Prévia do material em texto
E-Book
CIRCUITOS
ELÉTRICOS II
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
2
SUMÁRIO
UNIDADE I ................................................................................................................ 3
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
1.1 FASORES .............................................................................................................. 4
1.2 ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DOS FASORES ............................................. 9
1.3 IMPEDÂNCIA E ADMITÂNCIA ............................................................................... 12
1.4 ANÁLISE DE CIRCUITOS EM SÉRIE E EM PARALELO ............................................ 15
1.5 ANÁLISE DE CIRCUITOS EM SÉRIE-PARALELO ................................................... 20
UNIDADE II ............................................................................................................. 23
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 24
2.1 MÉTODO DAS MALHAS ....................................................................................... 24
2.2 MÉTODO DOS NÓS ............................................................................................. 26
2.3 TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO ........................................................................... 28
2.4 TEOREMA DE THÉVENIN .................................................................................... 31
2.5 TEOREMA DE NORTON ....................................................................................... 34
UNIDADE III ............................................................................................................ 40
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 41
3.1 RESPOSTA DE FREQUÊNCIA ............................................................................... 41
3.2 RESSONÂNCIA .................................................................................................. 46
3.3 FILTROS PASSA-BAIXAS E PASSA-ALTAS ......................................................... 49
3.4 FILTROS PASSA-FAIXA E REJEITA-FAIXA .......................................................... 53
3.5 POTÊNCIA ELÉTRICA EM CORRENTE ALTERNADA ............................................. 56
UNIDADE IV ............................................................................................................. 61
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 62
4.1 CIRCUITOS TRIFÁSICOS EQUILIBRADOS ............................................................ 62
4.2 LIGAÇÕES ESTRELA E TRIÂNGULO DO GERADOR ............................................... 65
4.3 CONEXÕES ENTRE GERADOR E CARGA .............................................................. 69
4.4 POTÊNCIA EM SISTEMAS TRIFÁSICOS ............................................................... 76
4.5 CIRCUITOS MAGNETICAMENTE ACOPLADOS ..................................................... 78
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 86
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
3
UNIDADE I
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
4
INTRODUÇÃO
Os circuitos elétricos funcionam com tensões e correntes contínuas e alternadas,
e realiza-se a análise de seus comportamentos baseando-se nestes tipos de
alimentações. A proposta deste e-book é explanar sobre o sinal alternado,
especificamente aplicando-se o sinal senoidal, em circuitos constituídos pelos
componentes resistores, indutores e capacitores.
Para iniciar essa análise, precisa-se definir dois regimes que ocorrem em um
circuito: o transitório e o permanente. Um regime transitório ocorre quando há
mudanças de comportamento em um intervalo de tempo. Como exemplo de regime
transitório tem-se o momento em que um circuito indutivo é energizado e a sua duração
finita depende das características do indutor. O regime permanente acontece logo após
a passagem de um tempo suficiente para que as respostas transitórias do circuito
desapareçam. Os circuitos a serem analisados neste e-book estão no regime senoidal
permanente.
1.1 FASORES
Os circuitos acionados por fontes de tensão ou de corrente senoidais são
chamados circuitos CA. Um dos modelos matemáticos utilizados para representar um
sinal alternado é a expressão trigonométrica, conforme representada a seguir:
𝑣(𝒕) = 𝑽𝑷𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕 + 𝜽𝟎) (1.1)
Onde v(t) é o valor da tensão no instante t, em volts, VP a tensão de pico, em volts, ω
a frequência angular, em radianos por segundo, e θ0 a fase inicial, em graus ou radianos.
Uma das técnicas aplicadas para analisar circuitos em corrente alternada é usar um
vetor radial girante e esse vetor radial que tem um módulo (comprimento) constante e
uma extremidade fixa na origem, e este é denominado fasor (ROBBINS, 2010). Esta
representação gráfica recebe o nome de diagrama fasorial, como mostra a figura 1.1,
onde v(t) é o valor da tensão no instante t, em volts, VP é a tensão de pico, em volts, ω é a
frequência angular, em radianos por segundo e θ0 é a fase inicial, em graus ou radianos.
No diagrama fasorial também pode-se representar a defasagem entre sinais.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
5
Figura 1.1 Diagrama fasorial de um sinal senoidal
O fasor também é representado por uma expressão matemática, que mostra a
amplitude e a fase de uma senoide, o número complexo. Pode-se definir senoide como
um sinal que possui a forma da função seno ou cosseno. A importância da aplicação de
fasores é porque torna simples a análise de circuitos excitados por fontes senoidais.
Portanto, é necessário desenvolver os conceitos básicos aplicados aos números
complexos. O número complexo z é representado de três maneiras:
• Forma retangular:
𝒛 = 𝒙 + 𝒋𝒚 (1.2)
Onde x é a parte real de z e y é a parte imaginária de z.
• Forma polar:
𝒛 = 𝒁∠∅ (1.3)
Onde Z é a magnitude (módulo) de z e φ é a fase de z.
• Forma exponencial:
𝒛 = 𝒁𝒆𝒋∅ (1.4)
Onde Z é a magnitude (módulo) de z e φ é a fase de z.
As formas retangular e polar possuem relação, que é mostrada na figura 1.2, onde
o eixo x representa a parte real (Re) e o eixo y representa a parte imaginária (Im). Também
é possível realizar a transformação da forma retangular para polar e vice-versa, adotando
os seguintes modelos matemáticos.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
6
Figura 1.2 Representação gráfica de um
número complexo nas formas retangular e polar
Transformação da forma retangular para polar, aplica-se:
𝒁 = √𝒙𝟐 + 𝒚𝟐, ∅ = 𝒕𝒈−𝟏 𝒚
𝒙
(1.5)
Transformação da forma polar para retangular, aplica-se:
𝒙 = 𝒁𝒄𝒐𝒔 ∅, 𝒚 = 𝒁𝒔𝒆𝒏 ∅ (1.6)
Portanto, z pode ser escrito como indicado a seguir:
𝒛 = 𝒙 + 𝒋𝒚 = 𝒁∠∅ = 𝒁(𝒄𝒐𝒔 ∅ + 𝒋𝒔𝒆𝒏 ∅) (1.7)
Demonstra que cos φ é a parte real e sen φ é a parte imaginária.
Além da representação do sinal senoidal ser mais simples, o desenvolvimento das
operações básicas de adição, subtração, multiplicação e divisão são realizadas com
facilidade. Para que as operações básicas sejam fáceis de serem aplicadas adota-se as
seguintes orientações:
• Para realizar a soma ou a subtração entre números complexos, utiliza-se a forma
retangular;
• Para realizar a multiplicação ou a divisão entre números complexos,(3.52)
𝑃 = 𝑉𝑟𝑚𝑠. 𝐼𝑟𝑚𝑠. 𝑐𝑜𝑠𝜙 𝑜𝑢 𝑃 = 𝑉𝑅𝑟𝑚𝑠. 𝐼𝑟𝑚𝑠 [𝑤𝑎𝑡𝑡𝑠, 𝑊] (3.53)
𝑄 = 𝑉𝑟𝑚𝑠 . 𝐼𝑟𝑚𝑠 . 𝑠𝑒𝑛𝜙 𝑜𝑢 𝑄 = 𝑉𝐿𝑟𝑚𝑠. 𝐼𝑟𝑚𝑠 [𝑣𝑜𝑙𝑡 − 𝑎𝑚𝑝è𝑟𝑒𝑠 𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎, 𝑉𝐴𝑅] (3.54)
3.3.4 FATOR DE POTÊNCIA
A potência ativa fornecida à carga é:
𝑃 = 𝑉𝑟𝑚𝑠. 𝐼𝑟𝑚𝑠. 𝑐𝑜𝑠𝜙
Entretanto:
𝑆 = 𝑉𝑟𝑚𝑠. 𝐼𝑟𝑚𝑠
Portanto:
𝑃 = 𝑆. 𝑐𝑜𝑠𝜙 (3.55)
Seguindo a análise, agora aplica-se a seguinte sequência:
𝑐𝑜𝑠𝜙 =
𝑃
𝑆
(3.56)
A relação da equação 3.56 é denominada de fator de potência:
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜙 =
𝑃
𝑆
[𝑎𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙] (3.57)
Portanto, o fator de potência de um circuito:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
59
• é a razão entre a potência ativa e a potência aparente;
• é o cosseno da diferença de fase entre tensão e corrente;
• é o cosseno do ângulo da impedância da carga;
• fornece uma medida do aproveitamento da energia fornecida pelo gerador à
carga.
O valor do FP varia entre zero e a unidade. Para uma carga puramente resistiva, a
tensão e a corrente estão em fase de FP = 1. Isso faz com que a potência aparente seja
igual à potência ativa. Para uma carga puramente reativa, ocorre a defasagem de ± 90° e
FP = 0. Nesse caso, a potência ativa é zero. Entre esses dois limites, o FP está adiantado
ou atrasado. Um fator de potência adiantado significa que a corrente está adiantada em
relação à tensão, implicando uma carga capacitiva. Um fator de potência atrasado
significa que a corrente está atrasada em relação à tensão, implicando uma carga
indutiva. O fator de potência afeta as contas pagas pelos consumidores de energia
elétrica às concessionárias (JOHNSON, 2015).
Cargas com fatores de potência baixos custam caro para manter, porque exigem
correntes elevadas. A situação ideal seria consumir uma corrente mínima de uma fonte
de modo que S = P, Q = 0 e FP = 1. Uma carga com Q diferente de zero significa que a
energia flui nos dois sentidos entre a carga e a fonte, gerando novas perdas de potência.
Em razão disso, as concessionárias de energia elétrica normalmente encorajam seus
clientes a terem fatores de potência o mais próximo possível da unidade e penalizam
alguns clientes que não aumentam seus fatores de potência de carga. As
concessionárias de energia elétrica dividem seus clientes em categorias como
residenciais, comerciais e industriais, ou baixa, média e alta potências, porque possuem
estruturas de tarifação diferentes para cada categoria. A quantidade de energia
consumida em unidades de quilowatt-hora (kWh) é medida usando um medidor de
quilowatt-hora instalado nas dependências do cliente. Embora as concessionárias de
energia elétrica usem métodos diversos para cobrarem a energia elétrica consumida, a
tarifa ou o preço para um consumidor geralmente é composto por duas partes. A
primeira é fixa e corresponde ao custo de geração, transmissão e distribuição de
eletricidade para atender às necessidades de carga dos consumidores. Essa parte da
tarifa geralmente é expressa como certo preço por kW de demanda máxima, ou ela pode
se basear em kVA de demanda máxima, para levar em conta o fator de potência (FP) do
consumidor. Uma multa do FP pode ser imposta sobre o consumidor, segundo a qual
determinada porcentagem da demanda máxima em kW ou kVA é alterada a cada 0,01 de
queda no FP abaixo de um valor predeterminado, 0,92. Por outro lado, poderia ser dado
um crédito de FP para cada 0,01 que o FP exceder o valor predeterminado. A segunda
parte é proporcional à energia consumida em kWh; pois pode estar na forma gradual, por
exemplo, os primeiros 100 kWh a um custo de 16 centavos/kWh, os próximos 200 kWh a
um custo de 10 centavos/kWh e assim por diante.
A maioria das instalações elétricas têm a corrente total da linha atrasada, já que a
maioria das cargas são indutivas e resistivas. As cargas de utilidades domésticas, como
máquinas de lavar roupa, aparelhos de ar-condicionado e refrigeradores, e industriais,
como motores de indução, são indutivas e operam com um fator de potência baixo.
Embora sua natureza não possa ser alterada, podemos aumentar seu fator de potência.
A energia cobrada da concessionária é referente à potência ativa e não à potência
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
60
aparente. Devido a isso, a concessionária é obrigada a gerar mais energia do que o
necessário, o que não é vantagem técnica e econômica. Por isso, ela aplica multas aos
consumidores industriais cujas instalações operam com fator de potência FPCIRCUITOS ELÉTRICOS II
64
Figura 4.2. Gerador trifásico
Considere v1(t), v2(t) e v3(t) as tensões induzidas, respectivamente, nos
enrolamentos AA’, BB’ e CC’. A figura 4.3, mostra a forma de onda das 3 tensões,
defasadas entre si de 120°. Um sistema trifásico típico é formado por três fontes de
tensão conectadas a cargas por três ou quatro fios (ou linhas de transmissão).
Uma vez que cada bobina pode ser considerada ela própria um gerador monofásico,
o gerador trifásico é capaz de fornecer energia tanto para cargas monofásicas quanto
trifásicas.
Figura 4.3. Forma de onda das tensões de um gerador trifásico
Analisando a figura 4.3, percebe-se que, quando uma das tensões induzidas for
zero, o valor da amplitude das outras duas são iguais, mas uma é positiva e a outra é
negativa. Além disso, quando duas das tensões induzidas têm o mesmo módulo e o
mesmo sinal, a terceira tensão tem a polaridade oposta e o valor de sua tensão é de pico.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
65
Portanto, essas observações resultam que, em qualquer instante de tempo, a soma
fasorial das três tensões de um gerador trifásico é nula (BOYLESTAD, 2012).
Os modelos matemáticos que representam estas tensões são, no domínio do
tempo:
𝑣1(𝑡) = 𝑉𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡 [𝑉] (4.1)
𝑣2(𝑡) = 𝑉𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 (𝜔𝑡 − 120°) [𝑉] (4.2)
𝑣3(𝑡) = 𝑉𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 (𝜔𝑡 + 120°) = 𝑉𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 (𝜔𝑡 − 240°) [𝑉] (4.3)
Os terminais do gerador são conectados entre si através da ligação em triângulo
(ou delta - ∆), ou então em estrela (ou ípsilon - Y).
A ordem pela qual as tensões das fases geradas passam pelo seu valor de pico
define a chamada sequência de fase do sistema. Pela análise da figura 4.3 (v1(t) = A; v2(t)
= B e v1(t) = C), temos que as sequências ABC, BCA e CAB são as sequências positivas. O
caminho inverso é denominado sequência negativa — neste caso, tem-se ACB, CBA e
BAC. As fases geradas pelo gerador podem também ser identificadas por R, S e T.
