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121
UNIDADE 5 – PRINCÍPIOS DE BIOMECÂNICA
 OCUPACIONAL
Introdução
Após compreendermos que a ergonomia utiliza o sistema humano-tarefa-máquina como uma forma de abordar um determinado problema,chegou o momento de nos atermos ao elemento humano do sistema.
Para isto, utilizaremos inicialmente o auxílio da biomecânica, particularmente a biomecânica
ocupacional, para compreendermos melhor a chamada “máquina humana”.
Grande parte dos problemas de saúde ocupacional observados nas empresas
deve-se, entre outros fatores, ao desconhecimento dos princípios da biomecânica,
nos diversos postos de trabalho, desde atividades em escritório a postos de
trabalho em linhas de produção.
Nesta Unidade, veremos que a “máquina humana” possui limites que devem ser
respeitados. Estes limites devem ser considerados no projeto de postos de trabalho
que envolva a assunção de diversas posturas, o manuseio de cargas e os
movimentos repetitivos. Aprenderemos que a desconsideração de limites poderá
resultar em doenças ocupacionais, dentre as quais destacamos os distúrbios
ósteomusculares relacionados ao trabalho.
5.1 Conceituação de Biomecânica Ocupacional
O corpo humano é um sistema extremamente complexo, composto pelas
articulações dos ossos, movidos através dos músculos. Tais músculos, aliados aos
tendões e nervos, são os responsáveis pelos movimentos e assunção de posturas
122
diversas. Estes movimentos podem ser rápidos, precisos e responsáveis por
imprimir forças e movimentos delicados ou bruscos.
No entanto, o desrespeito aos limites pode provocar dificuldades na regeneração
de movimentos, dores, lesões, etc.
Para efeito didático, o organismo pode ser considerado como uma estrutura rígida,
com articulações e sistemas tracionadores.
Para lidar com máquinas estudamos a mecânica. Para lidar com os seres humanos
(“máquinas vivas”), utilizamos a biomecânica.
O ser humano, em diversos aspectos, pode ser comparado a uma máquina.
Biomecânica = estudo da “máquina humana”.
Desta forma, pode-se considerar a biomecânica como uma ciência multidisciplinar
que usa as leis da física e os conceitos da engenharia com as ciências biológicas para
descrever movimentos realizados por vários segmentos corpóreos e as forças que
agem nestas partes do corpo durante as diversas atividades diárias do ser humano.
Considere uma pessoa que escorrega e cai ou que é atingida por um objeto ou
equipamento móvel no chão de uma fábrica. Tal impacto, aplicado num local específico,
durante um período de tempo, pode provocar um traumatismo sério ou mesmo a
morte. Já um esforço repetitivo utilizado para abastecer uma máquina ou retirar produtos
de uma esteira e colocar sobre uma bancada pode provocar um esforço elevado de
componentes musculares. Isto pode vir a ocasionar uma degeneração gradual dos
tecidos ao longo de semanas, meses ou anos, com o conseqüente surgimento de
lesões graves, tornando o indivíduo incapacitado para o trabalho.
Todos os movimentos do corpo humano envolvem a queima de nutrientes para a
obtenção de energia e a produção de “escórias”, entre elas o ácido lático. Se não houver
períodos adequados para repouso e recuperação das estruturas anatômicas, o acúmulo
das “escórias” nos tecidos, contribuirá para o surgimento e agravamento de lesões.
123
A biomecânica ocupacional fornece dados para o conhecimento dos mecanismos que podem
provocar lesões, assim como auxiliar na elaboração de estratégias para a prevenção, com base
em critérios científicos, de forma a permitir ao trabalhador realizar as suas tarefas respeitando os
limites corporais.
A Biomecânica Ocupacional é o estudo da relação física do trabalhador
com ferramentas, máquinas e materiais, objetivando melhorar o seu
desempenho, ao mesmo tempo em que minimiza os riscos de acometimentos
de lesões músculo-esqueléticas (CHAFFIN, ANDERSSON & MARTIN, 2001).
Analisa basicamente as posturas corporais no trabalho e a aplicação de forças.
Freqüentemente ocorrem conflitos entre as necessidades humanas e aquelas do
trabalho. Nestes casos, embora não se consiga uma situação ideal de trabalho,
soluções de compromisso podem ser propostas a fim de se atender as exigências
humanas dentro de níveis toleráveis de aceitação.
De acordo com MARTINEZ & LOSS in GUIMARÃES (2004), a biomecânica tem
sido usada como ferramenta para estudar fatores de risco para a determinação de
Lesões por Esforços Repetitivos/Doenças Ósteo-musculares Relacionadas ao
Trabalho (LER/DORT) que, de acordo com o Instituto Nacional de Seguro Social
(INSS) ocorrem por três fatores:
• uso repetido de grupos musculares;
• uso forçado de grupos musculares e
• manutenção de postura inadequada.
A intensidade da exposição a estes fatores, além de outros, combinados ou não,
está relacionada ao risco de aquisição da lesão.
Define-se fator de risco como um valor relacionado à exposição de um indivíduo
a uma situação que aumenta a probabilidade de aquisição da doença
ocupacional.
124
Assim, conforme os autores citados, a biomecânica oferece o suporte científico
para a análise de forças e posturas, que determinam as forças internas sobre os
músculos, tendões, ossos e articulações envolvidas em movimentos repetitivos e
atritos dos tendões e músculos. Desta forma, a biomecânica auxilia na
determinação dos limites fisiológicos e da capacidade de recuperação do organismo.
Conseqüentemente, com base neste diagnóstico, é possível escolher alternativas
para a melhoria dos postos de trabalho de forma a não penalizar o trabalhador.
A Figura 5.1, a seguir, apresenta as seis áreas metodológicas que compõem a
biomecânica ocupacional. Na parte de baixo da figura, estão as principais áreas
de atuação que visam a melhoria do desempenho e redução dos riscos mecânicos
nas situações de trabalho (CHAFFIN, ANDERSSON & MARTIN, 2001).
Figura 5.1 – Áreas metodológicas (acima) e áreas de aplicação (abaixo) da
biomecânica (CHAFFIN, ANDERSSON & MARTIN, 2001).
Considerando as áreas de atuação da biomecânica, especifique cinco aplicações
da biomecânica em sua empresa ou em alguma empresa que você conheça.
125
5.2 Trabalho Estático e Dinâmico
No interior dos músculos existem inúmeros vasos sanguíneos, bastante finos,
utilizados pelo sangue para transportar o oxigênio e retirar os subprodutos do
metabolismo. A pressão sanguínea vai diminuindo à medida que se distancia do
coração, sendo maior nas partes inferiores do corpo e menor nas mãos, quando
o braço está para cima.
Quando um músculo está contraído, há um aumento de pressão interna, o que
provoca um estrangulamento dos capilares. Isto se dá por que as paredes dos
capilares são muito finas e a pressão sanguínea nos músculos é baixa. Um músculo
sem irrigação se fatiga facilmente, não sendo possível mantê-lo contraído por mais
de um ou dois minutos. Se, ao invés de contraído, o músculo for contraído e relaxado
continuamente, ativando a circulação dos capilares, aumenta-se o volume do sangue
circulado em até 20 vezes em relação a situação de repouso (IIDA, 1990).
A circulação de sangue nos tendões é menor ainda que nos músculos. Este dado
é importante para a compreensão do fato que a recuperação de processos
inflamatórios nestes tecidos, como as tendinites, geralmente envolvem mais tempo
de tratamento, com uma tendência maior a cronicidade.
• Trabalho Estático é aquele que exige concentração contínua de alguns
músculos para manter uma determinada posição, como, por exemplo, os
músculos dorsais da perna para manter a posição de pé ou os músculos da
mão esquerda segurando uma peça para se martelar com outra mão.
• Trabalho Dinâmico – é aquele que permite contrações e relaxamentos
alternados dos músculos, como na tarefa de martelar, serrar, girar um volante
ou caminhar.
126
Na Figura 5.2, IIDA (1990) nos mostra que durante o trabalho estático, o músculo
opera em condições desfavoráveis de irrigação sanguínea e isto faz com que a
demanda supere o suprimento. Por outro lado, em repouso e em trabalho
dinâmico, há equilíbrio entre demanda e suprimento da irrigaçãosanguínea.
Figura 5.2 – Variações na demanda e suprimento sanguíneo em repouso e
exercendo trabalho estático e dinâmico (IIDA, 1990).
