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DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOS CRIMES CONTRA O 
PATRIMÔNIO 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
2 
 
Sumário 
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ................................................................................... 1 
1. FURTO (ART. 155, CP) .................................................................................................................................... 5 
1.1 Furto Simples (art. 155, caput, CP) .......................................................................................................... 5 
1.2 Furto noturno (art. 155, §1º, CP) ........................................................................................................... 11 
1.3 Furto Privilegiado (art. 155, §2º, CP) ..................................................................................................... 13 
1.4 Cláusula de equiparação ........................................................................................................................ 15 
1.5 Furto Qualificado (art. 155, §4º, CP) ..................................................................................................... 17 
1.5.1 Furto Qualificado x Princípio da Insignificância .............................................................................. 28 
1.6 Furto de Coisa Comum .......................................................................................................................... 30 
2. ROUBO (ART. 157, CP) ................................................................................................................................. 34 
2.1 Roubo próprio (art. 157, caput, CP) ...................................................................................................... 34 
2.2 Roubo impróprio (art. 157, §1º, CP) ...................................................................................................... 39 
2.3 Roubo circunstanciado (art. 157, §2º, CP) ............................................................................................. 39 
2.4 Roubo circunstanciado (art. 157, §2º-A e §2º-B) .................................................................................. 44 
2.5 Roubo qualificado (Art. 157, §3º, CP) .................................................................................................... 47 
2.6 Concurso de causas de aumento do §2º e do §2º-A: ............................................................................ 53 
3. EXTORSÃO (ART. 158, CP) ............................................................................................................................ 56 
3.1. Causas de aumento de pena: ............................................................................................................... 60 
3.2 Extorsão qualificada pela lesão corporal grave ou morte ..................................................................... 61 
3.3 Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima ............................................................................ 61 
4. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159) ........................................................................................... 64 
4.1 Extorsão mediante sequestro qualificada ............................................................................................. 66 
4.2 Hediondez do crime de extorsão mediante sequestro: ........................................................................ 68 
5. EXTORSÃO INDIRETA (ART. 160).................................................................................................................. 68 
6. USURPAÇÃO (ARTS. 161 e 162) ................................................................................................................... 68 
7. DANO (ART. 163) ......................................................................................................................................... 69 
7.1 Dano Qualificado ................................................................................................................................... 71 
7.2 Ação Penal ............................................................................................................................................. 73 
8. APROPRIAÇÃO INDÉBITA (ART. 168, CP) ..................................................................................................... 73 
8.1 Apropriação Indébita Previdenciária (Art. 168-A) ................................................................................. 76 
9. ESTELIONATO (ART. 171, CP) ....................................................................................................................... 84 
9.1 Fraude Eletrônica (§2º-A E 2º-B – inseridos Pela Lei 14.155/2021) ..................................................... 91 
9.2 Estelionato Previdenciário (§3º) ............................................................................................................ 93 
9.3 Causa De Aumento De Pena .................................................................................................................. 97 
9.4 Ação Penal No Crime De Estelionato. .................................................................................................... 98 
9.5 Competência no Crime de Estelionato (Lei 14.155/2021) .................................................................. 103 
9.5.1 Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP) ................................... 104 
9.5.2 Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI) .................................. 105 
9.5.3 Estelionato mediante depósito ou transferência de valores ....................................................... 107 
10. RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP) .................................................................................................................... 113 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
3 
 
10.1 Receptação própria ........................................................................................................................... 114 
10.2 Receptação imprópria ....................................................................................................................... 115 
10.3 Receptação dolosa qualificada .......................................................................................................... 115 
10.4 Receptação culposa ........................................................................................................................... 117 
10.5 Receptação de Animal (Art. 180-A) ................................................................................................... 118 
11. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS (Arts. 181/183) ............................................................................................... 118 
 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
4 
 
DIREITO PENAL: DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA 
CP 
⦁ Art. 155 e 156 (furto) 
⦁ Art. 157 (roubo) 
⦁ Art. 158 (extorsão) 
⦁ Art. 159 (extorsão mediante sequestro) 
⦁ Art. 160 (extorsão indireta) 
⦁ Arts. 161 a 162 (usurpação) 
⦁ Arts. 163 a 167 (dano) 
⦁ Arts. 168 a 170 (apropriação indébita e “derivados”) 
⦁ Arts. 171 a 179 (estelionato e outras fraudes) 
⦁ Art. 180 (receptação) 
⦁ Arts. 181 a 183 (escusas absolutórias) 
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER! 
CP 
⦁ Art. 155, §§1º, 2º, 4º, 4º-A e 7º 
⦁ Art. 157 (tudo) 
⦁ Art. 158, §3º 
⦁ Art. 159, §4º 
⦁ Art. 163, §único e 167 
⦁ Art. 168-A 
⦁ Art. 171, §§ 1º, 4º e 5º 
⦁ Art. 179, §único 
⦁ Art. 180 (tudo) – fazer paralelo com o crime de favorecimento real 
⦁ Arts. 181 a 183 (tudo) 
 
SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA 
Súmula 511-STJ: É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de 
crime de furto qualificado,circunstância acarreta uma maior dificuldade na identificação e eventual 
responsabilização penal dos envolvidos, justificando uma maior reprimenda. 
 
Inciso II - aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. 
 
● Idoso: No Brasil, idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos (art. 1º, Lei nº 10.741/03). 
● Vulnerável: como não foi dado um conceito específico, deve-se utilizar a definição do art. 217-A, 
caput e § 1º, do CP. Desse modo, podem ser considerados vulneráveis: 
· A pessoa menor de 14 anos; 
· A pessoa que, em razão de enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática de determinados atos; ou 
 
1 (CUNHA, Rogério Sanches. Lei 14.155/21 e os crimes de fraude digital: primeiras impressões e reflexos no CP e no CPP. 
Disponível em https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2021/05/28/lei-14-15521-e-os-crimes-de-fraude-
digital-primeiras-impressoes-e-reflexos-no-cp-e-no-cpp/) 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
27 
 
· A pessoa que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
 
Art. 155, §5º: se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou 
para o exterior 
 
Art. 155, CP. (...) § 5o A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de 
veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o 
exterior. 
 
Para incidir a qualificadora, o veículo deve ser efetivamente transportado para outro Estado ou para 
o exterior para incidir (diferente da lei de drogas, que basta a comprovação da intenção). 
É admissível a simultaneidade das qualificadoras dos §§4º e 5º. 
 
 Cabe a incidência da qualificadora se o veículo for transportado para o DF? 
∘ 1ª Corrente – NÃO! Não se aplica caso seja transportado para o DF, vez que não está incluso no 
artigo, não sendo cabível analogia in malam partem. 
∘ 2ª Corrente – SIM! Não se trata de analogia “in malam partem”, mas de interpretação extensiva, 
possível em Direito Penal e autorizada, nesse caso, pela própria Constituição Federal, que confere 
ao Distrito Federal todas as competências reservadas aos Estados (CF, art. 32, § 1.º). Além disso, 
por uma questão de razoabilidade, o raciocínio não pode ser outro. 
 
