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SOCIOLOGIA, EXTENSÃO E 
COMUNICAÇÃO RURAL 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alexsandro Ribeiro 
 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Como escreveu o poeta inglês John Donne, nenhum homem é uma ilha. 
Vivemos em sociedade, e a sociedade é reproduzida em função dos nossos 
costumes, das nossas línguas e da forma como pensamos. O indivíduo precisa 
se organizar com outros indivíduos e formar um coletivo. O campo, como espaço 
de vivência, de tradição e de identidades, é um espaço de agrupamentos e de 
união por excelência. O meio rural, no imaginário popular, é um espaço de 
vivência em comunidade, seja entre os indivíduos que atuam em uma mesma 
fazenda ou em áreas de grande porte, seja pela comunidade que se consolida 
nas pequenas cidades, que tendem a fortalecer os laços sociais. De forma mais 
burocratizada ou mais orgânica, percebemos no meio rural a importância da 
organização tanto como forma de perpetuar a cultura, como também uma forma 
de atuar socialmente. Nesta etapa, vamos abordar algumas dessas formas de 
agrupamento predominantes no campo. Confira a seguir os temas que 
abordaremos: 
• Cenário organizacional comunitário; 
• Associativismo; 
• Cooperativismo; 
• Movimentos sociais no campo; 
• Movimento sindical rural. 
TEMA 1 – CENÁRIO ORGANIZACIONAL COMUNITÁRIO 
À exceção de grandes produtores, a história da agricultura no país é 
resultante de um processo de associativismo e de colaborativismo em 
comunidade. A vida no campo estabelece determinadas características culturais 
e sociais que pressionam para uma identidade específica, distinta daquela 
urbana. E isso, a considerar alguns teóricos, caracteriza as linhas de definição 
de comunidade. Mas para isso, vamos nos aprofundar em alguns conceitos 
sociológicos sobre o tema. 
Lembra do Durkheim, um dos pais da sociologia? Pois bem, ele 
certamente pode nos ajudar a iniciar o debate com a análise sobre o indivíduo e 
a sociedade. A forma de organização social está relacionada às dinâmicas dos 
indivíduos e suas conexões com os demais partícipes da sociedade. Durkheim 
 
 
3 
(1999) vai observar muito essas relações de solidariedade entre estes 
indivíduos, levando em consideração suas lógicas e percepções de 
pertencimento a grupos, e à identidade dos seus locais dentro de uma 
sociedade. Na sua obra, podemos destacar que fica bem evidente quando ele 
se debruça sobre a divisão social do trabalho, que é uma forma de analisar a 
conexão entre os indivíduos, e como estes vivem em sociedade. Para o 
sociólogo, na medida em que temos uma menor divisão de trabalho, maior será 
o grau de coesão social, ou seja, de vínculo entre esses indivíduos. 
Ou seja, nas sociedades mecânicas, a coesão social é maior, na medida 
em que os indivíduos percebem os laços sociais mais fortes, bem como o seu 
papel dentro de uma dinâmica mais engessada. Esse é um aspecto que fica 
evidente quando olhamos a sociedade rural predominante ao longo dos séculos 
no Brasil, cujo poder da tradição é forte, e a vida em comunidade (religiosa, 
familiar etc.) é essencial para a manutenção do status social. 
Na sociedade orgânica, essa coesão fica mais difusa e precisa ser 
reforçada com base em estratégias sociais, por ação de instituições, como é o 
caso da Previdência Social, que atua nessa perspectiva de laços sociais, em que 
cada indivíduo contribui para o funcionamento do sistema para os beneficiários 
da atualidade, e conta com as contribuições dos futuros usuários do sistema para 
recebimento dos benefícios lá na frente. Essa lógica dos laços e vínculos da 
previdência ingressam no conceito de laços de participação orgânica (Paugam, 
2018), em que a segurança dos indivíduos está em jogo no processo social. 
