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DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSO 
TRIBUTÁRIO 
 
Módulo: Responsabilidade Tributária 
 
TEMA 07 – Causas de Extinção do Crédito 
Tributário: demais modalidades 
 
 
Aula 01 – Remissão e Transação 
 
Remissão 
 
REMISSÃO, causa de extinção do crédito tributário (art. 156,IV, CTN), é o 
PERDÃO de TODO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, concedido por LEI. 
Na linguagem técnica, a remissão é a liberação graciosa de uma dívida para 
o credor. Diferentemente do Direito Privado, no Direito Público não se afigura a 
possibilidade do remitido (perdoado) não aceitar a remissão. Isso ocorre por causa do 
caráter vinculativo e isonômico existente nas remissões públicas. Assim, no Direito 
Público a remissão é obrigatória para aqueles a quem a lei a concede. Ou seja, é o 
perdão da dívida tributária principal (tributo), de forma (i) total ou (ii) parcial. 
 
Previsão legal 
Lembre-se que a Remissão é uma das formas de extinção do crédito tributário 
e encontra-se prevista no inciso IV do art. 156 (já visto) e no art. 172 do Código 
Tributário Nacional (CTN). Atente-se ao art. 172 do CTN: 
Art. 172 CTN. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a 
conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do 
crédito tributário, atendendo: 
I - à situação econômica do sujeito passivo; 
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II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a 
matéria de fato; 
III - à diminuta importância do crédito tributário; 
IV - a considerações de equidade, em relação com as características 
pessoais ou materiais do caso; 
V - a condições peculiares a determinada região do território da 
entidade tributante. 
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito 
adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155. 
 
 
Definição 
 
Conforme define Roberto Caparroz: “A remissão é o perdão de todo o 
crédito tributário, concedido por lei. Difere da anistia, em que só há o perdão 
das infrações. 1” Já na lição de Regina Helena Costa: “A remissão constitui outra 
modalidade de extinção da obrigação tributária principal e, tal como no direito 
privado (arts. 385 a 388, CC), significa perdão2”. 
Ainda, segundo Alexandre Mazza: “Prevista no art. 172 do CTN, a remissão 
é o perdão, total ou parcial, da dívida tributária. Trata-se de um raríssimo 
benefício fiscal que depende sempre de lei específica da entidade competente 
para instituir o tributo.3” 
 
Requisitos 
 
➢ A REMISSÃO possui 2 (dois) REQUISITOS para ser concedida: 
 
 
• LEI ESPECÍFICA; 
 
• DESPACHO FUNDAMENTADO DE UMA AUTORIDADE 
ADMINISTRATIVA COMPETENTE; 
 
 
1 CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 725. 
2 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 210. 
3 MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 985) 
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Consoante explica Rafael Novais: 
Tratando-se de medida excepcional, o art. 150, § 6º, da Constituição 
Federal determina a necessidade de lei específica para concessão do 
benefício, objetivando evitar a existência de desarrazoados 
desmandos na liberação de créditos públicos4. 
 
 
Segundo Regina Helena Costa, a REMISSÃO está de acordo com o 
Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público se respeitados esses 
requisitos já apontados: 
A remissão, nos moldes apontados, respeita ao crédito tributário e 
somente pode ser concedida por lei, em função do já por tantas vezes 
lembrado princípio da indisponibilidade do interesse público.5 
 
 
Hipóteses de Perdão 
Existem 5 (cinco) HIPÓTESES DE REMISSÃO enumeradas no artigo 172 do 
CTN: (i) situação econômica do sujeito passivo; (ii) erro ou ignorância escusáveis do 
sujeito passivo, quanto a matéria de fato ; (iii) diminuta importância do crédito 
tributário; (iv) considerações de equidade, em relação com as características pessoais 
ou materiais do caso; e (vi) condições peculiares a determinada região da entidade 
tributante. 
Nas palavras de Regina Helena Costa: 
A remissão pode ser total ou parcial e ter por fundamento uma das 
cinco hipóteses descritas no art. 172, CTN: 1) situação econômica do 
sujeito passivo; 2) erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, 
quanto a matéria de fato; 3) diminuta importância do crédito tributário; 
4) considerações de equidade, em relação com as características 
pessoais ou materiais do caso; e 5) condições peculiares a 
determinada região da entidade tributante.6 
 
 
 
Passemos agora ao estudo de cada uma das hipóteses de remissão. 
 
