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A Marinha Mercante do século 21 e
seus diversos nichos operacionais
Aélcio de Jesus Monteiro dos Santos (Org.)
Cleber Luís Albuquerque Feitoza Carneiro (Org.)
A Marinha Mercante do século 21 e
seus diversos nichos operacionais
Belém - 2023
Copyright © Aélcio de Jesus Monteiro dos Santos (Orgs), 2023
Cleber Luís Albuquerque Feitoza Carneiro (Org.), 2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
A Marinha Mercante do século 21 e seus diversos nichos
operacionais [livro eletrônico] / Aélcio de Jesus Monteiro dos
Santos, Cleber Luís Albuquerque Feitoza Carneiro. -- Belém, PA:
Ed. dos Autores, 2023. PDF
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-00-82400-1
1. Artigos científicos – Coletâneas 2. Embarcações 3.
Marinha mercante 4. Navegação cabotagem 5. Petróleo e gás –
Brasil 6. Navegação offshore. Santos, Aélcio de Jesus Monteiro
dos.
Índices para catálogo sistemático:
1. Embarcações: Transporte marítimo 387.5
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
Sumário
PREFÁCIO ........................................................................ 7
1 Responsabilidade do Comandante na liderança a bordo
de embarcações offshore. ............................................................ 9
2 Embarcações do tipo lançamento de linha PLSV
(Plataform Supply Vessel), seus diferentes layouts e sua
operacionalidade. ....................................................................... 41
3 Análise do fornecimento de suprimentos para as
plataformas de exploração petrolífera .................................... 73
4 Oficiais de náutica e suas responsabilidades na
operacão de construção e desenvolvimento de poços nas
unidades maritimas de perfuracao e producao nas bacias
petroliferas do brasil ............................................................... 127
5 Operações de embarcação RSV na inspeção de dutos
flexíveis e o papel do oficial de náutica durante toda a atividade
de preparação, aproximação e finalização do projeto ......... 171
6 Navios Porta containers: Responsabilidade dos Oficiais
de Náutica nas operações em portos brasileiros. .................. 191
7 Operações de carga e descarga em navios gaseiros . 229
8 Estudo comparativo dos sistemas refletivos utilizados,
pelo sensor de referência cyscan, em operações de
posicionamento dinâmico........................................................ 275
7
PREFÁCIO
Não há dúvida de que compartilhar conhecimento com outras
pessoas representa um desafio significativo para o Oficial
Mercante, capaz de estimular ainda mais o desejo de dominar os
novos desafios e tecnologias que surgem a cada dia. Este livro
consolidou com segurança e assertividade uma abordagem rica e
didática, baseada em experiências profissionais nas operações e nas
verificações diárias a bordo de diversas embarcações. Conforme a
frase "A teoria é uma coisa e a prática é outra" sugere, essa
distinção deve ser considerada, uma vez que a cada capítulo você
perceberá e absorverá informações práticas do cotidiano a bordo,
as quais não são encontradas em outros livros.
É de conhecimento geral que o cenário atual da Marinha
Mercante Brasileira passou por diversas transformações nos
últimos 20 anos, incluindo o desenvolvimento do setor Offshore, a
criação de novos tipos de embarcações, a introdução de novas
tecnologias e a utilização de equipamentos específicos e
complexos, demandando um aprimoramento mais rigoroso dos
novos profissionais que ingressam no mundo marítimo.
A composição deste livro teve origem em oito artigos
científicos do curso de Aperfeiçoamento de Oficiais de Náutica,
abordando tópicos de extrema relevância atualmente, relacionados
a certos tipos de embarcações no setor Offshore e navios utilizados
na tradicional Cabotagem Brasileira.
O objetivo deste livro é auxiliar na pesquisa e no
desenvolvimento acadêmico dos futuros profissionais que, ao
saírem dos centros de formação, enfrentam dúvidas e
questionamentos sobre as operações e os variados tipos de trabalho
em navios, embarcações de apoio e até mesmo Unidades de
Perfuração e Produção em operação na Costa Brasileira.
Todos os futuros Comandantes que contribuíram para este
livro esperam ajudar e apoiar os instrutores e professores na
preparação das novas gerações de oficiais da Marinha Mercante
Brasileira, compartilhando dados atualizados, experiências
8
vivenciadas e as mais recentes tecnologias empregadas neste
competitivo mercado de trabalho.
Por fim, desejamos que todos naveguem sempre na direção
dos seus sonhos, dificuldades estarão por vir, porém você é o
reflexo de suas ações e de seus pensamentos. Então, lembre-se:
“Você não pode mudar a direção do vento, mas pode ajustar
as velas para chegar ao seu destino” (JIMMY DEAN).
CCB Cleber Luís Albuquerque Feitoza Carneiro
9
1 Responsabilidade do Comandante na liderança a
bordo de embarcações offshore.
Marcelo Houdini Pimentel Araújo
Marcos Vinícius Belisario Erpet
Mirla Maria Paiva
Pedro Paulo Gomes Porto
Rommel Gomes
RESUMO
O objetivo deste estudo é mostrar a responsabilidade e a
liderança do Comandante a bordo de embarcações offshore onde o
mesmo é o responsável por todos os tripulantes e passageiros,
mostrando em loco sua gestão com autoridade e competência. A
preocupação do bem-estar a bordo diz respeito à relação
interpessoal entre os tripulantes e passageiros a bordo de uma
embarcação, podendo trazer inúmeros benefícios e malefícios à
gestão da organização. Essa questão, por sua vez, está atrelada
indiscutivelmente à figura do líder, papel este exercido pelo
comandante, o qual tem a função de promover o bom andamento
da equipe em prol dos resultados esperados pela empresa. O papel
e a responsabilidade do Comandante quanto ser a principal
referência de liderança a bordo, trará consigo dificuldades,
obstáculos e desafios a serem enfrentados, uma vez que o mesmo
contribui positivamente para o desenvolvimento de um bom
ambiente de trabalho, com relações saudáveis e produtivas a bordo
das embarcações. Retrata conjuntamente exemplos reais que
denotam a importância da discussão promovida neste trabalho, com
pontos relevantes que foram levantados.
Palavras-chave: Comandante. Liderança. Relacionamentos.
10
1.1 INTRODUÇÃO
Desde o início da construção de um navio até a sua
inauguração ao mar, se faz necessária a presença de um líder. O
líder é quem coordena, controla e unifica uma tripulação; no caso
das embarcações esse papel é desempenhado principalmente pelo
Comandante, geralmente assessorado pelos chefes de seção, o
Imediato e o Chefe de Máquinas. Além disso, ele tem o papel de
compreender as diferenças a bordo e dar seguimento às atividades
para compor a produtividade da embarcação.
Chiavenato (2003) define liderança como um fenômeno
tipicamente social que ocorre exclusivamente em grupos sociais e
nas organizações. A liderança é exercida como uma influência
interpessoal em uma dada situação e é dirigida através do processo
de comunicação humana para a consecução de um ou mais
objetivos específicos.
No âmbito social, o líder é quem promove a interação da
equipe, unificando as diferenças de maneira produtiva. Sua ação
tem importância direta no rendimento do trabalho, que está
diretamente ligado com a questão econômica, visto que a
capacidade de manter o trabalho prolífico interfere na geração de
resultados para o navio e lucros para a organização.
A partir disso, o presente artigo mostra a responsabilidade e
funções exercidas pela figura do Comandante a bordo das
embarcações,para estocagem, eles sofrem deformações plásticas, e o straightener
aplica uma deformação controlada para corrigir essas deformações
residuais durante o desenrolamento.
Fig 13 - Modelo Tridimensional da embarcação Seven Ocean.
Fonte: Adaptada pelos autores (2023).
54
Fig 14 - Tensionador de duto rígido
Fonte: Adaptada pelos autores (2023).
Fig 15 - Spool base para fabricação de dutos rígidos
Fonte: Adaptada pelos autores (2023).
55
Atualmente existem os seguintes métodos de lançamentos:
J-Lay, Reel Lay e S-Lay, Towed Lay e O-Lay.
2.3.1 - Método Reel-Lay
Método de instalação de dutos rígidos, onde a embarcação
estoca a linha, que já foram pré-fabricadas, em um carretel central
com grande diâmetro, na embarcação, após carregá-lo em um porto
base, o que reduz significativamente o tempo de lançamento.
Após realizar o carregamento a embarcação navega para a locação
onde será iniciado o lançamento. Em função da grande variação do
ângulo de saída entre a rampa e o stinger (45° e 90°), a embarcação
se movimenta a uma velocidade controlada de até 2 nós, em
Posicionamento Dinâmico.
Este método terá limitações, quanto ao diâmetro máximo
do duto, que o carretel poderá estocar, geralmente 16 polegadas.
Fig 16 - Ilustração do método Reel-Lay.
Fonte: Adaptada pelos autores (2023)
56
2.3.2 - Método S-Lay
A principal característica do sistema S-Lay é o Stinger se
estendendo até um pouco abaixo do nível do mar, a fim de
minimizar a variação angular de lançamento, ocorrendo uma
transição suave entre o ângulo de lançamento e sua montagem na
posição horizontal, algo que pode ser modificado de acordo com
características específicas do projeto.
Uma embarcação de apoio transfere continuamente as
sessões de dutos, que são armazenadas no PLSV em uma área que
está ligada diretamente a linha de montagem.
Fig 17 - Representação esquemática do método S-Lay
Fonte: Adaptada pelos autores (2023).
2.3.3 - Método J-Lay
O sistema J-Lay, possui como característica principal a
torre de lançamento, haja vista ser um sistema vertical, utilizado
em águas profundas. Deste modo, o layout do duto toma a forma
de “J” do leito marinho até a embarcação.
Como o método O método S-Lay é mais suscetível a
flambagem, devido a carga de compressão axial o método J- Lay
57
se torna mais interessante, haja vista que o lançamento ocorre na
vertical.
Fig 18 - Representação do método de lançamento J-lay
Fonte: Adaptada pelos autores (2023)
Fig 19 - Tensionador do método de lançamento J-lay
Fonte: Adaptada pelos autores (2023)
58
2.3.4 - Método Towed Lay
O método Towed Lay é realizado utilizando duas
embarcações, que irão rebocar a seção de tubos até a locação. É um
método utilizado em rios e lagos.
2.3.4 - Método O-Lay
O método O-Lay é um método inovador que irá preparar
toda a tubulação a ser instalada, em terra, e depois a tubulação será
rebocada em formato circular, por isso o nome O-Lay, até a locação
onde será instalada, com o auxílio de uma embarcação preparada
para o lançamento dos dutos. Este método possui vantagem com
relação ao tempo de lançamento, bem como quanto ao preparo da
tubulação ter uma resistência maior a corrosão, pois seu preparo foi
realizado em condições ambientes ideais, reduzindo a possibilidade
de possíveis falhas nos dutos, quando comparada a tubulação que
sofre sua preparação a bordo e posteriormente é lançada.
2.4 SISTEMAS AUXILIARES NO PROCESSO DE
LANÇAMENTO DE LINHA.
2.4.1 - Utilização de Veículos Operados Remotamente (ROV)
Os PLSVs frequentemente operam em conjunto com
Veículos Operados Remotamente (ROVs), dispositivos
subaquáticos controlados remotamente. Esses ROVs
desempenham diversas funções vitais nas operações submarinas,
incluindo inspeção, reparo e manutenção. A integração de ROVs
nas operações de PLSVs permite uma maior eficiência operacional,
permitindo o monitoramento em tempo real da instalação do duto
e a realização de ajustes precisos durante o processo de instalação
e interveção subsea.
Os ROV’s atuam no fundo do mar através de braços
mecânicos, luzes e lentes no manuseio e montagem de
equipamentos submarinos offshore e são ligados à embarcação
59
através de um cabo (tether), que transporta eletricidade, sinais de
vídeo e telemetria para controle, fundamentais para a equipe de
operação a bordo.
O veículo possui boa estabilidade e boa manobrabilidade
nas operações submarinas graças a seu layout que concentra os
componentes mais pesados na parte inferior e os mais leves na parte
superior e a fim de orientar a navegação em profundidades
elevadas, além de câmera e sonar ele também possui um sistema de
posicionamento hidroacústico.
Esse sistema chamado HIPAP (High Precision Acoustic
Positioning) consiste no envio de pulsos acústicos, que são
emitidos por um ou dois transdutores localizados no casco do
navio, a um transponder instalado no veículo e outro em sua gaiola.
Esses transponders recebem o pulso e o devolvem ao transdutor e
assim, o software do HIPAP consegue calcular a posição exata do
veículo desde o momento em que entra na água até o final da
operação.
A utilização do ROV permite que as linhas de ancoragem,
dutos e sistemas submarinos sejam inspecionados rapidamente e a
um custo menor. Seu sistema de câmeras de alta definição
possibilita a inspeção em profundidades impossíveis de serem
alcançadas por mergulhadores. Entretanto, por ser uma inspeção
visual, sua atuação é limitada à detecção de problemas externos.
As intervenções realizadas por um veículo remoto podem ir desde
um simples aperto de parafuso numa árvore-de-natal molhada até a
colocação de sacos de areia e cimento (grout bag) sob os dutos
rígidos para correção dos vãos-livres. Assim, como qualquer
operação na indústria offshore, essas atividades exigem atenção
principalmente na operação do robô, haja vista que são feitas
intervenções em dutos, cabeças de poços e manifolds. Por isso, a
equipe que opera deve ser altamente capacitada para que não ponha
em risco a operação e o equipamento.
São classificados de acordo com as tarefas que realizam: de
observação e de intervenção. Os primeiros possuem apenas
câmeras de vídeos e são utilizados basicamente para realizar
inspeções. Já os veículos de intervenção possuem manipuladores e
60
outras ferramentas submarinas de forma a permitir que o mesmo
possa realizar trabalhos de forma ativa nas operações de fundo.
O ROV é essencial durante todo o processo operacional de
uma embarcação PLSV, desde uma simples inspeção (survey) até
uma conexão vertical direta (CVD), monitoramento do ponto em
que a linha toca o leito marinho (Touch down point – TDP) e pull-
in. Quando as embarcações PLSVs não possuem veículo ou quando
o TDP está muito distante e o tether do veículo não alcança, se faz
necessário chamar uma embarcação para dar apoio, normalmente
são embarcações menores que fazem apenas trabalho de ROV, mas
pode acontecer de ser um AHTS ou um outro PLSV.
Fig 20 – Arranjo geral do sistema do ROV Typhoon Sapura
Fonte: Arquivo Pessoal dos autores
61
Figura 21 - ROV peado no convés da embarcação PLSV Skandi Vitória.
Fonte: DOF
2.4.2 - Guindastes
Os guindastes das embarcações de lançamento de linha são
equipamentos auxiliares essenciais para que a operação de
lançamento de linha seja viabilizada, pois atuam simultaneamente
à torre de lançamento e o ROV. Sendo essencial para as conexões
dos acessórios da construção subsea às estruturas dos poços. Eles
possuem um projeto bastante específico, uma vez que sua
capacidade de carga varia conforme a profundidade em que ele
operará, podendo chegar em profundidades superiores a dois mil
metros.
Esses equipamentos possuemcompensador de heave
(arfagem) que atua no equipamento de içamento, fornecendo mais
cabo ou recolhendo-o, continuamente, a partir de informações
geradas por sensores de movimento acoplados ao guindaste
(Motion Relative Units - MRU’s). Devido ao alto desgaste das
partes móveis (freios dinâmicos, motores auxiliares, redes
hidráulicas) para manter a lingada subsea relativamente parada aos
graus de liberdade da embarcação, esse sistema só é acionado pelo
62
operador do guindaste quando está na aproximação final da lingada
do ponto objetivo.
O guindasteiro, junto com o almoxarife da embarcação, é o
responsável pela movimentação de todos os materiais que serão
utilizados na atividade, tais como os flutuadores que serão
utilizados na formação da lazy wave da linha e é também pelo
guindaste que é feito o overboarding (lançamento ao mar) dos
materiais para a operação.
O processo de posicionamento/ reposicionamento da
extremidade inicial da linha no leito marinho pode ser realizada
pelo moonpool da embarcação -melhorando a sua capacidade de
estabilidade intacta, mas dependendo da especificidade da
atividade, deverá ser feita com o guindaste. Resumidamente, a
extremidade desce pelo moonpool da embarcação entre 50 a 100
metros de profundidade, o guindasteiro conecta o cabo do
guindaste principal, com a lingada preparada, na água alcançando
a mesma profundidade da extremidade, e então com o auxílio do
ROV é feita a conexão do cabo do guindaste na extremidade da
linha flexível.
A partir disso, a linha segue descendo pelo moonpool e
quando faltam aproximadamente vinte metros para tocar no leito
marinho, o guindasteiro começa a deslocar a linha com a lança do
guindaste até a posição estipulada no projeto.
Fig 22 – Procedimento de conexão do MCV com auxílio do guindaste e
guincho da torre de lançamento
Fonte: Arquivo Pessoal dos autores
63
Fig 23 – Esquema de lingada e reposicionamento de extremidade no leito
marinho
Fonte: Procedimento de recolhimento/ lançamento de linha pelo moonpool
Sapura.
As unidades de lançamento de linha possuem mais de um
guindaste. Normalmente, possuem um guindaste principal com
capacidade mínima de 50 t para conseguir alcançar profundidades
abissais com o peso do cabo de aço do equipamento mais o da
lingada. Possuem ainda guindaste de topo de torre, para auxílio
quando a extremidade da linha passa na roda de topo; outro tipo de
guindaste são os auxiliares que possuem capacidade de carga
menor e são utilizados apenas para movimentações internas de
matérias ou com embarcações de apoio.
2.5 LANÇAMENTO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE LINHA E
FORMAÇÃO DE LAZY WAVE:
Os Pipe Laying Support Vessels (PLSVs) são embarcações
especializadas na instalação de dutos submarinos. Neste tópico,
abordaremos três métodos de lançamento comuns em PLSVs:
lançamento de umbilical, lançamento de linha de PO (Pipe-in-Pipe)
e lançamento de linha de Gaslift. Além disso, explicaremos o
conceito de Lazy Wave e os tipos de linhas envolvidas. Também
64
veremos o processo de instalação de corcova em umbilicais. Por
fim, apresentaremos as operações de pull-in e pull-out.
2.5.1 - Lançamento de Umbilical:
O lançamento de umbilical refere-se à instalação de
conjuntos de cabos e linhas submarinas que fornecem controle
elétrico/hidráulico, monitoramento e alimentação para
equipamentos subsea, como árvores-de-natal molhada, válvulas e
sensores. O processo de lançamento de umbilical envolve os
seguintes passos:
• Preparação: Os tramos dos umbilicais são preparados
na área do moonpool do PLSV, onde fazem teste
hidráulico, teste elétrico e teste de pressão a cada
conexão e na cabeça de tração antes de serem
colocados para a água.
• Posicionamento: A embarcação é posicionada nas
coordenadas geográficas do local de instalação do
umbilical, em Posicionamento Dinâmico (DP).
• Lançamento: Os tramos de umbilicais são lançados
para o fundo do mar e a descida é acompanhada pelo
ROV que fica responsável por verificar se o
posicionamento da linha no leito marinho está correta.
• Conexão Vertical: Na extremidade do umbilical, está
conectado um módulo de conexão vertical que será
conectado à árvore-de-natal molhada. Essa conexão, é
feita com o auxílio o ROV e do guindaste.
65
Fig 24 – Armazenamento dos dutos flexíveis em carretéis no convés
do PLSV
Fonte: Arquivo Pessoal dos autores
2.5.2 - Lançamento de Linha de PO (Pipe-in-Pipe):
O lançamento de linha de PO refere-se à instalação de dutos
submarinos em um tubo externo (pipe-in-pipe), criando uma
camada de isolamento térmico e/ou de fluxo para o fluido que está
sendo transportado. O processo de lançamento de linha de PO
envolve os seguintes passos:
• Preparação: As linhas de PO são preparadas e
acomodadas nos carretéis do PLSV.
• Posicionamento: O PLSV é posicionado sobre as
coordenadas geográficas de instalação do duto, em DP.
• Lançamento: A linha de PO é puxada do carretel e
alimentada no duto externo já instalado.
• Conexão: As extremidades da linha de PO são
conectadas às linhas existentes, garantindo a
continuidade do fluxo.
Lançar uma linha de PO (Pipe-in-Pipe) é uma tarefa
complexa, mas vamos abordar os principais passos envolvidos no
66
processo. A linha de PO é um sistema de dutos que consiste em um
duto externo (denominado jaqueta) que envolve outro duto interno,
geralmente usado para transporte de fluidos, como óleo e gás, em
águas profundas.
Fig 25 – Armazenamento dos dutos flexíveis em cestas ou carrosséis
Fonte: Arquivo Pessoal dos autores
É importante destacar que esse processo requer uma equipe
especializada, equipamentos adequados e conhecimentos em
engenharia submarina.
2.5.3 - Lançamento de Linha de Gaslift:
O lançamento de linha de Gaslift refere-se à instalação de
uma linha para injetar gás comprimido em um duto para auxiliar no
transporte de fluidos, especialmente em campos de petróleo e gás.
O processo de lançamento de linha de Gaslift envolve os seguintes
passos:
• Preparação: As linhas de Gaslift são preparadas nos
carretéis do PLSV.
• Posicionamento: O PLSV é posicionado sobre as
67
coordenadas geográficas de instalação do duto.
• Lançamento: A linha de Gaslift é puxada do carretel e
conectada à tubulação existente.
• Conexão: A linha de Gaslift é conectada ao sistema de
injeção de gás para otimizar o transporte de fluidos.
2.5.4 - Lazy Wave:
Lazy Wave é um conceito utilizado em PLSVs para reduzir
a tensão e o estresse nos dutos submarinos em águas profundas e
em locais com alto movimento de ondas. Esse método envolve a
instalação de um padrão de onda "preguiçosa" no duto, criando uma
configuração em forma de "S" ao longo do fundo do mar. Esse
padrão flexível ajuda a dissipar as tensões causadas pelas ondas e
correntes, protegendo o duto contra danos.
Além do controle de tensão nas linhas, o Lazy Wave foi o
grande responsável por reduzir drasticamente o peso da linha que
era entregue aos FPSO’s, aumentando sua capacidade produtiva e
de armazenamento de óleo.
O processo de redução do peso da linha instalando
flutuadores foi de grande importância no cenário Offshore. Havia
um “peso morto” não utilizado devido a massa das linhas que eram
conectadas às plataformas de produção. Com essas linhas
conectadas fazendo força para baixo, em direção ao leito marinho,
os FPSO’s aumentavam seu calado de forma não natural, mas sim
por um peso externo, reduzindo assim sua capacidade de
armazenamento de óleo produzido, impactando futuramente no
descarregamento pelos navios aliviadores.
Ao reduzir o peso das linhas conectadas, as plataformas
puderam aumentar sua capacidade de produção e armazenamento
visto que seu calado havia diminuído devido o empuxo dos
flutuadores instaladosnas linhas flexíveis.
68
Formação de Lazy Wave:
Existem dois tipos principais de linhas utilizadas em Lazy
Wave:
Linhas de Aço Rígidas: Essas linhas são feitas de aço e
possuem certa rigidez para resistir à tensão e ao estresse. Elas são
utilizadas em áreas com menos movimento ondulatório.
Linhas de Polímero Flexíveis: Essas linhas são feitas de
materiais poliméricos flexíveis e são utilizadas em áreas com alto
movimento ondulatório, pois oferecem maior capacidade de
absorver tensões.
Fig 26 – Tipos de soluções de lançamento de linhas rígidas ou
flexíveis, incluindo o lazy waze
Fonte: Arquivo Pessoal dos autores
69
Fig 27 – Comparação do lançamento com a linha sem flutuadores
(livre) e com lazy wave
Fonte: Arquivo Pessoal dos autores
2.5.5 - Instalação de Corcova em Umbilicais:
A corcova (carcavelo) é uma proteção adicionada em
umbilicais que são instalados em áreas com alto tráfego de
embarcações. Essa proteção consiste em uma camada externa de
material resistente, como polietileno ou aço, que protege o
umbilical contra possíveis danos causados por âncoras, arrasto de
equipamentos e contato com cascos de embarcações.
2.6 OPERAÇÕES DE PULL- IN E PULL-OUT
As operações de pull -in e pull- out são a parte final de todo
o processo de lançamento de linha, ocorrendo dentro da zona de
500 metros da unidade de produção.
Existem duas classes de pull-in: pull-in de primeira
extremidade e pull-in de segunda extremidade. No de primeira, a
extremidade da linha é entregue à FPSO primeiro e somente depois
segue seu lançamento até o poço para a conexão do MCV na
árvore-de-natal molhada. A vantagem desse método é se trabalhar
com cargas menores durante a transferência da extremidade inicial
da linha para a plataforma, o peso da linha é dividido entre a
plataforma e o PLSV e a carga reduzida facilitam a preparação da
lingada instalada na extremidade da linha. A desvantagem dessa
70
operação é que durante todo o processo de lançamento, deverá ser
mantido o ângulo de projeto da linha na plataforma, gerando
esforço crescente à embarcação e ao sistema de lançamento do
PLSV à medida que o seio da linha se aproxima do fundo marinho.
Normalmente é utilizado em duas situações: quando o
guincho da unidade não possui capacidade de carga suficiente para
receber a linha em transferência de segunda extremidade, ou em
função de limitações dimensionais do sistema de lançamento do
PLSV que possam se tornar impeditivos para a passagem da
extremidade da linha pelos equipamentos de bordo.
Quando a operação é pull-in de segunda extremidade, a linha
já está posicionada no leito marinho, com uma extremidade já
conectada na árvore-de-natal molhada e a outra extremidade será
entregue à FPSO. Nesse caso, as cargas são maiores já que deverá
ser considerada toda a carga da catenária, o esforço do sistema de
posicionamento dinâmico pode chegar a valores próximos a 10 t
para cada 100 t de carga total, ou seja, na transferência deve-se ficar
atento à redução do esforço horizontal do sistema que antes da
transferência trabalhava para trazer a linha na direção da
plataforma.
Em geral, neste tipo de operação, a liberação da linha para a
plataforma é realizada com auxílio de manilha hidroacústica. A
transferência de carga é realizada de forma progressiva e a
liberação da linha é realizada com a abertura da manilha
hidroacústica com a profundidade próxima de 100 m.
Tanto o pull-in quanto o pull-out são as fases mais críticas de
toda a operação de lançamento, pois a embarcação PLSV fica à 35
metros do costado da FPSO, conectado por um cabo mensageiro,
para a transferência de carga, que dura em média 6 horas.
A operação de pull-out é o processo reverso da operação de
pull-in. Nesse caso, o duto submarino é puxado de volta do
equipamento de superfície para o PLSV ou para outro local de
manutenção. Essa operação pode ser necessária para substituição,
reparo ou manutenção do duto.
71
2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As operações de Pipe Laying Support Vessels são essenciais
para a instalação bem-sucedida de dutos submarinos, permitindo o
transporte seguro e eficiente de petróleo, gás e outros fluidos entre
plataformas e unidades de processamento. Os métodos de
lançamento de umbilical, linha de PO e linha de Gaslift são vitais
para o funcionamento de campos de petróleo e gás em águas
profundas, enquanto a Lazy Wave e a instalação de corcova em
umbilicais garantem a integridade e segurança dos dutos. As
operações de pull-in e pull-out são fundamentais para conectar os
dutos ao equipamento de superfície e realizar a manutenção
necessária.
72
REFERÊNCIAS
Haine, João Gabriel Castilho. Simulação de um tensionador de
quatro lagartas para embarcações PLSV – Monografia de
graduação em engenharia de controle e automação. UFOP- 2014.
Sapura Navegação Marítima - Apostila de Formação básica de
piloto de ROV Módulo I: conceitos básicos – cópia controlada.
Sapura Navegação Marítima - Apostila de formação de operador
de lançamento – cópia controlada.
Sapura Navegação Marítima - Instrução de Trabalho - SNM-
LAY-WI-041-P- Montagem e desmontagem de lingadas para
trabalhos de fundo. – Cópia controlada.
Sapura Navegação Marítima - Procedimento Interno:
Recolhimento Lançamento de flexíveis pelo moon pool – cópia
controlada
Subsea 7 do Brasil - Procedimentos internos de lançamento de
linhas flexíveis
UCP - Apostila de Pós-Graduação em Engenharia Submarina
73
3 Análise do fornecimento de suprimentos para as
plataformas de exploração petrolífera
Demba Sidi Sy
Eduardo Tomaz Do Nascimento Neto
Isaú Oliveira De Miranda
Sérgio Rodrigo Alves De Moura
Raimnda Macias
RESUMO
Este trabalho apresenta as embarcações de apoio marítimo,
do tipo “PSV”, com a finalidade de atender uma dada demanda de
suprimento de combustível e suprimentos, as plataformas de
extração de petróleo, de modo a obter o máximo de eficiência na
exploração.
Neste contexto, é importante considerar o aumento
significativo da busca de energia no mar, ou seja, produção
“offshore”, novas tecnologias são demandadas. Dessa maneira, os
PSV’s (Platform Supply Vessel, em inglês), que têm como
principal função transportar cargas e suprimentos necessários às
plataformas de petróleo, estão em alta no mercado nacional e
mundial. Apesar de apresentar uma forma relativamente sem
muitas variações na maioria dos casos, existem algumas variações
bastante abruptas no mercado. Para tanto, são analisados os
principais trabalhos executados por esse tipo de embarcação de
apoio “PSV”, juntamente com a responsabilidade do oficial na
execução do serviço prestado.
Palavras-chave: PSV (Platform Supply Vessel); Operação;
Carga.
74
3.1 INTRODUÇÃO
A embarcação PSV (Platform Supply Vessel), conhecida por
sua versatilidade e capacidade de fornecer suporte logístico em
ambientes offshore (Fora da costa), tem sido um componente
essencial na indústria de energia global. Ao longo dos anos, seu
projeto inovador e eficiência operacional tornaram uma aliada
indispensável para o sucesso das operações em plataformas de
petróleo e gás. Neste trabalho, será exposto o conhecimento
operacional, abrangendo sistemas, funções e desafios enfrentados
pelas embarcações PSV, além de suas contribuições significativas
para o setor energético offshore.
Ao compreender o papel vital que as embarcações PSV
desempenham nas operações em alto-mar, fornecendo suprimentos
essenciais, apoio logístico e medidas de segurança cruciais para a
indústria de energia. Além disso, buscaremos investigar as
tendências emergentes que moldam o futuro da embarcação PSV,
incluindo avanços tecnológicos e abordagens sustentáveis, visando
melhorar aindamais sua eficiência e impacto ambiental.
3.2 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO
PSV
3.2.1 Versatilidade
As embarcações PSV são projetadas para serem versáteis e
capazes de transportar uma ampla variedade de cargas, sejam elas
sólidas ou líquidas. Além do transporte de carga geral, algumas
PSVs podem ser equipadas com sistemas de combate a incêndios,
equipamentos de manuseio de âncoras e gruas para operações
offshore.
3.2.1.1 Capacidade de Carga
75
O PSV possui ampla capacidade de carga, com espaços de
armazenamento projetados para acomodar cargas variadas em
compartimentos secos ou tanques de carga líquida.
Figura 01: Embarcação PSV
Fonte: BRAM OFFSHORE
Quando finaliza o carregamento no porto, uma foto do
carregamento final e enviada ao cliente para ciência dos espaços no
convés para recebimento de mais carga na unidade marítima.
Figura 02: Embarcação Carregada
Fonte: Acervo pessoal (2023)
76
Em uma situação real de carregamento de risers:
Figura 03: Embarcação Risers Carregado
Fonte: Acervo pessoal (2023)
Figura 04: Embarcação Risers Descarregando
Fonte: Acervo pessoal (2023)
77
3.2.1.2 Manobrabilidade
Essas embarcações são projetadas para oferecer alta
manobrabilidade, permitindo que operem de forma segura em
proximidade com plataformas e outras estruturas offshore.
3.2.1.3 Sistemas de Propulsão
Os PSVs geralmente são equipados com sistemas de
propulsão avançados, como propulsores de proa e propulsores de
popa, que possibilitam manobras precisas e reduzem o risco de
colisões.
3.2.1.4 Alojamento da Tripulação
As embarcações PSV geralmente possuem alojamentos
confortáveis para a tripulação, garantindo condições adequadas
para longos períodos em alto-mar.
3.2.1.5 Estabilidade
Devido à necessidade de operar em águas agitadas, o PSV é
projetado com estabilidade adequada, utilizando tanques de lastro
para equilibrar a embarcação durante operações de carga e
descarga.
3.2.1.6 Segurança e Proteção Ambiental
As PSVs são projetadas com foco em segurança, seguindo as
normas e regulamentos internacionais para garantir a proteção da
tripulação e do meio ambiente durante as operações.
3.2.1.7 Autonomia
78
Essas embarcações possuem autonomia suficiente para
permanecer em operação por longos períodos, reduzindo a
necessidade de frequente retorno à costa para reabastecimento.
3.3 FUNÇÃO E IMPORTÂNCIA DO PSV NA INDÚSTRIA
OFFSHORE
A função e importância do PSV (Platform Supply Vessel) na
indústria offshore são fundamentais para garantir o sucesso das
operações em plataformas de petróleo e gás em alto-mar. Essas
embarcações desempenham um papel crucial ao fornecer suporte
logístico e abastecer as instalações offshore com os recursos
necessários para o funcionamento seguro e eficiente. Abaixo estão
detalhadas a função e importância do PSV na indústria offshore.
3.3.1 Função do PSV na indústria offshore
Transporte de Suprimentos: O PSV é responsável por
transportar uma variedade de suprimentos e equipamentos
essenciais para as plataformas offshore. Isso inclui alimentos, água
potável, equipamentos de perfuração, ferramentas, materiais de
construção, produtos químicos e outros itens necessários para as
operações diárias.
3.3.1.1 Abastecimento de Combustível e Óleo Lubrificante e Água
Potável
a) Abastecimento de Combustível: O abastecimento de
combustível é uma operação crucial para unidades marítimas, pois
permite que elas mantenham seus geradores e motores em
funcionamento contínuo para sustentar todas as atividades
operacionais. O PSV é responsável por transportar grandes
quantidades de combustível (como diesel ou óleo combustível) e
fornecê-lo à unidade marítima através de transferências seguras. A
quantidade de combustível fornecida depende do consumo diário
estimado da unidade e da duração do período entre abastecimentos.
79
b) Abastecimento de Óleo Lubrificante: As unidades
marítimas possuem uma variedade de equipamentos mecânicos e
motores que requerem lubrificação adequada para operarem com
eficiência e evitar danos ao longo do tempo. O PSV é responsável
por transportar óleo lubrificante em tambores ou tanques especiais
e fornecê-lo à unidade marítima para uso em máquinas, motores e
equipamentos que necessitam de lubrificação periódica.
c) Abastecimento de Água Potável: A água potável é
essencial para a tripulação e para a operação de algumas unidades
marítimas, como plataformas habitadas. O PSV transporta grandes
volumes de água potável em tanques adequados para garantir que
a unidade tenha um suprimento suficiente de água limpa para
consumo humano, atividades diárias e necessidades operacionais.
d) Abastecimento de Rancho (Suprimentos Alimentares):
O abastecimento de rancho é responsável por fornecer alimentos e
suprimentos necessários para a tripulação a bordo das unidades
marítimas. O PSV é responsável por transportar uma ampla
variedade de alimentos, desde produtos não perecíveis até produtos
frescos, para garantir que a tripulação tenha uma dieta balanceada
e adequada durante o tempo em alto-mar.
Figura 05: Conexão das Tomadas de Abastecimento
Fonte: Acervo pessoal (2023)
80
Procedimento de fornecimento de líquidos:
Figura 06: Fornecimento de diesel
Fonte: Acervo pessoal (2023)
Figura 07: Declaração de Inspeção para Transferência de
Produtos
Fonte: Manual de Gestão da Bram Offshore
81
3.4 PROCESSO DE ABASTECIMENTO
O processo de abastecimento envolve a coordenação
cuidadosa entre a unidade marítima e o PSV. A unidade fornece
informações detalhadas sobre suas necessidades de abastecimento,
incluindo quantidades, tipos de combustível, óleo lubrificante, água
e rancho necessários. O PSV, por sua vez, prepara sua embarcação
para o transporte seguro e eficiente dos suprimentos solicitados.
O abastecimento é geralmente realizado por meio de
operações de "bunkering" (para combustíveis) e transferência de
carga (para óleo lubrificante, água potável e rancho). As operações
são realizadas com equipamentos especializados para garantir a
segurança da tripulação e a proteção ambiental.
A eficiência do abastecimento é crucial para manter as
operações ininterruptas e garantir o bem-estar da tripulação a bordo
das unidades marítimas. O PSV desempenha um papel vital ao
fornecer esses recursos essenciais, garantindo que as unidades
marítimas estejam abastecidas adequadamente e prontas para
enfrentar os desafios em alto-mar.
3.5 REMOÇÃO DE RESÍDUOS
A remoção de resíduos de uma unidade marítima por um
PSV (Platform Supply Vessel) envolve várias etapas
cuidadosamente planejadas e executadas para garantir a segurança
e a conformidade com as regulamentações ambientais. Aqui estão
os principais passos envolvidos no processo:
3.5.1 Coleta e Separação de Resíduos:
Na unidade marítima (plataforma de petróleo, por exemplo),
a tripulação realiza a coleta e a separação adequada dos resíduos
gerados durante as operações. Os resíduos são classificados em
diferentes categorias, como resíduos sólidos, resíduos perigosos,
resíduos oleosos, resíduos químicos e outros tipos, para facilitar o
tratamento e descarte adequados.
82
3.5.1.1 Agendamento da Transferência:
A unidade marítima entra em contato com o PSV para
agendar a transferência dos resíduos. Ambas as equipes coordenam
os horários e os detalhes operacionais para garantir a eficiência do
processo.
3.5.1.2 Preparação para a Transferência:
Tanto a tripulação da unidade marítima quanto a tripulação
do PSV se preparam para a transferência. Eles verificam e
certificam-se de que os tanques do PSV estejam limpos e
apropriados para receber os resíduos de acordo com sua
classificação.3.5.1.3 Transferência dos Resíduos:
O PSV se aproxima da unidade marítima e inicia a
transferência dos resíduos. A transferência pode ser realizada por
meio de bombas e mangueiras conectadas entre as embarcações. É
essencial que a transferência seja feita de forma segura, evitando
derramamentos e vazamentos.
3.5.1.4 Documentação e Rastreamento:
Durante o processo de transferência, são mantidos registros
detalhados, incluindo a quantidade e o tipo de resíduos transferidos.
Essa documentação é importante para fins de rastreamento,
conformidade regulatória e monitoramento da quantidade de
resíduos produzidos pela unidade marítima.
3.5.1.5 Descarte Adequado em Terra:
O PSV transporta os resíduos coletados para instalações de
tratamento e descarte adequadas em terra. Essas instalações são
83
projetadas para lidar com diferentes tipos de resíduos de forma
segura e ambientalmente responsável.
3.5.1.6 Conformidade Ambiental:
Todo o processo de remoção de resíduos é realizado em
conformidade com as normas e regulamentações ambientais
aplicáveis. Isso inclui a adoção de práticas de descarte adequadas,
evitando danos ao meio ambiente marítimo.
A remoção de resíduos por um PSV é uma operação crítica
para garantir a preservação do meio ambiente em áreas marítimas
sensíveis. A colaboração eficiente entre a unidade marítima e o
PSV é essencial para garantir que o processo seja realizado com
segurança e responsabilidade ambiental.
3.6 TRANSFERÊNCIA DE TRIPULANTES
A transferência de pessoas entre a costa e as plataformas de
petróleo e gás em alto-mar é uma operação importante realizada
por um PSV (Platform Supply Vessel) em algumas situações
específicas. Essa transferência de pessoal é crucial para garantir a
troca de tripulação, fornecer especialistas, realizar treinamentos ou
até mesmo para situações de emergência. Abaixo estão algumas
situações em que a transferência de pessoas é realizada por um
PSV.
3.6.1 Troca de Tripulação
As plataformas offshore operam em regime de turno, com
equipes trabalhando por determinados períodos, seguidos de
períodos de descanso em terra. O PSV é responsável por levar a
nova equipe até a plataforma e trazer a equipe atual de volta à costa,
garantindo a continuidade das operações e o bem-estar da
tripulação.
84
3.6.1.1 Fornecimento de Especialistas
Em algumas situações, as plataformas podem precisar de
especialistas adicionais para realizar tarefas específicas ou lidar
com situações complexas. O PSV pode ser usado para transportar
esses especialistas da costa até a plataforma para fornecer suporte
técnico adicional.
3.6.1.2 Treinamentos e Capacitações
O PSV também pode ser utilizado para levar equipes de
treinamento ou instrutores para a plataforma, permitindo que a
tripulação participe de cursos de capacitação ou atualizações
profissionais.
3.6.1.3 Emergências e Evacuações
Em casos de emergência, como acidentes ou situações
perigosas na plataforma, o PSV pode ser acionado para realizar
evacuações de tripulantes de forma segura e rápida.
3.6.1.4 Procedimento de Transferência de Pessoas
A transferência de pessoas entre o PSV e a plataforma é
realizada com extrema cautela e seguindo procedimentos de
segurança rigorosos. Geralmente, é usado um equipamento
chamado é usado um equipamento chamado “cesta de
transferência" que é uma estrutura onde há vários pontos de
‘ancoragem’ para os profissionais que serão transportados,
projetado especificamente para transferir tripulantes entre a
embarcação principal (PSV) e a plataforma.