A comunidade ingressa nessa perspectiva de coesão social, sendo que 
seu conceito pode estar vinculado a duas perspectivas: a de vínculos pela 
localidade; e a de vínculos sociais por perfil e interesses. Para Silva e Hespanhol 
(2016), a comunidade por localidade é aquela em que não se percebe uma 
dinâmica de relações de proximidade entre os indivíduos, ou ainda de 
alinhamento de perfis de interesses e demandas. Nesse aspecto, uma 
comunidade rural estaria consolidada no compartilhamento do espaço, sem que 
as pessoas que integram essa comunidade se conheçam (podendo ainda 
estabelecer uma relação de inimizade). Assim, neste viés de uma comunidade 
resumida pelo compartilhamento de espaço, as pessoas “que abrangem uma 
determinada comunidade rural podem ser muito diferentes em suas 
características e bastante individualistas em muitas de suas atividades” (Silva e 
Hespanhol, 2016). 
 
 
4 
Já na perspectiva de comunidade que leve em conta as afinidades (que é 
a vertente mais aplicada), as dinâmicas de intencionalidade e de relacionamento 
são fundamentais. Assim, temos várias comunidades que vão se organizando 
com base em tipos distintos de conexão ou de laços. Uma delas é a familiar, que 
pode ser identificada pelos laços de consanguinidade, ou ainda de vínculo de 
parentesco. Ferdinand Tönnies (1947) aponta três gêneros de organização de 
comunidades. Uma delas, indicada acima, é a família pelo gênero do parentesco, 
que se consolida com base em laços de sangue e de vínculo familiar. O segundo 
dialoga com a perspectiva anterior que indicávamos relativas ao espaço. Ou 
seja, é o gênero de vizinhança, cujos laços não precisam necessariamente 
consolidar afinidades. E o terceiro gênero é o da amizade, preponderante nos 
laços relativos ao comportamento, às escolhas do indivíduo em termos de 
vínculos sociais. Para Silva e Hespanhol (2016), podemos perceber a conjunção 
das três perspectivas para observar a comunidade no meio rural, “sendo mais 
significativo o sentimento de pertencimento ao território e as relações de 
reciprocidades, em virtude de se vivenciar, de maneira mais intensa, os mesmos 
costumes, tradições e crenças”. Assim, se o mundo urbano se organiza pela 
diferença, que caracteriza a individualidade, e também pelo estado de mutação 
constante, o espaço rural, por sua vez, se caracteriza por elementos opostos, 
tradições, costumes clássicos e concretos, bem como o vínculo ao local, ou seja, 
isso que Silva e Hespanhol (2016) destacaram como sentimento de pertença e 
identidade territorial e à comunidade. 
Para cada tipo de pertença a uma comunidade, podemos destacar formas 
distintas de participação. Com base em uma categorização indicada por Silva e 
Hespanhol (2016), podemos identificar ao menos oito formas de participação de 
comunidades. A primeira é pela participação individual ou familiar, que de forma 
reativa atua na sociedade cumprindo obrigações estabelecidas pelo poder 
público. Um segundo tipo de participação é o social, pela qual, de forma também 
reativa, o indivíduo pode atuar em função de reivindicações coletivas. 
Uma terceira é a forma de participação social organizada. Um pouco 
similar à participação social, esta se diferencia pela forma de reivindicação, com 
caráter conjuntural para um caráter estrutural, e com medida proativa. A 
participação comunitária pode ser reativa ou proativa, e com base nela o 
indivíduo desempenha ação em função dos agrupamentos estabelecidos por 
tipos distintos de vínculos territoriais ou sociais, e busca a defesa ou 
 
 
5 
representação de interesses dos membros deste mesmo grupo. Silva e 
Hespanhol (2016) ainda destacam a participação institucional, que, de forma 
reativa, desempenha ação não vinculada diretamente à sociedade, mas entre 
instituições, como consultas e convocações. 
