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TANATOLOGIA
- estuda a morte e o morto, e as suas repercussões na esfera jurídico-social.
Segundo Delton Croce, existem várias modalidades de morte, são elas:
✓ “morte anatômica — é o cessamento total e permanente de todas as grandes funções do organismo entre si e com o meio ambiente; 
✓ morte histológica — não sendo a morte um momento, compreende-se ser a morte histológica um processo decorrente da anterior, em que os tecidos e as células dos órgãos e sistemas morrem paulatinamente; 
✓ morte aparente — o adjetivo “aparente” nos parece aqui adequadamente aplicado, pois o indivíduo assemelha-se incrivelmente ao morto, mas está vivo, por débil persistência da circulação; 
✓ morte relativa — o indivíduo jaz como morto, vitimado por parada cardíaca diagnosticada pela ausência de pulso em artéria calibrosa, como a carótida comum, a femoral, associada à perda de consciência, cianose, ou palidez marmórea; 
✓ morte intermédia — É admitida apenas por alguns autores. A morte intermédia é explicada, pelos que a admitem, como a que precede a absoluta e sucede a relativa, como verdadeiro estágio inicial da morte definitiva; 
✓ morte real — é o ato de cessar a personalidade e fisicamente a humana conexão orgânica, por inibição da força de coesão intermolecular, e o de formar-se paulatinamente a decomposição do cadáver até o limite natural dos componentes minerais do corpo (água, anidrido carbônico, sais etc.)
Há, também, quem classifica a morte como: natural, violenta, suspeita e súbita
A morte natural é aquela que sobrevém motivada amiúde por causas patológicas ou por grave malformação, incompatível com a vida extrauterina prolongada. Já a morte violenta é aquela que resulta de uma ação exógena e lesiva (suicídio, homicídio, acidente), mesmo tardiamente, sobre o corpo humano. Morte suspeita é aquela que ocorre em pessoas de aparente boa saúde, de forma inesperada, sem causa evidente, ou com sinais de violência indefinidos ou definidos. Passível de gerar desconfiança sobre sua etiologia. No caso da súbita, Balthazard define como “a morte que se produz apenas instantaneamente, pelo menos, muito rapidamente no decorrer de boa saúde aparente”. Já Delton Croce como “aquela que ocorre de forma imprevista, em segundos ou, no máximo, alguns minutos, precedida ou não de fugacíssima agonia, e motivada por afecções cardiovasculares, lesões encefálicas e meningeias, tumores cerebrais, acidente vascular encefálico, etc.”
Tanatognose: estuda o diagnóstico da realidade da morte
Cronotanatognose: é utilizada para chegarmos, aproximadamente, ao tempo da morte. Entretanto, a estimativa do tempo de morte depende de fatores externos e internos ao cadáver. Existem vários parâmetros (fenômenos cadavéricos) utilizados para a estimativa do tempo de morte.
FENOMENOS ABIOTICOS (IMEDIATOS E CONSECUTIVOS) X TRANSFORMATIVOS (DESTRUTIVOS E CONSERVADORES). 
1.1 - FENÔMENOS ABIÓTICOS IMEDIATOS
- perda da consciência 
- abolição do tônus muscular com imobilidade
- perda da sensibilidade
- relaxamento dos esfíncteres
- cessação da respiração
-cessação dos batimentos cardíacos (a “escuta interna” do coração (sinal de Bouchut), a radioscopia do coração (sinal de Piga Pascual) e a eletrocardiografia com ou sem ativação adrenalínica (prova de Guérin e Frache), a fonocardiografia e a ecocardiografia são elementos da mais alta consideração no diagnóstico da realidade da morte.
- ausência de pulso
-fácies hipocrática (a face hipocrática é observada também pela abolição da motilidade e do tônus muscular).
-pálpebras parcialmente cerradas
- midríase (dilatação pupilar)
1.2 - FENÔMENOS ABIÓTICOS CONSECUTIVOS
- esfriamento cadavérico (algor mortis)
- rigidez cadavérica (rigor mortis) 
- espasmo cadavérico manchas verdes abdominal, de hipóstase e livores cadavéricos (livor mortis)
-dessecamento: decréscimo de peso, pergaminhamento da pele e das mucosas dos lábios; modificações dos globos oculares; mancha da esclerótica; turvação da córnea transparente; perda da tensão do globo ocular; formação da tela viscosa
A mancha da esclerótica, igualmente conhecida por sinal de Sommer e Larcher, é explicada pela dessecação da esclerótica, mostrando, no quadrante externo ou interno do olho, uma mancha de cor enegrecida pela transparência do pigmento coroidiano
A córnea, algumas horas depois da morte, perde sua transparência e se torna turva. Este fenômeno, no entanto, poderá ser observado no vivo, quando em estados agônicos prolongados. Após 8 h da morte, exercendo-se a pressão digital literalmente no globo ocular, pode ocorrer a deformação da íris e da pupila (sinal de Ripault).
O espasmo cadavérico caracteriza-se pela rigidez abrupta, generalizada e violenta, sem o relaxamento muscular que precede a rigidez comum. É também chamada de rigidez cadavérica cataléptica, estatuária ou plástica. Difere da rigidez cadavérica comum, pois esta se instala progressivamente. Os cadáveres guardam a posição com que foram surpreendidos pela morte em uma atitude especial fixada da vida para a morte (sinal de Kossu).
quanto maior for o panículo adiposo apresentado pelo indivíduo, mais resistência oferece à baixa de temperatura. Hoffmann descreve um caso de uma mulher de 150 kg que, após 12 h de morte, ainda dava a impressão de calor como se estivesse viva. As crianças e os velhos esfriam mais facilmente que os adultos.
1.2.1 - Fenômenos Transformativos Destrutivos e Conservadores
· os destrutivos (autólise, putrefação e maceração)
· conservadores (mumificação, saponificação, calcificação e corificação)
Fenômenos Transformativos Destrutivos:
1. Autólise – logo depois da morte cessam com a circulação as trocas nutritivas intracelulares, determinando lise dos tecidos seguida de acidificação, por aumento da concentração iônica de hidrogênio e consequente diminuição do pH. É o mais precoce dos fenômenos cadavéricos e não há ação de bactérias. É o processo de destruição celular, caracterizado por uma série de fenômenos fermentativos anaeróbicos que se verifica na intimidade da célula, motivados pelas próprias enzimas celulares e que levam à destruição do corpo humano logo após a morte. Este processo passa por duas fases: na primeira (fase latente) as alterações são apenas no citoplasma da célula; na segunda (fase necrótica) há comprometimento do núcleo com o seu desaparecimento;
2. Putrefação – a putrefação, forma de transformação cadavérica destrutiva, se inicia, após a autólise, pela ação de micróbios aeróbios e anaeróbios. Aqui surge a mancha verde abdominal, a qual, posteriormente, se difunde por todo o tronco, cabeça e membros, a tonalidade verde-enegrecida conferindo ao morto aspecto bastante escuro. Os fetos e os recém-nascidos constituem exceção; neles a putrefação invade o cadáver por todas as cavidades naturais do corpo, especialmente pelas vias respiratórias. Nos afogados, a coloração verde dos tegumentos aparece primeiramente na metade superior e anterior do tórax e, depois, na cabeça, pela posição declive assumida pelo corpo dentro d’água. Pessoas gordas entram em putrefação mais rapidamente que pessoas magras e crianças.
Na putrefação aparecem quatro períodos transformativos:
- Período de coloração ou cromática - tonalidade verde-enegrecida dos tegumentos, originada pela combinação do hidrogênio sulfurado nascente com a hemoglobina, formando a sulfometemoglobina, surge, em nosso meio, entre 18 e 24 horas após a morte, durando, em média, 7 dias. Período que inicia a mancha verde que inicia na fossa ilíaca direita, entretanto, nos recém-nascidos e nos afogados, a mancha verde começa no tórax. Segundo o Hygino, nos recém-nascidos e nos afogados, a mancha verde começa no tórax. segundo o Hygino, no inverno pode aparecer de 36 a 48 horas, desde que o corpo não fique sob a ação direta do som nem esteja agasalhado.
- Período gasoso — Os gases internos da putrefação migram para a periferia provocando o aparecimento na superfície corporal de flictenas contendo líquido leucocitário hemoglobínico com menor teor de albuminas em relação às do sinal de Chambert, e deenfisema putrefativo que crepita à palpação e confere ao cadáver a postura de boxeador e aspecto gigantesco, especialmente na face, no tronco, no pênis e bolsas escrotais.
