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Página � de �1 79 N E U R O L O G I A A M B U L AT Ó R I O 0 1 - S E M I O L O G I A N E U R O L Ó G I C A 0 2 - M I O P A T I A S 0 3 - D O E N Ç A S D A J U N Ç Ã O N E U R O M U S C U L A R 0 4 - M I E L O P A T I A S 0 5 - E S C L E R O S E L A T E R A L A M I O T R Ó F I C A 0 6 - E S C L E R O S E M Ú L T I P L A 0 7 - N E U R O P A T I A S P E R I F É R I C A S 0 8 - P A R A L I S I A F L Á C I D A A G U D A 0 9 - S Í N D R O M E S H I P O C I N É T I C A S 1 0 - A C I D E N T E V A S C U L A R E N C E F Á L I C O 1 1 - T R O M B O S E V E N O S A C E R E B R A L 1 2 - E P I L E P S I A 1 3 - C O M A E A L T E R A Ç Õ E S D A C O N S C I Ê N C I A 1 4 - M O R T E E N C E F Á L I C A 1 5 - C E F A L E I A 1 6 - D E M Ê N C I A S 1 7 - S Í N C O P E E T O N T U R A 1 8 - S Í N D R O M E S H I P E R C I N É T I C A S Semiologia neurológica A avaliação clínica envolve anamnese (dirigida), exame físico geral e exame neurológico. ANAMNESE: TEMPO DE INSTALAÇÃO: súbito/minutos (ex. evento vascular – icto, apoplexia), horas (ex. encefalite), dias (ex. abscesso), semanas (ex. tumores), meses (ex. doenças degenerativas). TIPO DE EVOLUÇÃO: monofásica (ex. paralisia facial periférica, AVE, etc), progressiva (ex. tumor, doença neurodegenerativa), recorrente (ex. vasculite, polirradiculoneuropatia, miastenia, AIT, esclerose múltipla, epilepsia). EXAME NEUROLÓGICO: avaliar sempre de forma simétrica. 1. Funções corticais. 2. Pares cranianos (I ao XII). 3. Sistema motor – trofismo, tônus, força, movimentos involuntários. 4. Sistema sensitivo – superficial e profunda. 5. Coordenação motora. 6. Reflexos – superficiais, profundos e axiais. 7. Sinais meningo-radiculares. 8. Equilíbrio, postura e marcha. ESTADO MENTAL: observar orientação, memória e fala. Realizar a adaptação do mini mental. Mini mental: somar um ponto para cada um dos itens respondidos corretamente e registrar o total na coluna da direita. O escore final é a soma dos pontos, sendo considerado normal quando superior a 24. Em um estudo aplicado no Brasil, observou-se como corte para normalidade 13 para analfabetos, 18 para 1 a 8 anos de escolaridade e 26 para mais de 8 anos de escolaridade. ! NERVOS CRANIANOS II.(óptico): + Fundoscopia: verificar a retina, papila óptica e vasos retinianos. Página � de �2 79 + Acuidade visual: permitir o uso de óculos para longe ou lente de contato. Posicionar o paciente a 6 metros da Tabela de Snellen ou a 35 cm da Tabela de Rosenbaum. Cobrir um dos olhos e ler a tabela, registrar qual é a menor linha que o paciente consegue ler. + Campimetria por confrontação: posicionar- se a distância de 1 braço à frente do paciente, com paciente e examinador olhando “um dentro do olho do outro”. Abrir os braços e movimentar um dos dedos de uma mão, solicitar que indique qual lado está movendo, sem desviar o olhar dos olhos do examinador. Testar os 4 quadrantes. Se suspeitar de a n o r m a l i d a d e , t e s t a r c a d a o l h o s separadamente. III.(oculomotor), IV (toclear) e VI (abducente): + Inspenção: simetria das fendas palpebrais e da protrusão ocular. + Movimentação extraocular: manter fixa a cabeça do paciente, solicitar que siga apenas com o olhar o dedo do examinador, e informar quando não estiver vendo nítido. Movimentar o dedo nas 6 direções, em forma de H. Observar nistagmo, assimetria da movimentação e queixa de diplopia. Checar convergência movendo o dedo na direção da ponta do nariz. + Reação pupilar à luz: em ambiente escuro, pedir que olhe para a frente e longe. Alternadamente iluminar com um foco de lanterna colocado obliquamente (90°) cada pupila. Observar a reação pupilar do lado iluminado (fotomotor direto) e da outra pupila (fotomotor consensual). Registrar o diâmetro pupilar e qualquer assimetria ou irregularidade. V (trigêmio) + Sensibilidade de face: explicar ao paciente o teste. Com um objeto pontiagudo tocar as regiões frontal, malar e mandibular, comparando a sensação dolorosa a direita e a esquerda e entre cada uma das regiões estimuladas. + Reflexo corneano: explicar ao paciente o teste (retirar lente de contato). Solicitar que olhe para o lado e para cima, tocar a borda externa inferior da córnea do lado oposto com um pedaço de algodão. Observar a reação de piscamento normal em ambos os olhos. Repetir no outro lado. VII.(facial) + Mobilidade de face: - Solicitar que enrugue a testa ou olhe para cima. - Solicitar que feche os olhos com força, tente abri-los e teste a força do m. orbicular dos olhos. - Peça para mostrar os dentes ou dar um sorriso. - Observar presença de assimetrias e ausências de pregas faciais. VIII.(acústico) + Audição: em um ambiente silencioso, provoque um ruído esfregando as pontas dos dedos colocados ao lado de um dos ouvidos do paciente. Gradualmente distancie a mão do ouvido do paciente e peça para informá-lo quando deixar de ouvir o ruído. Repita no lado oposto e compare os resultados. IX.(glossofaringeo) e X (vago): + Voz e deglutição: indague se apresenta dificuldade de deglutição ou alteração de voz. Solicite ao paciente que mantenha a boca aberta e diga "EHHHHHHHHHHH!". Observe a simetria da elevação do palato e a ausência de desvio lateral da rafe mediana. + Reflexo nauseoso: explicar ao paciente que pode sentir náusea ao ser tocado com a espátula. Solicite ao paciente que mantenha a boca aberta. Toque com a ponta da espátula alternadamente os dois pilares anterior da faringe. Indague ao paciente se sentiu náusea ou sensação desagradável e se ela foi igual nos dois toques. XI.(acessório): + Força do músculo trapézio e esterno-clido-mastoideo: solicitar para manter os ombros elevados. Tentar abaixar os ombros. Solicitar que mantenha a cabeça virada para um dos lados, tentar virar a cabeça para o lado oposto, fazendo resistência no queixo, enquanto palpa o esterno-clido- mastoideo oposto. Observe assimetrias e atrofia dos músculos pesquisados Página � de �3 79 XII.(hipoglosso): + Motilidade da língua: observar a língua dentro e fora da boca. Registrar assimetrias, desvios, movimentos anormalis e atrofia da língua no interior da boca e fora dela. SISTEMA MUSCULAR: Inspeção: verificar a presença de assimetrias, atrofias e movimentos involuntários. Tônus muscular: solicitar que fique relaxado e sem opor resistência a mobilização dos membros. Observar a simetria do tônus muscular e a presença de redução (hipotonia) ou de aumento (hipertonia plástica ou espástica). + Com uma das mãos apoiar o braço e com a outra mão segurar a mão do paciente, efetuando movimentos de flexão, extensão e rotação dos membros superiores. Outra manobra é segurar ambas as mãos do paciente sentado, efetuando simultaneamente movimentos de flexão e extensão e rotação dos membros superiores. + Com o paciente deitado colocar uma das mãos na panturrilha e a outra mão segurar o pé efetuando movimentos de flexão, extensão e rotação dos membros inferiores. Força muscular: + Teste: - Testar a força fazendo o paciente manter uma posição enquanto o examinador tenta vencer a resistência. Sempre comparar a força de um músculo com o seu oposto. Registrar a força encontrada conforme escala. - Desvio em pronação: solicitar que mantenha os membros superiores estendidos para frente, com as palmas das mãos viradas para cima e os olhos fechados por 20 a 30 segundos. Examinador executa breves movimentos forçando os braços para baixou. Verificar se o paciente não é capaz de manter a extensão e a supinação. Caso evolua lentamente para pronação e queda do membro superior sugere paresia do membro. + Teste dos músculos ou grupos musculares: SISTEMA SENSITIVO Dor e tato: + Teste: explicar ao paciente o teste a ser realizado e peça que mantenha os olhos fechados e informe ao examinador quando a sensibilidade for alterado (aumentado, diferente ou reduzida) . Realizar o teste em áreas simétricas em ambos lados do corpo e segmentosproximais e distais. Caso exista suspeita de lesão medular, radicular ou Gra u Características % força 0 Não existe contração muscular (sem movimento) 0 1 Existe contração perceptível sem haver, no entanto, movimento (há indicio de movimento) 0-10 2 Músculo é capaz de se movimentar quando a gravidade é eliminada (move articulação) 11-25 3 Músculo é capaz de se movimentar contra a gravidade, porém não contra a resistência 25-50 4 Músculo é capaz de se movimentar contra algum grau de resistência (menor do que esperado) 51-75 5 Músculo é capaz de se movimentar contra a gravidade e resistência máxima sem sinais de fadiga (força muscular normal) 76-10 0 Membro Superior Membro Inferior Deltoide Abdução braço após 45° Iliopsoas Flexão da coxa Bíceps Flexão cotovelo Quadríceps Extensão do joelho Tríceps Extensão cotovelo Grupo posterior coxa Flexão do joelho Preensão da mão Apertar 2 dedos examinador Tibial anterior Extensão tornozelo Abdutores dedos Abdução dos dedos Extensor do hálux Extensão do hálux Página � de �4 79 nervosa pesquisar a área sensitiva correspondente bilateralmente e registrar detalhadamente os limites da alteração. Utilizar um estilete com ponta não traumática para testar a dor e um pedaço de algodão, um pincel ou um leve toque com a ponta do dedo para testar o tato. + Dermátomos: representados na figura ao lado. + Nível medular: Distúrbios COORDENAÇÃO MOTORA Movimentos rápidos alternados (diadococinesia): observar o ritmo e a simetria dos movimentos. + Posição sentada executar alternadamente bater o dorso e a palma das mãos nas coxas . + Bater a ponta do indicador na ponta do polegar o mais rápido possível em ambas as mãos. Movimentos de ponto a ponto: observar a simetria, precisão e a ausência de tremor. + Tocar a ponta do dedo na ponta do dedo do examinador, que o moverá pelos vários quadrantes. + Com olhos fechados, estender o braço e depois tocar a ponta do nariz com a ponta do seu dedo. + Colocar o calcanhar sobre a crista da tíbia da perna oposta e deslizar até o hálux. REFLEXOS: Reflexos profundos (miotáticos): membro superior (biciptal, estiloradial, triciptal) e inferior (patelar e Aquileu). + Teste: solicitar que fique relaxado e corretamente posicionado antes do exame. Percutir o ponto tendinoso firmemente. Caso não obtenha resposta, peça ao paciente para executar uma discreta contração do músculo pesquisado ou realizar a manobra de Jendrassik (fechar os olhos e executar contração isométrica dos membros não pesquisados. - Se os reflexos parecem hiperativos pesquisar clônus patelar (perna semi-fletida, executar movimento súbito da patela conta o tendão e sustenta-la nesta posição) e aquileu (perna semi- fletida, executar movimento súbito de flexão do pé e sustentá-la nesta posição. - Registrar o reflexo encontrado, conforme a escala abaixo. Reflexos superficiais: + Cutâneo-plantar (sinal de Babinki): a porção lateral da planta do pé, do tornozelo até a porção anterior, com um objeto rombo. Observar a reação dos dedos. Reação indiferente ou normal quando ocorrer a flexão dos dedos e/ou a retirada do pé. Positiva ou Sinal de Babinski quando ocorrer uma extensão do hálux e dos outros dedos. + Cutâneo-abdominal: esfregar com um objeto rombo as regiões laterais do abdome (superior, media e inferior), em direção à linha media. Observar a contração da musculatura, comparando Nível medular Nível sensitivo T1/T2 Clavícula T4 Mamilo T6 Apêndice xifoide T8 Rebordo costal inferior T10 Umbigo T12 Região inguinal Qualitativo Quantitativo Descrição Ausente 0 Não obtido resposta Diminuído + Hipoativo Normal ++ Normal Vivo +++ Hiperativo sem clônus, com aumento da área de resposta à percussão (área reflexógena) Exaltado ++++ Hiperativo com clônus Página � de �5 79 com o lado oposto e com as 3 regiões. Reação normal quando ocorrer a contratura unilateral ou não ocorrer em nenhuma das regiões (em obesos ou pós cirurgia de abdome). Reação anormal ou reflexo ausente quando a reação for assimétrica. + Palmo-mentoniano: esfregar com um objeto rombo a palma da mão em direção ao polegar ou indicador. Observar a contração do mento homolateral normal quando não ocorrer a contratura. Reação anormal ou reflexo presente quando a contratura ocorrer (desfrontalização). + Naso-labial: percutir com a ponta do indicador o lábio superior abaixo do nariz. Observar a ocorrência de sucção dos lábios. Reação normal quando não ocorrer a contratura. Reação anormal ou reflexo presente quando a contratura ocorrer (reflexo não inibido — significa desfrontalização). + Glabelar: percutir com a ponta do indicador a glabela e observar a ocorrência de piscamento. Reação normal quando não ocorrer o piscamento. Reação anormal ou reflexo presente quando o piscapierto ocorrer (reflexo não inibido — significa desfrontalização). Raízes envolvidas: SINAIS MENINGORRADICULARES: produzidos por processos inflamatórios que determinam espasmo da musculatura paravertebral e estiramento de raízes e meninges inflamadas. Sugestivos de processos infecciosos afetando as meninges (meningites) ou hemorragia subaracnoidea. Rigidez de nuca: indica hemorragia sub-aracnoide e meningites. Sinal de Brudzinski: paciente em decúbito dorsal com membros inferiores estendidos. O examinador posiciona uma das mãos sobre o tórax do paciente e com a outra mão determina a flexão súbita do pescoço. O sinal de Brudzinski está presente quando, ao se tentar fletir passivamente o pescoço ocorre ligeira flexão das coxas e dos joelhos. Sinal de Kernig: paciente em decúbito dorsal com a coxa fletida sobre a bacia e a perna fletida sobre a coxa ambas a 90°, seguido de extensão da perna. A extensão passiva do joelho é acompanhada por dor e limitação da extensão da perna Sinal de Lasègue: paciente em decúbito dorsal e membros inferiores estendidos, examinador faz flexão passiva da coxa sobre a bacia. Positivo quando dor na face posterior do membro. EQUILÍBRIO, POSTURA E MARCHA: Senso de Posição: segurar lateralmente o hálux e mova lentamente para cima e para baixo, informe ao paciente quando está movendo para cima e para baixo. Solicitar que feche os olhos e informe a direção que está movendo o dedo. Se alterado, realizar o procedimento no polegar Sinal de Romberg: solicitar que permaneça de pé sem apoio por 5 a 10 segundos. Após fechar os olhos e permanecer na mesma posição por mais 5 a 10 segundos. Será considerado Romberg positivo (perda de propriocepção) quando apresentar instabilidade apenas com os olhos fechados. Marcha e equilíbrio + Observar em pé e sentado durante a entrevista e o exame, verificar se mantém a posição sem oscilações ou quedas para os lados e para trás. + Pedir para caminhar em linha reta alguns metros e voltar. Observar o padrão de marcha. Caso Reflexos Inervação Nível Músculos Estilorradial Radial C5-C6 Braquiorradial Bicipital Musculocutân eo C5-C6 Bíceps braquial Tricipital Radial C7-C8 Tríceps braquial Flexores dos dedos Mediano e ulnar C8-T1 Flexor superficial dos dedos Aquileu Tibial L5 a S2 (S1) Gastrocnêmio e sóleo Patelar Femoral L2 a L4 Quadriceps femoral Adutores da coxa Obturador L2 a L4 Adutor magno, longo e curto Costoabdominal Intercostais Ileoinguinal Ilio- hipogástrico T5 a T12 L1 L1 Página � de �6 79 não seja característico (ex. hemiplégica ou parkinsoniana) descrever detalhadamente. + Caminhar na ponta dos pés e nos calcanhares. ALTERAÇÕES NO EXAME FÍSICO: SISTEMA MOTOR Déficit de força muscular: chama-se plegia quando não há nenhuma contração, se há um pouco de contração chama de paresia. + Monoplegia (paresia): um membro. + Hemiplegia (paresia): um hemicorpo (dimidio). Pode ter predomínio em alguma região, como braquial, facial ou crural (o que pode indicar a artéria acometida). + Paraplegia (paresia): membros simétricos (braquial ou crural). + Tetraplegia (paresia): quatro membros. Não ocorre só por lesão de medula (ex. AVC em tronco). + Diplegia(paresia): dois hemicorpos. Neurônio motor: + Síndrome do neurônio motor superior: fraqueza muscular; hipertonia (espasticidade); hiperreflexia (III) ou clônus (IV); trofismo normal; sinal de Babinski. + Síndrome do neurônio motor inferior: fraqueza muscular; hipotonia muscular; arreflexia ou hiporeflexia; atrofia muscular; fasciculações musculares. SISTEMA SENSITIVO: Distúrbios sensitivos: + Anestesia ou hipoestesia: perda ou redução da sensibilidade (tátil e dolorosa). + Hiperestesia: aumento da sensibilidade. + Analgesia: perda da sensibilidade dolorosa. + Hiper ou hipoalgesia: aumento ou diminuição da sensibilidade dolorosa. + Parestesias: sensações espontâneas (dor, queimação, formigamento, alfinetadas). + Disestesias: sensações distorcidas e desagradáveis com estímulos inócuos. + Alodinia: percepção de um estímulo não doloroso como dor. + Hiperpatia: limiar elevado para dor. + Grafoestesia: capacidade de reconhecer símbolos pelo tato. + Estereognosia: capacidade de reconhecer objetivos pela palpação. + Hipo ou apalestesia: perda ou ausência da sensibilidade profunda (vibratória ou senso percepção). COORDENAÇÃO MOTORA: Incoordenação motora (ataxias): + Ataxia cerebelar: marcha ebriosa; disartria (fala escandida); nistagmo; hipotonia; reflexos pendulares; sinal do rebote; dismetria; disdiadococinesia; distasia (dança dos tendões). + Ataxia sensitiva (aferente): déficit de sensibilidade profunda; sinal de Romberg; sem nistagmo; sem disartria; marcha talonante; hipo ou arreflexia profunda. Afeta cordão posterior da medula. PARES CRANIANOS: Distúrbio visuais e da movimentação ocular: + Perda visual + Papiledema: hipertensão intracraniana, neurite óptica. + Anormalidade pupilares: pupila de Argyll-Robertson (pupila sem reflexo fotomotor, mas com reflexo de acomodação – sífilis). + Distúrbios de campo visual: hemianopsias homônimas ou heterônimas (hemianopsia bitemporal). + Distúrbio do movimento ocular: dipoplia, estrabismo, oftalmoplegia (paresias). + Alteração palpebral: Horner. Distúrbio da fala, deglutição e da linguagem: disfonia, disartria, disfagia, afasias (motora [Broca], sensitiva [Wernicke], mistas [ex. alteração da a. cerebral média]); prosódia (síndromes de aprosódia [entonação]). COGNIÇÃO E CONSCIÊNCIA: Distúrbios cognitivos: orientação, atenção, cálculo; negligência ou hemi-negligência (esquece um dimidio); linguagem (afasia motora e/ou sensitiva); agnosias (distúrbios do reconhecimento visual, auditiva ou somestésica); apraxias (incapacidade de executar determinada função motora, Página � de �7 79 sem que existam déficits); memória (amnédias – imediata, recente, remota). Obs: teste psicométrico – bateria de testes que detectam alterações antes dos exames de imagem. Distúrbios da conscimencia: + Sonolência: sono aumentado, responde a estímulos com clareza. + Torpor: sono aumenta, quando vigil, desorientado. + Estupor: sonolento, responde ao estímulo doloroso, sem resposta verbal. + Coma: sono profundo, sem resposta aos estímulos. + Delirium x estado confusional agudo + Vigil: ciclo vilia-sono. + Estado vegetativo persistente: ciclo vigília sono, sem conteúdo de consciência (síndrome do vigil irresponsivo). + Estado minimamente consciente: paciente demostra algum grau de interação com o meio. + Locked-in (síndrome do cativeiro): parece em coma ou com ciclo vigília-sono e está totalmente consciente. DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO: Síndrome extrapiramidais: + Síndromes hipocinéticas: parkinsonismo - bradicinesia, rigidez muscular, tremor de repouso, instabilidade postura. Doença de Parkinson, Parkinson secundário, Parkinson atípico. + Síndromes hipercinéticas: - Tremor: movimento involuntário rítmico. - Distonia: contrações musculares mantidas, com posturas anormais, torções, “JERKS”. - Coréia: movimento involuntário abrupto, rápido, errático, migratório, não estereotipado. - Atetose: movimento involuntário lento, sinuoso, continuo. + Balismo: movimento involuntário amplo, tipo arremesso, abrupto. + Mioclonia: movimento involuntário tipo “choque”. + Tiques: movimento involuntário estereotipado, breve, repetitivo, sem propósito. + Estereotipia: movimento involuntário repetitivo, sem finalidade. DÉFICITS NEUROLÓGICOS FUNCIONAIS: distúrbios conversivos; histeria. Histeria: eventos não epilépticos psicogênicos (funcionais); distúrbios do movimento psicogênicos (funcionais); déficits neurológicos motores, sensitivos, visuais; marchas bizarras. DIAGNÓSTICOS EM NEUROLOGIA: sindrômico (ex. síndrome piramidal, cerebelar, sensitiva, cognitiva, etc); topográfico (lesão do SNC ou periférica); etiológico (AVE, EM, tumor, etc). EXAMES COMPLEMENTARES: neuroimagem (raio x, tomografia, ressonância, SPECT, PET); ultrassom (DCV, trascraniano); eletroencefalograma (vídeo); polissonografia; exame de líquor (punção lombar); eletroneuromiografia; potenciais evocados (visual, auditivo, somatosensitivo); exames de rotina (sangue – VDRL, HIV, tireoide, vitamina B12, imunológico). Página � de �8 79 Escala Força Muscular 0 Ausência de resposta motora. 1 Contração visível 2 Movimento sem ação da gravidade 3 Movimento contra a gravidade 4 Movimento contra pouca resistência 5 Normal Miopatias Doenças que comprometem a estrutura, canal e metabolismo da fibra muscular. Vem do grego µυοπάθεια, sendo myo (músculo) e pátheia (padecença, doença). PREVALÊNCIA DAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES: distrofia muscular de Duchene 1:3.000 nascimentos masculinos; distrofia miotônica 1:800 nos EUA; esclerose lateral amiotrófica 4- 8/100.000; síndrome de Guillian Barre 1/100.000; atrofia muscular espinhal 1/6.000-10.000; miastenia gravis 5/100.000; neuropatia hereditária de Charcot-Marie-Tooth 150.000 acometidos no EUA. CLASSIFICAÇÃO: Hereditárias: distrofia muscular, miotonias, canelopatias, miopatias congênitas, miopatias metabólicas, miopatias mitocondriais. Adquiridas: miopatias inflamatórias, miopatias endócrinas (ex. hipotireoidismo), associada a doença sistêmica (ex. lúpus), miopatias tóxicas (ex. estatinas, quimioterápicos). AVALIAÇÃO DAS MIOPATIAS: ASPECTOS CLÍNICOS: sinais e sintomas; evolução temporal; história familiar; fatores desencadeante (ex. exercícios); sintomas ou sinais sistêmicos; distribuição da fraqueza (proximal ou distal). Sinais e sintomas: a distribuição dos sinais e sintomas dependem do tipo de miopatia em questão. Os sinais e sintomas não são comuns a todas, algumas tem um sintoma ou sinal predominante não comum as outras. - Negativos (“perdas”): fraqueza muscular (proximal), fadiga, intolerância ao exercício, atrofia muscular (proximal); hipo e arreflexia (?). - Positivos (“ganhos”): mialgias, câimbras, contraturas, rigidez, mioglobinuria, hipertrofia (pseudohipertrofia), miotonia.+ Fraqueza muscular: predominantemente proximal. Deve-se avaliar a função de cada musculo. Normalmente usa a escala do Medical Research Council para quantificar a perda de força. - Sinais de fraqueza muscular proximal: escapula alada em membros superiores; manobra de Gowers em membros inferiores (paciente tem que fazer movimentos na imagem ao lado par conseguir levantar do chão); marcha levantando a bacia. Obs: Gowers não é sinal especifico das miopatias. + Atrofia: predominantemente proximal. + Hipertrofia: chamada de pseudohipertrofia, pois tecido normal do músculo (necrose) é substituído por gordura e fibrose. + Hipotonia: característico de pessoas com doença muscular. É o primeiro sinal identificável em crianças (ex. não consegue sugar), mas geralmente é por uma doença do SNC (80%) e não uma miopatia (20%). + Miotonia: pode ser desencadeada pela percussão com o martelo. Evolução temporal: início no nascimento, criança, jovem, adulto, idoso. Importante para diferenciar as causas (ex. congênita, autoimune, etc). História familiar: autossômica recessiva ou dominante, ligada ao X, transmissão materna (ex. mitocôndrias). Fatores desencadeante: exercícios; percussão estimulando miotonia(ex. distrofia miotonica). Sinais e sintomas gerais: ptose palpebral fixa bilateral (ex. miopatia mitocondrial); redução do sulco nasogeniano (ex. distrofia muscular fascioescapulohumeral); deformidades articulares; alterações de pele como dermatomiosite (sinal de Gottron, heliotropo). INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL: enzimas musculares, eletroneuromiografia, biopsia, testes genéticos. Enzimas musculares: exame que mais ajuda ao clínico. Essas enzimas estão dentro da fibra muscular e quando há um processo de destruição dessa fibra essas enzimas são liberadas no sangue. Portanto, quanto maior a destruição maior é a quantidade de enzimas no sangue. Por isso Página � de �9 79 elas podem aumentar em casos que não são miopatias (ex. exercício extenuante), seno necessário repetir os exames algumas vezes. + Creatinaqinase: produção de energia, transforma ADP em ATP na fibra muscular. Suas principais isoformas são a CK-MM (muscular) e a CK-MB (cardíaca). Valores normais no organismo variam com etnia (afrodescendente é maior), atividade física, estatinas e outros. Os valores da CK na miopatia podem chegar a ser mil vezes maior que o normal. Em casos muito graves não tem mais CK porque o paciente fica sem músculo. + Desidrogenase lática: mantem níveis normais de NAD+, no excesso de ácido pirúvico (metabolismo anaeróbio e exercício vigoroso). + Aldolase: divide frutose 1,6-bifosfato em glicerldeido-3-fosfato (utilização da glicose). + Transaminase: transforma aminoácidos em energia (ciclo do ácido cítrico). O aumento dessa enzima pode confundir com problema hepático, mas vale lembrar que na miopatia ela nunca está mais de dez vezes acima do seu valor normal. Eletroneuromiografia: é um exame especifico que não deve ser pedido para todos. Pode ser feito estudo da condução sensitiva, estudo da condução motora, teste de estimulação repetitiva (junção neuromuscular), eletromiografia de agulha. + Eletromiografia de agulha: avalia a fisiologia muscular (unidade motora – neurônio e suas fibras musculares), determinado se é uma doença muscular primária, doença neurogênica, etc. O sinal dessas unidades motoras é captado por uma agulha, formando uma curva em um gráfico. Em uma doença miopática há uma diminuição da duração e amplitude da curva e maior recrutamento; já na doença neurogênica há um aumento da duração e amplitude e diminuição do recrutamento. Biopsia: músculo ou nervo, sendo que geralmente não é feito. Pode-se fazer histoquímica (padrão distrófico, vacuolar [disfunção metabólica]) e imunohistoquímica. Teste genético: + Exoma: sequenciar todos os 20.000 genes do genoma para identificar as mutações genéticas. Anteriormente, os genes eram estudados um a um, à procura de mutações que causassem doença. Com o sequenciamento e análise do exoma completo, passou a ser possível investigarmos todos os genes com um único exame. MIOPATIAS DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: causada por uma deficiência severa ou completa de distrofina no músculo esquelético, sendo um distúrbio genético ligado ao X. A distrofina é uma proteína da membrana da fibra muscular, responsável por estabilizar a membrana. A falta de distrofina faz com que ocorram pequenos rompimentos do sarcolema, aumentando a passagem de Ca2+ para dentro da célula, levando essa fibra a necrose. Clínica: tem início aos 3-5 anos, com fraqueza muscular proximal de membros inferiores e perda progressiva da força, com perda da deambulação até 12 anos. Há uma pseudo-hipertrofia da panturrilha. Morrem aos 18-25 anos por problemas respiratórios ou cardíacos (sobrecarga entricular). Exames complementares: enzimas musculares excessivamente aumentada; eletroneuromiografia tem padrão miopático (mas é dispensável se clinica é característica); teste genético. Tratamento: fisioterapia e prednisona 0,5-1 mg/kg/dia. O corticoide é dado para impedir a progressão da escoliose e manter musculatura respiratória (melhor qualidade de vida após 14-15 anos). Obs: Ataluren é um medicamento que vem se mostrando eficaz na doença, mas só funciona para um tipo de mutação que só acomete 5% dos pacientes. DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER: redução parcial de distrofina no músculo (10-30%). É uma forma mais benigna das distrofinopatias. Quadro clínico e laboratorial, semelhante a distrofia muscular de Duchenne, porem com atraso do início (≥ 6 anos) e curso da doença mais prolongado (não para de caminhar aos 12 anos). Eletroneuromiografia: tem achados semelhantes da distrofia de Duchenne, mas dependerão da severidade da doença. Tratamento: somente fisioterapia. DISTROFIA MIOTÔNICA: doença multissistêmica autossômica dominante que cursa com diabetes, catarata, alterações cardíacas (bloqueio atrioventricular), calvície, redução dos hormônios sexuais masculinos, diminuição dos sulcos na face (facies de machadinha); Página � de �10 79 constipação (distúrbio esfincteriano). A percussão leva a miotomia, que na EMG causa um barulho semelhante a aceleração de uma moto. CASO CLÍNICO: NMSC, 7 anos, masculino. DPM normal até os 3 anos iniciou com quedas frequentes, progressivamente dificuldade de subir escadas (corrimão). Mãe notou aumento de volume de panturrilhas. História mórbida familiar de primo materno com mesma doença (mas sem investigação). + Exame físico: atrofia quadríceps bilateral, hipertrofia gastrocnêmios bilateral, hipotonia de membros superiores e inferiores. Força proximal membros inferiores de 3+. Arreflexia bicipital, triciptal, estilorradial, patelar, Aquileu. Marcha Anserina (miopática). Sinal Gowers positivo. + Exames laboratoriais: CK 8600UI (VN <190); ENMG não realizada; biópsia de músculo não realizada; teste genético para distrofina com mutação (deleção) exons 45-49. + Diagnóstico: distrofia muscular de Duchanne (pela idade). Página � de �11 79 Doenças da junção neuromuscular As principais doenças da junção neuromuscular são a miastenia gravis e as síndromes miastênicas (congênitas ou adquiridas). JUNÇÃO NEUROMUSCULAR: é a junção entre a parte terminal de um axónio motor com uma placa motora. O neurônio libera acetilcolina, que se liga a um receptor e estimula a célula muscular para entrada de cálcio para contração muscular via fatores de segurança da junção neuromuscular. Na fenda sináptica há acetilcolinesterase, que metaboliza a acetilcolina liberada pelo neurônio. MIASTENIA GRAVIS: doença autoimune, com formação de diversos anticorpos, sendo os principais o anticorpo anti-receptor de acetilcolina (80%) e o anticorpo anti-MuSK (7,5%). Pode ser associada ao timoma (10-15%) e hiperplasia tímica em jovens (80%). Ocorre principalmente em mulheres jovens (20-40 anos) e sintomas pioram no calor. IMUNOPATOGÊNESE: no timo os linfócitos sofrem uma seleção positiva e negativa, sendo “programados” para não reconhecer componentes próprios. Uma falha nesse processo causa doenças autoimunes como a miastenia gravis. FORMAS CLÍNICAS: Ocular: dipoplia e ptose (uni ou bilateral), podendo não ter ptose. Tem oscilação diária. Cerca de 70% acaba desenvolvendo a forma generalizada. Generalizada: ptose, diplopia, disfagia, disfonia, fraqueza muscular proximal (pode ter acometimento mais em membro superior ou em inferior). Reflexos normais (exceto em casos mais graves e na síndrome de Lambert Eaton) e sensibilidade normal. Também tem oscilação diária. AVALIAÇÃO: Teste do gelo: colocar gelo em uma ptose durante 2-5 minutos. A baixa temperatura diminui o metabolismo, diminuindo a