Os indivíduos, tendo em vista a institucionalização dos seus laços sociais, 
podem também desempenhar participação de forma reativa pelo tipo organizada 
da sociedade civil. Nesse tipo de participação, o grupo social é coeso na medida 
em que compartilha interesses e intencionalidades, uma vez que institucionaliza 
a sua conexão em comunidade em funçãode um grupo, e muitas vezes em 
função da burocracia estatal (como associações, Ongs etc.). Uma outra forma 
de participação é a política, em que, de forma proativa, o indivíduo desempenha 
papel dentro do cenário político institucional. Por fim, Silva e Hespanhol (2016) 
destacam ainda a forma cívica ou cidadã, pela qual o indivíduo atua de forma 
proativa no cenário social e político e reivindica uma cidadania crítica junto às 
políticas públicas. 
TEMA 2 – ASSOCIATIVISMO 
Uma das formas de comunidade, como vimos no tópico anterior, é o 
associativismo, ou seja, o agrupamento de indivíduos organizados por 
propósitos comuns. Etimologicamente, o termo vem do latim associare, relativo 
ao ato de reunir-se ou juntar-se a colaboradores ou companheiros. O 
associativismo está vinculado à proposta de engrandecimento em conjunto, ou 
seja, a partir de todos os integrantes do grupo. Na sociedade rural, isso se dá na 
medida em que interesses e forças são reunidas para o bem comum dos 
membros de uma comunidade. Logicamente, não somente por conta das 
intenções, mas sim por meio de uma estrutura burocrática formal. 
Como afirma Damásio (2014, p. 8), nesta abordagem documental e 
institucional, o associativismo se relaciona “relacionado à utilização de métodos 
e técnicas específicas de trabalho capazes de estimular a confiança, exercitar a 
ajuda mútua entre os participantes, estimular a parceria, fortalecer o capital 
humano, melhorar a qualidade de vida”. De forma ainda mais definida, o Senar 
(2019) especifica a associação formalizada como uma organização de direito 
privado, cujo patrimônio é consolidado pelos próprios integrantes da associação 
ou ainda auxiliados por doações etc. Reforça ainda a finalidade não lucrativa, ou 
seja, sem fins econômicos, ao menos lucrativos aos integrantes. 
 
 
6 
Os aspectos legais da forma de organização em associações constam no 
Código Civil brasileiro (Brasil, 2002), e dentre as características e princípios que 
circulam nas associações, podemos destacar a adesão voluntária e livre dos 
seus membros, a possibilidade da gestão democrática e participação econômica 
dos seus sócios, a independência governamental, a possibilidade de estabelecer 
um espaço de interação, que seja organizada em função de interesses comuns, 
e que seja sem fins lucrativos (Senar, 2019, p. 32). Já os objetivos de uma 
associação dialogam em parte com seus princípios. 
Se temos uma participação voluntária, um patrimônio que é social e uma 
postura de benefício mútuo entre os seus integrantes, logicamente que a 
proposta seria de finalidade a fortalecer a ligação entre seus membros, a 
depender da finalidade (mesmo que sem fins lucrativos), pode auxiliar no 
fortalecimento dos integrantes junto ao mercado (e aqui podemos pensar nas 
associações que representam os produtores e que dialogam com o mercado ou 
demais instituições de sociedade para benefício dos seus membros). Como uma 
entidade que agrupa forças dos indivíduos, também pode atuar de forma a 
pressionar o setor econômico para benefícios que permitam redução de custos, 
como valores de investimento para seus membros, ou ainda projetos de incentivo 
à inovação. 
Dessa forma, percebe-se que o fortalecimento dos indivíduos com base 
na coletividade é a principal proposta de uma associação, que permite a 
ampliação das forças e da voz na pressão por direitos, pelos interesses internos 
e pela representatividade diante da esfera pública. Assim, pela perspectiva do 
cenário rural, a integração em uma sociedade é uma “escolha consciente de 
buscar caminhos próprios que atendam suas necessidades, interesses e 
objetivos comuns” (Senar, 2011, p. 8). 