O odor característico da putrefação se deve ao aparecimento do gás sulfídrico. Esse período dura em média duas semanas. A mancha verde se estende a todo o corpo depois do 3º ao 5º dia e sua tonalidade se acentua cada vez mais, dando uma coloração verdeenegrecida ao corpo, com presença de vesículas contendo líquido hemoglobínico, e, pelo destacamento de amplos retalhos de epiderme, surgem os desenhos vasculares em forma arborescente, conhecidos como “circulação póstuma de Brouardel”. Segundo Hygino aparecem entre as 48 e 72 horas;
• Período coliquativo - A coliquação é a dissolução pútrida das partes moles do cadáver pela ação conjunta das bactérias e da fauna necrófaga. Os gases se evolam, o odor é fétido e o corpo perde gradativamente a sua forma. Dependendo das condições de resistência do corpo e do local onde está inumado, esse período pode durar um ou vários meses, terminando pela esqueletização;
• Período de esqueletização - A ação do meio ambiente e da fauna cadavérica destrói os resíduos tissulares, inclusive os ligamentos articulares, expondo os ossos e deixando-os completamente livres de seus próprios ligamentos. Os cabelos e os dentes resistem muito tempo à destruição. Os ossos também resistem anos a fio, porém terminam por perder progressivamente a sua estrutura habitual, tornando-se mais leves, frágeis e, alguns, quebradiços.
3. Maceração é também fenômeno de transformação destrutiva que afeta os submersos em meio líquido contaminado (maceração séptica) e o concepto morto a partir do 6 º mês de gestação e retido intrauterinamente (maceração asséptica). Manifestam-se mais intensamente nos casos de retenção de feto morto. Compreende três graus: no primeiro grau, a maceração está representada pelo surgimento lento, nos três primeiros dias, de flictenas contendo serosidade sanguinolenta. No segundo grau, a ruptura das flictenas confere ao líquido amniótico cor vermelho-pardacenta, e a separação da pele de quase toda a superfície corporal, a partir do oitavo dia, dá ao feto aspecto sanguinolento. No terceiro grau, destaca-se o couro cabeludo, à maneira de escalpo, do submerso ou do feto retido intrauterinamente, e, em torno do 15.º dia post mortem, os ossos da abóbada craniana cavalgam uns sobre os outros, os ligamentos intervertebrais relaxam e a coluna vertebral torna-se mais flexível e, no feto morto, a coluna adquire acentuada cifose, pela pressão uterina.
Fenômenos Transformativos Conservativos: : mumuficação, calcificação, corificação e saponificação
✓ Mumificação: é um processo transformativo conservador do cadáver, podendo ser produzido por meio natural, artificial, natural e misto. Na mumificação natural, são necessárias condições ambientais que garantam a desidratação rápida, de modo a impedir a ação microbiana responsável pela putrefação. Ocorre em ambientes: de temperatura elevada secos e bem ventilados, como em solos arenosos. Em áreas de pouca precipitação pluviométrica. Os processos artificiais são realizados sempre a pedido dos familiares, por motivações piedosas, mas seguem as orientações normativas ditadas pela legislação sanitária. Ou são em processos artificiais utilizados no sentido de conservação do cadáver para fins didáticos, os quais também estão disciplinados por uma legislação específica. 
✓ Calcificação: é um fenômeno transformativo conservador que se caracteriza pela petrificação ou calcificação do corpo; 
✓ Corificação: é um fenômeno transformativo conservador muito raro, sendo encontrado em cadáveres que foram acolhidos em urnas matálicas fechadas hermeticamente, principalmente de zinco;
 ✓ Adipocera: conhecido também como saponificação, é um processo conservador que se caracteriza pela transformação do cadáver em substância de consistência untuosa, mole e quebradiça, dando uma aparência de cera ou sabão.
A congelação, segundo o França, é também um fenômeno conservador. O autor menciona que um cadáver submetido à baixíssima temperatura e por tempo prolongado vai se conservar integralmente por muito tempo. Há relatos de que foram encontrados corpos de animais pré históricos com milhões de anos e que se mostravam de aparência e de conservação preservadas. Certos autores consideram que em temperaturas de –0° pode-se obter “uma preservação quase indefinida”, inclusive permitindo a conservação em condições vitais de alguns materiais orgânicos como ossos, tecidos e espermatozoides
1.3 - FENÔMENOS CADAVÉRICOS E A CRONOTANATOGNOSE
1.3.1 - Resfriamento do cadáver
Os fatores que modificam a não uniformidade são a idade, constituição do corpo, e a causa mortis. Um cadáver adulto se esfria em igualdade de circunstância, mas diferentemente de uma criança ou de um idoso. Os cadáveres mais musculosos ou mais adiposos se esfriam mais lentamente.
Em relação à causa mortis, é evidente a influência que os estados febris exercem para demorar o equilíbrio térmico. Em certos estados mórbidos como a cólera, a insolação, o tétano, a meningite, a varíola, a escarlatina, a temperatura post-mortem pode elevar-se acima de 41 e 42 graus e o equilíbrio demandará mais tempo. A tuberculose e a caquexia, segundo especialistas, farão o inverso, apressando o equilíbrio térmico. Outros fatores que podem alterar a perda de calor são as vestes, a umidade, arejamento e a proteção do meio ambiente. Quanto à umidade do ambiente, quando grande esta dificulta a evaporação e também a irradiação do calor.
Segundo estudiosos, em condições normais, a perda, no nosso meio é de 0,5 ºC nas três primeiras horas; a seguir, o decréscimo de temperatura é de 1 ºC por hora, até o restabelecimento do equilíbrio térmico com o meio ambiente.
OBS: A TEMPERATURA É A AVALIAÇÃO MENOS UTIL porque precisaria saber a temperatura antes da morte, informação difícil para o perito. Além disso, tem valor relativo.
1.3.2 - Rigidez cadavérica
A rigidez pode manifestar-se tardia ou precocemente. Segundo Nysten-Sommer, ocorre obedecendo à seguinte ordem: na face, nuca e mandíbula, 1 a 2 horas; nos membros superiores, 2 a 4 horas; nos músculos tóraco-abdominais, 4 a 6 horas; nos membros inferiores, 6 a 8 horas pós morte. A rigidez cadavérica desaparece progressivamente seguindo a mesma ordem de seu aparecimento, cedendo lugar à flacidez muscular, após 36 a 48 horas de permanência do óbito
Segundo o França, acredita-se que a rigidez cadavérica é resultante de muitos fatores, todos eles decorrentes da supressão de oxigênio celular, indo impedir a formação de ATP (ácido adenosínicotrifosfórico) das modificações da permeabilidade das membranas das células, da formação de actomiosina e da ação da glicólise anaeróbica, com o inevitável acúmulo de ácido láctico.
É mais intensa quanto maior é a desidratação do cadáver, a gravidade contribui, pela sua atuação sobre os líquidos para a desidratação. Segundo especialistas, o éter, o clorofórmio, o cloral, o cloreto de cálcio e o álcool absoluto, favorecem a rigidez. Já a existência de edemas retarda o aparecimento de rigidez. A rigidez é precoce, mas passageira, nos indivíduos vitimados por estados mórbidos que atuem longamente, deprimindo o indivíduo: febre tifoide, cólera, caquexia, por exemplo, e nessas condições, também estão as crianças e os idosos. Ao contrário, nos indivíduos robustos e que morrem em pleno vigor da vida, a rigidez é tardia, duradoura e intensa. Entretanto, quando a morte é precedida de grande dispêndio de energia, produzida pela estricnina, ou pela epilepsia, a rigidez é precoce.
1.3.3 - Livores e hipóstase
Cessada a circulação do sangue, fica então sujeito a leis da gravidade, indo pouco a pouco se acumulando nas regiões declive. No início, elas se apresentam com um simples pontuado nos primeiros minutos após a morte, à medida que o tempo se passa e o sangue mais e mais se acumula nos capilares das regiões declives, formam-se manchas que se estendem e se ampliam de forma característica.
Para diferenciarentre equimose e hipóstases, basta fazer uma incisão na região suspeita. As equimoses se exteriorizam pela existência de sangue coagulado preso na trama dos tecidos e que um jato de água incidido sobre ele não consegue remover. Persistindo a dúvida, ainda o estudo de cortes histológicos firmará de vez a diagnose diferencial.
A hipóstases podem surgir 30 minutos após a morte. Mas os livores e hipóstase surgem habitualmente entre 2 a 4 horas, fixando-se definitivamente no período de 8 a 12 horas após a morte. Entretanto, o França menciona entorno de 12 horas. Assim, nesse espaço de tempo com a mudança de decúbito, esses livores podem mudar de posição
Segundo p Hygino, a pressão intravascular cai a zero tão logo se dá a parada da circulação sanguínea. Assim, a única força que continua a atuar sobre o sangue é a da gravidade, atraindo-o para as partes que se situam mais próximo do solo
A cor dos livores é um informação importante, pois pode variar de acordo com a causa da morte. Como o que lhe confere a cor é a hemoglobina, alterações na cor desse pigmento refletem-se nos livores, que pode variar de acordo com a causa da morte. Vejam possíveis causas e suas modificações no quadro abaixo:
1.3.4 - Mancha verde abdominal
Inicia-se na fossa ilíaca direita. É influenciada pela temperatura do meio ambiente, surge entre 18 a 24 horas, estendendo-se progressivamente por todo o corpo do 3.º ao 5.º dia após a morte. Entretanto, o França deixa claro que em média surge entre 24 e 36 horas, sendo muito mais precoce nas regiões quentes.