A operação de transferência de pessoas é coordenada entre a
tripulação do PSV, a tripulação da plataforma e a equipe de
segurança a bordo. Todos os envolvidos devem usar equipamentos
de proteção individual (EPIs) adequados e seguir os protocolos de
segurança estabelecidos.
85
A transferência é realizada com atenção aos fatores
meteorológicos e das condições do mar. Caso as condições
climáticas não estejam seguras, a operação de transferência pode
ser adiada até que as condições melhorem.
A transferência de pessoas entre a costa e as plataformas
offshore é uma operação crítica para garantir a continuidade das
operações, a segurança da tripulação e a resposta rápida em
emergências. O PSV desempenha um papel fundamental nesse
processo, fornecendo meios seguros e eficientes para a
transferência de pessoal em alto-mar.
3.7 ASSISTÊNCIA EM EMERGÊNCIAS
Um PSV (Platform Supply Vessel) é uma embarcação
multifuncional e pode atuar em várias assistências durante
situações de emergência em plataformas de petróleo e gás ou outras
unidades marítimas. Essas assistências visam garantir a segurança
da tripulação e a mitigação de danos em situações críticas. Abaixo
estão algumas das principais assistências em emergências que um
PSV pode oferecer.
3.7.1 Evacuação de Tripulantes
Em caso de emergências graves, como incêndios, colisões ou
acidentes, o PSV pode ser acionado para auxiliar na evacuação
segura dos tripulantes da plataforma, transportando-os de volta à
costa.
3.7.1.1 Combate a Incêndios
O PSV é equipado com sistemas de combate a incêndios,
como mangueiras, canhões de água e sistemas de espuma, que
permitem ajudar no combate a incêndios em outras embarcações
ou plataformas próximas.
86
3.7.1.2 Fornecimento de Equipamentos de Emergência
Em situações de emergência, o PSV pode fornecer
equipamentos de emergência adicionais, como botes salva-vidas,
balsas infláveis, coletes salva-vidas e outros dispositivos de
segurança.
3.7.1.3 Assistência Médica
O PSV pode fornecer assistência médica básica e transporte
de emergência para profissionais de saúde, caso haja algum ferido
ou enfermo na plataforma.
3.7.1.4 Suporte em Operações de Resgate
O PSV pode atuar como uma plataforma de suporte para
operações de resgate coordenadas por outras embarcações ou
helicópteros, fornecendo apoio logístico e comunicação.
3.7.1.5 Transferência de Equipamentos
Em situações de emergência que exigem a movimentação
rápida de equipamentos ou suprimentos, o PSV pode fornecer
transporte eficiente entre a costa e a plataforma.
3.7.1.6 Fornecimento de Alimentos e Água
Em situações prolongadas de emergência ou problemas com
o abastecimento, o PSV pode fornecer alimentos, água potável e
suprimentos essenciais para a tripulação da plataforma.
3.7.1.7 Contenção de Poluição
O PSV pode ajudar a conter e minimizar a poluição causada
por vazamentos de óleo ou outros produtos químicos em caso de
acidentes.
87
É importante ressaltar que, em situações de emergência, o
PSV trabalha em estreita colaboração com outras embarcações de
suporte, unidades marítimas, serviços de emergência e autoridades
competentes para coordenar e fornecer a assistência necessária. A
rápida resposta e a eficiência na atuação em situações de
emergência são fundamentais para garantir a segurança das pessoas
envolvidas e a proteção do meio ambiente marinho.
3.8 PROJETO E ARQUITETURA DO PSV
O projeto e arquitetura de um PSV (Platform Supply Vessel)
são cuidadosamente planejados para atender às necessidades
específicas de operações offshore em plataformas de petróleo e gás.
Essas embarcações são projetadas para fornecer suporte logístico,
abastecimento e assistência em várias atividades em alto-mar.
Abaixo estão os principais aspectos do projeto e arquitetura de um
PSV.
3.8.1 Dimensionamento e Capacidades
O projeto do PSV leva em consideração a capacidade de
carga necessária para transportar suprimentos variados, como
alimentos, água, combustível, óleo lubrificante, equipamentos,
produtos químicos e resíduos. A capacidade de carga é geralmente
medida em toneladas métricas.
3.8.1.1Convés de Carga
O convés de carga do PSV é projetado com áreas espaçosas
para acomodar diferentes tipos de carga. Essas áreas são
organizadas para facilitar a movimentação segura e eficiente dos
suprimentos com equipamentos de carga e descarga adequados.
88
3.8.1.2 Propulsão e Manobrabilidade
Os PSVs são equipados com sistemas de propulsão potentes
e eficientes, geralmente incluindo propulsores de proa e
propulsores de popa, que proporcionam alta manobrabilidade,
facilitando operações precisas em torno de plataformas e outras
estruturas offshore.
3.8.1.3 Estabilidade
Devido à necessidade de operar em águas agitadas e sujeitas
a condições adversas, a arquitetura do PSV é projetada para
oferecer estabilidade adequada. Isso pode incluir o uso de tanques
de lastro para ajustar o equilíbrio da embarcação durante operações
de carga e descarga.
3.8.1.4 Alojamento da Tripulação
O projeto do PSV também inclui alojamentos confortáveis e
funcionais para a tripulação. A embarcação pode acomodar uma
equipe variada, incluindo marinheiros, engenheiros, pessoal de
carga, entre outros.
3.8.1.5 Sistemas de Combate a Incêndios e Segurança
Os PSVs são equipados com sistemas de combate a incêndios
avançados e sistemas de segurança para garantir a proteção
adequada da tripulação e das operações em caso de emergência.
3.8.1.6 Sistemas de Navegação e Comunicação
A arquitetura do PSV inclui sistemas modernos de
navegação, comunicação e controle para garantir operações seguras
e eficientes, bem como para manter a conectividade com a
plataforma e outras embarcações.
89
3.8.1.7 Conformidade com Regulamentos
Os projetos de PSV devem estar em conformidade com as
regulamentações internacionais e nacionais de segurança marítima,
bem como com as normas e especificações relevantes da indústria.
3.8.1.8 Sustentabilidade
Cada vez mais, os projetos de PSV incluem recursos para
melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões e adotar
práticas ambientalmente sustentáveis, alinhando-se com as
tendências globais de responsabilidade ambiental.
Figura 08: Tanques da Praça de Máquinas
Fonte: Acervo pessoal (2023)
O projeto e arquitetura do PSV são constantemente
aprimorados para atender às demandas específicas da indústria
offshore, buscando oferecer uma operação mais segura, eficiente e
ambientalmente responsável. A flexibilidade e versatilidade dessas
embarcações são essenciais para enfrentar os desafios das
operações em alto-mar.
3.9 ESTRUTURA E LAYOUT TÍPICO DA EMBARCAÇÃO
A estrutura e layout típico de uma embarcação PSV
(Platform Supply Vessel) são projetados para acomodar as diversas
funções logísticas e operacionais que a embarcação desempenha
90
em apoio às plataformas de petróleo e gás em alto-mar. Abaixo
estão os principais elementos da estrutura e layout típico de um
PSV.
3.9.1 Convés Principal
O convés principal é a área de trabalho central da
embarcação, onde são acomodadas as principais atividades de
carga e descarga de suprimentos. É equipado com guindastes,
sistemas de manuseio de carga, áreas de armazenamento e espaço
para a movimentação segura das cargas.
3.9.1.1 Convés de Carga
O convés de carga é uma extensão do convés principal,
projetado para transportar e armazenar suprimentos diversos. Ele
pode ser dividido em diferentes compartimentos para acomodar
cargas secas e líquidas, como contêineres, equipamentos, produtos
químicos e tambores de óleo lubrificante.
3.9.1.2 Convés de Trabalho
O convés de trabalho é um local destinado a realizar
atividades de manutenção e reparos de equipamentos, sistemas e
estruturas da embarcação. É equipado com ferramentas e
equipamentos adequados para as tarefas de manutenção.
3.9.1.3 Convés de Alojamentos
A embarcação PSV possui alojamentos para a tripulação, que
podem incluir cabines para marinheiros, engenheiros e outros
membros da equipe. Esses alojamentos são projetados para
fornecer conforto e bem-estar durante o tempo que a tripulação
passa a bordo.
91
3.9.1.4 Convés de Navegação e Controle
O convés de navegação é onde estão localizados os sistemas
de controle, painéis de navegação, sistemas de comunicação e
equipamentos de radar para monitorar e controlar a navegação da
embarcação.
3.9.1.5 Convés de Heliponto
Algumas embarcações PSV possuem um heliponto no
convés superior para permitir a transferência rápida e segura de
pessoal por meio de helicópteros.
3.9.1.6 Compartimentos de Tanques de Lastro
Os tanques de lastro são utilizados para controlar a
estabilidade da embarcação durante as operações de carga e
descarga. A embarcação pode ajustar o nível de água nos tanques
para manter o equilíbrio adequado durante as diferentes atividades.
3.9.1.7 Ponte de Comando
A ponte de comando é a área onde a tripulação da
embarcação monitora e controla todas as operações e sistemas. É o
centro de controle da navegação, comunicação e segurança da
embarcação.
3.9.1.8 Áreas de Lazer e Descanso
Algumas embarcações PSV podem possuir áreas de lazer e
descanso para a tripulação, como salas de recreação, academia,
áreas de convívio e refeitório.
92
3.9.1.9 Sistemas de Combate a Incêndios e Segurança
O PSV é equipado com sistemas de combate a incêndios,
botes salva-vidas, coletes salva-vidas e outros equipamentos de
segurança para garantir a proteção adequada da tripulação durante
emergências.
Figura 09: Embarcação PSV no Canal
Fonte: Acervo pessoal (2023)
O layout do PSV é projetado de forma a maximizar a
eficiência operacional e proporcionar uma operação segura e
confortável para a tripulação. Esses elementos tornam o PSV uma
embarcação versátil e essencial para a indústria offshore de
petróleo e gás.
3.10 SISTEMAS DE PROPULSÃO E MANOBRABILIDADE
As embarcações podem utilizar diversos tipos de sistemas de
propulsão e manobrabilidade, que são escolhidos com base nas
características da embarcação, finalidade de uso, eficiência
energética e requisitos específicos da operação. Abaixo estão
93
alguns dos principais tipos de sistemas de propulsão e
manobrabilidade utilizados em embarcações.
3.10.1 Propulsão Convencional
A propulsão convencional é composta por motores de
combustão interna (geralmente diesel) conectados a eixos e hélices
que impulsionam a embarcação para frente ou para trás. Esse
sistema é amplamente utilizado em diversos tipos de embarcações
de diferentes tamanhos.
3.10.2 Propulsão a Jato D'água (Waterjet Propulsion)
Nesse sistema, a água é sugada através de aberturas na parte
inferior da embarcação e expelida em alta velocidade através de
bocais direcionáveis, gerando a propulsão. Esse sistema é
comumente utilizado em embarcações de alta velocidade e pode
proporcionar uma melhor manobrabilidade em águas rasas.
3.10.3 Propulsão Azimutal (Azimuth Thrusters)
Os propulsores azimutais são unidades de propulsão que
podem girar 360 graus ao redor de um eixo vertical. Eles são
instalados na parte inferior da embarcação e podem ser
direcionados em qualquer direção, proporcionando excelente
manobrabilidade e controle.
3.10.4 Propulsão a Vela (Sail Propulsion)
Embarcações à vela utilizam velas para capturar o vento e
gerar a propulsão. Esse sistema é tradicionalmente utilizado em
veleiros e outras embarcações movidas a energia eólica.
94
3.10.5 Propulsão Elétrica (Electric Propulsion)
Embarcações com propulsão elétrica utilizam motores
elétricos alimentados por baterias ou geradores. Esse sistema é
mais comum em embarcações menores e cada vez mais utilizado
em embarcações de maior porte visando a eficiência energética e a
redução de emissões.
3.10.6 Propulsãoa Hidrogênio (Hydrogen Fuel Cell Propulsion)
Algumas embarcações estão começando a explorar a
utilização de sistemas de propulsão baseados em células de
combustível de hidrogênio, que produzem eletricidade para
alimentar motores elétricos.
Figura 10: Propulsores das Embarcações PSV
Fonte: Acervo pessoal (2023)
É importante ressaltar que cada sistema de propulsão tem
suas vantagens e desvantagens, e a escolha do tipo de sistema
adequado dependerá de diversos fatores, como o tipo de
embarcação, o ambiente operacional, a eficiência energética
desejada, o impacto ambiental, entre outros. O avanço da
tecnologia tem permitido o desenvolvimento de sistemas de
propulsão cada vez mais eficientes e ambientalmente amigáveis,
95
buscando tornar as embarcações mais sustentáveis e eficientes em
suas operações.
3.11 CAPACIDADE DE CARGA E TRANSPORTE DE
SUPRIMENTOS
A capacidade de carga e transporte de um PSV (Platform
Supply Vessel) pode variar significativamente dependendo do
tamanho e design específico da embarcação. Os PSVs são
projetados para transportar uma variedade de cargas, incluindo
suprimentos e equipamentos para plataformas de petróleo e gás em
alto-mar. Abaixo estão algumas das principais capacidades de
carga e transporte típicas de um PSV.
3.11.1 Capacidade de Carga Geral
Um PSV possui espaço para transportar diversos tipos de
carga geral, como contêineres, equipamentos, produtos químicos,
peças de reposição e outros suprimentos essenciais. O convés de
carga é projetado para acomodar essa carga de forma segura e
organizada.
3.11.1.1 Combustível
O PSV tem capacidade para transportar grandes quantidades
de combustível, como diesel ou óleo combustível, que são
necessários para abastecer as plataformas offshore e outras
unidades marítimas.
3.11.1.2 Óleo Lubrificante
O PSV pode transportar óleo lubrificante em tambores ou em
tanques especiais para abastecer máquinas, motores e
equipamentos na plataforma.
96
3.11.1.3 Água Potável
A embarcação possui capacidade para transportar água
potável em grandes volumes para atender às necessidades de
consumo da tripulação na plataforma.
3.11.1.4 Rancho (Suprimentos Alimentares)
Os PSVs são responsáveis por transportar alimentos e
suprimentos alimentares para a tripulação da plataforma durante o
período em que estiverem em alto-mar.
3.11.1.5 Resíduos
Além de transportar suprimentos, o PSV também pode ser
utilizado para transportar resíduos, como lixo, resíduos oleosos e
outros resíduos gerados na plataforma, para descarte adequado em
terra.
3.11.1.6 Água de Lastro
O PSV também pode ser usado para transportar água de
lastro, que é água bombeada para os tanques de lastro da
embarcação para controlar sua estabilidade e equilíbrio durante as
operações de carga e descarga.
97
Figura 11: Modelos de Embarcações PSV
Fonte: Acervo pessoal (2023)
É importante ressaltar que a capacidade de carga e transporte
específica de cada PSV dependerá de suas dimensões, capacidades
de armazenamento, classificação da classe de embarcação e as
necessidades específicas da operação em que está envolvido. Essas
embarcações são projetadas para serem versáteis e capazes de lidar
com uma variedade de suprimentos e tarefas logísticas em apoio às
operações offshore.
3.12 OPERAÇÕES E FUNÇÕES DO PSV
O PSV (Platform Supply Vessel) é um tipo de embarcação
utilizada na indústria offshore para fornecer apoio logístico e
abastecer plataformas de petróleo e gás. Suas operações e funções
incluem.
3.12.1 Abastecimento de carga
O PSV transporta diversos tipos de carga, como alimentos,
água potável, combustível, equipamentos e suprimentos para as
plataformas, garantindo o fornecimento adequado durante as
operações.
98
3.12.1.1 Transporte de pessoal
A embarcação é responsável por transportar trabalhadores e
tripulações entre as plataformas offshore e o continente.
3.12.1.2 Remoção de resíduos
O PSV pode coletar e transportar resíduos gerados nas
plataformas, como óleo usado, lama de perfuração e materiais
descartados.
3.12.1.3 Resposta a emergências
A embarcação é equipada para atuar em situações de
emergência, como combate a incêndios e operações de resgate,
proporcionando suporte durante incidentes na plataforma ou em
suas proximidades.
3.12.1.4 Transferência de carga a granel
Além de abastecer as plataformas, o PSV pode transferir
cargas a granel, como cimento e areia, de um local para outro.
3.12.1.5 Controle ambiental
O PSV possui equipamentos para monitorar a qualidade do
ar e da água, além de prevenir derramamentos de óleo, garantindo
a conformidade com regulamentações ambientais.
3.12.1.6 Suporte em operações de ROV
A embarcação pode ser utilizada como plataforma de suporte
para operações de veículos operados remotamente (ROVs), que
realizam inspeções submarinas e trabalhos de manutenção nas
plataformas.
99
3.12.1.7 Posicionamento dinâmico
Muitos PSVs estão equipados com sistemas de
posicionamento dinâmico (DP), permitindo que a embarcação
mantenha sua posição em condições ambientais desafiadoras, sem
a necessidade de ancoragem.
3.12.1.8 Atuação como Centro de Coordenação
O PSV pode ser designado como centro de coordenação para
operações logísticas e de transporte em campo.
Em suma, o PSV desempenha um papel vital na indústria
offshore, fornecendo suporte logístico e garantindo o
abastecimento seguro e eficiente das plataformas de petróleo e gás,
além de auxiliar em operações de emergência e cumprir com as
regulamentações ambientais.
Figura 12: Embarcação em Aproximação da Unidade Marítima
Fonte: Acervo pessoal (2023)
100
3.13 PAPEL DO PSV NO SUPORTE ÀS PLATAFORMAS
OFFSHORE
O PSV (Platform Supply Vessel) desempenha um papel
crucial no suporte às plataformas offshore, fornecendo uma
variedade de serviços essenciais para garantir o funcionamento
seguro e eficiente das operações em alto-mar. Algumas das
principais funções do PSV no suporte às plataformas offshore
incluem.
a) Abastecimento de carga: O PSV transporta e fornece carga
vital para as plataformas, como alimentos, água potável,
combustível, equipamentos, materiais e suprimentos diversos.
b) Transporte de pessoal: A embarcação é responsável por
transportar trabalhadores e tripulantes entre a plataforma offshore
e o continente, garantindo a troca de equipes e o acesso seguro ao
local de trabalho.
c) Remoção de resíduos: O PSV pode coletar e transportar
resíduos gerados nas plataformas, incluindo óleo usado, lama de
perfuração e outros materiais descartados, para serem
adequadamente descartados em terra.
d) Transporte de produtos químicos e cargas perigosas: O
PSV é capaz de transportar produtos químicos e substâncias
perigosas necessárias para as atividades offshore.
e) Apoio a operações de ROV (Veículo Operado
Remotamente): O PSV pode ser utilizado como plataforma de
suporte para operações de ROV, que realizam inspeções
submarinas e trabalhos de manutenção nas plataformas.
f) Combate a incêndios e respostas a emergências: O PSV é
equipado com sistemas e equipamentos para responder a incêndios
e atuar em situações de emergência, fornecendo suporte durante
incidentes na plataforma ou em suas proximidades.
g) Posicionamento dinâmico: Muitos PSVs possuem
sistemas de posicionamento dinâmico (DP), que permitem que a
embarcação mantenha sua posição estável, mesmo em condições
ambientais adversas, facilitando as operações de carga e descarga.
101
Em resumo, o PSV desempenha um papel essencial no
fornecimento de apoio logístico e operacional às plataformas
offshore, garantindo que as atividades nessas instalações sejam
realizadas comsegurança e eficiência, contribuindo para o sucesso
das operações petrolíferas e de gás em alto-mar.
3.14 SERVIÇOS DE EMERGÊNCIA E RESGATE
Os serviços de emergência e transporte de carga são
fundamentais em várias situações e indústrias, especialmente no
transporte marítimo e em atividades offshore. Alguns dos
principais serviços são:
Serviços de Emergência:
a) Resgate marítimo: Prestação de socorro e resgate de
pessoas em perigo no mar ou em outras áreas aquáticas.
b) Combate a incêndios: Equipes especializadas e
embarcações preparadas para combater incêndios em navios,
plataformas e instalações offshore.
c) Serviços médicos de emergência (EMS): Oferecer
assistência médica emergencial a tripulantes ou passageiros que
apresentem problemas de saúde ou acidentes.
d) Resposta a derramamentos de óleo: Equipes e
embarcações treinadas para conter e limpar derramamentos de óleo
e outros poluentes no mar.
e) Serviços de reboque: Auxílio a embarcações que
enfrentam problemas mecânicos ou técnicos, sendo rebocadas para
segurança ou reparos.
f) Operações de salvamento: Recuperação de embarcações
ou carga após acidentes ou naufrágios.
Serviços de Transporte de Carga:
102
a) Transporte marítimo de contêineres: Movimentação de
contêineres padronizados contendo diversos tipos de mercadorias
entre portos e terminais.
b) Transporte a granel: Movimentação de grandes
quantidades de carga a granel, como minério, grãos, petróleo ou
produtos químicos.
c) Cargas especiais: Transporte de cargas volumosas ou
pesadas, como equipamentos industriais, maquinário e outros itens
de grandes dimensões.
d) Transporte de produtos perecíveis: Deslocamento de carga
que requer controle de temperatura, como alimentos,
medicamentos e flores.
e) Transporte de carga perigosa: Movimentação de
substâncias perigosas que requerem manuseio e regulamentação
específica para garantir a segurança.
f) Transporte intermodal: Utilização de diferentes modos de
transporte, como navio, trem e caminhão, para levar a carga ao
destino final.
Esses serviços são essenciais para garantir a segurança,
eficiência e o sucesso das operações marítimas e de transporte de
carga, além de atender às necessidades de emergência que possam
surgir durante essas atividades.
Figura 13: Embarcação em Operação
Fonte: Acervo pessoal (2023)
103
3.15 Segurança e regulamentações
A segurança em uma embarcação PSV (Platform Supply
Vessel) é de extrema importância para garantir a proteção da
tripulação, da carga, da própria embarcação e do meio ambiente.
As regulamentações são estabelecidas por órgãos internacionais e
nacionais para promover padrões de segurança, qualidade e
proteção ambiental. Algumas das principais medidas de segurança
e regulamentações em uma embarcação PSV incluem:
a) Certificações e inspeções: A embarcação deve passar por
certificações e inspeções regulares realizadas por autoridades
marítimas para garantir que esteja em conformidade com os
requisitos de segurança e regulamentações.
b) Treinamento da tripulação: A tripulação deve receber
treinamento adequado em procedimentos de emergência, combate
a incêndios, resposta a vazamentos de óleo e segurança
operacional.
c) Equipamentos de segurança: A embarcação deve estar
equipada com dispositivos de segurança, como coletes salva-vidas,
botes salva-vidas, extintores de incêndio e outros equipamentos de
emergência.
d) Planos de resposta a emergências: Deve haver planos bem
estabelecidos para lidar com emergências, como incêndios,
vazamentos de óleo, resgates e evacuações.
e) Regras de carregamento de carga: As regulamentações
definem as normas para o carregamento, transporte e estivação de
carga a bordo da embarcação, garantindo a estabilidade e segurança
durante a navegação.
f) Controle de poluição: As embarcações PSV devem aderir
a regulamentações ambientais para prevenir a poluição marinha e
garantir o correto manuseio e descarte de resíduos.
g) Sistemas de posicionamento dinâmico (DP): Caso a
embarcação possua sistemas de posicionamento dinâmico, é
104
necessário seguir as regulamentações específicas para seu uso
seguro e eficiente.
h) Controle de incêndios e sistemas de combate: A
embarcação deve possuir sistemas de combate a incêndios
adequados, com equipamentos de detecção e extinção para proteger
a tripulação e a carga.
Essas medidas de segurança e regulamentações são
essenciais para garantir que as embarcações PSV operem com
segurança, cumpram os padrões internacionais e nacionais e
minimizem os riscos associados às operações offshore. O
cumprimento dessas normas é fundamental para proteger vidas, o
meio ambiente e a integridade da embarcação durante suas
operações em alto-mar.
Figura 14: Embarcação Realizando Transbordo
Fonte: Acervo pessoal (2023)
105
3.16 NORMAS DE SEGURANÇA APLICÁVEIS AO PSV
As normas de segurança aplicáveis ao PSV (Platform Supply
Vessel) são abrangentes e regidas por várias convenções e
regulamentações internacionais, além de legislações nacionais
específicas de cada país. Algumas das principais normas de
segurança aplicáveis ao PSV incluem:
1. Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida
Humana no Mar (SOLAS): Estabelece normas internacionais para
a segurança das vidas humanas a bordo de embarcações, incluindo
requisitos para equipamentos de segurança, sistemas de combate a
incêndios, procedimentos de emergência, entre outros.
2. Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por
Navios (MARPOL): Define regulamentações para a prevenção da
poluição do meio ambiente marinho, incluindo a gestão adequada
de resíduos e óleo usado.
3. Código ISM (International Safety Management Code):
Estabelece normas internacionais para a gestão segura de operações
e segurança a bordo de embarcações, incluindo procedimentos de
segurança, planos de resposta a emergências e treinamento da
tripulação.
4. Convenção Internacional sobre Padrões de Treinamento,
Certificação e Serviço de Quartos para Pessoal Marítimo (STCW):
Define os padrões mínimos de treinamento, certificação e serviço
de quartos para pessoal marítimo, incluindo a tripulação do PSV.
5. Regulamentações da Classificação de Sociedades de
Classificação: Sociedades de classificação estabelecem normas
técnicas para o projeto, construção e manutenção segura de
embarcações, garantindo a conformidade com os padrões de
segurança.
6. Regulamentações e códigos nacionais: Cada país pode ter
regulamentações específicas para embarcações que operam em
suas águas territoriais, estabelecendo padrões de segurança
adicionais.
7. Convenção Internacional para o Controle e Gerenciamento
da Água de Lastro e Sedimentos de Navios (BWM): Regulamenta
106
o controle e gerenciamento da água de lastro para prevenir a
disseminação de espécies invasoras.
8. Convenção Internacional para a Prevenção de Colisões no
Mar (COLREGs): Estabelece as regras para a prevenção de
colisões entre embarcações em alto-mar, garantindo uma
navegação segura.
9. Código ISPS (International Ship and Port Facility Security
Code): Define normas internacionais para a segurança das
embarcações e instalações portuárias, com o objetivo de prevenir
atos de terrorismo e pirataria.
10. Código IGC (International Gas Carrier Code):
Regulamenta o transporte seguro de gases liquefeitos em navios,
incluindo os PSVs que podem transportar gases a granel.
11. Convenção SOLAS Capítulo XI-2 e Código
Internacional para a Proteção de Navios e Instalações Portuárias
(ISPS): Estabelece medidas de segurança adicionais para garantir a
proteção das embarcações e instalações portuárias contra atos de
terrorismo ou atividades ilícitas.
12. Convenção MARPOL Anexo I: Define os padrões para
prevenção da poluição causada por óleo,estabelecendo
regulamentações específicas para o manuseio, descarte e
monitoramento do óleo a bordo das embarcações.
13. Convenção MARPOL Anexo IV: Regulamenta a
prevenção da poluição por esgoto, estabelecendo normas para o
tratamento e descarte adequado dos resíduos de esgoto.
14. Convenção MARPOL Anexo V: Estabelece as normas
para a prevenção da poluição por lixo marinho, regulamentando o
manuseio e descarte de resíduos sólidos a bordo.
15. Código HSC (High-Speed Craft Code): Aplicável a
embarcações PSV que operam em alta velocidade, estabelecendo
padrões de segurança específicos para essas embarcações.
16. Normas ISO: Algumas normas da International
Organization for Standardization (ISO) também podem ser
aplicáveis, abordando diversos aspectos relacionados à segurança,
qualidade e gestão de embarcações.
107
17. Convenção SOLAS Capítulo XII - Carregamento,
Estabilidade e Segurança de Carga: Estabelece requisitos para a
segurança e estabilidade da carga transportada a bordo das
embarcações.
18. Convenção SOLAS Capítulo V - Segurança da
Navegação: Define padrões para a segurança da navegação,
incluindo regras de sinalização, equipamentos de navegação e
procedimentos para evitar colisões.
19. Convenção STCW - Código de Formação, Certificação e
Serviço de Quartos para Pessoal de Navegação: Estabelece os
padrões mínimos de treinamento e certificação para a tripulação da
embarcação, garantindo uma tripulação devidamente qualificada e
preparada para lidar com situações de emergência.
20. Convenção SOLAS Capítulo II-2 - Medidas de Controle
do Fogo: Define os requisitos para sistemas de combate a incêndio,
detecção e alarme de incêndio a bordo das embarcações.
21. Convenção SOLAS Capítulo III - Equipamento de
Salvação: Regulamenta o equipamento de salvamento a bordo,
como coletes salva-vidas, botes salva-vidas e outros dispositivos de
segurança.
22. Convenção SOLAS Capítulo VI - Carregamento e
Estabilidade: Estabelece requisitos para o carregamento seguro das
embarcações, garantindo a estabilidade e segurança durante a
operação.
23. Convenção SOLAS Capítulo VII - Características dos
Sistemas de Radiocomunicação: Define as normas para os sistemas
de radiocomunicação a bordo das embarcações, garantindo a
comunicação eficaz durante a navegação e operações.
24. Código IBC (International Bulk Chemical Code):
Aplicável ao transporte de produtos químicos a granel,
estabelecendo normas específicas de segurança para essas
operações.
25. Código IMDG (International Maritime Dangerous
Goods): Regulamenta o transporte seguro de mercadorias perigosas
por mar, garantindo o manuseio adequado e a segurança dessas
cargas.
108
26. Convenção SOLAS Capítulo VIII - Navios que
Transportam Substâncias Perigosas Líquidas a Granel:
Regulamenta o transporte seguro de substâncias perigosas líquidas
a granel, estabelecendo requisitos adicionais para a segurança
dessas operações.
27. Código IMSBC (International Maritime Solid Bulk
Cargoes): Aplicável ao transporte seguro de cargas sólidas a
granel, estabelecendo diretrizes para o manuseio, estivação e
transporte dessas cargas.
28. Convenção ILO 147 (Convenção sobre o Horário de
Trabalho a Bordo dos Navios): Regulamenta o horário de trabalho
e as condições de vida a bordo das embarcações, garantindo a
proteção dos direitos e bem-estar da tripulação.
29. Regulamentos sobre o uso de DP (Dynamic Positioning):
Se o PSV estiver equipado com sistemas de posicionamento
dinâmico (DP), são aplicáveis normas específicas para o uso seguro
e eficiente dessa tecnologia.
30. Normas de Certificação do Navio: As embarcações PSV
devem obter certificações específicas, como a Certificação
Internacional de Gerenciamento da Qualidade (ISM) e a
Certificação Internacional de Prevenção da Poluição Marinha
(ISPP), para garantir a conformidade com as normas de segurança
e proteção ambiental.
31. Normas de Proteção de Carga: Regulamentações
específicas para o manuseio e transporte seguro de cargas a bordo,
incluindo equipamentos de fixação e estivação adequada.
32. Convenção SOLAS Capítulo IX - Certificação de
Convenções: Estabelece o processo de certificação e verificações
de conformidade para as embarcações, garantindo que elas
atendam aos padrões de segurança e regulamentações
internacionais.
109
3.17 CONTROLE DE POLUIÇÃO E MEDIDAS DE
PROTEÇÃO AMBIENTAL
O controle de poluição e as medidas de proteção ambiental
são fundamentais para garantir a preservação do meio ambiente
marinho e minimizar o impacto das operações marítimas).
Algumas das principais medidas de controle de poluição e proteção
ambiental são:
a) Prevenção da Poluição por Óleo: Implementação de
medidas para evitar vazamentos de óleo, como sistemas de
contenção e monitoramento de tanques de combustível e
lubrificantes, bem como procedimentos de transferência segura de
carga.
b) Prevenção da Poluição por Esgoto: Uso de sistemas
adequados de tratamento de esgoto a bordo da embarcação para
garantir o descarte seguro e em conformidade com as
regulamentações.
c) Controle de Emissões Atmosféricas: Adoção de
tecnologias de redução de emissões, como sistemas de purificação
de gases de escape e o uso de combustíveis de baixo teor de
enxofre.
d) Gestão de Resíduos: Procedimentos para coleta,
segregação, armazenamento e descarte adequado de resíduos,
como plásticos, vidros, metais, resíduos perigosos e outros
materiais.
e) Controle de Poluição Sonora: Adoção de medidas para
minimizar o ruído submarino durante as operações marítimas,
reduzindo o impacto sobre a vida marinha sensível.
f) Sustentabilidade e eficiência: A sustentabilidade e a
eficiência são princípios fundamentais para a indústria marítima e
também para as operações realizadas pelas embarcações PSV
(Platform Supply Vessel).
Aqui estão alguns aspectos importantes relacionados a esses
princípios:
110
Sustentabilidade
a) Redução de Emissões: A busca por reduzir as emissões
atmosféricas é essencial para minimizar o impacto ambiental das
operações marítimas. O uso de tecnologias de propulsão mais
limpas, como motores a gás natural liquefeito (GNL), sistemas de
purificação de gases de escape e o emprego de combustíveis de
baixo teor de enxofre, contribui para a redução das emissões de
poluentes.
b) Gestão de Resíduos: Implementar práticas de
gerenciamento adequadas para a coleta, segregação,
armazenamento e descarte adequado de resíduos, incluindo a
adoção de métodos de reciclagem e reutilização sempre que
possível.
c) Conservação da Biodiversidade: Tomar medidas para
proteger a biodiversidade marinha e evitar a disseminação de
espécies invasoras, por meio de práticas adequadas de limpeza de
tanques de lastro e adoção de tecnologias de tratamento de água de
lastro.
d) Monitoramento Ambiental: Realizar programas de
monitoramento ambiental para avaliar os impactos das operações
marítimas e identificar oportunidades para melhorar a
sustentabilidade.
Eficiência
a) Otimização do Consumo de Combustível: Melhorar a
eficiência energética da embarcação através de técnicas de
navegação mais econômicas e manutenção adequada dos sistemas
de propulsão.
b) Uso de Tecnologia Avançada: Adoção de tecnologias
inovadoras, como sistemas de posicionamento dinâmico (DP) para
manter a embarcação em posição estável, contribuindo para
operações mais eficientes.
111
c) Logística Inteligente: Planejamento e gerenciamento
eficiente de rotas e operações para reduzir o tempo ocioso,
minimizar distâncias percorridas e otimizar o uso da embarcação.
d) Eficiência na Carga e Descarga: Desenvolvimento de
processos eficientes para a carga e descarga de materiais,
garantindo um fluxo rápido e seguro de suprimentos para as
plataformas offshore.
A buscacontínua pela sustentabilidade e eficiência é
fundamental para a indústria marítima e para as embarcações PSV,
contribuindo para uma operação responsável, segura e
ambientalmente consciente. As empresas que atuam nesse setor
têm o compromisso de adotar práticas sustentáveis e eficientes para
garantir o uso responsável dos recursos naturais e a proteção do
meio ambiente.
3.18 IMPACTO AMBIENTAL DAS OPERAÇÕES DO PSV
As operações do PSV (Platform Supply Vessel) podem ter
diversos impactos ambientais, principalmente relacionados à
poluição marinha e à perturbação de ecossistemas marinhos
sensíveis. Alguns dos principais impactos ambientais incluem:
a) Poluição por Emissões Atmosféricas: A queima de
combustíveis fósseis durante a operação das embarcações PSV
pode resultar na emissão de poluentes atmosféricos, como dióxido
de carbono (CO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e partículas,
contribuindo para o aquecimento global e a qualidade do ar.
b) Poluição por Óleo: Vazamentos acidentais de óleo ou
lubrificantes podem ocorrer durante as operações de transferência
de carga, abastecimento ou manutenção, podendo causar poluição
marinha e impactos na vida marinha e em ecossistemas costeiros.
c) Poluição por Esgoto: Descargas inadequadas de esgoto a
bordo da embarcação podem contribuir para a contaminação da
água marinha, afetando a qualidade da água e a vida marinha.
112
d) Poluição Sonora: Operações de embarcações PSV podem
gerar poluição sonora subaquática, que pode interferir na
comunicação e comportamento de animais marinhos, incluindo
mamíferos marinhos e peixes.
e) Poluição por Água de Lastro: O descarte de água de lastro
pode contribuir para a disseminação de espécies invasoras em
ecossistemas marinhos, alterando a biodiversidade e a estrutura de
comunidades biológicas.
f) Perturbação de Ecossistemas Marinhos: As operações das
embarcações PSV podem causar perturbação em áreas sensíveis,
como recifes de corais, manguezais e áreas de desova de peixes,
afetando a fauna e flora locais.
g) Impacto sobre a Vida Marinha: Colisões com animais
marinhos, como baleias e golfinhos, podem ocorrer durante a
navegação, resultando em lesões ou mortes desses animais.
h) Mudanças na Dinâmica Costeira: As operações de
embarcações PSV próximas à costa podem afetar a dinâmica
costeira e a erosão das praias.
i) Para minimizar esses impactos ambientais, as empresas
devem adotar práticas de gestão ambiental responsáveis, seguir as
normas e regulamentações aplicáveis, investir em tecnologias mais
limpas, implementar planos de resposta a emergências e realizar
monitoramento ambiental regular para avaliar os impactos das
operações e identificar oportunidades de melhoria. A busca pela
sustentabilidade e eficiência é fundamental para reduzir os
impactos ambientais e garantir uma operação marítima mais
responsável e consciente.
Figura 15: Configuração dos Tanques
Fonte: Acervo pessoal (2023)
113
3.19 INICIATIVAS PARA TORNAR O PSV MAIS
SUSTENTÁVEL
Para tornar o PSV (Platform Supply Vessel) mais
sustentável, são necessárias várias iniciativas que visam reduzir o
impacto ambiental das operações. Algumas das principais
iniciativas incluem:
a) Uso de Combustíveis Alternativos: Adoção de
combustíveis mais limpos e sustentáveis, como o gás natural
liquefeito (GNL), que emite menos poluentes atmosféricos em
comparação aos combustíveis fósseis convencionais.
b) Tecnologias de Propulsão Eficientes: Investimento em
sistemas de propulsão mais eficientes e avançados, como hélices de
passo controlável e propulsores a jato, para melhorar a eficiência
energética da embarcação.
c) Melhoria na Eficiência Energética: Implementação de
medidas para otimizar o consumo de combustível, incluindo o
controle adequado da velocidade, planejamento de rotas eficientes
e manutenção regular dos motores.
d) Uso de Energias Renováveis: Explorar o uso de
tecnologias de energia renovável, como painéis solares e sistemas
híbridos de propulsão, para reduzir a dependência de combustíveis
fósseis durante as operações.
e) Tratamento de Efluentes: Instalação de sistemas de
tratamento de esgoto a bordo para garantir que as descargas de
esgoto sejam realizadas de forma adequada e em conformidade
com as regulamentações ambientais.
f) Redução de Poluição por Óleo: Implementação de
procedimentos rigorosos para evitar vazamentos de óleo durante as
operações de transferência de carga e abastecimento.
g) Gestão Eficiente de Resíduos: Desenvolvimento de
práticas adequadas para a coleta, segregação, armazenamento e
descarte de resíduos a bordo da embarcação.
h) Monitoramento Ambiental: Realização de programas de
monitoramento ambiental para avaliar os impactos das operações
114
da embarcação no meio ambiente e identificar oportunidades de
melhoria.
i) Educação e Conscientização: Promover a conscientização
entre a tripulação sobre práticas sustentáveis e a importância de
proteger o meio ambiente durante as operações.
j) Certificação e Adesão a Normas: Buscar a certificação e
adesão a normas internacionais de gestão ambiental, como o
Sistema de Gestão de Energia ISO 50001 e a Certificação ISO
14001, para garantir o comprometimento contínuo com a
sustentabilidade.
Essas iniciativas contribuem para tornar o PSV mais
sustentável, reduzindo seu impacto ambiental e promovendo uma
navegação mais responsável e consciente. A busca pela
sustentabilidade é um compromisso contínuo que requer a
colaboração de todos os envolvidos na indústria marítima para
proteger os ecossistemas marinhos e garantir a preservação dos
recursos naturais.
Figura 16: Embarcação modelo PSV
Fonte: Acervo pessoal (2023)
3.20 USO DE FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEL EM
EMBARCAÇÕES OFFSHORE
115
O uso de fontes de energia renovável em embarcações
offshore, incluindo embarcações PSV (Platform Supply Vessel) e
outras embarcações marítimas, é uma iniciativa crescente para
reduzir o impacto ambiental e promover a sustentabilidade nas
operações marítimas. Algumas das principais fontes de energia
renovável utilizadas ou exploradas em embarcações offshore são:
a) Energia Solar: A instalação de painéis solares nas
embarcações pode fornecer energia limpa para alimentar sistemas
elétricos a bordo, como luzes, equipamentos eletrônicos e sistemas
de comunicação.
b) Energia Eólica: Algumas embarcações experimentam o
uso de turbinas eólicas para capturar a energia do vento e gerar
eletricidade. No entanto, isso é mais comum em embarcações
maiores, como navios de carga.
c) Energia Híbrida: A combinação de várias fontes de
energia, como diesel, gás natural e sistemas de armazenamento de
energia, permite uma operação mais eficiente, reduzindo o
consumo de combustíveis fósseis e as emissões de poluentes.
d) Armazenamento de Energia: O uso de sistemas de
armazenamento de energia, como baterias de alta capacidade,
permite armazenar energia gerada por fontes renováveis e utilizar
quando necessário, tornando o sistema de energia mais flexível e
eficiente.
e) Energia das Ondas e Marés: Algumas pesquisas estão
sendo conduzidas para explorar o uso da energia das ondas e marés
para gerar eletricidade em embarcações offshore, mas essa
tecnologia ainda está em fase de desenvolvimento.
f) Energia Híbrida - Hidrogênio: O hidrogênio está
emergindo como uma opção promissora para o setor marítimo. A
tecnologia de células de combustível de hidrogênio pode ser usada
para gerar eletricidade a bordo de embarcações, com a única
emissão sendo vapor de água.