 
4 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 399. 
5 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 210. 
6 COSTA. Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 210. 
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• SITUAÇÃO ECONÔMICA DO SUJEITO PASSIVO 
Trata-se da hipótese do inciso do art. 142 do CTN. A remissão pode ser 
pessoal, sendo aquela realizada em razão das condições pessoais do devedor 
contribuinte, podendo ser chamada, neste caso, de remissão “ratione personae”, não 
havendo, neste caso, considerações relacionadas a dívidas ou ao crédito tributário. 
• ERRO OU IGNORÂNCIA ESCUSÁVEIS DO SUJEITO PASSIVO QUANTO À 
MATÉRIA DE FATO 
Trata-se da hipótese do inciso II do art. 142 CTN. O ato de remitir, de perdoar 
a dívida, também pode ser formalizado pela autoridade administrativa, após a lei 
fundamentada em uma das hipóteses do art. 172 do CTN, sendo que uma delas é o 
erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo com relação à matéria de fato. 
Trata-se, por exemplo, de erro material em um código de receita 
diferenciada. 
• DIMINUTA IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
Outra das hipóteses, esta trazida no inciso III do art. 172 do CTN, consiste na 
remissão com base na diminuta importância do crédito tributário. Logo, se houver 
crédito de quantia muito pequena, pode ser remitido, não havendo que se falar, neste 
caso, em ofensa ao princípio da indisponibilidade do interesse público, com 
fundamento da legislação. 
Ainda, apontando ao que alude Rafael Novais: 
Nas situações elencadas nos incisos I, II e IV, a autoridade 
administrativa verificará situações pessoais do sujeito passivo para 
efetivar a dispensa do crédito tributário. No inciso III, a importância do 
crédito tributário mostra-se irrelevante se comparado com os custos 
necessários à sua cobrança, ao passo que o inciso V se refere ao 
elemento econômico atrelado a condições de determinada região que 
passe por dificuldades ou necessite de incentivos fiscais.7 
 
 
7 NOVAIS. Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 399. 
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• CONSIDERAÇÕES DE EQUIDADE 
Trata-se da hipótese do inciso IV do art. 142 do CTN. Consiste no “senso de 
justiça”. 
Vale fazer correção o disposto no art. 108, § 2º, do CTN. Segundo o 
mencionado dispositivo legal: 
Art. 108 CTN. Na ausência de disposição expressa, a autoridade 
competente para aplicar a legislação tributária utilizará 
sucessivamente, na ordem indicada: 
I - a analogia; 
II - os princípios gerais de direito tributário; 
III - os princípios gerais de direito público; 
IV - a eqüidade. 
§1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo 
não previsto em lei. 
§2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do 
pagamento de tributo devido. 
 
Vemos, portanto, que, enquanto o §1º do art. 108 do CTN veda a utilização da 
analogia para exigir um tributo não previsto em lei, o §2º do mesmo dispositivo legal 
determina que a equidade não pode ser usada para remissão do pagamento de um 
tributo devido. 
Para Ricardo LoboTorres, esta norma é redundante e contraditória, tendo em 
vista que, como a equidade é uma forma de preenchimento de lacuna, não pode, 
certamente, ser utilizada para resultar na dispensa de um tributo, pois quando há 
lacuna, não há tributo e, assim, não caberia falar em dispensa8. 
• CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE UMA DETERMINADA REGIÃO 
Por fim, a última hipótese trazida pelo art. 142 do CTN é a do inc. V: “condições 
peculiares à determinada região do território da entidade tributante”. 
Neste contexto, conforme Regina Helena Costa: 
A dicção do parágrafo único desse dispositivo pode ensejar errônea 
interpretação de seu conteúdo. A referência ao art. 155, CTN, faz 
 
8 TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do Direito Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1991, 
p. 184. 
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sugerir que a remissão pode ser “revogada”, não gerando direito 
adquirido, revelando a impropriedade da linguagem empregada pelo 
legislador. Com efeito, conforme já salientamos em nossos 
comentários ao art. 155, CTN, uma vez preenchidos os requisitos 
legais pelo interessado, faz ele jus à remissão, deferida mediante ato 
administrativo de natureza vinculada. O ato administrativo de 
concessão da remissão pode, sim, ser cassado, se verificado que o 
interessado deixou de preencher algum requisito necessário à fruição 
dessa situação jurídica.9 
 
Somente para créditos futuros 
Conforme explica Roberto Caparroz: 
A remissão deve respeitar o princípio da igualdade e somente pode 
atingir créditos anteriores à entrada em vigor da lei que a instituiu, pois 
não existe remissão para créditos futuros. 10 
 
 
Honorários Sucumbenciais 
Leciona Hugo de Brito Machado: 
Conforme tem entendido o STJ, “o cancelamento da certidão de dívida 
ativa por remissão fiscal, concedida em caráter geral em razão da 
diminuta importância do crédito tributário, acarreta a extinção da 
execução fiscal sem qualquer ônus para a Fazenda Pública – art. 26 
da Lei 6.830/80”. Isso significa que, na hipótese de ser concedida 
remissão a créditos de pequeno valor, já executados e não 
embargados, a execução deverá ser extinta, sem a condenação da 
Fazenda Pública nos ônus da sucumbência.11 
 
Direito adquirido 
A CONCESSÃO DA REMISSÃO, assim como a da moratória, não gera 
direito adquirido e pode ser anulada caso se verifique que o remitido (i) não 
satisfez ou (ii) deixou de satisfazer as condições ou (iii) não cumpriu os 
requisitos para a concessão do favor, COBRANDO-SE O CRÉDITO acrescidos 
de juros de mora, com a imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou 
 
9 COSTA. Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 211. 
10 CAPARROZ. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2019, p. 726. 
11 MACHADO. Hugo de Brito. (Manual de direito tributário. 10. ed., São Paulo: Atlas, 2018, p. 235. 
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simulação do beneficiado, ou de terceiro em seu benefício, ou sem imposição 
de penalidade, nos demais casos. 
 
