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Autor: Prof. Mário Luiz Miranda
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen
Lutas: Aspectos 
Pedagógicos e 
Aprofundamentos
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Professor conteudista: Mário Luiz Miranda
Natural de São Paulo, é mestre em ciências, desde 2012, pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade 
de São Paulo (USP) e graduado, em 2004, em Educação Física na Universidade Paulista (UNIP), onde atua como 
coordenador pedagógico, desde 2006, e professor nas disciplinas de Aprendizagem e Desenvolvimento Motor e Lutas: 
Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos, da qual é o líder acadêmico. Exerce docência para cursos de pós-graduação 
na disciplina de Teoria de Aprendizagem Motora, por meio de Ensino a Distância (EaD) em Instituição de Ensino Superior 
(IES): Estácio de Sá, Universidade Municipal de São Caetano do Sul e Grupo Ser Educacional, na Universidade Maurício 
de Nassau. Seus principais trabalhos publicados versam sobre: A iniciação no Judô: relação com o desenvolvimento 
infantil; Efeitos do uso da instrução verbal e demonstração por vídeo na aprendizagem de uma habilidade motora do 
Judô; estudos de prática formalizada de kata (rotinas de aprendizagem de golpes da modalidade de Judô), com título 
Práctica y caracterización de las katas por profesores y árbitros de Judô experimentados, Psychological, physiological, 
performance and perceptive responses to Brazilian Jiu-Jitsu combats e livro sobre Respostas psicofisiológicas da 
arbitragem de Judô: efeitos da experiência dos árbitros e do nível das competições. Também participou da elaboração 
dos livros-texto do curso de EaD da UNIP nas disciplinas de Crescimento e Desenvolvimento Humano e Aprendizagem 
e Desenvolvimento Motor. É árbitro internacional de Judô pela Federação Internacional de Judô e atua como 
coordenador e palestrante de cursos de arbitragem pela Federação Paulista de Judô.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M672e Miranda, Mário Luiz.
Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos / Mário Luiz 
Miranda – São Paulo: Editora Sol, 2018.
196 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-099/18, ISSN 1517-9230.
1. Lutas na educação física. 2. Fundamentos técnicos. 3. Medidas 
e avaliação. I. Título.
CDU 796.8
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Kleber Nascimento
 Vitor Andrade
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Sumário
Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 LUTAS NO ESPORTE EDUCAÇÃO ...................................................................................................................9
1.1 Definições ................................................................................................................................................ 10
1.1.1 Lutas ..............................................................................................................................................................11
1.1.2 Artes Marciais na Antiguidade .......................................................................................................... 12
1.1.3 Defesa Pessoal e as Artes Marciais na atualidade ..................................................................... 15
1.1.4 Modalidades de Esporte de Combate ............................................................................................. 27
2 LUTAS, ARTES MARCIAIS E AS MODALIDADES DE ESPORTE DE 
COMBATE NA EDUCAÇÃO ATUAL ................................................................................................................. 32
2.1 Contato corporal natural humano: brincadeiras turbulentas ............................................ 32
2.2 Diferenças entre briga e Luta .......................................................................................................... 35
3 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DAS LUTAS .................................................................................................. 38
3.1 Princípios de domínio e de confronto ......................................................................................... 45
4 LUTAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA....................................................................................... 53
4.1 Jogos de Combate ................................................................................................................................ 57
4.2 Bullying e as Lutas ............................................................................................................................... 60
4.3 Lutas e interdisciplinaridade ............................................................................................................ 63
4.4 O papel do profissional de Educação Física e as Lutas.......................................................... 64
4.5 Lutas brasileiras ..................................................................................................................................... 66
4.5.1 A Capoeira .................................................................................................................................................. 66
4.5.2 As Lutas africanas ................................................................................................................................... 78
4.5.3 Outras Lutas indígenas brasileiras .................................................................................................... 79
4.6 Ensino nas Lutas ................................................................................................................................... 82
4.6.1 Aprendizado motor em Lutas ............................................................................................................ 83
4.6.2 Psicomotricidade nas Lutas ................................................................................................................ 86
4.6.3 Classificação das tarefas motoras nas Modalidades 
de Esportes de Combate e Artes Marciais ................................................................................................ 89
Unidade II
5 LUTAS NO ESPORTE PARTICIPATIVO ........................................................................................................ 97
5.1 Segurança pessoal no uso cotidiano ............................................................................................da busca de seu conhecimento em todos os espectros de 
atividades humanas, sejam elas científicas, filosóficas, culturais ou sociais. Além disso, ela deve servir 
para que o sujeito tenha condições de entender sua atuação em sociedade, que seja um ator influente 
no exercício da cidadania e para que possa exigir seus direitos de maneira a alcançar suas demandas 
por meio da atuação reflexiva, persistente, ponderada e no âmbito da lei e da humanidade. A disciplina 
de Lutas se interliga diretamente a esses conceitos e por isso é parte primordial complementar para 
manifestar a gênese educacional essencial para a construção de indivíduos comprometidos com 
altruísmo, benevolência, bem-estar social, econômico, cultural e principalmente a convivência pacífica.
Pelas razões expostas, vai-se considerar, nesse momento, como se fundamenta a aplicação das Lutas 
por meio da Educação Física no contexto educacional, em qualquer âmbito da sociedade.
2.1 Contato corporal natural humano: brincadeiras turbulentas
A essência humana é construída por uma incessante capacidade de Lutar em vários campos de 
expressão corporal. Como os animais, somos moldados para enfrentar situações que possam determinar 
nossa sobrevivência. Apesar de dependermos mais de nossos genitores e ascendentes nos primórdios 
de nossa existência do que a maioria dos animais em geral, determinados atos são constitutivos de 
nosso crescimento e desenvolvimento. Algumas aproximações corporais frequentes e com contato 
físico intenso são usuais entre as crianças e parecem divertir e trazer componentes desenvolvimentistas 
importantes para a socialização e as autodescobertas.
Vejam as figuras a seguir que comparam essas atividades entre animais e humanos:
Figura 19 – Ursos jovens em brincadeira de Lutar
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Figura 20 – Crianças em brincadeiras agitadas
Figura 21 – Brincadeiras turbulentas: parece Wrestling infantil
Figura 22 – Duas crianças brincando de Lutar (Severin Nilsson, Nordiska Museet, Suécia, entre 1880/1910)
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Unidade I
Figura 23 – Gatos brincando de Lutar
Figura 24 – Brincadeiras de força entre crianças – cabo de guerra humano
Não se pode deixar de destacar que as crianças, espontaneamente, mostram atividades de contato 
corporal com tentativas de domínio físico, de supremacia corpórea e de agitação corporal com 
empurrões, agarramentos e até contatos contundentes. Manifestações de jogos de força, desequilíbrios 
e abarcamentos são bastante comuns. Elas são classificadas como brincadeiras turbulentas, próprias 
da irrequietude infantojuvenil. A característica principal dessas revelações animadas e de intensidade 
controlada entre seus participantes apresenta o afloramento do sorriso e da diversão (MORAES; OTTA, 
2003). Outro fator importantíssimo é que a brincadeira começa de modo lúdico, isto é, espontâneo e 
fluente, sem imposições.
Deve-se aproveitar dessa característica natural que provém das crianças e púberes, estudantes dos 
ciclos fundamentais e médios nas escolas, e associar o desenvolvimento dos melhores atributos da 
disciplina de Lutas como questão para a ampliação e construção de valores psicomotores e psicossociais.
Brincadeiras turbulentas são atividades de grande solicitação imediata e promovem vários disparos de 
impulsos nervosos para se solucionarem problemas advindos da própria situação, não necessariamente 
esperada, mas que provoca uma instantânea sensação de poder ou de limitação, contudo sem que se 
possa sentir perdido ou que não se espere a cooperação do companheiro.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
As ações executadas nas brincadeiras são livres de ferramentas, instrumentos ou necessidade de regras 
rigorosas, mas também são conjuradas de comum acordo em momentos que levam a circunstâncias 
bastante divertidas e aproveitáveis. O potencial de prejuízo ou possíveis lesões se dilui pelas próprias 
relações de afinidade. Despontam autolimitações instintivas pelo entendimento mútuo das condições 
de corporeidade próxima.
Por meio das brincadeiras turbulentas acontece o desenvolvimento da coordenação motora 
generalizada, o aumento de tonicidade muscular e a coordenação visomotora. O aprendizado é mútuo 
e aparece a regulação de emoções. O contato físico parece melhorar o envolvimento entre os pares 
participantes e demonstra trazer oportunidades de interação, descobertas corporais e de encorajamento 
para enfrentar situações de oposição e contrariedade. O brincar é para valer, mas assume conotação de 
interatividade pelo comportamento físico e psicossocial recíproco (SANTOS; DIAS, 2010).
Essa disposição do ser humano em manter contato corporal favorece a compreensão de que se podem 
diferenciar situações em que não há controle emocional daquele que se estabelece como calculado e 
lógico. Assim, no próximo item se fará uma distinção essencial entre os conceitos de briga e de Luta, 
fundamental para a compreensão do emprego das atividades de Lutas no universo educacional esportivo.
2.2 Diferenças entre briga e Luta
Muitas situações cotidianas parecem trazer à tona sentimentos exasperados provindos de desgoverno 
emocional e total falta de racionabilidade.
A sociedade atingiu circunstâncias críticas de envolvimento quase que exclusivas para a sobrevivência 
contemporânea, com o trabalho assumindo papel de intensa pressão e cobrando frequentes resultados 
dos indivíduos.
Além disso, as coletividades cresceram e as cidades comportam quantidades excessivas de pessoas 
e espaços reduzidos, provocando deslocamentos cada vez mais intensos e congestionados, os quais 
trazem constantes perdas de tempo de lazer e de convívio reflexivo. Valores e princípios foram alterados 
e muitos não se acomodam de maneira a enfrentar novas realidades nas composições familiares, 
inovações tecnológicas, novidades nas mais diversas situações econômicas, no isolamento social, na 
insegurança urbana, na falta de solidariedade e na correria das necessidades criadas pelo imediatismo e 
pelo consumismo. Adicionalmente podem-se mencionar as intermináveis falhas nos processos e atuações 
políticas, nas quais os governos estão demorando muito para responder às demandas sociais e resolver 
problemas que minimizem as condições de dificuldades para se atingir condições mais igualitárias, mais 
civilizatórias e com justiça, ocasionando incertezas, precariedades e falta de confiança.
Devido às condições descritas, é fato encontrarmos ocorrências frequentes de desencontros 
emocionais; pessoas são levadas a estresses máximos e agem sem poder racionalizar momentos tão 
instantâneos, que se transformam em explosões de fúria e impulsividades sem limites. São comuns 
histórias de indivíduos que se engalfinham em ruas, transportes coletivos, lojas, supermercados etc. 
Essas ações de se atracar por algo que não se enquadra na faculdade da lógica humana, com total perda 
de identidade e com investidas primitivas para se solucionar conflitos comuns, são chamadas de brigas. 
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Unidade I
As brigas configuram ações tomadas por quem sofreu sequestro emocional, isto é, perdeu a noção 
de se colocar no lugar do outro e assume uma identidade que toma conta do seu ser, um sentimento 
impulsivo que domina a razão (GOLEMAN, 1996).
Em suma, brigar é uma atitude bruta e incivil, desprovida de coerência e baseada em sentimentos, 
isto é, aparece por intermédio das perdas racionais; a emoção toma conta do que se faz, sem qualquer 
justificativa razoável.
Usualmente vemos em competições de Jiu-Jitsu painéis e faixas com os seguintes dizeres: “Quem Luta 
não briga”. Essa máxima de origem pública se estabeleceu até como lema deprojetos sociais por meio 
da prática de esportes recreativos com professores de Tae kwon do e o Karatê, além de outros esportes 
de combate e Artes Marciais. Tal pensamento surge da institucionalização da regra de conduta, na qual 
o respeito ao oponente em qualquer situação deve ser o ponto primordial do relacionamento humano, 
o domínio dos anseios deve ser permanente e o autocontrole exercido na sua mais profunda empatia. 
Aqui a regra principal é ceder para vencer, ousar, porém saber dosar, portanto, prevenir o conflito é 
um modo inteligente de se Lutar. Evitar a desordem e manter a propriedade emocional traz condições 
de reflexão e tomada de decisão adequada, correspondente ao círculo equitativo da razão. Como nos 
lembra Aristóteles (1973), “A verdade está no justo meio”. O ser deve se envolver veementemente em 
seu meio social e buscar a veracidade das relações humanas através da reflexão pura. A Luta é racional, 
a briga é emocional. Na briga age-se por instinto e obtêm-se resultados desastrosos, em que o indivíduo 
submerge a si mesmo e se arrasta para atitudes sem precedentes e com total ausência de ponderação, 
trazendo consequências muitas vezes irrecuperáveis. Brigas por desejos e pensamentos que se formam 
como dogmas pessoais se transformam em batalhas públicas com consequências desastrosas, como se 
podem ver nas brigas de torcidas nos estádios.
Figura 25 – Brigas de torcida: a paixão supera a razão
Em muitas das Modalidades de Esporte de Combate, como no Judô Olímpico e no Tae kwon do, e 
em todas as Artes Marciais que preservam as tradições mais clássicas, é obrigatória a saudação inicial e 
final, salientando a ligação de respeito, ética e aceitação das regras estabelecidas entre os combatentes. 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Aqui se lembra que não se está Lutando contra alguém, mas se está lutando com alguém. As regras 
do combate devem ser seguidas à risca para o bom entendimento e desenvolvimento de ambos os 
Lutadores. O respeito traz a consideração e compreensão de que ambos estão desempenhando suas 
melhores qualidades, dentro das regras, e sempre nos mais altos valores éticos e humanos. Sabe-se 
que hoje você pode vencer, porém amanhã poderá ser a vez de seu adversário. O que vale não ter mais 
ninguém para medir seu desempenho? Como poderei melhorar se não tenho desafios?
Figura 26 – Saudação entre os Lutadores nas Artes Marciais: respeito e ética
Figura 27 – Regras no Boxe: respeito ao oponente
As Lutas têm trazido aos seus praticantes a clara capacidade de se manter e aprender o autocontrole, 
caso contrário se admitirá enfrentar situações irreversíveis de perda de domínio e desarranjo emocional, 
sem possibilidade de recuperação. É fácil imaginar que um Lutador de Boxe ou de Tae kwon do aprende 
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Unidade I
a suportar constantes percussões sobre suas faces. Caso ajam por instinto e reajam a um soco de 
maneira estabanada, vão, seguramente, tomar mais um soco decisivo, porque não conseguem visualizar 
e racionalizar as condições de enfrentamento e, por conseguinte, perderão a Luta. Esses atletas se 
preparam, não brigam, mas sim Lutam, e procuram refletir sobre todos os abalos sofridos e igualmente 
acerca de seus costumes. A prática de Lutas ajuda a preparar seus praticantes a suportarem as pressões 
que provêm do aprendizado das próprias Lutas e suas maneiras de enfrentamento.
O estudo de Lima (2000) menciona que a prática do Wushu (Kung Fu) nas escolas provoca maior 
aproximação nas afinidades sociais, como empatia, sociabilidade e respeito interativo. Outra pesquisa 
importante que vale a pena referendar aqui é a de Diniz e Del Vecchio (2013), que mostra que a prática do Tae 
kwon do, no projeto “Quem Luta não briga”, da secretaria municipal da cidade de Pelotas – RS, proporciona 
comportamentos positivos em relação ao exercício de relacionamento humano como: consideração pelos 
mais velhos, irmãos, pais, aumenta a tolerância frente às diferenças, melhora a convivência por meio de 
demonstração de maior solidariedade e a redução significativa da agressividade verbal e física nas escolas.
3 FUNDAMENTOS TÉCNICOS DAS LUTAS
Cada Modalidade de Esporte de Combate, Arte Marcial ou Lutas em geral demonstram movimentos 
corporais bastantes variados e próprios. Eles são chamados de fundamentos técnicos, gestos técnicos ou 
técnicas de combate. As técnicas de combate mudaram de acordo com os objetivos a serem alcançados 
e se basearam em situações estudadas, treinadas e utilizadas ao longo da história humana, e foram se 
aprimorando conforme as necessidades de cada povo, civilização ou sociedade. Os gestos de combate 
são tantos quantos se podem empregar na combinação articular do corpo humano e que tenham por 
finalidade atingir, dominar, envolver, imobilizar, recuperar-se no confronto, bater, golpear, constringir, 
segurar e limitar a ação do adversário. Esses fundamentos incluem o uso de todas as partes do corpo 
por si, sejam membros superiores, inferiores à cabeça e tronco ou aliadas com implementos – armas que 
produzam efeitos extensivos que venham ao encontro dos objetivos da modalidade ou da Luta. Em resumo, 
os gestos técnicos devem levar à função primordial buscada nas Artes Marciais e modalidades esportivas 
de combate: tirar o equilíbrio do oponente e manter o próprio equilíbrio durante toda a disputa.
Por meio da construção de categorias de movimentos, pode-se compreender melhor a grande 
variedade de golpes e fundamentos técnicos existentes nos mais diversos confrontos corporais para 
Defesa Pessoal e disputas competitivas.
Assim, podemos relacionar algumas técnicas empregadas em Lutas corporais em geral: quedas 
controladas, socos, chutes, esquivas, cotoveladas, cuteladas, pegadas, estocadas, joelhadas, cabeçadas, 
abraçadas, restrições articulares, estrangulamentos, imobilizações corporais, projeções, rasteiras, 
pontapés etc.
As quedas controladas são práticas de aterrissagens específicas, que têm como objetivo principal a 
proteção dos órgãos vitais. Seus três princípios fundamentais são:
• O posicionamento das articulações e os movimentos respectivos, os quais têm como característica 
favorecer a fluidez dos movimentos.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
• A ampliação da área de contato corporal com o local de queda, cuja ação visa minimizar a pressão 
e o impacto e, assim, distribuir a energia da projeção recebida pelo corpo.
• A recuperação do equilíbrio para aprumar o corpo perante o oponente a fim de trazer a melhor 
posição de defesa ou contra-ataque e, desse modo, retomar sua posição na Luta.
Observe algumas quedas controladas nas figuras a seguir, verifique que elas podem ser variadas 
à frente, de maneira direta ou por meio de rolamentos, lateralmente ou para trás. Serão mostrados 
exemplos de prática de quedas controladas comumente treinadas no Judô, no Jiu-Jitsu e no Aikido.
No primeiro quadro, mostram-se somente quedas controladas efetuadas para trás, iniciando-se com 
as práticas a partir da posição sentada, depois agachada e por fim em posição totalmente ereta em pé. 
No segundo quadro, apresentam-se as quedas de modo lateral e frontal direta e com o rolamento do 
corpo; tais quedas devem ser feitas com ambos os lados, aumentando o domínio corporal do praticante 
e ampliando sua segurança e confiança.
Figura 28 – Quedas controladas para trás
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Unidade I
Figura 29 – Quedas controladas lateralmente e para frente
As Modalidades de Combate e Artes Marciais que mais se utilizam das quedas controladas são: Judô, 
Jiu-Jitsu, Aikidô, Luta Greco-romana, Luta Livre Olímpica – Wrestling, Karatê, Sumô, Sambo, Schwingen 
– Luta suíça,Kurashi, Glima (Islândia e países nórdicos), Bayiridax (Mongólia) e Luta Turca.
Socos, cuteladas e dedadas são ataques efetuados com as mãos, ou parte final da extremidade 
superior do braço, sobre seu adversário, ou até mesmo o cúbito, no caso das cotoveladas. Usa-se a parte 
hipótenar, o punho cerrado, isto é, a flexão total de todas as falanges proximais, médias e distais, as 
partes internas ou externas laterais da mão com o dorso estendido, a parte frontal dos dedos também 
com o dorso distendido e com as falanges médias e distais flexionadas.
A força do soco provém da somação de energia cinética desde o movimento de flexão dos tornozelos, 
rotação do quadril e tronco, circundução do ombro e extensão do braço. A rotação do tronco soma 
maior eficiência do soco, aumentando em até 40% a sua potência. A musculatura que concentra essa 
energia cinética é a do tríceps.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
As cuteladas efetivadas pelo contato súbito e incisivo da parte exterior da mão produzem efeitos 
devastadores na região da cabeça e do pescoço, como se fosse uma faca cortante, bem como as joelhadas 
e cotoveladas. Veja a seguir figuras que demonstram alguns dos fundamentos aqui mencionados.
Figura 30 – Soco direto no Boxe
Figura 31 – Joelhada no Muay Thai
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Unidade I
Figura 32 – Cotovelada no rosto, golpe da Defesa Pessoal israelense – Krav Maga
Os chutes e pontapés são acometimentos efetuados com os pés e também as pernas. Podem ser de 
modo frontal, lateral, semicircular, por detrás (coice) e com saltos. Executa-se com o calcanhar, com o 
dorso do pé, com a região plantar, ou mesmo com os ossos da tíbia e fíbula. Consta a seguir um exemplo 
de chute lateral com a região plantar, na Modalidade Tae kwon do.
Figura 33 – Chute lateral Tae kwon do
Pegadas e abraçadas são técnicas de segurar o corpo ou o uniforme do oponente para que se 
estabeleça a Luta em si. No Judô e no Jiu-Jitsu, é obrigatória a pegada para que se caracterize a Luta. Na 
Luta Greco-romana e no Wrestling, as pegadas são efetuadas corporalmente. A seguir constam algumas 
outras ações técnicas das Lutas: a pegada pelas mãos no corpo do Lutador de Luta Greco-romana com 
abraçada simultânea, a imobilização do Judô, a pegada no judogi, uniforme de Judô, e a simultânea 
projeção no Judô, além do estrangulamento no Jiu-Jitsu.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Figura 34 – Pegada/abraçada na Luta Greco-romana
Figura 35 – Imobilização no Judô
Figura 36 – Pegada e projeção no Judô
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Unidade I
 Lembrete
Queda controlada é aquela efetuada por quem é projetado/arremessado, 
de modo a dominar os efeitos que se sucederiam sobre o corpo.
Figura 37 – Estrangulamento no Jiu-Jitsu
Esquivas e fugas são desvios corporais para afastar, evitar ou aproveitar-se dos golpes adversários. A 
ginga da Capoeira é considerada um modo de preparação de escape dinâmico dos ataques do oponente. 
Os movimentos pendulares dos Lutadores de Boxe, os giros corporais no Judô, do Wrestling e do Sumô 
são exemplos de esquivas eficientes e que se configuram em uma maneira de enfrentamento bastante 
hábil e de alta qualidade técnica corporal.
A háptica é a capacidade de percepção e responsividade tátil por meio de implementos, equipamentos, 
uniformes etc. Os praticantes de Lutas que exigem a empunhadura de armas, como a Esgrima, o Nunchaku, 
o Wushu e o Kendô procuram, com extrema destreza, perceber como serão os próximos movimentos de 
seu oponente, por meio de sensações transmitidas pelos instrumentos de Luta. Em modalidades como o 
Judô, por causa do uso do judogi, do Jiu-Jitsu, também por causa do uniforme, e do Sumô, devido ao uso 
do mawashi – sunga de seda que permite ser a causa de captura corporal de um oponente em contato 
com o outro lutador, existe a háptica. A háptica é a responsividade tátil do corpo por meio da vestimenta 
de combate, isto é, uniforme, equipamento obrigatório da Luta, que se transforma em transmissor de 
informações. Essas condições então favorecem a condução de informações, por intermédio das pegadas 
realizadas nessas vestimentas, para que se possam tomar decisões respectivas aos golpes, defesas e 
contra-ataques, seja pelo atacante, seja pelo defensor.
Ainda nas modalidades cujo uso de armas é permitido, verificam-se fundamentos técnicos como o 
possível corte, a perfuração e as estocadas, porém não mais efetivas no sentido de serem causas para 
letalidade, pois se empregam uniformes e equipamentos de proteção bastante eficientes. Esportes como 
a Esgrima e o Kendô apresentam essas técnicas de toques por implementos.
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3.1 Princípios de domínio e de confronto
Como se percebe, com certa facilidade de compreensão, há as mais distintas Lutas praticadas 
no mundo todo. Cada qual possui muitos elementos próprios de ações de contundência, de 
constrição, de supressão ou eliminação, desse modo fica difícil estabelecer uma metodologia de 
ensino que possa ser tão densa e tão técnica no âmbito da Educação Física e da iniciação esportiva. 
O aprofundamento técnico é muito abrangente, devido à grande complexidade de movimentos e 
combinações que se estabelecem para o exercício das Lutas, de tal maneira que se possam aprender 
todos os pormenores de cada uma. Desse modo, ressalva-se que o aprimoramento técnico exige 
muitos anos de prática e dedicação, precisando de capacitação física e motora aliada às habilidades 
necessárias para cada modalidade esportiva de Lutas. O refinamento na execução e autonomia de 
movimentos exige grande dedicação, muitas horas de prática, repetição, aperfeiçoamento, estudos, 
conhecimento intenso e experiência.
Assim, desponta a questão: como ensinar Lutas no âmbito da Educação Física? Sabe-se e fica evidente 
que nas grades curriculares dos cursos de Educação Física não há tempo suficiente para se examinar 
todas as Lutas, praticá-las a fundo e com a determinação que exigem para obter o seu requinte. Por essa 
razão, organizaram-se alguns conjuntos de estudo para que se pudesse atender uma gama compreensiva 
de Lutas, sem a necessidade de se concentrar em uma única modalidade.
Sugere-se a primeira divisão de estudos pelo agrupamento de fundamentos ou categorias, titulado 
como princípio de domínio. Depois, o segundo grupo de observações refere-se aos estudos técnicos que 
procuram compreender como se efetuam os enfrentamentos de cada modalidade, e é designado como 
princípio de confronto.
Os princípios de domínio são categorizados no campo do controle de ações, fundamentos técnicos 
e gestos específicos das modalidades de Lutas que efetivamente produzam resultados nos quais se 
determinem pontuação eficaz, triunfo ou superioridade absoluta no combate, conforme compatível e 
aceito no âmbito que cabem nas regras de cada modalidade. Os princípios de domínio classificados para fim 
de estudo na disciplina de Lutas são três: o agarre, o toque – com ou sem armas – e, por fim, a varredura.
O agarre demonstra o envolvimento corpóreo entre os lutadores de modo que se tomem para si os 
segmentos corporais, imobilizando e restringindo sua atuação natural, fazendo com que o oponente 
não possa se livrar do controle imposto pela atuação segura e imponente. Os fundamentos que se 
alinham a esse princípio são: as pegadas, as puxadas, as empunhaduras, os empurrões, as abraçadas, 
as projeções, os arremessos, os estrangulamentos, as restrições articulares (torções), as imobilizações, 
os aprisionamentos, os apertos e os enlaces. Ele é executado tanto com os membros superiorescomo 
com os inferiores, além do tronco, e também por intermédio de suas possíveis combinações. O uso de 
implementos é raro, mas podemos citar cordas e faixas como possíveis elementos para enrolar partes 
corporais e causar efeitos de enlaces, aprisionamentos e estrangulamentos.
O toque é constituído por fundamentos técnicos bastante intensos, porque procuram desestabilizar 
o lutador antagonista, efetuando-se movimentos incisivos contra o corpo do adversário. Os toques 
visam percutir com tamanha dimensão, causando choque ou uma colisão efetiva contra quem se está 
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Unidade I
Lutando. Mãos, dedos, pés, pernas, joelhos, cabeça, cotovelos e ombros são protagonistas de ações de 
toques, bem como o uso de espadas, facas, clavas, lanças, chicotes e outros implementos.
Varreduras, por sua vez, são gestos técnicos particulares efetuados com as mãos, os braços, os pés 
e as pernas e procuram colocar os adversários no solo de tal maneira que eles sejam disseminados 
ao chão, sendo arrematados, perdendo seu equilíbrio rapidamente. Nelas observa-se que a caída do 
lutador, em geral, é em decúbito dorsal, como se fosse cortado por uma foice de um trabalhador rural 
e, assim, assolado de costas, a exemplo dos lavradores, que ceifam a cana-de-açúcar e os caules caem 
subitamente. Os lutadores que recebem uma varredura eficiente perdem o equilíbrio tão rapidamente 
sem poder saber como caíram, apenas percebendo que foram lançados ao solo de modo imediato e 
sem mais tempo suficiente para se restabelecer. As rasteiras, as ceifadas e os arrastes são os golpes mais 
característicos desse princípio de domínio.
A seguir pode-se ver uma rasteira em pé, da Capoeira e uma ceifada com as mãos, usada no Judô, 
Karatê, Jiu-Jitsu, MMA e Luta Livre Olímpica – Wrestling, fundamentos técnicos que se caracterizam por 
meio do princípio de domínio da varredura.
Figura 38 – Rasteira em pé na Capoeira
Figura 39 – Arraste das pernas com emprego das mãos
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Observe o quadro a seguir que relaciona os princípios de domínio, suas características, os fundamentos 
mais comuns e alguns exemplos de Modalidades de Combate que as utilizam.
Quadro 3 – Princípios de domínio, fundamentos, características e modalidades respectivas
Domínio Fundamentos/Aplicações Características MEC/AM/Lutas
Agarre
Pegada
Projeção
Estrangulamento
Restrição articular
Arremesso
Imobilização
Empunhadura etc.
Tomar para si
Envolver
Segurar
Aprisionar
Restringir
Torcer
Apertar
Judô
Sumô
Sambo
Luta Greco-romana
Jiu-Jitsu
Wrestling
Glima
Luta turca
Kurashi
MMA
Toque sem armas
Cutelada
Soco
Dedada
Chute
Pontapé
Cotovelada
Cabeçada
Joelhada
Ombrada
Coice 
Choque
Percussão
Contundir
Colisão
Pancada
Contato
Batida
Karatê
Tae kwon do
Muay Thai
Boxe
Savate
Capoeira
Sanshou Kickboxing
Kali Silat
Krav Maga 
MMA
Toque com armas
Estocada
Perfuração
Corte
Açoite
Bater
Trespassar
Furar
Dividir
Fender
Desfigurar
Dilacerar 
Esgrima
Kendô
Nunchaku
Wushu
Jogo do pau
Maculelê
Varreduras
Rasteiras
Arrastes
Varridas
Navalhadas
Raspagem
Assolar
Deitar ao solo
Derrubar
Derruir
Ceifar
Varrer
Capoeira
Sambo
Judô
Karatê
Jiu-Jitsu
MMA
Ao se enfrentar um oponente e de acordo com as regras instituídas, os Lutadores procuram 
essencialmente, e isso ocorre em todas as Lutas, manter seu equilíbrio e tirar o de seu adversário, por 
meio dos fundamentos técnicos de ataques, golpes, defesas, bloqueios, esquivas e, ao mesmo tempo, 
salvaguardar sua posição, com o uso de estratégias de combate e adaptabilidade.
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Durante uma confrontação, sabe-se que seu oponente deve ser atingido ou dominado, mas ao mesmo 
tempo seu adversário está procurando o mesmo contra você. Portanto, durante o embate medem-se 
habilidades para o correto emprego de forças, técnicas, posicionamentos e muda-se a maneira de se 
opor às dificuldades enfrentadas.
Nas Lutas, Modalidades de Esporte de Combate, Artes Marciais e Defesa Pessoal os combatentes 
podem se valer de recursos corporais próprios ou instrumentais específicos para a disputa.
A propriedade agonística dos combates pode ser realizada de maneira a enfrentar oposição corporal 
direta – uso do próprio corpo como instrumento de ofensiva e defensiva, ou oposição indireta – por 
meio de dispositivos e instrumentos próprios da modalidade (espadas, bastões, nunchaku, varas, lanças, 
cordas etc.).
São exemplos de modalidades de enfrentamento por meio de oposição corporal direta: Judô, Karatê, 
Wrestling, Sumô, Tae kwon do, Muay Thai, Savate, Boxe, Jiu-Jitsu etc. Já a Esgrima, o Kendô, o Nunchaku 
e a Luta de bastões são alguns gêneros que envolvem o enfrentamento por intermédio da oposição 
corporal indireta.
O enfrentamento nas disputas corporais é fundamentado em três pilares competitivos, que são 
utilizados de acordo com as características de cada Lutador e da tática e adequabilidade a ser executada 
durante o combate, os quais determinam atitudes bastante evidentes para quem observa a contenda. 
O primeiro são os ataques ou acometimentos, assinalados por golpes decisivos e com intenção de se 
obter imediato sucesso competitivo. Competidores que preferem investir contra o oponente possuem 
estratégia de Luta associada à sua agressividade contundente; creem que unicamente empregar 
o golpear intenso é a melhor maneira de causar dissabores ao opositor e acabar com o confronto 
rapidamente. Exemplos de Lutadores que possuíam esse jeito de afrontar seus adversários eram o 
americano Mike Tyson, campeão mundial no Boxe, o turco Servet Tazegul, medalhista olímpico do Tae 
kwon do, o holandês Ramon Dekkers, campeão mundial do Muay Thai e o judoca brasileiro, medalhista 
olímpico, Tiago Camilo, que se lançavam veementemente contra seu adversário, deferindo com sucesso 
uma quantidade de golpes abundantemente elevada.
O segundo alicerce do enfrentamento são as defesas e os bloqueios, os quais são atos de proteção 
contra as agressões recebidas, pois interpõem a continuidade da ação de ataque, evitando que atinjam 
sua finalidade. Os bloqueios objetivam descontinuar a ação do opositor e assim proteger e possibilitar o 
próprio resguardo físico. Os bloqueios inutilizam os ataques.
Lutadores que se valem dessa prática de defender e bloquear se apropriam de uma estratégia de 
cautela adequada às suas possibilidades físicas e técnicas, preferindo causar dificuldades aos atacantes 
ao impedir suas ações, até que percebam alguma falha e por meio de contra-ataques consigam executar 
um golpe crucial. Lembramos do judoca brasileiro, bicampeão mundial de Judô, João Derly, o qual se 
utilizava de bloqueios e defesas primeiramente para depois aplicar um golpe fulminante no adversário. 
Também o americano Muhammad Ali, campeão mundial dos pesos-pesados do Boxe, cujos bloqueios 
extremamente precisos contra seus adversários ficaram marcados na história, como na Luta contra Joe 
Frazier, em 1975, em Manila, nas Filipinas. Ainda acentuamos Natália Falavigna, competidora brasileira 
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de Tae kwon do medalhista mundial e olímpica, que usava com muita propriedade as defesas para 
depois desferir o contra-ataque.
Por fim, destacamos uma propriedade competitiva de combate excepcionalmente perspicaz, a 
pedra angular das Lutas, Artes Marciais, das Modalidades de Esporte de Combate e da Defesa Pessoal, 
o enfrentamento por meio das esquivas, fundamento técnico que possibilita apresentar as principais 
capacidades dos maiores Lutadores do mundo, pois exige excepcional aptidão motora de antecipação 
corporal. A esquiva não é umadefesa, pois não propõe o bloqueio da ação do oponente, mas faz com 
que os seus ataques sejam desperdiçados. A ação e energia executadas pelo atacante são dissipadas. 
Consequentemente, o atacante, em seu ímpeto de aplicação do golpe, fica propenso a perder seu 
equilíbrio corporal, ao desgaste físico e emocional, e desse modo vai tendo a potência e autoestima 
consumidas. Ao não conseguir incidir sobre seu antagonista, nota que não acertará seu oponente de 
maneira absoluta, percebendo a ruína de seus planos de vitória e perdendo a concentração, quando 
então se expõe mais facilmente aos contra-ataques do adversário. Lutadores que se utilizaram com 
grande competência da esquiva em seus combates foram: o brasileiro Éder Jofre, bicampeão mundial de 
Boxe, campeão mundial de Boxe, o americano Evander Holyfield e o brasileiro Lyoto Machida, campeão 
mundial do Ultimate Fighting Championship. Ainda citamos o americano Bruce Lee, do Jeet Kune 
Do, que usava as esquivas com grandiosa velocidade para derrotar seus adversários, e o russo Alexey 
Yakimenko, Esgrimista de sabre, que usa a esquiva para propiciar posições e circunstâncias excelentes 
para seu contra-ataque fulminante.
Enfim, Lutar é enfrentar pressões imediatas e contínuas. Para tal, é preciso grande capacidade 
motora física condicionante, competência motora coordenativa de movimentos, preparação psicológica, 
estratégica e o poder de adaptabilidade instantânea. Todas essas características, considerando-se 
aspectos táticos, foram assumidas de modo a se configurar como princípios de confronto.
Então, foram determinados estudos de enfrentamento ou, como já titulamos anteriormente, os 
princípios de confronto; eles foram sistematizados respectivamente de acordo com as condições de 
emprego e características da modalidade e os temperamentos dos atletas, pois uns preferem Lutar mais 
próximos e outros estarem mais distantes.
Os princípios de confronto visam instituir condições de adaptabilidade posicional, de distanciamento 
e de temporalidade a partir de antecipação de movimentos, esquema corporal (tamanho de segmentos 
articulares), grau de liberdade articular e probabilidades e disponibilidades de movimentação nas Lutas.
 Observação
Grau de liberdade corporal, segundo Bernstein (1967), refere-se às 
possibilidades de combinações de movimentos entre o tamanho dos 
segmentos ósseos e as angulações das articulações.
São princípios de confronto: o distanciamento corporal e as estratégias de Luta. O espaço sugerido 
para se propor a melhor distância entre os combatentes depende muito das características da Luta a ser 
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realizada, pois a aproximação ou o afastamento entre os Lutadores está sujeito aos golpes que podem 
ser efetuados, às regras da modalidade e às defesas e esquivas possíveis de serem efetuadas. Lutas, 
Modalidades de Esporte de Combate, Defesa Pessoal e Artes Marciais nas quais o envolvimento corporal 
exige muita proximidade entre os combatentes, por exemplo, as de agarre, caracterizam-se pelo princípio 
de confronto como de curta distância. Já as modalidades que empregam os toques com os segmentos 
corporais, como mãos, braços, pés e pernas se distinguem por serem designadas pelo princípio de 
confronto de média distância e, ao se empregarem armas e implementos como uma extensão corporal, 
para atingir seu oponente, trazem a marca do princípio de confronto de longa distância. Veja a seguir 
algumas figuras com exemplos dos princípios e as modalidades respectivas.
Figura 40 – Judô: Luta de aproximação (curta distância)
Figura 41 – Karatê: uso de segmentos corporais como precursores (média distância)
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Figura 42 – Kendô: emprego de implementos (longa distância)
Figura 43 – As espadas conferem maior distanciamento entre os esgrimistas
Obviamente um Lutador treina e se dedica para aprimorar suas qualidades mais proeminentes e 
procura diminuir suas deficiências em algumas das condições de enfrentamento aqui descritas.
Com a finalidade de oferecer uma organização didática para se compreender a utilização e as 
especificidades dos princípios de confronto, mostra-se na tabela a seguir a relação desses aspectos 
de enfrentamento com exemplos de Lutas, Artes Marciais, Modalidades de Esporte de Combate e 
Defesas Pessoais:
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Quadro 4 – Princípios de confronto, especificidades e exemplos de Modalidades de Esporte 
de Combate, Defesas Pessoais, Artes Marciais e Lutas em geral
Distância Característica Especificidade Exemplos de Lutas, DP, 
AM e MEC
Curta Oponentes muito perto 
um do outro.
Aproximação.
Ajuntamento.
Lutas de agarre ou com 
muita proximidade corporal. 
Oponentes enganchados.
Esquivas por giros e 
afastamentos corporais. 
Bloqueios com quadril e 
tronco. 
Jiu-Jitsu
Judô
Sumô
Luta Greco-romana
Wrestling
Glima
Schwingen
Sambo
Yağli güres
Krav Maga
Ving Tsu
Kurashi
Bayiridax
Média
Adversários mais 
distantes, usando como 
medida o tamanho de 
seus segmentos corporais 
envolvidos nas ações de 
ataques.
Golpes e afastamentos 
relativos a acertar e não ser 
acertado.
Bloqueios com os próprios 
segmentos corporais.
Esquivas: giros, aproximação, 
afastamento e háptica. 
Boxe
Muay Thai
Tae kwon do
Karatê
Savate
Capoeira
Longa
Lutadores mais distantes, 
atuando pelo alcance dos 
utensílios de ataque.
Ataques por meio de 
implementos e armas.
Esquivas corporais e por meio 
da háptica.
Bloqueios com os 
instrumentos da Luta.
Esgrima
Kendô
Nunchaku etc. 
Constam a seguir imagens que mostram esquivas e bloqueios que foram bem-sucedidos.
Figura 44 – Esquiva para trás – escape do chute no Muay Thai
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Figura 45 – Bloqueio de chute no MMA
Considera-se que a utilização dos princípios de domínio e de confronto das Lutas, Artes Marciais 
e Modalidade de Esporte de Combate constituem uma gama bem variada de fundamentos técnicos 
e o seu emprego no esporte exige grande responsabilidade, porque podem causar danos importantes 
naqueles que recebem seus ataques e são atingidos.
Sabe-se que no esporte de hoje as competições são conduzidas por regras muito rígidas e as lesões 
e prejuízos são circunscritos às situações mais acidentais e à falta de preparo esportivo do que pela 
atividade em si. Vamos discutir isso mais adiante ao apresentarmos a terceira unidade relativa ao esporte 
competitivo, pois lembramos que nesta primeira unidade deste livro-texto se está preconizando as Lutas 
no Esporte Educação. Assim, chegamos a um ponto de questionamento: como usar todo esse vasto 
espectro de possibilidades motrizes, psicossociais, cognitivas e suas combinações a fim de proporcionar 
a compreensão dos elementos das Lutas para a educação e formação aos seus aprendizes e iniciantes?
A seguir serão apresentados dados para direcionar o profissional da Educação Física a examinar 
possibilidades da utilização de elementos das Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Esporte de Combate 
e Defesas Pessoais para contribuir na construção educacional.
4 LUTAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
O esporte escolar brasileiro aponta para ser importante instrumento de ativação a fim de 
intervir a favor do desenvolvimento humano. Veja a declaração contida no portal do ministério do 
esporte brasileiro:
A finalidade do esporte escolar é o desenvolvimento integral do homem 
como ser autônomo, democrático e participante. Embora resguardando 
seu significado educativo, e os objetivos do projeto político-pedagógico 
de cada instituição, deve ter tratamento diferenciado dependendo de sua 
especificidade como objeto de estudo da Educação Físicaou como atividade 
complementar da escola. Caracterizado como espaço de intervenção e 
de direito social, o esporte escolar deve enriquecer e ampliar o currículo, 
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Unidade I
garantindo a gestão democrática e participativa e a elevação da qualidade 
de ensino. Precisa abranger a educação básica, pública e privada, e tratar seu 
conteúdo sob a perspectiva da inclusão. O foco é a elevação dos índices de 
frequência, o compromisso com a qualidade e a universalização do acesso 
às práticas do acervo popular e erudito da cultura corporal (MINISTÉRIO DO 
ESPORTE, [s.d.]).
Valores como o mérito obtido pelo esforço, respeito pelos seus próximos, criação de autonomia, 
a construção do conhecimento e exercício da cidadania, com plena consciência de seus deveres 
e consumação de seus direitos são qualidades do ser humano que devem ser, permanentemente, 
praticadas na aplicação da disciplina de Educação Física, trabalhando o corpo pelo movimento (BRASIL, 
1997). Como é possível usar as Lutas como meio educacional no mundo atual? Veja a descrição contida 
no PCN da Educação Física:
As Lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), 
mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou 
exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e 
defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir 
atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo 
de Lutas desde as brincadeiras de cabo de guerra e braço de ferro até as 
práticas mais complexas da Capoeira, do Judô e do Karatê (BRASIL, 1997).
Figura 46 – Cabo de guerra: combate coletivo para tirar o equilíbrio da equipe adversária
O criador do Judô, mestre Jigoro Kano, teve por norma que as Lutas consistiam a melhor maneira de 
realizar uma atividade física educacional, se devidamente organizadas e com elementos que permitissem 
a seus praticantes as executarem sempre em segurança, sobretudo por trazerem noções essenciais ao 
desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial (MIRANDA, 2004).
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
As Lutas seriam a base da Educação Física, em sua concepção primeira como atividade física para 
tornar o corpo saudável. Ao se exigir de cada combatente a manutenção de seu equilíbrio e a tentativa 
de se tirar o equilíbrio do adversário, constroem-se condições para o desenvolvimento de capacidades 
motoras coordenativas, cognitivas e psicossociais.
As capacidades motoras coordenativas são formadas pelo desempenho do sistema nervoso 
central (SNC) no controle de ações e na coordenação motora que envolve a recepção sensorial, a sua 
análise e o emprego efetivo por meio das respostas motoras necessárias para sua atuação, tais como: 
o próprio equilíbrio, o ritmo, a agilidade, a competência visomotora, a capacidade tátil-motora, a 
noção espacial, o esquema corporal, a lateralidade e a ambidesteridade, a orientação dimensional e a 
disposição espaçotemporal.
Ao se buscar a adaptabilidade frente aos desequilíbrios que são infligidos ao Lutador e nas mais 
variadas tentativas motrizes de combinações de movimentos e gestos específicos e complexos, deve-se 
de modo muito eficaz propiciar a integração dos sistemas visual, auditivo, tátil e proprioceptivo de tal 
modo a disparar impulsos nervosos que ajustem a seleção e o mecanismo de resposta motora. Dessa 
maneira, será criada a melhor combinação musculoarticular, a qual fará frente aos desafios motores e 
responderá de modo eficaz ao que se deseja alcançar.
Já no domínio cognitivo, e ao mesmo tempo em que age nas áreas motoras e emocionais, se provocam, 
na perspectiva intelectual, as seguintes qualidades na prática das Lutas: favorecimento do treinamento 
da mente para a reflexão, a antecipação e respectiva tomada de decisões, a ampliação da percepção e 
atenção, além de promover a manutenção e o aprofundamento da concentração. Essas propriedades 
são obtidas pelos desafios impostos concomitantemente pelos Lutadores entre si e também ao dualismo 
ação e reação corporal para a manutenção de sua estabilidade corporal e autoestima, aliadas aos desejos 
de enfrentamento de situações peculiares como mostrar ao adversário sua faculdade de manter sua 
posição de igualdade.