 Como fica a situação em caso de contrato exclusivo de transporte? Ou seja: acordo convencionado 
apenas para a pessoa transportar o veículo para outro estado ou exterior? 
∘ 1ª situação – a pessoa foi contratada antes da subtração e estava ciente da sua prática: responde 
pelo furto qualificado (art. 155 §4º, IV e 5º) – a qualificadora é objetiva e se estende aos coautores 
e partícipes. 
∘ 2ª situação – a pessoa foi contratada posteriormente à subtração e tinha ciência da origem ilícita 
do bem: responde por receptação própria (art. 180, caput, 1ª parte) 
∘ 3ª situação – a pessoa foi contratada sem ter nenhum conhecimento da prática criminosa: fato 
atípico. 
 
Art. 155, §6º: se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido 
em partes no local da subtração; 
 
Art. 155, CP. (...) § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração 
for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em 
partes no local da subtração. 
 
Veja que o artigo não trata de animais domésticos, mas animais domesticáveis ou domesticados DE 
PRODUÇÃO (como bovinos, ovinos, suínos, caprinos, etc.). Contudo, como não há restrições, também podem 
ser enquadrados nesse conceito cães, gatos e aves, desde que contenham a finalidade de produção, ou seja, 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
28 
 
que sejam idôneos a gerar algum retorno econômico ao dono, como no caso de quem os cria, visando à 
procriação para venda de filhotes. 
Portanto, animais domésticos, por si só, que não sejam voltados à produção, não entrarão nesta 
qualificadora. Animais selvagens ou abandonados também não. 
São requisitos da qualificadora: 
I. Animal domesticável; 
II. Destinado à reprodução; 
III. Tem que estar vivo no momento da subtração (ainda eu mate ou divida em partes no local da 
subtração). 
 
Nesta circunstância, o furto é chamado de “abigeato” (que envolve não só gado, como os demais 
animais domesticáveis de produção), não se confundindo com o “abacto” (que é o roubo de bovinos). 
 
Art. 155, §7º: se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
Art. 155, CP. (...) § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se 
a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
Aqui, o artefato explosivo é objeto material do delito. 
É admissível a simultaneidade das qualificadoras dos §§4º e §6º, bem como a majorante do repouso 
noturno (STF) e o privilégio do §2º (furto híbrido). 
 
1.5.1 Furto Qualificado x Princípio da Insignificância 
 
 Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo quando presentes 
circunstâncias excepcionais que recomendam a medida e/ou que demonstrem a ausência de interesse 
social na intervenção do Estado. (STJ). 
Jurisprudência sobre o tema: 
 
Jurisprudências em teses (STJ) ed. 221 – Princípio da insignificância 
4) Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de furto praticado com 
corrupção de filho menor, ainda que o bem possua inexpressivo valor pecuniário, 
pois as características dos fatos revelam elevado grau de reprovabilidade do 
comportamento. 
5) A prática de furto qualificado, em regra, afasta a aplicação do princípio da 
insignificância, por revelar, a depender do caso, maior periculosidade social da ação 
e/ou elevado grau de reprovabilidade do comportamento do agente. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
29 
 
6) É possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de furto qualificado 
quando há, no caso concreto, circunstâncias excepcionais que demonstrem a 
ausência de interesse social na intervenção do Estado. 
 
A despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista, 
impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise conjunta 
das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato imputado, 
recomendando a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. HC 
553.872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/02/2020 (Info 
665) 
 
O furto simples de quatro barras de chocolate, avaliadas em R$26,92, restituída à 
vítima, traz excepcionalidade que autoriza o reconhecimento da atipicicidade 
material (insignificância) ao multirreincidente. STJ, AgRg no REsp 1.899.839, Dje 
19.05.22 
 
A multirreincidência específica somada ao fato de o acusado estar em prisão 
domiciliar durante as reiterações criminosas são circunstâncias que inviabilizam 
a aplicação do princípio da insignificância. (...) No caso, é imputado ao acusado a 
subtração de 03 (três) desodorantes, cujo valor agregado, segundo a representante 
da empresa ofendida, é de R$ 38,00 (trinta e oito reais), tendo sido restituídos à 
vítima. (...) Extrai-se do caso que, além de estar em prisão domiciliar no momento 
em que praticou o furto, no dia 7/9/2016, o recorrente também já foi condenado 
em 20/12/2013 por furto praticado em 24/1/2013; em 18/6/2014, por furto e 
resistência praticados em 26/11/2013; em 28/2/2008, por tentativa de furto e uso 
de documento falso praticados em 22/5/2007, e, por fim, condenado em 
7/12/2007 por tentativa de furto praticada em 22/8/2007. O entendimento, 
portanto, encontra-se em consonância com a orientação jurisprudencial da 
Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EAREsp 221.999/RS, da relatoria do 
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, de que a reiteração criminosa inviabilizaa 
aplicação do princípio da insignificância, ressalvada a possibilidade de, no caso 
concreto, as instâncias ordinárias verificarem ser a medida socialmente 
recomendável, o que não se dá no caso. (STJ, Informativo n. 746) 
 
Lembrando que todas as qualificadoras do furto são objetivas e, por conseguinte, comunicáveis, com 
exceção do abuso de confiança. 
 
ESQUEMATIZANDO: 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
30 
 
FURTO SIMPLES (caput) 
 
1 a 4 anos e multa. 
FURTO NOTURNO (§1º) 
 
Aumento de 1/3 
FURTO PRIVILEGIADO (§2º) 
(pequeno valor + primariedade do agente) 
a Substituir reclusão por detenção; 
b Diminuir de 1/3 a 2/3; 
c Apenas pena de multa. 
FURTO QUALIFICADO (§4º) 
2 a 8 anos e multa. 
 
Se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à 
subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, 
escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
FURTO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE 
EXPLOSIVO OU DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE 
CAUSE PERIGO COMUM (§4º-A) 
4 a 10 anos e multa 
FURTO MEDIANTE FRAUDE COMETIDO POR MEIO 
DE DISPOSITIVO ELETRÔNICO OU INFORMÁTICO 
(§4º-B) 
4 a 8 anos e multa 
 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (§4º-C): 
Critério – relevância do resultado gravoso 
⮚ 1/3 a 2/3 – se o crime é praticado mediante 
utilização de servidor mantido fora do 
território nacional; 
⮚ 1/3 ao dobro: se o crime é praticado contra 
idoso ou vulnerável. 
FURTO QUALIFICADO PELA TRANSPOSIÇÃO DE 
FRONTEIRAS (§5º) 
3 a 8 anos (não foi prevista pena de multa). 
FURTO DE SEMOVENTE DOMESTICÁVEL (§6º) 2 a 5 anos (não foi prevista pena de multa). 
FURTO (QUALIFICADO) DE SUBSTÂNCIAS 
EXPLOSIVAS OU DE ACESSÓRIOS (§7º) 
4 a 10 anos de reclusão e multa 
 
1.6 Furto de Coisa Comum 
 
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a 
quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante REPRESENTAÇÃO. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
31 
 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a 
quota a que tem direito o agente. 
 
 O delito de furto de coisa comum em muito se assemelha com o furto do art. 155 do Código Penal, 
altera-se, porém o sujeito ATIVO e PASSIVO direito e o objeto material. Nessa esteira, melhor definindo a 
compreensão do delito de furto de coisa comum, ensina o autor Cleber Masson: 
 
O crime de furto de coisa comum é uma modalidade específica de furto. A conduta 
criminosa, assim como no delito tipificado pelo art. 155 do Código Penal, atinge 
uma coisa móvel. Falta-lhe, contudo, a qualidade de “alheia”, isto é, ser 
pertencente a outrem. De fato, a lei fala em coisa comum: o comportamento ilícito 
recai sobre coisa que não é completamente alheia, mas pertencente a mais de uma 
pessoa, aí se incluindo o responsável pela subtração. A coisa é comum por ser 
inerente a uma relação de condomínio, herança ou sociedade. De fato, é o 
condômino, o coerdeiro ou o sócio quem pode praticar o delito. 
 