Conforme destaca Beserra (2011), as associações no meio rural tendem 
a se consolidar como uma forma de independências aos produtores, sobretudo 
diante de um cenário de concentração de terras e de oligopolização na 
agropecuária, em que grandes conglomerados de empresas ou grandes 
latifundiários concentram não apenas grande parcela do mercado, mas também 
reduzem a competitividade dos pequenos produtores. 
É importante reforçar que a associação não é excludente a outras formas 
de organização social ou institucional. Ou seja, no meio rural, é um dos canais 
de agregação social que tendem a coexistir com outras dimensões associativas 
 
 
7 
com a “função de socialização, participação e representação e cujos objetivos 
estão diretamente relacionados à satisfação das necessidades sociais numa 
dada realidade local” (Beserra, 2011, p.42). A questão central é que a associação 
permite o engajamento do produtor levando em conta a identidade de 
comunidade com outros associados para atuação no seu espaço ou ainda para 
representatividade social em função de interesses privados, como é o caso de 
associações que atuam na defesa dos interesses de produtores frente ao cenário 
econômico ou ainda política, com aprovações de legislações que beneficiem os 
produtores. 
Retomando as orientações da legislação nacional, a associação, portanto, 
tende a ser orientada levando-se em conta a representatividade (ou seja, pela 
associação para interesse e defesa das pautas comuns) ou ainda para a relação 
de defesa destes interesses, sem gerar atividades econômicas diretas. 
Diferente de outros tipos de organizações burocráticas, as associações 
não têm um número específico para instituição. Contudo, recomenda-se que seja 
formada por ao menos dez integrantes distintos para garantir representatividade, 
e a ocupação de cargos eletivos como diretoria e conselho fiscal (Kassaoka, 
2017). Um número maior garante ainda uma possibilidade de revitalização 
desses cargos eletivos sem repetição de membros. 
Baseando-se no pressuposto de que os integrantes atuam de forma 
comum e representando os interesses mútuos, uma das abordagens estruturais 
é que as associações sejam passíveis de autogestão. Nesse aspecto, a gestão 
deve ser igualitária, inclusiva e permitir a transparência e fiscalização dos 
integrantes, sobretudo pela soberania das assembleias gerais. Dessa forma, a 
autogestão é democrática, não apresenta níveis de hierarquia (um voto tem o 
mesmo valor que outro) e autoridade, sendo não “baseada não em decisões 
individuais ou de um grupo fechado, mas por meio de tomada de decisões 
coletivas, uma vez que todos os seus integrantes possuem direitos iguais, como 
votar e ser votado” (Kassaoka, 2017). 
Pensando na sua administração coletiva e inclusiva, a estrutura de uma 
associação pressupõe ao menos três instâncias ou órgãos (Kassaoka, 2017). A 
primeira (e soberana) é a assembleia geral, que é o órgão de deliberação e de 
decisão da associação. Por meio dela, todos os indivíduos que integram a 
associação, e que estejam em dia com as obrigações estatutárias, podem atuar 
de forma igualitária e operar voz e voto, a partir do princípio democrático. A 
 
 
8 
segunda instância é a da diretoria, definida a partir da assembleia entre os 
membros. A diretoria pode desempenhar funções administrativas e de 
orientação das ações definidas a partir das assembleias. Por fim, temos o 
conselho fiscal, que é um órgão que atua de forma a acompanhar as atividades 
da diretoria, e de apresentar seus relatórios de fiscalização das atividades e dos 
recursos à assembleia. 
TEMA 3 – COOPERATIVISMO 
Mais que a associação, a cooperativa consolidou-se como a principal 
ferramenta de atuação comercial dos pequenos, médios e até grandes 
produtores. Só para se ter a ideia do tamanho e a força das cooperativas no setor 
agropecuário, uma lista das cem maiores empresas do setor tem nada menos 
que 20 cooperativas, algumas delas, com a Coamo, cooperativa de grãos e 
outros produtos, com receita de R$ 18,6 bilhões em 2021 (Gioia, 2022). 