116
Figura 17: Embarcações híbridas
Fonte: Acervo pessoal (2023)
3.21 PERSPECTIVAS FUTURAS DA INDÚSTRIA DE
EMBARCAÇÕES OFFSHORE
As perspectivas futuras da indústria de embarcações offshore
são marcadas por uma série de tendências e desafios quebem como sua influência perante seus liderados,
gerando bons resultados para a empresa, além de destacar a
importância da boa convivência para uma tripulação
psicologicamente saudável.
1.2 LIDERANÇA
História da liderança
Existem estudos que apontam que os humanos se juntavam
em grupos para se organizar em prol da sobrevivência. Assim
11
existia a tendência de os humanos seguirem sempre aquele que
tinha o potencial para atender ou ajudar as pessoas e a necessidade
dos grupos. Geralmente esses eram os melhores, os mais fortes e os
mais experientes caçadores da época.
Segundo estudos, os primeiros indícios de liderança
apareceram por volta do ano 4.000 a.C., iniciando-se na
Mesopotâmia, nas planícies férteis entre os Rios Tigre e Eufrates,
onde hoje se situa parte do território do Iraque.
A evolução do convívio em sociedade percorreu um caminho
fascinante ao longo da história, sofrendo assim, alterações
constantes. As pessoas aos quais se destacavam como sendo
verdadeiros líderes possuíam uma posição de destaque na
sociedade. Antigamente, não existiam muitos líderes que fossem
capazes de motivar e incentivar ao ponto de serem admirados pelo
seu grupo ou organização.
Anteriores aos líderes existiam os chefes, os quais apenas
delegam funções, ocasionando assim, uma péssima gestão e quase
sempre não agradando a todos. Já o líder, motiva e incentiva seus
subordinados, gerando assim, uma melhor interação entre as
pessoas, tornando um ambiente de trabalho mais tranquilo e mais
leve para se trabalhar, dando mais resultado para o grupo ou
organização.
Conceito de liderança
O conceito de liderança consiste em organizar, manusear e
prover o necessário para motivar as pessoas e equipes em prol de
uma determinada empresa ou organização. Em todas as
organizações existem pessoas com motivos e sentimentos
diferentes, onde cada ambiente pode interferir no relacionamento,
comportamento e liderança. Além disso, é necessário um líder em
todo tipo de organização, desde um pequeno comércio até uma
grande embarcação. Sendo assim, a liderança é constituída por
líderes que podem motivar ou não seus subordinados dentro de uma
determinada organização, sendo ele o responsável por influenciar
de forma positiva a mentalidade e o comportamento.
12
Segundo Pontes (2008, p. 16) “até a década de 60, para o
chefe, bastava sentar na cadeira e exercer controles mecânicos,
saber planejar, organizar, controlar e corrigir”. O bom chefe era
aquele que tinha o pessoal na palma da mão, ou seja, o total controle
dos seus funcionários dentro da empresa. Contudo, as empresas, a
partir da década de 70, passaram a necessitar mais de contribuições
intelectuais de seus funcionários. Principalmente no fim dos anos
80, com a evolução da concorrência, criou-se a necessidade de ter
nas empresas funcionários mais dedicados. O líder, antes chefe,
consegue estimular o melhor de seus funcionários e favorecer o
clima no ambiente de trabalho.
Chiavenato (2003, p. 122) define liderança “como sendo um
processo que influencia e induz o que uma pessoa exerce sobre
outras conforme a necessidade e situação, que as levam a realizar
um ou mais objetivos”. Liderar um grupo, organização ou uma
equipe é a capacidade de conseguir influenciá-los para alcançar
metas comuns.
A liderança eficaz tem o foco em pessoas e nos seus
comportamentos, e isso cria condições para que o líder faça a
leitura correta de cada situação e consiga retirar de seus
subordinados o melhor em relação ao desempenho de cada um.
O Comandante a bordo de uma embarcação tem que saber
lidar com seus subordinados tornando o ambiente mais tranquilo e
amigável para se trabalhar. No entanto, para isso, ele precisa saber
como lidar com as pessoas e ter habilidades para contornar
qualquer tipo de problema que possa ocorrer a bordo.
Contudo, é importante ressaltar que cada pessoa possui um
comportamento e isso deve ser conhecido pelo seu líder, para que
a tomada de decisão seja correta e assertiva, porque uma liderança
eficiente é considerada um caminho de sucesso dentro de uma
organização, empresa, embarcação e etc.
Podemos então concluir que o bom líder é o primeiro
servidor. Eles buscam encontrar e satisfazer as necessidades de sua
equipe. Dando o exemplo e contribuindo para o crescimento
pessoal de cada um. A hierarquia se baseia pelo exemplo e
13
compreensão de atingirem o objetivo final e/ou meta e não por
medo de coerção e punição.
A principal diferença entre um líder e chefe é exercer sua
autoridade por influência e exemplo e não por medo e punição.
Apontar as falhas em particular, elogiar em público e formar uma
equipe para atingir a meta em comum. Seja de uma empresa ou
embarcação. Tendo assim uma maior satisfação, empatia e
desempenho. Uma vez que são exaltadas as habilidades individuais
de cada colaborador.
Conceito de líder
O líder é uma pessoa que exerce a liderança, dirige uma
equipe e guia os membros numa mesma direção, dando coesão
necessária para uma boa relação entre os liderados, fazendo-os
seguirem numa mesma direção, apresentando os resultados
necessários para os objetivos finais. Sendo assim, o líder é uma
pessoa atualizada que acompanha as mudanças de mercado e sabe
investir, e motivar as pessoas de forma que elas ofereçam o melhor
de si. Previamente, a função do líder é procurar conhecer o
liderado, e assim, aproveitar o máximo da qualidade de cada um,
dando ênfase em favor da coletividade e do trabalho especificado.
14
Figura 1 – A liderança
Fonte: Ibdec (2023).
O Comandante a bordo de uma embarcação deverá saber
atribuir funções, dirigir e coordenar atividades que levam a
embarcação numa mesma direção, e que envolva o grupo num
mesmo sentido. Cabe a ele exercer sua função com habilidade e
autoridade, sabendo tratar bem as pessoas, tendo a capacidade de
assumir seus erros - caso ocorra -, que seus subordinados não
sintam a pressão e que as falhas sirvam para um futuro aprendizado.
Segundo alguns estudos, um grande líder é forjado mais no
fracasso do que na vitória, uma vez que para saber como lidar em
determinadas situações, é necessária uma certa experiência e ter
passado por situações que determinam certa dificuldade, o que gera
um contínuo aprendizado, desenvolvendo também um
amadurecimento profissional e pessoal, e, consequentemente,
grandes atributos de liderança.
Especialistas falam que qualquer pessoa pode se tornar um
líder ou um grande líder: basta saber prover meios ideais e
ferramentas corretas, além de ter a determinação necessária para
superar e passar por qualquer obstáculo. Um bom líder aponta para
a direção do sucesso, tendo paciência, respeito, humildade, caráter
e acima de tudo compromisso e ser leal com seu grupo.
15
Papel do líder a bordo
Desde os primórdios das sociedades humanas, a busca por
organização, sobrevivência, disputa pelo poder e conquista por
territórios se fez presente. Na maioria das vezes, a presença de um
“líder” era primordial para conduzir os acontecimentos.
A liderança é fundamental em todas as esferas da
organização social, a bordo de embarcações mercantes não é
diferente. Atualmente, muitas são as exigências para com os líderes
de bordo. A busca pela excelência e pela própria superação fez com
que o setor se tornasse uma área altamente competitiva, buscando
pessoas eficazes, influentes e qualificadas para exercerem funções
de grande responsabilidade.
O indivíduo que desempenha o papel de liderança exerce
uma grande influência no comportamento de um ou mais liderados.
Trata-se de uma habilidade vinculada diretamente com o processo
da motivação nas mais distintas situações do cotidiano, resultando
em trocas positivas e construtivas, visando um desenvolvimento
mútuo entre os envolvidos.estão
moldando o setor. Algumas das principais perspectivas incluem:
a) Transição Energética: Com a crescente preocupação com
as mudanças climáticas, a indústria está buscando reduzir as
emissões de carbono e a dependência de combustíveis fósseis. Isso
impulsiona o desenvolvimento de tecnologias de energia renovável
offshore, como eólica, solar e até mesmo o uso de hidrogênio como
combustível. As embarcações offshore podem desempenhar um
papel fundamental na instalação, manutenção e suporte a essas
fontes de energia limpa.
b) Digitalização e Automação: A indústria marítima está
cada vez mais adotando tecnologias digitais e sistemas de
automação para aumentar a eficiência das operações. O uso de
sensores, análise de dados em tempo real e sistemas de
posicionamento avançados (DP) estão permitindo um controle
mais preciso das embarcações e a otimização de rotas e operações.
c) Descarbonização da Frota: As empresas estão buscando
modernizar suas frotas e investir em embarcações mais eficientes e
117
ambientalmente amigáveis. A descarbonização é um objetivo
importante, e a substituição de embarcações mais antigas por
modelos mais eficientes pode reduzir significativamente as
emissões.
d) Crescente Demanda por Energia Offshore: A demanda
global por energia continua a crescer, e a exploração e produção de
petróleo e gás offshore, assim como a expansão de parques eólicos
offshore, são perspectivas importantes para a indústria de
embarcações offshore.
e) Desafios Ambientais e Regulatórios: As questões
ambientais e regulatórias desempenham um papel significativo nas
perspectivas futuras da indústria de embarcações offshore. A
conformidade com normas ambientais mais rigorosas e o
cumprimento de regulamentações de segurança marítima
continuarão sendo focos importantes para as empresas do setor.
f) Inovação Tecnológica: A inovação é essencial para
enfrentar os desafios futuros da indústria. Novas tecnologias, como
inteligência artificial, análise de big data e robótica, têm o potencial
de melhorar a eficiência das operações e a segurança no mar.
g) Mudança nas Demandas do Cliente: As empresas offshore
estão buscando oferecer soluções mais abrangentes e
personalizadas para atender às demandas dos clientes. Isso pode
envolver serviços integrados, como operações de manutenção e
reparo, logística e suporte a projetos.
h) Expansão de Projetos de Energia Eólica Offshore: A
energia eólica offshore tem mostrado um rápido crescimento e é
uma das principais fontes de energia renovável em muitas regiões.
A indústria de embarcações offshore desempenha um papel
fundamental na instalação, operação e manutenção dos parques
eólicos offshore, e espera-se que a demanda por esses serviços
continue a crescer à medida que mais projetos são desenvolvidos.
i) Uso de Tecnologias de Inteligência Artificial (IA): A IA
está sendo cada vez mais aplicada na indústria marítima para
otimizar operações, melhorar a segurança e reduzir os custos
operacionais. Por meio de sistemas de IA, as embarcações podem
118
tomar decisões autônomas com base em dados e análises em tempo
real, o que aumenta a eficiência e a precisão das operações.
j) Desenvolvimento de Embarcações Autônomas: A
pesquisa e desenvolvimento de embarcações autônomas continuam
avançando, e essas embarcações têm o potencial de reduzir os
custos operacionais, melhorar a segurança da tripulação e reduzir
as emissões ao permitir operações mais eficientes.
k) Inovação em Sistemas de Propulsão: Novas tecnologias de
propulsão estão sendo desenvolvidas para tornar as embarcações
mais eficientes e sustentáveis. Isso inclui o uso de propulsão
elétrica, sistemas de armazenamento de energia e tecnologias
avançadas de hélices para melhorar a eficiência do consumo de
combustível.
l) Aumento da Eficiência das Operações de Apoio à
Plataforma: A indústria de embarcações offshore está buscando
constantemente formas de aumentar a eficiência das operações de
apoio à plataforma, como o abastecimento de suprimentos, a
transferência de carga e a logística, a fim de reduzir os tempos de
inatividade e os custos operacionais.
m) Adoção de Energia Híbrida e Armazenamento de
Energia: As embarcações estão cada vez mais adotando sistemas
de energia híbrida que combinam fontes de energia convencionais
com energia renovável. Além disso, o uso de sistemas de
armazenamento de energia, como baterias de alta capacidade, está
se tornando mais comum para otimizar o uso de energia e reduzir
as emissões.
n) Essas perspectivas futuras indicam que a indústria de
embarcações offshore continuará evoluindo e se adaptando para
atender aos desafios e demandas do mercado global, impulsionada
pela necessidade de sustentabilidade, inovação tecnológica e
eficiência operacional. A busca por soluções mais limpas e
eficientes é essencial para garantir a viabilidade e o sucesso
contínuo da indústria offshore em um cenário global em constante
mudança.
119
3.22 TENDÊNCIAS E PREVISÕES PARA O MERCADO DE
PSVs
a) Transição Energética: Com a crescente preocupação com
as mudanças climáticas, é esperado que o mercado de PSVs
responda à demanda por operações offshore mais sustentáveis e
ambientalmente amigáveis. A transição para fontes de energia
renovável, como parques eólicos offshore e outras formas de
energia limpa, pode impulsionar a necessidade de PSVs adaptadas
para apoiar esses projetos.
b) Aumento da Eficiência e Automação: A indústria de PSVs
tem buscado constantemente maneiras de melhorar a eficiência
operacional e reduzir custos. Isso inclui o uso de tecnologias de
automação para otimizar operações, reduzir a dependência de mão
de obra e aumentar a eficiência no uso de combustível.
c) Crescimento Regional: O mercado de PSVs pode
experimentar um crescimento regional, impulsionado pela
descoberta de novos campos de petróleo e gás offshore, bem como
pelo desenvolvimento de projetos de energia renovável em
diferentes regiões do mundo.
d) Adoção de Tecnologias Verdes: As empresas de PSVs
podem investir em tecnologias verdes, como sistemas de propulsão
mais eficientes, o uso de combustíveis de baixo teor de enxofre e o
desenvolvimento de embarcações híbridas para reduzir as emissões
e cumprir regulamentações ambientais mais rigorosas.
e) Uso de Embarcações Autônomas: Embora ainda esteja em
fase inicial, a tecnologia de embarcações autônomas pode se
desenvolver nos próximos anos e ter impacto no mercado de PSVs,
tornando as operações mais eficientes e seguras.
f) Maior Foco em Segurança: A segurança continua sendo
uma prioridade para as operações offshore, e espera-se que o
mercado de PSVs continue a investir em treinamento e tecnologias
para garantir operações seguras.
g) É importante lembrar que o mercado é influenciado por
uma série de fatores e pode estar sujeito a mudanças ao longo do
120
tempo. As tendências acima mencionadas são apenas algumas das
possíveis direções que o mercado de PSVs pode seguir.
Figura 18: Parque Eólico
Fonte: Acervo pessoal (2023)
3.23 O PAPEL DO PSV NO FUTURO DA INDÚSTRIA DE
ENERGIA OFFSHORE
O futuro da indústria de energia offshore está sendo moldado
por várias tendências e desenvolvimentos que refletem a busca
contínua por uma energia mais limpa, sustentável e eficiente.
Algumas das principais características e papéis previstos para a
indústria de energia offshore incluem:
a) Transição para Energia Renovável: A indústria de energia
offshore está experimentando uma mudança significativa em
direção a fontes de energia renovável, como energia eólica
offshore, energia solar offshore e energia das ondas e marés. Essas
fontes de energia renovável são consideradas fundamentais para
reduzir as emissões de carbono e mitigar as mudanças climáticas.
b) Crescimento de Parques Eólicos Offshore:Parques eólicos
offshore têm experimentado um crescimento notável em todo o
mundo. Eles são vistos como uma solução promissora para a
121
geração de eletricidade limpa em larga escala, aproveitando os
ventos mais fortes e constantes no mar.
c) Integração de Tecnologia e Digitalização: O futuro da
indústria de energia offshore provavelmente verá uma maior
integração de tecnologias digitais e automação, permitindo o
monitoramento e controle remoto de operações, otimizando a
eficiência e a segurança das instalações.
d) Desenvolvimento de Soluções Híbridas: A indústria de
energia offshore pode ver o desenvolvimento de soluções híbridas
que combinam diferentes fontes de energia renovável, bem como
sistemas de armazenamento de energia, para garantir um
fornecimento contínuo de eletricidade.
e) Expansão em Novas Regiões: À medida que a tecnologia
avança e as regulamentações se tornam mais favoráveis, é provável
que a indústria de energia offshore se expanda para novas regiões
do mundo, incluindo áreas mais profundas e remotas dos oceanos.
f) Desenvolvimento de Infraestrutura Submarina: Com a
expansão de projetos offshore, espera-se que haja um aumento na
demanda por infraestrutura submarina, como cabos de transmissão
de energia, redes de comunicação e equipamentos de exploração e
produção de petróleo e gás.
g) Sustentabilidade e Responsabilidade Social: A indústria
de energia offshore continuará a enfrentar um escrutínio crescente
em relação à sua pegada ambiental e ao impacto nas comunidades
costeiras. A sustentabilidade e a responsabilidade social devem
desempenhar um papel importante no futuro do setor.
h) Desenvolvimento de Tecnologias Flutuantes: O
desenvolvimento de tecnologias de energia eólica flutuante pode
permitir a instalação de turbinas eólicas em águas mais profundas
e distantes da costa, expandindo ainda mais as possibilidades de
geração de energia eólica offshore.
i) Integração de Sistemas de Energia: A indústria de energia
offshore pode explorar a integração de diferentes sistemas de
energia, como eólica, solar, marés e hidrogênio, para criar soluções
de energia mais versáteis e complementares.
122
j) Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento: A inovação
contínua e o investimento em pesquisa e desenvolvimento são
essenciais para aprimorar as tecnologias existentes, reduzir custos
e tornar a energia offshore ainda mais competitiva em comparação
com fontes de energia tradicionais.
k) Potencial para Geração Offshore de Hidrogênio: A
geração de hidrogênio a partir de fontes offshore de energia
renovável pode ser explorada, aproveitando o excesso de energia
produzida durante os períodos de alta geração eólica ou solar.
l) Parcerias Estratégicas: A colaboração entre empresas de
energia, governos, instituições de pesquisa e outras partes
interessadas pode acelerar o desenvolvimento e a implantação de
projetos de energia offshore, maximizando os benefícios
econômicos e ambientais.
m) Energia para Comunidades Remotas: A energia offshore
também pode ser utilizada para fornecer energia a comunidades
remotas, que podem não ter acesso a outras formas de energia.
n) Reciclagem e Descomissionamento: Com o aumento do
número de instalações offshore, a indústria deve considerar o ciclo
de vida completo dos projetos, incluindo a reciclagem adequada e
o descomissionamento seguro das estruturas no final de sua vida
útil.
o) Projetos Híbridos de Energia: A combinação de diferentes
fontes de energia offshore, como eólica, solar e marés, em projetos
híbridos, pode oferecer benefícios sinérgicos e uma maior
confiabilidade no fornecimento de energia.
Essas tendências e papéis indicam que a indústria de energia
offshore está passando por mudanças significativas à medida que
avança em direção a um futuro mais sustentável e inovador. A
diversificação das fontes de energia, o foco na eficiência e a busca
por soluções mais limpas são elementos-chave para o sucesso
contínuo da indústria.
123
Figura 19: Plataforma offshore Dudgeon para exploração de óleo e
gás associada a geração eólica offshore
Fonte: Acervo pessoal (2023)
3.24 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo das nossas conversas, exploramos diversos
aspectos relacionados às embarcações Platform Supply Vessels
(PSVs) e à indústria offshore como um todo. Fomos desde a
definição e funções dessas embarcações até as atividades de
abastecimento e transporte de carga, o papel delas no suporte a
plataformas offshore, a segurança e regulamentações, controle de
poluição, medidas de proteção ambiental e o uso de fontes de
energia renovável.
Ficou evidente que a indústria de PSVs está em constante
evolução, buscando atender às demandas por eficiência,
sustentabilidade e inovação. A transição energética é uma das
principais tendências que influenciam esse mercado, com um
crescente foco em fontes de energia renovável, como energia eólica
offshore. Além disso, a adoção de tecnologias avançadas, a
automação e a digitalização são tendências que impulsionam a
eficiência das operações e a redução de impactos ambientais.
124
Outra perspectiva importante é o papel das embarcações
PSVs na transição para um futuro mais sustentável na indústria de
energia offshore. Elas desempenham um papel vital ao apoiar
projetos de energia renovável e facilitar a exploração e produção
offshore com menor impacto ambiental. A indústria está buscando
continuamente soluções mais verdes, como o uso de energia
renovável e tecnologias de propulsão eficientes, para cumprir
regulamentações ambientais mais rigorosas e enfrentar os desafios
das mudanças climáticas.
Além disso, a segurança e a responsabilidade social são
aspectos fundamentais que a indústria prioriza. A busca por
soluções mais seguras e eficientes, bem como a conformidade com
normas e regulamentos, são uma constante nesse setor, garantindo
a proteção da tripulação e do meio ambiente.
As perspectivas futuras para o mercado de PSVs incluem o
crescimento da energia eólica offshore, a integração de sistemas de
energia, o desenvolvimento de tecnologias flutuantes e o
investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento. A
colaboração entre diferentes partes interessadas, como empresas de
energia, governos e instituições de pesquisa, também é
fundamental para impulsionar o desenvolvimento de projetos
offshore e a expansão em novas regiões.
Em suma, a indústria de PSVs está comprometida com a
sustentabilidade e a eficiência, enfrentando desafios e buscando
soluções inovadoras para o futuro da indústria de energia offshore.
Essas embarcações desempenham um papel fundamental na
transição para uma energia mais limpa e na construção de um futuro
mais sustentável e responsável para o setor marítimo e a indústria
global como um todo.
125
REFERÊNCIAS
Albino Lopes D'Almeida. Indústria do Petróleo no Brasil e no
Mundo: Formação, Desenvolvimento e Ambiência Atual. 2015.
- RJ
Josué Octávio Plácido Mathedi. Embarcações de Apoio à
Exploração de Petróleo e Gás. 2010. - SP
Marcos Machado do Silveira. Operações no Apoio Marítimo.
2010. SP
Marcelo Musci e Gisele Antolin. Setor Naval, suas tecnologias e
o meio ambiente. 2023 - SP
Paulo Henrique Pereira de Oliveira e Márcio Conte de Araújo.
Guia do Oficial de Náutica. 2023. SP
126
127
4 Oficiais de náutica e suas responsabilidades na
operacão de construção e desenvolvimento de poços
nas unidades maritimas de perfuracao e producao
nas bacias petroliferas do brasil
Cleber Luís Albuquerque Feitoza Carneiro
Emerson Penna Melo
Waldemir Alencar De Sousa Junior
RESUMO
Os Oficiais de Náutica desempenham um papel fundamental
na garantia da segurança, eficiência e conformidade ambiental das
operações de construção e desenvolvimento de poçosem unidades
marítimas de perfuração e produção nas bacias petrolíferas do
Brasil. Suas responsabilidades abrangem desde a navegação segura
até o gerenciamento da equipe e o cumprimento de regulamentos
rigorosos. O objetivo da pesquisa é descrever e criar dados capazes
de ajudar os futuros trabalhadores do meio marítimo a entender
suas responsabilidades e funções a bordo das unidades de
perfuração e extração em determinada operação, bem como,
abordar a respeito das especificidades nas operações de construção
de um poço até o processo final de transbordo para um navio
aliviador em unidades de produção de petróleo das bacias do Brasil.
Na pesquisa realizada, será adotada experiências dos autores
devido ao escasso material disponível para consulta e estudo,
contribuindo assim para o esclarecimento acerca dos desafios
enfrentados atualmente trazendo de forma objetiva as informações
e dinamismo do mercado para os futuros oficiais que almejam
ingressar nesta área da indústria petrolífera brasileira.
Palavras-chave: Oficiais de Náutica; Navios Sondas;
Plataformas de Perfuração; Produção; Poços; Responsabilidades.
128
4.1 INTRODUÇÃO
Para entendermos com surgiu a necessidade e o primeiro
projeto de plataformas e embarcações DP precisamos lembrar das
plataformas de perfuração de poços que utilizaram sistema de
ancoragem para que fosse possível a perfuração nos locais
destinados. Por outro lado, as unidades que fazem uso de ancoras
apresentam alguns pontos fracos como; elasticidade na ancoragem,
amortecimento hidrodinâmico deficiente, capacidade de manobra
restrita e alto custo quando se faz necessário um “Rig move”, ou
seja, mudança de poco.
O primeiro projeto foi em 1961, sendo chamado de Mohole.
Conforme dados do Maersk Training DP Refresher Manual, a
proposta deste projeto foi perfurar uma camada chamada de
MOHO, porém a profundidade em volta do local era de 4500
metros, muito profundo para os sistemas de ancoragem. O
problema então foi resolvido com a instalação de 4 propulsores na
embarcação CUSS1. A posição em relação ao leito marinho foi
encontrada com transmissores que enviavam sinais através de
sinais hidro acústico mantendo assim uma referência segura para a
embarcação realizar a operação de drilling.
Com o desenvolvimento de novas tecnologias e mão de obra
especializada no meio marítimo, hoje, as unidades estão modernas
e dotadas de equipamentos de última geração no qual conseguem
manter um nível de confiabilidade para que tenhamos operações
seguras em águas profundas e ultra profundas.
O trabalho desempenhado pelos oficiais de náutica, mais
comumente conhecidos como DPO, é fundamental na garantia da
segurança, coordenação e execução eficiente das atividades,
também incluindo a supervisão da navegação das embarcações de
apoio, monitoramento das condições marítimas, gestão de tráfego
marítimo e o estabelecimento de protocolos de emergência para
lidar com situações que eventualmente podem ocorrer neste
ambiente de trabalho. No que diz respeito as unidades com
posicionamento dinâmico, os oficiais de náutica desempenham um
papel essencial na supervisão e controle preciso da posição da
129
plataforma ou embarcação, garantindo que a mesma permaneça
estável e segura, mesmo perante condições marítimas adversas,
desta forma, sua expertise é vital para a coordenação das atividades
de perfuração, construção e manutenção de poços, mantendo a
unidade na posição correta em relação ao leito marinho e às
instalações circundantes.
A história dos FPSO no mundo data dos anos 70, quando a
Shell construiu a primeira unidade flutuante offshore no
Mediterrâneo. O primeiro projeto foi concebido e realizado pela
empresa norueguesa de projetos Sevan Marine. A primeira
plataforma construída segundo esse projeto é o FPSO Sevan
Piranema, cujo casco foi montado na China no estaleiro Yantai-
Raffles, e o término da sua construção foi feita no estaleiro Kèppel
Verolme na Holanda.
No Brasil o primeiro navio transformado em FPSO foi o PP
Moraes em 1980 no campo de Garoupa, posteriormente se
transformou na P-34 que ainda está em operação pela Petrobrás.
Com o crescimento da área de petróleo e gás e aumento do número
de Unidades FPSO/FSO no Brasil, o mercado de trabalho tem se
mostrado bastante promissor principalmente para os profissionais
mais qualificados. Dentro deste mercado de trabalho o Oficial de
Náutica ocupa um papel de relevância dentro de um dos principais
departamentos de um FPSO que é o departamento de Marinha. Nas
unidades de Produção de Petróleo espalhadas pelo Brasil e no
mundo, a função de oficial de náutica se faz essencial na operação
do navio, seja no controle de estabilidade, na manutenção dos
equipamentos exigidos pelos órgãos fiscalizadores, nas operações
de alívio e no controle de aproximação de embarcações dentro da
zona de 500 metros do FPSO entre outras.
4.2 VERIFICAÇÕES INICIAIS
Inicialmente, a unidade marítima dotada de posicionamento
dinâmico e sistema de propulsão própria receberá o mapa de
restrições, fornecida pelo cliente. Este mapa é um plano com
detalhes do local e proximidades à área a ser iniciada a perfuração,
130
informações de profundidade, linhas, obstáculos de superfície e no
fundo do solo e dentro destas informações encontra-se a posição do
poço em UTM (Universal Transversa de Mercator) no qual utiliza
um sistema de coordenadas cartesianas bidimensional para dar
localizações na superfície da Terra, este tipo de unidade métrica é
a mais utilizada em unidades marítimas, seja ela Navios ou
Semissubmersíveis por se conseguir uma precisão adequada para
esses tipos de operação. Os oficiais de náutica/DPO são
responsáveis pela interpretação deste Mapa para que seja utilizado
como base na confecção da derrota do RIG move, WSOG e Rota
de fuga.
Figura 1: Exemplo de Mapa de Restrição
Fonte: AUTOR (2023)
Outra informação importante que é informado pelo cliente,
que não está exato no mapa de restrição, é a lâmina d’água no local
onde vai ser perfurado. Este dado é extremamente importante, pois
ele é o que vai determinar qual os alarmes de desconexão que será
adotado em função da profundidade, de pressão e até mesmo os
tubos de perfuração, quantidade e tipo de risers (um grande tubo ou
conduíte usado para encapsular equipamentos de perfuração
durante operações submarinas de petróleo e gás), a serem usados
131
no poço. Esta informação deverá ser fornecida previamente, com
as informações e dados do poço.
Figura 2: Drill Riser Buoyancy Module.
Fonte: CRP SUBSEA (2023).
Os Risers são componentes essenciais para a perfuração de
petróleo e gás, tratando-se de módulos de flutuação utilizados para
o fornecimento de flutuabilidade positiva aos risers de perfuração
submarina, estas tubulações se conectam a plataforma de
perfuração na superfície com o poço no leito marinho, auxiliando
em manter os risers na posição vertical, evitando que dobrem ou
afundem (WARE, 2020).
Conforme aponta Ware (2020), os módulos de flutuação são
geralmente estruturas ocas feitas de materiais leves e resistentes,
como polietileno de alta densidade ou por mediante a utilização de
materiais compostos, os módulos ficam montados ao redor dos
risers em seções, geralmente em forma cilíndrica, e devido a
perfuração submarina ser complexa e arriscada, o desing e
implementação dos módulos devem cumprir regulamentações
rigorosas.
Alguns dados a exemplo de Risers, batimetria do local, e
operação serão utilizados para a criação do WSOG (Well Specific
Operating Guidelines). O WSOG é de extrema importância durante
132
todo o planejamento, execução e finalização da perfuração de
poços petrolíferos submarinos. Nele, encontram-se parâmetros,
emergências, localização do poço, qual operação será realizada,equipamentos e redundâncias a serem utilizados, status de alarmes
e posicionamento.
Vejamos abaixo na (figura 3) um exemplo de WSOG que é
utilizado por uma empresa no litoral do sudeste brasileiro:
Figura 3: Well Specific Operating Guidelines (WSOG).
Fonte: AUTOR (2023)
Estas informações são divulgadas e devem ser cumpridas
como de acordo, por todos os envolvidos na operação, seja a equipe
de Drilling, Oficiais de náutica/operadores de Posicionamento
(DPOs), equipes de máquinas e subsea. Vale a pena citar que, que
133
para construção do WSOG, é necessário um estudo/análise
chamado de “Riser Analisys”, que é realizado para determinar as
forças nos risers flexíveis, risers com tensão superior e
equipamentos submarinos. Normalmente, esse estudo é realizado
por empresa subcontratada do operador da unidade, no qual o
estudo envolve toda a engenharia a ser realizada no poço. Os
fatores a serem estudados podem ser externos ou internos e causado
por:
1. Carregamento de Ondas Ambientais
2. Carga atual ambiental
3. Movimento da embarcação em resposta ao
carregamento ambiental
4. Tensão Axial Aplicada
5. Pressão Interna do Poço ou Teste
6. Pressão hidrostática da água do mar externa e conteúdo
de lama.
A análise é realizada para verificar o sistema sob forças
extremas e acidental e para determinar os limites durante a
instalação e operação. Além disso, o dano de fadiga acumulativo é
calculado em todos os equipamentos para garantir a vida útil
adequada do riser e fornecer um histórico de danos para a vida útil
geral do poço.
4.3 PLANEJAMENTO
Baseando-se nas informações anteriores, afirmamos que é de
responsabilidade do DPO juntamente com os seus supervisores
(Comandante e Imediato) a confecção da rota de fuga a ser adotada
na próxima locação. Ela é confeccionada através do mapa de
restrições, isobatimetrias, obstáculos de fundo e superfície. Esta
rota, é baseada nas informações que o cliente informa, checagem
em cartas eletrônicas e estudos anteriores da área no qual pode-se
verificar as melhores condições em caso de uma desconexão de
emergência para que seja realizada uma deriva controlada para ao
134
local mais seguro visando nenhum ou menor impacto financeiro,
ambiental e até mesmo pessoal. Testes de controle de deriva são
realizados antes da chegada no poço, no qual os oficiais de náutica
são testados em sua capacidade de controlar a unidade
manualmente.
Figura 4: Modelo de rota de fuga.
Fonte: AUTOR (2023)
É possível observar na figura acima que os locais em verde
são os locais seguros, que em caso de uma emergência de perda de
posicionamento a unidade deve, após a desconexão de emergência
se deslocar nestas faixas de direções e todos os oficiais, seja
comandante, imediato e DPO’s devem estar cientes de todos os
135
parâmetros e riscos acerca do planejamento, operação ou execução
durante todas as fases de perfuração do poço.
4.4 MONITORAMENTO AMBIENTAL
As plataformas de perfuração offshore são essenciais para a
indústria do petróleo e gás, permitindo a exploração de recursos em
áreas remotas e profundas do oceano. No entanto, essas operações
apresentam desafios únicos, incluindo condições climáticas
adversas e riscos ambientais. É por isso que as empresas estão
sempre buscando soluções inovadoras para tornar as operações de
perfuração offshore mais seguras e eficientes. As condições
englobam o monitoramento de variáveis ambientais como o vento
e corrente de superfície na área. O clima ameaça a infraestrutura e
instalações de exploração, extração e conversão de energia, como
por exemplo, em plataformas de óleo e gás offshore, refinarias em
áreas costeiras e dentre outras (MONTEIRO, 2023).
Atualmente, as empresas estão contratando outras empresas
que realizam estudos precisos do clima em locais específicos onde
as unidades de perfuração estão operando. Esse estudo é de extrema
importância para a previsão e planejamento das operações internas,
pois ventos e condições ambientais do mar impactam, por exemplo,
em trabalhos em altura, bem como trabalhos sobre o mar, entre
outros.
4.5 NAVEGAÇÃO E PREPARAÇÃO
Após a fase de planejamento do poço, a unidade começará a
navegação/deslocamento para a locação onde foi determinado pelo
cliente e pela posição indicada no Mapa de Restrição, fornecido
pelo cliente, no caso do Brasil um dos principais clientes é a
PETROBRAS. A equipe do passadiço, oficiais, imediato e
Comandante realizam o planejamento e a execução da navegação
atendendo aos procedimentos internacionais da IMO até a posição
final no qual será iniciada a perfuração. Após a chegada na posição
final, será dado início ao lastreamento da unidade (se aplicável) a
136
fim de garantir o calado operacional, visto que em operação de
drilling, o calado é também ponto de monitoramento e controle
durante as operações, principalmente nas unidades
semissubmersíveis.
Toda a equipe do passadiço deve ser familiarizada com o
sistema de lastro da unidade, a fim de atender as orientações de
estabilidade e manual de operação da plataforma. O imediato, é o
responsável pelo controle, segurança e gerenciamento da
estabilidade da unidade marítima, sendo integralmente auxiliado
pelos DPO’s/BCO (Ballast Control Operator).
Chegando no local determinado para iniciar o processo de
perfuração, a unidade é imediatamente colocada em DP para que
seja realizado uma sequência de checklist e procedimentos no
sistema de posicionamento pelos oficiais de náutica. São realizados
testes em todos os sistemas de redundância da embarcação,
equipamentos como – Agulhas Giroscópicas, Sensores de Vento,
Controladoras, Sistemas de correção de movimentos, Sensores de
Calado, DGNSS, Sistemas de energia e etc.
Enquanto isso, é preparado o ROV (Veículos Operados
Remotamente) no qual terá que iniciar a identificação e a
localização, que caso não tenha sido demarcado, deverá sinalizar
com um quadro de pequenas boias o local onde a sonda irá iniciar
a perfuração. O local pode estar identificado por uma boia (já
lançada por outra embarcação de apoio com ROV), caso contrário,
com a posição em UTM, pode-se verificar na tela do sistema hidro
acústico a posição correta do local onde será demarcado para
posteriormente ser iniciado a descida da broca de perfuração. O
sistema hidro acústico é essencial, pois o ROV também é dotado
de um transponder que envia sinal hidro acústico da localização em
tempo real, conseguindo ir ao local exato indicado pelo DPO na
tela do Sistema acústico, para iniciar a demarcação.
Antes, é importante compreender como é possível lançar o
sistema de transponders (equipamentos que utilizam sinais
acústicos para posicionamento através de transdutores da unidade
dotada de posicionamento dinâmico). Os transponders, podem ser
lançados previamente por embarcação ROV, no qual ela recolhe os
137
transponders na unidade previamente e os lança ao redor da posição
do futuro poço de acordo com os dados enviados pela unidade
marítima de perfuração.
Neste caso a operação se torna mais simples para os
oficiais/DPO’s que apenas irão, após a identificação e confirmação
do posicionamento correto, iniciar a calibração do sistema. Outro
caso, que recentemente se tornou comum nas operações, é a própria
unidade lançar os transponders com seu próprio ROV da unidade,
fazendo com que seja um processo um pouco mais demorado no
qual o DPO deve constantemente monitorar o lançamento de cada
um dos transponders, afim de não ocorrer erros no posicionamento
deles, o que poderia custar perda de tempo na operação e downtime
da unidade.
Normalmente no Brasil, está sendo utilizado 8 transponders
no qual se criará 2 conjuntos de 04 transponders, cada conjunto é
denominado de Array. Este conjunto se comunicarácom o
transdutor da unidade, no qual o sistema transformará esse sinal
acústico em elétrico que indicará a correta posição na tela do
sistema acústico. Este processo é utilizado levando em conta a
redundância dos sistemas de posicionamento e a possibilidade de
falha no GPS causando a falta de um referencial de posição para a
embarcação.
As distâncias e marcações desses transponders em relação
a um sistema global de referência ou mesmo entre eles devem ser
marcadas com precisão, pois é justamente a partir dessas distâncias
que serão tiradas as posições de todos os elementos que se utilizem
desta referência. Alguns equipamentos realizam essa tarefa
utilizando um sistema automático de busca ou mesmo um GPS.
O sistema como um todo possui um funcionamento bem
simples, de uma forma geral, ele utiliza o tempo de viagem de um
sinal acústico na água para determinar a distância do casco do navio
até balizas localizadas no fundo do mar (localização da posição dos
transponders).
Um sinal acústico de interrogação é emitido por um
aparelho denominado transceptor (transducer) que é localizado no
casco de uma embarcação ou montado sobre um ROV por exemplo.
138
Esse sinal viaja pela coluna de água até chegar a dispositivos,
transponders, localizados no fundo do mar que irão responder a
esse estímulo acústico e enviar um sinal para o mesmo transceptor
localizado no casco da plataforma (ALVES, 2022).
Para Alves (2022), o tempo que o som leva desde a emissão
até a recepção é calculado através de uma técnica chamada em
inglês de “time of flight” que nada mais é do que utilizar os
princípios da cinemática para calcular a distância entre o aparelho
localizado no casco do navio e cada um dos transponders
localizados no fundo do mar. Para isso, é necessário que cada
transponder responda com um som diferente para cada transceptor.
O princípio de funcionamento destes sistemas consiste na
medição do tempo de chegada, da fase ou do desfasamento de
Doppler dos sinais acústicos transmitidos entre pontos de
referência. Algumas alternativas têm sido desenvolvidas. Uma
delas usa a geometria de uma pirâmide, cuja base se encontra no
leito do oceano (ALVES, 2022).
Os oficiais de náutica, são treinados com estes
equipamentos, realizando os cursos específicos dos equipamentos,
sendo os responsáveis pela montagem, manutenção e calibração do
sistema e seus apêndices.
Na (Figura 5) e (Figura 6) abaixo é possível verificar a tela
do sistema de HPR e o esquema de lançamento de transponders.
139
Figura 5: Tela do sistema de HPR.
Fonte: AUTOR (2023)
Figura 6: Esquema de lançamento de Transponders.
Fonte: OLSEN (2007).
140
4.6 PRIMEIRAS FASES DE PERFURAÇÃO
Após todo o processo de inspeção, testes operacionais de
sistemas e equipamentos, identificação do poço, calibração de
transponders pode-se iniciar de fato a descida do BHA (bottom-
hole assembly), conjunto que iniciará a perfuração da primeira fase
do poço. Durante esse período, a operação ainda não utiliza o BOP
(Blowout Preventer), o que torna um pouco mais branda a
complexidade do processo inicial.
Figura 7: Montagem de broca para descida.
Fonte: M&D INDUSTRIES OF LOUISIANA (2023).
Antes da broca tocar o leito marinho, o ROV no “fundo” se
faz necessário para que possa ser os “olhos” da equipe de
perfuração, juntamente com o Cliente e equipe do passadiço acerca
do posicionamento e processo inicial. Antes desse processo, todos
os equipamentos, sensores, thrusters e auxiliares ao sistema DP
devem ter sido checados, o checklist DP deve estar preenchido
criteriosamente, os oficiais de náutica em conjunto com a equipe
141
de máquinas devem confirmar que o sistema de gerenciamento de
energia deverá estar alinhado de modo que a distribuição de cargas
nos barramentos (conjuntos de geradores em linha) esteja de acordo
com o WSOG e criticidade da operação.