degradação de acetilcolina pela acetilcolinesterase, revertendo a ptose. Portanto, se houver uma diferença maior que 2mm na medida da fenda palpebral é indicativo de miastenia gravis. Testes farmacológicos (teste do edrofônio): usa um acetilcolinesterásico, ou seja, que inibe a acetilcolinesterase e aumenta a acetilcolina na fenda sináptica. É feita uma injeção de 2-10 mg durante 60s, vendo os efeitos até uns 5 minutos. Reverter os sintomas temporariamente, por isso não é usado no tratamento. Pode ter efeito colateral (ex.salivação). Não é feito no Brasil pela falta de medicação. A sensibilidade é de 60-85% na forma ocular e de 70-95% na forma generalizada. Pode ter falsos positivos. Eletromiografia: teste de estimulação repetitiva. É feito uma punção do nervo, capitando o potencial de ação de resposta fibra muscular. Após isso é feito cinco estímulos de baixa frequência (1 a 5 Hz), formando curvas de resposta da fibra. Um incremento ou decremento entre a amplitude da primeira e última curva não pode ser maior que 10% para ser considerado normal. Na miastenia há um decremento maior que 10%, pois não há tantos receptores para acetilcolina agir como em uma pessoa normal. Após o quinto estimulo não há mais decremento pois é liberado o estoque de acetilcolina no neurônio. A sensibilidade é de 10-17% na forma ocular e 53-100% na forma generalizada. Testes imunológicos: dosagem de anticorpo anti-receptor de acetilcolina, que tem sensibilidade de 50-75% na forma ocular e 70-95% na forma generalizada. Lembrando que 80% dos casos são causados por esse anticorpo. Outros: tomografia de tórax (timoma e hiperplasia), testes de tireoide (associação com hipertireoidismo). TRATAMENTO: Farmacológico: + Anticolinesterásico: Mestinon (piridostigmina) em comprimidos de 60mg a cada 4h. É a primeira droga, se não funcionar usar imunossupressor. Em excesso pode causar crise colinérgica. + Corticosteróides: prednisona 1 mg/kg. Deve-se tomar cuidado, pois pode potencializar o efeito colinérgico do mestinon (crise colinérgica). Por isso ou se começa com uma dose alta de corticoide e diminui o mestinon ou começa com uma dose baixa de corticoide e vai aumentando. + Outros: imunossupressores (azatioprina, ciclosporina, tacrolimus, micofenolato mofetil) imunoglobulina, plasmaferese. Página � de �12 79 Timectomia: é questionável se é benéfico ou não. COMPLICAÇÕES: Crise colinérgica: sintomas colinérgicos pelo excesso de medicamento e piora dos sintomas da miastenia com evolução para insuficiência respiratória. Há fraqueza, bradicardia, sialorreia, diarreia, broncorréia, câimbras, fasciculações. Tratamento é UTI e retirar mestinon. Crise miastênica: rápida evolução dos sintomas com insuficiência respiratória. + Causa: infecções e medicações (pioram a transmissão muscular – ex. betabloqueador, penicilina, aminoglicosideo, relaxantes musculares). + Tratamento: UTI, tratar infecções, retirar drogas; imunoglobulina 400 mg/kg/dia por 5 dias, 3 a 5 sessões de plasmaferese. Obs: uma grávida miastenia gravis pode passar anticorpos para o feto, causando prejuízos a este (ex. dificuldade nas mamadas). CASO CLÍNICO: SL, 33 anos feminina, iniciou há 2 anos com diplopia no final da tarde Há 6 meses notou ptose palpebral à esquerda. Há 1 mês após IVAS dificuldade para lavar os cabelos. + Exame físico: Paresia de reto medial à direita, ptose à esquerda. Força muscular IV+ proximal MMSS, demais exame normal. No ambulatorio teste do gelo positivo. + Exames complementares: avaliação tireoidiana normal; teste de estimulação repetitiva com decremento maior 10% em nervos facial e acessório; tomografia Computadorizada de Toráx- Normal (afastar hiperplasia timo ou tumor) + Evolução: mestinon® (anticolinesterásico) 30mg/4/4h melhora sintomas. Página � de �13 79 Mielopatias MEDULA ESPINHAL Laminas de REXED: divisão da medula espinhal em 10 laminas de acordo com a constituição citoarquitetonica. Núcleos: nucleo motor, nucleo intermediolateral (tem as primeiras cédulas da cadeia simpática), nucleo dorsal, nucleo proprius, susbstância gelatinosa (aferencias sensitivas). Fasciculos e tratos: tratos ascendentes, descendentes, bidirecionais. ! Vascularização: artéria espinhal anterior (irriga 2/3 da medula) e artérias espinhais posteriores (1/6 da medula cada). ALTERAÇÕES: dor, alterações motoras, alterações sensitivas, alterações de reflexos e tônus, alterações esfincterianas. Dor: + Origem: dor local por ossos e ligamentos (cervical em ombros e lombar em cintura pélvica); vasos piais e vias dolorosas intrínsecas (irritabilidade, compressão). Alterações sensitivas: + Fenômenos positivos: impulsos nervosos espontâneos que elevam as experiências sensitivas. - Parestesias, formigamentos, agulhadas, pontadas, choques - gânglios dorsais, cordão posterior. ° Síndrome de Lhermitte: extensão mecânica (ex. flexão da cervical) causa sensação de choque em coluna dorcal e cervical baixa. Pode se espalhar para membros, principalmente superior. - Calor, frio, prurido - cordão posterior, tratos espinotalâmicos. - Parestesias em pés e pernas bilaterais - cauda equina, cordão posterior. - Parestesias somente das mãos - lesão cervical alta. + Fenômenos negativos - Alguns padrões: ° Perda sensitiva segmentar (ex: mãos, antebraços). ° Perda sensitiva dos braços, pescoço (em manta) e preservada de tronco inferior e pernas - síndrome medular central. ° Síndrome de Brown-Séquard. ° Perda sensitiva tronco e pernas com região perianal intacta - lesão intramedular ou compressão medular anterior. - Amortecimento - cordão posterior. - Perda de sensibilidade - lesões incompletas. - Alguns padrões podem ser úteis: ° Diminuição do senso de posição e sensibilidade vibratória com reflexos normais – lesão de cordão posterior. ° Diminuição do senso de posição e sensibilidade vibratória e nível sensitivo abdome e tórax - lesão torácica. Alterações motoras: perda de força pode ser de origem na placa motora (ex. miastenia gravis), neurônio motor, medula (trauma medular, mielopatia), córtex motor (ex. AVC, TCE, neoplasia). Por isso é importante diferencia-los. Alterações esfincterianas: geralmente urológicas (ex. bexiga neurogênica). Lembrando que Página � de �14 79 inervação do m. detrusor da bexiga é por núcleos de neurônios motores especiais em S1-S3; já esfíncter anal por nervos pudendos vindos do corno anterior da medula lombosacra. DIAGNÓSTICO: história, exame físico (com neurológico) e exames complementares. História: importante saber o tempo de evolução (ex. processos hiperagudos trauma, processos agudos infecção, processos longos degeneração ou neoplasias). Exame físico: importante pensar na correspondência dos níveis medulares (dermatomos), principalmente tronco. Geralmente a lesão está localizada dois seguimentos acima da região com alteração de sensibilidade. Lembrando que a mudança de sensibilidade não é abrupta nos dermatomos (há sobreposição dos territórios de sensibilidade). Exames complementares: exames neurorradiológicos (radiografias simples, tomografia computadorizada, ressonância magnética), exame de líquor, estudos eletroneurofisiológicos. + Exame de líquor: detecção de presença de sangue (acidentes vasculares na medula), infecções, inflamações (autoimune). + Eletroneuromiografia: diferenciar neuropatia de miopatia; doença de neuroniomotor inferior; polirradiculoneurite; associações mielopatia-neuropatia. PADRÕES CLÍNICOS Síndrome medular central: + Etiologias: trauma (com artrose cervical em indivíduos idosos); mielopatia espondilótica (pela compressão anterior na medula); siringomielia (clássico); neoplasias (metastática, glial, linfoma). - Siringomielia: degeneração axonal e formação de cavidades císticas com acúmulo de líquido no interior da medula espinhal. Causa clássica de síndrome medula central. Geralmente tem alterações em parte superior do tronco e membros superiores, mas pode ter outros padrões de acometimento. Pode ocorrer atrofia dos músculos interosseos da mão. + Perda sensorial: dor e temperatura (cruzamento de trato espinotalamico); poupa região sacral. + Perda motora: fraqueza e até atrofia em braços e pernas. Pode ocorrer na ausência de fratura óssea vertebra. Síndrome medular anterior: + Etiologia: isquemia do território da artéria espinhal anterior (ex. compressão – tumor, hérnia discal, espondiloartrose). + Perdas: função motora (primeira envolvida); perda sensibilidade epicrítica e térmica. + Preservação relativa: propriocepçãoconsciente (posição) Síndrome medular posterior: + Etiologia: lesão da artéria espinhal posterior; aterosclerose (perfusão deficiente por colaterais); deficiência de vitamina B12. + Perda: sensibilidade proprioceptiva (posição) – dificuldade de caminhar, fechar os olhos. Sinal de Romberg positivo e outras provas de sensopercepção. + Relativa preservação: motora, dor e temperatura + Prognóstico: melhor que a síndrome medular anterior. Síndrome do cone medular e cauda equina: a cauda equina é encontrada a partir de T12-L1. Essa síndrome pode ter início súbito ou gradual, tendo déficits simétricos. + Etiologias: iatrogenia de punção lombar; síndrome do canal estreito (espondiloartrose). + Manifestações: - Dor inconstante em períneo e coxas. - Fraqueza sacral (tônus anal). - Sensibilidade: hipo ou anestesia em sela (distribuição sacral); sensibilidade dissociada (siringomielia). - Perda de reflexos profundos: aquileano e patelar. - Bexiga neurogênica e impotência precoce e marcante. - Claudicação neurogênica – caminhada provoca dor que melhora com repouso (síndrome do canal estreito). Página � de �15 79 Síndrome de Brown-Séquard (hemissecção medular): + Etiologias: trauma penetrante (arma branca), radiação, descompressão bárica, inflamação. + Manifestações: ipsilateral (fraqueza e senso de posição) e contralateral (perda de sensibilidade térmica e dolorosa). MIELOPATIAS AGUDAS: inflamatórias, vasculares (isquêmica e hemorrágica), compressão mecânica (traumática, não traumática). Trauma raquimedular: de acordo com o nível do trauma há determinado comprometimento de sensibilidade e motricidade. Mielopatias inflamatória: + Mielite transversa: evolução de dias a semanas. Geralmente ocorre uma infecção viral prévia (1/3). Pode atingir todos os níveis da medula, mas o mais comum é o nível de T8-T12, a cervical é atingida apenas em 10% dos casos. Incidência de 0,13/100.000. Pode ser uma manifestação inicial de esclerose múltipla (5-10%) e síndrome de Devic. - Neuromielite óptica (Síndrome de Devic): anticorpos contra aquaporina 4. Se caracteriza por neurite ótica recorrente bilateral ou unilateral e mielite extensa (mais de 2 segmentos de extensão). Geralmente não há envolvimento do encéfalo. + Colagenases: lúpus eritematoso sistêmico (mielite transversa, mielopatia subaguda); síndrome de Sjögren. + Infecções: HIV, HS2, CMV, toxoplasmose; herpes vírus tipo 1; herpes zoster; Schistosoma mansoni; cisticercose, outros. - Espaço epidural, meninges, espaço subdural: abscesso epidural (S. aureus), aracnoidite crônica. ° Abcesso epidural: vem por via hematogenica, sendo clássico no paciente jovem com espinhas. Paciente tem febre e muita dor na coluna. Pode se estender para medula, levando a uma necrose inflamatória. É um emergência e o abscesso precisa ser drenado logo. ° Aracnoidite crônica: geralmente afeta múltiplas raízes nervosas. - Medula espinhal: abscesso intramedular (estafilococo, estreptococo); mielite transversa (20-40% viral); HIV (mielopatia vacuolar), HTLV-1 (não responde a antirretrovirais), outros. Mielopatias tóxicas ou metabólicas: + Degeneração combinada subaguda: por deficiência de vitamina B12. É combinada porque tem envolvimento do cordão posterior (sensibilidade profunda), tratos corticoespinhais (síndrome piramidal), neuropatia periférica. + Metotrexate, citosina arabinosídeo intratecal. + Deficiência de vitamina E. + Mielopatia hepática. + Mielopatia por radioterapia: cada vez menos comum. - Precoce: 6 semanas a 6 meses pós-radioterapia. Tratada com corticoide. - Tardia: 6 meses a 4 anos. Oclusão progressiva por proliferação endotelial da microcirculação. Tratamento é anticoagulação. Mielopatia e neuropatia + Adquirida: - Deficiência nutricional: vitamina B12, vitamina E, folato, mielopatia associada a AIDS com alteração do metabolismo de vitamina B12. - Infecciosa: HTLV-1, HIV, sífilis. - Inflamatória: síndrome de Sjogren, sarcoidose. - Toxica-geográfica: cassava, latirismo, fluorose, mielo-opticoneuropatia subaguda, mieloneuropatia tropical. + Hereditária - Com anormalidade metabólica: adrenomieloneuropatia, leucodistrofia metacromatica, doença de Krabbe, abetalipoproteinemia, deficiência de vitamina E familial, defeitos da cadeia respiratória, doença por corpos de poliglucosan adulta - Sem anormalidades metabólicas: paraplegia espástica hereditária, atrofia espinocerebelar. MIELOPATIAS CRÔNICAS: espondilose cervical; compressão tumoral; esclerose múltipla; siringomielia; paraparesia espástica tropical (HTLV-1 –retrovírus); mielopatia vacuolar por HIV. Mielopatia espondilótica: cervical ou lombossacra. + Mielopatia espondilótica cervical: fraqueza e atrofia muscular dos membros superiores, sem Página � de �16 79 envolvimento sensitivo ou acometimento dos membros inferiores. Dificuldade de abdução dos ombros, sinal do braço caído ou punho caído. Síndrome da cabeça caída por atrofia muscular cervical posterior. Amiotrofia unilateral (mais frequente) ou bilateral. Idade de início aos 30-60 anos. Mais frequente em homens. Tratamento é fixação. Compressão tumoral: + Extradural (55%): metástase (pulmão, mama. Linfoma, próstata). + Intradural e extramedular (40%): neurofibromas, meningiomas, Schwannoma, ependimoma. + Intramedular (5%): ependimomas e astrocitomas (geralmente em crianças). Miscelânea (33%) – hemangioblastoma, lipoma, teratoma, dermoide, epidermoide, metástases. Paraplegias espásticas familiares: + Formas de herança: autossômica dominante, autossômica recessiva, ligadas ao X. + Formas clínicas: não complexas ou complexas. As complexas são aquelas associadas a outros problemas neurológicos (ex. epilepsia, retardo mental, mal formações) ou distúrbios metabólicos. TRATAMENTO: Etiológico: clínico e cirúrgico. Sintomático: reabilitação (fisioterapia motora, urológica); órteses- próteses; analgésicos; drogas anti-espasticidade, antidepressivos; psicoterapia, terapia ocupacional. Página � de �17 79 Esclerose lateral aminiotrófica É uma das doenças do neurônio motor junto com esclerose lateral primária, atrofia espinhal progressiva, paralisia bulbar progressiva e paralisia pseudobulbar. É uma doença fatal, caracterizada por perda progressiva de neurônios motores superiores e inferiores (nível bulbar e medular). Exames de imagem mostram que com o tempo outras áreas do SNC acabam sendo afetadas (entra em estado vegetativo). Doenças do neurônio motor: quando aparecem sintomas geralmente mais de 50% vias descendentes e mais de 50% células do corno anterior da medula estão comprometidos. + Síndrome do neurônio motor superior: espasticidade, hiperreflexia, Babinski, Hofmann. + Síndrome do neurônio motor inferior: atrofia muscular, fasciculações (cervical para níveis inferiores). HISTÓRICO: Foi descrita por Jean-Martin Charcot em 1869, sendo chamada de doença de Charcot. Nos EUA é chamado de doença de Louis Gehring (1939). EPIDEMIOLOGIA: 90-95% esporádica e 5-10% familial (geralmente autossômica dominante). Prevalência de 1,5-2,7/100.000 habitantes. Incidência de 2,7/100.000/ano. Afeta mais os homens (H1,5:1M), com mediana de idade de 64 anos (50-65). Cerca de 5% tem início com menos de 30 anos. Incidência em maiores de 80 anos é 10,2/100.000 por ano para homens e 6,1/100.000 por ano para mulheres. Sobrevida em média é de 3-4 anos. FISIOPATOLOGIA: diversas causas vem sendo descritas para essa doença. A teoria mais famosa é da deficiência da superóxido dismutase (SOD1), que faz a metabolização do glutamato. Sem ela ocorre uma toxicidade glutamatérigica. Por isso uma das tentativas de tratamento é com um inibidor da formação de glutamato, mas ele só consegue retardar a evolução da doença (retarda em 6 meses a necessidade de traqueostomia). Fatores ambientais: acredita-se que tenha envolvimento com dieta, ocupação, tabagismo, poliomielite, jogadores de futebol profissional, atividade física, idade materna, localização geográfica, lesão por eletricidade,exposição a toxinas, trauma, anos de educação. Atualmente a única confirmação é que tabagistas tem maior chance de desenvolver a doença. Fatores genéticos: muitos genes já foram descobertos, mas nenhuma ainda possibilitou o desenvolvimento de um tratamento específico. DIAGNOSTICO: há critérios diagnósticos. Clínica: atrofia muscular, etc. + Forma bibraquial: há atrofia dos braços. Geralmente acomete mais idosos. Sobrevida acima do esperado para a doença. Exames complementares: + Neuroimagem: degeneração walleriana; outros fatores que possam estar agravando a situação (ex. espondiloartrose). + Biopsia muscular: não é feito, mas se for mostra uma alteração da distribuição das fibras musculares, fazendo um reagrupamento (sinal de reinervação - compensação). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: poliomielite. TRATAMENTO: sintomático. Suporte ventilatório: quando a capacidade vital está menor que 50%. Geralmente quando frequência respiratório maior que 35 rpm, PaCO2 maior que 50mmHg, PaO2 menor que 50 mmHg. Pode ser suporte não invasivo (BPAP, CPAP) ou invasivo (entubação oro-traqueal, traqueostomia). Página � de �18 79 Esclerose múltipla Doença inflamatória, autoimune, desmielinizante (oligodrendrocito) do sistema nervoso central que tem: evidência de disseminação no espaço; evidência de disseminação no tempo; inexistência de causas para sinais e sintomas (ambientais e genéticos); hereditário em 5% dos casos. EPIDEMIOLOGIA: prevalência de 15/100.000 no Brasil; de 100/100.000 nos EUA e Europa. Há predomínio em mulheres (70-75%), entre 20-40 anos, caucasiana e que vivem em locais frios. Por isso no Brasil é mais comum em Sã Paulo e Região Sul. Idade: predomínio em jovens, com idade de início antes dos 16 anos de idade em 5% dos casos. O pico de início é na puberdade (20 anos), com recorrência aos 28-30 anos. FISIOPATOLOGIA: processo inflamatório desencadeado por fatores ambientais e genéticos, sendo que há envolvimento da imunidade celular e humoral (reação de hipersensibilidade tipo IV). Ocorre permeabilidade pela barreira hemato- encefalica para entrada desses componentes no sistema nervoso central, levando a um processo inflamatório e desmielinização dos neurônios. Isso provoca alterações no impulso nervoso. Os sinais e sintomas produzidos variam de acordo com o local onde essa desmielinização ocorre. Após 2- 3 meses pode ocorrer remielinização. Geralmente existe uma fase de muita desmielinização e depois para e há anos de progressão. Causa: hereditária (5%); fatores ambientais e genéticos. + Hereditariedade: chances de desenvolver esclerose múltipla é de 1/1000 se não tem parentes com esclerose; 1/100 se tem um parente de segundo grau (tio, tia, avôs); 1/40 se tem um pai, mãe ou irmão; 1 em 4 se tem gêmeos idênticos. + Ambiental: - Pessoas que mudam de uma cidade para outra de alta prevalência aumentam o risco de desenvolver esclerose múltipla. - Esclerose múltipla ocorre mais distante da linha do Equador (redução da vitamina D em áreas de pouco sol) - Infecção: vírus (herpes, adenovírus, rubéola, retrovírus) e outros (Borrelia, clamídia, superantígenos) mimetizando. A semelhança entre antígenos estranhos e do próprio corpo pode levar a ativação de células auto reativas por reatividade cruzada. ° EBV e HHV6 são os principais suspeitos. Isso porque existe um número elevado de anticorpos anti-EBV em pacientes; há uma soropositividade para o EBV de 100% em pacientes (co ntra 90% da população normal); há uma correlação entre a reativação do vírus EBV (que estava latente) com os surtos da esclerose múltipla. O risco de esclerose é maior nos indivíduos com história de mononucleose infecciosa. + Imunogenética: existem haplótipos de MHC que aumentam a susceptibilidade a doenças auto- imunes (HLA-DRB*1501-DQA1*0102-DQB1*0602). DISSEMINAÇÃO NO ESPAÇO (MULTIFOCAL): pode ter alteração em vários locais - nervos cranianos no tronco (ex. nervo óptico), encefálo, medula, multifocal. Essa disseminação pode ser evidenciada pela clínica ou por exames de imagem. Exames de imagem: mostram lesões infratentoriais, justacorticias, periventriculares, cerebelo, medula espinal, etc. As lesões características da esclerose múltipla são em “chama de vela” (processo inflamatório ao redor de vênulas). Relação clínica-imagem: nem sempre há esta relação, podendo ter clinica sem imagem correspondente ou imagem sem clinica correspondente. Obs: é chamado de síndrome radiológica isolada (RIS) quando há um achado ocasional no exame de imagem, sem sintomas. DISSEMINAÇÃO NO TEMPO: ataques recorrentes ou progressão. Pode ser clínico ou em imagem. Exame de imagem: + Lesões ativas: tem acumulo de gadolínio, que é um sinal de inflamação aguda. Desaparece 6-8 semanas depois. + Lesões antigas: podem ser hiperintensas (remielinização) ou em “buracos negros” (lesão axonal). EVENTOS NA ESCLEROSE MÚLTIPLA: surto, recorrência, exacerbação, progressão. Página � de �19 79 Surto, recorrência ou exacerbação: são caracterizados por episódio agudo de disfunção do SNC, com duração de pelo menos 24 horas. Ausência de febre ou alteração metabólica. Todos os eventos que ocorrem dentro de um mês são considerados de um único surto. + Pseudosurtos: não são surtos verdadeiros. São consequências de antigas desmielinizações, pois a região nunca volta a sua capacidade normal (parece que fica com mais canais de sódio que o normal). Paciente tem sintomas semelhantes a quando teve na desmielinização original. Geralmente desencadeados por aumento de temperatura (ex. febre) ou alteração metabólica. + Características clínicas primeiro surto: - Neurite óptica: tipicamente unilateral; retrobulbar; dor típica; “alguma recuperação”; ausência de exudatos na retina; raro hemorragia. É a terceira apresentação mais frequente. - Mielite: parcial motor e sensitiva, sendo a sensitiva a mais frequente; Sinal de Lhermitte (sensação de choques que percorrem a coluna cervical e dorsal, com irradiação para os membros superiores, e por vezes até os inferiores quando o paciente realiza a flexão da coluna cervical); disfunção bexiga e intestino. É a apresentação mais frequente. - Tronco/cérebro: síndromes motoras oculares (ex. oftalmoparesia internuclear, nistagmo); síndromes sensitivas cruzadas/hemisensorial; hemiparesia; neuralgia do trigêmeo; espasmos hemifaciais. As paresias são a segunda apresentação mais frequente. - Cerebelo: tremor; síndrome atáxica aguda. - Paroxismos: espasmos tônicos. Remissão: melhora ou completo desaparecimento dos sintomas ou ambos que estiverem presentes pelo menos 24 horas e deverá durar pelo menos um mês para se considerar significante (isso porque em 30 dias ocorre remielinização). FORMAS CLÍNICAS: forma assintomática (raríssimo) ou sintomática (remitente recorrente; primariamente progressiva; secundariamente progressiva; progressiva recorrente). Remitente e recorrente (RR-MS): ataques com completa ou incompleta recuperação e estabilidade entre os surtos. É a mais frequente (85-90% dos casos), sendo que a maioria ocorre antes dos 40 anos. Afeta duas vezes mais as mulheres. Os sintomas dependem da parte do SNC afetada e a duração dos surtos pode ser de semanas até anos, sem acumulação de incapacidade (escala de incapacidade). Secundariamente progressiva (SP-MS): incialmente é remitente e recorrente, mas tem progressão com mais ou menos surtos. Ocorre em 10% dos casos. Cerca de 80% das pessoas com a remitente recorrente desenvolvem a secundária progressiva. Ocorre a partir dos 40 anos. Deixa de existir a fase de remissão e a incapacidade vai se acumulando progressivamente. É a fase mais debilitante da esclerose. Progressiva recorrente: inicia com gradual deteriorização com episódios subsequentes. Primariamente progressiva: declínio gradual com ausência de surtos. Geralmente pacientes do sexo feminino acima de 40 anos. Há progressão. A paraparesia espástica é a mais frequente. DIAGNÓSTICO: + História: episódios prévios (surtos), outrasdoenças, história familiar, “credibilidade”. + Exame físico: “evidência objetiva”, outras lesões. + Testes adicionais: ressonância, exame de liquor, tomografia, potencial evocado. Página � de �20 79 - Ressonância magnética: exame de critério diagnóstico. Existem protocolos pré-estabelecidos (ex. tem que fazer imagem com contraste). - Potencial evocado visual: mostra comprometimento subclínico do nervo óptico. Não é um critério diagnóstico, só um exame auxiliar. O paciente é colocado na frequente de um computador com uma imagem. Coloca-se eletrodos que fazem o trajeto da via ótica até o córtex e isso é transformado em linhas de um gráfico. Por exemplo, considerando o trajeto do nervo optico, caso houvesse uma desmielinização ou remielinização, o valor seria muito maior que 100ms (resposta retardada). - Liquido cerebroespinhal: uso para diferenciar com outras doenças (ex. infecções) e pela procura de imunoglobulinas (principalmente IgG). A presença de imunoglobulinas ocorre pela quebra de barreira, não sendo especifica para a esclerose múltipla. Há index elevado de IgG (index = [IgG liquor/ albumina líquor] / [IgG sérico/ albumina sérica]). Há bandas oligoclonais de imunoglobulina (BOC) na eletroforese, pois existe uma ativação crônica de linfócitos B oligoclonais (o aumento da sobrevida do linfócito B ocorre devido interação deste com linfócito T). Critério diagnóstico: leva em consideração a apresentação clínica e os exames complementares. ! DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: tem amis de 100 diagnósticos diferenciais. Infecção: Lyme, sífilis, leucoencefalopatia multifocal progressive, HIV, HTLV-1. Inflamatório: LES, síndrome de Sjogren, vasculite, Sarcoidose, D Bechet’s. Metabólico: deficiência de vitamina B12, adrenoleucodistrofia, doenças mitocondriais, outras doenças genéticas. Neoplasia: linfoma de SNC. Doenças medulares: malformação, degenerative spine disease. TRATAMENTO Surto: corticosteroide (0,5-1g de metilpredisolona intravenosa por 3-5 dias) para reduzir a reação inflamatória. Estudos mostram que o uso de corticoide melhora rapidamente a função visual, reduz as recidivas de neurite optica e diminui o risco de desenvolvimento da esclerose nos dois anos após uma neurite optica. Formas + Recorrente e remitente: imunomoduladores (ex. Rebif, Betaserona, Copaxone, Avonex), imunossupressivos, plasmaferese, imunoglobulina, transplante autólogo, outros. - O medicamento com maior resposta é o natalizumab (reverte lesões), o problema é que o uso deste pode levar a reativação de um vírus JC, presente em 40% da população, que migra para SNC e causa desmielinização e destruição axonal (leucoencefalopatia multifocal progressiva). Por isso paciente positivos para JC podem tomar esse medicamento por no máximo 2 anos, já que após isso o risco da leucoencefalopatia é oito vezes maior. Portanto, esse medicamento não é usado em casos leves. + Secundaria progressiva: só tem tratamento se continuar tendo surtos. Página � de �21 79 + Progressiva primaria: ausência de drogas eficazes. Parece que o anticorpo monoclonal Ocraclizumab tem algum efeito, mas não foi confirmado ainda. CASOS CLÍNICOS: Caso 1: Paciente sexo feminino, 24 anos há 3 dias paresia de membro inferior direito com evolução de 24 horas permanecendo com paresia (há 3 dias). Ao exame paresia de membro inferior direito com hiperreflexia. HMP: perda visual há 1 ano em olho direito que permaneceu por 2 semanas com posterior recuperação completa. Forma remitente recorrente ou surto e remissão. + Evolução: Aos 35 anos anos com história de 6 surtos (“crises de paralisias”, perda de sensibilidade, alteração da coordenação) e atualmente sem surtos mas com dificuldade progressiva de marcha sem melhora dos sintomas. Forma secundária progressiva. Caso 2: queixa principal de dificuldade para andar. Paciente do sexo feminino, 40 anos, há 3 anos notou que tinha dificuldade para dançar, sensação de pé direito pesado, na época foi ao ortopedista e foi indicado palmilha. Seguiu com piora notando que arrastava a perna direita. Há 6 meses dificuldade progressiva também na perna esquerda. Ao exame hiperreflexia de membros inferiores com hipertonia espastica. Marcha parética espástica. Ressonância magnética com múltiplas lesões desmielinizantes. Forma primária progressiva. Página � de �22 79 Neuropatias periféricas Pode ter diferentes manifestações clinicas dependendo de qual fibra nervosa está acometida (ex. fraqueza, parestesia, ataxia, anestesia, alodinea, etc). NERVO PERIFÉRICO: compostos de neurônios de diferentes espessuras, com diferentes quantidades de mielina. Cada espessura de fibra traz ou leva diferentes tipos de informação (tabela ao lado). AVALIAÇÃO DA NEUROPATIA PERIFÉRICA: ANAMNESE Parte do sistema nervoso periférico envolvida: motor, sensitivo, autonômico. Distribuição: + Mononeuropatia: acomete uma única região, mas paciente nem sempre consegue localizar. + Mononeurite múltipla: neurite acomete diferentes regiões, sendo assimétrico. + Polineuropatia: neurite simétrica. É tamanho dependente, acometendo primeiro nervos mais longos. Forma padrões “em luva” ou “em bota”. Tempo de evolução: a instalação da doença pode ser agudo (< 4 semanas); subagudo (4 a 8 semanas); ou crônica (> 8 semanas). Levar em consideração o tempo de instalação da doença em si, não a partir da chegada na consulta. Condições médicas associadas: + História mórbida pregressa - Endócrina: diabetes, hipotireoidismo. - Renal: insuficiência renal crônica, uremia. - Infecciosa: HIV, hepatites, herpes zoster, hanseníase, tuberculose. - Reumatológica: AR, lupus, vasculite, sarcoidose. - Hematológica ou neoplasia: linfoma, leucemia. - Pulmonar: granulomatose de Wegener. - Metabólica: porfiria intermitente aguda, leucodistrofia, adrenoleucodistrofia. + Drogas e medicações: geralmente o paciente faz associação temporal com o uso da droga e o surgimento da neurite (exceto amiodarona que tem efeitos 2-3 anos depois do uso). - Medicações: amiodarona (antiarrítmico), fenitoína (anticonvulsivante), vincristina (quimioterápico), RIP (tuberculostático), talidomida e dapsona (hanseníase). - Intoxicação exógena: álcool, tolueno, chumbo, mercúrio. + História familiar: casamento consanguíneo de pais ou avós. - Sintomas semelhantes na família: neuropatia hereditária. - Doenças associadas em familiares: vasculite, hipotireoidismo, diabetes mellitus, insuficiência renal crônica. EXAME FÍSICO: alteração de trofismo cutâneo; alteração de trofismo muscular; diminuição de força muscular; hipotonia; hipo ou arreflexia; alteração de sensibilidade (falso positivo nos paciente com mais de 65 anos de idade – diminuição de tato e sensibilidade vibratória de MMII); palpação de nervos periféricos; alteração de marcha e equilíbrio. EXAMES COMPLEMENTARES: Investigação laboratorial: variam de acordo com a sintomatologia e comorbidades. + Primeira etapa: busca de doenças mais comum como vasculites, diabetes, hipotireoidismo, insuficiência