Dados do cooperativismo brasileiro, organizado pelo Sistema 
Organização das Cooperativas Brasileiras, indica que em 2021 o país contava 
com 1,1 mil cooperativas no ramoagropecuário, reunindo no total mais de um 
milhão de cooperados, e fomentando cerca de 240 mil empregos, e reunindo R$ 
230 bilhões em ativos. Uma cooperativa pode atuar em mais de um segmento 
dentro do ramo. Considerando isso, o anuário destaca que o “o mais comum é o 
de insumos e bens de fornecimento em que 65% das instituições exercem suas 
atividades. Seguido pelos produtos não industrializados de origem vegetal (58%) 
e pelos produtos não industrializados de origem animal (34%)” (Coop, 2022). 
Se no associativismo a lógica era o aglutinamento de pessoas para fins 
comuns, sem pensar nas questões financeiras, e percebendo a paridade de 
participação, na cooperativa essa proposta se ajusta para outras finalidades. 
Assim, a lógica da união das forças é para benefício direto, e na maioria dos 
casos, pecuniário. Dessa forma, o foco é a inclusão dos produtos “e serviços de 
seus cooperados no mercado, em condições mais vantajosas do que eles teriam 
isoladamente. Desse modo, a cooperativa pode ser entendida como uma 
“empresa” que presta serviços aos seus cooperados” (Cardoso, 2014, p.11). Um 
mercado que seja mais atraente em diversos aspectos é o que se busca na 
cooperativa. Reunir esforços para alcançar melhores mercados, menores custos 
de insumos, conseguir recursos para equipamentos para beneficiamento de 
produtos e aumento dos lucros, dentre outras propostas. Isso, claro, 
 
 
9 
considerando o setor agropecuário. Mas é importante destacar que a cooperativa 
não é apenas para o mercado agro, mas engloba várias outras finalidades. Ainda 
podemos encontrar cooperativas de consumo, que são os grupos de 
consumidores que se agregam a uma instituição para compras coletivas com 
maiores descontos. 
Existem as cooperativas de habitação, que permitem reunião de pessoas 
ou instituições para aquisição de materiais com melhores preços, e também 
acesso a linhas de créditos; podemos destacar ainda as cooperativas de 
créditos, que oferecem empréstimos e linhas de acesso a financiamento com 
juros menores, uma vez que o foco é o cooperado, e não o lucro de acionistas 
etc. 
O mesmo Código Civil que orienta as formas burocráticas do 
associativismo também delimita as regras das cooperativas, estabelecendo 
critérios como distribuição de resultados de forma proporcional ao grau ou 
investimento dos cooperados, capacidade de reunir produtores ou pessoas com 
capacidade produtiva e com demandas distintas (na associação, há um maior 
alinhamento em termos de perfil). De forma mais específica, uma outra lei 
aprofunda as regras e características de funcionamento das cooperativas no 
país. 
Sancionada em 1971, a Lei n. 5.764 define a Política Nacional de 
Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas. Em seu 
art. 6º, a lei categoria as sociedades cooperativas em três ordens. A primeira são 
as cooperativas singulares, que são aquelas que reúnem ao menos 20 pessoas 
físicas na mesma atividade econômica. A segunda são as cooperativas centrais 
ou federações de cooperativas, que são resultantes da reunião de três 
cooperativas singulares, e com isso pode ampliar a abrangência e espaço de 
atuação. E por fim, dentre o tripé da tipificação, ainda existem as confederações 
de cooperativas, que são formadas no mínimo por três federações, podendo 
agregar as mesmas ou diferentes modalidades (Brasil, 1971). 
As cooperativas rurais, portanto, reúnem “produtores rurais ou 
agropastoris e de pesca, que trabalham de forma solidária na realização das 
várias etapas da cadeia produtiva” (Cardoso, 2014, p. 15) que vai desde a parte 
inicial do planejamento até a destinação da produção. A compra de sementes e 
demais insumos para a colheita, as estruturas de armazenamento e de 
maquinário de processamento; as estruturas e demais sistemas de 
 
 
10 
industrialização; os custos e os equipamentos para processamento e registros; 
bem como a venda para o mercado estão entre as atividades desenvolvidas pela 
cooperativa. 