 E caso um dos condôminos, coerdeiros ou sócios subtraiam para si ou para outrem a coisa comum, 
incidem no 155? 
R.: Não. O crime é de furto de coisa comum, art. 156 do CP. 
 
Sujeito ativo: crime bipróprio 
∘ Proprietário 
∘ Possuidor 
∘ Detentor da coisa alheia móvel 
∘ Sócio 
∘ Coerdeiro 
∘ Condômino 
 
Considerações importantes: 
● Crime de menor potencial ofensivo. 
● Somente se procede mediante representação. 
● Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito 
o agente. 
 
JULGADOS IMPORTANTES: 
 
Furto de “cofrinho” contendo R$ 4,80 de uma instituição de combate ao câncer, 
mediante induzimento de filho de 9 anos 
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor 
pecuniário de associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/2f4ccb0f7a84f335affb418aee08a6df?categoria=11&subcategoria=106&assunto=261
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
32 
 
participar do ato. STJ. 6ª Turma. RHC 93472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis 
Moura, julgado em 15/03/2018 (Info 622). 
 
Art. 102 do Estatuto do Idoso 
Se o funcionário do banco recebe o cartão e a senha da idosa para auxiliá-la a sacar 
um dinheiro do caixa eletrônico e, aproveitando a oportunidade, transfere quantias 
para a sua conta pessoal, tal conduta configura o crime previsto no art. 102 do 
Estatuto do Idoso. STJ. 6ª Turma. REsp 1358865-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 
julgado em 4/9/2014 (Info 547). 
 
Subtrair objeto do interior do automóvel mediante quebra do vidro: furto 
qualificado. A conduta de violar o automóvel, mediante a destruição do vidro para 
que seja subtraído bem que se encontre em seu interior — no caso, um aparelho 
de som automotivo — configura o tipo penal de furto qualificado pelo rompimento 
de obstáculo à subtração da coisa, previsto no art. 155, § 4º, inciso I, do CP. STJ. 5ª 
Turma. AgRg no REsp 1364606-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 22/10/2013 
(Info 532). STJ. 3ª Seção. EREsp 1079847/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção, 
julgado em 22/05/2013. 
 
Furto e imunidade patrimonial 
A coabitação, de que trata o art. 182, III do CP, significa residência conjunta quando 
da prática do crime, o que não se confunde com a mera hospedagem, a qual tem 
caráter temporário. STJ. 6ª Turma. REsp 1065086-RS, Rel. Min. Maria Thereza de 
Assis Moura, julgado em 16/2/2012. 
 
JURISPRUDÊNCIAS EM TESES DO STJ 
Jurisprudência em Teses do STJ 
EDIÇÃO N. 47: CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - FURTO 
 
1) Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por 
breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a 
posse mansa e pacífica ou desvigiada. (Recurso Repetitivo - Tema 934) 
 
2) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto, porquanto, ainda que 
possam ser considerados delitos do mesmo gênero, não são da mesma espécie. 
 
3) O rompimento ou destruição do vidro do automóvel com a finalidade de 
subtrair objetos localizados em seu interior qualifica o furto. 
 
4) Todos os instrumentos utilizados como dispositivo para abrir fechadura são 
abrangidos pelo conceito de chave falsa, incluindo as mixas. 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/242c100dc94f871b6d7215b868a875f8?categoria=11&subcategoria=106&assunto=261
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/da11e8cd1811acb79ccf0fd62cd58f86?categoria=11&subcategoria=106&assunto=261
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/018b59ce1fd616d874afad0f44ba338d?categoria=11&subcategoria=106&assunto=261
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
33 
 
 
5) É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP 
nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade 
do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. 
(Súmula n. 511/STJ) (Recurso Repetitivo - Tema 561) 
 
6) A prática do delito de furto qualificado por escalada, destreza, rompimento de 
obstáculo ou concurso de agentes indica a reprovabilidade do comportamento do 
réu, sendo inaplicável o princípio da insignificância. 
 
7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do 
crime o seu meio de vida, ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor. 
Obs.: Essa tese representa a regra geral, o que não impede que, excepcionalmente, 
a jurisprudência reconheça o princípio para réus reincidentes ou portadores de 
maus antecedentes. 
 
8) Para reconhecimento do crime de furto privilegiado é indiferente que o bem 
furtado tenha sido restituído à vítima, poiso critério legal para o reconhecimento 
do privilégio é somente o pequeno valor da coisa subtraída. 
 
9) Para efeito da aplicação do princípio da bagatela, é imprescindível a distinção 
entre valor insignificante e pequeno valor, uma vez que o primeiro exclui o crime 
e o segundo pode caracterizar o furto privilegiado. 
 
10) É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a 
majorante do roubo. (Súmula n. 442/STJ) 
 
11) Para a caracterização do furto privilegiado, além da primariedade do réu, o 
valor do bem subtraído não deve exceder à importância correspondente ao 
salário mínimo vigente à época dos fatos. 
 
12) O reconhecimento das qualificadoras da escalada e rompimento de obstáculo 
- previstas no art. 155, § 4º, I e II, do CP - exige a realização do exame pericial, 
salvo nas hipóteses de inexistência ou desaparecimento de vestígios, ou ainda se 
as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo. 
 
13) Reconhecido o privilégio no crime de furto, a fixação de um dos benefícios do 
§ 2º do art. 155 do CP exige expressa fundamentação por parte do magistrado. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
34 
 
14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada 
insignificante quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário 
mínimo vigente à época dos fatos. 
 
15) Nos casos de continuidade delitiva o valor a ser considerado para fins de 
concessão do privilégio (artigo 155, § 2º, do CP) ou do reconhecimento da 
insignificância é a soma dos bens subtraídos. 
 
ATENÇÃO: O STJ tem decidido que, em regra, não se aplica o princípio da 
insignificância em caso de continuidade delitiva: A prática de crimes de furto em 
continuidade delitiva evidencia o maior grau de reprovabilidade da conduta do 
agente, não admitindo a aplicação do princípio da insignificância. Assim, o princípio 
da insignificância não tem aplicabilidade em casos de reiteração da conduta 
delitiva, salvo excepcionalmente, quando as instâncias ordinárias entenderem ser 
tal medida recomendável diante das circunstâncias concretas (STJ. 5ª Turma. AgRg 
no HC 396.667/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 06/12/2018). 
 
2. ROUBO (ART. 157, CP) 
 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave 
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega 
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime 
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
 
2.1 Roubo próprio (art. 157, caput, CP) 
 
Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa 
(violência própria), ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência 
(violência imprópria). 
 
 Violência própria – é a imposição de força sobre o corpo da vítima, independentemente de produzir 
qualquer dano físico. 
 Violência imprópria – qualquer outra forma que reduz a capacidade de resistência da vítima. Ex.: 
sonífero, embriaguez, etc. 
 
