: déficits de vigília, déficits em concentração com distratibilidade e flutuação da atenção, e inatenção ou negligência unilateral • Síndrome cognitiva frontal - Sinais de frontalizaçãoHiperreflexia, não inibe com fixação do olhar ...Outros sintomas à acrofobia (medo de altura), agorafobia (medo de locais fechados), enxaqueca, instabilidade emocional, náuseas e vômitos, hipoacusia Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 29 Vertigem postural paroxístixa benigna (VPPB) • Definição: - Vertigem (sensação ilusória de movimento rotatório); - Vertigem paroxística à crises breves e intensas; redução rápida; alterações da posição da cabeça - Curso favorável= termo “benigno”; - Crises de vertigem= associadas a nistagmo posicional paroxístico - Mais acometidos: 40-60anos • Etiologia: - 50-70% = primária ou idiopática - Secundária + comum: TCE (7-17%) - Neurite vestibular associada em 15% - Associação com: doença de Ménière, migrânea, disfunção hormonal ovariana, dislipidemia, idade avançada, insuficiência vertebrobasilar etc. • Fisiopatologia: - Presença de partículas de otólitos da mácula utricular nos canais semicirculares § CSC posterior/CSP (80%) § CSC lateral/CSL (15%) § CSC superior/CSS (muito raro) - Canalolitíase (empuxo): detritos livres - Cupulolitíase (peso): detritos aderidos >> Estímulo de movimentação angular > Canalolitíase à latência de alguns segundo, duração 15-30s (não + que 60); vertigem paroxística típica > Cupulolitíase à latência curta/ausente, duração > 60s ou enquanto em posição provocativa; menos comum • Quadro clínico e diagnóstico: - Vertigem: preciptada por movimentos da cabeça - Nistagmo: inicia-se após um período de latência de alguns segundos - Resposta fatigável: se repetindo a posição provocativa, a resposta se torna progressivamente menos intensa VPPB CSP - Forma +comum- 80% dos casos - Canalolitíase é o mecanismo +comum - 1º ataque ao levantar-se (manhã) - Vertigem se estender ou flexionar a cabeça em pé, deitar-se na cama ou girar o corpo no sentido da orelha afetada em posição supina - Vertigem rápida e violenta: sintomas neurovegetativos (náuseas e vômitos) - Duração 15-30s, pode ter desconforto por +tempo devido a náuseas - Nistagmo típico CSP: polo superior do olho gira p/canal acometido à manobras diagnósticas Manobra de Dix-Hallpike Manobra de Semot Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 30 Manobra de Epley VPPB CSL - 2º tipo +comum - Inicia 1ª crise de vertigem ao girar para os lados na cama - Dura cerca de 30-60s - Sintomas +intensos; - Teste Rotação Supina - Nistagmo típico de CSL: Horizontal; - Ambos os lados testados terão nistagmo, porém, um será +intenso - Manobra de Lempert: girar cabeça 360°; manobra de Vannucchi-Asprella VPPB CSA - Forma menos comum de VPPB; - Observada em quadros pós- traumáticos e envolvimento de +canais - Manobra de Dix- Hallpike não é muito sensível para diagnosticar o lado acometido - Nistagmo típico: para baixo - Manobra de Epley pode ser usada no tratamento Vertigem de origem central • Definição: Qualquer distúrbio no labirinto, nas vias de integração visual, no tronco encefálico, no cerebelo ou nas vias sensitivas talâmicas → vertigem - Vertigem central = lesão no SNC (usualmente rotatória) - Central = mais rara (15% dos casos) e menos sintomática • Etiologias: - Doença Cerebrovascular (6%): predomínio sist. vertebrobasilar (TE) - Enxaqueca - Esclerose Múltipla - Tumores do ângulo pontocerebelar (schwannoma do NC VIII) - Tumores SNC (1%) • Quadro clínico: - Crise de longa duração e mais branda que a periférica - Buscar história de isquemia cardíaca ou cerebral, outros sintomas neuro - HAS e DM → eventos vasculares - Queixa associada mais comum: enxaqueca (até 50%) → detalhar características - Tumores do APC → disacusia unilateral; outros tumores → alterações sensitivas, motoras, comportamentais - Déficits neurológicos diversos - Exame dos nervos cranianos (principalmente o III e os baixos) - Marcha, alterações posturais, posicionamento tronco, membros, cabeça • Diagnóstico: - RM de crânio → fossa posterior, pequenos focos de desmielinização ou isquemias difusas - Nistagmo (50% são verticais) e alterações nas provas calóricas (63%) - Exames eletrofisiológicos → afecções da fossa posterior (vertigem posicional) - Eletronistagmografia = nistagmo posicional - Vertigens + disacusia súbita → abscessos, hemorragias ou isquemias cerebelares / trombose da a. basilar / dissecção da a. vertebral - Angiografia/ Angio-RM/ Doppler transcraniano → carótidas e aa. cerebrais Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 31 - Síncope + vertigem (idosos) = causa vascular? → SPECT • Tratamento: - Clínico ou cirúrgico p/causa base - Tontura → anticolinérgicos, anti- histamínicos, BDZ, BCC ou antagonistas de dopamina - Curto período: compensação vestibular e não mascarar sinais e sintomas neurológicos Labirintite • Definição: Lesão direta do labirinto por processo inflamatório da orelha média, c/ passagem de microrganismos ou toxinas através da janela redonda, oval ou por via hematogênica - Vertigem intensa com náuseas e vômitos, piora da audição, zumbido e otalgia - A perda da audição varia de perdas auditivas condutivas, dos quadros de otite média secretora, a perdas auditivas sensoriais profundas irreversíveis - Na fase final pode ocorrer substituição de parte do labirinto membranáceo e dos espaços intralabirínticos por tecido ósseo ou fibroso (labirintite ossificante) Labirintite Serosa: produtos ou toxinas inflamatórias bacterianas invadem a orelha média pela janela redonda; apresenta deficiência auditiva em altas frequências, lentamente progressiva, e sensação de instabilidade, vertigem posicional intermitente ou constante Labirintite Supurativa: bactérias na orelha interna; início fulminante, com perda auditiva súbita ou rapidamente progressiva, vertigem incapacitante e vômitos, nistagmo geralmente presente Labirintite Crônica: tecido mole (colesteatoma ou tecido de granulação) penetra o espaço perilinfático, por fístula na cápsula ótica; local mais frequente é o canal semicircular lateral, apresenta poucos sintomas • Tratamento: - ATB IV, antivertiginosos e CO, para controle da infecção e ¯da agressão inflamatória ao epitélio sensorial da orelha interna; - Tratamento cirúrgico pode ser necessário p/erradicar doença infecciosa da cavidade timpânica e mastoide, nos casos de otite crônica ou p/drenar orelha média nas OMAs - O aqueduto vestibular forma uma comunicação direta entre a orelha interna e líquido cefalorraquidiano - risco de meningite - TC de ossos temporais é obrigatória para avaliar complicações Neuronite vestibular • Definição: doença periférica decorrente da inflamação da porção vestibular do NC VIII (vestíbulo- coclear); >> Conhecida popularmente por labirintite, termo inadequado, pois é utilizado p/infecção do labirinto consequente à infecção da orelha média - Episódio único, prolongado e violento de vertigem; pode apresentar sintomas neurovegetativos intensos, como náuseas e vômitos incoercíveis - Em geral, não há hipoacusia ou zumbidos; vertigem piora com movimentos da cabeça e do corpo Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 32 - Crise +intensa de vertigem dura por alguns dias e cessa por completo em até 6 semanas - Nistagmo demonstrado por meses (especialmente, eletronistagmografia) • Clínica: - Ao exame físico, nistagmo espontâneo periférico presente (em geral horizonto- rotatório e nunca puramente vertical, que “bate” para o lado oposto da lesão, e é suprimido pela fixação visual); - Como a maioria dos casos é unilateral, o nistagmo geralmente é suprimido também ao pedir para o paciente olhar na direção do lado lesado • Diagnóstico diferencial: - Principal: infarto cerebelar, manifestandounicamente por vertigem • Tratamento: - Não há específico e uso de depressores labirínticos potentes (prometazina) pode ser utilizado para tratamento sintomático; ¯incapacidade - Devem ser instituídos exercícios de reabilitação vestibular precocemente Doença/Síndrome de Meniere • Definição: Crises de vertigens acompanhadas de hipoacusia flutuante, zumbido e plenitude auricular; sintomas vestibulares e auditivos • Epidemiologia: - Comum em adultos: idade média de início: quarta década - Sintomas entre 20 e 60 anos - Comum em ambos os sexos - Ambas as orelhas afetadas com a mesma frequência • Fisiopatologia: Deterioração gradual da audição na orelha acometida e hiporreatividade do sistema vestibular da orelha comprometida - Alteração morfológica da membrana de Reissner - Hidropsia endolinfática à distensão progressiva do espaço endolinfático - Perda de células ciliadas • Clínica: Tríade à Zumbidos, vertigem, perda auditiva - Crises duram de minutos a 1h e em geral com nistagmo espontâneo ao EF - Sintomas unilaterais na maioria - Evolução lenta e benigna - Progressão à lesão labiríntica é instalada, com perda grave da audição e hiporreflexia labiríntica • Diagnóstico: - Não existe nenhum teste que estabeleça o diagnóstico; exames audiológicos e vestibulares - Eletronistagmografia, eletrococleografia, teste do glicerol • Tratamento: - Dieta hipossódica e diuréticos tiazídicos (HTZ 25-50 mg/dia) e uso de antivertiginosos/entieméticos (crises) - Tratamento cirúrgico reservado a casos refratários à procedimentos conservadores (descompressão do saco endolinfático) ou destrutivos (labirintectomia química ou neurectomia do nervo vestibular) Ototoxicidade • Definição: afecções iatrogênicas provocadas por drogas que lesam a orelha interna; maioria irreversível > Sistema auditivo: surdez definitiva ou reversível > Sistema vestibular: perda do equilíbrio com vertigem, náuseas e vômitos, nistagmo e até ataxia Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 33 Cóclea Vestíbulo ATB amino- glicosídeos Amicacina, Neomicina, Canamicina, Netilmicina Estreptomicina, Gentamicina, Tobramicina Outros ATB Ertromicina (reversível), cloranfenicol (tópico) Ampicilina e cefalosporinas, minociclina, vancomicina, lincomicina, espectinomicina Antineoplás. Cisplatina, Mostarda nitrogenada, Metotrexato, Vincristina Diuréticos Furosemida, ácido etacrínico, Bumetanida Anti- inflamatórios Salicilatos, Indometacina, Ibuprofeno Beta- bloqueadores Propanolol, Proctolol Outros Quinino, ACO Desinfetantes, antissépticos tópicos Clorexidina, Benzalcônio, Iodo, Iodine, Iodofórmio, Álcoois Clorexidina, Benzalcônio, Iodo, Iodine, Iodofórmio, Álcoois - Destruição progressiva das: § Cél. ciliadas externas da cóclea § Cél. cil. das cristas das ampolas dos canais semicirculares § Cél. cil,das máculas do sáculo e utrículo - Prevenção é a medida +segura p/se evitar a ototoxicidade. - Monitorização nos pacientes com fator de risco: exames p/avaliação auditiva e vestibular antes do início do tratamento e avaliações periódicas a cada 2 dias Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO REUMATO MÓDULO 8 PROFESSORA FABIANA 1. Artrite reumatoide (AR) ............................................................................. 2 2. Espondiloartrites (definição)/ espondilite anquilosante (EA), artrite psoriásica .......................................................................................................... 7 3. Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) ..................................................... 13 4. Doença Microcristalina (Gota) ............................................................... 19 5. Osteoartrite ............................................................................................... 25 Obs.: Em azul estão as observações da professora *As “Obs” em vermelho escuro são as vozes da minha cabeça Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 2 REUMATO Artrite reumatoide (AR) Conceito: é uma doença inflamatória crônica, caracterizada pelo envolvimento das articulações num processo insidioso que, frequentemente, resulta em deformidades; marcada por períodos de remissão e atividade, mas sempre com lesão tecidual § Sinovite crônica levando à formação de erosões ósseas e à deformidade articular § Poliartrite erosiva simétrica de mãos e punhos Epidemiologia: prevalência nacional de 1%; predomínio no sexo feminino (1:3) e em 25-55a (♀adulta, meia-idade) § Fatores de risco: história familiar (HLA-DR4 à Ag de histocompatibilidade), tabagismo, café (?) § Microorganismos: Epistein-Baar Fisiopatologia - Agressão na membrana sinovial = sinovite à acometimento inflamatório da articulação e destruição da estrutura articular; fator desencadeante do processo inflamatório pode ser um Ag endo/exógeno ou ambos - A resposta autoimune na AR é constante com linfócitos TCD4+ hiperestimulados que migram para a sinóvia e que atraem e ativam citocinas e interleucinas - A perpetuação do processo inflamatório estimula a proliferação de células sinoviais e leva a expansão progressiva do pannus 1) Imunidade celular (principal); ativada através de diversos mecanismos 2) Indivíduos geneticamente predispostos com alteração na sequência de aminoácidos em epípotos de MHC de classe II que, ao serem ativados, induzem os linfócitos TCD4 3) Linf. TCD4 produzem citocinas e interleucinas que causam a sinovite (principalmente TNF alfa, IL-1, IL-6 4) Formação de tecido metaplásico (pannus) TABAGISMO... - Citrulinização: processo que ocorre na inflamação e que consiste na modificação pós-traducional de determinada proteína, na qual um resíduo de arginina é convertido em citrulina, catalisado pela enzima peptidil arginina deiminase (PAD) - Apresentação dos peptídeos citrulinados através dos alelos do HLADRB1 e “epítopo compartilhado” - HLA-DR: receptor da família de moléculas de MHC de classe II, presente nas células apresentadoras de Ag e responsável por apresentar epítopos antigênicos às cél. T (via receptor TCR) - O linf. T pode se diferenciar para auxiliar na regulação e controle da resposta imune adaptativa (Treg) ou estimular a produção de IL 17 (TH17) e consequente ativação macrofágica na produção de interleucinas e estimula a diferenciação do linf. B em plasmócito SP 1 Doença de etiologia inflamatória crônica e sistêmica, de caráter autoimune e multifatorial Fatores etiológicos: -Pessoais: sexo feminino, idade, microbiota -Ambientais: tabaco -Biológicos: microorganismos Primeiro a imunidade celular (macrófagos > interleucinas/citocinas) e depois a imunidade humoral (TCD4 > anticorpos > fator reumatoide...) O alvo principal é a sinovia Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 3 produtor de Fator Reumatoide (além de uma série de outros autoanticorpos) - Alteração da ativação de arginina (citrulinização) à induz imunidade humoral pelo TCD4 à linfócitos B à auto-anticorpos à Fator Reumatoide (geralmente IgM contra IgG) Quadro clínico - Síndrome de poliartrite crônica, simétrica, de pequenas articulações - Rigidez matinal + artralgia + aumento do volume articular Obs.: inflamação = calor, ardor, rubor e edema; normalmente sem sinais flogísticos - Instalação insidiosa e evolução em semanas a meses à forma clássica >> Mãos (MCF, IFP), punhos e pés (MTF) à NÃO ESQ. AXIAL - Perda gradativa da função articular § Sinal da tecla poplítea § Síndrome do Túnel do Carpo (Phalen e Tinel) - Manifestações articulares e não- articulares • Manifestações articulares: - Dor articular (principal sintoma) - volume articular (principalsinal) - Deformidades fixas: § fibrose de tecidos periarticulares § anquilose de superfícies ósseas § contratura/atrofia muscular MÃOS • Alargamento dos punhos + atrofia dos mm. interósseos + aumento MCF e/ou IFP (MÃO REUMATOIDE) • Acometimento do metacarpo e poupa IFD (interfalengiana distal) § Desvio ulnar § Dedo em pescoço de cisne prolongada característica de doenças inflamatórias "mão em vendaval" > relacionada a frouxidão ligamentar hiperextensão da proximal com flexão da distal dedão em z Clássico: acometimento de mãe e pé processo inflamatório comprime o nervo > síndrome Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 4 § Abotoadura PUNHOS • Hipertrofia sinovial à compressão do nervo mediano e parestesia (sínd. do túnel do carpo) § Punho em dorso de camelo § Mão em gota ou caída JOELHOS § Sinal da tecla de piano § Cisto de Baker PÉS • Subluxaç̃ão plantar da cabeça dos metatarsos à dor ao caminhar e dificuldade com calçados • Erosões plantares por traumatismos de repetição COTOVELOS • Posição antálgica em flexão • Mononeuropatias periféricas COLUNA CERVICAL RARO! • Subluxação atlanto-axial – potencialmente grave à compressão medular alta = tetraparesia ou tetraplegia + paralisia diafragmática (insuficiência respiratória) + compressão de aa. vertebrais (insuficiência vertebrobasilar) • Manifestações extra-articulares: (Geralmente em indivíduos com altos títulos de FR e anti-CCP) PELE • Nódulos subcutâneos (20-30%): - Refletem atividade da doença - Regiões extensoras do cotovelo, mãos, pés e calcâneo - Presentes em pleura e meninges - Raramente sintomáticos hiperextensão da distal com flexão da proximal calosidades nas regiões de apoio sob os metacarpais luxados deformidades tipo valgo ou varo Nódulos podem ocorrer em qq órgão com tecido conjuntivo (o mais comum é no subcutâneo) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 5 • Vasculites → pequenos infartos ou maiores (necrotizantes) RARO! PULMÕES • Derrame pleural (principal) RARO! - Exsudato - Queda do complemento - Positividade FR - Queda glicose (> Estado inflamatório crônico à aterosclerose acelerada! RINS - Nefropatia membranosa - AINES à IRA pré-renal, NTA e NI - Glomerulonefrite mesangial - AMILOIDOSE AA à Sd. nefrótica - Vasculite renal • Condições associadas... - Aterosclerose e eventos cardiovasc. - Osteoporose: 30-50% - estimulação de osteoclastos - Linfadenomegalia - Hemato: anemia de doença crônica > Síndrome de Still: AR, com sintomas como dor e destruição das articulações, febre, hepatomegalia e leucocitose > Síndrome de Felty: manifestação extra-articular rara da AR, caracterizada por neutropenia idiopática persistente, febre e esplenomegalia Obs.: monoartrite NÃO é AR; poliartrite simétrica crônica de pequenas articulações! +outros critérios; metacarpo falangeanas e falangeanas proximais (evita distais) = nos pés Classificação: duração, envolvimento articular, sorologia (FR e anti-CCP) e marcadores inflamatórios ACR/EULAR 2010 Acometimento articular (0-5) 1 grande articulação 0 2-10 grandes articulações 1 1-3 pequenas articulações (grandes não contadas) 2 é a mais grave OBS: pode ser uma das primeiras manifestações > não segue uma história natural da doença certinha . Neuropatia periférica *DCV agrava o quadro *nódulos pulmonares (dd com tumor?) *Síndrome de Caplan: AR com pneumoconiose > nódulos pulmonares que podem cavitar .Ceratoconjuntivite seca .Ceratite ulcerativa periférica .Vasculite retiniana maciça .leucopenia c/ granulócitos baixos; .anemia *apropriada para diagnosticar casos precoces Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 6 4-10 pequenas articulações (grandes não contadas) 3 >10 articulações (com pelo menos 1 pequena) 5 Sorologia (0-3) FR (-) e AAPC (-) 0 FR ou AAPC (+) em baixos títulos 2 FR ou AAPC (+) em altos títulos 3 Duração dos sintomas (0-1) ou = 6 semanas 1 Provas de atividade inflamatória (0- 1) PCR normal e VHS normal 0 PCR anormal ou VHS anormal 1 >> Pontuação final: > 6 pontos ACR 1987 Rigidez matinal Artrite de 3 ou+ áreas articulares Artrite de mãos Artrites simétricas Nódulos reumatoides Fator reumatoide positivo Alterações radiográficas >> 4 ou + critérios por um período maior ou igual a 6 semanas Diagnóstico • Marcadores sorológicos: Fator Reumatoide (FR) é um autoanticorpo que “ataca” a porção Fc das moléculas de IgG - Em geral, se trata de um autoanticorpo da classe IgM - Encontrado em 70-80% dos adultos com a doença à logo, resultado (-) JAMAIS descarta o diagnóstico (20- 30% são “soronegativos”) - Marcador com baixa especificidade Autoanticorpo anti-CCP (Antipeptídeos Citrulinados Cíclicos) possui a mesma sensibilidade do FR (70-80%), porém, sua grande vantagem é uma elevada especificidade (~95%). Exames complementares: vai depender de qual critério de classificação você vai utilizar (por ex, critérios de 87 necessitam de RX, mas de 2010 não) • Análise do líquido sinovial - Líquido turvo, com viscosidade reduzida, aumento de proteínas e concentração normal ou ¯de glicose - Leucometria 5-50 mil/uL, com predomínio de polimorfonucleares - Não é essencial para diagnóstico de AR, mas pode se útil • Avaliação radiológica - Início: aumento de partes moles e derrame articular - Progressão: osteopenia justarticular, perda da cartilagem articular e diminuição do espaço sinovial, cistos subcondrais e erosões ósseas marginais, anquiloses e subluxações - Estimar extensão da doença, monitorar efeito terapêutico, avaliar necessidade cirúrgica • Diagnóstico diferencial... - Síndromes virais autolimitadas (parvovírus, hepatites B e C, rubéola e mononucleose infecciosa); - Lúpus eritematoso sistêmico; - Artrite psoriásica e reativa; - Gota (mimetiza nódulos da AR; diferenciar com achado de cristais de ácido úrico na artrocentese) - Osteoartrite - Fibromialgia - Hipotireoidismo § Sempre buscar manifestações + típicas de outras etiologias! *pode estar presente em diferentes doenças autoimunes ou inflamatórias para acometimentos em grandes articulações > joelho ou cotovelo USG: -detecta sinovite; -mais útil para início do quadro RM: -volume sinovial -edema ósseo -sinovite *achados de uma AR estabelecida *critérios de 1 a 4 precisam durar pelo menos 6 semanas e/ e/ -Reumatismo palindrômico (+idosos) -Espondiloartrite -Artrite microcristalina -Artrite séptica -Atrite por infecção viral hanseníase Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 7 Tratamento: remissão da doença com drogas sintomáticas (AINE ou corticoide) e DARMD (droga antireumática modificadora de doença) • Medidas gerais: - Acompanhamento multidisciplinar, principalmente devido a frequente presença de comorbidades psiquiátricas - Repouso articular em surtos agudos; - Fisioterapia; - Vacinas antipneumocócica (a cada 5 anos) e anti-influenza (anualmente) DARMD - convencionais - Metotrexato(escolha): 7,5mg 1x/semana – inibição da enzima di- hidrofolato-redutase à anemia megaloblástica- repor ácido fólico - Leflunomida, hidroxicloroquina, sulfassalazina DARMD – biológicas (+potentes) - Infliximabe, Adalimumabe, Etarnecept, Rituximabe AINES - Não alteram o curso da doença; são adjuvantes sintomáticos, promovendo analgesia e desinflamação imediata do tecido osteoarticular; uso a longo prazo deve ser evitado GLICOCORTICOIDES - Rápido alívio sintomático; úteis como "ponte" até o início de ação das DARMD; úteis no controle de surtos agudos; evitar uso prolongado e priorizar a menor dose PLANO TERAPÊUTICO - professora 1) Sintomático + droga modificadora à porque DMARD demora para responder; corticoide em dose baixa chega ser até melhor que AINE; a 1ª escolha de DMARD é o Metotrexato (monoterapia) 2) Com Metotrexato o paciente não está respondendo bem à adicionar outro DMARD convencional 3) Já tomou 2 DMARDs (inclusive o Metotrexato) e não funciona à +DMARD biológico (preferencialmente bloqueador de TNF alfa, mas depende da evolução) >> Sempre reavaliar a cada 6 sem Espondiloartrites (definição)/ espondilite anquilosante (EA), artrite psoriásica ESPONDILOARTRITES - Dor axial inflamatória, associada a artrite periférica predominante em grandes articulações de membros inferiores, e entesopatias periféricas - Características radiológicas: sacroileítes e entesopatias, em indivíduos com predisposição genética (ligada ao Ag de histocompatibilidade HLA-B27); SP 2 Janela de oportunidade: até 12 meses de sintomas (preferencialmente nas 12 primeiras semanas) *DAS-28 > escore de atividade da doença > avaliar se tto está sendo eficiente ou não , cloroquina / sintéticos Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 8 • Características comuns das Espondiloartrites: Acometimento de sacroilíacas, normalmente FR negativo e acometimento de esqueleto axial § Espondilite Anquilosante, Artrite Psoriásica, Doenças inflamatórias intestinais, Artrites Reativas • Diagnóstico – ASAS (2009) - Aplicar em pacientes com dor lombar há 3m ou + e idade de início Sacroileíte em exame de imagem: inflamação sacroilíaca vista por RM e/ ou sacroileíte definitiva no RX simples ESPONDILITE ANQUILOSANTE (EA) - Espondiloartropatia soronegativa (fator reumatoide negativo) - Doença inflamatória crônica, acomete preferencialmente o esqueleto axial (coluna vertebral) § Lesão da articulação sacroilíaca = marco fundamental - “Espôndilo” (vértebra) + “ite” (inflamação) + “anquilose” (fusão) = inflamação resultante da fusão vertebral • Epidemiologia: - Homem, adulto jovem 16-45 anos, branco, gene HLA-B27 • Etiopatogenia: - Postula-se que o estímulo inflamatório da doença vem do contato com agentes ambientais, que deflagra descontrole do sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos! § Títulos de Ac contra bactérias intestinais nos portadores de EA - Gene HLA-B27 à predisposição genética à enteropatógenos (Salmonella, Shigella...) à teorias: § Teoria do mimetismo molecular § Teoria do peptídeo artriogênico § Teoria do peptídeo promíscuo - O alvo principal é a entese (local onde tendões e ligamentos se ligam aos ossos) - Fisiopatologia inflamatória: IL 23 é formada relacionada ao dobramento errado da HLA-B27 - diferencia linfócitos em Th17 > produz IL17 que exacerba a resposta inflamatória (pela TNF e IL1) - É a principal Highlight Highlight Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 9 Entesite à lesão que acomete as enteses (inserções ósseas de ligamentos, tendões, aponeuroses...) à reação inflamatória crônica com erosão do osso adjacente à processo crônico de reparação tecidual à neoformação óssea à evolução para anquilose (ossificação das enteses) à sindesmófito (protuberância óssea) à pontes entre corpos vertebrais à coluna rígida - Artrite periférica da EA não apresenta vilosidades sinoviais exuberantes, predomina em MMII e tem assimétrica - Erosões cartilaginosas centrais comuns - Envolvimento da coluna é ascendente: articulações sacroilíacas > coluna lombossacra > torácica > cervical Diferenças entre EA e AR: (1) Infecção avançada pelo HIV pode desencadear forma grave de EA (na AR, depleção de linfócitos T CD4+ associada à SIDA costuma amenizar a artrite); (2) enquanto na AR ocorrem erosões do osso articular, na EA ocorre estímulo para neoformação óssea nas áreas afetadas (ex.: sindesmófitos); (3) a histopatologia da sinóvia na EA mostra predomínio de neutrófilos, macrófagos e hipervascularização, enquanto na AR encontramos agregados linfoides, células dentríticas e hiperplasia das cél. de revestimento da sinóvia - linning cell (4) não se observa aumento da citrulinização proteica no tecido articular de portadores de EA • Manifestações clínicas: - Dor lombar (pela sacroileíte) unilateral (início), insidiosa e profunda - Rigidez (matinal) que melhora com movimento e piora no repouso; “coluna em bambu” - ¯Amplitude de movimento da lombar - Hipersensibilidade óssea (digitopressão desencadeia dor) - Artrites centrais e periféricas - Sintomas constitucionais específicos - Perda da lordose fisiológica – sinal da flecha; semi flexão dos quadris – postura do esquiador Teste de Schöber - Com o paciente de pé, marca-se a apófise espinhosa da 5ª vértebra lombar e outra marca horizontal 10 cm acima dela; solicita-se então que o paciente faça uma flexão da coluna - Em condições normais, as 2 marcas devem ficar a +15cm de distância (aumento de 5cm ou + da distância na posição ereta) - Aumento ¯4 cm = comprometimento funcional da lombar Limitação da mobilidade da coluna lombar Obs.: EA prefere esqueleto axial, mas pode ter manifestações periféricas: artrites assimétricas de grandes articulações/MMII (joelho, tornozelo, muitas vezes unilateral); costuma poupar mãos e pés • Manifestações extra-articulares: - Oftalmológicas: uveíte anterior aguda unilateral - Pulmonares: fibrose bolhosa dos lobos superiores , dor, fotofobia; Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 10 - Cardíacas: estenose aórtica, distúrbios de condução (BAVT) - Renais: amiloidose, nefropatia por IgA - Neurológicas: deslocamentos e fraturas da cervical, síndrome da cauda equina - Intestinais: doença inflamatória intestinal • Diagnóstico – Nova York Modificados (1984) - Pelo menos 1 critério clínico + 1 critério radiológico: Clínicos Radiológicos - Lombalgia