Segundo a Senar (2019), dentre as vantagens de ser cooperado está o 
fato de que o cooperado é dono da cooperativa, a gestão se mantém 
democrática, da mesma forma como nas associações, as cooperativas permitem 
uma amplificação das vendas, e permite também melhores condições diante da 
comunidade produtiva. Outro aspecto é que podem ingressar não apenas 
pessoas físicas, mas também pessoas jurídicas; assim, empresas podem ser 
cooperadas. 
TEMA 4 – MOVIMENTO SOCIAL RURAL 
Para além das associações e cooperativas, uma forma de organização 
com potencial aglutinador e de defesa de bandeiras sociais são os movimentos 
sociais rurais. Diferente das outras duas formas de agrupamento que indicamos 
anteriormente, os movimentos sociais se distanciam por vários aspectos 
relativos à sua estrutura burocrática (ou não burocrática), pelos objetivos 
centrais, e pela sua durabilidade. 
É fundamental localizar que os movimentos sociais no Brasil, de uma 
forma geral, são fenômenos sociais identificados ao longo do século XX, com 
maior incidência nas últimas décadas do século, sobretudo fomentados pelos 
movimentos em defesa da redemocratização, como o movimento pelas Diretas 
Já. 
 Mas e o que são movimentos sociais? Segundo Maria da Glória Gohn 
(1997), são “ações sociopolíticas construídas por atores sociais coletivos 
pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, articuladas em certos 
cenários de conjuntura socioeconômica e política de um país, criando um campo 
político de força social na sociedade civil”. 
Como uma forma de termômetro da sociedade, os movimentos sociais 
indicam as demandas que estavam em latência, e que assumem papel de 
engajamento e de mobilização de uma parcela da população. Assim, podem ser 
instrumentos de orientação de políticas públicas. Assim, na atualidade, 
“apresentam um ideário civilizatório que coloca como horizonte a construção de 
uma sociedade democrática” (Gohn, 2011). No caso rural, as demandas 
passaram ao largo das ações do Estado, sobretudo considerando uma das 
 
 
11 
principais bandeiras da maior parte dos movimentos sociais, o da reforma 
agrária. 
O que caracteriza um movimento social rural é a sua pauta focada no 
cenário do espaço do campo, com impacto na cultura e desenvolvimento 
econômico e social no espaço rural. Observando o ambiente rural ao longo do 
século XX, Mocelin (2018) aponta duas organizações rurais com forte atuação 
nas décadas de 1950 e 1960 como fundamentais para o marco histórico das 
lutas sociais no campo. Uma delas já indicamos anteriormente, que são as Ligas 
Camponesas, vinculadas ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). A outra é a 
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). As duas 
surgem dentro de grupos políticos de esquerda. 
Nesta primeira etapa do movimento no campo no século passado, além 
da reforma agrária, destacava-se como bandeira a busca por representatividade 
institucional dos trabalhadores do campo, com garantia de legislação ou direitos 
que representassem a segurança dos trabalhadores do campo. Vale destacar 
que até a constituição do sistema sindical dividido entre entidades de 
representação dos trabalhadores distintamente das que representavam os 
patrões, os sindicados em alguns setores eram mistos, ou seja, defendiam 
apenas os interesses das elites que dominavam as instituições (Rossi, 2013). 
Assim, como fortalecimento das instituições sindicais do campo, as pautas foram 
se expandindo não apenas para os produtores independentes, mas também pela 
luta dos direitos dos trabalhadores assalariados da área rural. Também focado 
nos pequenos produtores, na agricultura familiar e na luta pela terra, destaca-se 
a participação das pastorais e da Igreja Católica, sobretudo ao longo da Ditadura 
Militar. 