Cuidado! Se a incapacidade for provocada pela própria vítima ou por pessoa alheia à ação criminosa, não 
haverá crime de roubo, mas sim crime de furto! 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
35 
 
 Obs.: O uso de arma de brinquedo, com defeito ou desmuniciada caracteriza o crime de roubo pela 
grave ameaça. A polêmica diz respeito ao §2º, I, sobre a causa de aumento de pena (veremos adiante). 
 
a) Objeto jurídico: é crime complexo (podendo até ser ultracomplexo), além de ser crime pluriofensivo. 
● Patrimônio; 
● Integridade corporal, quando praticado com o emprego de violência; 
● Liberdade individual, quando praticado com grave ameaça. 
 
No delito de roubo, se a intenção do agente é direcionada à subtração de um 
único patrimônio, estará configurado apenas um crime, ainda que, no modus 
operandi (modo de execução), seja utilizada violência ou grave ameaça contra 
mais de uma pessoa para a obtenção do resultado pretendido. Ex.: Maria estava 
saindo do banco, acompanhada de seu segurança. João, de arma em punho, deu 
uma coronhada no segurança, causando lesão leve, e subtraiu a mala que pertencia 
a Maria. O agente praticou um único roubo majorado pelo emprego de arma de 
fogo (art. 157, § 2º, I do CP), considerando que somente um patrimônio foi atingido. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1490894-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado 
em 10/2/2015 (Info 556). 
 
O sujeito entra no ônibus e, com arma em punho, subtrai apenas os bens que 
estavam na posse do cobrador de ônibus: R$ 30,00 e um aparelho celular, 
pertencentes ao funcionário, e R$ 70,00 que eram da empresa de transporte 
coletivo. Quantos crimes ele terá praticado? Um único crime (art. 157, § 2º, I, do 
CP). Em caso de roubo praticado no interior de ônibus, o fato de a conduta ter 
ocasionado violação de patrimônios distintos (o da empresa de transporte coletivo 
e o do cobrador) não descaracteriza a ocorrência de crime único se todos os bens 
subtraídos estavam na posse do cobrador. 5ª Turma. AgRg no REsp 1396144-DF, 
Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme (Desembargador Convocado do TJ/SP), 
julgado em 23/10/2014 (Info 551). 
 
Agora, imagine a seguinte situação: o sujeito entra no ônibus e, com arma em 
punho, subtrai os pertences de oito passageiros. Quantos crimes ele terá 
praticado? O agente irá responder por oito roubos majorados (art. 157, § 2º, I, do 
CP) em concurso formal (art. 70). 
Atenção: não se trata, portanto, de crime único. Confira: (...) É entendimento desta 
Corte Superior que o roubo perpetrado contra diversas vítimas, ainda que ocorra 
num único evento, configura o concurso formal e não o crime único, ante a 
pluralidade de bens jurídicos tutelados ofendidos. (...) (STJ. 5ª Turma. AgRg no 
AREsp 389.861/MG , Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 18/06/2014) 
Nesse caso, o concurso formal é próprio ou impróprio? Segundo a jurisprudência 
majoritária, consiste em concurso formal PRÓPRIO. Veja: (...) Praticado o crime de 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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roubo mediante uma só ação contra vítimas distintas, no mesmo contexto fático, 
resta configurado o concurso formal próprio, e não a hipótese de crime único, visto 
que violados patrimônios distintos. STJ. 5ª Turma. HC 455.975/SP, Rel. Min. Ribeiro 
Dantas, julgado em 02/08/2018 
 
Caiu na prova Delegado - PCPB/2022! (CESPE/CEBRASPE) O roubo perpetrado contra diversas vítimas em 
um único evento, estando comprovados os desígnios autônomos do autor do fato, configura concurso formal 
impróprio. (item correto) 
 
→ Concurso Imperfeito ou impróprio, é a modalidade de concurso formal que se 
verifica quando a conduta dolosa do agente e os crimes concorrentes derivam de 
desígnios autônomos (o propósito de produzir, com uma única conduta, mais de 
um crime). (MASSON, Cleber. Código Penal Comentado. 7ª ed. São Paulo: Método, 
2019. p. 426-427). 
 
ATENÇÃO!!! Perceba que no comando da questão está comprovado desígnios autônomos. Apesar de existir 
jurisprudência no sentido de ser concurso formal próprio, é preciso ter atenção para ver o que a questão 
pede. Se não mencionar especificamente que existem desígnios autônomos, sugerimos adotar a posição do 
STJ mencionada no julgado acima. 
 
O roubo em transporte coletivo vazio é circunstância concreta que não justifica a 
elevação da pena-base. STJ, julgado em 15/02/2022 (info 727) 
 
Caiu na Prova Delegado ES/2022! (CESPE/CEBRASPE) A respeito dos crimes contra o patrimônio, assinale a 
opção correta: O roubo em transporte coletivo vazio é circunstância concreta que não justifica a elevação da 
pena-base (Item correto) 
 
b) Objeto material 
● Coisa alheiamóvel; e 
● Pessoa atingida pela violência ou pela grave ameaça. 
● + integridade física, no caso de lesão grave; 
● + vida, no caso de latrocínio. 
 
c) Núcleo do tipo: “subtrair” (inverter a posse do bem). 
 Embora o núcleo do tipo seja idêntico ao furto, o roubo se reveste de maior gravidade em razão dos 
seus meios de execução, capazes de facilitar a prática do crime, sem prejuízo de causar maiores danos à 
vítima e à coletividade. 
 Inclusive, justamente pelo emprego da violência ou grave ameaça, é que a jurisprudência é pacífica 
no sentido de não aplicar o princípio da insignificância ao crime de roubo, ainda que a coisa móvel tenha 
valor ínfimo, insignificante. (STF HC 96.671 e STJ HC 117.436). 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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d) Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa, exceto pelo proprietário do bem (a coisa deve ser 
alheia). 
 
e) Sujeito passivo: o proprietário ou o possuidor legítimo do bem subtraído, bem como qualquer outra 
pessoa atingida pela violência ou grave ameaça. 
 
f) Elemento subjetivo: dolo genérico + dolo específico 
● Intenção de assenhoramento (“animus rem sibi habendi”). 
● O sujeito ativo age com o propósito de ter a “res furtiva”, integrando-a ao patrimônio próprio ou de 
outrem. 
 
g) Consumação: 
Súmula 582, STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem 
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em 
seguida à perseguição imediata do agente e recuperação da coisa roubada, sendo 
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 
 
● Aqui se aplicam as mesmas considerações feitas no furto. 
● Lembrando que os Tribunais Superiores adotam a Teoria da “Amotio”, segundo a qual o crime se 
consuma com a inversão da posse da coisa subtraída, independentemente da posse pacífica e 
desvigiada. 
 
CESPE/CEBRASPE – 2018 – Delegado de Polícia Federal: Severino, maior e capaz, subtraiu, 
mediante o emprego de arma de fogo, elevada quantia de dinheiro de uma senhora, quando ela 
saía de uma agência bancária. Um policial que presenciou o ocorrido deu voz de prisão a 
Severino, que, embora tenha tentado fugir, foi preso pelo policial após breve perseguição. Nessa 
situação, Severino responderá por tentativa de roubo, pois não teve a posse mansa e pacífica do valor 
roubado. Item errado. 
 