renal, etc. Pedir glicemia, hemoglobina glicada; creatinina, uréia; TSH, T3 e T4 livre; VHS, proteína C reativa; hemograma; pesquisa de BAAR na linfa (hanseníase); função hepática; sorologias HIV, hepatite B e C. + Segunda etapa: dosagem de vitamina B12, ácido metilmalônico e homocisteína; eletroforese de proteínas; dosagem sérica de IgG, IgM e IgA; FAN, FR, anti-Ro, anti-La, ANCA; investigação de neoplasias. Página � de �23 79 + Terceira etapa: - Screening toxicológico (metais pesados, cobre). - Dosagem de metabólitos (porfibilinogênio urinário, ácido d-aminolevulínico, porfibilinogênio deaminase, ácidos graxos de cadeia longa). - Anticorpos (anti-MAG, anti-sulfatídeo, anti-GM1, anti-GQ1b, anti-ANNA-1, anti-Hu). - Testes genéticos. Estudo eletrofisiológico: tem como objetivo localizar a lesão; avaliar nervos com alterações subclínicas; descobrir o mecanismo patológico predominante (desmielinização ou lesão axonal); desenervação ativa e/ou crônica;prognóstico (mielina se refaz, axônio não). + Estudo da condução nervosa: feita com estímulos elétricos controlados, permite identificar a velocidade de condução nervosa. Pode ajudar a diferenciar se a doença é desmielinizante (tem redução da velocidade de condução) ou axonal (tem redução da amplitude de despolarização). + Eletromiografia de agulha: registro da atividade elétrica muscular através da inserção de eletrodo de agulha no músculo. + Técnicas especiais: teste de estimulação repetitiva; onda F; reflexo H; Blink reflex. Biopsia de nervo periférico: para avaliação da estrutura. Raramente é utilizado. + Indicações: suspeita de hanseníase com pesquisa na linfa negativa (hanseníase na forma neural pura); vasculite (vasa nervorum); amiloidose; sarcoidose; infiltração neoplásica. + Escolha do nervo: nervo afetado clinicamente; afetado eletrofisiologicamente; função sensitiva (ex. nervo sural), jamais tirar um com função motora; sequelas. TRATAMENTO: controlar a causa, tratamento específico, tratamento sintomático. CAUSAS MAIS FREQUENTES: mononeurites (síndrome do túnel do carpo), mononeurite múltiplas (hanseníase), neuropatia periférica (neuropatia diabética). SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO: compressão do nervo mediano no túnel do carpo (ossos e retinaculos). Sintomas: + Dor e/ou parestesia na mão. + Déficit sensitivo no território do nervo mediano. + Pior à noite ou após uso frequente. + Melhora com movimento (“sacudir”) das mãos (sinal de flick). + Derruba objetos. Exame físico: + Alteração de sensibilidade predominantemente no território do nervo mediano (testar na ponta do terceiro dedo). + Pode ter alteração autonômica (mão mais seca, fria, úmida, cianótica). + Hipotrofia ou fraqueza da região tenar. + Manobra de Phalen: paciente junta os punhos fazendo uma angulação de 90° durante 60s, reproduzindo clínica de parestesia ou dor. Sensibilidade cerca de 51%, especificidade de 76%. + Sinal de Tinel: percussão de qualquer trajeto de nervo periférico, produzindo sintomas no seu território proximal ou distal. No nervo mediano tem sensibilidade de 60% e especificidade de 47%. + Formato do punho: - Calcular a relação entre a largura e a altura do punho, se ela for maior ou igual a 0,7 indica uma maior predisposição para a síndrome. Sensibilidade é de 69%. - Se não puder medir, pode-se usar o polegar e o terceiro dedo da outra mão para abraçar o pulso. Se não conseguir fechar tem predisposição a síndrome. Exames complementares: ultrassonografia (espessamento do n. mediano). Tratamento: + Tratar causa: diabetes mellitus, hipotireoidismo, artrite reumatoide, etc. + Uso de tala: imobilização, evitando movimentos inconsciente. + Infiltração local: diminuição da dor. + Descompressão cirúrgica. HANSENÍASE: infecção pelo Mycobacterium leprae (BAAR), que prefere áreas mais frias e superficiais. Transmissão se dá por contato frequente e prolongado do paciente e portadores da Página � de �24 79 forma multibacilar. Bacilo invade célula de Schwann, provoca dismielinização, reação inflamatória e fibrose do nervo. Segue-se a isso a remielinização e consequente espessamento do nervo (pelas frequentes dismielinizações e remielinizaçãoes). Diagnóstico: + Clínica: lesão de pele e nervo; madarose (queda de parte da sobrancelha); hipoestesia e parestesia no território do nervo; - Nervos mais afetados: n. sural, n. ulnar, n. radial superficial, n; auricular posterior, n. mediano (no túnel do carpo), n. fibular (na cabeça da fíbula). + Exames complementares: reação de Mitsuda (prognóstico); baciloscopia; exame histopatológico; sorologia?, PCR?. Tratamento: Dapsona, rifampicina, clofazimina. Lembrando que as duas primeiras podem causar neuropatia periférica pós-tratamento. NEUROPATIA DIABÉTICA: Manifestação clínica: pode fazer mononeuropatia, polineuropatia, mononeuropatia multipla, comprometimento visceral, etc. + Polineuroparia simétrica: é o mais comum. Tem sintomas distais em membros inferiores que evoluem para afetar também membros superiores. Há disestesia ( pior à noite); hipoestesia; alterações tróficas de pele e fâneros; fraqueza distal; hiporreflexia aquileu. - Hipoestesia em pés: sensibilidade de 90% e especificidade de 85-89%. Maior chance para o desenvolvimento de úlceras distais. Fisiopatologia: relacionada a hiperglicemia e a associação desta com dislipidemia e hipertrigliceremia. Isso altera os estímulos inflamatórios dentro das células, levando há um acumulo de radicais livres e apoptose da célula. Pode ter tanto comprometimento da parte vascular do nervo quanto do nervo propriamente dito. Tratamento: controle glicêmico intensivo; controle da dislipidemia; tratamento da dor neuropát ica. A dor pode ser muito incapacitante, chegando ao uso de tricíclico, IRS, bloqueadores de canais de cálcio, opióides. Caso um deles não tenha efeito pode-se alternar entre esses medicamentos ou combina-los. Página � de �25 79 Paralisia flácida aguda A fraqueza é uma queixa comum em prontos socorros. Cerca de 65% destes tem uma fraqueza generalizada. MIELITE TRANSVERSA IDIOPÁTICA: processo inflamatório na medula sem causa aparente. Critérios diagnósticos: + Critérios de inclusão: - Desenvolvimento de disfunção sensorial, motora ou autonômica atribuída à medula espinal. - Sintomas e sinais bilaterais (não necessariamente simétricos). - Nível sensitivo claramente definido. - Neuroimagem excluindo compressão extra-axial. - Inflamação na medula espinhal demonstrada por plocitose na LCR. Índice de IgG elevada ou realce do gadolínio na ressonância magnética dentro dos primeiros 7 dias - Progressão clínica com um nadir entre 4 horas e 21 dias após o início. + Critérios de exclusão: - História de radiação na coluna antes dos 10 anos. - Uma clara distribuição de déficits clínicos compatíveis com trombose da artéria espinal anterior. - Fluxo anormal sobre a superfície da medula espinhal que poderia ser consistente com uma malformação arteriovenosa. - Evidências sorológicas ou clínica de uma doença sistêmica autoimune. - Manifestações no SNC de uma causa infecciosa (ex. sífilis, doença de Lyme, HIV, HTLV-1, Mycoplasma, etc). - Lesões cerebrais na ressonância que são sugestivos de esclerose múltipla. - Neurite óptica prévia. Diagnósticos diferencial: doença desmielinizantes (ex. esclerose múltipla, neuromielite optica); doenças inflamatórias ou autoimunes (ex. LES, neurosarcoidose, Behçet); infecção bacteriana (ex. sífilis, tuberculose), viral (ex. herpes simples, CMV, EBV, influenza), parasitária (ex. toxoplasmose), fungica (ex. aspergilose); paraneoplasico. Paciente 1: mulher, 25 anos, previamente hígida. Há 15 dias teve dor abdominal, que evoluiu para tetraparesia flácida arreflexa e insuficiência respiratória (necessitou de intubação e ventilação mecânica). Nervos cranianos normais, sensibilidade normal. + Exames de complementares: - LCR: leucócitos 5/mm3, proteína 374 mg/dl. Suspeita de SGB. Feito imunoglobulinas intravenosas, mas sem melhora clínica. Solicitou-se então outros exames. - Porfobilinogênio urinário, coproporfirina e dosagem de ácido delta aminolevulínico normais. Suspeita de porfiria intermitente aguda. - EMG: discresia da amplitude do PAMC, com recrutamento diminuído, sensitivo normal. Isso mostrou que não é uma lesão desmielinizante e sim lesão de axônio. - Ressonância encefálica normal. - Ressonância cervical: alteração de sinal medular da junção bulbo-medular até a região distal da porção visualizada da medula, nas colunas anteriores da medula. SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ (SGB): distúrbio autoimune onde há lesão de nervos periféricos, pela formação de anticorpos anti-mielina ou anti- axônio. Por isso pode ser a síndrome com subtipo desmielinizante ou com subtipo axonal. Evolução: começa com uma infecção (ex. via aérea, do trato gastrointestinal, etc), seguida pela formação de anticorpos anti-gangliosideo. Após isso começam os sintomas, que devem progredir em menos de 4 semanas,até atingir um platô. Depois pode melhorar, podendo ainda ter uma incapacidade residual ou não. Critérios diagnósticos. + Necessário para o diagnóstico: fraqueza progressiva em membros inferiores e superiores associado a uma hipo ou arreflexia. + Aspectos adicionais: progressão em até 4 semanas; relativamente simétrico; sintomas sensitivos leves; alteração de nervo craniano (principalmente paralisia facial bilateral); disautonomia; dor. Página � de �26 79 + Duvida diagnóstica: suspeitar do diagnóstico se: LCR com mais de 50 células/ul; disfunção pulmonar grave em fraqueza inicial; sintomas sensitivos graves com pouca fraqueza; disfunção esfincteriana desde o início ou persistente; febre; nível sensitivo; fraqueza muito assimétrica; progressão por mais de 4 semanas. Prognóstico: depende de alguns fatores. Há um score que se faz na admissão hospitalar e depois de sete dias de admissão. Ele avalia a probabilidade do paciente não voltar a caminhar. Esse score considera: + Idade. + História de diarreia a até 4 semanas antes da fraqueza. Isso porque sugere infecção pelo Campylobacter jejuni, que faz a forma axonal (prognóstico pior). + Avaliação de grupos musculares. ! Tratamento: imunoglobulina hiperimune (2g/kg/ 5 dias); plasmaferese (cinco sessões em 2 semanas); analgesia; suporte ventilatório; cuidados intensivos. Paciente 2: homem, 58 anos. Há 16 dias, diminuição da força em membros inferiores, piora progressiva, de caráter ascendente, acometendo cintura pélvica, tronco, membros superiores, alteração da voz e dispneia. Ao exame tetraparesia flácida, predominantemente distal, arreflexa. Hipoestesia tátil e dolorosa em luva até cotovelo. + Exames complementares: - LCR: leucócitos 1/mm3, proteína 280 mg/dl. - EMG: polineuropatia desmelinizante com degeneração axonal secundaria e bloqueio de condução em nervos mediano e ulnar. Bloqueio de condução em um quadro agudo chama atenção para SGB. + Conduta: plasmaerese, com melhora clínica. PORFIRIA INTERMITENTE AGUDA: deficiência de porfobilinogênio deaminase pela mutação do gene HMBS (11q23.3). Isso causa um acumulo de ácido delta aminolevulínico no sangue porfobilinogênio na urina. Diagnóstico: urina avermelhada após exposição à luz; confirmação pelo acumulo de metabólitos (ácido delta aminolevulínico no sangue porfobilinogênio); dosar atividade de enzima; teste genético. Paciente 3: homem, 34 anos. Epilepsia desde 14 anos e idade, em uso de fenítoina e fenobarbital. Há 6 meses teve crise convulsiva, com fraqueza generalizada. Foi atendido em outro serviço, sendo encaminhado para fisioterapia, onde teve melhora parcial. Há 2 semanas, piora global da força muscular, com dispneia (necessidade de intubação e ventilação mecânica). Exame com diparesia facial, tetraparesia grave flácida, de predomínio distal, arreflexa. Hipoestesia tátil de mão direita e todo membro inferior esquerdo. + Exames complementares: - LCR: leucócito 2,5/mm3, proteína 26,1 mg/dl. - Dosagem de ácido delta aminolevulínico: 66,10 m/g de creatinina (VR < 4,5). - Porfobilinogenio urinário 1,38 mg/dl (VR < 0,1). - EMG: ausência de todos os potenciais sensitivos e motores testados, com desenervação aguda difusa. MIASTENIA GRAVIS: doença autoimune, com formação de diversos anticorpos, sendo os principais o anticorpo anti-receptor de acetilcolina. Diagnóstico: anticorpo anti-receptor de acetilcolina; teste de estimulação com decremento maior que 10%. Paciente 4: mulher, 17 anos, hígida. Há 3 dias, febre com dispneia (necessidade de intubação e ventilação mecânica). Ao exame pstose palpebral, diparesia facial, tetraparesia global, reflexos global ++/4+, sensibilidade normal. História relatada pelos familiares de que há 3 meses disfoia, dipoplia, ptose palpebral; há 2 meses fraqueza apendicular; há 1 mês disfagia. + Exames complementares: - EMG: teste de estimulação repetitiva com decremento de 51,2% em nervo mediano e 53,5% em nervo facial. - Anticorpo anti-AchR: 6,24 nmol/l (VR < 0,15). INTOXICAÇÃO POR ORGANOFOSFORADOS: inibe irreversivelmente a enzima acetilcolinesterase, aumentando a acetilcolina na fenda sináptica. Com isso o sistema nervoso parassimpático fica hiperestimulado. Há retorno aos níveis normais quando há síntese de nova Página � de �27 79 enzima. Manifestações clínicas: miose, vomito, fasciculações, diarreia, bradicardia, sudorese, salivação, desidratação, hipotensão, pneumonia (aspiração das secreções), convulsões. Exames complementares: + Eletroneuromiografia: decremento significativo em baixa frequência seguido de incremento em alta frequência. Disfunção da fenda sináptica. Tratamento: atropina e tratamento suportivo. + Atropina: anticolinérgico que diminui os sintomas muscarinicos. Cuidado para não dar em excesso e causar intoxicação pela atropina. Paciente 5: homem, 37 anos. Há 12 horas, tetraparesia progressiva, acometendo face e segmento bulbar, evoluindo para insuficiência respiratória (necessidade de intubação e ventilação mecânica). Ao exame hiperemia conjuntival com miose; Hipotensão arterial, bradicardia, broncorreia; fasciculações difusas + Exames complementares: - EGM: PAMC repetitivo com decremento significativo seguido de incremento. - Colinesterase sérica - 230 U/L (VR > 4200) + Evolução: filha confirmou ingestão de organofosforados com intenção suicida. + Conduta: tratamento com atropina e ventilação mecânica de suporte. Extubado no terceiro dia de internação. MIOPATIA NECROTIZANTE: inflamação e necrose de fibras musculares desencadeadas por infecções (ex. HIV), drogas ou medicamentos, neoplasias. Paciente 6: homem, 19 anos hígido. Há 1 mês, mialgia difusa após esforço físico, acompanhado de edema muscular, evoluindo para fraqueza proximal de membro inferiores, fraqueza proximal dos quatro membros e cervical e febre. + Exames complementares: CK 26.167 U/l (VR < 200); anti-HIV positivo; EMG miopático; biopsia muscular com mioptia necrotizante, com fofatase ácida (indica disfunção do lisossomo) e fosfatase alcalina (reação inflamatória em atividade). + Tratamento: prednisona e imunoglobulina intravenosa, mostrando melhora clínica. Pac . NC HX/Lab EMG LCR Diagnóstico 1 Normais Diminuição de recrutamento Aumento de proteína Mielite transversa 2 Normais Desmielinizante e bloqueio de condução Aumento de proteína SGB 3 Dispiaresia facial Epilepsia/ fraqueza recorrente Ausência de potenciais Normal Porfiria intermitente aguda 4 Ptose palpebral Ac AchR+ TER om decremento - Miastenia gravis 5 Miose, broncorre ia Bradicardia PAMC repetitivo, TER com decremento - Intoxicação por organofosforados 6 Normais Aumento de CK Miopático - Miopatia necrotizante Página � de �28 79 ! Página � de �29 79 Síndromes hipocinéticas Incluídas nos distúrbios de movimento antigamente chamados de síndromes extrapiramidais. Podem ser de dois tipos, as síndromes hipocinéticas (ex. Parkinson) e as síndromes hipercinéticas (ex. coreias, discinesias). ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO: Programação: giro da área motora pré-central (área motora suplementar). Para programar o movimento recebe informações do lobo parietal (sensitivo – informações periféricas). Execução: pela via piramidal. Tem origem no córtex motor, descendo pelo trato corticoespinhal (primeiro neurônio motor), faz conexão com outro neurônio na medula (segundo neurônio motor), que sai para o músculo. Coordenação: cerebelo, que também recebe informações periféricas e mantem conexão com lobo frontal. Uma alteração no cerebelo causa falta de coordenação (ex. dismetria, ataxia). Modulação: gânglios da base. Alterações nestes causam hipocinesia e hipecinesia. PARKINSONISMO: Critérios diagnósticos: deve ter dois dos quatros sintomas abaixo, sendo que um deve ser, obrigatoriamente, a bradicinesia. + Bradicinesia: lentidão anormal dos movimentos. Pode ser percebido por “facies de jogador de poker” (diminui o número de piscadas [do normal 24/min pisca 4-12/min], ausência de expressãofacial), sialorréia; marcha sem mover braços; movimentos repetitivos. - Bradicinesia x Oligocinesia: a oligocinesia já começa o movimento lento, enquanto na bradicinesia há um decremento (diminui o movimento aos poucos). + Rigidez muscular: pode ter sinal da roda denteada. - Hipertonia plástica x Hipertonia espástica/elástica: a hipertonia elástica ou espastica (ex. AVC) é velocidade dependente (quanto maior a velocidade pior a rigidez). A hipertonia plástica do parkinsonismo é presente durante todo o momento. + Tremor: em pronação-supinação (“contar dinheiro”). - Tremor de parkinsonismo x Tremor essencial: o tremor essencial é comum nos idosos e é um tremor de ação (postural – flexão extensão). O tremor de parkinsonismo é predominante em repouso, quando faz a ação ele diminui. + Instabilidade postural: é um sinal mais tardio. Classificação + Doença de Parkinson idiopática: principal causa de parkinsonismo (74,74%). - Doença de Parkinson idiopática (clássica): 68,9% dos casos de parkinsonismo. - Parkinsonismo de início precoce - Parkinsonismo juvenil + Parkinsonismo secundário: medicamentos (7,88%), vascular (4%). + Parkinsonismo atípico (plus): doenças neurodegenerativas muito graves – paralisia supranuclear progressiva (PSP) (2%), atrofia múltiplos sistemas (MAS) (1,8%), degeneração corticobasal, demência por corpos de Lewy. + Parkinsonismo heredodegenerativo: doença de Wilson, doença de Huntington, ataxia espinocerebelar. PARKSONISMO SECUNDÁRIO: causado por drogas; hidrocefalia; infartos SNC; infecções SNC; tumores e traumas SNC. PARKINSONISMO SECUNDÁRIO AO USO DE DROGAS: flunarizina, cinarizina, neurolépticos, diltiazem, amlopidina, captopril. Geralmente tem regressão dos sintomas após interrupção da medicação, mas em uma pequena população isso não ocorre. Bloqueadores de canal de cálcio: flunarizina ou cinarizina. Usados indiscriminadamente em nosso meio para “labirintite”. Comum em mulheres idosas, com Parkinsonismo com predomínio de tremor. Em geral não é assimétrico. Neuroléptico: síndrome rígido-acinética. O neuroléptico é uma droga antidopaminérgica, que tem como objetivo diminuir a ação da dopamina no sistema límbico (receptores D3, D4 e D5). Entretanto, os neurolépticos típicos podem acabar agindo no gânglio da base (receptores D1 e D2). Para o neuroléptico funcionar ele tem que ocupar mais de 60% dos receptores, mas se ele bloquear mais de 80% ele causa parkinsonismo. O mesmo não ocorre nos neurolépticos atípicos (ex. clozapina e quetiapina), que bloqueiam principalmente receptor D3 e pouco receptor D2, não Página � de �30 79 ocupando mais de 70-80% dos receptores. PARKINSON ATÍPICO: paralisia supranuclear progressiva (PSP); atrofia de múltiplos sistemas (AMS) (AMS-P, AMS-C); Degeneração córtico-basal (DCB); demência com corpos de Lewy difuso (DCLD). São cerca de 10% dos casos de parkinsonismo. PARALISIA SUPRAVENTRICULAR PROGRESSIVA (PSP): é o mais comum dos atípicos. Pode ser PSP possível, provável e definido. É um parkinsonismo progressivo, simétrico, sem tremor, não consegue olhar para baixo (“sinal da gravata suja”). Ocorre em pessoas com mais de 40 anos, com disfunção cognitiva, distonia cervical, instabilidade postural, quedas. Paralisia supranuclear, vertical, movimento sacádico lento. Paralisia pseudo bulbar. ATROFIA DE MÚLTIPLOS SISTEMAS (AMS): pode ser MAS possível, provável ou definida. Dissfunção autonômica (ex. incontinência urinaria, sincope, etc), parkinsonismo, disfunção cerebelar e disfunção piramidal. Outros sinais incluem mioclonias, estridor inspiratório, distúrbio comportamental do sono REM, sinal da cadeira de rodas, anterocolo, síndrome “Pisa”, fenômeno de Raynaud. DEGENERAÇÃ CÓRTICO-BASAL: curso progressivo, com assimetria, com disfunção cortical superior (apraxia, perda da sensibilidade cortical, membro alienígena, levitação, disfasia). Transtorno de movimento: parkinsonismo sem resposta ao uso de levodopa, distonia, mioclonia focal reflexa. DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY DIFUSOS: parkisonismo; demência frontal; hipersensibilidade a neurolepticos; alucinações precoces (na doença de Parkinson é depois de 10-12 anos); marcada flutuação do nível de alerta e cognitivo; sincope. PARKINSONISMO HEREDO-DEGENERATIVO: doença de Wilson, doença de Huntington, doença de Hallevoden-Spatz, doença de Machado-Joseph, etc. DOENÇA DE PARKINSON: causa mais comum de parkinsonismo. DEFINIÇÃO E ETIOPATOGENIA Teoria clássica: doença neurodegenerativa progressiva, relacionada a perda de neurônios dopaminérgicos da parte compacta da substancia negra (mesencéfalo), que leva a perda de dopamina e uma disfunção nigro-estriatal. Essa degeneração ocorre pela formação de corpos citoplasmáticos chamados Copos de Lewy, um agregado proteico composto principalmente alfa- sinucleína (por isso é considerada uma sinucleinopatias). Acreditava-se que isso ocorria pela interação entre genes (ex. PARK) e ambiente. Teoria de Braak: estudos de Braak mostraram que o Parkinson não é uma doença somente dopaminérgica. Diferente do que acreditava-se a doença não começa no mesencéfalo, mas sim no bulbo. Por isso hoje é definida como doença neurodegenerativa progressiva, multisistêmica, com comprometimento de vários sistemas monoaminérgicos (dopaminérgico [motor], noradrenérgico [sono REM], colinérgico [memória e cognição] e serotoninérgico [depressão]). + Estágios de Braak: 1.Bulbo e nervo olfatório – há obstipação e perda de olfato precoce. 2.Ponte (locus ceruleus [noradrenérgico] e núcleos da rafe [serotoninérgico]) – distúrbios de sono e depressão. 3.Mesencéfalo (substância negra) – sinais motores. 4.Lobo temporal – perda de memória. 5.Lobo frontal – perda da função executiva. 6.Comprometimento difuso. Outras hipóteses em estudo: + O intestino parece ter mais neurônios do que o cérebro (segundo cérebro). Além disso, biopsias do intestino encontraram sinucleina no local. Por isso há uma hipótese atual de que a doença de Parkinson começa no intestino. Acredita-se que um patógeno do intestino migra para o bulbo pelo nervo vago, difundindo-se no cérebro. FATORES DE RISCO: antigamente pensava-se que agrotóxicos eram fatores de risco, hoje pensa- se que drogas possam ser (ex. efedrona?). FATORES PROTETORES: ácido úrico alto; cigarro; café; chá verde; ban-chá. EPIDEMIOLOGIA: a doença de Parkinson é considerada a segunda doença neurodegenerativa mais comum (perde para Alzheimer). Tem uma incidência de 4,9-26 casos por 100.000 habitantes e prevalência de 102-190 casos por 100.000 habitantes. Afeta 2% das pessoas com idade maior que 65 anos. Página � de �31 79 TIPOS: Idade: é uma divisão importante porque há fatores genético envolvidos, sendo que quanto mais jovem a doença aparece maior é o componente genético (5% na clássica, 50% na precoce e 80% na juvenil). + Doença de Parkinson idiopática (clássica): começa por volta dos 60-65 anos. Corresponde a 80% dos casos de doença de Parkinson. + Parkinsonismo de início precoce: começa abaixo do 45 anos. Corresponde a 10% dos casos. + Parkinsonismo juvenil: começa abaixo do 21 anos. Corresponde a 1% dos casos. Sintomas: + Clássico: postura simiesca. + Acinético: não treme. Ocorre em 30% dos casos. + Com tremor predominante: só treme, não tem rigidez. + Com instabilidade postural ou dificuldade de marcha: maligno. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: Parkinsonismo: bradicinesia, rigidez muscular, tremor e instabilidade postural. Assimetria: um lado pior que o outro. Reposta ao uso de levodopa: melhora tem que ser até nos 3 primeiros anos (honeymoon). Flutuações motoras: aparecem cerca de 3 anos depois do começo do uso de levodopa. + Encurtamento do efeito (wearing off): efeito acaba antes e por isso acaba diminuindo o intervalo entre as doses. + Efeito “on” e “off”: ocorre uma mudança brusca do estado de mobilidade do paciente sem que haja uma relação com o horário de tomada das doses da levodopa. Ausência de red flags: as red flags são sinais que sugerem que nãoé doença de Parkinson, pois não são comuns na fase inicial desta. + Red flags: disfunção autonômica intensa e precoce (ex. disfunção erétil, incontinência urinaria, hipotensão postural, sincope); demência precoce; ataxia cerebelar; neuropatia periférica; sinais piramidais; paralisia da mirada vertical (paralisia ocular); apraxia; síndrome do membro alienígena; mioclonia; distonia; déficit sensitivo cortical; discinesias "atípicas" (discinesia de boca após uso de levodopa?); sinal da "cadeira de rodas"; queda precoce. SINAIS E SINTOMAS: Motores: + Tremor: - I: tremor típico – tremor em repouso, muito pouco tremor postural e em ação. - II: tremor em repouso, postural e em ação. - III: tremor postural e em ação. - IV: Tremor de repouso monosintomático. + Bradicinesia: lentidão dos movimentos. - Acinesia: diminuição dos movimentos espontâneos. Visto na expressão facial, ausência de movimentos “swing” dos membros superiores durante a marcha, bloqueio motor. - Hipocinesia: movimentos lentos e “menores”. Há micrografia (começa com letra grande e vai diminuindo). + Rigidez: - Hipertonia plástica: rigidez muscular (músculos flexores e extensores). - Sinal da “roda denteada”: ou fenômeno da roda denteada de Negro. - Sinal de Froment: sinal da roda denteada à manobra passiva do membro afetado com movimento voluntário do membro contralateral. + Instabilidade postural: pull test - médico dá um puxão nos ombros do paciente, verificando a capacidade do paciente de ficar em pé e a presença dos já conhecidos reflexos posturais. Não-motores: apatia; disfunção cognitiva (disfunção executiva, déficit de atenção, disfunção visuo-espacial, demência); psicose; depressão; ansiedade ou pânico. Sinais preditivos: aparecem antes dos sinais motores (cerca de uns 10 anos antes) - perda de olfato; obstipação intestinal; depressão; distúrbio comportamental do sono REM (movimenta-se durante o sono REM). ESTADIAMENTO DE HOEHN-YAHR: I. Unilateral. II. Bilateral. III. Instabilidade postural. IV. Distúrbio de marcha ou quedas. V. Cadeirante ou acamado. + I e II são considerados estágios leves; III estagio médio; e IV e V estágios graves. + Pode levar 15-20 anos para o paciente passar por essas fases. Página � de �32 79 NEUROIMAGEM + SPECT cerebral: cintilografia cerebral. Pode-se marcar a dopamina, vendo a captação dela no SNC. Se a captação for assimétrica, há indicio de parksonismo. Se o déficit é a esquerda há parkinsonismo há direita. EVOLUÇÃO: nem todos os pacientes passam por essas fases. 1. Sinais preditivos. 2. Sinais motores. 3. Sinais não motores aumentam. 4. Flutuações e discinesias. 5. Disautonomia (piora disfunção urinária, disfunção erétil, etc). 6. Distúrbios cognitivos (distúrbios cognitivos leves e demências). 7. Distúrbios neuropsiquiátricos (psicoses). 8. Comorbidades (ex. HAS, DM, etc). 9. Cuidadores. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL; parkinsonismos atípicos, tremo essencial (principal). Tremor essencial: tremor que aparece após os 60 anos. Possui uma forma juvenil, mas é rara. Controle apenas de 70% dos casos. + Epidemiologia: prevalência é muito maios que da doença de Parkinson (450/100.000). É uma doença com fator genético (familiar 50%) e ambiental (estresse). + Sintomas: - Tremor em posição e ação (não é tremor em repouso). É bilateral e não necessariamente simétrico. Melhora com uma dose de álcool ou beta-bloqueador. - Não vem acompanhado de outros sintomas motores (ex. bradicinesia, rigidez). + Doença de Parkinson e tremor essencial: no paciente idoso é difícil de diferenciar, pois apesar do tremor não ter rigidez o idoso pode apresentar uma lentificação natural. O tremor é confundido principalmente com parkisonismo tremulante benigno, onde há tremor e pouquíssima bradicinesia (usar SPECT). TRATAMENTO: fisioterapia; fonoterapia (método de Lee-Silverman); fármacos; cirurgias. + Fase inicial: início com IMAO-B; acrescenta agonista dopaminérgico cerca de 1 anos depois; quando não surtir mais efeito adiciona a levodopa. + Fase intermediária: levodopa; IMAO-B, agonista dopaminerigico, ICOMT e amantadina. + Fase avançada: polifarmacia – tratamento das flutuações e discinesias, disautonomia, distúrbios do sono, disfunção cognitiva, distúrbios psiquiátricos. Tratamento de sintomas motores: + Fármacos: - IMAO: selegelina, rasagifina. Impede a destruição de dopamina pela monoamino oxidase, aumentando o neurotransmissor na fenda sináptica. Uma das primeiras escolhas, mas a potência é pequena. - Agonista dopaminérgico: pramipexole, rotigotina, apomorfina. Tem forma semelhante à da dopamina. A vantagem é que não perde efeito, a desvantagem é que é mais fraco que a levodopa. - Levodopa: várias apresentações. É o padrão ouro, mas como perde o efeito com o tempo não é a primeira escolha. Não deve ser usado com comida (perde 30% do efeito – faz competição com proteínas da alimentação). - ICOMT: entacapone, talcapone. Impede a destruição de dopamina pela CONT, aumentando o neurotransmissor na fenda sináptica. Deve ser usado junto com a levodopa. - Amantadina: usado quando tem discinesia. + Neurocirurgia: palidotomia, DBS. Tratamento de sintomas não-motores: antidepressivos; ansiolíticos (ex. clonazepam); hipnóticos (ex. clonazepam); uso de domperidona; laxantes; drogas para distúrbios do sono (ex. clonazepam); drogas para hipotensão postural; drogas para incontinência urinária; drogas para a disfunção erétil; drogas anti-psicóticas atípicos; drogas inibidoras da acetil-colinesterase. Tratamento de comorbidades: HAS, hipotireoidismo, etc. Interações medicamentosas: inibidores da bomba de prótons (lesão renl, diminui absorção de levodopa); medicações pro-cineticas; medicações para incontinência urinaira (efeito anti- colinergico, hipotensão postural, sincope). Página � de �33 79 Acidente vascular encefálico É uma doença súbita, devastadora (raro não ter sequelas) e emergencial. ANATOMIA: Vascularização arterial encefálica: pode ser basicamente dividida em duas –anterior (a. carótida) e posterior (sistema vertebrobasilar). + Artéria carótida: lembrar que é um dos principais sítios de aterosclerose (área de bifurcação - shear stress). + Artéria vertebral: como passa pelo atlas, pacientes com artropatia ou lesão cervical grave podem ocasionar compressão da artéria ao fazer extensão e alguns movimentos de rotação cervical. Essa artéria também está suscetível a alterações do ponto de vista aterosclerótico na junção para formação da basilar. + Polígono de Wilis: junção do sistema anterior e posterior via artérias comunicantes (anterior posterior). É um importante mecanismo compensatório para evitar isquemia. EPIDEMIOLOGIA: Mortalidade: 20% em 30 dias, 30% em 1 ano e 70% em 5 anos (dependência – infecção urinária, pneumonia, trombose de membro inferior, etc). Recorrência: 40% em 30 dias, 20% em 1 ano e 30% em 5 anos. Dependência: em 6 meses 30% ficam completamente restritos, 40% dependentes e apenas 30% independentes. Cerca de 70% não voltam ao trabalho e 34% tem demência em 1 ano. Escalas funcionais de AVD e escore de Rankin-m e índice de Barthel. FATORES DE RISCO: modificáveis e não modificáveis. + Não modificáveis: idade (dobra a cada 10 anos), sexo masculino (1,2H:1M), fatores raciais (mais em asiáticos e afrodescendentes) e hereditariedade. + Modificáveis: hipertensão arterial (principal), tabagismo, sedentarismo, dislipidemia, diabetes, abuso de álcool, obesidade, contraceptivos hormonais, doenças do coração, fibrilação atrial (crônica, paroxística, secundária [hipertireoidismo, IAM]), doença de carótida (assintomática ou sintomática), ataque isquêmico transitório. Obs: “red line” – doença arterial obstrutiva periférica, coronariopatias e AVCs. Estratificação de risco: + Estudo de Framingham: permite avaliar o prognóstico de acordo com os fatores de risco Síndrome metabólica: três dos 5 critérios de síndrome metabólica já triplicam o risco de AVE. + Obesidade central: circunferência da cinturasuperior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem. + Hipertensão arterial: pressão arterial sistólica >130 e/ou pressão arterial diastólica >85 mmHg; + Glicemia alterada: glicemia maior que 110 mg/dl ou diagnóstico de diabetes. + Triglicerídios: maior ou igual a 150 mg/dl. + HDL colesterol: menor ou iguala 40 mg/dl em homens e menor ou igual a 50 mg/dl em mulheres. Página � de �34 79 FISIOPATOLOGIA: Pressão de perfusão cerebral: no AVE o objetivo é manter a pressão de perfusão, por isso ocorre uma autorregulação cerebral. Inicialmente há utilização de vasos colaterais e vasodilatação, seguida de um aumento da extração de oxigênio. A pressão de perfusão cerebral, que geralmente é de 120 mmHg, pode chegar até cerca de 30mmHg sem ter sintomatologia. Isso porque abaixo disso começa a ocorrer isquemia e morte celular. + Lembrando que os valores da pressão de perfusão são alterados em pacientes hipertensos. Atividade elétrica: após 12-15s da interrupção do fluxo sanguíneo cerebral há uma alteração da atividade elétrica. Após 2-4 minutos há falha na excitabilidade sináptica. E após 4-6 minutos há falha na excitabilidade elétrica. Isso ocorre no AIT, pois há uma falta de atividade elétrica momentânea. Penumbra: área parcialmente perfundida, mas ainda viável, que deve-se concentrar os esforços terapêuticos (tempo dependente [ex. 4h a 24h]). A penumbra isquêmica ocorre quando o fluxo sanguíneo cerebral está entre 8-18ml/100g/min, sendo que um fluxo abaixo de 8/100g/min já causa morte celular. Atualmente há programas de imagem para ressonância que mostram a área de isquemia irreversível (core) e a potencialmente reversível (mismatch) via valores de difusão e perfusão. TIPOS DE ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: isquêmico (80-85%) ou hemorrágico (15-20%). Os hemorrágicos podem ser intraparenquimatosos ou subaraquinóideos (HSA) (7%). Diferenças: + Clínica: não é possível diferenciar. + Exame de imagem: o AVE isquêmico fica escuro e o hemorrágico fica esbranquiçado. A tomografia é basicamente para excluir hemorragia, mas também para identificar lesão estrutural subjacente (ex. tumor). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: alterações súbitas. + Alteração de força e/ou sensibilidade em um ou ambos os lados do corpo. - Paralisia facial central não afeta andar superior (ausência de rugas frontais), diferente da paralisia periférica. Muito raramente alguns AVC podem pegar núcleo de sétimo par. + Dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos. + Dificuldade para falar, entender e se comunicar. + Dor de cabeça súbita e atípica (mais para hemorrágico). + Dificuldade para a marcha ou o equilíbrio. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ‘Stroke mimics’: história súbita. + Distúrbios metabólicos (glicose, sódio, hepatopatias). Hipoglicemia é o mais comum. + Crises convulsivas (paralisia de Todd), migrânea, encefalopatia hipertensiva. + Hematoma subdural, trombose de seio, tumores, abuso drogas. + Infecções, esclerose múltipla infecções + Síncope. Sinais e Sintomas insuficientes para o diagnóstico: alteração sensitiva monosegmentar; disartria isolada; disfagia isolada; diplopia isolada; vertigem isolada. ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT): sintomas temporários até 24h (geralmente 2h). Cerca de 15-30% dos AVC isquêmico são precedidos por AIT – 69% na semana do AVC, 17% no dia do AVC, 9% no dia anterior. Por isso mesmo pacientes com recuperação total dos déficits devem ser avaliados em caráter de emergência e receber atendimento especializado (classe I, nível A). Amaurose fugaz: perda de visão súbita unilateral é um dos sintomas mais frequentes de AIT. Score ABCD: a partir da idade, pressão arterial, clinica, duração e presença de diabetes determina o risco de AVC em 2 dias e a conduta. Página � de �35 79 + Risco e conduta: - 0-3: risco em 2 dias de 1%. Observação hospitalar pode ser desnecessária, sem outra indicação (ex nova fibrilação atrial). - 4-5: risco em 2 dias de 4,1%. Observação hospitalar justificada na maioria das situações. - 6-7: risco em 2 dias de 8,1%. Observação hospitalar é recomendável. Obs: amaurose fugaz geralmente dura menos que 10 minutos. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO: CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA E FENOTÍPICA: há diversas classificações como TOAST (primeira classificação feita), ASCO e ASCOD, sendo esse último o mais relevante. Classificação etiológica de SSS-TOAS: ACE isquêmico representa 80% dos casos – grandes vasos (20%), cardioembólico (20%), pequenos casos (25%), indefinidos (30%), outras etiologias (5%). Classificação fenotípica de ASCOD: A – aterosclerose de grandes artérias; S – aterosclerose de pequenos vasos (lesão menor que 1,5-2); C – cardioembólico; O – outras etiologias (ex. vasculites, doenças imunológicas, coaulopatias); D – dissecção. Sendo divididos em 1 (causa do evento), 2 (pode estar relacionado ao evento) e 3 (doença presente não relacionada). + Embora o evento do AVC é secundário a uma das doenças citadas, deve-se lembrar que o paciente pode ter mais de uma doença associada. Ou seja, diferente do TOAST o ASCOD permite ver as doenças associadas sem relação direta com o evento (ex. paciente A1, S2, C3). + A definição fenotípica é feita pela história clínica, exames complementares (principalmente procurar placas ateroscleróticas [doppler] e anormalidades no coração [ecocardio]) e exames de imagem. SÍNDROMES Síndromes lacunares (LACS): geralmente por aterosclerose de pequenos vasos (associado a hipertensão, diabetes, etc). Síndrome motora pura; síndrome sensitiva pura; disartria - “Clumsy Hand”; hemiparesia atáxica. Sem afasia, distúrbio visuoespacial, distúrbio campo, visual, cognitivo e déficits proporcionados (braço e perna proporcional). Síndrome circulação anterior total (TACS): hemiplegia; hemianopsia; disfunção cortical superior (linguagem, função visuoespacial, nível de consciência); 25% hematoma intraparenquimatoso. Síndrome circulação anterior parcial (PACS): déficit sensitivo e motor com hemianopsia; déficit sensitivo e motor com disfunção cortical; déficit cortical com hemianopsia; déficit cortical e motor puro (monoparesia); disfunção cortical isolada. Síndrome circulação posterior (POCS): cerebelar. Paralisia par craniano (única ou múltipla) ipsilateral e déficit sensitivo e motor contralateral; alteração movimentos conjugados dos olhos; déficit sensitivomotor bilateral; hemianopsia isolada ou cegueira; disfunção cerebelar sem déficit de trato longo ipsilateral. SINAIS E SINTOMAS Cortical: afasia; hemiparesia completa; hemiparestesia completa; negligência espacial; hemianopsia homônima; desvio do olhar conjugado ipsilateral. Obs: embolias são na maioria das vezes corticais. Subcortical: hemiparesia pura; hemiparestesia pura; hemiparesia-ataxia; ausência de anormalidades em cognição, linguagem e visão. FATOR DE RISCO PONTO Idade ≥ 60 anos 1 PA Sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg 1 Clínica Fraqueza unilateral com ou sem comprometimento da fala 2 Comprometimento da fala, sem fraqueza unilateral 1 Duração ≥ 60 minutos 2 Entre 10-59 minutos 1 Diabetes 1 Página � de �36 79 Tronco: motor ou sensitivo dos quatro membros; sinais cruzados; olhar desconjugado; nistagmo; ataxia; disartria; disfagia. Quase sempre por lacuna e raramente embolia. Cerebelo: ataxia ipsilateral; ataxia marcha; disartria; nistagmo; disbasia; a basia. TRATAMENTO: preferencialmente após uma tomografia, mas se sinais e sintomas são característicos é melhor tratar mesmo se não tiver a tomo. Trombólise: muitas vezes o déficit apresentado na tomografia é muito menor que o dano real no paciente (penumbra não parece). Isso dificulta a decisão se faz trombólise ou não, correndo o risco de causar um sangramento e morte no paciente. A trombólise é indicada para áreas de penumbra, sendo portanto feita quando não aparece nenhuma alteração na tomografia nas primeiras horas. Se aparece alguma alteração é indicação que a isquemia é muito grande, não devendo fazer trombólise. + Alteplase (rt-PA):dosagem de 0,9 mg/kg endovenoso, sendo no máximo 90mg. Administração de 10% da dose em bolus e o restante em 60 minutos de infusão. + Critérios de inclusão: - AVC isquêmico em qualquer território encefálico. - Possibilidade de se iniciar a infusão do rt-PA dentro de 4 horas e 30 minutos do início dos sintomas (para isso, o horário do início dos sintomas deve ser precisamente estabelecido. Caso os sintomas forem observados ao acordar, deve-se considerar o último horário no qual o paciente foi observado normal). - Tomografia computadorizada do crânio ou ressonância magnética sem evidência de hemorragia. - Idade superior a 18 anos. + Critérios de exclusão: - Uso de anticoagulantes orais com tempo de protrombina (TP) >15s (RNI>1 ,5). - Uso de heparina nas últimas 48 horas com TTPa elevado. - AVC isquêmico ou traumatismo crânio-encefálico grave nos últimos 3 meses. - História pregressa de hemorragia intracraniana ou de malformação vascular cerebral. - Tomografia de crânio com hipodensidade precoce mais de 1/3 do território da ACM. - PA sistólica ≥185 mmHg ou PA diastólica ≥110 mmHg (em 3 ocasiões, com 10 minutos de intervalo) refratária ao tratamento anti-hipertensivo. - Melhora rápida e completa dos sinais e sintomas no período anterior ao início da trombólise. - Déficits neurológicos leves (sem repercussão funcional significativa). - Cirurgia de grande porte ou procedimento invasivo nos últimos 14 dias. - Hemorragia geniturinária ou gastrointestinal nos últimos 21 dias, ou história de varizes esofagianas. - Punção arterial em local não compressível na última semana. - Coagulopatia com TP prolongado (RNI >1 ,5), TTPa elevado, ou plaquetas <100000/mm3. - Glicemia < 50 mg/dl com reversão dos sintomas após a correção. - Evidência de endocardite ou êmbolo séptico, gravidez. - Infarto do miocárdio recente (3 meses). - Suspeita clínica de hemorragia subaracnóide ou dissecção aguda de aorta. + Complicações hemorrágicas: - Sinais de alerta: maior risco de hemorragia se NIHSS > 22, idade > 80 anos, abuso de álcool ou de drogas, aspects < 7, AVC prévio, crise convulsiva. - Fibrinogênio baixo - crioprecipitado 6-8U EV (alvo: 100 mg/gL); plasma fresco congelado 2 a 6 U (se não houver crioprecipitado); se plaquetas baixas: 6-8 U; concentrado de hemácias deixar hemoglobina > 10 mg%. + Recanalização: não é completa, sendo que quanto mais distal é a oclusão maior é a probabilidade de recanalização. Lembrando que pode ocorrer injuria pós-reperfusão. Controle da pressão arterial: paciente tem hipertensão compensatória (manutenção de pressão de perfusão cerebral). Por isso utilizar anti-hipertensivo endovenoso a nível hospitalar para Página � de �37 79 *Por telefone ou pessoalmente Tempo alvo Porta-avaliação 10 min Porta-neurologista* 15 min Porta-TC 25 min Porta-laudo da TC 45 min Porta-agulha (rt-pa) 60 min Acesso ao neurocirurgião 2h Admissão a um leito monitorado 3h pressão arterial maior que 180/105 mmHg se paciente candidato a trombólise (não precisa mais de mecanismo de compensação e não pode fazer trombólise com pressão alta [mínimo 180/110]) ou se está tendo lesão de órgão alvo. Monitorizar a pressão a cada 15 minutos durante o tratamento com anti-hipertensivos, observar hipotensão. + Pressão sistólica >200mmHg ou diastólica > 140 mmHg: nitroprussiato de sódio (Nipride) 1 ampola (50mg). Diluir em 250 ml d soro glicosado 5% e usar de 0,5 a 8 µg/kg/min. + Pressão sistólica 180-200mmHg ou diastólica 110-140 mmHg: esmolol, metropolol ou enalapril endovenoso. Metoprolol (Seloken) 1 ampola (5mg – 5 ml), aplicar 5 mg endovenoso a 1ml/min a cada 10 minutos até o máximo de 20 mg. Obs: não segue 8° joint (manejo de hipertensão). Cuidados gerais no atendimento agudo: + Estatina independente do lipidograma. + Manter glicemia menor que 180 mg/dl - Dextro 4/4 horas. + Cabeceira da cama elevada a 30°. + Oxigênio suplementar 2- l/min se PO2 < 92%. + Evitar fluidos hiposmolares (SG5%). + Evitar hipertermia (<37,5 °C) + Evitar contenção física. Se agitação Se agitação alprazolam 0,5 – 1 mg; midazolam 5-15 mg. + Não realizar cateterização venosa central ou punção arterial nas primeiras 24 horas. + Não passar sonda vesical até pelo menos 30 minutos do término da infusão do rt -PA. + Não passar SNE nas primeiras 24 horas. Trombectomia mecânica (intrarterial): retirada do trombo via intraarterial. Mostrou-se seguro e efetiva, mas é necessário a seleção correta de pacientes – oclusões proximais; excluir grandes “central core” (imagem); excluir ausência de colateral (imagem ou doppler). O conjunto de rtPA e trombectomia mecânica é o tratamento “standart”. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: + Aterotrombótico: principalmente Aspirina e Clopidorel. - Aspirina 300 ou 325 mg/d Aspirina 300 ou 325 mg/d. - Aspirina e dipiridamol ER (não disponível no Brasil). - Clopidogrel 75 mg/d. - AAS e dipiridamol ER. - Ticagrelor (Brilinta®) – sem superioridade. - Prasugrel (Effient®). Tratamento de fatores de riso: os modificáveis – HAS, diabetes, tabagismo, álcool, drogas, dislipidemias, doenças do coração (coronariopatia, arritmia, valvulopatia, miocardiopatia), desentarismo, obesidade. Prevenção ASCOD: a etiologia não interfere no quadro agudo, mas é importante para a prevenção secundária. + A (aterosclerose de grandes vasos): 50-99% estenose de grande artéria intra ou extracraniana uso de antiagregantes plaquetários e se necessário anticoagulantes (placas moles, ulceradas, embolizando). Em estenoses maiores que 50% geralmente dá estatina e deve-se pensar na necessidade de endarterectomia. + S (pequenos vasos): dupla antiagregabilidade por 90 dias e depois antiagregante único. Antiagregante único ou duplo no protocolo CHANCE (lacunar e AIT). + C (cardioembólico): anticoagulantes. - Warfarina: manter RNI 2-3,5. Pacientes que tomam Warfarina não podem tomar nenhum tipo de anti-inflamatório. - Inibidores diretos da trombina: Dabigatrana (Pradaxa® - fator II), Rivaxabana (Xarelton®- inibidor do fator X), Apixabana (Eliquis® - inibidor do fator X), Eduraxabana (não disponível no Brasil – inibidor do fator X). Ainda não há estudos mostrando qual é melhor (drogas ainda em patente). A Rivaxabana é a única tomada uma vez ao dia (as outras duas são duas vezes ao dia – mais seguras) e a Dabigatrana é a única com uma droga que reverte seu efeito (nem sempre disponível, por isso ainda usa Warfarina). Em caso de sangramento quando não tem droga para reverter efeito pode- se usar concentrado de plaqueta, criopreceptado, plasma fresco, etc. + O (outras causas): depende da doença de base a escolha entre anticoagulante e antiagregante. Ex. síndrome do anticorpo antifosfolipide (trombofilia) usar anticoagulante; artrite reumatoide usar antiagregante plaquetário. Página � de �38 79 + D (dissecção): avaliar a extensão da lesão, topografia intra ou extracraniana. Permite definir se fica com anticoagulante por meses ou se mantem antiagregante plaquetário. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO: EPIDEMIOLOGIA: representa 10 a 15% dos AVCs. Sobrevida em 1 ano é de 38%, pois evento é mais agressivo (não tem sinais como no isquêmico – ex. AIT). Incidência de 10-20 casos por 100.000 habitantes. Mais comum em homens. Mais frequente em latinos, negros e japoneses (55/100.000), pois tem mais fatores de risco (ex. hipertensão). ETIOLOGIA: hipertensão, angiopatia amiloide, malformação arteriovenosa, aneurisma intracraniano, angioma cavernoso, angioma venosa, trombose de seio venoso cerebral, neoplasia intra-craniana, coagulopatia, vasculite, uso de cocaína e cracke, álcool, transformação hemorrágica AVC isquêmico (principalmente pela trombólise). A hipertensão e a angiopatia amiloide espontâneas (85%). Aneurisma de Charcot Bourchard: pequenas dilatações das artérias penetrantes, cuja ruptura provoca hemorragias. É comum em pacientes hipertensos e uma das principais causas do AVC hemorrágico do tipo intraparenquimatoso. A artéria mais comumente envolvida é a artériacerebral média e afeta principalmente os núcleos da base, ponte, cerebelo e lobos cerebrais. Angiopatia amiloide: distúrbio no qual a proteína amilóide se acumula no interior das paredes das artérias. Isto pode conduzir a um enfraquecimento das artérias, que podem romper e sangrar. Tem história familiar. É uma hemorragia mais lobar que profunda (arteríolas maiores). LOCALIZAÇÃO: gânglios da base (A – 45,2%), tálamo (B – 14,3%), lobar (C – 21,4%), ponte (D – 0,5%), cerebelo (E – 0,5%). APRESENTAÇÃO CLÍNICA: rebaixamento do nível de consciência; cefaleia (crescimento mais súbito); sinais precoces de hipertensão intra-craniana; vômitos e aspiração; alterações ECG; hipertermia; rigidez nucal (na hemorragia subaracnóidea); hipertensão severa; crises convulsivas; deterioração neurológica precoce. ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR: avaliar ABC e sinais vitais; reconhecer sinais de AIT e AVC; escala de Cincinnati – paresia fácil, fraqueza nos braços, fala alterada; determinar início dos sintomas; glicosimetria capilar; notificação do possível AVC agudo ao DE. AVALIAÇÃO HOSPITALAR: Avaliação geral imediata (<10 min): avaliar ABC e sinais vitais; oxigênio, veia e monitor; obtenha ECG de 12 derivações; obtenha exame laboratoriais (hemograma, eletrólitos, exames de coagulação); glicosimetria capilar; escala de Glasgow; avaliação neurológica geral; avisar o time de AVC (neurologista, neuroradiologista e técnico da tomografia). Investigação neuroimagem: lembrar que tamanho é tempo-dependente, sendo que geralmente após 24h ele se estabelece. + Tomografia: AVC hemorrágico hipertensivo profundo; AVC hemorrágico lobar (angiopátia amiloide); presença de hemorragia subaraquinóide (aneurisma – sangramento em sulcos e linha média); hemorragia intraventricular isolada; níveis de fluido (coagulopatias – diferentes estágios); contusão traumática (HSA – mais de um local de sangramento). - Características importantes: localização do hematoma, volume do hematoma, sangue intraventricular, sangue no espaço sub- aracnoide, hidrocefalia (sangramento para dentro do ventrículo bloqueando drenagem), desvio de linha média, herniação cerebral. + Ressonância magnética: mesma sensibilidade da tomografia na fase aguda. Superior para identificar MAV, tumores ou microhemorragias. + Angiografia: investigar causas vasculares, não precisa ser na entrada do paciente no serviço. Indicado em jovens não hipertensos. TRATAMENTO Suporte cerebral: semelhante ao AVC isquêmico. Manter glicemia entre 90-120; evitar hipertermia; evitar aspiração; pesquisar e tratar precocemente infecções; tratamento das comorbidades (IAM, arritmias), medidas anti-escara; mobilização precoce (exceto se aumento da PIC); adequação nutricional; reabilitação precoce. Controle pressórico: importante nesse caso para diminuir o sangramento, sendo que não deve ultrapassar 160-180/90-100 mmHg. + Se tem hipertensão prévia e se PA maior que 180/105 mmHg o alvo é de 160/100 mmHg ou Página � de �39 79 PAM de 120 mmHg. + Se não tem hipertensão prévia e se PA maior que 160/95 mmHg o alvo é de 150/90 mmHg ou PAM de 110 mmHg. Prevenção TVP e TEP: há elevada incidência de TVP/TEP. + Dispositivos de compressão pneumática intermitente. + Heparina subcutânea ou heparina de baixo peso em doses profiláticas após 24-48 horas. Usado em dose apropriada não piora o sangramento. Tratamento cirúrgico precoce: drenagem. + Hematomas cerebelares (infratentorial): mais de 3 cm de diâmetro ou com hidrocefalia. + Hematomas superficiais grandes em pacientes que apresentam deterioração progressiva do nível de consciência (GCS < 9-12). HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA: traumática ou espontânea. Espontânea pode ser por aneurismas (75-80%), MAV (4-5%), vasculites, tumores, discrasias, dissecção de carótida, indeterminada (14-22%). Epidemiologia: pico etário 55-60 anos, mas cerca de 20% tem entre 15-45 anos. Mais comum em mulheres (70-90%). Cerca de 50% dos pacientes tem sintomas 6-20 dias antes. A mortalidade no primeiro mês é de 46%. Há chance de ressangramento nas primeiras 48h e vasoespasmo pelo sangue acumulado (reação local). Quadro clínico: muitas vezes só fazem sangramento para o espaço subaracnóideo, sem formar hematoma, ou seja, não tem sinais de localização de AVC só dor de cabeça. + Meningismo - rigidez nucal, sinal de Kernig e Brudzinski. Ocorrem na fase aguda, principalmente na extensão. Depende da quantidade de sangue nas meninges. + Cefaléia em 97%. Em 30-60% dos casos pode ocorrer cefaleia sentinela, mas isso é pouco útil na prática (angiorresonancia). + Convulsões. + Perda de consciência (síncope), náuseas e vômitos. + Sinais localizatórios: paresia, afasia, nervos cranianos e visuais. + Hemorragia ocular: retiniana, subhialóidea pré-retiniana e Síndrome de Terson (humor vítreo, bilateral, aneurisma de coarctação de aorta). Exames: liquor (acidente de punção - prova dos três frascos), tomografia, angiografia, ressonância. Podem mostrar HSA, aneurisma, hematomas, vasoespasmo e hidrocefalia. Aneurisma: pode ser entre a camada intima e a elástica ou entre a camada média e adventícia. Dependendo dessa topografia forma um aneurisma sacular fácil de retirar ou um aneurisma grande de difícil manejo. + Tamanho: menos de 3 mm; 4-6 mm (pequeno); 7-10 mm (médio); 11-24 mm (grande); mais de 25 mm (gigante). Em aneurismas pequenos apenas acompanhar o paciente, em aneurismas médios em pacientes com comorbidades fechar aneurisma; grande fechar aneurisma; gigante é possível que nem consiga fechar. + Tratamento: cirúrgico (clipagem) ou endovascular (embolização). - Endovascular: embolização com micro-molas, podendo ter oclusão completa, parcial (95-99%), incompleta (80-95%). O aneurisma pode se refazer (acompanhar), diferente da clipagem. **Edovascular é a preferência da Viviane, exceto se for um local inapropriado para endovascular**. Malformações arteriovenosas: + Quadro clínico: crise convulsiva (20-40%), cefaleia (15%), déficit neurológico (<10%). + Tratamento: clinico, cirúrgico, endovascular, radiocirurgia. Página � de �40 79 Trombose venosa cerebral EPIDEMIOLOGIA: representa 1-2% das doenças cerebrovasculares, tendo 5-15% de mortalidade. Acomete mais jovens e mais mulheres. Geralmente é sub diagnosticado, pois clínica menos pronunciada, sintomas inespecíficos, evolução favorável (recanaliza espontaneamente). CLASSIFICAÇÃO: Tempo: aguda (inferior a 48h); subaguda (48h -30 dias); crônica (mais de 30 dias). FATORES DE RISCO: estados pró-trombóticos. Cerca de 13% não tem causa reconhecida. Genéticos: trombina G20210; mutação do fator V de Leiden; proteína C e S; AT III; hiperhomocistinemia; mutação da MTHFR/C677T (controvérsio). Induzido por drogas: tamoxifeno (câncer de mama); lítio; esteroides; cocaína. Adquiridos: gestação (puerpério); uso de anticoncepcional oral; infecções (otite, mastoidite, sinusite); malignidade; síndrome do anticorpo antifosfolípide (mais frequente síndrome adquirida); síndrome nefrótica; doença inflamatória intestinal; policitemia; trombocitemia; doença de Behçet. SEIOS VENOSOS DURAIS: seios durais, seios cerebrais ou seios cranianos. São canais venosos encontrados entre as camadas da dura máter no cérebro. Recebem sangue venoso das veias internas e externas do cérebro. Recebem líquor do espaço subaracnóideo. Drenam finalmente na veia jugular interna. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: a maioria dos casos só tem uma dor de cabeça que depois passa (recanalização), mas quando há trombose da jugular ou de muitos seios ao mesmo tempo (hipertensão intracraniana) tem sintomatologia. Cerca de 50% evoluem com hemorragia. Sinais e sintomas: dor de cabeça (piora Valsalva); déficits neurológicos focais; crises convulsivas; alteração da consciência (encefalopatia); síndrome da hipertensão intracraniana (pseudotumor cerebral) com cefaleia, náuseas, vômitos e papiledema. Outros sintomas incluem alteração visual (compressão), paralisia de nervos cranianos e coma. Obs: a trombose de veiascorticais pode avançar para trombose de seio venoso. É característico de trombose de seio venoso a dor de cabeça e os sinais de hipertensão intracraniana. É característico de trombose de veias corticais crises convulsivas e déficits neurológicos. NEUROIMAGEM: ressonância magnét ica, angiorresonância da base venosa (melhor exame) ou venografia por ressonância. De preferência exames com contraste. Angiotomografia é muito ruim, não deve ser pedido. Sinais: sinal da corda (trombose cortical ou veia profunda); sinal do triângulo denso; sinal do delta vazio (após contraste); lesão parenquimatosa (em 60-80% dos casos). PROGNÓSTICO: ISCVT cohort mostrou 15% de morte ou dependência; 79% recuperação completa; 40-90% recanalização (sem relação com prognóstico). Pior prognóstico se mais de 40 anos e masculino; Glasgow menor que 9; hemorragia; malignidade e infecção. Página � de �41 79 Seio venoso Drenagem para Seio sagital inferior Seio reto Seio sagital superior Confluência dos seios Seio reto Confluência dos seios Seio occipital Confluência dos seios Confluência dos seios Seio transverso Seio cavernoso Seios petrosos superior e inferior Seio transverso Seio sigmóide Seio petroso superior Seio sigmoide Seio petroso inferior Veia jugular interna TRATAMENTO Antitrombótico: anticoagulante. Heparina não fracionada e heparina de baixo peso molecular durante internação. Warfarina em casa de um mês a um ano (de acordo com sintomatologia do paciente) ou para sempre se doença que necessita de anticoagulante. Trombólise: se piora clínica mesmo sob anticoagulação (melhor tratamento clínico) . Sintomáticos: diuréticos (acetazolamida), punção lombar (manômetro – pressão inicial normal de 20 mmH2O ou 120) e fenestrações do nervo óptico. Página � de �42 79 Epilepsia Crise convulsiva ou convulsão: perda consciência e abalos generalizados (crise generalizada tônico-clônica). É um dos tipos de crise epiléptica. Crises agudas ou reativas: secundárias a alteração cerebral aguda (febre, infecção, traumatismo, álcool, drogas, etc). Epilepsia: antigamente era definida como duas ou mais crises epilépticas não provocadas. Definições mais atuais incluem: + Crise epiléptica (ILAE): ocorrência transitória de sinais e/ou sintomas devido a uma atividade neuronal cerebral anormalmente excessiva ou síncrona. Uma crise epiléptica não necessariamente significa que a pessoa tem epilepsia. + Epilepsia (ILAE): epilepsia e uma doença do cérebro definida por uma das seguintes condições. 1. Pelo menos 2 crises não provocadas (ou reflexas [ex. flash de luz]) ocorrendo com mais de 24 horas de intervalo. 2. Uma crise não provocada (ou reflexa) e uma probabilidade de crises futuras similar a um risc o de recorrência (no mínimo 60%) após 2 crises não provocadas ocorrendo nos próximos 10 anos. - Entretanto, é difícil definir o risco de recorrência, não sendo usado na prática. 3. Diagnóstico de uma síndrome epiléptica. Ou seja, doença que na primeira apresentação já se sabe que é uma síndrome epiléptica. EPIDEMIOLOGIA: para cada 100 pessoas: 1 teve, tem ou terá epilepsia; 0,5 está tendo crises; 40% não está bem tratada. Idade: pico nos primeiros anos e vida e depois nos idosos, sendo que estes últimos tem maior prevalência. ETIOLOGIA: atividade elétrica anormal. Pode ter alterações em canais e alterações genéticas específicas, mas são pouco frequente, geralmente é uma doença multifatorial. Esse pool de genes não causam a doença, mas criam um limiar epileptogênico. Se ao longa vida o indivíduo tem diferentes insultos pode acabar ultrapassando esse limiar, o que explica porque o idoso tem mais epilepsia. + Pode ter uma adaptação neuronal de forma que a região que inicia a crise epiléptica não seja mais ativa. Por isso cerca de 60% dos pacientes conseguem parar de tomar o remédio depois de algum tempo. Lembrando que o medicamento não cura, só controla o sintoma (impede a propagação da descarga elétrica). TIPOS DE CRISE EPILÉPTICA Crises epilépticas generalizadas: uma crise generalizada é conceitualmente originada em algum ponto ou vários do cérebro e rapidamente recruta outras redes neurais bilateralmente distribuídas. Estas redes neuronais bilaterais podem incluir estruturas corticais e subcorticais, mas não necessariamente incluem todo o córtex. Apesar do início individual de uma crises poder parecer localizado, a localização e lateralização não são consistentes de uma crise para a outra. Crises generalizadas podem ser assimétricas. + Subtipos: ausência típica; ausência atípica; mioclônica; clônica; atônica (astática); tônica; tônico clônica. - Crise de ausência verdadeira: comum dos 8-14 anos. Paciente “desliga” momentaneamente, interrompe o que estava fazendo, mas não cai no chão. Chamado de distraído na escola. Pode perceber o ocorrido. Estimulado por hiperventilação (cata-vento). Evolução relativamente benigna. - Convulsão: tem fase tônica, apneia, salivação, geme, grita, morde a língua (lateral) e tem fase clônica. Isso dura 1-1,5 min, seguido de uma fase flácida que dura cerca de 20 min. Deve-se Página � de �43 79 colocar o paciente de lado (broncoaspiração), proteger a cabeça para ele não bater e esperar, não adianta tentar segurar a língua. Pode fazer luxação de ombro, fratura de coluna torácica. - Epilepsia mioclônica: mioclonia (abalos) que pode evoluir para convulsão. Geralmente pela manhã, parecendo desajeitado. Crises epilépticas focais: 70% das crises que ocorrem nos adultos. São conceitualmente originadas em redes neurais limitadas a um hemisfério. Elas podem ser discretamente localizadas ou mais amplamente distribuídas. Para cada tipo de crise, o início ictal é consistente de uma crise para a outra, com um padrão de propagação preferencial que pode envolver o hemisfério ipsilateral e/ou contralateral. + Tipos: - Parcial simples: nas crises parciais simples a área cerebral comprometida é muito localizada e a consciência é preservada. Isto permite a paciente observar e descrever a sintomatologia, que pode ser motora (clonias), sensitiva, autonômica ou psíquica. A parte da crise epiléptica que o paciente recorda-se e pode descrever após a crise chama-se aura. A aura repete em toda a crise e é ela que caracteriza a lesão (sempre perguntar). - Parcial complexa: a extensão da atividade epileptiforme é maior e cursará com alteração da consciência em graus variados e automatismos, com o paciente não sendo capaz de recordar no pós-crise o que sentiu e fez. Automatismos são movimentos organizados e algo complexos que ocorrem de forma involuntária durante a fase de alteração da consciência, sendo geralmente contralaterais à atividade epileptiforme, não tendo valor localizatório do local da atividade epileptiforme (ex. repetir um gesto, repetir uma frase, de mão, de boca). - Parcial com generalização secundária: pode ser uma parcial simples virando crise generalizada; uma parcial complexa virando uma crise generalizada; ou uma crise parcial simples que evolui para uma complexa e depois para uma generalizada. + Caracterização: nem sempre é possível caracterizar o tipo de crise, usualmente pela amnesia do paciente e falta de informantes ou testemunhas da crise ou pela rápida generalização secundária ou pela alteração no padrão das crises induzido pelo tratamento. Por isso se pacientes está tomando um remédio pode parecer que só tem generalizada. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Síncope neuromediada: vasodilatação periférica diminuindo fluxo sanguíneo cerebral, por isso quando a pessoa cai no chão, há nivelamento e retorno da perfusão. Entretanto, se a pessoa está sentada ela pode evoluir com uma síncope convulsiva. Nesse caso há um hipóxia tão grande, podendo fazer um quadro de hipertonia na fase final da sincope (confunde com convulsão). + Quadro clínico: - Sensação de "desfalecimento", tontura, "moleza, cansaço. - Palidez, sudorese e palpitação pode ocorrer. - Náuseas e vômitos ou relacionado a alimentação.- Inicio após súbito, inesperado ou desagradável som, visão, odor ou dor. - Muito tempo de pé, em lugares cheios ou quentes. - Vários episódios semelhantes desencadeados pelos mesmo fatores. - Ocorre após exercício. - Associado a movimentação cabeça ou pressão sobre o seio carotídeo. - Ausência de alterações cardíacas. - Paciente geralmente lembra o que aconteceu (diferente da crise convulsiva). + Diagnóstico: tilt test (suceptibilidade), holter, MAPA. Crise não epiléptica psicogênica: reação inconsciente ao estresse (se consciente seria simulação), antigamente chamado de histeria. Exige tratamento psiquiátrico. + Quadro clínico: olhos fechados ou resistência à abertura ocular; movimentos lado-a-lado da cabeça; movimentos fora de fase de membros superiores e inferiores (frequências diferentes); movimentos em báscula do quadril; movimentação modificada pelo examinador; choro durante ou após a crise. - Início e termino gradual, sendo a crise induzida por sugestão. - Atividade ictal descontínua e prolongada. - Progressão não fisiológica, sem envolvimento de musculatura facial. - Curso ou evolução descontínua. - Existem diversos detalhes que sugerem o diagnóstico, mas em diversas casos apenas o registro com VEEG permitirá o diagnóstico correto. Página � de �44 79 EXAMES COMPLEMENTARES Eletroencefalograma (EEG): não é o instrumento para diagnosticar epilepsia e sim para descrição da crise. Ele serve para avaliar a atividade de fundo e classificar o tipo e localização da atividade epileptiforme que serão uteis no manejo do paciente. Na dúvida sempre fazer registro em sono e prolongado. + Limitações: - Para que apareça alteração no EEG deve-se ter 6-10cm2 de córtex cerebral ativado. - A descarga não dura permanentemente, ou seja, o paciente pode não ter descarga durante o exame e ser epiléptico. Chance de ver descarga é de 2%. + Sistema internacional 10-20: imagem ao lado. + Valor diagnóstico: - Atividade epileptiforme EEG rotina: EEG inicial mostra atividade em 40% dos casos; múltiplos EEG mostram atividade em 80 a 90% dos casos; registro ictal de 2,5-7%. Privação de sono, drogas (xilocaína, anfetaminas, cocaína, etc), exercício extenuante, calor podem facilitar a atividade epileptiforme. - Crises epilépticas não referidas pelo paciente durante video EEG: em 39 a 49%. - Dimininução de registro ou lentificação em local de lesão. Tomografia: casos emergenciais. Feito em suspeita de lesão calcificada ou sangramento. Ressonância: essencial em casos de pacientes que não controlam as crises. Mostra fatores de mal prognóstico - esclerose temporal medial; displasias corticais e outros disturbios migração neuronal; gliomas de crescimento lento; glioses e atrofias. TRATAMENTO: Objetivos + Controle das crises epilépticas e co-morbidades (40% depressão, problemas comportamentais). + Ausência de efeitos colaterais indesejáveis (ex. alteração de peso, alteração do sono). + Permitir ao paciente atingir a plenitude de suas potencialidades. Antiepilépticos: existem antiepilépticos de primeira, segunda e terceira geração tem mecanismo de ação diferentes, mas uma eficácia semelhante (depende dos canais envolvidos na epilepsia). Perfil de efeitos adversos e de interações medicamentosas mais favorável aos novos antiepilépticos, mas não deixa melhor do que era. + Eficácia: padrão de resposta aos antiepilépticos – 37% controle precoce e sustentado; 22% controle tardio, mas sustentado; 16% tem períodos de controle e recidiva (não se acostumam); 25% nunca controlam as crises. - Cerca de 50% controlam as crises após 1 ou 2 antiepilépticos. Monoterapia pode ser feita no atendimento básico, pediatra ou clínico geral. - Cerca de 20% controlam as crises após dois antiepilépticos. Monoterapia ou duoterapia pode ser feita no atendimento secundário, neurologista. - Cerca de 30% não controlam as crises após 3 antiepilépticos. Politerapia ou cirurgia deve ser feito por atendimento terciário ou epileptologista. Obs: alguns pacientes se acostumam ao medicamento (remédio para de fazer efeito) + Escolha da droga: a eficácia é semelhante, mas há drogas preferenciais de acordo com o tipo de crise (localizada ou generalizada). - Carbamazepina e Valproato são as drogas mais utilizadas, mais seguras e mais baratas. - Se não sabe se é generalizada ou focal usar Valproato e Levetiracetam (entrou esse ano no Brasil). Apesar do Valproato ser mais eficiente o Levetiracetam tem menos efeitos colaterais. - Levetiracetam é a droga de escolha em mulheres jovens no lugar do Valproato, já que este tem efeitos colaterais nas mulheres (ovário policístico, hipersurtismo, malformações fetais, quedas de cabelo, diminuição do QI). Página � de �45 79 + Evolução do tratamento: - 50% apresentarão efeitos colaterais, usualmente leves e transitórios. Por isso começa com uma dose baixa e vai aumentando devagar até atingir a dose alvo ou parar de ter crises. - 30% terão crises esporádicas 6 primeiros meses tratamento, antes da remissão. - Chance do terceiro antiepiléptico controlar totalmente as crises é inferior a 10%. - 60% permanecem em remissão após 2 anos. + Proposta para retirada: risco estimulado recidiva de 60 a 70%. - Período mínimo de 2 anos. - Desejo do paciente, com aceitação dos riscos. - Presença de fatores de bom prognóstico: poucas crises, generalizadas, controle baixa dose, sem sinais lesão estrutural (exame físico, EEG, tomografia ou ressonância). - Não ter epilepsia mioclônica juvenil. Obs: legalmente, pacientes sem crise a mais de um ano podem dirigir. Refratariedade medicamentosa: - Crises controladas: em 60-70% dos casos. Sem nenhum tipo de crises por 12 meses ou 3 vezes o maior intervalo sem crises antes do início do tratamento (o que for maior). Ex. se tem crise mensal tem que ficar 12 meses sem crise (maior que 3 meses); se tem crise trimestral tem que ficar 12 meses (maior que 9 meses); se tem crise semestral tem que ficar 18 meses (maior que 12 meses). - Epilepsia resistente à antiepilépticos (refratária): ocorre em 30-40% dos casos. Falha terapêutica ao tratamento com 2 antiepilépticos adequadamente escolhidos, tolera dose utilizados (em mono ou politerapia). + Risco das epilepsias refratárias a longo prazo: - Morte súbita em epilepsia (SUDEP) 1/100 paciente ao ano. Risco desaparece quando controla as crises. Também é mais prevalente em quem toma muito remédio e quem mora sozinho. - Internações ou emergências - 20% ao ano (traumas, crises prolongadas, EME). - Perda independência (direção, viagens esportes). - Dificuldade manter emprego, escola, gestação. - Uso crônico de politerapia em doses elevadas. - Co-morbidades (ex. depressão, psicose) e alterações estruturais progressivas. + Rever o diagnóstico e tratamento: - Não aderência: não aceitação doença, álcool ou privação sono, custo medicação, esquema difícil execução ou efeitos colaterais - Eventos não epilépticos: 20% dos pacientes com crises não controladas. - Lesões estruturais: gliomas crescimento lento, angiomas cavernosos, displasias corticais, displasia neuro-ectodermicas. - Esquema antipilético inadequado: dose, intervalo, indicação. - Síndrome epiléptica de difícil controle: Lennox-Gastaut, West, Dravet, Ausência com Mioclonias Palpebrais e etc. + Conduta: avaliação pra confirmação diagnóstico, classificar a síndrome, orientação e planejamento da otimização do tratamento. - Revisão criteriosa do caso clinico: descrição detalhada das crises, exames e tratamentos anteriores, resposta aos antiepiléticos, relato de testemunhas ou vídeos das crises, comorbidades. - Registro da atividade epileptiforme e eventos típicos com VEEG: duração de 3 a 5 dias, com eventual suspensão dos antiepilépticos se não tem crise. Confirmação ou exclusão do diagnóstico de epilepsia, faz localização da zona irritativa e de início ictal. - Ressonância magnética (técnica especifica para epilepsia) focada nos achados VEEG: identificação de alteração estrutural com microcortes naressonância. Localizada - EEG focal Generalizadas – EEG ponta- onda 1ª Carbamazapina (CBZ) Valproato (VAL), Levetiracetam (LEV) 2ª Fenitoína (FNT), Oxcarbazepina (OXC), Clobazam (CLB), Levetiracetam (LEV) Clonazepam (CNZ), Lamotrigina (LMT) 3ª Topiramato (TPM), Lamotrigina (LMT), Fenobarbital (FB) Topiramato (TPM), Fenobarbital (FB) Página � de �46 79 - Exames laboratoriais: nível sérico antipsicóticos, ECG com intervalo QTc, comorbidades, etc. Cirurgia: o ponto básico é a localização precisa da zona epileptogênica, o que definido pela congruência de 3 informações - monitorização VEEG (zona de início ictal), neuroimagem (lesão estrutural) e neuropsicologia (déficit funcional). + Objetivos: - Ressecar a zona epileptogênica (controlar as crises – controle completo ou diminuição). - Preservar ao máximo o córtex subjacente (não acentuar déficit existente). Por isso se a zona epileptogênica está em um local que não pode ser ressecado (ex. área da fala) ela não é feita. - Evitar ou pelo menos reduzir – efeitos adversos dos antiepilépticos e consequências das crises (traumas, internações, emergência, EME, e SUDEP). + Área epileptogênica: - Conceitualmente nós teríamos diversas zonas ou áreas na epilepsia do lobo temporal. A zona marca passo ou gatilho é onde iniciam as descargas anormais. A zona irritativa é onde propagam-se as descargas vistas no EEG, a zona de déficit funcional é onde manifestam-se as consequências das descarga, com a discognição e a zona sintomatogência ictal é onde surgiram as manifestações clinicas como postura distônica. - O tratamento principal e mais efetivo para este tipo de epilepsia refratária é ressecar a zona gatilho, onde iniciam-se as descargas e toda a zona epileptogênica, definida como a região capaz de iniciar e sustentar a crise, que quando ressecada é suficiente para cessarem as crises (é um conceito e não um espaço). + Probabilidade de controle completo das crises epilépticas: espontâneo (5%); novo antiepiléptico (5-10%); dieta cetogênica (5-10%); estimulador nervo vago por eletrodo (5-10%); estimulação cerebral profunda (5%); cirurgia de epilepsia (40-70% - 27% no lobo frontal, 66% no lobo temporal). AVALIAÇÃO E CONDUTADAS CRISES EPILÉPTICAS NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: + Condição geral do paciente: verificar se o paciete apresenta-se consciente e orientado; com sinais vitais estáveis; sem déficits neurológicos evidentes; sem sinais de doença aguda ou crônica. Sinais de alerta na crise que já cessou: idade menor que 3 anos ou maior que 30 anos; crise com características focais ou prolongada; exerce atividade de com risco de trauma grave caso ocorra nova crise; reside distante de uma Unidade de Atendimento de Urgência; não é possível seguimento ambulatorial antes de 15 dias. + Conduta: observação por 6-12h; realizar tomografia; iniciar carbamazepina ou valproato; encaminhar para seguimento ambulatorial em até 15 dias com relatório do atendimento e exames. Número de crises: em crises que já cessaram e sem sinais de alerta. + Primeira crise: observação por 4-6h; encaminhar para seguimento; ambulatorial em até 15 dias. + Duas ou mais crises com intervalo de dias ou semanas: observação por 6-12h; realizar tomografia; iniciar carbamazepina ou valproato; encaminhar para seguimento ambulatorial em até 15 dias com relatório do atendimento e exames. Sinais de alerta na crise que não cessou: após 1 ou mais crises epilépticas e o paciente apresenta- se com - alteração exame neurológico, alteração persistente do nível de consciência, suspeita de doença sistêmica ou neurológica aguda. + Conduta: - Internação por 2 a 3 dias. - Tomografia ou ressonância; EEG. - Investigação e tratamento direcionada a doença suspeitada ou confirmada, pois geralmente a isso ocorre como sinal de outra doença. - Tratamento endovenoso ou oral com fenitoíina 10 mg/kg e manutenção 300 mg/dia; ou valproato 3 mg/kg e manutenção 500 mg/dia. - Encaminhar para seguimento ambulatorial em até 15 dias com relatório do atendimento e exames. Estado de mal epiléptico: crises epilépticas prolongadas (>10 minutos) ou repetidas sem melhora evidente do nível de consciência entre elas ou flutuações inexplicadas do nivel de consciência, tremores, desvios oculares, piscamentos, clonias, abalos. Página � de �47 79 ! ESTADO DE MAL EPILÉPTICO (EME): crise epiléptica prolongada (mais de 5-10 minutos), continua ou intermitente, sem melhora do nível de consciência entre as crises. Tratamento de emergência para controle das crises e da epileptogênese aumentada, pois quanto mais tempo dura o estado de mal maior é o risco de vida do paciente. O estado de mal epiléptico é um sintoma de uma doença de base a ser investigada. AVALIAÇÃO: História: antecedentes de crises epilépticas e outras doenças; medicações em uso e suspensas recentemente; uso de álcool e outras drogas recreativas; queixas nos últimos dias; lembrança da crise (aura) e/ou descrição da crise pelo observador. Exame Físico: nível de consciência; sinais de déficit motor ou de hipertensão intracraniana; sinais de infecção do SNC ou sistêmica; sinais de traumatismo. FISIOPATOLOGIA: excitação ou inibição alteradas, não se sabe bem por quais vias - excitação glutamatérgica (NMDA aberto, aumento de cálcio intracelular levando a excitotoxicidade, necrose celular e apoptose); inibição circuitos tálamo-corticais (canal T GABA aberto causando hiperpolarização); hipersincronia circuitos e períodos refratários. Há diminuição da inibição e aumento da excitação. FASES: TRATAMENTO: tem como objetivo estabilizar o paciente; cessar as crises epilépticas; tratar a epileptogênese exacerbada; prevenir a recorrência; identificar e tratar a etiologia. Estabilizar o paciente: + Checar e corrigir: via aérea, oxigenação, pressão arterial, frequência cardíaca e glicemia. + Acesso venoso periférico (ideal dois acessos – perde na convulsão). + Colher exames: hemograma, creatinina, ureia, glicemia, sódio, potássio, cálcio, magnésio, TGO, TGP, CPK e gasometria. Controle das crises epiléticas: midazolam, o diazepam não é a melhor opção (endovenoso). + Midazolam: ampolas de 5 mg/5ml, 15 mg/3 ml ou 50 mg/10ml. Geralmente intramuscular, FASE TIPOS DE EME (Trinka E et al. Drugs 2015) DURAÇÃO I Preliminar ou Iminente 5-10 min II Estabelecido 10-30 min III Refratário (persiste apesar do tratamento estabelecido na fase I e II; estado de mal sutil, comatoso ou não convulsivo) 30-60 min IV Super-Refratário (persiste apesar do tratamento com anestésico por > 24h) > 24h Página � de �48 79 sendo que seu efeito dura em torno de 20 minutos (só controla a crise). - Criança: 0,2 mg/kg intramuscular ou nasal. Em < 1 ano (2,5 mg); 1 a 5 anos (5 mg); 5 a 10 anos (10 mg). Repetir se necessário. - Adolescente e adulto: intravenoso, intramuscular ou nasal. Se 13-40 kg ou idosos (5 mg); > 40 kg (10 mg). Repetir se necessário. Tratar a epileptogênese exacerbada: antiepilépticos endovenosos. - Se 15 min após o termino da infusão continuar com crises epilépticas ou EME não convulsivo, considerar como EME refratário e encaminhar a UTI para tratamento com anestésico. Se isso não for possível, fazer um outro antiepiléptico endovenoso. + Fenitoína endovenosa em bolo: assim como o fenobarbital essa droga se acumula na gordura e no músculo, causando uma queda na concentração sanguínea e cerebral. Se o medicamento for dado de forma continua, somente cerca de 3-5 meias vidas depois a quantidade de droga nesses compartimentos se iguala, ou seja, dentro de 10-15 dias para o fenobarbital e 3-5 dias para fenitoína. Por isso usa-se a injeção em bolo para fazer uma alta concentração cerebral antes que a droga seja redistribuída pelo resto do organismo. - Técnica: com dois acessos venosos em antebraço com solução salina. Usar cadeira, relógio de pulso, esfigmomanômetro e estestoscópio; Fazer infusão fracionada com controle da pressão arterial, frequência cardíaca e “lavagem da veia” (fenitoína pH 12,4).Manter observação por 15 a 20 min após termino da infusão (pico de dose – parada cardíaca, bloqueio de ramo). Deve ser feito pelo médico, não pela equipe de enfermagem. - Posologia: fenitoina 20 mg/kg, sendo que em adulto jovem é cerca de 1500 mg/30 ml, com infusão de 50 mg/min. Infusão por 30 a 40 min e 15 a 20 min observação. Prevenir a recorrência: avaliação pela neurologia; investigação e tratamento da doença de base; iniciar dose de manutenção antiepiléptico; identificar estado de mal não convulsivo. Identificar e tratar e etiologia: o EME é apenas um sintoma de algo a ser identificado. + História: antecedentes de crises epilépticas e outras doenças; medicações em uso e suspensas recentemente; uso de álcool e outras drogas recreativas; queixas nos últimos dias + Exame físico: nível de consciência (Glasgow e FOUR); sinais de déficit motor ou de hipertensão intracraniana; sinais de infecção do SNC ou sistêmica; sinais de traumatismo craniano. + Investigação: após estabilização do quadro e controle das crises. Tomografia Computadorizada Cerebral (na suspeita de lesão ou sangramento intracraniano); liquor (na suspeita de infecção do SNC); EEG (na suspeita de EME comatoso – flutuação nível de consciência, movimentos repetitivos, tiques, nistagmo, comprometimento consciência não justificado). ESTADO DE MAL EPILÉPTICO NÃO CONVULSIVO: paciente continua na crise após tratamento. + Alteração responsividade ou irresponsividade. Fenitoína Valproato Fenobarbital Lacosamida Levetiracetam Apresentação 250mg/ 5ml 500mg/5ml 200mg/ml 200mg/20ml 500 mg/5mL Dose inicial 20mg/kg 30mg/kg 20mg/kg 400mg (8mg/kg) 25-50mg/kg 2,5-4g EV Diluição - 100ml salina - 100ml salina 100ml salina Velocidade máxima 50mg/kg/ min 3-6mg/kg/min 100mg/kg/ min 5-15min; 60mg/min 5-15 min Manutenção 6h 2 ml/kg/h →6 h 12h 12h 12h Cautela Idosos, bloq ueio card íaco Crianças DZP prévio (depressã o respiratóri a) Bloqueio cardíaco Hipertensão em crianças, psicose Característica Difícil de usar, mas tem em todo lugar Infusão demora algum tempo - Mais fácil de usar Não tem endovenoso no Brasil Página � de �49 79 + Sinais motores discretos (“twitching” dedos, face e/ ou pálpebras, abalos nistagmiformes olhos, piscamento ocular, olhar fixo). + Sinais motores mais intensos (miclonias ou clonias da face, mão, dedos, desvio cabeça ou olhos e automatismos de mastigação ou deglutição). + Estado mal epiléptico é eletrográficamente definido quando padrão ictal ocupa mais de 80% do traçado. TRATAMENTO DO ESTADO DE MAL EPILÉPTICO REFRATÁRIO: anestesia endovenosa (tiopental, midazolam ou propofol) e padrão surto-supressão EEG + Dose de ataque e doses fracionadas (1/2 dose inicial) até controle da crise e/ou padrão surto supressão no EEG continuo (“apaga cérebro”). + Ajuste dose de manutenção para 2 a 3 surto-supressão cada 10 seg no EEG ou hipotensão arterial não controlada com droga vasoativa. + Mantem por 24-48h antiepiléptico endovenoso com retira gradual (20% a cada 3h) em 12-24h. + Se recidiva crises, trocar para outro anestésico. Enquanto isso continuar tratando etiologia. Quando realizar o EEG? + Cerca de 60 min após termino antiepiléptico ainda estiver sem controle da crise ou melhora da consciência. + Na suspeita de EME não convulsivo. + Durante o tratamento com anestésicos (TIO, MDZ ou PPF) para ajuste dose CASO CLÍNICO: JS, masculino, 18 anos. Familiares ouvem barulho e encontram o paciente "caído no chão do banheiro, se batendo, com um corte na cabeça sangrando". Na chegada na UPA apresenta-se consciente, orientado, queixando- se de cefaleia. + Avaliação inicial: dados vitais estáveis, ferida corto-contusa de 2 cm no supercilio direito, exame neurológico normal. + Diagnóstico: provavelmente crise epiléptica generalizada tônico-clônica (precisaria de testemunho de alguém). Diagnóstico diferencial com TCE e sincope. 4 anos após: em uso de valproato 2000 mg/dia, clobazan 40 mg/dia e fenitoína 300 mg/dia. Crises GTC anuais. Crises semanais tipo parcial simples (mal estar epigástrico) com evolução para parcial complexo (parada atividade e fala, automatismos mão esquerda e mastigação). + Ressonância com epilepsia do lobo temporal esquerdo com esclerose temporal mesial (atrofia hipocampal- memória verbal [dificuldade de nominação]). + Resistente ao tratamento antiepiléptico: falha terapêutica a 3 antiepilépticos (mono ou politerapia) adequadamente escolhidos, tolerados e utilizados. SÍNDROMES EPILÉPTICAS: **traduzi porcamente as síndromes do site**. EPILEPSIA MIOCLÔNICA JUVENIL: essa síndrome é uma das epilepsias generalizadas genéticas mais comuns e é caracterizada por crises convulsivas mioclonicas e generalizadas num adolescente ou adulto anteriormente normal. O EEG mostra ponta-onda e poliponta-ondas generalizados. Fotossensibilidade é comum. + A epilepsia generalizada genética é uma epilepsia com crises generalizadas associadas a padrões de EEG epileptiformes generalizadas, como a atividade onda de pico generalizada. Contexto clínico: esta síndrome é caracterizada por crises generalizadas mioclônicos e convulsões que têm início entre 8 a 25 anos de idade. Um pequeno número (5%) dos casos evoluem desta síndrome para epilepsia de ausência da infância. Os homens e as mulheres são igualmente afetados. Antecedentes e história de nascimento normais. Desenvolvimento e cognição são tipicamente normais. O exame neurológico e tamanho da cabeça são normais. Uma história de convulsões febris é visto em 5-10%. Crises + Crises obrigatórias: ocorrem crises mioclônicas, geralmente são distais e acontecem especialmente ao acordar (30 minutos a 1 hora do despertar). Elas também podem ser noturnas ou aleatórias. Estado de mal epiléptico mioclônico pode ocorrer. + Pode ter: - Convulsões generalizadas são vistas em mais de 90% dos indivíduos, estas são muitas vezes precedidas por uma série de crises mioclónicas que aumentam em frequência e gravidade, resultando em uma sequência clônica-tonica-clônica. Estado de mal epiléptico generalizado é incomum. - Crises de ausência são vistos em um terço dos casos, estes podem ser mais breves (média de 3 segundos), menos frequentes (<por dia) e pode haver menor comprometimento da consciência e Página � de �50 79 da capacidade de resposta do que o observado na epilepsia da ausência da infância ou epilepsia da ausência juvenil. Durante crises de ausência com o mínimo de perda de consciência um adolescente pode responder a comandos, mas tem dificuldade em fazer tarefas complexas. + Excludente: qualquer outro tipo de crise. Eletroencefalograma: + Background: normal. Desaceleração na generalizada não é visto. Desaceleração na focal consistentemente visto em uma área (considerar anormalidade estrutural do cérebro). + Interictal: pode ter ponta-onda e poliponta-ondas da generalizada, geralmente em 3.5-6Hz. Em um terço dos casos, ponta-onda fragmentada da generalizada pode aparecer na focal ou multi- focal, mas geralmente não é visto em uma área. - Pontos focais consistentemente visto em uma área considerar anormalidade estrutural do cérebro. - Ponta-onda lenta (<2,5 Hz) não é visto - considerar outras síndromes epilépticas. + Ativação: - Uma resposta fotoparoxística à estimulação fótica intermitente é visto em um terço dos casos, no entanto convulsões induzidas por estímulos visuais na vida diária são vistos em menos de 10%. - Ponta-onda ou poliponta-ondas e ausências clínicas podem ser provocadas por hiperventilação. Quando a hiperventilação é bem realizada por três minutos e não é visto ponta-onda no EEG as crises de ausência são improváveis. - EEG anormalidade é reforçada pela privação do sono e pelo sono. Ponta-onda, muitas vezes torna-se fragmentada, com privação de sono ou em repouso. Ponta-onda fragmentada pode aparecer focal ou multi-focal, mas geralmente não é visto em uma área. A morfologia do espigão- onda focal tipicamente aparece semelhante à ponta-onda da generalizada.+ Ictal: - Uma único poliponta- onda generalizada correlaciona-se com o aparecimento de crises. - Com crises convulsivas generalizadas, o EEG ictal é muitas vezes obscurecida por artefato. Picos rítmicos rápidos generalizados são vistos na fase tônica. Explosões de picos e pós ondas lentas são síncronos com estremecimentos clônicos. Um período pós-ictal de atividade lenta irregular segue. - Ponta-onda regular rápida (3.5-6Hz) ou poliponta- ondas acompanha crises de ausência. Neuroimagem: é normal. Se a apresentação clínica e EEG é típico para a epilepsia mioclônica juvenil e não há características atípicas, a imagem não é necessária. Genética: + Padrão de herança: complexa ou mendeliana. + Genes conhecidos: - CACNB4, GABRA1, CLCN2, GABRD e EFHC1 - Microdeleções, tais como o microdelecção 15q13.3 e outros, também têm sido associadas a um fenótipo epilepsia mioclónica juvenil. + História familiar de convulsões ou epilepsia: uma história familiar positiva de epilepsia é ocasionalmente presente, tipicamente de epilepsia mioclônica juvenil ou outras epilepsias generalizadas genéticas. Diagnóstico diferencial: + Epilepsia de ausência juvenil: a presença de crises mioclônicas distingue epilepsia mioclônica juvenil de epilepsia ausência juvenil (com crises mioclónicas de exclusão para a epilepsia ausência juvenil) + Epilepsia com mioclonias palpebrais: considerar se repetitivos, rítmicos, rápidos (mais de 4 Hz de mioclonias das pálpebras), com desvio para cima dos olhos e com a extensão da cabeça; convulsões são muito frequentes. + Epilepsiade ausências mioclônicas: considerar se existem mioclonias (3Hz) de membros superiores com abdução tónico. + Anomalia cerebral estrutural: considerar se crises convulsivas mioclónicas ou generalizadas com características focais visto de forma consistente de convulsão à convulsão. + Epilepsias mioclonias progressivas: considerar se mioclonia é intratável e não há declínio cognitivo e desaceleração do EEG. ESCLEROSE HIPOCAMPAL: caracterizada patologicamente pela perda de neurónios piramidais, dispersão de células granulares e gliose no hipocampo. Ela pode ser associada com as mudanças em estruturas vizinhas, conhecidas como esclerose mesial temporal. É uma causa Página � de �51 79 comum de convulsões do lobo temporal que não respondem à medicação. É uma anormalidade estrutural adquirida, e é conhecido por ocorrer como consequência de convulsões, especialmente convulsões febris prolongadas. Ela pode estar associada com outras anormalidades cerebrais estruturais, incluindo malformações do desenvolvimento cortical e malformações vasculares (ex. síndrome de Sturge Weber), conhecidos como "dual pathology". Contexto clínico: crises com características temporais mesial e pode haver déficits cognitivos que se relacionam com o hipocampo afetado (diminuição da memória verbal em esclerose hipocampal dominante, diminuição da memória visual em esclerose hipocampal não dominante). Apresentação pode referir-se a condição associada estrutural ou genética, se estiver presente. Por exemplo, cerca de 25% dos pacientes com esclerose hipocampal podem ter um histórico de convulsões febris (especialmente prolongados). Nesses indivíduos, a síndrome auto-limitada de convulsões febris é seguido por um período de latência, e depois convulsões com características temporais mesial aparecem. Convulsões: + Crises focais com características temporais mesial são vistas. Estes são tipicamente resistentes à medicação. + Evolução a convulsões bilaterais podem ocorrer, estes terão características focais atribuíveis à região temporal mesial antes da evolução, se esta informação é cuidadosamente procurada na história clínica. Eletroencefalograma: + Background: é geralmente normal, embora pode ocorrer pequena desaceleração. Um terço dos pacientes têm uma atividade rítmica intermitente temporal delta (TIRDA), visto do lado da esclerose do hipocampo. + Interictal: pode ser normal ou pode mostrar focais “sharp waves”, picos ou ponta-onda, ao máximo ao longo dos eletrodos temporal anterior no lado da esclerose hipocampal. O EEG também pode mostrar anormalidade bitemporal. + Ativação: EEG anormalidade é reforçada pela privação do sono e sono. Desaceleração focal do background pode ser acentuado durante a hiperventilação. + Ictal: início ictal no hipocampo é tipicamente associada com início das crises clínicas antes da mudança do EEG aparece. Esta mudança de EEG, quando ela ocorre, pode ser precedida por difuso ou lateralizada supressão. O padrão ictal é tipicamente uma acumulação gradual do ritmo alfa ou atividade teta, com ou sem picos e “sharp waves” sobrepostas, no máximo eletrodo temporal anterior no lado da esclerose do hipocampo. Atividade lenta pós-ictal é visto nos mesmos eletrodos. Neuroimagem: + Imagem para detecção otimizada: fatias volumétricas finas de imagens ponderadas em T1, imagens ponderadas em T2 e FLAIR axial e coronal. + Características de imagem: - Atrofia do hipocampo - Mudança de sinal do hipocampo (sinal alto em T2 e FLAIR). - Alterações podem ser observadas em estruturas vizinhas, conhecida como esclerose mesial. - Até um terço dos pacientes