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DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSO TRIBUTÁRIO Módulo: Responsabilidade Tributária TEMA 07 – Causas de Extinção do Crédito Tributário: demais modalidades Aula 01 – Remissão e Transação Remissão REMISSÃO, causa de extinção do crédito tributário (art. 156,IV, CTN), é o PERDÃO de TODO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, concedido por LEI. Na linguagem técnica, a remissão é a liberação graciosa de uma dívida para o credor. Diferentemente do Direito Privado, no Direito Público não se afigura a possibilidade do remitido (perdoado) não aceitar a remissão. Isso ocorre por causa do caráter vinculativo e isonômico existente nas remissões públicas. Assim, no Direito Público a remissão é obrigatória para aqueles a quem a lei a concede. Ou seja, é o perdão da dívida tributária principal (tributo), de forma (i) total ou (ii) parcial. Previsão legal Lembre-se que a Remissão é uma das formas de extinção do crédito tributário e encontra-se prevista no inciso IV do art. 156 (já visto) e no art. 172 do Código Tributário Nacional (CTN). Atente-se ao art. 172 do CTN: Art. 172 CTN. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I - à situação econômica do sujeito passivo; KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; III - à diminuta importância do crédito tributário; IV - a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. Definição Conforme define Roberto Caparroz: “A remissão é o perdão de todo o crédito tributário, concedido por lei. Difere da anistia, em que só há o perdão das infrações. 1” Já na lição de Regina Helena Costa: “A remissão constitui outra modalidade de extinção da obrigação tributária principal e, tal como no direito privado (arts. 385 a 388, CC), significa perdão2”. Ainda, segundo Alexandre Mazza: “Prevista no art. 172 do CTN, a remissão é o perdão, total ou parcial, da dívida tributária. Trata-se de um raríssimo benefício fiscal que depende sempre de lei específica da entidade competente para instituir o tributo.3” Requisitos ➢ A REMISSÃO possui 2 (dois) REQUISITOS para ser concedida: • LEI ESPECÍFICA; • DESPACHO FUNDAMENTADO DE UMA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA COMPETENTE; 1 CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 725. 2 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 210. 3 MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 985) KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Consoante explica Rafael Novais: Tratando-se de medida excepcional, o art. 150, § 6º, da Constituição Federal determina a necessidade de lei específica para concessão do benefício, objetivando evitar a existência de desarrazoados desmandos na liberação de créditos públicos4. Segundo Regina Helena Costa, a REMISSÃO está de acordo com o Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público se respeitados esses requisitos já apontados: A remissão, nos moldes apontados, respeita ao crédito tributário e somente pode ser concedida por lei, em função do já por tantas vezes lembrado princípio da indisponibilidade do interesse público.5 Hipóteses de Perdão Existem 5 (cinco) HIPÓTESES DE REMISSÃO enumeradas no artigo 172 do CTN: (i) situação econômica do sujeito passivo; (ii) erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato ; (iii) diminuta importância do crédito tributário; (iv) considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; e (vi) condições peculiares a determinada região da entidade tributante. Nas palavras de Regina Helena Costa: A remissão pode ser total ou parcial e ter por fundamento uma das cinco hipóteses descritas no art. 172, CTN: 1) situação econômica do sujeito passivo; 2) erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; 3) diminuta importância do crédito tributário; 4) considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; e 5) condições peculiares a determinada região da entidade tributante.6 Passemos agora ao estudo de cada uma das hipóteses de remissão. 4 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 399. 5 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 210. 6 COSTA. Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 210. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 • SITUAÇÃO ECONÔMICA DO SUJEITO PASSIVO Trata-se da hipótese do inciso do art. 142 do CTN. A remissão pode ser pessoal, sendo aquela realizada em razão das condições pessoais do devedor contribuinte, podendo ser chamada, neste caso, de remissão “ratione personae”, não havendo, neste caso, considerações relacionadas a dívidas ou ao crédito tributário. • ERRO OU IGNORÂNCIA ESCUSÁVEIS DO SUJEITO PASSIVO QUANTO À MATÉRIA DE FATO Trata-se da hipótese do inciso II do art. 142 CTN. O ato de remitir, de perdoar a dívida, também pode ser formalizado pela autoridade administrativa, após a lei fundamentada em uma das hipóteses do art. 172 do CTN, sendo que uma delas é o erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo com relação à matéria de fato. Trata-se, por exemplo, de erro material em um código de receita diferenciada. • DIMINUTA IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Outra das hipóteses, esta trazida no inciso III do art. 172 do CTN, consiste na remissão com base na diminuta importância do crédito tributário. Logo, se houver crédito de quantia muito pequena, pode ser remitido, não havendo que se falar, neste caso, em ofensa ao princípio da indisponibilidade do interesse público, com fundamento da legislação. Ainda, apontando ao que alude Rafael Novais: Nas situações elencadas nos incisos I, II e IV, a autoridade administrativa verificará situações pessoais do sujeito passivo para efetivar a dispensa do crédito tributário. No inciso III, a importância do crédito tributário mostra-se irrelevante se comparado com os custos necessários à sua cobrança, ao passo que o inciso V se refere ao elemento econômico atrelado a condições de determinada região que passe por dificuldades ou necessite de incentivos fiscais.7 7 NOVAIS. Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 399. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 • CONSIDERAÇÕES DE EQUIDADE Trata-se da hipótese do inciso IV do art. 142 do CTN. Consiste no “senso de justiça”. Vale fazer correção o disposto no art. 108, § 2º, do CTN. Segundo o mencionado dispositivo legal: Art. 108 CTN. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito público; IV - a eqüidade. §1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. §2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Vemos, portanto, que, enquanto o §1º do art. 108 do CTN veda a utilização da analogia para exigir um tributo não previsto em lei, o §2º do mesmo dispositivo legal determina que a equidade não pode ser usada para remissão do pagamento de um tributo devido. Para Ricardo LoboTorres, esta norma é redundante e contraditória, tendo em vista que, como a equidade é uma forma de preenchimento de lacuna, não pode, certamente, ser utilizada para resultar na dispensa de um tributo, pois quando há lacuna, não há tributo e, assim, não caberia falar em dispensa8. • CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE UMA DETERMINADA REGIÃO Por fim, a última hipótese trazida pelo art. 142 do CTN é a do inc. V: “condições peculiares à determinada região do território da entidade tributante”. Neste contexto, conforme Regina Helena Costa: A dicção do parágrafo único desse dispositivo pode ensejar errônea interpretação de seu conteúdo. A referência ao art. 155, CTN, faz 8 TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1991, p. 184. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 sugerir que a remissão pode ser “revogada”, não gerando direito adquirido, revelando a impropriedade da linguagem empregada pelo legislador. Com efeito, conforme já salientamos em nossos comentários ao art. 155, CTN, uma vez preenchidos os requisitos legais pelo interessado, faz ele jus à remissão, deferida mediante ato administrativo de natureza vinculada. O ato administrativo de concessão da remissão pode, sim, ser cassado, se verificado que o interessado deixou de preencher algum requisito necessário à fruição dessa situação jurídica.9 Somente para créditos futuros Conforme explica Roberto Caparroz: A remissão deve respeitar o princípio da igualdade e somente pode atingir créditos anteriores à entrada em vigor da lei que a instituiu, pois não existe remissão para créditos futuros. 10 Honorários Sucumbenciais Leciona Hugo de Brito Machado: Conforme tem entendido o STJ, “o cancelamento da certidão de dívida ativa por remissão fiscal, concedida em caráter geral em razão da diminuta importância do crédito tributário, acarreta a extinção da execução fiscal sem qualquer ônus para a Fazenda Pública – art. 26 da Lei 6.830/80”. Isso significa que, na hipótese de ser concedida remissão a créditos de pequeno valor, já executados e não embargados, a execução deverá ser extinta, sem a condenação da Fazenda Pública nos ônus da sucumbência.11 Direito adquirido A CONCESSÃO DA REMISSÃO, assim como a da moratória, não gera direito adquirido e pode ser anulada caso se verifique que o remitido (i) não satisfez ou (ii) deixou de satisfazer as condições ou (iii) não cumpriu os requisitos para a concessão do favor, COBRANDO-SE O CRÉDITO acrescidos de juros de mora, com a imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou 9 COSTA. Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 211. 10 CAPARROZ. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 726. 11 MACHADO. Hugo de Brito. (Manual de direito tributário. 10. ed., São Paulo: Atlas, 2018, p. 235. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 simulação do beneficiado, ou de terceiro em seu benefício, ou sem imposição de penalidade, nos demais casos. Transação Previsão legal A TRANSAÇÃO decorre de CONCESSÕES MÚTUAS entre o Poder Público e o Sujeito Passivo, nos limites autorizados por LEI. Ela é uma forma de extinção do crédito tributário prevista no inciso III do art. 156 e no art. 171 do CTN. Atente-se ao art. 171 do CTN: Art. 171 CTN. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção de crédito tributário. Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso. Definição Trata-se de acordo estabelecido entre o Estado X Particular, objetivando CONCESSÕES MÚTUAS para TERMINAÇÃO DE LITÍGIOS. De acordo com Rafael Novais: Para fins do direito privado, a transação se caracteriza como acordos entre credor e devedor, objetivando prevenirem ou terminarem litígio (art. 840 do CC). Na esfera tributária também se mostra viável a utilização desse instituto quando o sujeito passivo (contribuinte e responsável tributário) e ativo (Fazendas Públicas) celebram concessões mútuas para terminarem litígios e extinguirem o crédito tributário, obedecendo a condições estabelecidas em lei (art. 171 do CTN). Em outras palavras, a lei concessiva autoriza a celebração mútua de acordos como mecanismo de encerrar a relação tributária. Diversamente da esfera privada, a transação em direito tributário apenas será permitida para terminar litígios e não para preveni-los, sendo necessário a existência do efetivo crédito tributário devido à Fazenda Pública.12 12 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 398. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Características Crítica Conforme explica Rafael Novais, a doutrina critica o enquadramento da transação no rol de modalidades extintivas do crédito tributário”, tendo em vista que “sua utilização necessitaria do emprego de outras formas”. De acordo com o doutrinador, “nas concessões mútuas o poder público poderá perdoar parcela do crédito mediante a quitação de outro percentual, nada mais sendo que a conjunção dos institutos da remissão e pagamento (art. 156, I e IV, do CTN). (...)13. Aula 02 – Conversão de Deposito em Renda e Pagamento Antecipado Conversão de Deposito em Renda Conceito Essa hipótese de extinção do crédito tributário ocorre quando o SUJEITO PASSIVO que efetuou o DEPÓSITO DO MONTANTE para discutir o tributo acaba vencido na esfera judicial, de forma que o juiz autoriza o Poder Público a converter o depósito em renda e levantar os valores depositados. 13 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 398. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Ou seja, DECISÃO JUDICIAL que, após deposito do crédito tributário pelo contribuinte (com objetivo de suspender a exigibilidade), CONVERTE EM RENDA DO ENTE TRIBUTANTE e extingue o crédito tributário. Conforme Roberto Caparroz: Ocorre a conversão do depósito em renda quando o sujeito passivo que efetuou depósito do montante integral para discutir o crédito tributário (art. 151, II, do CTN) acaba vencido na esfera judicial, de forma que o juiz autoriza o poder público a converter o depósito e levantar os valores que estavam bloqueados.14 Já de acordo com Alexandre Mazza: “Em processos judiciais ou administrativos nos quais o contribuinte opta por realizar depósito prévio para suspensão do crédito tributário, se a controvérsia for decidida favoravelmente à Fazenda Pública, o montante depositado reverte-se para o Fisco, convertendo-se em renda, o que resulta na extinção do crédito tributário15.” Como ocorre 14 CAPARROZ. Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 726 15 MAZZA. Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 997. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Como verificamos no estudo das modalidades de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, existe dentre elas a realização do depósito integral (art. 151, II, do CTN). A utilização desta forma de suspensão ocorre mais comumente em processos judiciais (Ação Declaratória ou Anulatória de Lançamento Tributário), com o fito de impedir o Fisco de continuar os atos expropriatórios da cobrança em sede de execução fiscal. Porém, em caso de INSUCESSO NA DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA ou JUDICIAL, o depósito, antes usado para suspender, depois é CONVERTIDO EM RENDA, extinguindo-se o crédito tributário (art. 156, VI, do CTN). Deste modo, “a conversão desse depósito em renda não deixa de ser indiretamente uma modalidadede pagamento já consagrada como forma extintiva do crédito (art. 156, I, do CTN)16”. O pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do art. 150 CTN Vimos que, no caso de lançamento por homologação, compete ao SUJEITO PASSIVO (i) apurar o tributo devido e (ii) promover o recolhimento, que é chamado pelo CTN de "pagamento antecipado" (A expressão antecipado significa que o pagamento foi efetuado antes de qualquer análise ou verificação pela fiscalização). Assim, ao REALIZAR O PAGAMENTO, o contribuinte permite que o Fisco possa verificá-lo e homologá-lo, dentro do prazo de 05 anos, contados da data do fato gerador. Como ocorre Conforme ensina Roberto Caparroz: 16 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 410. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 (...) nos casos de lançamento por homologação compete ao próprio sujeito passivo apurar o tributo devido e promover o recolhimento, que é chamado pelo CTN de “pagamento antecipado”. A expressão “antecipado” não significa que o valor foi pago antes do vencimento, mas apenas que o pagamento foi efetuado antes de qualquer análise ou verificação pela fiscalização. Ao realizar o pagamento, o contribuinte permite que o fisco possa verificá-lo e homologá-lo, dentro do prazo de cinco anos, contados da data do fato gerador. Se os pagamentos não forem homologados até o limite do prazo de cinco anos, o Estado não mais poderá proceder a lançamentos complementares, devendo aceitar como legítimo o montante recolhido pelo sujeito passivo, salvo nos casos de dolo, fraude ou simulação. O término do prazo para homologação ou a confirmação, pelas autoridades fiscais, do valor antecipadamente pago extingue o crédito tributário correspondente17. Portanto, como visto nas aulas anteriores, dentre as modalidades de lançamento tributário, a espécie “por homologação” se caracteriza pela maior participação do sujeito passivo no procedimento de lançamento, já que é ele mesmo que a exerce (consoante art. 150 do CTN). É incumbência do próprio SUJEITO PASSIVO o papel de (i) verificar a ocorrência do fato gerador e (ii) identificar a matéria tributária, assim como (iii) realizar o cálculo do tributo e (iv) pagar antecipadamente. Desta forma, apenas restará, para FAZENDA PÚBLICA, a preocupação de realizar a HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA no prazo de 5 (cinco) anos, sob pena de sua concordância tácita (art. 150, §§ 1º e 4º, do CTN). Sendo assim, “a extinção do crédito tributário lançado nessa modalidade apenas será verificada quando efetivamente ocorrer homologação, expressa ou tácita, dos valores antecipadamente recolhidos (art. 156, VII, do CTN).18” 17 CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 726-727. 18 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 410 KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Pagamento a menor ➢ E se pagamento antecipado a menor? Extinção parcial do crédito? Luciano Amaro ensina que: O que se dá, neste caso, é que o pagamento, embora se preste a satisfazer a obrigação tributária, pode não ser suficiente para extingui-la totalmente, e, então, caberá lançamento de ofício para exigência da diferença. Assim, mesmo que não haja homologação, o pagamento feito extingue (parcialmente embora) a obrigação tributária. Aula 03 – Consignação em Pagamento e Decisão Administrativa Irreformável Consignação em Pagamento, nos termos do art. 164, §2º, CTN Definição Na lição de Caparroz: A consignação em pagamento ocorre quando o sujeito passivo quer efetuar o pagamento, mas encontra resistência da administração pública, que provavelmente deseja condicioná-lo a outros requisitos.19 De acordo com Alexandre Mazza: A consignação em pagamento, como forma de extinção do crédito tributário, constitui mecanismo processual em favor do contribuinte quando este encontre obstáculos impostos pelo Fisco que impeçam o regular pagamento do tributo20. Previsão Legal ➢ Hipóteses do art. 164 do CTN 19 CAPARROZ. Rogério. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 727. 20 MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 998. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Os CASOS em que o interessado pode propor a Ação Judicial de Consignação em Pagamento estão previstos no art. 164 do CTN. Vejamos: Art. 164 CTN. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. § 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar. § 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis. Portanto, a CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO se caracteriza como MEDIDA JUDICIAL manejada pelo SUJEITO PASSIVO para ver garantido seu DIREITO AO ADIMPLEMENTO DE TRIBUTOS sempre que a Fazenda Pública opor as seguintes situações elencadas no art. 164 do Código Tributário Nacional: a) Recusa no recebimento ou subordinação ao cumprimento de outras obrigações (inciso I); b) Subordinação ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal (inciso II); c) Bitributação (inciso III). Segundo ensina Rafael Novais: O enquadramento da consignação como forma de extinção do crédito tributário apenas se dará quando julgada procedente a demanda e o prévio depósito convertido em renda para o respectivo fisco (art. 156, VIII, do CTN) 21. 