Atualmente, em operações em DP, são utilizados
barramentos seccionados, seja em 2 ou 3 barramentos, de acordo
respectivamente com a classe DP da unidade (DP2 ou DP3). Nas
classes 2 e 3, a energia disponível deve ser suficiente para manter
posição após o pior caso de falha e os sistemas devem ser dotados
de pelo menos uma PMS (Power Management System) e há uma
função no sistema chamada "consequence analysis", "função IF"
ou "função warning", que é basicamente um monitoramento de
redundância do power e do thruster systems (por isso não existe na
classe 1). Ela avisa que, se acontecer determinada falha, pode ser
você perca a redundância, mas não necessariamente ela irá de fato
ocorrer ou será imediata (GOMES, 2019).
No passadiço há luzes que indicam o status da operação,
chamadas comumente de “DP Status Alert”, são apenas para
indicação do status da operação do DP e para que as equipes de
Subsea e Drilling estejam cientes se o posicionamento está tudo em
boas condições, ou se há alguma intercorrência, alerta ou até
mesmo ordem para desconexão. Esta importante informação fica
sob responsabilidade exclusiva do DPO Senior (Oficial com maior
experiência no passadiço) que está de serviço. Ele é o responsável
direto por decisões no posicionamento da unidade.
Figura 8: DP Alert Status.
Fonte: PAN Delta Controls (2023).
142
Com o funcionamento correto dos parâmetros e sensores, é
iniciada da perfuração e durante todo o processo de construção do
poço é realizado o monitoramento constante da posição, sensores,
sistema de lastro, sensores de incêndio, checklists a cada mudança
de turno ou a cada hora, de acordo com o SGI da empresa. Esse
processo de checagem será constante durante dias, meses, enquanto
durarem as fases perfurações. Nesse período a equipe do passadiço,
principalmente em Semissubmersíveis, necessitam realizar muitas
manobras de lastro por se tratar de um período que recebe muito
material de embarcações de apoio como: Tubos de Produção,
material para a 3 º fase do poço, fluidos líquidos para operações, e
até mesmo graneis sólidos como; Baritina, Calcário, Bentonita e
Cimento.
Estes últimos materiais supra referidos, em algumas
unidades que atuam no mercado brasileiro, é responsabilidade da
equipe de marinha e muitas vezes o Oficial de náutica/DPO júnior
é o responsável por receber este produto. Para realizar esse
processo, se faz necessário estar apto para trabalhar com pressões
(NR13), sistema de recebimento e até mesmo ter um conhecimento
de conexões, válvulas e mangotes.
Caso haja algum problema ou dúvida o Comandante ou
imediato, devem auxiliar o oficial mais novo durante a operação.
Toda a parte de controle e estoque destes graneis sólidos fica com
a equipe do passadiço. Estes itens também são verificados
diariamente pelo imediato, responsável pela estabilidade da
unidade com o auxílio do DPO, no qual é o responsável pela
operação do sistema de lastro. Este processo de operação de graneis
pode variar de unidade para unidade e até mesmo ser delegado a
outro setor responsável.
143
Figura 9: Esquema do poço quatro fases.
Fonte: MACHADO et al. (2018).
Após a finalização da primeira e segunda fase do poço, será
retirada toda a coluna de perfuração. Essa coluna subirá de volta
para a unidade, que dependendo da lâmina d’água e profundidade
do poço pode ser um adicional significativo de peso, no qual a
equipe do passadiço deverá compensar esse peso com o deslastro
da embarcação. Durante todas as operações, o controle do calado
operacional é de extrema importância afim de evitar forças
indesejada nesse movimento de subida e descida de calado. Todo
esse controle é feito pelos DPO’s com a supervisão do comandante
e imediato da unidade
Seguindo então para a próxima etapa que será a descida a dos
equipamentos de cimentação. Cimentar poços de petróleo é
basicamente a colocaçãode pasta de cimento numa porção do poço
com o objetivo de isolar hidraulicamente diferentes zonas de
interesse que foram deixadas expostas durante a sua perfuração.
Essa operação é de extrema importância para fases de perfuração e
144
tem grande impacto sobre a produtividade futura do poço (ASLAN,
2010).
A cimentação em algumas empresas no Brasil, a equipe do
Passadiço será envolvida diretamente, com o bombeio de cimento
para a unidade de cimentação, onde será criada a pasta, e por
seguinte enviada ao poço após a descida do revestimento de 20’’.
Essa operação é considerada crítica, por se tratar de uma operação
essencial nessa fase do poço.
Os oficiais, normalmente, DPO mais novo, auxiliado pelo
imediato ou comandante é o responsável por esta operação crítica,
no qual nos mostra mais uma vez uma responsabilidade atípica dos
oficiais de náutica. Vale lembrar que todos os oficiais devem ser
treinados e terem conhecimento básico da engenharia de perfuração
de poços. Para tal conhecimento as empresas estão treinando os
Oficiais embarcados em cursos do setor de perfuração e engenharia
de poços, garantindo a segurança em suas operações. Este fato,
torna o setor de perfuração, ainda, restrito à uma parcela pequena
de Oficiais/DPO que queiram entrar no setor.
4.7 PREPARAÇÃO PARA DESCIDA DE BOP
Com a finalização da cimentação e os testes de pressão que
são realizados afim de garantir a segurança e operacionalidade do
poço, após a instalação de alguns acessórios, como por exemplo a
Base adaptadora de produção podemos entrar no processo seguinte
que é a descida do BOP (Blow out preventer). O BOP submarino é
um conjunto complexo de sistemas de controle e dispositivos
mecânicos instalados em uma cabeça de poço submarina.
Os BOPs submarinos consistem em duas seções principais,
um pacote riser marítimo inferior (LMRP) e a Pilha inferior (BOP
Stack). Como observado na Figura 12, o riser faz a conexão da
plataforma ao LMRP, normalmente é composto por um BOP
anular, sendo este um sistema de controle e válvulas ativadas
remotamente, projetadas para liberar do riser. O LMRP se conecta
à pilha BOP, que consiste em vários preventores de gaveta e
também de válvulas de estrangulamento e interrupção.
145
O BOP é utilizado quando a pressão de formação se torna
superior à pressão de lama e ocorre um kick, conhecido no mundo
petrolífero como um chute do fluido. Esse chute é um fluxo não
planejado e descontrolado de fluidos de formação (água, gás, óleo)
no poço que, se não forem tratados, podem levar a uma perda de
contenção.
Durante o processo de preparação, a equipe os oficiais de
náutica em conjunto com a equipe do setor de eletrônica da
unidade, confirmam a calibração, posição e funcionalidade dos
sensores do sistema de ARA (Acoustic Riser Angle) e ERA
(Electronic Riser Angle).
O ERA tem como princípio medir a inclinação da Flex Joint.
Constitui-se em parâmetro fundamental para balizar os limites
operacionais da Unidade, inclusive como critério desde a entrada
no Estado Degradado até eventual desconexão de emergência; o
conhecimento desse ângulo possibilita efetuar correções na
superfície de modo a não extrapolar os limites de compensação dos
equipamentos acoplados à cabeça do poço.
Figura 10: Provável erro na posição indicada do ângulo do Riser.
Fonte: MAERSK TRAINING, 2023.
146
Por sua vez o ARA Sua função é a mesma do “ERA”, qual
seja medir a inclinação da “Flex Joint”, porém em geral tem menor
precisão. Existem 2 inclinômetros perpendiculares no interior do
módulo cuja leitura é transmitida para a superfície codificada. Estes
equipamentos são utilizados como parâmetros para monitoramento
da angulação dos Flex Joint / LMRP. Estas angulações são de
extrema importância para a própria operação quanto para uma
possível desconexão do poço. Esse monitoramento é realizado pela
equipe de DPO’s da unidade e está estabelecido no WSOG do poço.
Após a confirmação destes dados, o BOP, inicia sua descida
uma operação que envolve riscos, por se tratar de equipamentos
pesados, operação complexa que envolve todos os setores da
unidade. Durante o processo de descida, os DPO’s continuam
monitorando as condições ambientais, parâmetros de calado,
equipamentos e sensores de posicionamento. O imediato mantém
controle da estabilidade e parâmetros de segurança, assim como a
gestão da segurança das movimentações de carga a bordo, a fim de
garantir a integridade da sua equipe.
Com a chegada do BOP próximo ao leito marinho, teste de
pressão e fechamento de gavetas, são realizados antes da conexão,
inclusive teste de atuação utilizando o sistema hidro acústico do
passadiço como redundância. A equipe de marinha antes da
conexão do BOP, deverá verificar a proa favorável, que será uma
referência para possíveis mudanças de aproamento, operações com
embarcações e até mesmo prevendo futuras condições climáticas
adversas. Os DPO’s devem conhecer o campo de operação, e com
dados informados pelo cliente, no qual tem um estudo de
resultantes de forças ambientais naquele local, auxiliara na tomada
desta decisão do DPO.
Neste momento, prévio à conexão, o ROV estará de
prontidão no fundo observando testes de pressão do BOP e
aguardando a ordem da equipe do drilling e passadiço para iniciar
os movimentos para assentamento do equipamento. Confirmado
todos os dados, aproamento verificado, testes realizados a unidade
inicia os movimentos para conexão do BOP. As equipes se
147
baseiam-se nas imagens do ROV e em movimentos curtos,
encaixam o BOP à cabeça do poço iniciado. Com a unidade
conectada com o BOP, os parâmetros de ARA, ERA serão
constantemente monitorados durante todas as fases seguintes. Estes
ângulos e direções serão de extrema importância para a
continuidade ou interrupção da operação. Os dados de
operacionalidade estarão citados no WSOG e o Oficial de
náutica/DPO será o responsável por este monitoramento e
comunicação com a equipe da perfuração. O ROV poderá também
ser solicitado a qualquer momento para verificar estas informações
de ângulo e direção no BOP.
Toda a coluna de risers que vai conectada ao BOP gera um
peso e uma força na unidade que influencia tanto o sistema de
posicionamento quanto o calado da unidade, devendo ser
monitorado e compensado de acordo com a operação pela equipe
de oficiais. Os DPO’s também monitoram a parada ou partida de
qualquer gerador da unidade, devendo informar aos oficiais de
máquinas a necessidade ou parada dos equipamentos.
4.8 FASES FINAIS
Com o início do processo de perfuração com a utilização do
BOP, as atenções dos oficiais aumentam, pois há mais parâmetros
e menos margem de erro. Movimentos em sistema de lastro devem
ser informados ao setor de perfuração, pois durante esse processo,
tanques de retorno do poço são utilizados, e com essa imprecisão
em seu nível de retorno pode ser causado com movimentações de
lastro ou banda da unidade causando um falso kick interrompendo
assim perda de tempo operacional.
Durante as atividades de exploração em águas ultra-
profundas utilizando navios de perfuração, pode ocorrer uma
desconexão de emergência entre o Lower Marine Riser Package
(LMRP) e o Blowout Preventer (BOP) devido a condições
ambientais extremas. Para realizar a desconexão, o BOP possui
sistemas hidráulicos para fechar o poço e desconectar o BOP. A
desconexão do BOP não é instantânea, existe um intervalo de
148
tempo devido à descarga de líquido pressurizado dos
acumuladores. Este processo é conhecido como Emergency
Disconnect Sequence (EDS). Portanto, para evitar danos que
comprometam a sonda e as operações é importante conhecer o
tempo do EDS. Este estudo usa um modelo hidráulico para estimar
o tempo de resposta do corte e vedação para um duto de perfuração
dentro de umBOP, onde os principais elementos do sistema
hidráulico são garrafas de acumuladores, um regulador de pressão,
ram preventers, válvulas e conectores (SILVA, 2015).
A equipe do passadiço deve ser informado e manter-se
atualizada para qualquer tomada de decisão, pois dependendo da
situação ambiental, a unidade não consiga realizar a tempo a
desconexão segura. Por exemplo o EDS1, informa ao DPO que há
um equipamento (ex. BHA) em frente a gaveta no qual o BOP não
conseguiria cisalhar este equipamento, impossibilitando assim o
fechamento do poço em qualquer emergência. Vejamos abaixo o
exemplo.
Figura 11: Risco de integridade do poço.
Fonte: CHEN; SAETRE; JAHNSEN, 2015.
Os limites de verde, amarelo e vermelho são determinados
por um número de fatores, tais como a pressão do poço, tempo,
modelo do pacote de intervenção, a profundidade da água, etc. Se
o navio passa o limite de amarelo, operações de poço devem ser
interrompidas e o operador começa a se preparar para a
desconexão. Se o navio passa o limite vermelho, que é definida
149
como uma perda de posição incidente neste estudo de caso, Sistema
de Desconexão de Emergência (EDS) deve ser iniciado a fim de
desconectar o riser e fechando no poço usando o Blowout Preventer
(BOP). A falha de desconexão pode resultar em danos do
equipamento (por exemplo, quebra de riser), ou ao poço, que
poderá vir a ser um blowout (SILVA, 2015).
Os oficiais e supervisão do passadiço devem conhecer as
particularidades do seu BOP, o tempo de fechamento dos sistemas
de desconexão e também qual operação está em curso. Toda a
comunicação deverá ser entre o DPO/Oficial e a equipe de
perfuração. O tempo disponível para o operador DP intervir um
cenário de perda de posição é de grande importância quando o
limite de segurança vermelho seja determinado.
O processo de perfuração de poços com a utilização de BOP
é o mais longo, no qual os princípios de monitoramento e controle
são gerenciados principalmente pelos Oficiais responsáveis pelo
Posicionamento dinâmico do navio. Diversas operações são
realizadas durante a perfuração, como canhoneio, perfilagem, troca
de fluidos, e após a finalização temos a completação do poço.
4.9 COMPLETAÇÃO DO POÇO
A completação é a etapa de projeto de poço, posterior à
perfuração, que realiza a interface entre o reservatório e a unidade
de produção de petróleo. Esta transforma o poço em uma unidade
produtora ou injetora completamente equipada e com os requisitos
de segurança atendidos. Ao término da completação, o poço está
pronto para produzir óleo e gás ou injetar água ou gás, podendo
gerar receitas. A operação que marca o início da completação é a
troca do fluido de perfuração por fluido de completação, limpo e
livre de sólido (FURTADO, 2018).
As seguintes atividades fazem parte da operação de
completação e incluem: condicionamento do revestimento de
produção; limpeza e troca do fluido do poço por fluido de
completação, de maneira que impeça o fluxo indesejável flua do
reservatório para o poço; canhoneio da zona de interesse, instalação
150
de liners rasgados ou outro método de comunicação entre o
reservatório e o poço; avaliação da formação; estimulação do poço
ou redução do fator de dano; instalação de equipamentos como
coluna de produção, mandris, tubing hanger, down hole safety
valve (DHSV); retirada do blowout preventer (BOP) e instalação
da árvore de natal molhada (ANM). Após a conclusão destes
últimos itens, o poço estará concluído e todo o processo de retirada
de material, controles e monitoramentos continuam a ser realizados
pela equipe do passadiço (FURTADO, 2018).
4.10 SIMULADOS E CONTROLES DE EMERGÊNCIAS
Todos os Navios e Semissubmersíveis comportam um
número significativo de trabalhadores, chegando a um POB (pers
on onboard) superior a 200 colaboradores. Logo, como há uma
rotatividade constante a bordo, se faz necessário realizar diversos
treinamentos regulamentares. Semanalmente, são realizados
simulados de incêndio, abandono, homem ao mar e até mesmo de
Blow out. Adicionalmente, ainda há exercícios de desconexão de
emergência e controles de poço. Em todas os treinamentos, os
oficiais de náutica são peças essenciais nestes, decidindo o rumo
dos sinistros.
O comandante juntamente com sua equipe de oficiais, é o
responsável por todo esse gerenciamento e controle de
treinamentos. Atualmente, por motivos contratuais e o aumento da
segurança nas operações a bordo de uma embarcação, a carga de
simulados teve um aumento significativo, sobrecarregando o
Oficial mais moderno a bordo no qual terá que realizar e
acompanhar todos os treinamentos, além de suas atividades diárias.
Vale lembrar que os itens de segurança, salvatagem e integridade
que são utilizados tanto nos simulados quanto em uma emergência
ficam a cargo do gerenciamento do imediato da unidade, auxiliado
pelos oficiais que compõem o passadiço da unidade.
151
4.11 UNIDADES DE PRODUÇÃO - FPSO
4.11.1 Histórico
O início da utilização de FPSOs no mundo data dos anos 70,
quando a Shell construiu a primeira unidade flutuante offshore no
Mediterrâneo. A primeiro FPSO (Floating, Production Storage and
Offloading – Unidade flutuante de produção, armazenamento e
transferência) foi instalada pela Shell em 1977 no Campo de
Castellon, Espanha. Já no Brasil, a primeira foi a PP Moraes que
foi posta em operação em 1979 no Campo de Garoupa, na Bacia de
Campos e está em operação até os dias de hoje, mas foi rebatizada
e hoje é identificada por P-34. A formalização internacional do
termo “FPSO” é de 1992, mas bem antes disso, com o nome de PP-
Moraes, ela já produzia, armazenava e transferia petróleo.
Adaptado no fim dos anos 70, a unidade iniciou a operação na
Bacia de Campos, nos anos 80, no campo de Garoupa. Nessa época,
esse “avô” dos atuais FPSOs seguia regras aplicáveis à navios,
precisando retornar ao porto para vistorias após poucos anos, o que
limitava muito seu uso.
Depois disso, essa unidade pioneira produziu, modernizada,
nos campos de Albacora e Barracuda, em profundidades cada vez
maiores, já na década de 90. Com sua capacidade aumentada e
rebatizado de P-34, foi ainda o primeiro a produzir no pré-sal, em
2008, no campo de Jubarte, no Espírito Santo.
Figura 12: Navio Presidente Prudente de Morais (à esquerda) e
Plataforma P-34 (à direita).
Fonte: PETROBRAS, 2019.
152
Figura 13: Configuração submarina de um sistema de produção
offshore.
Fonte: COUTINHO, 2018.
Atualmente, com a dinâmica e o desenvolvimento de novas
tecnologias, já temos Plataformas FDPSO (Floating, Drilling,
Production Storage and Offloading) que são unidades flutuantes de
perfuração, produção, armazenamento e transferência) pode ser
considerada a unidade mais completa de todas, pois além de
processar e estocar o petróleo e realizar o offloading ela também é
capaz de perfurar o poço a ser explorado. Geralmente esta
plataforma é usada para perfurar o poço e o explora durante a fase
de teste. Quando tal período de teste termina, a FDPSO é
encaminhada para outro poço e uma outra plataforma é posta em
seu lugar a fim de dar continuidade à exploração do poço
petrolífero.
153
Figura 14: FDPSO Azurite em operação no Congo.
Fonte: QUINTÃO, 2014.
No brasil, o FPSO é o mais utilizado no desenvolvimento dos
Campos Offshore no Brasil, usado principalmente em águas
profundas e ultra profundas. Neste item vamos abordar as
atividades desenvolvidas por Oficiais de Náutica a bordo de
FPSO/FSO. Algumas funções podem ser adotadas por estes oficiais
nestas unidades como;
1. Marine Superintendent- Capitão
2. Cargo Supervisor- Imediato
3. Assistente Cargo Supervisor- Oficial de serviço
(Cargo Tech)
4. BCO- Controlador de Lastro.
4.12 PROPÓSITO DA FUNÇÃO
Osoficiais de náutica a bordo destas unidades marítimas são
responsáveis por diversas funções, dependendo da sua função. O
Superintendente é responsável por organizar e gerenciar
diretamente a equipe de carga na execução das operações diárias de
carga e marítimas, também sendo o elo principal entre os outros
154
departamentos internos, proporcionando o devido suporte para a
empresa e aos órgãos externos.
Os oficiais, são responsáveis ainda por assegurar que todos
os botes salva-vidas sejam mantidos em bom estado, certificados e
totalmente disponíveis, com pessoal competente para operá-los.
Como BCO (ballast control operator/Cargo Tech), o oficial deve
manter o controle de lastro ideal de acordo com o a operação
mantendo assim a integridade da estabilidade da unidade marítima.
Além disto, são responsáveis por relatórios diários, operações de
carga e descarga, atender e fazer cumprir requisitos de segurança a
bordo, treinamentos de segurança, gerenciamento de resíduo,
monitorar e manter medidas de prevenção como em questões contra
o controle de poluição.
4.13 ESTRUTURA NO FPSO
No início, as plataformas FPSO eram navios VLCC ou
ULCC transformados em plantas de produção capaz de separar e
tratar o fluido proveniente dos poços. Atualmente, os estaleiros já
constroem as plataformas especialmente para este fim. Nas FPSO's
comuns, parte do gás produzido é usado para a geração de energia
a bordo e outra parte é comprimida e enviada para terra através de
gasodutos. No entanto, há FPSO cuja finalidade é a produção do
gás natural. As unidades de produção são dotadas de equipamentos
específicos e sistemas estruturais para garantir a operacionalidade
de extração, estocagem e transferência do petróleo.
4.13.1 Sistemas de Offloading
O primeiro sistema de offloading a ser usado foi o a
contrabordo, ou seja, navio aliviador atracava a contrabordo da
unidade armazenadora, passava-se o mangote e a transferência do
óleo era realizada. Hoje em dia, os mais utilizados é o BLS (Bow
Loading System) e/ou o SOS (Stern Offloading System) Retirar.
Sistema de mangote de offloading na proa e na popa da unidade.
155
4.13.2 BLS – Bow Loading System (sistema de transferência pela
proa)
O BLS – Bow Loading System consiste no sistema de
conexão entre o aliviador e a unidade armazenadora FPSO, feito a
partir da proa ou popa. Nas figuras a seguir será possível verificar
a BLS do FPSO Overseas Cascade e a conexão do mangote no
BLS.
Figura 15: BLS do FPSO Overseas Cascade (à esquerda) e Conexão
do mangote no BLS (à direita).
Fonte: QUINTÃO, 2014.
4.14 ANCORAGEM DE UNIDADES FIXAS DE PRODUÇÃO
As plataformas são estruturas complexas e frágeis levando
em consideração que são estruturas metálicas expostas a um
ambiente corrosivo (por causa da salinidade inerente ao meio
ambiente marinho), muitas delas não possuem um formato que
favoreça a flutuação (como os navios, logo são mais propensas a
naufrágios e a bandas) e estão naturalmente estariam em constante
movimento devido às forças naturais, não permitindo que elas
fiquem estáticas.
Por essas razões, as plataformas necessitam de um ou mais
sistemas de ancoragem para que elas fiquem o mais estável
possível, diminuindo assim o risco de acidentes e poluição
156
ocasionadas pela ruptura de cabos e dutos contendo petróleo em
seu interior. No caso das plataformas fixas, a sua própria estrutura
assegura o seu posicionamento e fixação, não sendo necessário
nenhum dos sistemas de ancoragem descrito abaixo. Há dois tipos
de sistemas de ancoragem utilizados nas plataformas, a saber: a
ancoragem distribuída (Spread Mooring) e a amarração em ponto
único – (Single Point Mooring).
4.14.1 Ancoragem distribuída (spread mooring)
A Ancoragem distribuída ou Spread Morring é o sistema
mais utilizado quando necessita-se ancorar uma unidade produtora
ou armazenadora instaladas em regiões produtoras de águas
profundas, com condições ambientais moderadas e pouca variação
na direção das correntes oceânicas e dos ventos.
É feita mediante cabos presos ao fundo do mar mantendo a
tensão entre eles, de modo que a plataforma fique o mais estável
possível, não mudando usa posição (QUINTÃO, 2014).
Figura 16: Esquema de um spread mooring.
Fonte: QUINTÃO, 2014.
4.14.2 Amarração em ponto único (single point mooring)
No caso supra apresentado, o sistema de ancoragem
distribuída é utilizado em áreas de condições climáticas moderadas,
o que não é realidade na maioria dos campos petrolíferos, logo se
157
fez necessário um sistema que pudesse ser empregado em regiões
de condições mais severas. Nas regiões onde há muita variação da
direção das correntes marinhas e dos ventos é usado o sistema de
ancoragem de Amarração em Ponto Único ou Single Point
Mooring.
Este sistema consiste em um conjunto fixo de um único ponto
constituído por mancais de rolamento permitindo que a unidade
gire em torno deste ponto adequando-se à condição predominante
do ambiente no qual está inserido. Esta possibilidade de se adequar
às variadas mudanças ambientais permite que o terminal assuma
uma posição de equilíbrio sem sobrecarregar o sistema de
ancoragem. Este sistema de ancoragem é único, no entanto há duas
configurações utilizadas atualmente para empregá-lo.
O sistema pode ser instalado numa estrutura projetada para
fora do casco, geralmente na proa da unidade flutuadora; ou
internamente, por uma abertura feita na estrutura de seu casco.
(QUINTÃO, 2014).
Figura 17: FPSO Baobab Ivoirien MV10 - Cote d' Ivoire.
Fonte: QUINTÃO, 2014.
158
Figura 18: FPSO com sistema de ancoragem interna.
Fonte: QUINTÃO, 2014.
4.15 OPERAÇÃO DE ALIVIO (OFFLOADING) ENTRE
FPSO E NAVIO ALIVIADOR
Figura 19: Navio aliviador amarrado ao FPSO e com mangote
conectado.
Fonte: AUTOR (2023)
159
Figura 20: FPSO cidade de Angra dos Reis – MV22 Modec.
Fonte: AUTOR (2023)
4.16 PROCEDIMENTOS PARA REALIZAÇÃO DA
OPERAÇÃO DE ALÍVIO
4.16.1 Antes de uma operação de alívio
Deve-se iniciar um planejamento junto ao cliente,
informando primeiramente a data em que o navio deverá ser
aliviado, para desta forma, evitar o “top up” dos tanques, que em
casos extremos poderá provocar o fechamento do poço,
principalmente devido ao atraso do aliviador ou de condições de
mar adversas, por isso o cliente deverá estar sempre informado das
quantidades de carga nos tanques do navio. Assim que receber do
cliente o nome do navio e a quantidade nominal de carga a ser
aliviada, o Oficial deverá iniciar o planejamento e preparação para
da operação de alívio.
4.16.2 Plano de descarga
Nesta etapa, caberá ao oficial testar todas as possíveis
condições de esforços no casco do navio, levando-se em
consideração a quantidade de óleo a ser descarregada e a
quantidade remanescente necessária para a estabilidade do navio,
160
além da quantidade que será recebida nos tanques do FPSO durante
a operação, efetuando o “top up” dos tanques, que por sua vez, que
serão descarregados, deixando a carga em níveis semelhantes para
facilitar a descarga.
4.16.3 Checagem dos alinhamentos e testes dos equipamentos
Efetuar a segregação da carga e checar se existe água na
carga, caso positivo, fazer a transferência da água para outro tanque
não envolvido na operação de alívio, para esta operação deve ser
utilizada a trena UTI que mede ulagem, temperatura e interface, e
realizar os testes pré-operacionais das bombas de carga, carretel do
mangote, carretel do cabo Hawser, válvula de emergência, sistema
de gás inerte.
O oficial deve controlar a aproximação do navio aliviador e
o ETA na unidade para início da operação de amarração e informar
ao Mestre de Cabotagem no qual deverá preparar os cabos e
materiaisutilizados na manobra de amarração do navio aliviador;
4.16.4 controle de carga
Checar a carga nos tanques nominais a operação de alívio em
conjunto com o Cargo Surveyor do cliente, esta operação deverá
ser feita pelo bombeador em cada um dos tanques na presença do
surveyor em conjunto com o Imediato na sala de controle. E
confirmar com o cliente a quantidade de carga a ser descarregada.
4.16.5 Operação de aproximação do navio aliviador
O Oficial deve, após realização de checklists, autorizar a
entrada dos aliviador na zona de 500 metros da unidade e informar
a tripulação para guarnecer a área de manobra da unidade, que pode
ser proa/popa, definido anteriormente pelo Capitão do aliviador
baseado na previsão do tempo. O Oficial responsável pela manobra
deverá anotar no bandalho todos os horários e informações
161
referentes a manobra de amarração entrando em contato com a
máquina e informar uma hora para partida das bombas de carga.
Quando o aliviador estiver a 50 metros de distância, será
efetuado por sua tripulação o disparo da retinida para bordo da
FPSO, neste momento será iniciada oficialmente a operação de
amarração do aliviador, assim que a retinida chegar a bordo com
dois cabos guias, o FPSO irá retornar o cabo que conduzirá o cabo
Hawser que possui uma amarra nas extremidades que será
conectado no mordente do aliviador, assim que a amarra for
conectada ao mordente teremos o navio oficialmente amarrado ao
FPSO, o mesmo inicia sua movimentação para ré
(aproximadamente 200 metros) até atingir a posição de operação
em que o cabo hawser fique tensionado e acima da lâmina d’água.
Após isto, o FPSO passa pela segunda retinida o cabo guia
do mangote de offloading que começará a ser colhido pelo aliviador
iniciando a operação de pagar o mangote através do carretel até que
ele chegue até o sistema BLS de carregamento do aliviados e seja
conectado, assim que o aliviador informar que o mangote foi
conectado, será considerado o horário oficial de conexão do
mangote.
4.16.6 Alinhamento e bombeio da carga
O Oficial deve solicitar a máquina para passar o comando das
bombas de carga para o CCR e partir uma bomba. Assim que for
confirmada a conexão do mangote, o Imediato deverá iniciar o
alinhamento para realização do teste de pressão do mangote que
deverá ser informado ao navio aliviador para manter a válvula do
manifold fechada e não exceder 8 Bar por 30 minutos, após este
tempo, despressurizar o mangote para o tanque slop. Após o teste
de pressão do mangote finalizar, e solicitar ao aliviador para fazer
o alinhamento para o recebimento de água que será bombeado de
volta para o FPSO no final da operação para lavagem da linha de
mangote. A quantidade depende do tamanho do mangote de cada
unidade (média de 250 m3).
162
Assim que for enviado a quantidade de água pré-
estabelecida, informar o navio que será iniciado o “line
displacement” (deslocamento da água do mangote com óleo), em
torno de 150 m3. Assim que confirmar a quantidade deslocada, o
Oficial deverá confirmar o fechamento da válvula de descarga da
bomba e solicitar ao aliviador para fazer o alinhamento para os
tanques de carga, informando ao técnico de medição do FPSO para
iniciar o medidor de vazão de bordo (flow meter). Assim que o
aliviador informar que o alinhamento está pronto, o oficial deve
abrir a válvula de descarga e iniciar o bombeio do óleo, informar o
cliente, OIM, Capitão e o navio aliviador o horário do início da
operação de offloading.
4.16.7 Controles e monitoramentos durante a operação
O oficial deverá supervisionar e realizar o print do “ullage
report” no computador de carregamento na condição de início de
operação, solicitar a inicialização do sistema de gás inerte e
observar os parâmetros de oxigênio. Partir a segunda bomba de
carga, confirmar se o navio está recebendo carga manter a vazão
baixa acordada com o aliviador até que o oficial do navio confirme
o recebimento e solicite o aumento da vazão, desta maneira,
atingindo a vazão que é estabelecida em contrato.
Após o sistema estabilizado, o oficial de serviço deverá
observar parâmetros de: direção e velocidade do vento,
temperatura, bsw, salinidade, gás inerte, tensão no cabo hawser,
esforços no casco do navio que serão inseridos em planilhas
referentes a operação de alívio, além disso deverá trocar com o
aliviador a quantidade total bombeada de hora em hora. Importante
salientar que durante a operação, o Oficial de serviço no CCR
deverá monitorar também através de um vigia designado na proa
da unidade, o posicionamento do navio aliviador, do cabo hawser
e do mangote, informando caso o navio esteja assumindo uma
posição de risco para a operação que se ocorrer será necessário
solicitar a paralização da operação e desconexão do navio.
163
A equipe de controle (Oficiais de náutica) deve garantir que
o bombeador de serviço realize rondas horárias na casa de bombas
e correr a linha desde a casa de bombas até a proa da unidade. E
manter vigilância nos parâmetros de gás inerte que não deverá
exceder a quantidade de oxigênio definida para manter a atmosfera
do tanque inertemanutenções a bordo na área de salvatagem, como
balsas, boias, baleeiras, e até mesmo na parte de segurança como
extintores e manutenção nos postos de incêndio, mas normalmente,
estes oficiais estão mais envolvidos diretamente na operação.
Muitos fatores devem ser levados em conta ao preparar o
planejamento detalhado da inicialização de uma operação de
perfuração assim como em operações em unidades de produção. O
Oficial deve estar familiarizado com detalhes do local de trabalho
e da tarefa em mãos. Em muitas operações a embarcação está
simplesmente fornecendo uma plataforma de trabalho para
operação do cliente, mas é essencial que equipes marítimas estejam
familiarizadas com os detalhes da operação, juntamente com
qualquer possível perigos para que possam ser mitigados e
mantenham segurança operacional, pessoal, ambiental do processo.
Podemos observar que as operações de plataformas de
petróleo são bastante complexas assim como em unidades de
165
perfuração, Nas unidades de produção FPSO/FSO, o Oficial de
Náutica possui outras responsabilidades como manutenção do
helideck do navio, palamenta das baleeiras, controle de publicações
náuticas, inventário de material de içamento, disposição de cargas
no deck, operações de transferência de pessoas por cesta,
supervisão de entrada em espaço confinado.
As operações de marinha em um FPSO são essenciais para o
funcionamento do navio e toda tripulação necessita de treinamentos
específicos destinados as unidades de produção de óleo e gás, além
de cursos específicos da área de Marinha Mercante, o Oficial de
Náutica também tem a função de repassar os procedimentos da
empresa relacionados a operacionalização do navio, bem como
disseminar a cultura de segurança da companhia de acidente zero
com toda a tripulação sob seu comando.
166
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https://drillingcontractor.org/drill-riser-buoyancy-design-helps-to-expand-Levando esse tema para o cotidiano das embarcações
offshore, podemos citar como principal papel desempenhado pelos
líderes o gerenciamento de equipes, ficando a cargo do Chefe de
Máquinas no setor de máquinas e o Imediato no setor de Câmara e
Convés, ambos subordinados às ordens do Comandante da
embarcação.
A rotina laboral desses profissionais tem como escopo a
administração de suprimentos para a embarcação, cuidado e
conservação das instalações, promover reuniões e treinamentos
com o intuito de preparar melhor sua tripulação aos mais diversos
cenários possíveis, prezar pela segurança na navegação e operações
com as unidades marítimas, dentre outros atributos.
No cenário atual, a busca pela excelência e desempenho
pressiona a todos e principalmente aos líderes e gerentes a
adotarem medidas mais assertivas que visem demonstrar maior
produtividade e resultados positivos.
16
As relações interpessoais nesse ambiente atípico tornam-se
ainda mais desafiador, devido ao confinamento, distância de casa e
forte estresse ocasionado pelas mais complexas operações. Nesse
contexto, os conceitos e lições sobre como motivar e engajar as
equipes em prol de um resultado em comum é de grande relevância
para a organização como um todo, quer seja nos escritórios em
terra, embarcações, quer nas unidades de prospecção de petróleo
em alto-mar.
Figura 2 – Treinamento de Abandono
Fonte: Autoria própria dos autores (2023).
Chiavenato (2003, p. 122) define liderança como sendo um
“processo que influência e induz o que uma pessoa exerce sobre
outras conforme a necessidade e situação, que as levam a realizar
um ou mais objetivos”. Liderar um grupo, organização ou uma
equipe é a capacidade de conseguir influencia-los para alcançar
metas comuns.
A liderança eficaz tem o foco em pessoas e nos seus
comportamentos, isso cria condições para que o lider faça a leitura
correta de cada situação e consiga retirar de seus subordinados o
melhor em relação ao desempenho de cada um.
O Comandante a bordo de uma embarcação tem que saber
lidar com seus subordinados tornando o ambiente mais tranquilo e
amigável para se trabalhar, mas pra isso ele precisa saber como
17
lidar com as pessoas e ter habilidades para contornar qualquer tipo
de problema que possam ocorrer a bordo.
Contudo é importante ressaltar que cada pessoa possui um
comportamento e isso deve ser conhecido pelo seu lider, para que
a tomada de decisão seja correta e assertiva, porque uma liderança
eficiente é considerada um caminho de sucesso dentro de uma
organização, empresa, embarcação e etc.
Podemos então concluir que o bom líder é o primeiro
servidor. Eles buscam encontrar e satisfazer as necessidades de sua
equipe. Dando o exemplo e contribuindo para o crescimento
pessoal de cada um. A hierarquia se baseia pelo exemplo e
compreensão de atingirem o objetivo final e/ou meta e não por
medo de coerção e punição.
A principal diferença entre um líder e chefe é exercer sua
autoridade por influência e exemplo e não por medo e punição.
Apontar as falhas em particular, elogiar em público e formar uma
equipe para atingir a meta em comum. Seja de um empresas ou
embarcação. Tendo assim uma maior satisfação, empatia e
desempenho. Uma vez que são exaltadas as habilidades individuais
de cada colaborador.
O estilo de liderança trata sobre a forma como o líder se
relaciona com sua equipe - no caso do Comandante -, com a sua
tripulação e como administrará de sua autoridade. Ou seja, os
estilos estão diretamente relacionados à forma como o líder orienta
e lida com seus subordinados, seu comportamento e sua conduta
(CHIAVENATO, 2007). Existem tipos diferentes de lideranças e
estas apresentam vantagens e desvantagens. O que se chama de
“estilo” é como nós, como líderes, nos portamos constantemente
em relação aos nossos liderados. Essa forma de liderar, como um
comportamento padrão, pode estimular proatividade, bem-estar
geral da equipe, segurança ou prejudicar o resultado, confiança e
cooperação do time. Dessa forma, é preciso ter atenção às
diferenças e pontos positivos e negativos de cada estilo de
liderança.
18
Os principais estilos segundo Chiavenato (2007) são:
autocrático, democrático e liberal. A partir do momento que se
entende qual é o padrão de liderança de cada um, pode-se
identificar, assim como pode-se moldar e melhorar algumas
atitudes e abordagens junto a equipe em diferentes situações do dia
a dia. A tendência é que cada líder possua um comportamento
padrão, caracterizado pela prevalência de um dos fatores. Alguns
pontos podem ser observados, como centralização de decisões,
participação dos colaboradores nos processos e como permite
liberdade para o time. É de suma importância que os líderes
conheçam de perto cada um de seus liderados, suas qualidades e
carências. Dessa forma, um líder pode compreender as aspirações
e deficiências de cada liderado, podendo motivar e dar suporte a
cada liderado de forma individual. Uma das formas do líder ganhar
o respeito, parceria e confiança dos seus liderados é acreditar e
investir no crescimento profissional e pessoal de cada liderado.
A liderança autocrática é caracterizada pela centralização de
decisões de forma mais rígida e ordens mais impositivas aos
colaboradores. Dessa forma, as diretrizes e forma de trabalho são
definidas e fixadas exclusivamente pelo líder. Assim, o líder segue
dividindo as atividades não havendo quaisquer participações dos
liderados nas escolhas.
Todo o fluxo de trabalho depende da participação e
determinação do líder para ser executado. O modelo liberal é o
oposto. Neste, é aplicada a autogestão, permitindo que a equipe
tome as decisões e use os meios que julgar mais adequados para
executar as tarefas do dia a dia. Sendo assim, o líder se demonstra
totalmente flexível e aceita opiniões, raramente se envolvendo nas
discussões e assim por muitas vezes dispensando o papel de
supervisor da equipe. Qualquer informação ou orientação para o
time é obtida apenas se um colaborador solicitar. Essa forma de
gestão é marcada pelos liderados definirem a divisão de tarefas e
das equipes de trabalho.
Já na liderança democrática, o líder é responsável pela
condução e orientação dos times, mas as decisões são tomadas
juntamente com os liderados. O líder se mantém totalmente
19
participativo e atuante em todas as atividades, no entanto desce do
papel de chefe autoritário e se torna um membro da equipe. Quando
a equipe se encaixa nesse tipo de gestão pode-se observar um clima
de satisfação que agrega no comprometimento da equipe mesmo na
ausência do líder. O foco é a atuação conjunta de comandantes e
comandados, unindo conhecimentos e experiências na busca de
soluções e formas de trabalho mais fáceis para ambos. As diretrizes
são discutidas com todo o grupo reunido, onde todos têm voz ativa,
sendo tudo assistido pelo líder.
A tendência é que as metas sejam alcançadas de forma fluida
onde cada membro da equipe conheça e se esforce relativo às suas
atribuições. A própria equipe normalmente traça as estratégias para
alcançar os objetivos, e o líder acompanha tudo, interferindo e
orientando quando necessário. Nesse estilo de liderança não é
incomum o líder conquistar o respeito da equipe. Podendo haver
também vínculos mais próximos entre o líder e liderados, relações
de amizade ou simplesmente cordiais e harmônicas, mas nunca
comprometendo o resultado final do trabalho.
Tomar decisões e escutar os colaboradores faz parte da rotina
de um líder. Chiavenato analisa três fatores para definir quais
estilos de liderança são mais adequados em cada momento. A
primeira variável a ser analisada é a tarefa que será executada.
Geralmente, o líder tende a intervir menos em ações de rotina ou
de pouca importância.
Outra variável é comodrilling-rig-operating-envelope-in-high-current-conditions-56248. Acesso
em: 02 set. 2023.