Transação 
 
Previsão legal 
A TRANSAÇÃO decorre de CONCESSÕES MÚTUAS entre o Poder 
Público e o Sujeito Passivo, nos limites autorizados por LEI. Ela é uma forma de 
extinção do crédito tributário prevista no inciso III do art. 156 e no art. 171 do CTN. 
Atente-se ao art. 171 do CTN: 
Art. 171 CTN. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos 
sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, 
mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e 
consequente extinção de crédito tributário. 
Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar 
a transação em cada caso. 
 
 
 
Definição 
Trata-se de acordo estabelecido entre o Estado X Particular, objetivando 
CONCESSÕES MÚTUAS para TERMINAÇÃO DE LITÍGIOS. 
De acordo com Rafael Novais: 
Para fins do direito privado, a transação se caracteriza como 
acordos entre credor e devedor, objetivando prevenirem ou 
terminarem litígio (art. 840 do CC). Na esfera tributária também se 
mostra viável a utilização desse instituto quando o sujeito 
passivo (contribuinte e responsável tributário) e ativo (Fazendas 
Públicas) celebram concessões mútuas para terminarem litígios 
e extinguirem o crédito tributário, obedecendo a condições 
estabelecidas em lei (art. 171 do CTN). Em outras palavras, a lei 
concessiva autoriza a celebração mútua de acordos como mecanismo 
de encerrar a relação tributária. 
Diversamente da esfera privada, a transação em direito tributário 
apenas será permitida para terminar litígios e não para preveni-los, 
sendo necessário a existência do efetivo crédito tributário devido à 
Fazenda Pública.12 
 
 
12 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 398. 
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Características 
 
 
Crítica 
Conforme explica Rafael Novais, 
a doutrina critica o enquadramento da transação no rol de 
modalidades extintivas do crédito tributário”, tendo em vista que “sua 
utilização necessitaria do emprego de outras formas”. De acordo com 
o doutrinador, “nas concessões mútuas o poder público poderá 
perdoar parcela do crédito mediante a quitação de outro percentual, 
nada mais sendo que a conjunção dos institutos da remissão e 
pagamento (art. 156, I e IV, do CTN). (...)13. 
 
Aula 02 – Conversão de Deposito em Renda e 
Pagamento Antecipado 
 
Conversão de Deposito em Renda 
Conceito 
Essa hipótese de extinção do crédito tributário ocorre quando o SUJEITO 
PASSIVO que efetuou o DEPÓSITO DO MONTANTE para discutir o tributo acaba 
vencido na esfera judicial, de forma que o juiz autoriza o Poder Público a 
converter o depósito em renda e levantar os valores depositados. 
 
13 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 398. 
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Ou seja, DECISÃO JUDICIAL que, após deposito do crédito tributário pelo 
contribuinte (com objetivo de suspender a exigibilidade), CONVERTE EM RENDA DO 
ENTE TRIBUTANTE e extingue o crédito tributário. 
Conforme Roberto Caparroz: 
 
Ocorre a conversão do depósito em renda quando o sujeito passivo 
que efetuou depósito do montante integral para discutir o crédito 
tributário (art. 151, II, do CTN) acaba vencido na esfera judicial, de 
forma que o juiz autoriza o poder público a converter o depósito 
e levantar os valores que estavam bloqueados.14 
 
Já de acordo com Alexandre Mazza: 
“Em processos judiciais ou administrativos nos quais o contribuinte 
opta por realizar depósito prévio para suspensão do crédito tributário, 
se a controvérsia for decidida favoravelmente à Fazenda Pública, 
o montante depositado reverte-se para o Fisco, convertendo-se 
em renda, o que resulta na extinção do crédito tributário15.” 
 
Como ocorre 
 
 
14 CAPARROZ. Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 726 
15 MAZZA. Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 997. 
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Como verificamos no estudo das modalidades de suspensão da exigibilidade 
do crédito tributário, existe dentre elas a realização do depósito integral (art. 151, II, 
do CTN). A utilização desta forma de suspensão ocorre mais comumente em 
processos judiciais (Ação Declaratória ou Anulatória de Lançamento Tributário), com 
o fito de impedir o Fisco de continuar os atos expropriatórios da cobrança em sede de 
execução fiscal. 
Porém, em caso de INSUCESSO NA DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA ou 
JUDICIAL, o depósito, antes usado para suspender, depois é CONVERTIDO EM 
RENDA, extinguindo-se o crédito tributário (art. 156, VI, do CTN). 
Deste modo, “a conversão desse depósito em renda não deixa de ser 
indiretamente uma modalidadede pagamento já consagrada como forma 
extintiva do crédito (art. 156, I, do CTN)16”. 
 
O pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos 
termos do art. 150 CTN 
Vimos que, no caso de lançamento por homologação, compete ao SUJEITO 
PASSIVO (i) apurar o tributo devido e (ii) promover o recolhimento, que é chamado 
pelo CTN de "pagamento antecipado" (A expressão antecipado significa que o 
pagamento foi efetuado antes de qualquer análise ou verificação pela fiscalização). 
Assim, ao REALIZAR O PAGAMENTO, o contribuinte permite que o Fisco 
possa verificá-lo e homologá-lo, dentro do prazo de 05 anos, contados da data 
do fato gerador. 
Como ocorre 
Conforme ensina Roberto Caparroz: 
 
16 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 410. 
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(...) nos casos de lançamento por homologação compete ao próprio 
sujeito passivo apurar o tributo devido e promover o recolhimento, que 
é chamado pelo CTN de “pagamento antecipado”. 
A expressão “antecipado” não significa que o valor foi pago antes 
do vencimento, mas apenas que o pagamento foi efetuado antes 
de qualquer análise ou verificação pela fiscalização. 
Ao realizar o pagamento, o contribuinte permite que o fisco possa 
verificá-lo e homologá-lo, dentro do prazo de cinco anos, contados da 
data do fato gerador. Se os pagamentos não forem homologados até 
o limite do prazo de cinco anos, o Estado não mais poderá proceder a 
lançamentos complementares, devendo aceitar como legítimo o 
montante recolhido pelo sujeito passivo, salvo nos casos de dolo, 
fraude ou simulação. 
O término do prazo para homologação ou a confirmação, pelas 
autoridades fiscais, do valor antecipadamente pago extingue o 
crédito tributário correspondente17. 
 
Portanto, como visto nas aulas anteriores, dentre as modalidades de lançamento 
tributário, a espécie “por homologação” se caracteriza pela maior participação do 
sujeito passivo no procedimento de lançamento, já que é ele mesmo que a exerce 
(consoante art. 150 do CTN). 
É incumbência do próprio SUJEITO PASSIVO o papel de (i) verificar a ocorrência 
do fato gerador e (ii) identificar a matéria tributária, assim como (iii) realizar o cálculo 
do tributo e (iv) pagar antecipadamente. 
Desta forma, apenas restará, para FAZENDA PÚBLICA, a preocupação de 
realizar a HOMOLOGAÇÃO EXPRESSA no prazo de 5 (cinco) anos, sob pena de sua 
concordância tácita (art. 150, §§ 1º e 4º, do CTN). 
Sendo assim, “a extinção do crédito tributário lançado nessa modalidade 
apenas será verificada quando efetivamente ocorrer homologação, expressa ou 
tácita, dos valores antecipadamente recolhidos (art. 156, VII, do CTN).18” 
 
 
17 CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 726-727. 
18 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 410 
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Pagamento a menor 
➢ E se pagamento antecipado a menor? Extinção parcial do crédito? 
Luciano Amaro ensina que: 
O que se dá, neste caso, é que o pagamento, embora se preste a 
satisfazer a obrigação tributária, pode não ser suficiente para 
extingui-la totalmente, e, então, caberá lançamento de ofício para 
exigência da diferença. Assim, mesmo que não haja 
homologação, o pagamento feito extingue (parcialmente embora) 
a obrigação tributária. 
 
 
Aula 03 – Consignação em Pagamento e 
Decisão Administrativa Irreformável 
 
Consignação em Pagamento, nos termos do art. 164, §2º, CTN 
Definição 
Na lição de Caparroz: 
A consignação em pagamento ocorre quando o sujeito passivo quer 
efetuar o pagamento, mas encontra resistência da administração 
pública, que provavelmente deseja condicioná-lo a outros requisitos.19 
 
De acordo com Alexandre Mazza: 
A consignação em pagamento, como forma de extinção do crédito 
tributário, constitui mecanismo processual em favor do contribuinte 
quando este encontre obstáculos impostos pelo Fisco que impeçam o 
regular pagamento do tributo20. 
 
 
Previsão Legal 
 
➢ Hipóteses do art. 164 do CTN 
 
19 CAPARROZ. Rogério. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 727. 
20 MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 998. 
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Os CASOS em que o interessado pode propor a Ação Judicial de 
Consignação em Pagamento estão previstos no art. 164 do CTN. Vejamos: 
Art. 164 CTN. A importância de crédito tributário pode ser consignada 
judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: 
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento 
de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação 
acessória; 
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências 
administrativas sem fundamento legal; 
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, 
de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. 
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante 
se propõe pagar. 
§ 2º Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa 
efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada 
improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito 
acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis. 
 
Portanto, a CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO se caracteriza como MEDIDA 
JUDICIAL manejada pelo SUJEITO PASSIVO para ver garantido seu DIREITO AO 
ADIMPLEMENTO DE TRIBUTOS sempre que a Fazenda Pública opor as 
seguintes situações elencadas no art. 164 do Código Tributário Nacional: 
 
a) Recusa no recebimento ou subordinação ao cumprimento de outras 
obrigações (inciso I); 
 
b) Subordinação ao cumprimento de exigências administrativas sem 
fundamento legal (inciso II); 
 
c) Bitributação (inciso III). 
 
Segundo ensina Rafael Novais: 
O enquadramento da consignação como forma de extinção do crédito 
tributário apenas se dará quando julgada procedente a demanda e o 
prévio depósito convertido em renda para o respectivo fisco (art. 156, 
VIII, do CTN) 21. 
 
21 NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2018, p. 411 
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Objetivo 
O OBJETIVO da Consignação em Pagamento é: 
 
➔ EVITAR A MORA diante de um pagamento devido 
 
Neste sentido, caberá ao SUJEITO PASSIVO realizar a Ação Consignatória 
no lugar do pagamento, cessando para o devedor os juros e demais encargos – 
salvo se a ação for julgada improcedente. 
 