21 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 411 KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Objetivo O OBJETIVO da Consignação em Pagamento é: ➔ EVITAR A MORA diante de um pagamento devido Neste sentido, caberá ao SUJEITO PASSIVO realizar a Ação Consignatória no lugar do pagamento, cessando para o devedor os juros e demais encargos – salvo se a ação for julgada improcedente. Hipóteses da Ação de Consignação em Pagamento Do art. 164 do CTN pode-se constatar 3 (três) hipóteses que ensejam a Ação de Consignação em Pagamento: a) Quando a autoridade se recusa a receber o crédito ou o condiciona a outras quitações que o sujeito passivo entende descabidas. Nos dizeres de Caparroz: “Como exemplo, podemos citar a hipótese em que o contribuinte concorda com o valor do tributo lançado, mas pretende discutir a imposição da multa e o Fisco não aceita.22” b) Subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal. c) “Exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre mesmo fato gerador. Imaginemos o seguinte exemplo hipotético: o proprietário de um imóvel localizado na divisa entre dois municípios recebe dois carnês de IPTU, cada qual exigindo o valor total do imposto. Estaríamos, portanto, diante em caso de bitributação vedado pela 22 CAPARROZ. Rogério. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 728. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Constituição, que ensejaria a propositura da ação de consignação em pagamentopara que o judiciário possa resolver o conflito de normas.23” De acordo com Alexandre Mazza: “Vale frisar que a terceira hipótese legal ensejadora da consignação – exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre o mesmo fato gerador – tem causado dificuldades práticas decorrentes da inadequada linguagem utilizada pelo legislador do CTN. Trata-se da consignação no caso de bitributação, a circunstância mais importante de cabimento dessa causa de extinção do crédito. Convém não confundir bitributação com bis in idem. Conforme já explicado no item 3.5.9 deste Manual, enquanto na bitributação duas ou mais entidades exigem tributos sobre um único fato gerador ou a mesma base de cálculo, no bis in idem as exigências tributárias simultâneas sobre a mesma base de cálculo ou fato gerador emanam de uma única entidade tributante. A hipótese de consignação descrita no art. 164, III, do CTN é de bitributação, cabendo lembrar que a existência de grande quantidade de pretensos credores (multitributação) realizando exigências simultâneas não descaracteriza a bitributação. Exemplo: 35 municípios exigindo simultaneamente, do mesmo contribuinte (concessionário), o ISS integral sobre o serviço de manutenção de uma rodovia intermunicipal. Já no caso de bis in idem não cabe consignação, porque inexiste dúvida sobre quem é o legítimo credor do tributo. Para defender o contribuinte contra bis in idem utilizando uma única ação cabe, em regra, mandado de segurança.24” Ainda na lição de Alexandre Mazza, “outro esclarecimento se faz necessário”: É preciso interpretar extensivamente o teor do art. 164, III, do CTN, já que, na verdade, a referência a “exigência de tributo idêntico” parece reduzir o alcance da norma somente aos casos de dupla exigência de um mesmo tributo sobre fato gerador único. Porém, se dois tributos distintos recaírem indevidamente sobre o mesmo fato gerador, inegável a conclusão no sentido de que o contribuinte poderá valer-se da consignação em pagamento, transferindo ao Judiciário o encargo de definir qual o legítimo credor do tributo. Mencione-se, a título de exemplo, a hipótese de Estado cobrar ICMS e Município exigir simultaneamente ISS sobre o mesmo serviço. Nessa situação não parece razoável, apenas porque são tributos diferentes, impedir o contribuinte de consignar o montante devido para que o juiz determine qual dos dois entes faz jus ao pagamento. Portanto, conclui-se que, apesar da literalidade do art. 164, III, do CTN, a consignação em pagamento é cabível, tanto no caso de tributos idênticos exigidos simultaneamente sobre o mesmo fato gerador quanto na 23 CAPARROZ. Rogério. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 728. 24 MAZZA. Alexandre. (Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 998. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 hipótese de um único fato gerador atrair a incidência de dois tributos cobrados por entidades federativas distintas25.” Decisão Administrativa Irreformável (sem a possibilidade de Ação Anulatória) A decisão da autoridade administrativa contra a qual não caiba mais recurso, se favorável ao sujeito passivo, também é causa de extinção do crédito (art. 156, IX, do CTN). Segundo o disposto no art. 156, IX, CTN, extingue a obrigação tributária a decisão administrativa irreformável “assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória”. Logo, “mediante essa norma, o Código reporta-se à decisão proferida em sede de processo administrativo, acerca da impugnação do sujeito passivo a determinada exigência tributária26.” Nas palavras de Caparroz: A decisão, no âmbito do processo administrativo, capaz de extinguir o crédito tributário, deve ser definitiva e favorável ao sujeito passivo e não poderá mais ser objeto de ação anulatória. Esse entendimento decorre do princípio que veda à administração pública recorrer ao Poder Judiciário nos casos em que ela mesma reconheceu o direito do interessado. Por óbvio, a decisão administrativa contrária ao sujeito passivo não extingue o crédito e possibilita, inclusive, a execução fiscal do valor devido sempre que a parte vencida, devidamente intimada, não promover o pagamento27. • Processo Administrativo Fiscal (Dec. 70.235/72) Tendo em vista que o ordenamento jurídico brasileiro garante o exercício do contraditório e ampla defesa em processos judiciais ou administrativos (art. 5º, 25 MAZZA. Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 999. 26 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 27 CAPARROZ. Rodrigo. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 728 KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 LV, da CF), o sujeito passivo sempre pode apresentar reclamações e recursos na própria administração fiscal, utilizando-se das respectivas leis do Processo Administrativo Tributário – PAT. Durante o processamento de tais RECLAMAÇÕES E RECURSOS ADMINISTRATIVOS, há a suspensão da exigibilidade do crédito tributário até a efetiva resposta da respectiva Fazenda Pública julgadora (art. 151, III, do CTN). • Coisa julgada em face do particular = Brasil adota o Sistema Inglês ou de Jurisdição Única • Cabe ao Poder Judiciário a decisão definitiva da pretensão do particular, e não a um tribunal administrativo • Decisão administrativa não poderá ser reformada na via judicial quando desfavorável à Administração Pública • Tribunal Administrativo faz coisa julgada material em relação à Administração Pública Após o julgamento, se for total ou parcialmente procedente a reclamação ou recurso apresentado pelo sujeito passivo, haverá a extinção completa ou incompleta do crédito tributário (art. 156, IX, do CTN). Contudo, deve-se destacar a necessidade de que essa decisão seja irreformável e definitiva, não mais podendo ser objeto de ação anulatória (em semelhança ao “trânsito em julgado” nas ações judiciais). Na doutrina de Regina Helena Costa: Se a Administração Fiscal acolhe, legitimamente, a pretensão do contribuinte, tal decisão adquire caráter irreformável. A situação equivale ao que a doutrina clássica do direito administrativo denomina coisa julgada administrativa. Assim, por exemplo, impugnada a exigência fiscal na esfera administrativa, e reconhecida sua invalidade, resta extinta a obrigação tributária. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 A cláusula segundo a qual se reputa decisão administrativa irreformável somente aquela que “não mais possa ser objeto de ação anulatória”, dá a entender que o Fisco pode buscar judicialmente a invalidação de decisão administrativa definitiva favorável ao contribuinte. Tal conclusão, no entanto, é incompatível com o sistema constitucional adotado, uma vez que a Administração Pública aplica a lei aos casos concretos e, assim, soluciona conflitos em que é parte, exercendo controle de legalidade sobre seus atos. Logo, na hipótese, não possui interesse de agir para buscar tal prestação jurisdicional.28 Aula 04 – Decisão Judicial Passada em Julgado e Dação em Pagamento em Bens Imóveis Decisão Judicial Passada em Julgado Conforme o art. 156, X, do CTN, a decisão judicial transitada em julgado, sendo favorável ao contribuinte, extingue o crédito tributário. Nesse sentido, Caparroz disciplinou: “O trânsito em julgado de decisão judicial favorável ao sujeito passivo extingue o crédito tributário, pois esgota as possibilidades de recurso por parte da Fazenda Pública.29” • Sistema Inglês ou de Jurisdição Única • Poder Judiciário = decisão definitiva da pretensão do particular ➢ Coisa julgada: Extingue o crédito tributário a sentença de eficácia desconstitutivaproferida em ação anulatória ou em embargos à execução transitada em julgado. 28 COSTA. Regina Helena Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 29 CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 729 KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 CPC, Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Nas palavras de Hugo de Brito Machado: De acordo com o art. 156, X, do CTN, a decisão judicial, desde que transitada em julgado, também pode ter o efeito de extinguir o crédito tributário. Assim, se o sujeito passivo tiver um lançamento efetuado contra si e ajuizar ação judicial para questioná-lo, a sentença que julgar procedentes os seus pedidos, quando transitar em julgado, terá o efeito de extinguir o crédito tributário correspondente. No âmbito de uma ação anulatória de lançamento tributário, por exemplo, embora a sentença possa julgar procedente os pedidos, e determinar a extinção do crédito tributário impugnado, essa extinção somente será consumada quando a decisão se tornar definitiva. Como se percebe, as causas de extinção do crédito estão, muitas