têm dupla patologia (esclerose hipocampal associada com outras anormalidades estruturais do cérebro), estas devem ser cuidadosamente procuradas. Genética + Padrão de herança: esclerose hipocampal é uma anormalidade adquirida. + Genes conhecidos: não se aplica na maioria dos casos, pois esclerose hipocampal é uma anormalidade adquirida. No entanto, convulsões febris, especialmente se prolongada, pode causar esclerose hipocampal. Epilepsias genéticas que estão associados com ataques febris (tais como a síndrome de Dravet, “febrile seizures pus”) pode, portanto, predispõem um indivíduo para o desenvolvimento de esclerose do hipocampo. + História familiar: pode estar presente, se houver uma condição genética associada com crises febris anteriores (ver acima). Diagnóstico diferencial + Encefalite límbica mediada por auto anticorpos: proeminente sinal pode ser visto em imagens de T2 e FLAIR no hipocampo, atrofia pode ser desenvolvida ao longo do tempo + Malformação do hipocampo Página � de �52 79 DISPLASIA CORTICAL FOCAL (FCD): são regiões localizadas mal formadas do córtex cerebral. É uma causa comum de crises focais. É classificado por suas características neuropatológicas. - Tipo I: refere-se a lesões isoladas, que apresentam defeitos de laminação cortical de forma radial (tipo Ia) ou tangencial (tipo Ib). Podem ser identificados em um ou múltiplos lóbulos do cérebro. - Tipo II: lesão isolada caracterizada por defeito de laminação cortical e neurônios dismórficos sem (tipo IIa) ou com células de balão (ballon cells) (tipo IIb). - Tipo III: descreve a displasia que ocorre em combinação com esclerose hipocampal (tipo IIIa), com tumores glioneuronais (tipo IIIb), ao lado de malformações vasculares (tipo IIIc) ou em associação com lesões adquiridas no início da vida, tais como um lesão isquêmica anterior ( tipo IIId). Contexto clínico: a apresentação clínica depende da extensão e localização da malformação e anormalidades estruturais assocaidas. A menos que a área de displasia cortical focal seja grande, os pacientes não sofrem inicialmente com desenvolvimento significativo, neurológica ou disfunção cognitiva. Aparecimento de convulsões pode ser em qualquer idade, com dois terços tendo início das crises pelos 5 anos de idade e a maioria dos pacientes com início das crises pelos 16 anos. Início em idade avançada é raramente visto. Enquanto cerca de um quinto dos pacientes podem apresentar resposta transitória a medicação (ausência de convulsões por um ano ou mais), as convulsões são normalmente difíceis de controlar com medicamentos (observados em cerca de 80% dos pacientes). Ambos os sexos podem ser afetados. + Desenvolvimento e evolução cognitiva pode ser pior em crianças com epilepsia de difícil controle no início da vida, espasmos especialmentese síndrome de West ou crises generalizadas aparecem, portanto, o controle das crises é importante, isso pode incluir cirurgia de epilepsia se as crises não são controladas com medicação. Convulsões: + Crises focais são geralmente o tipo de crise inicial, com características atribuíveis à localização da displasia cortical focal. Se estas não têm características motoras, elas podem ser difíceis de detectar em lactentes e crianças jovens. + Evolução a convulsões bilaterais podem ocorrer, estes podem ter características focais se esta informação é cuidadosamente procurada. + Síndrome de West (Espasmos infantis ou epileptic spasms) pode ocorrer, e pode ser o tipo de apresentação da convulsão (podem ter características focais que podem ser referidas para o local da displasia cortical focal). + Estado de mal epiléptico, incluindo estado de mal epiléptico focal, pode ocorrer. + Pacientes com displasia cortical focal, que têm idade de inicio mais precoce pode ter uma mudança em seus tipos de crises ao longo do tempo, com o surgimento da Síndrome de West ou crises generalizadas tipos, ausências atípicas, convulsões atonicas e tônicas. Deficiências de desenvolvimento e cognitivas são mais comuns neste grupo. Eletroencefalograma: + Background: pode ser normal ou pode mostrar desaceleração focal sobre a displasia cortical focal. Na presença de espasmos epiléticos ou tipos de crises generalizadas, o background pode mostrar desaceleração generalizada ou hipsarritmia. + Interictal: - Pode ser normal ou pode mostrar pontos focais interictais, polipontas ou ponta-onda na localização da displasia cortical focal. - Picos multifocais independentes ou ponta-ondas generalizadas (normalmente <3 Hz) podem ser vistos em pacientes com tipos de ataques generalizados. - Hipsarritmia pode ser visto na aqueles com espasmos epilépticos. + Ativação: EEG anormalidade é reforçada pela privação do sono e no sono. A obtenção de um EEG durante o sono é importante em lactentes com risco de espasmos epilépticos, pois o EEG acordado pode ser normal e anormalidade podem estar presentes apenas no sono. + Ictal: a presença de descargas epileptiformes rítmicas e focais é o traço mais característico do EEG em pacientes com displasia cortical focal, mostrando correlação espacial com a displasia cortical focal. Displasia cortical focal que não são acessíveis por EEG pelo couro cabeludo pode ter mal localização de mudança ictal no EEG, com padrões que podem incluir atenuação sutil ou somente desaceleração rítmica. Se espasmos epiléticos ou convulsões generalizadas estão presentes, o EEG ictal associada a esses tipos de crises podem ser vistos. Página � de �53 79 Neuroimagem: + Imagem para detecção otimizada de displasia cortical focal: ressonância magnética com fatia volumétricas finas ponderadas em T1, imagem axial e coronal em T2 e FLAIR. + Características de imagem do tipo I: - Atrofia - lobar ou sublobar, com perda regional da substância branca subcortical. - Aumento de sinal na substância branca na imagem ponderada em T2 ou em FLAIR; e diminuição de sinal em imagem ponderada em T1 - Pode ter padrão de sulcos e giros levemente anormal. - Tipo Ia é normalmente encontrado nos lobos temporais e pode estar associada a atrofia do hipocampo. Tipo Ib é normalmente encontrado fora dos lobos temporais. + Características de imagem do tipo II: - Aumento da espessura cortical, com padrão de giros e sulcos anormais - Indefinição da junção da substância cinzenta e branca. - Aumento de sinal na substância branca na imagem ponderada em T2 e em FLAIR; diminuição de sinal nas imagens ponderadas em T1 - Uma linha orientada radialmente ou tarja hiperintensa cônica no T2 ou FLAIR apntando para o ventrículo lateral. - São mais comumente encontrados nos lobos frontais. + Cuidados: - No cérebro imaturo não mielinizado um aumento de sinal T2/FLAIR é difícil de identificar (ex. junção entre substância branca e cinzenta indefinida). A imagem pode ser repetida após a mielinização completa. - Algumas displasias corticais focais podem ser difícil de detectar, mas a detecção é importante, pois a cirurgia de epilepsia pode curar convulsões intratáveis que surgem de displasia cortical focal. Modalidades de imagem avançadas, tais como PET e SPECT, com análise de peritos, pode ser necessária. Genética + Padrão de herança: esporádico, possivelmente devido a genes anormais adquiridos, o que pode ser somático ou da linhagem germinativa. Casos familiares são excepcionais. + Genes conhecidos: recentemente, anormalidades genéticas no gene mTOR tem sido encontradas em alguns pacientes com FCD tipo II. Estas anormalidades genéticas podem ser da linhagem germinativa (DEPDC5 e NPRL3) ou somáticas (TSC2). + História familiar: casos familiares raras de FCD foram relatados em pacientes com anormalidades nos genes DEPDC5 ou NPRL3. Há expressividade variável nestes pacientes, com alguns membros da família aparentemente não afetados, outros com epilepsia focal e ressonância magnética normal e outros com FCD. Diagnóstico diferencial: as características patológicas da displasia cortical focal tipo IIb podem ser indistinguível daquela de um tubérculo cortical visto na esclerose tuberosa. Página � de �54 79 Aumento regional no sinal na substância branca (aparece mais brilhante) nas imagens ponderadas em T2, com atrofia regionais (compare regiões temporal, parietal e occipital direito às mesmas regiões em à esquerda). Área de expansão de giro no lobo frontal inferior esquerdo, com aumento do sinal na substância branca ao lado em T2 (núcleo central escuro) que é radial, a f i l a n d o - s e p a r a ventrículo lateral. Pode ser idêntica um tubérculo cortical. Área localizada de e s p e s s a m e n t o c o r t i c a l , c o m d e s f o c a g e m d a junção da substância cinzenta e branca; sinal aumentado na massa branca ao lado n a i m a g e m p o r FLAIR, visto no lobo frontal esquerdo. Coma e alterações da consciência Consciência: capacidade de receber, processar e agir baseado em uma informação recebida. Processo mental. Necessidade de hemisférios cerebrais funcionais e conexões ativas. Alerta: capacidade de interagir com si e com o ambiente, não fala sobre a qualidade dessa interação. Exemplos de diminuição do aleta são topor e depois o coma. COMPONENTES DA CONSCIÊNCIA: Despertar (vigília, estado de alerta): depende da substância reticular ascendente (tegmento da ponte e mesencéfalo, projeção para diencéfalo e córtex). É basicamente a área que liga o cérebro, por isso uma lesão no tronco leva a perda dessa capacidade. Conteúdo da consciência (percepção de si próprio e do meio): integridade do córtex cerebral e conexões sub-corticais. Estar orientado e lúcido. ESTADOS DE CONSCIÊNCIA: normal (alerta e consciência funcionam); delírio (alerta funciona e conteúdo da consciência diminuida); consciência mínimo (alerta funcionando e consciência muito comprometida); estado vegetativo (alerta funcionando e consciência não funcionando); coma (alerta e consciência não funcionam), locked in (alerta e consciência funcionam). ESTADO VEGETATIVO: pessoas com lesão cortical importante, mas tronco cerebral funcionante. + Vegetar é viver meramente a vida física, sem atividade intelectual ou relacionamento social. Vegetativo é o corpo orgânico capaz de crescer e desenvolver, mas sem pensamento e sensação. Estado vegetativo permanente: mais de 3 meses após hipóxico-isquemico; mais de 12 meses após traumatismo cranioencefálico (dano axonal difuso – grande comprometimento com pouca lesão observada). Estado vegetativo persistente: mais de 1 mês após dano cerebral agudo difuso. Critérios diagnósticos (todas as seguintes características devem estar presentes, exceto os reflexos dos nervos cranianos preservados): + Desconhecimento de si mesmo e do ambiente. + Incapacidade de interação com os outros. + Sem resposta comportamental voluntária sustentada, reprodutívelou proposital (visual, auditiva, tátil ou estímulos nocivos). + Sem a compreensão da linguagem ou expressão. + Ciclos de sono-vigília presentes (tronco). + Função autonômica e hipotalâmica preservada para sobreviver por longos intervalos com cuidados médicos ou de enfermagem. + Incontinência intestinal e urinária. + Reflexos dos nervos cranianos preservados (tronco). ESTADO MINIMAMENTE CONSCIENTE + Limitada e clara evidencia da percepção de si mesmo e do ambiente, reprodutível e sustentada: segue comandos simples; resposta gestual ou tipo sim ou não (mesmo não acuradas); fala inteligível; comportamento com propósito (afetivo ou movimentos) não reflexo. + Habilidade de comunicar ou manipular objetos em graus variados. Critérios diagnósticos: + Capacidade de resposta diminuída global. + Evidência limitada, mas discernível da consciência de si e do ambiente indicada pela presença de um ou mais dos seguintes comportamentos: segue comandos simples; respostas gestuais ou verbais a perguntas sim ou não; fala inteligível; comportamento propositado (movimentos ou comportamentos afetivos que ocorrem em relação contingente a estímulos ambientais relevantes e não são simplesmente movimentos reflexivos). SÍNDROME “LOCKED-IN”: quadriplegia e anartria pós lesão das vias cortico-espinhais e cortico- bulbares (lesão porção ventral ponte ou mesencéfalo abaixo do III par). Tem abertura ocular espontânea, piscamento ou movimentos verticais olhos. Consciência preservada, ou seja, tem noção do que ocorre, mas não consegue se comunicar. DELÍRIO EM UTI: distúrbio da consciência, de caráter agudo e flutuante, caracterizado por alteração da consciência, inatenção e alteração no despertar e cognição. Há comprometimento da Página � de �55 79 percepção do ambiente. É parecido com o delírio da psicose, mas tem causas diferentes. Ocorre em 1 a cada 5 pacientes internados, particularmente idosos com alta comorbidade e/ou déficit cognitivo preexistente. O início do delírio geralmente é nos primeiros dias de internação. O diagnóstico é importante por interfere na morbidade e tempo de internação do paciente. **Esse homem obviamente não sabe a diferença de delirium e delírio**. Fisiopatologia: doença multifatorial, por isso o tratamento é ficado no manejo desse contexto. + Estrutural: micro e macro alterações. + Medicamentos: diazepinicos, opiáceos, neurolépticos, sedativos + Sepsis: encefalopatia, reação inflamatória, quebra barreira hemato-encefálica. + Biomarcadores: enolase neuronal específica S100 β, proteína tau. + Neurotransmissores: aumento de dopamina, diminuição de acetilcolina, GABA. + Cirurgia e Anestesia: microembolia, hipotensão, hipóxia, anestésicos + Genética: apoliproteína E4 (marcador de Alzheimer?). Tipos: + Hiperativo (psicose UTI): agitação, labilidade emocional, inquietude. Chama mais atenção. + Hipoativo (encefalopatia): apatia, letargia, retraimento, resposta diminuída e lenta. É o mais comum, confunde muito com o coma. Prevenção do delírio em UTI + Medidas gerais: reorientação frequente do paciente; restauração do ciclo sono-vigília; remoção precoce cateteres e contenções; mobilização precoce; atividades estimulantes cognitivas e físicas; evitar barulho e estimulações desnecessárias e inoportunas. + Tratamento - Corrigir anormalidades: metabólicas, hidro-eletrolíticas, pressão arterial, hipóxia, hipercapnia, anemia, hiper e hipoglicemia. Observar se está em jejum. - Detecção e tratamento precoce de infecção. - Evitar sedação e analgesia excessiva - preferir uso intermitente a infusão contínua; interrupção diária para avaliar o paciente. - Ansiedade: diazepínico ação breve. - Dor: opiáceos. - Agitação e delírio – neurolépticos. - Sedação – propofol ou dexmedetomidine. Obs: crise epiléptica é comum em pacientes em UTI, sendo o VEEG útil nesses casos de alteração de nível de consciência. AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO DO COMA 1. Estabilização clínica: Airway (entubar se GCS ≤ 8 – se estiver melhorando não precisa); Breathing (manter SaO2 >90%); Circulation (manter PAM >70 mmHg). 2. Colher sangue para investigar distúrbios metabólicos, hepáticos, renais, infecções, tóxicos : hemograma; creatinina, uréia, glicemia; sódio, potássio, cálcio; gasometria arterial; gama GT, AST, ALT, TAP; TSH. 3. Exame neurológico e escala de coma: classificar e registrar o grau do coma e déficits neurológicos; identificar local e tipo de lesão neurológica. + Exames complementares: realizar tomografia se suspeitar de lesão estrutural ou sangramento; líquor se suspeitar de infecção SNC; EEG se suspeitar crise epiléptica ou estado de mal epiléptico. + Escalas de coma: grau de severidade; padronização da avaliação; correlação entre observadores; facilidade de registro informações; caráter evolutivo. - Escala de Glasgow: resposta ocular (1 a 4), resposta motora (1 a 6) e resposta verbal (1 a 5). Não avalia respiração e função do tronco-encefálico, problema com entubados e déficits lateralizados (ex. AVC). É a mais famosa. Página � de �56 79 Escala FOUR (Full Outline of UnResponsiveness): resposta ocular (0 a 4), resposta motora (0 a 4), reflexos de tronco (0 a 4), padrão respiratório (0 a 4). Indica melhor o local e grau de comprometimento da lesão do que o Glasgow. Ao avaliar os pares cranianos estamos avaliando várias vias aferentes e eferentes do tronco. Obs: abaixo do núcleo vestibular descerebração, abaixo do núcleo rubro decorticação. FOUR Resposta ocular (E) Olhos abertos ou abrem, seguem ou piscam ao comando 4 Olhos abertos, porém sem seguimento 3 Olhos fechados. mas abrem ao estímulo verbal elevado 2 Olhos fechados, mas abrem ao estímulo doloroso 1 Olhos permanecem fechados com a dor 0 Resposta motora (M) Eleva o polegar, cerra os punhos ou sinal paz 4 Localiza a dor 3 Resposta de flexão a dor 2 Resposta de extensão a dor 1 Ausência de resposta a dor ou estado mioclônico generalizado 0 Reflexos de tronco (B) Reflexo pupilar e corneano presentes 4 Uma pupila dilatada e fixa 3 Reflexo Pupilar ou corneano ausentes 2 Reflexo Pupilar e corneano ausentes 1 Reflexo Pupilar, corneano e da tosse ausentes 0 Respiração (R) Não intubado, padrão ventilatório regular 4 Não intubado, padrão ventilatório Cheyne-Stokes 3 Não intubado, ventilação irregular 2 Ventilação acima da frequência do ventilador 1 Ventilação na frequência do ventilador ou apnéia 0 GLASGOW Abertura ocular Espontânea 4 Ordem verbal 3 Estimulo doloroso 2 Não abre 1 Resposta verbal Orientado 5 Confuso 4 Palavras inadequadas 3 Sons inteligíveis 2 Não responde 1 Resposta motora Obedece a ordem verbal 6 Localizar dor 5 Flexão normal 4 Flexão anormal-decorticação 3 Extensão anormal-descerebração 2 Nenhuma 1 Página � de �57 79 4.Tratar intercorrências agudas e graves + Hiperventilação (vasoconstrição) e manitol se hipertensão intracraniana e/ou sinais herniação. É uma solução temporária, pois após um tempo a célula fica hiperosmótica e a água não sai mais com o manitol. + Tiamina se desnutrido ou alcoólatra. Deficiência de tiamina não tratada causa síndrome de Wernicke-Korsakoff (ex. amnesia recente intratável). + Naloxonese suspeita intoxicação narcóticos. + Flumazenilse suspeita intoxicação diazepínicos. + Lavagem gástrica com carvão ativado se suspeitar intoxicação por drogas 5.História detalhada: familiares. AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA Avaliação da sedação: a sedação facilita o manejo, diminui o sofrimento desse paciente. + Escala de agitação e sedação de Richmond (RASS): RASS -4 ou -5 parar e reavaliar mais tarde; RASS menor que -4 fazer outra classificação (CAM–ICU). 1. Observe paciente. Ele está calmo e alerta (score 0)? O paciente tem um comportamento que é consistente com inquietação ou agitação (pontuação +1 a +4)? 2. Se o paciente não está alerta, em um tom alto fale o nome do paciente e peça para abrir os olhos e olhar para você. Repetir uma vez se necessário. Pode solicitar paciente continue olhando para você. - Pacienteabre os olhos e mante, contato visual por mais de 10 segundos (score -1). - Paciente abre os olhos e mante, mas contato visual não passa de 10 segundos (score -2). - Paciente tem qualquer movimento em resposta a voz, excluindo contato com os olhos (score -3). 3. Se o paciente não responde a voz, estimular fisicamente paciente agitando ombro e, em seguida, esfregando esterno, se não houver resposta à agitação ombro. - Paciente tem qualquer movimento à estimulação física (score -4). - Paciente não tem nenhuma resposta a voz ou a estimulação física (score -5). PROGNÓSTICO: depende da lesão e de como foi manejado. ESCALA PROGNÓSTICA DE GLASGOW: como saiu do hospital. 1 Morte 2 Estado vegetativo persistente Paciente sem função cortical óbvia. 3 Deficiência grave “Consciente, mas incapacitado”. Paciente depende de outros para apoio diário devido à deficiência mental ou física ou ambos. 4 Incapacida de moderada “Incapacitado, mas independente”. O paciente é independente tanto quanto vida diária está em causa. As deficiências encontradas incluem diferentes graus de disfagia, hemiparesia ou ataxia; déficits intelectuais, de memória e alterações de personalidade. 5 Boa recuperação Reinício das atividades normais, embora possa haver menores déficits neurológicos ou psicológicos. Página � de �58 79 ! Página � de �59 79 Morte encefálica É um conceito ainda não estabelecido. Em uma pesquisa em Recife 62% da população acreditava que na morte encefálica o paciente não está morto, 42% sabiam o que é morte encefálica. Outra pesquisa mostrou que 86% das pessoas em um shopping de Curitiba entende o que é morte encefálica e 59% acreditam que o médico pode errar no diagnóstico. Outra pesquisa mostrou que 17% dos intensivistas não definem corretamente a morte encefálica. Em Pelotas, 81% das pessoas autoriza doação de órgãos quando um médico informa que seu paciente está morto e 63% quando está em morte encefálica. Morte: é um processo com diversas etapas, algumas reversíveis. Ponto de irreversibilidade (incompatibilidade com a vida) é a perda definitiva da função do tronco encefálico. Tronco encefálico: determina as funções básicas para a vida (ex. coração, movimento respiratório). É avaliado por uma série de exames dos nervos cranianos e teste de apnéia. + O tronco define a vida e sua lesão leva a morte encefálica (exame clínico e teste apneia), já o hemisfério define a pessoa e sua lesão leva ao estafo vegetativo persistente (exame complementar). Morte encefálica em UTI geral: em um hospital universitário ocorre em 14,3% das patologias neurológicas e em 5,1% de todos pacientes internados em UTI. EVOLUÇÃO PARA MORTE ENCEFÁLICA: 1. Lesão encefálica. 2. Coma. 3. Apnéia. 4. Arreflexia tronco (não tosse quando aspira). 5. Choque refratário. 6. Assistolia cardíaca (geralmente até 3 dias o coração para de forma irremediável). + Até a arreflexia de tronco o paciente ainda está vivo, devendo-se usar todos os recursos disponíveis. Após isso o paciente já está morto, determinando morte encefálica. FISIOPATOLOGIA DA MORTE ENCEFÁLICA: Instabilidade hemodinâmica: 1. Herniaçãorostro-caudal. 2. Tempestade autonômica. 3. Isquemia do miocárdico (perda do estímulo vagal, grande descarga de catecolaminas endógenas, aumento significativo da pós-carga, aumento significativo da pré-carga, vasoconstrição coronariana). 4. Injúria de reperfusão cardíaca. 5. Baixo débito sustentado e congestão. CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO TRADICIONAL: rigor cadavérico, pele fria e pálida; parada cardiorrespiratória. ENCEFÁLICA: aplicação fácil e padronizada com repetição confiável; especificidade de 100% (nenhum falso positivo); sensibilidade variada, pois pode não ser possível provar (20-30% - droga sedativa, não tem um olho, etc). Há dois níveis, um clínico e outro de exames complementares (nível de segurança). Deve ter certeza absoluta de morte ou vida. Amparo legal, ético e prático: lei 9.434 (4 fevereiro 1997); decreto 2.268 (30 junho de 1997); resolução CFM 1.480 (22 agosto 1997). Até ser mudado a lei, o decreto ou a resolução deve ser seguida como está escrita. + Critério CFM 1997: - Exame clínico e teste de apnéia com execução padronizada. - Exame complementar obrigatório. - Exames clínicos realizados por 2 profissionais diferentes com intervalo mínimo de 6 horas (sendo um deles neurologista, neurologista infantil ou neurocirurgião). - Intervalos e exames complementares variam com a idade. - Alteração protocolo deve ser aprovado pelo CRM. Pré-requisitos essenciais: + Lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e capaz de provocar o quadro de coma e apneia, com um período mínimo de observação hospitalar de 6h. + Ausência de distúrbio hidroeletrolítico, acidobásico ou endócrino e intoxicação exógena severos e não corrigidos. + Ausência de hipotermia severa ≤32°C (tratar o que pode estar confundindo o diagnóstico). + Mínimo de 6 horas de tratamento intensivo ou observação hospitalar após a lesão Exame clínico: + Coma não reagente a estímulos externos. + Ausência de reflexos de tronco cerebral: pupilar, corneano, óculocefalogiro (rotação da cabeça e movimento de compensação dos olhos), vestibulo- Página � de �60 79 calórico (desvio dos olhos após irrigação com água fria do conduto auditivo), tosse. - Sinal de Lazáro: reflexo medular complexo visto em pacientes com morte encefálica, em que durante o teste da apneia ou a movimentação passiva da cabeça, o paciente subitamente levanta ambos os braços e os coloca sobre tórax, podendo ocorrer também flexão do tronco. Pode confundir o diagnóstico. + Teste da apnéia: prova de que existe uma alteração no tronco. - Metodologia: 0. Fazer 10-15 min de oxigênio a 100% (substituir todo nitrogênio por oxigênio). 1. Colher gasometria inicial. 2. Conectar oxímetro digital e desconectar do respirador. 3. Instalar cateter traqueal com O2 6L/min. 4. Observar cuidadosamente por movimentos respiratórios (abdominais ou torácicos) por 8-10 min. 5. Colher gasometria final (pCO2 > 55 mmHg sem movimento respiratório – em pessoas normais é um estimulo para respirar). 6. Reconectar o respirador. Exame complementar: preferência por doppler e EEG, mas pode-se fazer arteriografia cerebral. + Doppler transcraniano: uso de depressores do SNC distúrbios metabólicos persistentes. + Eletroencefalograma: crianças menores de 1 ano; craniotomia descompressiva. DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: os envolvidos com o transplante de órgãos não podem fazer determinação de morte encefálica. Código de Ética Médica (2010) + Capítulo VI –É vedado ao médico:Art. 43 –participar do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de suspender meios artificiais para prolongar a vida do possível doador, quando pertencente à equipe de transplante Resolução CFM Nº 1.826/2007 + Art. 1º É legal e ética a suspensão dos procedimentos de suportes terapêuticos quando determinada a morte encefálica em não-doador de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante. §1º O cumprimento da decisão mencionada no caputdeve ser precedida de comunicação e esclarecimento sobre a morte encefálica aos familiares do paciente ou seu representante legal, fundamentada e registrada no prontuário. DÚVIDA: os 5 “D”s-Dúvida CASO CLÍNICO: MSR, 45 anos, masculino, casado, professor. Há 1 hora quadro súbito de cefaléia intensa e vômito, seguido por perda progressiva da consciência. + 13:30h - PA de 160/100 mmHg, frequência cardíaca de 88 bpm, torporoso, hemorragia peripapilar em olho direito, paresia direita, Glasgow 9. Impressão diagnóstica HSA. + 14:30h - tomografia mostra sangue espaço subaracnóideo e inundação ventricular. + 15:30h - crise epiléptica prolongada tratada com DZP, FB e FNT endovenoso. Apnéia levando a entubação orotraqueal e respiração assistida. Glasgow 6. + 8:10h - coma não responsivo e apnéia. Glasgow 3, PA 150/90 mmHg, frequência cardíaca de 80 bpm. Possível morte encefálica. + 8:45h - Início da determinação da morte encefálica.Primeira etapa pelo intensivista. Notificar familiares e médico responsável. + 9:00h - Pré-requisitos presentes. Exame Clínico compatível com morte encefálica. Preparo para teste de apnéia. + 10:00h - Término do teste de apnéia - pO2 inicial de 287 e final de 108; pCO2 inicial de 36 e final de 57. Ausência movimentos respiratórios. Duração 10 minutos. Teste positivo. + 10:00 às 16:00h - realização exame complementar; preparo do laudo. Provável morte encefálica. + 16:00 às 20:00h: - 2ª Etapa pelo neurologista. Rever diagnóstico e exame complementar. Realizar exame clínico. Preencher Termo de Determinação de morte encefálica. Morte encefálica comprovada (essa é a hora da morte) - Intensivista deve notificar CNCDO e médico responsável para preparar o doador. - Médico responsável deve comunicar familiares da morte encefálica e preencher Declaração de Óbito. - CNCDO contactar familiares e solicitar doação. Preparo para transplante. Página � de �61 79 Cefaleia Cefaleia é a desordem neurológica mais prevalente e o sintoma mais frequente observado em um consultório de clínica geral. EPIDEMIOLOGIA: a prevalência de vida da cefaleia na população americana é superior à 90%. Cerca de 47% da população americana apresenta pelo menos uma crise de cefaleia por ano. A OMS considera a cefaleia a terceira doença de maior impacto na população, superando diabetes, tumores, doenças pulmonares. Cefaleia primária: a dor é a própria doença. Exames complementares são pouco uteis. Ex: migrânea, cefaleia do tipo tensional, cefaleia trigemino autonômicas. Cefaleia secundária: sintoma de outra doença. Exemplos são tumor cerebral, vasculares (HSA), infecciosas (arterite temporal). + Doença vascular: aneurisma cerebral (clássico), infarto cerebral (pouco comum), dissecção da artéria vertebral (dor unilateral fixa no pescoço com irradiação occipital), fístulas arteriovenosas, fistulas arteriovenosas. + Doenças infecciosas ou inflamatórias: mais raro. Encefalites, meningites (rigidez de nuca), sinusites, mastoidites (nuca), arterites, vasculites. - Sinusite: a migrânea pode ser confundida com sinusite e sinusite pode piorar a migrânea. - Arterite temporal: idoso; dor de cabeça fixa que piora no final do dia; claudicação de mandíbula; artéria temporal aumentada. É confundido com frequência com enxaqueca. + Doença degenerativa: disfunção da ATM, cefaleia cervicogênicas, hérnias de disco. + Doença funcional: hipotensão intracraniana; hipertensão intracraniana por abuso de vitaminas, uso de anticoncepcionais. - Hipotensão intracraniana: pós-punção e pós-raquianestesia, pois há criação de uma fístula que drena o líquor. Essa fistula pode ser espontânea. Dor é postural, só quando paciente levanta. - Anticoncepcionais: dosar proteína S (coagulação), pois se ela estiver baixa a cefaleia é pelo anticoncepcional. Além disso se a proteína estiver baixa aumenta risco de tromboembolismos. Isso não é raro de acontecer. + Intoxicação, distúrbios metabólicos e hipoxêmicos: cefaleia da altitude, da insuficiência renal, hiponatremia, hipo e hiperglicemia. + Outros: neoplasias, pós-traumáticos (até 72h após trauma). Outras: neuralgias cranianas (neuralgia do trigêmeo, neuralgia pós-herpética), dor facial central e periférica, etc. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: 90% pela história da dor de cabeça (anamnese – determinar se é primário ou secundário), 2,7% é feito pelo exame físico e apenas 0,3% pelo laboratorial. Diferenciação de cefaleia primária e secundária: mnemônico “FELIS”. + Frequência: - Primária: cefaleia intercalada com períodos assintomáticos. - Secundária: cefaleia continua sem períodos assintomáticos. + Evolução: - Primária: não muda o comportamento da cefaleia (exceto na migranea crônica). - Secundária: sempre evoluem, mudando o comportamento da cefaleia. Fica mais frequente, mais intensas, mais difícil de ser controlada. + Lateralidade: é só uma sugestão. - Primária: bilateral ou unilateral. Pode mudar de lado, ou seja, pode ser unilateral fixa (20% das migrâneas, trigemino autonômica), unilateral alternante (40% das migrâneas) ou bilateral (cefaleia tensional). - Secundária: mais comum a unilateral, principalmente fixa (sem alternância). + Inicio: - Primária: a dor começa lenta com piora progressiva da intensidade. - Secundária: a dor começa já forte. Um exemplo é a cefaleia padrão Thunderclap que ocorre em aneurisma cerebral, que em menos de 60 segundos atinge seu pico de intensidade (pode durar até 10 horas). + Sinais: - Primária: pouco ou sem sinais. Exceto trigemino autonômica que tem muitos sinais e sintomas. - Secundária: muitos sinais. Ex: rigidez de nuca (sinal de Kerning, sinal de Brudzinski), exame de Página � de �62 79 fundo de olho. Características + Idade de início: em jovens indica cefaleia primaria (enxaqueca, cefaleia do tipo tensional e trigemino autonômica) e em idosos é a secundaria (hipnica, arterite temporal, neoplasias, AVC). + Sinais de alerta: - Mudança de padrão da cefaleia. - Perda de peso não intencional. - Cefaleia com tosse, rir, esforço físico ou valsalva. Pensar em Síndrome de Arnold-Chiari, fístula arteriovenosa ou aneurisma. - Cefaleia que acorda o paciente pode ser tumor. Isso porque com a mudança de posição para decúbito, há um aumento da irrigação do tumor, mas a drenagem dele não é tão eficiente. Com isso o tumor edemacia, causando dor e acordando o paciente (cerca de 2-4 horas após dormir). Entretanto, há outros casos de dor durante o sono, como bruxismo, disfunção de ATM, distúrbios do sono, hipotireoidismo, aneurisma. - Sinais clínicos- principalmente fundoscopia. + Gatilhos: fatores desencadeantes. Ex. enxaqueca (menstruação, ovulação, alterações de alimentação), cefaleia trigemino autonômicas (álcool). MIGRÂNEA: cefaleia caracteriza por ocorrer graças a um fator genético importante e um fator ambiental (estrogênio, testosterona, sono, estresse, alimentação, etc). EPIDEMIOLOGIA: no Brasil, a prevalência na população entre 30-40 anos é de 18%, sendo que nas mulheres a prevalência é de 27% e nos homens de 8%. Idade: começa ao redor dos 15 anos, atingindo um pico aos 30-40 anos e diminuindo com o passar da idade (diminui estrogênio e testosterona). Sexo: mais frequente em mulheres (3M:1H). Acredita-se que isso ocorra pela ação do estrogênio, que faz uma hipersensibilidade cerebral. Por isso alterações hormonais na menstruação podem causar enxaqueca e crise convulsiva (convulsão catamenial). Entretanto, na reposição de estrogênio a paciente pode ter enxaqueca, ser indiferente ou, em um pequeno grupo, melhorar da enxaqueca. HISTÓRIA NATURAL: um indivíduo normal tem um primeiro episódio de migrânea, chamada de migrânea CRASH. É uma crise forte e de difícil diagnostico, sendo que o paciente evolui de uma migrânea episódica para uma migrânea crônica de acordo com o padrão genético. Ou seja, as crises vão ficando mais frequentes, diminuindo período assintomático entre elas (fenômeno da antecipação – patognomonico da enxaqueca). + Migrânea episódica: pode ser infrequente (0-1 vez ao mês), de baixa frequência (0-9 dias no mês) ou de alta frequência (10-14 crises no mês). Pode evoluir para migrânea crônica. + Migrânea crônica (5,1%): 15 ou mais dias no mês, por um período mínimo de 3 meses. Geralmente aos 30-40 anos. Fatores de cronificação: + Modificáveis: - Obesidade: obesidade tem risco 5 vezes maior e sobrepeso tem risco 3 vezes maior. - Abuso de medicamentos: uso excessivo de analgésicos, que depende mais da frequência (mais de 2 vezes na semana) do que da quantidade. Acetaminofeno e opióides aumentam o risco em duas vezes, enquanto triptanas e AINES não interferem. Opioide tem contraindicação absoluta em migrânea, pois é a que mais cronifica. - Abuso de cafeína: consumo maior que 100 mg de cafeína ao dia (uma xícara de café tem 80mg). - Roncopatia e apneia do sono: flutuações da pressão intracraniana, hipóxia, hipercapnéia, fragmentação do sono e aumento da atividade muscular. Latênciado sono baixa é indicativo. - Comorbidades psiquiátricas: mulheres migranosas com depressão maior tem uma chance 31 vezes superior a cronificar a migrânea. + Não modificáveis: idade, gênero, raça branca, nível educacional baixo, estado socioeconômico, fatores genéticos. SUBTIPOS: são 20 subtipos, entretanto pode-se dividir as enxaquecas em com ou sem aura. + Migrânea sem aura. + Migrânea com aura: migrânea com cefaleia e aura típica; cefaleia não migranosa com aura; sem cefaleia com aura; migrânea hemiplégica familial; migrânea hemiplégica esporádica; migrânea basilar. + Síndromes periódicas da infância: vômitos cíclicos; migrânea abdominal; vertigem paroxística Página � de �63 79 benigna; torcicolo benigno. + Migrânea retiniana. + complicações da migrânea: migrânea crônica; estado migranoso; aura persisitente sem infarto; infarto migranoso; migrânea originando epilepsia. + Provável migrânea: provável migrânea sem aura; provável migrânea com aura; provável migrânea crônica. FASES: prodrome (6-48h), aura (1h), cefaleia (4-72h) e recuperação (1-72h). Nem todos os pacientes tem essas fases, um exemplo é que somente 20% tem aura, 45-75% te prodrome. Prodrome: começa 4-48h antes da dor de cabeça. Sintoma mais comum é sonolência. Pode ter irritabilidade, hiperativo, vontade de comer chocolate, diarreia, hiperosmia, etc. Aura: 1/4 dos pacientes apresentam aura, podendo ser sensorial ou motora. A visual é a mais comum, principalmente na formação de espectro de fortificação. Dura de 5-60 min. + Os pacientes que apresentam aura tem um fator de risco para AVC. Se for mulher e estiver usando anticoncepcional o risco aumenta 9 vezes. Cefaleia: duração de 4-72h (se não tratada), sendo que na pediatria dura de 1-72h. Unilateral em 60% dos casos, com característica pulsátil. A intensidade pode ser moderada ou severa, que piora com atividade física ou movimentos (vasodilatação e neurosensibilização neural). + Sintomas associado: náuseas e ou vômitos; foto e fonofobia; osmofobia; alodinia; tontura. Recuperação: fica mais devagar, com raciocínio lento. O QI chega a cair 30%. MIGRÂNEA MENSTRUAL: crise de enxaqueca que ocorrer de dois dias antes do início da menstruação até três dias depois do fim da menstruação. É diferente da migrânea estrógeno dependente que ocorre durante o período menstrual e durante a ovulação. Essa diferença é importante, pois a migrânea menstrual é tratada só no período menstrual. FISIOPATOLOGIA: Aura: ocorre pela depressão alastrante cortical, que consiste em uma queda da atividade elétrica em determinado ponto do córtex que se espalha como uma onda pelo tecido (não preserva território vascular). Ou seja, é como se o córtex do indivíduo estivesse sendo desligado. Ocorre também da epilepsia, trauma e outros. Acredita-se que todos os pacientes tenham aura, mas apenas alguns percebem devido a diversidade de manifestações que podem ocorrer, Cefaleia: o núcleo caudal do trigêmeo controla a sensibilidade. Na migrânea esse controle está diminuindo, levando a passagem de muitos estímulos sensitivos aos córtex (sensibilização central). O pico dessa sensibilização é a alodinia. TRATAMENTO: deve-se ser o mais agressivo possível o mais rápido possível (efeito bola de neve), pois se agir rápido ela vai responder rápido (por isso as piores enxaquecas são as que começam enquanto o paciente está dormindo). O tratamento médico pode ser dividido em quatro níveis - agudo, profilático, preemptivo ou de resgate. Tratamento agudo: na hora da migrânea. + Anti-inflamatórios: tratamento de enxaqueca leve. Um dos mais usados é o naproxeno sódico ou ibuprofeno. + Agonistas serotoninérgicos 5HT: tratamento de escolha em enxaqueca moderada e severa. Não funcionam depois que o paciente tem alodinia. - O mais usado é o succinato de sumatriptana pelo preço e eficácia (mais eficaz na formula com naproxeno), o problema é que tem vários efeitos colaterais. Pode repetir a dose uma hora depois, mas se não respondeu com a primeira provavelmente não responderá com outra dose. - Succinato de Sumatriptana (Sumax-Imigram) 25-100mg via oral ou 6mg subcutâneo ou nasal; Succinato de Sumatriptana com naproxeno (potencializa efeito); Succinato de Naratriptana (Naramig) via oral 2,5mg; Succinato de Rizatriptana (Maxalt) via oral 10mg; Succinato de Zolmatriptna (Zolmig) via oral. + Derivados da dihidroergotamina: usado com paciente que já tem alodinia ou que a dor não passou com agonista 5HT. Não associar com sumatriptana e deixar um intervalo de pelo menos 12h entre as drogas, pois ambos fazem vasoconstrição (AVE, a ngina). - Dihidroergotamina 1mg via oral. Obs: domperidona 10 mg 3 comprimidos (faz espoliação de dopamina). Tratamento de resgate: resgatar o paciente de um tratamento que não funcionou. Usa-se por via endovenosa medicamentos que inibem a dopamina e corticóides. Uma das mais usadas é a clorpromazina, que deixa o paciente um pouco sedado. Usar uma ampola em 150 ml de soro por uma hora (não muito rápido para não fazer hipotensão). Página � de �64 79 Tratamento profilático: uma proteção para evitar a interação de fatores genéticos e ambientais, evitando a migrânea. A droga mais prescrita é o Topiramato. Tratamento preemptivo: tratamento realizado quando o paciente está exposto a um fator conhecidamente relacionado com o início da cefaléia (ex. enxaqueca menstrual; relacionada com fatores de gatilho). + Enxaqueca menstrual: anti-inflamatórios não esteroidais (Ponstam, Feldene, Celebra); Ergotamina e seus derivados; Triptanos (naratriptano, frovatriptano, zolmatriptano). A sugestão de tratamento é Naratriptana 2,5 mg via oral de 12/12 horas e Ponstam 1cp via oral de 12/12 horas por 3 dias. Usar um dia antes do início dos sintomas e dois dias subsequentes ao período normal da enxaqueca. Cerca de 90% melhoram com esse tratamento. Tratamento da migrânea crônica: Droga Dose (mg) Nível Comentários Betabloqueador Propranolol 40-120 I Útil nos pacientes com hipertensão, ansiedade e distúrbios do pânico. Pode exacerbar a depressão. Não deve ser utilizado com dihidroergotamina. Fadiga, desordens do humor e sonhos (vividos), bradicardia, hipotensão postural, ganho de peso (pouco), alucinações e impotência sexual. Usar por 3 meses, começar em doses baixas e ir escalonando a cada 15 dias. Mais usado em mulheres. Metoprolol 50-200 I Atenolol 100 I Antiepilépticos Divalproato de Sódio 500-1500 I Efeitos colaterais náuseas, astenia, sonolência, ganho de peso (muito – 15kg em 3 meses), alopécia, tremor e efeito teratogênico. Contraindicado em SOP. Mais usado em homens. Topiramato 25-100 I Parestesias, distúrbios de concentração e de memória, náuseas, perda de peso e sonolência. Cálculos renais (1/120 pacientes – fazer parcial de urina para monitorar) e glaucoma de ângulo fechado (raro - fazer fundo de olho [escavação maior que 40%]). Lamotrigina 50-100 I Indicação absoluta na migrânea com aura com ou sem cefaléia. Ou nos casos de aura prolongada de difícil controle. Farmacodermia. Antidepressivos Tricíclicos Amitriptilina 25-100 I Sonolência, ganho de peso e sintomas anticolinérgicos. Utilizado em pacientes com depressão e cefaléia do tipo tensional quando associado. Bloqueadores de Canal de Cálcio Flunarizina 5-10 I Ganho de peso, depressão e sedação. Sintomas extrapiramidais em pacientes idosos. Usado em criança. Droga Dose Nível Comentários Botox 155-175 unidade s I Deve ser evitado durante a gravidez, discrasis sanguíneas e doenças neuromusculares. Aplicado em 31 pontos. Topiramato 50-100 mg I Parestesias, distúrbios de ocncentração e de memória,náuseas, perda de peso e sonolênscia. Calculos renais e glaucoma de ângulo fechado Página � de �65 79 Demências Apesar de ser a mais conhecida, o Alzheimer não é a única causa de demência. A primeira descrição de demência foi em 1672 em um paciente que teve AVC (apoplexia), ou seja, nesse tempo a principal causa era visto como vascular. Apenas quando os estudosde patologia iniciaram em 1989 é que o Alzheimer começou a ser descrito e entrar em destaque. Hoje voltou-se a reconhecer a importância dos fatores vasculares na gênese da doença. ETIOLOGIA: Doença de Alzheimer: estima-se que representa 5% dos casos de demência É uma degeneração primária sem causa definida que apresenta atrofia no exame de imagem. + Ocorre uma morte neuronal acelerada, cursando com: - Perda cognitiva progressiva, memória, linguagem e praxias. Tem que envolver mais de uma das funções corticais, então só perda de memória não é Alzheimer e outras doenças degenerativas. - Sintomas neuropsiquiátricos: comportamentais e psicológicos. - Comprometimento das atividades de vida diária. + Patologia: - Atrofia cortical progressiva, tendo que incluir atrofia de hipocampo e temporal. - As alterações histológicas na base da doença incluem a presença de placas senis e de tranças neurofibrilares. As placas senis são depósitos extracelulares e correspondem a agregados do peptídeo beta-amilóide (Ab), tem sua relevancia ques t i onada po r es ta rem p resen tes no envelhecimento normal. As tranças neurofibrilares são depósitos intracelulares e contêm a proteína Tau hiperfosforilada. Verifica-se também alterações na transmissão sináptica, que em conjunto contribuem para a perda de memória e a diminuição progressiva de capacidades cognitivas. Demência vascular: representa 5% dos casos de demência. Apresentam nos exames de imagem alterações vasculares – microangiopatia (trombos em pequenos vasos, doença de pequenos vasos, leucoaraiose). É causada pelo envelhecimento arterial (ateriosclerose). + Ateriosclerose: processo de endurecimento, perda de elasticidade e espessamento progressivo das paredes das artérias. Com isso perde vasorreatividade, compensação hemodinâmica. Esse envelhecimento provavelmente é acelerado pelos hábitos de vida. Demência mista: 90% dos casos. Isso explica porque drogas anti-colinesterasicas não funcionam tão bem no Alzheimer, pois além do efeito enzimático que o Alzheimer provoca, há defeitos estruturais. COMPROMETIMENTO COGNITIVO: de um cérebro em risco passa para um comprometimento cognitivo leve (MCI), para um comprometimento cognitivo crescente e para demência. + É importante identificar o cérebro em risco, que é aquele com risco vascular associado ao risco genético (predisposição). + No comprometimento cognitivo leve (MCI) o paciente queixa-se que precisa de um pouco mais de esforço para realizar suas atividades. É nessa fase que deve-se iniciar o tratamento. É muito comum no consultório do neurologista. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: + Os “3D” dos distúrbios do desenvolvimento – depressão (10-20%), delirium e demência (3%), podendo ser acrescentado um quarto D, o distúrbio cognitivo (10-15%). Página � de �66 79 Depressão: pode facilmente ser confundido com a demência, podendo s e r c h a m a d o d e u m a “ p s e u d o d e m ê n c i a ” ( ‘ d é m e n c e mélancholique’).+ DSM-V: perda da atenção ou memória de curto e longo p r a z o , t o m a d a d e d e c i s ã o , dificuldades as atividades intelectuais p l a n e j a m e n t o e o r g a n i z a ç ã o , velocidade de pensamento, lentidão de raciocínio e julgamento, limitação no trabalho, incapacidade de cumprir prazos, conflitos interpessoais. DIAGNÓSTICO: o diagnóstico de demência só pode ser confirmado com biopsia. Avaliação: começa quando o paciente entra na sala - aspectos físicos, vestimenta, deambulação (marcha), orientação e humor. + Anamnese: - Comprometimento cognitivo - problemas de linguagem; desorientação temporal; eventos mais antigos são preservados e eventos mais recentes são perdidos. - Anamnese com informante é essencial. - O início, curso e natureza dos sintomas são os principais determinantes da etiologia do comprometimento cognitivo. - O médico deve ter um bom entendimento de funções cognitivas básicas Diagnóstico diferencial: depressão; função tireoidiana (TSH); VDRL (sífilis); dosagem de vitamina B12 (principalmente em paciente com redução de estômago e vegetarianos); sorologia HIV; sorologia hepatite; exame de imagem (exclusão), principalmente ressonância magnética. Avaliação audiométrica, oftalmológica, abuso de drogas e álcool devem ser individualmente requisitadas. Exames de imagem: + Alzheimer: ressonância mostra acúmulo de amilóide, PET com fluorodeoxyglicose (metabolismo cerebral), SPECT disfunção de sinapse e neurodegeneração. Pode- se mostrar atrof ia, pr incipalmente hipocampal (assimetria). Sempre usar ressonância, pois tomografia não mostra tão bem a atrofia hipocampal. No caso de assimetria hipocampal pedir exame de volumetria (não analisar de forma isolada, pode ter muito erro). + Vascular: microangiopatia, mostrado como manchas hiperdensas periventricular ou na substância branca (diagnóstico diferencial com esclerose múltipla [corpo caloso, indivíduos mais jovens]). Podem ser leve, moderada ou severa. Obs: demência frontotemporal – distúrbios de linguagem e distúrbio comportamental. Comprometimento final é igual aos outros, mas essa tem uma resposta pior as enzimas(?). Marcadores: com a morte dos neurônios são liberados no liquor peptídeo beta-amilóide, proteína TAU e fosfo-TAU, que podem ser quantificados por exame de liquor desses pacientes. Essas proteínas evidenciam a degeneração, podendo variar de acordo com atividade da doença. Níveis elevados desses marcadores e presença de sintomas permitem classificar o paciente como portador de declínio cognitivo leve, moderado ou grave. Essas proteínas evidenciam a degeneração, podendo variar de acordo com atividade da doença. Marcadores de stress oxidativo - 8 hidroxiquanina e proteína AD7C. Testes de rastreio (neuropsicometria): mini exame do estado mental, teste do desenho do Página � de �67 79 Sintomas Delirium Demência Depressão Problemas de memória +++ +++ + Distúrbios do sono +++ +/- + Falta de atenção +++ +/- +/- Perturbação do humor +/- +/- +++ Distúrbio sensorial e perceptivo +++ +/- +/- Desorientação +++ ++ - Déficit agudo ++ - - Progressão lenta - + +/- Queixas somáticas - +/- + Anedonia ou apatia +/- ++ ++ Flutuação dos sintomas ++ - - Risco mal desfecho em saúde ++ +++ +/- relógio e Montreal Cognitive Assessment (MoCA) são os mais usados (bateria breve). Pode-se usar também fluência verbal (semântica); questionário Pfeffer. + Limitações dos testes de rastreio: baixa sensibilidade; associação de testes é necessária; necessidade conhecimento cerebral funcional para optimização dos testes (conhecer a deficiências dos pacientes para melhor escolher o teste). + Testes breves não permitem diagnóstico, apenas indicam necessidade de avaliação detalhada com encaminhamento para Avaliação Neuropsicológica ampla. Se tem nota máxima em dois ou mais testes a tendência é de não pedir avaliação psicométrica e tratar como depressão. Teste genético: a presença de apolipoproteina E pode ter ou não a doença. Por isso não é recomendado fazer, já que não confirma a doença e não tem tratamento. TRATAMENTO: não há cura, mas há uma postergação dos sintomas dependendo da fase que o pacientes está (discussão das possibilidades). Objetivo: alentecer a progressão dos sintomas; reduzir os sintomas comportamentais; melhorar o funcionamento das AVD; reduzir a carga para familiares e cuidadores (parece AVC); melhorar a qualidade de via dos pacientes, familiares e cuidadores. Tratamento farmacológico: - Iniciar precocemente para resultados melhores. - Sempre realizar ECG antes da medicação, pois está contraindicada em casos de bloqueio. - Começar com doses baixas e titular, pois tem efeitos colaterais e pacientes não toleram, principalmente a memantina (alucinações, ilusões). - Usar dose máxima sempre que possível (muitos efeitos colaterais) - ‘Shift’ é indicado se efeitos colaterais (trocar entre medicamentos da mesma classe). - Uso concomitante sem eficácia, ou seja, não usar dois inibidores de acetilcolinesterase ao mesmotempo. Se quiser usar dois medicamentos combinar anticolinestesarico e antiglutamatergicos. - SUS – IAChE leve e moderado. + Inibidores da acetilcolinesterase (IAChE): disponíveis pelo SUS. Não mostram uma melhora, mas desaceleram a progressão (por isso os efeitos são mais percebidos quando se retira a medicação, pois percebe-se o declínio cognitivo do paciente). - Donepezila 5 e 10mg / dose única. - Galantamina ER 8, 16 e 24mg / dose única. - Rivastigmina oral 1,5, 3 e 6 mg / 2x dia e transdérmica 4,6, 9,5 e 13,3 mg /dia. + Antiglutamatérgico: antagonista não competitivo de receptores N-Metil-S-Aspartato (NMDA) do glutamato. Usar memantina 10 mg/ 2x dia. Diminui a excitotoxicidade. Não está disponível do SUS. + Placebos: nenhum tem efeito comprovado na melhora dos sintomas. EGb761 da Ginkgo biloba; vitamina E; Selegelina; Ômega 3; redutores da homocisteína; estrogênio; AINH; estatinas. Tratamento não-farmacológico: exercício físico mostrou-se eficaz. CONCLUSÃO: + Informantes que convivem com o paciente são a chave diagnóstica. + A forma de início, curso da doença e natureza dos sintomas são os pontos mais importantes na determinação da etiologia do comprometimento cognitivo. + Testes neurocognitivos são muito úteis (monitoração), mas não são diagnóstico. O médico que interpreta precisa ter um bom entendimento das funções cognitivas básicas para correlação. + Fatores de riscos vasculares estão sendo implicados em todos os tipos de demência. + Tratamento não-farmacológico possui evidência. + Aconselha-se que o paciente acompanhe a finalização diagnóstica. Isso não parece contribuir com depressão ou piora, ao contrário resulta em maior colaboração para manutenção das funções Página � de �68 79 Síncope e Tontura SÍNCOPE É a perda súbita e transitória da consciência e do tônus postural. EPIDEMIOLOGIA: acredita-se que é uma doença subestimada, que não se sabe a verdadeira prevalência. Afeta cerca de 3-37% da população geral e 1/3 das pessoas apresentarão ao menos um episódio. Incidência aumenta com a idade. Representam 3% dos atendimentos clínico; 35% das patologias podem cursar com síncope. CLASSIFICAÇÃO: pode ser classificado com base na causa. Benigno: cerca de 30% de recorrência. Tem como causas síndrome de hipotensão postural, labilidade vagal. Risco de vida: risco de morte súbita. Em casos onde a etiologia da sincope está relacionada a arritmia cardíaca ou condição cardiogênica. CARACTERÍSTICAS: + Perda súbita, transitória e autolimitada da consciência. Duração de menos de 30s (5-22s, com média de 12s). - Se o paciente chega inconsciente não é sincope, exceto se for sincope psicogênica. + Frequentemente com queda. + Recuperação completa e espontânea, sem sintomas ou sinais (fluxo sanguíneo reestabelece). - Na sincope por insuficiência vertebrobasilar pode acordar com ataxia, disartria, mal estar temporário. + Pode ser precedida de estresse agudo, náusea, distúrbios visuais. Além disso a causa pode estar relacionada ao estresse. - Sincope relacionada ao estresse de falar em público ou atividades semelhantes geralmente não é sincope verdadeira. + Em torno de 90% tem movimentos clônicos difusos, conforme o grau de hipoxemia cerebral (fica cianótico difusamente). Nesses casos tem que pesquisar com mais detalhes a etiologia da síncope. Confundido com convulsões. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: podem conter a sincope entre os seus sintomas. Com perda da consciência sem hipoperfusão global: epilepsia; alterações metabólicas, incluindo hipoglicemia e hipóxia (não é súbito); hiperventilação com hipocapnia; intoxicação (redução gradual da consciência e não transitório); AIT vertebrobasilar. Sem comprometimento da consciência: cataplexia; drop attacks (quedas súbitas); síncope pseucogênica; AIT carotídea. FISIOPATOLOGIA: + A perda da consciência pode ocorrer quando há: - 6-8s de interrupção brusca do fluxo sanguíneo cerebral. Ex. compressão carotídea. - Redução de 20% do O2 tecidual cerebral. Ex. broncopneumonia em idoso com comprometimento de perfusão. - Redução de pelo menos 60 mmHg da pressão arterial média com mudança de posição. Ex. hipotensão postural por interação medicamentosa. + Autorregulação do fluxo sanguíneo cerebral decresce com a idade, por isso a síncope é mais frequente em pacientes idosos. + Comprometimento de barorreceptores. + Comorbidades e medicamentos contribuem para maior incidência. CLASSIFICAÇÃO – CARDIOGÊNICA E NÃO CARDIOGÊNICA: Causas cardiogênicas ou cardiovasculares: arrítmicas e mecânicas. Tem maior risco de malignidade (ex. morte súbita). + Arrítmicas: disfunção do nódulo sinoatrial; alterações da condução AV e VA; taquicardia supraventricular; taquicardia ventricular. + Mecânicas: infarto, isquemia do miocárdio e cardiomiopatia obstrutiva; insuficiência cardíaca; Página � de �69 79 estenose de valva aórtica; estenose de aorta; estenose de artéria carótida ou vertebral; dissecção aórtica (dor torácica, hipotensão, sincope menos relevante), dissecção de artérias carótidas ou vertebrais; cardiomiopatia obstrutiva; embolia pulmonar; síndrome de roubo da subclávia; insuficiência vertebro-basilar; miocardiopatias em geral. Causas não cardiogênicas: neuro-mediadas (vaso-vagais) e outras. São mais benignas e mais frequentes. + Neuro-mediadas: síncope vasopressora (vasovagal); síncope do seio carotidiano; síncope situacional (ex. latido de cachorro); distúrbios ortostáticos “benignos”; síndromes disautonômicas. - Síndrome disautonômicas: é uma “neuropatia autonômica”. Paciente tem diarreia, dor abdominal, hipotensão postural, impotência sexual, borramento visual. Pode ser primárias (hipotensão ortostática idiopática, taquicardia ortostática postural, atrofia de múltiplos sistemas) ou secundária (diabetes [mais frequente], Guillain-Barre, esclerose múltipla, outras causas neurológicas [DVE, migrânea, hipertensão intracraniana]). + Outros: distúrbio psiquiátrico, síncope metabólica, anemia. - Anemia: pode ser tão intenso que causa o cor anêmico (insuficiência cardíaca - miocardiopatia hipertrófica). CLASSIFICAÇÃO – CARDIOLÓGICAS, NEUROLÓGICAS E OUTRAS: cardiológica, nerológica, metabólicas e medicamentosas, psiquiátricas, desconhecidas (35-50% dos casos). Cardiológica: grupo em risco de vida lesão estrutural do coração, arritmias, neurocardiogênica (vasovagal), hipotensão postural. Neurológicas: situacional ou reflexa; hipersensibilidade do seio carotídeo; neurogênica (vasovagal); outras causas (ex. insuficiência circulação posterior). DROGAS ASSOCIADAS: Drogas de ação cardiovascular: β-bloqueadores; vasodilatadores (α-bloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio, nitritos, hidralazina, inibidor da ECA, sildenafil e similares); antiarrítmicos; diuréticos; anti-hipertensivos de ação central (clonidina, metildopa); guanetidina. Drogas de ação no SNC: antidepressivos (tricíclicos, IMAO); antipsicóticos (fenotiazinas); sedativos (barbitúricos e álcool); agentes antiparkinsonianos (levodopa - hipotensão); anticonvulsivantes; analgésicos narcóticos; ansiolíticos (benzodiazepínicos - hipotensão); anti- histamínicos não sedativos. DIAGNÓSTICO: lembrar que a clínica é soberana. Objetivos: excluir diagnósticos diferenciais e excluir risco de vida. Em 45% dos casos anamnese e exame físico são suficientes para isso. C o n d u t a : a p ó s u m a p e r d a transitória de consciência fazer história, exame físico e um ECG de 12 derivações (sempre). Se o diagnóstico for certo tratar, se incerto estratificar o risco (ex. motorista de ônibus), usando tilt test quando necessário. + História clínica: situação do evento, prodromos, duração, descrição do evento, pós-ictal (resíduo), frequência, história médica, medicamentos. - Cuidado com a gestante: pode usar diuréticos sem prescrição, estar em pré-eclampsia, etc. + Exame físico: hipotensão postural (pressão arterial em decúbito e ortostático), sopros cardíacos, exame neurológico. + Avaliação psiquiátrica: se acharnecessário e acreditar ser uma sincope psicogênica. + ECG: deve ser feito em todos os pacientes. Buscar causa cardíaca – BAV, bloqueio de ramo, doença isquêmica, hipertrofia ventricular, arritmia. + Testes laboratoriais: - Curva glicêmica e curva insulínica, principalmente em jovem com suspeita de erros na alimentação. Pode ocorrer hipoglicemia reacional, onde após ingestão de glicose ao invés de subir a glicemia baixa. Página � de �70 79 - Hemograma em idoso. Síncope cardiogênica: sempre que houver a menor suspeita de sincope cardiogênica (morte súbita). Pedir ecocardiograma (complementar ao ECG), teste de esforço (complementar ao ECO), monitoração ECG (holter, gravadores de loop), ECG de alta resolução, estudo eletrofisiológico. Sincope neurogênica: + Tilt test: em caso de síncope não cardiogênica, recorrente de causa desconhecida. Pode ser sensibilizado com uso de drogas. Pode ser associado com a massagem em seio carotídeo em pacientes com mais de 60 anos (complicações 0,03-0,15%). + EEG: pouco útil, exceto se história sugestiva (2%). + Tomografia e ressonância: sinal neurológico focal (ex. hipertensão intracraniana), convulsão, trauma. + Doppler: carótidas e transcraniano. TRATAMENTO: sincope neurocardiogênica. É importante individualizar tratamento de acordo com frequência, injuria física associada, alteração na qualidade de vida. Não farmacológico: evitar fatores predisponentes; uso de meias elásticas; suplementar sal e água (ex. sal grosso no bolso). Farmacológico: atenolol, midodrine (hipotensão psotural), fludocortisona (hipotensão postural), paroxetina (funciona, mas não se sabe o porquê), enalapril, teofilina. Marca-passo: refratariedade a drogas; resposta cardioinibitória. TONTURA E VERTIGEM Queixa muito comum, como principal ou secundária, sendo que ela aumenta com a idade. Tem diversas formas de enunciado, múltiplas etiologias e tratamentos distintos. O ponto em comum é a sensação de instabilidade. EQUILÍBRIO: equilíbrio estático e dinâmico é mantido pelo reconhecimento inconsciente da posição do próprio corpo em relação ao meio circundante e adoção de medidas compensatórias a cada alteração de posição, seja do corpo seja só da cabeça. Informações dos vestíbulos (canais semicirculares), olhos e sensibilidades (táctil, articular e barestésica) vão para o cerebelo que coordena músculos paravertebrais e músculos dos membros inferiores. Vertigem: sensação rotatória frequentemente com sintomas vegetativos (náuseas, vômitos, sudorese), desequilíbrio estático e dinâmico e nistagmo. Piora ao fechar os olhos, pois perde referencial. Disfunção central ou periférica de vias vestibulares. Tontura: sensação de cabeça leve ou vazia, quase contínua, não caracterizável como vertigem (paciente identifica bem), sincope ou desequilíbrio. É um distúrbio de percepção sensorial. Síncope e pré-sincope: perda ou quase perda súbita da consciência, geralmente precedida de sensação de “escurecimento de vistas”, com sintomas vegetativos (náuseas, palidez, sudorese) e zumbidos. Relacionada com mudança brusca de posição, calor, estresse. Falência de perfusão cerebral levando a hipóxia difusa do SNC. Desequilíbrio: perda do equilíbrio sem qualquer sensação anormal na cabeça. Pode ocorrer ao deambular (mais comum) ou sentado. Défice do controle motor principalmente por comprometimento cerebelar e da propriocepção. DROGAS ASSOCIADAS: abstinência ou uso podem causar tontura, vertigem, sincope ou desequilíbrio. Agentes que atuam no SNC: álcool etílico e metílico; ansiolítico; antidepressivos tricíclicos e IMAO; anticonvulsivantes (fenitonina, barbitúricos, carbamazepina); antiparkinsonianos; antipsicóticos (fenotiazínicos); anti-histamínicos; antibióticos (estreptomicina, gentamicina, amicacina, tobramicina, kanamicina, neomicina, minociclina, polimixina B, colistina); narcorticos e tóxicos em geral; salicilatos. Agentes que atuam no sistema cardiovascular: betabloqueadores; vasodilatadores e correlatos (alfabloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio, nitratos, hidralazina, inibidores da