 
Hipóteses da Ação de Consignação em Pagamento 
 
Do art. 164 do CTN pode-se constatar 3 (três) hipóteses que ensejam a Ação 
de Consignação em Pagamento: 
 
a) Quando a autoridade se recusa a receber o crédito ou o condiciona a outras 
quitações que o sujeito passivo entende descabidas. Nos dizeres de Caparroz: 
“Como exemplo, podemos citar a hipótese em que o contribuinte concorda com o 
valor do tributo lançado, mas pretende discutir a imposição da multa e o Fisco não 
aceita.22” 
b) Subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas 
sem fundamento legal. 
c) “Exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo 
idêntico sobre mesmo fato gerador. Imaginemos o seguinte exemplo 
hipotético: o proprietário de um imóvel localizado na divisa entre dois 
municípios recebe dois carnês de IPTU, cada qual exigindo o valor total do 
imposto. Estaríamos, portanto, diante em caso de bitributação vedado pela 
 
22 CAPARROZ. Rogério. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 728. 
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Constituição, que ensejaria a propositura da ação de consignação em 
pagamentopara que o judiciário possa resolver o conflito de normas.23” 
De acordo com Alexandre Mazza: 
“Vale frisar que a terceira hipótese legal ensejadora da consignação – 
exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de 
tributo idêntico sobre o mesmo fato gerador – tem causado 
dificuldades práticas decorrentes da inadequada linguagem utilizada 
pelo legislador do CTN. Trata-se da consignação no caso de 
bitributação, a circunstância mais importante de cabimento dessa 
causa de extinção do crédito. Convém não confundir bitributação com 
bis in idem. Conforme já explicado no item 3.5.9 deste Manual, 
enquanto na bitributação duas ou mais entidades exigem tributos 
sobre um único fato gerador ou a mesma base de cálculo, no bis in 
idem as exigências tributárias simultâneas sobre a mesma base de 
cálculo ou fato gerador emanam de uma única entidade tributante. A 
hipótese de consignação descrita no art. 164, III, do CTN é de 
bitributação, cabendo lembrar que a existência de grande quantidade 
de pretensos credores (multitributação) realizando exigências 
simultâneas não descaracteriza a bitributação. Exemplo: 35 
municípios exigindo simultaneamente, do mesmo contribuinte 
(concessionário), o ISS integral sobre o serviço de manutenção de 
uma rodovia intermunicipal. Já no caso de bis in idem não cabe 
consignação, porque inexiste dúvida sobre quem é o legítimo credor 
do tributo. Para defender o contribuinte contra bis in idem utilizando 
uma única ação cabe, em regra, mandado de segurança.24” 
 
Ainda na lição de Alexandre Mazza, “outro esclarecimento se faz necessário”: 
É preciso interpretar extensivamente o teor do art. 164, III, do CTN, já 
que, na verdade, a referência a “exigência de tributo idêntico” parece 
reduzir o alcance da norma somente aos casos de dupla exigência de um 
mesmo tributo sobre fato gerador único. Porém, se dois tributos distintos 
recaírem indevidamente sobre o mesmo fato gerador, inegável a 
conclusão no sentido de que o contribuinte poderá valer-se da 
consignação em pagamento, transferindo ao Judiciário o encargo de 
definir qual o legítimo credor do tributo. Mencione-se, a título de exemplo, 
a hipótese de Estado cobrar ICMS e Município exigir simultaneamente 
ISS sobre o mesmo serviço. Nessa situação não parece razoável, apenas 
porque são tributos diferentes, impedir o contribuinte de consignar o 
montante devido para que o juiz determine qual dos dois entes faz jus ao 
pagamento. 
Portanto, conclui-se que, apesar da literalidade do art. 164, III, do CTN, a 
consignação em pagamento é cabível, tanto no caso de tributos idênticos 
exigidos simultaneamente sobre o mesmo fato gerador quanto na 
 
23 CAPARROZ. Rogério. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 728. 
24 MAZZA. Alexandre. (Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 998. 
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hipótese de um único fato gerador atrair a incidência de dois tributos 
cobrados por entidades federativas distintas25.” 
 
Decisão Administrativa Irreformável (sem a possibilidade de Ação 
Anulatória) 
A decisão da autoridade administrativa contra a qual não caiba mais recurso, 
se favorável ao sujeito passivo, também é causa de extinção do crédito (art. 156, IX, 
do CTN). 
Segundo o disposto no art. 156, IX, CTN, extingue a obrigação tributária a 
decisão administrativa irreformável “assim entendida a definitiva na órbita 
administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória”. Logo, 
“mediante essa norma, o Código reporta-se à decisão proferida em sede de 
processo administrativo, acerca da impugnação do sujeito passivo a 
determinada exigência tributária26.” 
Nas palavras de Caparroz: 
A decisão, no âmbito do processo administrativo, capaz de extinguir o 
crédito tributário, deve ser definitiva e favorável ao sujeito passivo e 
não poderá mais ser objeto de ação anulatória. Esse entendimento 
decorre do princípio que veda à administração pública recorrer ao 
Poder Judiciário nos casos em que ela mesma reconheceu o direito 
do interessado. 
Por óbvio, a decisão administrativa contrária ao sujeito passivo não 
extingue o crédito e possibilita, inclusive, a execução fiscal do valor 
devido sempre que a parte vencida, devidamente intimada, não 
promover o pagamento27. 
 