Essa mancha verde, segundo o França, se estende a todo o corpo depois do 3º ao 5º dia e sua tonalidade se acentua cada vez mais, dando uma coloração verde-enegrecida ao corpo, com presença de vesículas contendo líquido hemoglobínico, e, pelo destacamento de amplos retalhos de epiderme, surgem os desenhos vasculares em forma arborescente, conhecidos como “circulação póstuma de Brouardel”.
1.3.5 - Gases de putrefação
Do interior do corpo, vão surgindo os gases de putrefação (enfisema putrefativo), com bolhas na epiderme, de conteúdo líquido hemoglobínico. O gás sulfídrico, detectado pela reação do acetato neutro de chumbo embebido em papéis de filtro colocados dentro da boca e em torno das narinas, surge entre 9 a 12 horas após o óbito. Da mesma forma que a mancha verde abdominal, significa putrefação. Segundo o França, Brouardel, perfurando o abdome dos cadáveres e aproximando a chama de uma vela, observou que no 1º dia: gases não inflamáveis; do 2 º ao 4º dia: gases inflamáveis e do 5º dia em diante: gases não inflamáveis.
1.3.6 - Decréscimo de peso
Dupont, nas primeiras horas até 18 g/kg de peso. Deve-se levar em conta que este fenômeno varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com o tipo de morte e condições ambientais. Para utilização dessa prática, faz-se mister o conhecimento do peso da pessoa ante mortem Para alguns especialistas, tem valor relativo por sofrer importantes variações determinadas pelo próprio corpo ou pelo meio ambiente. 
Aceita-se, no entanto, nos recém-natos e nas crianças uma perda em geral de 8g/kg de peso nas primeiras 24 horas após o falecimento.
1.3.7 - Crioscopia do sangue
O ponto crioscópico ou ponto de congelação do sangue é de -0,55 ºC a -0,57 ºC. Gravem isso! São tão constantes esses índices no sangue que Koranyi considera patológicos os índices -0,54 ºC a -0,58 ºC. A crioscopia tem valor para afirmar a causa jurídica da morte na asfixia-submersão e indicar a natureza do meio líquido em que ela ocorreu. Segundo a doutrina, observa-se que na imersão em água doce a fluidez do sangue do hemicórdio esquerdo acusa um ponto de congelação abaixo do normal, mais próximo de 0 ºC. 
Se, porém, a causa mortis não foi acidental, nem suicida, mas criminosa, com posterior imersão do cadáver no meio líquido, o ponto crioscópico permanecerá invariável (-0,55 ºC a -0,57 ºC), porque o indivíduo não se afogou. Inversamente, o ponto de congelação do sangue surge mais afastado de 0 ºC quando a submersão, acidental ou suicida, ocorreu no mar, pois há maior concentração molecular na água salgada ingerida. Assim, para a determinação da data da morte, tem a crioscopia validade relativa porque o abaixamento do ponto crioscópico do sangue após o óbito faz-se de modo irregular, tornando difícil o estabelecimento de correlações de ordem cronológica. O França afirma que a crioscopia normal do sangue é de - 0,57ºC
1.3.8 - Cristais do sangue putrefato São os chamados cristais de Westenhöffer-Rocha-Valverde, lâminas cristaloides muito frágeis, entrecruzadas e agrupadas, incolores, que adquirem coloração azul pelo ferrocianeto de potássio, e castanha, pelo iodo, passíveis de ser encontradas a partir do 3.º dia no sangue putrefato, podendo, segundo Belmiro Valverde, permanecer no mesmo até 35 dias após a morte.
1.3.9 - Crescimento dos pelos da barba Nas primeiras horas após a morte os pelos das regiões mentonianas e bucinadoras continuam crescendo à razão de 21 milésimos de milímetro por hora. Segundo Balthazard, conhecida a hora exata em que o indivíduo se barbeou pela última vez, será possível determinar-se o tempo decorrido após a morte, dividindose o comprimento dos pelos do mento do cadáver pela constante 21 milésimos de milímetros. É, evidentemente, método destituído de valor, que representa apenas mais uma tentativa de colaboração empírica ao estudo da cronologia da morte.
1.3.10 - Conteúdo gástrico Houve quem pensou que o estômago com repleção alimentar e fenômenos digestivos, em fase intermediária, poderia sugerir ao perito ter a morte ocorrido entre 1 a 2 horas após a última refeição; alimentos em fase terminal de digestão, de 4 a 7 horas, e, finalmente, havendo vacuidade gástrica, ter o óbito acontecido decorridas mais de 7 horas da última. Entretanto, segundo o França, o tempo de evacuação gástrica depende essencialmente• do estado físico do que foi ingerido; • do teor lipídico dos alimentos; • da pressão intragástrica e bulboduodenal, abolida no cadáver, e do tono ou relaxamento do esfíncter piloro.
1.3.11 - Bioquímica da putrefação Segundo o França, as ptomaínas são encontradas nas primeiras fases da putrefação das substâncias albummóides. Sua natureza depende do tempo de putrefação, não havendo no início surgimento de elementos tóxicos, pois neste instante predomina a trimetilamina, oriunda da colina. Aos sete dias após a morte, começa a surgir um produto tóxico conhecido por midaleína. Aos 14 dias, a presença da cadaverina. As ptomaínas surgem dois ou quatro dias após a morte, aumentam em torno de 20 dias e desaparecem na fase final da putrefação. Dependem muito da presença ou da ausência do oxigênio, evoluem bem na temperatura de 20 a 23°C e só se desenvolvem na presença da água.
1.4. - NECROPSIA MÉDICO-LEGAL
Segundo o França, a necropsia médico-legal, além de determinar a morte violenta ou a morte de causa suspeita, pode fornecer, através da descrição, discussão e conclusão, subsídios para que certos fatos de interesse da administração da Justiça sejam revelados, tais como a causa jurídica de morte (homicídio, suicídio ou acidente), o tempo estimado de morte (cronotanatodiagnose), a identificação do morto e outros procedimentos que exijam a prática médico-legal corrente.
 
Em suma, pode-se dizer que uma necropsia médico legal procedente é aquela que cumpre adequadamente suas principais finalidades que são a determinação da causa e da origem da morte e seu nexo de causalidade.
podem os peritos não chegar à conclusão da causa mortis, o que se chama de necropsia branca, que é admitida, segundo especialistas, em 1/200 casos. Seja por razões da limitação da ciência, seja pelos fenômenos transformativos do cadáver, seja por condições pessoais ou estruturais na prática do exame.
A necrópsia, enquanto procedimento médico, pode atender a dois interesses distintos: o médico-sanitário e o médico-legal. A primeira é realizada mediante autorização da família ou dos responsáveis pelo cadáver e é chamada de necrópsia clínica. A necropsia que atende aos interesses da justiçaserá realizada independente da autorização da família, por imperativo de ordem legal, é a chamada necropsia médico-legal
A necropsia médico-legal compreende a inspeção externa e a inspeção interna.
1.4.1.1 - Inspeção externa
O exame externo deverá compreender um exame de conjunto e um exame dos grandes segmentos do corpo.
Procura-se, no exame de conjunto, segundo especialistas, descrever os elementos para uma identificação, principalmente nos casos dos cadáveres desconhecidos, e a descrição dos sinais de morte, que começam a se evidenciar após 6 h de óbito. Nos casos em que a morte estiver devidamente evidenciada, os peritos deverão justificar no próprio Auto o procedimento mais precoce. Descrevem-se o sexo, a compleição física e o estado de nutrição, a estatura e a idade presumível. Tomam-se as impressões digitais nos casos dos cadáveres desconhecidos.
Para caracterizar a morte, deve-se descrever o estado de rigidez ou flacidez muscular, precisando a extensão de tais fenômenos, se encontram limitados a um determinado segmento ou se generalizados, bem como a localização, a extensão e a tonalidade dos livores de hipóstase.
Em seguida (exame dos grandes segmentos), passa-se à descrição dos diversos segmentos na seguinte ordem: cabeça, pescoço, tórax, abdome, membros superiores, membros inferiores, dorso do cadáver e genitália externa
Na cabeça, deverão merecer atenção a cor, a distribuição, a forma e algumas particularidades dos cabelos. Também a presença de deformidades, ferimentos e aspecto do couro cabeludo, dando-se maior destaque e exatidão às lesões violentas encontradas, não apenas relatando-se minuciosamente todas as suas características, como também situando-as precisamente nas regiões anatômicas convencionais. As lesões mais importantes deverão ser fotografadas ou representadas em esquemas que são anexados aos Autos
No pescoço, deve-se observar sua movimentação, tomando-se a cabeça do cadáver entre as mãos e fazendose movimentos de lateralidade e circundação, a fim de evidenciar quaisquer fraturas da coluna cervical. Examina-se toda a superfície do pescoço em busca de ferimentos, sulcos, cicatrizes ou qualquer outro sinal de violência.