Por fim, simultaneamente, no campo psicossocial, e devido à intensa interatividade corporal e troca 
constante de estímulos físicos imediatos e contundentes por meio dos gestos técnicos específicos das 
Lutas, começa-se a propiciar a construção de conduta de respeito ao seu opositor. De forma adicional 
se aprendem os limites de atuação corporal, em especial pela experiência de ser desafiado a superar 
resistências ou ataques imprevisíveis e impostos instantaneamente pelo seu confrontante.
A vivência corporal integrativa agrega a corporeidade própria e conjunta, aplica e recebe uma 
diversidade de informações corpóreas que estimulam a percepção do outro, da sua importância e dos 
limites de atuação quanto ao autocontrole e aprendizado da contenção social (MIRANDA, 2004).
Obviamente, o papel do professor deve ser intenso, participativo e atuante, convidando o aprendiz a 
compreender sua função de ator importante na construção dessas capacidades motoras coordenativas, 
cognitivas e psicossociais. O docente deve manter-se bem atento, pois Lutas e Modalidades de Esporte de 
Combate expostas pela mídia fantasiosa, sensacionalista e exagerada, exercem fascínio pela plástica visual e 
pela exposição de certo domínio corporal, pelo qual determinado indivíduo, em situações específicas, subjuga 
a outro ser. Não se deve considerar o sentido da vida imposto somente por representações nas quais se 
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deturpam as atribuições das Lutas, propagando que somente os mais fortes podem mais e que o fim seja o 
de causar dano deliberado, pois assim seria o mesmo que briga, incitando à violência. O intercâmbio corporal, 
a combinação de gestos técnicos, as descobertas das próprias limitações e potencialidades precisa ser o 
pensamento de orientação do professor aos seus aprendizes de Lutas.
As Lutas, no seu argumento mais denso, são instrumentos de excelência para o desenvolvimento integral 
do ser humano, a partir do fato de que devem ser mostradas como significado da conjunção equilibrada 
entre o uso da máxima eficiência, com a maior habilidade de execução e o mínimo dispêndio de energia 
física. Dominar, conter ou sobrepujar seu opositor, não significa eliminá-lo, mas momentaneamente, e em 
determinada ocasião, a demonstração singular de superação de resistências circunstanciais.
Muitas Artes Marciais evoluíram, destacando que o adversário que se contrapõe às suas ideias, o qual 
resiste aos seus ataques e impõe limites em sua atuação física ou psicossocial, não deve ser desprezado 
nunca. Contudo, ao mesmo tempo, deve ter reconhecida a sua importância, pois seus estímulos corporais 
serão essenciais para se obter o próprio aprendizado.
Adicionalmente, chama-se a atenção para o fato da mistificação da aplicação dos fundamentos das 
Lutas nas aulas de Educação Física. Existe certo esoterismo nas relações dos instrutores e praticantes 
de Lutas, com o mundo da educação, na tentativa de preservar uma aura de complexidade acima da 
realidade. O professor de Educação Física deve se aprofundar nas pesquisas e estudar os elementos 
de construção das capacidades coordenativas e psicomotoras inerentes das técnicas usadas nas mais 
variadas Lutas e, desse modo, adaptar os conteúdos para os objetivos de estruturação da vivência 
corporal que permita a plena identificação com as distinções dos aspectos cognitivos, psicossociais, 
físicos e motrizes. Chama-se a atenção para o fato de que a utilização de especialistas ficaria mais bem 
reservada à complementaçãoespecífica de informações apropriadas à cultura de particularização ao 
rendimento esportivo, e não à área educacional.
Um olhar abrangente sobre a metodologia de ensino recomenda que se aproveite de sequências 
pedagógicas, após análises das modalidades cujas ações motoras mais proeminentes sejam 
demasiadamente complexas. Deve-se primeiramente pesquisar e compreender seus componentes 
em separado, efetuando plano de ensino que molde o aprendizado por encadeamento progressivo e 
avaliações respectivas, sempre em consonância com os objetivos pretendidos e estipulados pelo plano 
de aula e de estudo.
 Saiba mais
Para mais informações relacionadas ao princípio da aprendizagem do 
Judô, leia:
MIRANDA, M. L. A iniciação no Judô: relação com o desenvolvimento 
infantil. 2004. Monografia (Graduação em Educação Física). Instituto da 
Saúde, Universidade Paulista, São Paulo, 2004.
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Além disso, como as Lutas possuem o componente de concepção do pensamento dedutível e 
hipotético, com fundamentos de estratégias e táticas, para atender os parâmetros de diferenciação e 
demonstração de contestações esportivo-culturais, ou mesmo competitivas, recomenda-se o emprego 
dos Jogos de Combate.
As disputas por meio dos Jogos de Combate vão além do tradicional cabo de guerra e devem permitir 
a influência corporal mútua e implicar aprendizado efetivo.
Chegamos, então, na proposta de execução prática a qual auxilia o profissional da Educação Física 
a propiciar atividades que constroem caminhos seguros e bastante fáceis de serem empregados para 
o desenvolvimento inicial das Lutas. Essas atividades se associam às práticas mais indicadas pelos 
profissionais acadêmico-científicos para estabelecer parâmetros de consolidação de elementos físicos 
e habilidades motoras que ajudam no processo de construção do aprendizado das Lutas e ao mesmo 
tempo evitam a especialização precoce. Como já mencionamos, tais práticas são designadas de Jogos de 
Combate, cujas características descreveremos a seguir.
4.1 Jogos de Combate
Os Jogos de Combate são organizados por contendas nas quais o uso do corpo é instrumento de 
oposição e são extremamente úteis para a descoberta de potencialidades físicas e interação com o outro 
(CARTAXO, 2010). Essas contraposições agonísticas estabelecem regras de respeito, compreensão das 
próprias restrições físicas e, especialmente, incitação ao juízo de valor para tomar decisões imediatas, e 
ainda, o mais importante, de modo preciso e exercendo o exercício do cumprimento dos princípios de 
conduta frente ao seu próximo e de contenção.
As atividades praticadas na execução dos Jogos de Combate se caracterizam por interposição de 
elementos adquiridos das modalidades esportivas de combate, Artes Marciais e Defesa Pessoal, mas não 
são usados com seus fins últimos, os quais primeiramente visariam atingir efeitos mais contundentes, 
implicando resultados que poderiam causar desconfortos mais acentuados. No momento, procuram-se 
elementos por meio das Lutas para formar cidadãos e propiciar descobertas educativas. Ou seja, 
contrariamente aos alcances mais categóricos, utilizar-se-ão de aspectos relativos, que serão aproveitados 
para construir um acervo motor variado e propiciarão experiências interativas muito positivas e de 
caráter prático para o emprego na vida em sociedade.
Os Jogos de Combate exigem a edificação de capacidades físicas como força, flexibilidade, 
resistência e velocidade e geram condições para o exercício das capacidades motoras coordenativas 
já citadas. Destacam-se várias dessas capacidades coordenativas que são desenvolvidas pelos Jogos de 
Combate. Inicialmente, coloca-se como a principal competência coordenativa o equilíbrio, que exerce 
função primordial no controle de atos motores humanos e, em seguida, a agilidade, possibilitando 
apreender os conhecimentos sobre como dominar a rapidez na execução das ações corporais e mudá-
las instantaneamente. Depois chamamos a atenção para a disposição de noção espaçotemporal, 
adquirindo a ciência dos controles motores e julgamentos de deslocamentos corporais em relação ao 
espaço e tempo de realização. Incorpora-se à ambidesteridade, que determina o emprego igualitário e 
com qualidade idêntica das ações motoras pelos membros posicionados nos hemisférios anatômicos: 
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esquerdo e direito. Por fim, as aptidões viso, tátil e perceptivo-motora, cujas características provêm de 
reações a partir da recepção de estímulos enviados e analisados pelo respectivo sistema sensório-motor.
No aspecto cognitivo, ressaltamos que a necessidade de se avaliar continuamente as ações às quais 
somos submetidos pelos adversários provoca intensificação das respostas baseadas no tempo de reação 
e da capacidade de antecipação, intensificando o raciocínio rápido para adotar deliberações e determinar 
escolhas momentâneas.
No campo emocional, os Jogos de Combate, sutilmente, possibilitam que as pessoas sofram ínfimas 
pressões de perdas súbitas e suportem condições de inferioridade, de detrimentos dissimulados e ausência 
da condição de se sentirem superiores. Durante os Jogos cada momento é uma história, pode-se estar 
vencendo e no instante seguinte ser derrotado. Descobre-se que a habilidade de um suplanta a força de 
outrem. A ansiedade na realização de ações sem as devidas precauções, e tecnicamente mal executadas, 
pode levar a condições cada vez mais instáveis e deixar o indivíduo em situação progressivamente mais 
delicada e sujeito a sofrer mais desequilíbrios e perdas. Portanto, vão se estabelecendo parâmetros mais 
importantes para se aferir a necessidade de autocontrole e contenção emocional, a fim de que se possa 
alcançar objetivos e obter sucesso na coletividade. Ainda no aspecto psicossocial, nos Jogos de Combate 
percebe-se que as superioridades corporais podem ser incertas e mutáveis. Em uma Luta compreende-
se que nunca estamos no controle absoluto do momento, que as mudanças são variáveis e constantes. 
Isso possibilita a formação de indivíduos mais conscientes para serem precavidos, que tenham um trato 
mais entusiástico e cordial diante das condições familiares, profissionais e sociais. O indivíduo vai se 
descobrindo e compreendendo suas potencialidades, aprende que na vida existem limitações as quais 
deve se inteirar e precisa tentar superar ou, então, evitá-las para que não tomem conta de sua existência.
A seguir serão disponibilizadas fotos com alguns exemplos de Jogos de Combate de fácil execução 
e compreensão, os quais estimulam bastante a interatividade corporal, excitam a tomada de decisão 
imediata e incitam a aproximação física.
Figura 47 – Luta do sapo: tentativa de desequilíbrio dinâmico em posição agachada
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Figura 48 – Luta do saci: tentativa de desequilíbrio apoiada em um pé só
Figura 49 – Jogo do tocar no ombro dinamicamente
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Figura 50 – Jogo do desentoca o tatu
Figura 51 – Jogo do empurra-empurra de costas
4.2 Bullying e as Lutas
Percebe-se pelas descrições anteriores a importância da prática das Lutas no contexto do Esporte 
Educação. Valores sociais e cognitivos, além dos físicos-motores, são disponibilizados pela riqueza da 
interatividade corporal, dos desafios a serem superados quando nos achamos diante de demandas 
decisivas, as quais envolvem a manutenção de nossa modéstia, autoestima e da posição de avaliação de 
nosso progresso e desempenho das habilidades motoras e da capacidade de inteligência.
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Os grupos adolescentes e infantojuvenis se espelham em costumes e códigos que acontecem ao seu 
redor. Dessa maneira, é de suma importância promover tais valores nessas faixas etárias para construção 
de seres mais afinados com a convivência igualitária, respeitosa e que gere o sucesso cordial e do bem-
estar dos indivíduos.
No entanto, nem sempre nos deparamos com crianças e jovens de temperamento afável e tampouco 
cujas condições de educação familiar ou que envolvem sua vizinhança tragam ou despertem esses 
valores e, por conseguinte, agem de maneira a realizar, imitar, perpetuar e praticar atos, os quais se 
desvirtuam da convivência afetivo-social aceitável.
Assim sendo, nas escolas e no dia a dia de adolescentes e no universo infantojuvenil, existem práticas 
de constantes afrontas, que são relativas ao emprego de imposições, as quais surgem de características das 
mais diversas da índole humana não domada e incoerente com a vida em sociedade, tais como: liderança 
exacerbada, ordenação de constrangimento para cumprir atividades que sirvam a interesses imperiosos 
próprios, autoritarismo e coação e sujeitar seus pares a efetuar práticas e tarefas não condizentes com o 
bem-estar e a paz de espírito. Surge o intimidador, que impede que seu semelhante, visto como subalterno, 
possa agir com naturalidade e atingir o seu próprio progresso e disposição na coletividade.
É comum saber-se que, rotineiramente, em escolas e quaisquer outras comunidades, existam obras 
de repressão, opressão, agressões, atos de violência, supressão de liberdade, retirada de valores e coação 
nos aspectos: físico, moral, social e psicológico. Essas ações são chamadas de bullying, termo que 
derivou da literatura inglesa, o qual se pode traduzir com bastante conveniência para abranger tamanha 
capacidade negativa de atuação social com a palavra em português: intimidação.
A intimidação é realizada por indivíduos que primam pelo desprezo aos seus próximos e acreditam 
serem superiores, agindo de maneira arrogante, impositiva, violenta e causando distúrbios. Usualmente, 
atuam intimidando indivíduos que não estão preparados para enfrentar situações de chantagens, 
extorsões, ameaças e bravatas, pessoas que não sabem lidar com pressões sociais e são de natureza mais 
compassiva e introvertida.
Equivocadamente, diretores de escolas, professores e a mídia em geral acreditam que a prática de 
Lutas na escola ou nas sociedades poderia trazer mais incitação a atos violentos, mas já mencionamos 
trabalhos acadêmicos anteriormente nos quais o exercício das Lutas aumenta as qualidades de integração 
social e de solidariedade. A causa principal é a compreensão de que somos todos potencializados para 
exercer movimentos que possam trazer condições de enfretamento a qualquer ação intimidante cujo 
objetivo seja nos colocar em posição inferior. Simplesmente, para enfrentar os intimidadores, pode-se 
fazer o uso de habilidades físicas, baseadas em técnicas específicas, as quais não possuem características 
ou a necessidade de que haja o emprego da força física.
Como já citado, um dos fundamentos básicos de enfrentamento, utilizado nas Lutas, é a esquiva, 
que se baseia em possibilitar a saída do raio de ação de ataque do adversário. Com isso, o opositor 
exerce uma ação na qual desperdiçará sua energia e concentração. Caso a ação seja realizada de modo 
exasperado, comum nas ações de bullying físico, a esquiva deixará o executor em posição de perda de 
equilíbrio, pois sua energia será perdida.
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Ela é executada em todas as modalidades de Lutas, assim todos os seus praticantes terão 
necessariamente de passar pelo seu aprendizado durante a prática. Os praticantes adquirem a esperteza 
de seu uso no aspecto físico e vão além, aplicando-a no trato social, pois conseguem se desvencilhar de 
afrontas e abusos verbais ou morais e encarar seus insultantes, ignorando os ultrajes e deixando-os em 
posição grotesca.
O praticante de Lutas e dos Jogos de Combate facilmente não liga para palavras fúteis e de 
baixo calão, injúrias ou ofensas, pois não o atingem, sabedor que esses insultos não têm sentido, 
uma vez que possui uma vida correta e honesta, e assim age de modo a deixar passar a energia 
negativa provinda de indivíduos despreparados para o convívio coletivo. Ao agir assim, o agressor 
se torna impotente e fica totalmente sem ação, pois não houve reação e suas falácias foram 
jogadas ao vento, sem significação alguma.
Portanto, acostumado a lidar com as pressões das Lutas e agir com racionalidade no aspecto físico, o 
praticante de Lutas, e em especial dos Jogos de Combate, fortalece vínculos com uma condição de seres 
mais centrados e dispostos ao diálogo e de solução de problemas por meio do consenso e da harmonia. 
Esses praticantes são bastante determinados e psicologicamente fortes e decididos, não hesitam em 
tomar atitudes definitivas e categóricas.
 Observação
Bullying é a intimidação exercida por sujeito opressor por meio de 
agressões violentas ou sutis, físicas e psicológicas, praticando coerção e 
tratando os outros como subalternos.
Por outro lado, os indivíduos que exercem a intimidação e não possuem controle emocional e os quais 
partem para a agressão de seus pares, ao começarem a prática de Lutas, veem-se diante de praticantes 
mais avançados e precisam aprender a lidar com a superioridade desses agentes interativos. Destarte, 
eles precisam de maior necessidade de se precaver, de tomar decisões mais racionais e intuem que 
sempre existirá a possibilidade de alguém lhe ser superior e impor decisões e posições desconfortáveis. 
Também, ao se depararem com praticantes mais avançados, não poderão agir de modo exasperado e 
partir para ações súbitas e ataques inconsequentes, sem levar em conta que existe alguém que tem mais 
poderes e habilidades desenvolvidas. Por um lado, o praticante mais avançado se utilizará de recursos, 
como a própria esquiva e habilidades mais complexas, sobrepujando e fazendo seu oponente se render 
ao seu domínio. Por sua vez, o intimidador vai aprendendo a se conter e a tomar ciência de sua posição 
social, controlando seus impulsos e agindo de modo mais refreado e compreensivo, de acordo com as 
regras da boa convivência.
Percebe-se que os Jogos de Combate são instrumentos muito úteis na construção de hábitos de 
conduta e formação de uma pessoa com caráter dinâmico, proativo, respeitoso e ciente de seus deveres e 
direitos. Consequentemente, as Lutas são ferramentas educativas de grande valor humano e que podem 
trazer vantagens e benefícios que minimizam a manifestação do bullying nas escolas e comunidades.
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4.3 Lutas e interdisciplinaridade
De acordo com Klein (1990), interdisciplinaridade vem a ser genericamente a unificação das ciências, 
integração do conhecimento e também a junção de saberes disciplinares. Nota-se que o conceito está 
intimamente ligado à cultura e às vivências sociais e necessidades humanas.
O ser humano se vê diante das mais variadas oportunidades de autorrealização, mas deixa escapar 
possibilidades de compreensão e conexão com a sua vizinhança e de participar ativamente de seu 
mundo. Isso ocorre não por sua culpa exclusiva. Ordinariamente a família, a política, as comunidades 
e o setor educacional têm apresentado muitas deficiências na formação do caráter pessoal e social. 
Mais nitidamente, adverte-se para o insuficiente aprofundamento das vinculações racionais que façam 
as crianças e os adolescentes se envolverem em maior participação social, política e construção de 
seu conhecimento e sua autonomia. Ou seja, não se estão dando condições para os jovens inteirarem 
elementos em seus estudos que os façam conter uma maior compreensão da realização humana nos 
aspectos individuais e coletivos.Daí a importância da interdisciplinaridade na Educação Física e, como 
temos chamado a atenção, no Esporte Educação.
A partir da atuação do profissional da educação e da saúde, ou seja, o profissional da Educação 
Física, o conceito de interdisciplinaridade deve ser imensamente usado na edificação de seres mais 
cientes de sua importância na sociedade e o mais saliente: tomar consciência de seus deveres e direitos.
Como já citamos, as Lutas fizeram e fazem parte do cotidiano humano desde a sua existência, desde 
os primórdios da civilização, e se atrelam com a cultura de modo intenso e interagente. Repete-se aqui 
que cada civilização possui uma maneira de Lutar própria baseada em seus costumes e tradição corporal 
e instrumental.
Fica evidente e significante ressaltar que o ensino de Lutas propicia e estimula a ampliação de 
estudos interdisciplinares. Pode-se usufruir da riqueza de informações, aspectos culturais como 
costumes, mitologia, vestimentas e movimentos próprios, práticas que abrangem crenças associando 
deuses, atividades marciais e implementos de combate, significados dos movimentos e o que pretendiam 
alcançar, ritualização de caracteres: saudações, sentido da honra, coragem e obediência.
A abundância de palavreados empregados em academias, competições, arbitragem e seus significados 
também é expressiva, pois se veem relacionados com idiomas dos quais partiram sua sistematização 
mais proeminente. Como exemplo, pode-se citar: Judô (japonês), Kung Fu (chinês), Esgrima (francês), 
Wrestling (inglês americano), Capoeira (tupi-guarani), Boxe (inglês), Muay Thai (tailandês) etc.
Adicionalmente, por meio dos estudos sobre a prática de Lutas, pode-se fazer associação com a 
política e os momentos específicos de diversos povos, tais como: estratégias de combate na defesa de 
território, busca de víveres e valores comerciais e de sobrevivência, além de mostrar seu emprego pelos 
imperadores e reis para festivais de Lutas que visavam celebrações, entretenimento e cerceamento de 
manifestações coletivas.
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As pesquisas sobre participação competitiva, atuação motivacional e ansiedade também se 
relacionam com as Modalidades de Esporte de Combate e com as Artes Marciais e seus praticantes.
Como se pode notar, as Lutas têm íntima ligação com as ciências humanas, como a Geografia, 
Sociologia, História, Filosofia, Psicologia, Logística, Teologia e Linguagem.
No campo das ciências naturais, ressaltamos: organização das características de funcionamento 
do corpo, alterações hormonais, angulações articulares e rapidez de execução motriz, posicionamento 
corporal, controle do corpo, uso da força e da velocidade, combinação de capacidades condicionantes 
e coordenativas, deslocamentos, amplitudes corporais, lesões no esporte e treinamentos. Além 
disso, estudos e práticas para a formalização dos aprendizados na iniciação esportiva em relação ao 
desenvolvimento físico, motor, cognitivo e afetivo-emocional.
Portanto, percebe-se que a disciplina de Lutas se alia de modo bastante próximo às disciplinas 
de Matemática, Física, Química, Biologia, Anatomia, Biomecânica, Fisiologia, Medidas e Avaliações, 
Aprendizagem Motora etc.
A troca entre a disciplina de Lutas e as outras áreas educacionais deve ser mútua e fartamente 
aproveitada no âmbito educacional. A coexistência precisa ser atraente e proporcionar a conglobação 
dos desempenhos humanos em sociedade.
A referida disciplina se constitui, enfim, em uma ferramenta imprescindível para aplicação nas aulas 
de Educação Física, trazendo bases de formação indispensáveis para que o indivíduo possa compreender 
mais intimamente o porquê de a Luta ser um atributo intrínseco da condição humana.
Consequentemente observa-se que o profissional de Educação Física necessita se incorporar aos 
conceitos, princípios e características das Lutas de modo a unificar com outras disciplinas formativas os 
extraordinários valores das ciências naturais e humanas. Aproveita-se o ensejo para discutir como tal 
profissional pode se preparar para inserir o conteúdo de Lutas por meio do Esporte Educação.
4.4 O papel do profissional de Educação Física e as Lutas
A mídia sensacionalista criou uma imagem de esoterismo e inacessibilidade acerca das modalidades 
de combate, Artes Marciais e Lutas, enfatizando-as como atividades fechadas, de grande dificuldade 
motriz e impenetrável. Destaca-se nos meios de comunicação que as práticas de Artes Marciais 
sempre são versadas apenas por alguns excepcionais personagens e que os resultados são sangrentos e 
devastadores. Ressalta-se a impressão tortuosa de que Lutadores e artistas marciais possuem habilidades 
consagradas, e tão desenvolvidas, que podem se apoderar de quaisquer ações e reações humanas, sendo 
seres intransponíveis, inacessíveis ou até verdadeiras divindades.
Por esses motivos midiáticos, a população em geral acabou intitulando uma conotação equivocada 
das Lutas, impressionando-se deveras com a complexidade dos movimentos executados e a sensação de 
estarem a anos-luz de sua concepção. Não se pode negar que os golpes e as ofensivas nos combates são 
realmente muito rápidos e decisivos, dando a impressão que muitos não seriam capazes de realizá-los. 
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Obviamente isso ocorre, como se sabe, acadêmica e cientificamente, pois nossas crianças e jovens não 
têm tido oportunidades motoras e acesso ao exercício combativo corporal planejado, tampouco têm 
sido estimulados e motivados para seu aprendizado e entendimento.
Adicionalmente, a metodologia específica e aprofundada das Lutas exige a sua prática em espaços 
mais exclusivos. Esses lugares são apresentados, e até considerados como sagrados, verdadeiros santuários 
ou templos e recintos restritos. Lembra-se também que as competições são efetuadas sobre tatames, 
tapetes especiais, ringues, tablados de Luta e estrados protegidos. Por outro lado, os aprendizados de 
elementos fundamentais das Lutas e da prática dos Jogos de Combate não exigem especializações tão 
densas assim, como já se mencionou anteriormente.
Enfim, essas condições incabíveis parecem distanciar e afetar as pessoas comuns que se sentem 
temerosas em terem de se deslocar para ambientes nos quais poderiam se sentir mais inseguras diante 
do desconhecido legendário.
Por mais incrível que possa parecer, os profissionais de Educação Física estão bastante coligados 
às considerações descritas de como veem as Artes Marciais e Lutas. Sentem-se despreparados, sem 
confiança e hesitantes na aplicação da disciplina de Lutas como Esporte Educação. A razão para isso 
é a falta de envolvimento que professores de Educação Física têm nas fundamentações das práticas 
corporais de Lutas. Essa é uma deficiência remota das aulas de Educação Física dentro da educação no 
Brasil, pois infelizmente muitos docentes, por questão de conveniência e acomodamento profissional, 
não se dão ao interesse de promover as práticas corporais de combate. Usam desculpas de falta de 
espaço, falta de material e desconhecimento técnico. Tudo isso tampouco se justifica, conforme se tem 
exposto até o momento.
Faz-se relevante que as grades curriculares dos cursos da área desmistifiquem essas condições de 
falta de vontade e acomodação e promovam o conhecimento extraordinário das práticas corporais de 
combate, em especial por meio de Jogos de Combate e interdisciplinaridade educacional.
A disciplina de Lutas deve ser abrangente e direcionar o estudante de nível superior, moldando 
as concepções mais contemporâneas da educação e incorporadas com os aprendizados corpóreos da 
Educação Física. Esses aprendizados estão diretamente relacionados à promoção e ao aumento das 
habilidades motoras e capacidades físicas para a saúde e o bem-estar, o entendimento do movimento 
como instrumento de motivaçãopara a inteligência e a interatividade social e afetiva.
É preciso se preocupar em ampliar sua ciência acerca das Lutas e sua aplicação na Educação Física. 
Obviamente, um profissional de Educação Física deve possuir uma boa base dos fundamentos usados 
nas Lutas e aprofundá-los por meio de estudos e pesquisas.
Durante os estudos universitários, é impossível ao estudante adquirir a técnica apurada de cada Luta, 
pois já vimos que são centenas, talvez milhares, espalhadas nas mais diversas culturas. Já realçamos que 
para ser um expert, ou seja, perito em uma Luta específica ou quaisquer outras atividades esportivas 
particulares, precisa-se muito treinamento e dedicação exclusiva. O acadêmico, por outro lado, pode 
incrementar os seus saberes por meio de visitas a academias de Artes Marciais e clubes que promovem as 
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modalidades esportivas de combate, assistir competições, acessar livros e artigos científicos. O estudante 
universitário pode ainda debater as características que circundam o mundo formidável das Lutas como a 
violência, o contato corporal, o respeito, a tolerância, o autocontrole etc., apresentar trabalhos, práticas 
como componente curricular, planejando e disponibilizando aulas com elementos sobre as Lutas.
Um profissional de Educação Física deve esquematizar as aulas de Lutas por meio de literatura 
apropriada, aliada à criatividade e a elevados objetivos educacionais, provocando questionamentos e 
argumentações.
Os instrumentos contidos na disciplina de Lutas são muito abrangentes. Eles têm sido constantemente 
confundidos como atividades violentas e pouco usadas na educação escolar e como Esporte Educação. 
O profissional de Educação Física tem obrigação de desmistificar esses conceitos e aplicar a riqueza 
das características das práticas de Lutas para o bem comum. Faz-se necessário que o profissional se 
complete e preencha esse espaço na educação brasileira.
Os PCN foram um marco importante para ampliação do emprego das Lutas na Educação Física e 
os professores de Educação Física devem se apropriar das Lutas como instrumentos importantes para a 
ampliação educacional infantojuvenil.
Basta ver as recomendações sobre atividades de oposição e a Luta da Capoeira, a qual possui uma 
variedade de subsídios que se associam a história e cultura corporal no Brasil. A seguir, aproveita-se 
dessa indicação e vai-se explorar o aparecimento e a manifestação dessa Luta brasileira e de outras 
atividades corporais de combate indígenas nativas da terra brasilis.
4.5 Lutas brasileiras
Não podemos perder as origens e as Lutas que fizeram parte do cotidiano indígena e das linhagens 
de combates que prosperaram e se perpetuaram na nossa cultura. O Brasil atualmente possui cadastrado 
pelo Censo realizado em 2010, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 305 etnias 
indígenas, alcançando aproximadamente 897 mil indivíduos (IBGE, 2012). Muitos prélios foram praticados 
em nosso território, e tinham alegorias próprias e distintas, das quais podemos apresentar um pouco 
de suas expressões. Lutas entre tribos e contra invasores externos europeus – portugueses, franceses 
e holandeses – principalmente, foram relatadas por alguns historiadores, artistas e mercenários que 
habitaram nossas terras desde o descobrimento pelos portugueses, em 1500 EC.
4.5.1 A Capoeira
A Capoeira é a Luta mais conhecida do Brasil. Hoje é considerada patrimônio cultural imaterial da 
humanidade, conforme se certifica pela citação da Unesco.
A Roda de Capoeira foi inscrita na Lista Representativa do Patrimônio 
Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco. O anúncio foi feito hoje 
(25/11/2014), na 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda 
do Patrimônio Cultural Imaterial, comandado por José Manuel Rodríguez 
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Cuadros (Peru) e aberta no último dia 24/11 na sede da Organização em 
Paris, França (UNESCO, 2014).
A palavra Capoeira, é consenso entre os etnólogos, pertence à origem tupi-guarani. O Padre José de 
Anchieta cita no livro original A Arte da Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil, editado em 
1595, as palavras kaá (mato) e poêra (o que foi).
O vocábulo também se associa à outra designação guarani caápuéra, que significa “mato ralo” ou 
“mato renascido”, conforme descreve Frederico G. Edelweiss, no livro de Teodoro Sampaio, O Tupi na 
Geographia Nacional, de 1901.
 Saiba mais
Para obter um aprofundamento em relação aos vocábulos, recomenda-
se a leitura integral da obra:
SAMPAIO, T. O Tupi na geographia nacional. São Paulo: Typ. da 
Casa Eclectica, 1901. Disponível em: . Acesso em: 2 abr. 2018.
Antenor de Veras Nascentes (1886-1992) diz que a ave de nome Capoeira está ligada à origem da 
Luta. A ave uru (odontophorus capueira – spix), cujo macho é muito ciumento, trava Lutas violentas com 
o rival que ousa entrar em seus domínios e ataca com muita agilidade (os movimentos se assemelham 
aos da Capoeira) (NASCENTES, 1935).
Há também outra proposta que provém do termo português mais antigo relativo ao nome de um 
cesto para guardar capões (galináceos castrados e aves novas): chamado de capoeyra, atualmente 
capoeira mesmo, encontrado em todos os dicionários de língua portuguesa, que eram usados em barcas, 
mercados e fazendas. O vocábulo então passou do objeto para a atividade realizada pelos capões, que 
batiam cabeça e brigavam, ou seja, “brigavam ou divertiam-se” dando cabeçadas, divertiam-se na 
Capoeira. Para vários outros autores, a adesão do nome provém da designação dos cestos de taquara 
fechado para engaiolar pássaros capões e aves, chamado de Capoeira. Diziam os escravos: “vamos sair 
da Capoeira”.
Assim como a origem do termo é bastante discutida, a procedência da Luta segue os mesmos padrões 
e existem vertentes diferenciadas para se determinar sua ascendência.
A origem da Luta Capoeira é largamente debatida e conflitos de autenticidade têm sido levantados 
frequentemente. Ela indiscutivelmente ficou conhecida devido à sua atuação preponderante pelos 
escravos negros como um combate afrodescendente.
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Unidade I
Vejamos a seguir o que diz Hahner:
A Capoeira começou como um tipo diferente de defesa e diversão entre os 
escravos africanos no Brasil, já que eram proibidos de usar armas de fogo 
e espadas (armas de seus senhores), para se defender e dar chutes em seus 
adversários. Tornou-se mais tarde uma forma de Luta organizada e mortal 
nos maiores centros urbanos do século XIX, especialmente no Rio de Janeiro, 
Salvador e Recife. Durante todo o século XIX e início do século XX, apesar de 
ser ilegal a prática da Capoeira, os grupos Capoeiras foram frequentemente 
utilizados por chefes políticos locais para assegurar vitória nas eleições: 
dissolviam comícios de adversários, criavam desordens e intimidavam os 
eleitores. Na primeira metade do século XX, a Capoeira se transformou em 
um esporte com aparência de dança, tornando-se uma importante expressão 
de nosso folclore (HAHNER, 1993).
Porém, outros autores têm indicado que a Capoeira já era praticada pelos nativos aqui presentes, 
em especial os da etnia tupi-guarani. Vários relatos de Lutas ferozes travadas entre europeus e os 
aborígines brasileiros mencionam que estes efetuavam movimentos bastantes mirabolantes com 
alegorias físicas que estendiam o corpo e dificultavam as tentativas de dominação. Eram muito ágeis 
e inacreditavelmente ligeiros. Algumas narrativas sugerem extrema flexibilidade e movimentação em 
forma de esquivas muito eficientes em confrontos corporais.
No livro de Guilherme Theodoro Pereira de Mello (1908) sobre a música no Brasil, Música no Brasil: 
Desde os Tempos Coloniais98
5.2 Segurança pública e a prática participativa nas Lutas .......................................................100
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5.3 Lutas e a promoção da saúde........................................................................................................102
5.4 Idosos e as Lutas .................................................................................................................................105
5.5 As Lutas virtuais ..................................................................................................................................110
6 LUTAS E RECREAÇÃO ...................................................................................................................................116
6.1 Lutas na recuperação de dependentes químicos ..................................................................122
Unidade III
7 LUTAS NO ESPORTE DE RENDIMENTO ..................................................................................................130
7.1 O estudo da Biomecânica nas Modalidades de Esporte de Combate ...........................132
7.1.1 Os deslocamentos nas Modalidades de Esporte de Combate ........................................... 135
7.1.2 Capacidades motoras condicionantes e suas consequências ............................................ 137
7.1.3 Equilíbrio nas Modalidades de Esporte de Combate ..............................................................141
7.1.4 Torque e alavancas nas Modalidades de Esporte de Combate .......................................... 142
7.2 Aspectos fisiológicos nas Modalidades de Esporte de Combate.....................................148
7.3 Perda deliberada de peso ................................................................................................................154
8 MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM MODALIDADE DE ESPORTE DE COMBATE ..................................155
8.1 Medidas fisiológicas ..........................................................................................................................156
8.2 Medidas subjetivas .............................................................................................................................157
8.3 Avaliação de medidas motoras e físicas ...................................................................................158
8.4 Metodologia de treinamento para Modalidades de Esporte de Combate ..................159
8.4.1 Periodização ........................................................................................................................................... 162
8.5 Lesões nas Modalidades de Esporte de Combate ..................................................................163
8.6 Arbitragem nas Modalidades de Esportes de Combate ......................................................165
8.7 Características psicológicas ............................................................................................................167
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APRESENTAÇÃO
A disciplina Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos tem intenção de ser uma 
ferramenta valiosa para contribuir com o desenvolvimento do estudante de Educação Física, em 
especial, apresentar instrumentos que permitam ao futuro professor empregar todos os seus 
abrangentes recursos pedagógicos, com o intuito de incrementar aspectos físicos, cognitivos e 
psicossociais de seus praticantes.
Desse modo, a disciplina caminhará para introduzir elementos de construção de importantes valores 
da área da Educação Física e esportes: discorrerá sobre aspectos relacionados às ciências humanas, isto é, 
entender o comportamento humano diante do aprendizado e exercício das Lutas, e as ciências naturais, 
ou seja, a compreensão no emprego dos elementos de natureza anatômica, mecânica e fisiológica na 
prática das Lutas.
A disciplina visa dar suporte à formação integral do universitário e versará de modo abrangente a 
tudo que se relacione ao universo das Lutas.
INTRODUÇÃO
A humanidade tem se deparado com as Lutas desde os tempos mais remotos. Atualmente elas 
estão cada vez mais difundidas no contexto social, econômico, político e esportivo. Assim, a disciplina 
Lutas vem ao encontro da necessidade de o futuro professor se envolver com a aplicação de seus 
fundamentos nas aulas de Educação Física para iniciação esportiva, lazer, promoção e conscientização 
da saúde, autoconhecimento e de alto rendimento esportivo, e relacioná-los com elementos sociais, 
educativos e o progresso individual e coletivo.
O conteúdo a ser oferecido nesta publicação transcorrerá por associação com outras áreas do 
conhecimento humano, pois abordaremos a filosofia e a sociologia das Lutas, a classificação motora e 
o aprendizado expansivo de seus gestos técnicos, os estudos biomecânicos, a aplicação dos princípios 
básicos da fisiologia e da metodologia de treinamento para os praticantes de Lutas. O leitor vai encontrar 
subsídios para formalizar um acervo importante sobre história, origens, metodologias de instrução 
formativa, preparação generalizada e fundamentos científicos que permitam sua atuação nas áreas 
de introdução técnica-esportiva das Lutas e, adicionalmente, a captação do universo de informações 
acadêmicas necessárias para sua futura especialização em aplicação desportiva competitiva.
Portanto, é essencial que no Ensino Superior de Educação Física se possa analisar a disciplina de 
Lutas em um conjunto abrangente de aplicações (DEL VECCHIO; FRANCHINI, 2006).
A dimensão e as especialidades das Lutas são tamanhas e exigem adaptações particulares para o 
seu estudo e compreensão. Logo, vamos direcionar três unidades específicas para nossa apresentação: 
1º) as Lutas no contexto do Esporte Educação – formação e iniciação esportiva, vinculada ao princípio 
do desenvolvimento esportivo e à construção da cidadania; 2º) do Esporte Participativo – recreacional e 
saúde e, por fim, 3º) do Esporte de Rendimento – competição e preparação esportiva profissional.
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 Observação
Usaremos AEC para nos referir a Antes da Era Comum e EC para Era 
Comum. A Era Comum se inicia com o ano I do calendário gregoriano.
 Observação
As seguintes palavras serão escritas nesta publicação sempre 
em maiúsculas: Luta(s), Artes Marciais, Modalidades de Esporte de 
Combate, Defesa Pessoal, Esporte Educação, Esporte Participativo e 
Esporte de Rendimento.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Unidade I
1 LUTAS NO ESPORTE EDUCAÇÃO
Primeiramente se faz necessário relembrar a definição de Esporte Educação e seus aspectos mais 
contemporâneos e, para isso, vamos discorrer de forma breve sobre o aparecimento de atividades 
esportivas humanas.
O esporte (ou as atividades pré-esportivas) é um fato real, que aconteceu de modo indispensável 
na sociedade humana desde os tempos mais remotos. Em especial, o nascimento do esporte combativo 
decorreu, essencialmente, da necessidade do ser humano em sistematizar os movimentos instintivos 
da Luta, da espontaneidade corporal, e se fundamentou nas vertentes primitivas da natureza humana 
relativas à manutenção de sua própria sobrevivência.
É fato que para chegarmos aonde chegamos como sociedade organizada, o enfrentamento prévio 
com predadores foi constante, e graças à manifestação da inteligência o ser humano se sobressaiu 
de modo incomparável diante de todas as ameaças que o colocavam em risco de se transformar em 
alimento de animais maiores e carnívoros. Além disso, a organização social e o desenvolvimento de armas 
auxiliaram bastante no estabelecimento de uma posição mais confortável frente aos seus inimigos mais 
imediatos. Na verdade, podemos descrever essas manifestações corporais de defesas e ataquesaté o Primeiro Decênio da República, há menção sobre a Capoeira ter raízes 
indígenas, dos autóctones que aqui habitavam o nosso solo, a terra brasilis. A descrição está contida 
na página 108: “é o jogo da Capoeira, arte da Esgrima de origem indígena, em que estuda a ofensiva e 
defensiva na briga [...]”.
Também se apresentam no livro de Léry (1961), missionário francês, descrições acerca das 
manifestações corporais indígenas contendo colocações que os indígenas brasileiros das etnias Uetacás 
e Tupis-guaranis, em confrontos contra outras tribos e invasores europeus, usavam de artimanhas 
estranhas. O autor ainda cita as ações como “furibundas cambalhotas” e movimentos rápidos e coléricos, 
muito velozes e que os índios não se deixavam acertar nos conflitos corpo a corpo, pelo emprego de 
estrepolias, saltos, meneios e circulações ao redor do oponente (LÉRY, 1961).
Corrobora com esses escritos as declarações de Nieuhoff (1988), que relatava as Lutas dos nativos 
brasileiros nas regiões potiguares e pernambucanas. Seus descritos dispunham que os índios se 
reuniam em círculos e moviam os corpos como animais, batendo as mãos e percutindo os pés no chão, 
aproximando-se com ataques por golpes de pernas e cotoveladas e se afastando rapidamente com 
saltos e giros.
Uma das referências mais contundentes sobre a origem indígena da Capoeira é a descrição dada 
pelo teólogo e historiador holandês Gaspar Barléu (Caspar van Baerle) no livro Rerum per Octennium 
in Brasilia (BARLÉU, 1940), o qual conta sobre a passagem de oito anos do governador Maurício de 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Nassau e alerta sobre as Lutas dos índios Tapúias. Seus relatos mencionam que as Lutas se davam por 
meio de uma roda de autóctones em que dois participantes se enfrentavam com pernadas, cotoveladas, 
cabeçadas e movimentos que lembravam animais em combate.
Outra referência acerca da origem das Lutas indígenas brasileiras é a exposição de Soares (2001) 
citando Plácido de Abreu, que afirma, em 1866, ser a Capoeira uma Luta que se criou entre nós e 
dificilmente pertence ao universo africano, que não conhecia os movimentos da Capoeiragem. Essa 
afirmação contemporiza com as do antropólogo austríaco Gerhard Kubik (1994), especialista em 
movimentos musicais, linguagens e manifestações corporais africanas e suas influências na cultura 
brasileira, que estranha a conotação Capoeira de Angola, pois alega que não existem Lutas ou danças 
que se pareçam com os movimentos da Capoeira nesse país.
O luso Martim Afonso de Souza, nos idos de 1532, atracou pelas costas brasileiras para efetivar as 
distribuições das capitanias hereditárias e em sua armada estava o seu irmão e escrivão, Pero Lopez, que 
menciona assistirem a Lutas dos indígenas nas praias, com movimentos de grande agitação, lépidos, e 
que se pareciam com tentativas, antes de tudo, de enganar o adversário.
Ao mesmo tempo lembramos as referências mais atuais sobre a arte dos índios da etnia Guarani, 
chamada de xondaro, também conhecido como jogo da esquiva, a armadilha, a artimanha enganadora, 
como cita Santos (2017), em sua dissertação acerca dos movimentos Guaranis. Nessa obra, ele traz 
à baila que vários outros autores, estudiosos da cultura Guarani, fazem comparações e equalizam as 
esquivas do xondaro com as da Capoeira. A esquiva dos Guaranis incita o adversário a se equivocar, a 
errar, a provocar o erro, assim como a ginga da Capoeira.
Um dos fatos mais relevantes é que uma comissão de brasileiros esteve em 24 de abril de 1966, com 
a participação atuante do mestre Pastinha, no Primeiro Festival de Artes Negras no Dakar, no Senegal, e 
este voltou afirmando de modo convicto que a Capoeira não tinha origens africanas. O próprio mestre 
Pastinha declarou: “Pastinha foi à África pra mostrar Capoeira do Brasil”, como cita Vidal de Souza Reis 
(2004, p. 203). O mestre Pastinha é bastante contraditório, pois muitas vezes afirmou que a Capoeira 
era de origem africana. Quando se certificava que essa afirmação não era autenticada corretamente, 
trocava de opinião, em seguida afirmava que a Luta teria vindo de Angola, e depois logo se contestava, 
afiançando ser brasileira.
 Saiba mais
Recomenda-se assistir o vídeo que se relaciona com o mestre Pastinha 
e a Capoeira.
PASTINHA! Uma vida pela capoeira. Dir. Antônio Carlos Muricy, 1998. 
52 minutos.
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Unidade I
Aparentemente, como lembra Rego (1968), em um dos maiores ensaios sobre a Capoeira Angola, não 
tem como haver consistência em se afirmar que a Luta veio da África. Esse autor alega que a Capoeira 
havia sido idealizada nas terras brasileiras e a partir da chegada dos escravos negros se misturou aos 
movimentos corporais que daqui precediam de origens afras.
Dão-se, então, como mais certa e segura, as constatações de que a Capoeira foi apresentada aos 
escravos negros que aqui chegaram, recepcionaram-na, aceitaram-na e a mestiçaram, e criou-se um 
novo órgão vivo que fez e participa da história brasileira. Ela se incorporou à realidade dos negros 
escravos, foi assim tomando forma e se expandiu nessa comunidade como ferramenta de manifestação 
e de identidade contra a opressão escravagista.
4.5.1.1 Origem da escravatura africana
A vinda de negros escravos ao Brasil decorreu da facilidade com que os portugueses encontraram 
tribos inteiras escravizadas pelas guerras internas nas nações africanas e das conquistas muçulmanas na 
África. Os indivíduos aprisionados dos grupos nativos vencidos em guerras contra outras tribos também 
afras eram sistematicamente usados como escravos. A própria África escravizava os filhos de suas terras. 
Infelizmente essa foi uma prática comum desde os primórdios das civilizações e os grandes impérios 
sempre se pautaram por haverem tido marcadamente condescendido ao adestramento escravo em suas 
histórias (LOVEJOY, 2012; COSTA E SILVA, 2011). Veja na figura grafitada, esculpida há aproximadamente 
4 mil anos, a seguir, que os norte-africanos egípcios já escravizavam os núbios africanos.
Figura 52 – Mercado de escravos – Museu Arqueológico de Bologna, Itália
O agenciamento de homens e mulheres escravos estava densamente propagado pelo continente 
africano e assim permaneceu por vários séculos. Desde os egípcios, que escravizaram os núbios e os 
povos Yorubá, da Nigéria e do Benim, e os Ashanti, de Gana, Togo e Costa do Marfim; eram exemplos 
de nações de etnias negras especializadas em comercialização de escravos e sua economia era voltada 
e comandada para esse fim (COSTA E SILVA, 2011).
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Mesmo antes de serem comercializados, os povos subjugados de todo o continente africano de 
quaisquer etnias tornavam-se cativos por vários motivos:
• Aprisionado após guerras entre tribos desse continente.
• Pena pela condenação por roubo, homicídio, bruxaria e infidelidade.
• Confisco de pessoas: elas eram apreendidas como garantia para o pagamento de dívidas.
• Sequestro individual ou de um pequeno grupo nos assaltos às pequenas aldeias.
• Barganha de um membro do grupo por alimentos e comida.
• Remuneração a outro líder tribal.