Tentativa: é cabível quando o agente emprega violência à pessoa ou grave ameaça mas, por 
circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue se apoderar do bem. 
 
CESPE/CEBRASPE – 2013 – Delegado de Polícia Federal: Três criminosos interceptaram um carro 
forte e dominaram os seguranças, reduzindo-lhes por completo qualquer possibilidade de 
resistência, mediante grave ameaça e emprego de armamento de elevado calibre. O grupo, 
entretanto, encontrou vazio o cofre do veículo, pois, por erro de estratégia, efetuara a 
abordagem depois que os valores e documentos já haviam sido deixados na agência bancária. Por fim, os 
criminosos acabaram fugindo sem nada subtrair. Nessa situação, ante a inexistência de valores no veículo e 
ante a ausência de subtração de bens, elementos constitutivos dos delitos patrimoniais, ficou 
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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descaracterizado o delito de roubo, subsistindo apenas o crime de constrangimento ilegal qualificado pelo 
concurso de pessoas e emprego de armas. Item errado. 
 
Comentários: Conforme narrado na assertiva, o objetivo dos criminosos era o de subtrair os valores que 
estariam no carro forte. Entretanto, os valores não foram subtraídos pelos agentes por motivos alheios a sua 
vontade, ocorrendo, portanto, o delito de roubo com causa de aumento de pena na modalidade tentada 
(art. 157, §2º, I, II, III, c/c o art. 14, II, ambos do Código Penal). A ausência dos valores não configura a 
impropriedade absoluta do objeto, mas sim relativa, de modo a não caracterizar a ocorrência de crime 
impossível, persistindo, portanto, o roubo na modalidade tentada. 
 
Roubo de uso: Ao contrário do furto de uso, que não é crime, o roubo de uso é considerado crime 
pela doutrina majoritária, em razão da violência ou grave ameaça (STJ, REsp 1323275-GO, julgado em 
24/4/2014). Há quem entenda (Cláudia Barros e Rogério Grecco, por exemplo) que seria constrangimento 
ilegal, mas não é o que prevalece. 
 
Caiu na prova Delegado/PE 2024! (CESPE/CEBRASPE) De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ, 
o agente que, mediante violência ou grave ameaça pelo uso de arma fogo, subtrai coisa alheia móvel para 
usá-la, sem intenção de tê-la como própria, ou seja, sem o ânimo de apossamento definitivo, configura roubo 
consumado. (item correto) 
 
ATENÇÃO! Configura o crime de roubo (e não estelionato) a conduta do funcionário de uma empresa que 
combina com outro indivíduo para que este simule que assalta o empregado com uma arma de fogo e, dessa 
forma, leve o dinheiro da empresa. 
 
Julgado: 
João trabalhava em uma empresa, sendo responsável por receber pagamentos em 
dinheiro e levá-los para depósito no banco. João combinou com Pedro um plano 
criminoso. No dia do pagamento, Pedro entraria na empresa e, supostamente 
ameaçaria João (seu comparsa oculto), que a ele entregaria o dinheiro. Depois, os 
dois dividiriam a quantia subtraída. Assim, no dia dos fatos, Pedro, já sabendo que 
havia entrado uma grande soma em dinheiro, chegou na empresa e, simulando 
portar arma de fogo, exigiu que João e Ricardo (outro funcionário da empresa que 
não sabia do plano) entregassem o dinheiro, o que foi feito. Posteriormente, a 
polícia conseguiu prender Pedro, que confessou todo o plano criminoso. João e 
Pedro praticaram roubo majorado, e não estelionato. STF. 1ª Turma. HC 
147584/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980). 
 
 
 
 
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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2.2 Roubo impróprio (art. 157, §1º, CP) 
 
Ocorre quando, depois de subtrair a coisa, o agente emprega violência ou grave ameaça contra 
pessoa, com o objetivo de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
Há um prévio apoderamento da coisa. 
 
Em suma, os requisitos são: 
1 Subtração anterior ao constrangimento (a subtração, em si, é feita sem violência ou grave ameaça); 
2 Relação de imediatidade entre a subtração e o constrangimento; 
3 Violência ou grave ameaça como meios executórios (não admite outro meio); 
4 Intenção especial de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa. 
 
Observações importantes: 
∘ Violência imprópria não se confunde com roubo impróprio. 
∘ Roubo impróprio só é admitido com violência própria. 
 
● Consumação §1º: no momento em que o agente emprega violência à pessoa ou grave ameaça, com 
a finalidade de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro, 
ainda que este fim não venha a ser alcançado. Antes de empregar violência ou grave ameaça, o crime 
será de furto. 
● Tentativa §1º: segundo o STJ (REsp 1.025.162) não cabe tentativa, pois trata-se de crime 
unissubsistente. Mas parte da doutrina admite (Nucci). 
 
ROUBO PRÓPRIO ROUBO IMPRÓPRIO 
Utiliza a violência/grave ameaça antes ou durante a 
subtração, objetivando alcançar a subtração do bem. 
Utiliza a violência/grave ameaça após a subtração, 
objetivando assegurar a impunidade do crime ou 
detenção da coisa. 
Admite a violência imprópria (redução da capacidade 
de resistência da vítima) 
Não admite a violência imprópria, somente a violência 
própria. 
 
2.3 Roubo circunstanciado (art. 157, §2º, CP) 
 
Art. 157, CP. (....) § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até 
metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunstância. 
IV - se a subtraçãofor de veículo automotor que venha a ser transportado para 
outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
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V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído 
pela Lei nº 9.426, de 1996) 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela 
Lei nº 13.654, de 2018) 
 VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma 
branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Trata-se das causas de aumento de pena ou majorantes. São aplicáveis ao roubo próprio (“caput”) e 
ao impróprio (§1°), contudo, conforme a doutrina majoritária, ao contrário do que se entende para o furto, 
não são aplicáveis às figuras qualificadas do §3º. 
Perceba que o furto tem uma única majorante (furto noturno) e o restante apenas qualificadoras. Já 
no roubo, são 2 qualificadoras (lesão grave e morte) e todas as demais são majorantes. 
 
Hipóteses: 
● CONCURSO DE PESSOAS: 
 
Aqui, valem as mesmas considerações feitas para o furto. 
Para o STF, a aplicação em concurso material desta majorante com o crime de associação criminosa 
não é “bis in idem”, pois protegem bens jurídicos distintos e são delitos autônomos. 
A causa de aumento de pena é aplicável ainda que um dos envolvidos seja inimputável (pela 
menoridade ou qualquer outra causa) ou desconhecido (STF, HC 110.425/ES). 
 
● SERVIÇO DE TRANSPORTE DE VALORES: 
 
Indispensável que a vítima esteja transportando valores a serviço de alguém. Se estiver 
transportando seus valores por si mesmo, não se aplica. O agente também deve ter ciência desta situação. 
“Valores” não é só dinheiro em espécie. O STJ já reconheceu em caso de transporte de grande 
quantidade de produtos cosméticos, por exemplo (STJ, REsp 1309966-RJ). 
 
No crime de furto contra empresa de segurança e transporte de valores, o 
prejuízo está inserido no risco do negócio e não autoriza a exasperação da pena 
basilar, porquanto ínsito ao tipo penal.STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 2.322.175-
MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 30/5/2023 (Info 777). 
 
● SUBTRAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR QUE VENHA A SER LEVADO PARA OUTRO ESTADO OU 
PARA EXTERIOR: 
 
No furto, essa é circunstância é uma qualificadora. 
 