Quanto ao tórax, descrever devidamente sua conformação, tendo-se o cuidado de descer aos detalhes das lesões encontradas, localizando-se nas diversas regiões e tomando-se alguns pontos anatômicos como referência
O abdome deverá ser estudado, observando-se seu grau de distensão ou de depressão, como também manchas, cicatrizes e lesões traumáticas, localizando-as nas diversas regiões anatômicas. Os membros superiores serão relatados com detalhes quanto às lesões, atitudes das mãos, deformidades, tatuagens, descrição das unhas e estigmas profissionais. Os membros inferiores deverão receber os mesmos destaques, predominando os de natureza violenta.
A observação do dorso do cadáver não poderá ser dispensada, pois muitas vezes, mesmo no exame minucioso, deixa-se de lado tal inspeção, criando assim situações desagradáveis que dão margem a posteriores exumações.
A genitália externa deverá ser observada em todas as perícias, principalmente nos homicídios e suicídios nas menores de 18 anos, pois, em situações não raras, poder-se-iam caracterizar questões sexuais em relação estreita com a morte, dando-se ênfase ao estudo do períneo, da vulva e do hímen, e, caso seja necessário, fazer a coleta de material.
O exame interno é sempre obrigatório? NÃO. Art. 162. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância releva
Inspeção interna
Exame interno • Técnica de Rokitansky (1842): os órgãos são abertos e examinados no próprio sítio anatômico, sendo posteriormente retirados de maneira isolada. • Técnica de Letulle (1900): faz-se uma grande incisão nas cavidades torácica e abdominal, a fim de se ter uma ampla visão do conjunto de suas vísceras; o conteúdo das cavidades torácica e abdominal é retirado em um só bloco. • Técnica de Ghon (1890): a evisceração se dá através de monoblocos de órgãos relacionados anatomicamente e/ou funcionalmente. • Técnica de Virchow (1893): os órgãos são removidos um a um e, em seguida, examinados fora do seu local anatômico.
Na inspeção interna, o França cita o estudo das seguintes regiões: ✓ Exame da cavidade craniana; ✓ Exames das cavidades torácica e abdominal; ✓ Exame da cavidade vertebral; ✓ Exame dos órgãos do pescoço; ✓ Exame das cavidades acessórias da cabeça.
Na cavidade abdominal, segundo o especialista, antes de retirar-se órgão por órgão, deve-se fazer um exame de conjunto. O primeiro deles a ser estudado isoladamente é o fígado. Apresenta-se este com a superfície exterior lisa, úmida e brilhante, de tonalidade vermelho-pardacenta, quando em condições normais. Seguindo, chamo a atenção de vocês para o exame nos órgãos do pescoço devido a presença de alguns sinais muito cobrados em prova. 
Com a incisão ampliada até o mento, rebatem-se a pele e a teia subcutânea para um lado e para outro, tendo-se o cuidado de observar as infiltrações hemorrágicas da tela subcutânea e da musculatura, assim como possíveis roturas das fibras musculares, principalmente nos casos de traumatismo do pescoço. Com a secção dos músculos supra-hioideos e a dissecção da língua com o bloco visceral, constituído pela laringe, traqueia, glândula tireoide e esôfago, deixam-se descobertas as artérias comuns, as veias jugulares internas e os nervos vagos
Examinam-se as carótidas, dando-se um certo valor à presença de sufusão hemorrágica na túnica externa (Sinal de Friedberg) e à secção transversal na túnica interna, próximo à bifurcação arterial (Sinal de Amussat), ou às roturas longitudinais em meia-lua (Marcas de França), sinais estes explicados pela ação violenta que sofre aquele vaso nos casos de estrangulamento, enforcamento e esganadura. As veias jugulares internas e o nervo vago não apresentam a mesma importância da artéria referida. Nos casos de enforcamento, é aconselhável procurar as equimoses retroesofagianas, descritas por Brouardel como sinal de grande valia.
1.4.1.2 - Exame das vestes
Esse ponto é, também, cobrado nos editais que exijam Criminalística. Nas mortes violentas ou suspeitas, o exame das vestes é de grande importância. Em primeiro lugar, faz-se uma inspeção do conjunto para avaliar o aspecto, o desalinho, a disposição e o arranjo, se estão íntegras ou rotas, secas ou úmidas. Depois, procedese ao exame de peça por peça, começando-se pelas peças exteriores, descrevendo-se todos os caracteres, como cor, feitio, disposição dos botões, etiquetas, tipo de tecido e estado de conservação. Deverão merecer maior destaque as manchas, sendo descritas suas dimensões, número, tonalidades, localizações e formas. Interessam, sobretudo, as soluções de continuidade, estabelecendo-se as possíveis relações com as vestes sobrepostas ou com feridas existentes no cadáver. Essas soluções de continuidade deverão ser descritas quanto à forma, localização e dimensões. Nos orifícios de saída produzidos por projétil de arma de fogo, deve-se observar, na face interna das vestes em contato com o corpo, a presença de fragmentos de pele que podem ter sido levados pela bala desde o orifício de entrada. . É o sinal de Lates e Toyo
Outro fato que deve merecer atenção é o exame dos bolsos, onde poderão ser encontrados objetos, documentos, cartas, ou outra coisa qualquer de importância a esclarecer. Finalmente, é necessário não esquecer que as vestes do cadáver deverão ser retiradas com o maior cuidado, evitando-se cortá-las ou rasgá-las.
O França cita que a necropsia é a maior de todas as perícias médico-legais. Oscar de Castro chamava de "a perícia das perícias". Outro ponto sobre a necropsia, que pode ser abordada na sua prova, são os erros mais comuns nas necropsias médico-legais:
✓ Exame externo sumário ou omisso. Especialistas afirmam quenuma morte em que existe um interesse legal, o exame externo tem tanta importância quanto o exame interno, e, muitas vezes, seu significado é mais influente que este, como, por exemplo, nos casos de tortura. Não esquecer a descrição das vestes, seu alinhamento, seu aspecto, sua constituição, assim como suas soluções de continuidade, em forma de rasgões ou de corte e perfurações, e se estas têm ou não relação com as lesões encontradas no hábito externo do corpo. Descrever as lesões do tegumento detalhadamente, e não nominalmente, como, por exemplo: ferida contusa, queimadura ou ferimento de baia. É preciso, pois, expor suas particularidades; ✓ Interpretações por intuição. Analista mencionam que toda conclusão deve ser rigorosamente feita através de fundamentação científica e não por mera intuição; ✓ Falta de ilustração. Além da descrição, deve o perito ilustrar as lesões através do registro em esquemas ou de fotografias. Os trajetos dos projéteis de arma de fogo devem ter sua representação tridimensional; ✓ Entendimento errado dos fenômenos post mortem. Entre os erros mais comuns, segundo o França, podem-se citar as disjunções das suturas cranianas dos carbonizados comosendo fraturas; as lacerações do ventre e evisceração dos queimados de 4.° grau como lesões cortantes ou pérfuro-cortantes; a saída de líquido serossanguinolento dos putrefeitos como a do edema pulmonar; a presença da mancha verde abdominal como equimose; a autólise pancreática como a pancreatite hemorrágica; a perfuração da parede do estômago pela acidez post mortem como úlcera perfurada; 
✓ Necropsias incompletas. Segundo o França, não se pode aceitar como boa norma o fato de o perito, tendo apenas encontrado uma simples alteração, aceitar tal achado como fundamento de suas conclusões. O certo é a abertura das três grandes cavidades, pois só assim se poderá chegar a interpretações mais sérias e mais seguras; ✓ Exames à noite. Embora não exista em nossa legislação qualquer proibição de realização das necropsias à noite, recomenda-se, por razões eminentemente técnicas, que elas sejam feitas durante o dia; ✓ Falta de exames subsidiários; ✓ Imprecisão e dubiedade da causa mortis e das respostas aos quesitos. Segundo o França, a determinação da causa mortis nos casos de morte violenta vem sendo apontada como a mais frequente situação de crítica no laudo cadavérico de interesse médico-legal. ✓ Incisões desnecessárias. Por razões de ordem atual ou remota, não se recomenda a prática de incisões múltiplas e exageradas, a fim de não trazer interpretações falsas; ✓ Obscuridade descritiva. Nos relatórios das necropsias recomenda-se que utilizem uma linguagem simples e clara, de caráter objetivo e de precisão que se aproxime ao máximo da verdade que se quer afirmar.
1.4 - CAUSAS JURÍDICAS DA MORTE
Um dos objetivos da Tanatologia Forensen é estabelecer o diagnóstico da causa jurídica da morte na busca de determinar as hipóteses de homicídio, suicídio ou acidente
O Hygino menciona que a morte pode ser natural ou não. No segundo caso, é denominada morte violenta (que pode ser crime, acidente ou suicídio). Quando não se conseguir chegar à causa jurídica da morte, será denominada causa jurídica indeterminada. Ele cita como exemplo, quando um corpo é encontrado em estado de esqueletização no meio do mato, mas não se percebem sinais de fraturas ou outras formas de violência. Tanto pode ter sido morte natural, como morte violenta. Nesse caso, o médico-legista não pode dar a causa médica, nem as autoridades podem chegar à sua causa jurídica.