inflamatória >/= 3 meses - Limitação de mobilidade da coluna lombar em planos frontal e sagital - Diminuição da expansibilidade torácica - Sacroileíte bilateral grau 2, ou unilateral 3/4 - Sacroileíte bilateral grau 3 ou 4 > RX – graus: 00 Normal 01 Sacroileíte suspeita ou duvidosa 02 Esclerose óssea de sacro e de ilíaco, irregularidade de contornos articulares e erosões ósseas 03 Grau 2 + pseudoalargamento articular 04 Anquilose total (fusão articular) • Exames laboratoriais:- Provas de atividade inflamatória inespecíficas: VHS, mucoproteínas, proteína C reativa - HLA-B27 (mas negativo não exclui) - Fator reumatoide e antinuclear geralmente negativos • Exames de imagem: > RX: coluna em “bambu” > Radiografia de lombar: - Ângulos brilhantes: esclerose óssea nas margens vertebrais; primeiros anos da doença - Sidesmófitos: pontes ósseas unindo 2 vértebras adjacentes, “coluna em bambu”; 2ª década da doença > Ressonância Magnética - Lesões inflamatórias recentes - Detecta antes do RX - Técnica de STIR: sacroileíte precoce • Tratamento: - Alívio sintomático, melhora da capacidade funcional, minimizar as manifestações extra-articulares e prevenir as deformidades articulares e suas possíveis complicações - Postura ereta, dormir em decúbito dorsal, exercícios de baixo impacto § AINES (ex.: indometacina) § Sulfassalazina (2-3g/dia) – bom na artrite periférica § Metrotrexato (7,5-25mg/sem) – bom na artrite periférica § Leflunomida, Talidomida, Pamidronato (em refratários) § Neutralizadores do TNF-alfa: Infliximabe, Etanercepte, Adalimimabe (caso doença ativa sem resposta com ao menos 2 AINES diferentes) Highlight / colite inespecífica (T1 e T2 > imagem branca; com saturação de gordura > confirma se é inflamação ou gordura) -EA axial > AINEs (3 meses/ 2 drogas) ou agentes biológicos. -EA periférica > Sulfa, metro ou AINEs (se tiver quadro intestinal associado é melhor a sulfa; se tiver uveíte é melhor o metro). Highlight Highlight Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 11 Obs.: Corticoides sistêmicos NÃO SÃO indicados – podem piorar a osteoporose vertebral e justarticular; exceção: Injeção intra-articular sacroilíaca de corticoide ARTRITE PSORIÁSICA (AP) - Artropatia inflamatória crônica que afeta entre 4-30% dos portadores de psoríase - Em 80% as lesões cutâneas da psoríase precedem as manifestações articulares - Normalmente psoríase cutânea grave com lesões extensas – mas nem sempre, podem ser lesões discretas Obs.: Lembrar dos tipos de psoríase não tão visíveis, como a ungueal • Epidemiologia: - Não tem preferência por sexo - Faixa etária 30-55 anos - HLA-B27 (+); HLA-B39* - Associação com sacroileíte e envolvimento axial • Etiopatogenia: os linfócitos TCD4+* envolvidos nas lesões cutâneas lesam também as ênteses e articulações (predisposição genética a tal evento); ausência do Linf.T supressor autorregulador; reatividade * A infecção pelo vírus HIV pode acompanhar-se de uma forma explosiva e grave de Artrite Psoriática > Elevada concentração de citocinas, interleucinas pró-inflamatórias (IL-1, IL-6, IL-8) e o fator de necrose tumoral α (TNFα) nas sinoviais das articulações envolvidas • Formas clínicas: são 5, apesar de que podem coexistir (formas mistas) 1) Artite oligoarticular assimétrica: Envolve sobretudo joelhos e pequenas articulações dos pés e das mãos; frequentemente, associa-se à entesite e à dactilite (“dedos em salsicha”) 2) Artrite poliarticular: Pode ser simétrica ou assimétrica e frequentemente envolve as articulações interfalângicas distais 3) Artrite distal: Acomete exclusivamente as articulações interfalângicas distais, em geral associada ao envolvimento adjacente das unhas pela psoríase 4) Artrite mutilante: representa a forma mais grave de AP e ocorre na minoria dos pacientes. Manifesta-se por destruições ósseas (osteólise) que levam à reabsorção de falanges, além de anquilose óssea, cuja consequência é o aparecimento de deformidades graves 5) Espondilite (psoriásica): Forma axial que ocorre em cerca de 5% dos pacientes, caso seja observado o acometimento axial isolado. Nesses casos, as manifestações clínicas articulares assemelham-se às observadas na EA primária, mas vale lembrar que as manifestações axiais e a sacroiliíte são, com frequência, encontradas em outros subgrupos da AP, podendo ou não proporcionar sintomatologia. Nos estágios iniciais, a sacroiliíte costuma ser unilateral ou, se bilateral, é assimétrico Obs.: Se paciente com psoríase e FR (-), classificamos como Poliartrite; se paciente com psoríase e FR (+) classificamos como AR + psoríase concomitante Highlight *dedo em telescopagem Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 12 • Diagnóstico: - É uma doença heterogênea sendo possível o envolvimento de pelo menos cinco domínios, que incluem psoríase (acometimento cutâneo), doença articular periférica, doença axial (coluna vertebral e sacroilíaca), entesite e dactilite - VHS, PCR elevadas - 5 ou + articulações edemaciadas - Dano estrutural - Manifestações extra-articulares clinicamente relevantes (ex.: dactilite) § Acometimento assimétrico das articulações, entesite, dactilite, artrite (principalmente interfalangeanas distais e esqueletoaxial) na presença de psoríase cutânea! Obs.: Diagnóstico diferencial com a Síndrome de Reiter à Artrite Reativa - Artrite, uretrite, conjuntivite Obs.2: Artrite psoriásica é simuladora à pode vir de várias formas, simulando AR, Osteoartrite, EA • Alterações laboratoriais: - São muito inespecíficos da doença - O dado laboratorial mais importante na AP é FR (-) § Em 9% dos casos os indivíduos apresentam FR (+), então não é critério de exclusão 100%!!! • Critérios de Caspar: - Na maioria resolvemos sem RX e FR • Alterações de imagem: - Envolvimento das articulações interfalangianas distais - Reabsorção das falanges terminais - Escavação (cupping) das falanges proximais - Artrite mutilante - Reação óssea proliferativa - “Dedo em salsicha” e deslocamento de pequenas e grandes articulações - Lesão de “pencil in cup” Obs.: Lembrar que a maioria dos pacientes (60%) vão apresentar exame radiológico normal • Tratamento: - AINEs, Metotrexato, anti-TNF, inibidores de citocinas (Ustekinumab) Obs.: cuidado com glicocorticoide à efeito rebote da lesão cutânea! Tratamento geral de EA e APso: - Qual o tipo de acometimento articular? Axial ou periférico? - Drogas sintéticas não funcionam para esqueleto axial, apenas periférico! Ex.: se acometimento axial, vamos dos AINEs direto para os biológicos, nem passamos pelos sintéticos - Doenças localizadas ou sistêmicas? - Manifestações extra-articulares? § Uveíte? Quais drogas posso usar? Metrotexato! § DII? Quais drogas posso usar? Sulfazalazina! Obs.: Imunossupressor à antes de iniciar, atentar-se ao calendário vacinal; RX de tórax e PP-D e, se necessário, quimioprofilaxia para tuberculose; screening de sorologia para doenças infecciosas (ex.: HIV) Obs.2: Mulheres em idade fértil devem tomar ACO vide teratogenicidade conjuntivite, uveíte anterior, lesões ungueais -sacroileíte assimétrica -sindesmófitos acometem de forma irregular (algumas tem, outras não) - Metotrexato > melhor opção para tratar lesões cutâneas Artrite reativa: -Inflamatória; -Secundária a uma infecção (não está na articulação; à distância; não identifica no líquido sinovial); -Ag: salmonella, clamídia, shigellla; -Pode ser após infecção intestinal ou sexual; -Artrite assimétrica dolorosa, dactilite, tendinites, principalmente nos MMII, mais aguda e com mais sinais inflamatórios, ceratodermia blenorrágica (mãos e pés), oncólise, doenças oculares (uveíte, hiperemia, conjuntivite > + graves), acomete mais grandes articulações; -Exames: PCR e VHS elevados, líquido sinovial sem microrganismos; -Tratamento: tratar a infecção + DMADs (sulfa, meto, aza..); Artrite enteropática: -DII/enteropatia (D. de Crohn/retocolite) + acometimento articular; -Autolimitada e tende a aparecer nos períodos de maior atividade da doença intestinal (pode ser crônica e erosiva em 10% dos casos); -Acomete principalmente joelho e tornozelo; -Pode ser tipo I (oligoartrite simétrica) ou II (poliartrite simétrica); -Manifestações extra-intestinais: eritema nodoso, uveítes,acometimento axial; -Diagnóstico: d de crohn e retocolite com biópsia/histológico; -Tratamento: artropatia com inflamação no intestino > corticoide como melhor opção; sulfa é boa opção, meto pode ser usado (pouco efetivo no intestino), biológicos Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 13 Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) Um importante grupo de doenças reumatológicas, além de comprometer as articulações, também se manifesta em diversos órgãos e sistemas, provocando inflamação em seu “tecido conjuntivo” à “COLAGENOSES” = são patologias inflamatórias multissistêmicas, de etiologia desconhecida, e que têm na autoimunidade a principal base fisiopatológica • Definição: - O LES é uma doença autoimune multissistêmica crônica, cuja característica mais marcante, do ponto de vista clínico e patológico, é o desenvolvimento de focos inflamatórios em vários tecidos e órgãos - A doença evolui com períodos de exacerbações e remissões, comprometendo principalmente a pele (dermatite), articulações (artrite), serosas (serosite), glomérulos (glomerulite) e o SNC (cerebrite) à é a doença das “ites” Obs.: Lúpus Sistêmico, Lúpus induzido por drogas, Lúpus Cutâneo, agudo, subagudo, crônico... Ø Nem todo cutâneo é sistêmico!! >> A patogênese do LES está centrada na produção de múltiplos autoanticorpos, ou seja, uma forte participação do “braço” humoral da autoimunidade • Epidemiologia: - Mulheres jovens (menacme/idade fértil); 15-45 anos; raça negra • Fisiopatologia: - Etiologia desconhecida, mas multifatorial - Reação de autoanticorpos à imunocomplexos à ativação do sistema complemento à quimiotaxia e inflamação tecidual - Autoanticorpos em nível tecidual ou no soro (circulantes), com posterior deposição tecidual - Interação de fatores genéticos e ambientais Fatores genéticos - Deficiência dos componentes iniciais da cascata do complemento (C1q, C2 e C4) à ¯opsonização e clearance de células apoptóticas - Deficiência do receptor Fc de imunoglobulinas à ¯clearance de imunocomplexos - Fator regulador de interferon (IRF5) à exacerba funcionamento da imunidade “inata” - Presença de HLA-DR2 e DR3 à predisposição à formação de autoanticorpos - Deficiência nos mecanismos de autorregulação do sistema imune à déficit de IL-2, ou outras citocinas que estimulam Linf TCD4+reg e CD8+ inibidor = ativação exagerada do sistema imune - Ausência de genes protetores (como TLR5 polimorfismo ou perda de função PTPN22 variante) SP 3 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 14 Fatores ambientais - Exposição a raios UV (desencadeiam atividade lúpica em 70% dos pacientes) à efeitos imunogênicos nos queratinócitos cutâneos e induzem apoptose = lesão direta do DNA e modificação de proteínas nucleares (como “Ro” e “La”) à liberação de IL-1, IL-3, IL-6 e TNF-a, favorecendo produção de anticorpos por Linf. B autorreativos - Hormônios sexuais: estrógenos são imunoestimulantes (atividade dos Linf. B) e androgênios e progestágenos fazem o oposto (imunossupressão) - Medicamentos: “farmacoinduzido” à indução de demetilação do DNA (expressão exagerada de genes que geralmente são inativos) à Hidralazina, Procainamida, Isoniazida, Fenitoína, Clorpromazina... - Tabagismo: algumas substâncias podem estar implicadas no desenvolvimento de anticorpos anti- DNA dupla-fita - Exposição à sílica - Agentes microbiológicos: vírus pode promover modificações antigênicas e simular autoantígenos (“mimetismo molecular”), desencadeando atividade de doença autoimune à ex.: Epistein-Baar - Sistema imune: defesa, regulação e tolerância à LES: as 3 funções básicas do sistema imune deixam de funcionar - Principalmente a imunidade humoral: células B (autoanticorpos) à ativação consequente da imunidade celular (linfócitos T) à ciclo e mais e mais produção de autoanticorpos à lesão de células-alvo, quaisquer locais que contenham tecido conjuntivo à células- alvo com apoptose irregular à lixo celular à ativação de mais células do sistema inflamatório à organismo reagiria à essa perda de controle com o Treg, mas no LES ele não funciona!! Falha nos sistemas de defesa, regulação e reconhecimento!!! - Fatores genéticos (vários HLA), hormonais (estrógeno principalmente), ambiental (raios UV) - LES não tem uma história natural da doença, ele acha um alvo e age como bem entene -------------------------------------- - Apesar das interações entre fatores genéticos e ambientais, o elemento central na fisiopatologia do LES é a existência de “receptores de reconhecimento de padrões moleculares” (Toll-Like- Receptors/TLR) anômalos - Os TLR são a base da imunidade “inata” e estão presentes em diversos tipos celulares (macrófagos, células dendríticas, linfócitos B imaturos...) - Os TLR reconhecem padrões moleculares de microorganismos e desencadeiam a ativação dos mecanismos de defesa inespecíficos imediatos (fagocitose) e específicos tardios (estímulo às células apresentadoras de antígeno) - não há reconhecimento adequado do que é próprio - não há defesa adequada contra o que precisa - não há regulação - resultado é produzir cada vez mais auto-Ac Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 15 - Provavelmente, ao invés desses TLR induzirem resposta imune para agentes exógenos, acabam fazendo isso com autoantígenos em indivíduos predispostos - Além dos anticorpos antinucleares, no LES são formados anticorpos que se ligam a antígenos da membrana plasmática (de hemácias, leucócitos e plaquetas) - Ainda temos os autoanticorpos contra antígenos neuronais do SNC (anti-P) – provocam alterações psiquiátricas - Temos também anticorpos que bloqueiam o complexo fosfolipídio-beta- 2-glicoproteína I à inibem a função anticoagulante fisiológica, a trombogenicidade plasmática (síndrome do Ac antifosfolipídio) >> Mas de maneira geral, os principais são os anticorpos antinucleares (FAN) • Manifestações clínicas: início agudo ou insidioso, mas crônico, remitente e recidivante (períodos de exacerbações intercalados por períodos de relativa melhora ou mesmo inatividade) - Sintomas