• Captação de mulheres para servirem como esposas.
4.5.1.2 O tráfico escravagista
Os portugueses organizaram o contato com mercados escravagistas africanos a partir da finalização 
das Cruzadas. O objetivo era obter mão de obra barata para fornecer aos empregadores portugueses 
e enviar às suas colônias e dominações. Eles encontraram um vasto mercado de escravos largamente 
praticado e bastante amplo. Catarina de Médici (1507-1578), rainha de Portugal, autorizou o tráfico de 
escravos oriundos da África e isso estimulou sua comercialização para além dos limites do continente 
africano, com maior participaçãoe dominação dos europeus, em especial, dos próprios portugueses, 
pois se tornaram exímios navegadores e donos de frota naval bem armada e com grande conhecimento 
geopolítico da época.
Com o tráfego de escravos extremamente ativo, na condução de mão de obra sem custos elevados, 
tornou-se comum as tribos africanas e os conquistadores islâmicos venderem seus prisioneiros aos 
portugueses, ingleses e demais representantes de nações colonizadoras como franceses, espanhóis, 
belgas e holandeses. Tais povos deram continuidade a esse pernicioso tirocínio para aumentar a presença 
de trabalhadores que servissem aos seus interesses colonizadores e exploradores.
A princípio, os escravos eram levados sempre por via marítima para Portugal e outros países europeus 
e, em seguida, igualmente ao Brasil e às ilhas colonizadas.
Várias pátrias africanas foram representadas na chegada dos escravos ao Brasil, dentre as quais se 
destacaram as que vinham da costa atlântica africana. Os Bantus trazidos para cá vieram de regiões 
que atualmente são: Angola, República do Congo, República Democrática do Congo, Moçambique e 
Tanzânia. Eles povoaram massivamente os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, além da zona 
da mata, no Nordeste. Adicionalmente, Nagôs, Jejes e Malês e indivíduos de outros países do oeste 
africano foram incorporados como populações escravizadas que aportaram nas cidades brasileiras. Esses 
trabalhadores escravos eram essencialmente designados para as culturas: canavieira, cafeeira, cacaueira, 
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do tabaco e da extração da madeira (pau-brasil). Com um pouco de “sorte”, as mulheres negras afras, em 
geral, podiam ser direcionadas a afazeres caseiros e de mucamas.
4.5.1.3 Palmares e a prática guerreira da época escravagista
O uso de escravos no Brasil se tornou prática comum entre líderes, fazendeiros e políticos. Sabe-se 
que até Zumbi dos Palmares, chefe negro quilombola, o qual se localizou em Alagoas, em 1675, possuía 
grande liderança na organização do maior dos Quilombos, tinha grande poder e possuía grande número 
de serviçais afros e seus descentes escravos, os quais eram capturados nas saídas das fazendas canavieiras. 
Estes trabalhavam como cativos na sociedade dos Palmares. Somente os negros que chegassem livres e 
sozinhos ao Quilombo não eram escravizados.
Um dado curioso e importante (porém não totalmente referenciado pela literatura) salienta que 
Zumbi havia, possivelmente, estudado português e era distinto combatente corporal, possuindo 
bons conhecimentos de Lutas e com muita experiência em estratégias militares. Esse dado parece ter 
proporcionado a construção de grandes guerreiros nas Lutas contra a dominação portuguesa e a tentativa 
de se invadir o Quilombo dos Palmares. Talvez daí tenha se organizado essa Luta, específica de resistência e 
de confronto às dominações lesivas e humilhantes que se imputavam aos negros que por aqui ancoraram.
Desde os tempos mais remotos da história brasileira e a partir da presença dos indivíduos negros 
africanos que aqui aportaram, compreende-se que o povo negro teve de Lutar arduamente pela sua 
liberdade e conquistar seus direitos como cidadão na sociedade brasileira.
Sem equívocos, as práticas de guerras tribais e suas atividades corporais no exercício da liberdade e 
aquisições civis foram mescladas pelas diversidades corporais e tão ricas em elementos físicos e motores. 
Forjaram-se de maneira a constituir uma identidade comum aos cativos e daí, com a mistura de povos 
autóctones também escravizados, os quais possuíam formas de combates peculiares, encaixaram-
se elementos motrizes e houve a apropriação à Capoeira. Uma Luta para Defesa Pessoal, defesa da 
liberdade, defesa da dignidade para se adotar como ser e certificar sua posição humana.
Figura 53 – Capoeira (Augustos Earle, 1824)
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A Capoeira se instituiu de valores corporais múltiplos e se identificou com movimentos amoldados 
e bem precisos, com grande ordem no aspecto de choque anatômico (por meio de chutes, cuteladas e 
cabeças) e, portanto, pôde empreender a possibilidade de êxito no enfrentamento com os capatazes dos 
engenhos e fazendas, para ganharem as fugas dos cativeiros.
Os compassos frenéticos de percussão, ora batucados, ora tocados no berimbau, provocavam seus 
praticantes a realizarem saltos mirabolantes e movimentos ágeis e embutiam grande mobilidade de 
braços e pernas, além de movimentos rápidos com a cabeça e molejo do tronco. Adicionalmente, 
oscilavam o corpo, alternando a base de apoio dos pés, jogando uma das pernas para trás, trocando 
de direção e posição, constantemente, caracterizando a ginga. Grande desenvoltura e velocidade eram 
marcas da realização dos chutes saltados e das rasteiras sagazes.
Praticar nas senzalas era proibido e, invariavelmente, os escravos eram vigiados pelos capatazes. 
Para não parecer que estavam treinando para a Luta, disfarçavam a sua prática em ritmos dançantes, 
do mesmo modo provenientes das danças tribais afras, e que ainda se encontravam resguardados e 
transmitidos de geração em geração.
Os negros africanos cativos costumavam usar roupas brancas e, quanto maior a habilidade do 
praticante, menos sujeira se adquiria na vestimenta, dando a entender que o praticante estava bem 
adaptado aos movimentos de ordem de Luta.
Dotada de grande diversidade de movimentos, o mestre Pastinha (1988) afirma que “sem dúvida 
a Capoeira Angola se parece a uma galante dança na qual a ginga provocante mostra a formidável 
flexibilidade dos capoeiristas”. Ainda, segundo ele (1988, p. 21), “A Capoeira Angola é, antes de tudo, 
Luta e Luta violenta”. Portanto, sabemos que se trata de Luta e disso não se duvida ou se questiona, 
apenas se constata. Segue ainda lembrando que, apesar de violenta, a Capoeira é perfeitamente 
controlada e isso a diferencia: o capoeirista deve ser pacífico e previdente. A característica principal 
se funde com a de outras Lutas, a Capoeira é para ser treinada, interiorizada e seu praticante deve se 
distinguir pelo domínio e autocontrole.
Além desses apontamentos sobre a Capoeira e seu emprego adequado pela sociedade, houve tempos 
instáveis e desordem de valores na prática dessa modalidade de Luta. A libertação dos escravos atirou 
ao relento milhares de negros que se viram abruptamente sem condições de vida e estabilidade social, 
como se vai professar adiante.
4.5.1.4 O período imperial e a prática da capoeira – delinquência e militarismo. 
Capoeira – Luta marcial brasileira
A Capoeira como prática delinquente e irresponsável seguiu com certa frequência dentro das malhas 
urbanas policiais a partir de 1850, por esse motivo ficou proibida como manifestação pública desde o 
código penal de 1890. Deve-se lembrar que a libertação dos escravos se deu em 13 de maio de 1888. 
Vários ex-escravos não tinham emprego e aumentaram a massa de pessoas sem abrigo e sem condições 
de sobrevivência (TONINI, 2008).
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Vale salientar que por interesse regido pelo militarismo, necessário para o embate na guerra contra 
o Paraguai de 1866 até 1871, recrutaram-se diversos negros para as fileiras do exército de Duque de 
Caixas. Esses indivíduos foram reconhecidos como Lutadores aguerridos, pois usavam sua experiência 
como capoeiristas, logrando êxito e domínio sobre seus adversários na confrontação corporal. Após o 
término da guerra, os soldados brasileiros foram reconhecidos como bravos defensores da nação. Esses 
mesmos soldados negros, os quais possuíam habilidades da Capoeira, foram distinguidos como heróis e 
receberam diversas honrarias militares. Passaram da alcunha de ameaçadores urbanos para defensores 
da pátria (SOARES, 2001).
No entanto, aqueles libertos cujasqualificações foram desprezadas e que tinham domínio da 
Capoeira tinham-na como único instrumento de valor para alcançar posicionamento social. Alforriados, 
não conseguiram se estabelecer às novas restrições econômicas, de ocupação laboral, condições e 
possibilidades existentes, acabaram procurando alternativas marginais, formando facções de assaltantes, 
guarda-costas de políticos, grupos de intimidação e malandragem (LUNA; KLEIN, 2006).
Capoeiristas contratados, em geral ex-escravos, e os mesmos que Lutaram nas fileiras do exército 
brasileiro na Guerra do Paraguai, com grande habilidade na prática dessa Luta, serviram aos políticos 
conservadores (monarquistas) contra os liberais e seguidores dos ideais republicanos. Pode-se comparar 
sua atuação com a dos samurais japoneses, que por vários séculos conviveram fielmente com os senhores 
feudais e governantes no Japão, usando suas técnicas de Luta para protegê-los de ataques de inimigos e 
adversários, mediante pagamento e recebimento de comodidades políticas e sociais.
A partir da Proclamação da República, então, a prática da Capoeira sofreu declínio substancial por 
servir como escudo de proteção aos políticos conservadores.
Os liberais viam seus praticantes como seguidores das ideias mais conservadoras. Desse modo, esses 
políticos provocaram o surgimento da repressão, colocando em voga leis que limitavam a manifestação da 
Capoeira e motivaram novamente o conceito de que capoeiristas eram agentes turbulentos, causadores 
de desordem e cujas habilidades eram válidas para intimidarem, causarem tumulto e gerarem desordem. 
O que em alguns casos não era totalmente absoluto, mas serviram de propósito para a coibição de sua 
prática, expansão e exercício público (SOARES, 2001).
Vandalismo e tumultos provocados por meio da Capoeira foram associados às maltas (bandos de 
arruaceiros e navalhistas), que agiam como capangas públicos e sem medo de manifestar suas atuações 
e atitudes, deixando claro sua disposição e o que estavam fazendo, isto é, agirem em favor de seus 
senhores políticos, os quais serviram desde 1850 até os idos de 1930.
Arrastões ou andar em grupos causando desordem e baderna eram continuamente coligadas aos 
capoeiristas delituosos, o que acabou por criar imagem desprezível e antipatia contra seus praticantes 
(TONINI, 2008).
A transformação social das grandes cidades brasileiras, na metade do século XIX e início do século 
XX, em especial naquelas onde se concentraram os capoeiristas, Rio de Janeiro, Salvador e Recife, acabou 
por intimidar as práticas motoras e culturais advindas da prática da Capoeira.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
A Capoeira só deixou de ser ilícito penal em 1941, por meio do Decreto nº 3.199, no governo de Getúlio 
Vargas. A lei instituía normas para a organização desportiva no Brasil e estabelecia a Confederação 
Brasileira de Pugilismo, com o Departamento Nacional de Luta Brasileira (Capoeiragem).
Figura 54 – Johann Moritz Rugendas, Danse de la Guerre, 1835
Mesmo que não organizada especificamente para o fim militar, não se pode afirmar que tenha sido 
criada nos Palmares para servir de preparação bélica. Muitos alegam que ela foi largamente usada nos 
confrontos da guerra contra o Paraguai, e a Capoeira tornou-se oficialmente arte marcial brasileira. 
O reconhecimento nacional de que a Capoeira pode ser designada como Luta marcial brasileira foi 
proclamado em 1973, quando o presidente militar Emílio Garrastazu Médici liberou o registro da 
Capoeira como arte marcial.
4.5.1.5 Aspectos gerais da Luta da Capoeira e características de sua transformação a 
partir do século XX
A Capoeira se caracteriza por grande astúcia motora, aliada à necessidade de tomada de decisão 
momentânea e eficaz. Seu exercício é impetuoso, ela se modifica de modo instantâneo, ação e reação 
num constante vaivém defensivo e ofensivo.
Os tipos de Capoeira são Angola, do Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha, 1889-1981) e 
Regional, do mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado 1899-1974). Recentemente também se fala em 
Capoeira contemporânea. A Angola é mais habitual na Bahia, com movimentos mais lentos, ritmados 
e rasteiros, enquanto a Regional prevaleceu em Goiás, onde surgiu; atualmente é a mais praticada no 
sul e sudeste do Brasil, com movimentos super-rápidos, incisivos, impetuosos e agudos, com acrobacias 
e saltos. A Capoeira Regional possui mesclas com elementos de Lutas ocidentais, como as pernadas do 
savate e golpes provindos da Luta Greco-romana, do Judô e do Jiu-Jitsu.
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 Saiba mais
Para mais informações a respeito da Capoeira e do mestre Bimba, veja:
MESTRE BIMBA, a capoeira iluminada. Dir. Luiz Fernando Goulart, 2005. 
78 minutos.
Os fundamentos mais comuns são: ginga, cabeçada, rabo de arraia, chapa de costas e de frente, 
rasteira, cutelada de mão e meia-lua. Além desses citados, na Capoeira de Angola, também há: armada, 
aú, benção, tapona, cabeçada, negativa (esquiva abaixada), tesoura, queixada, armada e martelo, mais 
comumente encontrados na Capoeira Regional e com forte contundência. Acredita-se que a Capoeira 
Regional possui mais de 120 golpes.
A ginga se parece com uma dança, mas não é. Na Capoeira, ela é a malícia, a esperteza no 
enfrentamento. Essa maneira inteligente de enganar o oponente se fundamenta na permuta constante 
das bases dos pés, com o molejo corporal. Pode-se então preparar golpes, mudar de direção rapidamente 
e ludibriar o oponente e enfim conduzir a Luta para melhor desferir a contundência apropriada.
Figura 55 – Ginga na Capoeira
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Figura 56 – Golpe armada pulada
Figura 57 – Movimento do aú
Várias descrições têm trazido à tona Lutas africanas que se misturaram às raízes indígenas da Capoeira. 
O continente africano teve civilizações importantes, como Kush-Núbia, Kemet e o Egito dos faraós, 
os quais possuíram determinadas formas de batalhas e movimentações corporais correspondentes. 
Provavelmente trouxeram contornos ao que se chama de Capoeira atualmente.
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4.5.2 As Lutas africanas
Várias Lutas originadas das danças tribais guerreiras africanas parecem ter trazido algum alcance 
às ações técnicas da Capoeira de modo generalizado, obtendo-se uma miscigenação extraordinária, 
que culminou no surgimento de uma Luta organizada e que se fez eficaz na defesa da liberdade e da 
dignidade humana. Obviamente, os escravos carreados aqui tiveram oportunidades de trazer tradições de 
movimentos, danças e brincadeiras de Lutas de suas infâncias. Além disso, muitos escravos afros haviam 
sido treinados em prélios de preparativos guerreiros para enfrentar disputas tribais, educados para 
desafios de afirmativas masculinas e mostrar virilidade, ajuntados a ritos de passagem da adolescência 
em direção à vida adulta e aprovação para contrair o casamento. Apresentaremos a seguir algumas das 
Lutas que possivelmente afetaram a formação da Capoeira como a conhecemos na atualidade.
• Luta Bate-coxa: era um duelo no qual especialmente negros fortes e altos disputavam a supremacia 
masculina, por meio de golpes desferidos sobre as coxas e com intuito de derrubar o adversário 
ao solo. Os choques inevitavelmente aconteciam além das coxas, mais usualmente nas partes 
inferiores das pernas, nos joelhos, causando bastante prejuízo aos participantes. O objetivo era 
assolar o oponente, que, uma vez caído ao chão, perdia o combate.
• Luta Batuque: o pai de mestre Bimba, Luiz Cândido Machado, era exímio Lutador de batuque e 
essa talvez seja uma das Lutas que afetaram a criação da Capoeira, pois era muito usada pelos 
africanos, os quaispor aqui desembarcaram e conseguiram passar algumas influências motrizes 
que nela derivaram.
O batuque tinha “orquestra” composta de: berimbau, pandeiro, ganzá, tambores e outros instrumentos. 
A Luta era uma demonstração de equilíbrio por parte de um dos Lutadores, que recebia os ataques 
efetuados também com as coxas de seu adversário. Era primordial a colocação das mãos sobre os órgãos 
genitais para a sua proteção. Essas pancadas e baques nas coxas tinham por finalidade tirar o equilíbrio 
do oponente. Os golpes mais usados eram baú, raspa ou rapa, que consistia em bater frontalmente com 
suas coxas nas do Lutador obstante. Outros ataques eram chamados de banda armada e encruzilhada, 
em que o atacante se jogava com as duas pernas em direção às pernas do adversário fazendo uma cruz 
de carreira ou tesoura.
Os defensores mais hábeis conseguiam se conservar em uma perna só, trocando rapidamente de 
apoio para manutenção do equilíbrio.
• Luta de Kamangula: de origem africana do Sudão, era Luta com socos, mãos abertas e aplicações 
de pancadas com os braços. Porém, poucos indivíduos dessa área do continente africano atracaram 
por estas localidades.
• Luta Bassula: praticada nos países com mar e praias, em geral sobre as areias, com objetivo de 
derrubar e imobilizar o rival. Parecer ter sido pouco executada no Brasil, somente pelos primeiros 
escravos que chegaram aqui provenientes de Luanda, Angola. É uma Luta com a finalidade de 
agarrar e derrubar seu oponente por meio de varreduras (semelhante ao Judô e Sambo).
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• Luta Dança das Zebras ou N’Golo: disputa ritualística das nações Bantu e Mucope para poder 
receber uma jovem em casamento – as garotas eram escolhidas para casar com idade entre 
12 e 15 anos e os pretendentes precisavam combater e vencer para conseguir matrimoniar a noiva 
oferecida pelos pais. Eram usadas cabeçadas e chutes. Os pontapés e solavancos eram desferidos 
com um ou dois pés, apoiando-se as mãos no solo. O concorrente que caísse primeiro ou desistisse 
seria eliminado da contenda e o vencedor desposava a jovem.
• Luta do Bode: Luta muito antiga afrontada entre homens que se dispunham a dar cabeçadas, 
para atacar e tentar abater seu opositor, assim como fazem os bodes nas disputas entre machos 
pelas fêmeas. Era muito violenta e sua prática levava frequentemente à morte de um ou dos dois 
competidores. Os ferimentos igualmente eram bastante graves e sua prática foi caindo em desuso. 
Sua origem parece vir das Lutas de animais como girafas, que geralmente dão pescoçadas para 
disputar as fêmeas, e os gnus, os quais se batem com as cabeças e os chifres, assim como os bodes, 
muito comuns na África.
Dado um panorama geral sobre a Capoeira e seus contornos, não se pode deixar de citar outras Lutas 
de silvícolas brasileiros, que estão ganhando mais notoriedade em nossa educação e cultura atuais.
4.5.3 Outras Lutas indígenas brasileiras
Os povos indígenas brasileiros são designados por suas características idênticas às dos povos 
encontrados pelos europeus, durante suas incursões na Ásia. Acredita-se que é plausível que os primeiros 
nativos brasileiros vieram desses mesmos povos que emigraram para o continente americano por volta de 
12,5 a 11 mil anos atrás, pelo istmo do Panamá. De modo geral, e como todos os povos humanos, possuíam 
suas práticas guerreiras que visavam à proteção de seus indivíduos, sua existência e seus territórios.
Aqui no Brasil, a Fundação Nacional do Índio (Funai) catalogou alguns tipos de Lutas que são 
disputadas pelos indígenas brasileiros. Combates corporais fazem parte da cultura habitual dos povos 
aborígines brasileiros em diversas manifestações e práticas específicas a cada um dos povos, apresentando 
semelhança e distinções de acordo com suas tradições. Os festivais mais agregadores e amplos nos quais se 
verificam as práticas de Lutas são os jogos indígenas e o Festival Quarup. Em 2015, houve a concretização 
dos Jogos Mundiais Indígenas realizados no Brasil, com participação de povos de vinte países distintos.
O Festival Quarup visa festejar as tradições indígenas e integrar os povos índios. Tem como base 
celebrar os antepassados e fortalecer experiências nativas, políticas e sociais. Nesses contatos as Lutas 
fazem parte de cerimônias que exaltam os ascendentes e os mortos, além de salientar a capacidade 
varonil dos jovens combatentes.
Nos jogos indígenas ocorrem disputas de cabo de guerra e combates corporais bastante acirrados, 
em especial pode-se citar com destaque a Huka-Huka.
A Huka-Huka se constitui de um combate corporal entre dois Lutadores, que permeia, antes de tudo, 
a condição de celebração, respeito ao oponente e conscientização da superioridade de outrem na disputa. 
Eventualmente possui um árbitro, ou melhor, o dono ou chefe da Luta, que pouco interfere, geralmente se 
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limita a dar início à contenda e chamar os batalhantes. Os oponentes se posicionam frente a frente, fazem 
movimentos circulares em sentido horário, vão se aproximando, entreolham-se e ficam imediatamente de 
joelhos, agarrando seus corpos mutuamente e tentando derrubar o adversário de costas.
Observe a seguir a foto do contato corporal já efetivado na Luta Huka-Huka:
Figura 58 – Luta de Huka-Huka no Quarup
Uma das características importantes que se nota em suas disputas é que aquele que derruba o 
oponente não se sente vencedor, mas responsável em ter atingido a condição de ter reverenciado seus 
ancestrais. Os Lutadores, após o término do combate, saem abraçados e sorrindo, sem manifestação de 
vitória ou triunfo sobre o opositor. Não parece existir o sentimento de inferioridade pelo derrotado, nem 
de dominação pelo vencedor. Parece haver a sensação, análogo ao que acontece em todas as Lutas de 
que “Hoje posso ter vencido, mas amanhã meu adversário poderá me vencer”.
Na Huka-Huka destaca-se outro aspecto muito significante. A aceitação do melhor, como em um jogo 
de xadrez. Quando um enxadrista percebe que não terá mais condição de continuar o enfrentamento, por 
estar em posição totalmente desfavorável e já definitivamente derradeira, abandona o jogo, derrubando 
o seu rei. Aqui, o competidor que consegue pegar a perna de trás do opositor demonstra conseguir uma 
vantagem extrema e o apreendido já desiste de continuar o combate.
A Huka-Huka é muito encontrada comumente como sendo de origem da região norte, adjunta ao 
centro-oeste brasileiro.
Outra Luta a ser referenciada é a Luta Marajoara, praticada em alguns estados do nordeste e norte 
do Brasil, em especial pela maioria da população indígena do Maranhão, Piauí e principalmente na Ilha 
do Marajó, no Amapá, onde atualmente é exercida por vaqueiros e fazendeiros.
A Luta Marajoara é uma peleja corporal, a qual se disputa sobre solo de argila ou terra batida 
molhada, assim reduzindo o risco de lesões. Seu objetivo é levantar o adversário, derrubá-lo e mantê-lo 
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deitado de costas sobre o solo. Abraçadas com envolvimento de todo o corpo são as bases do combate, 
com a consequente derrubada dos competidores.
Não se tem dados concretos para determinar a origem exata desta Luta, mas ela provavelmente 
surgiu da mistura entre as Lutas de agarre indígenas com as Lutas africanas baseadas nas “marradas”, 
isto é, naquelas praticadas com intuito de se prenderem os corpos e lançá-los ao solo. A história tem 
se referenciado pela atuação mais precedente da tribo Aruá, como precursora da cultura Marajoara e 
consequentemente dessa Luta, além da participação da cultura indígena dos Nheengaíbas. Adicionalmente, 
as influências de europeus, judeus, fenícios e andinos que habitaram a região parecem ter afetadoa 
cultura Marajoara, transformando os costumes e essa Luta em uma propriedade multicultural (GABBAY, 
2009; SCHAAN, 2015).
Atualmente a Luta Marajoara está regulamentada e tornada competitiva entre caboclos ou 
mamelucos (miscigenação provinda de um índio com um branco), cafuzos (mistura entre um índio e 
um negro africano), mulatos (miscigenação entre europeu branco e um africano negro), descendentes 
brancos, negros e indígenas.
Outra Luta a ser mencionada é a Idjassú, um estilo de combate que provém dos índios Karajá do 
Tocantins. Ela tem início com os Lutadores se enfrentando em pé, diferentemente do que ocorre na 
Huka-Huka, e exige técnicas de abraçadas completas pela cintura, que devem levar o adversário ao solo. 
Um fator marcante é que após derrotar seu oponente, o vencedor sai cantando, dança e abre os braços 
imitando uma ave.
Ainda apresenta-se a Aipenkuit, mais uma Luta de agarre na cintura, iniciada em pé, na qual se 
deve derrubar o opositor por meio dos arremessos corporais. Ela é protagonizada pelo povo indígena 
Parakáteye-Gavião, da região do Pará, e dos Tapirapé e Xavante, do Mato Grosso. Não existe um juiz 
tradicional para essa modalidade, e sim um observador/orientador indígena que seria chamado de dono 
da Luta, cabendo aos atletas reconhecer a derrota, a vitória ou o empate. Não há prêmio para o vencedor 
da Luta em todas as etnias praticantes deste esporte. Há reconhecimento e respeito.
Xondaro é a Luta da esquiva e da malícia, tem por intuito provocar o participante para que não seja 
atingido. A sua concepção procede dos Guaranis e já a citamos como uma Luta muito observada por 
vários estudiosos como a precursora principal da Capoeira. Seu objetivo é desviar de ataques e não se 
deixar atingir, mais do que atingir ou abordar ataques diretos ao seu oposto. Muitas demonstrações 
dos Guaranis apresentam um ator principal no centro de um círculo de participantes que provoca a 
todos a escaparem dos golpes. Narrativas de seus descendentes descrevem que o xondaro era praticado 
para formação guerreira e vão além, dizendo que os mais hábeis desviavam do lançamento de flechas 
e lanças com extrema destreza.
Outra modalidade indígena de combate que se assemelha com a Capoeira é o Maraná, natural 
dos nativos potiguares, os quais fazem combates entre os jovens em torno de uma roda. Os Lutadores 
podem ou não empregarem armas e usam de saltos e rodopios, além de agredirem seu antagonista 
com cotoveladas e pernadas e imitarem animais; os derrotados, em geral caídos ou nocauteados, são 
zombados com gritos e giros pelo vencedor. Esses mesmos íncolas também se enfrentam com tacapes e 
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aquele que acertar primeiro o opositor ganha a Luta. Às vezes, os ferimentos são de raspão e mais leves, 
em outras oportunidades causam maiores danos, com sangramentos e fraturas.
Também há a Briga de galo, Luta primitiva da tribo Manchineri, do Acre. Os oponentes se colocam 
com o tronco um pouco inclinado até a cintura, semiflexionam os joelhos e se dão as mãos por trás das 
coxas. A partir dessa posição, devem empurrar seu opositor somente com o corpo, tentando colocá-lo 
para fora de um círculo. Aplicada aos adolescentes para desenvolverem equilíbrio e força.
Por fim, do povo Pataxó, temos a Luta Derruba toco, realizada em festividades. É executada em um 
espaço bem amplo, um círculo de 8 metros de diâmetro. Existe um toco posicionado ao centro do círculo 
e os adversários devem realizar pegadas nos braços e, abraçados, tentar puxar, empurrar e movimentar 
seu oponente de modo a direcioná-lo para que derrube o toco com seu corpo. É uma Luta muito 
extenuante. Como regras gerais somente se podem usar dois empurrões e puxadas até que se derrube 
o toco. Não se pode largar subitamente o adversário em cima do toco, levantá-lo, estrangular, passar 
rasteiras ou usar outro artifício qualquer para obter êxito.
Vimos uma variedade bastante ampla de Lutas, sejam brasileiras, ou sejam de outras civilizações, e as 
riquezas culturais e corporais que as envolvem. Percebe-se uma abundância de elementos motrizes que 
se destacam e trazem o admirável que as Lutas possuem: a complexidade e as habilidades respectivas. 
A seguir propõem-se dados balizares para que possam ser exercidas em sua plenitude e satisfação de 
acordo com suas características.
4.6 Ensino nas Lutas
Basicamente permanecem algumas maneiras tradicionais de se ensinar Lutas e elas se enfatizam em 
meios e conceitos mais ou menos parecidos, são eles: a demonstração do mestre de gestos técnicos e 
fundamentos, golpes e técnicas usados na modalidade, sem explicações de quando ou como será regida 
na Luta; ocorre em seguida a repetição desses gestos de modo sistemático, sem haver compreensão 
prática do uso do fundamento, isto é, exercita-se sua execução simples e sem a problemática da Luta em 
si. Depois, dá-se a inicialização gradativa dos combates; geralmente se treina com vários companheiros 
de níveis diferenciados. Por fim, acontece a compreensão das formas sequenciais e rotinas de execução 
pré-determinadas. Ressalta-se que tarefas motoras em Lutas não são de simples aproximação inicial e 
exigem do principiante uma necessária fundamentação motora apropriada à complexidade da prática 
de Modalidades de Esporte de Combate e Artes Marciais.
 Lembrete
Gesto técnico e fundamento esportivo se definem como sendo 
habilidades motoras combinadas com alto grau de especificidade de 
determinada modalidade.
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4.6.1 Aprendizado motor em Lutas
Ao se dar início ao aprendizado motor, cada gesto novo é uma nova experiência motriz (MAGILL, 2000). 
O aprendiz deve já ter tido experiências motoras apropriadas de acordo com o seu desenvolvimento, isto 
é, precisa estar preparado para desenvolver e adquirir as habilidades de Lutas apropriadamente.
Faz-se importante chamar atenção ao fato de que Modalidades de Esporte de Combate, Lutas e 
Artes Marciais exigem combinação de movimentos com elevada carga de sincronia e sinergia motriz. As 
ações de combate, a serem impetradas para a conquista com êxito nos confrontos e práticas de Lutas, 
partem de princípios de ativação musculoesquelética combinatória com elevado grau de complexidade 
e precisão motora. Também são necessárias condições para combinar movimentos associados com 
percepção ambiental, execução de práticas de ação e reação instantâneas, bem como o entendimento 
direto da justaposição corporal agonística entre dois seres humanos e as consequências de seus atos 
efetivados sobre o corpo de seu oponente.
 Observação
Sincronia: sequência harmônica e precisa de movimentos.
Sinergia motriz: ação cooperativa e concisa entre segmentos articulares, 
o encéfalo e suas aptidões respectivas.
As informações sobre os aspectos de iniciação esportiva baseiam-se em diversas teorias, que de 
forma geral descrevem as idades mais apropriadas para a realização de movimentos locomotores, 
manipulativos e estabilizadores, suas combinações e posteriormente os mais específicos e complexos. 
Como afirma Weineck (1999, p. 113), “cada faixa etária pode ser utilizada para uma função didática 
específica e para o desenvolvimento de aptidões próprias”.
Considerando as propostas de desenvolvimento perpetradas por muitos estudiosos, em especial do 
desenvolvimento motor, como as de Gallahue (2003), Edson de Jesus Manoel (1994) e Von Hofsten (2004), 
o desenvolvimento apresenta etapas distintas que são caracterizadas por aquisição de propriedades 
motoras associadas a cabimentos cognitivos e conformidades afetivo-sociais. Conforme lembra Hofsten 
(2004), o desenvolvimento motor vai tomando espaço, combinando-se aos elementos de ativação 
da percepção e do ambiente que cerca o indivíduo, isto é, há um engate de situações orgânicas e 
circunstanciais que possibilitam o aumentodas múltiplas coordenações corporais. As ações apropriadas 
possibilitam as conquistas motrizes e trazem mais oportunidades ao crescimento do repertório motor.
As crianças e os jovens precisam de atividades físicas e movimentar-se para o bem de seu desenvolvimento 
psíquico e físico. Dessa maneira, a educação física é uma necessidade para o desenvolvimento integral, 
portanto o Esporte Educação é uma ferramenta imprescindível ao progresso físico, motor, psicossocial 
e cognitivo do ser humano. Atividades físicas na infância e na juventude (e sempre) são altamente 
recomendáveis. Porém, deve-se levar em consideração que crianças e púberes ainda se encontram em 
crescimento, submetidos a alterações físicas, psíquicas e sociais muito significativas.
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Unidade I
Pode-se notar que o treinamento intensivo e abrangente, como o de muitas modalidades 
esportivas, e aqui se ressaltam as das Modalidades de Esporte de Combate e Artes Marciais, é capaz 
de provocar distúrbios no desenvolvimento do organismo infantil e uma consequente redução de 
tolerância aos estímulos.
As pausas para recuperação na infância e juventude são de grande importância. Weineck (1999, p. 
355) afirma que “a adaptação dos músculos é realizada em um período relativamente rápido”, enquanto 
cartilagens, tendões e ligamentos requerem muitas semanas. Complementando essa explicação, Foss 
e Keteyian (2000) advertem para o fato de que em crescimento, a maturação da placa epifásica (local 
nos ossos longos, onde se processa o crescimento ósseo) deve ser respeitada, já que extremos de 
atividade física (lesões, uso excessivo, fratura por contato induzido, entre outros) podem vir a resultar 
em interrupção do crescimento, devido à possibilidade de calcificação precoce. A intensidade deve ser 
controlada e, além disso, movimentos motores complicados em sua execução, característicos das Lutas, 
tampouco serão compreendidos pelas crianças.
A maturação dos movimentos é conseguida pela maior maturidade biológica. Observa-se que 
dominando os movimentos de forma mais precisa, a criança poderá executar uma especialização mais 
profunda; entretanto, pode-se afirmar que ainda não se deve partir para gestos técnicos muito complexos, 
sobretudo como se observam claramente no contexto das Modalidades Esportivas de Combate.
Os estágios do desenvolvimento motor, estudados cientificamente, permitem estruturar planos em 
longo prazo, respeitando a cada momento a adaptação do organismo da criança de forma saudável, 
para que possam mais adiante estar preparadas para as competições. Gomes (2002, p. 171) lembra 
que “frequentemente, os treinadores não consideram a faixa etária ótima para atingir resultados 
e inadmissivelmente forçam a preparação de seus atletas”, sem pensar na maturidade de seu 
desenvolvimento motor, sua saúde e seu futuro como atleta.
Ao lado das preocupações com tipo, intensidade e frequência do treinamento, levando-se 
em consideração a idade do praticante, Weineck (1999, p. 109) propõe que “a melhor idade 
para o aprendizado mais especializado inicia-se por volta dos 10 anos de idade”, baseado no 
fato que o desenvolvimento adquirido possibilita às crianças um maior domínio sobre o seu 
corpo. Movimentos complexos já podem ser apresentados, treinados de modo a vivenciar e 
experimentar novas composições motoras, e então aprendidos e mais bem julgados nessa idade. 
A capacidade de aprendizado deve ser gradativamente observada e instigada, possibilitando as 
máximas atribuições e os desafios motores a serem realizados pelos principiantes de acordo com 
sua faixa etária e desenvolvimento.
Sugere-se ao professor a tarefa de estar atento para aquilo que a literatura científica descreve 
como importante para a realização de um programa de iniciação esportiva, de forma a respeitar 
os limites de desenvolvimento infantil e proporcionar a formação integral da criança para o seu 
pleno desenvolvimento motor, afetivo, social e cognitivo. O docente deve ter em mente que é 
um mentor, orientador e direcionador de atividades que visem o desenvolvimento global do 
indivíduo. Nas Modalidades de Esportes de Combate e Artes Marciais e iniciação esportiva em 
Lutas, seja dentro ou fora da academia, clube ou escola, a função primordial de um profissional 
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de Educação Física é que a criança seja preservada para poder cumprir com a sua respectiva 
formação e transformar-se em um adulto saudável e virtuoso. As Lutas, consequentemente, 
serão constituídas em componentes importantes para a formação da cultura corporal do jovem 
e do adulto.
As atividades motoras mais diferenciadas e intricadas, com os fundamentos técnicos esportivos 
especializados, são largamente encontradas nas Modalidades de Esporte de Combate e nas Artes 
Marciais. Em geral, esses gestos técnicos são mais bem compreendidos e construídos a partir de 13 
ou 14 anos, no início da adolescência, quando já existe uma formação motora bastante abrangente, 
com especialização de movimentos e consequentes ajustes motores para ações mais emaranhadas. 
Além disso, o indivíduo possui capacidade de pensamento hipotético e de probabilidade associadas 
à maior faculdade de empatia e interatividade psicossocial, fatores iniciais importantíssimos na 
prática desportiva.
É óbvio que muitos principiantes começam a praticar modalidades de Lutas bem antes 
da idade inicial adolescente, e o professor deve estar muito bem preparado para não pular 
etapas de formação motora, provocar especialização precoce e tampouco causar danos físicos 
motores, emocionais e intelectuais. Atividades de iniciação na especialização esportiva podem 
ser aproveitadas, com o emprego de estratégias justas e apropriadas. Por exemplo, crianças de 
7 e 8 anos podem receber estímulos que os levem a efetuar exercícios os quais poderão ser 
posteriormente usados para a prática desportiva em esportes de combate. Sugere-se a imitação 
de movimentos de animais, que os levem a realizar arrastes corporais, giros, mergulhos à frente 
com rolamentos, ações de pegar, puxar, empurrar, quadrupedar, equilibrarem-se e moverem-se 
com variação de direção. A seguir destacamos crianças imitando o andar de ursos, uma prática de 
grande importância no universo da coordenação motora geral, e depois outras figuras mostrando 
atividades conjuntas e individuais de arraste sobre a grama.
Figura 59 – Crianças imitando o andar de ursos: coordenação motora geral
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Figura 60 – Arrastando-se sobre a grama
Figura 61 – Rastejamento junto ao solo
O profissional de Educação Física inserido no universo das Lutas e preocupando-se em ampliar o 
acervo motor de seus educandos pode também provocar a execução de gestos fundamentais, usando de 
estímulos unilaterais e ambidestros. Adicionalmente, gerar descobertas dos esquemas corporais, da noção 
espacial e orientação diretiva, sem a necessidade de absoluta precisão, e ainda promover deslocamentos 
circulares, retilíneos, em arcos, saltitos nas pontas dos pés, rastejamentos, agarres e pegadas. Também 
pode utilizar de deslocamentos para alcançar e bater em bexigas com membros superiores e inferiores, 
pular sobre cordas, fazer quedas controladas de modo mais simples e sem intensidade de excessivo 
impacto e promover exercícios de tentativas para segurar o colega e, por sua vez, tentar escapar, torcer 
panos e cordas etc. A combinação motora surge naturalmente e a particularização dos fundamentos das 
Lutas vai se construindo de modo espontâneo.
4.6.2 Psicomotricidade nas Lutas
Como anteriormente mencionado, as Artes Marciais e as Modalidades de Esportes de Combate 
possuem sofisticação de ações coordenativas, com combinação decisiva de movimentos articulares, que 
permitem explorarde maneira proeminente capacidades de atuação motora, as quais proporcionam 
ampla plasticidade de execução e necessitam de tenacidade nos treinamentos e grande concentração 
mental, exigindo controles motores de diversos graus de liberdade musculoarticulares.
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Devido a essa complexidade de movimentos, o ensino das técnicas e habilidades nas Lutas necessita 
de aprofundamento teórico-prático, muito estudo e vivência permanente. O mais importante é que 
se compreenda que as ações são possíveis e requerem determinação de quem deseja obter elevado 
nível de habilidade.
 Observação
Psicomotricidade é expressão de um pensamento por intermédio de ato 
motor preciso, econômico e harmonioso (AJURIAGUERRA, 1983).
A psicomotricidade pressupõe o indivíduo na busca de eficiência motriz, com domínio de todos os 
elementos constituintes da ação. As Lutas se relacionam com diversos aspectos psicomotores, como: 
disponibilidade corporal, simplicidade biomecânica articular, aptidão para as diversas características da 
coordenação motora, energia interior e noção do esquema corpóreo.
A disponibilidade corporal é a presteza/agilidade que se necessita para agregar as tensões musculares 
ao comportamento motor desejado. O controle da necessidade de força, contenção e conservação de 
posicionamento é essencial para que se atinja a ação indispensável.
A simplicidade biomecânica exige a eficácia de atuação motora; com o mínimo de dispêndio de 
energia e desempenho decisivo da técnica de movimento; não se pode permitir que haja reação do 
adversário ao se efetivar um confronto, pois golpes precisos e finalização imediata são as tônicas capitais 
nas Modalidades de Esporte de Combate e das Artes Marciais.
Por sua vez, as capacidades coordenativas são demandas de reação proporcionadas pelos estímulos 
sensoriais exteroceptivas: visão, tato, olfato, audição, paladar e háptica. Marcantemente, nas Lutas 
pode-se notar que capacidades coordenativas como reação visomotora e tátil-motora e a háptica 
são comumente usadas para se tomar decisões ao se enfrentar um oponente que queira lhe atingir, 
arremessar ou derrubar.
A condição de orientação e a noção de espaço são essenciais ao aprendizado de Lutas, pois são 
requeridos deslocamentos ágeis e precisos, tanto em relação ao opositor, quanto à área de combate na 
qual se disputa a Luta. A orientação espacial se associa ao tempo de execução e análise de se aproximar 
ou se afastar de seu oponente. Essas capacidades coordenativas são essenciais nas decisões relativas 
aos princípios de confronto, pela obrigação em postar-se diante do concorrente de modo a controlar a 
extensão de seu desempenho ou dos implementos usados na disputa como espadas, bastões, lanças etc.
O equilíbrio dá consistência à postura de enfrentamento e possibilita a melhor alocação corporal 
para efetivar golpes, contragolpes e recuperar o domínio do contexto de uma disputa. Além disso, 
outra capacidade coordenativa importante é a velocidade de reação motora, associada à antecipação. 
Essas características coordenativo-motoras são pautadas em estratégias de ação que sustentam os 
princípios de confronto organizados pela execução das esquivas e desvios. Adicionalmente, após um 
ataque desferido pelo opositor, essas competências arranjam caminhos para favorecer a tomada de 
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decisão mais válida à efetivação ofensiva, sempre nas condições mais favoráveis, porque desestabiliza o 
conjunto de atos pretendidos pelo adversário.
O controle de energia interior relaciona-se com a conveniência das emoções provocadas pela 
ingerência do Lutador sobre o domínio corpóreo diante de seu adversário, decorrente das tentativas 
contínuas de tentar a submissão ou desestabilizar sua harmonia e equilíbrio físicos, psicomotriz e 
também emocional. O praticante de Artes Marciais aprende a reprimir ansiedades ou a se deixar 
enfraquecer diante do sucesso do adversário. Pode-se comparar a energia interior ao autocontrole 
corporal, não consentindo que reações psicoemocionais interfiram em seu plano de ação ou em sua 
capacidade de reação.
A noção da extensão física ou esquema corporal é uma característica significante, porquanto dá 
competência ao praticante de Modalidades de Esporte de Combate e de Artes Marciais para perceber 
seus contornos anatômicos, conferir sua medida de força, ajustar as dimensões do confronto, adaptar 
planos e estratégias de Luta.
Nota-se que no aprendizado de movimentos característicos das Lutas estimula-se a construção de 
aspectos de relação com os sentidos, de maneira especial, o acréscimo da compreensão perceptivo-
motora e sensitivo-motora.
A captação perceptivo-motora provém das excitações recebidas e decodificadas pelo cérebro a 
partir dos estímulos exteriores, já mencionados. Esses estímulos ambientais criam as sensações, que, 
devidamente interpretadas pelo centro nervoso humano, tornam-se percepções. As se efetuar uma 
técnica de Artes Marciais, constroem-se caminhos de impressões que levam à formação de fatores de 
movimento e que se relacionam aos fatores psicomotores. Desse modo, organizam-se dois planos de 
ação motora, chamados de planos de adaptação.
Inicialmente aparece o plano de adaptação perceptivo-motor, o qual prepara a tomada de consciência 
do corpo em relação ao movimento específico das técnicas e golpes das Artes Marciais. Com a prática 
e a repetição contumaz das técnicas ao longo do tempo, surge o plano de adaptação sensitivo-motor, 
que manifesta as adaptações inconscientes, todavia rápidas e precisas, dispondo-as de modo preciso, 
harmonioso e eficaz.
 Lembrete
Capacidades coordenativas são potencialidades motoras que podem 
ser desempenhadas, pela relação direta das sensações recepcionadas e 
processadas pelo SNC, e o controle motor ordenado para realizar uma ação.
Portanto, as Artes Marciais e as Modalidades de Esporte de Combate, ao se valerem de atos 
que induzem à psicomotricidade, permitem a propriedade completa da disposição corporal, do 
tempo de reação e controle tônico. O ser atinge um determinado estado de integração com as 
obrigações impostas pelo seu oponente, pela constituição da atividade motora ativa, reacional e 
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psicossocial atribuídas pelas circunstâncias do embate e pela condição repetitiva do gesto técnico 
que proporciona autonomia motriz.
No mundo das Modalidades de Esporte de Combate e das Artes Marciais, podem-se verificar 
todos esses acondicionamentos coordenativos, de dois jeitos diferentes. O primeiro exige a exclusiva 
demonstração de gestos técnicos por meio individual ou com companheiros, com ou sem a utilização 
de armas e implementos. São rotinas e configurações executadas dinamicamente e estruturadas para 
se manter tradições das modalidades e suportar suas características mais representativas. O segundo 
modo são os combates em si, o enfrentamento corpo a corpo decisivo para se obter pontos e condições 
decisivas. Assim, faz-se necessário classificar essas maneiras de se exercer as Modalidades de Esporte 
de Combate e as Artes Marciais em tipos de tarefas para a melhor aplicação da metodologia de prática 
e do aprendizado. A classificação dessas tarefas é condicionada ao ambiente no qual são realizadas e a 
previsibilidade de tomada de decisão.
4.6.3 Classificação das tarefas motoras nas Modalidades de Esportes de Combate e 
Artes Marciais
O Lutador deve entender que em um confronto se toma a forma do combate e desenvolvem-se 
características respectivas ao modelo de realização das Lutas: o combate propriamente dito, o qual 
envolve um concorrente. Esse modelo permite se mostrar um ambiente mutável, inconstante e incerto 
(FRANCHINI, 2010).Figura 62 – Luta de Wrestling: o que vou fazer? O que meu adversário vai fazer?