A causa jurídica da enquanto morte natural resulta de uma patologia, pois é natural que um dia se morra, já morte violenta é consequência de ato praticado por outra pessoa, ou por si mesma, ou em razão de acidentes, sempre existindo responsabilidade penal a ser apurada.
Especialistas afirmam que mesmo estando o cadáver em estado avançado de putrefação, seria possível, pelo exame médico-legal, identificar a possível causa jurídica da morte.
1.5.1 – Homicídio Segundo a doutrina, “é a morte voluntária ou involuntária de alguém realizada por outrem”. É a morte dolosa ou culposa de ser humano por outrem
1.5.2 – Suicídio Segundo a doutrina, “é a deserção voluntária da própria vida; é a morte, por vontade e sem constrangimento, de si próprio”. Suicida é todo aquele que deliberadamente consuma a própria morte; é o que destrói livremente a própria vida
1.5.3 - Morte acidental É causa jurídica da morte representada por acidentes aeroviários, ferroviários, marítimos e, em sua maioria, pelo extraordinário desenvolvimento do tráfego, pela velocidade dos veículos, pelo despreparo psicológico dos motoristas ou pelo estado de embriaguez de muitos deles, pela imprevidência e imprudência dos pedestres, pelo obsoletismo de algumas estradas principais e vicinais, pela deficiência no policiamento rodoviário, pelas ruas estreitas e mal iluminadas.
1.5.4 - Possíveis causas jurídicas da morte
✓ Lesões Corporais - asfixias por confinamento: ocorre quando um ou mais indivíduos num ambiente restrito ou fechado, sem condição de renovação do ar, consome o oxigênio pouco a pouco e o gás carbônico acumula-se gradativamente. O confinamento é geralmente acidental, podendo ser homicida ou suicida. A vítima pode apresentar lesões de desespero como escoriações na face e pescoço, desgaste das unhas e erosão das extremidades dos dedos; 
✓ Lesões Corporais - asfixia por monóxido de carbono: é uma forma de asfixia tissular. Não é normalmente considerado causador de morte por intoxicação. É constante como forma de suicídio e mais raramente acidental e homicida. Ocorre rigidez cadavérica mais tardia, pouco intensa, de menor duração e tonalidade rósea da face (“como de vida”), hipostase clara, órgãos de tom carmim, com sangue fluido e róseo;
✓ Lesões Corporais - asfixia por sufocação direta: as modalidades são: por oclusão da boca e das fossa nasais: quase sempre de caráter criminoso com desproporção entre de forças entre a vítima e o autor. É uma prática muito comum no infanticídio. O autor pode usar as mãos, sacos plásticos, travesseiros, dentre outros; sufocação direta por oclusão das vias respiratórias: geralmente acidental. Ocorre quando corpos estranhos impedem a passagem do ar para os pulmões. Nos afogamentos temos como sinal o cogumelo de espuma na boca; sufocação posicional: ocorre pela posição em que o indivíduo se encontra no momento da morte; 
✓ Lesões Corporais - sufocação indireta: é a compressão do tórax e abdome, impedindo os movimentos respiratórios. É sempre acidental ou criminosa. Conhecida como “congestão compressiva de Perthes”. Um sinal clássico é a máscara equimótica de Morestin ou congestão cefalocervical em que há arroxeamento da face e pescoço;
✓ Lesões por instrumentos cortantes: comuns no suicídio e no homicídio e só excepcionalmente no acidente; 
✓ Lesões por instrumentos contundentes: comuns no homicídio, suicídio e acidentes; 
✓ Lesões por instrumentos cortocontundentes: comuns nos casos de homicídio e, excepcionalmente, acidentes; 
✓ Lesões por instrumentos perfurantes: comuns em homicídio e raras em casos de suicídio e acidentes; 
✓ Lesões por instrumentos perfurocortantes: comuns em homicídio e raras em casos de suicídios e acidentes; 
✓ Lesões por instrumentos perfurocontundentes: comuns em homicídio e suicídio e raras em casos de morte acidental; 
✓ Esmagamentos: comuns nos acidentes; 
✓ Precipitação: comum no suicídio e no homicídio; só raramente é acidental;
As lesões causadas pela precipitação são provocadas por energias de ordem mecânica, com pouco acometimento cutâneo, porém com volumosas hemorragias internas, graves roturas de vísceras e múltiplas fraturas. Quando a queda atinge, sobretudo as extremidades superiores, ocorre a integridade da pele com fraturas cominutivas extensas no crânio. Além da precipitação de edifícios ou de estrutura de grande altitude, existem também os acidentes graves do paraquedismo profissional ou amador, que vão desde as luxações ou fraturas até a morte. Quando o trauma atinge asextremidades inferiores há a presença de fraturas de pernas e braços. Quando laterais, fraturam dos arcos costais e de órgãos internos. A morte provocada por precipitação, seja da janela do alto de um edifício, de um terraço ou sacada, seja de uma ribanceira, apresenta sérios obstáculos para a determinação de sua causa jurídica, isto é, para que se verifique se trata de homicídio, suicídio ou acidente.
A natureza jurídica pode ser acidental, homicida ou suicida. O mais comum é o suicídio, onde normalmente encontra-se uma distância entre o local de impacto no chão e o ponto de lançamento maior, dado o impulso exercido pela vítima.
Em casos de homicídios, os impulsos são passivos, provocados por outras pessoas e também com distanciamento entre a localização do corpo e seu ponto de precipitação, apresentando trajetória oblíqua
Entretanto, o homicida pode lançar o corpo de sua vítima de um plano superior, não só para simular suicídio, como para sugerir um acidente. E não resta dúvida que poderia apenas estar tentando ocultar o corpo de sua vítima. Caso não haja vestígios seguros de outras causas de morte, como o envenenamento, estrangulamento, esganadura, produzidos por arma de fogo, etc., o diagnóstico se torna muito difícil.
Nos acidentes, a distância do corpo é menor, precipitando quase por deslizamento, o corpo sofrerá precipitação em sentido quase que perpendicular em relação ao ponto final de repouso, ficando os pontos inicial e de repouso pouco distanciados.
Já quando a vítima é arremessada, se antes não tiver sido privada do sentido e não for apanhada de surpresa, via de regra, seu corpo cai pesadamente, sem rolar pela encosta da ribanceira, dai porque raramente ficam registrados os sinais de defesa. A verificação do ponto de onde a queda teve início é bastante proveitosa porque os sinais de luta, arbustos quebrados, etc., podem denunciar o homicídio.
✓ Enforcamento: comum em casos de suicídio e raro no homicídio, é rarissimamente acidental. O enforcamento é uma modalidade de asfixia mecânica que se caracteriza pela interrupção do ar atmosférico até as vias respiratórias, em decorrência da constrição do pescoço por um laço fixo, agindo o peso do próprio corpo da vítima como força ativa;
 ✓ Estrangulamento: comum em casos de homicídio, é excepcional no suicídio e nos acidentes. Nesse tipo de morte, ao contrário do enforcamento, o corpo da vítima atua passivamente e a força constrictiva do laço age de forma ativa; 
✓ Esganadura: segundo o França, é sempre homicida, sendo impossível a forma suicida ou acidental. Esganadura é um tipo de asfixia mecânica que se verifica pela constrição do pescoço pelas mãos, ao obstruir a passagem do ar atmosférico pelas vias respiratórias até os pulmões;
✓ Sufocação: comum em casos de acidentes e homicídio; 
✓ Afogamento: comum nos acidentes e suicídios, é raro em homicídios; 
✓ Envenenamento: comum em casos de suicídio, é menos frequente no homicídio e acidente; 
✓ Queimaduras: comuns no suicídio e acidentes, são raras em homicídios.
No caso de tortura, quanto a sua natureza, as lesões podem se apresentar, entre outras, com as seguintes características: equimoses e hematomas são as lesões mais comuns, localizando-se mais comumente na face, tronco, extremidades e bolsa escrotal, apresentando processos evolutivos de cronologia diferente, pelas as agressões repetidas em épocas diversas. Há, também, escoriações generalizadas, também de idades diferentes, mais encontradas na face, nos cotovelos, joelhos, tornozelos e demais partes proeminentes do corpo. As pessoas torturadas podem apresentar diversas feridas, na maioria contusas, nas diversas regiões, com predileção pelo rosto (supercílios e lábios)¸ também de evolução distinta pelas épocas diferentes de sua produção, e quase sempre infectadas pela falta de higiene e assistência.
Não ficam de fora as queimaduras, principalmente de cigarros acesos no dorso, no tórax e no ventre, ou outras formas de queimaduras, as quais quando bilaterais têm maior evidência de mau trato, sendo quase sempre infectadas pela falta de cuidados.