constitucionais: mal-estar, fadiga, queda do estado geral, febre, perda ponderal, etc. (inespecíficos) - Os locais mais caracteristicamente envolvidos no LES são (tecido conjuntivo): • Pele, articulações, membranas serosas, rins e SNC PELE: fotossensibilidade (70%), erupção malar (50%), alopecia não discoide (40-70%), úlceras mucosas (40%), erupção discoide (20%), Lúpus subagudo (10%), lesão bolhosa (10%), paniculite (5%) Rash malar Lúpus subagudo (forma anelar) >> Vasculares: fenômeno de Raynaud (30%), vasculite purpúrica (20%), urticária (10%), alopecia (40%), livedo reticular, telangiectasias, úlceras cutâneas, infartos digitais, nódulos subcutâneos Fenômeno de Raynaud Obs.: o autoanticorpo associado aos lúpus subagudo e à fotossensibilidade é o anti-Ro (SSA)! ARTICULARES/MUCULARES: artralgia e mialgia (95%), artrite não erosiva (60%), Artropatia de Jaccoud (10%), osteonecrose (15%), miosite (5%) Artrite não erosiva e não deformante à reversível!! O problema geralmente é tendão - não segue uma história natural da doença/sequência (consegue movimentar o dedo e voltar para posição correta) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 16 Obs.: a Artropatia do LES tem características da febre reumática (migratória) e da artrite reumatoide (de pequenas articulações periféricas) RENAIS: proteinúria > 500mg/24h ou +3 no EAS (50%), cilindros celulares na urinálise (50%), síndrome nefrítica (30-40%), síndrome nefrótica (25%), nefrite intersticial, IR (5-10%) Obs.: A deposição dos imunocomplexos DNA/anti-DNA é a base fisiopatológica danefrite lúpica! Classificação histopatológica da glomerulopatia lúpica - Lesão Glomerular!!! Geralmente esses pacientes apresentam hematúria, leucocitúria, proteinúria... - Indicações específicas para fazer biópsia renal (cara, demorada e invasiva); ex.: terapia não responsiva - Como fazer então a correlação entre clínica e suposição do que seria a biópsia renal sem furar meu paciente? à Verificar: ANTI DNA (+), SISTEMA COMPLEMENTO, HIPERTENSÃO OU NÃO, VALOR DA PROTEINÚRIA, RELAÇÃO UREIA/CREATININA... à correlacionar os resultados desses exames e inferir a possível classificação histopatológica do paciente PULMONARES: pleurite (50%), derrame pleural (30%), pneumonote (10%), fibrose intersticial (5%), hipertensão arterial pulmonar (> 4 ou + critérios (de 11), simultânea ou intercalada p/ confirmar diagnóstico (se 3 pts, LES provável) Critérios de classificação do SLICC (2012) Critérios clínicos Lúpus cutâneo AGUDO Lúpus cutâneo CRÔNICO Alopécia (não fibrótica) Úlceras orais ou nasais Doença articular Serosite Nefrite Manifestações neurológicas Anemia hemolítica Leucopenia ou linfopenia Plaquetopenia Critérios imunológicos FAN Anti-DNAds Anti-Sm (antígeno nuclear de Smith) Anticorpos antifosfolipídios Hipocomplementemia (C3, C4 ou CH50) Coombs direto (+) >> 4 ou + critérios, sendo pelo menos 1 critério clínico e 1 imunológico OU apresentar biópsia renal com padrão de nefrite lúpica + FAN (+) >/= 1:80 e/ou anti-DNAds Observações (critérios clínicos) ... - Lúpus cutâneo AGUDO: Rash malar (“asa de borboleta”); lúpus “bolhoso”; variante “necrólise epidérmica tóxica” do Lúpus; rash maculopapular; rash de fotossensibilidade OU Lúpus cutâneo subagudo - Lúpus cutâneo CRÔNICO: Lúpus discoide clássico (localizado – acima do pescoço; difuso – acima e abaixo do pescoço); Lúpus hipertrófico (“verrucoso”); Lúpus profundo (paniculite = inflamação da gordura subcutânea); Lúpus mucoso e outras formas mais raras OU sobreposição entre Lúpus discoide e líquen plano - Alopecia (não fibrótica): Rarefação difusa e/ou fragilidade dos cabelos, com fios visivelmente quebradiços (na ausência de outras causas) - Úlceras orais ou nasais: Úlcera em palato, boca ou língua OU mucosa nasal, na ausência de outras causas - Doença articular: Sinovite em 2 ou + articulações OU dor em duas ou mais articulações + rigidez matinal > 30min - Serosite: Dor pleurítica (torácica ventilatório-dependente) por +de 1 dia, derrame pleural, atrito pleural OU dor torácica tipo “pericardite” (piora ao Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 18 decúbito dorsal, melhora com a posição genupeitoral) por +de 1 dia, derrame pericárdico, atrito pericárdico ou sinais eletrocardiográficos de pericardite na ausência de outras causas - Nefrite: Proteinúria maior ou igual a 500 mg/dia OU cilindros hemáticos - Manifestações neurológicas: Crises convulsivas, psicose, mononeurite múltipla, mielite, neuropatia periférica ou craniana OU estado confusional agudo - Anemia hemolítica: hemograma - Plaquetopenia: Contagem de plaquetas 10 > Quando usar cada critério? - FAN (-) não entra no critério de 2019 - FAN (+) 1997 e 2012 - SLICC leva em consideração a cronicidade dos eventos Observações (critérios imunológicos) ... Obs.: Anti-Ro à Relacionado ao Lúpus neonatal, ao bloqueio cardíaco congênito, ao rash por / Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 19 fotossensibilidade, ao Lúpus cutâneo subagudo e ao Lúpus FAN (-) Obs.: Mãe pode passar o anti-Ro para o feto à bloqueio cardíaco congênito, emergência pediátrica Obs.: Anti-Sm específico do LES e Anti- DNAds específico do órgão-alvo (rim) - Não apenas FAN (+) à título e padrão > Padrão homogêneo à anti-DNA > Padrão pontilhado grosso à anti-Sm > FAN (-) à anti-Ro • Tratamento: 1) controle dos sintomas 2) prevenção redução das complicações 3) aumento da sobrevida do paciente Obs.: Qualquer vacina de vírus vivo atenuado, tomar cuidado! Aquelas com vírus morto, não só podem como devem ser aplicadas! >> Medicamentos essenciais!!! - AR: Metrotrexato - LES:Cloroquina e protetor solar > Antimaláricos: hidroxicloroquina ou cloroquina; fazem imunomodulação; efeito antitrombótico e hipolipemiante, mas podem ter toxicidade retiniana à auxiliam nas manifestações dermatológicas, artrite e fadiga, além de reduzir as recidivas > AINEs: EVITAR! Controle das manifestações musculoesqueléticas e serosites; meningite asséptica é um efeito colateral clássico, além de toxicidade hepática, renal e HAS; suspender em caso de nefrite lúpica > Corticosteroides: tópicos (hidrocortisona, triancinolona e betametasona) – para o rash; orais (prednisona) e parentais (metilprednisolona) - A ação dos corticoides é dose- dependente à a depender do efeito anti-inflamatório ou imunossupressivo; depende se é oral ou EV - Risco de osteorporose à recomenda- se reposição de cálcio e vitamina D Obs.: suspensão abrupta da corticoterapia pode resultar em exacerbação da doença, exigindo a reinstituição de altas doses, além da insuficiência suprarrenal aguda - Efeitos colaterais: fáscies cushingoide, ganho de peso, HAS, acne, estrias violáceas, fragilidade capilar, osteonecrose asséptica, osteoporose, catarata subcapsular posterior, glaucoma, hisurtismo, diabetes secundário, hipocalemia, irritabilidade/ psicose, miopatia e maior predisposição à infecção Obs.: Ciclofosfamida é teratogênica e tem potencial estéril à contraindicação para mulheres em idadefértil • Prognóstico: risco de mortalidade em caso de LES em franca atividade ou com infecção (sepse à se imunossuprimir com medicamento achando que é LES, mata o paciente) Doença Microcristalina (Gota) ARTRITES MICROCRISTALINAS - Enfermidades articulares e periarticulares secundárias à resposta inflamatória aos microcristais formados e/ou depositados nos tecidos à doenças por deposição de cristais ou inflamação induzida por cristais SP 4 LES = FILTRO SOLAR E CLOROQUINA *nefrite lúpica = pulsoterapia filtro + cloroquina > + corticoides (doses de acordo com manifestações/órgão alvo e gravidades) > imunobiológicos e para pancitopenia Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 20 - São reconhecidos 4 tipos principais de cristais que podem se depositar nas articulações, determinando vários padrões de artrite: 1. Cristais de urato monossódico (gota) 2. Cristais de pirofosfato de cálcio (pseudogota) 3. Cristais de fosfato de cálcio básico (hidroxiapatita) 4. Cristais de oxalato de cálcio - A liberação de cristais no líquido sinovial produz, a depender da quantidade e rapidez de depósito, graus variáveis inflamação (sinovite) à provocada pela interação entre os cristais e neutrófilos, que imediatamente liberam uma série de mediadores inflamatórios (HISTÓRICO) GOTA • Conceito: distúrbio metabólico que sofre importante influência genética, manifestada por níveis elevados de ácido úrico sérico, crises recorrentes de artrite aguda, formação crônica de agregados de cristais de MUS nas articulações, bainhas sinoviais, bursas, tecido subcutâneo e outros, como o rim (envolvendo o interstício, os túbulos renais e a formação de cálculos renais) - Tais manifestações podem ocorrer sob as mais diversas combinações e gerar consequências nem sempre previsíveis Hiperuricemia x Gota - Ácido úrico em indivíduos normais é solubilizado no soro, sob a forma de urato solúvel/sérico 1/3 excretado via intestinal 2/3 excretados via renal - Quando os níveis séricos desse sal , o limite de solubilidade pode ser atingido, ocorrendo precipitação - Há hiperuricemia quando os níveis ultrapassam 7 mg/dl (valor máximo da solubilidade plasmática) - A população ♂ adulta hígida apresenta uricemia ~3-7 mg/dl (limite superior = limite de solubilid.) - A população ♀ adulta hígida apresenta uricemia ~2-6 mg/dL (limite superior > Ou seja, se, por exemplo, uma mulher tem ácido úrico de 6,5mg/dL, ela apresenta hiperuricemia e não Gota, visto que ainda não atingiu o limite de solubilidade! Obs.: Muitos indivíduos hígidos apresentam hiperuricemia em algum momento da vida sem se quer desenvolverem gota (vide dieta ou uso de medicamentos por exemplo); mas praticamente todo os indivíduos com gota apresentam hiperuricemia em algum momento -Etiologia: metabólica -Manifestação: inflamatória = condrocalcinose Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 21 Obs.2: Mas obviamente hiperuricemia prolongada é sim fator de risco para o desenvolvimento de gota • Epidemiologia: - Maior longevidade, mudanças de estilo de vida, influências dietéticas e a crescente prevalência de comorbidades como obesidade e síndrome metabólica (62% dos pacientes com gota), diabetes, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares - explicam maior incidência nos últimos 20 anos - ♂ têm mais ácido úrico, portanto maior prevalência de gota (3-4: 1 entre 30-60 anos) - O estrógeno tem efeito uricosúrico, sendo rara a gota na mulher pré- menopausa - Raramente a gota se apresenta antes dos 45 anos de idade à idade é fator de risco importante, cofatores múltiplos: ¯função renal, uso de diuréticos e outras drogas, alterações no tecido conjuntivo favorecendo formação de cristais - História familiar em 40% à forma congênita, rara, por deficiência enzimática total (HGPRT-ase) à hiperuricemia, crises de artrite aguda, distúrbios neurológicos graves de autofagia, coreoatetose e retardo físico e mental (síndrome de Lesch-Nyhan) • Fisiopatologia: - A supersaturação do plasma com o ácido úrico ocorre quando sua concentração chega a 6,8mg/dL - A partir daí se dá o processo de NUCLEAÇÃO (precipitação dos microcristais com agregação das moléculas dispersas, formando núcleo) - O crescimento do núcleo se dá nas periferias, de forma mais longitudinal que latitudinal, “em agulha” Obs.: frio e pH ácido interferem na precipitação dos cristais! - A diminuição da temperatura diminui a solubilidade sérica do UMS - A acidose diminui de forma competitiva a excreção renal de urato e eleva a concentração de Ca no sangue à favorece a nucleação - Crise aguda: interação dos cristais de UMS com células de defesa - Microcristais são liberados de grandes cristais e tofos à desencadeia a crise - Crises são favorecidas pelo início abrupto das drogas hipouricemiantes à variação do nível sérico de urato - Célula inflamatória predominante: neutrófilo (interação dos cristais com macrófagos da sinóvia → recrutamento de neutrófilos) - Mecanismo: > Via convencional: IgG e fatores da cascata do complemento → opsonizam cristais → fagocitose pelo lisossomo dos neutrófilos → não conseguem destruir os cristais → lise do lisossomo com liberação de cristais e proteases lisossomais no citosol → induz resposta inflamatória e morte celular > Segunda via (e predominante): ligação direta dos cristais com as proteínas sinalizadoras de membrana dos neutrófilos → ativação direta da Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 22 cascata inflamatória → liberação de mediadores pró-inflamatórios (óxido nítrico, IL-1, IL-6 e IL-8, TNF-alfa, MCP-1, leucotrienos e prostaglandinas) → inflamação - Normalmente é autolimitado, durando 1-2 semanas; resolução do processo se dá graças a mecanismos de supressão do processo inflamatório agudo, mesmo com a permanência dos depósitos de cristais de UMS § Neutrófilos ativados passam a produzir mediadores que inibem a opsonização dos cristais de UMS pelos IgG — feedback negativo da inflamação § Na fase de resolução, os cristais de UMS são revestidos por macromoléculas que reduzem a ativação dos neutrófilos (apolipoproteínas, TGF-beta, HDL, LDL) - Processo de NETose (”trap” extracelular de neutrófilos): ocorre a extrusão rápida de DNA do neutrófilo → aprisionamento e clivagem de citocinas inflamatórias, inativando-as - Gota crônica: Cristais de UMS persistentes nas articulações → formam granulomas → ricos em macrófagos e citocinas pró- inflamatórias - Erosões ósseas ocorrem quando o tofo infiltra o osso subcondral — é um processo da gota avançada - Cristais de UMS levam a um desbalanço entre formação e reabsorção óssea: § Reduzem o efeito anabólico dos osteoblastos § Estimulam a maturação dos osteoclastos § Diminuem a concentração da osteoprotegerina (inibidora da osteoclastogênese) - Cristais de UMS levam à morte de condrócitos e comprometem sua capacidade de produzir matriz cartilaginosa Reação por corpo estranho! Cristal tido como não reconhecido à cai na articulação à reação macrofágica à macrófagos buscam retirar o corpo à processo inflamatório >> Importante bloquear a chegada excessiva de macrófagos na parte de tratamento • Quadro clínico: A gota passa por 3 fases distintas: artrite gotosa aguda, períodos intercríticos (assintomáticas) e gota crônica Artrite gotosa aguda - 4ª