171
5 Operações de embarcação RSV na inspeção de
dutos flexíveis e o papel do oficial de náutica
durante toda a atividade de preparação,
aproximação e finalização do projeto
Carlson Erasmo De Oliveira Sales
Emerson Torres Nascimento
Samuel Norberto De Moura
Telsangenes Diogenes Freire
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo descrever a atividades
de inspeção de dutos flexíveis realizadas por uma embarcação RSV
(Remotely Support Vessel), com ênfase na atuação do DPO durante
o processo de preparação da embarcação para entrar em DP,
aproximação e entrada nos 500 metros de FPSO (Floating
Production, Storage and Offloading) e comunicação eficiente com
os departamentos da embarcação. A inspeção de dutos que se inicia
no poço e vai até a boca de sino da plataforma é amplamente
utilizada para avaliar as condições da linha e do suporte no qual a
linha está conectada. A avaliação é detalhada e feita pelo
ROV(Remoted Operated Vehicle) nela são analisadas as condições
de corrosão do suporte, vazamentos na linha e condições de
travamento no poço. O estudo detalha as fainas envolvidas nesse
processo ao abordar os procedimentos de preparação da
embarcação, a comunicação eficiente com os departamentos do
projeto, máquinas e passadiço, os principais desafios enfrentados
durante a fase de aproximação e permanência próxima a unidade.
A análise é baseada principalmente nas experiências práticas
adquiridas ao longo dos anos a bordo de embarcações RSV e de
revisão bibliográfica. Os resultados demonstram a grande
importância do RSV e de sua tripulação na sua função fundamental
172
de assegurar uma inspeção precisa dos das linhas de produção e
garantir a continuidade de produção das FPSOs.
Palavras-chaves: RSV; ROV; FPSO; Inspeção; Oficial de
Náutica
173
5.1 INTRODUÇÃO
As FPSOs são plataformas que permitem a produção,
armazenamento e transferência de petróleo e gás em águas
profundas. Elas recebem linhas flexíveis para ativação do poço e
produção, todas conectadas em sua boca de sino até o poço.
Estas linhas permanecem conectadas por um longo período e
sua inspeção de integridade é essencial para garantir que a
produção continue sem riscos de danos ambientais.
As embarcações RSV atuam nesta inspeção utilizando
veículos controlados remotamente com câmeras de alta resolução.
Ele fornece detalhes das condições das linhas, atua em válvulas e
com apoio da embarcação pode se aproximar das FPSO para coletar
informações precisas conforme solicitação do cliente.
Este tipo de operação requer uma equipe bem treinada e
integrada nas fases da operação e a equipe do passadiço formada
pelo Comandante, Imediato e DPOs tem a decisão final na
continuidade da operação.
A comunicação entre máquinas, passadiço e projeto irá
determinar o sucesso da operação.
5.2 PREPARAR EMBARCAÇÃO RSV PARA
OPERAÇÃO DE PIDF-5
A operação PIDF-5 consiste em fazer uma inspeção de dutos
flexíveis do poço até a boca de sino da plataforma. Essa inspeção
detalhada é feita com o ROV em etapas, analisando qualquer dano,
obstrução, posição e vazamentos no duto.
Uma embarcação RSV ao chegar na locação do projeto
deverá se preparar para entrar em DP (Dynamic Position), nesta
etapa devemos realizar checklists que variam dependendo da
embarcação e da empresa na qual atua. Estas verificações devem
ser feitas de forma completa e no tempo estabelecido pelo cliente.
Os parâmetros no qual uma embarcação pode ou não iniciar
uma operação DP estão definidos no CAM (Critical Activity
174
Mode) e os parâmetros no qual a embarcação deve interromper
operação caso haja alterações sejam meteorológicas ou de
equipamento estão definidos no ASOG (Activity Specific
Operation Guidelines).
Dada a extensão destas verificações e o tempo cada vez mais
reduzido para realizá-las pode haver erros ou negligência em seu
preenchimento. Os DPOs devem ter total atenção em seu
preenchimento e ter em mente que a segurança da operação está a
frente de qualquer cláusula contratual referente a tempo. Entretanto
ser descontado por tempo e ter prejuízo por demora em verificações
devem ser evitados. A equipe do passadiço, máquinas e do projeto
devem se preparar e planejar as operações com antecedência,
diversos pontos das verificações podem ser preenchidos pouco
antes da chegada e quanto mais familiarizado com o equipamento
e integrada a equipe for melhor será a preparação.
Quadro 1 – ASOG do Seven Rio
Fonte: Seven Rio
175
Quadro 2 – CAM de embarcação RSV
Fonte: Norskan Offshore
O lançamento do ROV na água é um momento que requer
muita atenção por parte da equipe de operações, do ROV e do
passadiço. A depender da direção e intensidade da corrente este
lançamento pode ser muito perigoso pois há o risco de ao tocar na
água o veículo ser levado para os propulsores da embarcação
causando perdas significativas para a operação por danos ao
veículo e ao propulsor resultando em penalizações. Para evitar estes
riscos, a operação e a equipe do ROV perguntam ao passadiço a
direção e intensidade da corrente que deve ser informada baseada
no DP, equipamentos instalados nas embarcações e bóias de
medição próximas.
176
5.3 PREPARAR AO INICIAR APROXIMAÇÃO DA
PLATAFORMA
Após as verificações iniciais a embarcação pode ser
solicitada a entrar nos 500m da plataforma ou FPSO. A operação
de inspeção de dutos flexíveis pode começar no poço ou direto na
boca de sino da plataforma. O pessoal de projeto recebe a ordem de
serviço do cliente discute com os demais departamentos e caso seja
necessária a entrada nos 500 metros novas verificações e ações
devem ser tomadas pelo pessoal do passadiço e máquinas.
Para cada tipo de operação existe um CAM e um ASOG a
serem seguidos. Os DPOs e a equipe de máquinas devem saber e
ter como consultar a configuração de DP e máquinas que será
utilizada na ocasião de entrada nos 500 metros da FPSO ou
plataforma. Sabendo previamente que esta entrada será na chegada
parte desta preparação pode ser feita já no checklist de chegada e
colocação em DP, daí a importância de reuniões prévias e uma boa
comunicação entre os setores. O teste de deriva é crucial antes da
entrada nos 500 metros pois ele irá mostrar para onde a embarcação
irá derivar caso haja perde total de propulsão ou referências. Há
situações em que a embarcação já está com ROV na água antes da
entrada nos 500 metros e o teste de deriva nestas situações não é
possível. Para realizar este teste as embarcações possuem instalado
no DP uma ferramenta que irá simular o movimento da embarcação
baseado nas condições atuais caso haja perda de propulsão. Estes
dados podem ser usados para definir a direção da deriva.
177
Figura 1 ‒ Tela do Motion Prediction
Fonte: Arquivo pessoal dos autores (2023)
A aproximação de plataformas requer autorizações
específicas e um protocolo de aproximação. Nele irão constar o
bordo de operação, as áreas de descarte de gás, aproamento, direção
da corrente e vento, rota de fuga e distância entre embarcações.
Além do protocolo devemos preencher verificações de entrada nos
500 metros e verificações de precaução quanto a possível presença
de gases provenientes da FPSO/Plataforma.
Figura 2 ‒ Plano de Aproximação
Fonte: Norskan Offshore
178
Após concluído os checklists e recebida autorização da
plataforma por rádio, a embarcação deve entrar na zona de 500
metros até o ponto designado pelo pessoal de operações, nesta fase
o ROV já pode estar na água ou não.
5.4 IDENTIFICAR OS RISCOS DA APROXIMAÇÃO DA
PLATAFORMA
O lançamento do ROV geralmente é feito com a embarcação
fora da zona de 500 metros. O motivo para tal ação é que adepender
das condições de corrente e vento a embarcação RSV pode fornecer
sombra para o seu lançamento e evita riscos de contato com
equipamentos submersos como as linhas ou amarras de ancoragem.
Para fornecer sombra a embarcação RSV deve estar afastada da
FPSO para mitigar riscos de abalroamento.
Ao se aproximar da FPSO o operador DP deve saber o
aproamento da FPSO e se ele é fixo ou não. A situação na qual esse
aproamento não é fixo requer uma atenção maior pois o risco de
colisão é grande a depender em que área está sendo feita a inspeção
dos dutos. Uma análise criteriosa de vento, corrente e variação
deste aproamento da unidade devem ser levados em conta pelo
operador e uma rota de fuga deve ser definida previamente caso
haja mudanças.
Os sistemas de referências devem ser posicionados
previamente, antes da entrada nos 500 metros. A reunião com o
pessoal de projeto definindo exatamente o ponto que será
inspecionado pelo ROV dará uma noção exata do melhor
posicionamento deste sistema. Caso algum destes sistemas não
funcione ou pare de funcionar o DPO tem a obrigação de contactar
o pessoal da plataforma ou FPSO e pedir pelo reposicionamento.
No caso de plataformas Turret (proa móvel) deve-se configurar o
DP com sistema de referência relativo no modo follow target e ficar
atento a reação do mesmo em mudanças bruscas de proa
ocasionadas pela corrente e vento. Como muitas vezes não
podemos mover durante operação com ROV o modo follow target
pode não ser aceitável, em situações como essa o operador DP deve
179
ficar atento as mudanças de aproamento e solicitar o cancelamento
da operação se houver riscos. Algumas unidades possuem
embarcações AHTS (Anchor Handling) para impedir esta variação
de proa das unidades, o DPO deve ficar atento a estas embarcações
e verificar sempre se ela está sendo capaz de manter o aproamento
das FPSOs.
Figura 3 ‒ Monitores do DGPS
Fonte: Arquivo pessoal dos autores (2023)
Figura 4 ‒ Tela dos Sistemas de Referência Relativo
Fonte: Arquivo pessoal dos autores (2023)
Em situações de grande proximidade com a plataforma a
atenção quanto aos parâmetros do DP definidos no ASOG devem
ser respeitados. Uma rota de fuga definida em conjunto com o
pessoal do projeto deve ser estabelecida e seguida em caso de
deterioração do sistema de DP. Esta reunião deve prever a direção
que será seguida para se afastar da unidade visto que há muitos
obstáculos submarinos nos quais o ROV pode ficar preso caso
tenha um movimento da embarcação não planejado.
180
Figura 07: Proximidade da plataforma
Fonte: Acervo pessoal (2023)
Os riscos de gases podem continuar a existir mesmo após
confirmação das unidades de produção sobre paradas de descarte.
O protocolo de aproximação assinado não é garantia de ausência de
gases. A frota nos últimos anos recebeu alertas de contaminação de
gases provenientes de FPSOs causado por falhas de comunicação
em troca de pessoal e manobras erradas da tripulação da FPSO,
portanto medidas devem ser tomadas para mitigar estas
ocorrências, são elas:
• Fechar ventilações.
• Instalar detectores de gases na parte externa da embarcação.
• Limitar circulação no convés para ter somente pessoal
envolvido em algum trabalho.
• Acesso ao convés portando detectores de gases e máscara
com filtro para fuga.
• Sistema de ar condicionado somente para circulação
interna.
• Equipamento de respiração autônomo pronto para uso.
Durante a operação próximo a unidades FPSOs a equipe do
passadiço deve se manter atenta a mudanças de intensidade e
direção do vento. Todo o trabalho deve ser iniciado com o vento
181
soprando qualquer possível descarte de gás na direção oposta da
embarcação RSV, caso tenha alguma mudança nesta direção do
vento o trabalho deve ser parado e reavaliado para continuar.
Também deve-se ter atenção a intensidade do vento, em situações
de intensidade menor que 10 nós este gás não irá dissipar e a
direção dele não será suficiente para evitar o possível descarte,
podendo afetar assim a embarcação RSV.
Figura 08: Display do sensor de vento
Fonte: Acervo pessoal
Figura 09: Boletim Meteorológico
Fonte: Tetra Tech
182
5.5 COMUNICAÇÃO ENTRE DEPARTAMENTOS
O trabalho do DPO em uma embarcação ROV começa com
uma boa comunicação com o pessoal de projeto e máquinas. Todas
as movimentações da embarcação são passadas ao passadiço por
um coordenador do projeto e devem ser confirmadas pelo
passadiço antes de ser realizadas. Esta confirmação é de suma
importância pois muitas das vezes os coordenadores não estão
cientes de embarcações próximas ou proximidade da unidade. A
confirmação do movimento evita erros que podem custar milhões
seja por dano a um poço ou ao ROV.
No passadiço temos ferramentas que auxiliam a
comunicação entre os departamentos. Algumas embarcações
possuem o sistema clearcom, nele não há interferências de outras
embarcações. A identificação do receptor e do emissor da ordem é
de suma importância para garantir que a ordem está sendo
transmitida pro departamento correto.
Figura 10: Sala de controle do ROV
Fonte: Acervo Pessoal (2023)
183
Figura 11: Sala de Operações
Fonte: Acervo pessoal (2023)
Figura 12: Cadeira de Operações do DP
Fonte: Acervo Pessoal (2023)
184
Figura 13: Microfone do sistema de comunicação
Fonte: Acervo pessoal (2023)
Em situações de emergência DP a embarcação possui o
sistema de status light, o DPO deve alterar esta luz seguindo o
ASOG da embarcação e o pessoal de projeto e máquinas deve estar
familiarizado com a ações a serem tomadas de acordo com a luz
acionada.
Figura 14: Condições de status do ASOG
Fonte: Norskan Offshore
Luz verde (Status normal): Operações normais, nenhuma
ação deve ser tomada.
Luz azul (Status Consultivo): Deve ser conduzida uma
análise para determinar se a operação pode continuar ou deve ser
185
suspensa. Comandante, praça de máquinas, passadiço, offshore
manager, cliente e instalação offshore devem ser notificados.
Luz amarela (Status reduzido): A operação deve ser parada
e os procedimentos de contingência devem ser iniciados para
agilizar o fim da operação. Preparação para desconexão e
recolhimento de equipamentos submarinos. Mover-se para posição
segura ou sair dos 500 metros caso estiver desconectado.
Comandante, praça de máquinas, passadiço, offshore manager,
cliente e instalação offshore devem ser notificados.
Luz vermelha (Status de emergência): Deve-se tomar
ações imediatas, iniciar desconexão e recolhimento de
equipamentos na água. Sair dos 500 metros quando estiver
desconectado e sem equipamentos na água. Comandante, praça de
máquinas, passadiço, offshore manager, cliente e instalação
offshore devem ser notificados.
Figura 15: Alerta do DP
Fonte: Acervo pessoal (2023)
186
O DPO deve estar atento as ordens recebidas. Entender cada
passo da operação é fundamental para evitar erros. Todos estão
suscetíveis a cometer falhas, ordens recebidas que geraram dúvidas
devem ser questionadas até estarem claras para ambos setores.
Entender cada fase da operação é essencial para uma operação
segura e eficiente e reuniões constantes entre todos os
departamentos fazem parte dos procedimentos de uma operação de
RSV.
Figura 16: Formulário de reunião pré-trabalho
Fonte: Norskan Offshore
187
5.6 FINALIZAR A OPERAÇÃO
O DPO ao finalizar a operação com o RSV deve se preparar
para o recolhimento do mesmo e saída dos 500 metros da
plataforma.
O recolhimento do ROV requer as mesmas precauções do
seu lançamento, entretanto as condições de corrente podem ter se
alterado e requer novas informações a serem passados para o
pessoal de operação pelo oficial de náutica.
Ao iniciar afastamento da plataformao DPO deve ter em
mente que a embarcação pode sofrer mudanças de condições de
vento e corrente por estar atuando previamente em zona de sombra
causado pela plataforma. Estas alterações podem afetar o
comportamento da embarcação, portanto um afastamento
controlado e em pequenas etapas se faz necessário.
O sistema de referência instalado na plataforma irá sofrer
alterações, portanto ao iniciar afastamento o monitoramento deles
deve ser redobrado e o DPO deve estar pronto para desabilitar
quando este não estiver confiável.
Ao sair dos 500 metros da plataforma o oficial de náutica
inicia o checklist de saída no qual irá preparar a embarcação para o
próximo projeto e deslocamento com navegação, algumas
empresas possuem checklists para esta saída.
5.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As novas descobertas de petróleo têm sido cada vez mais
em águas profundas e ultraprofundas, o que tem provocado toda
uma revolução tecnológica, tanto nos projetos de plataformas e
sistemas de ancoragem, quanto no desenvolvimento de novos
produtos e principalmente de linhas flexíveis capazes de atender às
cargas e condições de trabalho impostas. As embarcações RSV irão
continuar trabalhando para monitoramento destes equipamentos
para garantir que estão em bom estado de conservação atendendo
as normas vigentes.
188
É fundamental que haja uma boa comunicação entre todos
os setores envolvidos para que a tarefa seja feita com segurança e
eficácia.
189
REFERÊNCIAS
IMCA. IMCA M220 – Guidance on Operational Activity
Planning. Disponível em: https://www.imca-
int.com/product/guidelines. Acesso em: 16/08/2023.
IMCA. DP Operations Guidance. Disponível em:
https://www.imca-int.com/product/guidelines. Acesso em:
15/08/2023.
IMCA. MSC 645 GUIDELINES FOR VESSELS WITH
DYNAMIC POSITIONING SYSTEMS. Disponível em:
https://www.imca-int.com/product/guidelines. Acesso em:
16/08/2023.
IMCA. IMCA M103 – THE DESIGN AND OPERATION OF
DYNAMICALLY POSITIONED VESSELS. Disponível em:
https://ww.imca-int.com/product/guidelines. Acesso em:
16/08/2023.
190
191
6 Navios Porta containers: Responsabilidade dos
Oficiais de Náutica nas operações em portos
brasileiros.
Antonio Maria Da Silva,
Marcos Barboza De Andrade
Rubilar Peres Silveira
Waldir Miralha
RESUMO
Neste estudo, exploramos as operações de contêineres,
traçando sua origem, evolução e os impactos significativos que
influenciaram a história contemporânea da humanidade. Com
destaque para a dimensão nacional e internacional dos serviços
portuários, este trabalho se aprofunda na complexidade da logística
envolvida na movimentação de carga em escala global. A
finalidade deste estudo consiste em citar as operações de
carregamento e descarregamento, enfatizando a eficácia do
transporte de cargas em navios full container nos dias de hoje, bem
como ressaltando a importância das medidas de segurança e da
prevenção da poluição ambiental, em estrita conformidade com as
normas regulatórias em vigor. O avanço global do mercado e a
progressão constante dessas embarcações, com capacidade para
transportar enormes volumes de carga, desempenham um papel
crucial no impulsionamento do comércio mundial e no
desenvolvimento do setor de transporte de mercadorias em escala
global. Além disso, exploramos os desafios enfrentados pelos
portos brasileiros, para acompanhar o crescimento no transporte de
produtos em contêineres. Isso abrange a logística de atracação e
desatracação de navios, bem como os obstáculos que os serviços
portuários e de praticagem enfrentam na busca por tornar o custo-
benefício mais viável. Vale ressaltar que o Brasil se encontra entre
os países com custos mais elevados nesse setor em escala mundial.
Dentro desse contexto, discutimos a importância essencial de
investir em infraestrutura portuária para atender à alta demanda de
192
produtos provenientes de portos brasileiros e internacionais. Esses
investimentos são fundamentais para estabelecer um suporte
logístico eficiente e competitivo que atenda às necessidades do
mercado.
Palavras-chaves: Conteiner; Navio; Logistica; Transporte;
Atracação
193
6.1 INTRODUÇÃO
Com o crescimento do comercio internacional e a
globalização, notou-se que os portos organizados, tiveram que
fazer consideráveis mudanças para acompanhar esse volume de
mercadorias que são transportadas ao redor do mundo em especial
o Brasil. Desta forma, empresas que operam na cabotagem, tiveram
que acompanhar esse volume de carga transportada, para
transportar essas mercadorias até os mais diferentes lugares, se
transformando em empresas multimodais ao longo da costa
brasileira.
Neste caso e com a precisão de transportes em um menor
espaço de tempo, navios FULL CONTAINERS, foram
desenvolvidos e especializados no transporte de container e cargas
especificas, e abastecendo essas empresas de navegação, para
facilitar o transporte e atender a demanda.
Hoje com esse aumento constante de carga, já se tem navios
que atingem números impressionantes, como é o caso do navio
HMM Algeciras, com capacidade para 23.964 mil TEUs (Twenty
foot Equivalente Unit), com 400 metros de comprimento e 61
metros de largura, pertencente a empresa Hyundai Merchant
Marine (HMM). Isso tudo com intuito de Menor duração nos portos
e maior volume de carga movimentada, apesar de que os portos,
não tem ainda estrutura que atenda tamanha demanda para atender,
problemas com valores de taxas portuárias elevados, torna o custo
de serviço portuário no Brasil, um dos mais caros do mundo.
No Brasil mais especificamente os portos, ainda necessitam
de algumas melhorias para poder acompanhar a alta elevação de
movimentação de container, tais como pontualidade, melhoria com
os equipamentos de operação, estrutura e espaço geográfico
precisam ser aumentados, canais de acesso aos portos dragagem
para aumento de calado etc. o transporte de container no mundo
vem crescendo em alta velocidade, hoje em dia praticamente todo
tipo de mercadoria e transportada através de container, fazendo
pequenas e grandes viagens até chegar ao destino final.
194
O elevado tempo de estadia indica uma possível baixa
capacidade operacional dos portos brasileiros e/ou
baixa produtividade das operações portuárias,
denotando claramente a necessidade de investimentos
pesados; O alto custo para exportação de contêiner no
Brasil reduz a competitividade do produto nacional de
maior valor agregado (Dantas, 2013, p. 17).
Araújo (2010, p. 10) reforça a importância do Sistema
Portuário Brasileiro nas relações comerciais internacionais, mas
corrobora a necessidade de modernização para atender as
demandas cada vez mais exigentes de uma economia globalizada.
Os mais variados tipos de mercadorias, inclusive aquelas que
não nos parece visível ou que usamos de imediato, tais como;
petróleo, minérios metálicos, carvão, tecidos, alimentos, e tudo que
consumimos. Cerca de 85% dos produtos que consumimos chegam
através do mar, existem centenas de rotas onde os navios de
container navegam para se deslocarem entre os mais variados
portos do mundo. Portos como no Brasil não estão acompanhando
o crescimento dos movimentos necessário para o transporte de
container.
Navios conteineiros estão presentes na história moderna de
tal forma que uma paralisação por exemplo dessa categoria, seria o
suficiente para colapsar o mundo, todos os tipos de mercadorias já
podem ser transportados através de containers em volta do planeta,
a tecnologia implementa esses navios que os tornando rápidos e
eficiente e eficazes nos transportes de mercadorias.
A manobrabilidade dessas embarcações de apoio marítimo é
fundamental para se manterem nas mesmas posições em relação às
plataformas. Recursos como hélices e lemes duplos ou azimutais,impelidores laterais de proa (bow thruster) e de popa (stern
thruster), sistemas de lemes independentes, central de manobras
computadorizada ("joystick") e sistema de posicionamento
dinâmico (dynamic positioning) são utilizados para aprimorar a
195
capacidade de manobra e garantir um posicionamento preciso e
estável da embarcação.
Portanto, a exploração offshore de petróleo envolve uma
logística complexa e a utilização de embarcações especializadas,
como as PSVs e fluideiras, que desempenham funções vitais no
suporte às operações marítimas. O constante avanço tecnológico
nessas embarcações, juntamente com os sistemas de manobras e
propulsão, contribui para a segurança e eficiência das operações
offshore.
6.2 DESENVOLVIMENTO
O início do comercio mundial se deu quando os povos
antigos deixaram de ser nômades e fixaram moradias em
comunidades e começaram a produzir aquilo que consumiam. Com
o passar do tempo percebeu-se que se produzia mais do que
precisavam, e cada povoado se especializou em determinados
produtos, conforme as características regionais de cada
comunidade instaladas. Estas diversidades de produtos gerou uma
espécie de troca entre comunidades iniciando o comercio entre
diferentes povoados. Contudo ouve a necessidade de utilização de
transporte para facilitar a demanda e ir cada vez mais longe,
alçando assim comunidades mais distantes.
As civilizações primarias se localizaram as margens dos rios,
pois as terras eram mais férteis e facilitavam a agricultura. Com
isso, começou-se a utilizar barcos para os transportes de
mercadorias e pessoas de uma comunidade para outra. Na história
da civilização se tem indícios de canoas utilizadas por comunidades
há mais de 140 mil anos, e barcos já foram encontrados por
arqueólogos e datados de 7 a 10 mil anos. Sabe-se que os navios
começaram a ser utilizados a muitos anos, e hoje é o principal meio
de transporte de mercadorias utilizado, em meados séculos XV
houve as grandes navegações entre continentes o que alavancou os
transportes de mercadorias como alimentos, animais, madeiras e
minérios etc.
196
Os meios de armazenamento destes produtos eram
condicionados em barris, caixotes e tonéis feitos em madeira, e
eram carregados a mão, o que resultava em perdas de mercadorias
devido à falta de conservação de acondicionamento e desvios de
mercadorias, com o avanço da comercialização importadores e
exportadores movimentavam uma a uma as suas cargas e nestes
transbordos de volumes de um transporte para outro havia a
necessidade de transferir fisicamente os barril ou palheta,
resultando em tempo maior no transbordo de carga, ocasionando
atrasos nas entregas; avarias por excesso de movimentação da
carga; furto; custos com a mão de obra como: ajudantes e
empilhadeiras etc.
Estudos da época mostram que os custos destas
movimentações chegavam a 50% do total dos produtos. Foi quando
o americano Malcom Mclean, que até então tinha uma pequena
empresa de caminhões, que após observar o carregamento de sua
mercadoria nos navios, pensou na criação de caixas de aço que
pudessem transportar suas mercadorias do início ao fim do
processo, dando início ao container como principal meio de
armazenamento de mercadorias para o transporte marítimo até a
atualidade. A história do container se confunde com a história de
desenvolvimento do homem na era moderna, faz parte de uma
revolução no transportar de mercadorias.
Foram feitos diversos testes de capacidade e medidas de
container, o primeiro transporte de container intercontinental com
carga só se deu por volta de 1937, o navio SS FAIR LAND, o
mesmo teria transportado dos estados unidos para o porto de
Roterdam na Holanda. Que era na época o maior porto do mundo,
na ocasião foram transportados 50 containers.
O container utilizado para o transporte de cargas em navios
são dispositivos para cargas independentes, e tem dimensões
padrão (PÉS) geralmente a unidade base considerada é TEU.
Dispõe dispositivo de segurança antevista na legislação nacional e
cada unidade assenta um grupo de mercadoria ou a um perfil de
transporte.
197
Fig:1 Primeira Carga container
Fonte: Choice Logistics
Fig:2 Carga Avulsa estoque
Fonte: Logística e Gestão
198
Fig3: Porta Porta
Fonte: Logística e Gestão
6.3 ALGUNS TIPOS DE CONTAINER
Fig 4: Dry Box
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
199
Fig 5: High Cube
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
Fig 6: Graneleiro
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
Fig 7: Contêiner Flat
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
200
Fig 8: Container Tank
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
Fig 9: Ventilado
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
Fig 10: Open Top
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
201
Fig 11: Plataforma
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
Fig 12: Reefer (Refrigerado)
Fonte: Conexos Consultorias e Sistema
6.4 A EVOLUÇÃO DE NAVIOS FULL CONTAINERS
A invenção do contêiner revolucionou o transporte de
mercadorias, tornando-o mais eficiente, simplificando as operações
de carga e descarga, minimizando danos e permitindo o transporte
de uma variedade de produtos diferentes no mesmo navio. Com o
aumento da demanda por transporte de cargas devido ao
crescimento global, surgiu a necessidade de aprimorar os navios
porta-contêineres em diversos aspectos, sempre com foco em
aumentar sua capacidade e garantir a segurança das cargas
transportadas.
Em 1966, posteriormente a inúmeros testes em portos
americanos, realizou-se o primeiro transporte internacional de
container, o navio SS fairland, conduziu 50 containers dos EUA ao
porto de Rotterdam na Holanda, maior porto mundial na época.
202
Fig 13: Navio SS Fairland
Fonte: Schongut
O maior navio porta container do mundo atualmente é o
HMM Algeciras, sua capacidade comporta quase 24.000 TEUs,
sendo o maior navio para container em capacidade, eles são
classificados como navios limpos, uma vez que a maior parte da
carga transportada são acomodados no interior dos containers.
Apenas algumas cargas com excesso lateral ou vertical ficam
expostas em contêineres Flat Rack, sendo dessa forma porta
contêineres que atende as novas legislações de forma a evitar
poluição ambiental e grande capacidade de eficiência energética.
Apenas em caso de cargas que excede lateralmente ou
verticalmente são transportadas em container Flat Rack, sendo este
que atende normas e legislações, um aspecto de desviar-se de
poluição ambiental, e tem uma grande capacidade em eficiência
energética.
203
Fig 14: HMM Algeciras
Fonte: Portos e navios.
Fig 15: HMM Algeciras
Fonte: Portos e navios.
Os contêineres podem ser transportados nos porões e no
convés. Cada navio tem suas características diferentes, mas o
layout costuma ser o mesmo. Muitos projetos foram executados ao
longo dos anos, como os hatchcoverless, ou seja, sem os tampões
dos porões.
Os contêineres são transportados em porões ou convés, e
cada navio trás padrões diferentes, mas o layout habitua-se ser o
mesmo. Diversos projetos no decorrer dos anos, como o
hatchoverless, ou seja, navios com porões sem tampões.
204
Fig 16: Navio Hachtvoerless
Fonte: http://revista.feb.unesp.br
Os maiores navios atualmente vêm sedo construídos e a sua
superestrutura vinda no centro, esta forma pensada em disseminar
melhor o peso, favorece a movimentação do lastro não
comprometendo a visibilidade de acordo com a IMO. mais ainda
perduram navios que tem sua superestrutura a ré.
Fig 17: Navio Aliança Manaus
Fonte: Aliança Navegação e Logística
http://revista.feb.unesp.br/
205
Fig 18: Navio Aliança Manaus
Fonte: Aliança Navegaçãoe Logistica
Com a expansão na demanda de carga, os projetos de navios
novos são alterados o posicionamento da superestrutura de acordo
com a necessidade.
Fig 19: Navio Hachtcoverless.
Fonte: http://revista.feb.unesp.br
Um modelo de navio atualmente com capacidade um para
grande volume de carga, tem sua superestrutura disposto mais
avante e a casaria mais a ré, abaixo a imagem do HMM Algeciras,
no qual não compromete a sua visibilidade, a praça de maquila
permanece à ré do navio.
Estas modificações acontecem em todas as áreas desta
embarcação, tanto para melhorar o aproveitamento energético
como para melhor se adequar as normas. Esses navios são
modernos com conforto para tripulação, atendendo as exigências
da convenção internacional, (MLC) Maritime Labour Convention
http://revista.feb.unesp.br/
206
2006.convenção do trabalho marítimo e uma convenção da
organização internacional do trabalho, número 186, estabelecida
em 2006 como quarto pilar do direito marítimo.
Fig 20: Sebastião Caboto.
Fonte: Aliança navegação e logística
No passadiço ou ponte de comando, e semelhante aos demais
do mercado. O diferencial se dá por pequenas diferenças em seu
projeto, tal como, controle no sistema de lastro feito pelo passadiço
assim como outra facilidade é largar o ferro da ponte de comando
quando o sistema de segurança foi previamente preparado. Estes
navios são pensados para operações mais rápidas com passadiço
adaptado, uma ponte de comando com boa visão de operação e
sobretudo na navegação.
Nos dias atuais, muitas dessas embarcações já se adequaram
às novas regulamentações referentes à movimentação de lastro. Por
exemplo, navios que estão equipados com filtros de luz ultravioleta
com o propósito de prevenir a introdução de microrganismos na
água, o que poderia resultar em desequilíbrios ambientais,
conforme estabelecido pela NORMAM-20. Esses navios agora
implementam sistemas de tratamento de água de lastro em todas as
viagens, independentemente de serem nacionais ou internacionais.
207
Fig 21: Sistema de tratamento de água de lastro
Fonte: Aliança navegação e logística (Alfa Laval).
O processo de planejamento para o carregamento de um
navio se inicia com antecedência, aproximadamente 12 horas antes
da chegada ao porto. Nesse momento, o planner da empresa envia
o plano de carga por meio de um sistema de troca eletrônica de
dados, conhecido como EDI (Eletronic Discharge Interchange). A
partir desse ponto, o imediato assume a responsabilidade pelo
carregamento e inicia uma série de ajustes de acordo com as
especificidades da embarcação.
Essas adaptações podem incluir considerações como
limitações de BAY, ROW ou TIER (ou seja, a disposição das
fileiras de contêineres), correções para lidar com avarias que
possam ter ocorrido em operações anteriores e que tenham deixado
partes do navio inoperáveis, bem como avaliação da condição do
lastro a ser movimentado antes e durante a operação. Essa
abordagem permite verificar se as condições de carregamento
garantem a estabilidade adequada do navio, evitando colocar em
risco a segurança da navegação.
A avaliação das medidas de segurança durante o
carregamento prossegue com o objetivo de garantir as condições
ideais de navegabilidade. Isso é feito com constante atenção às
características específicas de construção do navio, que foram
208
previamente estabelecidas e aprovadas pela sua classe. Além disso,
são rigorosamente seguidas todas as recomendações das leis em
vigor, que variam de acordo com o país onde a operação do navio
está ocorrendo.
Após a inspeção da carga, é essencial verificar as tensões e
esforços exercidos sobre o navio após o carregamento. Qualquer
alarme que possa indicar riscos à integridade da embarcação, como
quebras (bending moment) ou torções excessivas (torque moment),
deve ser rigorosamente evitado. Um carregamento bem-sucedido
leva em consideração todas as condições de navegabilidade e
garante que esteja dentro dos padrões recomendados, ou seja,
dentro dos limites estabelecidos pela classe da embarcação.
Ao considerar as condições para a partida de um porto, é
crucial prestar atenção rigorosa às restrições de calado, bem como
às restrições impostas pelo porto de destino. No contexto dos portos
brasileiros, a regulação é estabelecida pela Diretoria de Portos e
Costas (DPC), uma Organização Militar (OM) pertencente à
Marinha do Brasil (MB) e subordinada à Diretoria-Geral de
Navegação (DGN).
As diretrizes estão detalhadas nas Normas e Procedimentos
para as Capitanias dos Portos (NPCP) e nas Normas e
Procedimentos para as Capitanias Fluviais (NPCF). Se houver
divergências entre essas normas, é necessário recalibrar todos os
cálculos no sistema para garantir a conformidade. O não
cumprimento das condições programadas de partida pode
representar um risco significativo para a segurança e resultar em
medidas administrativas que impedem a atracação da embarcação.
Essas normas têm como finalidade assegurar a navegação de
forma segura, prevenindo problemas relacionados a canais
estreitos, profundidade, horários específicos e outros aspectos.
Portanto, todas essas verificações desempenham um papel
fundamental na aprovação de um plano de carga. O departamento
de planejamento da companhia é encarregado de seguir essas
orientações, sendo que os Planners desenvolvem todo o
carregamento dentro desses parâmetros. Em seguida, o plano é
209
encaminhado para a bordo, onde é verificado pelo Imediato, e para
o porto onde a operação será realizada.
A bordo, o imediato conduz uma avaliação minuciosa e, se
necessário, realiza ajustes, comunicando ao Comando da
embarcação. Após as modificações, o plano é submetido à
aprovação. No terminal, o Planner avalia o plano à luz das cargas
disponíveis e, após a análise, envia o plano para o navio. Após o
recebimento a bordo, todo o processo de avaliação é repetido. Se
não houver discrepâncias, o plano do terminal é então aprovado.
Cada carga destinada ao embarque passa por uma avaliação
contínua, abrangendo as fases prévia, durante e posterior à
operação. O imediato conduz uma série de análises minuciosas do
carregamento para garantir que ele esteja em conformidade com as
condições previamente estabelecidas, evitando quaisquer
comprometimentos que possam surgir durante a navegação. A
execução completa dessas verificações de saída é essencial antes
de iniciar a viagem.
Nos porões e no convés de carga as modificações são
voltadas para a capacidade, as principais características são:
Nos porões, grandes espaços com Cell Guides (guias para
containers) avante e à ré dos porões. Estes são dimensionados para
contêineres FEU´s, ou seja, para contêineres de 40 pés. Desta forma
o container fica seguro dentro do porão. Quando contêineres de 20
pés são embarcados, se faz necessária a instalação de equipamentos
para travar os contêineres remontados.
Alguns navios podem transportar contêineres frigorificados
nos porões, desta forma estes navios possuem um sistema de
ventilação forçada específico. No convés a carga fica sobre
tampões dotados de fitters, (montadores para base dos contêineres),
onde ficam remontados com uso de twistlocks e peados por barras
fixas ao convés.
210
Fig 22: Porão de carga full container
Fonte: Porão de carga navio Full container
Fig 23: Container sendo carregado no convés
Fonte: Aliança navegação e logística
No transporte de contêineres, é essencial ter um plano de
peação prévio. Ao receber o plano de carga, dentre diversos
requisitos a serem considerados, é fundamental que ele atenda aos
critérios de "CARGO SECURING" ou, em outras palavras, o
211
seguro de que o navio realizará uma viagem segura. Isso é
fundamental para preservar a segurança da navegação,proteger a
vida humana e o meio ambiente. A peação é um procedimento que
recai sob a responsabilidade do porto e é executada pelo terminal
por meio da estiva, sendo supervisionado pela equipe do navio.
A partida do navio, ou seja, sua desatracação, não pode
ocorrer sem que a peação tenha passado por uma minuciosa
verificação e obtenção de aprovação por parte da equipe do navio.
É importante destacar que a peação não está limitada apenas aos
contêineres, como indicado no Plano de Peação, mas também se
aplica a outros tipos de carga. Nesse contexto, tanto uma empresa
especializada quanto o terminal portuário podem ser encarregados
de realizar esse procedimento.
Fig 24: Peação de containers
Fonte: aliança navegação e logística
212
Fig 25: Geradores eólicos no porão
Fonte: Aliança Navegação e Logística
6.5 OPERAÇÃO DE NAVIO PORTA CONTÊINERES
Os navios Full containers são aqueles que requerem
terminais especialmente adaptados para possibilitar operações
ágeis e eficientes. Esses terminais contam com equipamentos de
última geração, como portêineres, transteineres, empilhadeiras,
sistemas de software avançados e equipes altamente qualificadas,
entre outros recursos. Esses elementos combinados facilitam e
otimizam significativamente o transporte de mercadorias
acondicionadas em contêineres.
Fig 26: Porto de Xangai, China
Fonte: http://www.portogente.com.br
http://www.portogente.com.br/
213
A operação inicia-se de acordo com as escalas pré-definidas,
onde, já estão determinadas as informações relacionadas:
• Dead Line: Data e hora estimada onde a carga estará
disponível de acordo com o navio.
• ETA: Data e hora estimada de chagada na barra.
• ETB: Data e hora estimada para atracar.
• ETS: Data e hora estimada para desatracar.
• FINOP: Data e Hora do Final da operação.
A Logística Empresarial trata-se de todas as atividades de
movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos
desde o ponto de aquisição de matéria-prima até o ponto do
consumo final, bem como dos fluxos de informações do propósito
de providência de níveis de rentabilidade nos serviços adequados
aos clientes a um custo razoável (BALLOU, 2010, p. 10)
O gerenciamento e armazenamento no pátio de um terminal
de containers, implica em dizer que o navio passara menos tempo
atracado, sem atrasos de logística de carga e melhorando a estadia
durante as operações de carga e descarga.
Dados como os apresentados na imagem abaixo, incluindo
datas, horários e locais de partida e chegada em cada porto
programado, estão acessíveis para toda a frota. Essas informações
desempenham um papel crucial na preparação das manobras de
atracação e desatracação, permitindo o planejamento antecipado de
todas as tarefas de rotina, tanto semanais quanto mensais.
Fig 27: Coastal-report-Schedule-ALCT 1
Fonte: Aliança Navegação e Logistica
214
Ao longo da viagem, os registros relativos ao carregamento
são recebidos tanto do Planner quanto do terminal. Após uma
análise detalhada conduzida pelo Imediato e a subsequente
aprovação do Comandante, o carregamento é validado e as
respostas são enviadas de volta para o setor de planejamento e o
terminal. Se forem necessários ajustes, o Imediato os realiza e
reenvia os arquivos para as partes envolvidas. Abaixo estão
imagens que retratam as condições do lastro e do carregamento,
visualizadas por meio do programa utilizado a bordo, neste caso, o
MAC-3.
Fig 28: Condição de lastro para um determinado carregamento
Fonte: Aliança Navegação e Logística
Fig 29: Plano de carga
Fonte: Aliança Navegação e Logística.
Quando se alcança a entrada do porto, de acordo com a data
e horário previamente estipulados, as informações são transmitidas
ao prático para validar o processo de embarque. Após a
confirmação do prático, dão-se início aos procedimentos de
215
preparação das escadas para o embarque e ao posicionamento da
tripulação em suas estações de manobra.
Fig 30: recebimentos do pratico
Fonte: Marinha do Brasil
Fig 31: Full container em atracação
Fonte: Mitsui Lines. Manobra de atracação
É imprescindível observar rigorosos procedimentos de
segurança ao efetuar o embarque do prático, a fim de prevenir
incidentes. No processo de preparação da escada, o potencial de
risco é substancial, tornando imperativo aderir às normativas
internacionais delineadas pela IMO (Organização Marítima
Internacional). Por meio da Resolução A 1045, a IMO estabelece
216
de maneira abrangente os requisitos de segurança para a instalação
da escada utilizada pelo prático.