1.5 - LESÕES EM VIDA E APÓS A MORTE
A diagnose diferencial entre as lesões intra vitam e post mortem permite, ordinariamente, durante o exame macroscópico do morto ou microscópico de seus tecidos, ao legisperito concluir decisivamente sobre questões de natureza específica e caráter permanente pertinentes à traumatologia, sexologia, tanatologia, asfixiologia e infortunística.
A cronologia dos ferimentos pode-se verificar nas seguintes etapas: ✓ lesões produzidas bem antes da morte; ✓ lesões produzidas imediatamente antes da morte; ✓ lesões produzidas logo após a morte; ✓ lesões produzidas certo tempo depois da morte.
As lesões que se verificam após a morte não apresentam reações vitais, como: infiltração hemorrágica, coagulação do sangue, retratibilidade dos tecidos e presença e tonalidade das equimoses; aspecto das escoriações, reações inflamatórias, etc.
 as lesões produzidas após a morte são lesões brancas. A hemorragia é, em regra, um sinal característico de lesão produzida em vida, principalmente quando o sangue foi projetado à distância.
as lesões produzidas após a morte são lesões brancas. A hemorragia é, em regra, um sinal característico de lesão produzida em vida, principalmente quando o sangue foi projetado à distância.
Os derrames sanguíneos nas cavidades serosas só devem ser considerados vitais quando forem em grande volume. Segundo o França, a coagulação do sangue é um fenômeno vital. A incoagulabilidade do sangue é um sinal de morte (sinal de Donné). No entanto, isso nem sempre é absoluto.
1.6 – EXUMAÇÃO
O Código de Processo Penal, em seu artigo 163, menciona: “Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará autocircunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.”
Segundo o França, a exumação é a mais árdua e repulsiva das perícias médico-legais. Por isso, segundo o autor, sua solicitação é sempre feita em caráter especial, sendo executada somente por sérias e imperiosas razões. Consiste no desenterramento do cadáver e tem como finalidade atender aos reclamos da Justiça na averiguação de uma exata causa de morte passada despercebida, no esclarecimento de um detalhe, em uma identificação do cadáver, em uma grave contradição ou na confirmação de um diagnóstico. Pode ainda atender às necessidades sanitárias ou servir para transladação do corpo.Qualquer que seja o tempo decorrido do falecimento, há sempre condições de surpreender alguns fatos de interesse policial-judiciário em uma perícia pós-exumática. Por mais avançado que esteja o estado de decomposição, sempre é possível em um exame cuidadoso chegar-se a algumas evidências bem significativas.
 
Exemplos: 1. Indivíduo morto por disparo de arma de fogo na cabeça: O legista dirá que foi por meio perfurocontundente (causa básica), e a causa final foi um traumatismo crânio encefálico. 2. Indivíduo morto por atropelamento, tendo sido atingido em abdome, tórax e cabeça: Foi causado por um meio contundente, que causou um politraumatismo. 3. Indivíduo agredido com facada no abdome e tiro no tórax, morrendo por hemorragia interna em ambas as cavidades. Nesse caso, existem duas causas que contribuíram para a morte, então o médico-legista deverá escolher a que, provavelmente, tenha causado mais dano, e a outra colocar como causa secundária. Sendo assim, no caso acima, foi causado por um objeto perfurocortante que ocasionou traumatismo abdominal (hemoperitômio), e a causa intermediária foi perfurocontundente, o qual provocou traumatismo torácico (hemotórax); Como não se sabe ao certo o que causou morte, ou seja, sefoi a questão respiratória derivada do tórax ou foi a perda sanguínea, o médico-legista não precisa colocar nenhum ou pode colocar que foi o hemotórax, já que fica subentendido que já implica questão respiratória e circulatória ao mesmo tempo.
 Diante disso, o hemotórax seria a causa final e a ação básica seria a ação perfuro contundente, já a causa intermediária seria o traumatismo torácico.
Como fica a DO e o laudo nas “necropsias brancas”? O médico-médico legista fornece a DO com causa mortis indeterminada – para que seja feita a inumação, mas só emite o laudo após o resultado dos exames toxicológicos e anatomopatológicos.
Como fica a DO nos casos em que não houver identificação? Esgotados os meios de identificação, a DO é preenchida com o campo identidade “ignorado”. Posteriormente, se houver identificação, emite-se nova DO. Obs.: Caso seja preenchida erroneamente a DO, esta deverá ser anulada e comunicada a Secretaria de Saúde, pois cada uma possui um número de registro para controle de doenças epidemiológicas e conhecer o processo de saúde da população
Destinos do cadáver
• Inumação: é o destino mais comum, quando o cadáver é sepultado em sepulturas, túmulos ou jazigos. Lei n. 6.015/73, art. 77: Atestado de óbito (DO) -> certidão de óbito -> inumação.
• Cremação: § 2º A cremação de cadáver somente será feita daquele que houver manifestado a vontade de ser incinerado ou no interesse da saúde pública e se o atestado de óbito houver sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista e, no caso de morte violenta, depois de autorizada pela autoridade judiciária.
Obs.: A autorização judiciária é muitas vezes necessária, pois se foi uma morte violenta, a cremação poderá destruir os vestígios, que é uma prova que poderia ser reexaminada, ou seja, exumada para a realização de exame pós-exumático, bem como para verificar inclusive a identidade do cadáver. 
Lei n. 8.501/92. Art. 2º O cadáver não reclamado junto às autoridades públicas, no prazo de 30 dias, poderá ser destinado às escolas de medicina, para fins de ensino e de pesquisa de caráter científico. Art. 3º Será destinado para estudo, na forma do artigo anterior, o cadáver: I – sem qualquer documentação; II – identificado, sobre o qual inexistem informações relativas a endereços de parentes ou responsáveis legais. (...) § 3º É defeso (proibido) encaminhar o cadáver para fins de estudo, quando houver indício de que a morte tenha resultado de ação criminosa.
Embalsamento Consiste em introduzir nos vasos do cadáver líquidos desinfetantes, conservadores e de alto poder germicida (bálsamos, substâncias aromáticas).
RDC ANVISA N. 68/07 O translado intermunicipal, interestadual e internacional de restos mortais humanos (exceto cinzas) está sujeito a fiscalização sanitária. O procedimento de conservação depende do tempo entre o óbito e a inumação: • Formalização: conservação temporária (24-48h) • Embalsamento: conservação total e permanente (> 48h) É obrigatória a lavratura da Ata de Conservação de Restos Mortais Humanos (ex.: Ata de Embalsamento). Os procedimentos de conservação serão realizados por profissional médico ou sob sua supervisão direta e responsabilidade, cuja ata será por ele subscrita.
Traumatologia Forense – Agentes Químicos (toxicologia forense)
As energias químicas também podem ser chamadas de agentes de ordem química, e atuam no organismo humano através da destruição (cáusticos ou corrosivos) ou por alterações metabólicas (venenos ou tóxicos).
1.1 – CÁUSTICOS
Os cáusticos ou corrosivos são substâncias químicas que provocam profunda desorganização dos tecidos vivos, quer por desidratação (coagulantes) quer por dissolução (liquefacientes). Os cáusticos destroem os tecidos vivos causando escaras secas e endurecidas ou lesões esbranquiçadas e úmidas pelo amolecimento (liquefação) dos tecidos. (soda)
 Os cáusticos podem ter: ✓ ação coagulante (ácidos), aqui podem surgir escaras secas e endurecidas; ou ✓ liquefativa (bases), aqui há escaras de aspecto mole transparente e úmido (aspecto untuoso).
As substancias cáusticas, ao fazer contato com organismo, desencadeiam uma reação exotérmica e, assim, produzem lesões (escaras) “semelhante” àquelas produzidas por queimaduras de 3º grau. São exemplos de cáusticos: a soda, o ácido clorídrico, o ácido sulfúrico, etc. 
O acido sulfúrico também é chamado de vitríolo, de onde deriva a expressão “vitriolagem” (Fig. 10) para caracterizar as lesões cutâneas por agentes cáusticos ou corrosivos. 
Os ácidos produzem escaras secas e de cor variada. 
Segundo o Delton Croce, o ácido azótico ou nítrico provoca o aparecimento de crostas ou escaras secas, resistentes, amareladas, xantoproteicas, resultante da sua ação sobre as albuminas dos tecidos mortificados.
O ácido sulfúrico concentrado produz escara enegrecida e seca, devido à decomposição do sangue em hematina e à intensa desidratação dos tecidos atingidos. 
O ácido clorídrico e o ácido acético, de ação menos intensa que a dos citados, determina escara de tonalidade esbranquiçada.
Da atuação dos cáusticos liquificantes sobre o revestimento cutâneo e mucosas não se formam crostas ou escaras protetoras. O agente causal produz, habitualmente, lesões teciduais mais profundas e dolorosas pela exposição das terminações nervosas à ação do meio exterior. A área corporal comprometida mostra-se úmida, mole, saponácea, pela reação química dos álcalis fortes com as gorduras, formando sabões, ou sobre as proteínas, originando albuminatos.