década de vida - Mono/oligoartrite, início súbito, contínua em duração, forte intensidade - Articulação mais acometida: metatarsofalangiana do hálux - Outras: demais dedos, tarsometatársicas, tibiotársicas, joelho, punho, mãos e cotovelos - Fatores precicipantes: abuso de álcool, cirurgias, traumas, sepse e medicamentos - Duração: horas a poucosdias - Diferente da AR, em que a síndrome é uma poliartrite crônica de pequenas articulações - Diferente da espondilite anquilosante que é uma lombalgia inflamatória crônica Resumo: super saturação ác úrico (passa do limite de solubilização) > formação de cristais e precipitação > locais mais frios > hálux, joelho / articulações > corpo estranho > resposta inflamatória (macrófagos/neutrófilos) (dor 10/10) (10d) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 23 - A GOTA É UMA CRISE DE MONO ARTRITE AGUDA DE MII ou PODAGRA (artrite da metatarso-falange do hálux) ou de TORNOZELO ou de JOELHO à Sinal semiológico da dor extrema = HALODÍNIA/HALODINIA (dor a algo que não deveria ter) Período intercritico (assintomático) - Em média, 6 meses a 2 anos - Gradualmente, ocorre resolução incompleta dos sintomas entre as crises e evolução para a gota crônica Gota Tofácea Crônica - Dor poliarticular, contínua, de moderada intensidade e com poucos sinais inflamatórios - Evolução da artrite gotosa aguda à poliartrite crônica: em média 11,6 anos - Tofos e deformidades TOFOS - Nódulos intra-articulares e subcutâneos resultantes do acúmulo de cristais nos tecidos - Prevalência de tofo palpável: 21 a 30% na gota primária, rara na gota secundária - Indolores - Localização mais comum: nas extremidades dos membros - Podem ser causa de neuropatia compressiva >> Primordialmente em articulações e tecido subcutâneo, mas pode se apresentar em outros locais Manifestações sistêmicas - Renal: Nefropatia por uratos (deposição crônica de urato no interstício renal); examinar outros tipos de cristais; se paciente jovem, redobrar a atenção - Cardiovascular: HAS e doença coronariana; - Metabólica: resistência à insulina e dislipidemia - SN: neuropatia, compressão nervosa e enxaqueca • Diagnóstico: - Clínico + laboratorial - Suspeita clínica: dor forte, edema e eritema, que alcançam o máximo dentro de 6-12 h, são altamente sugestivos de inflamação por cristais, apesar de não específicos para gota. Exames laboratoriais • Dosagem de ácido úrico no sangue - Detecta hiperuricemia, não confirma nem exclui gota - Espectrofotometria enzimática - Homem: até 7,0 mg/dL no homem - Mulher pré-menopausa: até 6,0 mg/dL • Dosagem de ácido úrico - urina de 24h - Pacientes com história familiar de gota, jovens ( comorbidades associadas: - Estudo do sedimento urinário e da função renal Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 24 - Glicemia, Lipidograma, Hemograma - Provas inflamatórias de fase aguda (PCR, VHS...) Exames de imagem - Baixa sensibilidade para o diagnostico, especialmente em fases iniciais • Fases iniciais: - Aumento de volume e densidade de partes moles ou nenhuma alteração • Crises repetidas: - Osteoporose justarticular; - Erosões ósseas; - Imagens líticas em "saca-bocado" • Fase crônica/tardia: - Redução de espaços articulares - Erosões grosseiras - Deformidades articulares - Osteófitos - Anquilose óssea - Imagens tofáceas na radiografia • Ultrassonografia articular - US detecta as alterações precoces nos tecidos moles na gota - Pode ser usada principalmente quando os achados clínicos e laboratoriais e os estudos radiográficos forem negativos ou inconclusivos - Achados: > Sinal do duplo contorno > Focos hiperecoicos (microtofos) > Áreas hiperecoicas (depósitos tofáceos) •Tomografia computadorizada: pode demonstrar tofos intra-articulares não identificados à radiografia >> Diagnósticos diferenciais - Artrite séptica, pseudogota e periartrite calcificada por cristais de apatita (fase aguda) - Gota e sepse podem coexistir e, assim, quando há a suspeita de artrite séptica, o gram e a cultura do líquido sinovial devem ser feitos, mesmo se cristais de MUS são identificados - Em certos casos, a evolução intermitente, em surtos, da síndrome de Reiter artrite reativa, das enteroartropatias e da artrite psoriásica, podem imitar a gota aguda - Deve-se estar atento ao diagnóstico diferencial ou mesmo à associação psoríase-gota, pois ambas podem cursar com hiperuricemia - Raramente a gota se apresenta de maneira atípica, com quadro poliarticular que lembra a artrite reumatoide ou mesmo a osteoartrite generalizada - Deve-se lembrar que 10-20% dos acometidos de AR têm ácido úrico elevado e que 5%-10% dos pacientes com gota podem ter o fator reumatoide positivo, em títulos baixos - Os principais diagnósticos diferenciais do tofo palpável são nódulos subcutâneos (EX.: AR), calcinose, infecção de partes moles e formações císticas diversas • Tratamento: superação da crise aguda, profilaxia de novas crises, redução do urato sérico, reabsorção dos tofos, prevenção da deposição de cristais, controle de comorbidades *monoartrite aguda no joelho = punção para descartar artrite séptica (se tiver cristais é a gota) (principal) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 25 > Artrite gotosa aguda - Repouso completo por 1-2 dias; - Crioterapia; - AINEs (X síntese de prostaglandinas): Naproxeno 500 mg 12/12h - Colchicina (inibe a migração e a ativação de leucócitos) - 0,5 mg 6-8h; - Corticoide (casos recalcitrantes ou contraindicação): prednisona VO 0,5 mg/Kg/d ou injeção intra-articular de corticoide de longa ação à Meta: ácido úrico sérico inibidores da xantina oxidase (e consequentemente inibem a síntese do ácido úrico) à NÃO PARA A CRISE, PODE PIORAR OS SINTOMAS URICOSÚRICO > inibem a reabsorção renal do ácido úrico > Profilaxia p/crise: realizada antes de se iniciar o uso de qualquer medicamento hipouricemiante; 6 meses - Opções: Colchicina 0,5 mg 1-3x/d; AINE (Naproxeno 250 mg 3x/d); Prednisona Mas a fisiopato é a mesma Alterações da Cartilagem: nas fases iniciais, percebe-se irregularidade da superfície cartilaginosa (fibrilação); com o avanço do processo, surgem fendas e erosões na cartilagem articular,com distribuição focal (áreas com sobrecarga de peso); elas evoluem para o desnudamento do osso subcondral, que aparece como uma superfície branca e polida, semelhante ao marfim (eburnação); observa-se redução da espessura da camada cartilaginosa, que pode desaparecer por SP5 crônica -Insuficiência cartilaginosa decorrente de fatores mecânicos, genéticos, hormonais, ósseos e metabólicos que levam a degradação da cartilagem e consequente remodelação óssea com algum grau de inflamação sinovial; Desequilíbrio entre a degradação e reparação da cartilagem Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 26 completo em certos locais; a cartilagem possui alterações em sua composição, tornando-se mais hidratada e com menor quantidade de proteoglicanas (condromalácia); na sua porção mais superficial há perda de condrócitos, enquanto na zona mais profunda, adjacente ao osso, existem focos de regeneração celular Alterações no osso subcondral: a injúria microtraumática permanente ao osso subcondral estimula osteoblastos a sintetizarem matriz óssea (esclerose óssea); algumas regiões do osso desnudo, por absorverem altas pressões do espaço articular, sofrem necrose, provocando formação de cistos subcondrais; os osteófitos já podem ser formados desde as fases iniciais da OA, via regeneração cartilaginosa, que se encontra acentuado na doença, porém, predominando em regiões não expostas a pressões (bordos de cartilagens); com a invasão da cartilagem neoformada por vasos sanguíneos, ocorre ossificação secundária; assim, os osteófitos são prolongamentos osteocartilaginosos encontrados nas margens da articulação acometida, e são achados característicos da AO Sinovite: em casos avançados; a inflamação da sinóvia na OA não é tão acentuada como nas artrites inflamatórias (AR, espondiloartrites, colagenoses....); decorrente à liberação de múltiplos fragmentos ósseos e cartilaginosos que se desprendem de uma superfície articular altamente degenerada; casos avançados também se acompanham por formação de cristais microscópicos de fosfato e pirofosfato de cálcio dentro do líquido sinovial; acredita-se que os cristais, por induzirem a liberação de enzimas proteolíticas e citocinas, participem no processo inflamatório crônico que acompanha a OA “terminal” • Fisiopatologia: primária/idiopática ou secundária (traumas, malformações, doenças congênitas) - Nas articulações sinoviais, a cartilagem é hialina, com superfície branca e lisa > Condrócitos: fazem a síntese da matriz cartilaginosa – colágeno tipo II, ácido hialurônico e proteoglicanas - Os condrócitos são pouco ativos metabolicamente, em razão da falta de vascularização e inervação da cartilagem, e são bastante respondíveis aos estímulos mecânicos, fatores de crescimentos às citocinas, propriedade que confere a eles um papel de extrema importância sobre a manutenção da homeostase tecidual normal como a MMP-1, MMP-3, MMP-8 e MMP-13 - Os condrócitos ainda produzem metaloproteinases (colagenase, gelatinase e estromelisina), que degradam macromoléculas da matriz conforme equilíbrio necessário - Equilíbrio síntese/degradação é feito pelo TIMP (inibidor tecidual de metaloproteinases) e pelo inibidor da atividade de plasminogênio (PAI-1) § A plasmina é responsável pela ativação de colagenase e estromelisina Obs.: Ativador de Plasminogênio (u-PA) – aumenta na OA - Homeostase da cartilagem: equilíbrio entre agentes que atuam no seu anabolismo e catabolismo Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 27 Resumo (1) Desequilíbrio síntese/degradação com predomínio catabólico à (2) aumenta degradação e diminui a síntese à (3) para reparar o dano, condrócitos sintetizam macromoléculas diferentes à (4) inadequadas para a composição da cartilagem normal à (5) citocinas produzidas pela sinóvia (IL-1 e TNF- alfa) à (6) inibição da síntese de proteoglicanas e estimulação das metaloproteinases Obs.: O estresse biomecânico pode tornar os condrócitos mais sensíveis à ação do TNF-alfa e da IL-1 >> Relação entre fatores genéticos, metabólicos, biomecânicos e inflamatórios Obs.: Osteoartrite não é uma doença sistêmica (ex.: problema pode estar só no joelho); dependendo do sítio, vou ter mais fatores genéticos envolvidos ou não, como mãos em mulheres • Quadro clínico: as OA secundárias são mono/oligoarticulares (menos comuns os poliarticulares); as idiopáticas são poliarticulares e seus subgrupos são: § OA generalizada § OA nodal § OA nodal erosiva § Condromalácia de patela - Incidência é baixa nos > Observações: - Perda ASSIMÉTRICA do espaço periarticular - Ostófito: neoformação óssea - Aumento do volume articular à hiperinsuflação óssea, não é derrame articular; decorrente do crescimento desordenado da cartilagem • Exames complementares: - Radiografia simples: ¯espaço articular; esclerose óssea subcondral; e osteófitos à refletem remodelação óssea, que +diferencia OA de outras artropatias inflamatórias crônicas; nos casos +avançados, ocorrem cistos e erosões ósseas - Cistos subcondrais e erosões ósseas (casos +graves): envolvidos por ossos de densidade normal ou aumentada, diferente das artropatias inflamatórias, com osteopenia periarticular - Provas de atividade inflamatória normais - Exame do líquido sinovial: aspecto amarelo citrino; pouco inflamatório com celularidade baixa (>3000 leuco/mm³) e >25% de polimorfonucleares; viscosidade normal ou levemente= reflexos primitivos: reflexos de preensão palmar (grasping), de sucção e de projeção labial (snout), palmo- mentoniano (estímulo palmar, eleva o mento), de busca ou grouping (perseguir objeto com olhos) + Alterações da personalidade, do humor e do comportamento social: podem constituir-se no 1º sintoma de lesão frontal; manifestam-se entre dois pólos opostos: quadro pseudodepressivo (apatia) ou conduta impulsiva VI. Síndrome cerebelar - Cerebelo à controla equilíbrio, tônus muscular, postura e coordenação dos movimentos; manifesta-se por: • Alteração da coordenação do movimento no espaço • Dismetria: incapacidade de avaliar corretamente a distância; o movimento é interrompido precocemente ou ultrapassa o alvo (hipermetria) - Verificada através das provas índex- nariz-índex e calcanhar-joelho-crista da tíbia à se cerebelar, erra mesmo com o olho aberto • Assinergia: alteração da associação de movimentos elementares; os grupos musculares funcionam independente, ocorrendo decomposição do movimento • Alteração da coordenação do movimento no tempo • Disdiadococinecisa: incapacidade de realizar movimentos rápidos e alternados que exigem alternância entre músculos agonistas e antagonistas (pronação e supinação rápida das mãos) • Tremor cinético: tremor de ação, aparece quando tenta atingir um alvo • Alterações na postura e na marcha: alargamento do polígono de sustentação e desvio da marcha e do corpo para o lado correspondente à lesão (marcha atáxica) • Hipotonia muscular: prova do rechaço (dificuldade em abortar um movimento quando se retira a oposição ao mesmo, ex.: com liberação repentina do antebraço flexionado, não interrompe o movimento e atinge a face) • Nistagmo: movimentos involuntários e repetitivos dos olhos • Fala expandida • Reflexo pendular VII. Síndrome de nervos cranianos (em geral homolateral) NC I – Olfatório • Perda (anosmia) ou diminuição (hiposmia) da sensibilidade olfatória, perturbações qualitativas - parosmia e cacosmia (lobo temporal), alucinações olfativas (crises uncinadas) NC II – Óptico - Total: amaurose; parcial: escotomas*, perda do campo Obs.: *manchas escuras e cegas que se projetam em negro sobre os objetos Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 15 fixados; paroxísticos (enxaquecas, auras epilépticas) e permanentes - Hemianopsia: perda de visão suprimindo ½ do campo visual de cada olho; homônimas e heterônimas - Retina – escotomas • Ambliopia: diminuição da acuidade visual — erros de refração, catarata... • Amaurose: perda total da visão por lesão do nervo óptico • Cegueira: perda total da visão por lesão em qualquer parte do aparelho visual, da córnea até o córtex cerebral • Cegueira cortical: anosognosia visual > Fundo