 
• Processo Administrativo Fiscal (Dec. 70.235/72) 
Tendo em vista que o ordenamento jurídico brasileiro garante o exercício 
do contraditório e ampla defesa em processos judiciais ou administrativos (art. 5º, 
 
25 MAZZA. Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 999. 
26 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
27 CAPARROZ. Rodrigo. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 728 
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LV, da CF), o sujeito passivo sempre pode apresentar reclamações e 
recursos na própria administração fiscal, utilizando-se das respectivas leis 
do Processo Administrativo Tributário – PAT. 
Durante o processamento de tais RECLAMAÇÕES E RECURSOS 
ADMINISTRATIVOS, há a suspensão da exigibilidade do crédito tributário até 
a efetiva resposta da respectiva Fazenda Pública julgadora (art. 151, III, do 
CTN). 
 
• Coisa julgada em face do particular = Brasil adota o Sistema Inglês ou de 
Jurisdição Única 
 
• Cabe ao Poder Judiciário a decisão definitiva da pretensão do particular, 
e não a um tribunal administrativo 
 
• Decisão administrativa não poderá ser reformada na via judicial quando 
desfavorável à Administração Pública 
 
• Tribunal Administrativo faz coisa julgada material em relação à 
Administração Pública 
Após o julgamento, se for total ou parcialmente procedente a reclamação ou 
recurso apresentado pelo sujeito passivo, haverá a extinção completa ou incompleta 
do crédito tributário (art. 156, IX, do CTN). 
Contudo, deve-se destacar a necessidade de que essa decisão seja 
irreformável e definitiva, não mais podendo ser objeto de ação anulatória (em 
semelhança ao “trânsito em julgado” nas ações judiciais). 
Na doutrina de Regina Helena Costa: 
Se a Administração Fiscal acolhe, legitimamente, a pretensão do 
contribuinte, tal decisão adquire caráter irreformável. A situação 
equivale ao que a doutrina clássica do direito administrativo denomina 
coisa julgada administrativa. Assim, por exemplo, impugnada a 
exigência fiscal na esfera administrativa, e reconhecida sua invalidade, 
resta extinta a obrigação tributária. 
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A cláusula segundo a qual se reputa decisão administrativa 
irreformável somente aquela que “não mais possa ser objeto de ação 
anulatória”, dá a entender que o Fisco pode buscar judicialmente a 
invalidação de decisão administrativa definitiva favorável ao 
contribuinte. Tal conclusão, no entanto, é incompatível com o sistema 
constitucional adotado, uma vez que a Administração Pública aplica a 
lei aos casos concretos e, assim, soluciona conflitos em que é parte, 
exercendo controle de legalidade sobre seus atos. Logo, na hipótese, 
não possui interesse de agir para buscar tal prestação jurisdicional.28 
 
 
 
Aula 04 – Decisão Judicial Passada em Julgado 
e Dação em Pagamento em Bens Imóveis 
 
Decisão Judicial Passada em Julgado 
Conforme o art. 156, X, do CTN, a decisão judicial transitada em julgado, 
sendo favorável ao contribuinte, extingue o crédito tributário. 
Nesse sentido, Caparroz disciplinou: 
“O trânsito em julgado de decisão judicial favorável ao sujeito passivo 
extingue o crédito tributário, pois esgota as possibilidades de recurso 
por parte da Fazenda Pública.29” 
 
• Sistema Inglês ou de Jurisdição Única 
• Poder Judiciário = decisão definitiva da pretensão do particular 
 
 
➢ Coisa julgada: Extingue o crédito tributário a sentença de eficácia 
desconstitutivaproferida em ação anulatória ou em embargos à execução 
transitada em julgado. 
 
 
28 COSTA. Regina Helena Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
29 CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 729 
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CPC, Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que 
torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a 
recurso. 
 
 
Nas palavras de Hugo de Brito Machado: 
De acordo com o art. 156, X, do CTN, a decisão judicial, desde que 
transitada em julgado, também pode ter o efeito de extinguir o crédito 
tributário. Assim, se o sujeito passivo tiver um lançamento efetuado 
contra si e ajuizar ação judicial para questioná-lo, a sentença que 
julgar procedentes os seus pedidos, quando transitar em julgado, terá 
o efeito de extinguir o crédito tributário correspondente. No âmbito de 
uma ação anulatória de lançamento tributário, por exemplo, embora a 
sentença possa julgar procedente os pedidos, e determinar a extinção 
do crédito tributário impugnado, essa extinção somente será 
consumada quando a decisão se tornar definitiva. Como se percebe, 
as causas de extinção do crédito estão, muitas delas, relacionadas 
com as causas de suspensão da exigibilidade, representando a 
consumação ou a definitividade de uma situação que, quando da 
suspensão, era temporária. Ao mover uma ação judicial, destinada a 
anular um lançamento tributário e com isso extinguir o crédito tributário 
correspondente, o contribuinte pode obter uma tutela provisória (CTN, 
art. 151, V), suspendendo a exigibilidade do crédito tributário 
impugnado. Ao final do processo, caso seus pedidos sejam julgados 
procedentes, e a decisão transite em julgado, haverá a extinção desse 
mesmo crédito (CTN, art. 156, X). O mesmo paralelismo se observa 
entre a reclamação e o recurso administrativo como causa de 
suspensão, e a decisão administrativa definitiva como causa de 
extinção; ou entre o depósito como forma de suspensão, e sua 
conversão em renda (ou, no caso de procedência do pedido, a 
decisão, administrativa ou judicial, correspondente).30 
 