No Brasil, a frequência utilizada para a geração e distribuição de energia é 60 Hz, o
que corresponde a uma frequência angular de aproximadamente 377 rad/s, e essa
grandeza é determinada pelo número de polos do rotor e pela velocidade angular do eixo.
A rede elétrica de uso residencial é geralmente formada por duas fases e um neutro. A
tensão eficaz entre fase e neutro é de 127 V, sendo utilizada para alimentar circuitos
monofásicos, por exemplo, alimentar lâmpadas e tomadas de uso geral. O circuito
bifásico utiliza duas fases, tendo uma tensão de 220 V e são usados, por exemplo, para
alimentar chuveiros e condicionadores de ar. A rede elétrica de uso industrial é
normalmente formada por três fases e um neutro, pois muitas máquinas possuem
motores trifásicos.
4.2 LIGAÇÕES ESTRELA E TRIÂNGULO DO GERADOR
4.2.1 LIGAÇÃO ESTRELA
Na ligação estrela, os pontos A’, B’ e C’ são interligados entre si, formando um
ponto comum chamado de neutro (N), sendo este ponto ligado ao neutro da carga, sendo
denominado de gerador trifásico conectado em Y, como visto na figura 4.4. Quando não
existe nenhum condutor conectando o neutro à carga, o sistema é chamado de gerador
trifásico conectado em Y de três fios e quando existe um fio conectando o neutro à carga,
o sistema é chamado de gerador trifásico conectado em Y de quatro fios. Os três
condutores usados para conectar os terminais A, B e C à carga do circuito são chamados
de linhas.
As tensões entre os terminais do gerador A, B e C e o neutro N são chamadas de
tensões de fase, ou seja, VAN, VBN e VCN, ou de forma geral, VF. As tensões medidas entre
dois terminais do gerador, os pontos AB, BC e CA são chamadas de tensões de linha (VAB,
VBC e VCA) ou, genericamente, VL. A ligação estrela caracteriza-se por ter tensões de linha
diferentes das tensões de fase.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
66
Figura 4.4. Gerador ligado em estrela a uma carga
Analisando a figura 4.4, as tensões de linha podem ser equacionadas do seguinte
modo:
𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐴𝑁 − 𝑉𝐵𝑁 𝑉𝐵𝐶 = 𝑉𝐵𝑁 − 𝑉𝐶𝑁 𝑉𝐶𝐴 = 𝑉𝐶𝑁 − 𝑉𝐴𝑁 (4.4)
Estas três expressões informam que, em cada instante, as tensões de linha são
iguais às diferenças entre os valores instantâneos das respectivas tensões de fase.
Os modelos matemáticos para as tensões de fase são as mesmas das equações 4.1
a 4.3, portanto:
𝑉𝐴𝑁(𝑡) = 𝑉𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 𝜔𝑡 𝑜𝑢 𝑉𝐴𝑁 = 𝑉𝐹
,
𝑉𝐵𝑁(𝑡) = 𝑉𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 (𝜔𝑡 − 120°) 𝑜𝑢 𝑉𝐵𝑁 = 𝑉𝐹. (−
1
2
− 𝐽
√3
2
)
e
𝑉𝐶𝑁(𝑡) = 𝑉𝑃 𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 (𝜔𝑡 + 120°) 𝑜𝑢 𝑉𝐶𝑁 = 𝑉𝐹. (−
1
2
+ 𝐽
√3
2
)
Portanto, aplicando as equações 4.4 obtém-se:
𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐹 − 𝑉𝐹. (−
1
2
− 𝐽
√3
2
) ⟹
𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐹. (
3
2
+ 𝐽
√3
2
) ⟹
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
67
𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐹 . √3∠30° (4.5)
𝑉𝐵𝐶 = 𝑉𝐹 . (−
1
2
− 𝐽
√3
2
) − 𝑉𝐹 . (−
1
2
+ 𝐽
√3
2
) ⟹
𝑉𝐵𝐶 = 𝑉𝐹. (−𝐽√3) ⟹
𝑉𝐵𝐶 = 𝑉𝐹 . √3∠ − 90° (4.6)
𝑉𝐶𝐴 = 𝑉𝐹 . (−
1
2
+ 𝐽
√3
2
) − 𝑉𝐹 ⟹
𝑉𝐶𝐴 = 𝑉𝐹. (−
3
2
+ 𝐽
√3
2
) ⟹
𝑉𝐵𝐶 = 𝑉𝐹 . √3∠150° (4.7)
Com isso, conclui-se que a relação entre os módulos das tensões de linha e de
fase é dada por:
𝑉𝐿 = √3. 𝑉𝐹 (4.8)
Uma observação importante é que as tensões de linha e de fase são normalmente
dadas em valores eficazes.
A corrente que percorre cada fase é chamada de corrente de fase, ou seja, IAφ, IBφ
e ICφ (o índice φ é usado para indicar que se trata de uma fase), designada genericamente
por IF. A corrente que passa na linha que liga o gerador à carga é chamada de corrente de
linha, designada genericamente por IL, conforme visto na figura 4.4. Para o sistema
trifásico ligado em Y, a corrente de linha é igual a corrente de fase:
𝐼𝐿 = 𝐼𝐹 (4.9)
A corrente no fio neutro IN é a soma vetorial das correntes de fase, isto é:
𝐼𝑁 = 𝐼𝐴𝜙 + 𝐼𝐵𝜙+𝐼𝐶𝜙 (4.10)
Como a carga é equilibrada, a corrente no fio neutro é nula, isto é, IN = 0. Portanto,
não é necessário instalar o fio neutro.
4.2.2 LIGAÇÃO TRIÂNGULO
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
68
Na ligação triângulo, as extremidades das bobinas do gerador são interligadas
para formar um triângulo, conforme é visto na figura 4.5.
O sistema é chamado gerador CA conectado em ∆ trifásico com três fios. As
tensões de linha (VAB, VBC e VCA) e de fase (VAN, VBN e VCN) são equivalentes e têm o mesmo
valor que as tensões induzidas nos enrolamentos do gerador:
𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐴𝑁 𝑉𝐵𝐶 = 𝑉𝐵𝑁 𝑉𝐶𝐴 = 𝑉𝐶𝑁 (4.11)
ou
𝑉𝐿 = 𝑉𝐹 (4.12)
Figura 4.5. Gerador ligado em triângulo a uma carga
As correntes de fase nos enrolamentos IF (IBA, IBC e IAC) são diferentes das correntes
de linha IL (IA, IB e IC), que são calculadas por:
𝐼𝐴 = 𝐼𝐵𝐴 − 𝐼𝐴𝐶 𝐼𝐵 = 𝐼𝐶𝐵 − 𝐼𝐵𝐴 𝐼𝐶 = 𝐼𝐴𝐶 − 𝐼𝐶𝐵 (4.13)
A relação entre os módulos das correntes de linha IL e de fase IF é determinada
aplicando o mesmo método feito com as tensões de linha e de fase na ligação Y, obtendo-
se:
𝐼𝐴 = 𝐼𝐵𝐴. √3∠ − 30° (4.14)
𝐼𝐵 = 𝐼𝐶𝐵 . √3∠ − 150° (4.15)
𝐼𝐶 = 𝐼𝐴𝐶 . √3∠90° (4.16)
E, consequentemente:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
69
𝐼𝐿 = √3. 𝐼𝐹 (4.17)
4.3 CONEXÕES ENTREGERADOR E CARGA
Na seção anterior, foram demonstradas as ligações em estrela e em triângulo do
gerador. Agora serão desenvolvidas soluções, acrescentando-se a carga, analisando
também as suas ligações. As cargas alimentadas por fontes trifásicas podem ser de dois
tipos: estrela e triângulo.
4.3.1 GERADOR E CARGA CONECTADOS EM Y
Quando um sistema tem um gerador em estrela conectado a uma carga em
estrela, o sistema é representado, simbolicamente, por Y-Y, como visto na figura 4.6. A
conexão do neutro pode ser removida sem que afete o funcionamento do circuito quando
a carga é equilibrada, ou seja, Z1 = Z2 = Z3 e, consequentemente, IN = 0. Mas, os circuitos de
iluminação e os que alimentam equipamentos elétricos de pequeno porte utilizam
apenas uma fase e, mesmo que essas cargas estejam distribuídas uniformemente pelas
três fases, é impossível manter constantemente um equilíbrio perfeito entre as fases, já
que as lâmpadas e os equipamentos são ligados e desligados de maneira independente,
perturbando a situação de equilíbrio. O fio neutro é, portanto, necessário para
transportar a corrente resultante de volta para o gerador conectado à estrela (JOHNSON,
2015).
Para a ligação em estrela as correntes de fase do gerador (Iφ), as correntes de fase
(Iφ) da carga e as correntes de linha (IL)são iguais:
𝐼∅𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝐼∅𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 𝐼𝐿 (4.18)
Figura 4.6. Gerador em estrela com uma carga em estrela
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
70
O gerador e a carga têm o neutro em comum, portanto, as tensões de fase do
gerador são iguais às tensões de fase da carga. A equação 4.8 é aplicada neste sistema.
Exemplo 4.1. Considerando um sistema Y-Y, conforme a figura 4.7, determine o
módulo das tensões de linha e determine a corrente Iaφ.
Dados:
Módulo das tensões de fase do gerador no valor de 127 V.
Impedâncias iguais a 2 + j3 Ω.
Figura 4.7. Sistema Y-Y
Resolução:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
71
• Aplicando-se a equação 4.8, obtém-se:
𝑉𝐿 = √3. 𝑉𝐹 ⟹
𝑉𝐿 = √3. 127 ⟹ 𝑉𝐿 ≅ 220 𝑉
• 𝐼𝑎∅ =
𝑉𝑎𝑛
𝑍1
⟹
𝐼𝑎∅ =
127∠0°
2 + 𝑗3
⟹
𝐼𝑎∅ =
127∠0°
3,61∠56,3°
⟹ 𝐼𝑎∅ = 35,18∠ − 56,3° 𝐴
4.3.2 GERADOR E CARGA CONECTADOS EM ∆
Quando um sistema tem um gerador em triângulo conectado a uma carga em
triângulo, o sistema é representado, simbolicamente, por ∆-∆, como visto na figura 4.8.
Os conceitos aplicados na análise de ligação triângulo são aplicáveis neste sistema,
conforme visto nas equações 4.12 e 4.17, ou seja, a tensão de linha é igual a tensão de
fase e a corrente de linha é igual a corrente de fase multiplicada por raiz quadrada de
três. Pode-se aplicar a lei de Ohm para obter as correntes de fase conectadas à carga,
conforme as equações a seguir:
𝐼𝑎𝑏 =
𝑉𝑎𝑏
𝑍1
(4.19)
𝐼𝑏𝑐 =
𝑉𝑏𝑐
𝑍2
(4.20)
𝐼𝑐𝑎 =
𝑉𝑐𝑎
𝑍3
(4.21)
Figura 4.8. Gerador em triângulo com uma carga em triângulo
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
72
4.3.3 GERADOR LIGADO EM Y À CARGA EM ∆
O sistema, mostrado na figura 4.9, é representado, simbolicamente, por Y-∆.
Nesta ligação não há conexão do neutro. As tensões de fase da carga são iguais às
tensões de linha do gerador, conforme a equação 4.12. As correntes de linha e de fase
são relacionadas conforme a equação 4.17 e o ângulo de fase, entre estas correntes, mais
próximo é 30°. As equações 4.19 a 4.21 são aplicáveis a este sistema, ou seja:
𝐼𝑎𝑏 =
𝑉𝑎𝑏
𝑍1
,
𝐼𝑏𝑐 =
𝑉𝑏𝑐
𝑍2
e
𝐼𝑐𝑎 =
𝑉𝑐𝑎
𝑍3
Figura 4.9. Gerador em estrela conectado com uma carga em triângulo
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
73
4.3.4 GERADOR LIGADO EM ∆ À CARGA EM Y
Este sistema, mostrado na figura 4.10, é representado, simbolicamente, por ∆-Y. Nesta
ligação as correntes de linha são iguais as correntes de fase, conforme a equação 4.9. Para
calcular as tensões de fase usa-se a lei de Ohm:
𝑉𝑎𝑛 = 𝐼𝑎∅𝑍1 (4.22)
𝑉𝑏𝑛 = 𝐼𝑏∅𝑍2 (4.23)
𝑉𝑐𝑛 = 𝐼𝑐∅𝑍3 (4.24)
Figura 4.10. Gerador em triângulo conectado com uma carga em estrela
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
74
A equação 4.8 é aplicável para análise deste sistema.
4.3.5 SISTEMA TRIFÁSICO COM CARGA DESEQUILIBRADA
Este tipo de sistema é formado por três impedâncias com módulos e/ou fases
diferentes. Isso resulta que as equações 4.8 e 4.17 não podem ser aplicadas. Portanto,
para obter as tensões e correntes de linha é necessário calcular a diferença fasorial entre
as tensões e correntes de fase.
Na ligação em estrela, tem-se quatro terminais acessíveis. Caso o fio neutro
esteja conectado, a corrente IN é diferente de zero, porque a soma fasorial das correntes
de linha é diferente de zero. A conexão do fio neutro garante o balanceamento do
gerador. As relações entre as tensões e as correntes de fase e de linha são diferentes
para cada impedância, devem ser calculadas individualmente.
Na ligação em triângulo, há somente três terminais acessíveis. Nesta carga, as
relações entre as tensões e as correntes de fase e de linha também são diferentes para
cada impedância, devendo ser calculadas individualmente.
Exemplo 4.2. Considerando a carga não equilibrada ligado em triângulo, conforme
figura 4.11, determine a magnitude e a fase das correntes de fase.