de olho à verificar atrofia ótica primária, neurite retrobulbar NC III, IV e VI – Oculomotor, Troclear e Abducente NC III - Paralisia completa; ptose palpebral, estrabismo externo, impossibilidade de mover o olho para o alto, para baixo e para dentro - Presença de diplopia horizontal; acompanha-se de pupila midriática, arreflexia à luz, acomodação e convergência NC IV - Dificuldades de mover o olho para baixo quando em adução; diplopia vertical à paciente mantém a cabeça virada para o outro lado e um pouco abaixada, como atitude compensatória para evitar a diplopia NC VI - Estrabismo convergente à paciente desvia a cabeça para o lado paralisado Obs.: Paralisia de função (Síndrome de Foville) à causada por lesão da porção causal da protuberância, constitui a paralisia da lateralidade = hemiparesia contralateral e paralisia conjugada do olhar para o lado da lesão, ou seja, os olhos se desviam para o lado oposto à lesão, “olham para a hemiparesia” NC V – Trigêmeo - Pesquisa da sensibilidade superficial da face, mucosa oral e nasal, 2/3 anteriores da língua e do reflexo córneo-palpebral >> Observar simetria das fossas temporais e dos ângulos da mandíbula e palpar os músculos, ao mesmo tempo em que o paciente comprime os maxilares (compara-se as contrações musculares); em seguida, coloca-se a mão embaixo da mandíbula e pede-se ao paciente para abrir a boca à em caso de lesão, há desvio do queixo para o lado paralisado, em razão da ação do pterigóideo externo contralateral = “boca oblíqua ovalada” NC VII – Facial - A parte sensitiva é responsável pela gustação, sabor doce, salgado, azedo e amargo dos 2/3 anteriores da língua - A parte motora é responsável pela inervação dos músculos da face- mímica, plastima e estapédio - Alterações a depender do nível da lesão: • Paralisia facial periférica: lagoftalmo (déficit do m. orbicular, com fechamento incompleto), sinal de Bell (rotação do olho para cima e para fora) • Paralisia facial central: andar inferior da face, poupando o superior NC VIII – Coclear Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 16 - Presença de tinidos ou zumbidos, diminuição ou perda de audição e, em caso de lesão central, pode haver presença de alucinações auditivas • Prova de Rinne: comparação entre o tempo de percepção de condução óssea e aérea do paciente, sendo a última normalmente maior do que a primeira • Prova de Weber: lateralização das vibrações do diapasão colocado no vértice do crânio NC IX e X – Glossofaríngeo e Vago - Fibras motoras p/ mm. faríngeos; sensitivas p/ degustação e sensibilidade do 1/3 posterior da língua; autonômicos inervam a glândula parótida >> Queixas: disfasia, líquidos refluem pelo nariz, e alterações de voz — voz rouca ou anasalada. - Pesquisar: reflexo faríngeo (repuxamento para o lado estimulado), reflexo palatino/uveal (elevação do palato mole e retração da úvula) Obs.: Lesões supranucleares do IX e X nervos só têm expressão clínica sendo bilaterais, já que o núcleo ambíguo recebe inervação cortical contralateral e também, em menor grau, ipsolateral. Obs.2: Lesões nucleares são comuns - tumores, alterações vasculares (a. vertebral) e infecciosas NC XI – Acessório - Avaliar os músculos trapézio, esternocleidomastoideo - Em lesões supranucleares, como na hemiplegia, há diminuição de força- paresia desses músculos >> Causas + comuns de lesões unilaterais: anomalias craniovertebrais, traumatismos severos da cabeça ou pescoço, tumores junto ao forame jugular e siringomielia; poliomielite* NC XII - Hipoglosso - Inervação motora da língua - pesquisa de alterações tróficas e motoras da • Musculatura intrínseca: tamanho, movimentos de encurtamento e alongamento, destinada às funções de fala, mastigação e deglutição • Musculatura extrínseca: responsável pela movimentação da protusão da língua, movimento para um lado e outro >> Ao pôr-se a língua para fora, o desvio é para o lado da lesão, (ação do genioglosso, que projeta a língua para a frente e desvia para o lado oposto) VIII. Síndrome álgica • Síndrome dolorosa complexa regional (SDCR): condição dolorosa regional associada às alterações sensoriais decorrentes de um evento nóxicO; após trauma, dor é o sintoma principal, podendo estar associado à coloração anormal da pele, mudanças de temperatura do membro, atividade sudomotora anormal ou edema +distúrbios motores (tremores, distonias ou fraqueza muscular) • Dor Simpaticamente Mantida (DSM): dor mantida pelos eferentes simpáticos, ou por catecolaminas circulantes; lesão de nervo periférico proporciona alterações plásticas tanto do aferente primário como nos neurônios simpáticos pós-ganglionares Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 17 - Manifestações: • Dor do tipo em queimação, ou profunda, lancinante e quente; pode ser desencadeada por contato físico, mudanças de temperatura e estresse emocional • Alterações vasomotoras manifestam- se como diferenças de temperaturadiminuída § P/avaliar quadros de agudização (pesquisa de artrites microcristalinas) Highlight CARTILAGEM NÃO DÓI (sem inervação e irrigação) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 29 Osteoartrites periféricas JOELHOS - Gonartrose – localização periférica +comum - 51-60 anos; influência da profissão - Joelhos valgo e varo – formas secundárias - Articulações femoropatelar (+precoce) e femorotibial (medial ou lateral) - Sintomas (como a dor) variam em função da gravidade: quando a articulação é utilizada +intensamente, após pequenos esforços, em repouso, ao se levantar e com melhora após andar - EF: volume da articulação, atrofia do quadríceps, dor à palpação das interlinhas articulares e à mobilização da patela - parcial ou totalmente bloqueada; crepitação palpável à flexão-extensão; limitação da mobilidade articular, calor e derrame - Degeneração de partes moles em idosos (meniscos) à diagnóstico diferencial Obs.: condromalácia da patela (jovens♀) à dor relacionada com a patela, agravada por atividades como subir e descer escadas; pode haver dor mal definida, que surge após períodos de inatividade com os joelhos em flexão MÃOS - Nódulos de Heberden = nome maior, mais longo, mais distal (interfalangianas distais) ♀ 10:1, Bouchard (interfalangianas proximais) - OA rozimélica ou rizartrose, na trapeziometacarpiana (ou carpometacarpiana do 1º dedo) – trapézio metacarpal - Hipertrofia óssea lateral e dorsal - Dolorosos quando em formação, depois ficam praticamente assintomáticos - Podem inflamar à cuidado com AR - Outros locais na mão são raros Obs.: OA erosiva inflamatória à principais alterações nas mãos; aguda, dolorosa e simétrica, comprometendo IF distais e proximais; +comum em ♀ na meia-idade/menopausa; RX com lesões degenerativas simétricas Obs.: Osteoartrite erosiva à estragos nas falanges proximais (cuidado com diagnóstico diferencial AR, psoriática); distal facilita pra AR, mas a psoriática pega qualquer falange COXOFEMORAIS/QUADRIL - Mais comum em ♂ até os 50 anos - Defeitos congênitos ou adquiridos - Impacto femoroacetabular - Pinçamento (expansão da cobertura do acetábulo sobre a cabeça do fêmur) e Came (retificação no contorno da transição cabeça-colo à cabeça ¯esférica e elíptica) = danos à cartilagem e ao labrum - RX: cabeça do fêmur migra em relação ao acetábulo, indicando perda da cartilagem - Sintomas surgem insidiosamente e a dor pode ser precedida por fatigabilidade do MI e dificuldade na marcha - EF: dor principalmente à rotação externa do quadril e limitação de movimentos Obesidade** Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 30 OUTROS > Ombros - Articulação acromioclavicular - Síndrome de Milwaukee: doença degenerativa do ombro; pode envolver joelho também > OA temporomandibular - Má oclusão dentária; assincronismo e desvio da mandíbula > OA do cotovelo - Forma secundária; dor à movimentação ou palpação - Articulação umeroulnar ou umerorradial > OA dos pés - Mais radiográficas que sintomáticas - Só tornozelos; pós trauma/fratura - Articulação metatarsofalangiana do 1º dedo e da talonavicular > OA de sacroilíacas - Sem sintomas - Região glúteao ou face posterior da coxa e panturrilha, sem lombalgia Osteoartrite generalizada idiopática - Comprometimento poliarticular - Ligação genética com o HLA-Al ou com o haplótipo HLA-Al-B8 e fenótipo monozigoto alfa1-antitripsina - Preferência ♀de até 1O:1 e início na 5ª ou 6ª década - Tendência para simetria - Encontrados nódulos de Heberden e Bouchard em 85%, rizartrose, OA vertebral, de joelhos, metatarsofalan- gianas do 1° dedo e, menos frequentemente, coxofemorais - Hemossedimentação discretamente elevada e FR (-) Obs.: Cuidado com confusão diagnóstica com AR de início tardio e curso benigno, pois a biópsia sinovial pode sugerir fases iniciais de AR e os RX das mãos podem mostrar erosões Osteoartrites centrais - Tanto no disco intervertebral, com participação do corpo vertebral, quanto nas articulações apofisárias - Entre 40-60 anos, em ♂ - Na maioria, a dor é moderada e localizada; pode se tornar grave e irradiada quando há compressão de raízes nervosas no trajeto interdiscoapofisário (dor ligamentar, capsular ou periosteal) - Dor se exacerba com os movimentos e melhora com o repouso COLUNA CERVICAL - Segmentos C5-C6 e C6-C7 são os +comprometidos por serem os +submetidos ao estresse - Dor espontânea ou provocada pelos movimentos do pescoço; grande contribuição do espasmo muscular - Pontos sensíveis à palpação: emergência do nervo de Arnold, auricular, mastoidiano, apofisários e paravertebrais > Occiptoatloidiana, atlas-áxis, C2-C3: - Cefaleias, nucalgias, torcicolos, nevralgias cérvico-occiptais > C4-C7: - Dores cervicais e dos MMSS, nevralgia cervico-braquial > Sintomas de origem vascular: - Síndrome de Insuficiência Vertebrobasilar à escurecimento da visão, diplopia, ptose, vertigem; maior etiologia é a aterosclerose Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 31 - Síndrome simpaticocervical posterior à irritação do plexo simpático que envolve a artéria vertebral COLUNA TORÁCICA - Segmento +precocemente atingido pela OA de coluna - Raramente produz sintomas à sempre procurar diagnósticos diferenciais - Dores interescapulovertebrais ou intercostais e manifestações pseudoviscerais COLUNA LOMBAR - Degeneração discal e das pequenas articulações apofisárias: lombalgia e lombociatalgia - Lombociatalgia ocorre quando comprometimento das raízes L5 (degeneração do segmento L4-L5) ou S1 (degeneração do segmento L5-S1) Obs.: Lombociatalgia (diagnóstico sindrômico) - Hernia de disco, Osteófito, Tumor (diagnósticos etiológicos) - EF: palpar musculatura paravertebral, flexão, extensão, lateralização, Schober (mobilidade); mas nenhum exame clínico locomotor puro vai me dar resultados >> Lasegue àdenuncia compressão radicular; testar reflexos e miótomos - Reflexo patelar: L4 - Reflexo aquileu: S1 - L5: não tem reflexo (se reflexos L4 e S1 normais, provavelmente L5 que tem compressão) - Marcha na ponta (S1) e marcha no calcâneo (L5) Obs.: Cervicobraquialgia - Raiz C4 pega ombro - Saber para onde vai - Reflexos biciptal e tricipal - Manobra de Spurling (“lasegue pra mmss”) >> Sinais neuropáticos para osteoartrites axiais HIPEROSTOSE SENIL ANQUILOSANTE - Entidade autônoma, pois apresenta peculiaridades que a caracterizam anatômica, histológica e patologicamente - Afeta principalmente ♂de meia-idade e idosos; associação obesidade, HAS, DM - Calcificação e ossificação dos ligamentos da face anterolateral da coluna vertebral, à direita do segmento dorsal T7-T11; pode chegar à anquilose, poupando as articulações sacroilíacas - Envolve com frequência, o esqueleto periférico (ossificação das enteses) - Aparecimento de proeminências ósseas, esporões, principalmente no olécrano e calcâneo, e calcificações de ligamentos, como o patelar - Dorsalgia, lombalgia ou dores intercostais ou ciáticas - Diagnóstico diferencial com espondilite anquilosante, a espondilite psoriática e a artrites reativas Entesófito (espondilite anquilosante): ligamentar; tal como na hiperostose senil anquilosante à diagnóstico diferencial Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 32 • Critérios de classificação: Edema em 2 ou menos articulações à porque se +, pensar em diagnóstico diferencial de artrite reumatoide - Para cada um dos sítios de OA, tenho critérios diagnósticos diferentes - Critério presente em qualquer sítio: DOR (mecânica, protocinética)! - Se dor, crepitação e hiperinsuflação óssea, nem precisamos de raio X - Dentre os exames de imagem, o maise coloração de um membro, em relação ao seu contralateral • Desordens sudomotoras: sudorese ou anidrose na região acometida • Edema varia de intensidade, de discreto a intenso e as alterações tróficas da pele e fâneros podem ou não estar presentes • Distúrbios de motricidade: fraqueza, distonias, espasmos musculares, tremores, aumento do tono e dificuldade de movimentação do membro IX. Síndrome disautonômica >> Disautonomia à condição na qual a função autonômica alterada afeta adversamente a saúde; transtorno quando um desequilíbrio do sistema simpático/parassimpático afeta as funções involuntárias que ajuda a coordenar - As mudanças autonômicas incluem significante aumento da FC e da FR, elevação da temperatura, aumento da PA e sudorese - Alterações musculares consistem em postura de descerebração ou decorticação, distonia, rigidez e espasticidade à se for de predomínio parassimpático, espera-se o oposto - Outras apresentações: alterações de esfíncteres (vesical ou anal), piloereção, rubor, alterações sexuais (ereção) • Decorticação: lesão ou disfunção supratentorial – flexão dos MMSS • Descerebração: lesão ou disfunção de tronco encefálico ou até diencéfalo – extensão dos MMSS; CASOS CLÍNICOS CASO 1 Mulher alcoolista de longa data, há 8 meses evolui progressivamente com dificuldade de marcha (desiquilíbrio), alteração da fala, incoordenação apendicular e sensação de turvação visual. Ao exame: Nistagmo multidirecional com mudança de posição, fala escandida, marcha de base alargada e em estrela, instabilidade postural mesmo com os olhos abertos, dança dos tendões, reflexos miotáticos profundos pendulares, sinal do acrobata, manobra do rechaço positiva, hipermetria (“passa do alvo”), disdiadococinesia (incoordenação