Observa-se que as Modalidades Esportivas de Combate, as Artes Marciais e as Lutas em geral, 
provocam demandas específicas de respostas. Cada Lutador vai em busca de seus objetivos e toda ação 
gera uma reação contrária. Qualquer gesto que vise desestabilizar, golpear e derrubar seu adversário 
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poderá implicar respostas distintas, tais como: tentativa de resistir ao empuxe ou aproximação, desvios 
e escapes, contra-ataques e contragolpes, aproveitamento da ação executada e da força empregada 
para aplicar uma técnica de decisão. A metodologia de ensino é mais livre, com a prática da Luta em si, 
e assim os principiantes vão construindo bases de posicionamento motriz, mental e emocional de modo 
a provocar a arquitetura de uma maior autonomia e aumento nas decisões motoras.
Essas tarefas motoras constantes das práticas de Lutas, em geral, são jogos de oposição corporais 
extremamente dinâmicos, que possibilitam permanente imprevisibilidade motora. Desse modo, 
caracterizam-se como tarefas motoras abertas, pois não se pode com precisão absoluta determinar, 
integralmente, as ações humanas que procedem de seu adversário em todos os momentos da disputa 
competitiva. Tampouco saber se ataques, defesas e esquivas realizados surtirão o efeito desejado 
naquela situação. Na iniciação esportiva e na Educação Física escolar, é importante que se empreguem 
as atividades de Lutas como Jogos de Combate, proporcionando a concepção de enfrentar situações de 
confrontação e possibilitar o exercício de adaptação instantânea e formação de atitudes confiantes e 
determinantes. Aqui a prática indica efetuar a Luta e assim poder se Lutar.
Por outro lado, apresentam-se possibilidades no exercício demonstrativo das Lutas que são efetivadas 
sem que haja considerações impostas por opositores. Nesse caso, o indivíduo mostra suas capacidades 
de entendimento e profundidade na realização motora de movimentos motrizes de ataques e defesas, 
sem que exista um oponente. Faz-se a apresentação com precisão e rigorosidade motriz. Esse modelo é 
circunscrito a um padrão de execução, é seguro, sequencial e predeterminado. Eles são destacados como 
tarefas motoras fechadas.
Essas tarefas não recorrem a decisões a serem tomadas de modo reativo, pois são demonstrações 
combinadas ou treinadas com movimentos predeterminados, com ou sem parceiros, por exemplo, as 
rotinas de execuções denominadas katas, poomses e katis, do Judô e Karatê, Tae kwon do e Wushu, 
respectivamente. Podem e devem ser usadas para se desenvolver conceitos de posicionamento, de 
habilitação de ações mais complexas de modo sequencial e sincronismo pedagógico, de estruturação 
de movimentos rítmicos, formação de esquema corporal, coordenação motora, controle de energia e 
fundamentação do equilíbrio anatômico e compreensão das posturas corporais e essência de cada Luta. 
Essa metodologia é mais analítica e sequencial. Nessa condição, a Luta é imaginária e os movimentos 
são produzidos em séries ordenadas e possuem grande plasticidade motora.
Observe na sequência as figuras mostrando as quebradeiras do Tae kwon do coreano, uma tarefa 
motora fechada; e depois um movimento do kati, do Wushu chinês, outra tarefa totalmente previsível, 
isto é, em ambiente estável de realização.
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Figura 63 – Quebradeira Tae kwon do – tarefa motora fechada
Figura 64 – Kati do Wushu com armas e em grupo
A classificação das tarefas motoras em abertas e fechadas permite estruturar e organizar as práticas 
das atividades, além de direcioná-las de acordo com os interesses do praticante e as percepções do 
professor para iniciação e prosseguimento de aulas e respectivos objetivos a serem alcançados.
As instruções iniciais à introdução de modalidades de combate devem seguir os parâmetros indicados 
pela ciência da aprendizagem motora, assim os primeiros contatos com os principiantes acontecem por 
meio de demonstrações de golpes e técnicas. Os principiantes inicialmente tentam captar a imagem e o 
conceito geral do movimento. Com a reprodução sistemática, fixam a técnica de modo estável. Com as 
atividades de minicombates diversificam-na ao enfrentarem ambientes instáveis e variantes.
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 Saiba mais
Veja o artigo sobre aprendizagem de uma técnica de Judô, realizada por 
meio da demonstração do professor, e as instruções verbais comparadas ao 
efeito durante o uso do vídeo.
MIRANDA, M. L. Efeito do uso da instrução verbal e demonstração por 
vídeo na aprendizagem de uma habilidade motora do Judô, cap. 11, p. 
100-109, 2009. In: TEIXEIRA, et al. (Orgs.) Especialização em aprendizagem 
motora. São Paulo: Departamento de Biodinâmica do Movimento do Corpo 
Humano da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São 
Paulo, v. 2, 2009. Disponível em: . Acesso em: 23 mar. 2018.
Aqui se reforçam os necessários cuidados para que se respeitem as etapas do desenvolvimento 
motor e se sigam as sequências pedagógicas apropriadas. Movimentos complexos podem ser divididos 
em partes e criativamente treinados separadamente, considerando sua conjunção posterior ao domínio 
de cada componente integrante da técnica. Parte-se da intenção de se começar pelos elementos mais 
simples e ir até os mais complexos, construindo fases apropriadas.
Exemplo de aplicação
Partindo-se do conteúdo apresentado, que tal fazer uma reflexão e propor atividades baseadas 
em Modalidades de Esporte de Combate para a promoção do aprendizado de fundamentos técnicos 
das Lutas? Como usar os elementos de enfretamento da prática de Lutas para se preparar contra as 
adversidades sociais, políticas e profissionais?
 Resumo
O esporte é o meio de instrução que apresenta larga utilidade 
educacional formativa. O Esporte Educação foi criado com intuito de 
atender às mudanças mais ativas que acontecem sistematicamente na 
sociedade e visa incentivar o desenvolvimento de crianças e adolescentes, 
por meio dos elementos motores provindos das mais variadas modalidades 
esportivas. Ele se introduz categoricamente por meio da Educação Física e 
se apresenta como promotor da coeducação e inclusão social.
Dentre os mais variados ramos do conhecimento universitário a serem 
debatidos pelos estudantes de Educação Física, destaca-se a disciplina de 
Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamento.
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O termo Luta está inerentemente coligado à condição humana. Lutas 
são desafios ancestrais e atuais, pois se relacionam à própria sobrevivência, 
busca territorial, procriação, proteção de sua prole e liderança social. Elas 
aparecem de modo genérico na mídia e são amplamente noticiadas no 
esporte, em especial pelas modalidades do MMA, Boxe profissional e das 
modalidades olímpicas: Judô, Tae kwon do, Karatê, Luta Greco-romana, 
Wrestling, Boxe amador e Esgrima.
O vocábulo passa a ter interpretações diferenciadas quando o 
colocamos em diferentes contextos. No conteúdo social, Luta torna-se 
sinônimo de conquista a ser alcançada, seja no âmbito corporal, político 
ou socioeconômico, lembrando que somente se legitima pelo exercício 
da ética essencial humana. Desse modo, é uma atividade consciente 
e planejada, caso contrário se intitularia como briga, isto é, atividade 
irracional, baseada necessariamente no descontrole emocional. Também 
se apresenta como Defesa Pessoal, relacionada à propriedade corporal e 
tática para se enfrentar ações e acometimentos referentes à segurança 
pessoal. No plano das atividades militares,as Lutas se tornaram Artes 
Marciais, pois derivam de estratégias e excelência de ações corporais e com 
armas, voltadas para as guerras, exaustivamente utilizadas na Antiguidade. 
Atualmente, Artes Marciais também sofreram mudanças de interpretação, 
devido à evolução social humana, às influências filosóficas e religiosas e, 
portanto, transformaram-se em atividades físicas corporais de combate, 
direcionadas ao autoconhecimento e à elevação pessoal. No Esporte de 
Rendimento, Luta se converte em Modalidade de Esporte de Combate, isto 
é, atividades com ênfase no alto rendimento esportivo profissional.
Existe uma gama muito grande de modalidades singulares de 
Lutas, derivadas de civilizações e povos distintos. Para serem mais bem 
compreendidas e atenderem à formação universitária, usou-se de 
classificações acadêmicas que facilitam a compreensão, o estudo e a 
aplicação da riqueza de elementos coordenativos corporais, dos muitos 
valores para o desenvolvimento cognitivo, como as inteligências múltiplas 
e dos meios significativos de interatividade afetivo-social. Apresentam-se, 
primeiramente, as categorizações quanto ao princípio de domínio. O inicial 
é o agarre, por meio de gestos técnicos da pegada, dos estrangulamentos, 
das restrições articulares, imobilizações, projeções etc. O segundo princípio 
de domínio é o toque, baseado em fundamentos de ataques com os próprios 
segmentos corporais, tais como: socos, chutes, cotoveladas, cuteladas etc., 
e os golpes com armas, como estocadas, cortes, perfurações etc. Por fim, o 
último princípio: a varredura, com suas respectivas rasteiras e arrastes com 
pernas e mãos.
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Outra classificação empregada está relacionada como princípio de 
confronto. Sua primeira categoria é chamada de ajuste de distância; seus 
consequentes distanciamentos são: curto, médio e longo. A segunda classe 
é denominada modo de enfrentamento, ela é composta de ataques, defesas 
e esquivas.
O ser humano sempre perpetra aproximações e disputas corporais: 
procura-se manter seu equilíbrio e ao mesmo tempo retirar o do seu 
adversário. Em uma analogia com animais, os homens em seu universo 
infantojuvenil se pautam pela interatuação corporal, comumente chamada 
de brincadeira turbulenta. A partir desse conceito, desde as civilizações 
mais antigas, as Lutas fazem parte da sua natureza educativa.
Além das competições nos Jogos Olímpicos, as Lutas eram voltadas 
para a preparação guerreira, ética, política e defesa dos templos, assim 
exigiam bastante de seus praticantes. Atualmente, respeitando-se as 
etapas cientificamente propostas do desenvolvimento físico, cognitivo e 
psicossocial, empregam-se atividades correlatas que promovem princípios 
e valores educacionais de maneira extremamente eficaz: os Jogos de 
Combate, os quais envolvem os enfrentamentos, a conscientização física, 
o aprendizado pelo movimento, a disposição empática no trato pessoal, a 
perspicácia e a tomada de decisão. Jogos de Combate são ricos em variantes 
de desafios motores, auxiliam para que se evite a especialização precoce, 
divertem e promovem as potencialidades individuais.
A riqueza cultural que envolve a prática das Lutas possibilita sua ampla 
atuação na Educação Física e, por conseguinte, no Esporte Educação, 
proporcionando ilimitadas ações de interdisciplinaridade. Basta verificar 
os componentes lendários, históricos, anatômicos e biomecânicos para 
se perceber sua empregabilidade educacional. Desde as Lutas mais 
remanescentes, que se têm ciência do mundo ocidental e oriental, passando 
pela evolução das Artes Marciais e do interesse e sucesso nas modalidades 
esportivas de combate, sabe-se que o universo das Lutas é deveras global.
Tomando-se por conta a nossa história, as Lutas indígenas brasileiras 
como a Huka-Huka e a Capoeira possuem uma extensa diversidade de 
elementos para promover reflexão sociocultural e instrução corporal, além 
de, consequentemente, trazer vasto conhecimento sobre nossos costumes 
e tradições e favorecer a interdisciplinaridade.
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 Exercícios
Questão 1. (Enade 2016, adaptada) Ao analisar o planejamento pedagógico das modalidades 
Karatê e Judô de uma escola de esportes, o coordenador esportivo que supervisiona a equipe de 
professores verificou que, nas turmas de 6 a 10 anos, o processo de ensino-aprendizagem era voltado 
prioritariamente para o aprimoramento das técnicas que fazem parte dessas modalidades através de 
programas essencialmente especializados. Com base nessa situação, avalie as afirmativas a seguir e a 
relação proposta entre elas.
I – O coordenador esportivo deverá convocar uma reunião com os professores da equipe para discutir 
o processo de ensino-aprendizagem dos alunos e propor a reestruturação do planejamento pedagógico 
das referidas modalidades
Porque
II – As crianças submetidas precocemente a treinamentos especializados podem vir a apresentar 
transtornos psicológicos, lesões e esgotamento prematuro.
A respeito dessas afirmativas, assinale a alternativa correta.
A) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A afirmativa I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A afirmativa I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As afirmativas I e II são proposições falsas.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das afirmativas
Justificativa: a afirmativa I é correta, pois o coordenador esportivo tem um papel importante na 
montagem da metodologia de ensino em conjunto com os professores e na supervisão da execução 
destas atividades propostas nas diferentes faixas etárias. A afirmativa II é correta, pois nesta faixa etária 
(6 a 10 anos) o treinamento especializado pode trazer diversos prejuízos físicos, psicológicos e sociais 
aos respectivos alunos. Adicionalmente, a afirmativa II é uma justificativa da I, pois caso não ocorra uma 
reestruturação do planejamento, os alunos podem apresentar os prejuízos supracitados.
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Questão 2. (Enade 2004, adaptada) As Lutas são um conteúdo da Educação Física a ser desenvolvido 
pelos profissionais nas suas atividades em diferentes locais, como academias, clubes, escolas etc. Embora 
não sejam um objeto de estudo exclusivo da Educação Física, têm sido elemento constante de tal campo 
de atuação. Por outro lado, as Lutas têm sido alvo de severas críticas, especialmente em virtude do 
desenvolvimento dos chamados pit boys (rapazes que se utilizam do aspecto físico e técnico das artes 
marciais para praticarem atos de violência). Neste sentido, aulas e treinamentos podem ser um espaço 
de contribuição para formação educacional e físico-técnica do aluno, cabendo ao professor:
A) Estimular a tolerância e a convivência, mantendo a exclusividade do direito de ministrar aulas de 
artes marciais.
B) Permitir à população, embora restritamente, conforme o desempenho atlético, o acesso às aulas 
de artes marciais.
C) Traçar um perfil sociométrico e psicológico de seus alunos para aferir a possibilidade de um deles 
tornar-se um pit boy.
D) Facilitar a inserção social da população, estimulando-a a praticar artes marciais para aprender a 
se defender quando sofrer um ato de violência.
E) Facilitar a inserção social dos excluídos, inclusive os que têm comportamento agressivo, e utilizar 
suas aulas para estimular, além do desempenho atlético, a sociabilidade.
Resolução desta questão na plataforma.
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Unidade II
5 LUTAS NO ESPORTEPARTICIPATIVO
O Esporte Participativo engloba uma variedade prazerosa de atuação no campo das atividades 
físicas e tem o objetivo de instigar a população a tomar parte e persistir na prática esportiva como 
cultura corporal.
Tubino (2010) apresentou o Esporte Participativo direcionado às expressões físicas e motoras oriundas 
das modalidades esportivas que se relacionem com intenções de se buscar divertimento e interação 
social, associando e contribuindo aos propósitos de desenvolvimento pessoal.
Um fator que desperta estima é que o Esporte Participativo visa alcançar uma variedade 
bastante ampla de militantes, não impondo condições de idade e social, sujeitos com necessidades 
especiais, gênero etc.
Os equipamentos nos quais se realizam o Esporte Participativo também são muito flexíveis. Observa-
se que parques, praças, academias, clubes, praias, terrenos, escolas e instituições de nível superior 
(atividades de extensão comunitária em espaços ociosos e fins de semana) etc. são lugares que devem 
ser amplamente usados para possibilitar o desempenho do Esporte Participativo.
O envolvimento pessoal em grupos com objetivos comuns, o convívio, a experimentação, a troca 
de conhecimentos, a sociabilidade e os saberes interativos são características importantíssimas que 
se destacam.
É muito corriqueiro verificar-se colegas de trabalho, familiares, comunidades de idosos, de policiais, 
de regiões com carência social, estudantes e demais grupos sócio-interativos que se juntam e se 
envolvem em muitas atividades esportivas realizadas aos fins de semana, após o término das suas 
atividades profissionais e estudantis, para efetivação do lazer e recreação.
Por meio do Esporte Participativo, busca-se o comportamento social que provoque influências mútuas, 
desperte conscientização e aceitação social, dissemine a cidadania e explique as condições de se atingir 
melhores condições de comunicação humana e presença em sociedade, debata as responsabilidades 
familiares, contemplativas, políticas, educacionais, deveres e direitos iguais.
As particularidades intrínsecas das Lutas auxiliam no desenvolvimento integral do ser pela contínua 
troca de desafios por meio de influência mútua; exige-se que a prática seja desempenhada com seus 
colegas, ao lado de seus companheiros e através das críticas construtivas de todos os participantes. Os 
intercâmbios corporal, mental e psicossocial são permanentemente exigidos.
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Unidade II
As Lutas envolvem o contato corpóreo humano, as condições de trocas anatômicas são muito próximas, 
e necessita-se do uso de estratégias de atuação, pensamento hipotético, aceitação das próprias limitações, 
emprego das potencialidades físicas, da racionalidade e do domínio afetivo-emocional. Daí certifica-se a 
grande utilidade das Lutas no Esporte Participativo, auxiliando na construção de indivíduos mais influentes, 
centrados, os quais possuem ainda maior autocontrole emocional no universo da cidadania.
Percebe-se que a disciplina de Lutas é muito atraente para ser usada como ferramenta de efeito no 
Esporte Participativo.
5.1 Segurança pessoal no uso cotidiano
Vários historiógrafos descreveram a necessidade que os monges tinham de se defenderem dos 
ataques de saqueadores de seus templos. Os escritos mais conhecidos expõem o monge budista indiano, 
Bodhidharma, 527 d.C., como precursor da criação de métodos de Defesa Pessoal que permitiram aos 
religiosos protegerem seus bens. Os procedimentos mais especializados dessas realizações corporais 
foram criados por meio de técnicas baseadas em movimentos de ataques e defesas que eram feitos por 
vários animais (ASHRAFIAN, 2014).
Os samurais foram outra classe de guerreiros e estudiosos que aprofundaram o treinamento de 
técnicas de Lutas, em especial com uso de espadas e outros implementos, além da utilização de golpes 
e técnicas que pudessem submeter seus adversários apenas com o emprego das mãos, contra atacantes 
equipados com armas de corte. A casta dos samurais entendeu a importância da prática dos exercícios 
conjuntos de Defesa Pessoal para instigar os seus praticantes a refletirem a respeito da necessidade de 
estabelecer relações com seus adversários e respeitá-los. Essa prática conjunta marca notadamente a 
obrigação de perceber que os seus oponentes é que vão propiciar condições de apontar suas debilidades, 
permitirão que se descubram alternativas de tomada de decisão diante dos desafios impostos e 
possibilitarão aprofundar o conhecimento sobre a própria melhora em todos os níveis de atuação do ser.
É notável que em épocas remotas várias Artes Marciais e Lutas se difundiram mais como atividades 
de Defesa Pessoal.
É imprescindível atentar que tempos contemporâneos, infelizmente, ainda propiciam grande 
incidência de acometimentos, assaltos e violência urbana, os quais afetam diretamente a população 
em geral. Desse modo, muitas pessoas procuraram academias e clubes especializados nessas Lutas para 
poderem exercer seus direitos de defesa em caso de ataques e brutalidades cotidianas. Obviamente, 
o papel do professor no treinamento foi e sempre será fundamental para a construção de equilíbrio 
emocional daqueles que desejam se utilizar de meios de autodefesa.
Portanto, chama-se a atenção para o fato de que essas atividades de Artes Marciais e Lutas, 
praticadas sem intuito competitivo, propiciam ampla sociabilidade e permitem reunir muitas 
pessoas com interesses comuns na prática desportiva voltada para a segurança pessoal. O esporte, 
aperfeiçoado em combates corpóreos, volta-se para engrandecer o ser humano na busca de ideais 
de participação na convivência sadia, que elevem sua autoestima e que tragam autoconhecimento e 
melhores relações interpessoais.
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 Lembrete
As Artes Marciais na Antiguidade significavam excelência para a guerra, 
atualmente querem dizer prática de atividade física com objetivo de 
autoconhecimento, interatividade e equilíbrio pessoal.
Quando descrevemos Esporte de Participação, no caso específico da prática das Lutas norteadas 
para a segurança individual, é primordial que o uso dessas técnicas de Defesa Pessoal seja feito somente 
em condições que lhes possam ser totalmente favoráveis. O seu uso é extremamente restrito e rigoroso 
e deve ser dirigido somente para legítima defesa, com precisão absoluta e culminante capacidade de 
ação que não permita ao agressor reagir. O Esporte Participativo aponta para a prática e o exercício que 
permita treinar e adquirir condições de cumprir somente controle, domínio e autoridade sobre os seus 
agressores e jamais se valer de suas propriedades de exterminação ou para causar danos físicos e morais 
irreparáveis. Como exemplo, vê-se a prática de esporte de Defesa Pessoal dirigida para a construção da 
autoconfiança e do estabelecimento de atitudes conduzidas para o bem-estar de todos. Modalidades 
como Aikido, Hapkido, Judô, Karatê e Wushu destacam-se nas procuras para esses conhecimentos.
Por terem ultrapassado tantos séculos de costumes políticos e sociais, e partindo do princípio de 
resguarda de seus valores de fundamentação filosófica, as Artes Marciais constituem uma prática 
de excelência para a autopreservação. A constante solicitação cognitivo-emocional que exige de seu 
praticante, apoiada em preceitos tais que formam a disciplina física, a incitação à tomada de decisão 
instantânea e prevenida, com extrema exatidão e respeito ao seu contendor, imbui seus participantes 
a compreenderem os aspectos primordiais de planejamento de ações. Portanto, antecipação, prontidão 
emocional, física e motora e alerta dos sentidos são características que afloram no assíduo praticante de 
Lutas. A estruturação da Defesa Pessoal, por meio da prática das Artes Marciais, sustenta seu participante a 
possuir amplo preparocomo 
atividades pré-esportivas, pois elas não eram estruturadas para servirem aos domínios político, social, 
econômico e cultural como se fazem presentes na sociedade contemporânea.
Adiante vamos ampliar esse tema sobre o esporte e as Lutas relativas às sociedades mais antigas e 
discorrer sobre as artes e modalidades que se destacavam nas mais distintas civilizações. O importante 
agora é trazer a compreensão de que, a partir das práticas de atividades pré-desportivas combativas, 
sempre existiu a prevalência de alguém, por ser o mais forte, aquele muito mais rápido ou ao mesmo 
tempo o mais competente. Segundo Campbell e Moyers (1990), o ser humano não consegue seguir 
sozinho as suas aventuras pela vida, ele segue a trilha do herói para encontrar a sua própria experiência.
A partir de então, houve condições para práticas organizadas em eventos de modalidades bastante 
aguerridas, umas muito brutais e outras mais brandas, com intenção de se encontrar sentido na 
participação do confronto como parte da existência e chegar ao êxtase como exemplo a ser seguido. 
Desse modo, houve a continuidade da utilização, então sistematizada e direcionada do esporte para o 
enaltecimento da vitória, do troféu e da diferenciação entre “maiores” – ou vencedores e “menores” – os 
derrotados. Paralelo a isso, ocorreu a comparação, pela coletividade em geral, de que essas conquistas 
esportivas eram realizadas por heróis sobre-humanos. Tal fato permaneceu por longo tempo, desde os 
combates dos Jogos Olímpicos na Grécia Antiga e Clássica. Em seguida, nas disputas dos gladiadores 
romanos, passando pelas competições cavalariças medievais na Idade Média, os eventos e disputas 
violentas acontecidas durante a Revolução Industrial, chegando aos tempos modernos, novamente com 
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os Jogos Olímpicos da Era Moderna, no fim do século XIX, até os Jogos contemporâneos, nos idos da 
década de 1970.
Lembra Tubino (2010) que é notório que a globalização e o desenvolvimento social e econômico 
salientaram a importância da prática de atividades físicas para a saúde e, além disso, houve o 
reconhecimento do esporte como valioso instrumento de fomento social para o ser humano. Essas 
afirmações se fizeram constantes na Carta Internacional de Educação Física e Esporte (UNESCO, 1976), 
independente das práticas de rendimento esportivo até então conhecidas e exaltadas na sociedade. 
No Brasil, essa determinação, aliada à Constituição Brasileira de 1988, a qual estabeleceu o direito às 
práticas esportivas formais e não formais para todos os cidadãos brasileiros, provocou o entendimento 
do desporto para além do rendimento competitivo, ampliando seu conceito para o emprego como 
esporte lazer/saúde – ou Esporte Participativo e também como Esporte Educação, de tal modo que 
se aflorou o esporte para a concepção socioeducativa, isto é, o de direcionar para a constituição da 
cidadania, da coeducação, promover a cooperação e solidariedade, além de estar comprometido com o 
espírito e desenvolvimento esportivo (TUBINO, 2010).
Ressalta-se que o esporte educacional volta-se essencialmente para crianças e adolescentes e pode 
ser exercido por meio de atuação escolar: curricular ou extracurricular, nas comunidades e instituições 
não governamentais. Ademais, concebe-se e deve-se ter atenção especial por intermédio da iniciação 
esportiva em clubes e academias, respeitando-se essencialmente de modo acadêmico e científico o 
espectro desenvolvimentista de promoção cognitiva, psicossocial e física desses indivíduos.
Assim sendo, o Esporte Educação faz parte do contexto profissional do qual o professor de 
Educação Física deve se inteirar. É de sua total responsabilidade colaborar na constituição integral do 
ser e portanto usar a disciplina de Lutas como mais um excelente instrumento para contribuição na 
formação infantojuvenil.
Como se verá nesta publicação, as Lutas abrangem uma ampla ação motora, incentivam o desenvolvimento 
afetivo-emocional, a construção da reflexão e juízo de valor e a ascensão para a Educação Física.
Iniciaremos fazendo uma distinção importante do uso do termo Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate.
 Lembrete
Esporte Educação é voltado para a área educacional, em especial, à 
formação de crianças e adolescentes.
1.1 Definições
Na nossa sociedade ocorre a utilização bastante ordinária do termo Lutas, mostrando significação 
de algo, cujo resultado a ser alcançado se deverá ao confronto irracional, gerando violência e causando 
prejuízo para outrem, além de dar sentido de ação, que requererá o uso de algum poder de imposição 
e choque com valores desumanos. Além disso, é comum haver uma mistura de significados cujas 
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colocações nas descrições literárias, acadêmicas, revistas, blogs, sites e jornais trazem alguma desordem 
quanto ao seu emprego correto e compreensão, em especial se confundindo com as atividades de 
Modalidades de Esporte de Combate e das Artes Marciais. Dessa maneira, faremos uma diferenciação 
e padronização acadêmica para atribuir adequadamente as disposições, as classes e os estudos que 
serão discutidos nesta publicação. As classificações e categorias sugeridas para distinguir os nomes das 
atividades exercidas por meio de combates corporais ou com armas auxiliarão extremamente o juízo e 
o aproveitamento das Lutas na educação, na saúde e no esporte.
1.1.1 Lutas
Segundo Mahatma Gandhi (1948), “A alegria está na Luta, na tentativa, no sofrimento envolvido, e 
não na vitória propriamente dita”.
Lutas indicam prontidões que se caracterizam por serem de confronto, seja corporal, seja mesmo de 
embate da retórica, alcançando até aquelas que visam pretensões sócio-político-profissionais e as que 
exigem posicionamentos de ideias e sentimentos. Em geral, as Lutas se associam a conquistas eficientes, 
atingindo objetivos determinados, sem que haja fundamentalmente a preocupação com a derrota do 
adversário, mas sim em atingir o seu próprio êxito. Os escrúpulos são de ordens restritas ao contexto e 
nível humano dos participantes da contenda, subjuga-se o oponente e debela-se sua resistência para se 
atingir o sucesso. O mais importante é vencer, e não necessariamente acabar com seu adversário.
Para se dar um exemplo concreto para o uso da palavra Luta com a intenção de se vencer, mas 
não de abater o oponente, citam-se os animais que Lutam pelo acasalamento, tomadas de liderança 
e domínio de território para a proteção à prole, exemplo: “Os elefantes mais jovens Lutaram para 
destronar o animal mais velho do armento” ou “Os hipopótamos Lutam ferozmente contra a invasão 
de seu território, e nenhum outro animal se atreve a se aproximar quando estão vigilantes”, “Ursos 
Lutaram pela fêmea, o perdedor abandona a região e vai procurar outra oportunidade de perpetuar seus 
genes”. Nos jornais e revistas também se encontram repetidamente descrições que mencionam o termo 
Luta. De acordo com UOL Notícias (2009), coloca-se o vocábulo como procedimento para se atingir 
determinado sucesso, assim apresentado: “O documento contempla uma série de melhoras na Luta 
contra a imigração irregular, que buscam aprofundar os instrumentos de prevenção, aumentar a eficácia 
dos procedimentos de repatriação e a melhora das garantias nas diferentes situações”. Na política, o uso 
da palavra Luta é muito comum, como no modelo político-educativo citado por Rui Barbosa: “Quem 
não Luta pelos seus direitos, não é digno deles”. A palavra induz a um significado amplo de buscar e 
conquistar algo, mas não necessariamente exterminar seu opositor. É comum verificar-se que políticos 
disputam uma votação e ao fim quem vence diz-se que lutou muito para conquistar os votos da maioria. 
Outro exemplo que designa com propriedade sua compreensão está contido na seguinte descrição:emocional, contenção, inteligência emocional, autoconfiança e preservação da vida.
Obviamente, a prática e o emprego dessas Lutas, ao longo do tempo, também passaram por 
deturpações de indivíduos despreparados, talvez em maior ou menor escala em distintos períodos. Várias 
pessoas obtiveram o conhecimento das técnicas de confronto corporal, sem terem sido estruturadas 
cognitiva e emocionalmente para conviverem com os princípios de sua utilização em sociedade. Assim, 
percebem-se diversas ocasiões nas quais sujeitos intimidam seus pares, abusam de atitudes descabidas 
que se baseiam na violência, sujeitos que pertencem a clubes e academias sem registro nas devidas 
instituições e sem fiscalização do poder público, treinados por supostos professores de Artes Marciais, 
os quais estão totalmente desvirtuados dos preceitos filosóficos das Lutas. Esses indivíduos criam uma 
visão totalmente equivocada dos valores sócio-afetivos a serem edificados pelo aprendizado das Lutas 
e das respectivas técnicas de autodefesa. Preparam-se para se sobressair fisicamente e atemorizarem 
outras pessoas por intermédio de atitudes que podem ser consideradas de pouquíssima capacidade de 
inteligência em relação à sua participação na coletividade.
Foram corriqueiras as notícias vinculadas na mídia, na década dos anos 1980, sobre rapazes 
que se imbuíam do espírito de valentões, vestidos com uniformes de soldados, detentores de cães 
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considerados agressivos, treinados e desvirtuados de sua natureza doméstica, em particular os da raça 
pit-bull, para atuarem como verdadeiros delinquentes e desordeiros. Os jornalistas até apelidaram 
esses delinquentes de pit boys.
Eram esses baderneiros, e ainda se encontram alguns de seus delituosos seguidores, praticantes 
de Lutas e Artes Marciais, de musculação e dispostos a incitarem brigas e confusões, com intuito 
único de causarem confusão, pânico, perturbação e fazerem valer seus atributos físicos. Felizmente, a 
própria sociedade os descaracterizou, e não acatou esses grupos distorcidos de valores e que afetavam 
a convivência pacífica, pois esse não é o sentido da prática participativa nas Lutas, tampouco dos 
adeptos da Defesa Pessoal. Assim sendo, nota-se que a incidência desses sujeitos e de instrutores 
de Lutas de categoria duvidosa tem se reduzido consideravelmente na sociedade. Além disso, esses 
fomentadores irresponsáveis da violência vêm perdendo terreno para profissionais de gabarito. Cada vez 
mais profissionais de Educação Física se capacitam no universo das Lutas e da Defesa Pessoal e antigos 
instrutores dessas modalidades têm se dirigido aos cursos de Educação Física para fundamentação e 
ampliação de seus conhecimentos.
 Observação
Defesa pessoal tem por objetivo sempre evitar o confronto.
Profissionais de Educação Física têm se pautado pela constituição de atitudes condizentes com a 
civilidade ao empregarem a prática de Lutas para a Defesa Pessoal que visa à formação do ser. Estes 
profissionais dirigem o aprendizado das técnicas de Lutas, nas mais diversas instituições, com objetivo de 
lazer, recreação e construção de valores sociais em harmonia com os bons costumes. Nitidamente, esses 
indivíduos seguem todas as determinações acadêmico-científicas e se pautam firmemente pela ética, 
oferecendo a prática dos elementos corporais de combate para cultivar raízes que gerem indivíduos 
compromissados com os mais nobres valores de convivência social, tais como: solidariedade, empatia, 
voluntariedade, disciplina, hierarquia, contenção, cortesia, polidez e respeitabilidade.
5.2 Segurança pública e a prática participativa nas Lutas
As corporações militares sempre procuraram a Educação Física como ferramenta auxiliar para 
preparação de seus membros, ainda mais na prática de modalidades de combate, inerentes à condição 
de confrontos permanentemente usuais em sua profissão.
Primeiramente, no âmbito militar, as Lutas tinham função de preparar corporalmente as tropas, 
com intuito de proporcionarem boa disposição física, competência para suportar longos deslocamentos, 
falta de conforto e capacidade de enfrentamento corporal por meio da força e com o uso das armas de 
combate frente a frente com o inimigo.
Apesar de efetivos militares das cidades brasileiras terem sido criados desde 1830, ainda no Império, 
somente no início do século XX o esporte para treinamento combativo por meio de força pública 
foi introduzido na polícia militar brasileira. Anteriormente, os treinamentos físicos eram feitos por 
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intermédio de ordens unidas militares como marchas, carregamento de armas e treinamento de tiros. 
A partir de 1910, com a chegada do francês Delphin Balancier para coordenar a instrução de Esgrima 
e Ginástica para os soldados de São Paulo, foi introduzida a sistematização e aplicação esportiva da 
Educação Física dos soldados paulistas. Além dos combates realizados com bastões e Esgrima à baioneta, 
outra modalidade que se distinguiu no treinamento militar de combate corporal foi o Boxe savate – 
mistura do Boxe, por meio de socos associado com o Savate, técnicas de chutes e pontapés, que tem 
origem francesa (POLICIA MILITAR DE SÃO PAULO, [s.d.]).
O Esporte Participativo nos grupos das polícias militares, sobretudo no adestramento com Lutas, 
Artes Marciais e Defesa Pessoal, está difundido de modo bastante abrangente no território brasileiro. 
Cada vez mais se certifica a participação de agentes militares em práticas específicas de Lutas com 
intuito exclusivo de servir bem profissionalmente, em particular nos parâmetros da segurança pública.
A segurança pública é responsabilidade de todos e sua finalidade é proporcionar proteção à vida, 
ao patrimônio, à ordem, prevenindo criminalidade, efetiva ou potencial, distúrbios e vandalismos 
que coloquem em risco quaisquer cidadãos. As polícias militares foram criadas com essa intenção 
específica, e especialmente a favor da população. Seus integrantes nada mais são que seres humanos 
iguais a todos os habitantes da nação, com os mesmos deveres e direitos e, por essa razão, o seu preparo 
deve ser muito profundo e de excelência para atender as demandas de ordem social, preservando os 
direitos constitucionais.
Esses profissionais têm de lidar com exacerbações de grupos políticos, associações de classes e 
coligações sociais, as quais muitas vezes invadem o direito dos outros e agem de maneira a ultrapassar 
os limites do posicionamento pacífico e ordeiro em suas manifestações. Também enfrentam interesses 
de criminosos, bandidos, traficantes e combatem a criminalidade, colocando em risco suas vidas e a 
segurança de suas famílias.
No âmbito da força pública, o treinamento das tropas militares urbanas e rurais tem mostrado 
movimentos inteligentes por meio da prática desportiva de Lutas, com a finalidade de capacitar 
seus representantes para melhor atuação profissional. Não se mira somente a preparação física, mas 
principalmente a habilitação cognitiva e emocional de enfrentamento contra criminalidade, vandalismo, 
desordens, destruição efetiva e potencial de patrimônio público e particular, atentados e ações que 
coloquem a vida cidadã em risco. Os agentes públicos de segurança se reúnem para receber treinamento 
que os elevem na condição do trato comunitário e pessoal, aprendem e reforçam técnicas decisivas em 
abordagens e ações de proteção, vigilância e prevenção.
Há muito tempo a Defesa Pessoal se difundiu nos ambientes militares e policiais como modo de 
treinamento específico para confrontos nos quais se necessitem de estratagemas a fim de conter 
manifestações de ordem aparelhadas ou caóticas. Como já apresentado, as Artes Marciais disseminam 
oportunidades de conscientização corporal, contenção emocional e atuação racional imediata com 
domínio dasituação. Desse modo, os componentes das forças públicas, ao praticarem comumente as 
Artes Marciais, parecem apresentar melhores condições para salvaguardar e proteger a vida de todos os 
envolvidos em atos exacerbados e que não respeitem os direitos de outrem.
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Portanto, com a prática das Artes Marciais, os grupos que atuam nas forças públicas reúnem 
condições de melhor envolvimento profissional e social, expandem seu conhecimento para a sociedade 
e prestam benfeitorias à cidadania.
5.3 Lutas e a promoção da saúde
Na história humana encontram-se manifestações corporais que mostram a prática de atividades 
físicas e esportivas para o patrocínio e a difusão de métodos essenciais que produzam promoção da 
saúde, construção estética relacionada à beleza interior e exterior, desenvolvimento de força, despertar 
da vivacidade e conquista de bem-estar.
Na Antiguidade, termas, circos romanos (pistas e campos em geral circulares, ovais ou retangulares), 
anfiteatros, estádios, coliseus, piscinas, rios, salas imperiais, templos e monastérios, dentre vários locais, 
abrigavam treinagens, lazer e disputas esportivas voltadas às populações, aos imperadores, políticos 
renomados, reis e faraós. Esses treinamentos buscavam atingir os objetivos mais diversos, mas entende-
se que sempre havia preocupação em se causar transformações físicas importantes para a construção 
de indivíduos que se prestassem às atividades guerreiras, servir à pátria, divulgar o belo, debater a ética 
e apresentar melhores condições de vida.
Dentre essas práticas, as Lutas foram importantes exercícios que possuíam grande receptividade 
para a construção de físicos avantajados, estruturas corporais bem definidas, formosura estética e 
demonstração da associação diligente de coragem e inteligência. Esses conceitos eram muito apregoados, 
independentemente de as Lutas terem sido usadas para, em várias oportunidades, gerarem ideias e 
posicionamentos relativos à violência e às atitudes bárbaras e cruéis, como nos Jogos de Combate 
protagonizados pelos gladiadores romanos.
Atualmente, ainda trazendo alguma condição midiática de exercício que pode gerar a violência, 
mas graças ao papel essencial da expansão da Educação Física, as Lutas têm se estabelecido como 
excelentes experiências para promover a intervenção e as mudanças que levaram os gregos e orientais 
a apreciarem suas qualidades relacionadas à promoção física, à estética e ao vasto desenvolvimento 
humano. A aceitação e expansão das Lutas fomentaram o aparecimento das academias especializadas, 
isto é, individualizadas, sendo de linhagem segmentada e propondo a continuidade de uma modalidade 
de Luta única. Também surgiram as academias de ginástica generalizada. Daí, oferecendo atividades 
de ginástica localizada e de ritmos, musculação, corridas, natação, hidroginástica etc., ou seja, práticas 
mais diversificadas. A partir de agora, serão chamadas, respectivamente, de academias específicas e 
academias convencionais.
As academias específicas, como já foram mencionadas, concentram-se em uma modalidade de 
Luta singular. Elas ordinariamente oferecem a prática de Modalidades de Esporte de Combate ou Arte 
Marcial. Como exemplos, podem-se encontrar academias específicas nas seguintes modalidades: Boxe, 
Judô, Karatê, Muai Thay, Tae kwon do, Wushu, Yoga e Jiu-Jitsu.
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Essas academias específicas têm objetivos bem dirigidos, querem atingir o máximo de aperfeiçoamento 
na modalidade. As preocupações de alguns dos frequentadores aliam-se a propósitos que disponibilizam 
prática assídua para manutenção e realização de atividades físicas, tirarem tensões físicas e psíquicas, 
buscando bem-estar e autoconhecimento, enquanto outros se focam no aperfeiçoamento técnico 
máximo, pois desejam participar de competições de alto nível ou tornarem-se professores da modalidade. 
Nesses locais a preocupação é oferecer adestramento característico e por isso se percebem treinos 
intensos, contendo combates e enfrentamentos corporais, com maior rigor técnico. Não existe, de modo 
generalizado, direcionamento voltado à condição de alcançar parâmetros estéticos corporais. Existe 
disciplina, ritualização e movimentos atribuídos a condições filosóficas e fundamentos espirituais, próprios 
dessas Artes Marciais e que compactuam com pensamentos e experiências dos instrutores e mestres.
Essas academias têm uma grande presença no Esporte Participativo, pois congregam muitos adeptos 
e acomodam momentos de interação social, construção de interesses comuns, desenvolvimento físico, 
cognitivo e psicossocial.
 Saiba mais
Para mais informações, leia o estudo a seguir que se relaciona com a 
matéria:
SCHWARTZ, J. Aptidão física relacionada à saúde e qualidade de vida 
de praticantes de lutas, artes marciais e modalidades de combate da 
cidade de São Paulo. 2011. Dissertação (Mestrado em Biodinâmica do 
Movimento Humano). Escola de Educação Física e Esporte, Universidade 
de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: . Acesso em: 
21 mar. 2018.
Por sua vez, devido à ampla oferta de tecnologia e ao sedentarismo, provocado por hábitos de vida 
ligados ao conforto, urbanização, uso de automóvel em vez de caminhadas e consequente redução das 
mobilidades corporais, grupos de pessoas preocupadas com a saúde passaram a procurar academias de 
ginástica convencionais. Também se constataram que medidas de segurança nas cidades, restringindo 
espaços públicos de lazer, recreação, desocupação direcionada à realidade virtual e falta de atividade 
física, aliadas à oferta enorme de alimentação rica em calorias cada vez mais notória, arremataram 
muitas pessoas a buscarem a compensação pela falta de movimentação e de gasto calórico com 
participação efetiva nessas academias convencionais. As mais variadas atividades de ginástica, aquáticas 
e de musculação vêm sendo oferecidas nessas instituições que divulgam a venda da saúde e a estética 
corporal. As aulas apresentadas são dinâmicas, com agitações físicas intensas e concentradas em 
períodos de aproximadamente 60 a 90 minutos de movimentação. Os públicos mais participativos são 
jovens e adultos em idade universitária e economicamente ativos.
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Unidade II
As Lutas, a princípio, não eram oferecidas nesses espaços socioesportivos. O aprendizado de Lutas 
relacionadas ao Esporte Participativo era raramente encontrado, apenas dentre alguns pioneiros se 
ofereciam modalidades específicas de Artes Marciais. Muita gente mantinha a ideia de que as Lutas 
poderiam causar danos e lesões decorrentes dos contatos corporais e falavam em evitar esse acostamento 
corpo a corpo, exigido nas Lutas tradicionais. Contudo, os interesses desse conjunto de pessoas têm mudado 
constantemente, pois parecem procurar variabilidade. Elas se focalizam nas informações da mídia e nas 
divulgações referentes aos programas de perdas calóricas, além de associações relativas à moda corporal, 
beleza estática e posicionamento social. A vasta divulgação de que se podem alcançar perdas calóricas 
importantes por intermédio das execuções de gestos técnicos de Artes Marciais e Modalidades de Esporte 
de Combate têm incentivado a procura de aulas respectivas nas academias convencionais.
Professores de ginástica e instituições voltadas para aulas nessas academias de vanguarda 
programaram atividades que se aproveitam dos fundamentos técnicos das Lutas, imitando-os e 
mesclaram com movimentos dinâmicos. Esses arranjos motores são formatados de modo coreográfico, 
assim se parecendo ou lembrando, em alguns casos, com as rotinas de formatos simétricos e estruturados 
das Artes Marciaischamados de kata, no Judô e no Karatê, poomse, no Tae kwon do, e kati, no Wushu. 
As repetições são exaustivas e calculam-se perdas calóricas da ordem de 700 a 800 kcal/h (2.900 KJ a 
3.350 KJ). Esses números são elevados e trazem euforia aos frequentadores, pois auxilia na aquisição 
de cumprimento aos padrões estéticos e de comportamento social, em geral baseados em ingestão 
de alimentos com quantidade calórica bem acima do necessário para a sobrevivência e tentativa de 
eliminação contínua dos excessos absorvidos.
Empresas especializadas criaram lições de Lutas acompanhadas de exercícios aeróbios, com 
extraordinária perda calórica. O fator adicional que tem atraído muitos participantes foi o de haver 
condição suplementar de que não há absolutamente qualquer contato corporal. As práticas são feitas em 
grupos de características bem semelhantes e a participação de mulheres é abundantemente percebida.
Nas academias convencionais, o ensino de Lutas destaca modalidades como o aeroboxe; que alia 
vários tipos de socos, esquivas e deslocamentos corporais típicos das Lutas de Boxe, e o Muay Thai 
aeróbio com joelhadas, cotoveladas e chutes efetuados no ar, tais como os realizados na própria Luta 
como se tivessem enfrentando um adversário imaginário. Bodycombat e Bodyattack, as quais são marcas 
registradas da body systems – Les Mills (Nova Zelândia) –, apresentam misturas de gestos técnicos das 
Lutas, como: chutes elevados, esquivas e murros. Também há o Kickboxing, outra modalidade muito 
utilizada nas academias convencionais, sendo a combinação ágil de cuteladas, socos e pontapés, enfim, 
uma mistura de Karatê com Boxe.
Igualmente, um novo estilo vem se destacando: as aulas de Luta funcional. Algumas modalidades 
foram criadas a partir de movimentos relacionados com operacionalidade cotidiana e movimentos de 
Lutas, aparecendo com o nome de Muay Thai funcional e Boxe funcional, compondo circuitos aeróbios 
com elásticos, bastões, levantamento de pesos e movimentos clássicos dessas Modalidades de Esporte 
de Combate.
É inegável que perdas calóricas tão proeminentes, obtidas pelas aulas de Lutas nessas academias 
convencionais, satisfazem vários quesitos relacionados à saúde, atingindo parâmetros médicos 
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importantes, como: combate ao sedentarismo, emagrecimento, auxílio no controle de regulação de 
pressão arterial, redução glicêmica, bem-estar e redução de tensões e estresse profissional.