Para garantir a eficácia desses procedimentos, são realizadas
verificações detalhadas a fim de assegurar que nenhum elemento
crucial seja negligenciado no processo de embarque. Ímãs são
estrategicamente instalados no casco do navio para fixar as escadas
de embarque.
Utilizando esses pontos de ancoragem com cabos, as escadas
são amarradas e mantidas firmemente presas ao costado do navio.
Esse método se torna especialmente relevante quando a borda livre
do navio está elevada, exigindo a preparação de escadas
conjugadas, conhecidas como transferência, que consistem na
disposição simultânea das escadas de embarque e das escadas
utilizadas pelo prático. Isso simplifica e agiliza o processo de
recebimento do prático.
Fig 32: Aliança Manaus
Fonte: Aliança Navegação e Logística.
217
Fig 33: Aliança Manaus.
Fonte: Aliança Navegação e Logística.
Ao concluir a manobra de atracação, em conformidade com
os protocolos estabelecidos, o Imediato procede à verificação dos
calados, comparando-os com os registros do sistema.
Posteriormente, realiza uma breve reunião com o representante do
porto, a fim de receber orientações acerca dos procedimentos a
serem seguidos durante a operação. Em seguida, dá-se início à
etapa de descarga e carga, que se inicia com a remoção das peações
e a retirada das travas dos tampões dos porões destinados à
operação.
Ao longo da operação, os oficiais e marinheiros
desempenham suas funções nos compartimentos de serviço no
convés. Eles monitoram atentamente a descarga e carga dos
contêineres, realizam o processo de abertura e fechamento dos
tampões, controlam o lastro, avaliam os calados, entre outras
tarefas cruciais. O marinheiro de serviço desempenha um papel
importante, apoiando o oficial e assumindo a responsabilidade pela
supervisão dos cabos utilizados durante a atracação e da escada de
portaló que conecta o navio ao cais.
Ao concluir a operação, o porto atualiza os registros de
carregamento, que são então enviados ou entregues à embarcação.
A peação é executada pelo terminal para contêineres ou por uma
218
empresa especializada para cargas não acondicionadas em
contêineres. Após a confirmação da documentação de saída, tanto
por parte do navio quanto do terminal, procede-se à sua verificação
e assinatura.
Dentre os documentos de saída essenciais que o navio deve
assinar antes de partir, a fim de finalizar o processo de
carregamento, incluem-se o documento de carga embarcada e
desembarcada, a carta de chegada e saída, a conformidade com o
Código Internacional para Proteção de Navios e Instalações
Portuárias (ISPS) e o plano de lashing (peiação). Somente após a
conclusão de todos esses procedimentos pode-se afirmar que o
navio está pronto para iniciar a viagem.
Fig 34: Aliança Navegação e Logística
Fonte: Aliança Manaus.
219
Fig 35: Convés Sebastião Caboto
Fonte: Aliança Navegação e Logística
O terminal entra em contato com a praticagem para
confirmar o horário previsto para o término da operação, a fim de
coordenar o embarque do prático para a desatracação, após a
conclusão da operação ou quando o navio parte, o Imediatoatualiza
o plano no sistema. Se estiver em conformidade, um novo plano é
gerado pelo navio, contendo as informações sobre a carga do porto
e as condições de lastro. Esse plano é então enviado ao Planner da
companhia, dando início ao processo para o próximo porto.
Fig 36: Sebastião Caboto
Fonte: Aliança Navegação e Logística
220
Full Container Load (FCL): Em tradução literal, Full
Container Load significa “contêiner totalmente carregado” e, como
o próprio nome já sugere, essa modalidade entrega uma certa
exclusividade. Isso acontece porque você, importador/exportador,
freta o contêiner para seu uso exclusivo, podendo usar como quiser
todo o espaço disponível dentro dele.
É a modalidade ideal para quando suas mercadorias são
suficientes para acomodar um (ou mais) contêineres. Por se tratar
do contêiner inteiro, em geral, tende a ser a opção mais cara em
termos de valores absolutos. Porém geralmente é a mais
competitiva quando dividimos o total de carga embarcada pelos
custos.
Fig 37: Porto organizado
Fonte: Feport
221
Fig 38: Full Container desatracação
Fonte: http://www.pratico.com
Less than Container Load (LCL): O modelo, que significa
“menos do que uma carga de contêiner” em tradução literal, é
utilizado quando uma carga não é grande o suficiente para contratar
o frete do contêiner inteiro. Quem vende esse serviço são os
Agentes de Carga ou co-loaders, que negociam o frete com a
companhia (Armador) e depois revendem espaços no contêiner
para o mercado, em lotes de cargas. Assim, um mesmo contêiner
será compartilhado e poderá acomodar muitos embarques LCL, o
que diminui o custo do frete marítimo para quem o contratou
A carga na origem: todo processo se inicia com a
necessidade de transporte de um produto. Este transporte, ou seja,
um frete, pode ser, de acordo com o volume, negociado diretamente
com a empresa marítima ou através de prestadores de serviços
chamados brokers, que são corretores para cargas.
Algumas empresas oferecem toda logística do transporte sem
custo adicional algum, onde o container é ovado (enchido) na
origem e desovado (esvaziado) no destino. Este tipo de frete é
chamado de porta a porta, A transportadora já resolve todos os
trâmites alfandegários, outras empresas de transporte não oferecem
tais tipos de serviços, então se faz necessário a contratação de uma
agência de brokers, os quais cuidarão de todo processo aduaneiros
http://www.pratico.com/
222
para o frete. Neste caso o contrato pode ser porta a porta com a
agência e agência com a empresa de navegação.
Fig 39: Porto de Santos Brasil
Fonte: http:www.ghelcos.com
A logística de contêineres desempenha um papel crucial na
operação como um todo, contribuindo para a eficiência da
permanência dos navios nos portos. Isso é especialmente
valorizado pelos armadores, uma vez que a agilidade na estadia do
navio resulta em economias significativas devido à redução do
tempo em que a embarcação fica atracada
O porto de Santos é um excelente exemplo de adoção de
sistemas logísticos avançados para a organização dos contêineres
em seu pátio. Essa abordagem agiliza consideravelmente o fluxo de
mercadorias entre o porto e o navio, resultando em serviços mais
eficientes e atraentes para as empresas que dependem desses
serviços para cumprir os prazos de entrega de mercadorias de seus
clientes.
6.6 PORTO SEM PAPEL
Concebido com o intuito de simplificar as operações entre o
porto e o navio, bem como entre o navio e a agência ou a empresa,
o sistema visa agilizar os procedimentos relacionados ao despacho,
embarque e desembarque de tripulantes, além de tratar das questões
documentais e do serviço de praticagem. O diagnóstico do Projeto
223
Porto Sem Papel (PSP) identificou alguns desafios que prejudicam
a eficiência dos serviços portuários, entre eles:
“interveniência descoordenada de uma série de
autoridades, órgãos e outras entidades públicas e
privadas nos portos nacionais; - processos
complexos, com fluxos intricados de
informações e atividades, que não traziam
eficiência nem transparência aos serviços
portuários; - excessivos fluxos de informações e
documentos em papel, sem a existência de uma
base de dados centralizada, com informações
tempestivas e fidedignas, que permitisse a
utilização dos dados no processo de formação de
conhecimento a ser utilizado no planejamento do
setor portuário; - falta de uma atuação efetiva das
autoridades portuárias no controle das cargas,
pessoas e veículos que entravam, saíam e
circulavam na área do porto organizado, devido
principalmente à carência em ferramentas de
auxílio à obtenção de informações e tomada de
decisão. Dentro de todo o contexto apresentado,
é importante detalhar especificamente o
processo de gestão da estadia de embarcações
nos portos”.
A introdução do sistema Porto Sem Papel trouxe consigo
uma organização logística nos portos brasileiros, resultando em
maior eficácia e eficiência nos processos operacionais. Essa
iniciativa simplificou as operações tanto para os agentes portuários
quanto para os portos e as empresas de navegação, tornando o
sistema de logística portuária mais acessível e eficaz.
6.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O aumento substancial da participação da marinha mercante
no cenário global de transporte gerou desafios significativos, que
por vezes sobrecarregaram os processos devido à falta de
224
investimento e infraestrutura, especialmente em alguns portos,
como no Brasil. Essa lacuna na infraestrutura portuária prejudica
diretamente o crescimento econômico do país, resultando em
atrasos no transporte e descumprimento dos prazos estabelecidos
para a entrega de mercadorias. Atualmente, há portos no Brasil sob
administração de empresas estrangeiras que enfrentam condições
operacionais precárias, como é o caso do porto de SUAPE-PE.
Anualmente, assistimos à construção de navios com uma
capacidade de transporte de contêineres em constante aumento.
Isso é uma resposta natural às demandas crescentes e às exigências
do mercado global. Além disso, observamos o desenvolvimento de
equipamentos de movimentação de contêineres modernos
projetados para acomodar esses grandes navios nos pátios de
mercadorias. A busca por maior produtividade implica em
movimentar mais contêineres por equipamento a cada hora de
operação. No entanto, para que isso ocorra de forma eficiente, é
essencial que o processo logístico esteja alinhado com a capacidade
de movimentação de carga do porto.
Embora haja alguns portos no Brasil que se destaquem por
suas excelentes condições logísticas e operacionais, como é o caso
de Santos-SP, Rio Grande-RS, Salvador-BA e Imbituba-SC, que se
adaptaram de maneira satisfatória para lidar com o considerável
volume de movimentação de carga conteinerizada.
A constante evolução das embarcações dedicadas ao
transporte de contêineres tem resultado em melhorias significativas
tanto em termos de capacidade de carga quanto de eficiência
energética. Essa evolução traz consigo uma série de inovações,
como o exemplo notável da embarcação lançada pela empresa
Maersk em 14 de setembro de 2023. Trata-se do primeiro porta-
contêineres do mundo a ser impulsionado por motor bicombustível,
alimentado por metanol. Essa embarcação já está em sua viagem
inaugural, tendo sido construída no estaleiro Hyundai Mipo, em
Ulsan, Coreia do Sul, e está a caminho do porto de Copenhague, na
Dinamarca, onde ocorrerá a cerimônia de nomeação.
Essa embarcação possui a versatilidade de navegar tanto com
metanol verde quanto com o combustível convencional de baixo
225
teor de enxofre. A entrega do navio ocorreu dois anos após ter sido
encomendado e representa um passo significativo em direção à
utilização em larga escala de combustíveis sustentáveisno
transporte marítimo. O navio será destinado ao serviço de
transporte de carga no Mar Báltico e tem uma capacidade para
acomodar 2.100 TEUs. Essa entrega é apenas a primeira de um total
de 25 embarcações encomendadas pela empresa, todas com
configuração de motor de combustível, marcando assim o início de
uma nova era na frota de embarcações em operação.
A empresa tem como objetivo alcançar emissões líquidas
zero de gases de efeito estufa em todos os setores até o ano de 2040.
Nesse contexto, é incumbência dos oficiais da marinha mercante
manter-se atualizados e acompanhar a evolução do mercado para
se adaptarem às mudanças necessárias.
226
REFERÊNCIAS
CCA-IMO, Convenção Internacional para a Salvaguarda da
Vida Humana no Mar, 1974 – 1988, 2012. DPC – RJ
DUARTE, Rafael. A história do contaimer, 2021. Disponível em
ESTRUTUREI, Os dez maiores portos maritimos do mundo,
2022. Disponível em
GUELCOS, Falta de containers e os desafios da logística na
importação, 2010. Disponível em
IMO, The International Maritine Dangerous Goods (IMDG)
Code, 2019. Disponível em
MACGREGOR, External lashing system, 2023. Disponível em
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, Convenção do
trabalho marítimo MLC, 2023. Disponível em
227
Strock guide, Stowage and segregation to imdg code including
amdt 40-20, 2014. Disponivel em https://www.bookharbour.com/
storck-guide-stowage-and-segregation-to-imdg-code
228
229
7 Operações de carga e descarga em navios gaseiros
Edson Lira Aguiar Filho
Francisco de Assis Santiago Júnior
Hamilton Manuel Nepomuceno Júnior
Rafael Rômulo de Oliveira Martins
RESUMO
As operações de carga e descarga em navios gaseiros são
complexas e críticas e envolve uma dedicação exclusiva da maioria
dos tripulantes de bordo, principalmente os oficiais de náutica
envolvidos na atividade. A segurança é uma prioridade máxima
devido à natureza volátil das cargas, sendo o controle da
temperatura e pressão dos tanques prioritários para manter a
segurança e eficiência nas operações. A necessidade da
conformidade e cumprimento dos regulamentos e procedimentos
de segurança devem ser cumpridos de forma rigorosos ao longo de
todo o processo, e com isso, a exigência de tripulações altamente
treinadas e qualificadas, familiarizados com os procedimentos de
segurança, é de fundamental importância durante toda a atividade
em um navio gaseiro. Este artigo tem a meta de tornar uma fonte
adicional de informações para os oficiais de náutica que
necessitarem de informações sobre o tema.
Palavra-chave: Operações de carga e descarga. Navios gaseiros.
Procedimentos de segurança. Oficial de Náutica
230
7.1 INRODUÇÃO
O transporte marítimo de GLP teve início nos anos 20,
através de tubos de pressão e temperatura da carga ambiente
(situada entre 20 e 25°C), os primeiros gases a serem transportados
foram o Butano e Propano. Na década de 60, após o
aperfeiçoamento dos tipos de metais expostos a baixas
temperaturas e estudos de reliquefação dos vapores de gás
liquefeito de petróleo, deu-se início ao transporte da carga com
temperaturas mais baixas através dos navios semi-refrigerados e
refrigerados. De acordo com a ANP a maior empresa de gás no
Brasil é a Petrobras, com a maior participação no mercado de
distribuição e produção de gás natural.
A Petrobras Transporte S.A. – Transpetro, através do
Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro
(PROMEF), iniciou em 2013 a operação com navios construídos
no Brasil, sendo o navio Oscar Niemeyer o primeiro navio tanque
gaseiro a ser entregue pelo estaleiro Vard Promar, na cidade do Rio
de Janeiro/RJ.
O navio possui 117,63 metros de comprimento, 34 metros
de altura e 19,2 metros de boca e capacidade para transportar 7mil
metros cúbicos de gás Liquefeito de Petróleo, divididos em dois
tanques cilíndricos sem isolamento térmico. Atualmente o maior
navio de GLP é o Harzand, de bandeira da Singapura e construção
chinesa, tem 230 metros de comprimento e 36,6 metros de boca.
Sua capacidade é de 93.000 metros cúbicos e realizou sua viagem
inaugural ainda em 2023.
231
Figura 1 – Lançamento navio Oscar Niemeyer
Fonte: [1]
A construção, projeto e medidas de segurança destes navios
tem como base o IGC Code, que é uma publicação regulamentada
pela IMO.
Figura 2 – Publicação IMO – IGC Code
Fonte: [2]
232
A principal vantagem no transporte de gás na forma liquida
é capacidade de reduzir o volume de vapor em até 850 vezes, logo
podemos transportar muito mais na forma liquida do que na gasosa.
7.2 O TRANSPORTE EM NAVIOS GASEIROS
Para começar a falar sobre o transporte dos gases
liquefeitos, é necessário primeiro definir o que é um gás liquefeito.
De acordo com a IMO é “Líquido cuja pressão de vapor excede a
2.8 bar absolutos na temperatura de 37,8 ° C”, para ser mais simples
podemos dizer que é a forma líquida de uma substância que, em
temperatura ambiente e sob a pressão atmosférica, seria um gás.
Para que este gás seja condicionado na forma liquida nos
navios, ele deve ser transportado nos tanques sob as seguintes
condições: alta pressão, baixa temperatura ou combinação desses
dois processos.
Os gases derivados do petróleo mais transportados na
forma líquida nos navios gaseiros são GNL (Gás Natural
Liquefeito) e GLP (Gás Liquefeito de Petróleo).
Os navios gaseiros são divididos em três categorias:
1. Pressurizado – Transportam a carga em temperatura
ambiente com alta pressão (máxima de 17,5kgf/cm²). Tanque
independente no formato cilindro ou esférico, não possui
isolamento térmico e planta de reliquefação.
2. Semi refrigerado - Transportam a carga com
temperatura mínima de aproximadamente -48 °C e pressão entre 5
e 8 kgf/cm². Tanque independente no formato cilíndrico ou
esférico, possui isolamento térmico no entorno dos tanques de
carga e possuem uma planta de reliquefação. Conseguem
transportar maior quantidade de carga com a mesma capacidade
volumétrica de um navio pressurizado, isso ocorre devido o
aumento na densidade derivada da baixa temperatura da carga.
233
3. Refrigerado – Transportam a carga com temperatura
mínima de até -162°C e pressão de trabalho de 0,7 kgf/cm². Tanque
independente no formato prismático
Figura 3 – Tanques de carga cilindro
Fonte: [3]
Figura 4 – Tanques de carga prismático
Fonte: [4]
Figura 5 – Interior tanque prismático
Fonte: [5]
234
7.3 EXTRAÇÃO DE GÁS NATURAL
A extração é realizada através da perfuração do solo e
posteriormente levado para as unidades de processamento de gás
natural através de gasodutos onde será tratado para retirada de
produtos nobres como gasolina, gás liquefeito de petróleo (GLP)
etano.
Esse gás pode ser transportado na forma liquida por navios e
caminhões, bem como na forma de gás como combustível para
indústria e residências.
Figura 6 – Simulação de extração de gás natural
Fonte: [6]
Figura 7 – Interior tanque prismático
Fonte: [6]
235
A grande dificuldade no transporte desse gás é o custona
construção de gasodutos para cobrir o território nacional que é
continental e burocracia como por exemplo licitações ambientais.
Assim é mais simples e econômico transportar esse gás na forma
liquida em navios e depois gaseificar esse produto em
distribuidoras locais, pois como comentado anteriormente, a
principal vantagem no transporte de gás na forma liquida é
capacidade de reduzir o volume de vapor em até 850 vezes.
O gás transportado em navios é um produto asfixiante,
inodoro e inflamável, antes de ser comercializado, se faz necessário
a adição de produto odorizador, podemos citar o mercapta ou
mercaptano, que nada mais é do que a adição de um composto
sulfuroso com odor para ser detectado pelo olfato.
7.4 CATEGORIAS DE NAVIO GASEIROS
Os navios gaseiros de acordo com a IMO são classificados
como 1G, 2G, 2PG e 3G, tem como referência o nível de risco de
transporte da carga e consequências se houver alguma avaria na
embarcação (vazamento de carga e consequência desse vazamento
na natureza), sendo o 1G o mais perigoso e o 3G o menos perigoso.
• Categoria 1G – Transportam cargas mais perigosas como
cloro.
• Categoria 2G e 2PG - Transportam cargas menos perigosas
como GNL, GLP e Etileno.
• Categoria 3G – Transportam somente gases refrigerante e
nitrogênio.
7.5 CUIDADOS E PREPARAÇÃO ANTES DAS OPERAÇÃO
Antes da Chegada ao Porto
Toda a operação de carga e descarga deve ser
cuidadosamente preparada antecipadamente para que ocorra de
forma completa e com segurança. As operações rotineiras são
236
devidamente realizadas com base em procedimentos e regras pré-
estabelecidas em manuais, checklists e guias, além da experiência
do imediato, dos oficiais de náutica, bombeador e marinheiros de
convés.
Antes da chegada do navio ao Porto, ainda quando o navio
recebe a sua programação do porto de carregamento, o Comandante
solicita o nome técnico do produto a ser carregado para garantir que
o navio estará preparado para receber a carga logo na chegada. Este
produto deve estar listado dentre os produtos do Certificado Fitness
do navio. No caso dos gaseiros os produtos são comumente o
Propano, Butano e GLP.
Devemos receber também as exigências feitas pelo
terminal, consultar o Guide to Port Entry, o agente e, caso
disponível, os folhetos atualizados com as informações e
especificações sobre os terminais. Os tripulantes devem ser
conhecedores do procedimento, bem como estar ambientados com
o manuseio, perigos da carga e perigos envolvidos na operação. As
informações sobre o produto contidas no MSDS devem ser
conhecidas e essa ficha deve ser de fácil acesso e consulta para
todos os envolvidos na operação.
A pedido do Comandante o terminal deve fornecer, com
uma antecedência de pelo menos 24 horas, as seguintes
informações que auxiliam o navio em seu preparo para uma boa
operação: densidade, temperatura, pressão nos tanques de terra, se
será disponibilizado o retorno de vapor, qual o último produto
operado na linha de retorno, quais as dimensões das linhas de vapor
e de descarga, quais as contrapressões normal e máxima
permitidas, qual a temperatura exigida para a descarga e qual o
procedimento de redução e aumento de vazão/pressão e de
emergência. Caso a carga seja do tipo GLP o navio também deve
saber qual a composição da mistura, qual a temperatura e pressão
nos tanques de terra e se há presença de água ou algum
incondensável na mistura.
Em navios da Transpetro por segurança operacional deve
ser cumprido o Checklist de Antes da Chegada e registrado o seu
cumprimento no bandalho de operações. Deve ser verificado se os
237
planos de carga, limpeza de tanques (quando aplicável) e
abastecimento foram preparados e aprovados pelo comandante,
discutidos os planos e informações operacionais com os tripulantes
envolvidos na operação, afixado no CCC a escala de serviço no
porto, preparado bombas de carga e lastro, verificado se as redes
do sistema de carga foram testadas nos últimos trinta dias,
verificado se as paradas de emergência das bombas de carga foram
testadas conforme a rotina de manutenção prevista no sistema de
manutenção da empresa, se foi realizada inspeção visual das redes
e juntas do sistema de carga, verificado se os manômetros e
termômetros das tomadas de carga, tanques e planta de reliquefação
encontram-se em boas condições e compará-los com os do CCC,
testado o sistema remoto de comando de válvulas e sistema
hidráulico, deixando a bomba hidráulica pronta para uso, verificado
o estado do plugue fusível, verificado o funcionamento das sondas
e testar os alarmes (visual e sonoro) de nível alto dos tanques de
carga, testado os alarmes visuais e sonoros dos air-lock, verificado
o funcionamento dos equipamentos portáteis de medição de gás
(explosímetro, oxímetro, tankscope, detector de H2S), verificado o
funcionamento do sistema fixo para detecção de gases, verificado
o funcionamento do sistema fixo para detecção de incêndio,
preenchido o formulário do Manual de Gerenciamento de Água de
Lastro (ANVISA), verificado a atualização do Livro de Registro de
Óleo - Partes I e II, preparado a lista de contatos do SOPEP/SMPEP
para o porto, fechado e lacrado a rede de descarga do separador de
água e óleo, verificado se os embornais estão abertos, verificado se
as bandejas das tomadas de combustíveis, dos guinchos, de
suspiros de tanques e guindastes hidráulicos estão limpas e isentas
de óleo, posicionado o kit SOPEP/SMPEP (quando aplicável),
verificada a operação dos exaustores/ventiladores dos paióis e
compartimentos de compressores, verificado o sistema de selagem
dos porões se estão mantidos pressurizados, verificado se a bandeja
das tomadas de carga estão com água, verificado manualmente se
as bombas de carga estão com movimento livre e prontas para uso
(quando aplicável).
238
As operações previstas para o porto devem ser planejadas
antecipadamente e aprovadas pelo comandante, devendo ser
discutidas com todos os tripulantes envolvidos na operação. Outros
detalhes referentes a operação também devem ser discutidos como
a previsão de atracação; características e cuidados com os produtos
a serem operados; abastecimento (FO, DO e água), quando
aplicável; restrições do terminal e descarga de resíduos (se houver).
A parte inicial da Lista de Segurança Operacional Navio/Terminal
conforme ISGOTT é realizada antes da chegada do navio ao porto
trocando informações gerais operacionais.
Figura 8 – Checklist Part1A. Navio: verificações antes da chegada
Fonte: Manual Gaseiro, SGF
Plano de Carga
A elaboração de um plano de carga deve garantir que a
operação transcorra de forma segura, mantendo as condições de
estabilidade e esforços dentro dos limites admissíveis, além de
permitir aos envolvidos nas operações uma fonte de consulta rápida
e de fácil entendimento em qualquer estágio da operação. No plano
de carga que deve ser elaborado pelo imediato é de grande
importância a observar os detalhes na distribuição de carga. Para
isto, o imediato, de posse da programação deve planejar a
distribuição de carga a bordo, levando em consideração a total
segurança da carga e do pessoal envolvidos nas operações, tais
como a quantidade, densidade e características da carga, a
239
segregação e compatibilidade das cargas, o abastecimento e
transferência de consumíveis, os calados em todas as etapas da
viagem, o calado aéreo, a densidade da água nos portos, as zonas
de linhas de carga durante a travessia (Borda livre), a profundidade
abaixo da quilha e efeito squat, as condições de navegabilidade, os
esforços e estabilidade durante a operação e a viagem, a
necessidade de limpeza de tanques, a disponibilidade de tanques de
resíduo (slop), a expansão da carga devido aumento de temperatura
e a sequência dos produtos a seremoperados no porto.
O formulário Plano de Carga é composto das seguintes
partes: Informações gerais onde devem ser preenchidos os dados
relativos ao porto, tipo de operação e produtos manuseados.
Figura 9 – Plano de Carga e Lastro
Fonte: Manual Gaseiro, SGF
Diagrama dos tanques onde devem ser preenchidas as
condições inicial e final dos tanques de carga e de lastro, com seus
respectivos produtos, volumes e inagens. Os tanques que serão
movimentados no porto devem ser destacados no diagrama. As
inagens indicadas no diagrama referem-se à condição de trim e
banda zero. É preciso lembrar que, por ocasião do top dos tanques,
a inagem indicada deve ser corrigida para trim e banda.
240
Figura 10 – Plano de Carga e Lastro
Fonte: Manual Gaseiro, SGF
Descrição da operação onde deve ser detalhada, passo a
passo, a sequência da operação pretendida, constando as seguintes
informações: a Sequência de alinhamento, citando as válvulas,
redes e tomadas que serão utilizadas em cada fase da operação; as
Inagens finais dos tanques; a sequência dos tanques a serem
operados; os Cuidados com aquecimento de carga; os
Procedimentos para o Início da operação, troca de tanques,
Lastro/deslastro, top ou drenagem, monitoramento durante a
operação.
Figura 11 – Plano de Carga e Lastro
Fonte: Manual Gaseiro, SGF
241
Informações Operacionais onde deve ter informações de
comunicação com terminal e com as Autoridades Portuária,
Capitania dos Portos, Meio Ambiente e Agente do terminal para
fácil e rápida verificação do oficial de náutica de serviço no CCC e
das condições operacionais acordadas com o terminal e instruções
adicionais para o oficial de serviço.
Figura 12 – Plano de Carga e Lastro
Fonte: Manual Gaseiro, SGF
Para auxiliar no preparo do plano de carga são realizadas
no LoadMaster (programa do Calculador de esforços) as
simulações de estabilidade para a fase inicial, para o meio da
operação e para o final. Assim, são verificadas, antecipadamente,
as condições de calados, banda, trim, momento fletor, força
cortante dentre outras informações importantes nas quais o navio
poderá se submeter durante a operação.
Figura 13 e 14 – Load Master
Fonte: Foto dos autores
242
Procedimentos após atracação e antes do início da Operação
Logo após a atracação, depois da colocação da escada, é
dado início a Liberação inicial para discussão do planejamento da
operação para acordos operacionais entre navio e terminal. O
representante do terminal deve apresentar a Lista de Verificação de
Segurança Operacional Navio/Terminal (ISGOTT), cuja
verificação deve ser efetuada em conjunto com o oficial de náutica
de serviço. Caso o Terminal não apresente, o navio deve apresentar
o checklist para prosseguir com a liberação.
Toda informação e documentação desejada necessária para
o início da operação é trocada entre navio e terminal e ambas são
minuciosamente checadas, além dos checklists de segurança, a
Carta inicial, os certificados de ensaio do produto, os certificados
dos mangotes, um plano de emergência são recebidos do terminal
e o navio, por sua vez, entrega o Plano de carga, o certificado de
calibração dos equipamentos de carga, a NOR, o relatório de
medições e quantidades dentre outros documentos solicitados.
Antes da conexão dos braços ou mangotes, o imediato deve
verificar o arranjo de aterramento navio/terminal. Caso o terminal
utilize cabo-terra, este deve ser conectado o mais longe possível do
manifold. Antes da conexão do cabo-terra, deve ser confirmado
com o terminal se a chave dele se encontra desligada.
Na conexão dos braços ou mangotes, devem ser tomadas as
seguintes precauções: as faces dos flanges devem estar limpas e
sem deformações; no caso de conexão com mangotes, devem ser
instalados todos os parafusos e porcas; em conexões com braço, as
garras do braço devem estar funcionando corretamente; o tipo de
material, tamanho e a condição das juntas devem ser adequados ao
produto a ser manuseado; o aperto dos parafusos dos flanges deve
ser feito de maneira uniforme.
O imediato deve verificar pessoalmente se todas as válvulas
do sistema de carga estão corretamente alinhadas para a operação
pretendida. Se uma mudança no alinhamento for necessária durante
uma mudança de produto, as válvulas devem ser verificadas da
mesma maneira. O cumprimento deve ser registrado no Bandalho
243
de Operações, se os equipamentos operacionais de combate a
incêndio e poluição estão posicionados e prontos para uso.
Além disso, devem ser tomadas as seguintes providências
antes de se iniciar a operação como trapear ferros e posicionar
mordentes, colocar o ar-condicionado em recirculação. As entradas
de ar-condicionado devem estar ajustadas para assegurar que a
pressão atmosférica no interior das acomodações seja sempre
superior àquela da atmosfera exterior. Os sistemas de ar-
condicionado não devem estar ajustados para 100% de
recirculação, por que isto provocará a queda da pressão atmosférica
interna, devido aos exaustores em operação nos espaços sanitários
e cozinhas; fechar vigias e portas externas, deixando somente um
acesso pelo lado oposto ao da atracação; afixar no CCC uma cópia
das MSDS dos produtos manuseados; as válvulas que não serão
operadas no console do painel do CCC devem ter as botoeiras de
acionamento isoladas por meio de tampas e indicar os níveis finais
e o produto de cada tanque no painel das sondas dos tanques de
carga e lastro.
A utilização do EPI adequado para cuidados com o produto
a ser manuseado deve ser devidamente feita. As leituras dos calados
devem ser feitas imediatamente antes do início da medição da carga
e a leitura das temperaturas devem ser feitas do topo, meio e fundo
de cada tanque.
7.6 CUIDADOS E MONITORAMENTO DURANTE AS
OPERAÇÕES
A movimentação de uma carga liquefeita exige que todos
envolvidos na operação sempre exerçam o máximo grau de
segurança. A segurança geral dos tripulantes, das máquinas e do
navio exige que todos a bordo estejam totalmente familiarizados
com os perigos envolvidos. É responsabilidade de cada tripulante a
bordo conhecer os procedimentos de emergência conforme:
Procedimentos de Segurança da Empresa, treinamentos SMS
(Código ISM) e instrução especial do Comandante do navio.
244
Navios de gás são projetados de tal modo que, em
operações normais, as pessoas em momento algum precisam estar
expostas aos riscos dos produtos que estão sendo transportadas,
desde que o navio e seus equipamentos tenham adequada
manutenção e as instruções de operações sejam cumpridas.
O gás liquefeito está relacionado com riscos de asfixia,
toxicidade, baixa temperatura e inflamabilidade, dito isto, o correto
monitoramento da operação por parte dos tripulantes,
principalmente dos oficiais de náutica, é de fundamental
importância para a segurança do navio e das pessoas envolvidas.
(Milhomem, 2023)
Durante operações de carga e descarga o monitoramento
das variáveis relativas à operação deve ser uma constância pela
tripulação do navio. A temperatura e pressão dos tanques de carga
precisam ser verificadas frequentemente e todos os termômetros e
manômetros devem estar em perfeita ordem, mantendo assim o
controle da operação.
É de extrema importância que seja mantido a bordo um
efetivo suficiente para atender eventuais emergências. O desejável
é que seja de 2/3 da tripulação. O imediato deve sempre estar
presente no Centro de Controle de Cargas (CCC) nas fases críticas
da operação, principalmente no início e término. Um oficial de
náutica de serviço deve sempre estar no CCC, durante toda a
operação, não podendo se ausentar em nenhum momento.
Figura 15 – Centro de Controle de Carga (CCC)
Fonte: Foto dos autores
245
Todas as pessoas envolvidas nas operaçõescada pessoa reage à forma de ser
conduzida. Alguns colaboradores desempenham melhor quando
têm liberdade para agir e decidir como executar seus afazeres,
enquanto outros precisam de alguém liderando e orientando como
e quando realizar cada etapa da sua atividade. A produtividade e
resultado dependem totalmente do comprometimento e experiência
dos envolvidos.
Também se deve analisar o tipo de situação em questão, e
como o tipo de abordagem pode variar de acordo com esta situação.
No caso de uma decisão a qual irá impactar diretamente no trabalho
dos envolvidos, deve-se também analisar quem tem mais expertise
sobre o assunto, o líder ou os liderados.
20
O ideal é, mesmo tendo um estilo dominante, deve-se saber
usar os demais como ferramentas. Um líder avalia todas as
situações, tarefas e pessoas, definindo a melhor abordagem para
cada momento podendo tornar o mesmo um líder melhor e mais
confiável para sua equipe.
Na escolha ou mudança de um líder também se deve avaliar
o compromisso e envolvimento do líder com a cultura e política da
empresa, pois o líder é o responsável por disseminar esta
cultura/política para os liderados. Nos casos de mudanças de
líderes, como acontece com certa frequência em embarcações,
deve-se avaliar se o líder que irá assumir a sucessão consegue se
adaptar às características da equipe. No caso de uma embarcação,
por exemplo, que possui uma tripulação que se adapta a uma
liderança liberal, determinado Comandante pode ter se adaptado
bem, no entanto pode ter dificuldade em uma equipe que requer
pulso mais firme e cobrança mais de perto, e vice-versa.
Chiavenato (1983) destrincha no quadro abaixo algumas
caraterísticas dos estilos de liderança.
Quadro 1 – Estilos de liderança
Fonte: Chiavenato (1983).
21
Podemos concluir que não há uma forma engessada e mais
eficaz de liderar. O objetivo do líder sempre deve ser entregar um
resultado positivo para a corporação que representa e encontrar a
forma ideal para deixar seus colaboradores satisfeitos, tornando o
ambiente de trabalho leve e harmônico. No entanto, não existe uma
fórmula para isso. Cada equipe e cada situação irá exigir esse
“feeling” do líder de como se portar, que também estará totalmente
relacionado com seu temperamento, suas capacidades individuais
e experiências anteriores. A busca por uma liderança ideal deve-se
basear no conhecimento e união dos 3 estilos de liderança, de
acordo com os benefícios que cada situação possa trazer para a
equipe e para o trabalho, alternando muitas vezes o estilo de
liderança de forma situacional e sempre agindo com sensibilidade,
respeito e autenticidade.
Nem sempre o líder irá acertar, mas é sempre observando o
resultado e como aquela decisão impactou na sua equipe que um
líder pode exercitar a autocrítica e se tornar cada dia sua melhor
versão. Um líder deve estar sempre se atualizando tecnicamente e
também sobre os estudos relativos à liderança.
Características de um bom líder
Um bom líder possui várias características fundamentais que
o distinguem e o capacitam para guiar e influenciar positivamente
sua embarcação. É uma pessoa que preza pela integridade,
educação e respeito, tendo como virtudes o bom relacionamento
com a tripulação, fazendo com que suas ações levem credibilidade
para ajudar e apoiar em busca de um bom resultado.
22
Figura 3 – Ações de um líder
Fonte: Ferrari (2022).
O líder eficaz consegue extrair de seu grupo o melhor de cada
pessoa, dando auxílio para o aprimoramento pessoal e profissional,
gerando assim, confiança entre os membros e mostrando
autoridade para que suas ideias sejam seguidas.
Saber se comunicar de forma clara e objetiva é crucial, pois
ajuda para que suas ideias sejam transmitidas e seguidas da melhor
maneira. O líder necessita compreender as necessidades e
preocupações de cada membro, e ter empatia ao lidar com situações
pessoais e profissionais.
Ter habilidade ao delegar responsabilidades e tarefas é
importante, pois dessa forma o líder poderá despender de mais
tempo e energia para concentrar em questões que necessitam de sua
contribuição. A tomada de decisão é uma responsabilidade crítica
e sempre desafiadora na carreira de um bom líder, pois ela pode
gerar muitas vezes impactos direto em sua equipe e na organização,
necessitando considerar opções que avaliam riscos e benefícios
antes de escolher a melhor solução.
Investir no crescimento e desenvolvimento dos membros
da equipe é uma característica-chave. Um bom líder oferece
orientação, treinamento e oportunidades para aprimorar as
habilidades da equipe.
23
Liderar pode ser desafiador, então, um líder precisa ser
resiliente diante das adversidades e saber gerenciar o estresse de
maneira eficaz para manter o equilíbrio, e continuar a liderar de
forma eficaz.
Essas características são interconectadas e um bom líder
combina-as de maneira equilibrada, adaptando-se às necessidades
da equipe e sabendo estimular os membros através do
reconhecimento das suas tarefas à medida que se envolvam e
sintam-se comprometidos. Líderes cautelosos não necessitam
humilhar ninguém, nem se sentir melhor por ter uma posição de
destaque, mas necessitam serem justos, compreensivos,
inspiradores e jamais reterem o conhecimento só para si, ganhando
assim, a confiança de todos para a realização de uma boa gestão.
Diferenças entre líder e chefe
Figura 4 – Diferenças entre líder e chefe.
Fonte: Instituto Brasileiro de Coaching (2017).
Líder e chefe são papéis distintos dentro de uma organização,
apesar da língua portuguesa e o dicionário apresentarem como
sendo sinônimo, cada um mostra características e abordagens
diferentes. O desenvolvimento das estruturas de negócios entre
ambos mostra diferenças entre as formas que desempenham o
24
poder e determinam o sucesso. Podemos facilmente identificar as
diferenças entre um líder e um chefe.
Um líder tem uma perspectiva de longo prazo e está focado
na visão, no desenvolvimento da equipe e no alcance dos objetivos
organizacionais de forma inspiradora. Um chefe está mais
orientado para tarefas e prazos imediato, muitas vezes centrado no
controle e na supervisão das operações diárias.
A influência de um líder vem de sua habilidade de inspirar,
motivar e influenciar positivamente a equipe, muitas vezes sem
depender estritamente da autoridade formal. A autoridade de um
chefe é derivada de sua posição hierárquica e do poder formal
conferido pela organização.
Um líder geralmente valoriza o relacionamento interpessoal,
a comunicação aberta e busca desenvolver um ambiente de
confiança e colaboração. Um chefe muitas vezes se concentra mais
na hierarquia e nas relações de autoridade, embora isso possa variar
dependendo do estilo de gestão.
Um líder prioriza o desenvolvimento e o bem-estar das
pessoas da equipe, acreditando que isso levará a melhores
resultados no longo prazo. O chefe pode estar mais focado nos
resultados e nas metas organizacionais, às vezes à custa do bem-
estar ou desenvolvimento pessoal dos membros da equipe.
O líder geralmente promove a inovação, encorajando novas
ideias e abordagens, e está disposto a correr riscos calculados para
alcançar suas metas. O chefe pode ser mais avesso a riscos e
favorecer a estabilidade e a conformidade com os procedimentos
estabelecidos.
O líder busca soluções colaborativas e envolve a equipe na
identificação e resolução de problemas, valorizando a diversidade
de opiniões e perspectivas. O chefe muitas vezes assume uma
abordagem mais direta e decisiva na resolução de problemas,
podendo depender menos da contribuição coletiva.
Um bom líder investe tempo no desenvolvimento pessoal e
profissional dos membros da equipe, buscando capacitar e fazer
crescer as habilidades individuais. Pode-sedevem estar
familiarizadas com os perigos das cargas manuseadas além de ter
acesso fácil às Folhas de Informação de Segurança de Produtos
Químicos (FISPQ). As FISPQs (MSDS) das cargas devem ser
disponibilizadas no Centro de Controle de Carga (CCC).
A comunicação entre navio e terminal deve acontecer de
forma clara e objetiva. Somente assuntos relativos à operação
devem ser tratados nesta comunicação. O oficial de náutica de
serviço deve estar sempre atento ao rádio de comunicação com o
terminal mantendo-o audível e pronto para uso.
Rondas constantes no convés devem ser realizadas pelo
marinheiro de convés, sempre atentando aos cabos de amarração,
tesando ou solecando de acordo com o andamento da operação. O
oficial de serviço precisa monitorar as variações da maré,
principalmente em portos onde a amplitude varie muito como São
Luis – MA.
A vigilância nas tomadas de carga é outro ponto que deve
ser monitorada constantemente, verificando possíveis vazamentos
nas redes de carga e inclusive nas tomadas do bordo oposto a
conexão.
O bombeador de bordo deve auxiliar o oficial de náutica de
serviço verificando constantemente as variáveis de controle da
operação nos termômetros e manômetros do convés. O nível de
óleo e a pressão das unidades hidráulicas de acionamento das
válvulas de carga e lastro também devem ser verificadas
constantemente.
Pelo menos três vezes durante a operação o bombeador
deve realizar medições de nível local dos tanques de carga para
serem comparadas com os níveis remotos no CCC, além de
comparar as medidas dos calados no local com os remotos.
O oficial de náutica de serviço deve monitorar o
cumprimento das rondas e as verificações realizadas pelo
bombeador e registrar no bandalho de operações o cumprimento
desses procedimentos. É importante que o oficial exerça seu papel
de liderança nas operações de carga e descarga, motivando os
246
subordinados na realização correta dos procedimentos de
segurança.