O trabalho estático é altamente fatigante e, sempre que possível, deve ser evitado
ou aliviado através da mudança de postura, pausas, rodízios, reposicionamento
de peças e ferramentas e apoio para partes do corpo visando o relaxamento
muscular e alívio da fadiga.
O ser humano, em sua vida diária e particularmente em situação de trabalho,
muitas vezes é acometido de fadiga. Segundo GRANDJEAN (2005), o termo em
geral denota uma perda de eficiência e um desinteresse para qualquer atividade,
mas não é um estado único e definido. De acordo com o autor, existe uma
diferença entre fadiga muscular e fadiga geral.
127
• Fadiga muscular é um fenômeno doloroso que aparece nos músculos
sobrecarregados e fica ali localizada. É caracterizada não apenas pela
redução da força, mas também pela redução da velocidade de movimento,
podendo causar problemas de coordenação e aumento de erros e acidentes.
• Fadiga geral é uma sensação difusa, acompanhada por sentimentos de
indolência e desinteresse por qualquer tipo de atividade.
Os sintomas da fadiga geral são tanto subjetivos quanto objetivos. Os mais
importantes são:
• Sensações de cansaço, sonolência, lassidão e falta de disposição para o trabalho;
• Dificuldade de pensar;
• Diminuição da atenção;
• Lentidão e amortecimento das percepções;
• Diminuição da força de vontade;
• Redução do desempenho nas atividades físicas e mentais.
Além da fadiga muscular e geral também pode ocorrer:
• FFFFFadiga visualadiga visualadiga visualadiga visualadiga visual – gerada pela sobrecarga do sistema visual;
• FFFFFadiga mentaladiga mentaladiga mentaladiga mentaladiga mental – induzida pelo trabalho mental ou intelectual;
• FFFFFadiga nervosaadiga nervosaadiga nervosaadiga nervosaadiga nervosa – causada pela sobrecarga de uma parte do sistema psicomotor,
como no caso do trabalho de precisão, geralmente repetitivo;
• FFFFFadiga crônicaadiga crônicaadiga crônicaadiga crônicaadiga crônica – pelo acúmulo de efeitos de longo prazo;
• FFFFFadiga circadiana adiga circadiana adiga circadiana adiga circadiana adiga circadiana – gerada pelo ritmo biológico do ciclo dia-noite, que se instala
periodicamente e que conduz ao sono.
128
Sustente uma bolsa ou sacola de mão, que você considere relativamente pesada,
com o braço completamente esticado na posição horizontal, perpendicular ao
seu corpo. Observe que com o passar do tempo a musculatura do braço,
notadamente no bíceps, começa a se contrair cada vez mais podendo chegar,
com o passar do tempo, à fadiga muscular. Obviamente não queremos que
isto aconteça, portanto pare assim que sentir cansaço.
Agora sustente a mesma bolsa com o braço em posição para baixo, balançando
lateralmente, como se fosse o pêndulo de um relógio antigo. Você conseguirá
manter esta posição durante muito mais tempo que a primeira.
No primeiro caso você realizou um esforço muscular estático (trabalho estático);
no segundo caso, um esforço muscular dinâmico (trabalho dinâmico).
De acordo com COUTO (1995), as dez situações mais comuns de esforço estático
no trabalho são:
1. Trabalhar com o corpo fora do eixo vertical natural;
2. Sustentar cargas pesadas com os membros superiores;
3. Trabalhar rotineiramente equilibrando o corpo sobre um dos pés, enquanto o
outro aperta um pedal;
4. Trabalhar com os braços acima do nível dos ombros;
5. Trabalhar com os braços abduzidos de forma sustentada (posição de “asas abertas”);
6. Manter esforços estáticos de pequena intensidade, porém durante um grande
período de tempo. Por exemplo, trabalhar com terminal de vídeo de
computador muito elevado leva ao esforço estático e fadiga dos músculos
trapézios;
7. Trabalhar sentado, porém sem utilizar o apoio para o dorso, sustentando o
tronco através de esforço estático dos músculos das costas;
8. Trabalhar sem apoio para os antebraços, tendo que sustentá-los pela ação dos
músculos dos braços;
9. Trabalhar de pé, parado.
129
Você já vivenciou, em sua atividade de trabalho, alguma situação de esforço
estático como aquelas apresentadas acima? Se não, você conhece algum posto
de trabalho cujas atividades enquadram-se numa das opções acima? Descreva
por escrito.
5.3 Posturas Básicas do Corpo Humano
As posturas básicas do corpo humano em trabalho ou em repouso são: deitada,
sentada e de pé.
Em cada uma destas posturas são envolvidos esforços musculares para manter a
posição relativa de partes do corpo que se distribuem sobre o peso total. A Tabela
abaixo apresenta esta distribuição (IIDA, 1990).
PPPPParte do corpoarte do corpoarte do corpoarte do corpoarte do corpo PPPPPercentagem do peso totalercentagem do peso totalercentagem do peso totalercentagem do peso totalercentagem do peso total
Cabeça 6 a 8 %
Tronco 40 a 46 %
Membros superiores 11 a 14%
Membros inferiores 33 a 40%
Tabela 5.1 - Distribuição de partes do corpo em função do peso total
130
IIDA apresenta as seguintes características para cada uma das posições do corpo.
PPPPPosição deitadaosição deitadaosição deitadaosição deitadaosição deitada
• Não há concentração de tensão em nenhuma parte do corpo.
• O sangue flui livremente para todas as partes do corpo, contribuindo para eliminar
os resíduos do metabolismo e as toxinas dos músculos provocadores da fadiga.
• O consumo energético assume o valor mínimo, aproximando-se do
metabolismo basal.
• É a postura mais recomendada para repouso e recuperação da fadiga.
PPPPPosição sentadaosição sentadaosição sentadaosição sentadaosição sentada
• Exige atividade muscular do dorso e do ventre para manter-se.
• Praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele e músculos que
cobrem o osso ísquio, nas nádegas.
• O consumo de energia é 3 a 10% maior em relação à postura horizontal.
PPPPPosição de péosição de péosição de péosição de péosição de pé
• É altamente fatigante porque exige muito trabalho estático da musculatura
envolvida para manter a posição.
• O coração encontra maiores resistências para bombear sangue para os
extremos do corpo.
• Trabalhos dinâmicos em pé geralmente apresentam menos fadiga que os
trabalhos estáticos de pé ou com pouca movimentação.
Projetos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de trabalho obrigam
o trabalhador a assumir posturas impróprias. Isto pode vir a causar doenças
ósteo-musculares.
131
A Tabela 5.2 apresenta exemplos de áreas de riscos de dores e doenças provocadas
por posturas inadequadas.
PPPPPosturaosturaosturaosturaostura Risco de doresRisco de doresRisco de doresRisco de doresRisco de dores
De pé, sem se movimentar. Pés/pernas (varizes), região lombar.
Sentado ereto, sem apoio das costas. Músculos extensores das costas.
Sentado, assento muito alto. Joelho, pescoço, região lombar, pés e
batata da perna.
Sentado, assento muito baixo. Ombros e pescoço.
Braços estendidos. Ombros, escápulo superiores e braços.
Tronco inclinado para frente, Região lombar, músculos da espinha
posição parada. eretora, deterioração dos discos
intervertebrais da região lombar.
Qualquer posição paralisada. Musculatura envolvida.
Tabela 5.2 - Exemplo de áreas de riscos de dores e doenças provocadas por
posturas inadequadas.
RIO (1998) aponta que as posturas inadequadas:
• Referem-se a posições das diversas áreas corpóreas que desviam
significativamente da posição neutra enquanto um trabalho está sendo
executado.
• Podem estar associadas a contrações dinâmicas ou estáticas.
• Quando extremas favorecem a sobrecarga nos componentes de sustentação e
de mobilidade articular bem como nas estruturas “protegidas” por esta articulação.
• Possuem potencial lesivo aumentado com a presença de outros fatores de
risco (vibração, força, ausência de pausas).
Muitas vezes trabalha-se com a cabeça inclinada para frente. Isto normalmente
acontece quando o assento é muito alto, a mesa é muito baixa, a cadeira está
distante da superfície de trabalho ou por uma necessidade operacional, como no
132uso de microscópios. Esta postura provoca a fadiga rápida nos músculos do pescoço
e do ombro. IIDA (1990) afirma que as dores no pescoço surgem quando a
inclinação da cabeça em relação ao pescoço for maior que 30º (Figura 5.3),
Esta situação é bastante freqüente entre os usuários de terminais de computador,
com mobiliário inadequado, com cadeiras e monitores sem regulagem de altura.