Essas aulas de Lutas em academias convencionais são tão intensas que promovem grandes 
modificações corporais, tais como: tonificação dos músculos e aumento da autonomia motora. Além 
disso, decorrem resultados estéticos fartamente esperados, pois além do emagrecimento e da redução 
de massa gordurosa, a ativação sanguínea é bastante intensa e tão bem generalizada que parece 
adicionalmente trazer maior elasticidade ao tecido tegumentar.
Como promotora de aspectos importantes na obtenção de bem-estar e aquisição de elementos que 
favorecem manutenção ou melhoria da saúde, as Lutas conquistam presença cada vez mais abrangente 
no Esporte Participativo, e ultimamente sua atuação têm amparado de modo inclusivo pessoas mais 
idosas a fim de recuperar autonomia e funcionalidade. Adiante vamos explorar essas características 
aplicadas no universo dos seniores.
5.4 Idosos e as Lutas
As consequências do avanço cronológico constituem uma verdade absoluta para todos os seres 
humanos. A população idosa vem aumentando e carece de cuidados atentos relativos ao processo de 
envelhecimento. Sabe-se que tal etapa traz a necessidade de adaptação frente às condições que vão 
se estabelecendo, em acordo com as etapas de perdas biológicas e comprometimento físico, motor, 
psicológico e, mais tarde, igualmente, cognitivo.
As principais perdas biológicas em direção ao envelhecimento são relacionadas aos danos fisiológicos, 
à maior lentidão nas regulações metabólicas e à redução nas atividades do sistema imunológico. 
Prejuízos ao sistema ósseo, com redução no processo de captação de minerais essenciais para a boa 
composição óssea, ocorrem e são comuns, principalmente em indivíduos que não praticam atividade 
física de impacto muscular adequado e têm ingestão insuficiente de nutrientes eficazes. Os avanços 
etários, associados à falta de atividade física, provocam, por conseguinte, perda de conteúdo contrátil 
muscular e prejudicam os ajustes das articulações.
Assim, acontece redução na formação de glicoproteínas necessárias para o apropriado 
funcionamento das articulações sinoviais, regiões importantíssimas à mobilidade, aos deslocamentos 
e à autonomia motriz. Essas articulações são localizadas especialmente nos tornozelos, nos joelhos, 
nos punhos, nos acetábulos da região pélvica e na cintura escapular. Elas vão perdendo sua principal 
característica: a flexibilidade.
Por sua vez, os músculos vão perdendo a capacidade de mover, resistir e potencializar forças 
cotidianas, inclusive a própria tonicidade para manutenção funcional anatômica e autonomia motriz 
generalizada. A musculatura vai ficando com menos elasticidade e reduzindo a capacidade para 
mobilizar as fibras necessárias à contração muscular solicitada. Essas perdas se agregam às reduções na 
transmissão de impulsos nervosos às unidades motoras. Consequentemente, há considerável diminuição 
nas capacidades de cumprimento de significantes tarefas motoras.
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A perda de força é um dos motivos para causar problemas de quedas, que são desastrosas aos 
idosos, pois provocam fraturas facilmente e demandam certa imobilidade para a sua recuperação. 
Idosos – mais ainda – precisam de movimento para estimular suas funções metabólicas, capacidades 
fisiológicas e imunológicas.
As tarefas motoras mais prejudicadas no processo de envelhecimento são as perdas no equilíbrio, o 
detrimento da posição postural, a alteração no padrão de caminhada e o mais marcante, que é o aumento 
do tempo de reação. As quedas, as limitações de mobilidade e de reações musculares apropriadas, a 
redução da produtividade física e mental, o sedentarismo e os problemas de saúde são consequências 
eminentes desses detrimentos.
O tempo de reação comprometido fica afetado acentuadamente nas demandas na recuperação do 
equilíbrio, nas respostas motoras que auxiliam as realizações corporais mais críticas, como os desvios 
corporais e na utilização de implementos, ferramentas, objetos de uso cotidiano e outros dispositivos 
móveis. O tempo de reação mais elevado provoca dificuldades de movimentação no padrão de caminhada, 
pois retarda a coordenação dos membros inferiores e a colocação encaixada dos pés no solo.
Woollacott e Shumway-Cook (1990) assinalam que múltiplos fatores neurais e biomecânicos 
funcionam conjuntamente para se atingir a formalização de uma tarefa motora, conseguindo participação 
importante, consistindo em sinergias das respostas musculares, isto é, o controle postural e a atuação 
coordenada dos sistemas visual, vestibular e somatossensorial, produzindo o controle espacial. Esses 
autores ainda complementam mencionando a importância dos sistemas de adaptação da ação motora, 
a sustentação da tônica muscular (posição), a magnitude articular, ou seja, suas restrições e a capacidade 
máxima de atuação (flexibilidade) e, por fim, a morfologia do indivíduo, como seu peso, altura, massa 
muscular, formação e individualidades herdadas para alcançar trabalhos motrizes eficientes.
Como se tem percebido, idosos sofrem para manter e recuperar esses atributos tão significativos 
para sua saúde e autonomia.
As características mais abrangentes das Lutas implicam o processo de produção de controle tônico 
e o desenvolvimento das capacidades coordenativas, fortalecem o sistema muscular, provocam o uso 
complexo do sistema articular, desafiama quebra do equilíbrio e a sua busca constante, invocam a 
obrigação nas reações de escolha e a necessidade de reagir rapidamente contra um desafio motor. 
Os exercícios específicos para Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Esporte de Combate alcançam 
todas as benesses protagonizadas pela atividade física responsável, como: aumento da capacidade 
musculoarticular, cardiorrespiratória, cardiocirculatória, irrigação neural e favorecimento do aumento 
na velocidade das transmissões nervosas.
Nota-se uma procura e participação cada vez mais compreensiva de idosos nas atividades relacionadas 
com Lutas. Essa população percebe que tal prática vai ao encontro das necessidades de se alcançarem 
melhores condições para lidar com os processos de envelhecimento, pois ao praticarem Lutas adquirem 
mais força, recuperam capacidade de evitar a perda de equilíbrio, melhoram o caminhar e sentem mais 
disposição, com maior liberdade operacional e autonomia.
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Desde que a prática das Lutas seja apropriadamente adaptada às limitações características do público 
com idade bem avançada, muitas de suas peculiaridades afloram e parecem elevar o juízo de que Lutas 
são essencialmente benéficas e contundentes no processo de manutenção e melhoria da qualidade de 
vida. Além do fortalecimento muscular e da ativação da circulação sanguínea, elas causam desafios 
motores específicos para tomada de decisão e recuperação do equilíbrio, exercícios que contribuem para 
evitar, prevenir e saber realizar quedas.
Algumas modalidades das Artes Marciais e de Esporte de Combate têm como gestos técnicos fazer 
projeções, lançamentos e arremessos corporais ao solo, e por esse motivo associaram outro fundamento 
técnico importantíssimo para seu aprendizado e bom desenvolvimento da prática: o domínio das quedas, 
ou, como se prefere chamar, as quedas controladas. Como já vimos, o controle das quedas proporciona 
a propriedade de resguardar os órgãos vitais. Para que as quedas controladas sejam apropriadas por 
quem as efetua, devem ser realizadas com comando absoluto sobre o posicionamento das articulações 
e movimentação, permitindo fluidez aos movimentos fazendo com que seu realizador se mantenha 
integral. Assim, evitam-se lesões e desconfortos articulares, fraturas ósseas, estiramentos musculares, 
luxações etc. A queda controlada é tão repetidamente treinada e aprimorada nessas Lutas que acaba 
por fazer parte do cotidiano do praticante, que a incorpora como ações de tempo de reação imediato 
e preciso. Em caso de perda total de equilíbrio, em vez de se contrapor às forças do movimento e ação 
da gravidade que o levem a exigir demasiadamente ossos e articulações, o executante deixa o corpo 
interatuar com o solo, isola o impacto excessivo e recupera seu equilíbrio ou evita contratempos físicos.
Modalidades como Judô e Aikido, de maneira explícita, treinam o controle de quedas frequentemente 
e as ações são efetuadas de modo harmonioso, com resultados que demonstram grande poder de 
domínio corporal, dando ao executante um grau elevado de confiança motora. Essas práticas preconizam 
e cobram que se devem realizar quedas corretas. Incute-se a ideia da compreensão da queda, do uso 
da inteligência corporal para se integrar ao movimento e da necessidade da promoção do autogoverno 
físico e motor.
De modo óbvio, a prática apropriada das quedas promove o fortalecimento muscular e possibilita 
desenvoltura na capacidade de tempo de reação. Os idosos parecem absorver bem os ensinamentos 
de movimentação articular necessários nessas modalidades de Artes Marciais e, em geral, nota-se a 
redução de fraturas em anciãos que as executam.
 Saiba mais
Para mais esclarecimentos a respeito dos subsídios importantes 
relacionados à matéria recém-abordada, leia a seguinte reportagem:
ALVES FILHO, M. Judô e Aikido ajudam a evitar quedas de idosos. Jornal 
da Unicamp, Campinas, p. 8, 13-19 out. 2014. Disponível em: . Acesso em: 21 mar. 2018.
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Unidade II
Figura 65 – Quedas realizadas por idosos no Aikido
A recuperação do equilíbrio dinâmico é também uma das maiores manifestações para se efetuar 
o controle das quedas, sendo primordial aos idosos. Como já vimos, Judô e Aikido proporcionam o 
intercâmbio entre as quedas e a sua realização benéfica, segura e eficaz, cujos resultados harmoniosos 
e suaves apresentam grande fluidez motriz. Obviamente, praticar quedas controladas traz ganhos de 
força e aumenta a resistência muscular, qualidades tais que possibilitam também se evitarem a perda 
do equilíbrio e suas consequências.
Recobrar o equilíbrio é um fator importante aos idosos, pois a perda de controle corporal e da 
postura implica posicionamento inadequado e que suscetibiliza ainda mais as quedas.
Qualquer atividade física bem adaptada, programada e preparada para idosos traz benefícios, porém 
destacamos as Lutas, que contribuem diretamente com o bem-estar físico desse público-alvo e, portanto, 
faz-se necessário apresentar algumas características inerentes ao tema que provem da prática do Karatê 
e do Tai chi chuan.
O Karatê tem sido muito bem-aceito entre os idosos, pois evoca a prática de movimentos que exigem 
grande concentração e deslocamentos dinâmicos. Os seniores progridem com bastante facilidade na 
prática dos exercícios de rotinas sem contato direto ou sem a confrontação. Essa prática, chamada de 
kata, como já descrito, exige memorização de sequências de movimentos, execução precisa e com certa 
potência motora, exigindo atuação coordenada, rítmica e harmônica. Os deslocamentos são realizados 
para várias direções e aumentam a percepção espacial. Enfim, o Karatê se demonstra muito apropriado 
e efetivo ao idoso.
Uma modalidade de arte marcial que se destaca também com enorme aceitação no meio dos 
idosos é o Tai chi chuan. É praticado em parques, praças, quadras, com grande liberdade de espaço, 
não necessitando quaisquer condições especiais para sua realização. Universidades americanas, como a 
Harvard Medical School (2009), indicam o Tai chi chuan como uma das melhores modalidades esportivas 
para a manutenção e recuperação da saúde de idosos.
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Essa arte marcial chinesa, baseada em preceitos taoistas, convenciona exercícios corporais 
fundamentados em movimentos de defesas e ataques de animais, usando as articulações humanas com 
elevada precisão motriz. O Tai chi chuan espera que se produza a bravura interior e a habilidade exterior.
Os movimentos do Tai chi chuan seguem linhas circulares e esféricas e são realizados de modo suave, 
sem choques. A ideia é partir de um ponto específico de abertura motora e corporal e retornar ao mesmo 
ponto inicial, por meio de agilidade gentil, mas sequencialmente justa e verdadeira, assim se vence a 
precipitação pelo lento. A modalidade apresenta outra característica muito apreciada: o baixo impacto 
na recuperação do movimento: toma-se a exercitação da musculatura por meio do próprio peso e se 
ultrapassam as resistências físicas, isto é, vence-se a dureza pela suavidade, ao mesmo tempo em que se 
constrói o fortalecimento pela simplicidade. Por fim, os movimentos se encadeiam com a respiração e 
observa-se a atenção e focalização corporal em relação ao ambiente e ao alcance do corpo. Igualmente 
se vence a agitação pela quietude, constrói-se firmemente a serenidade e o aumento da concentração.
A figura a seguir mostra a prática do Tai chi chuan.
Figura 66 – Idosos praticando Tai chi chuan em parque na China
Pode-se notar que o idoso tem escolhido as Artes Marciais para a promoção de sua saúde, pois as 
Lutastrazem condições essenciais e ganhos físicos imprescindíveis para o bem-estar físico, a autonomia 
motora, a independência funcional e por extensão o próprio conforto cotidiano.
O idoso que pratica Lutas se sente mais confiante e produtivo. Além disso, os anciãos são praticantes 
assíduos e conquistam resultados em períodos bastante efetivos.
As práticas de Lutas são basicamente realizadas em grupos, com atuações em equipes, por meio 
de ensaios coletivos e sensação de responsabilidade na sincronia de movimentos, em simulações e até 
mesmo competições demonstrativas, como nos casos do Tai chi chuan e do Karatê. Entretanto, também 
se treinam em duplas, ocasionando grande interatividade afetiva motora, como no Aikido e no Judô, 
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pois necessitam de experimentação corporal intensa e trocas de ações mútuas protagonizadas de modo 
similar. Um participante vai aplicar o golpe e o outro recebê-lo, absorvê-lo e resolvê-lo e depois se 
alternam as ações motoras. Há incitação cognitiva e adaptativa.
O idoso vai construindo relação de respeito, desvendando seus potencias e, ainda, percebendo 
limitações que podem ser superadas. Cada qual auxilia no desempenho do outro e se consolida maior 
abrangência interativa. Os seniores vão se fazendo importantes um ao outro, retomando e desenvolvendo 
mais inclinações de tomada de decisão, afirmando-se perante desafios e aumentando sua autoestima. 
Nos dias de práticas, ampliam-se e se criam círculos de amizades, observa-se satisfação em estar presente 
e sentir-se parte de uma maior conexão humana. Aumentam-se as ações solidárias e o acréscimo da 
ativação social. Além disso, estabelece-se percepção de acolhimento coletivo.
Outro aspecto curioso e que produz efeitos benéficos aos idosos é a proximidade com praticantes de 
faixas etárias bem diferentes, pois em várias academias e grupos as aulas são realizadas com variedade 
de praticantes. Desse modo, disseminam-se conceitos jovens, com ideias executivas e opiniões mais 
experientes, proporcionando vasta prosperidade nas aceitações e na compreensão das diferenças de 
pensamento e de preferências sociais. Muitas vezes percebe-se que esse envolvimento traz maior 
entrosamento de conceitos às constantes mudanças humanas. Por exemplo, enquanto os mais velhos 
são mais conservadores e desejosos de certa permanência dos acontecimentos, jovens sempre vêm com 
ideários cada vez mais experimentais e baseados na tecnologia virtual. Essa miscigenação de opostos 
também faz parte do universo das Lutas. Pergunta-se então: o que é Lutar se não é estar em lados 
opostos na busca pelos mesmos objetivos?
5.5 As Lutas virtuais
O mundo dos jovens tem se pautado pelo incessante contato com a virtualidade, e as Lutas têm 
adentrado com muita energia na conquista cada vez mais abrangente de adeptos dos jogos chamados 
de video games.
Antes dos video games jogados pelos meios computadorizados, havia os fliperamas, máquinas 
montadas com dispositivos eletrônicos que disponibilizam apenas um dos chamados telejogos. Eram 
muito apreciados pelos jovens, especialmente no meio estudantil adolescente e universitário, porque 
ofereciam atratividade por intermédio de dinamismo manipulativo, sons peculiares e desafios. É de 
domínio do público, admirador de video games, que em 1976 foi lançado o que é até hoje considerado 
como o primeiro jogo de Lutas em fliperama, chamado de Heavyweight Champ, o qual exigia do 
protagonista vestir luvas de Boxe que possuíam controles internos.
Os video games de Lutas começam a despontar no fim da década de 1970, ainda com controles e 
movimentos simples: o Warrior, assim designado o video game no qual dois cavaleiros se enfrentavam 
em duelos, foi o primeiro representante da classe nesse mundo virtual.
O desenvolvimento da arte virtual é impressionante, com emprego de técnicas cada vez mais 
interativas e impressão inventiva; proporciona encantamento e leva grande quantidade de jovens a 
jogarem video games.
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As principais características dos jogos virtuais de Lutas é possuir disputas ferrenhas, combate muito 
hostil e regras com bastante liberdade de ação e efetivação dos gestos virtuais que levem à vitória. O uso 
de implementos e armas consideradas pesadas como foices, machados, clavas, alfanjes, espadas (as mais 
variadas), cimitarras, cutelos, tacapes etc., que visam causar danos excessivos e essencialmente eliminar 
seu oponente imaginário, é muito comum em várias das versões de jogos virtuais de Lutas.
Os jogos apresentam espantosa violência virtual, com ações explícitas de dilacerações corporais, 
cortes profundos, deliberados jorros de sangue e clara demonstração de que o objetivo principal é a 
destruição e supressão definitiva do concorrente, com ações agudas e grandíssima brutalidade. Eles 
implicam pensamentos únicos de Lutas para o extermínio de seu contrário. O fim procurado é sempre 
extinguir, acabar ou aniquilar. Quase unanimemente nos jogos virtuais não há regras que permitam a 
sobrevivência do adversário. Imaginariamente, você mata ou morre.
Essa condição particular de arte visual que evoca a violência não é atual, provém desde as 
publicações das histórias em quadrinhos e fazia muito sucesso. Os quadrinhos regiam batalhas épicas, 
que arrebatavam crianças em idade infantojuvenil, principalmente na década de 1950. A violência era 
explícita, o direcionamento estava condicionado em não necessariamente o herói sair vencedor, os 
vilões muitas das vezes trucidavam os contendores que Lutavam a favor da lei e da ordem.
 Observação
Lutas virtuais são realizadas de maneira a levar o indivíduo a combater 
por meios unicamente ilusórios, sem absolutamente contato físico.
Um psiquiatra alemão, Fredric Wertham (2004), extremamente conservador, lançou um livro nos 
Estados Unidos chamado Sedução dos Inocentes, editado em 1954, criticando veementemente as histórias 
em quadrinhos. No livro, ele atribuía a formação e o aumento dos delitos, da delinquência juvenil e dos 
crimes à violência explícita demonstrada pelas histórias em quadrinhos, o que causou alvoroço tamanho, 
que fez com que as editoras, por força da opinião pública e recomendação do Senado americano, 
resolvessem adotar por si próprias, certas censuras. Essas editoras de quadrinhos decidiram que deveria 
haver algumas restrições na impressão e divulgação de imagens violentas e também que as histórias 
poderiam ter disputas entre criminosos e defensores da lei, desde que os últimos sempre prevalecessem 
sobre os delinquentes. As descrições de Wertham (2004) foram extensivamente contestadas; muitos 
outros estudos provaram que as relações entre violência dos quadrinhos e delinquência juvenil não 
eram absolutas.
Ao longo do tempo, criaram-se maiores liberdades de expressão e as Lutas violentas voltaram aos 
quadrinhos, mas com recomendação e classificação etária correspondente, auditada pelos próprios 
editores. Muitas histórias, personagens violentos, agressivos, super-heróis, prélios e submundos trazidos 
dos quadrinhos foram retratados e muitas vezes aproveitados pelo cinema, bem como na produção de 
filmes para video games.
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Desde então se questiona constantemente sobre a influência dos meios de comunicação e da arte 
escrita, desenhada, talhada, expositiva, pintada, filmada e televisada ao transmitir cenas, histórias, 
narrações, pinturas, filmes, vídeos, crônicas, novelas etc., os quais contenham conteúdo com exposições 
de atos violentos, tais como: matanças, agressões e abusos corporais provocados pela demonstração 
de ações de opressão, batalhas, guerras e combates. Muitos artistas dizem que retratar a agressividade 
humana e a violência ajuda a expor seus conceitose amplia o debate sobre esses assuntos.
Nesse ponto, chama-se atenção para apresentarmos dois conceitos que parecem se associar 
comumente, mas possuem distintos significados, que devem ficar claros no universo das Lutas, sejam 
virtuais, sejam reais: violência e agressividade.
O termo violência compactua com o fato de se ultrapassar os limites da ética e dignidade humana. 
Atos violentos se traduzem por circunstâncias nas quais as decisões de atingir alguém corporalmente é a 
de agir com intenção deliberada para causar dano profundo, prejuízo e até acarretar a retirada de vida. A 
violência é uma agressão associada à bestialidade, exercida com ferocidade, aos níveis mais degradantes 
de crueldade e desumanidade. Violência é barbárie patrocinada pelo emprego de ações irracionais e 
levada apenas por desejos instintivos e irrefletidos, sem coerência que pondere a preservação da vida e 
do respeito ao outro, seja em qual situação for.
Vê-se que a intolerância religiosa, os extremismos nas relações socioeconômicas, o terror resoluto, 
o autoritarismo de quaisquer ideologias e as imposições políticas têm gerado episódios nefastos de 
violência na história humana. Infelizmente grupos representantes dessas atividades dizem estar Lutando 
pelos seus ideais, mas se esquecem de que a violência empregada transpõe o respeito e direito dos outros, 
ultraja opiniões e afeta a possibilidade da ética de livre-arbítrio. Várias confrontações foram travadas 
baseando-se nessas instâncias e resultaram em perdas incomensuráveis. Na violência, a agressão se 
configura pelo incompreensível. As regras, impostas pelo totalitarismo de dogmas exclusivos, são 
exercidas para favorecer apenas um dos lados do confronto. Existe o poderoso e o sem direitos, aquele 
que deve obedecer sem contestações e aceitar impassível a opressão de suas ideais. Existe o receptor de 
benesses e o espoliado. A Luta não existe nesse caso, pois a truculência supera o debate, a hostilidade 
faz parte da ação e atrocidades são inventadas com justificativas incongruentes.
Então, para diferenciar com nitidez agressividade de violência, vai-se expor o conceito de agressividade 
nas Lutas de modo bem direto. Ser agressivo no universo das Lutas é ser aguerrido, determinado e 
combativo, mas não arrogante e tampouco inimigo de seu oponente. Ser agressivo é Lutar dentro das 
regras pela conquista de seus objetivos. Lutar é persuadir com insistência, resolução e principalmente 
com respeito aos semelhantes e à natureza.
Fica registrado um forte exemplo de Luta com conceito explícito de agressividade protagonizado 
por Mohandas Gandhi, líder político que representou a Índia, extensa nação então dominada pelo 
colonialismo britânico, dispersa em uma gama enorme de distintos sectários religiosos, com diferentes 
culturas e costumes. Esse líder conseguiu unir esforços para conquistar a independência indiana, 
evitando derramamento de sangue substancialmente. Gandhi empreendeu uma agressividade incomum 
nas relações políticas, sua Luta mostrava uma determinação inquebrável nas negociações para obtenção 
da liberdade dessa nação. Seus lemas de atuação eram: persistência e paciência, porém sem deixar de 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
buscar seus objetivos mais elevados e de consenso; Lutar para ele deveria levar ao ganho mútuo, sempre. 
No caso específico, Gandhi tinha certeza de que tanto Índia como Grã-Bretanha sairiam bem-sucedidas, 
cada qual Lutando pelos seus objetivos e encontrando o denominador comum que permitiria a ambas 
consagrarem a vitória. Gandhi, usando agressivamente os conceitos de propriedade e de pertencimento 
do território, desmontou argumentos que proviam das injunções naturais dos dominadores ingleses. 
Também impediu guerras internas entre grupos religiosos usando a mesma estratégia de ser sempre 
agressivo, Lutando por meio da inteligência. Cada vez que havia levantes e desordem entre essas 
coligações religiosas, ele usava agressivamente a tática de fazê-los entender que a intolerância religiosa 
era procedimento mesquinho e que traria a ruína da libertação. Ele era muito respeitado por ser um líder 
e político atuante e que Lutava com vigor pelos direitos dos indianos há muito tempo e que tinha obtido 
ganhos consideráveis em seus pleitos. Além disso, colocou-se como condutor da Luta pela independência 
e pela unidade e paz da Índia. Havia, no entanto, confrontos entre muçulmanos, hindus e cristãos. 
Gandhi, então, anunciava e cumpria fielmente seu papel com uma ação bem agressiva, mas deveras 
significativa: jejuava, e dizia que enquanto as partes não se entendessem e cessassem os desacordos e a 
violência, continuaria com o jejum, o que inevitavelmente o levaria à morte. Essas coligações religiosas 
compreenderam que ficariam sem unidade representativa e potente frente aos interesses da nação para 
sua libertação e acabavam com as guerras interiores. Uma atuação possante e agressiva, mostrando que 
a Luta é resolução baseada na ética essencial humana, e jamais na exterminação.
Fica mais fácil de compreender que ser agressivo em Lutas não significa prejudicar, causar agravos, 
ofensas, exterminar seu oponente, mas, dentro da regra, obter sucesso pelo respeito, proatividade e 
perseverança, considerando que seu adversário também está lhe proporcionando a possibilidade de 
desempenhar melhor suas funções corporais, cognitivas e emocionais e o desafiando a aflorar todo o seu 
potencial de combate. Seu oponente é a força contrária que o impele para o desenvolvimento e sucesso. 
Ser agressivo é buscar a vitória, dar valor e perceber que para isso teve de ser melhor que o adversário. 
Ao fim, é satisfatório atestar que seu opositor, por sua vez, vai poder continuar proporcionando sempre 
mais desafios e oportunidades.
Desafios e oportunidades são qualidades constantes obtidas pelas práticas das Lutas e nos video 
games podem e devem ser também aproveitadas.
Como se tem salientado até aqui, a maioria dos jogos de Lutas possui evidentes cenas de violência 
explícita. Assim como no cinema e em outras artes, eles são regulamentados por faixas etárias para 
oferecer conteúdo adequado à compreensão psíquica infantojuvenil e adulta.
 Lembrete
Agressividade é ação intensa na busca por objetivos, por meio do uso 
estrito das regras e de acordo com o respeito à ética essencial humana.
Jogos virtuais de Lutas violentas, como: The Bilestoad, Karate Champ, Street Fighter, Mortal Kombat, 
Virtua Fighter e Tekken são bastante populares. Os problemas no mundo infantojuvenil em relação aos 
video games de combate parecem se apresentar pelo descaso dos pais em apropriar as aquisições dos 
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Unidade II
jogos à faixa etária recomendada, à falta de controle sobre acesso dos filhos pela internet e ao uso dos 
jogos virtuais de Lutas por tempos exagerados. Jogos virtuais de ação, em que se protagonizam atitudes 
criminosas, inconsequentes e descabidas, como GTA e outros de guerras como League of Legends e 
World of Warcraft, não estão sendo aqui discutidos, pois não são objetos de estudo relacionados com 
nossas considerações sobre Lutas, Artes Marciais atuais e Modalidades de Esportes de Combate.
Antes de tudo, deixa-se claro que se deve orientar para a consideração acerca da faixa etária 
recomendada, os pais deveriam estar bem atentos e não permitir que crianças abaixo da faixa etária 
indicada pudessem ter acesso a esses jogos virtuais de Lutas. As crianças não têm ainda formação 
psicológica para associar corretamente os acontecimentos dos video games de Lutas, nos quais ocorrem 
barbaridades que promovem o aniquilamento virtual para compreender essas ações. Crianças, em fase 
pré-operacional, aprendem pelo faz de conta e pela imaginação e essas Lutas trazem personagens que 
se utilizam de técnicas violentas, elas não conseguirão se apropriarde elementos formativos positivos, 
possibilitando que façam gestos e tenham caracteres iguais aos dos personagens contra irmãos e amigos, 
sem saber o que podem estar realizando com danos irreparáveis a outrem.
A criança em fase especializada, a partir dos 7 anos aproximadamente, aprende por imitação e 
reproduz tudo o que lhes é demonstrado. Existem casos de indivíduos nessa faixa etária investindo 
violentamente por meios de gestos observados nos video games contra colegas na escola e até mesmo 
contra os pais.
Ela corre o risco de dessensibilização, isto é, não consegue discernir sobre a aflição de outrem. Pode 
haver um envolvimento tão natural com o espetáculo da violência e sua excitabilidade que a criança fica 
acostumada a proporcionar sofrimento ao seu opoente, transpondo essa condição para sua vida real. 
Pode haver o risco de que ela tenha empatia, mas não sinta problemas em fazer alguém sofrer.
O acesso aos jogos de Lutas virtuais pela internet é relativamente fácil. Pais que não se preocupam 
em limitar esse ingresso acabam por permitir que seus filhos recebam dados e informações perigosas e 
muitas vezes criminosas. Também podem acessar jogos virtuais de Lutas com conteúdo não apropriado 
ao seu entendimento cognitivo e psicossocial.
Por fim, o uso exagerado dos jogos eletrônicos virtuais de Lutas, mesmo que dentro da faixa etária 
estabelecida, pode acarretar na absorção do usuário e provocar isolamento social. Estudos efetuados 
em 2011 pela University School of Medicine, em Washington, nos Estados Unidos, mostram que adultos 
jovens que permaneceram jogando video games de Lutas violentas por um período de uma semana, 
todos os dias, tiveram alterações negativas no córtex frontal do cérebro. Eles apresentaram mais reações 
de hostilidade diante de contrariedades e, em confronto com situações que exigiam serem francos e 
corretos, tendiam para enganação, falsidades e mentiras.
Os jogos virtuais de Lutas são capazes de trazer a sensação de potencialidade, de imponência, de ser 
invencível, que se pode fazer o que se quiser, pois não impetram sensações corporais como nas Lutas 
reais. Em caso de ter sido derrotado no jogo, simplesmente se despreza o momento e o jogo reinicia. Na 
verdade, não se tem a total noção de confronto, o embate é unicamente virtual.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Reportagem descrita por Toppo (2015) mostra que as influências dos jogos de Lutas violentos são 
reportadas em diversos estudos e parecem trazer indícios de que eles, se não bem dirigidos e controlados 
pelos pais, poderiam causar alguns distúrbios, em especial se jogados por períodos exacerbados e sem 
restrição de tempo. Igualmente esse mesmo autor apresenta dados interessantes de que os jogos de Lutas, 
quando aproveitados adequadamente, executados dentro da faixa etária respectiva e com limitação em 
sua prática, tendem a ser positivos ao reforçar a diferença entre a realidade e as condições virtuais.
Assim como a televisão, cinema e outras artes, os jogos de Lutas violentos podem acarretar problemas 
e incentivar práticas antissociais, servindo como instrutores para adolescentes e crianças ainda em 
formação, como lembram Gentile e Gentile (2008). Deve-se debater e salientar que o jogo pode ser 
reiniciado, mas a vida humana, quando destruída, não tem substituição. Soluções tão fáceis como as 
encontradas nos botões de reinício dos controles não são fatos exatos da vida real.
As discussões acerca dos referidos jogos vão continuar, e é importante assinalar que também afloram 
vantagens e benefícios em suas práticas controladas e bem dirigidas. Tais jogos parecem trazer alguns 
incentivos relacionados à promoção de desenvolvimento de atividades manipulativas de coordenação 
motora fina, treinamento da lógica virtual e conduta restrita às regras do jogo, maior interação 
tecnológica e aumento da concentração.
A prática de Lutas nos video games pode ser uma ferramenta importante no Esporte Participativo. 
Deve-se aproveitar do envolvimento e atratividade que as Lutas associadas aos video games exercem 
nos jovens e salientar que o mundo virtual é um mundo fantasioso, distante das sensações legítimas. O 
lugar real das Lutas é o ambiente da percepção física, das conexões do corpo com a mente, das decisões 
cognitivas e da melhor escolha motriz, que priorizam conquistas corporais, mas que, sem sombra de 
dúvidas, pactuam incontestavelmente com a vida.
O profissional de Educação Física pode se aproveitar dessa tecnologia e dos jogos de Lutas para 
instigar os debates acerca de Lutas, sobre violência no esporte, agressividade e discutir as Lutas virtuais 
em confronto com a realidade. O Esporte Participativo pela prática de Lutas virtuais pode ser incentivado 
nas inter-relações humanas. Pergunta-se: ações virtuais podem ser transportadas diretamente às 
relações humanas? Como se podem estimular o exercício de movimentos de Lutas e compará-los com a 
manipulação de controles eletrônicos? Quais são as implicações de ser violento e ser agressivo?
Pelo Esporte Participativo, as Lutas podem mostrar que no mundo real, por meio de seu exercício 
efetivo, aceitam-se gestos de toques e agarres corporais vivos e verdadeiros, válidos como objetos de 
experimentação sadia, como promotores de sensações que provocam caminhos de autorrealização, 
aceitação do contrário, do entretenimento, da recreação e do lazer.
Podem as crianças brincar alegremente de Lutas com sabres de luz ou espadas feitas com papel, e 
assim estarem imitando os duelos exibidos nos filmes da série Star Wars? Afinal, reafirmando a menção 
de Oscar Wilde (WILDE, 1891, p. 20) sobre a vida e arte: “A vida imita a arte muito mais que a arte imita 
a vida”. Até clubes de Lutas de sabres já foram montados com o objetivo de estudarem as coreografias 
dos filmes, verificarem sua eficácia, aprimorarem as coreografias e fazerem diversão.
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Unidade II
 Saiba mais
Para um aprofundamento maior em relação ao tema jogos eletrônicos 
e virtuais, sugere-se a leitura do artigo:
CAVALLI, F. S.; TREVISOL, M. T. C.; VENDRAME, T. Influência dos jogos 
eletrônicos e virtuais no comportamento social dos adolescentes. 
Psicologia Argumento, Curitiba, v. 31, n. 72, nov. 2017. Disponível em: 
. Acesso em: 21 mar. 2018.
6 LUTAS E RECREAÇÃO
Divertir está diretamente coligado ao termo entreter e sabe-se que espetáculos competitivos e filmes 
de Lutas são muito apreciados de maneira bastante generalizada na humanidade.
Na história, há vários exemplos de jogos de Lutas: esportivos, celebrações e outras manifestações 
culturais de cada povo que são direcionadas à recreação. Lembramos dos Jogos de Lutas dos faraós no 
Egito Antigo, os quais mandavam treinar soldados e escravos para sua apreciação. Os Jogos Píticos, 
Ístmicos e Nemeus, que precederam os Jogos Olímpicos gregos, tinham as disputas de Lutas com grande 
presença de público e atraíam muita gente aos anfiteatros. Os Jogos Romanos, em especial os que 
ocorriam nos circus e coliseus, tinham como ápice as Lutas sangrentas e bárbaras entre gladiadores e 
também homens e feras, ao mesmo tempo em que se distribuíam pães aos espectadores, o que gerou a 
notável descrição do artifício dos imperadores em divertir pela política do “pão e circo”.
Ainda hoje existem vários países que proporcionam espetáculos de Lutas entre humanos e animais, 
de apresentação muito discutida e criticada, mas que possuem uma audiência extraordinária, como 
as touradas.
O Boxe tem grande aceitação e participação pública desde muito tempo e continua sendo muito 
contemplado, em especial nos Estados Unidos e no leste europeu.
O MMA tem conquistado um público admirável e se tornou um show profissional de entretenimento, 
com divulgação pela mídiatelevisiva e interativa.
Os campeonatos mundiais de diversas Modalidades de Esportes de Combate são muito bem 
organizados e os ingressos costumam terminar rapidamente. Judô e Jiu-Jitsu são modalidades que 
levam grandes públicos aos ginásios esportivos.
Tem-se também organizados campeonatos mundiais de Modalidades de Esporte de Combate e Artes 
Marciais competitivas com público bastante dilatado.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Os filmes de Lutas são constantemente produzidos e acompanhados por fãs e também por curiosos, 
trazendo bilheterias bem volumosas aos produtores.
Percebe-se que as histórias, as práticas, as competições e os duelos inesquecíveis são 
retratados com frequência e o público tem seguido e prestigiado fielmente suas aparições. 
Enfim, são objetos de entretenimento que discutem relacionamentos e formação humana, 
demonstram contos que expõem preceitos das Lutas, Modalidades de Esporte de Combate e Artes 
Marciais. Adicionalmente ocasionam divertimento e fazem refletir, pois mostram que as Lutas 
são componentes inerentes da sociedade e podem trazer benefícios ao reforçarem conceitos de 
ética, respeitabilidade, esforço e mérito.
O Boxe particularmente parece ter uma quantidade de filmes muito extensa, os quais retratam, 
em geral, biografias de Lutadores famosos, as práticas e os esforços físicos e treinamentos exaustivos 
pelos quais passavam esses atletas e os associam à vitalidade, à coragem e à superação. Filmes como 
Rocky – um Lutador, Menina de Ouro, Ali – A Luta pela Esperança, Touro Indomável e Hurricane são 
recomendáveis para compreender um pouco as características que moldam o cotidiano de Lutadores e 
suas aspirações.
As Artes Marciais também se destacam como excelente ferramenta de entretenimento, que pode 
ser aproveitada como instrumento de divulgação, comparação e prática. Elas atingiram grande 
penetração popular com os filmes protagonizados por Bruce Lee, o criador do Jeet Kune Do. Podem-
se indicar: Savate – o Lutador Invencível; Wing Chun, uma Luta Milenar; O Grande Dragão Branco, 
O Guerreiro Sagrado, e até mesmo o infantil Kung Fu Panda, com excelentes tomadas, filosofias e 
exercícios do Wushu.
 Saiba mais
Como sugestão de filme relacionado à matéria apresentada, 
recomendados:
A GRANDE vitória. Dir. Stefano Capuzzi Lapietra, 2014. 88 minutos.
As Lutas têm se expandido em ramos cada vez mais variados e com grande aceitação popular. 
Existem modalidades específicas de Lutas inventadas por aficionados que são bastante peculiares 
e parecem despertar curiosidades e entusiasmar um público ávido por novidades e desafios. Essas 
modalidades atraem momentaneamente praticantes das mais variadas faixas etárias, e servem 
como ações que incentivam as práticas de Lutas. A seguir citamos algumas delas e apresentamos 
suas respectivas figuras:
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Unidade II
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Figura 67 – Sumô com roupas infladas disputado pelos fuzileiros navais americanos
A competição de braço de ferro na areia ou também chamada de queda de braço na praia está se 
tornando bem mais visível e tem especial atrativo entre crianças e adolescentes em férias. Trata-se de 
uma atividade divertida, que provoca um intercâmbio corpóreo e aproxima bastante o público jovem. 
Além disso, desperta-se a interação corporal e se convida ao Esporte Participativo, desse modo levando 
a trocas de experiências motoras, medição de desempenhos, provocação de reflexões sobre condição 
de força, resistência e posicionamento anatômico e de como se portar na presença dos desafiantes. 
As alegorias dessas disputas se traduzem pelo entusiasmo e pela curiosidade participadora. Essa Luta 
possui regras muito simples e contenda muito desafiadora, promovendo aproximações sociais e trazendo 
adeptos para as práticas saudáveis.
Figura 68 – Luta de queda de braço na areia
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Talvez a Capoeira recreativa seja uma das Lutas mais divulgadas de modo participativo ao redor 
de praças, parques, praias, mercados, corredores de pedestres, gramados etc. Seus simpatizantes e 
admiradores compartilham alegremente de exercícios, e mesmo iniciantes, cuja curiosidade supera 
a timidez, tomam parte descontraidamente nas rodas formadas. Observa-se que grupos de adeptos 
também se reúnem informalmente nesses lugares públicos e praticam saltos, pinotes, rodopios e piruetas 
ao longo de parques e praças públicas.
Figura 69 – Capoeira recreativa
Nos mais diversos lugares do mundo se apresentam várias atividades de Lutas recreativas. 
Lutas coreografadas com espadas de madeira e demonstrativas de Wushu, como representadas nas 
figuras a seguir:
Figura 70 – Luta de espadas coreografadas – Parque Yoyogi, Tóquio
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Unidade II
Figura 71 – Tai chi chuan recreativo em parques europeus
Outra modalidade que tem atraído jovens para as práticas participativas de Lutas e desenvolvimento 
de qualidades mentais, corporais e psicossociais chama-se Boxadrez ou Boxe-xadrez. O confronto ocorre 
pela disputa combinada da Luta de Boxe agregada com partidas do jogo de xadrez. O esporte, enfim, 
mescla disputas totalizando cinco rounds de Boxe, intercalados com seis rodadas de partidas de xadrez: 
um desafio duplo que tem levado muita gente a assistir e participar dessa modalidade. Na realidade, 
já existe até seu campeonato mundial. Toda rodada de xadrez tem duração de 1,5 minuto para cada 
combatente – o total soma 6 tempos, cuja integralidade não pode ultrapassar a marca de 9 minutos 
por participante, totalizando 18 minutos de partida de xadrez. Por sua vez, cada rodada de Boxe tem 3 
minutos, totalizando 15 minutos. Inicia-se com a partida de xadrez e, ao término de 3 minutos de jogo, 
os Lutadores se dirigem ao ringue anexo da mesa de xadrez; após colocarem as luvas, iniciam o combate 
do primeiro round, e assim sucessivamente. Ganha o Lutador que conseguir primeiramente o xeque-
mate no xadrez ou o nocaute no Boxe. Caso não ocorra nenhum deles, aquele que na última rodada de 
xadrez perder o tempo total reservado para seus movimentos será o perdedor.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Figura 72 – Boxadrez
As praias são locais com grande atratividade para as participações livres. Além disso, nas Lutas de 
agarre, a areia funciona como um bom amortecedor para as quedas. O Wrestling e o Sumô de praia são 
bastante divulgados e praticados. Lutadores de Sumô são de compleição avantajada e chamam muito 
a atenção, por isso têm participado de demonstrações da Luta em praias e tomado a curiosidade dos 
litorâneos e turistas; a participação é grande e o entretenimento interativo também.
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Figura 73 – Wrestling na areia
6.1 Lutas na recuperação de dependentes químicos
Constata-se na atualidade dos noticiários da mídia em geral a oferta fácil e abundante de 
drogas no meio social. Por esse motivo, a experimentação, o consumo e a dependência química 
são frequentemente anunciados como participantes ininterruptos na vida social, ao mesmo tempo 
em que se verificam muitos dissabores para um grande número de pessoas. A relação: drogas x 
coletividade x governo tem sido bastante difícil e cheia de contratempos, experimentos e equívocos, 
ambiguidades e interesses políticos, religiosos e econômicos dos mais diversos. No entanto, sem se 
conseguir consenso e resultados efetivos.
A disseminação das drogas é muito ampla e atinge as mais diversas camadas sociais e etárias. 
Efeitos nefastos têm ocorrido sistematicamente.A sociedade tem Lutado para determinar qual o 
melhor caminho que se pode trilhar para se antecipar e preparar seus jovens para evitar tragédias 
causadas pelo uso de drogas e a consequente dependência química. Os debates são contraditórios e 
as argumentações têm encontrado defensores a favor e contra o uso e a liberação. Entretanto, o que 
se sabe com certeza é que de modo impreterível vão ocasionar vício e dependência, com resultados, 
indubitavelmente, perturbadores.
A dependência química tem se traduzido em um fator diretamente ameaçador à vida, têm 
desmantelado famílias, destruído sonhos, causado efeitos devastadores na saúde de jovens e, 
inevitavelmente, reduzido perspectivas de existência. Por sua vez, pesquisas científicas têm mostrado que 
determinadas drogas, e algumas de suas substâncias consideradas viciantes, ministradas sob controle 
médico absoluto em pacientes com doenças graves e ou enfermidades terminais, têm colaborado para 
dar suporte contra dores profundas e consequente melhor qualidade de vida.
Discorreremos agora de modo conciso sobre os perigos oferecidos pela falta de prevenção e de 
preparativos contra a perpetração das drogas e confrontaremos com a participação em treinamentos 
e práticas de Esportes de Combate. Será que Artes Marciais e Modalidades de Esporte de Combate 
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podem servir como alicerces para preparar os jovens a enfrentarem as ofertas de prazeres relativos 
proporcionados pelas drogas e dar perspectivas de sucesso à passagem e ao alcance do mundo adulto?
Dentre todos os indivíduos suscetíveis ao uso de drogas químicas, o intuito agora é se concentrar 
mais prontamente nas condições relativas aos pré-púberes e adolescentes por serem faixas etárias 
bastante suscetíveis às experimentações e serem públicos mais inconsequentes, também predispostos 
às aventuras desmedidas, à paixão pelo perigo e aos excessos impulsivos. Sentem-se imbatíveis, 
inatingíveis e propensos a buscarem aceitação e segurança em grupos de amigos, que podem ser fator 
de incitamento para procedimentos imprudentes.
Esse público jovem recebe ainda influências da mídia fantasiosa, cujas aparições propagandistas se 
baseiam em sonhos e irrealidades muitas vezes distantes. A juventude nesse processo entre a passagem 
da infância para a vida adulta questiona e se defronta com as restrições de novos comportamentos e 
o aumento de responsabilidades sociais. Diversas vezes na infância não foram bem direcionados, pois 
tinham e podiam fazer de tudo, devido à permissividade, distanciamento e ausência de responsabilidade 
dos pais. Essa confrontação com novas realidades leva à depressão e a dificuldades em aceitar condutas 
coletivas, o que pode ser agente de favorecimento às tentações de felicidade fácil e imediata, além de 
fuga da realidade.
A carência de orientação familiar, isolamento, imposição de grupos de amigos e mesmo familiares 
próximos, como irmãos mais velhos e primos é conjunto que provoca maior suscetibilidade ao encantamento 
das oferendas de substâncias prodigiosas que possam ser fáceis precursores de alegria instantânea.
 Observação
Dependência química é a sujeição compulsiva de um indivíduo por 
substâncias naturais ou sintéticas que aprisionam pelo seu uso e pela 
necessidade de angariar seus efeitos correspondentes que levem à fuga da 
realidade.