7.6.1– Cuidados nas operações de carregamento
Para toda a operação de carga, o limite de enchimento e as
precauções contra transbordo são de grande importância e devem
ser constantemente monitoradas, desde o planejamento, no início
da operação, até a parte final da operação.
O início do carregamento deve ser efetuado com vazão
reduzida, evitando assim ondas de pressão além de possibilitar o
monitoramento desta fase crítica da operação.
Durante o carregamento, deve-se dar atenção especial à
presença de água na carga, principalmente quando a carga estiver
acima de 0 0C e ela for resfriada durante a operação ou no
transporte. Não deve acreditar friamente no terminal sobre a não
presença de água na carga, sempre considere a possibilidade de
haver. Durante a operação, o bombeador deve frequentemente
realizar drenagens nas tomadas de amostra do fundo do tanque,
para se verificar a presença de água na carga. Caso seja constatada
a presença, a operação deverá ser imediatamente interrompida e o
terminal informado. (Milhomem, 2023)
Figura 16 – Centro de Controle de Carga (CCC)
Fonte: Foto do acervo dos autores
247
7.6.2 – Monitoramento dos alarmes de nível alto dos tanques
O monitoramento do nível dos tanques em navios gaseiros
é do tipo fechada e as indicações de nível dos tanques de carga
podem ser lidas no local ou remotamente, no centro de controle de
carga.
Cada tanque de carga deverá ser equipado com alarmes de
nível alto de líquido (95% e 98%), operando independentemente de
outros indicadores de nível de líquido e emitindo um aviso sonoro
e visual quando ativado. Ao ser acionado o alarme de 98%, outro
sensor operando independentemente do alarme de nível alto de
líquido deve acionar automaticamente uma válvula de corte de
maneira que evite pressão excessiva de líquido na linha de
carregamento e evite que o tanque fique cheio de líquido. (IGC
code, 2016).
O monitoramento do alarme de nível alto dos tanques de
carga tem de acontecer durante toda operação. O oficial de náutica
precisa ficar atento aos alarmes de nível alto, e caso ele seja
acionado é importante a rápida atuação do oficial, realizando a
cambagem da operação para outro tanque que esteja menos cheio e
informar o mais rápido possível ao imediato, evitando assim o
transbordo dos tanques.
Figura 16 – Painel Sistema HI/HIHI
Fonte: Foto dos autores
248
Figura 17 – Esquema de Boias Sistema HI-HIHI
Fonte: Manual do Sistema HI-HIHI, OMICRON
7.6.3 - Monitoramento de vazamento de gás liquefeito
Para se determinar o que pode acontecer quando um gás
liquefeito vaza para atmosfera, devem-se considerar dois aspectos:
Vazamento proveniente de um compartimento totalmente
refrigerado – estando o líquido com a pressão próxima à
atmosférica, ele tende a vaporizar rapidamente devido à diferença
de temperatura, causando uma condensação do vapor d’água
presente no ar, formando uma nuvem branca de vapor.
Quando o vazamento é proveniente de um compartimento
pressurizado - estando o líquido com a temperatura próxima do
ambiente e à alta pressão, o gás vaza rapidamente e vaporiza
extremamente rápido, retirando calor do ambiente ao seu redor,
formando uma nuvem de vapor frio, que se mantém por certo
tempo até ganhar calor e se vaporizar completamente.
O perigo do vazamento de gás liquefeito é a atmosfera
inflamável, formada quando o gás se mistura ao ar, provocando
queimadura por frio ao atingir a pele ou causando danos a
equipamentos devido à baixa temperatura.
249
É exigência do IGC code que os navios de gás possuam
sistemas fixos de detecção de gases com alarmes visuais e sonoros.
O Sistema fixo de Detecção de Gás consiste em uma série de
sensores, módulos de alarme e unidades de medida, localizados no
CCC, monitorando continuamente a concentração de gases em
algumas determinadas áreas. Esses alarmes devem soar no
Passadiço e no Centro de Controle de Carga e seus sensores são
normalmente instalados nos seguintes locais:
• Compartimento dos Compressores;
• Centro de Controle de Carga;
• Porões de carga;
• Paiol de tintas;
• Entrada da Superestrutura;
• Compartimento do Ar-Condicionado e;
• Pontos Específicos no Convés
É importante que o oficial tenha ciência do funcionamento
do equipamento e a qualquer sinal de acionamento do sistema, o
ocorrido deverá ser investigado imediatamente.
Figura 18 – Painel Sistema Detecção de
Fonte: Foto dos autores
7.6.4 – Monitoramento de espaços adjacentes aos tanques de carga
Nos navios gaseiros, os espaços adjacentes aos tanques de
carga são chamados de porões de carga. Os porões são monitorados
automaticamente para a detecção de vazamentos de gases de
250
hidrocarbonetos e para alagamento através de boias localizado em
pocetos dentro dos porões.
Os porões devem conter sempre uma atmosfera seca, e sem
umidade e devem estar pressurizados com ar seco. Eles são
purgados com ar seco, proveniente do Sistema de Gás Inerte de
bordo. O objetivo da secagem é evitar condensação nos porões, que
pode causar a deterioração do revestimento dele, levando a uma
redução na eficiência do isolamento do tanque de carga.
O monitoramento da pressão e o alarme de alagamento dos
porões deve ser verificado durante toda a operação. Essas
informações são mostras constantemente no painel de operações
dos navios e o oficial de serviço pode consultá-lo a qualquer
momento.
Figura 19 – Porão Tanque de Carga
Fonte: Foto dos autores
251
7.6.5 – Monitoramento da pressão nos tanques de carga
As pressões dos tanques de carga são, normalmente,
mantidas acima da pressão atmosférica a fim de evitar o ingresso
de ar nos tanques, para não criar uma atmosfera explosiva.
Operações de carga tais como resfriamento, aquecimento, carga e
descarga podem afetara pressão nos tanques. A pressão nos
tanques também pode ser afetada pelas mudanças climáticas e
variações de temperatura entre o dia e a noite.
As pressões nos tanques de carga devem ser
frequentemente monitoradas, principalmente durante as operações
de carregamento. Os equipamentos de medição e monitoramento
das pressões devem ser mantidos calibrados em condições de uso.
Pode se manter a pressão positiva nos tanques de carga das
seguintes formas:
Equalizando a pressão dos tanques que contêm a mesma
carga;
Circulando o líquido ou vapor da carga, ou ambos, entre os
tanques que contêm a mesma carga;
Circulando a carga dentro do tanque com o uso da bomba
de carga;
Geração de vapor através do sistema de vaporização.
Figura 20 – Painel Sistema Detecção de Gás
Fonte: Foto dos autores
252
7.6.6 – Monitoramento das áreas air locks
O air lock é um espaço de acesso aos compartimentos dos
motores elétricos, onde é mantido uma pressão positiva fornecida
por uma ventilação forçada, com a finalidade de impedir a
penetração de gases inflamáveis provenientes da área de carga do
navio.
Este compartimento possui alarmes visual e sonoro para
indicar a abertura do espaço. Toda tripulação deve ser instruída a
não violar esta segurança. Durante a operação, se esta segurança
for por algum motivo violada, acionará a parada da planta de carga
e consequentemente a interrupção da operação.
7.6.7 – Fumo a bordo
Carregar isqueiros ou fósforos e fumar a bordo, é a mais
provável fonte de ignição (chama aberta, centelha) a bordo e por
isso deve ser restrito a locais pré-definidos e claramente
identificados, dentro da superestrutura do navio, não deve ter vigia
e nem portas que abram diretamente para conveses expostos. A
porta para corredores internos deve ser dotada de fechamento
automático e deve ser mantida fechada.
Essa regra deve ser cuidadosamente observada durante as
operações de manuseio da carga, particularmente quando estiverem
presentes visitantes, que não conhecem a natureza da carga nem as
operações que estão sendo realizadas.
7.6.8 – Controle de acesso
O acesso ao navio deve estar o mais longe possível do
manifold, podendo esse acesso ser feito através de uma escada
adequada, fornecida por terra ou por bordo, devendo ser escolhida
a que oferecer maior segurança aos usuários. Deve ser dada atenção
a inclinação da escada devido a diferença de nível entre o navio e
o ponto de apoio no terminal e estar atento às variações dessa
253
inclinação causada pela variação da maré. No porto de São Luis –
MA a atenção do oficial de serviço deve ser reforçada devido a
grande variação da amplitude da maré. O oficial deve monitorar,
com o auxílio do marinheiro de serviço, principalmente nas viradas
de maré. Em alguns casos a operação precisa ser interrompida
devido a necessidade da retirada da escada, já que a altura do navio
ao terminal fica muito alta.
Tanto o navio quanto o terminal devem disponibilizar às
proximidades dos acessos uma bóia salva vidas com luz e retinida.
A iluminação noturna deve ser garantida durante toda a operação.
Qualquer pessoa que se dirija a bordo deve conhecer e
cumprir todos os procedimentos de segurança e proteção do navio.
O oficial de proteção do terminal deve controlar o acesso ao navio
em comum acordo com o oficial de proteção do navio. O
marinheiro de serviço deve fazer o registro das pessoas que
acessaram o navio e informar ao oficial via rádio esse acesso.
7.6.9 – Estabilidade segura do navio
Durante a operação de carga e descarga o oficial de serviço
deve acompanhar as condições de estabilidade segura do navio, de
acordo com o planejamento da operação realizada pelo imediato. A
estabilidade intacta deve ser mantida o tempo todo, antes, durante
e após as operações.
O calculador de esforços deve ser utilizado e monitorado
durante as operações e o oficial precisa saber manusear o sistema,
identificado possíveis riscos e fugas do plano de carga projetado
pelo imediato.
254
Figura 21 – Exemplo de Gráfico de Estabilidade
Fonte: Manual Load Master
7.7 PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA
Todos os tripulantes devem estar familiarizados com os
procedimentos de emergência e saber agir além de cumprir com sua
função de acordo com a tabela mestra.
As emergências que podem ocorrer a bordo durante a
operação são:
• Abertura da válvula de segurança;
• Vazamento nas redes de carga;
• Vazamento e rompimento nas conexões, redes, braço e
mangote de carga;
• Presença de água em algum espaço do navio;
• Encalhe;
• Colisão;
• Incêndio; e
• Abandono.
O tripulante que perceber uma situação de emergência deve
acionar o alarme e informar ao Oficial de serviço que, por sua vez,
alertará ao grupo de emergência e ao comandante. As pessoas que
se encontrarem nas proximidades deverão tomar ações apropriadas,
tentando controlar o incidente até que a equipe de emergência
chegue e assuma as ações.
255
O terminal deverá ser informado rapidamente, interrompendo,
caso necessário, a operação.
Boas práticas para quantificação da carga
A medição final do gás liquefeito de petróleo (GLP) em navios
gaseiros é uma etapa crítica no processo de transporte e entrega
desse produto. Para garantir a segurança, a precisão e a
conformidade com regulamentações internacionais, é essencial
seguir boas práticas durante essa fase. Aqui estão algumas
diretrizes importantes:
Calibração e Manutenção de Equipamentos: Todos os
equipamentos de medição, como medidores de temperatura,
pressão e de nível devem ser devidamente calibrados para garantir
sua precisão.
Registro de Dados: Manter os registros detalhados de todas as
medições, incluindo data, hora, informações de calibração e
qualquer desvio ou anomalia detectada durante o processo.
Padrões de Segurança: Siga rigorosamente os padrões de
segurança e procedimentos operacionais para minimizar riscos
durante a medição. Isso inclui usar equipamentos de proteção
pessoal e manter a área livre de faíscas, chamas e fontes de ignição.
Verificação de Vazamentos: Antes de começar a medição,
verifique se não há vazamentos nos sistemas de transferência de
GLP. Isso é essencial para evitar acidentes e garantir a segurança
da tripulação.
Medição de Temperatura e Pressão: A temperatura e a pressão
do GLP devem ser medidas e registradas com precisão, pois esses
fatores afetam a densidade do gás e, consequentemente, o volume.
Amostragem Representativa: Ao coletar amostras de GLP para
análise de qualidade, certifique-se de que a amostragem seja
256
representativa do produto no tanque. Use recipientes de
amostragem limpos e bem vedados.
Registro de Nível de Tanque: Realizar registros precisos do nível
do GLP nos tanques durante o processo de medição. Isso é
essencial para calcular com precisão a quantidade de GLP
transferida.
Inclusão da carga na fase vapor: O espaço vazio no tanque
contém vapor saturado da carga liquida. Esse vapor pode evaporar
do líquido e ser condensado de volta a ele durante o manuseio da
carga e nenhum vapor se perderá na atmosfera. O vapor, portanto,
é parte significante da carga e deve ser levado em conta nos
cálculos de carga.
Diferença de quantidades antes e depois da operação: É prática
comum na descarga remanescente de carga a bordo, normalmente
em seu estado vapor, que poderá ajudar a manter os tanques
resfriados durante a viagem em lastro e poderá ser utilizado no
resfriamento antes do carregamento da próxima carga, nos navios
que possuam planta de reliquefação. No carregamento, a nova
carga é acrescentada a carga anterior restante. Se o navio atracou
com os tanques aquecidos, receberá carga adicional para fazer o
resfriamento dos seus tanques. Ao final da descarga ou do
carregamentoserá necessário quantificar o vapor e o líquido
existentes no tanque antes ou depois da operação para encontrar a
quantidade exata descarregada ou carregada.
Treinamento da Tripulação: Certifique-se de que a tripulação
envolvida na medição final seja devidamente treinada e
qualificada. Eles devem estar cientes dos procedimentos de
segurança e dos regulamentos aplicáveis
Em resumo, seguir boas práticas durante a medição final de
GLP em navios gaseiros é essencial para garantir a segurança da
tripulação, a precisão das medições e a conformidade regulatória.
257
O cumprimento rigoroso dessas diretrizes contribui para um
transporte seguro e confiável desse produto essencial em todo o
mundo.
Figura 22 – Sistema Monitoramento de Carga
Fonte: Foto dos autores
Figura 23 – Sistema Monitoramento de Carga
Fonte: Foto dos autores
Densidade No Ar X Densidade No Vácuo
A densidade é uma medida que descreve a quantidade de
matéria contida em uma unidade de volume. Ela é uma propriedade
física importante para caracterizar materiais e substâncias, e a
densidade de um objeto ou substância pode variar dependendo das
condições em que está localizada, como no ar ou no vácuo. As
quantidades das cargas de gás liquefeito são comumente expressas
em termos de “peso no ar”. A carga dos navios é quantificada
indiretamente através de uma pequena amostra da carga da qual se
258
determinará sua densidade. Se essa densidade for multiplicada pelo
volume total da carga a quantidade total será obtida.
Densidade no Ar
A densidade no ar refere-se à densidade de um material ou
objeto quando está imerso no ar atmosférico, que é uma mistura de
gases. A densidade no ar geralmente é medida em unidades como
quilogramas por metro cúbico (kg/m³) ou gramas por centímetro
cúbico (g/cm³). A densidade de um objeto no ar depende de vários
fatores, incluindo sua composição e temperatura ambiente. Por
exemplo, a densidade do ar em condições padrão (a 20 graus
Celsius e pressão atmosférica de 101,3 kPa) é aproximadamente
1,225 kg/m³. Os objetos com densidade menor que essa, flutuam
no ar, enquanto aqueles com densidade maior que essa, afundam.
Densidade no Vácuo
O vácuo é um espaço no qual a pressão é significativamente
menor do que a atmosfera terrestre, e é caracterizado pela ausência
quase total de matéria. Em um vácuo, a densidade de qualquer
substância ou objeto é extremamente baixa, porque não há
moléculas do meio (como no caso do ar) para ocupar espaço e
influenciar a densidade. Portanto, a densidade no vácuo é
virtualmente zero para todas as substâncias, incluindo sólidos,
líquidos e gases. No vácuo, a matéria não ocupa espaço, pois não
há moléculas para ocupá-lo.
Quantificação da carga
O volume da carga é muito importante e este depende de
sua temperatura. Primeiramente é necessário especificar em qual
condição a carga será quantificada. A condição usual,
normalmente, é que a carga esteja na temperatura padrão de 15ºC
(no Brasil, os cálculos são realizados na temperatura padrão de
20ºC). Assume-se, ainda, que toda a carga é um líquido em seu
259
ponto de ebulição. Mesmo que as massas de duas cargas sejam
idênticas, se os seus volumes não forem iguais, seus pesos serão
diferentes em razão da ação causada pelo deslocamento do ar que
as impulsionam para cima. Imagine que dois carregamentos de
massa igual foram pesados: um inteiramente como líquido e outro
inteiramente como vapor. O primeiro teria um peso não muito
diferente de sua massa, enquanto o último teria um peso muito
pequeno devido ao deslocamento muito grande de ar. A utilização
de um padrão preciso serve para evitar esta ambiguidade.
O cálculo do peso da carga pode ser realizado por dois
métodos práticos:
Primeiro Método: A massa é calculada e convertida em peso
através da aplicação de um fator de conversão para a densidade do
líquido a 15ºC. Esse fator de conversão é obtido da Tabela 56 da
ASTM/IP Petroleum Measurement Tables (ASTM 56)
Figura 24 – Tabela ASTM 56 /
Fonte: Edição dos autores
Segundo Método: O peso da carga é determinado pelo seu volume
a 15ºC usando-se um fator de conversão de peso ao volume. Esse
fator de conversão de peso é o peso por unidade de volume do
líquido a 15ºC. Esse fator não pode ser confundido com densidade
embora tenham relação. Esse fator representa uma unidade de peso
por uma unidade de volume, enquanto a densidade real tem uma
unidade de massa por uma unidade de volume. A Tabela ASTM 56
traz a relação entre a densidade a 15ºC e este fator de conversão.
260
Figura 25 – Tabela ASTM 56 /
Fonte: Edição dos autores
Todos os navios possuem Tabelas de Calibragem, para cada
tanque de carga, que permitem que sejam encontrados os volumes
de líquido e de vapor a partir da medição do nível de líquido no
tanque. Essas tabelas são criadas a partir de cuidadosa medição,
tomada em condições normais de temperatura e pressão, logo
depois que o navio foi construído. Os volumes indicados nas
tabelas, normalmente, consideram que o navio esteja sem trim e
sem banda. Possuem, porém, fatores de correção capazes de
corrigir a medição do nível de líquido de acordo com as condições
reais de trim e de banda e de temperatura dos tanques no momento
de sua medição.
261
Figura 26 – Tabela Sondagem Tanque de Carga /
Fonte: Edição dos autores
Principais Correções nas Medições de Nível de Líquido de
Tanques: Correção para o trim
As tabelas de calibragem apresentem volumes
considerando o navio em águas parelhas, se os medidores dos
tanques não estiverem situados em seu centro geométrico e se o
navio não estiver em águas parelhas, será necessário fazer uma
correção na medida de nível do tanque para se obter da tabela o
volume de líquido correto.
262
Figura 27 – Esquema de um tanque de carga em navio com trim positivo
Fonte: Apostila Curso ESOG
Correção para banda
As tabelas de calibragem apresentem volumes
considerando o navio adriçado. Então se o Navio tiver banda para
um dos bordos, será necessário realizar uma correção para se obter
o volume correto da tabela de volume de líquido dos tanques.
A figura abaixo mostra um tanque prismático de um navio
que está com banda para bombordo, ou seja, o calado de bombordo
é maior do que o calado de boreste. Como pode ser observado, com
o navio nessa condição, o nível de líquido permanece paralelo a
linha d’água. Consequentemente, e tomando o tanque de bombordo
como exemplo, na antepara lateral, o nível de líquido,
aparentemente, se eleva a distância a’/a. Se o navio estivesse
adriçado, o nível de líquido seria o mostrado pela linha pontilhada
no diagrama.
263
Figura 28 – Esquema de um tanque de carga em navio com banda
Fonte: Apostila Curso ESOG
Correção para fita da boia
A fita do medidor flutuante passa pelo espaço ocupado pelo
vapor frio e, dependendo da temperatura do espaço, se contrai,
indicando, assim, um nível de líquido inferior ao nível real.
Figura 29 – Esquema de um tanque de carga e sua boia de medição
Fonte: Apostila Curso ESOG
264
Vale lembrar que navios que possuem sonda radar e a
medição da ulagem se dar através de cabo, haste ou tubo por onde
são transmitidas ondas eletromagnéticas, que ao encontrar meio
diferente do ar, retorna ao radar para indicar a ulagem do tanque,
não necessita desta correção!
Correção para a boia
O “zero” de referência do flutuador é determinado pelo
fabricante, normalmente numa imersão de 50%. Se a carga líquida
tem temperatura e densidade diferentes daquelas assumidas pelo
fabricante na determinação do “zero”, uma pequena correção terá
que ser aplicada referente a imersão da boia.
Vale lembrar que esta correção também não se aplica a
naviosequipados com sistema de sonda radar.
Correção para contração e expansão do tanque
Um tanque de carga tendo sido calibrado na temperatura
ambiente terá um volume menor quando carregar uma carga mais
fria devido a contração do material de sua construção. Se a
temperatura do líquido é diferente da temperatura do espaço de
vapor, é usual que se aplique fatores de correção separados para o
volume de líquido e do espaço de vapor.
Cálculo da carga
Ao término da medição, o cálculo da quantidade total de
carga pode ser executado.
Não há um padrão internacionalmente definido para os
cálculos de carga de gás e os procedimentos podem variar
conforme os gases químicos. Na ausência de quaisquer instruções
referentes aos cálculos, pode ser adotado o procedimento a seguir,
empregando-se a temperatura padrão amplamente utilizada de 20ºC
/ 15ºC:
265
1. Determinar por medição a temperatura média do líquido, a
temperatura do espaço de vapor (em graus Celsius) e a pressão
do espaço de vapor (bar ou mbar).
2. Ler o nível de líquido do tanque e calcular o volume de líquido
(VL) nas condições do tanque, usando as tabelas de calibração
do navio para aquele tanque, fazendo todas as correções
necessárias para temperatura, banda e trim.
3. Determinar a densidade do líquido, observando a temperatura
em que esta é feita e, empregando a tabela 53 do ASTM*,
fazer a conversão da densidade do líquido para 20ºC / 15ºC.
4. Usar a densidade do líquido a 20ºC / 15ºC e a medida da
temperatura média do líquido, entrar na tabela 54 do ASTM*
para obter o fator apropriado de correção do volume para
converter em volume a 20ºC / 15ºC.
5. Calcular a massa de líquido = Volume x Densidade
6. Calcular o volume de vapor nas condições do tanque,
subtraindo-se o volume aparente de líquido (quantidade de
líquido antes da aplicação do fator de contração do tanque) do
volume total do tanque.
7. Usando a temperatura média do vapor, corrigir o volume
aparente de vapor para contração do tanque.
8. Determinar a densidade do vapor, nas condições do espaço do
vapor, usando a seguinte fórmula:
Densidade do Vapor = Ts x Pv x Mm kg/m3
Tv x Ps x I
Onde:Ts é a temperatura padrão de 288K
Tv é a temperatura média do vapor em K
Pv é a pressão absoluta do espaço do vapor em bar
Ps é a pressão padrão de 1,013bar
Mm é a massa molecular da mistura de vapor em kg/Kmol (às
vezes chamado de peso molecular).
I é o volume molar gasoso ideal na temperatura 288K e
pressão 1,013bar. Isto é 23,645m3/Kmol.
9. Calcule a massa de vapor multiplicando o volume do vapor
pela densidade do vapor.
10. Some a massa de líquido com a massa de vapor para obter a
massa total de carga no tanque.
266
11. Converta o total para peso no ar.
EXEMPLO:
Dados de Medição
Tanque nº 1 Boreste
Produto: Propano
Leitura do Medidor: 10,020m
Trim do Navio: 2,0m de popa
Adernamento do Navio: 0,5° grau para bombordo
Temperatura média do líquido: -43°C
Temperatura média do vapor: -38°C
Pressão do espaço do vapor: 1,059 bar
Peso molecular do líquido: 44,097
Densidade do líquido: 511kg/m³ a 15°C
Das tabelas de calibração do navio para Tanque 3p
Leitura do medidor do tanque: 10.020mm
Correção para trim: - 127mm
Correção para adernamento: + 46mm
Correção do medidor de nível: + 1mm
Correção da imersão da bóia: 0mm
Altura de líquido (innage) corrigida: 9.940mm
Volume de líquido (não-corrigido): 5.441,88m³
Volume de 100% do tanque: 9.893,63m³
Volume do vapor (não-corrigido): 4.451,75m³
Cálculo de líquido
Volume de líquido (não-corrigido): 5.441,88m³
Fator de contração do tanque x 0,99773
Volume de líquido a -43°C 5.429,52m3
FCV de -43°C para 15°C (tabela 54) x 1,145
Volume de líquido a 15°C: 6216,8m3
Densidade do líquido a 15°C (de terra) x 511kg/m³
267
Massa de líquido 3.176.785 kg
OBS: FCV – Fator Corretor de Volume
Cálculo de vapor
Volume de vapor (não-corrigido) 4.451,75m3
Fator de contração do tanque x 0,99791
Volume do vapor a -38°C 4.442,45m3
Densidade do vapor a -38°C:
Ts x Pv x Mm = (273 + 15) x 1,059 x 44,097 = 2,389 kg/m³
Tv x Ps x I (273-38) x 1,013 x 23,645
Massa de Vapor 10.613kg
Massa total
Massa de líquido: 3.176.785kg
Massa de vapor: 10.613kg
Massa Total: 3.187.398kg
Peso no ar
Fator para a conversão da massa de líquido, de densidade de
511kg/m3 a 15°C, para peso no ar (Tabela 56) x 0,99775
Peso total no ar 3.180.226 kg = 3.180,23 toneladas métricas
Figura 30 – Tabela ASTM 56 /
Fonte: Edição dos autores
268
Cálculos da carga na prática
Devido necessidade de agilidade durante liberação inicial e
final das operações, e visando ganhar tempo para que não ocorra
atrasos no início da operação ou na desatracação do navio,
usualmente os navios gaseiros possuem planilhas com fórmulas e
tabelas linkadas, que fazem as correções aplicáveis e através da
inserção de dados específicos, como calados, temperaturas,
imagem, volume e densidade da carga, fornecem os valores da
quantidade de carga a bordo.
Figura 31 – Tabela para inserção de dados para cálculos de carga
Fonte: Acervo dos autores
269
Figura 32 – Relatório de medição e quantidades inicial /
Fonte: Acervo dos autores
270
Figura 32 – Relatório de medição e quantidades final/
Fonte: Acervo dos autores
271
7.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A operação em navios gasosos é uma área altamente
especializada e desafiadora da indústria marítima que envolve o
transporte de gases liquefeitos, como gás natural liquefeito (GNL)
e gás liquefeito de petróleo (GLP). Essas operações exigem muita
competência, precaução e adesão estrita a normas de segurança
devido à natureza inflamável e volátil dos gases transportados. A
segurança é a prioridade máxima em operações de navios gasosos.
Todos os membros da tripulação devem ser devidamente treinados
e certificados para lidar com emergências, como vazamentos ou
incêndios. Equipamentos de segurança, como sistemas de detecção
de vazamentos e extintores, devem estar prontamente disponíveis e
em boas condições de funcionamento. Os membros da tripulação
devem passar por treinamento especializado em operações com
gases liquefeitos e receber certificações específicas para a função
que desempenham a bordo. Isso inclui treinamento em
procedimentos de segurança, manuseio de cargas e resposta a
emergência. A manutenção regular e inspeção rigorosa de
equipamentos e sistemas a bordo são fundamentais para prevenir
acidentes. Válvulas, tubulações, tanques e outras partes críticas do
sistema devem ser mantidas em perfeitas condições de
funcionamento.
A indústria de navios gasosos está sujeita a
regulamentações rigorosas, muitas vezes definidas por
organizações como a IMO (Organização Marítima Internacional).
O cumprimento dessas regulamentações é fundamental para
garantir a segurança das operações. A gestão de riscos desempenha
um papel central nas operações em navios gasosos. Isso inclui a
avaliação de riscos potenciais, a implementação de medidas de
mitigação e a elaboração de planos de resposta a emergências
abrangentes.
Os navios gaseiros continuam a evoluir com a introdução
de tecnologias mais seguras e eficientes. Isso inclui avanços em
sistemas de contenção, sistemas de monitoramento e propulsão de
baixa emissão. À medida que a conscientização ambiental aumenta,
272
a indústria de navios gasosos também está se esforçando para
melhorar sua pegada ambiental. A transição para combustíveis
mais limpos e a adoção de tecnologias de redução de emissões são
áreas de foco crescente.
Em resumo, a operação em navios gasosos é uma atividade
complexa e altamente regulamentada que requer um compromisso
inabalável com a segurança, treinamento de alta qualidade einovação contínua. Quando gerenciada adequadamente, essa
indústria desempenha um papel importante no fornecimento de
energia e produtos químicos essenciais para todo o mundo, ao
mesmo tempo em que protege o meio ambiente e a segurança de
suas tripulações
273
REFERÊNCIAS
[1]https://memoria.ebc.com.br/noticias/economia/2015/07/transp
etro-poe-em-operacao-navio-oscar-niemeyer-para-transporte-
de-glp
[2] https://www.imo.org/en/publications/Pages/Home.aspx
[3] https://www.wartsila.com/insights/article/worlds-first-
ethane-powered-marine-vessels
[4] https://www.icedesign.info/services/proprietary-designs/gas-
carriers/#1493968992864-2b16a8df-d736
[5]https://www.reddit.com/r/pics/comments/5etf1f/inside_a_chev
ron_liquefied_natural_gas_cargo_tank/?rdt=60145
[6] http://www.suframa.gov.br/fiam/arquivos/seminarios-2013-
palestras/palestras-s2/Cigas_Seminario_Reservas-Minerais-e-
de-Oleo-e-GN-rev02.pdf
https://www.suape.pe.gov.br/pt/noticias/1782-suape-recebe-
embarcacao-da-maior-classe-de-navio-gaseiro-em-operacao-no-
mundo
http://www.projetomemoria.org/2013/12/watch-full-movie-
brimstone-2017/
Installation & Maintenance Manual-Cargo Tank Level
Transmitter PROMAR, No.: 400743-746, 23.04.2023
Milhomem, D.S, Manual do Navio Gaseiro. Revisão V,
Transpetro 15/06/2023
Manual do Load Master, PROMAR Estaleiro, Versão Final,
07/08/2017
274
Milhomem, D.S, Manual do Navio Gaseiro. Revisão V,
Transpetro 15/06/2023
275
8 Estudo comparativo dos sistemas refletivos
utilizados, pelo sensor de referência cyscan, em
operações de posicionamento dinâmico.
Francisco Eduardo Lima Saraiva
Roldão Sereni Neto
Mario Guilherme Oliveira de Oliveira Filho
Francisco Ernande Queiroz Dantas
Rommel Gomes e Gomes
RESUMO
No mundo offshore cada vez mais embarcações se utilizam
do posicionamento dinâmico para executarem suas operações com
unidades marítimas. O DP (sigla para Dynamic Positioning), como
é chamado na prática, trouxe mais segurança nas aproximações e
nas longas operações dos Platform Supply Vessel (navios que
prestam apoio as plataformas). Nesta contribuição daremos
destaque ao funcionamento de um dos sistemas de referência
utilizado pelo DP. O Cyscan é um sensor de referência de alto
desempenho, projetado especificamente para aplicações marítimas
de posicionamento dinâmico. Apresentamos também os principais
fatores de degradação do sistema e sua relação com os principais
tipos de refletores utilizados nas unidades marítimas. Por fim,
apresentamos um estudo comparativo dos sistemas refletivos que
utilizamos, Cyscan Prism Cluster Target e Single Target Tube/Flat.
Palavras-chave: Posicionamento dinâmico, Syscan, Pré-sal,
Sistema MPD, Pressão, Perfuração.
276
8.1 O SISTEMA DP
Os sistemas de Posicionamento Dinâmico (DP) foram
desenvolvidos na década de 1960 para perfuração offshore. A
necessidade surgiu quando a perfuração offshore mudou para águas
mais profundas e o uso de plataformas elevatórias de perfuração
não era mais possível e a ancoragem não era uma opção
financeiramente viável ou impossível devido a um fundo do mar
congestionado. Os primeiros sistemas de DP eram simplistas, mas
quando a teoria de controle mais avançada foi aplicada na década
de 1970, o sistema DP automatizado foi realizado [2].
Um sistema DP consiste em componentes e sistemas agindo
juntos para alcançar capacidade de manutenção de posição
suficientemente confiável. A confiabilidade necessária é
determinada pela consequência de uma perda de capacidade de
manutenção de posição [1].
Uma conferência realizada em Houston em 1998 pelo
Dynamic Positioning Committee da Marine Technology Society
definiu as bases do DP como sendo: “Um meio de manter uma
embarcação em posição relativamente fixa em relação ao fundo do
oceano, sem usar âncoras realizadas por dois ou mais dispositivos
propulsores controlados por entradas de instrumentos sônicos no
fundo do mar e na embarcação, por giroscópio, por navegação por
satélite ou por outros meios.” [3].
277
Figura 1. Fonte: C. S. Chas, R. Ferreiro. INTRODUCTION TO
SHIP DYNAMIC POSITIONING SYSTEMS. Journal of Maritime
Research, Vol. V.No. l, pp. 79-96, 2008.
Com base na publicação IMO (Organização Marítima
Internacional) 645, as sociedades classificadoras emitiram regras
para navios posicionados dinamicamente descritos como Classe 1,
Classe 2 e Classe 3. A classe DP1 não tem redundância. A perda de
posição pode ocorrer no caso de uma única falha. Equipamento
DP2 tem redundância de modo que nenhuma falha única em um
sistema ativo fará com que o sistema falhe. A perda de posição não
deve ocorrer a partir de uma única falha de um componente ou
sistema ativo, como geradores, propulsores, painéis de controle,
controle remoto válvulas controladas, etc. Mas pode ocorrer após a
falha de um componente estático, como cabos, tubos, válvulas
manuais etc. Equipamento DP3, que também deve resistir a
incêndio ou inundação em qualquer compartimento sem que o
sistema falhe. A perda de posição não deve ocorrer a partir de
qualquer falha incluindo uma subdivisão de fogo completamente
queimada ou compartimento estanque inundado [4].
8.2 SISTEMAS DE REFERÊNCIA
Os componentes do sistema DP estão localizados em todo
o navio; eles variam de sensores de vento em todo o mastro até os
278
propulsores abaixo da água. Uma embarcação DP depende de um
sistema de computador para interpretar sinais de sistemas de
referência, sensores de vento, movimento e giroscópio para manter
a posição e o rumo, ou permanecer em um rumo predeterminado.
Esse é realizado ajustando a direção e força dos propulsores do
navio. O sistema de gerenciamento de energia controla, monitora e
fornece ao sistema DP a energia necessária [2]. A figura abaixo nos
traz o panorama completo de como os sensores estão interligados
com o sistema DP.
Figura 2. Fonte: Liu, Zhongyuan. Sensor Fusion and Observer Design for
Dynamic Positioning. Delft University of Technology, Thesis · January
20l5.
Como vários sistemas de referência de posição diferentes
podem ser usados, o sistema DP realiza uma série de testes em cada
um desses sistemas para verificar se suas medições de posição são
precisas o suficiente para usar. Se os testes mostrarem que algumas
medições estão fora dos limites de precisão aceitáveis, então estas
medições são desconsideradas pelo sistema DP [3]. Para qualquer
operação que requeira redundância de DP, é necessário utilizar três
PRS (Position Reference Systems). Dois PRSs não são adequados,
porque se um falhou, teria dados de referência contraditórios,
enquanto três sistemas fornecem dados de dois em três [4].
279
8.3 CYSCAN
A embarcação está equipada com o CyScan, baseada em
laser, sistema de medição de posição relativa. O princípio de
determinação do alcance no CyScan é semelhante ao radar; um
pulso emitido por um transmissor o dispositivo é refletido de um
alvo e retornado ao transmissor. O alvo é um dispositivo reflexivo
passivo de alto grau e pode vir na forma de um painel plano,
cilíndrico ou um conjunto de prismas reflexivos. O alcance efetivo
irá variar de acordo com as condições do clima; a névoa dispersará
o feixe de laser e, portanto, reduzirá a intensidade do sinal
retornado. Feixes de até 400m são reivindicados, mas a experiência
prática tem mostrado que a faixa de operação efetiva está em torno
de 100m do refletor [7].
A operação deste tipo de sensor pode ser prejudicada por
reflexos recebidos de outras superfícies refletoras no ou próximo
ao refletor fixo. O elemento sensível na cabeça do sensor pode ser
inundado pela luz solar quando o sol está em baixa altitude, como
amanhecer ou anoitecer. O tamanho relativo das gotículas de água
aocomprimento de onda do sinal de laser também pode causar
dispersão do feixe de luz e fraqueza correspondente no pulso
retornado [1].
Figura 3. Fonte: CysCan, Positioning Technology From Guidance.
Disponível: www.guidance.eu.com
280
O CyScan emite luz infravermelha segura para os olhos e
detecta os reflexos retro-reflexivos dos alvos. Os alvos são
montados em estruturas ou vasos designados. Eles consistem em
tiras de uma fita reflexiva de alto desempenho montada em suporte
plano ou cilíndrico. O alcance preciso e o rumo de um ou mais
alvos são medidos pelo CyScan e usados para calcular a posição
exata do tubo reflexivo ou prisma em relação à estrutura. Essas
informações de posição são exibidas na tela do console e
transmitidas automaticamente para o sistema DP da embarcação
[9]. Podemos ver abaixo o modo de operação do CyScan.
Figura 4. Fonte: CysCan, Positioning Reference Sensor. Operator’s Guide.
9th December 20l0. Disponível: www.guidance.eu.com
O controlador do PC é conectado à unidade de rastreamento
via link serial e fornece a interface do operador para aquisição e
monitoramento de alvos. Uma vez que os alvos são adquiridos
(rastreamento, alcance e orientação), os cálculos são automáticos e
281
a comunicação através do PC não é essencial; o PC pode falhar,
mas a cabeça de rastreamento continuará a permanecer travada no
alvo e fornecerá dados de referência de posição para o DP [7].
O manual do fabricante CysCan nos traz uma informação
muito importante a respeito das distâncias dos alvos. Vejamos
abaixo:
Figura 5. Fonte: CysCan, Positioning Technology From Guidance.
Disponível: www.guidance.eu.com
Veremos, que essas distâncias serão de fundamental
importância para as operações realizadas por nossas embarcações,
principalmente quando somos autorizados a adentrar a zona dos
500 metros das unidades marítimas. Podemos observar que os
diferentes tipos de alvos influenciam na recepção do sinal enviado
pelo CysCan. O manual do fabricante nos mostra os diferentes tipos
de alvos. Vejamos abaixo:
Figura 6. Fonte: CysCan, Positioning Reference Sensor. Installers Guide.
9th December 20l0. Disponível: www.guidance.eu.com
282
O posicionamento dos alvos nas unidades marítimas
também influencia o sinal recebido pelo CyScan. Portanto é de
suma importância a instalação correta dos refletores conforme
manual do fabricante.
Figura 7. Fonte: CysCan, Positioning Reference Sensor. Installers Guide.
9th December 20l0. Disponível: www.guidance.eu.com
Os alvos devem ser posicionados com espaçamento
desigual entre eles - isso ajuda o sistema a distinguir o sinal entre
os alvos específicos. Os alvos não devem ser colocados a menos de
5 m uns dos outros. Idealmente, eles devem ser colocados a 10m
ou mais separados [10].
8.4 ANÁLISE DOS DADOS
Iremos mostrar os dados coletados em uma operação que
foi utilizado um prisma como sistema refletivo para o CyScan.
Em uma operação de offload e backload com a unidade
marítima NS32 (Bacia de Santos), fomos autorizados a adentrar os
500 m da referida NS e o CyScan captou a reflexão de um prisma
instalado por bombordo da unidade a uma distância de 500m.
Podemos observar na imagem abaixo:
283
Figura 8 – Tela do CyScan. Fonte: De autoria própria.
Ou seja, entramos na zona dos 500 m da unidade marítima
em modo DP2. Segue foto do radar mostrando a posição do Starnav
Aquarius em relação à unidade marítima.
Figura 9 – Embarcação Starnav Aquarius no limite da zona dos
500m da unidade marítima NS32 (Mykonos). Fonte: De autoria própria.
Quando nos afastamos, fomos coletando dados referentes a
distância e brilho no CyScan. Conseguimos captar sinal refletivo
até os 1100m, com brilho de 6%, conforme imagem do CyScan
abaixo:
284
Figura 10 – CyScan captando sinal do prisma a 1100 m de
distância da unidade marítima e brilho de 6%. Fonte: De autoria própria.
O CyScan nos fornece duas informações importantes que
são: a distância do alvo e o brilho. Fazendo o cruzamento desses
dois dados e relacionando-os num gráfico temos o resultado a
seguir:
Gráfico 01. Distância versus Brilho (Prisma). Fonte: De autoria
própria.
Observamos no gráfico acima a relação exponencial do
sinal com a sua distância. Ou seja, quanto mais perto da unidade
melhor será o sinal refletivo captado pelo CyScan. Vejamos, no
gráfico, que antes de alcançarmos os 200 metros de distância da
unidade marítima já temos um brilho acima de 80%. Os dados
285
obtidos estão de acordo com o fabricante, como podemos observar
– Prism Cluster l0m to l250m (standard) [8].