Figura 5.3 - Tempos médios para o aparecimento de dores no pescoço a partir da
inclinação da cabeça para frente (IIDA, 1990).
Descreva a postura que você mais adota no seu posto de trabalho. Você já
sentiu alguma das dores descritas no exemplo de áreas de riscos de dores
provocadas por posturas inadequadas apresentado acima? Compare sua resposta
com as dos seus colegas.
133
5.4 DORTs
O aumento do ritmo de trabalho é a causa mais importante da elevação do número
de casos dos distúrbios ósteomusculares relacionados ao trabalho (DORTs).
Nos Estados Unidos, são responsáveis por 62% dos afastamentos de trabalho,
ou um prejuízo de aproximadamente 30 bilhões de dólares anuais (GROSS, 1996).
Em 1994 o custo estimado dos problemas de coluna nos Estados Unidos foi de
US$ 30 bilhões de dólares (equivalente a U$ 300/pessoa/ano). Neste valor não
se inclui custos advindos dos problemas de traumatismo de punho, cotovelo e
joelho. Gross afirma que apenas os problemas de coluna podem custar aquele
país cerca de US$ 10.000,00 em tempo desperdiçado pelas paradas desnecessárias
devido a doença, afastamento do trabalhador e tratamento médico.
Este valor pode dobrar se forem somados os custos indiretos, tais como
treinamento de um trabalhador substituto, reintegração do trabalhador doente,
administração da doença ocupacional, custos legais, redução da produtividade
(produtos com defeito, re-trabalho, perda de tempo, acidentes, etc.).
Em virtude dos novos diagnósticos e de diversos pareceres clínicos alertando para
um grave problema na nomenclatura oficial do grupo de enfermidades que
compunham as LER, em julho de 1997, o INSS publicou uma minuta para atualização
da norma técnica sobre essas lesões que passaram a ser denominados “Distúrbios
Ósteomusculares Relacionados ao Trabalho” (DORT). Esta medida visou corrigir
um grave problema da nomenclatura anterior que só penalizava lesões por esforços
repetitivos, quando se sabe que diversos outros fatores, não somente as repetições,
contribuem para o agravamento de sintomas e distúrbios ocupacionais.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Prevenção às LER/DORTs (http:/
www2.uol.com.br/prevler/), estas são a segunda causa de afastamento do trabalho
no Brasil. Somente nos últimos cinco anos foram abertas 532.434 CATs
(Comunicação de Acidente de Trabalho) geradas por esta patologia, sem contar
134
os trabalhadores que pleiteiam na Justiça o reconhecimento do nexo causal, em
milhares de ações movidas em todo o País. A cada 100 trabalhadores na região
Sudeste, por exemplo, um é portador de lesões por Distúrbios Ósteomusculares
Relacionados com o Trabalho (DORTs).
Desta forma, têm-se que:
• DORT’s – são Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
• LER – são Lesões por Esforços Repetitivos
• LTC – são Lesões por Traumas Cumulativos (termo menos utilizado atualmente).
As DORTs são distúrbios dos tecidos moles e suas estruturas ao redor (músculos,
nervos, tendões, ligamentos) que não são decorrentes de um evento agudo ou
instantâneo. (HALES & BERNARD, 1996). Diferentemente do conceito de LER,
as DORTs identificam exatamente a origem do problema: o trabalho.
De uma forma geral pode-se utilizar qualquer um dos termos, porém é
recomendado evitar a terminologia LER.
O DIÁRIO OFICIAL de 19/08/1998 define a LER/DORT como sendo uma
“síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada, ou não, por
alterações objetivas que se manifestam principalmente no pescoço, cintura
escapular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho”.
Em medicina uma “síndrome” é um conjunto de sinais e sintomas podendo
ser de origem multifatorial. O DORT é na verdade um conjunto de síndromes
compostas por processos inflamatórios em vários sítios anatômicos.
Dependendo da localização do processo inflamatório, recebe a denominação de
Tenossinovite (inflamação da bainha que envolve o tendão), Tendinite, Epicondilite,
135
Bursite, Miosite, Síndrome do Túnel do Carpo, Síndrome do Ombro Doloroso
entre outras.
É muito importante salientar que a terminologia DORT, somente poderá se referir
a uma determinada síndrome, quando estiver comprovada a relação desta com o
trabalho do paciente (nexo de causa).
Por exemplo, uma Síndrome do Túnel do Carpo (STC), que se localizada nos
punhos de um trabalhador que não exerça nenhuma atividade com risco para o
acometimento desta localização anatômica, poderá ser diagnosticado como STC,
porém não poderá se afirmar que se trata de um DORT.
Por outro lado, no caso de um digitador acometido por uma STC, poderá ser
identificado o nexo causal com a sua atividade profissional e ser considerado um
DORT.
Os DORTs são na verdade um conjunto de síndromes compostas por
tenossinovites, tendinite, epicondilite, bursite, miosite, síndromes do túnel do
carpo, síndrome do ombro doloroso, entre outras.
Em geral, os DORTs resultam em:
• dor
• fadiga
• diminuição da performance
• incapacidade temporária ou permanente
• agravamento por fatores psíquicos
A Ergonomia, a partir da análise das atividades da tarefa, das posturas
assumidas, da movimentação de braços, mãos e pernas, propõe novas estações
de trabalho, ferramentas e formas de organizar o trabalho que contribuem
para a redução do surgimento dos DORTs.
136
RIO (1998) coloca que nos estágios iniciais da doença, a recuperação pode vir em
poucos dias, quando associada as técnicas de recuperação e tratamento adequadas.
Estágios avançados requerem tratamentos mais demorados e podem deixar
seqüelas (geralmente a necessidade de fazer as coisas em “câmara lenta” ou
facilidade para ter “inflamações” ao usar muito certos músculos).
MORAES & PEQUINI (2000) acrescentam que é imprescindível a interrupção da
atividade causadora do distúrbio, seguida de alteração na postura, nos hábitos de
digitação, no ajuste do mobiliário, e principalmente com a prática de alongamentos.
5.4.1 Fatores Ocupacionais Geradores de DORT
Segundo RIO (1998), MORAES (1992), MORAES & PEQUINI (2000), esforços
repetitivos próprios das condições de trabalho, como por exemplo o caso do
digitador – especialmente quando exercidos em condições ergonômicas
inadequadas – levam a lesões por efeitos traumáticos cumulativos. Dentre estas
as mais comuns são:
• TTTTTendiniteendiniteendiniteendiniteendinite - é a inflamação dos tendões;
• SinosiviteSinosiviteSinosiviteSinosiviteSinosivite - é a inflamação das bainhas sinoviais;
• BursiteBursiteBursiteBursiteBursite - é a inflamação das bursas articulares, que são bolsas cheias de liquido
sinovial, que protegem as áreas de atrito entre tendões, ossos ou ligamentos,
acomete mais comumente as bursas subdeldoídea, que envolve as articulações
dos ombros;
• TTTTTenosinovitesenosinovitesenosinovitesenosinovitesenosinovites - são inflamações nos tendões e nas bainhas que envolvem os
tendões, sendo comuns em atividades repetitivas, com força excessiva, ritmo
e volume intenso de trabalho. Costumam ser mais freqüentes na face ventral
dos punhos, antebraço, cotovelo e face dorsal do carpo e antebraço.
• Cistos sinoviaisCistos sinoviaisCistos sinoviaisCistos sinoviaisCistos sinoviais - são tumefações esféricas, geralmente únicas, macias,
habitualmente indolores que surgem por degeneração mixóide do tecido sinovial
periarticular ou peritendíneo. São comuns no dorso do punho, podendo ter o
seu aparecimento favorecido por trabalhos manuais que exijam força. Nem
sempre são ocupacionais e/ou incapacitantes.
137
• Síndrome do Túnel de CarpoSíndrome do Túnel de CarpoSíndrome do Túnel de CarpoSíndrome do Túnel de CarpoSíndrome do Túnel de Carpo - é uma compressão do nervo mediano ao
nível de sua passagem no punho, notúnel do carpo, bastante freqüente em
digitadores ou trabalhadores em linhas de produção que utilizam as mãos com
atividades repetitivas.