delas, relacionadas com as causas de suspensão da exigibilidade, representando a consumação ou a definitividade de uma situação que, quando da suspensão, era temporária. Ao mover uma ação judicial, destinada a anular um lançamento tributário e com isso extinguir o crédito tributário correspondente, o contribuinte pode obter uma tutela provisória (CTN, art. 151, V), suspendendo a exigibilidade do crédito tributário impugnado. Ao final do processo, caso seus pedidos sejam julgados procedentes, e a decisão transite em julgado, haverá a extinção desse mesmo crédito (CTN, art. 156, X). O mesmo paralelismo se observa entre a reclamação e o recurso administrativo como causa de suspensão, e a decisão administrativa definitiva como causa de extinção; ou entre o depósito como forma de suspensão, e sua conversão em renda (ou, no caso de procedência do pedido, a decisão, administrativa ou judicial, correspondente).30 Ainda, sobre o tema, diz Regina Helena Costa: Por fim, aponta o inciso X do art. 156, como modalidade extintiva da obrigação tributária principal, a decisão judicial passada em julgado. Essa referência é meramente didática, porquanto, ainda que não expressa, seria forçoso concluir-se constituir ela modalidade de extinção do vínculo obrigacional. Isto porque, à vista do princípio da universalidade da jurisdição, também denominado princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a direito” (art. 5º, XXXV, CR). Desse modo, provocado o Poder Judiciário mediante ação do sujeito passivo para discutir a exigência fiscal ou mediante a propositura, pela Fazenda Pública, de execução fiscal, o pronunciamento judicial definitivo, no sentido da invalidade do crédito 30 MACHADO. Hugo de Brito. Manual de direito tributário. 10. ed., São Paulo: Atlas, 2018, p. 243. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 tributário, culminará em coisa julgada material, extinguindo, em consequência, a obrigação tributária.31 Dação em Pagamento em Bens Imóveis A dação em pagamento, nos termos do art. 156, XI, do CTN, é o oferecimento de bem imóvel para extinção da dívida tributária. Vejamos: Art. 156 CTN. Extinguem o crédito tributário: (...) XI — a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Como se sabe, o CTN foi alterado em 2001, passando a incluir a dação em pagamento de bens imóveis, desde que devidamente autorizada por lei, no rol de circunstâncias que extinguem o crédito tributário. Na lição de Caparroz, embora o Código, por força do art. 3º, preveja a hipótese de pagamento mediante instrumentos conversíveis em moeda, a hipótese veiculada pela nova redação é um pouco distinta, pois permite a quitação de créditos tributários mediante dação em pagamento, ou seja, pela entrega de bens imóveis ao poder público, como autoriza o art. 156, XI.32 Continua o doutrinador lecionando que “trata-se de um caso excepcional, ainda pouco utilizado, pelo qual a União, os Estados, os Municípios ou o Distrito Federal”, no entanto “desde que autorizados pelos respectivos poderes legislativos, aceitar imóveis como forma de extinção de suas dívidas tributárias.” esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 729) Consoante apontado por Hugo de Brito Machado: 31 COSTA. Regina Helena Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018,215. 32 CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 729. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Como regra geral, o tributo não pode ser extinto através de dação em pagamento. Trata-se de prestação pecuniária. Apesar disso, com o advento da LC nº 104/2001, o art. 156, XI, do CTN, passou a enumerar, como uma das causas extintivas do crédito tributário, a dação em pagamento em bens imóveis, que poderá ocorrer na forma e condições estabelecidas em lei.Pelo que se percebe, tanto a regra é o pagamento do tributo em dinheiro, que a dação em pagamento depende ainda da edição de lei, por cada ente tributante (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), estipulando a forma e as condições nas quais poderá ocorrer. À míngua dessa lei específica, não há amparo legal para a dação em pagamento. E, ainda assim, somente pode dizer respeito a bens imóveis. O Município de São Paulo editou, para disciplinar a dação em pagamento de bens imóveis como forma de extinção do crédito tributário, a Lei nº 13.259, de 28 de dezembro de 2001, que foi regulamentada pelo Decreto nº 42.095, de 12 de junho de 2002. No Plano Federal, a disciplina da dação em pagamento foi elaborada posteriormente, encontrando-se prevista na Lei 13.259, de 16 de março de 2016.33 • Conforme o art. 356 do CC: Acordo realizado entre credor e devedor, sendo que o credor consente da entrega de coisa diversa da avençada. CC, Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. • Bens Imóveis x Bens Móveis, para fins de extinção: - STF = apenas BENS IMÓVEIS - Art. 146, III, CF + Art. 141 CTN + Art. 97, VI, CTN Art. 146 CTN. Cabe à lei complementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. 