Dados:
𝑉𝐴𝐵 = 220∠0° 𝑉
𝑉𝐵𝐶 = 220∠ − 120° 𝑉
𝑉𝐶𝐴 = 220∠120° 𝑉
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
75
Figura 4.11. Carga não equilibrada em triângulo
Resolução:
• Aplicando-se a lei de Ohm, obtém-se Iab:
𝐼𝑎𝑏 =
𝑉𝑎𝑏
𝑍𝑎𝑏
=
𝑉𝐴𝐵
𝑍𝑎𝑏
=
220∠0°
8∠0°
⟹
𝐼𝑎𝑏 = 27,5∠0° 𝐴
• Usa-se o mesmo raciocínio anterior e calcula-se Ibc:
𝐼𝑏𝑐 =
𝑉𝑏𝑐
𝑍𝑏𝑐
=
𝑉𝐵𝐶
𝑍𝑏𝑐
=
220∠ − 120°
14 + 𝑗18
⟹
𝐼𝑏𝑐 =
220∠ − 120°
22,8∠52,12°
⟹
𝐼𝑏𝑐 = 9,65∠172,12° 𝐴
• E para finalizar, calcula-se Ica:
𝐼𝑐𝑎 =
𝑉𝑐𝑎
𝑍𝑐𝑎
=
𝑉𝐶𝐴
𝑍𝑐𝑎
=
220∠120°
10 + 𝑗10
⟹
𝐼𝑐𝑎 =
220∠120°
14,14∠45°
⟹
𝐼𝑐𝑎 = 15,6∠75° 𝐴
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
76
4.4 POTÊNCIA EM SISTEMAS TRIFÁSICOS
As potências ativa (P), reativa (Q) e aparente (S) foram analisadas na Seção 3.5 para
cargas monofásicas. Neste momento, estas potências serão desenvolvidas em sistemas
trifásicos formados por cargas com ligações em estrela e em triângulo. Uma carga
trifásica é geralmente especificada pela potência desenvolvida nas suas três
impedâncias. Importante destacar que em uma instalação elétrica trifásica pode conter
diversas cargas monofásicas, sendo necessário identificar cada tipo de carga por sua
potência e tensão de alimentação. No sistema trifásico equilibrado, as potências ativas
em cada fase são iguais, portanto, a potência ativa total é:
𝑃 = 3𝑉𝐹𝐼𝐹𝑐𝑜𝑠∅ [𝑊] (4.25)
Onde VF e IF estão em valores eficazes.
Na ligação estrela, como IF = IL e VL = VF.√3, pode-se substituir estes valores na
equação 4.25:
𝑃 = 3
𝑉𝐿
√3
𝐼𝐿𝑐𝑜𝑠∅ ⟹
𝑃 = √3𝑉𝐿𝐼𝐿𝑐𝑜𝑠∅ [𝑊] (4.26)
Para a ligação triângulo, como VF = VL e IF = IL.√3, substitui-se estes valores na
equação 4.25:
𝑃 = 3𝑉𝐿 .
𝐼𝐿
√3
𝑐𝑜𝑠∅ ⟹
𝑃 = √3𝑉𝐿𝐼𝐿𝑐𝑜𝑠∅ [𝑊] (4.27)
Conclui-se que o modelo matemático para a potência ativa para as ligações
estrela e triângulo são as mesmas, mas as potências são diferentes.
Usando a mesma dedução adotada para obter a potência ativa, calcula-se as
potências reativas e aparentes,para ambas as ligações, considerando os sistemas
equilibrados. Deduzindo a potência reativa total, tem-se:
𝑄 = 3𝑉𝐹𝐼𝐹𝑠𝑒𝑛∅ [𝑉𝐴𝑅] (4.28)
𝑄 = √3𝑉𝐿𝐼𝐿𝑠𝑒𝑛∅ [𝑉𝐴𝑅] (4.29)
A potência aparente total na carga trifásica é:
𝑆 = 3𝑉𝐹𝐼𝐹 [𝑉𝐴] (4.30)
𝑆 = √3𝑉𝐿𝐼𝐿[𝑉𝐴] (4.31)
O fator de potência para o sistema trifásico é a relação entre a potência ativa e aparente,
descrita na equação 3.57, ou seja:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
77
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜙 =
𝑃
𝑆
[𝑎𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙]
Caso o sistema trifásico for desequilibrado, as potências totais correspondem às
somas das potências dissipadas pelas cargas.
Exemplo 4.3. Considerando a carga conectada em Y, determine a potência ativa
para cada fase.
Dados:
Módulo das tensões de linha no valor de 127 V.
Impedâncias de carga iguais a 2 + j3 Ω.
Resolução:
• Aplicando-se a equação 4.8, obtém-se:
•
𝑉𝐹 =
𝑉𝐿
√3
⟹ 𝑉𝐹 =
127
√3
⟹
𝑉𝐿 = 73,32 𝑉
• Transformando a impedância na forma polar:
𝑍 = 3,6∠56,31° 𝛺
Com isso, calcula-se a corrente na carga:
𝐼𝜙 =
73,32
3,6
= 20,37 𝐴
• As potências ativas das fases são iguais, portanto:
𝑃 = 73,32.20,37𝑐𝑜𝑠56,31°
𝑃 = 828,46 𝑊
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
78
4.5 CIRCUITOS MAGNETICAMENTE ACOPLADOS
O termo “acoplados magneticamente”, ocorre quando dois circuitos com ou sem
contatos entre eles se afetam por meio do campo magnético gerado por um deles. O
dispositivo elétrico projetado para funcionar neste tipo de comportamento é o
transformador. Ele usa bobinas acopladas magneticamente para transferir energia de
um circuito para outro (HAYT, 2014).
O transformador é utilizado em sistemas de geração de energia elétrica para
elevar ou abaixar tensões ou correntes em corrente alternada, também são aplicados em
circuitos como receptores de rádio e televisão, como casamento de impedâncias e isolar
uma parte de um circuito de outra.
4.5.1 INDUTÂNCIA MÚTUA
Indutância mútua é um fenômeno que ocorre quando há duas bobinas bem
próximas uma da outra, e o fluxo magnético provocado pela corrente em uma bobina se
associa com a outra bobina induzindo uma tensão nessa última.
Considere um indutor com N espiras, quando a corrente elétrica fluir através
deste indutor, produz-se um fluxo magnético φ em torno dele, como visto na figura 4.12.
A tensão v induzida no indutor é proporcional ao número de espiras N e à velocidade de
variação do fluxo magnético φ, e isso é comprovado pela lei de Faraday. Esse fenômeno
é descrito na equação 4.32, mostrada a seguir:
𝑣 = 𝑁
𝑑∅
𝑑𝑡
[𝑉] (4.32)
Como o fluxo φ é gerado pela corrente i, então a variação de i vai ocasionar uma
variação em φ, portanto:
𝑣 = 𝑁
𝑑∅
𝑑𝑖
𝑑𝑖
𝑑𝑡
[𝑉] (4.33)
ou
𝑣 = 𝐿
𝑑𝑖
𝑑𝑡
[𝑉] (4.34)
Onde L é a indutância em henry (H).
As equações 4.33 e 4.34 podem ser relacionadas, resultando na denominada
autoindutância, também identificada por L, como segue:
𝐿 = 𝑁
𝑑∅
𝑑𝑖
[𝐻] (4.35)
Esta equação relaciona à tensão induzida em uma bobina por uma corrente
variável no tempo na mesma bobina.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
79
Figura 4.12. Circuito com um indutor de N espiras produzindo o fluxo magnético
O transformador é construído com dois enrolamentos dispostos para que o fluxo φ
variável produzido por um deles aja sobre o outro, conforme a figura 4.13, resultando em
uma tensão induzida nos dois enrolamentos. No transformador, o enrolamento no qual a
fonte de alimentação é aplicada é denominado primário (p), e o enrolamento no qual a
carga é conectada é chamado de secundário (s). Portanto, a equação 4.32 pode ser
escrita da seguinte maneira:
𝑣𝑝 = 𝑁𝑝
𝑑∅𝑝
𝑑𝑡
[𝑉] (4.36)
e
𝑣𝑠 = 𝑁𝑠
𝑑∅𝑚
𝑑𝑡
[𝑉] (4.37)
Onde φm é a parte do fluxo do primário, φp, que atravessa o secundário.
Há a relação entre φm e φp, denominado de coeficiente de acoplamento,
identificado pela letra k, ou seja:
𝑘 =
∅𝑚
∅𝑝
[𝑎𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙] (4.38)
O coeficiente de acoplamento entre dois enrolamentos nunca pode ser maior do
que 1. Quanto mais próximos os enrolamentos, maior o fluxo que os atravessa e maior o
k. Quando os enrolamentos possuem um baixo fator de acoplamento diz-se que estão
fracamente acoplados.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
80
Figura 4.13. Transformador e suas grandezas
A equação da indutância, equação 4.35, pode ser escrita, conforme a seguir:
𝐿 = 𝑁𝑝
𝑑∅𝑝
𝑑𝑖𝑠
[𝐻] ‘ (4.39)
ou
𝐿 = 𝑁𝑠
𝑑∅𝑚
𝑑𝑖𝑝
[𝐻] (4.40)
Em termos das indutâncias dos dois enrolamentos e do coeficiente de
acoplamento, a indutância mútua é dada por:
𝐿 = 𝑘√𝐿1𝐿2 [𝐻] (4.41)
A figura 4.14 mostra o símbolo elétrico do transformador, sendo a figura 4.14(a) o
transformador com núcleo de ar e a figura 4.14(b) o de núcleo de ferro.
Figura 4.14. Símbolo elétrico do transformador: (a) núcleo de ar; (b) núcleo de ferro
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
81
No transformador com núcleo de ferro se tem um aumento do coeficiente de
acoplamento entre os enrolamentos pelo aumento do fluxo φm, comparado com o
transformador de núcleo de ar (HAYT, 2014).
Existe a relação entre as tensões, correntes e espiras do transformador,
conforme a seguir:
𝑉𝑝
𝑉𝑠
=
𝑁𝑝
𝑁𝑠
= 𝑟 (4.42)
𝐼𝑠
𝐼𝑝
=
𝑁𝑝
𝑁𝑠
=
1
𝑟
(4.43)
Onde r representa a relação de transformação.
Portanto, ao analisar a relação de transformação de espiras, r = Np/Ns, pode-se
observar que quando r 1, o transformador é denominado transformador abaixador de
tensão.
4.5.2 TRANSFORMADOR IDEAL
O termo transformador ideal é usado quando o seu acoplamento é perfeito, ou seja,
k é igual a 1, formado por duas (ou mais) bobinas com grande número de espiras enroladas
em um núcleo comum de alta permeabilidade. Consequentemente, o fluxo se associa
com todas as espiras de ambas as bobinas resultando, consequentemente, em um
acoplamento perfeito. Este deve ter as seguintes propriedades:
1. As bobinas possuem reatâncias muito grandes;
2. O coeficiente de acoplamento é unitário;
3. As bobinas primária e secundária são sem perdas.
Os transformadores com núcleo de ferro podem ser usados como exemplos
próximos de transformadores ideais e são usados em sistemas de geração de energia
elétrica e em eletrônica.
A energia fornecida para o primário deve ser igual à energia absorvida pelo
secundário, explicado pela conservação de energia, pois não existem perdas em um
transformador ideal. Há também dois termos usados em transformadores:
• Transformador abaixador de tensão é aquele no qual a tensão no secundário é
menor que a tensão no primário;
• Transformador abaixador de tensão é aquele no qual a tensão no secundário é
menor que a tensão no primário.
Os valores nominais dos transformadores são normalmente especificados como
V1/V2. Exemplificando, um transformador com valor nominal 220/12 V deve ter 220 V no
primário e 12 V no secundário, isto é, um transformador abaixador de tensão.Estas
tensões nominais estão em valores eficazes.
As concessionárias de geração de energia elétrica geram uma tensão e usam um
transformador elevador de tensão para aumentar a tensão de modo que a energia possa
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
82
ser transmitida em alta tensão e baixa corrente através das linhas de transmissão,
resultando em economias significativas.
Próximo das instalações dos consumidores residenciais são usados
transformadores abaixadores de tensão para reduzir a tensão para 127 V. No
transformador real, a potência no secundário é menor que no primário, devido a várias
perdas. Neste caso, a relação entre as potências é dada por P2 = ƞP1, onde ƞ equivale ao
rendimento do transformador. No transformador ideal, ƞ = 1, e no transformador real, ƞ 90%.
4.5.3 AUTOTRANSFORMADOR IDEAL
O autotransformador possui um único enrolamento com um ponto de conexão
chamado derivação entre o primário e o secundário. A derivação é ajustável de modo a
fornecer a relação de espiras desejada para elevar ou abaixar a tensão. Duas são as
vantagens do autotransformador em relação ao transformador de dois enrolamentos:
1. Habilidade em transferir potência aparente (S) maior;
2. É menor e mais leve.
A sua desvantagem é que tanto o enrolamento primário como o secundário são um
único enrolamento, o isolamento elétrico (nenhuma conexão elétrica direta) é perdido. A
figura 4.15 mostra o transformador comum e o autotransformador.
Figura 4.15. (a) Transformador comum; (b) autotransformador
4.5.4 APLICAÇÕES DO TRANSFORMADOR
Como já citado anteriormente, o transformador é utilizado para elevar ou baixar
tensões ou correntes no sinal alternado, são aplicados em circuitos para isolar uma parte
de um circuito de outra e, também, como casamento de impedâncias.
Há isolamento elétrico entre dois dispositivos quando não há nenhuma conexão
física entre eles. Em um transformador, a energia é transferida por acoplamento
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
83
magnético, sem conexão elétrica entre o circuito primário e o circuito secundário. Para
exemplificar, considere o circuito retificador, que é um circuito eletrônico que converte
uma fonte CA em uma fonte CC. O transformador é usado para acoplar a fonte CA ao
retificador. O uso do transformador tem dois propósitos: um é elevar ou abaixar a tensão
e a outra é fornecer isolamento elétrico entre a fonte de alimentação CA e o retificador,
reduzindo, o risco de choque elétrico durante a manipulação desse dispositivo.
Para se obter a máxima transferência de potência, a resistência de carga, RL, deve
ser igual à resistência da fonte, Rs. Geralmente, as duas resistências não são iguais;
ambas são fixas e não podem ser alteradas. Mas, um transformador de núcleo de ferro
pode ser usado para fazer com que a resistência da carga seja igual à resistência da
fonte. Isso é denominado casamento de impedâncias. Por exemplo, para ligar um alto-
falante a um amplificador de potência de áudio, é preciso um transformador, pois a sua
resistência é de poucos ohms, enquanto a resistência interna do amplificador é de
alguns milhares de ohms.