• Doença de De QuervainDoença de De QuervainDoença de De QuervainDoença de De QuervainDoença de De Quervain- é a inflamação da bainha comum dos tendões do
abdutor longo e extensor curto do polegar no ponto onde eles passam juntos
no punho, na altura do sulco ósseo do processo estilóide do rádio. Foi
originalmente descrita em lavadeiras, mas incide em todas as atividades em
que haja fixação do polegar acompanhada de força, quer de torção, quer de
desvio ulnar do carpo.
• EpicondiliteEpicondiliteEpicondiliteEpicondiliteEpicondilite ou “cotovelo de tenista” - é a inflamação no periósteo dos
epicôndilos do úmero, uma profusão óssea onde se inserem os músculos do
antebraço. São processos dolorosos que envolvem o cotovelo com irradiação
dolorosa para os antebraços. Esta relacionada com atividades repetitivas,
combinado com a rotação contínua do cotovelo, muito comum em linhas de
produção, atividades de aparafusar, uso de chave inglesa entre outras.
• Síndrome do Desfiladeiro TSíndrome do Desfiladeiro TSíndrome do Desfiladeiro TSíndrome do Desfiladeiro TSíndrome do Desfiladeiro Torácicoorácicoorácicoorácicoorácico - quadro de desconforto gradual, podendo
chegar à dor importante na região inferior do pescoço (cervical e dorsal alta) e
também no membro superior, causado por compressão das estruturas
vasculares e nervosas do membro superior ao nível da região cervical.
• TTTTTendinite estenosante ou dedo em gatilhoendinite estenosante ou dedo em gatilhoendinite estenosante ou dedo em gatilhoendinite estenosante ou dedo em gatilhoendinite estenosante ou dedo em gatilho - é a inflamação dos tendões
flexores dos dedos que pode produzir espessamentos e nódulos que dificultam
o deslizamento em suas bainhas. Ao manter a tentativa de flexão do dedo, o
ponto de estrangulamento é vencido e o movimento é concluído de forma
rápida, dando a impressão de ser um salto ou um gatilho. Incide nas atividades
em que há associação de força com compressão palmar por instrumentos como
alicates, tesouras e gatilhos de bombas de gasolina.
A Figura 5.4 apresenta exemplos de atividades que podem resultar em algumas
das lesões descritas acima.
138
Figura 5.4 – Atividades que podem resultar em lesões por efeitos traumáticos
cumulativos.
Considerando ainda o caso do digitador, OLIVEIRA (apud, MORAES, 1995), nota
que no Brasil existem empresas que exigem destes profissionais médias de
produtividade que ultrapassam os 18 mil toques por hora. Em média, os digitadores
profissionais chegam a dar mais de 13 mil toques por hora (VALIM, 1986). Assim,
é fácil compreender a alta freqüência de lesões por esforços repetitivos,
especialmente tenossinovites.
GRANDJEAN (1998) registrou que a velocidade de um bom datilógrafo chega
superar cinco toques por segundo. Ou seja, em uma hora realiza o equivalente a
18 mil toques, similar aos dados apresentados por MORAES (1995). Pode-se
assim observar uma clara demonstração de equiparação de carga de trabalho,
pelo menos no que tange a velocidade e desempenho de digitadores e datilógrafos.
FILGUEIRAS (2003) realizou um estudo comparativo entre o teclado da máquina
de escrever mecânica e o dos atuais computadores. Para isto realizou uma análise
comportamental da tarefa para identificar os aspectos “macro” da análise (vídeo
139
behavior) e técnicas de biomecânica para os aspectos “micro”, visando avaliar o
comportamento dos segmentos corpóreos envolvidos na atividade (cinemetria/
videograma). O autor concluiu que, do ponto de vista da biomecânica, o trabalho
na máquina de escrever e no teclado digital não podem ser considerados o mesmo,
pois o primeiro possui uma maior amplitude de movimento, podendo gerar menos
lactato nos músculos envolvidos no movimento e, portanto, menos propícia a
enfermidades como DORTs.
A legislação, através da Norma Regulamentadora 17 do Ministério da Assistência e da
Previdência Social, estipula que o empregador não pode exigir um número superior a
oito mil toques reais por hora de trabalho. Este limite seria adequado se a distribuição do
esforço entre os tendões fosse homogênea. No entanto, tal não ocorre: em sua principal
atividade (entrada de dados numéricos), os digitadores utilizam apenas uma das mãos e
é dada maior ênfase ao uso dos dedos indicador e polegar (o dedo mínimo, por exemplo,
dificilmente é utilizado). Ou seja: para que se cumpram os oito mil toques, é necessária
uma sobrecarga de determinados tendões em detrimento de outros.
Mesmo no caso da entrada de dados alfanuméricos, onde é possível usar as duas
mãos, é raro o uso dos dez dedos. Assim, o limite que a legislação estabelece se
mostra muito menos generoso do que aparenta a primeira vista.
A NR-17 também proíbe o empregador de avaliar digitadores a partir do número
individual de toques sobre o teclado, para efeito de remuneração e vantagens de
qualquer espécie.
A NR-17 é a única norma brasileira relacionada a Ergonomia. Visa estabelecer
parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às
características psicofisiológicas do trabalhador, de modo a proporcionar um
máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
Para saber mais sobre a NR-17, visite o site do Ministério do Trabalho e Emprego:
www.mte.gov.br/Empregador/segsau/Legislacao/Normas/conteudo/nr17/
140
5.4.2 A Interferência do Ambiente de Trabalho
RUIZ (1998), intriga-se com o fato de quais seriam as verdadeiras causas que
levariam ao crescimento e proliferação dos DORTs em todo o mundo. Segundo
ele, existem muitas tentativas de explicação, sendo que uma das mais pertinentes
está provavelmente vinculada a uma grande mudança na organização do trabalho.
A maneira de organizar o trabalho vem mudando dia a dia e a exploração do
trabalho tem aumentado exponencialmente a cada década, seja por fins de
produção, produtividade ou por motivos socioeconômicos.
O fato é que desde os anos 30 do século passado, cresceu o número de movimentos
repetitivos na indústria cresceu, ao passo que as folgas e o tempo livre diminuíram
(fatores inerentes aos sistemas de produção propostos por Taylor e Ford).
Mesmo sem registros adequados na literatura médica, o número de doenças
ocupacionais como DORT, ocorridas no primeiro século da era industrial, com
certeza não foi tão assustador quanto hoje (RUIZ, op. cit).
Esta teoria ganha força considerando-se a indústria moderna, que ainda utiliza os
métodos propostos pelo Taylorismo e Fordismo para estruturar os sistemas produtivos.
O chamado “tempo morto” da jornada de trabalho - que é o período no qual o
trabalhador não está executando sua tarefa fim, apesar de estar sendo remunerado
- é praticamente zero. Ou seja, hoje, oito horas de trabalho são efetivamente oito
horas trabalhadas, sem tempo para ir ao banheiro, fumar um cigarro, ou ter uma
conversa com o companheiro do lado. Isto foi muito bom para o sistema capitalista,
pois além de aumentar a produção, ainda desarticula os trabalhadores, que
adoecem cada vez mais e organizam-se cada vez menos.
A ocorrência de horas extras é muito freqüente, obrigando o trabalhador a períodos
de trabalho mais extensos, diminuição de seu tempo de lazer e companhia com
sua família, o que gera estresse e insatisfação.
141
O estabelecimento de metas de produção e de produtividade cada vez maiores
(muitas vezes inatingíveis), também gera um ambiente de contínua ansiedade
dentro e fora do ambiente de trabalho, de forma desnecessária.
As formas de pagamento baseado no incentivo à produção favorecem a ausência
de intervalos regulares e as alterações nas técnicas de trabalho. Da mesma forma
que as horas extras aumentam o tempo de ação do agente estressor. Normalmente
o empregado já está cansado e, possivelmente, incapaz de responder
apropriadamente.
5.4.3 Diagnóstico dos DORTs
Legalmente, o termo doença ocupacional envolve dois significados:
• “Doença Profissional” e
• “Doença do Trabalho”.
O primeiro designa doençascujo nexo causal é legalmente reconhecido e o
segundo termo, doenças cuja relação com a situação de trabalho deve ser
comprovada. De um modo ou de outro as doenças ocupacionais pressupõem
uma conexão entre a moléstia e a situação de trabalho, o que conceitua nexo
causal (MENEGON & BERNADINO, 2002).