ECA); antiarrítmicos; diuréticos; metildopa, clonidina; guanetidina. TONTURA: um sintoma, uma queixa subjetiva que não pode ser aferida. Geralmente benigno, mas existem situações associadas à risco de morte. + Para o paciente corresponde a quatro condições principais - vertigem, sincope, desequilíbrio (mais frequente), “lightheadness”. Cabe ao médico diferenciar clinicamente entre essas condições, que são frequentemente confundidas pelo paciente e familiares. EPIDEMIOLOGIA: 1% do consultório clínico; 20% das pessoas com mais de 60 anos; 70% Página � de �71 79 buscarão o clínico e 4% procurarão o especialista. FISIOPATOLOGIA: normalmente as informações entre os receptores são equivalentes e o senso de equilíbrio é gerado ao nível cortical. A ausência de informação ou um erro de sinal entre os receptores resultará em tontura. VERTIGEM: sensação ilusória de movimento do ambiente ou de si próprio, rodopio. Causas incluem vertigem posicional paroxística benigna, vertigem postural fóbica, neuronite vestibular. EPIDEMIOLOGIA: 107 casos em 100.000. Em geral 64 casos/100.000 pessoas ao ano. No Bras i l é desconhecida, porem “labirintite” é comum. FISIOPATOLOGIA: classificada em três categorias. Central: resultam de disfunção da porção vestibular do NC VIII, do núcleo vestibular no TC ou das conexões centrais. Ocorre quando há lesões tumorais ou vasculares em tronco ou cerebelo. Periférica: resultam de disfunção dos canais semicirculares, utrículo e sáculo. Sistêmica: múltiplas causas de pré-sincope ou hipotensão postural (não vertigem verdadeira). CAUSAS: Vertigem paroxística posicional benigna (VPPB): + Etiologia: como passamos boa parte da nossa vida deitados, ocorre migração de otólito(s) do sáculo ou utrículo para, principalmente, o canal semicircular posterior. + Clínica: - Vertigem postural com instalação súbita, geralmente ao deitar ou levantar; intensa; com náusea e nistagmo. - Curta duração (inferior a 1 minuto). - Latência: segundos (tempo entre mudança de posição e instalação da vertigem e do nistagmo). - Fadigabilidade presente na repetição de manobras de posição da cabeça. + Diagnóstico: habitualmente apenas exame físico com manobras provocativas. + Tratamento: manobras de reposicionamento canicular (melhor tratamento); controle metabólico quando tem disfunção metabólica precipitando o caso; antiemético, sedação e repouso na fase aguda. Vertigem postural fóbica: segunda causa mais comum de vertigem. Pouco reconhecida, mas inconvenientemente diagnosticada como “labirintite”. + Clínica: sintomas de vertigem oscilatória, tontura, instabilidade oscilatória que ocorrem em situações de estresse. Presença de transtornos de ansiedade, depressão, instabilidade afetiva, personalidade obsessivo-compulsiva. + Diagnóstico: habitualmente apenas avaliação clínica com exame neurológico. Testes vestibular (VENG). + Tratamento: do transtorno de base, especialmente psicogênicos. Não administrar bloqueadores de canal de cálcio. Lesão neuronal do ouvido médio: neuronite vestibular e síndrome de Menière (benigno). + Neuronite vestibular: início súbito, duração de vários dias. Tem náusea e vômito, sem outro sinal neurológico. Cerca de 50% relata “alteração” respiratória prévia (“gripe”), sendo associado a epidemia (etiologia viral). É mais frequente que Menière. - Tratamento: suportivo – antiemetico de ação central, clonazepam (sedação). + Síndrome de Menière: excessivo acumulo de endofilina. É uma situação crônica. - Clínica: ° Perda auditiva sensorial, não necessariamente flutuante, inicialmente para baixas frequências. ° Zumbido (tinitus), sensação de plenitude auricular. ° Vertigem episódica, com recuperação espontânea. - Tratamento: cirúrgico ou clínico. O tratamento clínico consiste em restrição de sal, cafeína, álcool, chocolate; diuréticos; corticoides nas crises. Insuficiência vértebro-basilar: situação clínica depotencial gravidade (AVC fossa posterior). + Clínica: - Habitualmente vertigem não é o sintoma principal. Página � de �72 79 Sintomas Central Periférica Náuseas e vômitos Moderados Severos Desequilíbrio Severos Leve Perda auditiva Rato Comum Nistagmo Severo Leve Sintomas neurológicos Comuns Raros Compensação Lenta Rápida - Clinica preponderante em idosos, podendo ter sinais de arteriopatia (coronariana, periférica, carotidiana), hipertensos, dislipidêmicos, diabéticos, tabagistas. - Sintomas relacionados principalmente com hiperextensão do pescoço. - Diplopia, ataxia, disartria, alterações de pares cranianos, síndromes de tronco cerebral, eventualmente síncope ou pré-sincope. + Investigação: exames de imagem, doppler transcranianao, angiotomografia, angiorressonancia e principalmente angiografia digital. + Tratamento: angioplastia com stent ou cirurgico; anticoagulação a ser considerada. DIAGNÓSTICO: baseado na história clinica dirigida.História clínica: + Classificar quanto a origem dos sintomas – central (usualmente grave), periférica (usualmente benigno), ambos, não é vertigem (rever outras causas de tontura). + Ter em mente a importância de afastar as causas associadas ao risco de vida. + Questionar: evolução temporal; duração dos sintomas; presença de latência entre o início do movimento e os sintomas de vertigem; presença de fatigabilidade dos sintomas de vertigem com o movimento repetitivo; posição desencadeante; momento do início; piora com os olhos fechados; relação com exercício; outros sintomas associados; perda auditiva; história pregressa e familiar. Exame físico: + Nistagno: usualmente horizontal, sendo que deve-se avaliar a fase lenta (lado da lesão) e a fase rápida (ação corretiva cerebral). Pode ser suprimido com a fixação do olhar. + Pressão arterial em diferentes posições. + Ritmo cardíaco. + Estado mental. + Pares cranianos. + Provas de metria e diadococinesia. + Marcha e equilíbrio, teste de Romberg (ataxia sensitiva). Perda do equilíbrio estático com o paciente parado e com os olhos abertos (cerebelo afetado) e com olhos fechados (sistema vestibular afetado ou propriocepção afetada). + Manobra de Dix-Hallpike: para diagnóstico de VPPB, A manobra consiste na movimentação da cabeça do paciente de forma a promover um deslocamento da endolinfa e, consequentemente, da cúpula do canal semicircular posterior. Nos portadores de VPPB, ocorre um evidente nistagmo, alguns segundos após o estímulo (com latência), que dura menos de 45 segundos (esgotável). TRATAMENTO: + Manobra de reposicionamento canalicular (ex. Manobra de Epley – ideal para o canal semicircular posterior). + Suprimindo os sintomas – benzodiazepínicos, anticolinérgicos, antiemeticos. + Tratamento cirúrgico. + Reabilitação – movimento e re-adaptação. Página � de �73 79 Síndromes hipercinéticas Os distúrbios de movimento, antigamente chamados de síndromes extrapiramidais, ocorrem por alterações em gânglios da base. Eles podem ser divididos em acinesias, ataxias e hipercinesias. As hipercinesias, que são movimentos involuntários anormais, incluem tremor, distonia e abalos (tiques, coreia, mioclonia, balismo). ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO: *Cortical (epiléptica), subcortical, medular, nervo (soluço) Programação: na área motora pré-central (área motora suplementar). Para programar o movimento recebe informações do lobo parietal (sensitivo – informações periféricas). Um defeito nesses sistema causa apraxia (não consegue dar início). Execução: pela via piramidal. Tem origem no córtex motor, descendo pelo trato corticoespinhal (primeiro neurônio motor), faz conexão com outro neurônio na medula (segundo neurônio motor), que sai para o músculo. Coordenação: cerebelo, que também recebe informações periféricas e mantem conexão com lobo frontal. Uma alteração no cerebelo causa falta de coordenação (ex. dismetria, ataxia). Modulação: gânglios da base. Alterações nestes causam hipocinesia e hipercinesia. DISTONIA: síndrome caracterizada pela presença de contrações musculares mantidas, que causam com frequência torção e movimentos repetitivos ou posturas anormais. Causada por alteração principalmente no putamen (genético ou lesão). Há uma coativação de músculos ao invés da contração de agonistas e relaxamento de antagonistas que normalmente ocorre. CLASSIFICAÇÃO: Causa: idiopática (esporádica ou familial) ou sintomática. Primária e secundária: + Distonias primárias: antigamente chamadas de idiopáticas, pois não tem alterações no putamen no exame de imagem. Hoje sabe-se que são de origem genética (ex. DYT1 – começa em criança na perna e vai para tronco, sendo mais comum em judeus). + Distonias secundárias: paralisia cerebral (ex. hipóxia neonatal), encefalite, meningite, trauma craniano, neuroléptico (dicenesia tardia) e outros. Em crianças. Distonia-plus: + Distonia responsiva a levodopa: deficiência de GTP ciclohidrolase I; deficiência de tirosina hidroxilase. - Distonia resposiva a dopamina (DYT5): antigamente chamadade doença de Segawa. Comum em crianças e adolescentes. Raro. Distonia focal de pés com flutuação diurna. Sinais piramidais leves. Diagnóstico diferencial com paralisia cerebral distônico/espástico. Teste terapêutico com levodopa em baixas doses. + Distonia mioclônica. Distonias heredodegeneratvas: doença de Wilson; doença de Nieman-Pick tipo C; gangliosidoses; síndrome de Lesch-Nyhan; doença de Hallervorden-Spatz; doença de Leigh. Idade de início: inicio (0-12 anos), adolescência (13-20 anos), adulto (>20 anos). Distribuição: + Focal: pega um grupo muscular. Ocorrem em adultos. Ex. distonia palpebral (blefaroespasmo); distonia oromandibular. Doença de Parkinson Substância negra Balismo Núcleo subtalâmico de Luys Distonia Putâmen Coreia Núcleo caudado Tremor de Holmes (Rubral) Núcleo rubro Ataxia Cerebelo Ataxia sensitiva Cordão posterior Mioclonia Sem definição anatômica* Página � de �74 79 + Segmentar: dois grupos musculares contíguos. Pode ser cranial, axial, branquial, crural. Ocorrem em adultos. Ex. Síndrome de Meige (distonia palpebral e oromandibular). + Multifocal: mais de um grupo muscular não contiguo. Ex. distonia de pálpebra e mão. + Hemidistonia: afeta um dos lados. + Generalizada: tem que ter tronco. Começam na infância (genéticas). Obs: distonia cervical pode ser classificada em torcicolo, anterocolo, laterocolo ou retrocolo. REAÇÃO DISTÔNICA AGUDA: distonia focal aguda pelo uso de drogas como neurolépticos e antieméticos, após a droga ser metabolizada os sintomas somem, mas pode ser uma emergência. Clinicamente, observam-se movimentos espasmódicos da musculatura cervical, boca e língua, podendo ocorrer também crise oculógira, com desvio forçado dos olhos para cima. Mais comum em jovens e homens. Diferenciar de discinesia tardia (mais comum em pacientes idosos). TRATAMENTO Tratamento medicamentoso: levodopa; anticolinérgicos (trihexafenidil, biperideno); tetrabenazina; clonazepam; carbazepina; outros. Toxina botulínica: do Clostridium botulinum é produzido a neurotoxina botulínica (diferentes sorotipos). Ação ao nível pré-sináptico, com bloqueio da liberação do neurotransmissor acetilcolina ao nível da junção neuromuscular. Causa paresia muscular. Tipo: + Focais: toxina botulínica. + Generalizadas: drogas via oral. Sempre começar com levodopa em baixas doses (10% respondem), se não responder usar anticolinérgicos. + Hemi-distonia: neurocirurgia (DBS – neurocirurgia esterotáxica com marca-passo cerebral). + Reação distôncia aguda: uso de anticolinérgico endovenoso (benztropina 1-2mg, bierideno 2mg SN repetir dose em 2h); difenidramina endovenosa25-50 mg. Tratamento de manutenção via oral com biperideno 2 mg, clonazepam 0,5-1,2 mg. Obs: atetose – distonia com movimento lento de extremidade, movimentos vermiformes. Normalmente após AVC, COREIA: coreia vem de dança. São movimentos involuntários irregulares, súbitos, imprevisíveis, não esterotipados, queaparecem de forma randomizada (qualquer parte do corpo), continua, de uma parte do corpo à outra, paracinesia. Alterações principalmente no núcleo caudado (entrada dos gânglios da base), causando perda de neurotransmissor inibitório e movimentos involuntários. Pela proximidade com o frontal geralmente é acompanhada de distúrbio cognitivo Síndrome coreica: coreia; hipotonia muscular; reflexo policinético de Gordan-Hey; sinal da ordenha (se pedir para segurar dedo do médico fica apetando em movimentos de ordenha); persistência motora; língua em dardo, mão em colher. CAUSAS: coréia de Sydenham, doença de Huntington, neuroacantocitose, outras (SAF, hipertireoidismo, LES). Coreia de Sydenham: infecção pelo estreptococo β-hemolítico do grupo A (4-8 semanas – faringite). Como consequência tem febre reumática (cardite, artrite), coreia e distúrbios comportamentais (comportamento obsessivo compulsivo [TOC], transtorno de déficit de atenção). Idade de início é aos 8-9 anos de idade. Cerca de 20% com hemi-coreia, 2% coreia mole, 60-80% cardiopatia, 30% artrite, 20% somente coreia (FR). + Etiopatogenia: anticorpos com reação cruzada contra os gânglios da base (caudado). Cerca de 50-90% dos casos. Tem disfunção neural com alterações nos exames de neuro-imagem (SPECT). + Tratamento: - Profilaxia com uso de penicilina, sulfa até 21 anos. - Tratamento sintomático com ácido valpróico (aumenta GABA e inibição), drogas bloqueadoras de dopamina (ex. haloperidol). - Uso de corticosteroides na fase aguda - Plasmaferese. + Evolução: doença auto-limitada; remissão após 8-9 meses; coreia persistente por 2 anos (50%); recorrência do quadro (50%). Recorrência na mulher no uso de anticoncepcional ou na gravidez. Neurocantocitose: doença genética de herança autossômica recessiva. Tem coreia, estereotipias, comportamento auto-injurioso, neuropatia periférica, depressão, ideação suicida, disfunção cognitiva, acantócitos no sangue periférico. Doença de Huntington (DH): enfermidade neurodegenerativa, autossômica dominante, clinicamente caracterizada pela tríade de distúrbios do movimento – coréia (90%), alterações Página � de �75 79 psiquiátricas (irritabilidade e agressividade) e demência. Idade de início é aos 35-50 anos (já tiveram filhos), tendo evolução para óbito em 15-20 anos. + Epidemiologia: prevalência de 5-10 casos por 10.000 pessoas. Em lago Maracaibo, San Luis, Venezuela esse valor é de 100/100.000. + Genética: mutação responsável pelos sintomas é uma expansão de trinucleotideos CAG no gene da DH localizado no braço curto do cromossoma 4 (gene IT15), codificando uma proteína, a huntingtina (>3000 aminoácidos) - doença de poliglutamina. A huntingtina é toxica, causando atrofia do caudado. O tamanho da expansão tem relação inversa com a idade de início dos sintomas. A cada geração aumenta a expansão, antecipando o aparecimento dos sintomas (fenômeno de antecipação). - Expansões: alelos normais tem menos de 35 repetições; de 36-39 são consideradas repetições intermediárias (pode expandir na geração futura); e mais de 39 indica que tem a doença (aumenta a toxicidade). Nos casos de repetições intermediarias pode-se fazer fertilização in vitro. + Manifestação motora atípica: outros distúrbios do movimento, diferentes de coreia, podem apresentar-se como manifestação motora inicial da DH. Pacientes com sintomas motores atípicos tendem a tem um maior número de expansões de CAG quando comparados aqueles que se apresentam com coreia. + Diagnóstico: teste molecular para doença de Huntington (sangue). + Tratamento: - Neuroproteção. - Sintomáticos – antidepressivos, neurolépticos e tratamento dos distúrbios de movimento. - No futuro espera-se conseguir silenciar o gene. BALISMO: distúrbio de movimento parecido com a coreia, mas que é mais proximal e mais de arremesso. Geralmente hemibalismo. Ocorre por lesão de subtalamico em AVC, diabético, etc. TIQUES: transtornos do movimento caracterizados por movimentos involuntários, rápidos, repetitivos, súbitos, curta duração, estereotipados (diferente da coreia), paroxísticos, não rítmicos. Recorrência irregular, variáveis, sem finalidade. Irresistíveis, com “urgência”, com supressibilidade parcial (consegue controlar um pouco). Acometem grupos musculares individualizados (diferente da coreia que é randomizado) CLASSIFICAÇÃO Pelo tipo: + Tiques motores: simples (poucos grupos musculares - ex. tique em boca) ou complexos (mais grupos musculares – ex. pulo). Podem ser clônicos ou distônicos. + Tiques vocais: simples (sons e grunhidos) ou complexos (palavras fora de contexto – ex. palavrão). Pode ter coprolalia, coprolalia mental, rituais, palilalia, ecolalia. + Tiques sensitivos: + Outros: estado de tique, tique bloqueado. Etiologia: + Idiopático: - Hereditário: síndrome de Tourette, tique motor crônico, tique vocal crônico. - Esporádico: tique transitório. + Secundário: neuroacantocitose, doença de Hunthgton, pós-encefalitico, TCE, intoxicação por monóxido de carbono, doença cérebro-vascular, drogas (cocaína [principal], anfetamina, metilfenidato, levodopa, neurolepticos, anticonvulsivantes). CONDIÇÕES ASSOCIADAS: TOC (em 50%, mais comum TOC de limpeza e aferição); transtorno de atenção com ou sem hiperatividade; comportamento auto-injurioso (ex. dedo no nariz, manipulação de genitais); outros (transtorno afetivo, de ansiedade, do sono, do comportamento sexual, de conduta, dogradição, alcoolismo, distúrbio de aprendizado). SÍNDROME DE TOURETTE: Diagnóstico: + Presença de tiques motores múltiplos (mais que dois) e um ou mais tiques vocais. - Locais mais comuns de tique motores são olhos, boca, face e pescoço. Dos tiques vocais são mais comuns fungar, limpar a garganta, sons guturais. + Os tiques podem ocorrer muitas vezes ao dia, quase todo o dia, ou de forma intermitente, através de um período de 1 ano (sem ter intervalo livre de tiques maior que 3 meses). + O distúrbio causa importante aflição e prejuízos nas esferas social, ocupacional e em outras áreas do funcionamento. Página � de �76 79 + O início dos tiques deve ser antes da idade de 18 anos. + O distúrbio não é devido a efeito de drogas ou outras doenças. Etiologia: já houve diversas teorias – possessão demoníaca, teoria psicanalítica, imunológica, etc. Atualmente prevalece a teoria genética. + Fatores genéticos e ambientais: transmissão bilineal. Genes candidatos do cromossoma 18q22; genes dopaminérgicos drd4, moa-a. Tratamento: difícil (ex. ritalina para atenção piora tiques). + Clonidina. + Tetrabenazina. + Neurolépticos para tique (flufenazina, pimozide, haloperidol, amilsulprida, tioridazina, risperidona, quetiapina, ziprazidona, olanzapina, aripiprazole). Pedir ECG, pois podem ter síndrome do QT longo e a droga desencadear uma arritmia. + Outros: clonazepam, ISRS para TOC (fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, clomipramina, sertralina, venlafaxina), metoclopramida, selegelina, agonistas dopaminérgicos, levetiracetam, toxina botulínica, neurocirurgia (leucotomia límbica, cingulotomia, estimulação talâmica). TREMOR: movimento rítmico, involuntário, oscilatório de qualquer parte do corpo. É o distúrbio de movimento mais comum. Deve-se avaliar o tremor em repouso e em movimento, podendo ser tremor em repouso (ex. Parkinson), tremor postural (em ação – ex. tremor essencial (tremor), tremor cinético (cerebelo), tremor de Holmes (cinético, postural e repouso - núcleo rubro), tremor de bater de asa (tremo de Wilson). TREMOR ESSENCIAL: Epidemiologia: tremor frequente, com uma prevalência de 450 casos em 100 mil habitantes. Cerca de 50% é familial, sendo que nesses casos a ingestão de álcool diminui o tremor. Em 50% é juvenil e em 50% é senil. Características: tremor postural ou cinético, bilateral (não precisa ser simétrico). Afeta mais membro superior (95%) e cabeça (30%), mas pode ser de voz, língua, mandíbula. Tremor na frequência de 8-12 Hz (diferente do Parkinson que é 4-7 Hz). Exame neurológico é normal, maspode ter roda denteada em flexão e extensão (Parkinson tem em extens ão, flexão, supinação e pronação). Fenótipos: + Tremor essencial clássico: geralmente tremor bilateral, postural ou intencional, simétrico em mãos e braços. Tremor em flexão e extensão, diferente do Parkinson que é em pronação e supinação. + Tremor essencial com tremor de cabeça: predominantemente em mulheres. Pode ser tremor do tipo "sim" ou do tipo "não". Se tremer a cabeça não é doença de Parkinson. Geralmente associada a tremor de braço. + Tremor essencial com tremor de queixo: pode ser maligno. + Tremor essencial com tremor de língua e de voz: geralmente associado a tremor de cabeça. Muitos pacientes com tremor isolado de voz tem distonia laríngea. + Tremor essencial com tremor em tronco, pernas e pés: pouco comum. Pensar em Parkinson. Evolução: + O tremor de mão pode começar só em uma delas e ser imperceptível na outra, mas em cerca de 3 anos ela acaba virando bilateral. Se essa evolução não ocorrer é indicio de Parkinson. Tratamento: geralmente se melhora com álcool (familial) melhora com medicamento, mas frequentemente o tremor não é tratado (fator ansiedade). Pode-se usar como primeira linha propranolol (tem muitas contraindicações) ou antiepilético como primidona (causa vômito em idosos) e fenobarbital. Como segunda linha pode-se usar alprazolam ou topiramato (antiepiléptico). Em casos graves e refratários pode-se fazer marca-passo talâmico. DOENÇA DE WILSON: mutação no gene ATP7 B (mais de 500 mutações), que é importante no hepatócito para excreção de cobre na bile. Com isso há acumulo de cobre, ca usando uma hepatopatia. Após isso o cobre começa a se acumular em outras regiões – articulações, rins, olhos, pele, sistema nervoso. Histórico: Samuel Alexander Kinnier Wilson. Epidemiologia: 1 para 30.000/100.000 pessoas. Portador 1:90. Sem diferença entr e os sexos. Idade de início entre 10 e 40 anos (pico aos 20 anos), casos raros com início após 70 anos. Se um dos pais acometidos a chance é de 1/200. Maior prevalência em eslavos, judeus de leste europeu, Página � de �77 79 italianos do sul, japoneses. Estágios: + Assintomático: cobre se acumula nos hepatócitos. + Sintomas iniciais (hepático): hepatócitos saturados, com necrose e regeneração hepática. + Sintomas tardios (extra-hepático): cirrose e aumento dos nivels plasmáticos de cobre. Intoxicação por cobre no cérebro, rim e articulações. Kayser-Fleischer rings. Clínica + Manifestações hepáticas: hepatite aguda; hepatite crônica ativa; cirrose; insuficiência hepática fulminante; insuficiência hepática com encefalopatia hepática; carcinoma hepatocelular; litíase biliar. + Manifestações sistêmicas: anemia hemolítica, manifestações renais, lesões ósseas, manifestações reumatológicas, anormalidades miocárdicas, distúrbios endócrinos, manifestações dermatológicas (unhas azuis). + Manifestações oftalmológicas: anel de Kaiser-Fleischer, catarata (girassol), alterações retinianas. + Manifestações neurológicas: pode afetar gânglios da base, cerebelo, tronco. Tem tremor típico (manobra do esgrimista – tremor em bater de asa), distonia (principalmente em boca e face) ou parkinsonismo. Pode ter ataxia. + Manifestações psiquiátricas: psicose, demência, agressividade, alteração de comportamento. Diagnóstico: + Marcadores de triagem: principalmente anel de Kaise-Fleischer e ceruloplasmina baixa (<10) (é uma enzima que acopla o cobre, não é a enzima mutada). Tem cobre aumentado na urina. + Neuroimagem: hiperintensidade em gânglios da base; cerebelo denteado; sinal do panda (depósito de cobre no tronco). Tratamento + Dieta: evitar frutos do mar. + Uso de agentes quelantes de cobre: penicilamina (aumenta a excreção de cobre renal), trientine. + Uso de agentes que diminuem a absorção intestinal de cobre: usados depois dos quelantes. Fazer terapia com zinco com uso de sulfato de zinco (aumenta a excreção de cobre nas fezes). + Transplante hepático. ATAXIAS: distúrbio do equilíbrio e da incoordenação. Grosseiramente pode ser dividido em ataxia sensitiva e cerebelar. ATAXIA SENSITIVA: lesão do cordão posterior da medula (fascículos grácil e cuneiforme), que é responsável pela sensibilidade profunda (vibratória e noção de posição seguimentar). Ou seja, essa lesão causa perda de noção seguimentar e perda da sensibilidade vibratória. Com isso o paciente tem marcha ataxica com base alargada (marcha talonate ou tabética). Romberg: com os olhos abertos o paciente tem influência do sistema visual, sistema vestibular e da propriocepção. Quando o paciente fecha os olhos ele perde a referência visual, ficando só com o sistema vestibular e sensibilidade profunda. Como na ataxia sensitiva o paciente tem a propriocepção alterada ocorre sinal de Romberg (clássico). Se ao invés disso ele tivesse lesão no vestibular ele teria sinal de Romberg labiríntico. Ou seja, alteração de cerebelo não tem sinal de Romberg, tem apenas rombergimo. Causas: sífilis; deficiência de B12. ATAXIA CEREBELAR: lesão do cerebelo e de duas vias aferentes (trato espinocerebelar anterior e posterior) e vias eferentes (lobo frontal e trato corticoespinhal). Sinais de lesão cerebelar: marcha atáxica, nistagmo (geralmente horizontal) e disartria (estendida, arrastado) são os mais comuns. Pode ter também dismetria; disdiacocinesia; decomposição de movimento; hipotonia; fenômeno do rebote (manobra do rechaço de Stewart- Holmes); distasia ou astasia; reflexo pendular (pela hipotonia); síndrome cognitiva afetiva (ex. depressão, disfuncção cognitiva); tremor. Ataxias cerebelares recessivas: sem distinção de sexo, começa na infância e pais podem ser consanguíneos. A mais comum é a ataxia de Friedreich. + Ataxia de Friedreich: alteração do gene FRDA (GAA). Ataxia mista, com componente cerebelar pequeno (disartria e nistagmo) e ataxia sensitiva maior. O fenótipo clássico tem ataxia sensitiva, arreflexia pronfunda e outros sinais (escoliose, pé cavo, diabetes, cardiomiopatia). Tem atrofia em medula cervical. É a causa mais comum de ataxia no mundo, principalmente na infância. + Ataxia telangiectasia: alteração no gene ATM. Tem telangiectasias oculares. É um diagnóstico diferencial da ataxia de Friedreich. Página � de �78 79 Ataxias cerebelares dominantes: sem distinção de sexo também, mas afeta todas as gerações em 50%. Chamadas de ataxias espinocerebelares (SCA). Tem 43 tipos, sendo o tipo 3 (doença de Machado-Joseph) e o tipo 10 (indígenas) as mais comuns no nosso meio. + Associações: neuropatias, distúrbios do movimento ocular especifico, retinopatia, demência, alterações psiquiátricas. + Doença de Machado Joseph (tipo 3): tem bulging eyes, que é uma pseudoexoftalmia (não é um sinal especifico). Tem evolução ruim (em 10 anos estão em cadeira de rodas). + Tipo 10: descrita no México como ataxia e epilepsia (açorianos). No Brasil tem uma variante com ataxia cerebelar pura (indígenas). Há uma teoria de que doença está migrando pela América Latina, mas já está na China. Tem uma evolução melhor que tipo 3. Ataxias secundárias: drogas, infecções, tóxicas, paraneoplásica (adultos), imunes, nutricional. + Em nosso meio é comum por cerebelites e romboencefalites (tronco e cerebelo), geralmente por Epstein-bar (mononucleose) e varicela em crianças. + Drogas - álcool, tolueno, antineoplásico, lítio, fenitoina (antiepiléptico), raramente estatina. Tratamento: sem tratamento especifico, podendo-se fazer fisioterapia, fonoaudióloga, neuroprotetor, buspirona. O importante é o aconselhamento genético. Obs: acatisia - impossibilidade de se sentar ou de permanecer sentado. Página � de �79 79 Semiologia neurológica ANAMNESE: NERVOS CRANIANOS (oculomotor), IV (toclear) e VI (abducente): V (trigêmio) (facial) (acústico) (glossofaringeo) e X (vago): (acessório): (hipoglosso): SISTEMA MUSCULAR: Força muscular: SISTEMA SENSITIVO Distúrbios COORDENAÇÃO MOTORA REFLEXOS: Reflexos superficiais: Raízes envolvidas: EQUILÍBRIO, POSTURA EMARCHA: ALTERAÇÕES NO EXAME FÍSICO: SISTEMA MOTOR Neurônio motor: SISTEMA SENSITIVO: COORDENAÇÃO MOTORA: PARES CRANIANOS: COGNIÇÃO E CONSCIÊNCIA: Distúrbios da conscimencia: DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO: Miopatias CLASSIFICAÇÃO: AVALIAÇÃO DAS MIOPATIAS: Teste genético: MIOPATIAS Doenças da junção neuromuscular FORMAS CLÍNICAS: AVALIAÇÃO: TRATAMENTO: COMPLICAÇÕES: Mielopatias MEDULA ESPINHAL Dor: Alterações sensitivas: PADRÕES CLÍNICOS Síndrome medular anterior: Síndrome medular posterior: Síndrome de Brown-Séquard (hemissecção medular): Mielopatias inflamatória: Mielopatias tóxicas ou metabólicas: Mielopatia e neuropatia Compressão tumoral: Paraplegias espásticas familiares: TRATAMENTO: Esclerose lateral aminiotrófica Exames complementares: Esclerose múltipla Exame de imagem: DIAGNÓSTICO: TRATAMENTO Formas Neuropatias periféricas AVALIAÇÃO DA NEUROPATIA PERIFÉRICA: ANAMNESE Distribuição: Condições médicas associadas: EXAMES COMPLEMENTARES: Sintomas: Exame físico: Tratamento: Diagnóstico: NEUROPATIA DIABÉTICA: Paralisia flácida aguda Critérios diagnósticos: Critérios diagnósticos. Exames complementares: Síndromes hipocinéticas ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO: PARKINSONISMO: Classificação DEFINIÇÃO E ETIOPATOGENIA Outras hipóteses em estudo: TIPOS: Sintomas: CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: SINAIS E SINTOMAS: NEUROIMAGEM Tratamento de sintomas motores: Acidente vascular encefálico ANATOMIA: EPIDEMIOLOGIA: Estratificação de risco: FISIOPATOLOGIA: Diferenças: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO: SÍNDROMES SINAIS E SINTOMAS Cuidados gerais no atendimento agudo: PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO: AVALIAÇÃO HOSPITALAR: TRATAMENTO Malformações arteriovenosas: Trombose venosa cerebral CLASSIFICAÇÃO: TRATAMENTO Epilepsia TIPOS DE CRISE EPILÉPTICA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: EXAMES COMPLEMENTARES TRATAMENTO: Refratariedade medicamentosa: AVALIAÇÃO E CONDUTADAS CRISES EPILÉPTICAS NA URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: AVALIAÇÃO: FASES: Estabilizar o paciente: Quando realizar o EEG? Crises Eletroencefalograma: Genética: Diagnóstico diferencial: Convulsões: Eletroencefalograma: Neuroimagem: Genética Diagnóstico diferencial Convulsões: Eletroencefalograma: Neuroimagem: Genética Coma e alterações da consciência COMPONENTES DA CONSCIÊNCIA: ESTADO MINIMAMENTE CONSCIENTE Critérios diagnósticos: Tipos: Prevenção do delírio em UTI AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO DO COMA Tratar intercorrências agudas e graves AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA Morte encefálica FISIOPATOLOGIA DA MORTE ENCEFÁLICA: CRITÉRIOS DE DETERMINAÇÃO Pré-requisitos essenciais: Exame clínico: Código de Ética Médica (2010) Resolução CFM Nº 1.826/2007 Cefaleia Características Fatores de cronificação: FISIOPATOLOGIA: Tratamento da migrânea crônica: ETIOLOGIA: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Exames de imagem: Tratamento farmacológico: CONCLUSÃO: Síncope e Tontura SÍNCOPE CARACTERÍSTICAS: FISIOPATOLOGIA: CLASSIFICAÇÃO – CARDIOGÊNICA E NÃO CARDIOGÊNICA: DROGAS ASSOCIADAS: Sincope neurogênica: TONTURA E VERTIGEM CAUSAS: DIAGNÓSTICO: baseado na história clinica dirigida.História clínica: Exame físico: TRATAMENTO: Síndromes hipercinéticas ORGANIZAÇÃO DO MOVIMENTO: CLASSIFICAÇÃO: Primária e secundária: Distonia-plus: Distribuição: TRATAMENTO Tipo: CLASSIFICAÇÃO Etiologia: SÍNDROME DE TOURETTE: TREMOR ESSENCIAL: Fenótipos: Evolução: Estágios: Clínica Diagnóstico: Tratamento