4.5.5 TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS
A utilização de transformadores compatíveis com operações trifásicas deve ser
de duas maneiras: ou ligando transformadores trifásicos formando o chamado banco de
transformadores, ou usando um transformador trifásico especial (ALEXANDER; SADIKU,
2013). Comparando com a mesma potência nominal em kVA, um transformador trifásico
sempre é menor e mais barato que três transformadores monofásicos. Há quatro
maneiras-padrão de ligar três transformadores monofásicos ou um transformador
trifásico para operações trifásicas:
• estrela-estrela;
• triângulo-triângulo;
• estrela-triângulo;
• triângulo-estrela.
Para qualquer uma das quatro ligações, a potência aparente total ST, a potência
ativa PT e a potência reativa QT são:
𝑆𝑇 = √3𝑉𝐿𝐼𝐿[𝑉𝐴] (4.44)
𝑃𝑇 = 𝑆𝑇𝑐𝑜𝑠𝜃 = √3𝑉𝐿𝐼𝐿𝑐𝑜𝑠𝜃[𝑊] (4.45)
𝑄𝑇 = 𝑆𝑇𝑠𝑒𝑛𝜃 = √3𝑉𝐿𝐼𝐿𝑠𝑒𝑛𝜃[𝑉𝐴𝑅] (4.46)
A conexão estrela-estrela é mostrada na figura 4.16, onde VLp e ILp representam,
respectivamente, a tensão e corrente de linha no primário e VLs e ILs representam,
respectivamente, a tensão e corrente de linha no secundário.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
84
Figura 4.16. Transformador trifásico: conexão estrela-estrela
As figuras 4.17, 4.18 e 4.19 mostram as outras três conexões do transformador
trifásico:
Figura 4.17. Transformador trifásico: conexão triângulo-triângulo
Usando as equações 4.42 e 4.43, nas conexões do transformador trifásico em
estrela-estrela e triângulo-triângulo, as tensões e correntes de linha no secundário são:
𝑉𝐿𝑠 = 𝑟𝑉𝐿𝑝 (4.47)
𝐼𝐿𝑠 =
𝐼𝐿𝑝
𝑟
(4.48)
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
85
Figura 4.18. Transformador trifásico: conexão estrela-triângulo
Figura 4.19. Transformador trifásico: conexão triângulo-estrela
Nas conexões do transformador trifásico em estrela-triângulo e triângulo-estrela,
há um fator √3 proveniente dos valores de linha-fase, além da relação de espiras (r).
Então, para a conexão estrela-triângulo:
𝑉𝐿𝑠 =
𝑟𝑉𝐿𝑝
√3
(4.49)
𝐼𝐿𝑠 =
√3𝐼𝐿𝑝
𝑟
(4.50)
Para a conexão triângulo-estrela, tem-se:
𝑉𝐿𝑠 = 𝑟√3𝑉𝐿𝑝 (4.51)
𝐼𝐿𝑠 =
𝐼𝐿𝑝
𝑟√3
(4.52)
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
86
REFERÊNCIAS
BOYLESTAD, ROBERT L. INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS. 12. ED. SÃO PAULO:
PEARSON PRENTICE HALL, 2012.
ALEXANDER, CHARLES; SADIKU, MATTHEW. FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS
ELÉTRICOS. 5 ED. SÃO PAULO: MCGRAW-HILL, 2013.
ROBBINS, ALLAN H. ANÁLISE DE CIRCUITOS: TEORIA E PRÁTICA. V.1. 4.ED. SÃO PAULO:
CENGAGE LEARNING, 2010.
JOHNSON, JOHNNY R.. FUNDAMENTOS DE ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS. 4 ED.
RIO DE JANEIRO: LTC, 2015.
HAYT JR.; WILLIAM H.; KEMMERLY, JACK E.; DURBIN, STEVEN M. ANÁLISE DE
CIRCUITOS EM ENGENHARIA. 8.ED. PORTO ALEGRE: BOOKMAN, 2014.
CRUZ, EDUARDO CESAR ALVES. ELETRICIDADE BÁSICA: CIRCUITOS EM CORRENTE
CONTÍNUA. SÃO PAULO: ÉRICA, 2014.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
87utiliza-se a
forma polar.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
7
Então, considerando os seguintes números complexos:
𝒛𝟏 = 𝒙𝟏 + 𝒋𝒚𝟏 = 𝒁𝟏∠∅𝟏
𝒛𝟐 = 𝒙𝟐 + 𝒋𝒚𝟐 = 𝒁𝟐∠∅𝟐
Mostra-se os procedimentos para as operações matemáticas básicas.
• Adição:
𝒛𝟏 + 𝒛𝟐 = (𝒙𝟏 + 𝒙𝟐) + 𝒋(𝒚𝟏 + 𝒚𝟐) (1.8)
• Subtração:
𝒛𝟏 − 𝒛𝟐 = (𝒙𝟏 − 𝒙𝟐) + 𝒋(𝒚𝟏 − 𝒚𝟐) (1.9)
• Multiplicação:
𝒛𝟏𝒛𝟐 = 𝒁𝟏𝒁𝟐∠(∅𝟏 + ∅𝟐) (1.10)
• Divisão:
𝒛𝟏
𝒛𝟐
=
𝒁𝟏
𝒁𝟐
∠(∅𝟏 − ∅𝟐) (1.11)
A fórmula de Euler é a base para representação do fasor, representada de forma
geral na equação 1.12
𝒆±𝒋∅ = 𝒄𝒐𝒔 ∅ ± 𝒋𝒔𝒆𝒏 ∅ (1.12)
Usando este raciocínio, pode-se escrever que:
𝒄𝒐𝒔 ∅ = 𝑹𝒆(𝒆𝒋∅) (1.13)
𝒔𝒆𝒏 ∅ = 𝑰𝒎(𝒆𝒋∅) (1.14)
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
8
Baseado nisto, considerando a senoide v(t) = VP cos (ωt + θ0) [V], usa-se a equação
1.13 para expressar v(t):
𝒗(𝒕) = 𝑽𝑷𝒄𝒐𝒔 (𝝎𝒕 + 𝜽𝟎) = 𝑹𝒆(𝑽𝑷𝒆𝒋(𝝎𝒕+𝜽𝟎)) (1.15)
Adotando 𝑉 = 𝑉𝑃𝑒𝑗𝜃0 = 𝑉𝑃∠𝜃0 tem-se:
𝒗(𝒕) = 𝑹𝒆(𝑽𝒆𝒋𝝎𝒕) (1.16)
Onde V é a representação fasorial da senoide v(t).
Conclui-se que:
𝒗(𝒕) = 𝑽𝑷 𝒄𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒔 (𝝎𝒕 + 𝜽𝟎) [𝑽] ⟺ 𝑽 = 𝑽𝑷∠𝜽𝟎 [𝑽] (1.17)
Onde v(t) é a representação no domínio do tempo e V é a representação no domínio
dos fasores, também conhecido como domínio da frequência. Tanto a equação 1.13 como
a equação 1.14 podem ser usadas para descrever o fasor, mas convencionalmente se
utiliza a equação 1.13 (ALEXANDER; SADIKU, 2013).
Utilizando a equação 1.17 adota-se que para obter a representação fasorial de uma
senoide, a expressamos na forma de cosseno e extraímos a magnitude e a fase. Caso o
sinal a ser analisado esteja na forma de seno utiliza-se a seguinte transformação
senoide-fasor, conforme mostra a tabela 1.1,
Tabela 1.1 Transformação senoide-fasor.
REPRESENTAÇÃO NO
DOMÍNIO DO TEMPO
REPRESENTAÇÃO NO
DOMÍNIO DOS FASORES
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑃𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + 𝜃0) 𝑉 = 𝑉𝑃∠(𝜃0 − 90°)
Comparando v(t) e V tem-se as seguintes observações:
• v(t) é a representação instantânea ou no domínio do tempo, enquanto V é a
representação em termos de frequência ou no domínio dos fasores.
• v(t) é dependente do tempo, enquanto V não é.
• v(t) é sempre real sem nenhum termo complexo, enquanto V é complexo.
As informações mostradas também são aplicadas para a corrente elétrica.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
9
Na análise de fasores duas observações devem ser destacadas:
• Aplica-se apenas quando a frequência é constante;
• Aplica-se na manipulação de dois ou mais sinais senoidais apenas se eles
tiverem a mesma frequência.
1.2 ELEMENTOS PASSIVOS NO DOMÍNIO DOS FASORES
Na sequência dos estudos, deve-se aplicar o conceito de fasores para os
elementos passivos resistor (R), indutor (L) e capacitor (C). A ideia é transformar a relação
tensão-corrente do domínio do tempo para o domínio da frequência dos elementos
citados.
Iniciando pelo resistor R, considere passando por ele uma corrente no domínio do
tempo:
𝒊(𝒕) = 𝑰𝑷𝒄𝒐𝒔(𝝎𝒕 + 𝜽𝟎)[𝑨] (1.18)
Onde IP é a corrente de pico, em ampères, que na forma fasorial é representada por:
𝑰 = 𝑰𝑷∠𝜽𝟎 [𝑨] (1.19)
Aplicando a lei de Ohm, obtém-se a tensão sobre ele:
𝒗 = 𝒊𝑹 = 𝑹𝑰𝑷𝒄𝒐𝒔(𝝎𝒕 + 𝜽𝟎) (1.20)
Onde R é o valor da resistência, em ohms, que na forma fasorial é:
𝑽 = 𝑹𝑰𝑷∠𝜽𝟎 [𝑽] (1.21)
Portanto, ao utilizar a equação 1.19 na equação 1.21 percebe-se que a relação
tensão-corrente para o resistor no domínio dos fasores continua a ser a lei de Ohm
(CRUZ, 2014), conforme a seguir:
𝑽 = 𝑹𝑰 [𝑽] (1.22)
Conclui-se que a tensão e a corrente que atravessam o resistor estão em fase, com
seus valores de pico relacionados pela lei de Ohm.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
10
Considere agora o dispositivo indutor L e que por ele passa a corrente descrita na
equação 1.18. A tensão no indutor é:
𝒗 = 𝑳
𝒅𝒊
𝒅𝒕
[𝑽] = −𝝎𝑳𝑰𝑷𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕 + 𝜽𝟎)[𝑽] (1.23)
Onde L é a indutância, em henry.
Como, por convenção, deve-se utilizar na forma de cosseno, aplica-se a seguinte
relação trigonométrica:
−𝒔𝒆𝒏𝑨 = 𝒄𝒐𝒔(𝑨 + 𝟗𝟎°) (1.24)
Obtendo-se:
𝒗 = 𝝎𝑳𝑰𝑷𝒄𝒐𝒔(𝝎𝒕 + 𝜽𝟎 + 𝟗𝟎°)[𝑽] (1.25)
A qual é transformada no fasor:
𝑽 = 𝝎𝑳𝑰𝑷𝒆𝒋(𝜽𝟎+𝟗𝟎°) ⟹
𝑽 = 𝝎𝑳𝑰𝑷𝒆𝒋𝜽𝟎𝒆𝒋𝟗𝟎° ⟹
𝑽 = 𝝎𝑳𝑰𝑷∠(𝜽𝟎 + 𝟗𝟎°) [𝑽] (1.26)
Indicando que a magnitude é igual a 𝜔𝐿𝐼𝑃e a fase é 𝜃0 + 90°.
Utilizando a equação 1.19 e baseando-se na equação 1.12:
𝒆𝒋𝟗𝟎° = 𝒄𝒐𝒔 𝟗𝟎° + 𝒋𝒔𝒆𝒏 𝟗𝟎° = 𝒋
O fasor pode ser escrito da seguinte maneira:
𝑽 = 𝒋𝝎𝑳𝑰 [𝑽] (1.27)
A equação 1.27 mostra a relação entre os fasores de tensão e de corrente no
indutor, informando que há uma defasagem de 90° entre essas grandezas e sendo mais
específico, a corrente está atrasada em 90° em relação a tensão. Neste momento, a
análise vai ser no capacitor C, considerando sobre ele uma tensão:
𝒗(𝒕) = 𝑽𝑷𝒄𝒐𝒔(𝝎𝒕 + 𝜽𝟎)[𝑽] (1.28)
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
11
A corrente elétrica que atravessa o capacitor é descrita pela seguinte equação:
𝒊 = 𝑪
𝒅𝒗
𝒅𝒕
[𝑨] (1.29)
Onde C é a capacitância, em farad e resulta em:
𝒊 = −𝝎𝑪𝑽𝑷𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕 + 𝜽𝟎)[𝑨] (1.30)
Aplicando a equação 1.24:
𝒊 = 𝝎𝑪𝑽𝑷𝒄𝒐𝒔(𝝎𝒕 + 𝜽𝟎 + 𝟗𝟎°)[𝑨] (1.31)
A qual é transformada no fasor:
𝑰 = 𝝎𝑪𝑽𝑷𝒆𝒋(𝜽𝟎+𝟗𝟎°) ⟹
𝑰 = 𝝎𝑪𝑽𝑷𝒆𝒋𝜽𝟎𝒆𝒋𝟗𝟎° ⟹
𝑰 = 𝝎𝑪𝑽𝑷∠(𝜽𝟎 + 𝟗𝟎°) [𝑽] (1.32)
Indicando que a magnitude é igual a 𝜔𝐶𝑉𝑃e a fase é 𝜃0 + 90°.
Adotando que 𝑉 = 𝑉𝑃∠𝜃0 tem-se e baseando-se na equação 1.12:
𝒆𝒋𝟗𝟎° = 𝒄𝒐𝒔 𝟗𝟎° + 𝒋𝒔𝒆𝒏 𝟗𝟎° = 𝒋
O fasor pode ser escrito da seguinte maneira:
𝑰 = 𝒋𝝎𝑪𝑽 [𝑨] (1.33)
ou
𝑽 =
𝑰
𝒋𝝎𝑪
[𝑽] (1.34)
A equação 1.33 descreve a relação entre os fasores de tensão e de corrente no
capacitor, informando que há uma defasagem de 90° entre essas grandezas e sendo
mais específico, a corrente está adiantada em 90° em relação a tensão.
A tabela 1.2 mostra as representações dos elementos descritos acima nos domínios
do tempo e dos fasores (da frequência).