Um dos problemas mais graves que podem levar os jovens às drogas, segundo a psicóloga Dra. Marisa 
Graziela Morais, do setor de psiquiatria química da Escola Paulista de Medicina, em seu relato à revista 
Anônimos, volume 9, publicado em abril de 2009, é a constatação de que muitos pais são distantes 
devido a jornadas duplas de trabalho e por isso dedicam pouca atenção familiar, acabam querendo dar 
o melhor a seus filhos por meio da permissividade excessiva, presentes de consumo imediato e fútil, 
tornando-os adolescentes com todos os direitos e nenhuma responsabilidade e, consequentemente 
frágeis diante do sofrimento e aos limites impostos pela sociedade. Assim, começam a surgir mais 
conflitos internos e a insegurança natural da passagem da vida infantil para a adulta toma proporções 
catastróficas, com indivíduos arredios a regras de boa convivência, e com maiores dificuldades para 
enfrentar seu futuro e tomar decisões escolares e profissionais. Continua ainda a psicóloga Dra. Marisa 
no mesmo relato a reforçar que esse comportamento dos pais transforma os infantojuvenis em seres 
negligentes, folgados e apáticos e facilmente distantes da realidade do convívio social, da produtividade 
e de serem capazes de assumir seus encargos.
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Unidade II
Não se pode desenhar um campo de guerra entre pais e adolescentes. Os jovens precisam ser 
mais escutados e os pais devem se prevenir, acompanhando principalmente o andamento da vida 
escolar e social dos filhos; devem ser abertos ao diálogo, proporcionando e oferecendo boas práticas 
sociais, por meio de exemplos e atitudes positivas. Ademais, os adolescentes devem ser cobrados a 
participar de responsabilidades executivas na casa, nos afazeres familiares, cuidar de mais velhos 
ou mais novos, acompanhar as despesas da casa, entender os processos de responsabilidade diante 
das cobranças sociais, ajudarem nas economias, por exemplo, evitando desperdícios, cuidando dos 
bons usos do patrimônio e ajudando a reciclar materiais. Os jovens necessitam ser acostumados a 
responder primeiro às obrigações, aprender sobre dar prioridade às interações familiares e serem 
cobrados para agirem com atitudes compatíveis a fim de atingir objetivos elevados na escola, nos 
procedimentos sociais e na família.
A prática esportiva tem sido aliada no universo infantojuvenil como aparelho fundamental na 
formação e inclusão social. Por extensão, o esporte de combate é um dispositivo esportivo essencial 
na formação do indivíduo, pois o contato corporal e os constantes desafios de tomada de decisão 
proporcionam a valorização motriz e a construção de raciocínio lógico e inteligência intra e interpessoal. 
Na academia se treina para a vida.
Ao praticar uma modalidade das Artes Marciais e de Esporte de Combate, os jovens começam a sentir 
satisfação nos movimentos, nas descobertas corporais, nas dificuldades e nos achados para interagir 
com vários adversários mais experientes. Desde a insegurança de não saber como agir e reagir, de ser 
quase que insistentemente trazidos às submissões da modalidade cometidas pelos companheiros mais 
adiantados de treinos, e assim passar por privações, acabam percebendo que não são invencíveis, não 
são os todo-poderosos e que devem ser humildes, aprender e agir dentro das normas.
Adolescentes e crianças em faixa etária escolar, ao participarem de tais práticas, compreendem 
que não podem deixar de conter a impulsividade, senão poderão ser dominados, pela própria falta de 
experiência e pelo uso inadequado de seus recursos físicos, emocionais e mentais.
Adicionalmente a essas dificuldades, os infantojuvenis passam por certa amargura momentânea, cuja 
influência é a de simplesmente invocar sentimentos de superação e os fazerem procurar noções para 
resolução de problemas, estratégias de ação, aperfeiçoamento físico, controle emocional e inteligência 
reativa. Por algum tempo, o desgosto de perceber limitações os faz pensar como suportar certas situações 
para poder resolvê-las quando estiverem mais bem preparados. Vai-se moldando um caráter mais forte, 
todavia igualmente reflexivo e ao mesmo tempo proativo. Vai-se formando um buscador de soluções 
determinado, pois o jovem é impelido pela própria prática interativa a procurar mais possibilidades de 
sucesso, por meio da tenacidade e sempre dentro dos limites das normas e respeito. Assim, não existe 
fuga de responsabilidades quando se desejam conquistas.
A prática de Lutas abreespaço para a construção de indivíduos mais fortes, mais acostumados a 
lidar com as pressões do combate, formando estruturas cognitivas capazes de compreender que com 
os próprios recursos reais e potenciais possíveis, com habilidade, e não com força, podem-se atingir 
objetivos e ultrapassar barreiras.
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Nas Artes Marciais e Modalidades de Esporte de Combate, há diversão, envolvimento e prazer, 
pois o jovem depende de seus recursos para enfrentar os desafios que lhe são impostos. Percebe-
se que crianças e adolescentes começam a sentirem-se mais autônomos e ao mesmo tempo 
mais pertos de si próprios; o questionamento corporal é provocado, as ações a serem realizadas 
passam do aperfeiçoamento do gesto técnico às diversificações nas tomadas de decisão. As 
práticas iniciais, instantaneamente, pulsam dúvidas, mas oferecem oportunidades, as quais serão 
aproveitadas pelos próprios Lutadores.
Para fazer parte de uma academia, clube ou instituição que ensina modalidades de Lutas, existem 
certas formalidades a serem seguidas, convenções referentes a horário, pontualidade, saudações aos 
superiores e adversários. Cobra-se bom comportamento, estilo concernente à retidão e atitudes positivas 
dentro e fora da academia. O grupo tem por objetivo manter um local adequado para a satisfação 
de todos, para o engrandecimento físico, psicossocial e mental. Até a limpeza da academia se torna 
responsabilidade de todos e eles se sentem participantes e dignos de terem cumprido com seus deveres 
para poderem ter a satisfação da prática e da interatividade contínua e saudável.
Assim, essas modalidades se inserem com propriedade para serem atividades conceptivas a fim 
de fomentar consciência social e maior visão e perceptividade das condições que se buscam para o 
aprimoramento das relações humanas. Praticar Lutas e Artes Marciais forma pessoas voltadas para viver 
afetuosamente, enfrentar seus dilemas com altivez e serem parceiros solidários ao mundo que os rodeia. 
Preparam os jovens para fazerem a diferença, preservarem as equidades humanas e intervirem de modo 
progressivo e sempre a favor da justiça social.
Portanto, o enfrentamento da expansibilidade da dependência química se faz com prevenção e 
atuação agregadora e participativa na formação estrutural da juventude. Por meio de práticas das 
referidas modalidades, o jovem vai ser aprontado e bem-disposto a construir sua felicidade baseada 
em preceitos e valores virtuosos e íntegros, sem necessidade de escapar de suas responsabilidades na 
construção de uma sociedade mais justa e humana.
Considerando essas qualidades, é importante que se estabeleçam mais oportunidades de atuação das 
Lutas como Esporte Participativo no ambiente formativo infantojuvenil. Sugere-se maior participação 
em feiras de profissões, mercados expositivos educacionais, manifestações de políticas públicas de 
atuação, promoção de atividades universitárias de extensão comunitária, grupos de estudo acadêmico-
científicos, maior acesso às comunidades social e economicamente carentes e nas manifestações de 
lazer da população.
Exemplo de aplicação
Pesquise e dê exemplos de como atuam Organizações de Sociedade Civil de Interesse Público para a 
promoção das Lutas como Esporte Participativo e prevenção no uso de drogas.
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Unidade II
 Resumo
Esporte Participativo significa dar oportunidades de expansão de todo 
o patrimônio inerente do esporte para a promoção do desenvolvimento 
pessoal, por meio de práticas bem orientadas que fomentem a relevância 
da cultura corporal.
A riqueza dos repertórios motores, dos desafios impostos para a reflexão 
mental e do fortalecimento psicossocial fazem das Artes Marciais, das 
Modalidades de Esporte de Combate e das Lutas em geral instrumentos 
excepcionalmente importantes, que se pactuam aos objetivos do Esporte 
Participativo.
A Defesa Pessoal é muito procurada por adultos com o intuito de 
servir para conhecimento relativo às atitudes de prevenção e realização 
de ações que visem sempre à convivência saudável. Do mesmo modo, 
verifica-se a participação de mais instituições de força policial na procura 
de treinamentos específicos de Artes Marciais para aprimorar condutas de 
ação pública, a fim da manutenção da ordem e da preservação da vida.
Por meio da participação nas práticas de Modalidades de Esporte de 
Combate, Lutas e Artes Marciais promovem-se subsídios importantes para 
a saúde física, mental e emocional. Essas atividades conseguem tonificação 
e potência muscular, além de promover a circulação cardiorrespiratória e 
cardiovascular. Também ampliam a criação e o desenvolvimento de gestos 
técnicos que afetam de modo positivo o raciocínio e essencialmente 
acarretam influências mútuas de ação e reação. Além disso, a prática auxilia 
na formação da inteligência emocional, pois se exige saber usar momentos 
de impetuosidade com outros de contenção e controle emocional.
Treinamentos de Lutas decretam o fortalecimento muscular específico 
para formalizar habilidades imprescindíveis à sua prática e chamam a 
atenção para determinadas ações motoras muito trabalhadas, como as 
quedas e a manutenção eficaz do equilíbrio. A capacidade de manter 
o equilíbrio e as propriedades motrizes para se evitar as quedas são 
seguramente necessárias aos idosos, cujas tarefas motoras vão perdendo 
qualidade de execução. Ao praticarem quedas, como preconizadas no Judô 
e no Aikido, eles aprendem a cair e a evitar fraturas. Ao se empenharem 
nas práticas de Karatê e Tai chi chuan, busca-se o equilíbrio e assim os 
idosos recuperam a força muscular, a noção espacial e reduzem o tempo de 
reação, aumentando sua independência funcional e autonomia.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
O entretenimento está diretamente associado às Lutas virtuais; elas 
podem vir a incentivar, se bem controladas dentro de parâmetros indicados 
por especialistas, jovens a participarem nas práticas reais de Lutas, Artes 
Marciais e Modalidades Esportivas de Combate. Um debate que se pode 
fazer referência é a confrontação entre o fazer virtual e a realidade das 
Lutas experimentadas fisicamente.
Salienta-se também a diferença encontrada nos termos violência e 
agressividade inerentes ao mundo das Lutas. Ser violento é agir de modo 
premeditado e por meio de objeto emocional, ser agressivo é poder 
apresentar atitudes que manifestem intenções e determinações em busca 
de objetivos, eminentemente dentro das regras de convivência.
O cinema e outras artes também costumam trazer e representar as 
Lutas no contexto humano, de modo que aparecem elementos importantes 
para historiar, divulgar, promover estudos e favorecer a prática de modo 
participativo na sociedade.
O interesse sobre Lutas é tamanho que se originam exercícios diversos, 
com práticas recreativas e desafiadoras, como: boxadrez, queda de braço e 
Sumô nas praias. Essas modalidades são importantes atividades de confronto 
corporal que se disseminam facilmente e atraem muitos participantes, 
espelhando o interesse das pessoas nas práticas agonísticas divertidas, 
além de permitir a difusão de suas propriedades para o desenvolvimento 
coletivo e a formação de uma cultura corporal.
As qualidades das Lutas, quando bem direcionadas por profissionais com 
gabarito apropriado e responsabilidades sociais atestadas, podem ser usadas 
como fator de prevenção para se evitar que encantos prejudiciais possam 
tomar conta dos sonhos da juventude. A prática de Lutas, Artes Marciais e 
Modalidades de Esporte de Combate são mecanismos especiais do Esporte 
Participativo para a formação de cidadãos com forte determinação contra 
a fuga da realidade e que sabem lidar apropriadamente com as pressões“Mesmo com condições climáticas desfavoráveis, o piloto lutou para dominar o avião e conseguiu fazer 
uma aterrissagem segura, salvando todos os tripulantes”. O termo Luta assume a realidade de ser usado 
como jornada, trabalho, conquista, determinação e atitude.
Luta está intimamente ligada ao conceito de alcançar um objetivo, planejado e consciente e ao 
mesmo tempo, firmemente, conservar a preservação da ética humana essencial, ou seja, minha trajetória 
na busca desse objetivo, minha decisão e minha conduta têm de ser benéfica para mim, útil ao meu 
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oponente direto e proveitosa para a sociedade. Relembrando Aristóteles, descrito por Guthrie (1998), 
faz-se uma livre associação da definição de Luta compreendendo a utilização do conceito de ethos: 
caráter moral e identidade de preservação universal da vida, do logos: racionalidade na validade dedutiva 
e do pathos: emotividade humana como caminho participativo, e não somente como condicionamento.
 Observação
De modo generalizado, todas as ações humanas que envolvem e exigem 
disputas de contrários – corporais ou não – são Lutas.
1.1.2 Artes Marciais na Antiguidade
O emprego corporal na história humana é bastante efetivo, pois nos primórdios da humanidade 
restava apenas o próprio corpo como dispositivo para práticas e enfrentamento de ameaças à 
sobrevivência. Devido à evolução humana, à concepção das estruturações sociais, à formação de 
grupos e ao aparecimento de ferramentas e armas como pedras lascadas, lanças e dos recursos de 
cordoaria, o ser humano conseguiu se estabelecer com solidez e provar sua eficiência frente aos 
grandes inimigos e predadores.
A prática de afrontar inimigos e ameaças imputaram a necessidade de se organizar os grupos 
de ações e sistematizar as ações de combate, assim chamadas de guerras. Surgiu então a estratégia 
de uso dos armamentos e jeitos de se combater. Consequentemente os humanos se estabeleceram 
e geraram-se exércitos e armadas bastante eficientes e apareceu a metodologia para se guerrear, ou 
seja, a Arte Marcial.
Figura 1 – Pintura rupestre pré-histórica. Homens com armas: caça e guerra
Vai-se reforçar e se apresentar a definição de arte marcial em duas etapas bem distintas: a primeira 
parte desde AEC, que se inicia no conhecimento histórico dos primeiros arranjos das civilizações que 
visavam as necessidades que se faziam presentes para sobrevivência social, até quase meados do século 
XIX. Essa indicação continua a partir do fim dessa época para os dias atuais.
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Como já se mencionou, as Artes Marciais eram ações coordenadas para serem usadas na guerra, 
ou seja, metodologias específicas para organizar, empreender e participar de atividades de combate 
territorial, corporal e plenamente armamentista, por meio de esquadrões que representavam interesse 
político, ideais religiosos e econômicos de estados e soberanos. Em geral, os governos e seus executivos 
procuravam expandir seus domínios para poder prover condições de manutenção de seu poder, liderança, 
perpetuação monárquica e também oferecer condições de sustentação de seus reinos. Outros objetivos 
como a cobiça mandatória, a escravatura, o enriquecimento dos monarcas e a defesa da pátria eram 
motivos bastante usados para se guerrear e organizar movimentos militares.
O mais antigo documento histórico já angariado sobre prélios humanos é a “Estela de Abutres”, 
bloco monolítico de pedra, que se encontra no museu do Louvre em Paris, cujas inscrições retratam a 
primeira guerra registrada, por volta de 2.525 AEC, no qual constam detalhes de planejamento e disputas 
ferrenhas. Essa peleja aconteceu na província de Lagash, antiga região da Suméria, que, segundo as 
inscrições lidas sobre a rocha, travava guerras contra a cidade de Umma, por captação de água e para 
aquisição de terras cultiváveis (COOPER, 1983; MELLA, 2004).
 Observação
Estela é sinônimo de rocha esculpida.
A figura a seguir mostra uma parte da escultura achada, a qual descreve também o tratado de paz 
acordado depois da vitória do rei Eannatum de Lagash sobre a cidade de Umma.
Figura 2 – Estela de abutres: bloco monolítico de pedra retratando a guerra e o acordo entre as cidades 
de Lagash e Umma. Museu do Louvre, Paris
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Unidade I
Muito conhecido e divulgado na atualidade, pode-se ressaltar, para justificar o termo Arte 
Marcial, o livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu, que foi um general chinês que viveu, segundo alguns 
documentos, nos idos de 500 AEC, junto ao rei Ho Lu, no reinado da era WU (CLAVELL, 1983). Naquela 
época, esse chefe militar, líder incontestável, deixou registros que davam diretrizes bastante seguras 
para selecionar e treinar soldados, planejar, deixando bem concebidas as atividades guerreiras 
e as marchas a serem efetuadas de acordo com as próprias vontades, necessidades estratégicas e 
disposições inimigas.
Conforme assinala Sun Tzu, na paz era preciso se preparar para a guerra e, na guerra, preparar-se 
para a paz. Desse modo, os estudos bélicos ou a constituição da “Arte Marcial” eram fundamentais para 
o Estado, para o ser humano e, por fim, questão de vida ou de morte! (CLAVELL, 1983).
Portanto, considerando-se essas circunstâncias, o designativo composto Arte Marcial se refere 
estritamente aos procedimentos aparelhados para se preparar legiões e formar exércitos a fim de 
combater em batalhas contra inimigos.
Mais adiante, na sociedade ocidental, o vocábulo Arte Marcial se relaciona às atividades exercidas 
com os mesmos propósitos já delineados no parágrafo anterior, e com a mesma epistemologia, isto 
é, designação de artimanhas específicas para as estratégias bélicas. Contudo, o termo é ainda muito 
demarcado pela mitologia grega, já que essa crença dispunha especificamente de deuses da guerra 
– Atena, feminina e estratégica e Ares, masculino e impetuoso, reconhecido principalmente em 
Esparta. Outras culturas e religiões se manifestaram também cultuando deuses que representavam 
a incursão guerreira, por exemplo: as divindades Odin e Thor, da mitologia nórdica, o deus Ogum, 
da mitologia iorubá (vinda da África – dos países da República do Benim e da Nigéria). Do mesmo 
modo, a divindade Belona, juntamente com o deus Marte, responsáveis pela guerra e pelas armas, 
aparecem na mitologia romana, os quais surgiram como substitutos dos deuses Atena e Ares, 
respectivamente, por terem dado sequência natural da mescla de mitologias grega e romana. Do 
nome do deus Marte deriva o vocábulo Marcial.
Portanto, o procedimento técnico e tático para o combate era condição natural e bem estabelecida 
na sociedade humana. Guerrear significava planejamento, logística, coordenação de movimentos da 
armada, operações de direcionamento de recursos financeiros, e táticas de posicionamento, ataque e 
defesa, isto é, estudos muito profundos, conhecimento do inimigo, de seu território, de seus costumes, 
geografia, número de soldados etc. Obviamente o termo arte tem relação com magnitude, excelência e 
intensidade, por essa condição o designativo composto Arte Marcial se consolidou, então, em tempos 
antigos como o sinônimo de a excelência para a guerra.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Figura 3 – Deus Ares, da mitologia Greco-romana: deus da guerra e das armas
Embora bem ilustrado e se relacionando com a literalidade, o termo Arte Marcial foi acomodado 
por outras vertentes sociais e sofreu alterações substanciais em sua acepção e deve-se seguir adiante e 
explicitar a segunda etapa que altera seu significado relativo ao emprego atual, contribuindo para a melhor 
categorização do termo. Para isso, faz-sediárias na família, na escola, no campo profissional e político. Cidadãos 
que terão, intrinsecamente, incondicional relação com bem-estar próprio, 
a civilidade e o desenvolvimento da sociedade.
Faz-se necessária a ampliação da participação das Artes Marciais além 
das fronteiras atuais existentes no Esporte Participativo. Para tal, existem 
oportunidades nas atividades de extensão acadêmico-universitárias e nas 
políticas públicas esportivas.
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Unidade II
 Exercícios
Questão 1. Leia as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas.
I – Assim como no cinema e em outras artes, os video games de Lutas não possuem regulamentação 
por faixas etárias
Porque
II – Todas as pessoas, independentemente de idade, já possuem compreensão psíquica para interpretar 
as evidentes cenas de violência nestes jogos virtuais.
Assinale a alternativa correta.
A) As duas afirmativas são proposições falsas.
B) A primeira afirmativa é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma proposição falsa.
C) A primeira afirmativa é uma proposição falsa, e a segunda é uma proposição verdadeira.
D) As duas afirmativas são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta 
da primeira.
E) As duas afirmativas são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das afirmativas
Justificativa: a primeira afirmativa é falsa, porque nos cinemas e nos video games as lutas possuem 
regulamentação por faixa etária. A segunda também é falsa, porque a compreensão psíquica do conteúdo 
é diferente para crianças, jovens e adultos.
Questão 2. As lutas no contexto do Esporte Participativo possuem uma variedade de atuação tanto 
no campo recreacional, quanto no campo da saúde. De acordo com Tubino (2010), qual(is) afirmativa(s) 
a seguir não fazem parte do contexto do Esporte Participativo.
I – Intenções de se buscar divertimento e interação social.
II – Possui condições especiais como idade, gênero, condição social ou sem doenças.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
III – Os equipamentos e locais que fazem parte do Esporte Participativo são inflexíveis, ocorrendo 
somente em ambientes fechados.
Assinale a única alternativa correta.
A) Somente a afirmativa I.
B) Somente a afirmativa II.
C) Somente a afirmativa III.
D) As afirmativas I e II.
E) As afirmativas II e III.
Resolução desta questão na plataforma.
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Unidade III
Unidade III
7 LUTAS NO ESPORTE DE RENDIMENTO
Regularmente o ser humano busca sempre as melhores condições para se sentir bem. Desde a formação 
dos primeiros grupos humanos que ajudaram a enfrentar os problemas relacionados às condições de 
permanência dentre os habitantes deste mundo, impuseram-se caminhos de comportamento social que 
direcionaram a coletividade a estimular as melhores condições de preservar a vida e aprimorá-la.
Naturalmente todos os indivíduos são biologicamente diferentes e cada qual tem os próprios 
comandos instintivos que os inclinam a ser mais proativo, mais bem organizado, ser igualmente cuidado, 
ao mesmo tempo participativo, mais impetuoso etc.
Assim, criaram-se condições para se mostrarem diferenças pelas quais se podem aperfeiçoar 
quaisquer atividades humanas. Desse modo, surge espontaneamente a competição.
A competição é uma condição de, ao se colocar normas, procurar-se provar que se pode ser melhor, 
superar desafios e efetivamente estabelecer diferenças. Na mitologia grega existia um representante 
previdente chamado Agon, que se incumbia de empenhar os seres humanos para buscarem e demonstrarem 
aperfeiçoamento em tudo o que se fazia ou se produzia, por intermédio de contestações permanentes.
O desporto se apresenta como um aglomerado de atividades que direcionam disputas organizadas, 
sob regras bem definidas e apreciado por todas as civilizações, e sua culminância foi alcançada pelos 
históricos Jogos Olímpicos desde a Grécia Antiga. Os Jogos Olímpicos Gregos exigiam magnitude de 
seus participantes e as disputas eram extremamente árduas, com concorrentes cada vez mais bem 
preparados e, por isso, seus vencedores eram considerados semideuses e idolatrados pela população 
onde viviam. As Lutas eram parte integrante e importante dessas competições.
O esporte desde então se estabelece como significado de competição instituída para se alcançar 
os mais elevados parâmetros de medidas comparativas de eficiência e eficácia entre adversários, nas 
mais diversas arenas esportivas em distintas modalidades. Consequentemente, chega-se ao Esporte de 
Rendimento, que se codifica como sendo atividade que exige os mais altos resultados de desempenho e 
índices de qualidade cada vez mais incontestáveis.
O Esporte de Rendimento é aquele que aparelha o indivíduo para alcançar resultados de altíssimo 
nível nas competições esportivas, por intermédio da preparação técnica, física e psíquica. Ele extrai 
as habilidades máximas do atleta, cobrando a sua execução perfeita e o mais alto condicionamento 
corporal das capacidades motoras, bem como aflora a condição máxima de lidar com todas as pressões 
e dificuldades da competição. Seus resultados têm por objetivo superar quaisquer expectativas, sejam 
as próprias, sejam as proporcionadas por adversários.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Considerando essas descrições, é vital que o atleta tenha total apoio e subsídios de equipes 
específicas, cuja função é dar condições para a sua devida preparação a fim de suportar as agruras 
dos treinamentos e tantas competições tão intensas. Assim, profissionais de Educação Física na 
preparação física condicionante, fisiologistas, biomecânicos, nutricionistas, médicos, psicólogos e 
fisioterapeutas são indivíduos fundamentalmente requisitados pelo Esporte de Rendimento para a 
preparação competitiva apropriada.
O Esporte de Rendimento é hoje uma atividade profissional muito divulgada e de ampla penetração, 
quase que unanimemente pelo mundo todo, nas mais diversas coletividades. Capacita muita gente na 
economia e se exprime como uma ocupação importante que alia sonhos e anseios com o envolvimento 
por interesses econômicos e políticos, seja de atletas, seus familiares, governantes, administradores 
e gente coligada diretamente às instituições esportivas. Além disso, ele espelha sociedades, promove 
divulgação turística, reforça atuação político-econômica, incentiva a prática desportiva e ainda é muito 
apreciado mundialmente.
Como já apresentado, as Modalidades de Esporte de Combates se inseriram no meio do desporto, e as 
Lutas e Artes Marciais foram regulamentadas por regras, dirigidas por instituições privativas ou estatais 
nos contextos regionais, federais e internacionais. São muito admiradas pela sua plasticidade visual e 
pelo encantamento do poder alcançado pelo atleta Lutando com seu oponente. São praticadas e muita 
gente deseja ser atleta de Modalidades de Esporte de Combate por se identificar com a capacidade de 
realização corporal, tanto quanto pela provação do mito, do ser herói.
Tais modalidades de alto rendimento esportivo participam de modo amplo e efetivo no consciente 
esportivo mundial, pois fazem parte de parcela relevante das competições olímpicas. Judô, Karatê, Luta 
Greco-romana, Wrestling, Boxe, Tae kwon do e Esgrima são disputadas nos Jogos Olímpicos.
Apesar de se estar adicionando mais modalidades de aventura e consideradas mais jovens nos Jogos 
Olímpicos, aquelas de Esporte de Combate atraem públicos imensos e são acompanhadas pela mídia 
com muita atenção, pois distribuem uma quantidade de medalhas considerável para a colocação do País 
no quadro geral de vencedores.O MMA é uma competição que alicia presença maciça de admiradores 
nas competições com grande transmissão pela mídia televisiva. Os campeonatos mais importantes de 
Sumô, Muay Thai, Schwingen, Bayiridax Mongol, Kurashi, Sambo e Sanshou são muito populares e 
seduzem grandes audiências, mais regionais, é verdade, mas com uma participação que gera grandes 
volumes econômicos, distribuem empregos e ampliam mercados de trabalho, fomentam investimentos 
e geram oportunidades de negócios.
As Modalidades de Esporte de Combate são disputas empolgantes, as quais levam o espectador a 
torcer com muito entusiasmo. Elas parecem atrair grandes plateias, primeiramente por causa de sua 
característica de ter ações inesperadas, e também porque as técnicas complexas são consideradas 
excepcionais e realizadas com maestria em condições muito difíceis de oposição dinâmica.
Considera-se que o Esporte de Rendimento requisita muita dedicação e comprometimento do atleta, 
juntamente com o empenho de equipes multidisciplinares para se obterem resultados efetivos e de alto 
nível nas competições de Modalidades de Esporte de Combate. Portanto, faz-se importante discorrer sobre 
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Unidade III
a metodologia científica associada ao preparo do profissional de Educação Física. Consequentemente, 
tal profissional necessita poder fundamentar e construir bases sólidas de entendimento de como se 
deve atuar na preparação física de atletas de Modalidades de Esporte de Combate e ao mesmo tempo 
poder interatuar com os profissionais complementares da saúde que farão parte dos preparativos e 
planejamentos do treinamento junto à equipe multidisciplinar.
7.1 O estudo da Biomecânica nas Modalidades de Esporte de Combate
A Biomecânica é uma ciência que estuda a atuação dos elementos anatômicos humanos para a 
concisa realização motriz, ou seja, como os sistemas corporais animados agem em determinado 
momento por meio da relação com os comandos sistematizados pelo Sistema Nervoso Central (SNC).
Antes de partir-se para as aplicações dessa ciência, é importante colocar alguns fundamentos 
muito significantes para a compreensão dos dizeres biomecânicos. Veja-se então a descrição dos planos 
anatômicos humanos de referência: o sagital, o transversal e o frontal.
O plano sagital representa a divisão corporal imaginária do indivíduo, resultando na formação de 
dois lados verticais: direito e esquerdo.
Quando se idealiza a separação anatômica em duas superfícies, a superior e a inferior, implica a 
designação do plano transversal.
Por fim, por meio do plano frontal, delineiam-se e se destacam duas faces corporais: anterior (frente) 
e posterior (detrás).
Para cada plano, sempre estará conectado um eixo de união, e assim se estabelecem movimentos 
específicos que ajudam a compreender como funcionam os músculos e suas manifestações anatômicas, 
as quais auxiliam na compreensão dos gestos técnicos e permitem estudar e direcionar as melhores 
execuções motrizes.
No plano sagital, a linha de união mecânica imaginária é conseguida pelo eixo laterolateral, por 
meio do qual se realizam os possíveis movimentos de flexão e extensão dos ombros, do cotovelo, do 
quadril, dos tornozelos, dos joelhos, dos punhos e da coluna vertebral.
Considerando o plano frontal, o eixo que se idealiza de ligação mecânica é o anteroposterior e aí 
se podem admitir os movimentos de adução e abdução dos ombros, do quadril, dos cotovelos e dos 
joelhos (com pouca ampliação). Ainda nele, a coluna executa flexão lateral e os tornozelos realizam 
a inversão e a eversão.
Por sua vez, no plano transversal, encontramos o acoplamento ilusório por meio do eixo longitudinal 
dando condições para que se calcule que os joelhos, o quadril, os ombros e a coluna efetuem rotações 
mediais e laterais, os tornozelos façam adução e abdução, os cotovelos realizem pronação e supinação, 
e, por fim, os ombros também executem adução e abdução horizontais.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
O movimento de circundução formando uma linha cônica imaginária na qual combina flexão, 
extensão, abdução e adução pode ser feito com dedos, punhos, ombros e quadril.
Essas designações são extremamente importantes para se entender e se orientar os estudos dos 
gestos técnicos das Modalidades de Esporte de Combate e nas respectivas programações de execução 
técnica mais apurada e que corresponda aos melhores resultados de desempenho, com economia de 
energia e eficiência mecânica.
 Lembrete
Planos de referência biomecânica são planos de orientação para 
designar corretamente em quais direções são realizadas as ações 
mecânicas corporais.
 Observação
Eixos anatômicos são linhas imaginárias que permitem reconhecer como 
as possíveis ações mecânicas musculoarticulares podem ser efetuadas.
Veja a figura a seguir que representa os planos de referência anatômicos.
Plano sagital
Plano transversal
Plano frontal
Figura 74 – Planos de referência anatômicos
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Unidade III
Partindo-se dos conhecimentos da Física, a Biomecânica se propõe a estudar e analisar o movimento 
humano. Verifica-se se há ou não movimentos, quais deslocamentos ocorreram a partir dos estímulos 
enviados pelo SNC e as forças que surgiram para a concretização das ações necessárias ou desejadas a 
fim de se alcançar respostas técnicas apropriadas.
Lembra-se que os estudos das Modalidades de Esporte de Combate exigem a compreensão das tarefas 
motoras e dos gestos técnicos específicos, sua classificação correspondente ao princípio de domínio, seu 
contexto particular de regras, indumentária e a competitividade solicitada. Desde o aprendizado de 
gestos técnicos, depois nas simulações de combates e efetivamente nas competições, nas quais ocorrem 
as mais diversas oportunidades de se observar condições extraordinárias de combinações das tarefas 
motoras e estratégias, resolução de problemas instantâneos e capacidade de tomada de decisão, pode-
se pesquisar sobre os movimentos corporais.
 Lembrete
Gestos técnicos ou fundamentos são as habilidades motoras combinadas 
e específicas da modalidade.
Tarefa motora é a associação de habilidades específicas da modalidade.
A Biomecânica se utiliza das grandezas mecânicas para verificar como as ações das forças impostas 
na realização de gestos técnicos para a condução de tarefas motoras complexas acontecem sobre o 
funcionamento dos sistemas ósseos e musculoarticulares.
As análises da estática indicam se um sistema está em movimento constante e as verificações 
obtidas da dinâmica invocam as ações em que se checa a aceleração do movimento. Além disso, 
usa-se a cinemática, área do conhecimento que serve para se delinear o movimento, conferindo também 
o padrão de execução e as velocidades dos segmentos corporais e a cinética, ciência que pesquisa sobre 
as forças que se agregam ao movimento.
A primeira consideração que se faz é a de que a conjugação das tarefas motoras nas Modalidades 
de Esporte de Combate é realizada de modo multiplanar. Os segmentos corporais devem se posicionar 
para a manutenção do equilíbrio dinâmico e a mistura de sequências anatômicas a fim de se efetuar 
determinada ação, resultando em colocações de segmentos corporais em vários planos ao mesmo 
tempo. No entanto, o que se pode fazer para ajudar na busca da eficácia de um movimento de combate 
é desagregá-lo e estudá-lo separadamente do conjunto da obra. Por exemplo, sabe-se que alguns socos 
são formados por uma somatória articular multiplanar que ajunta as rotações do tornozelo, quadril, 
extensão da cintura escapular, do cotovelo e da rotação do punho. Contudo, podem-se decompor essas 
ações e pesquisar em qual delas se consegue melhorar a eficiência motriz, qual movimento pode ser 
corrigido e em qual linha de açãodeve ser executado.
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7.1.1 Os deslocamentos nas Modalidades de Esporte de Combate
Todas as Modalidades de Esporte de Combate, de natureza aberta ou fechada, constituem 
deslocamentos e alterações espaciais dos segmentos corporais, isto é, ações de locomoção por força 
das necessidades de adaptar o equilíbrio na duração do tempo de confronto e para executar as ações 
necessárias para vencer o combate.
As Lutas de agarre, por haver confronto muito próximo entre os Lutadores, como Judô, Wrestling, 
Jiu-Jitsu e Luta Greco-romana, apresentam características de deslocamentos muito distintos, com 
mudanças muito velozes. Desde o início das pegadas, quando existe a aproximação com passos mais 
lineares entre os combatentes e, em seguida, vai-se passando para marchas de ajustes laterais. Por fim, 
devido às estratégias de arremessos e projeções, os atletas, ao tentar impor seu domínio corporal, exercem 
movimentos que se alternam com formações parecidas com arcos, pois as tentativas de aplicação das 
forças de desequilíbrio e manutenção da própria estabilização parecem forçar arrastos semicirculares.
Na Esgrima, duelo confrontado com armas, há restrição da área de Luta, pois se realiza o combate em 
uma passarela relativamente estreita. Por isso, os deslocamentos são mais alinhados de modo retilíneo, 
com locomoção no plano sagital e trocas constantes de sentido, sendo que os esgrimistas se movem 
para frente e para trás muito rapidamente. O Kendô, também disputado com armas, e pelas exigências 
das regras, impele os Lutadores a realizarem deslocamentos mais ordenados em linhas retas, com alguns 
poucos passos laterais durante a disputa.
Lutas com princípio de domínio baseado nos toques são muito dinâmicas e exigem movimentação 
em várias direções, iniciando em geral por movimentos retilíneos de aproximação para efetuar os 
ataques e retrações defensivas de contra-ataques, como no Tae kwon do e no Karatê. Adicionalmente, 
há grande quantidade de movimentações circulares no Boxe e no Muay Thai devido às características de 
esquivas preconizadas pelos combatentes.
O Tai chi chuan provoca movimentos corporais específicos que parecem sempre executar 
deslocamentos de formatos esféricos combinados entre membros inferiores e superiores.
Os deslocamentos corporais exigem movimentos coordenados de modo sequencial e por meio 
de sinergia musculoarticular. Assim sendo, pesquisam-se os ângulos de ocorrência que provocam os 
melhores efeitos resultantes. Os ângulos formados entre segmentos corporais são chamados de relativos 
e aqueles que se referem entre o segmento corporal e o solo são chamados de absolutos. Pode-se verificar 
que na Capoeira move-se o corpo com muitas piruetas e rodopios para a aproximação e os afastamentos 
bastante ligeiros, acelera-se o movimento para acometer e refrear a execução de seus golpes, com muita 
variação angular nas investidas sobre o adversário. Necessita-se de grande competência motriz para se 
atacar, formam-se diversos ângulos relativos e absolutos entre os membros superiores, os inferiores e o 
tronco. Todos esses ângulos devem ser os mais precisos possíveis para facilitar os ataques, permitir as 
rápidas esquivas e possibilitar a manutenção do equilíbrio dinâmico.
No Karatê, os movimentos dos socos, assim como no Boxe, no Muay Thai e no MMA, são estudados 
de tal maneira que se possa compreender qual é o melhor ângulo de execução para se atingir a máxima 
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potência resultante do golpe. Os ângulos absolutos entre os membros inferiores e o solo devem permitir 
que as rotações corporais articulares, envolvidas no movimento e sendo necessárias para a execução dos 
socos, sejam realizadas com a maior precisão e velocidade possíveis.
Estratégias de combate podem exigir que se mantenham membros superiores mais estáticos, 
como nas Lutas de Judô, Wrestling, Jiu-Jitsu e Luta Greco-romana, sempre que se consegue 
estabelecer uma pegada que permita táticas de defesa e de ataques mais estáveis e de acordo com 
as características do Lutador.
Combates de Boxe preconizados por profissionais imprimem ações dinâmicas tais que se aceleram 
e desaceleram os movimentos associados aos deslocamentos com a aplicação dos golpes, como os 
realizados pelo famoso Boxeador Muhammad Ali. Também se podem observar ataques sequenciais de 
socos em série e com grande agilidade e eficiência como os protagonizados por outros pugilistas, como 
o brasileiro Éder Jofre e os americanos Mike Tyson e Floyd Mayweather, de tal monta que o adversário 
precisaria ter grande capacidade de esquiva e absorção dos potentes golpes.
Sugere-se que se observem os filmes recomendados a seguir e sejam analisadas as velocidades de 
aplicação dos golpes com os membros superiores e a relação com a movimentação dos membros inferiores.
 Saiba mais
Para se analisar as velocidades de aplicação dos golpes com os membros 
superiores e a relação com a movimentação dos membros inferiores, assista:
ÉDER JOFRE: o grande campeão. Dir. Beto Duarte, 2004. 80 minutos.
No Sumô se pode verificar que os Lutadores se aproximam rapidamente, em geral, seguindo uma 
linha reta de enfrentamento e, a partir do momento em que efetuam a pegada, fazem rotações do 
corpo, rodando dinamicamente como se estivessem toureando junto com o adversário, a fim de evitarem 
serem arremessados e transportados para fora do ringue.
Os chutes executados nos combates de Tae kwon do são extremamente velozes, certos Lutadores 
conseguem fazer sequências de chutes muito acelerados, mantendo a perna elevada durante a realização 
da série, provocando dificuldades de se sair do raio de ação desses golpes.
Percebe-se que o estudo dos deslocamentos dos golpes e fundamentos técnicos, seus ângulos de 
atuação e suas velocidades de execução nas Modalidades de Esporte de Combate trazem subsídios 
extremamente relevantes para produzir ações táticas e determinar quais características de Luta se 
adequam aos Lutadores e às regras e, principalmente, para se buscar a vitória.
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7.1.2 Capacidades motoras condicionantes e suas consequências
O estudo das características próprias de cada Modalidade de Esportes de Combate permite 
estabelecer quais parâmetros de força e outras capacidades motoras condicionantes serão necessárias 
para se preparar ao máximo o atleta a fim de se tentar alcançar o sucesso nas competições esportivas. 
Por essa razão vão-se apresentar as forças de atuação e as forças resultantes que são mais comumente 
examinadas de modo biomecânico nas Modalidades de Esportes de Combate.
7.1.2.1 Forças atuantes
O fato indiscutível é que existem capacidades condicionantes importantíssimas para se atingir as 
melhores condições de realização de tarefas motoras, sejam elas abertas, sejam fechadas. Consideram-
se capacidades motoras condicionantes: a força, a resistência, a flexibilidade e a velocidade. A força, de 
qualquer maneira, é a principal, pois é componente vivo e presente quando se procura ampliar as outras 
capacidades físicas.
Considerando a mecânica física, a força é uma quantidade liberada de energia obtida pelo 
intercâmbio entre dois corpos. A manifestação da força pode ocorrer pela alteração do movimento de 
um dos corpos, por sua deformação ou de ambos, sempre que a força causada por um dos corpos se 
sobrepõe à capacidade do outro de suportar a energia recebida (ZATSIORSKY, 1999).
Para os estudos biomecânicos desta publicação, vai-se ater somente às forças externas, isto é, forças 
formalizadas entre um Lutador e onde são elas exercidas.
As forças maiores são obtidas genericamente pelo aumento do alargamento da área transversal da 
fibra muscular. Como a adiçãoda massa muscular implica ganho de peso corporal e a maioria das Lutas 
é disputada por divisões de pesos, é importante se trabalhar concomitantemente com ganhos de força 
neural, ou central, que se relacionam com os estímulos apropriados para recrutar mais unidades motoras 
e, em especial, os grandes motoneurônios, responsáveis por gerar maiores forças. Sua denominação é 
força de coordenação neuromuscular.
Modalidades de Esporte de Combate clamam por forças específicas, tais como: a) Força de resistência, 
como as encontradas nas ações de pegadas, as quais necessitam serem mantidas por tempos consideráveis 
no Judô, Jiu-Jitsu, Wrestling, Luta Greco-romana, Kurashi, Luta Suíça, Glima etc. Elas são estáticas ou 
de manutenção de determinada posição ou ação ou ainda sinérgicas a movimentos que necessitam de 
grupo muscular demarcado, mantendo-se com estabilidade muscular relevante, e ações isométricas 
concêntricas lentas; b) Potência, que é a força atuante de ótima relação com a maior velocidade de 
execução. Trata-se do produto da força aplicada pela velocidade (P = F. V). Nas modalidades como Boxe, 
Muay Thai, Tae kwon do, Karatê de contato, Sanshou/Sanda e outras, com princípio de domínio do toque, 
em que o alvo precisa ser acertado com rapidez e força para gerar pontuação ou nocaute, o Lutador deve 
obrigatoriamente receber orientação para acréscimo da capacidade de potência. A potência em geral 
envolve forças dinâmicas com contração muscular bastante rápida; c) Força relativa, que e a construção 
da força em consideração ao peso corporal do Lutador, sendo importante nas Modalidades de Esporte 
de Combate, pois atletas que conseguem obter maiores forças relativas geralmente não passam por 
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privações a fim de controlar o seu peso para se enquadrar nas categorias de peso e Lutam em melhores 
condições; d) Força máxima, a qual designa a força absoluta do indivíduo, não considerando seu peso 
corporal. Serve para designar os treinamentos específicos para incremento da força.
Treinos de força exercitam os músculos e devem ser apropriadamente prescritos aos Lutadores, pois 
segundo nos lembra Zatsiorsky (1999, p. 117), “treinos específicos de força não treinam o movimento”. 
Depois, tem-se que atentar para o fato de que as Modalidades de Esportes de Combate se utilizam de 
combinações de ações específicas que geram golpes com execução complexa.
Salientamos aqui o conceito de graus de liberdade. Ele, sugerido por Bernstein (1967), indica que há 
uma regulação dos movimentos a serem efetuados de acordo com a coordenação motora articular e os 
segmentos articulares.
O referido conceito (BERNSTEIN, 1967; KELSO, 1995) abrange a concepção de que as articulações 
afetam a ação muscular dos segmentos corporais pela própria limitação do alcance de atuação máxima 
possível e de acordo com as forças de resistência envolvidas no movimento. Assim, é notável que nas 
categorias de ação das Modalidades de Esporte de Combates se encontrem diversos graus de liberdade 
agindo, concomitantemente, na construção das mais distintas técnicas de combates. Várias forças são 
combinadas de modo sinérgico e sequencial.
 Saiba mais
Para mais informações acerca da ciência por trás dos golpes, assista :
SAM: SEGREDOS das artes marciais. Dir. John Brenkus, 2003. 100 minutos.
Exemplo de aplicação
Faça uma relação entre as principais forças atuantes que ocorrem nas Modalidades de Esporte de 
Combate com princípio de domínio de agarre, toque com e sem armas e varreduras.
Um dos exemplos mais expressivos na utilização de diversos graus de liberdade com uso de 
uma combinação complexa de movimentos é quando um indivíduo realiza as movimentações com 
o nunchaku, bastões articulados japoneses de Defesa Pessoal, que exigem bastante sincronismo e 
concentração. Ademais, ao lidar com implementos de Defesa Pessoal, ressalta-se a participação efetiva 
de ritmo, velocidade de reação, esquema corporal, lateralidade, ambidesteridade, equilíbrio de energia e 
coordenação motora com alto nível de perícia. As forças envolvidas devem ser cuidadosamente dirigidas 
para que se obtenha a eficiência desejada. A ação motora que se sobressae nos gestos técnicos da 
execução dessa arma é a verificação das condições de movimentos multiarticulares e multiplanares.
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Observe a figura do praticante de nunchaku a seguir:
Figura 75 – Nunchaku multiplanar e multiarticular
Os treinos de força devem ser conduzidos para se obter coordenação intermuscular, ou seja, 
o treinamento de força precisa ser realizado por meio de ações multiarticulares, comparadas aos 
movimentos executados nas disputas competitivas das Modalidades de Esporte de Combate.
A velocidade é uma capacidade muscular condicionada pela execução muscular com a mais rápida 
e máxima celeridade, mantendo um mínimo de força tônica que permita suportar a ação e, ao mesmo 
tempo, alcançar o objetivo determinado no mais curto espaço de tempo possível. A velocidade é dada 
pelo espaço percorrido dividido pelo tempo de execução (da Física temos V = S/T, onde V = velocidade, 
S = distância percorrida e T = tempo). Modalidades de Esporte de Combate, com princípio de domínio do 
toque, que não exigem colocar o adversário em nocaute, como o Karatê olímpico, a Esgrima e o Kendô, 
parecem recrutar mais fibras musculares rápidas e o exercício da velocidade para se atingir sucesso em 
sua realização. Algumas demonstrações de kata, kati e poomse baseiam-se mais em velocidade efetiva 
que em potência. Deve-se salientar que o treinamento de velocidade deve considerar prioritariamente 
ganho de força na região desejada, mas sempre em combinação intermuscular.