Segundo os autores, os procedimentos médico-periciais para o reconhecimento
técnico do nexo causal entre a doença e o trabalho, são estabelecidos pelo Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS) e são os seguintes:
• A história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou
investigação do nexo causal;
• O estudo do local de trabalho;
• O estudo da organização do trabalho;
• Os dados epidemiológicos;
• A literatura atualizada;
142
• Ocorrência de quadro clínico ou sub-clínico em trabalhador exposto a condições
agressivas;
• A identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes, e outros;
• O depoimento e a experiência dos trabalhadores;
• Os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais,
sejam ou não da área de saúde.
Os DORTs vêem, cada vez mais, acometendo os setores secundário e terciário
da produção em vários ramos de atividade, como o setor bancário ou a área de
saúde e estendendo-se a todas as atividades expostas a traumas cumulativos.
Desde a década de 1970, os DORTs motivaram inúmeros estudos em todo globo
(MAZONI, MARÇAL & MENDES, 2002).
Para caracterização de um quadro clínico dos DORTs, é necessário definir o nexo
com a atividade laboral por meio da anamnese ocupacional, exame clínico, relatório
do médico responsável pela assistência ao paciente e visita a empresa.
Você já foi acometido, ou conhece algum caso de DORT em sua empresa? Se
sim, faça um relato, utilizando elementos explorados acima.
Quanto ao diagnóstico, estabelece-se que deva ser individualizado a cada uma das
lesões, sendo o exame clínico o critério principal para caracterizá-lo. Reconhece-se a
dor como elemento imprescindível para sua caracterização, salientando a importância
de se obter informações a respeito do seu início, localização, intensidade e duração.
Além dos procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina -
CFM, o INSS recomenda incluir nos procedimentos e no raciocínio médico-pericial
a resposta a algumas questões:
• Quanto à natureza da exposição: o “agente patogênico” é claramente
identificável pela história ocupacional?
143
• Há registro do “estado anterior” do trabalhador segurado?
• O conhecimento do “estado anterior” favorece o estabelecimento do nexo
causal entre o “estado atual” e o trabalho?
• Existem outras evidências epidemiológicas que reforçam a hipótese de relação
causal entre a doença e o trabalho presente ou pregresso do segurado?
A resposta positiva à maioria destas questões irá conduzir o raciocínio na direção
do reconhecimento técnico da relação causal entre a doença e o trabalho.
Segundo autores como MOTA (1999), MORAES (1992), MARÇAL (2002), entre
outros, causas ambientais, psicossociais e físicas, contribuem para o surgimento
ou agravamento de uma conexão entre o trabalho (de qualquer natureza) e as
diversas doenças ocupacionais.
A situação atual das perícias médicas no Brasil com a Previdência Social, é feita
geralmente avaliando somente os aspectos clínicos do trabalhador com queixas, na
maioria das vezes, por problemas operacionais. O INSS não avalia o local de trabalho.
5.4.4 Prevenção e Tratamento dos DORTs
A prevenção dos DORTs consiste na observação de vários aspectos ligados ao
trabalho, desde um projeto ergonômico adequado da planta física, onde o ambiente
de trabalho se desenvolverá, móveis, linhas de produção com layout compatíveis
ergonomicamente com as tarefas executadas, até a organização do trabalho em
que não somente os aspectos ligados a produção sejam considerados, como
também a qualidade de vida dos trabalhadores sejam efetivamente contemplados.
O prazer no trabalho deve ser estimulado, pois gera menos situações de estresse,
diminuindo o surgimento de tensões musculares, que são facilitadores do
surgimento dos DORTs.
A prática de ginástica laborativa pode contribuir para um ambiente de trabalho mais
descontraído, proporciona pausas para recuperação das estruturas músculo tendíneas
144
e quando bem implantada e acompanhada por profissionais qualificados, pode ajudar
a diminuir a ocorrência dos DORTs.Cumpre chamar a atenção que a ginástica laboral
tem a sua eficácia quando associada a um Programa de Ergonomia na empresa.
Segundo RUIZ (1998), o tratamento dos DORTs não é simples, pois sendo uma
doença crônica, o indivíduo lesionado necessitará de afastamento das suas funções
e acompanhamento especializado por um longo período de tempo.
A relocação de um empregado na empresa pode envolver diversos profissionais
e setores da empresa, como o médico do trabalho, engenheiros e técnicos de
segurança, líderes, supervisores, gerências, setor jurídico, setor de RH, etc.
É importante deixar claro que apenas ir ao médico não é suficiente para sanar o
problema. Todo e qualquer tratamento para doenças ocupacionais como as que
pertencem ao grupo dos DORTs, devem ser acompanhados por uma equipe
multi-profissional, que inclui médicos, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas
ocupacionais, entre outros. Somente assim o tratamento poderá ser eficiente.
RIO (2000) aponta que o sucesso de um Programa de Prevenção e Controle dos
DORTs depende dos seguintes fatores:
• Abordagem sistêmica da saúde ocupacional.
• Programa de qualidade de vida no trabalho.
• Prevenção e controle do estresse.
• Medicina do trabalho.
• Ergonomia.
• Ginástica laboral.
• Treinamento dos profissionais.
• Educação continuada.
Além disto, segundo o mesmo autor, objetiva a possibilidade de:
• Reversibilidade.
• Reabilitação.
• Reintegração.
145
5.5 Algumas Recomendações para Postura e Movimentação
5.5.1 Recomendações Referentes a Postura
Manter os segmentos corporais em posição neutra.
• Os músculos e ligamentos na posição neutra estão mais relaxados e sujeitos a
menos esforço sendo capazes de exercer maior força.
• Exemplos de má postura com segmentos que não estão em posição neutra
são os braços elevados, pulsos torcidos, pescoço e cabeça inclinados ou girados,
tronco inclinado ou torcido.
Manter a carga próxima ao corpo.
• Cargas afastadas do corpo fazem os braços se esticarem e o tronco se inclinar para frente.
• O peso dos braços, cabeça, tronco e cargas exercem uma maior força horizon-
tal, em forma de alavanca, sobre os músculos e juntas (cotovelo, ombro e
costas) com conseqüente stress da região afetada.
A Figura 5.5 demonstra que o aumento da distância entre as mãos e o corpo aumenta o
esforço, entre outros, da parte inferior das costas (10 N equivale a aproximadamente 1 Kg).
Figura 5.5 – Ao aumentar a distância entre as mãos e o corpo há um aumento da
tensão nas costas (DUL & WEEDMEESTER, 2004).
As recomendações aAs recomendações aAs recomendações aAs recomendações aAs recomendações a
seguir foram obtidas deseguir foram obtidas deseguir foram obtidas deseguir foram obtidas deseguir foram obtidas de
DUL & WEEDMEESTERDUL & WEEDMEESTERDUL & WEEDMEESTERDUL & WEEDMEESTERDUL & WEEDMEESTER
(2004), GRANDJEAN(2004), GRANDJEAN(2004), GRANDJEAN(2004), GRANDJEAN(2004), GRANDJEAN
(1988), IIDA (1990) e(1988), IIDA (1990) e(1988), IIDA (1990) e(1988), IIDA (1990) e(1988), IIDA (1990) e
KROEMER & GRANDJEANKROEMER & GRANDJEANKROEMER & GRANDJEANKROEMER & GRANDJEANKROEMER & GRANDJEAN
(2005).(2005).(2005).(2005).(2005).
146
Evitar inclinar-se para frente.
• A parte superior do corpo de um adulto pesa em torno de 40 kg na média.
Quanto mais o tronco for inclinado para frente, mais difícil será para os músculos
e ligamentos das costas manter o corpo em equilíbrio.
Torcer o tronco causa tensão nas costas.
• As posturas com o tronco torcido causam pressão na coluna.
• Os discos intervertebrais são distendidos e as juntas e músculos de ambos os
lados da coluna são submetidas a forças assimétricas.Movimentos e forças bruscas provocam pressões excessivas.
• Movimentos e forças bruscas podem causar fortes pressões de curta duração.
• Levantamento brusco de pesos podem causar dores agudas na coluna lombar.
• Levantamento de peso deve ser feito de forma lenta e gradual. Recomenda-
se um ligeiro aquecimento antes da aplicação de esforço excessivo.
Alterne posturas e movimentos.
• Nenhuma postura prolongada ou movimentos repetitivos devem ser mantidos por longos
períodos de tempo pois são cansativos e podem causar danos aos músculos e juntas.
• Embora possa ser prevenido por tarefas alternativas, recomenda-se evitar
movimentos repetitivos dos braços e levantamento repetitivo de cargas.