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
12
Tabela 1.2 Relações tensão-corrente
ELEMENTO
DOMÍNIO DO
TEMPO
DOMÍNIO DA
FREQUÊNCIA
RELAÇÃO DE FASE
ENTRE A CORRENTE E
A TENSÃO
R 𝑣 = 𝑅𝑖 𝑉 = 𝑅𝐼 I eV estão em fase
L
𝑣 = 𝐿
𝑑𝑖
𝑑𝑡
𝑉 = 𝑗𝜔𝐿𝐼
I está atrasada em 90°
em relação aV
C
𝑖 = 𝐶
𝑑𝑣
𝑑𝑡
𝑉 =
𝐼
𝑗𝜔𝐶
I está adiantada em 90°
em relação aV
1.3 IMPEDÂNCIA E ADMITÂNCIA
Utilizando as equaçõesdo resistor, indutor e capacitor no domínio da frequência,
conforme a tabela 1.2, e ao escrevê-las em termos da razão entre a tensão fasorial e a corrente
fasorial, tem-se
𝑽
𝑰
= 𝑹,
𝑽
𝑰
= 𝒋𝝎𝑳,
𝑽
𝑰
=
𝟏
𝒋𝝎𝑪
(1.35)
Esta razão entre a tensão V e a corrente I é denominada impedância, identificada
pela letra Z, medida em ohms (Ω).
𝒁 =
𝑽
𝑰
[𝜴] (1.36)
Uma observação a ser destacada sobre a impedância é que apesar de ser a razão
entre dois fasores, ela não é um fasor, porque não corresponde a uma quantidade que
varia como uma senoide.
As equações 1.35, baseando-se na lei de Ohm, descrevem a oposição à corrente
senoidal ocasionado pelo resistor, indutor e capacitor, respectivamente (ALEXANDER;
SADIKU, 2013). Com isso, pode-se escrever a impedância de cada elemento.
Para o resistor:
𝒁𝑹 = 𝑹 [𝜴] (1.37)
Para o indutor:
𝒁𝑳 = 𝒋𝝎𝑳 [𝜴] (1.38)
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
13
Para o capacitor:
𝒁𝑪 =
𝟏
𝒋𝝎𝑪
= −
𝒋
𝝎𝑪
[𝜴] (1.39)
A impedância é um número complexo. Portanto, pode ser representada na forma
retangular da seguinte maneira:
𝒁 = 𝑹 + 𝒋𝑿𝑳 (1.40)
𝒁 = 𝑹 − 𝒋𝑿𝑪 (1.41)
Onde R é a parte real (Re) de Z, relacionado à resistência do resistor e XL e XC
representam a parte imaginária (Im) de Z, relacionadas às reatâncias do indutor e do
capacitor, respectivamente. Reatância é a medida da oposição que um indutor e um
capacitor oferecem à variação da corrente, medida em ohms (Ω).
Sabendo-se que ω = 2πf, o módulo da reatância indutiva XL é calculado por:
𝑿𝑳 = 𝝎𝑳 𝒐𝒖 𝑿𝑳 = 𝟐𝝅𝒇𝑳 (1.42)
Onde f é a frequência, em hertz.
O módulo da reatância capacitiva XC é calculado por:
𝑿𝑪 =
𝟏
𝝎𝑪
𝒐𝒖 𝑿𝑪 =
𝟏
𝟐𝝅𝒇𝑪
(1.43)
A equação 1.40 é denominada de impedância indutiva e a equação 1.41 é
denominada de impedância capacitiva.
A impedância na forma polar é expressa por:
𝒁 = |𝒁|∠𝜽 [𝜴] (1.44)
Portanto, os elementos passivos, na forma polar, são expressos como a seguir:
𝒁𝑹 = 𝑹∠𝟎° [𝜴] (1.45)
𝒁𝑳 = 𝑿𝑳∠𝟗𝟎° [𝜴] (1.46)
𝒁𝑪 = 𝑿𝑪∠ − 𝟗𝟎° [𝜴] (1.47)
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
14
As fases mostradas nas equações 1.45 a 1.47 são adotadas, baseadas na lei de Ohm,
para que a relações entre tensão-corrente mostradas na tabela 1.2 sejam satisfeitas.
Outra grandeza muito útil para análise de circuitos em correntes senoidais é a
admitância, representada pela letra Y e é definida como o inverso da impedância, medida
em Siemens (S) ou mhos. A admitância é uma medida do quanto um circuito CA admite,
ou permite, a passagem da corrente (BOYLESTAD, 2012). A admitância de um elemento
é a razão entre a corrente fasorial e a tensão fasorial nesse elemento:
𝒀 =
𝟏
𝒁
=
𝑰
𝑽
(1.48)
Com isso, pode-se escrever a admitância de cada elemento.
Para o resistor:
𝒀 =
𝟏
𝑹
[𝑺] (1.49)
Para o indutor:
𝒀 =
𝟏
𝒋𝝎𝑳
[𝑺] (1.50)
Para o capacitor:
𝒀 = 𝒋𝝎𝑪 [𝑺] (1.51)
A admitância é um número complexo, portanto pode ser representada na forma
retangular da seguinte maneira:
𝒀 = 𝑮 + 𝒋𝑩 (1.52)
Onde G é a parte real de Y, chamada de condutância e B é a parte imaginária de Y,
denominada de susceptância. A condutância e a susceptância são expressas na unidade
Siemens.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
15
1.4 ANÁLISE DE CIRCUITOS EM SÉRIE E EM PARALELO
Neste momento, aplica-se os conceitos para análise de circuitos em série, em
paralelo e em série-paralelo, formados por resistores, indutores e capacitores. A
proposta é interpretar o seu comportamento e calcular as grandezas elétricas (ROBBINS,
2010).
1.4.1 CIRCUITOS EM SÉRIE
Os fundamentos para análise de circuitos em série em sinais senoidais são
semelhantes aos aplicáveis em circuitos em corrente contínua. Por exemplo, aplica-se a
lei de Ohm e a regra do divisor de tensão.
No circuito em série pode-se também:
• Aplicar a lei de Kirchhoff para tensões (LKT);
• Calcular a impedância equivalente;
• Obter o valor da corrente.
Exemplo 1.1. Considere o circuito a seguir e calcule a impedância equivalente ZT, a
corrente I e as tensões sobre o resistor VR e do indutor VL. Represente os resultados na
forma complexa.
Neste circuito a corrente está atrasada em relação a tensão, só que de um ângulo
menor de 90°, porque enquanto a indutância tende a defasá-la em 90°, a resistência
tende a colocá-la em fase com a tensão.
Figura 1.3 Circuito série indutivo
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
16
Resolução:
• Impedância equivalente: soma-se a impedância do resistor e do indutor:
𝑍𝑇 = 6 + 𝑗2 𝛺 (𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑅𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟)
𝑍 = √62 + 22 = 6,32, 𝜃 = 𝑡𝑔−1
4
6
= 18,43°
𝑍𝑇 = 6,32∠18,43° 𝛺 (𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑃𝑜𝑙𝑎𝑟)
• Corrente: utiliza-se a lei de Ohm:
𝐼 =
𝑉
𝑍𝑇
=
127∠0°
6,32∠18,43°
⟹
𝐼 ≅ 20∠ − 18,43° 𝐴
• Confirmando o atraso da corrente em relação a tensão.
• Tensão no resistor: utiliza-se a lei de Ohm:
𝑉𝑅 = 𝑅𝐼 = 6∠0°. 20∠ − 18,43° ⟹
𝑉𝑅 = 120∠ − 18,43° 𝑉
𝑥 = 120𝑐𝑜𝑠 − 18,43°, 𝑦 = 120𝑠𝑒𝑛 − 18,43°
𝑉𝑅 = 113,84 − 𝑗37,94 𝑉 (𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑅𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟)
Este resultado mostra que VR está em fase com a corrente I.
• Tensão no indutor: utiliza-se a lei de Ohm, mas como é um circuito em série
pode-se aplicar também a regra do divisor de tensão, portanto:
𝑉𝐿 =
𝑉. 𝑍𝐿
𝑍𝑇
=
127∠0°. 2∠90°
6,32∠18,43°
⟹
𝑉𝐿 ≅ 40,19∠71,57° 𝑉
𝑥 = 40,19𝑐𝑜𝑠71,57°, 𝑦 = 40,19𝑠𝑒𝑛71,57°
𝑉𝐿 = 12,71 + 𝑗38,13 𝑉 (𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑅𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟)
• Como acréscimo do estudo, comprova-se a LKT:
Aplicando-se um arredondamento em VR e VL.
−𝑉 + 𝑉𝑅+𝑉𝐿 = 0
−127 + (114 − 𝑗38) + (13 + 𝑗38) = 0
0 = 0
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
17
Exemplo 1.2. Considere o circuito a seguir e calcule a impedância equivalente ZT, a
corrente i(t) e as tensões sobre o resistor VR e do indutor VC. Represente a tensão da
fonte, a corrente do circuito e as tensões dos elementos no diagrama fasorial.
Neste circuito, a corrente está adiantada em relação à tensão, só que de um
ângulo menor de 90°, porque enquanto a capacitância tende a defasá-la em 90°, a
resistência tende a colocá-la em fase com a tensão.
Figura 1.4 Circuito série capacitivo
Resolução:
• Impedância equivalente: soma-se a impedância do resistor e do capacitor.
Necessita-se calcular o valor da reatância capacitiva (equação 1.43),
𝑋𝐶 =
1
4.100𝑚
⟹
𝑋𝐶 = 𝑍𝐶 = 2,5 𝛺
𝑍𝑇 = 5 − 𝑗2,5 𝛺 (𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑅𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟)
𝑍 = √52 + 2,52 = 5,6, 𝜃 = 𝑡𝑔−1
−2,5
5
= −26,56°
𝑍𝑇 = 5,6∠ − 26,56° 𝛺 (𝐹𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑃𝑜𝑙𝑎𝑟)
• Corrente: utiliza-se a lei de Ohm:
𝐼 =
𝑉
𝑍𝑇
=
12∠0°
5,6∠ − 26,56°
⟹
𝐼 = 2,14∠26,56° 𝐴
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
18
Para obter a resposta solicitada, transforma-se a corrente no domínio da
frequência para o domínio do tempo:
𝑖(𝑡) = 2,14 𝑐𝑜𝑠(4𝑡 + 26,56°) 𝐴
Confirmando o adiantamento da corrente em relação a tensão.• Tensão no resistor: utiliza-se a lei de Ohm:
𝑉𝑅 = 𝑅𝐼 = 5∠0°. 2,14∠26,56° ⟹
𝑉𝑅 = 10,7∠26,56° 𝑉
Este resultado mostra que VR está em fase com a corrente I.
• Tensão no capacitor: aplica-se a lei de Ohm:
𝑉𝐶 = 𝑍𝐶𝐼 = 2,5∠ − 90°. 2,14∠26,56° ⟹
𝑉𝐶 = 5,35∠ − 63,44° 𝑉
• Diagrama fasorial:
Figura 1.5 Diagrama fasorial das tensões e corrente do exemplo 1.2.
1.4.2 CIRCUITOS EM PARALELO
Os fundamentos para análise de circuitos em paralelo em sinais senoidais são
semelhantes aos aplicáveis em circuitos em corrente contínua. Por exemplo, aplica-se a
lei de Ohm e a regra do divisor de corrente. No circuito em paralelo, pode-se também:
V
I
VR
26,56°
ω = 4 rad/s
VC
-63,44°
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
19
• Aplicar a lei de Kirchhoff para correntes (LKC);
• Calcular a impedância equivalente;
• Obter o valor da corrente total e das correntes dos elementos em paralelo.
Exemplo 1.3. Considere o circuito a seguir e calcule a impedância equivalente ZT, a
corrente I e as correntes sobre o resistor IR e do capacitor IC. Represente os resultados
na forma complexa. Adote R = 100 Ω e XC = 150 Ω.
Figura 1.6 Circuito paralelo capacitivo
Resolução:
• Impedância equivalente: aplica-se a razão do produto pela soma dos valores
ôhmicos do resistor e do capacitor.
𝑍𝑇 =
𝑍𝑅.𝑍𝐶
𝑍𝑅+𝑍𝐶
(1.53)
𝑍𝑇 =
100∠0°. 150∠ − 90°
100 − 𝑗150
=
100∠0°. 150∠ − 90°
180,28∠ − 56,30°
⟹
𝑍𝑇 = 83,20∠ − 33,7° 𝛺
• Corrente total: utiliza-se a lei de Ohm:
𝐼 =
𝑉
𝑍𝑇
=
110∠30°
83,20∠ − 33,7°
⟹
𝐼 = 1,32∠63,7° 𝐴
• Corrente no resistor: utiliza-se a lei de Ohm:
𝐼𝑅 =
𝑉
𝑍𝑅
=
110∠30°
100∠0°
⟹
𝐼𝑅 = 1,1∠30° 𝐴
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
20
• Corrente no capacitor: utiliza-se a lei de Ohm, mas como é um circuito em série
pode-se aplicar também a regra do divisor de corrente, portanto:
𝐼𝐶 =
𝐼. 𝑍𝑇
𝑍𝐶
=
1,32∠63,7°. 83,2∠ − 33,7°
150∠ − 90°
⟹
𝐼𝐶 = 0,73∠120° 𝐴
• Como acréscimo do estudo, comprova-se a LKC:
𝐼 = 𝐼𝑅+𝐼𝐶
1,32∠63,7° = (0,95 + 𝑗0,55) + (−0,37 + 𝑗0,63)
1,32∠63,7° = 0,58 + 𝑗1,18
1,32∠63,7° = 1,32∠63,7°
1.5 ANÁLISE DE CIRCUITOS EM SÉRIE-PARALELO
A análise de circuitos a ser feita envolve os conhecimentos de associações em
série e em paralelo no mesmo circuito. O ponto de atenção é saber identificar as
associações, entender a sequência de resolução e consequentemente aplicar os
modelos matemáticos corretos. Nesse sentido, um procedimento a ser aplicado é
redesenhar o circuito utilizando impedâncias em bloco para combinar elementos que
estejam obviamente em série ou em paralelo, tornando mais fácil a interpretação de suas
associações.