 A aplicação desta causa de aumento da pena reclama dois requisitos cumulativos: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
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1. O objeto material da subtração deve ser veículo automotor; 
2. Depende da efetiva transposição da fronteira do Estado ou da Nação. 
 
 Para a doutrina majoritária: se capturado antes de ingressar com o veículo em outro território, ainda 
que haja a intenção de transportar, não será roubo majorado. 
 
● RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA: 
 
No que tange ao verbo “manter”, entende-se que essa restrição da liberdade deve durar por tempo 
juridicamente relevante. O ladrão deve permanecer com a vítima por tempo superior ao necessário para 
execução do roubo, seja para assegurar o objeto do roubo, seja para escapar da ação policial. Logo, se o 
agente fica com a vítima somente pelo tempo necessário para prática do roubo, não incide o aumento (pois 
todo constrangimento causa uma supressão da liberdade de locomoção). 
Portanto, deve haver uma relação entre o roubo e a restrição da liberdade – como instrumento para 
assegurar o êxito do crime (Ex.: agente rouba um estabelecimento comercial, prende quem estava presente 
em uma sala e vai embora). 
Se a privação de liberdade é desnecessária ou dura mais que o necessário para a subtração, poderá 
haver concurso formal impróprio entre roubo e sequestro (agente rouba carro, prende o dono no porta-
malas e sai durante o dia todo para efetuar outros roubos com ele lá – o que era desnecessário para que o 
primeiro roubo se consumasse). 
 
ROUBO 
Art. 157 §2º V 
ROUBO C/C SEQUESTRO 
Art. 157 c/c Art. 148 
No roubo a privação ocorre por tempo suficiente 
para garantir a ação do agente. É uma privação 
necessária. 
A privação ocorre por tempo desnecessário para a 
ação do agente. 
Ex.: Coloca uma arma na cabeça, rouba o carro 
coloca a pessoa no porta-malas, chega numa 
rodovia, larga a pessoa em uma estrada e foge com 
o carro. 
Ex.: Rouba a vítima, coloca uma pessoa no porta-
malas e pratica-se inúmeros roubos. 
Cesar Roberto Bitencourt: Quando o “sequestro” for 
praticado concomitantemente com o roubo de 
veículo automotor, ou pelo menos como meio de 
execução do roubo ou como garantia contra a ação 
policial, estará configurada a majorante. 
Cesar Roberto Bitencourt: Quando o “sequestro” 
for praticado depois da consumação do roubo de 
veículo automotor, sem nenhuma conexão com 
sua execução ou garantia da fuga, não se estará 
diante da majorante especial, pois haverá 
concurso de dois crimes. 
 
● SE A SUBTRAÇÃO FOR DE SUBSTÂNCIAS EXPLOSIVAS OU DE ACESSÓRIOS QUE, CONJUNTA OU 
ISOLADAMENTE, POSSIBILITEM SUA FABRICAÇÃO, MONTAGEM OU EMPREGO: 
 
 Aqui, a substância explosiva é OBJETO MATERIAL do crime de roubo. 
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 O agente, mediante violência ou grave ameaça, subtrai substância explosiva ou acessório que, 
conjunta ou isoladamente, possibilite a sua fabricação, montagem ou emprego. Ex.: sujeito que, mediante 
violência ou grave ameaça, subtrai uma banana de dinamite. 
 
● EMPREGO DE ARMA BRANCA: 
 
 A introdução do inciso VII, pela Lei nº 13.964/19, tem como escopo corrigir os erros realizados após 
a reforma da Lei 13.654/18 que aboliu o aumento de pena referente a qualquer arma (existente na redação 
original do CP) e passou a prever uma majoração (mais grave) apenas para o emprego de arma de fogo no 
§2º-A. 
Para entendermos especificamente as mudanças realizadas devemos inicialmente tratar sobre as 
alterações realizadas pela 13.654/18. 
Essa legislação alterou o §2º, I, CP, justamente a hipótese em que a pena do roubo era majorada de 
1/3 a ½, se o delito fosse praticado mediante o emprego de arma. Dessa forma, após a legislação, a redação 
do dispositivo foi realizada da seguinte forma: 
 
Art. 157 (...) 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo 
ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
Repare de novo no inciso I acima. 
O roubo com emprego de arma de fogo deixou de ser previsto no inciso I do § 2º, mas continua a ser 
punido agora no inciso I do § 2º-A. 
Desse modo, quanto à arma de fogo não houve abolitio criminis, mas sim continuidade normativo-
típica. O referido princípio se aplica “quando uma norma penal é revogada, mas a mesma conduta continua 
sendo crime no tipo penal revogador, ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda 
que topologicamente ou normativamente diverso do originário” (Min. Gilson Dipp, em voto proferido no HC 
204.416/SP). 
Desse modo, para as pessoas que foram condenadas por roubo com emprego de arma de fogo antes 
da Lei nº 13.654/2018, nada muda, já que a referida norma penal, naquilo que diz respeito a arma de fogo, 
é lei penal maléfica,a qual não possui o condão de retroagir para atingir situações anteriores a sua vigência. 
A problemática fica justamente naquilo que diz respeito a “novatio legis in mellius” para roubo com 
emprego de arma que não seja de fogo, pois como vimos, o roubo “com emprego de arma” deixou de ser 
uma hipótese de roubo circunstanciado no art. 157, § 2º. Agora, o roubo com emprego de arma de fogo 
passou a ser tratado no artigo 157, § 2º-A, inciso I: 
 
Art. 157, CP. (...) 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
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Ocorre que o roubo com o emprego de arma “branca” não era mais punido como roubo 
circunstanciado. Tratava-se, em princípio, de roubo simples (art. 157, caput). Foi justamente no sentido de 
corrigir essa discrepância que o legislador previu nova causa de aumento de pena quando o roubo for 
praticado com o emprego de arma branca, vejamos: 
 
Art. 157, CP. (...) 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma 
branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
No período de aplicação da Lei nº 13.654/18, o emprego de arma branca não pode ser utilizado como 
causa de aumento de pena, mas nada impede que o magistrado considere isso como circunstância judicial 
negativa (art. 59, CP), na primeira fase da dosimetria da pena. Foi o que decidiu o STJ: 
 
Nos casos em que se aplica a Lei nº 13.654/2018, é possível a valoração do 
emprego de arma branca, no crime de roubo, como circunstância judicial 
desabonadora A Lei nº 13.654/2018 entrou em vigor no dia 24/04/2018. Antes 
dessa Lei, o emprego de arma branca era considerado causa e aumento de pena no 
roubo. Essa Lei, contudo, deixou de prever a arma branca como majorante. 
Suponhamos que, no dia 25/04/2018, João, usando um canivete, ameaçou a vítima, 
subtraindo dela o telefone celular. O juiz, ao condenar o réu, não poderá, na 3ª fase 
da dosimetria da pena, utilizar a “arma branca” como causa de aumento de pena. 
Diante disso, nada impede que o magistrado utilize esse fato (emprego de arma 
branca) como uma circunstância judicial negativa, aumentando a pena-base na 1ª 
fase da dosimetria da pena. Assim, no período de aplicação da Lei nº 13.654/2018, 
o juiz está proibido de utilizar essa circunstância (emprego de arma branca) como 
causa de aumento de pena, mas nada impede que considere isso como 
circunstância judicial negativa, na fase do art. 59 do CP. STJ. 5ª Turma. HC 556629-
RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/03/2020 (Info 668). 
 
ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA BRANCA 
Antes da Lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018 ATUALMENTE 
Tanto a arma de fogo como a 
arma branca eram causas de 
aumento de pena. 
Apenas o emprego de arma de 
fogo é causa de aumento de 
pena. O emprego de arma branca 
não é causa de aumento de pena. 
Podia ser usada como 
circunstância judicial 
Arma branca: 
+ 1/3 a 1/2 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/456048afb7253926e1fbb7486e699180?categoria=11&subcategoria=106&assunto=262
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/456048afb7253926e1fbb7486e699180?categoria=11&subcategoria=106&assunto=262
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/456048afb7253926e1fbb7486e699180?categoria=11&subcategoria=106&assunto=262
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
44 
 
desabonadora (Info 668, STJ) 
 
2.4 Roubo circunstanciado (art. 157, §2º-A e §2º-B) 
 
● SE HÁ EMPREGO DE ARMA DE FOGO (DE USO PERMITIDO OU DE USO RESTRITO/PROIBIDO: 
 
Art. 157, CP. (...) § 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO; 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo 
ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de ARMA DE FOGO 
DE USO RESTRITO OU PROIBIDO, aplica-se em DOBRO a pena prevista no caput 
deste artigo. 
 
 As causas de aumento previstas nos parágrafos 2º-A e 2º-B foram introduzidas pela Lei 13. 654/18. 
 Antes da alteração legislativa, o emprego da arma de fogo estava inserido no atualmente revogado 
inciso I do §2º do art. 157, que não especificava a natureza da arma. 
 Assim, independente da categoria, se arma própria (onde estava incluída a arma de fogo) ou se arma 
imprópria (qualquer instrumento utilizado no constrangimento, desde que dotado de potencialidade lesiva), 
qualquer arma servia para aumentar a pena do delito, pois se encontrava no conceito genérico de “arma”. 
 
 No entanto, a nova causa de aumento deixou de falar genericamente em emprego de arma e 
passou a usar o termo específico “arma de fogo”. Nesse sentido, podemos chegar às seguintes conclusões: 
∘ Apenas a arma de fogo se presta à majoração da pena prevista nos parágrafos 2º-A e 2º-B (arma de 
uso restrito ou proibido). 
∘ Em relação à arma de fogo, ocorreu o princípio da continuidade normativo-típica. 
∘ A majorante acerca da arma de fogo passou a prever um aumento maior, sendo considerada, 
portanto, lei penal mais gravosa, que só se aplica aos fatos praticados após a sua vigência. 
 
Vamos esquematizar as mudanças envolvendo arma para facilitar? 
 
ROUBO MEDIANTE EMPREGO DE ARMA 
ANTES DA LEI 13.654/2018 DEPOIS DA LEI 13.654/2018 
ATÉ A LEI 13.964/2019 
DEPOIS DA LEI 13.964/2019 
(ATUALMENTE) 
Tanto a arma de fogo como a 
arma branca eram causas de 
aumento de pena. 
Apenas o emprego de arma de 
fogo é causa de aumento de 
pena. 
Tanto a arma de fogo como a 
arma branca são causas de 
aumento de pena. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
45 
 
O emprego de arma branca não é 
causa de aumento de pena (fica 
capitulado no roubo simples). Tal 
circunstância poderá ser 
considerada contudo, como 
circunstância judicial 
desfavorável (art. 59, CP). 
 
O emprego de arma branca é 
punido com aumento de 1/3 até 
1/2 (metade). 
 
O emprego de arma (seja de fogo, 
seja branca) era punido com 
aumento de 1/3 a 1/2 da pena. 
O emprego de arma de fogo é 
punido com aumento de 2/3 da 
pena. 
O emprego de arma de fogo é 
punido com aumento de 2/3 da 
pena (P. da Continuidade 
Normativo-Típica). 
 
Ao emprego de arma de fogo de 
uso restrito ou proibido, aplica a 
pena em dobro. 
 
● SE HÁ DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO MEDIANTE O EMPREGO DE EXPLOSIVO OU 
DE ARTEFATO ANÁLOGO QUE CAUSE PERIGO COMUM: 
 
Art. 157, CP. (...) § 2º-A. A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
(...) 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo 
ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
 É difícil imaginar que quem vai utilizar substância explosiva não vai estar também armado. Assim, 
este inciso seria desnecessário, na visão da doutrina. 
Então, via de regra a pena já será majorada neste patamar pela arma e a questão da utilização de 
explosivos será considerada como agravante do 61, II, d, do CP. 
Caso a pessoa não esteja armada, portando somente os artefatos explosivos, é imprescindível que 
do seu emprego cause perigo comum, absorvendo o crime de incêndio pelo princípio da consunção. 
 
ATENÇÃO: Lembre-se que, com o advento do Pacote Anticrime, o crime de roubo mediante a restrição da 
liberdade da vítima e mediante o uso de arma de fogo, seja de uso permitido, restrito ou proibido, passaram 
a ser considerados crimes hediondos! 
 
Jurisprudência pertinente sobre o uso da arma: 
 
A utilização de simulacro de armaconfigura a elementar grave ameaça do tipo 
penal do roubo, subsumindo à hipótese legal que veda a substituição da pena. A 
controvérsia consiste em definir se configurado o delito de roubo, cometido 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
46 
 
mediante emprego de simulacro de arma, é possível substituir a pena privativa de 
liberdade por restritiva de direito, nos termos do art. 44, I, do Código Penal. 
Segundo a doutrina, "grave ameaça consiste na intimidação, isto é, coação 
psicológica, na promessa, direta ou indireta, implícita ou explícita, de castigo ou 
de malefício. A sua análise foge da esfera física para atuar no plano da atividade 
mental. Por isso mesmo sua conceituação é complexa, porque atuam fatores 
diversos como a fragilidade da vítima, o momento (dia ou noite), o local (ermo, 
escuro etc.) e a própria aparência do agente". A jurisprudência do Superior Tribunal 
de Justiça não se mostra diferente, existindo diversos julgados no mesmo sentido, 
afirmando que a utilização do simulacro configura grave ameaça e que "exercida 
mediante simulação de porte de arma é circunstância que está englobada pela 
elementar do tipo e não extrapola a reprovabilidade já ínsita ao delito de roubo" 
(AgRg no HC n. 687.887/SP). Portanto, a utilização do simulacro de arma de fogo 
para prática do crime de roubo, configura, sim, grave ameaça nos termos do art. 
157 do Código Penal, subsumindo-se ao disposto no art. 44, I, do Código Penal, 
impedindo a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos 
STJ. REsp. 1.994.182-RJ, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Terceira Seção, por 
maioria, julgado em 13/12/2023 (Tema 1171). (Info 799) 
Roubo circunstanciado pelo emprego de arma e desnecessidade de perícia: 
É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que 
incida a majorante do art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal? 
NÃO. O reconhecimento da referida causa de aumento prescinde (dispensa) da 
apreensão e da realização de perícia na arma, desde que o seu uso no roubo seja 
provado por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima ou mesmo de 
testemunhas. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1076476/RO, Rel. Min. Jorge Mussi, 
julgado em 04/10/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 449102/MS, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, julgado em 09/10/2018. 
 