A flexibilidade é uma ação condicionante muito importante ao sistema muscular. Ela é o alcance 
máximo obtido por uma articulação e permite que a amplitude de movimento possa ser usada em sua 
totalidade quando requisitada. Atletas de Tae kwon do necessitam de grande flexibilidade no quadril, 
para elevação das pernas e possibilidade de chutes, Lutadores de Kendô e de Esgrima precisam de 
flexibilidade nos punhos, cotovelos e ombros para exercerem movimentos com a máxima magnitude 
articular. Atletas de Lutas de agarre com muito contato corporal não treinam especificamente a 
flexibilidade, apesar de que nas Lutas que ocorrem no solo, no Judô, no Jiu-Jitsu e no Wrestling, por 
exemplo, solicita-se determinada flexibilidade no tronco, na cervical e um pouco nos quadris.
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O treinamento de flexibilidade parece prevenir o aparecimento de lesões musculares, portanto os 
Lutadores devem se preocupar em incluir essa capacidade física condicionante a ser trabalhada.
Com as preocupações de se treinar as capacidades de força para o êxito competitivo, vamos destacar 
a partir de agora os resultados das aplicações dessas forças, por meio dos gestos técnicos mais comuns 
das Modalidades de Esporte de Combate.
7.1.2.2 Forças de reação resultantes/biomecânicas
As forças de reação resultantes são consequências que se apresentam pela efetivação derradeira de 
determinada força de um corpo sobre outro. Quaisquer forças atuantes nas Modalidades de Esporte de 
Combate de natureza aberta vão gerar impacto.
O impacto é uma grandeza física que indica a condição de colisão que ocorre entre dois 
corpos, em um período de tempo em geral curto, como os milésimos de segundos, por exemplo, 
na cotovelada executada no Muay Thai. Por sua vez, pode haver ações de constrição arterial com 
impactos corporais de alguns segundos, como nos estrangulamentos do Judô e Jiu-Jitsu. Outro 
exemplo de impacto é o do corpo de um Lutador arremessado ao solo; o produto de sua massa 
pela aceleração imposta pela projeção associada à aceleraçãoda gravidade pode gerar grande 
choque em seus órgãos internos.
Nas Modalidades de Esporte de Combate, pode haver alteração momentânea nos tecidos 
corporais, os quais sofreram impactos substanciais. A capacidade de recuperação e de suportar 
esses impactos depende da natureza do impacto, por exemplo, a potência produzida pelo ataque, 
o local onde foi efetuado e a condição do atleta em recepcionar a força despendida. Além disso, os 
esportistas devem estar preparados para agirem por meio de habilidades específicas adequadas a 
fim de suportar os impactos para minimizar suas consequências. O Lutador de Judô ou de Wrestling 
que faz a queda controlada após ter sido projetado ao solo minimiza os choques sobre os seus 
órgãos internos; o combatente que consegue girar a cabeça acompanhando a direção de um soco 
recebido nessa região minimiza a colisão, permitindo que a força de impacto se reduza, pois o 
ataque perde energia devido à fluidez do movimento. Mais um exemplo: Lutadores que conseguem, 
pela expiração, concentrar a força sobre os músculos do abdome para absorver um chute nesse 
local, também demonstram grande habilidade associada à extrema capacidade física para aguentar 
e resistir a impactos.
Várias reações físicas resultantes, provindas de impactos mecânicos, comumente encontradas nas 
Modalidades de Esporte de Combate, produzem grandezas específicas, tais como: pressão ou compressão, 
torção, perfuração, dilaceração e estiramentos.
A seguir vai-se descrever como se sucedem nas Modalidades de Esporte de Combate essas 
resultantes dos impactos gerados pelas forças atuantes: a) Pressão ou compressão – ocorrem por 
meio de apertos, estrangulamentos, pegadas corporais, constrição muscular ou arterial, lançamentos 
de um corpo sobre o solo. A pressão é representada pela fórmula P = F/A, onde P = pressão, F = força 
e A = área, assim, quanto maior a força e menor a área de contato, mais se exerce pressão sobre 
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determinada região do corpo; b) Torção ou restrição – resultante verificada nas aplicações de restrições 
articulares, como “chaves” de braço, de tornozelo, joelhos, ombros, punhos etc.; c) Deformação/
contusão – consequência de pancadas que são causadas por choques traumáticos como socos, 
chutes, joelhadas, cabeçadas e cotoveladas; d) Perfuração – consequência de percussões causadas por 
implementos pontiagudos, como facas, espadas, sabres e floretes. Atualmente, nas Modalidades de 
Esporte de Combate, a Esgrima seria a responsável maior por aplicações de forças que resultariam em 
impactos que seriam causas de perfurações, mas as regras do esporte exigem que os implementos não 
causem esse traumatismo fatal, bem como se usem uniformes extremamente bem confeccionados 
para proteção dos combatentes; e) Dilaceração – o Kendô é uma das Modalidades de Esporte de 
Combate que trariam os traumas relacionados a rasgar, arrancar e partir pedaços corporais, por meio 
dos golpes impactantes que são direcionados para cortar o oponente, mas atualmente as armas são 
confeccionadas com bambu e as armaduras são muito específicas para se evitar quaisquer danos 
corporais; f) Estiramento – decorre da tração exercida sobre a articulação, podendo provocar seu 
deslocamento por meio das puxadas sobre tendões e ligamentos e músculos. Existe um tensionamento 
específico sobre o músculo. Essa resultante não é rara de acontecer em Modalidades de Esporte de 
Combate, e pode se dar por meio de golpes específicos do Jiu-Jitsu e também nas ações de Defesa 
Pessoal, como no Krav Maga e no Aikido.
Obviamente, ao se exercer uma força atuante ou ao se sofrer as suas consequências, há alteração 
na estabilidade corporal dinâmica, por isso vamos destacar a importância do equilíbrio nos estudos 
biomecânicos nas Modalidades de Esporte de Combate.
7.1.3 Equilíbrio nas Modalidades de Esporte de Combate
Naturalmente o equilíbrio provém da capacidade de se exercer força contrária à gravidade. Ou seja, 
trata-se da qualidade de se poder manter a permanência corporal.
Caso não haja movimento, a manutenção de estabilidade é chamada de equilíbrio estático. Por sua 
vez, ao se enfrentar desafios de deslocamentos corporais, em especial os de locomoção, provocam-
se desestabilizações contínuas e são necessárias forças de atuação de compensação, nesse caso a 
conservação continuada é chamada de equilíbrio dinâmico.
Um conceito importante é a colocação de centro de gravidade corporal, pois nas análises 
biomecânicas o peso (P) corporal, que é uma força composta de produto da massa (m) corporal e da 
aceleração da gravidade (G) (P = m. G), parece se comportar de modo único concentrado nessa região. 
O centro de gravidade anatômico é o núcleo corporal no qual o peso está medianamente ponderado 
em todas as direções.
É muito importante para a estabilidade corporal que a linha longitudinal que passa pelo centro de 
gravidade esteja sempre dentro da base de sustentação. Dessa maneira se mantém o equilíbrio.
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Figura 76 – Sumotoris afastam os pés para aumentar a área da base de sustentação e abaixam o quadril aproximando o centro de 
gravidade da base de sustentação para dificultar a tentativa de desequilíbrio imposta pelo rival
Nas Modalidades de Esporte de Combate, como já mencionado, o principal objetivo é manter-se em 
equilíbrio e tirar o do oponente. Na maioria daquelas que se configuram pelo princípio de domínio do 
agarre, os Lutadores procuram aumentar a área de sustentação, afastando as superfícies de apoio para 
evitar serem deslocados corporalmente e dificultar as execuções dos torques consignados nos golpes de 
projeção e arremessos. Os deslocamentos podem ser efetuados em várias direções e os atletas precisam 
compensar dinamicamente com forças contrárias as que lhe são impostas.
Já nas modalidades que preconizam os toques, a tentativa é provocar considerável dano, com a 
retirada do equilíbrio por não haver condições de sustentar o corpo. A resultante da força aplicada 
exerce um trauma que impede o funcionamento natural da tonicidade que mantém o equilíbrio e ao 
mesmo tempo bloqueia a sua reação.
A execução das forças atuantes para obter o sucesso nas competições das Modalidades de Esporte 
de Combate deve-se ao momento de força, ou mais basicamente conhecido como efeito rotatório da 
força, ou definido como torque.
7.1.4 Torque e alavancas nas Modalidades de Esporte de Combate
O torque é formado pela aplicação de uma força considerando-se uma distância perpendicular da 
linha de ação de força ao eixo de rotação onde está sendo aplicada (HALL, 2000).
Os torques são as resultantes de forças que movimentam os segmentos corporais humanos, é o 
equivalente de uma força linearmente aplicada para obtenção de uma ação angular. Por meio da tensão 
exercida pelo músculo, os ossos se movem tendo como eixo de rotação as articulações pertinentes ao 
movimento. Os torques proporcionam a realização de ações mecânicas corporais que visam comandar os 
próprios segmentos corporais para se chegar até o oponente com intuito de atingir, derrubar, submeter 
e vencer a disputa. Nas Modalidades de Esporte de Combate, o alvo é o adversário.
Portanto, deve-se de modo dinâmico e eficiente realizar os gestos técnicos com a combinação de 
torques precisos, harmônicos e com a melhor relação no gasto energético e competência mecânica. 
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Veja na figura a seguir a realização do torque produzido pelo atleta que está chutando o adversário em 
uma competição de Karatê. Há dois torques, o da perna e o do joelho. O alvo é o rosto do oponente e, 
caso tenha acertado e surtido efeito, apesar da resistência do corpo, a tendência é a sua deformação e 
o consequentegiro na cabeça.
Figura 77 – Torque no chute do Karatê
Na próxima figura se verifica um torque efetivo para obter pontuação na disputa de Wrestling. A 
aplicação da força potente de rotação se realiza por meio do abraço nas pernas e pés, resultando em 
força angular, considerando-se que o eixo de giro é localizado no quadril do atacante e o adversário tem 
o seu peso como sua força resistente localizada no seu centro de gravidade. A tendência do golpe que 
será apresentado é que o defensor seja virado para trás e caia de costas. Em geral, nas Modalidades de 
Esporte de Combate com princípio de domínio do agarre, os Lutadores procuram preparar deslocamentos 
que proporcionem o maior desequilíbrio possível e retirem o centro de gravidade do oponente da sua 
base de sustentação. Desse modo, conseguem aplicar com maior eficácia as forças de potência essenciais 
para se produzir resultados definitivos de projeção, arremessamentos, lançamentos e domínio corporal, 
por meio de torques corporais sobre o adversário.
Figura 78 – Torque no Wrestling com giro corporal provocando rotação
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Unidade III
Percebe-se a importância das análises das aplicações das forças de atuação corporais para conquistar 
as vantagens que se traduzem em vitórias nas Modalidades Esportivas de Combate. Os estudos técnicos 
podem favorecer oportunidades de como se expandir ações técnicas em determinadas condições que 
acontecem nas disputas, que possam resultar em meios eficazes para se efetivar o domínio sobre o 
adversário, nas mais variadas posições corporais possíveis.
Exemplo de aplicação
Analise as figuras anteriores do Karatê e do Wrestling e reflita sobre quais planos de atuação principal 
ocorrem as ações de ataque.
 Observação
As tarefas motoras combinadas nas Modalidades de Esporte de Combate 
são realizadas de modo multiplanar, multiangular e em diversos graus 
de liberdade. Entretanto, pode-se analisar uma ação técnica específica 
também separadamente.
A aplicação de torques corporais leva ao entendimento da ocorrência de três pontos fundamentais 
no estudo biomecânico: forças resistentes ou resistência, força de aplicação ou força potente e eixo de 
rotação do movimento.
A força resistente se caracteriza pela resistência dos Lutadores em não querer sofrer acometimentos 
e serem dominados. O peso corporal e a resistência mecânica e funcional dos tecidos e órgãos corporais, 
mantendo sua operacionalidade, mesmo após sofrerem impactos tão elevados, são forças de oposição 
a serem vencidas e que se constituem nos objetivos principais para se retirar o equilíbrio do adversário.
A força potente é aquela de realização, a qual é empregada para se tentar alcançar êxito competitivo. 
É aplicada pelo atacante, tem como resultado um gesto técnico que busca obter pontuação, vantagem 
e a vitória.
Por fim, verifica-se que existe um eixo de apoio ou uma linha de partida para constituir um braço de 
deslocamento da força que executa a ação da força potente.
A combinação desses três aspectos mecânicos constitui uma alavanca. Trata-se de um princípio 
mecânico determinado pela lei da alavanca, que foi apresentado por Arquimedes no século III AEC. 
Esse preceito envolve dizer que uma alavanca é máquina para mover uma resistência, e baseia-se em 
uma haste apoiada em um suporte ou fulcro, a qual gira apoiada sobre esse apoio, que funciona como 
eixo de rotação. Considerando-se as articulações que são os eixos de rotação ou apoios, os ossos como 
hastes rígidas e os músculos como aplicadores de força, temos a formação de alavancas para todos os 
movimentos corporais humanos.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Veja na figura a seguir três classes de alavancas, as quais ocorrem sistematicamente na execução 
de fundamentos técnicos nas Modalidades Esportivas de Combate. A de primeira classe posiciona o 
eixo ou apoio entre a força potente e a força resistente, também chamada de alavanca interfixa. A de 
segunda classe é formalizada pela aplicação da força resistente ou resistência entre o apoio ou fulcro e 
a força potente. Por fim, temos a de terceira classe, que apresenta a força potente inserida entre o eixo 
de suporte e a força resistente.
F
Primeira classe
Segunda classe
Terceira classe
Alavanca interpotente
Alavanca inter-resistente
Alavanca interfixa
R
F
R
F
R
Figura 79 – Classes da alavancas e nomenclatura
 Observação
Verifica-se o tipo de alavanca sempre se observando a ação do atacante 
como produtor da força para mover o adversário, o qual é o responsável 
pela força de resistência.
Nas Modalidades de Esporte de Combate, dependendo da condição de enfrentamento, da localização 
e da posição corporal, executam-se as mais diferentes aplicações dessas alavancas, relativas a diversos 
gestos técnicos específicos de cada prática.
O atacante exerce a função de aplicador da força potente, a qual provém de determinada ação 
complexa combinada de segmentos corporais, fundamentada através de uma articulação principal para 
harmonizar o movimento; por fim, o adversário é o alvo resistente.
Acompanhe imagens com exemplos de análises de alavancas construídas na formatação dos gestos 
técnicos de algumas modalidades de combate.
A primeira apresentada é de uma restrição articular aplicada no cotovelo do adversário na Luta 
de Judô. O atacante executa uma alavanca interfixa, ou alavanca de primeira classe, pois se vê que 
a resistência está no braço do adversário, mas especificamente se tenta flexioná-lo por meio do seu 
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bíceps para se evitar a extensão da articulação. A força do atacante está em suas mãos, que prendem o 
punho do oponente e o puxam para o seu peito. Por fim, o eixo de rotação está entre a força potente e 
a resistente, sendo suportado pela região pélvica do atacante.
Figura 80 – Alavanca interfixa na Luta de solo no Judô
A seguir pode-se examinar a ação do atacante de Tae kwon do, dando um chute, considerado como 
uma alavanca interpotente, ou alavanca de terceira classe. O adversário é a força resistente e encontra-
se ao fim do ponto de execução. O quadril do atacante está posicionando, o eixo de rotação da perna 
e a força potente estão localizados no quadríceps femoral para poder estender o joelho e acertar o 
oponente, isto é, localizados entre o eixo da força resistente. Outros exemplos de alavancas interpotentes 
são os socos, as estocadas/perfuradas da Esgrima e as cuteladas no Karatê.
Figura 81 – Chute alavanca de terceira classe/interpotente
Para a alavanca de segunda classe, também conhecida como alavanca inter-resistente, tem-se 
que lembrar que a resistência se posiciona entre a aplicação de força potente e o eixo de rotação. 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Os estrangulamentos e as várias projeções são configurados como alavancas inter-resistentes. Veja 
exemplos que mostram gestos técnicos das Modalidades de Esporte de Combates funcionando como a 
referida alavanca.
A primeira delas é um estrangulamento do tipo triângulo, muito usado no Judô, no Jiu-Jitsu, no 
MMA etc.
Figura 82 – Estrangulamento triângulo – alavanca de segunda classe/inter-resistente
Agora observaremos uma alavanca de segunda classe/inter-resistente, por meio da projeção efetuada 
na Luta Greco-romana. Nota-se que o opositor oferece peso ou resistência, que se encontra entre a 
força de aplicação localizada nos braços do atacante e o eixo de rotação que se encontra em seu quadril.
Figura 83 – Projeção Luta Greco-romana, alavanca inter-resistente
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Unidade III
Com a tecnologia de filmagens e o conhecimentoda biomecânica do esporte, pode-se pesquisar 
com olhar científico e aprofundado detalhes e particularidades dos movimentos feitos pelos Lutadores 
e quais deles são mais eficazes, ou mesmo quais melhor se ajustam às realidades físicas e às solicitações 
biomecânicas da Modalidade de Esporte de Combate.
Além de examinar densamente todos os aspectos técnicos e as peculiaridades dos gestos de 
combate inerentes às modalidades nas quais for atuar, é essencial que o profissional de Educação Física 
esteja bem assentado em relação aos conceitos da Física e da Matemática, e aprofunde os estudos da 
biomecânica das Modalidades de Esporte de Combate. Esses profissionais serão solicitados a realizarem 
análises biomecânicas importantes em referência aos treinamentos e às características competitivas que 
poderão trazer diferencial fundamental para o sucesso de seus atletas.
Adicionalmente, outras disciplinas científicas também são importantes considerando-se o Esporte 
de Rendimento. Assim se dará continuidade, a partir de então, a explicitar os subsídios mais relevantes 
para as análises fisiológicas das Modalidades de Esporte de Combate.
7.2 Aspectos fisiológicos nas Modalidades de Esporte de Combate
A fisiologia do exercício é uma disciplina que vem se destacando cada vez mais como ferramenta de 
estudos e de fornecimento de informações para o Esporte de Rendimento, pois permite aproximar dados 
de como se concentram as reações internas do organismo diante dos exercícios físicos, em especial ao 
treinamento e às condições individuais dos competidores.
Deve-se primeiramente lembrar que o corpo humano é admirável, parte-se do princípio de 
que a produção de energia corpórea é a responsável por dirigir as condições mais básicas de 
manutenção para vida. Esse pensamento também se ajusta, por intermédio do treinamento 
físico, para se atingir condições excepcionais nas reações fisiológicas de mobilização dos sistemas 
energéticos a fim de incrementar as regulações cardiorrespiratórias, musculares, imunológicas, 
humorais e neurais.
As competições relativas ao Esporte de Rendimento são cada vez mais acirradas e os competidores 
precisam efetuar treinamentos específicos que condizem com as solicitações mais apuradas para 
mobilizar adequadamente os sistemas energéticos respectivos às suas modalidades esportivas.
Faz-se importante reforçar as considerações sobre os sistemas de mobilização energética e produção 
de energia – adenosina trifosfato – ATP, para se complementar as informações acerca dos processos 
fisiológicos nas Modalidades de Esporte de Combate para o Esporte de Rendimento. Observe o seguinte 
quadro adaptado sobre as características gerais bioenergéticas humanas para se recordar dos sistemas 
energéticos e da produção de energia.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Quadro 5 – Características gerais dos sistemas energéticos para formação do ATP
Sistema Combustível Necessidade de 
oxigênio
Velocidade de 
formação
Produção de ATP 
relativa
Anaeróbio ATP-PC
(Alático) Fosfocreatina Não Extremamente rápida Pouca e limitada
Anaeróbio 
Glicolítico
(Lático)
Glicogênio Não Muito rápida Pouca e limitada
Aeróbio
Glicogênio
Gorduras
Proteínas
Sim Lenta Abundante e 
ilimitada
Adaptado de: Foss e Keteyan (2000, p. 33).
Salienta-se que os sistemas variam em produção de energia de acordo com: a) o ritmo, isto é, a 
quantidade de energia produzida por determinado período, chamada de potência máxima de produção 
energética e b) a capacidade máxima de produção energética independente do tempo, ou seja, a 
quantidade produzida (FOSS; KETEYIAN, 2000).
O sistema anaeróbio alático gera potência energética muito alta em um período curtíssimo (entre 
um a dez segundos), e não consegue uma quantidade muito alta para se manter constantemente 
ativo nessa potência, caindo vertiginosamente na contribuição energética, devido à célere 
degradação da fosfocreatina.
Em seguida, passa a existir o sistema anaeróbio lático, o qual ainda produz uma potência 
energética alta, mas também limitada por tempo curto de atuação máxima (entre 10 e 60 segundos 
aproximadamente), reduzindo a colaboração energética de forma um pouco mais gradativa que o sistema 
alático. Nessa oportunidade o glicogênio vai degradando e formando uma acidulação sanguínea muito 
alta, com aumento de íons H+ de modo substancial. O ácido formado, isto é, o chamado ácido lático, 
vai dificultando e até mesmo impedindo as transmissões de impulsos nervosos às unidades motoras, 
para se realizar movimentos, reduzindo a condição de se manter esforços muito elevados após o tempo 
mencionado, diminuindo a capacidade de execução rápida e com energia intensa.
Enfim, o sistema aeróbio toma parte quase que integral na produção energética. Produz energia a 
partir da manutenção das solicitações energéticas, mas baseado em potência baixíssima, aparecendo 
substancialmente depois de aproximadamente 60 segundos, sendo o principal capacitor de energia 
em condições que se demandam menores intensidades e mais permanência de forças menos intensas. 
A quantidade de energia produzida pelo sistema aeróbio é consideravelmente elevada, contudo a sua 
potência é bastante baixa, não favorecendo esforços musculares que demandam altas culminâncias de 
força e velocidade.
A prevalência dos sistemas energéticos em relação ao tempo de atuação dos esforços foi investigada 
por Gastin (2001) e trouxe um aporte substancial para reforçar a compreensão de como interagem os 
sistemas energéticos. Acompanhe a figura que apresenta o gráfico obtido por Gastin (2001).
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ATP-PCr
Glycolysis
Exercise duration (sec)
%
 C
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tr
ib
ut
io
n 
to
 to
ta
l e
ne
rg
y 
su
pp
ly
Aerobic
200 250 300
Figura 84 – Gráfico da mobilização e interação dos sistemas energéticos ao longo da permanência dos esforços físicos. ATP-PCr: 
adenosina trifosfato-fosfocreatina; glycolysis: glicólise; aerobic: aeróbio; exercise duration(sec): duração do exercício (segundos); 
% contribution to total energy supply: porcentagem da contribuição para o fornecimento total de energia
As Modalidades de Esporte de Combate são compostas de uma gama muito variada de exercícios 
condicionantes e apresentam as mais diversas características de desempenho e agenciamentos orgânicos. 
As disputas são concorridas em tempos, ordinariamente estreitos, com uma dinâmica muito complexa. 
Comumente solicitam-se elevadas taxas de mobilização energética de modo bem diverso, em intervalos 
de tempo curtíssimos e pouquíssima pausa para recuperação oxidativa. Os combates são essencialmente 
acíclicos, com movimentação constante dos competidores em períodos de tempo determinados. Mesmo 
no Boxe profissional, no qual se combate por três minutos, praticamente ininterruptos, a modalidade 
exige a parada por um minuto a cada round de Luta e se fazem até 12 rounds para cada disputa, com 
um único adversário.
Outras modalidades também são organizadas por rodadas, por exemplo, parte-se de dois a 
até cinco rounds com intervalos de descanso, para cada combate – Tae kwon do, Wrestling, Luta 
Greco-romana, Karatê, Muay Thai, MMA, Esgrima. Algumas delas se limitam a um único combate por dia, 
como MMA e Muay Thai, enquanto nas outras se podem fazer mais de um no mesmo dia. Outras Lutas 
são disputadas em uma única rodada, mas com vários combates no mesmo dia – Judô, Sumô, Kendô e 
Jiu-Jitsu. Essas características exigem cuidados na preparação das condições fisiológicas imprescindíveis 
para a apropriada e superior performance dos Lutadores.
Ao mesmo tempo, cada tipo requer condições para aguentar o tempo de combate, seja de round, 
seja o total de rodadas preconizado no dia da competição, além de suportar, absorver e reagir aos 
acometimentos da contenda e manter-se com capacidade de enfrentare colocar em prática sua 
estratégia de combate e adaptar-se de forma rápida a quaisquer condições impostas momentaneamente 
pelo adversário e pelas características próprias na ocasião.
Percebe-se a importância de se levantar aspectos categóricos para que se compreenda como 
funcionam as alterações nas mobilizações energéticas nas Modalidades de Esportes de Combate.
A seguir consta um quadro colocando-se diversos aspectos que devem ser levados em consideração 
para se efetuar análises fisiológicas.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
Quadro 6 – Aspectos importantes para análises fisiológicas em Modalidades 
de Esporte de Combate
Deslocamento dos lutadores Dimensões do local e movimentação
Estrutura temporal da Luta Número de rounds (rodadas)
Intermitência Relação esforços x pausas
Energia de prevalência
Fundamentos básicos Fator base
Energia de determinação
Golpes decisórios Fator de decisão
Somatótipo Constituição e controle de peso
Uniforme Especificidade
Hidratação Reposição hídrica
Regras da Modalidade Estratégias de combate
Os locais de disputa reservam dimensões bastante específicas, delimitadas por ringues, áreas de 
combate, passarelas e tatames, todos planos com dimensões que raramente ultrapassam 100 m2 de área. 
Em geral, existem poucos momentos nos quais os Lutadores permanecem parados. As movimentações 
ocorrem por força da necessidade de se atacar o oponente, esquivar-se dos acometimentos, contragolpear 
e posicionar-se de acordo com as regras. Os esforços são respectivos às características de cada modalidade. 
Verificam-se a incidência de deslocamentos por arrastes, com molejos, por saltitos contínuos, por impulsos 
anteroposteriores, posteroanteriores, marchas específicas e movimentos circulares e semicirculares.
Anteriormente, já se explicitou sobre a estrutura temporal dos prélios, apresentando alguns exemplos 
de Modalidades de Esporte de Combate de alto rendimento. O número de rodadas e os tempos de combate 
podem variar bastante, por exemplo, no Judô, atualmente, um combate dura até 4 minutos e pode haver 
continuação em caso de não definição por falta de vantagem. No Jiu-Jitsu, pode variar de acordo com a faixa 
(graduação), partindo de 3 a até 10 minutos; no Tae kwon do são até três rounds de 2 minutos. Como já se 
mencionou, mas faz-se necessário repetir, nessas modalidades podem-se efetuar várias Lutas no mesmo dia. 
No Boxe profissional acontecem disputas com 12 rounds e às vezes até 15 rounds, cada um com 3 minutos 
e 1 minuto de intervalo entre eles. Diferentemente, no Boxe Olímpico são quatro rounds de 2 minutos e 
cada modalidade possui muitas variações, permitindo-se uma Luta por dia somente. No Boxe profissional, os 
intervalos entre disputas podem chegar a mais de três meses de pausa.
Em cada Modalidade de Esporte de Combate examinam-se duas condições importantíssimas 
para dar-se direcionamento aos treinamentos condicionantes relativos às mobilizações energéticas 
requeridas: a) Energia de prevalência de Luta, chamada de fator base e b) Energia determinante, 
chamada de fator de definição.
Na primeira, é preciso se verificar qual a energia de prevalência para poder suportar as movimentações 
e permanência nos combates. O fator base é determinado pelo estudo do tempo total de Luta, das 
interrupções de descanso, dos tipos de deslocamentos corporais e dos esforços realizados para que o 
Lutador se mantenha em condições de aguentar todo o tempo de disputa, efetue ações decisórias e não 
sofra algum ataque fulminante que o elimine da contenda.
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A outra condição primordial para se determinar a mobilização energética da Modalidade de Esporte 
de Combate é a observação das ações que definem o combate e levam à conquista da vitória por 
intermédio de ponto máximo, pontuação cumulativa, nocaute, desistências e submissões. Aqui se verifica 
quais golpes e técnicas são as responsáveis por atingir o triunfo competitivo, como eles devem ser 
executados e com qual tipo de força atuante, além de se levar em consideração a estratégia de disputa 
e as características do oponente. Essa energia determinante, que condiciona ações para se obter o fim 
do combate ou capacitar o Lutador a conseguir sucesso na disputa, é chamada de fator de definição.
O que se nota nas Modalidades de Esporte de Combate é uma mudança contínua nas mobilizações 
energéticas. Existem interrupções causadas pelas características das Lutas, que param momentaneamente 
o combate, tais como: sinalização de pontuações e advertências, necessidade de reposicionar e centralizar 
os Lutadores que saíram da área de combate, atendimentos médicos, pausas provocadas pelos próprios 
Lutadores para recuperação instantânea (clinches, arrumar a indumentária, perda de lentes de contato etc.). 
Essa alternância baseada nesses preceitos de interrupções, que permitem rápidas recuperações oxidativas, 
é dada pela relação esforço x pausa. Estuda-se o tempo de Luta total e anota-se quanto dele os Lutadores 
ficam em ações de combate e o quanto se tem de interrupções que cessam as ações de combate. Alguns 
dados indicam que no Judô, no Karatê e no Tae kwon do a relação de esforço x pausa é de 2:1, isto é, os 
Lutadores permanecem aproximadamente 20 segundos em ações diretas de combate e são interrompidos 
por aproximadamente 10 segundos. No Wrestling e na Luta Greco-romana, pode se chegar a 3:1, enquanto 
no Jiu-Jitsu atinge 15:1, isto é, muito tempo de esforço por uma pausa bastante curta.
Além disso, existem as mudanças de emprego de ações de ataques, esquivas e defesas de modo 
dinâmico, modificando as requisições energéticas necessárias para cada condição momentânea de Luta. 
É importante analisar o número de golpes executados e em qual rodada ou minuto dela se efetuaram 
mais ações de ataques. Desse modo, convoca-se continuamente diferentes sistemas energéticos 
requeridos para a disputa.
Todas essas contínuas alterações trazem à tona uma característica muito peculiar das Modalidades 
de Esporte de Combate chamada de intermitência, a qual permite designar que não se pode determinar 
exatamente qual sistema energético tenha absoluta prevalência durante a disputa (FRANCHINI, 2010).
Obviamente que se conhecendo as características dos fatores base e de definições, a relação de 
esforço x pausa, podem-se canalizar treinamentos específicos e de acordo com as necessidades de 
cada atleta.
Geralmente, modalidades com princípio de agarre necessitam efetuar as pegadas com os membros 
superiores e mantê-las por tempo considerável, caracterizando o fator base apropriado a executar força de 
resistência, mobilizando o sistema energético anaeróbio lático concentrado. Ao mesmo tempo, na maioria 
das vezes, verificam-se como fatores de definição as projeções e os arremessos executados tanto pelos 
membros superiores quanto pelos inferiores. A demanda de realização presente se compõe pela velocidade 
de força, ou melhor, a potência para se vencer as resistências de oposição, pois se necessita de força com 
grande intensidade em períodos bem curtos de tempo. Assim, deve-se considerar nesse caso a mobilização 
do sistema energético anaeróbio alático tanto para os membros superiores como para os inferiores.
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
As modalidades com princípios de domínio de toques, com ou sem armas, requisitam grande 
movimentação e deslocamentos corporais, caracterizando demanda contínua de resistência, velocidade 
e agilidade. Assim, comumente mobiliza-se a resistência geral muscular e específica nos membros 
inferiores e superiores. Nesses casos, distingue-se a mobilização energética ao fator base pelo 
sistema aeróbio. Os fatores de definição, tais como: socos, chutes, cotoveladas etc. encontradosnas 
modalidades de toques que preconizam o nocaute, clamam por ações de grande força em período de 
tempo rapidíssimo, ou seja, a potência muscular. Dessa maneira, o sistema energético mobilizado nesse 
momento é o anaeróbio alático. Nas modalidades de toques demonstrativas, ou que não se caracterizam 
pela necessidade de nocaute e que se atinja a vitória por pontuação cumulativa somente, os fatores de 
definição como estocadas da Esgrima, socos e chutes no Karatê olímpico e demonstrações de kata, kati 
e poomse demandam grande velocidade de ação, mobilizando o sistema energético anaeróbio alático.
Considerando todos os aspectos relacionados aos sistemas de mobilização de energia, há de se 
levar em conta a duração dos combates também. Ordinariamente, verifica-se que as disputas atingem 
períodos acima de 2 minutos, e assim se deveria assumir que o sistema aeróbio prevalece na disputa, 
mas não se deve subestimar a mobilização momentânea de esforços superintensos para a execução dos 
fatores de definição.
É fato de que os Lutadores ao longo dos combates vão reduzindo suas atividades de força, necessárias 
para conseguirem executar as ações que levem ao alcance da realização dos fatores de definição com o 
mesmo vigor. Como são muito bem treinados, eles ainda suportam efetuar os movimentos com qualidade 
de angulação e mantendo os graus de liberdade ideais, mas perdem em velocidade e energia, pois os 
substratos energéticos para mobilização dos sistemas necessários à eficácia dos golpes já se encontra 
em maior depleção, o que acarreta dificuldades para sua reposição quando solicitados. Além disso, a 
acidulação sanguínea, com o aumento de íons H+, causa maior limitação nas transmissões de impulsos 
nervosos às unidades motoras musculares, contribuindo para a redução da eficiência arrebatadora dos 
golpes de potência e a manutenção da resistência de força.
Portanto, devem-se direcionar os treinos para que sejam próximos das realidades dos combates e, 
assim, obterem-se melhores combinações das práticas dos fatores de base e dos motivos de definição 
associados às peculiaridades estratégicas e características do atleta. Destarte, estaremos perto do 
princípio da especificidade do treinamento e dos competidores mais bem inseridos na preparação de 
alto rendimento e com possibilidades de resultados efetivos para a competição.
Algumas Modalidades de Esporte de Combate têm associação direta com a indumentária usada, 
isto é, o uniforme obrigatório. Nas competições de Esgrima e de Kendô, os combatentes se vestem 
imperativamente com fardamentos bem pesados, confeccionados com materiais de total resistência 
ao impacto perfurante ou cortante, cuja função é proteger os Lutadores. Mesmo que nas competições 
atuais espadas, sabres e floretes da Esgrima não possuam mais terminações pontiagudas ou tampouco 
afiadas e cortantes, assim como no Kendô, as espadas são fabricadas em bambu, o que evita se efetivar o 
corte real desejado imaginariamente nos movimentos de ataque, e os uniformes são bastante reforçados 
e de alta proteção.
No Judô e no Jiu-Jitsu, a vestimenta é confeccionada com tecidos grossos de algodão para 
suportar as constantes puxadas nas golas e nas mangas. Essas modalidades têm como fundamento a 
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obrigação de serem disputadas por meio de pegadas nos trajes de combate. A indumentária é parte 
integrante das técnicas.
Chama-se a atenção o fato de que as indumentárias provocam grande transpiração dos atletas e 
deve haver vigilância na reposição hídrica dos competidores. De qualquer modo, por trazerem um alto 
grau de gasto calórico e eliminação de água, todas as Modalidades de Esporte de Combate precisam de 
precaução para a reposição apropriada de líquidos e sais minerais durante os eventos. Competições de 
alto rendimento são disputadas em ambientes condicionados com temperatura e umidade controladas, 
porém algumas vezes se enfrentam condições adversas com altas temperaturas e umidade muito baixa 
ou muito alta, necessitando ainda mais controle hídrico.
Figura 85 – Indumentária de proteção no Kendô
A compleição física dos atletas é também uma qualidade a ser considerada nos estudos 
fisiológicos. Atletas de Modalidades de Esporte de Combate exibem massa magra muscular substancial, 
independentemente de qual categoria se enquadrem. As divisões de massa corporal na maioria das 
modalidades apresentam fatos importantes nas análises fisiológicas dos competidores, nota-se que 
atletas mais pesados são ainda bastante ágeis nas técnicas e nos golpes, mas tendem a ter menor 
movimentação e menos deslocamentos, causando menos interrupções de esforço durante as disputas. 
Desse modo, genericamente, Lutadores mais pesados mantêm maior gasto energético proporcional se 
comparados aos atletas de menor peso corporal.
7.3 Perda deliberada de peso
A ponderação no emprego de ingestão de líquidos é fator preponderante para as Modalidades de 
Esporte de Combate, pois na maioria delas há divisões de categorias de peso. Os Lutadores, e seus 
técnicos, pouco responsáveis, provocam perdas hídricas para redução de peso de maneira muito drástica 
para atingirem suas categorias desejadas e enfrentarem as pesagens limites nos dias de competição, 
o que pode causar perdas acentuadas de sais minerais do organismo. Essas perdas são escassamente 
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LUTAS: ASPECTOS PEDAGÓGICOS E APROFUNDAMENTOS
repostas, portanto altamente prejudiciais para o funcionamento fisiológico apropriado dos atletas, 
especialmente sob árduas solicitações físicas incididas em competições.
Saunas extremamente quentes, desidratação exacerbada pela ingestão de diuréticos, restrição 
violenta no consumo de alimentos e treinos de corridas com agasalhos pesados são algumas estratégias 
alucinadas e usadas por Lutadores que não conservam seus pesos nos limites determinados pelas divisões 
de categorias atribuídas pelas federações esportivas. Várias modalidades exigem delimitações de pesos e 
os atletas apresentam variações enormes, com incidência de até 20% de peso corporal acima do limite 
máximo, configurando que estariam aptos a participar em categorias de peso superior.
As práticas de perdas de peso nessas condições não são recomendadas, pois exigem sacrifícios 
descomunais, com perdas de nutrientes e possibilidades para causar problemas graves aos atletas 
durante o desempenho competitivo e quem sabe no futuro. As reposições hídricas e nutricionais, 
em períodos curtos e quantidades imódicas, acabam atrapalhando os processos digestórios que 
antecedem a competição e o Lutador pode sofrer ainda mais consequências negativas nos processos 
metabólicos e hormonais, causando letargia e sonolência, provocando perda de concentração 
demasiada e apatia muscular competitiva; o atleta sente-se pesado e com dificuldade de realizar 
movimentos eficazes. Os nutrientes eliminados de maneira tão abrupta nem sempre são reabsorvidos 
tão eficientemente em períodos tão curtos, assim sobrecarregando o sistema renal e também 
podendo causar desarranjos intestinais.
Treinadores mais conscienciosos e nutricionistas do esporte orientam seus atletas a estar com pesos 
ultrapassando em 1% a 2% do limite máximo até uma semana antes da competição, evitando perdas 
substanciais de peso imediatamente antes do evento. A presença de nutricionista na equipe esportiva é 
primordial para que o atleta não se acostume a fazer perdas insanas de peso um dia antes da competição. 
É muito mais saudável que se mantenha pesos apropriados e nutrientes suficientes para suportar as 
cargas de treinos e as magnitudes da competição.
As confederações esportivas estão acompanhando as variações de pesos dos atletas selecionados 
para competições de alto nível. Limitam-se parâmetros para que os atletas não causem dissabores 
administrativos, como viajarem e perderem a possibilidadede competirem por não terem atingido o 
peso limite no dia da competição, usarem medicamentos proibidos como diuréticos e anabolizantes, 
e possam obter as melhores condições atléticas relativas à sua composição física e somatótipo. Desse 
modo, preservando também indiretamente a saúde do atleta e forçando-o a tomar parte responsável 
em sua vida junto às demandas do alto rendimento competitivo esportivo. Os resultados obtidos por 
Lutadores, os quais preservam com maior seriedade os limites de peso relativo à sua constituição e à sua 
categoria correspondente, parecem ser mais consistentes e de melhor valimento.
8 MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM MODALIDADE DE ESPORTE DE COMBATE
Avaliar Lutadores deve ter a preocupação de ser específico para cada modalidade, pois as necessidades 
condicionantes e respostas fisiológicas são bastante diferentes. Baseados nas características das 
Modalidades de Esporte de Combate, podem-se adquirir alguns dados científicos relevantes para dar 
direcionamentos e informações que possam auxiliar os treinadores a compreender processos de resposta 
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ao treinamento, ajustar volumes e intensidades e preservar as melhores condições atléticas para o alto 
rendimento esportivo.
8.1 Medidas fisiológicas
Há dificuldades em se realizar as principais medições fisiológicas em Lutadores, pois os 
equipamentos são atados ao corpo ou há necessidade de interrupções que não sejam concernentes 
aos aspectos competitivos. Vários estudos têm tentado obter dados que possam ser analisados 
para a detecção de fatores que afetam a performance competitiva nas Modalidades de Esporte de 
Esporte de Combate.
A aferição da frequência cardíaca (FC) tem sido possível nas disputas demonstrativas de kata, kati 
e poomse, trazendo informações sobre picos de FC e comparando-se com testes feitos em esteiras 
ergométricas. Em geral, essas atividades físicas comprovam que sua realização atinge em torno de 70% 
a 80% da FC máxima.
Competições simuladas de algumas Modalidades de Esporte de Combate de percussão, isto é, com 
princípio de domínio por toques, chegam a superar 190 batimentos por minuto e comparados com testes 
em esteiras se aproximam de 90% da FC máxima. Os combates abertos indicam maiores solicitações que 
as práticas fechadas.
Nas modalidades em que se atua o princípio de domínio de agarre, fica difícil se obter dados de FC 
máxima durante o combate, pois devido ao constante contato corporal os aparelhos se alteram, mudam 
de posição, ficam até mesmo inabilitados para as aferições da FC. Algumas avaliações foram efetuadas 
em períodos determinados, por exemplo, a cada 2 minutos, alcançando altos valores de FC média, que 
eram comparadas com testes de esteira em nível acima de 95% da FC máxima.
Valores de potência aeróbia máxima, ou VO2 max, são aferidos com testes efetuados em combates 
simulados ou atividades de golpear sistemático, com uso de captores de oxigênio de alta tecnologia. 
Assim, nas Modalidades de princípio de domínio de toque ou de agarre, executa-se um determinado 
número de ataques sequenciais, calculando-se o tempo de realização de esforços feitos para se obter 
ações correspondentes aos fatores de definição. Valores que satisfazem as características de obtenção de 
oxigênio, o seu transporte cardiorrespiratório e a sua capacidade de utilização muscular para Lutadores 
de alto nível competitivo variam entre 45 e 55 ml/kg/mi. Apenas no Boxe profissional os Lutadores 
apresentam excepcionalmente potência aeróbia acima de 60 ml/kg/min (FOSS; KETEYIAN, 2000).
Em comum, Lutadores que fazem testes de potência em aparelhos de Wingate, solicitando ações 
específicas de membros superiores, conseguem mostrar geração de energia situada em potências médias 
de 9,4 Watts/Kg e atingem potências máximas de até 12 watts/kg. Essas potências são obtidas em alto 
custo fisiológico, proporcionando maiores concentrações de acidulação sanguínea e a consequente 
formação de Lactato (LA) (FOSS; KETEYIAN, 2000).
Medidas de LA têm sido obtidas para verificação dos parâmetros de formação de acidez sanguínea 
e assim determinar como se pode treinar o atleta de combate a fim de que consiga suportar aumentos 
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de LA durante a disputa combate. Constata-se um aumento substancial do LA conforme se prolongam 
os esforços, assim como o tempo de Luta.
Valores medidos por meio de combates simulados, com interrupções determinadas para coletas, 
exercícios intensos de sombra (quando o Lutador executa golpes de definição com bastante intensidade, 
comparados aos efetuados nas Lutas), parecem trazer valores de LA no Boxe e também nas modalidades 
de agarre, com números variando desde 8 mmol.l-¹ (milimol por litro de sangue) em casos como no Jiu-
Jitsu, alcançando valores médios bem altos, iguais a 18 mmol.l-¹.
Lembra-se que as Modalidades de Esporte de Combate possuem intermitência, com pausas relativas 
durante o embate corporal e a variação e capacidade de tamponamento do LA é grande, e depende 
também das condições nas quais se encontra o atleta, o ritmo do confronto, a estratégia assumida, o 
nível da competição e o significado daquela disputa (eliminatória ou final).
Outras medidas e análises, como a presença de Cretina quinase (CK) no sangue, indicam degradação 
celular e têm sido também usadas na fisiologia do esporte para se determinar as condições nas quais se 
devem compensar os esforços efetuados pelos Lutadores. Também exames de urina, verificando a quebra 
de proteínas específicas, sinalizam condições para se adaptarem os treinos e as práticas competitivas. 
Outro objeto de estudo é o exame de mioglobina e o respectivo tempo de recuperação após a efetivação 
de treinos específicos de alta intensidade para execução de técnicas e golpes relacionados com 
condicionamentos dos fatores de decisão.
Distintas avaliações também utilizadas são as de verificação da liberação do cortisol e de outros 
hormônios nas práticas simuladas e nas competições de Modalidades de Esporte de Combate.
 Saiba mais
Para obter informações adicionais sobre o comportamento do corpo 
dos atletas durante o Jiu-Jitsu, leia:
ANDREATO, L. V. et al. Psychological, physiological, performance and 
perceptive responses to Brazilian Jiu-Jitsu combats. Kinesiology, Zagreb, v. 
46, p. 44-52, 2014. Disponível em: . Acesso em: 6 mar. 2018.
8.2 Medidas subjetivas
Nas Modalidades de Esporte de Combate, tem se tornado usual treinadores e preparadores físicos 
se apropriando de medidas subjetivas que ajudam a dar condições de acompanhamento e adaptação 
adequados aos treinamentos dos atletas.
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A percepção de esforço (PE), de acordo com Robertson e Noble (1997), é uma escala psicofísica 
da intensidade sentida de esforço, tensão, desconforto e também de fadiga que são experimentados 
durante práticas físicas. A PE é indicada por meio de escalas e a mais comum é a escala de Borg (BORG, 
1998), que mostra ao atleta níveis preconizados por valores entre seis e sete (muito fácil) até 19 e 20 
(exaustivo), e os atletas externam como estão se sentindo diante de determinado exercício. Por meio 
dessa escala, pode-se determinar a taxa de percepção subjetiva de esforço, que é a relação de carga 
treinada pela indicação de nível de exaustão atingida.