Exemplo 1.4. Considere o circuito a seguir e calcule a impedância total Z, a corrente
I, as tensões VR, VL e VC, as correntes no indutor IL e no capacitor IC. Represente os
resultados na forma complexa. Adote: R = 12 Ω; XL = j10 Ω; XC = – j5 Ω.
Figura 1.7. Circuito série-paralelo
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
21
Resolução:
• Redesenhando o circuito: o resistor é identificado por Z1 e o indutor e o capacitor
estão associados em paralelo, sendo sua impedância identificada por Z2. Esta
técnica torna a identificação das associações mais simples, pois visualiza-se
que o processo final para obter Z é calcular a associação em série.
Figura 1.8. Associação de impedâncias
• Impedância total: calcula-se a impedância de Z2:
𝑍2 = 𝑍𝐿||𝑍𝐶
𝑍2 =
10∠90°. 5∠ − 90°
𝑗10 − 𝑗5
=
50∠0°
𝑗5
=
50∠0°
5∠90°
⟹
𝑍2 = 10∠ − 90° 𝛺
Então, soma-se Z1 e Z2:
𝑍 = 𝑍1 + 𝑍2 ⟹ 𝑍 = 12 − 𝑗10 𝛺 ⟹
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
22
𝑍 = 15,62∠ − 39,81° 𝛺
• Corrente total: utiliza-se a lei de Ohm:
𝐼 =
𝑉
𝑍
=
127∠0°
15,62∠ − 39,81°
⟹
𝐼 = 8,13∠39,81° 𝐴
• Tensão no resistor, indutor e capacitor: utiliza-se a lei de Ohm:
𝑉𝑅 = 𝑍1𝐼 = 12∠0°. 8,13∠39,81° ⟹
𝑉𝑅 = 97,56∠ − 18,43° 𝑉
𝑉𝐿 = 𝑉𝐶 = 𝑍2𝐼 = 10∠ − 90°. 8,13∠39,81° ⟹
𝑉𝐿 = 𝑉𝐶 = 81,3∠ − 50,19°
• Nas correntes IL e IC, utiliza-se a lei de Ohm:
𝐼𝐿 =
𝑉𝐿
𝑍𝐿
=
81,3∠ − 50,19°
10∠90°
⟹
𝐼𝐿 = 8,13∠ − 140,19° 𝐴
𝐼𝐶 =
𝑉𝐶
𝑍𝐶
=
81,3∠ − 50,19°
5∠ − 90°
⟹
𝐼𝐶 = 16,26∠39,81° 𝐴
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
23
UNIDADE II
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
24
INTRODUÇÃO
Na análise de circuitos que envolvem duas ou mais fontes, os procedimentos
aplicados em circuitos em série ou em paralelo não são suficientes para desenvolvê-los
e calcular as grandezas elétricas. Para obter os resultados, emprega-se os métodos de
análise de malhas e análise de nós. Para completar os ensinamentos de análise de
circuitos em CA, estuda-se também os teoremas da superposição, Thévenin e Norton.
Os métodos e teoremas possuem sequências a serem seguidas para calcular as
correntes e as tensões nos circuitos.
2.1 MÉTODO DAS MALHAS
Este método tem como base a lei de Kirchhoff para tensão e segue os seguintes
procedimentos:
I. Por sugestão, em cada malha, insira uma corrente no sentido horário;
II. Em cada malha, polarize cada impedância;
III. Aplique a LKT, no sentido horário:
a. Quando por uma impedância atravessar duas ou mais correntes, a corrente
equivalente é a soma da corrente da malha com as correntes da outra malha,
se estiverem no mesmo sentido, e menos as correntes que a atravessam no
sentido oposto;
b. A fonte de tensão mantém a sua polaridade na malha, independente do
sentido da corrente de malha.
I. Resolva o sistema de equações lineares resultantes, obtendo as correntes
de malha.
Exemplo 2.1. Determine I2, no circuito a seguir. Adote:
V1 = 8∠0° 𝑉𝑟𝑚𝑠;
V2 = 14∠0° 𝑉𝑟𝑚𝑠;
ZR = 8 Ω;
ZL = j6 Ω;
ZC = – j4 Ω.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
25
Figura 2.1 Circuito RLC com duas fontes
Resolução:
• Desenvolvendo a Malha I:
−𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉𝑅 = 0 ⟹
−𝑉1 + 𝐼1𝑍𝐿 + (𝐼1 + 𝐼2)𝑍𝑅 = 0 ⟹
−𝑉1 + 𝐼1𝑍𝐿 + 𝐼1𝑍𝑅 − 𝐼2𝑍𝑅 = 0 ⟹
(𝑍𝐿 + 𝑍𝑅)𝐼1 − 𝑍𝑅𝐼2 = 𝑉1, 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 01
• Desenvolvendo a Malha II:
𝑉2 + 𝑉𝑅 + 𝑉𝐶 = 0 ⟹
𝑉2 + (𝐼2 − 𝐼1)𝑍𝑅 + 𝐼2𝑍𝐶 = 0 ⟹
−𝑍𝑅𝐼1 + (𝑍𝑅 + 𝑍𝐶)𝐼2 = −𝑉2, 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 02
• Montando o Sistema de equações, tem-se:
{(𝑍𝑅 + 𝑍𝐿)𝐼1 − 𝑍𝑅𝐼2 = 𝑉1 −𝑍𝑅𝐼1 + (𝑍𝑅 + 𝑍𝐶)𝐼2 = −𝑉2
• Aplicando determinante para obter o valor de I2:
𝐼2 =
|(𝑍𝑅 + 𝑍𝐿) 𝑉1 −𝑍𝑅 − 𝑉2 |
|(𝑍𝑅 + 𝑍𝐿) −𝑍𝑅 −𝑍𝑅 (𝑍𝑅 + 𝑍𝐶) |
⟹
𝐼2 =
−𝑉2(𝑍𝑅 + 𝑍𝐿) + 𝑉1𝑍𝑅
(𝑍𝑅 + 𝑍𝐿)(𝑍𝑅 + 𝑍𝐶) − (𝑍𝑅)2
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
26
• Substituindo os valores:
𝐼2 =
−14(8 + 𝑗6) + 8.8
(8 + 𝑗6)(8 − 𝑗4) − (8)2
⟹
𝐼2 =
−48 − 𝑗84
24 + 𝑗16
⟹
𝐼2 =
96,75∠ − 119,74°
28,84∠33,7°
⟹
𝐼2 = 3,35∠ − 153,44° 𝐴
2.2 MÉTODO DOS NÓS
Este método tem como base a lei de Kirchhoff para a corrente e segue os seguintes
procedimentos:
I. Visualize os nós no circuito;
II. Determine um nó de referência e identifique os outros nós como: V1, V2 e
quantos nós existirem;
III. Aplique a LKC em cada nó, exceto no nó de referência:
a. Considere as correntes desconhecidas saindo deste nó.
I. Calcule as equações e obtenha as tensões.
Exemplo 2.2. Determine V1, no circuito a seguir. Adote a frequência igual a 60 Hz.
Figura 2.2 Aplicação da análise nodal
Resolução:
• Redesenhando o circuito: o resistor de 47 Ω em série com o indutor são
denominados de ZL, o capacitor identifica-se como ZC e o resistor de 56 Ω por ZR.
Esta técnica torna a identificação das associações mais simples.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
27
Figura 2.3. Aplicação da análise nodal
• Calculando as impedâncias:
𝑋𝐿 = 2𝜋. 60.60𝑚 = 22,62 𝛺
𝑋𝐶 =
1
2𝜋. 60.100𝜇
= 26,53 𝛺
• Identificando a LKC:
𝐼1 + 𝐼 + 𝐼2 + 𝐼3 = 0
• Analisando as características de cada corrente, obtêm-se as seguintes
equações:
𝐼1 =
𝑉1 − 𝑉𝑆𝑍𝐿
𝐼2 =
𝑉1
𝑍𝐶
𝐼3 =
𝑉1
𝑍𝑅
Portanto:
𝑉1 − 𝑉𝑆
𝑍𝐿
+ 𝐼 +
𝑉1
𝑍𝐶
+
𝑉1
𝑍𝑅
= 0
• Na sequência, desenvolve-se a equação para obter V1:
(
1
𝑍𝐿
+
1
𝑍𝐶
+
1
𝑍𝑅
) 𝑉1 =
𝑉𝑆
𝑍𝐿
− 𝐼
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
28
𝑉1 =
𝑉𝑆
𝑍𝐿
− 𝐼
(
1
𝑍𝐿
+
1
𝑍𝐶
+
1
𝑍𝑅
)
• Substituindo os valores fornecidos no esquema elétrico:
𝑉1 =
127∠ − 15°
47 + 𝑗22,62 − (4∠30°)
(
1
47 + 𝑗22,62 +
1
−𝑗26,53
+
1
56
)
Aplicando as transformações entre as formas do número complexo no numerador,
tem-se:
𝑉1 =
127∠ − 15°
52,16∠25,7°
− (4∠30°)
(
1
47 + 𝑗22,62 +
1
−𝑗26,53
+
1
56
)
𝑉1 =
(2,43∠ − 40,7°) − (4∠30°)
(
1
47 + 𝑗22,62 +
1
−𝑗26,53
+
1
56
)
𝑉1 =
1,84 − 𝑗1,58 − 3,46 − 𝑗2
(
1
47 + 𝑗22,62 +
1
−𝑗26,53
+
1
56
)
Desenvolvendo a técnica de divisão de números complexos no denominador:
𝑉1 =
−1,62 − 𝑗3,6
(0,017 − 𝑗0,008 + 𝑗
1
26,53
+
1
56
)
𝑉1 =
−1,62 − 𝑗3,6
0,035 + 𝑗0,03
𝑉1 =
3,95∠ − 114,23°
0,046∠40,6°
𝑉1 = 85,87∠ − 154,83° 𝑉
2.3 TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO
Este teorema é aplicado em circuitos que tenham duas ou mais fontes, que não
estejam associados em série e em paralelo. A corrente, ou tensão em qualquer elemento
do circuito é determinado pela soma algébrica das correntes ou tensões analisadas por
cada fonte independentemente (BOYLESTAD, 2012). A vantagem deste teorema é que se
elimina a resolução por um sistema de equações lineares, pois considera-se
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
29
separadamente o funcionamento de cada uma das fontes. Este teorema é desenvolvido
conforme os seguintes procedimentos:
I. O número de fontes indica a quantidade de circuitos a serem analisados;
II. Somente uma fonte deve estar ligada, portanto deve-se proceder
corretamente para desligar as outras fontes:
a. uma fonte de tensão é substituída por um curto-circuito (zero ohm);
b. uma fonte de corrente é substituída por um circuito aberto (infinitos ohms).
I. Cada fonte contribui para calcular uma corrente específica do circuito:
a. as correntes que possuem o mesmo sentido são somadas;
b. as correntes de sentidos contrários são subtraídas;
c. o resultado total é o sentido da soma maior e o valor absoluto da diferença.
II. Cada fonte contribui para calcular uma tensão específica do circuito:
a. as tensões com a mesma polaridade são somadas;
b. as tensões de polaridades contrárias são subtraídas;
c. o resultado total é o sentido da soma maior e o valor absoluto da diferença.
Exemplo 2.3. Determine I, no circuito a seguir. Adote a frequência igual a 60 Hz.
Figura 2.4. Aplicação do teorema da superposição
Resolução:
• Identifica-se o indutor de 22 mH como ZL, o resistor de 6,8 Ω como ZR e o
capacitor de 680 μF como ZC.
• Calculando as impedâncias, tem-se:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
30
𝑋𝐿 = 2𝜋. 60.22𝑚 = 8,3 𝛺
𝑋𝐶 =
1
2𝜋. 60.680𝜇
= 3,9 𝛺
• Analisando somente o funcionamento da fonte de tensão, deve-se desligar a
fonte de corrente, identificar a corrente a ser calculada por I’ e confirmar o seu
sentido:
Figura 2.5. Analisando o efeito da fonte de tensão
O circuito torna-se em série e calcula-se a impedância total Z:
𝑍 = 6,8 + 𝑗(8,3 − 3,9)
𝑍 = 6,8 + 𝑗4,4 𝛺
𝑍 = 8,1∠32,9° 𝛺
• Determinando o valor de I’:
𝐼′ =
40∠30°
8,1∠32,9°
⟹ 𝐼′ = 4,94∠ − 2,9° 𝐴
• Analisando somente o funcionamento da fonte de corrente, deve-se religar a
fonte de corrente e desligar a fonte de tensão, identificando a corrente a ser
calculada por I’’ e confirmar o seu sentido:
Figura 2.6. Analisando o efeito da fonte de corrente
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
31
O circuito torna-se paralelo e aplica-se a regra do divisor de correntes para obter
I’’. Considerando:
𝑍𝐿 = 𝑗8,3 𝛺
𝑍1 = 6,8 − 𝑗3,9 𝛺
Obtém-se o valor da impedância total Z:
𝑍 =
𝑍𝐿 . 𝑍1
𝑍𝐿 + 𝑍1
=
8,3∠90°. 7,84∠ − 29,84°
8,1∠32,9°
𝑍 = 8,03∠27,26° 𝛺
Com isso, tem-se:
𝐼′′ =
𝐼. 𝑍
𝑍1
=
3∠0°. 8,03∠27,26°
7,84∠ − 29,84°
⟹ 𝐼′′ = 3,07∠57,1° 𝐴
• Calculado as duas correntes, verificado que as duas estão no mesmo sentido, a
corrente I é:
𝐼 = 𝐼′ + 𝐼′′
𝐼 = (4,93 − 𝐽0,25) + (1,67 + 𝐽2,58) ⟹
𝐼 = 6,6 + 𝐽2,33 𝐴
𝐼 = 7∠19,45° 𝐴
2.4 TEOREMA DE THÉVENIN
O teorema de Thévenin afirma que um circuito CA linear de dois terminais é
substituído por um circuito equivalente formado por uma fonte de tensão Vth em série
com uma impedância Zth. Duas vantagens deste teorema a serem destacadas é que ao
ser aplicado reduz o número de elementos necessários para estabelecer as mesmas
características nos terminais de saída e é possível analisar o efeito da mudança de um
componente específico sobre o comportamento de um circuito sem precisar analisar o
circuito inteiro após cada mudança. Este teorema é desenvolvido conforme os seguintes
procedimentos:
I. Remova a parte do circuito que está fora da aplicação do teorema;
II. Destaque os dois terminais em aberto do circuito a ser analisado;
III. Deve-se desligar todas as fontes, conforme visto no teorema da superposição, para
obter o Zth:
a. Considere Zth como a impedância total do circuito a ser analisado.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
32
IV. Calcula-se Eth religando as fontes e obtendo a tensão nos terminais do circuito aberto;
V. Para finalizar, desenhe o circuito equivalente de Thévenin, conectando novamente a
parte removida descrita no item I, colocando entre os terminais do circuito equivalente de
Thévenin.