O fortalecimento de movimentos civis contra a repressão militar e pela 
liberdade na década de 1970, e o consequente enfraquecimentodo governo da 
Ditadura Militar fomentariam o aumento de entidades que aglutinariam as vozes 
do campo por políticas públicas e por terra. É a partir desta década, com a 
revitalização da esfera pública e a participação popular nos debates nacionais, 
que surgem as principais organizações sociais do campo, começando pela 
Comissão Pastoral da Terra (CPT), que surge como resultado dos movimentos 
de base da igreja. A CPT foi fundada em um encontro da Comissão Nacional dos 
Bispos do Brasil (CNBB) em Goiânia, em 1975, e surge como resposta ao quadro 
de fragilidade social que os trabalhadores do campo vivenciavam à época, 
 
 
12 
sobretudo na região amazônica, com trabalho análogo à escravidão, e expulsão 
das terras por parte de grileiros. 
Saiba mais 
CPT – Comissão Pastoral da Terra. Massacres no campo. CPT, S.d., 
Disponível em: . Acesso 
em: 21 jun. 2023. 
Recentralizando a pauta da Reforma agrária, em 1984 (em meio à criação 
do Partido dos Trabalhadores e a retomada dos partidos de esquerda), surge em 
quase todos os estados brasileiros o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem 
Terra (MST). O movimento surge com a pauta da reforma agrária como 
condicionante para a democracia, e se organiza a partir do tripé: lutar pela terra, 
lutar pela reforma agrária, lutar por uma sociedade mais justa e fraterna. Como 
um movimento social, foi ajustando as bandeiras e pautas, ampliando as 
temáticas da inclusão do campo para a educação, para as pautas identitárias e 
de gênero, dentre outras. 
Saiba mais 
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. Disponível em: 
. Acesso em: 21 jun. 2023. 
Para Mocelin (2018), observando não apenas o surgimento e início da 
atuação do MST, mas percebendo as quase cinco décadas de atuação do 
movimento social, sobretudo diante dos governos petistas do início do milênio, é 
possível perceber uma dupla constatação desse histórico, que se constitui em 
um paradoxo. De um lado, percebe-se a fundamental importância do movimento 
como um agende de articulação dos trabalhadores do campo, buscando 
evidenciar a forma como uma parcela da população rural vive à margem da 
atenção política e social. Por outro lado, reforça Mocelin (2018), como uma 
organização política, “não apresenta uma solução em relação aos mecanismos 
de tomada de decisão das agências estatais. Na prática, sua ação acaba por 
eleger como interlocutor o Estado, sem criar alternativas de gestão pública”. 
Apesar de aglutinar a maior parte das atenções quando o assunto é a 
pauta do campo, o MST não resume as pautas e movimentos do campo. 
Podemos ainda destacar na atualidade os movimentos pela agricultura familiar 
e pelo fortalecimento de políticas de benefício para pequenos produtores; 
movimento pelas mulheres no campo, que busca evidenciar o papel das 
 
 
13 
mulheres e sua centralidade para a produção rural; o movimento dos 
trabalhadores e moradores da área rural em locais atingidos pelas inundações 
de áreas decorrentes das formações de barragens, em grande parte para a 
construção de usinas hidrelétricas, ou seja, o Movimento dos Atingidos pelas 
Barragens (MAB), dentre outros. 
TEMA 5 – MOVIMENTO SINDICAL RURAL 
Se a reforma agrária encontra nos movimentos sociais como o MST uma 
arena de representatividade, se os produtores rurais encontram nas associações 
e cooperativas organizações burocráticas para organizar e potencializar suas 
demandas e participação no mercado para fins lucrativos, os trabalhadores 
assalariados ou produtores de subsistências encontram no meio sindical uma 
forma de terem suas pautas e vozes representadas socialmente. De forma geral, 
da mesma forma como os movimentos sociais, o movimento sindical surge no 
Brasil de forma mais consolidada ao longo do século XX, sobretudo no momento 
de redemocratização. Podemos categorizar o movimento sindical levando em 
conta algumas etapas temporais, vinculadas ao cenário de avanço social e 
econômico nacional (Ribeiro, 2016). 