Essa taxa parece se adequar bem nas Modalidades de Esportes de Combate, pois o treinador 
pode construir uma tabela de unidades arbitrárias por meio de uma metodologia que verifica o 
total da sessão de treinamento multiplicada pela escala de Borg externada pelo atleta, após 30 
minutos de término da sessão de treinamento. Essa metodologia parece ser bem relacionada aosuma colocação referente à Luta como Defesa Pessoal, ou seja, o 
uso organizado de ações de combate para a própria conservação da vida e segurança física e emocional.
1.1.3 Defesa Pessoal e as Artes Marciais na atualidade
O ser humano se defendeu sempre com o uso de suas próprias atribuições e possibilidades. Procurou 
usar seus membros superiores e inferiores e outras partes corporais, como a boca e a cabeça, de modo 
a imobilizar, afastar, dominar, refrear e também se proteger de acometimentos que o colocavam em 
perigo de sobrevivência, detrimento de território, perda de sua prole e ameaça à sua liderança. A essas 
ações chamamos de Defesa Pessoal. Assim sendo, a Defesa Pessoal se relaciona diretamente com o 
emprego corporal e ao uso de armas que visam à própria segurança e de seus familiares e amigos, além 
do grupo ao qual pertence ou ao qual era designado por obrigação ou vontade própria.
Como já vimos, práticas sistematizadas de movimentos militares corporativos envolviam a necessidade 
de contingente humano que manipulavam armas, tais como: lanças, arcos, cavalos, engalfinhando-se 
corpo a corpo com seus adversários. Obviamente, os esquadrões mais treinados proviam exercícios que 
visavam à preparação dos guerreiros para esse enfretamento pessoal. Observações militares levam a se 
acreditar que, no momento desses embates, o soldado se imbuía de grande determinação, pois era a sua 
vida em nome da nação ou de seu general, ele precisava atacar e se defender e assim protegia a própria 
vida. Muitos guerreiros se destacavam por terem bastante habilidade e batalhavam com grande destreza 
e competência. A Defesa Pessoal era fruto de intensos treinamentos e práticas exigentes.
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Essas práticas de defesa corporal e uso de armas derivam basicamente de duas vertentes, bem 
generalizadas, que parecem muito similares, mas que contêm diferenças importantes para que possamos 
definir a segunda etapa do significado atual do termo Arte Marcial. Essas vertentes de classificam em: 
Lutas ocidentais e Lutas orientais.
As Lutas ocidentais são vastamente documentadas por meio da arqueologia e de seus estudos 
antropológicos e encontradas em pinturas rupestres e esculturas. Segundo Levinson e Christensen 
(1999), desde a época dos sumérios na Mesopotâmia, por volta de 3000 AEC, encontram-se em afrescos 
Lutadores que parecem estar Boxeando.
Os egípcios também são relatados por Doberstein (2010) como exímios guerreiros treinados em 
armas e competências corporais de Lutas desde a época do faraó Djoser, da terceira dinastia, que reinou 
entre 2737 e 2717 AEC.
López (2011) descreve que a civilização dos egeus na antiga Creta usava as Lutas como preparação 
guerreira e educacional, por meio de Jogos de Combate com os punhos fechados; elas ficaram conhecidas 
pelos achados do sítio arqueológico de Tera, em Santorini, atual Grécia, nos quais se encontraram várias 
esculturas e afrescos. A mais divulgada dessas pinturas apresenta a figura de dois meninos se golpeando, 
remanescente da época compreendida entre 1700 e 1500 AEC, e parecia ter conotação de preparação 
educativa e também guerreira, pois os meninos usavam luva em apenas uma das mãos; uma delas 
golpeava e a outra servia apenas para se defender.
Figura 4 – Meninos Boxeando com luvas
Em seguida, encontram-se os gregos, povo no qual as Lutas eram parte integrante e faziam parte da 
educação militar para defesa incansável da nação e das comemorações pelas boas colheitas (SCANLON, 
2014). Além disso, ressalta-se a importância dos Jogos Olímpicos. Os documentos acerca dos referidos 
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Jogos gregos citam as Lutas de Boxe, a Luta olímpica e o Pankration Athlima – Pancrácio esportivo – 
como o auge das competições na Grécia Antiga. Esta modalidade possuía poucas regras (eram proibidas 
as mordidas e os ataques aos órgãos genitais e aos olhos), no entanto deveriam ser rigorosamente 
cumpridas, caso contrário o infrator era execrado publicamente e em muitas ocasiões expulso da cidade. 
Os vencedores eram venerados pela força, pela inteligência e determinação e o público os relacionava 
aos mitológicos personagens Héracles (Hércules, de força descomunal) e Teseu (personalidade perspicaz, 
ágil e significativamente potente). Esses deuses e semideuses eram considerados heróis que serviam 
como modelo da aventura humana, da participação e construção da vida.
Figura 5 – Ânfora grega mostrando Héracles e a Luta contra o centauro Nesso entre 625-600 AEC. Museu arqueológico de Atenas
Figura 6 – Escultura de mármore do semideus Teseu Lutando contra o Minotauro de Étienne-Jules Ramey – Jadins de Tuileries, Paris, 
França, 1828
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As Lutas assumiram grande importância na educação grega, em especial na Era de Alexandre III, O 
Grande (356-323 AEC), no extenso império macedônico, pois, além de fazerem parte do treinamento 
militar, estendiam-se para o fortalecimento físico, na construção do corpo belo e harmonioso, e propiciava 
o afloramento da inteligência estratégica, política e tomada de decisões rápidas. Esse conceito se aliava ao 
ideal de educação clássica baseada na paideia, que visava à formação integral do estudante por meio de 
disciplinas como ginástica, Lutas e exercícios físicos, matemática, filosofia, história, geografia e gramática. 
Essa educação fundamentava o ser na sociedade na qual se vivia e as Lutas eram estudadas para que se 
pudesse verificar especialmente como se podia alcançar a aretê, ou seja, a virtude e a excelência no trato 
social. Na época era inegável a necessidade de se prover bons cidadãos para o desenvolvimento da pátria, 
além de que pudessem se estabelecer diante de tantas ameaças vindas de inimigos que constantemente 
desejam invadir seus territórios. Assim, a Defesa Pessoal era direcionada para a preparação do indivíduo e o 
estudo das artes da Luta visava o entendimento do uso das suas capacidades físicas e habilidades para se 
alcançar um estado de prontidão social e guerreira, enfim, a defesa da pátria igualmente.
As Lutas constituíam disciplina para fortalecimento do corpo e, ao mesmo tempo, promoviam os 
estudos do contato físico como meio de compreender as inerentes limitações físicas e potencialidades 
de seus oponentes.
Portanto, naquela época, pelo estudo das Lutas e pela interatividade na sua prática, – surgia a ética 
no uso dos próprios potenciais corporais–, pois para se Lutar, é necessário ao menos que dois oponentes 
se coloquem em posições antagônicas. A Defesa Pessoal implicava a justificação do próprio ser humano.
 Saiba mais
A fim de aprofundar seu conhecimento nos temas referidos à educação 
e aos Jogos Olímpicos gregos, leia:
GARCIA, A. B. Educação Grega e Jogos Olímpicos: Período clássico, 
helenístico e romano. Jundiaí: Paco Editorial, 2012.
Dando continuidade ao pensamento para explicar o termo Arte Marcial para a atualidade, trazem-
se algumas considerações acerca das Lutas orientais, famosas pela sua eficiência motriz e plasticidade 
corporal. Essas Lutas provenientes das regiões asiáticas do planeta se destacavam por serem consideradas 
as precursoras de sistemas de Defesa Pessoal, pois eram vistas como propriedades individuais para a 
busca da segurança individual.
De acordo com Ohlenkamp (2003), compilado pelo comando do exército imperial japonês no ano 
720 EC, documentam-se as disputas de Lutas de força do torneio de “Chikara Kurabe”, ocorrido em 230 
AEC. Esse documento parece sugerir, por estudiosos e pesquisadores, que essa Luta foi protagonista 
dos primeiros estágios embrionários como predecessora das resultantes que chamamos de Sumô e de 
Jujutsu (atualmente chamada de Jiu-Jitsu – técnica suave) e com o emprego estratégico e formativo na 
preparaçãométodos de treinamento e periodização, já que monitora de modo permanente e acompanha as 
reações imediatas dos atletas.
Outra medida subjetiva de esforço é a percepção localizada, na qual o treinador apresenta uma figura 
anatômica, ou, ainda melhor, um boneco, no qual o atleta vai apontar qual região corporal está mais ou 
menos fadigada, após determinada execução física ou ter terminado um combate. Pelas indicações de 
exaustão específicas, o treinador vai direcionar fortalecimentos ou treinos apropriados para melhorar as 
condições de suportar esforços concentrados nessas áreas.
8.3 Avaliação de medidas motoras e físicas
As medidas de tempo de reação visomotora são utilizadas para a verificação das respostas por 
estímulos visuais e ajudam a determinar parâmetros para treinos de habilidades de velocidade e de 
esquiva, importantes em todas as Modalidades de Esporte de Combate, em especial as que exigem 
velocidade de respostas muito grandes como Tae kwon do, Esgrima, Karatê, Boxe e Muay Thai. Obviamente 
atletas que possuem excelentes qualidades de antecipação motriz se destacam nas esquivas e parecem 
conseguir melhores desempenhos competitivos.
A composição corporal indica, em geral, que Lutadores possuem grande percentual de massa magra, 
e baixo percentual de gordura. A compleição física está relacionada à sua categoria de peso e atletas de 
Modalidades de Esporte de Combate demonstram grande capacidade de força relativa, isto é, superior 
às demandas relacionadas ao seu peso corporal.
Importantes também são testes que possam averiguar as condições de agilidade, pois nos combates 
existe sempre necessidade de mudança de direção do corpo. Os testes de velocidade que avaliam a 
resistência anaeróbia como o teste de 6 m e de 40 m ainda informam valores que ajudam os treinadores 
a identificar e verificar capacidades inerentes de lidadores a ajustar os treinos para aprimorá-las, 
principalmente a anaeróbia alática.
Nas modalidades de agarre, é vital saber as características e alcances de preensão manual e esses 
testes devem ser efetuados de modo sistemático, pois as pegadas são extremamente importantes. 
Testes de força com suspensão em barras são provas essenciais de medidas de força de pegada 
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e dos antebraços. No Judô e no Jiu-Jitsu, eles são feitos pela suspensão na barra, usando-se as 
pegadas nas indumentárias próprias das modalidades, e ajudam a determinar treinos especiais 
para aumento de força nessas áreas corporais. Os testes são feitos pela capacidade de tempo de 
manutenção da suspensão do corpo.
Outra medida característica respectiva das Modalidades de Esporte de Combate que visam a percussão 
é a de força de impacto potente. Os atletas executam socos e chutes diretamente em dinamômetros, 
que mostram medidas de pressão, obtendo valores que preconizam a necessidade de se aumentar os 
treinos de potência e os ajustes de velocidade musculoarticular.
Plataformas de avaliação do equilíbrio dinâmico corporal também são utilizadas, pois a manutenção 
do equilíbrio é fator fundamental nas análises de estabilidade diante das modificações contínuas que 
se sucedem nas disputas.
A flexibilidade em Lutadores está mais solicitada no quadril e na cervical, e assim tais testes devem 
verificar os alcances máximos articulares possíveis nessas regiões.
8.4 Metodologia de treinamento para Modalidades de Esporte de Combate
Sem dúvida alguma, quanto mais o treinamento se adapta às condições que se sucedem nas 
competições, mais efeitos condicionantes e preparatórios são atingidos para o sucesso físico do atleta 
Lutador. Assim, a especificidade do treino obviamente é fator determinante para o bom condicionamento 
geral do atleta.
Primeiramente, sabe-se que a força é uma capacidade inerente de todos os Lutadores, pois em todas 
as modalidades exigem-se percentuais de força apropriados ao sucesso competitivo relacionados às 
habilidades motoras. Uma das máximas que se devem respeitar nas Modalidades de Esporte de Combate 
é que a prática repetitiva parece trazer melhores condições de aprendizado e formalização de técnicas, 
com resultados superiores de eficácia motriz. Essa condição resulta em maior economia de energia e 
respostas fisiológicas mais satisfatórias.
É importante reforçar que o treinamento aeróbio é fundamental para todas as Modalidades de 
Esporte de Combate, mas cada qual com suas características respectivas, verificando-se as atuações 
máximas de treinos, sem transformar seu Lutador em maratonista. Ele deve ser direcionado para dar 
capacidade de recuperação mais rápida aos substratos de Fosfocreatina, a fim de que possam ser usados 
nos fatores de definição, retardar a formação de metabólicos que conduzem à fadiga, e permitir maior 
recuperação geral entre os combates.
Os treinos de força que têm por objetivo ampliar a resistência precisam ser direcionados para se 
apropriarem de aumentos da manutenção da resistência nos locais que sofrem maiores demandas.
Assim, no Boxe é importante que o atleta possua força de resistência na musculatura dos 
deltoides para manter a sua guarda sempre elevada e força de resistência nos tornozelos e pernas 
para circular continuamente em torno de seu adversário. Atletas de Tae kwon do necessitam de força 
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de resistência para saltitar e mudar de direção rapidamente durante todo o combate; esgrimistas 
impetram força nos punhos para manutenção da espada em posição elevada. Já Lutadores de 
Modalidades de Esporte de Combate com princípio de domínio de agarre precisam de muita força 
de resistência nos antebraços, punhos e falanges dos membros superiores para conservação das 
pegadas e aprisionar bem seu oponente diretamente ou nos trajes de combate. Treinos com o corpo 
em suspensão, segurando em barras, empunhando as vestes das próprias modalidades, efetuando 
flexões, são bastante adequados.
Os treinos de força para incrementar a eficiência dos golpes decisivos nas Modalidades de Esporte de 
Combate devem condizer com as condições de tempo de relação esforço x pausa e número de ataques 
médios que se observam nas competições, além das estratégias de combate.
Os treinos anaeróbios para fortalecer os membros determinantes devem tomar tempos abaixo de 1 
minuto, com pausas oxidativas respectivas ao esforço. Após 1 minuto de prática, o metabolismo aeróbio 
começa a participar mais ativamente e a prática fisiológica desejada perde eficiência.
Exercícios praticados com kettlebells e medicine balls são muito utilizados pelos Lutadores em geral, 
bem como pneus pesados, como demonstrado a seguir.
Figura 86 – Treino com kettlebell
Figura 87 – Treino com lançamentos de pneus
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Figura 88 – Treinos com medicine balls
Essas atividades físicas também ajudam a melhorar a potência muscular, pois são executadas com 
movimentos de velocidade compatível com os pesos enfrentados. Os treinos de potência em geral são 
indicados para todas as Modalidades de Esportes de Combate. Recomenda-se nos treinos de potência 
assumir cargas que possam variar entre 45% e 65% da carga máxima de repetição. Para modalidades 
de toques, usam-se repetições que consumam em torno de 8 a 10 segundos de execução, com cargas 
menores; por sua vez, nas modalidades de agarre, executam-se reproduções que esgotem em torno de 
10 a 12 segundos de efetivação, porém com cargas maiores.
Aumentos com cargas acima de 65% devem preconizar menos repetições, consumindo tempos entre 
4 a 6 segundos. Nesse treino se procura atingir ganhos de força associados aos movimentos, por isso 
se recomendam movimentos multiarticulares de grandes grupos musculares e os mais próximos da 
realidade da modalidadede soldados. Veja a seguir as figuras que retratam as referidas Lutas.
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Figura 7 – A Luta milenar de Sumô
Figura 8 – Jiu-Jitsu
Por sua vez, é muito divulgado, quase que por unanimidade entre os praticantes de Lutas asiáticas, 
que as origens das Lutas e Artes Marciais de Defesa Pessoal derivam de estudos, práticas e disseminação 
promovidas pelo monge chamado Bodhidharma (Damo), tendo sido documentada sua aparição no 
templo budista Shaolin na China, em 527 EC (ASHRAFIAN, 2014). A lenda ou o fato da criação dessas 
ações de grande precisão corporal por Bodhidharma se relaciona à ocorrência de muitos saques aos 
templos budistas, e ataques corporais aos monges, que viviam entre os arredores da Pérsia e da Índia. 
Assim sendo, ele decidiu que haveria de ter uma maneira de defender os víveres e pertences dos 
monásticos contra os bandidos e salteadores. Muito provavelmente, cita Ashrafian (2014), Bodhidharma 
estudou as técnicas da Luta Kalaripayattu – ações sistematizadas de Lutas corporais encontradas na 
Índia desde o ano 600 AEC (MIGUEL, 2011). Ainda nos lembra Ashrafian (2014) que se dá crédito a 
Bodhidharma nas documentações encontradas no templo Shaolin à criação de ações corporais de 
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combate baseadas em movimentos de ataque e defesa de animais, mais precisamente da serpente, do 
dragão, do leopardo, do tigre e da garça. Depois esses movimentos contundentes foram profundamente 
desenvolvidos pelos monges budistas do templo Shaolin, os quais aliaram movimentos de outros animais 
também às resultantes de forças da natureza. Consequentemente apareceram ações fundamentadas nos 
movimentos de rotação dos tufões, o sugar dos redemoinhos, o agitamento dos ventos, o empuxo das 
marés, a flexibilidade e resignação dos galhos leves das plantas frente ao peso da neve etc., incorporadas 
às atuações humanas com propósitos de Defesa Pessoal. Observe as figuras a seguir e veja a comparação 
entre a movimentação do redemoinho e o giro do corpo no Sumô.
Figura 9 – Redemoinho de vento (tufão) Figura 10 – Giro do corpo no Sumô
Portanto, a Defesa Pessoal se estabeleceu como necessidade para se enfrentar a cobiça e a ganância, 
e é importante lembrar que as Lutas instituídas nessas regiões cultivaram a condição de que a habilidade 
é fator determinante para se contrapor à força exagerada. Consolidou-se a compreensão de que o uso 
da força deve ser muito bem aproveitado para não se desperdiçar energia, garantindo o êxito da própria 
segurança contra ofensivas baseadas em tamanho ou força estúpida.
De maneira geral, as práticas de Lutas ocidentais demonstraram que existia um aprendizado 
sociocultural, que poderia favorecer a construção da ética humana por meio da interatividade corporal. 
Adicionalmente, o aprofundamento de seus estudos trazia o desenvolvimento da concentração, do 
raciocínio ágil e de tomada de decisão.
Por sua vez, as Lutas orientais proporcionavam ao indivíduo uma maior compreensão da natureza 
que o rodeava e que o entendimento das atuações das forças naturais e sua aplicação por intermédio 
das estruturas anatômicas corporais causariam a conquista da habilidade de se preservar e garantir 
a própria sobrevivência. A integração com a natureza mostrava-se imensamente importante, pois 
o indivíduo aprendia a usar recursos corporais que o levavam à imaginação e à ponderação e o 
instigavam a analisar e pesquisar sobre o próprio corpo e seus movimentos, garantindo êxito e 
grande precisão motriz.
É notória a complexidade na execução de movimentos de Defesa Pessoal e a necessidade de se 
praticar os movimentos repetidamente e com o máximo de exatidão para que as ações sejam eficientes. 
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Antecipação, agilidade, agudeza, reação instantânea, posicionamento e esquivas corporais são essenciais 
para permitir que os movimentos humanos se transformem em ações com grande sofisticação anatômica 
devido à excelência na combinação articular para execução de golpes e técnicas de contundência, 
projeção e domínio. Ao mesmo tempo, essa prática tão especial desperta reflexões interessantes: Para 
conseguir desempenho, tenho que enfrentar minhas dificuldades e ainda neutralizar as ações de meu 
oponente; preciso de um oponente que vai permitir a descoberta de minhas deficiências; necessito 
descobrir a mim mesmo, saber como posso usar minha corporeidade da melhor maneira possível; 
preciso compreender meus erros e corrigi-los. Todas essas obrigações levam o indivíduo a uma maior 
percepção de suas capacidades físicas, motoras, afetivas e intelectuais.
Várias especialidades de Lutas criadas para serem usadas por combatentes nas inúmeras batalhas 
militares da civilização foram sistematizadas em práticas específicas para se atingir a descoberta do 
próprio ser, favorecer a construção de indivíduos com grande capacidade de autocontrole e concentração, 
conscientes de seus deveres e promotores dos direitos de todos e atuar de modo cortês e ético. Pode-
se citar o Judô, o Karatê, o Aikido, sistematizados no Japão, o Hapkido, na Coreia, o Tai chi chuan, na 
China, e a Yoga, da Índia, como Lutas que vieram para ajudar seus praticantes a aprender e descobrir a 
si mesmo, promover a saúde, o desenvolvimento social e psicomotor do indivíduo.
Portanto, atualmente, Artes Marciais integram uma significação compreendida por atividades físicas 
específicas de combate corpóreo e uso de armas com vasta plasticidade física, estratégia de movimentos 
precisos e contundentes com fins de definição vital, concomitantemente ao fortalecimento espiritual 
e autodomínio, abalizadas por filosofia própria, isto é, a busca da sabedoria e estímulo à reflexão e ao 
aprofundamento das relações humanas.
O emprego das Artes Marciais e sua aplicação atual são estritamente voltados para: bem-estar, 
autoconhecimento, formação do caráter, meditação, busca de equilíbrio interior, ampliação das relações 
sociais e motivação do desenvolvimento cognitivo (MIGUEL, 2011).
Chega-se à conclusão que em alguma ocasião, considerando-se os casos mais diversos, existirão 
vulnerabilidades para o ser humano. Por mais que se adotem meios para se evitá-las, no embate das 
Lutas os adversários podem colocá-las à prova ou prepararem estratagemas que exponham a natureza 
falível do ser humano. O exercício das Lutas, em especial das Artes Marciais, consente que se evidenciem 
demandas e pressões que ponham à mostra essas fragilidades e deixem o indivíduo mais acautelado 
e mais seguro em si próprio e nas suas relações sociais. As Artes Marciais ensinam a construir os mais 
distintos valores psicossociais: autocontrole, respeito mútuo, descoberta de potencialidades, aceitação 
de diferenças, empatia e reconhecimento da importância de seu adversário para o seu progresso.
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Figura 11 – Tai chi chuan
1.1.3.1 Influências religiosas e filosóficas na prática de Artes Marciais contemporâneas
As Lutas que originaram as Artes Marciais se distinguiram como os ambientes que mais permitiram 
interferências religiosas, filosóficas e contemplativas, distanciando-se de suas raízes originais, as quais 
a definiram primeiramente como “Excelência para a Guerra”, para depois tornarem-se processos de 
autoconhecimento, interação na sociedade e comportar a ampliação do desenvolvimento do ser humano 
nos aspectos físicos, emocionais e cognitivos.
As Artes Marciais sugerem condutas bastante específicas de comportamento e exigem que seus 
praticantes as sigam com determinado rigor. A sua introdução prática ocorreu, sobretudo, por meio de 
academias especializadas e por terem em seus comandosinstrutores ou, como preferem ser chamados, 
mestres. Esses mestres foram direcionados por seus antigos mentores, os quais receberam heranças 
muito fortes de movimentos filosóficos e religiosos, que envolveram procedimentos bem peculiares.
Desse modo, muitos princípios, rituais e valores das Artes Marciais provieram de axiomas fundamentados 
por pensadores importantes como Buda, Confúcio e Lao-Tsé, cujas máximas foram amplamente aceitas no 
contexto político-social de determinadas épocas. Os rituais e seus fundamentos estabeleceram comportamentos 
humanos bastante aprazíveis, cuja importância é inegável na formação do ser (CAMPBELL; MOYERS, 1990). 
Além da preocupação máxima no emprego apropriado das técnicas de ataques, defesas e esquivas por seus 
praticantes, a ritualização e os protocolos impostos pelas práticas filosóficas, religiosas e mitológicas, a execução 
das Artes Marciais envolvia, profundamente, o respeito à ética humana, em especial à vida!
De maneira generalizada, aprende-se nas Artes Marciais a Lutar para se evitar o conflito!
Portanto, a prática se sistematizou, acima de tudo, nos dogmas de preservação da vida. O indivíduo 
deve batalhar para dar prosseguimento à racionabilidade sincera e à sua sobrevivência, acolhido por uma 
educação compassiva, direcionada e austera, que o faça atingir os ideais humanos, isto é, a construção 
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da harmonia e sintonia para se evitar o confronto desnecessário entre seus semelhantes; Lutar para 
evitar a violência própria do caráter animal primitivo e integrar o sujeito ao universo.
Assim, as Artes Marciais, devido às mais diversas extensões humanas, organizaram-se para estruturar 
meios de resguardo da paz, da harmonia e da defesa de alicerces de sobrevivência humana, como 
o direito à propriedade/território, o bem comum, a organização da convivência social, dos interesses 
coletivos e o progresso do ser.
Países como Índia, China e Japão e regiões como a península coreana foram fortemente influenciados 
por movimentos religiosos e filosóficos como Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo, Confucionismo e Taoísmo. 
Cada qual desses movimentos afetou, com maior ou menor alcance, o ambiente de organização política 
e social dessas sociedades e a reformulação das Lutas de guerra comuns naquelas regiões (SUGAI, 2000).
Sabe-se que a religião Hindu é muito antiga, registrada por estudiosos a partir de 6000 AEC. Porém, 
os documentos mais conhecidos provêm das circunscrições deixadas nos Vedas (os mais antigos textos de 
tradições religiosas da Índia), escritos em 1500 AEC são base do Hinduísmo, formados por mantras, hinos, 
orações, mágicas, encantos e rituais. Os fundamentos mais sintéticos do Hinduísmo apregoam o uso da 
Yoga (também conhecida como Ioga), como prática de exercícios físicos que implicavam a meditação e 
unificação corpo-mente para a busca da iluminação da consciência. Anteriormente, os primeiros monges 
indianos, conhecidos como ascetas, que já se encontravam estabelecidos em anos mais antigos que esses 
já mencionados, já proclamavam e exerciam a austeridade do corpo para treinamento de disciplina e 
autodomínio. Os exercícios deveriam levar ao autoconhecimento, ao controle das emoções, a não violência, à 
superação de adversidades e concentração mental. Além disso, eram usados como treinamentos de posições 
que possibilitavam defesas opostas aos ataques de invasores do corpo e da alma, isto é, a constante Luta 
interna contra seus temores.
Figura 12 – Yoga: movimento de ataque lateral
O Budismo surgiu na Índia com Siddhartha Gautama (448-368 AEC) e propagou essencialmente 
ideias de destemor ao perigo, desapego material e desprendimento, isto é, o servir incondicionalmente 
ao próprio ser humano.
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O Xintoísmo apregoou de maneira relevante o respeito à pátria, à sua terra, a lealdade para com 
seus antepassados e a consideração aos valores morais como a reverência e a educação nas relações 
humanas, em especial o respeito à individualidade. Data-se a sua criação no mandato do imperador 
nipônico Jimmu, em 660 AEC.
O Confucionismo foi uma organização filosófica social, com grande repercussão na China, 
creditada a Confúcio (Kung Fu Tsu, 551-479 AEC), pensador e filósofo chinês. Seus aforismos, e a sua 
implantação respectiva, resgataram a estruturação da sociedade chinesa e consentiram uma época de 
amplo progresso para a civilização desse país, avanço nas relações entre as pessoas, fundamentada na 
educação, formação de conceitos de importância da família, estímulo ao esforço como instrumento 
para alcançar conquistas e valorização do mérito. Além disso, os procedimentos de organização social 
de Confúcio inseriram o conceito de hierarquia e respeito aos mais idosos e para aqueles que possuíam 
maior instrução e eram responsáveis pela educação nas escolas. A alfabetização era obrigatória e 
os professores eram venerados e reverenciados como denodos imprescindíveis da formação de uma 
sociedade justa e humana. Valores como benevolência, honradez e honestidade faziam parte da 
sociedade entusiasmada com os pensamentos gerados por Confúcio. Altruísmo e ritualização dos atos 
cotidianos canalizavam as afinidades entre todas as classes sociais – “Não faças ao outro aquilo que 
não queres que façam a ti”, aforismo que pressentia a ética da reciprocidade fundada por esse filósofo 
chinês. Confúcio teve oportunidade de vivenciar parte da era das Primaveras e Outonos, entre 722-481 
AEC, com grande desenvolvimento da instrução matemática, das ciências naturais e humanas, culturais 
e avanços tecnológicos na China, ainda mais difundidos e fundamentados pelos ensinamentos desse 
mestre (SUGAI, 2000).
A composição do equilíbrio de forças entre o ser humano e o universo foi a doutrina de aprofundamento 
da sabedoria buscada por Lao-Tsé. Esse filósofo chinês criou o conceito do Zen, ou do encontro do vazio 
da existência humana, com o axioma: interação com a natureza e o cosmo. A sua sabedoria impôs o 
preceito de que o ser humano é composto de forças negativas e positivas, que devem continuamente 
estar equilibradas para evitar as disfunções emocionais, físicas e mentais. Os samurais adotaram normas 
tais como as preconizadas por Lao-Tsé, descritas nesse ditado: “Uma espada deve ser usada sempre para 
se conseguir manter a honra, e a maior honra de uma espada é causar o efeito a que se aspira de justiça, 
mas sem precisar ser desembainhada de seu lugar de repouso” (LAO-TSÉ, 2004, p. 16).
Também foi usada a frase de Sun Tzu, tirada do livro A Arte da Guerra: “A suprema arte da guerra é 
derrotar o inimigo sem Lutar” (CLAVELL, 1983, p. 26).
Lao-Tsé também assentou o conceito de que as atividades humanas não podem e não são 
encaminhadas somente pela lógica racional, e sim pela imprevisibilidade: o ser humano deve de modo 
imperativo compensar, permanentemente, suas atitudes, em acordo com seus semelhantes. Nas Artes 
Marciais orientais, transformadas em Modalidades de Esporte de Combate, verifica-se claramente 
que, por mais que se estude a tática do adversário e tente se prognosticar tudo o que dele poderá 
surgir, acontecem verdadeiros arranjos surpreendentes, cujas ações e reações serão sucessivamente 
imprevisíveis, o que transforma esses combates em importantes demonstrações de intensa capacidade 
de adaptação cognitiva e emocional.
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 Saiba mais
O artigo a seguir faz uma conexão entre as éticas de origem oriental e 
ocidental:
MENDONÇA, S.; ANTUNES, M. M. Ethos e wude como fundamentação 
da ética marcial: educação de si mesmo. Revista Educação, São Paulo, v. 
6, jul./dez., p. 25-52, 2012. Disponível em: .Acesso 
em: 13 mar. 2018.
1.1.3.2 Modalidades de inteligência preponderantes nos praticantes de Artes Marciais
Segundo Gardner (1995), o ser humano parece dispor de múltiplas inteligências, no caso sete distintas: 
musical, linguística, corporal-cinestésica, lógica-matemática, espacial, interpessoal e intrapessoal, as 
quais se manifestam de maneiras diferentes e podem se conjugar por meio das capacidades genéticas 
próprias associadas aos estímulos ambientais e culturais. Ele propõe também que as inteligências são 
independentes e os indivíduos podem revelar diferentes capacidades intelectuais, cujas atuações podem 
se conjugar em uma ou mais dessas inteligências.
A inteligência musical decorre de um sistema neural simbólico acessível e lúcido de percepção e 
interpretação de sons, timbres, escalas e frequências, volumes e composição ou combinação de notas, 
de modo a compreender e realizar harmonias de sons e significados (GARDNER, 1995; SESSIONS, 
1950). A capacidade de inteligência musical implica conseguir decodificar situações em que os sons 
levam ao arranjo de circunstâncias de sensações específicas, as quais se traduzem em grande harmonia 
instrumental sendo apreciadas como arte. Além do contexto biológico, as oportunidades para se 
aprender música derivam dos estímulos para tocar instrumentos, para cantarolar, aprender as notas, 
avaliar melodias e o estudo frequente e periódico (ZENHAS et al., 2005).
A capacidade de agudeza linguística provém da estrutura biológica do ser humano em mostrar algum meio 
de comunicação inerente da capacidade filogenética humana. Porém, seu aprimoramento depende muito dos 
estímulos de escrita, leitura, debates, discussões orais, declamativas, retóricas que favoreçam a formação de 
estrutura de linguagem, sintaxe, semântica e criatividade literária, oral e poética (JOHNSON, 2010).
As extensões filosóficas e religiosas citadas anteriormente, aliadas às práticas efetivas nas Artes 
Marciais, proporcionam abrangentes mecanismos de constituição mental e afetivo-social sobre 
seus praticantes. Esses mecanismos se apresentam densamente vinculados à formação de múltiplas 
inteligências, dentre elas as que mais se destacam são: a cinestésica-corporal, a intra e a interpessoal, 
ou emocional, a inteligência lógica e a de noção de orientação espaçotemporal.
A lógica se constitui de raciocínio fundamentado nos cálculos, no estabelecer de relações sequenciais 
e classificatórias, próprias de movimentos bem estruturados e regulamentados pela eficiência, pelo dar 
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certo e evitar as tentativas imaginárias. O avaliar é baseado em experiências já vividas e as reações são 
bem organizadas e eficientes. A prática de movimentos bem precisos leva em consideração a eficácia 
da ação e provoca a concepção de séries motrizes bem claras e com grande poder resultante. O estudo 
anatômico e as posições físicas mais vulneráveis, bem como a utilização da máxima variação nos graus 
de liberdade musculoarticular provocam a estruturação única de raciocínio coerente e sistemático. As 
Artes Marciais possuem movimentos complexos, porém fundamentados em combinações corpóreas 
específicas. Ao mesmo tempo, têm regras de conduta e ritualização sequencial que permitem seguir 
normas e padrões que incentivam a reflexão de atitudes. A dedução lógica é construída pela reatividade 
exigida pela proposta de combate corporal e exercício de resolução de problemas instantâneos e 
imediatos, construindo princípios importantes para aprendizagem da tomada de decisão. Antecipação de 
movimentos pela dedução de resultantes corporais ao se contextualizar a conjunção de ações do oponente 
também exerce entusiasmo intelectual e provoca o desenvolvimento de reações predeterminadas que 
evitam riscos e previnem o fracasso.
A inteligência cinestésica-corporal provém do contato físico, cuja característica é sua intensidade 
animada. O real é a magnitude da expansão corporal do outro, contra seu domínio e resistente à submissão. 
A interação é corporal, viva e presente. Tocar, agarrar, derrubar, conter o corpo com o corpo. Conforme 
assinala Gardner (p. 23, 1995): “A evolução dos movimentos especializados do corpo é uma vantagem 
óbvia para as espécies, e nos seres humanos essa adaptação é ampliada através do uso de ferramentas”. 
Desse modo, usar uma arma de combate, expressar seu corpo em movimentos estratégicos e disputar 
espaços corporais e domínio de contraposição física faz parte da inteligência corporal-cinestésica, que 
passa assinaladamente pela prática ordenada de Artes Marciais.
A seguir podem-se observar duas figuras obtidas do livro Judô Kodokan (2008), que mostram 
princípios da física dinâmica de alavanca, formada pelo contato específico característico do Judô, 
necessário para a projeção do adversário. Essas ações coordenadas são provocantes oportunidades de 
formação das inteligências lógica dedutiva e cinestésica-corporal.
a) b)
Figura 13 – Física dinâmica no Judô
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Conseguir manter o autocontrole, mesmo nas condições mais desfavoráveis, por exemplo, recebendo 
acometimentos ofensivos, de ordem anatômica ou até psicossocial e mostrando capacidade de superação 
da presença do outro sobre seu campo de conforto e privacidade situacional é uma das qualidades humanas 
mais admiráveis. O indivíduo que pratica Artes Marciais se distingue na construção do autocontrole, pois 
alcança capacidade de suportar as mais duras ofensas e ataques, de modo a absorvê-las completamente, 
recuperar seu centro e equilibrar as forças que o desestabilizaram. Suplanta seus medos, controla seus 
instintos e evita o conflito desnecessário. Ao ser atacado, não reage intempestivamente, mas acostuma-se 
a analisar fria e rapidamente a situação e retoma sua posição de equilíbrio, mantém-se lúcido e racional, 
tomando a decisão mais favorável. Chama-se isso de contenção emocional. Essa inteligência lida com os 
aspectos internos da própria reorientação mental, isto é, a inteligência intrapessoal e com os aspectos 
que provêm de atitudes de interatividade pessoal, ou seja, a inteligência interpessoal. Nas Artes Marciais, 
respeita-se para ser respeitado. Muitas vezes se deve ceder para vencer; controlar impulsos e brandir seus 
instintos de tal modo a agir para se alcançar o resultado que contemple a preservação da vida, do controle 
da situação, do domínio emocional e o alcance da harmonia pelo estabelecimento da racionalidade.
Finalmente, a capacidade de orientação espaçotemporal é construída por meio da disposição do 
próprio corpo, do esquema corporal a ser usado, por exemplo, quais segmentos e membros que poderão 
alcançar os seus objetivos mais intrínsecos e ao mesmo tempo orientar o indivíduo na situação de 
confronto. Os ajustes são constantes e permitem a localização de espaço, tempo de aproximação e 
distanciamento entre os participantes e atletas competidores nas modalidades esportivas de combate. 
Na figura a seguir, uma disputa de Boxe, pode-se conferir a importância de se saber medir distâncias e 
efetuar as aproximações ou afastamentos próprios para os combates.
Figura 14 – Disputa de Boxe, média distância
1.1.4 Modalidades de Esporte de Combate
As competições atléticas na Antiguidade sempre tiveram como objetivo celebrar algum acontecimento, 
perpetuar o nome de antepassados, promoverem a paz entre os povos e agradecer pelas colheitas e condições 
climáticas que davam segurança e estabilidade social. O maior evento esportivo humano organizado atingiu 
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sua máxima realização por meio dos Jogos Olímpicos gregos. Havia as modalidades “leves”: corridas com 
cavalos, as ginásticas, as corridas atléticas e corridas com o porte de armas e depois as modalidades“pesadas”: 
as Lutas, “pale”, em grego. Essas Lutas, ou melhor, agora designadas como Modalidades de Esporte de Combate, 
eram disputadas com grande intensidade e muito apreciadas pela população.
Segundo Poliakoff (1987), baseado nas obras literárias do filósofo Lucius Flavius Philostratus 
(170-250 EC), sofista da época de domínio imperial romano conhecido como Philostratus de Lemnos, a 
principal competição dos Jogos Olímpicos realizada na Era Antiga e na Grécia Clássica helenística eram 
as Lutas. Como já mencionado anteriormente, o pugilismo, a Luta livre olímpica e principalmente o 
Pancrácio – Pankration Athlima, em grego – Modalidades de Esporte de Combate referenciadas nos Jogos 
Olímpicos a partir de 648 AEC. Essas Modalidades se tornaram o clímax das competições e mostravam ao 
povo helênico não apenas um vencedor, mas um herói que havia conquistado a glória pelo uso do corpo 
como instrumento de submissão ao seu adversário. No trabalho chamado Imagines, de Philostratus de 
Lemnos, e posteriormente complementado por seu sobrinho Philostratus de Atenas, conhecido como o 
Jovem, a multidão delirava em apupos e aplausos ao vencedor e o aclamava como um super-homem. 
Ambos os Philostratus afirmam que a vitória na competição dessas Modalidades de Esporte de Combate 
não era obra do acaso, e sim produto de árduos treinamentos com foco nas habilidades de sujeição física, 
no uso perspicaz da força, em estratégias de atuação, respeito ao adversário e concentração descomunal 
em objetivos determinados (POLIAKOFF, 1987). Essas descrições já demonstram a estruturação das Lutas 
como modalidades organizadas e reconhecidas como atividades de grande interesse público.
Obviamente, as contendas eram legitimadas por regulamentos específicos. Apesar de haver poucas 
regras no Pancrácio, deviam-se respeitar as normas de não morder o oponente, jamais atacar seus olhos 
e tampouco investir contra os órgãos genitais. No edital de todos os Jogos Olímpicos estava determinado 
que fosse proibido matar seu adversário e essa regra era muito importante nas Lutas, pois os combates 
corpóreos eram muito intensos e causavam contusões e lesões extraordinárias (YALOURIS, 2004).
Figura 15 – Estátua de Milón de Crotona, cópia da obra de Pierre Puget, São Paulo: seis vezes campeão olímpico de Lutas nos 60º, 62º 
e 66º Jogos Olímpicos gregos
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Devido ao interesse socioeconômico e observando-se a organização das Lutas como modo de 
competição, várias disputas corporais e com armas tornaram-se realizações esportivas e deixaram 
simplesmente de serem consideradas Artes Marciais ou Lutas. Estas foram mais e mais se estruturando, 
estabelecendo-se por meio de federações e se constituindo por intermédio de regras específicas, sendo 
disputadas com mediação e arbitragem e ganhando participação grandiosa e ativa de espectadores. 
Pode-se verificar que atualmente muitas Modalidades de Esporte de Combate são acompanhadas por 
multidões, com amplo destaque da mídia, por exemplo o Boxe e o MMA.
Podem-se comparar as figuras a seguir das Modalidades de Esportes de Combate disputadas na 
Grécia Antiga como o Pancrácio, retratado nas pinturas e afrescos da época, e o MMA, atualmente.
Figura 16 – O Pancrácio retratado na cerâmica grega
Figura 17 - MMA: as semelhanças entre ambas as Modalidades de Esporte de Combate são bastante evidentes
Assim, o conceito de competição, agôn, próprio da cultura grega, que estabelecia a norma de que 
sempre se pode ser melhor, espalhou-se e formalizou o Esporte de Rendimento, presente em diversas 
Modalidades de Esporte de Combate.
Em suma, Modalidades de Esporte de Combate são atividades de Lutas e de Artes Marciais 
esportivizadas, comandadas por instituições do esporte, como: federações, confederações e ligas. 
Essas modalidades fundamentam-se como agonistas ou demonstrativas, com regras escritas e aceitas, 
moderação por arbitragem, organização esportiva institucionalizada. O fim máximo é de se obter sucesso 
competitivo, com objetivos profissionais ou, em certos casos, apenas amadores.
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Figura 18 – Estátua de pugilista, cópia romana, século I d.C. (Idade Augusta), coleção BNL, Roma
Nos Jogos Olímpicos contemporâneos, ainda fazem parte do programa uma parcela considerável de 
Modalidades de Esporte de Combate. A sua participação envolve 25% do total de medalhas distribuídas 
nos jogos, mostrando a importância dessas disputas no interesse olímpico.
Ilustrando a riqueza de disponibilidades de Lutas ao se pesquisar sobre esse tema, suas origens e 
aplicação, encontram-se muitos tipos e variações de combates, os quais foram fundamentados em 
culturas e práticas sociais as mais distintas. A seguir apresentamos dois quadros com algumas Lutas, Artes 
Marciais e Modalidades de Esporte de Combate, com seus nomes mais comuns no ocidente e no oriente 
e com suas possíveis origens, sugerindo algumas observações gerais relativas ao seu aparecimento ou 
documentação arqueológica e/ou histórica:
Quadro 1 – Lutas ocidentais
Origem/País Denominação Aparição/Observações
Etiópia Pugilato 4.000 AEC
Argentina Sipalki 1970/mescla de AM orientais
Anglo-saxões Boxe mais moderno Séc. XIX e XX
Brasil
Huka-Huka/Capoeira
Brazilian Jiu-Jitsu Kombato
Indígenas
Família Gracie
Policial 
Bolívia/Colômbia Tinkus/Grima Indígena religiosa
Islândia/Escandinávia Glima Vikings, sec. IX
Egito Pugilato (Hikuta), Catching e Luta 
com bastões 2.737 AEC
Grécia Pugilato, Pancrácio e Luta livre 
olímpica (Wrestling) 648 AEC – Jogos Olímpicos
Creta Pugilato 1.700-1.500 AEC
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Suíça Schwingen Camponeses 
Suméria Pugilato 3.000 AEC
Senegal Laamb Etnia Wolof – tribal ancestral
Sudão Luta Nuba Kush-Núbia ~ 2.700 AEC
Holanda/França/Bélgica/Itália Luta Greco-romana
Exércitos imperiais, séculos XVIII e 
XIX (Kampfringen de origem romana 
imperial)
Alemanha/Itália/França/Sicília
Esgrima
Liu - bo
Época medieval
França
Savate
Gouren
Séc. XVIII – marinheiros
Séc. IV – nobres
Rússia Sambo/Systema 1920, URSS
EUA Full Contact/Jeet Kune Do. MMA. Bruce Lee
Espanha Keyse Defesa pessoal – 1950
Portugal e Galícia Jogo do Pau (cajados) Pastores de ovelhas/medieval
Turquia Yağli güreğ (Luta turca ou Luta de 
azeite) Séc. XI – tártaros
Quadro 2 – Lutas orientais
Origem/País Denominação Aparição/Observações
China
Wushu (Kung Fu), Sanshou, 
kempo (quan-shan), Tai chi chuan, 
Taijiquan
Boxe chinês competição
Organizador: Chen Wangting, 1644
Japão
Kyosho jitsu (pontos vitais), Judô, 
Kendô, Kenjutsu, Karatê, Sumô, 
Aikido, Ju-jutsu
Do = caminho
Jutsu/Jitsu = técnica
Ken = espada
Ki = energia
Tailândia Muay Thai, Krabkrabong, El Lerdrit 
(militar)
Angkor – 900 EC, Império Khmer
Luta Bokator pradal
Península Coreana Tae kwon do, Hapkidô, Tsangudô General Choi – ano de1955 EC
Vietnã/Laos/Camboja Viet vo dao, Quankido, Ving Tsu 
(Winchun)
Sul da China/Vietnã
Sra. Yim Wing Chun, após o ano 1733 
(destruição do templo Shaolin)
Filipinas/Indonésia/Arquipélago Malaio Kali Silat/Arnis de Mano/Eskrima/
Dumog Na Indonésia, chama-se Pencat Silat 
Índia Yoga, Kalaripayattu, Gatka Ano 600 AEC
Israel Krav Maga 
Defesa Pessoal militar
Criador Imi Lichtenfeld, 1940 da EC
Uzbequistão/Irã/Pérsia Kurashi Ano 1000 EC
Mongólia Bayiridax e Bökh Séc XIII, Genghis Khan
Nova Zelândia Mau Räkau Maoris – instrumentos de agricultura 
– mitologia
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Unidade I
2 LUTAS, ARTES MARCIAIS E AS MODALIDADES DE ESPORTE DE COMBATE NA 
EDUCAÇÃO ATUAL
A Educação Física é área fundamental de orientação e formação de indivíduos para que exerçam 
atitudes cidadãs, possam ser protagonistas

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