do movimento alternado), tremor intencional, macrografia (pecebida ao desenhar degraus de uma escada), hipotonia global. • Queixas: andar, coordenar os movimentos, falar, embaçamento visual (não é diplopia/visão dupla) • Quadro progressivo em pessoa alcoolista? à degeneração cerebelar alcoólica • Nistagmo multidirecional (lesão central) com mudança de posição (a 30º) • Base alargada e instabilidade mesmo com olhos abertos • Reflexos miotáticos profundos pendulares – sintoma cerebelar (musculaturas agonistas e antagonistas não estão trabalhando em conjunto) (unidirecional > mesmo lado nos dois lados do teste) (bêbado) (musculatura flexora e extensora contraindo para tentar manter o equilíbrio) (vai e volta muitas vezes) (hipotonia dos membros) (perde controle da musculatura no "teste de queda do braço") (tremor ao final do movimento) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 18 • Doença de Parkinson: tremor de repouso; tremor essencial se ele piora com a intenção Ø Síndrome cerebelar (pancerebelar) Ø Degenereação cerebelar alcoólica CASO 2 Homem de 67 anos, portador de hipertensão arterial e tabagista apresentou quadro agudo de perda de força dimidiada à direita. Concomitantemente apresentou comprometimento da linguagem. Ao exame: Desvio de rima labial para esquerda, paresia grau 4 no membro inferior direito e grau 2 no membro superior direito. Reflexos miotáticos profundos exaltados no dimidio direito. Sinal de Babinski, Hofmman e Tromner presentes à direita. Afasia motora (próximo da área motora; não fluente). • Quadro agudo – AVC (?) • Grau 2 – movimentos sem ação da gravidade • Hemiparesia desproporcionada completa (rosto, braço e perna) à direita • Babinski, Hofmman e Tromner • Afasia (cognição) e Disartria (perda de força) Ø Síndrome deficitária motora, padrão de comprometimento de 1º neurônio motor à Babinski, Hoffman, perda de força, hipertonia elástica Ø Sinal cognitivo (afasia motora) Ø AVC; provavelmente artéria cerebral média esquerda acometida; possivelmente causa ateromatosa (HAS) isquêmica CASO 3 Alcoolista severo, há 3 meses com dificuldade de marcha. Ao exame: paraparesia espástica, clônus pateral e plantar, marcha talonante, sinal de Babinski, hiperreflexia miotática profunda nos membros inferiores, sinal de Romberg, comprometimento da sensibilidade profunda (artrestesia) nos membros inferiores. • Sinal de Romberg à avalia a sensibilidade profunda (funículo posterior); lesão de corno posterior • Paraparesia (apenas membros inferiores) espástica (hipertonia elástica) • Clônus – 1º neurônio motor (piramidal) • Artresia (dificuldade de orientação cineticopostural) • Lesão provavelmente na medula torácica: não temos Hoffmann e poupou sensibilidade térmica e dolorosa; e é parcial, não total Ø Síndrome sensitiva padrão unimodal (apenas propriocepção) à funículo posterior da medula; Romberg e artrestesia Ø Síndrome deficitária motoroa, padrão piramidal (1º neurônio motor); paresia, espasticidade, clônus, Babinski Ø Deficiência de B12 - Degeneração Combinada Subaguda da Medula (DCSM) Ø Tratamento com B12 IM diária CASO 4 Homem de 68 anos apresenta progressiva dificuldade motora no hemicorpo direito há cerca de 3 meses, associada à tremor no membro superior > possui todos os sinais e sintomas > atrofia cerebelar alcoólica sintoma súbito > doenças vasculares? (problema no lado direito) 0 = sem movimentos 1 = esboço de contração, sem movimento 2 = movimentos apoiados > sem vencer a gravidade 3 = vence a gravidade 4 = diminuição de força 5 = força normal (testes dos "petelecos" na ponta do dedo médio) (fala > área de broca; se tenta falar e não consegue > afasia motora (pede para falar "pacata" para avaliar alteração motora afonia (sem som) pa - facial; ca - garganta; ta - língua -lesão temporal > afasia de wernicke > não tem perda de força lesão piramiral Área comprometida > lesão frontal esquerda -Rigidez = hipertonia plástica; núcleos da base EXTRAPIRAMIDAL; teste > movimentos em catraca; - Espasticidade > hipertonia elástica; 1º neurônio PIRAMIDAL; teste rápido > volta (canivete); -Avaliação de tônus > patela sobe e desce - Desequilíbrio com olho aberto > cerebelo -Desequilíbrio com olho fechado > Romberg positivo > comprometimento da sensibilidade profunda (propriocepção comprometida) -testar sensibilidade profunda: vibratório > diapasão; cinético-postural > posicionamento dos dedos marcha talonante hiperreflexia -lesão periférica, de raixa, região anterior da medula > não tem 1º neurônio, apenas 2º torácica > paraparesia (sem sintomas nos braços) comprometimento de via piramidal Álcoolista tem deficiência de B12 Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 19 direito. Refere ainda obstipação intestinal e lipotimia ao mudar da posição deitada para ortostática. Ao exame: tremor de repouso MSD, perda do balanço do braço D à deambulação, pull teste positivo, bradicinesia MSD e MID, rigidez (hipertonia plástica) no dimidio direito. PA deitada: 12/8; em ortostase: 10/7 por 3 minutos. • Bradicinesia – lentidão no movimento, não é perda de força; sinal obrigatório na doença de Parkinson idiopática • Pull-test Ø Síndrome extrapiramidal parksoniana – bradicinesia, tremor de repouso, rigidez Ø Síndrome disautonômica - Obstipação e hipotensão postural Ø Doença de Parkinson idiopática Obs.: antipsicóticos típicos, antieméticos/antivertiginosos... podem gerar parksonismo CASO 5 Mulher de 54 anos é portadora de diabetes tipo 2. Há 3 meses refere parestesias e dor tipo queimação nos pés, que incomodam especialmente quando se deita à noite. Ao exame: apresenta hiporreflexia miotática profunda nos membros inferiores e comprometimento da sensibilidade térmica e dolorosa nas regiões distais dos membros inferiores, até nível de tornozelo aproximadamente. • Parestesias – alteração da sensibilidade • Sintomas sensitivos principalmente noturnos • Hiporreflexia em MMII • Sensibilidade térmica e dolorosa• Padrão bota cano longo (do joelho para baixo) Ø Síndrome sensitiva unimodal (apenas espinotalâmico lateral) Ø Hiporreflexia à pode fazer parte da via sensitiva do arco reflexo Ø Polineuropatia diabética (é poli porque é uma doença sistêmica e difusa; começa nas pernas porque as fibras são + longas e nutrição demoram a chegar) CASO 6 Mulher de 24 anos foi vítima de acidente automobilístico há 3 meses e apresentou dores no pescoço desde então. Visitou um quiroprata regularmente e na última consulta, após “tapeamento” do pescoço, teve aumento súbito da dor, além de: náusea, soluços, andou cambaleando para a esquerda, parestesia na face à esquerda e rouquidão. • Ao exame: vigil e orientada, pulpila esquerda miótica, nistagmo com batimento rápido para direita. Motricidade extrínseca ocular normal. Ptose à esquerda. Perda da sensação de dor e temperatura na hemiface à esquerda. Reflexo córneo-palpebral diminuído à esquerda. Voz rouca. Elevação palatina reduzida à esquerda. Reflexo do vômito diminuído à esquerda. Dismetria membro superior esquerdo. Hipoetesia tátil, térmica e dolorosa nos membros e tronco à direita. • Nistagmo – patológico é para o lado que está lento; então, se bate rápido para a direita, o problema está do lado esquerdo • Miose + Ptose à Síndrome de Horner (puxa para trás > se der uns 2 passos ou cair está positivo) e instabilidade postural > pull teste *para doença de parkinson > obrigatório ter bradicinesia "formigamento" > Síndrome álgica (2º neurônio) OBS: mononeuropatia > um uma perna ou 1 nervo > ex: síndrome do túnel do carpo (um lado menor que o outro) (errava alvo) > síndrome disautonômica Highlight Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 20 • Miose, nistagmo, ptose, perda da sensitiva térmica e dolorosa, reflexos córneo-palpebral, palatino e do vômito diminuídos, dismetria, hipoestesia... tudo à ESQUERDA o Vômito (NC IX) o Hipoestesia da face (NC V sensitivo) • Dismetria e lateropulsão à cerebelo (hemisfério esquerdo – sempre do mesmo lado) • Hipoestesia à DIREITA Ø Síndrome Alternans = nervos cranianos de um lado e via longa do outro à lesão no tronco cerebral (onde estão os núcleos dos nervos cranianos) Ø Trauma à êmbolo em lesão à quiropraxia e soltura de êmbolo à dissecção da parede à angiotomografia dos vasos do pescoço Cefaleia Cefaleia: “todo o processo doloroso referido no segmento cefálico, que pode originar-se em qualquer das estruturas faciais ou cranianas” Cefaleias primárias - Migrânea - Cefaleias tensionais - Cefaleias trigêmino-autonômicas - Outras cefaleias primárias Cefaleias secundárias - Atribuída a trauma ou lesão cefálica e/ou cervical - Atribuída a transtorno vascular craniano e/ou cervical - Atribuída a transtorno intracraniano não vascular - Atribuída ao uso de substância ou à sua supressão - Atribuída a infecção - Atribuída a transtorno da homeostase - Cefaléia ou dor facial atribuída a transtorno do crânio outra estrutura facial ou cervical - Atribuída a transtorno psiquiátrico Neuropatias cranianas dolorosas - Lesões dolorosas dos nervos cranianos e outras dores faciais - Outras cefaleias - A HDA deve conter perguntas sobre as características: • Localização; duração; gravidade; início (repentino, gradual); qualidade (latejante, constante, intermitente, tensional) - Em caso de recorrente, observar: • Idade de início; frequência das crises; padrão temporal (incluindo qualquer relação com a fase do ciclo menstrual); resposta ao tratamento (inclusive fármacos comprados sem prescrição médica) - Revisão dos sistemas deve buscar sintomas que sugiram a causa: • Vômitos: migrânea ou elevação da pressão intracraniana • Febre: infecção (p. ex., encefalite, meningite, sinusite) • Déficits de campos visuais, diplopia ou embaçamento da visão: migrânea ocular, lesão da massa cerebral ou hipertensão craniana idiopática • Lacrimejamento e eritema facial: cefaleia em salvas • Zumbido pulsátil: hipertensão intracraniana idiopática • Precedida por aura: migrânea SP 3 . Nistagmo > N. vestibular; Comprometimento de NC 2, 5, 9... > Síndrome dos nervos cranianos Highlight > Síndrome Cerebelar Highlight - Alterações dos NC (face) do mesmo lado e alterações no corpo são contralaterais (via longa > motora ou sensitiva) -Síndrome de Wallenberg > alteração em via que vai para cerebelo (AVC) -dor súbita no pescoço > êmbolo nas artérias > faz doppler e identifica > anticoagulante (evitar AVC) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 21 • Déficit neurológico focal: encefalite, meningite, hemorragia intracerebral, hematoma subdural, tumor ou outras lesões de massa • Crises epilépticas: encefalite, tumor ou outra lesão de massa • Síncope no início da cefaleia: hemorragia subaracnóidea • Mialgias e/ou alterações visuais (em indivíduos com mais de 55 anos): arterite de células gigantes - Os exames de neuroimagem como TC e a RM de crânio são exames essenciais nessa investigação Tipos de cefaleia primária... MIGRÂNEA (Enxaqueca) • Epidemiologia: 2ª causa de cefaleia primária (prevalência de 15% na população, mais comum no sexo feminino) • Fisiopatologia: - As informações sensitivas provindas da inervação facial ou de vasos intracranianos (artérias e veias da base do crânio) são processadas/ moduladas pelo núcleo do nervo trigêmeo no tronco cerebral, que encaminha essas informações sensitivas para diversas vias, incluindo uma via eferente que leva estímulo parassimpático de volta aos vasos durais, promovendo dilatação - Esse sistema constitui-se em um sistema reflexo normal, fisiológico, que pode estar desregulado nos pacientes com enxaqueca; estímulos que vão para o tronco (que podem ser estímulos não dolorosos sensitivos da face, músculos mastigatórios) geram eferências parassimpatéticas exageradas, vasodilatando artérias - Há liberação de neuropeptídeos que resultam em inflamação neurogênica dos vasos meníngeos, o que causa mais estímulo através das aferências nociceptivas (de dor) para o núcleo trigeminal, perpetuando o ciclo e maximizando a dor * Mecanismo de vasodilatação • Clínica: caracteriza-se por uma cefaleia de caráter pulsátil, geralmente unilateral, intensidade moderada a severa (pode acordar o paciente; o paciente pode ter que parar os seus afazeres), duração variável (4 a 72 horas), associada a náuseas e vômitos, fotofobia e fonofobia, desencadeada pelo consumo de vinho, período menstrual etc. • Pródromo: alteração do humor, mal- estar nas 24-48h precedentes >> Enxaqueca sem aura (“enxaqueca comum”) - Episódios repetidos de cefaleia, com duração de 4 a 72h, apresentando as seguintes manifestações: Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 22 Ao menos 2 das 4 a seguir: E ao menos 1 das 2 a seguir: - Dor unilateral - Dor pulsátil - Dor moderada a grave - Dor agravada por atividades rotineiras - Náusea e/ou vômito - Fotofobia ou fonofobia >> Enxaqueca com aura (“enxaqueca clássica”): sinais e sintomas neurológicos focais que precedem, acompanham ou surgem após crise de cefaleia; a aura pode ser representada por: escotomas cintilantes, parestesias periorais ou dimidiadas, hipoestesias ou paresias dimidiadas, vertigem + diplopia (enxaqueca basilar), hemiplegia (enxaqueca hemiplégica familiar) ... • Tratamento: (1) abortivo: AINH, derivados da ergotamina, isometepteno (Neosaldina®),agonistas serotoninérgicos (sumatriptan, naratriptan etc.) - os últimos de maior eficácia; deve ser administrado o mais precoce possível (logo no início da cefaleia); (2) profilático: 1ª linha – betabloqueadores (propranolol, atenolol), antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina) e flunarizina CEFALEIA DE TENSÃO • Epidemiologia: causa + comum de cefaleia primária (incidência em 40- 70% da população, mais comum no sexo feminino) • Fisiopatologia: Sugere-se que a ativação de neurônios aferentes periféricos hiperexcitáveis da cabeça e do pescoço origine essa condição; estresse (físico e psicológico) e tensão muscular não parecem ser a causa, mas aspecto associado ou agravante • Clínica: cefaleia de caráter opressivo, frontoccipital ou temporo-occipital bilateral, intensidade leve a moderada à “em faixa” (não acorda o paciente; o paciente não precisa parar os seus afazeres), duração prolongada (horas, dias), geralmente se inicia no período vespertino ou noturno, após um dia