Reduza a duração de qualquer esforço muscular contínuo.
• Forças contínuas sobre certos músculos do corpo, como resultado de posturas
prolongadas ou movimentos repetitivos, resultam em fadiga muscular localizada,
desconforto e redução no desempenho do músculo. Como resultado, a postura
e o movimento não podem ser mantidos continuamente.
• Quanto maior o esforço muscular (força exercida como parte da força máxima
possível), menor será o tempo para manter tal esforço.
• A maior parte das pessoas pode manter o esforço muscular máximo por apenas
alguns segundos e 50% do esforço muscular por não mais que
aproximadamente dois minutos antes da completa exaustão muscular.
147
A duração do esforço muscular contínuo e localizado deve ser limitada. A Figura 5.6,
abaixo, mostra a relação entre o esforço muscular e a duração máxima possível (em
minutos) do esforço muscular contínuo (como percentagem do esforço máximo).
Figura 5.6 – Relação entre a duração de um esforço muscular localizado num
período de tempo (DUL & WEEDMEESTER, 2004).
Previna a exaustão muscular.
• Em caso de exaustão total, o músculo necessitará de aproximadamente 30
minutos de descanso para atingir 90% de recuperação.
• Os músculos parcialmente exaustos necessitarão de aproximadamente 15
minutos para atingir 90% de recuperação.
• A recuperação total de um músculo exausto pode durar horas.
148
A Figura 5.7 apresenta as curvas de recuperação da capacidade muscular após
um tempo de descanso. A curva 1 é para músculos completamente exaustos e as
curvas 2, 3 e 4 são para músculos parcialmente exaustos.
Figura 5.7 – Curvas de recuperação para músculos completamente (curva 1) ou
parcialmente (curvas 2 a 4) exaustos após esforço muscular contínuo (DUL &
WEEDMEESTER, 2004).
Pausas freqüentes são melhores que uma pausa única.
• A fadiga muscular pode ser reduzida pela distribuição do tempo de descanso
no decorrer da duração da tarefa ou do dia de trabalho.
• Não é recomendável o acúmulo das pausas para o fim da tarefa ou o dia de
trabalho.
• Limite o gasto de energia numa tarefa.
149
• A maior parte das pessoas pode realizar tarefas prolongadas sem qualquer
fadiga uma vez que a energia demandada pela tarefa não exceda 3,6 kcal min.
A tarefa aqui é expressa como a energia consumida por uma pessoa por unidade
de tempo e o valor de 3,6 kcal min inclui a quantidade de energia que o corpo
necessita quando em descanso (1 kcal min).
• As tarefas até o limite de 3,6 kcal min são consideradas leves e não necessitam
de pausas ou serem alternadas com tarefas leves. Exemplo de tais atividades:
escrever, datilografar, passar a ferro, montagem de materiais leves, operação
de algumas máquinas, caminhada devagar, etc.
O homem transforma, por meio de um processo biológico, a energia química
dos alimentos em energia mecânica para realizar as suas atividades. Este
consumo de energia mecânica se expressa em kilocalorias (Kcal), sendo 1
kilocaloria a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um
litro de água de 14,5ºC a 15,5º C.
O descanso é necessário após a realização de tarefas pesadas.
• As tarefas pesadas são aquelas cuja demanda de energia excede 3,6 kcal min.
• O descanso pode ser em forma de pausas ou atividades que demandem menos
energia de forma que esta não exceda 3,6 kcal min.
Veja a seguir, exemplos de atividades cuja demanda de energia excede 3,6 kcal
min. Medidas adicionais são necessárias para evitar a exaustão devido a longos
períodos de atividades (pausas, alternar com atividades mais leves, etc.).
150
AtividadeAtiv idadeAtiv idadeAtiv idadeAtiv idade Gasto de
energia(kcal min)
Caminhar enquanto carrega uma carga (30 kg, 4 km h.) 5,3
Levantamento freqüente de carga (1 kg, 1 por seg.) 8,6
Correr (10 km h.) 9,6
Pedalar (20 km h.) 9,6
Subir escadas (30 graus, 1 km h.) 13,7
A Figura 5.8 apresenta o consumo de energia nas atividades de trabalho. Os
valores dão o consumo médio de energia para os homens, em kcal/min
(GRANDJEAN, 1988).
Figura 5.8 - Consumo de energia em atividades de trabalho (GRANDJEAN, 1988).
A Tabela 5.1 apresenta o trabalho físico baseado no nível de gasto de energia
(baseado num homem adulto em boas condições físicas).
151
TTTTTrabalho f ísicorabalho f ísicorabalho f ísicorabalho f ísicorabalho f ísico Gasto deGasto deGasto deGasto deGasto de GastoGastoGastoGastoGasto Bat imentoBat imentoBat imentoBat imentoBat imento ConsumoConsumoConsumoConsumoConsumo
energ iaenerg iaenerg iaenerg iaenerg ia de energiade energiade energiade energiade energia card íacocard íacocard íacocard íacocard íaco oxigênio oxigênio oxigênio oxigênio oxigênio
(kcal min) em 8 h (kcal d.) (bat. min.) (lit. min.)
Descanso (sentado) 1,5 <720 60-70 0,3
Muito leve 1,6-2,5 768-1200 65-75 0,3-0,5
Leve 2,5-5,0 1200-2400 75-100 0,5-1,0
Moderado 5,0-7,5 2400-3600 100-125 1,0-1,5
Pesado 7,5-10,0 3600-4800 125-150 1,5-2,0
Muito pesado 10,0-12,5 4800-6000 150-180 2,0-2,5
Excessivamente pesado >12,5 >6000 >180 >2,5
Tabela 5.1 – Níveis de gasto de energia na realização de trabalhos físicos.
PPPPPostura de péostura de péostura de péostura de péostura de pé
• Alterne a postura de pé com a sentada e a possibilidade de caminhar.
• Não é recomendado se passar todo o dia na posição de pé porquê força as
costas e as pernas.
• Tronco e cabeça inclinados causa dores no pescoço e nas costas.
• Trabalhar com os braços elevados e não apoiados força os ombros e causa
dores nesta região.
• Deve ser dada a oportunidade às pessoas sentarem durante as pausas do trabalho
na posição de pé (ex.: operadores de máquinas e vendedores de lojas).
• Um posto de trabalho com as posições sentadas e de pé ou um assento tipo
pedestal permitirá que o usuário varie de postura durante a tarefa.
• A altura da superfície de trabalho depende da tarefa.
• A altura da superfície de trabalho, tanto para a postura de pé, quanto para a
postura sentada, depende da tarefa, da preferência individual e das dimensões
do corpo do usuário.
152
A Tabela 5.2, apresenta recomendações para a altura das mãos e área de visão
em diversas tarefas sentadas ou de pé.
Tipo de tarefaTipo de tarefaTipo de tarefaTipo de tarefaTipo de tarefa Altura da superfície de trabalhoAltura da superfície de trabalhoAltura da superfície de trabalhoAltura da superfície de trabalhoAltura da superfície de trabalho
Uso freqüente dos olhos.
Uso infreqüente das mãos e braços. 10-30 cm abaixo da altura dos olhos.
Uso freqüente dos olhos.
Uso freqüente das mãos e braços. 0-15 cm abaixo da altura do cotovelo.
Uso infreqüente dos olhos.
Uso freqüente das mãos e braços. 0-30 cm abaixo da altura do cotovelo.
Tabela 5.2 – Recomendações para a altura da superfície de trabalho em função
do tipo de tarefa executada.
A Figura 5.9 apresenta a relação entre a altura do cotovelo ao chão e a altura
recomendada para a superfície horizontal de trabalho, na posição de pé, de acordo
com o tipo de tarefa. A altura do cotovelo ao chão é 105 cm (para homens) e 98
cm (para mulheres) da população européia.
Figura 5.9 - Altura da superfície de trabalho de pé para três tipos de tarefas (em
mm, para homens e mulheres) (KROEMER & GRANDJEAN, 2005).
153
A altura da superfície de trabalho deve ser ajustável.
• Deve ser possível ajustar a altura da superfície de trabalho em, pelo menos 25
cm, quando a mesmaé usada por várias pessoas (trabalho em turno) ou
diferentes tarefas (com peças de diversos tamanhos).
• Os usuários devem ser instruídos na escolha da melhor altura da mesa.
Não use plataformas.
• O uso de plataformas para o trabalho de pé não é recomendável porquê elas
constituem em perigo de tropeçar, são incomodas para limpar e difíceis de
transportar.