1.2 – VENENOS
Existem várias definições para venenos ou tóxicos. São substâncias de qualquer natureza que, uma vez introduzidas no organismo e por ele assimiladas e metabolizadas, podem levar a danos à saúde física e mental. São exemplos de venenos: inseticidas e raticidas domésticos, agrotóxicos, substâncias medicinais, produtos inflamáveis, alguns tipos de cosméticos, etc. Existem várias classificações de envenenamentos.
✓envenenamento por medicamentos (psicotrópicos, ansiolíticos ingeridos em larga escala);
 ✓ por produtos químicos (estricnina; monóxido de carbono; cianeto; arsênico; chumbo; etc.);
 ✓ por plantas tóxicas (cicuta, ricino da mamona vermelha, etc.); 
✓ Por venenos de animais peçonhentos (cobras , aranhas, escorpiões, peixes venenosos, etc.
O percurso do veneno através do organismo tem as seguintes fases: penetração, absorção, distribuição, fixação, transformação e eliminação. Há algumas situações ou fenômenos que podem ocorrer após a penetração do veneno, tais como: mitridatização, toxicidade, intolerância, sinergismo e equivalente tóxico
O “chumbinho” é um produto clandestino, irregularmente utilizado como raticida. Não possui registro na Anvisa e em nenhum outro órgão de governo. Geralmente, seu estado físico, é sob a forma de um granulado cinza escuro ou grafite.
Do que consiste o ‘chumbinho’? Qual a sua origem? Em geral, trata-se de venenos agrícolas (agrotóxicos), de uso exclusivo na lavoura como inseticida, acaricida ou nematicida, desviado do campo para os grandes centros para serem indevidamente utilizados como raticidas. Os agrotóxicos mais encontrados nos granulados tipo “chumbinho” pertencem ao grupo químico dos carbamatos e organofosforados, como verificado a partir de análises efetuadas em diversas cidades do país. O agrotóxico aldicarbe figura como o preferido pelos contraventores, encontrado em cerca de 50 % dos ‘chumbinhos’ analisados. Outros agrotóxicos também encontrados em amostras analisadas de “chumbinho” são o carbofurano (carbamato), terbufós (organofosforado), forato (organofosforado), monocrotofós (organofosforado) e metomil (carbamato). A escolha da substância varia de região para região do país.
Quais são os perigos do uso irregular/ilegal de ‘chumbinho’ e os sintomas de intoxicação? Sendo um produto clandestino/sem registro, ele não possui rótulo contendo orientações quanto ao seu manuseio e segurança, informações médicas, telefones de emergência e, o que é ainda mais grave, a descrição do agente ativo bem como antídotos em caso de envenenamento, o que é fundamentalpara orientação do profissional de saúde nesse momento. Os sintomas típicos de intoxicação por “chumbinho” são as manifestações de síndrome colinérgica e ocorrem em geral em menos de 1 h após a ingestão, incluindo náuseas, vômito, sudorese, sialorréia (salivação excessiva), borramento visual, miose (contração da pupila), hipersecreção brônquica, dor abdominal, diarréia, tremores, taquicardia, entre outros.
Segundo Delton Croce, para afirmar o diagnóstico de morte por envenenamento, o legisperito procurará orientar-se pelo critério físico-químico ou toxicológico, buscando isolar, identificar e dosar, no sangue colhido do coração e dos vasos da base, na urina, nas vísceras e nos tecidos em geral, as substâncias tóxicas suspeitas, associado ao critério médico-legal, fundamentando as suas deduções na possível ausência de outras lesões, na necropsia, que justifiquem o exitus.
Na necropsia dos envenenados, acondicionar em formol as amostras coletadas para pesquisa não é procedimento adequado para a conservação do material.
1.3 – DROGAS
As substâncias que atuam no psiquismo são chamadas de psicoativas ou psicotrópicas
1.3.1 Principais drogas ilícitas e seus efeitos
A maconha é tem várias denominações, entre elas temos: marijuana, fumo-de-angola, erva maldita e canábis. É extraída de certas partes das folhas da Cannabis sativa, planta dioica, erecta, de cheiro acre e inflorescência verde-escura. Seu odor é forte e quando em forma de planta seca se parece com o orégano ou com o chá grosseiramente picado
Sua ação está ligada ao princípio ativo do tetra-hidrocanabinol (THC), como afirmam especialistas, limita-se aos centros nervosos superiores. Segundo o França, sabe-se que in vitro a maconha inibe a atividade da adenilato ciclase em determinadas células neuronais através da proteína G. Seu efeito varia de 2 a 8 h.
A morfinomania ou morfinofilia é o uso vicioso de morfina. O viciado começa aos poucos, com pequenas doses quase homeopáticas. E cada vez mais o organismo vai exigindo dose maior. Chegam, alguns deles, a tomar a cifra inacreditável de 6 g por dia. Na fase final, chegam a tomar doses de 30 em 30 min.
Segundo especialistas a morfina é um alcaloide derivado do ópio e apresenta-se em forma de líquido incolor. Esse narcótico é utilizado sob a forma de injeção intramuscular, aplicada nas mais diferentes regiões do corpo, principalmente nos braços, no abdome e nas coxas. O viciado mesmo aplica suas injeções
A heroína é um produto sintético (éter diacético da morfina – diacetilmorfina). Após a diluição (do pó branco), ele é injetado. Mas pode ser misturado ao fumo do cigarro. O aspecto do intoxicado é semelhante ao da morfina. Sua decadência é maior e mais rápida, pois a heroína é cinco vezes mais potente que a morfina. Em poucas semanas, o drogado torna-se um dependente; com 30 dias de uso, o viciado já necessita de tomar uma injeção em cada duas horas. O viciado em heroína pode ter náuseas, vômitos, delírios, convulsões, bloqueios do sistema respiratório, e a morte sobrevém muito rápida
Já a cocaína, que é uma droga ilícita bem conhecida, trata-se de um alcaloide de ação estimulante, extraído das folhas da coca. Esse vegetal é um arbusto sulamericano. Apresenta-se na forma de pó branco para ser aspirado como rapé, por fricção da mucosa gengival ou diluído e aplicado como injeção.
Segundo o França, na intoxicação aguda pela cocaína o paciente apresenta uma série de sintomas, quais sejam: psíquicos: excitação motora, agitação, ansiedade, confusão mental e loquacidade; • neurológicos: afasia, paralisias, tremores e, às vezes, convulsão; • circulatórios: taquicardia, aumento da pressão arterial e dor precordial; • respiratórios: polipneia e até síncope respiratória. Efeitos secundários: náuseas, vômitos e oligúria
O LSD 25, mais conhecido como LSD, é uma droga eminentemente alucinógena, um produto semissintético, extraído da ergotina do centeio (dietilamina do ácido lisérgico). O viciado tem o aspecto de uma pessoa com náuseas. Mostra uma intensa depressão, tristeza e fadiga. O comportamento transforma-se transitoriamente, como se observa nas doenças mentais. Perturbação da percepção do mundo exterior, delírios e alucinações. Crises constantes de convulsões, chegando até ao estado comatoso. Surgem pesadelos terríveis, dos quais a vítima pode ficar prisioneira para sempre. É o suicídio do drogado.
Segundo o França, em estudos mais recentes, chegou-se à conclusão de que o LSD produz quatro grupos de reações. O primeiro grupo de manifestações caracteriza-se pela consciência do drogado de que suas forças e suas possibilidades aumentam sem limites. Sente-se um “todo-poderoso”. Chama-se a esse estado de reação megalomaníaca. O segundo grupo de reações é de conotações completamente opostas às primeiras: estado de depressão profunda, angústia e solidão. Sente-se como um ser indigno, pecador, incapaz, tendendo, na maioria das vezes, ao suicídio. Já no terceiro grupo de reações há perturbações paranoicas. Sentem-se perseguidos por pessoas que tentam contra sua vida, principalmente aquelas que o rodeiam. Já o quarto grupo de reações é caracterizado por um estado de confusão geral cujos sintomas se assemelham aos das doenças mentais: ilusões, alucinações, ideias irracionais, sentimentos absurdos, incapacidade de se orientar no tempo e no espaço. Esses estados geralmente duram pouco e podem prolongar-se por muito tempo.
Os barbitúricos são drogas muito usadas pelos viciados, na falta de outro tóxico. A toxicidade barbitúrica caracteriza-se por tremores, perturbação da marcha, disartria, sonolência, estado confusional, apatia e bradipsiquia. A retirada repentina dessa substância traz desordens psíquicas e convulsões. Em dosagem excessiva leva a uma grave depressão do sistema nervoso central, podendo o paciente ir ao coma ou à morte.