Exemplo 2.4. Determine o circuito equivalente de Thévenin para a parte delineada
antes dos pontos a e b.
Figura 2.7. Aplicação do teorema de Thévenin
Resolução:
• Remove-se o capacitor:
Figura 2.8. Circuito a ser aplicado o teorema
• Para calcular Zth, desliga-se a fonte de tensão e essa impedância é calculada entre os
terminais a e b:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
33
Figura 2.9. Circuito para calcular Zth.
O resistor e o indutor estão em paralelo, portanto:
𝑍𝑡ℎ =
𝑍𝑅 . 𝑍𝐿
𝑍𝑅 + 𝑍𝐿
=
6∠0°. 8∠90°
6 + 𝐽8
=
6∠0°. 8∠90°
10∠53,13°
𝑍𝑡ℎ = 4,8∠36,87° 𝛺
• Para calcular Vth, religa-se a fonte de tensão e baseado nos terminais a e b a
tensão a ser calculada é sobre o indutor:
Figura 2.10. Circuito para calcular Vth
Pode-se aplicar a regra do divisor de tensão:
𝑉𝑡ℎ =
127∠0°. 8∠90°
6 + 𝑗8
⟹
𝑉𝑡ℎ =
127∠0°. 8∠90°
10∠53,13°
𝑉𝑡ℎ = 101,6∠36,87° 𝑉
• Representação do circuito equivalente de Thévenin:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
34
Figura 2.11. Circuito equivalente de Thévenin
2.5 TEOREMA DE NORTON
O teorema de Norton afirma que um circuito CA linear de dois terminais é
substituído por um circuito equivalente formado por uma fonte de corrente IN em paralelo
com uma impedância ZN. Duas vantagens deste teorema a serem destacadas é que, ao
ser aplicado, reduz o número de elementos necessários para estabelecer as mesmas
características nos terminais de saída e é possível analisar o efeito da mudança de um
componente específico sobre o comportamento de um circuito sem precisar analisar o
circuito inteiro após cada mudança. Este teorema é desenvolvido conforme os seguintes
procedimentos:
I. Remova a parte do circuito que está fora da aplicação do teorema;
II. Destaque os dois terminais em aberto do circuito a ser analisado;
III. Deve-se desligar todas as fontes, conforme visto no teorema da superposição, para
obter o ZN:
a. Considere ZN como a impedância total do circuito a ser analisado.
IV. Calcula-se IN religando as fontes para obter a corrente de curto-circuito entre os
terminais destacados no item II;
V. Para finalizar, desenhe o circuito equivalente de Norton, conectando novamente a
parte removida descrita no item I, colocando entre os terminais do circuito equivalente de
Norton.
Exemplo 2.5. Determine o circuito equivalente de Nortonpara a parte delineada
antes dos pontos a e b.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
35
Figura 2.12. Aplicação do teorema de Norton
Resolução:
• Remove-se os resistores R3 e R4, e a fonte de 120 V:
Figura 2.13. Circuito a ser aplicado o teorema
• Para calcular ZN, desliga-se a fonte de tensão e essa impedância é calculada
entre os terminais a e b:
Figura 2.14. Circuito para calcular ZN
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
36
Identificando os elementos como impedâncias, têm-se:
Figura 2.15. Impedâncias do circuito
As impedâncias ZR e ZC estão entre si em paralelo e ambas estão em série com ZL:
𝑍𝑁 =
𝑍𝑅 . 𝑍𝐶
𝑍𝑅 + 𝑍𝐶
+ 𝑍𝐿 ⟹
𝑍𝑁 =
6∠0°. (4 − 𝑗10)
6 + 4 − 𝐽10
+ 8∠90° ⟹
𝑍𝑁 =
6∠0°. 10,8∠ − 68,2°
14,14∠ − 45°
+ 8∠90°
𝑍𝑁 = 3,4∠ − 23,2° + 8∠90°
𝑍𝑁 = 3,13 − 𝑗1,34 + 𝑗8
𝑍𝑁 = 3,13 + 𝑗6,7 𝛺 = 7,4∠65° 𝛺
• Para calcular IN, religa-se a fonte de tensão e aplica-se uma corrente de curto-
circuito entre os terminais a e b:
Figura 2.16. Circuito para calcular IN
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
37
Substitui-se os elementos passivos por suas impedâncias e calcula-se a corrente total
IT:
Figura 2.17. Análise para calcular IN
𝑍𝑇 =
𝑍𝐶 . 𝑍𝐿
𝑍𝐶 + 𝑍𝐿
+ 𝑍𝑅 ⟹
𝑍𝑇 =
10,8∠ − 68,2°. 8∠90°
4 − 𝑗10 + 𝑗8
+ 6∠0° =
86,4∠21,8°
4,5∠ − 26,56°
+ 6∠0°
𝑍𝑇 = 19,2∠48,36° + 6∠0° = 12,8 + 𝑗14,35 + 6
𝑍𝑇 = 18,8 + 𝑗14,35 𝛺 = 7,4∠23,7° 𝛺
𝐼𝑇 =
90∠30°
7,4∠23,7°
= 12,16∠6,3° 𝐴
Adotando a regra do divisor de corrente:
𝐼𝑁 =
12,16∠6,3°. 7,4∠23,7°
8∠90°
= 11,25∠ − 60° 𝐴
• Representação do circuito equivalente de Norton:
Figura 2.18. Circuito equivalente de Norton
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
38
2.5.1 A TRANSFORMADA DE LAPLACE
A transformada de Laplace possibilita que um sinal representado por uma função
no domínio do tempo seja analisado no domínio s, ou domínio das frequências complexas
(ALEXANDER; SADIKU, 2013). É definida por:
𝐿[𝑓(𝑡)] = 𝐹(𝑠) = ∫
∞
0
𝑓(𝑡)𝑒−𝑠𝑡𝑑𝑡 (2.1)
Em que s é uma variável complexa representada por s = σ + jω. Portanto, a
transformada de Laplace é uma transformação integral de uma função f(t) do domínio do
tempo para o domínio da frequência complexa, fornecendo F(s). A vantagem dessa
aplicação é que, na análise de circuitos, as equações diferenciais, que representam o
circuito no domínio do tempo, vão ser transformadas em equações algébricas
representando o circuito no domínio da frequência. Para agilizar o desenvolvimento
matemático, usa-se as propriedades e os pares da transformada de Laplace. As
propriedades importantes adotadas são: linearidade, deslocamento no tempo,
diferenciação no tempo, integração no tempo, diferenciação em frequência,
periodicidade no tempo e a convolução. A tabela 4.1 mostra a transformada de algumas
funções comuns.
Tabela 4.1 Pares da
transformada de Laplace
f(t) F(s)
δ(t) 1
u(t)
1
𝑠
e–at
1
𝑠 + 𝑎
T
1
𝑠2
Ao aplicar em circuitos elétricos tem-se:
𝑉(𝑠) = 𝑅𝐼(𝑠) (2.2)
Em relação à impedância, descreve-se da seguinte maneira:
𝑍(𝑠) =
𝑉(𝑠)
𝐼(𝑆)
(2.3)
Portanto, as impedâncias dos três elementos básicos de circuitos são
(considerando condições iniciais zero):
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
39
• Para o resistor, a sua transformada é o próprio R;
• Para o indutor é sL;
• Para o capacitor é 1/sC.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
40
UNIDADE III
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
41
INTRODUÇÃO
Nas unidades anteriores, nos circuitos com resistores, capacitores e indutores,
alimentados com tensão alternada, pôde-se calcular as tensões, correntes e
impedâncias, adotando-se uma frequência constante.
Nas aplicações em comunicações e sistemas de controle, ocorrem mudanças de
valores na frequência e necessita-se entender o comportamento que essa grandeza
ocasiona no circuito. Nesses estudos, surgem definições importantes para o completo
entendimento do assunto e uma aplicação específica vai ser sobre os filtros elétricos.
3.1 RESPOSTA DE FREQUÊNCIA
A variação no comportamento de um circuito tendo como causa a mudança na
frequência dos sinais denomina-se resposta de frequência (ALEXANDER; SADIKU, 2013).
A análise deste tema está associada ao uso das funções de transferência, interpretação
do gráfico de Bode e ao entendimento dos circuitos ressonantes.
3.1.1 FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA
A função de transferência, identificada por H(ω), é uma ferramenta analítica
utilizada para encontrar a resposta de frequência de um circuito. H(ω) de um circuito é a
razão, que depende da frequência, entre uma saída fasorial Y(ω) e uma entrada fasorial
X(ω). Considere Y(ω) a tensão ou corrente de um elemento e X(ω) uma fonte de tensão
ou corrente. Portanto, temos:
𝐻(𝜔) =
𝑌(𝜔)
𝑋(𝜔)
(3.1)
O diagrama em bloco é utilizado para representar um circuito linear, conforme a
figura 3.1.
Figura 3.1. Diagrama em bloco de um circuito linear
Há quatro funções de transferência possíveis, relacionadas às grandezas tensão
e corrente:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
42
𝐻(𝜔) =
𝑉𝑜(𝜔)
𝑉𝑖(𝜔)
(3.2)
𝐻(𝜔) =
𝐼𝑜(𝜔)
𝐼𝑖(𝜔)
(3.3)
𝐻(𝜔) =
𝑉𝑜(𝜔)
𝐼𝑖(𝜔)
(3.4)
𝐻(𝜔) =
𝐼𝑜(𝜔)
𝑉𝑖(𝜔)
(3.5)
Sendo os subscritos i e o representação dos valores de entrada (in) e de saída (out).
A relação entre duas grandezas iguais denomina-se ganho, que é representado por
A. O ganho por se tratar de uma relação, o ganho pode ser maior, menor ou igual a 1. Com
isso, a equação 3.2 é identificada como ganho de tensão e a equação 3.3 como ganho de
corrente.
No caso das equações 3.4 e 3.5, ocorrem as relações entre tensão e corrente e,
consequentemente, são identificadas por impedância de transferência e admitância de
transferência, respectivamente. A função de transferência, que é um número complexo,
tem magnitude H(ω) e uma fase φ, ou seja:
𝐻(𝜔) = 𝐻(𝜔)∠∅ (3.6)
Os procedimentos para demonstrar a função de transferência é primeiro analisar
o circuito no domínio da frequência, substituindo os componentes resistivos e reativos
por suas impedâncias R, jωL e 1/jωC. Depois aplicar as técnicas de análise de circuitos
necessárias para obter o valor apropriado. Pode-se obter a resposta de frequência do
circuito colocando em um gráfico a magnitude e a fase da função de transferência à
medida que a frequência varia.
Outra forma de representar H(ω) é expressá-la em termos de seu polinômio do
numerador e de seu denominador polinomial como:
𝐻(𝜔) =
𝑁(𝜔)
𝐷(𝜔)
(3.7)
Onde N(ω) é o polinômio do numerador e D(ω) o polinômio do denominador. As
raízes para N(ω) = 0 são chamados de zeros de H(ω) e as raízes de D(ω) = 0 são chamados
de polos de H(ω). Um zero torna a função zero e um polo torna a função infinita.
3.1.2 GRÁFICOS DE BODE
Representar graficamente a magnitude e a fase da resposta de transferência
pode não ser um processo rápido e, portanto, necessita-se aplicar uma maneira mais
sistemática, os gráficos de Bode. Para desenvolver essa técnica, necessita-se ter
atenção para o uso de logaritmos e decibéis para expressar ganho. O logaritmo é a
base dos gráficos de Bode e necessita-se conhecer as seguintes propriedades:
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
43
𝑙𝑜𝑔 𝑃1𝑃2 = 𝑙𝑜𝑔 𝑃1 + 𝑙𝑜𝑔 𝑃2 (3.8)
𝑙𝑜𝑔𝑃1
𝑃2
= 𝑙𝑜𝑔 𝑃1 − 𝑙𝑜𝑔 𝑃2 (3.9)
𝑙𝑜𝑔 𝑃𝑛 = 𝑛 𝑙𝑜𝑔 𝑃 (3.9)
𝑙𝑜𝑔 1 = 0 (3.10)
O decibel é uma forma de medir a relação entre duas grandezas físicas iguais. O
decibel (dB) está ligado aos sentidos do ser humano, sendo em destaque a audição. O
ouvido humano não interpreta as informações de forma linear aos estímulos que lhes são
impostos, mas de forma logarítmica. Por exemplo, se a potência sonora varia de 2 W para
4 W, a sensação sonora não dobra. Para que a sensação sonora tenha este efeito, a
potência deve ser multiplicada por dez. O bel (B) relaciona dois níveis de potência ou
ganho de potência P1 e P2 através da equação:
𝐴𝑃 = 10 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔
𝑃2
𝑃1
[𝑏𝑒𝑙, 𝐵] (3.11)
Onde AP é o ganho de potência e P1/P2 é a relação entre as potências.
A unidade bel é muito grande para os fenômenos elétricos, portanto, adota-se a
unidade decibel (dB), com isso:
𝐴𝑃 = 10 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔
𝑃2
𝑃1
[𝑑𝑒𝑐𝑖𝑏𝑒𝑙, 𝑑𝐵] (3.12)
Exemplificando, considere P2 = 1.000P1, e utilizando a equação 3.12, o ganho de
potência é igual a 30 dB. Pode-se afirmar que P2 está 30 dB acima de P1, ou seja, a
potência foi amplificada em 30 dB. Agora, considere P2 = 0,001P1 e utilizando a equação
3.12, o ganho de potência é igual a – 30 dB. Pode-se afirmar que P2 está 30 dB abaixo de
P1, ou seja, a potência foi atenuada em 30 dB. Quando P1 = P2, não existe nenhuma
mudança na potência e o ganho em dB é 0.