33 MACHADO, Hugo de Brito. Manual de direito tributário. 10. ed., São Paulo: Atlas, 2018, p. 244. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Art. 141 CTN. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias. Art. 97 CTN. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. §1º Equipara-seà majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. §2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Vale dizer, ainda, que, na lição de Alexandre Mazza34, o doutrinador ressalta que a DAÇÃO é admitida no Direito Tributário “desde que atendidas as seguintes condições”: a) EXISTÊNCIA DE LEI ESPECÍFICA AUTORIZANDO: “é necessária a aprovação de uma lei ordinária, no âmbito da pessoa federativa tributante, admitindo a dação de bens móveis como forma extintiva do crédito tributário”; b) O BEM OFERTADO DEVE SER IMÓVEL: “para não violar o dever constitucional de realizar licitações”; c) O PODER PÚBLICO MANIFESTAR INTERESSE NO BEM: “quer dizer que a aceitação do bem oferecido pelo contribuinte em dação é ato administrativo discricionário (e não vinculado), na medida em que a autoridade administrativa deve analisar a conveniência e oportunidade na incorporação daquele bem ao domínio 34 MAZZA. Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 1000. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 público. Desse modo, o devedor não tem direito adquirido à aceitação do bem oferecido, mas simples expectativa de direito.” Porém, com o advento da Lei nº 13.259/2016, a dação em pagamento de tributos federais passou a ter dois requisitos adicionais (art. 4º): d) “deve ser PRECEDIDA DE AVALIAÇÃO do bem ou dos bens ofertados, que devem estar LIVRES E DESEMBARAÇADOS de quaisquer ônus, nos termos de ato do Ministério da Fazenda”; e (requisitos cumulativos) e) “deve ABRANGER A TOTALIDADE DO CRÉDITO OU CRÉDITOS QUE SE PRETENDE LIQUIDAR COM ATUALIZAÇÃO, JUROS, MULTA E ENCARGOS LEGAIS, SEM DESCONTO DE QUALQUER NATUREZA, assegurando-se ao devedor a possibilidade de complementação em dinheiro de eventual diferença entre os valores da totalidade da dívida e o valor do bem ou dos bens ofertados em dação.” Desse modo, ao menos em âmbito federal, a dação em pagamento de bens imóveis agora exige 5 (cinco) requisitos: 1. Lei específica autorizando (já existe); 2. Aceitação discricionária do credor; 3. Natureza imóvel do bem; 4. Avaliação prévia; 5. Abranger a totalidade do crédito com atualização, juros, multa e encargos legais. • Lei nº 13.259/16: Regulamenta a dação em pagamento de bens imóveis Em meio a grandes discussões sobre a possibilidade de dação em pagamento com imóveis, foi publicada, em março de 2016, a Lei nº 13.259, que passou a dispor sobre a dação em pagamento na esfera da União. Ainda, o artigo que tratava do tema KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 foi alterado posteriormente pela Lei nº 13.313/16, passando a cuidar da matéria da seguinte maneira: Art. 4º da Lei nº 13.259/16 - A extinção do crédito tributário pela dação em pagamento em imóveis, na forma do inciso XI do art. 156 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, atenderá às seguintes condições: I - será precedida de avaliação judicial do bem ou bens ofertados, segundo critérios de mercado; II - deverá abranger a totalidade do débito ou débitos que se pretende liquidar com atualização, juros, multa e encargos, sem desconto de qualquer natureza, assegurando-se ao devedor a possibilidade de complementação em dinheiro de eventual diferença entre os valores da dívida e o valor do bem ou bens ofertados em dação. Conforme Caparroz, na esfera federal o legislador preferiu ser conservador e aceitar a possibilidade de dação em pagamento somente para bens imóveis, que serão entregues sem qualquer ônus para a União, depois de passarem pela devida avaliação35. Ainda, continua o autor: O valor a ser quitado mediante dação pode ser igual ou inferior à dívida inscrita, e a eventual diferença poderá ser paga em dinheiro. Para optar pela dação em pagamento, o devedor deverá desistir de qualquer ação judicial em andamento, relativa ao crédito que pretende extinguir e, ainda, pagar as custas judiciais e honorários advocatícios relativos ao processo.36 35 CAPARROZ. Rodrigo. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 731. 36 CAPARROZ. Rodrigo. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 731. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956 Bibliografia COSTA, Regina Helena. Direito Tributário Brasileiro. 1 ed., São Paulo: Saraiva, 2009. CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2015. MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018. SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário, 13 ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2021. TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1991. KELVIN CARLOS JONASSON - 06536528956