Ainda, sobre o tema, diz Regina Helena Costa: 
Por fim, aponta o inciso X do art. 156, como modalidade extintiva da 
obrigação tributária principal, a decisão judicial passada em julgado. 
Essa referência é meramente didática, porquanto, ainda que não 
expressa, seria forçoso concluir-se constituir ela modalidade de 
extinção do vínculo obrigacional. Isto porque, à vista do princípio da 
universalidade da jurisdição, também denominado princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional, “a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário nenhuma lesão ou ameaça a direito” 
(art. 5º, XXXV, CR). Desse modo, provocado o Poder Judiciário 
mediante ação do sujeito passivo para discutir a exigência fiscal ou 
mediante a propositura, pela Fazenda Pública, de execução fiscal, o 
pronunciamento judicial definitivo, no sentido da invalidade do crédito 
 
30 MACHADO. Hugo de Brito. Manual de direito tributário. 10. ed., São Paulo: Atlas, 2018, p. 243. 
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tributário, culminará em coisa julgada material, extinguindo, em 
consequência, a obrigação tributária.31 
 
Dação em Pagamento em Bens Imóveis 
A dação em pagamento, nos termos do art. 156, XI, do CTN, é o oferecimento 
de bem imóvel para extinção da dívida tributária. Vejamos: 
Art. 156 CTN. Extinguem o crédito tributário: 
(...) 
XI — a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições 
estabelecidas em lei. 
 
Como se sabe, o CTN foi alterado em 2001, passando a incluir a dação em 
pagamento de bens imóveis, desde que devidamente autorizada por lei, no rol de 
circunstâncias que extinguem o crédito tributário. 
Na lição de Caparroz, 
embora o Código, por força do art. 3º, preveja a hipótese de 
pagamento mediante instrumentos conversíveis em moeda, a hipótese 
veiculada pela nova redação é um pouco distinta, pois permite a 
quitação de créditos tributários mediante dação em pagamento, ou 
seja, pela entrega de bens imóveis ao poder público, como autoriza o 
art. 156, XI.32 
 
Continua o doutrinador lecionando que 
 
“trata-se de um caso excepcional, ainda pouco utilizado, pelo 
qual a União, os Estados, os Municípios ou o Distrito Federal”, no 
entanto “desde que autorizados pelos respectivos poderes 
legislativos, aceitar imóveis como forma de extinção de suas 
dívidas tributárias.” esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. 
ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 729) 
 
Consoante apontado por Hugo de Brito Machado: 
 
31 COSTA. Regina Helena Curso de direito tributário. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018,215. 
32 CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 729. 
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Como regra geral, o tributo não pode ser extinto através de dação 
em pagamento. Trata-se de prestação pecuniária. Apesar disso, 
com o advento da LC nº 104/2001, o art. 156, XI, do CTN, passou a 
enumerar, como uma das causas extintivas do crédito tributário, a 
dação em pagamento em bens imóveis, que poderá ocorrer na forma 
e condições estabelecidas em lei.Pelo que se percebe, tanto a regra é 
o pagamento do tributo em dinheiro, que a dação em pagamento 
depende ainda da edição de lei, por cada ente tributante (União, 
Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), estipulando a 
forma e as condições nas quais poderá ocorrer. À míngua dessa lei 
específica, não há amparo legal para a dação em pagamento. E, ainda 
assim, somente pode dizer respeito a bens imóveis. O Município de 
São Paulo editou, para disciplinar a dação em pagamento de bens 
imóveis como forma de extinção do crédito tributário, a Lei nº 13.259, 
de 28 de dezembro de 2001, que foi regulamentada pelo Decreto nº 
42.095, de 12 de junho de 2002. No Plano Federal, a disciplina da 
dação em pagamento foi elaborada posteriormente, encontrando-se 
prevista na Lei 13.259, de 16 de março de 2016.33 
 
• Conforme o art. 356 do CC: Acordo realizado entre credor e 
devedor, sendo que o credor consente da entrega de coisa diversa da avençada. 
CC, Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa 
da que lhe é devida. 
 
• Bens Imóveis x Bens Móveis, para fins de extinção: 
 
- STF = apenas BENS IMÓVEIS 
- Art. 146, III, CF + Art. 141 CTN + Art. 97, VI, CTN 
 
Art. 146 CTN. Cabe à lei complementar: (...) 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, 
especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos 
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos 
geradores, bases de cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas 
sociedades cooperativas. 
 
33 MACHADO, Hugo de Brito. Manual de direito tributário. 10. ed., São Paulo: Atlas, 2018, p. 244. 
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d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as 
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive 
regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 
155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da 
contribuição a que se refere o art. 239. 
 
Art. 141 CTN. O crédito tributário regularmente constituído somente se 
modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, 
nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser 
dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, 
a sua efetivação ou as respectivas garantias. 
 