A primeira etapa é a do sindicalismo anarquista, em que ideias de 
mobilização por direitos são iniciados a partir de pequenos grupos ou a partir de 
focos de debates influenciados sobretudo pelos imigrantes europeus, como os 
italianos, já acostumados à mobilização no campo. Esse momento do 
sindicalismo está localizado no fim do século XIX e início do século XX, quando 
o fomento à industrialização pressiona para a urbanização e criação de algumas 
fábricas no país. Aqui temos a constituição da figura do operário, que de forma 
assalariada atua no meio urbano. Organizados, este operariado começa a 
constituir o movimento sindical no país. Logo, sob influência dos partidos de 
esquerda formados sob a esteira da Revolução Russa, no início do século 
passado, entramos no quadro do movimento sindical partidário (Ribeiro, 2016). 
Na década de 1930, o governo varguista daria início a uma política de 
institucionalização das entidades sindicais. Isso se consolidaria em mecanismos 
que controle dos movimentos dos trabalhadores, que promoveu uma 
despolitização dos sindicatos, tornando-os redutos de pressão do estado, ou 
seja, como organizações cooptadas pelo governo. Neste momento temos a 
etapa de repressão do movimento sindical, que vai se fortalecer a partir do 
 
 
14 
controle da Ditadura Militar, com a perseguição aos militantes comunistas e coibir 
toda forma de manifestação contrária ao governo. Com a fragilização do governo 
ditatorial, o movimento sindical se reorganizará em um Novo Sindicalismo, que 
se consolida pela expansão e profissionalização dos sindicatos, sobretudo a 
partir dos grandes movimentos grevistas do ABC Paulista na década de 1970. 
Apesar do histórico de lutas pelos trabalhadores ser desde o começo do 
século passado, no meio rural, podemos demarcar a partir do Novo Sindicalismo 
as formas de organizações sindicais mais fortes no campo. Isso pelo quadro de 
modernização da agricultura no país. O fomento à mecanização e o uso intensivo 
de defensivos e insumos modernos no campo acentuaram a centralização dos 
latifundiários e a redução das áreas e participação dos pequenos produtores no 
mercado. Isso se dá tanto pela dificuldade em se tornar competitivo no mercado, 
quanto pela pressão para a compra das pequenas áreas para agrupamento às 
grandes áreas produtivas. É importante destacar que isso não apenas acentuou 
o êxodo rural, como também subverteu os pequenos produtores em um mercado 
que deita as regras do que deve ser produzido e a partir de um ritmo acelerado 
de produção. Segundo Figueiredo (1984), essa tecnificação ocasionou a 
“subordinação do pequeno produtor à agroindústria ou cooperativa, levando à 
perda da autonomia do produtor e à sua definição como um quase-proletário”. É 
neste momento de modernização que temos a consolidação do movimento 
sindical rural, sobretudo organizados a partir da Confederação Nacional dos 
Trabalhadores na Agricultura (Contag). Com pautas que dialogam com as 
defesas dos principais movimentos sociais do campo, a estrutura sindical rural 
tende a perder sua visibilidade em âmbito nacional, atuando ou em parceria com 
os movimentos, ou de forma pontual, em negociações de acordos e convenções 
coletivas com as entidades sindicais patronais para setores específicos. 
FINALIZANDO 
No meio rural, a lógica de que a união é representativa encontra eco na 
história brasileira. Desde pequenos grupos de interesses reunidos em 
associações como forma de organização social local, até grandes cooperativas 
com receitas bilionárias e atuação forte no mercado internacional, as formas de 
organização rurais estão presentes na vida do campo em várias camadas da 
vida social. Fundamental é perceber como cada entidade está relacionada à sua 
finalidade, e como cada uma delas colabora para consolidação do meio rural. 
 
 
15 
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