Vamos analisar os resultados da coleta de dados para um
tubo reflexivo abaixo:
Em operação com a unidade marítima Pioneiro de Libra
(FPPL), fomos autorizados a adentrar a zona dos 500 m da unidade
marítima. Porém, na referida distância, não conseguimos captar
nenhum sinal refletivo do tubo, que se encontrava por bombordo
da unidade. Ou seja, entramos nos 500 m da unidade em DP, porém
não em modo DP2.
Figura 11. CyScan captando sinal a 183m com brilho de 50%.
Fonte: De Autoria própria.
Como podemos observar na tela do CyScan acima, só
conseguimos captar sinal refletivo do tubo a uma distância de 183
metros do alvo, com brilho de 50%. O fabricante nos mostra que
para alvos cilíndricos temos: Target Type Typical Range – l,9m
cylindrical l0m to 250m [8]. Portanto, os dados obtidos estão de
acordo com os dados do fabricante.
Fazendo o cruzamento dos dados de distância e brilho,
assim como foi feito com os dados do prisma, para construirmos
um gráfico, obtivemos o seguinte resultado:
286
Gráfico 02 – Distância versus Brilho (Tubo Refletivo). Fonte: De
autoria própria.
Analisando o gráfico podemos observar que há uma
variação de intensidade do brilho, independente da distância. Essas
duas grandezas, no caso em questão, não parecem estar
relacionadas diretamente. Ao pegarmos dois pontos, um perto e um
longe do alvo, podemos comprovar que o sinal do brilho é o
mesmo. Ou seja, o brilho não parece decair ou aumentar com a
distância. Ver tabelas abaixo:
Tabela 01. Relação Distância x Brilho. Fonte: De autoria própria.
Tabela 02. Relação Distância x Brilho. Fonte: De autoria própria.
O que nos leva a concluir que talvez pelo fato do Tubo
Refletivo sofrer mais a ação do ambiente, “a operação deste tipo de
sensor pode ser prejudicada por reflexos recebidos de outras
superfícies refletoras ou próximo ao refletor fixo” [1]. O DP
Distância
Brilho
Ponto 1
88,00
54%
Ponto 2
137,00
54%
Distância
Brilho
Ponto 1
95,00
72%
Ponto 2
145,00
72%
287
Operations Manual (Open Bus Operation) afirma em seu texto que
alvos na forma de tubo reflexivo “o alcance efetivo irá variar de
acordo com as condições climáticas; nevoeiro, luz do sol e chuva.
Todas essas variáveis irão dispersar o feixe de laser e, portanto,
reduzir o retorno do sinal de força. Faixas de até 400m são
reivindicados, mas na prática a experiência mostrou que faixa a de
operação efetiva é cerca de 100m do refletor [1]. O que se mostrou
bastante plausível pois captamos sinal a partir dos 183 metros.
8.10 CONCLUSÃO
O trabalho apresenta um estudo comparativo entre os sinais
de recepção dos dois tipos de refletores (Prisma e Tubo Cilíndrico)
que utilizamos em nossas operações de posicionamento dinâmico.
Este tema é crucial para a segurança de nossas operações,
pois trata-se de um equipamento que altera a classe do DP. Ou seja,
quando habilitado o navio passa a operar em DP2.
Portanto, levando em consideração os resultados
encontrados neste artigo, podemos concluir que o Prisma seria a
melhor opção para as unidades marítimas terem a bordo comosistema refletivo. Esse quesito tornaria nossas operações mais
seguras, pois passaríamos a adentrar a zona dos 500 metros em
modo DP2.
Para unidades do tipo Turret essa melhoria traria um salto
enorme para a segurança da aproximação. Pois como foi analisado
pelo gráfico do prisma entre 450m e 550m já teríamos um sinal
refletivo entre 32% e 57%, conforme tabela abaixo.
Tabela 03. Relação Distância x Brilho. Fonte: De autoria própria.
Distância
Brilho
Ponto 1
451,00
57%
Ponto 2
550,00
32%
288
Ou seja, com esse sinal seria possível a entrada das nossas
embarcações, na zona dos 500m, em modo Ship Follow. Tornando
o uso do prisma uma ação de controle importante para diminuir os
riscos envolvidos.
289
REFERÊNCIAS
[1] The Dynamic Positioning Centre. DP Operations Manual
(Open Bus Operation). PSV 4500; Starnav Aquarius; Hull No.
H2337.
[2] Sandra Hogenboom, Jan Erik Vinnem, Ingrid B. Utne,
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[4] C. S. Chas, R. Ferreiro. INTRODUCTION TO SHIP
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control, 1980, Vol. 1, No. 3, 135- 163
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Effect Analysis dos DP-2 Notation (Open Bus Operation). PSV
4500; Starnav Aquarius; Hull No. H2337
[8] CysCan, Positioning Technology From Guidance.
Disponível: www.guidance.eu.com
[9] CysCan, Positioning Reference Sensor. Operator’s
Guide. 9th December 2010. Disponível: www.guidance.eu.com
290
[10] CysCan, Positioning Reference Sensor. Installers Guide.
9th December 2010. Disponível: www.guidance.eu.com
[11] Sandra Hogenboom, Tarannom Parhizkar, Jan Erik
Vinnem. Temporal decision-making factors in risk analyses of
dynamic positioning Operations. Reliability Engineering and
System Safety journal homepage: www.elsevier.com/locate/ress.
https://doi.org/10.1016/j.ress.2020.107347 Received 16 June 2020;
Received in revised form 2 September 2020; Accepted 25 October
2020
[12] Guia para operações com Embarcações de Apoio.
Anexo A. Petrobras.dizer que o chefe foca
25
mais nas necessidades operacionais imediatas, relegando o
desenvolvimento pessoal a um segundo plano.
É importante notar que a distinção entre líder e chefe pode
variar de acordo com a cultura da organização, o setor de atuação e
as características individuais dos profissionais que ocupam esses
papéis. Idealmente, um bom gestor combina elementos de liderança
e habilidades de gestão para alcançar o sucesso tanto na inspiração
e desenvolvimento da equipe quanto na entrega de resultados
eficazes.
Citando Chiavenato (2014, p. 432), que é um dos autores
mais respeitados no estudo da liderança, onde o mesmo aborda a
ideia de liderança nas organizações, com seguintes palavras:
As organizações são constituídas de muitas pessoas que
trabalham juntas, atuando em diferentes atividades e
níveis organizacionais. Muitas dessas pessoas ocupam
posições nos diversos níveis administrativos – como
diretores, gerentes ou supervisores – para cuidar do
trabalho de outras pessoas, tornando-se, assim,
responsáveis pela atividade conjunta de vários
indivíduos. Isso implica necessariamente liderança.
Chefiar é, simplesmente, fazer um grupo funcionar e atingir
os objetivos esperados (NEZ, 2008). Segundo Machado (2010),
algumas características de um chefe são: estar sempre nervoso,
exigir que a tripulação trabalhe exaustivamente e sem o devido
reconhecimento. Por muitas vezes, o chefe não executa suas tarefas
e delega para que de forma injusta, seus subordinados executem por
ele as tarefas que lhe competem.
Conforme Ettinger (2010), a nomenclatura de “chefe” foi
criada a muito tempo e caracteriza-se como um modelo antigo, de
forma que o chefe se concentra nos defeitos de sua equipe a fim de
punir e humilhar seus liderados, e dessa forma destruindo a união
e o desempenho da equipe como um todo. O chefe costuma impor
suas ideias de forma autoritária, exaltando seu cargo em tom de
ameaça. Este exerce apenas o papel de quem manda e não de quem
comanda. O chefe na maioria das vezes não leva em consideração
26
as limitações individuais entre os membros da equipe e pode acabar
exigindo de forma inadequada, falhando em dar o devido suporte
na realização da atividade proposta, gerando assim, um ambiente
de trabalho estressante e exaustivo, e não aproveitando o melhor
desempenho dos colaboradores, devido aos mesmos se sentirem
sobrecarregados (KOELLE, 2022). Segundo Machado (2010, p. 1),
“o chefe busca quase o tempo todo surpreender o funcionário
fazendo alguma coisa errada”. Uma das características do chefe é
não se importar com o bem-estar da sua equipe. Por muitas vezes,
o chefe se apresenta de forma rude e impaciente com sua equipe, a
fim de intimidar a mesma. Um chefe na maioria das vezes também
não escuta seus liderados, sempre buscando falhas no trabalho dos
liderados e não reconhece os feitos e qualidades da equipe.
Segundo Três (2018, p. 1),
o chefe é aquele que está em uma posição mais elevada
dentro da organização e tem como objetivo o
gerenciamento, sendo respeitado pelo seu poder dentro da
organização. O status de chefe é alcançado devido ao
reconhecimento por seu trabalho dentro da empresa ou
pela experiência ou capacidade.
O envolvimento, entusiasmo, energia e sincronismo de uma
equipe são qualidades essenciais para garantir e elevar o potencial
de uma empresa ou embarcação. Um bom Comandante faz com
que uma boa embarcação se torne cada vez melhor. Aliás, não há
dúvidas que do oposto, um péssimo Comandante, pode trazer a
desunião e descompromisso para uma tripulação, e, com o tempo,
compromete a eficiência da embarcação em suas operações.
Conclui-se então que a bordo existem Comandantes com
diferentes características, uns com perfis de liderança e outros com
perfis de chefia, ambos com o intuito de atingir um mesmo
objetivo, porém exercendo posturas gerenciais diferentes,
implantando sua gestão em prol de bons resultados da embarcação
e da organização como um todo.
27
1.3 FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES DO
COMANDANTE
Num navio da marinha mercante, o capitão ou comandante é
a pessoa com maior autoridade a bordo. Ao capitão estão,
legalmente, atribuídos amplos poderes e a responsabilidade por
todos os aspectos de um navio em navegação. Os poderes incluem
o direito ao uso da força para suprimir motins ou atos de pirataria.
No mar, o capitão exerce o comando absoluto do seu navio,
mesmo que se encontre a bordo um seu superior hierárquico. Se
isso acontecer e se o superior hierárquico der uma ordem ao capitão
do navio, aquele deve especificar qual o objetivo a ser atingido e
não a maneira como o mesmo deve ser atingido. A hierarquia
superior não dá direito à interferência no comando do navio.
Acima de tudo, o capitão é o máximo responsável pela
higiene e segurança de todos os tripulantes e passageiros do seu
navio. Hoje em dia, existem poucas profissões com tanto poder e
responsabilidade. A sua responsabilidade vai desde a decisão de
qual a rota a seguir até à decisão de qual será o cardápio do jantar
dos tripulantes. Por regra, sempre que um navio tenha que ser
evacuado, o capitão deve ser o último tripulante a abandoná-lo. O
capitão de um navio é coadjuvado por vários oficiais dos quais, os
principais são o chefe de máquinas, responsável pela seção de
máquinas, e o imediato, responsável pela seção do convés.
1.3.1 Responsabilidade e autoridade do Comandante
A Companhia deve definir claramente em documento sobre
as responsabilidades do comandante a bordo para:
1. Implementar a política de segurança de proteção ambiental
da companhia;
2. Motivar a tripulação para o cumprimento dessa política;
3. Emitir ordens e instruções apropriadas de forma clara e
simples;
4. Verificar que as exigências especificadas são observadas e
28
5. Revisar periodicamente o Sistema de gerenciamento de
segurança e reportar suas deficiências para o gerenciamento com
base em terra.
A Companhia deve assegurar que o sistema de
gerenciamento de segurança contenha uma declaração clara
enfatizando a autoridade do comandante. A Companhia deve
estabelecer no sistema de gerenciamento de segurança que o
comandante tem a prioritária autoridade e a responsabilidade para
tomar decisões com respeito à segurança e a prevenção da poluição
e para solicitar a assistência da Companhia quando necessário.
1.3.2 Funções
Compete ao comandante de um navio dirigir, coordenar e
controlar os vários serviços de bordo, garantindo as melhores
condições de operacionalidade, rentabilidade e segurança, de
acordo com a política global do armador e de acordo com as leis e
regulamentos nacionais e internacionais da marinha mercante.
No âmbito das suas funções, o comandante de um navio é
responsável por estudar a viagem, nomeadamente a rota a ser
seguida através do planejamento de viagem. Coordena as
atividades dos serviços do convés, de máquinas, de câmaras, de
saúde e de radiocomunicações, visando o seu bom funcionamento;
dirige, coordena e controla todas as ações inerentes à exploração
comercial do navio, mantendo o contato com o armador,
carregadores, agentes de navegação, estivadores e outras entidades
ligadas à operação; coordena a atividade do navio com os vários
serviços em terra; elabora pareceres sobre a exploração do navio e
sobre as operações comerciais do amador; cumpre e faz cumprir as
normas aplicáveis ao navio e tripulação, no que diz respeito à
segurança, ambiente e salvaguarda da vida humano no mar.
O comandante deve cuidar para que todas as normas
trabalhistas estejam cuidadosamente sendo cumpridas. Verificar se
o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) de cada tripulante está em
dia, mantendo sempre uma cópia desse documento de cada
29
tripulante em pasta a bordo, bem como as demais documentações
necessárias.Também deve estar alinhado junto a empresa, com as
vistorias de classe e ademais, outras vistorias como as do cliente e
autoridades. Todas devem ser registradas no diário de bordo. O
diário é um livro importante, onde todas as operações e eventos a
bordo devem ser registrados nele.
O livro de Ordens Noturna do Comandante, também é outro
livro importante, onde estão escritas as observações do comandante
para os oficiais e marinheiros que tiram serviço de quarto no
passadiço.
1.3.3 Exercícios e treinamentos
O comandante é responsável por fazer cumprir todos os
exercícios de emergência e treinamentos, de acordo com a
NORMAM (2022), e o programa de treinamentos da empresa,
como também de fazer cumprir as políticas de qualidade,
segurança, saúde e proteção ambiental. As reuniões de GSSTB
devem ser realizadas uma vez por embarque, onde serão discutidos
sobre temas de segurança, saúde e trabalho.
Além disso, o comandante deve sempre buscar a melhoria
contínua, fazer cumprir a política contra o uso de álcool e drogas a
bordo, manter sempre o compromisso com o cronograma de
manutenção periódica da embarcação junto a empresa e com o
cliente.
30
Figura 5 – Treinamento de combate a incêndio
Fonte: Autoria própria dos autores (2023).
Figura 6 – Treinamento com baleeira
Fonte: Autoria própria dos autores (2023).
1.3.4 Serviços a bordo
As escalas de trabalho a bordo, cumprem o quarto de serviço
previsto no STCW Regra II/1- Certificados de oficiais de quarto de
serviço de navegação igual ou superior a 500 AB, Regra II/2 para
comandantes e imediatos com arqueação bruta igual ou superior a
3000 e ll/3 para comandantes e imediatos com arqueação bruta
inferior a 300.
31
1.3.5 Descrição das atribuições do Comandante
Com base na Norma da Autoridade Marítima para a Carreira
de Aquaviários (NORMAM 13/DPC Rev.1) diz a seguir:
0401 – DAS ATRIBUIÇÕES DO COMANDANTE
Ao Comandante, compete:
1) cumprir e fazer cumprir, por todos os subordinados, as
leis e regulamentos em vigor, mantendo a disciplina na
sua embarcação, zelando pela execução dos deveres dos
tripulantes, de todas as categorias e funções, sob as suas
ordens;
2) inspecionar ou fazer inspecionar a embarcação,
diariamente, para verificar as condições de asseio, higiene
e segurança;
3) cumprir as disposições previstas nas instruções sobre
os meios de salvamento a bordo; assegurar a ordem e
serventia das embarcações auxiliares de salvamento;
tomar todas as precauções para completa segurança da
embarcação, quer em viagem, quer no porto;
4) implantar e manter um programa continuado e
periódico de treinamento para familiarização de novos
tripulantes e para manutenção do nível operacional da
tripulação;
5) fazer com que todos conheçam seu lugar e deveres em
caso de incêndio, de abalroamento ou de abandono,
executando, pelo menos, quinzenalmente, os exercícios
para uso necessários, sempre que 1/3 da tripulação tiver
sido substituída;
6) assumir pessoalmente a direção da embarcação sempre
que necessário como: por ocasião de travessias perigosas,
entrada e saída de portos, atracação e desatracação,
fundear ou suspender, entrada e saída de diques, em
temporais, cerração ou outra qualquer manobra da
embarcação em casos de emergência;
7) supervisionar o carregamento, a descarga, o lastro e
deslastro da embarcação, de forma eficiente, de acordo
com as normas de segurança;
32
8) dar ciência às autoridades competentes, inclusive ao
Armador, sempre que, justificadamente, tiver que alterar
os portos de escala da embarcação;
9) convocar, quando necessário, os oficiais da tripulação
para, em Conselho decidir quanto às situações de extrema
gravidade para a embarcação e para a carga;
10) ter voto de qualidade em tudo quanto interessar a
embarcação e à carga, e mesmo proceder, sob sua
responsabilidade, contrariamente ao que for deliberado;
11) exercer fiscalização e repressão ao contrabando,
transporte de armas, munições e cargas não manifestadas;
12) responder por quaisquer penalidades impostas à
embarcação, por infração da Legislação em vigor,
resultantes de sua imperícia, omissão ou culpa, ou de
pessoas que lhe sejam subordinadas apontando, neste
caso, o responsável;
13) superintender nas embarcações, cujo único oficial de
navegação seja o Comandante, os serviços que lhe estão
afetos, acrescidos das incumbências inerentes aos demais
oficiais podendo, entretanto, designar outros membros da
tripulação para sua execução, exceto em relação àqueles
serviços que, pela sua natureza, lhe caiba executar
pessoalmente;
14) cumprir e fazer cumprir o regulamento para evitar
abalroamento no mar;
15) socorrer outra embarcação, em todos os casos de
sinistro, prestando o máximo auxílio, sem risco sério para
sua embarcação, equipagem e passageiros;
16) em caso de violência intentada contra a embarcação,
seus pertences e carga, se for obrigado a fazer entrega de
tudo ou de parte, munir-se com os competentes protestos
no porto onde ocorrer o fato, ou no primeiro onde chegar;
17) empregar a maior diligência para salvar os
passageiros e tripulantes, os efeitos da embarcação e
carga, papéis e livros de bordo, dinheiro etc, devendo ser
o último a deixá-lo, quando julgar indispensável o seu
abandono em virtude de naufrágio;
18) lavrar, quando em viagem, termos de nascimento e de
óbito ocorridos: arrecadar e inventariar os bens de pessoa
que falecer, fazendo entrega de tudo à autoridade
competente;
33
19) efetuar casamentos, escrever e aprovar testamentos in
extremis, reconhecer firmas em documentos, nos casos de
força maior;
20) ratificar, dentro de 24 horas úteis, depois da entrada
da embarcação no porto, perante as autoridades
competentes, e tendo presente o "Diário de Navegação",
todos os processos testemunháveis e protestos formados
a bordo, tendentes a provar sinistros, avarias, perdas ou
arribadas;
21) dar conhecimento à Capitania do primeiro porto que
demande e a outras embarcações, pelo rádio, ou qualquer
outro meio, de todas as ocorrências concernentes à
navegação, como sejam: cascos soçobrados ou em
abandono, baixios, recifes, funcionamento dos faróis e
bóias, balizas, derelitos etc;
22) impor penas disciplinares aos que perturbam a ordem
da embarcação, cometerem faltas disciplinares ou
deixarem de fazer o serviço que lhes compete,
comunicando às autoridades competentes, na forma da
legislação em vigor;
23) fazer alijar carga por motivo de força maior, e no
interesse geral, ou quando se tratar de volume contendo
materiais explosivos e perigosos, embarcados em
contravenção à lei e que esteja pondo em risco a
embarcação, tripulantes, etc;
24) determinar o uniforme do dia, cumprindo e fazendo
cumprir o que determina o Regulamento para uso de
uniformes a bordo de embarcações nacionais quando
houver;
25) autorizar serviços extraordinários que se fizerem
necessários a bordo, de acordo com as leis que regem a
matéria;
26) ter sempre prontos os documentos para despacho da
embarcação nas repartições competentes;
27) ter sob sua guarda valores de passageiros, dos
tripulantes ou da embarcação, como medicamentos
entorpecentes para uso em casos de emergências,
assinando e exigindo os competentes recibos;
28) instaurar inquérito e demais atos de direito, para o que
ocorrer a bordo;
34
29) superintender os serviços de abastecimento e reparos,
manutenção, docagem e reclassificação da embarcação.
Visar as respectivas faturas, relatórios de serviço e
pedidos, assim como todos e quaisquer outros
documentos;
30) certificar-se se estão a bordo todos os tripulantes,
prontos a seguir viagem, na hora marcada para a saída da
embarcação;
31) delegar poderes aos Subordinados para distribuição
de serviços, visando ao bom andamento dos trabalhosde
bordo; - 4 - 3 - NORMAM-13/DPC REV.1
32) fazer-se acompanhar dos oficiais da embarcação,
todas as vezes que inspetores, peritos e vistoriadores
comparecerem a bordo, prestando todas as informações
que forem solicitadas;
33) proceder inspeção geral da embarcação, por ocasião
da passagem de comando, em companhia do seu
substituto, informando-o de tudo minuciosamente,
apresentando-lhe os Oficiais e tripulação e mandando
lavrar em seguida, o respectivo termo, no "Diário de
Navegação";
34) exigir dos tripulantes, por ocasião de seu embarque,
toda a documentação necessária, bem como a
apresentação de sua andaina de uniformes;
35) responder pelo fiel cumprimento das leis,
convenções, acordos nacionais e internacionais, e de
todas as demais normas que regem o Transporte
Marítimo, devendo zelar pelo bom nome da Empresa,
resguardando os interesses da mesma e a boa
apresentação da Marinha Mercante do Brasil, nos portos
nacionais e estrangeiros;
36) determinar, sempre que necessário, o trabalho
conjunto dos tripulantes da embarcação, de modo a
agilizar a superação de um problema técnico, ou a
prontificação de uma faina marinheira;
37) organizar os serviços de quarto, de forma a manter o
serviço de vigilância e segurança da navegação
adequadamente, considerando, inclusive, a necessidade
de os oficiais encarregados dos serviços de quarto de
navegação estarem o tempo todo fisicamente presentes no
passadiço ou locais diretamente ligados ao passadiço;
35
38) designar, entre os Tripulantes, o Gestor;
39) implantar e fazer cumprir a bordo um plano de
prevenção e combate a poluição;
e 40) implantar e fazer cumprir uma política contra o uso
de álcool e drogas a bordo. Devendo normatizar os
procedimentos a serem adotados e divulgá-los a todos os
tripulantes.
0402 – AO COMANDANTE É VEDADO:
1) alterar os portos e escala da embarcação, sem causa
justificada; e 2) abandonar a embarcação, por maior
perigo que se ofereça, a não ser em virtude de naufrágio
e após certificar-se de que é o último a fazê-lo.
(MARINHA DO BRASIL, 2022).
Alguns navios mercantes levam a bordo um segundo capitão
ou segundo comandante de categoria igual à do comandante, que
pode assumir funções de comando mais ou menos alargadas,
conforme as instruções dos armadores.
Em alguns casos, o segundo capitão apenas coadjuva o
capitão, ficando totalmente subordinado a este e assumindo, assim,
grande parte das funções que, noutros casos, estariam atribuídas ao
imediato. Nesses casos, mantém-se a função de imediato, mas o seu
titular é apenas o terceiro oficial náutico a bordo, seguindo
hierarquicamente o segundo capitão. Nos países de língua inglesa,
um segundo capitão nessas condições é designado "staff captain"
(literalmente "capitão de estado-maior"). Em outros casos, o
segundo capitão pode partilhar o comando com o capitão, de acordo
com as condições estabelecidas previamente pelo armador. É
comum ir a bordo um segundo capitão nessas condições, por
exemplo, quando um navio tem que atravessar águas difíceis, nas
quais é imperativo que seja comandado por um oficial experiente
na navegação nas mesmas. Nesse caso, o segundo capitão terá mais
experiência que o capitão na navegação em certas águas e assumirá
o comando do navio durante a sua travessia. Em condições em que
existe uma total partilha de comando entre dois capitães, ambos
podem ser designados "co-capitães".
36
No caso das embarcações offshore, a maioria das
embarcações só tem um comandante a bordo. O comandante tem a
decisão final para sobre as operações a serem realizadas, após fazer
uma avaliação minuciosa, levando em consideração os fatores
meteorológicos e condições técnicas da sua embarcação e das
unidades envolvidas, a fim de que as operações aconteçam de
forma segura, garantido assim, a integridade física dos tripulantes
e da embarcação como da carga, obedecendo às normas e padrões
de segurança previstas nas suas atribuições, bem como nos
procedimentos técnicos estabelecidos pela empresa, visando com
isso, resultados satisfatórios para o bem de todos.
1.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente artigo se evidencia a real necessidade dos
futuros profissionais da Marinha Mercante de possuírem, em sua
formação, lições de relacionamento interpessoal, liderança e
noções de multiculturalismo. Visto que, dessa forma, seja possível
adquirir o conhecimento necessário para reagir perante as
divergências no trabalho, utilizando sempre de profissionalismo e
empatia para evitar buscar soluções convenientes em detrimento
das mais apropriadas.
Conclui-se que um líder pode ser desenvolvido, aprendendo
técnicas e habilidades para exercer tal postura. Sendo possível,
assim, capacitar o entrevistado para que ele, independente de
ocupar uma posição subalterna, aja como mediador aplicando seus
conhecimentos de manejo de pessoal e liderança ao integrar pelas
diferenças e aperfeiçoar o resultado final.
As diferentes culturas e toda a fartura de conhecimentos que
acompanham estas interferem diretamente no empenho satisfatório
que a Marinha Mercante apresenta. Isso se dá pelo fato de que é
uma das poucas profissões em que podemos encontrar um ensino
ministrado em todo o mundo com a mesma base teórica, porém
divergindo em poucos aspectos de um país para outro. Todo esse
conhecimento diverso é agregado ao se tornar um só no navio e,
com isso, cada profissional pode ser beneficiado individualmente.
37
É exatamente essa possibilidade infinita de aprendizado que atrai
muitos profissionais da área. As viagens da vertente de longo curso
propõem aos mercantes vivências diretas em outras culturas, mas
todo o meio marítimo está recheado de experiências e pessoas com
outras histórias para compartilhar.
Incentivar e delegar responsabilidades aos seus liderados
pode ser fundamental e decisivo para evitar situações de estresse a
bordo. Deve haver a conscientização de que a bordo, cada
tripulante está sujeito a problemas com habitabilidade,
confinamento, rotina e afastamento do lar que fazem do ambiente
marítimo um universo que requer grande atenção e capacitação.
Nesse sentido, pode-se afirmar que o mercante é um
profissional com grande diferenciação no mercado de trabalho.
Visto que, além das habilidades técnicas, é também necessária alta
capacidade de controle emocional, além da resiliência e aptidão
para buscar a cada dia um ambiente de trabalho mais favorável e
produtivo.
38
REFERÊNCIAS
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Paulo: Atlas, 1994.
CHIAVENATO, I. Administração teoria, processo e prática. 4.
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FERREIRA, R. G. de S. LIDERANÇA: A liderança a bordo das
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Ciências Náuticas) – Curso de Formação de Oficiais de
Náutica/Máquinas da Marinha Mercante, Centro de Instrução
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Marítimos. Brasília, DF: Marinha do Brasil, 1978. Disponível em:
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Acesso em: 6 set. 2023.
40
41
2 Embarcações do tipo lançamento de linha PLSV
(Plataform Supply Vessel), seus diferentes layouts e
sua operacionalidade.
Aldemir Pereira Salazar
Camilla Jormão Teixeira Valladares de Carvalho
Leonardo de Souza Leitão
Waleska Loiola Pereira Souza
Aélcio de Jesus Monteiro dos Santos
RESUMO
As embarcações do tipo lançadoras de linha (PLSV)
desempenham um papel fundamental na indústria de exploração e
produção de petróleo e gás. Esses navios especializados são
projetados para realizar operações complexas de instalação de
dutos submarinos, fornecendo a infraestrutura necessária para o
transporte eficiente de hidrocarbonetos dos campos de petróleo e
gás para as instalações em terra. Neste artigo, vamos abordar os
layouts de PLSV, processo de lançamento de linha para realização
de pull-in e pull-out, que são as operações fins desse tipo de
embarcação.
Palavras-chave: Embarcações, instalação, operações,
exploração, petróleo, PLSV, lançamento de linha.
42
2.1 INTRODUÇÃO
A construção submarina desempenha um papel vital na
exploração e produção de recursos submarinos, incluindo petróleo,
gás e cabos de comunicação. Para viabilizar essa construção em
ambientes desafiadores, os Pipe Laying Support Vessels (PLSVs),
ou Embarcações de Suporte para Instalação de Dutos,
desempenham um papel crucial. Neste artigo, exploraremos a
fundo os PLSVs, destacando sua importância na construção
submarina e abordando detalhadamente diversas áreas-chave,
incluindo operações com ROV (Veículo Operado Remotamente),
operações lazy wave, utilização dos guindastes no suporte à
construção subsea, pull-in e pull-out, tipos de lançamento de linha
e tipos de navios utilizados em operações de PLSVs.
Os PLSVs são navios com tecnologia especializada,
desenvolvidos para executar operações complexas de lançamento
de linha e realizar as tarefas cruciais de pull-in e pull-out,
proporcionando a infraestrutura necessária para o transporte
contínuo de petróleo e gás ao longo da cadeia produtiva. Neste
artigo, exploraremos em detalhes o processo envolvido no
lançamento de linha, bem como as operações de pull-in e pull-out,
destacando a importância dessas etapas para o funcionamento
eficiente dessas embarcações.
Ao compreender o desenho estrutural e as operações finais
desse tipo de embarcação, poderemos obter uma visão aprofundada
sobre o papel vital que desempenham na cadeia operacional da
indústria petrolífera, contribuindo para a exploração e produção de
energia de forma segura e sustentável. Através desta análise, será
possível reconhecer a relevância dos PLSVs e a sua significativa
contribuição para a movimentação de recursos naturais estratégicos
que impulsionam nossa sociedade moderna.
Dentro da estrutura organizacional do cliente, o lançamento
de linha está inserido no setor de Interligação Submarina, a
Engenharia de Interligação Submarina, as Bases de Carregamento
Onshore e as operações de Pull-in/Pull-out. Todos esses segmentos
43
atuam de forma conjunta como etapas do pro¬cesso de interligação
submarina de dutos.
2.1 – IMPORTÂNCIA DAS EMBARCAÇÕES PLSV PARA A
CADEIA OPERACIONAL NA EXPLORAÇÃO
PETROLÍFERA
A nomenclatura lançamento de linha é o termo comumente
utilizado para descrever o processo de instalação de tubulações
submarinas, onde o lançamento se refere ao posicionamento da
tubulação no leito marinho e linha é a tubulação ou duto, podendo
este ser rígido ou flexível.
No Brasil, as descobertas de novos poços de petróleo e gás
nas Bacias de Campos, Santos e Espírito Santo geraram uma
demanda de novas plataformas de perfuração e unidades de
produção e, consequentemente, houve a demanda por embarcações
que realizem operações de conexão e lançamento de dutos da
árvore-de-natal molhada instalada no poço de petróleo até a
unidade de produção ou vice e versa.
O PLV (ou PSLV - Pipe Layer Support Vessel) é o
responsável pelo lançamento dessas linhas que podem ser flexíveis
ou rígidas.
O setor de engenharia submarina do navio, ao receber um
projeto para ser executado, programa uma reunião com o cliente
para definir exatamente o escopo do serviço, os passos que serão
realizados, o tipo de material que será necessário, se haverá
necessidade de embarcar técnicos especializados para acompanhar
a operação do material que será lançado ou que já está previamente
posicionado no leito marinho. Nessa reunião também será definido
se haverá necessidade de utilizar o guindaste para descer material
para o fundo do mar, qual o veículo operado remotamente será
utilizado (ROV) e em que momento será mergulhado, se haverá
formação de lazy wave, os testes que serão realizados na linha, se
haverá conexão de caixa de emenda, se o passadiço precisará
produzir água técnica para alagar a linha e os limites operacionais
para as condições meteorológicas.
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Em síntese, é toda uma preparação e trabalho prévios que
envolvem todos os setores de bordo e o posicionamento desses
dutos no leito marinho é a parte final de toda essa preparação.
As embarcações desse tipo podem possuir diversos tipos de
layout e métodos de lançamento; há as que lançam dutos flexíveis
e as que lançam dutos rígidos.
As que trabalham com dutos flexíveis podem lançar linhas
do tipo umbilical, de gás e do tipo de produção (óleo) e essa
operação pode ser através de torres verticais, normalmente situadas
a meio navio, do tipo horizontal pela popa (HLS-horizontal lay
system) ou das duas maneiras, já existem navios operando no Brasil
que lançam das duas maneiras.
A instalação de dutos no fundo do mar pode representar uma
série de desafios, especialmente em lâminas d’água maiores que
mil metros.
Em relação ao armazenamento, as linhas flexíveis são mais
fáceis de armazenar devido sua maior flexibilidade e menor raio de
armazenamento, podendo ser armazenadas nos carrosséis dos
navios ou em bobinas.
As rígidas, precisam ficar estocadas em bobinas com raios
maiores ou até mesmo serem rebocadas até o local da operação a
fim de evitar que sofram danos ou deformações.
Outra maneira interessante é a fabricação e soldagem da
união das linhas dentro da própria embarcação, ocorrendo o
lançamento em seguida, mas há poucos navios desse tipo no
mundo.
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Figura 1: PLSV, empresa Saipem
Fonte: Saipen.
Fig 2 - PLSV lançando linha
Fonte: Saipem
Embarcações PLSV possuem as seguintes características:
arranjo de convés bastante complexo; sistema de posicionamento
dinâmico; podem ser equipadas com carretel para lançamento delinhas, podem possuir carrosséis de armazenamento/ lançamento
nas obras vivas, carretéis de armazenamento/ lançamento e também
podem possuir carrossel para armazenar linhas recolhidas do leito
marinho e carretéis que armazenam apenas linhas que ainda serão
lançadas ao mar, possuem ainda rampa provida por tensionadores,
guinchos e ROV (Remotely Operated Vehicle), guindastes com
capacidade de alcançar águas profundas e compensador de
arfagem.
46
2.2 LAYOUT DE UMA EMBARCAÇÃO PLSV
Os layouts de uma embarcação PLSV serão distintos
principalmente por dois fatores: seus sistemas de posicionamento e
pelos seus sistemas de lançamento dos dutos.
Com relação aos sistemas de posicionamento, as
embarcações podem ser do tipo: ancoradas ou equipadas com
sistema de posicionamento dinâmico, o que é a grande maioria.
Com relação aos sistemas de lançamento, as embarcações
podem ser do tipo: Embarcações com Sistema Horizontal de
Lançamento (HLS – Horizontal Laying System) e Embarcações
com sistema Vertical de Lançamento (VLS – Vertical Laying
System).
Embarcações com sistema horizontal de lançamento,
possuem como característica principal, o lançamento dos dutos de
maneira horizontal, da embarcação até a linha do mar.
Embarcações com sistema vertical de lançamento, possuem
como característica principal, o lançamento dos dutos de maneira
vertical, da embarcação até a linha do mar. Estas embarcações
também podem ter seu lançamento de maneira inclinada (TLS –
Tilt Laying System).
Além disso, teremos os seguintes métodos lançamento de
dutos rígidos ou flexíveis: Reel Lay, S-Lay, J-Lay, Towed Lay e
O-Lay.
2.2.1 – Layout Horizontal - HLS (Horizontal Laying System)
Navios com sistema horizontal de lançamento (HLS -
Horizontal Laying System), pois o sistema de dutos, em
lançamento ou recolhimento, da embarcação até o nível do mar ou
vice e versa é sustentado por tensionadores dispostos na horizontal.
Após a linha passar pelos tensionadores, no lançamento, aquela tem
o último ponto de contato com a embarcação através da roda de
popa. Neste ponto a tensão pode atingir 300t, impondo limitações
aos tensionadores da embarcação.
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Fig 3 - Ilustração sistema HLS
Fonte: SAPURA, “Apostila de formação de operador de lançamento”
(2023)
A limitação de carga impõe restrições a operação de navios
com sistemas horizontais. Por este motivo, embarcações de
lançamento de dutos flexíveis, com sistemas horizontais podem ter
suas operações limitadas a águas rasas.
Abaixo, algumas características do sistema horizontal.
Fig 4 - Sistemas de lançamento horizontal
Fonte: SAPURA, “Apostila de formação de operador de lançamento”
(2023)
Fig 5 - Sistemas de lançamento horizontal.
Fonte: SAPURA, “Apostila de formação de operador de lançamento”
(2023)
48
Os desafios impostos por sistemas mais pesados e a
exploração se estendendo para águas mais profundas, trouxeram
novas tecnologias para o lançamento de dutos flexíveis, com o
desenvolvimento de sistemas verticais e inclinados, bem como o
desenvolvimento de sistemas que combinam características do
sistema horizontal e inclinado, aumentando a capacidade dos
tensionadores daquelas embarcações e tornando seus sistemas mais
flexíveis as necessidades dos clientes. Como exemplo, temos a
modificação do Sapura Esmeralda, que teve a modificação de seu
sistema de lançamento em 2022, realizando uma combinação dos
sistemas horizontais e verticais e seu layout, se tornando a primeira
embarcação operando em águas brasileiras a realizar essa
modificação estrutural.
Fig 6 - Sapura Esmerada durante instalação do sistema HLS.
Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
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Fig 7 - Acergy condor, caminho do duto flexível
Fonte: Adaptada pelos autores (2023).
2.2.2 - Layout horizontal triplo – HTLS (Horizontal Triple Lay
System)
Em projetos de grande escala, o lançamento de linha triplo
é empregado para aumentar a eficiência. Os PLSVs são ideais para
essa tarefa complexa, permitindo a instalação de múltiplos dutos
simultaneamente.
Durante o desenvolvimento inicial da Bacia de Campos
esse tipo de lançamento foi muito utilizado devido a alta eficiência
no lançamento das 3 principais linhas; produção (óleo), injeção e
controle umbilical elétrico.
A empresa Subsea7 foi uma das grandes responsáveis pelo
desenvolvimento dessa tecnologia que possibilitava o lançamento
simultâneo das 3 linhas em um só lançamento, com diferentes
MCV’s (Módulos de Conexão Vertical) a serem instalados nas
árvores-de-natal molhada no leito marinho.
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Pouquíssimas embarcações detinham tal tecnologia para
efetuar esse tipo de projeto.
Entretanto, após o desenvolvimento da área notou-se que a
manutenção futura desses campos ficaria demasiadamente cara,
visto que necessitavam de navios especializados para possíveis
desconexões para substituição de algum equipamento subsea. Com
isso, as embarcações Triple-Lay foram caindo em desuso.
Fig 8 - Esquema de conexão do MCV à Árvore de Natal
Fonte: Adaptada pelos autores (2023).
2.2.3 - Layout Vertical e Inclinado
Em navios equipados com sistemas de lançamento VLS
(Vertical Laying System) ou TLS (Tilt Laying System), os dutos
serão lançados por meio de uma estrutura vertical semelhante a
uma torre. Nessas embarcações, os tensionadores verticais
desempenharão um papel crucial, sustentando toda a linha e
compensando as oscilações causadas pelo movimento do oceano,
garantindo assim um lançamento contínuo e estável.
Nesse arranjo, os tensionadores representarão o último
ponto da embarcação antes do duto atingir o nível do mar. Antes de
chegar aos tensionadores, o duto passará pela roda de topo. Graças
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ao sistema vertical, a capacidade de carga dos PLSVs aumentou de
forma significativa. Embora algumas embarcações possam lançar
cargas de até 1000 toneladas, os limites são definidos pelas
propriedades físicas dos materiais usados na fabricação de dutos
flexíveis, que atualmente se situam na faixa de 550 toneladas.
Fig 9 - Torre vertical de lançamento
Fonte: SAPURA, “Apostila de formação de operador de lançamento”
(2023)
As figuras 10 e 11 mostram algumas características dos
sistemas e exemplos de embarcações.
Fig 10 – Navio PLSV com torre lateral.
Fonte: SAPURA, “Apostila de formação de operador de lançamento”
(2023)
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Fig 11 – Navio PLSV com torre central.
Fonte: SAPURA, “Apostila de formação de operador de lançamento”
(2023)
Fig 12 - PLSV Sapura Jade demandando canal BHGE para carregamento.
Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
2.3 - MÉTODOS DE LANÇAMENTOS E SEUS LAYOUTS
O lançamento de dutos rígidos é mais complicado em
comparação com o lançamento de linhas flexíveis devido à maior
rigidez à flexão desses dutos, que são feitos de aço. Além disso, há
desafios adicionais relacionados ao armazenamento, transporte e
operação desses dutos a bordo. A planta de lançamento dessas
embarcações possui equipamentos específicos essenciais para
compreender o processo de enrolamento e desenrolamento dos
dutos.
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A rampa de lançamento é a parte central dessas
embarcações, onde estão localizadas as estações de trabalho para
solda, bem como os tensionadores, o aligner e o straightener. A
inclinação da rampa é ajustada de acordo com a profundidade da
água onde o lançamento ocorrerá, sendo que ângulos menores são
usados em trechos rasos e ângulos maiores em trechos mais
profundos.
O aligner é uma grande polia onde os dutos rígidos mudam
de direção ao passar da rampa de lançamento para o carretel.
Durante esse processo, os dutos sofrem deformações plásticas.
O straightener, por sua vez, tem a função de devolver aos dutos sua
condição de linearidade original. Quando os dutos são enrolados