• Elas constituem espaço de trabalho adicional e não são práticas se a altura
precisa ser ajustada para diferentes pessoas ou exigências de trabalho.
Forneça espaço suficiente para pés e pernas.
• Pés e pernas devem se manter livres sob as superfícies de trabalho ou máquinas
de forma que o usuário possa se aproximar sem ter que inclinar o tronco.
• Também deve haver espaço suficiente para eventuais mudanças de posição dos pés.
A Figura 5.10 apresenta o espaço mínimo para as pernas e os pés necessários
para o trabalho de pé.
Figura 5.10 – Espaço mínimo para
as pernas e pés, na postura em pé
(DUL & WEEDMEESTER , 2004).
154
Evite alcances excessivos.
• Alcances excessivos para frente e para os lados devem ser limitados a fim de
evitar inclinações excessivas do tronco.
• Peças, ferramentas e controles devem se situar diretamente em frente ou
próximas ao corpo.
Selecione uma superfície de trabalho inclinada para leitura.
• Se a atividade permitir, da mesma forma que na posição sentada, uma superfície
de trabalho inclinada deve ser usada para leitura.
• O mesmo também deve ser feito para tarefas aonde o trabalho deve ser
mantido à vista constantemente.
Nas tarefas que não requerem trabalho manual, tal como a leitura, a cabeça e o
tronco devem estar inclinados para frente pelo uso de uma superfície de trabalho
inclinada de pelo menos 45 graus (Figura 5.11).
Figura 5.11- Inclinação da superfície de trabalho manual (DUL & WEEDMEESTER , 2004).
155
Mudança de postura.Mudança de postura.Mudança de postura.Mudança de postura.Mudança de postura.
Ofereça a possibilidade de variação nas tarefas e atividades
• O design e a organização das atividades devem permitir a variação nas tarefas
e atividades de forma a não haver posturas prolongadas.
Ofereça as posições de trabalho de pé e sentada.
• Se a tarefa é realizada por um longo período de tempo, o local de trabalho
deve oferecer a alternativa para que esta seja conduzida nas posições de pé
ou sentada.
• Deve ser fornecida uma cadeira alta que permita a condução do trabalho
enquanto o operador esteja sentado.
• Deve haver espaço para as pernas sob a superfície de trabalho e um apoio
para os pés também deve ser fornecido.
A Figura 5.12 apresenta recomendações para o dimensionamento de espaços de
trabalho no qual as posições sentadas e de pé podem ser alternadas
Figura 5.12 – Posto de trabalho que permite as posturas: sentada ou de pé,
alternadamente. Na postura sentada deve haver um apoio para os pés com 40 a
50 cm de altura (DUL & WEEDMEESTER, 2004).
156
Possibilite o uso ocasional de um “assento pedestal” para a postura de trabalho de
pé (Figura 5.13).
• Um “assento pedestal” pode ser usado para aliviar o stress nas pernas
decorrente da postura de prolongada de pé.
• O “assento pedestal” consiste em um assento que é ajustável na altura (65-85
cm) e inclinável para a frente entre 15 e 30 graus.
• O “assento pedestal” não pode ser usado por longos períodos e é adequado
apenas naquelas atividades de pé onde grandes forças e movimentos não
sejam exigidos.
• O piso no qual o assento é apoiado deve fornecer fricção suficiente para prevenir
o deslizamento.
Figura 5.13 – O uso do “assento pedestal” para o apoio das nádegas na postura
em pé de longa duração (DUL & WEEDMEESTER, 2004).
157
PPPPPosição das mãos e braços.osição das mãos e braços.osição das mãos e braços.osição das mãos e braços.osição das mãos e braços.
• O trabalho por longos períodos usando as mãos e os braços numa má postura
pode levar a dores nos pulsos, cotovelo e ombros. Uma inclinação contínua
do pulso pode levar a inflamação dos nervos, o que resulta em dores nos
pulsos e sensação de latejamento nos dedos.
• As posturas prolongadas de trabalho sem apoio dos braços resultam em dores
nos ombros e pescoço. Adicionalmente, a aplicação de forças e movimentos
repetitivos ajudam no desenvolvimento e agravamento destas condições.
As posições e o uso correto de mãos e braços no ambiente de trabalho podem
ser definidos pela seleção correta da altura da superfície de trabalho e o uso de
ferramentas adequadas.
Selecione o tipo correto de ferramenta.Selecione o tipo correto de ferramenta.Selecione o tipo correto de ferramenta.Selecione o tipo correto de ferramenta.Selecione o tipo correto de ferramenta.
• Selecione o modelo de ferramenta que seja mais adequado a tarefa e a postura de
forma que as juntas possam se manter o máximo possível na posição de descanso.
• No uso de ferramentas manuais, o punho deve ser mantido distendido o
máximo possível (Figura 5.14).
• Ao invés de inclinar o punho, forneça ferramentas de cabo curvo.
• A inclinação do pulso pode ser prevenida com o uso de ferramentas que
possuam pega adequada.
158
Figura 5.14 – O punho deve ficar alinhado com o antebraço no uso de ferramentas
manuais (DUL & WEEDMEESTER, 2004).
Em vez de torcer o punho, usando ferramentas com cabos retos, é melhor usar
ferramentas com empunhaduras curvas que permitam conservar o punho reto
(Figura 5.15). O uso de cabo reto em muitos utensílios domésticos, como vassouras
e rodos, por exemplo, provoca dores nas costas dos usuários. O cabo curvo
permitiria melhor conforto e aliviaria a fadiga na musculatura das costas.
 (a) Errado (b) Certo
159
Figura 5.15 – O design adequado das pegas de ferramentas contribui para aliviar
a tensão nos punhos (DUL & WEEDMEESTER, 2004).
 (a) Errado (b) Certo
160
A Figura 5.16 apresenta uma comparação entre a percentagem de trabalhadores
que apresentavam dores nos punhos usando um alicate convencional e um alicate
redesenhado para reduzir as tensões no pulso.
Figura 5.16 – Comparação entre o uso de um alicate convencional e o alicate
ergonômico com o surgimento de dores no punho após algumas semanas de uso
(IIDA, 1990).
Ferramentas manuais muito pesadas.
• Ferramentas mais pesadas devem ser apoiadas na superfície de trabalho ou
possuir um contrapeso.
• Se a ferramenta não pode ser apoiada na superfície de trabalho, e é
normalmente usada com uma mão, o seu peso não deve exceder 2 kg.
Proceda a manutenção regular do equipamento.
• A manutenção apropriada do equipamento ajuda a reduzir o stress sobre o
corpo. Facas, serrotes e outros equipamentos que não recebem a devida
manutenção exigem maior força de operação.
• A manutenção de ferramentas manuais motorizadas ajuda a reduzir o desgaste,
ruído e vibração.
161
Preste atenção nas formas das pegas.
• As formas e locais das pegas nos trolleys, cargas, máquinas e equipamentos
devem levar em consideração a posição das mãos e braços.
• Se a mão é usada para exercer uma força, o diâmetro da pega deve ser de
aproximadamente 3 cm e a extensão de aproximadamente 10 cm.
• A pega deve possuir uma ligeira convexidade para melhorar o contato da
superfície com a mão.
• Não é recomendável o uso de pegas com as formas dos dedos pois limita os
movimentos, não considera as diferenças individuais e não se adeqüa ao uso
com luvas.
Forma da pega de ferramentas manuais.
• Evite realizar tarefas acima do nível dos ombros
• As mãos e cotovelos devem estar bem abaixo do ombro na realização da tarefa.
• Se houver a necessidade de se trabalhar acima do nível dos ombros, a duração
do trabalho deve ser limitada e deve haver pausas regulares.
Deve ser evitado que as mãos e cotovelos se posicionem acima do nível dos
ombros (Figura 5.17).
Figura 5.17 – A postura das mãos e cotovelos acima dos ombros deve ser evitada
(DUL & WEEDMEESTER, 2004).
162
5.5.2 Recomendações Referentes a Movimentação
Diversas tarefasexigem a movimentação do corpo, exercendo força e,
consequentemente, obtendo tensões localizadas que podem vir a causar dores.
Os movimentos também são responsáveis por exigir muita energia, provocando
sobrecarga nos músculos, coração e pulmões. Puxar, empurrar, carregar e levantar
cargas são os temas desta seção.