A metilenodioximetanfetamina (MDMA) denominada popularmente ecstasy, é uma substância psicotrópica muito potente, consumida em forma de comprimidos. É Conhecida como droga do amor porque causa superexcitação ao leve toque da pele. Estimula a comunicação e a intimidade e melhora o humor dos usuários. Como efeitos colaterais inclui: taquicardia, hipertensão, convulsões, trombose, hemorragia cerebral, hipertermia, boca seca, muita sede, diminuição de apetite, atenção dispersa, episódio de pânico, irritabilidade e ansiedade
Já ópio, como tóxico, é consumido sob a forma de cigarros. O viciado em ópio tem uma fase de excitação geral, principalmente sobre o aparelho circulatório, daí sua hiperatividade funcional com estímulos, entre outros, das funções psíquicas. Em seguida, passa o drogado para uma fase de depressão, de indiferença e de abatimento que o impede de qualquer movimentação ou esforço
Seguindo, outra droga é anfetamina – “bolinhas” – seu consumo constitui, no momento, o maior problema médico e social no que se refere aos tóxicos no país. A intoxicação aguda pelas anfetaminas caracteriza-se pela inquietação psicomotora, incapacidade de atenção, obnubilação da consciência, estado de confusão com manifestações delirantes.
O crack tem um efeito muito semelhante ao da cocaína, entretanto percebido mais rapidamente e com poder maior de viciar e produzir danos. Os efeitos tóxicos e os efeitos sobre o cérebro são muito parecidos com os da cocaína: dilatação das pupilas, irritabilidade, agressividade, delírios e alucinações
O oxi é uma droga produzida a partir de restos do refino das folhas de coca adicionados ao querosene ou gasolina, cal e ácido sulfúrico. Tal denominação é derivada do termo “oxidado”.
A merla é uma opção mais em conta do crack. Seu uso é através de cigarros ou cachimbos, misturados com fumo ou puro. Segundo o França, os efeitos dessa droga duram cerca de 15 min e sua sensação a princípio é de bem-estar e leveza, depois segue-se uma sensação desagradável e de inquietação, deixando o indivíduo agitado e nervoso. Pode levar até às alucinações mais graves. Tem um poder destrutivo muito maior que o do crack.
O crack, por sua vez, é o resultado da pasta de cocaína com bicarbonatode sódio e solventes. Ambas assumem a forma de pedras, sendo que oxi tem a cor amarelada. Conhecida como a “droga da morte”, o oxi é mais letal e mais barata que o crack, por isso, tornase mais perigosa pela fácil aquisição e gravíssimos efeitos que produz.
Segundo o França, “é consumido pela queima das pedras em cachimbos ou latinhas furadas, trituradas em cigarros puros ou com a mistura de fumo ou maconha, bem como aspirado em pó. Essa droga agride severamente o sistema nervoso central, emagrece rapidamente o consumidor, traz muitos problemas para o fígado e o estômago, torna a pele amarelada e leva a diarreias constantes. Além disso, pode causar convulsões, arritmias cardíacas, infarto agudo do miocárdio e morte.
A Desirée, que também é uma droga ilícita, é também chamada de craconha ou criptonita. Trata-se uma mistura de crack com maconha, cuja ação é potencializada pelo efeito de ambas as drogas.
Alguns cogumelos têm elevada toxicidade. Eles pertencentes ao grupo de alucinógenos naturais, são capazes de provocar reações as mais variadas, inclusive levando ao delírio e às alucinações.
Segundo o França, “sua ação é geralmente de aparição tardia e apresenta as vítimas três tipos de manifestações: as manifestações coléricas que têm como sintomas vômitos, cólicas, diarreia, cãibras e desmaios; as manifestações hepatorrenais que se caracterizam pelo aparecimento de icterícia, hematúria e oligúria; e as manifestações neurológicas que se traduzem por sintomas como agitação, delírios, euforia paradoxal, convulsões, podendo chegar ao coma.
1.4 - EMBRIAGUEZ (ALCOOLISMO)
Caracteriza-se por intensas mudanças de comportamento e agressividade após a ingestão de uma quantidade particularmente pequena de álcool.
A embriaguez quanto à origem pode ser embriaguez acidental ou não-acidental
· Acidental:
-caso fortuito ou força maior
✓ Caso fortuito:Quando o agente desconhece o efeito inebriante da substância que ingere; ✓ Força maior: Quando ele é obrigado a ingerir a substância. Exemplo de Damásio de Jesus: Alguém cai no tonel de pinga, sai dali e mata o segurança. Exemplo da jurisprudência: Uma mulher foi sequestrada e drogada no cativeiro. Ela conseguiu fugir naquele estado. Esse é um exemplo mais factível.
- completa ou incompleta
✓ Completa: Quando exclui capacidade de entendimento e autodeterminação no momento da conduta; ✓ Incompleta: Quando diminui capacidade de entendimento e autodeterminação
· Não acidental
embriaguez não-acidental que pode ser voluntária ou culposa, vejamos: ✓ Voluntária: Será voluntária quando o agente quer se embriagar. Eu falei que ele quer se embriagar. Eu não falei que ele quer se embriagar para praticar crime. Ele simplesmente decidiu ‘tomar todas’. ✓ Culposa: Não queria se embriagar, mas aconteceu 
A embriaguez não-acidental, seja voluntária, seja culposa, também pode ser completa ou incompleta.
Já a embriaguez preordenada é meio para a prática do crime. Também pode ser completa ou incompleta
O que diz o art. 28, § 1º, do CP? Só exclui a imputabilidade a embriaguez acidental completa. E se for incompleta, somente reduz a pena. Só isenta de pena a embriaguez acidental proveniente de caso fortuito ou força maior completa. Somente essa! A acidental incompleta não isenta de pena. Diminui pena! A embriaguez não acidental não isenta de pena jamais, seja completa, seja incompleta. Não exclui a culpabilidade. A patológica só exclui a imputabilidade se completa, caso em que é comparada ao art. 26, caput. Se incompleta, não exclui. A preordenada não exclui a imputabilidade, não importa se completa ou incompleta.
1.4.1 Embriaguez alcoólica aguda
A embriaguez alcoólica aguda se caracteriza por um conjunto de manifestações somatoneuropsíquicas ou psiconeurossomáticas resultantes da intoxicação etílica imediata, de caráter episódico e de curso passageiro
Manifestações da ação tóxica do alcoolismo: A dipsomania é a crise impulsiva e irreprimível de ingerir grandes quantidades de bebidas alcoólicas. Tais impulsos persistem, em alguns casos, durante vários dias, podendo interromper-se bruscamente para retornarem sempre com as características irrefreáveis e paroxísticas. Alucinose dos bebedores é uma psicose aguda manifestada por alucinações auditivas, desencadeada por excessos alcoólicos, conservando-se a lucidez com alterações da vida afetiva. As alucinações se manifestam, algumas vezes, pela hipersensibilidade aos ruídos, dando lugar em seguida às sensações de sibilos e sons musicais. Depois, progridem para vozes humanas que dizem obscenidades e ofensas morais. A cura poderá processar-se de 5 a 30 dias, no máximo, e a recidiva é fácil, bastando que o doente permaneça bebendo. 
Delirium tremens: estado psicopático, caracterizado por confusão mental, delírio (zoopsias, com visão de animais geralmente minúsculos), tremor, sudorese, debilidade dos membros inferiores e febre.
1.4.2 Fases da embriaguez
A absorção do álcool etílico é ordinariamente processada pela via digestiva, começa no estômago e continua pelo intestino delgado. A velocidade de absorção, fenômeno diverso da tolerância, varia de acordo com alguns fatores e circunstâncias, como: quantidade de álcool ingerido, massa corporal, taxa de metabolização, fracionamento e espaçamento das doses, concentração do álcool contida na bebida, presença ou não de alimentos no estômago e capacidade maior ou menor de absorção do indivíduo. Após a ingestão, o álcool começa a ser absorvido pela via digestiva, passando diretamente para a veia porta e ara o fígado, indo à circulação sanguínea e linfática do organismo, onde vai se distribuindo pelos tecidos em geral. No instante em que a absorção se equilibra com a difusão, a concentração de álcool no sangue mantém-se uniforme. A isto chama-se equilíbrio de difusão.
Segundo o França, alguns autores dividem a embriaguez em cinco fases (Magnan, Bogen), outros em quatro (Pessina, Nicollini), e a maioria em três. Para ele, esta última é a divisão mais aceita: fase de excitação, de confusão e de sono.
1.4.3 Dosagem de álcool no morto
Nos casos de morte violenta, principalmente em acidentes de trânsito, é sempre recomendada a prática da dosagem de álcool no sangue, de preferência no sangue venoso periférico, pois é a que responde melhor à concentração de álcool no momento do óbito, pois se sabe que a concentração do álcool no sangue não se dá por igual.
Desde que ainda não tenham surgido os fenômenos putrefativos do cadáver, a dosagem poderá ser realizada no sangue retirado da veia femoral. A putrefação produz etanol e substâncias redutoras que se assemelham ao álcool etílico.
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