O ganho de potência também relaciona a tensão e a corrente e para isso considere
um quadripolo representando um circuito elétrico com resistência de entrada Ri, ligado
a uma carga RL, conforme a figura 3.2.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
44
Figura 3.2. Relações tensão-corrente para um quadripolo
As potências de entrada P1 e saída P2 podem ser calculadas por:
𝑃1 =
𝑉𝑖
2
𝑅𝑖
[𝑊] (3.13)
𝑃2 =
𝑉𝑜
2
𝑅𝐿
[𝑊] (3.14)
Assim, temos:
𝐴𝑃 = 10 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔
𝑃2
𝑃1
⟹
𝐴𝑃 = 10 𝑙𝑜𝑔
𝑉𝑜
2
𝑅𝐿
𝑉𝑖
2
𝑅𝑖
⟹
𝐴𝑃 = 10 𝑙𝑜𝑔
𝑉𝑜
2. 𝑅𝑖
𝑉𝑖
2. 𝑅𝐿
⟹
𝐴𝑃 = 10 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔 (
𝑉𝑜
𝑉𝑖
)
2
+ 10 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔
𝑅𝑖
𝑅𝐿
⟹
𝐴𝑃 = 20 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔
𝑉𝑜
𝑉𝑖
+ 10 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔
𝑅𝑖
𝑅𝐿
Ao comparar níveis de tensão, considere Ri = RL, resultando em:
𝐴𝑣 = 20 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔
𝑉𝑜
𝑉𝑖
[𝑑𝐵] (3.15)
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
45
Onde Av é o ganho de tensão. Usando o mesmo raciocínio para a corrente:
𝑃1 = 𝐼1
2𝑅𝑖 [𝑊] (3.16)
𝑃2 = 𝐼2
2𝑅𝐿 [𝑊] (3.17)
E considerando Ri = RL, obtém-se:
𝐴𝑖 = 20 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔
𝐼2
𝐼1
[𝑑𝐵] (3.18)
Onde Ai é o ganho de corrente.
Os gráficos de Bode são gráficos semilogarítmicos da amplitude e da fase de uma
função de transferência à medida que ela varia com a frequência. Ou seja, são dois
gráficos, sendo que um representa a amplitude (em decibéis) versus o logaritmo da
frequência e o outro gráfico, a fase (em graus) versus o logaritmo da frequência. A função
de transferência pode ser escrita:
𝐻 =
𝐻
∅
= 𝐻𝑒𝑗∅ (3.19)
Portanto, a parte real H é função da amplitude, enquanto a parte imaginária é
função da fase. No gráfico de Bode da amplitude, o ganho é representado graficamente
em decibéis versus frequência.
𝐻 = 20 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔 𝐻 [𝑑𝐵] (3.20)
No gráfico de Bode da fase, φ é representada graficamente em graus versus a
frequência.
H(ω) pode incluir diferentes fatores que podem aparecer em várias combinações
em uma função de transferência, como exemplos, um ganho K, um polo (jω)-1 ou zero (jω)
na origem.
A figura 3.3 mostra a representação gráfica para o zero (jω) na origem, onde a
amplitude é 20log ω e a fase 90°. Nota-se que a inclinação do gráfico da amplitude é 20
dB/década, enquanto a fase é constante com a frequência. A palavra década indica um
intervalo entre duas frequências com uma proporção 10, ou seja, 20 dB/década significa
que a amplitude muda 20 dB toda vez que a frequência for dez vezes maior.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
46
Figura 3.3. Gráfico de Bode para um zero (jω)
na origem: (a) gráfico da amplitude; (b) gráfico da fase
3.2 RESSONÂNCIA
A ressonância ocorre em um circuito RLC no qual as reatâncias capacitiva e
indutiva devem ser iguais em módulo (XL = XC), resultando, em uma impedância
puramente resistiva.
Associado a este assunto, tem-se algumas definições a serem descritas:
• Frequências de corte (ω1 e ω2) – são consideradas a frequência de corte inferior
ω1 e a frequência de corte superior ω2, e definem a largura de banda. Nestas
frequências a potência dissipada é metade do valor máximo, sendo também
denominadas frequências de meia potência. Na frequência de corte, o valor da
corrente é aproximadamente 70,7% da corrente de ressonância. Este valor
corresponde a uma queda de 3 dB na corrente máxima.
• Largura de banda (B) – também denominada largura de faixa (LF), banda
passante (B) ou bandwidth (BW) corresponde à faixa de frequências entre os
cortes inferior e superior, identificadas por ω1 e ω2, respectivamente. A largura
de banda é representada por
𝐵 = 𝜔2 − 𝜔1 [𝑟𝑎𝑑/𝑠] (3.21)
● Fator de qualidade (Q) – medida quantitativa do nível de estreitamento da curva
de ressonância em circuito ressonante. O Q também é uma indicação da quantidade de
energia que é armazenada (transferida continuamente de um elemento reativo para outro)
em comparação com a energia dissipada (BOYLESTAD, 2012).
A relação entre a largura de banda e o fator de qualidade é:
𝐵 =
𝑅
𝐿
=
𝜔0
𝑄
(3.22)
Onde ω0 é a frequência de ressonância. Consequentemente, o fator de qualidade
de um circuito ressonante é a razão entre sua frequência ressonante e sua largura de
banda. Pela equação 3.22, quanto maior o Q do circuito, menor a largura de banda.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
47
3.2.1 RESSONÂNCIA EM SÉRIE
O conceito de ressonância pode ser comprovado ao considerar, por exemplo, um
circuito RLC série alimentado por uma fonte de tensão, no qual é aplicado o modelo
matemático, conforme a equação 3.23, que descreve o cálculo da impedância Z.
𝑍 = 𝑅 + 𝑗(𝑋𝐿 − 𝑋𝐶)[𝛺] (3.23)
Utilizando as equações 1.42 e 1.43, tem-se:
𝑍 = 𝑅 + 𝑗 (𝜔𝐿 −
1
𝜔𝐶
) [𝛺] (3.24)
O circuito ressonante apresenta a menor oposição à passagem de corrente elétrica
em uma determinada frequência. Esta frequência é denominada de frequência de
ressonância ω0, e aplicando a equação que descreve a frequência angular, obtém-se:
𝜔𝑜 = 2𝜋𝑓0 [𝑟𝑎𝑑/𝑠] (3.25)
A parte imaginária da equação 3.25 deve ser igual a zero para que ocorra a
ressonância. Portanto:
𝐼𝑚(𝑍) = 𝜔𝐿 −
1
𝜔𝐶
= 0
Com isso, tem-se:
𝜔0𝐿 =
1
𝜔0𝐶
Resultando em:
𝜔0 =
1
√𝐿𝐶
[𝑟𝑎𝑑/𝑠] (3.26)
Adotando a equação 3.26, tem-se:
𝑓0 =
1
2𝜋√𝐿𝐶
[𝐻𝑧] (3.27)
Um ponto de observação é que as frequências maiores e menores que fo
encontrarão maior oposição por parte do circuito ressonante. A figura 3.4 mostra o
gráfico de um circuito RLC série:
CIRCUITOSELÉTRICOS II
48
Figura 3.4. Corrente elétrica versus a frequência
Pelo gráfico, interpreta-se que a corrente é máxima na frequência de ressonância,
onde VP é a tensão de pico (máxima).
Na figura 3.5, verifica-se a frequência de ressonância, as frequências de corte, a
largura de banda, e a variação de B vai depender do fator de qualidade.
Figura 3.5. Identificação de ω1, ω2 e B
O fator de qualidade é representado por:
𝑄 =
𝜔0𝐿
𝑅
=
1
𝜔0𝑅𝐶
(3.28)
Observando-se que Q é adimensional.
3.2.2 RESSONÂNCIA EM PARALELO
Considere um circuito RLC paralelo energizado por uma fonte de corrente, a
frequência de ressonância ω0 desenvolvida é igual à do circuito ressonante em série,
conforme a equação 3.26. O modelo matemático da largura de banda B também é o
mesmo aplicado no circuito ressonante RLC em série, conforme visto na equação na
3.22.
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
49
A figura 3.6, que relaciona a tensão com a frequência, mostra que no circuito
ressonante em paralelo a tensão é máxima na frequência de ressonância ω0.
Figura 3.6. Tensão elétrica versus a frequência
O fator de qualidade é representado por:
𝑄 =
𝑅
𝜔0𝐿
= 𝜔0𝑅𝐶 (3.29)
Observando-se que Q é adimensional
3.3 FILTROS PASSA-BAIXAS E PASSA-ALTAS
Filtros são circuitos construídos para permitir a passagem de sinais em
determinadas frequências, e consequentemente bloqueia-se as frequências não
desejadas. Usa-se também o termo atenuadas para as frequências que são rejeitadas.
Os filtros também são aplicados para eliminar frequências indesejáveis, denominadas
ruído, geradas por alguns componentes eletrônicos com características não lineares ou
captadas do ambiente. Há duas categorias de filtros:
• Filtros passivos – circuitos com resistores, indutores e capacitores associados
em série e em paralelo;
• Filtros ativos – circuitos formados, além de resistores, indutores e capacitores,
também são constituídos por transistores e amplificadores operacionais, para
realizarem esta função.
Para este estudo, serão definidos os filtros passivos. Há quatro tipos de filtros:
passa-baixas, passa-altas, passa-faixa e rejeita-faixa (banda de atenuação).
3.3.1 FILTRO PASSA-BAIXAS
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
50
Este tipo de filtro deixa passar frequências baixas e rejeita frequências altas. Este
circuito pode ser formado por um circuito RC ou RL. Nas figuras 3.7 e 3.8, Vi indica a
tensão de entrada (in) e VO a tensão de saída (out), sendo que a informação que interessa
é a da saída. Há uma frequência que é a referência para permitir a passagem do sinal ou
o seu bloqueio, denominada de frequência de corte ωc. Para frequências abaixo da
frequência de corte, o ganho é igual a um, isto é, a tensão de saída é igual à tensão de
entrada. Para frequências acima da frequência de corte, o ganho é zero, isto é, a tensão
de saída é nula. Mas, na prática, esse corte não é tão brusco.
Figura 3.7. Circuito RC – filtro passa-baixas
No circuito RC série, conforme figura 3.7, nas baixas frequências, o capacitor de
saída comporta-se como uma resistência alta (XC >> R), fazendo com que a maior parte
da tensão recaia sobre ele. Nas altas frequências, o capacitor comporta-se como uma
resistência baixa (XC > R), fazendo com que a tensão no resistor
de saída seja muito pequena. A frequência de corte, para o circuito RL, é descrita por:
𝜔𝐶 =
𝑅
𝐿
[𝑟𝑎𝑑/𝑠] (3.32)
ou
𝑓𝐶 =
𝑅
2𝜋𝐿
[𝐻𝑧] (3.33)
O ganho de tensão para ambos os circuitos é:
𝐴𝑣 =
1
1+𝑗
𝜔
𝜔𝐶
(3.34)
A figura 3.9 é um gráfico que mostra o sinal de saída VO de um filtro passa-baixas,
confirmando o seu funcionamento, já descrito anteriormente. Observa-se que o máximo
de ganho de tensão Av é 1, e que a frequência de corte é definida no nível 0,707.
Figura 3.9. VO em função da frequência para um filtro passa-baixas.
3.3.2 FILTRO PASSA-ALTAS
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
52
Este tipo de filtro deixa passar frequências altas e rejeita frequências baixas. Este
circuito pode ser formado por um circuito RC ou RL. Nas figuras 3.10 e 3.11, Vi indica a
tensão de entrada (in) e VO a tensão de saída (out), sendo que a informação que interessa
é a da saída. Há uma frequência que é a referência para permitir a passagem do sinal ou
o seu bloqueio, denominada de frequência de corte ωc. Para frequências abaixo da
frequência de corte, o ganho é zero, isto é, a tensão de saída é nula. Para frequências
acima da frequência de corte, o ganho é igual a um, isto é, a tensão de saída é igual a
tensão de entrada. Mas, na prática, esse corte não é tão brusco.
Figura 3.10. Circuito RC – filtro passa-altas.
No circuito RC série, conforme figura 3.10, nas baixas frequências, o capacitor
comporta-se como uma resistência alta (XC >> R), fazendo com que a maior parte da
tensão recaia sobre ele. Nas altas frequências, o capacitor comporta-se como uma
resistência baixa (XC > R), fazendo com que a tensão de saída seja muito alta. A frequência
de corte, para o circuito RL, é descrita por:
𝜔𝐶 =
𝑅
𝐿
[𝑟𝑎𝑑/𝑠] (3.37)
ou
𝑓𝐶 =
𝑅
2𝜋𝐿
[𝐻𝑧] (3.38)
O ganho de tensão para ambos os circuitos é:
𝐴𝑣 =
1
1−𝑗
𝜔𝐶
𝜔
(3.39)
A figura 3.12 é um gráfico que mostra o sinal de saída VO de um filtro passa-altas,
confirmando o seu funcionamento, já descrito anteriormente. Observa-se que o máximo
de ganho de tensão Av é 1, e que a frequência de corte é definida no nível 0,707.
Figura 3.12. VO em função da frequência para um filtro passa-altas.
3.4 FILTROS PASSA-FAIXA E REJEITA-FAIXA
Nesta seção, mostra-se os outros dois tipos de filtros passivos, enfatizando as
suas construções, funcionamentos e a interpretação dos sinais em suas saídas.
Destaca-se a frequência de ressonância, o fator de qualidade e a largura de banda.
3.3.3 FILTRO PASSA-FAIXA
O filtro passa-faixa, também denominado filtro de banda de atenuação, deixa
passar frequências dentro de uma faixa de frequências e bloqueia ou atenua frequências
dentro da faixa. Este filtro é projetado para deixar passar todas as frequências dentrode
CIRCUITOS ELÉTRICOS II
54
uma faixa de frequências, ω1