O movimento repetitivo de levar carga na posição sentada provoca dores ao logo
do tempo. As Figuras 5.18 e 5.19 apresentam, respectivamente, (i) os tempos
médios para aparecimento de dores nos ombros em função do alcance vertical
dos braços e pesos sustentados e (ii) os tempos médios para aparecimento de
dores nos ombros em função da distância horizontal dos braços para frente e dos
pesos sustentados.
Figura 5.18 – Alcances vertical dos braços e pesos sustentados (IIDA, 1990).
163
Figura 5.19 – Alcances horizontal dos braços e pesos sustentados (IIDA, 1990).
Garanta que a pessoa sempre levante menos, preferencial-mente muito menos, que 23 kg.
• A carga máxima de 23 kg deve ser permitida apenas naquelas condições ótimas
recomendadas anteriormente.
• A carga não deve exceder a poucos quilos se necessita ser pega na frente do
corpo e conduzida em longas distâncias.
A Tabela 5.3 apresenta a força máxima das pernas, braços e costas para diversos
percentis das populações masculinas e femininas (em Kgs).
Forças para movimentosForças para movimentosForças para movimentosForças para movimentosForças para movimentos MulheresMulheresMulheresMulheresMulheres Homens Homens Homens Homens Homens
não repetitivosnão repetitivosnão repetitivosnão repetitivosnão repetitivos
95%95%95%95%95% 50%50%50%50%50% 5%5%5%5%5% 95%95%95%95%95% 50%50%50%50%50% 5%5%5%5%5%
Força das pernas 15 39 78 39 95 150
Força dos braços 7 20 36 20 38 60
Força dos dorsos 10 24 58 21 50 105
Tabela 5.3 – Força máxima para movimentos não repetitivos das populações
masculinas e femininas.
164
Na Tabela 5.4, observa-se a capacidade de levantamento repetitivo de pesos
para mulheres e homens para três distâncias em relação ao corpo e três alturas
diferentes (em metro).
Distância (em metros) a partir do Capacidade de levantamento (em kg)
Corpo Piso
(horizontal) (vertical) 50% 95% 50% 95%
0,3 0,3 23 7 51 45
0,9 19 11 44 39
1,5 11 5 47 29
0,6 0,3 9 0 24 9
0,9 6 1 28 15
1,5 5 0 21 11
0,9 0,3 0 0 5 0
0,9 1 0 10 1
1,5 0 0 7 0
Tabela 5.4 - Capacidade de levantamento repetitivo de pesos para homens e
mulheres.
Levantamento manual de cargas.
• Apesar da automação, o levantamento manual de cargas ainda é freqüente e
principal responsável por problemas nas costas.
• As recomendações a seguir se relacionam a técnica de produção (mecânica ou
manual),a organização do trabalho (design da tarefa, freqüência no levantamento),
o posto de trabalho (posição da carga com relação ao corpo), a carga (forma,
peso, presença de pegas), levantamento de acessórios e o método de trabalho
(levantamento por várias pessoas, técnicas de levantamento individual).
165
• Restrinja o número de tarefas que necessitem do deslocamento de cargas
manualmente.
• Os sistemas de produção devem ser projetados para o uso da mecanização e
a restrição do levantamento manual de cargas.
• Deve-se observar os problemas resultantes da mecanização como operações
manuais prolongadas de máquinas e elevadores, dificuldade de acesso e
manutenção, ruído, vibração, monotonia e redução do contato social.
• Se não for possível evitar o trabalho pesado ou o freqüente levantamento de
peso, estas atividades devem ser alternadas com outras mais leves.
• No levantamento de peso e toda tarefa que exija a força física, é essencial que
a pessoa envolvida defina a carga de trabalho, ao invés de imposições da
máquina, colegas ou supervisores.
Crie as melhores circunstâncias para o levantamento de cargas. Se o levantamento
de cargas pesadas é necessário (até o limite de 23 kg.), deve-se observar as
seguintes condições:
• A carga deve ser manuseada próxima ao corpo (distância horizontal entre as
mãos e o tornozelo em torno de 25 cm).
• Procure manter cargas simétricas, usando as duas mãos.
• A carga deve estar a 40 cm acima do piso. Se estiver abaixo, o carregamento
deve ser feito em duas etapas. Coloque-a inicialmente sobre uma plataforma
e depois a pegue em definitivo.
• O deslocamento vertical da carga não deve exceder 25 cm.
• Deve ser possível pegar a carga com ambas as mãos.
• A carga deve possuir pegas ou espaço para introduzir as mãos.
• Mantenha a coluna reta e use a musculatura das pernas, como fazem os halterofilistas.
• O tronco não deve girar no levantamento.
• A freqüência do levantamento deve ser menor que uma a cada cinco minutos.
• A tarefa de levantamento de cargas pesadas não deve durar mais que uma
hora e deve ser seguida do tempo de repouso (ou atividade leve) de 120 por
cento da duração do tempo de levantamento da carga.
167
Figura 5.20 – O levantamento de pesos deve ser feito com o dorso na vertical,
flexionando as pernas e mantendo a carga o mais próximo possível do corpo
(DUL & WEEDMEESTER, 2004).
Figura 5.21 – Deve-se evitar a rotação do corpo durante o levantamento de peso.
É melhor depositar a carga à frente ou girar o corpo com o movimento dos pés
(DUL & WEEDMEESTER, 2004).
(a) Errado (b) Certo
168
Condução de CargaCondução de CargaCondução de CargaCondução de CargaCondução de Carga
Após o levantamento da carga, muitas vezes ela precisa ser removida manualmente.
Caminhar conduzindo a carga além de sujeitar os músculos dos braços e das costas
a esforço mecânico é uma tarefa extremamente demandante de energia.
Limite o peso da carga e conduza-a junto ao corpo.
• As mesmas recomendações feitas para o levantamento de carga também se
aplicam aqui: considere o limite máximo de 23 kg para a condução da carga e
mantenha-a o mais próxima possível do corpo.
• Cargas menores e compactas são preferíveis a cargas maiores.
Forneça pegas bem desenhadas.
• As cargas devem ser providas com pegas adequadas as mãos do operador e
sem pontas afiadas ou protudentes.
• Alternativamente, um gancho pode ser fornecido para auxiliar na movimentação da carga.
• Evite conduzir cargas em formato verticalmente alto.
• Uma pessoa conduzindo uma carga de formato alto tenderá a inclinar os braços
para a frente de forma a prevenir que a carga atinja as suas pernas.
• Isto causa fadiga adicional nos músculos dos braços, ombros e pescoço.
Evite conduzir cargas com apenas uma mão.
• Quando apenas uma das mãos é usada para o carregamento de cargas, o
corpo é sujeito a um esforço assimétrico. Exemplos: carregamento de mochilas
escolares, pastas e sacolas de compras.
• A solução é carregar duas cargas mais leves (uma em cada mão) ou usar uma
mochila nas costas.
Use acessórios para o transporte de cargas manuais.
• Existe um grande número de opções tais como trolleys, esteiras transportadoras,
plataformas móveis que evitam o carregamento manual de cargas.
169
• Quando um destes for selecionado, o usuário deve estar consciente de novos
problemas que podem surgir a partir da necessidade de levantar, empurrar e
puxar a carga para colocá-la no equipamento ou movê-lo.
PPPPPuxar e empurraruxar e empurraruxar e empurraruxar e empurraruxar e empurrar
Limite a força de puxar e empurrar.
• Quando um trolley for usado através dos movimentos de puxar e empurrar, a
força empregada não deve exceder 20 kg.
• Embora a máxima força possível é freqüentemente maior, este limite não deve
excedido à fim de prevenir esforço mecânico nas costas.
• Se o trolley for mantido em movimento por mais de um minuto a força
recomenda cai para 10 kg.
• Na prática isto significa que um trolley com um peso total superior a 700 kg
não deve ser empurrado manualmente.
• O peso máximo permitido depende do tipo do trolley, o tipo do solo, rodas, etc.
• Muitos trolleys motorizados podem ser usados como alternativa.Use o peso do corpo quando puxar ou empurrar.
• No movimento de empurrar o peso do corpo deve ser inclinado para a frente
e quando puxar para trás.
• Deve haver suficiente espaço e a fricção entre o sapato e solo deve auxiliar
este movimento.
• Nos movimentos de puxar e empurrar, a distância horizontal entre o tornozelo
e as mãos deve ser de pelo menos 120 cm.
• No movimento de puxar também deve haver um espaço sob o trolley para
colocar os pés diretamente abaixo das mãos.

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