estressante ou algum tipo de aborrecimento - Esse tipo de cefaleia pode apresentar episódios infrequentes ( 1 e 15 dias por mês) - A palpação de músculos pericranianos é uma técnica muito útil: firme pressão e movimentos pequenos e rotatórios nos mm. frontal, temporal, massetérico, esternocleidomastóideo e trapézio à a reprodução de dor é o sinal anormal mais comum em casos de cefaleia tipo tensional; mas, se não ocorrer, não se descarta o diagnóstico Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 23 Episódios repetidos de cefaleia com duração de 30’ a 7 dias com pelo menos 3 das seguintes características: - Bilateral - Em pressão/aperto (não pulsátil) - Leve a moderada - Não agravada por atividades rotineiras (caminhar, subir escadas) - Não associada a náusea, vômito, fotofobia ou fonofobia • Tratamento: (1) abortivo: analgésicos (para- cetamol, dipirona, AINE) e/ou relaxantes musculares (tizanidina); técnicas de relaxamento; (2) profilático: antidepressivos tricíclicos (amitriptilina ou nortriptilina) Obs.: Cefaleia crônica diária (Ccd) – cefaleia com duração de mais de 15 dias por mês por mais de 3 meses CEFALEIA EM SALVAS • Epidemiologia: causa incomum de cefaleia; mais comum em homens de meia-idade; sinônimos: cefaleia histamínica, cluster headache • Fisiopatologia: - A periodicidade dos ataques de dor remete essa disfunção ao hipotálamo - A ativação do hipotálamo em exames de imagem com marcadores nucleares foi observada embora os mecanismos fisiopatólogicos específicos não sejam totalmente conhecidos • Clínica: ocorre diariamente durante um período curto (semanas) seguindo- se um longo período assintomático (daí o nome “em salvas”) - São vários episódios sucessivos, geralmente noturnos, de cefaleia frontorbitária unilateral, muito intensa (acorda o paciente), duração curta (15- 180 minutos) e associados a lacrimejamento, congestão nasal e conjuntival e edema periorbitário ipsilateral >> Sua principal característica é a periodicidade circadiana - Dor retro-orbital (indicando existência de envolvimento da divisão oftálmica do nervo trigêmeo), unilateral e grave Obs.: “Sazonal” à época do ano em que as pessoas costumam ter; inexplicado • Tratamento: (1) abortivo: oxigenoterapia (máscara facial com 10-12 L/min de O2 por 15- 20 min) ou - sumatriptano, 6 mg, subcutâneo, máximo de 3 injeções/dia (2) profilático: verapamil (droga de escolha), carbonato de lítio, ergotamina Algumas cefaleias secundárias... NEURALGIA DO TRIGÊMEO • Epidemiologia: Os pacientes afetados por essa doença são geralmente aqueles com mais de 40 anos; a incidência é de 3 casos a cada 100 mil pessoas Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 24 • Fisiopatologia: maioria dos casos está associada a processos patológicos na raiz do nervo trigêmeo, comumente relacionados a uma alça vascular ectástica que desmieliniza o nervo • Clínica: forma +comum de neuralgia - Neuralgia é o tipo de dor causada por uma lesão primária ou por uma disfunção do sistema nervoso - Diferencia-se da nocicepção, que é o processamento de estímulos provindos dos receptores dolorosos - Em geral, a dor é unilateral e afeta a segunda e/ou a terceira porção do trigêmeo (V2-V3), caracteristicamente grave e transitória - Pode ser desencadeada simplesmente por um toque na região ou por movimentos da face - Por definição, o exame sensitivo de função trigeminal tem que evidenciar normalidade - RM: alça vascular ectásica (dilatação de um vaso sanguíneo) muitas vezes causa compressão do nervo • Tratamento: antiepiléticos para modular as sinapses nervosas, como carbamazepina (ou oxcarbamazepina) e valproato - Nos casos refratários, efetua-se descompressão vascular do nervo trigêmeo (no caso de compressão ou dano seletivo do ramo afetado) CEFALEIA PÓS PUNÇÃO LOMBAR • Epidemiologia: A cefaleia pós-punção lombar manifesta-se após cerca de 10 a 30% desses procedimentos. • Fisiopatologia: escape de líquido cerebrospinal pelo orifício de entrada da agulha na dura-máter, drenando para o subcutâneo; a fístula ocasiona diminuição da pressão intracraniana, teoricamente tracionando estruturas sensíveis à dor • Clínica: similar à tensional: tensão frontal e occipital; em geral, a manifestação ocorre em 12-24h após a punção; duração de 2-14 dias, é uma síndrome transitória • Tratamento: - Os pacientes que apresentam essa cefaleia devem adotar a postura de decúbito - Analgésicos orais se necessário - Cafeína pode ser utilizada devido às propriedades vasoconstritoras cerebrais e ao aumento na produção de líquido cerebrospinal HIPERTENSÃO INTRACRANIANA IDIOPÁTICA (HII) • Epidemiologia: perfil - mulher obesa em idade reprodutiva; prevalência é de aproximadamente 0,9 em cada 100.000 pessoas na população em geral e pode chegar a 19:100.000 em mulheres adultas ainda jovens com sobrepeso • Fisiopatologia: medicações (cimetidina, esteroides, certos antibióticos, lítio, excesso de vit A), diversos distúrbios endocrinológicos, hematológicos..., mas independente do fator etiológico, a hipertensão pode ser causada por: - Edema de parênquima cerebral; - Produção excessiva de líquido cerebrospinal; - Reabsorção anormal (diminuída) de líquido cerebrospinal; - Obstrução de drenagem venosa cerebral Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 25 • Clínica: No exame físico, pode-se verificar facilmente o edema de papila (papiledema), que ocorre quando a pressão perinervosa (envolvendo o nervo óptico) ocasiona estase das veias retinianas (causando edema a montante) e bloqueia o transporte axoplasmático de nutrientes nos neurônios em direção à retina - Inicialmente, a queixa pode apresentar caráter vago, de visão borrada, mas existe progressão para a perda de acuidade franca • Tratamento: Acetazolamida (inibidor de anidrase carbônica), que age provavelmente diminuindo a produção de líquido cerebrospinal; se não for tolerada (efeitos adversos são frequentes), deve-se considerar o uso de furosemida - Topiramato (anticonvulsivante que inibe a anidrase carbônica) deve ser considerado, especialmente porque apresenta, como efeito adverso, a perda de peso, sendo, nesse caso, indicado CASOS CLÍNICOS a) Qual provável hipótese diagnóstica? b) Qual exame complementar devemos solicitar? c) Qual tratamento? (no caso de cefaleia primária, qual o tratamento profilático e o abortivo?) CASO 1 Homem de 30 anos referindo cefaleia unilateral intensa, lancinante, associada com congestão nasal e conjuntival, além de síndrome de Claude Berndard-Horner, todos esses sinais ipsolaterais a dor. A dor ocorre em crises que duramcerca de meia hora e localiza-se no fundo e em volta do olho a) Cefaleia em salvas (primária) da Síndrome de Horner - Mais comum nos mais jovens - Miose, ptose e anidrose à unilaterais à dor; vem em crises ao longo do dia - Sintomas autonômicos - Se localiza no fundo e ao lado do olho - Geralmente homem jovem - Dor periocular muito intensa - Mesmo sendo cefaleia primária, fazemos exames de imagem para ter certeza de que não é secundária (ex.: aneurismas podem fazer compressão nervosa que geram os mesmos sintomas b) Angiotomografia/Angioressonância c) Abortivo (da crise): Oxigenioterapia à máscara, paciente sentado; Triptano SC - Sumax (não VO porque demora) Profilático: Verapamil, lítio e corticoide (muita intensa/parece uma lança) (ptose palpebral, miose) -Sinais desautonômicos (congestão nasal, lacrimejamento, Horner) (é rara) Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 26 CASO 2 Homem de 62 anos apresenta há 1 mês astenia e mialgia, além de episódios de temperatura axilar de 37,8 º C. Realizada investigação de quadros infecciosos, não tendo sido encontrado nenhum foco. Há uma semana passou a apresentar cefaleia temporal à esquerda e artéria temporal esquerda encontra-se dolorida à palpação e com diminuição do pulso a) Arterite temporal de células gigantes (secundária): processo inflamatória - Febrícula/Síndrome febril leve - Claudicação intermitente à movimento mandibular gera dor - Artéria temporal aumentada - Mais comum em idosos b) Exame para confirmar hipóstese: > PCR, VHS (avaliar atividade inflamatória) > USG (pulso), biópsia de artéria - Atentar para principal complicação: cegueira à inflamação da artéria central da retina do lado do olho afetado; pode em outras áreas afetadas também, mas oftálmica é a principal c) Corticoide: prednisona CASO 3 Mulher de 42 anos apresenta cefaleia recorrente (no mínimo 5 crises) desde a adolescência. Nos últimos anos a dor apresenta maior frequência, mas com as mesmas características de sempre: unilateral, pulsátil, AGRAVA-SE (não desencadeada) com esforço físico e movimento cefálico, duração de cerca de um dia se não medicada. A crise começa com dor leve e intensifica-se gradativamente em minutos a horas. Geralmente associam-se náuseas e foto/fonofobia a) Migrânea sem aurea/comum - Nome migrânea porque a cefaleia muda de região, ela “migra” - Se a cefaleia é sempre no mesmo lugar, deve-se investigar se não é má formação arteriovenosa ou algo do tipo (cefaleias secundárias) - Migrânea comum (sem aura) x Migrânea clássica (com aura) - As auras duram 5’ geralmente (ex.: alteração visual, parestesia) à sintomas neurológicos transitórios que mais comumente ocorrem antes da crise (mas não necessariamente) - Caráter da dor: pulsátil (relacionada ao mecanismo de vasodilatação) - 4h a 2 dias; em criança, 2h (sem medicação) - Modo de instalação: aguda e progressiva à diferenciamos de cefaleia de instalação súbita (cefaleia de trovoada), que atinge seu pico máximo de dor em 5 minutos à muito comum em rotura de aneurisma - Unilateral, mas migratória - Mais comum em mulheres (adultos jovens); história familiar - Se sintomas em pessoas +60anos, geralmente não é enxaqueca - Deflagradores: mecanismos vasodilatadores – nitratos; jejum, privação de sono, estresse; chocolate, frutas cítricas, vinho b) Diagnóstico clínico; se já teve 5 crises antes, não precisa de exame c) Abortivos: Ergotaminas e triptanos (+ dipirona, paracetamol, aspirina, antieméticos) (1 olho) oftálmica - (abortivo; retirar inflamação) (pode ser de lado diferentes - migratória) -Critérios: já teve mais de 5 vezes, unilateral, piora com esforço físico, pulsátil, fotofobia.. -Aura: sintoma neurológico que antecede a dor e dura até 1 hora (+ que isso é prolongada > investigar outras doenças - vasculares?) (+ seletivo) - cuidados: hipertensos (vasoconstritor), doenças cardiovasculares Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 27 Profiláticos: Ø Betabloqueador (*asma) Ø Tricíclicos (*efeitos colinérgicos como obstipação, boca seca, hipotensão postural e glaucoma) Ø Anticonvulsivantes: topiramato e ácido valproico (*questão renal e parestesias) (escolher segundo perfil da pessoa) Observações... - Muitas vezes Ergotamina e dipirona associados - Cuidado com ergotaminas em pacientes com doenças hipertensivas (pois são vasoconstritoras) - Cefaleia crônica por abuso de analgésicos à normalmente pessoas que já têm enxaqueca - Dor diária, holocraniana, em aperto - Como se o paciente parasse de produzir sua endorfina natural por conta do uso diário de analgésico *Mas cuidado com cefaleias secundárias CASO 4 Homem de 63 anos, há 2h, durante manobra de Valsalva, apresentou cefaleia súbita, intensa desde o começo, holocraniana e pulsátil. Dor melhorou parcialmente com analgésicos comuns a) Cefaleia em trovoada/súbita (geralmente secundária) – pico de dor em 5’ à principal hipótese é rotura de aneurisma!!! Ainda tempos convulsões, trombose venosa Obs.: +sintomas de aneurisma hemorrágico - Sinais meníngeos, rigidez de nuca b) 1º: Tomografia de crânio (branco no espaço subaracnoide à hemorragia); depois: punção lombar (sangue no líquor até um tempo) c) Para aneurismas: vasodilatadores – Nimodipina; para convulsões: anticonvulsivantes + dieta laxativa, controle de temperatura... CASO 5 - Mulher de 34 anos há cerca de 10 dias apresenta cefaleia persistente, holocraniana, pulsátil, que se agrava com decúbito (a acorda na madrugada). Algumas horas depois que levanta apresenta melhora, embora dor persista a) Hipertensão intracraniana idiopática (sem lesão localizada) (secundária) - Decúbito: aumento do retorno venoso e aumento da pressão b) Exame de imagem (função estrutural); Punção e análise de pressão do líquor; Exame físico à fundo de olho (verificar papiledema) c) Acetazolamida CASO 6 Mulher de 54 anos apresenta há cerca de 3 meses cefaleia intermitente, frontal, bilateral, moderada intensidade, não se agrava com movimentos ou esforço, em aperto e de duração variando de meia hora até 3 a 7 dias. Geralemente há agravo ao final do dia a) Cefaleia tensional - Mais comum em mulheres de meia idade - Bilateral em aperto, duração varia - Intensidade moderada, não muda ao movimento - Tensional é mais frequente que a enxaqueca - Evitar comidas: melancia, sucos cítricos, chocolate, vinho (vasodilatadores), queijo, café. - Evitar privação de sono e jejum prolongado (obesos) litíase (angiorressonância) TC: avaliar hidrocefalia, tumor (+ comum) / Corticoide / de acordo com a causa Victoria Servidoni – Medicina PUC GO Victoria Servidoni – Medicina PUC GO 28 - Geralmente melhora com analgésicos; procura de assistência médica apenas nas crônicas b) Exame cínico c) Abortivo: Analgésico/ antiinflamatório Profilático: antidepressivos tricíclicos CASO 7 Homem de 34 anos refere que há 3 dias apresenta cefaleia após levantar-se pela manhã. Com decúbito refere melhora e até cessa a dor. Refere trauma automobilístico recente, com trauma craniano, sem perda de consciência ou déficit focal. a) Cefaleia de Hipotensão Intracraniana (cefaleia relacionada à mudança de decúbito); ex.: líquor com pressão diminuída - Acontece também após punção b) Exame clínico c) Decúbito, aguardar fechamento de fístula; se necessário, fazer tampão anestésico SINAIS VERMELHOS/RED FLAGS (sugerem cefaleias secundárias) - Cefaleia nova, que inicia após os 50 anos - Cefaleia em trovoada - Cefaleia com mudança de padrão - Cefaleia desencadeada com mudança de decúbito - Sinais sistêmicos que sugerem infecção - Sinais neurológicos associados (ex.: miose) - Doenças que causam imunossupressão - Cefaleias desencadeadas por movimento (ex.: relacionadas ao coito à angiotomografia)