Art. 97 CTN. Somente a lei pode estabelecer: (...) 
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos 
tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. 
§1º Equipara-seà majoração do tributo a modificação da sua base de 
cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. 
§2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no 
inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva 
base de cálculo. 
 
 
Vale dizer, ainda, que, na lição de Alexandre Mazza34, o doutrinador 
ressalta que a DAÇÃO é admitida no Direito Tributário “desde que atendidas as 
seguintes condições”: 
a) EXISTÊNCIA DE LEI ESPECÍFICA AUTORIZANDO: “é necessária a 
aprovação de uma lei ordinária, no âmbito da pessoa federativa tributante, admitindo 
a dação de bens móveis como forma extintiva do crédito tributário”; 
 
b) O BEM OFERTADO DEVE SER IMÓVEL: “para não violar o dever 
constitucional de realizar licitações”; 
 
c) O PODER PÚBLICO MANIFESTAR INTERESSE NO BEM: “quer dizer 
que a aceitação do bem oferecido pelo contribuinte em dação é ato administrativo 
discricionário (e não vinculado), na medida em que a autoridade administrativa deve 
analisar a conveniência e oportunidade na incorporação daquele bem ao domínio 
 
34 MAZZA. Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019, p. 1000. 
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público. Desse modo, o devedor não tem direito adquirido à aceitação do bem 
oferecido, mas simples expectativa de direito.” 
Porém, com o advento da Lei nº 13.259/2016, a dação em pagamento de 
tributos federais passou a ter dois requisitos adicionais (art. 4º): 
d) “deve ser PRECEDIDA DE AVALIAÇÃO do bem ou dos bens ofertados, 
que devem estar LIVRES E DESEMBARAÇADOS de quaisquer ônus, nos termos de 
ato do Ministério da Fazenda”; 
e (requisitos cumulativos) 
e) “deve ABRANGER A TOTALIDADE DO CRÉDITO OU CRÉDITOS 
QUE SE PRETENDE LIQUIDAR COM ATUALIZAÇÃO, JUROS, MULTA E 
ENCARGOS LEGAIS, SEM DESCONTO DE QUALQUER NATUREZA, 
assegurando-se ao devedor a possibilidade de complementação em dinheiro de 
eventual diferença entre os valores da totalidade da dívida e o valor do bem ou dos 
bens ofertados em dação.” 
Desse modo, ao menos em âmbito federal, a dação em pagamento de bens 
imóveis agora exige 5 (cinco) requisitos: 
1. Lei específica autorizando (já existe); 
2. Aceitação discricionária do credor; 
3. Natureza imóvel do bem; 
4. Avaliação prévia; 
5. Abranger a totalidade do crédito com atualização, juros, multa e 
encargos legais. 
 
• Lei nº 13.259/16: Regulamenta a dação em pagamento de bens 
imóveis 
Em meio a grandes discussões sobre a possibilidade de dação em pagamento 
com imóveis, foi publicada, em março de 2016, a Lei nº 13.259, que passou a dispor 
sobre a dação em pagamento na esfera da União. Ainda, o artigo que tratava do tema 
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foi alterado posteriormente pela Lei nº 13.313/16, passando a cuidar da matéria da 
seguinte maneira: 
Art. 4º da Lei nº 13.259/16 - A extinção do crédito tributário pela dação 
em pagamento em imóveis, na forma do inciso XI do art. 156 da Lei no 
5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, 
atenderá às seguintes condições: 
I - será precedida de avaliação judicial do bem ou bens ofertados, 
segundo critérios de mercado; 
II - deverá abranger a totalidade do débito ou débitos que se pretende 
liquidar com atualização, juros, multa e encargos, sem desconto de 
qualquer natureza, assegurando-se ao devedor a possibilidade de 
complementação em dinheiro de eventual diferença entre os valores 
da dívida e o valor do bem ou bens ofertados em dação. 
 
Conforme Caparroz, 
na esfera federal o legislador preferiu ser conservador e aceitar a 
possibilidade de dação em pagamento somente para bens 
imóveis, que serão entregues sem qualquer ônus para a União, 
depois de passarem pela devida avaliação35. 
 
Ainda, continua o autor: 
O valor a ser quitado mediante dação pode ser igual ou inferior à dívida 
inscrita, e a eventual diferença poderá ser paga em dinheiro. Para 
optar pela dação em pagamento, o devedor deverá desistir de 
qualquer ação judicial em andamento, relativa ao crédito que pretende 
extinguir e, ainda, pagar as custas judiciais e honorários advocatícios 
relativos ao processo.36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 CAPARROZ. Rodrigo. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 731. 
36 CAPARROZ. Rodrigo. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019, p. 731. 
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 Bibliografia 
 
COSTA, Regina Helena. Direito Tributário Brasileiro. 1 ed., São Paulo: Saraiva, 
2009. 
 
CAPARROZ, Roberto. Direito tributário esquematizado. Coordenador Pedro 
Lenza. 3. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
 
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 36. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2015. 
 
MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2019 
 
NOVAIS, Rafael. Direito tributário facilitado. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; 
São Paulo: Método, 2018. 
 
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário, 13 ed., São Paulo: Saraiva 
Educação, 2021. 
 
TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do Direito 
Tributário. Rio de Janeiro: Forense, 1991. 
 
 
 
 
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