Se, após o roubo, foi constatado que a arma estava desmuniciada no momento 
do crime, incide mesmo assim a majorante? 
Divergência STJ X STF! 
STJ: NÃO. O emprego de arma de fogo desmuniciada tem o condão de configurar a 
grave ameaça e tipificar o crime de roubo, no entanto NÃO É suficiente para 
caracterizar a majorante do emprego de arma, pela ausência de potencialidade 
lesiva no momento da prática do crime (STJ. 5ª Turma. HC 449.697/SP, Rel. Min. 
Felix Fischer, julgado em 21/06/2018; STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1536939/SC , 
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/10/2015). 
 
STF: SIM. É irrelevante o fato de estar ou não municiada para que se configure a 
majorante do roubo (STF. 2ª Turma. RHC 115077 , Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 06/08/2013). 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
47 
 
 
Se a arma é apreendida e periciada, sendo constatada a sua inaptidão, não se 
aplica a majorante do art. 157, § 2º-A, I, do CP 
Se a arma é apreendida e periciada, sendo constatada a sua inaptidão para a 
produção de disparos, neste caso, não se aplica a majorante do art. 157, § 2º-A, I, 
do CP, sendo considerado roubo simples (art. 157, caput, do CP). O legislador, ao 
prever a majorante descrita no referido dispositivo, buscou punir com maior rigor 
o indivíduo que empregou artefato apto a lesar a integridade física do ofendido, 
representando perigo real, o que não ocorre na hipótese de instrumento 
notadamente sem potencialidade lesiva. Assim, a utilização de arma de fogo que 
não tenha potencial lesivo afasta a mencionada majorante, mas não a grave 
ameaça, que constitui elemento do tipo “roubo” na sua forma simples. STJ. 6ª 
Turma. HC 247669-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 4/12/2012. 
Fonte: Dizer o direito. 
 
CONCURSO DE CAUSAS DE AUMENTO: 
 No caso de concurso de mais de uma das majorantes acima estudadas, surge a controvérsia se sua 
presença já justifica aumento da pena, na terceira fase da dosimetria, acima da fração mínima, ou se é 
necessária fundamentação específica pelo juiz para adoção de fração diversa da menor prevista na norma, 
caso a majorante esteja prevista no parágrafo segundo do artigo 157. O STJ já possui posição firmada, nos 
termos da súmula 443: 
 
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado 
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a 
mera indicação do número de majorantes. 
 
O STF coaduna do mesmo entendimento: 
 
Se houver pluralidade de causas de aumento no crime de roubo (art. 157, § 2º do 
CP), o juiz não poderá incrementar a pena aplicada com base unicamente no 
número de majorantes nem se valer de tabelas com frações matemáticas de 
aumento. Para se proceder ao aumento, é necessário que o magistrado apresente 
fundamentação com base nas circunstâncias do caso concreto (Súmula 443-STJ). 
STF. 2ª Turma. RHC 116676/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 
20/8/2013 (Info 716). 
 
2.5 Roubo qualificado (Art. 157, §3º, CP) 
 
Art. 157, CP. (...) §3º. Se da violência resulta: 
I – Lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e 
multa; 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0829424ffa0d3a2547b6c9622c77de03?categoria=11&subcategoria=106&assunto=262
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0829424ffa0d3a2547b6c9622c77de03?categoria=11&subcategoria=106&assunto=262
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II – Morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa 
(LATROCÍNIO). 
 
● Introdução 
Alterado pela Lei 13.654/2018, que aumentou a pena em caso de lesão grave (antes era de 7 a 15 
anos) – devendo a nova lei mais gravosa ser aplicada somente aos fatos posteriores, e separou as duas 
qualificadoras em incisos diferentes. 
 
Lembrando que as qualificadoras previstas no §2º não são aplicadas aqui!!! 
 
Estes resultados podem ser dolosos ou culposos. NÃO SÃO NECESSARIAMENTE PRETERDOLOSOS. 
Porém, devem estar relacionados com a subtração. Em caso de desígnios autônomos, há concurso de roubo 
com outros crimes, como homicídio, por exemplo. 
Latrocínio não é “roubo seguido de morte” como dizem por aí. É roubo qualificado pelo resultado 
morte, que pode ocorrer antes ou depois da subtração, embora no mesmo contexto. 
É imprescindível, no entanto, que DA VIOLÊNCIA EMPREGADA NO ROUBO, advenha a lesão corporal 
grave ou a morte (aqui, não se admite que os resultados agravadores advenham da grave ameaça). 
 
 Ex: Uma pessoa sofre um ataque cardíaco em razão da grave ameaça. Nesse caso, não haverá o 
enquadramento no tipo penal do latrocínio, devendo o agente responder por roubo agravado pelo emprego 
de arma em concurso formal com homicídio culposo. 
 
Obs.: Haverá roubo qualificado pela morte, ainda que a violência tenha sido empregada em face de 
pessoa diversa da proprietária do bem (Ex.: alguém foi ajudar a socorrer a vítima e morreu). 
 
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte assertiva: Para a caracterização do latrocínio, é 
irrelevante que a pessoa morta em razão da violência empregada pelo agente não seja a mesma que detinha 
a posse da coisa subtraída. 
 
● Requisitos 
 A doutrina aponta os seguintes requisitos para restar configurado o crime de latrocínio: 
1 Que a morte seja decorrente da violência empregada pelo agente; 
2 Que a violência causadora da morte tenha sido empregada durante o contexto fático do roubo; 
3 Que haja nexo causal entre a violência provocadora da morte e o roubo em andamento(violência empregada em razão do roubo). 
 
Para o STJ o latrocínio tentado, não importa a natureza das lesões, podendo ser leves, graves ou 
gravíssimas, desde que tenha sido demonstrado o “animus necandi” do agente (dolo de matar), não realizado 
por circunstâncias alheias à sua vontade. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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STJ pacificou-se no sentido de que o crime de latrocínio tentado se caracteriza 
independentemente da natureza das lesões sofridas pela vítima (se leves, graves, 
gravíssimas), bastando que o agente, no decorrer do roubo, tenha agido com o 
desígnio de matá-la. Assim, como a gravidade das lesões experimentadas pela 
vítima não influencia para a caracterização da tentativa de latrocínio, pouco 
importa que o laudo pericial que atestou as lesões tenha irregularidades. STJ. 5ª 
Turma. HC 201175-MS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/4/2013 (Info 521). 
 
· Ex.1: O agente emprega violência contra a vítima querendo matá-la e, efetivamente, provoca a 
morte. Responde por latrocínio consumado. O fato de a morte ter sido dolosa deve fazer o juiz aplicar 
a pena acima do mínimo legal. Trata-se de hipótese em que o latrocínio não é preterdoloso. 
· Ex.2: O sujeito emprega violência sem intenção de matar a vítima, porém, culposamente, dá causa 
ao resultado. Responde também por latrocínio consumado. Em tal caso, o crime é considerado 
preterdoloso. 
· Ex.3: O agente emprega violência querendo causar lesão grave na vítima e efetivamente o faz. 
Responde por roubo qualificado pela lesão grave. Ex.: disparo de arma de fogo na perna de vítima 
que lhe provoca incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. 
· Ex.4: O agente emprega violência contra a vítima sem a intenção específica de lhe causar lesão grave, 
mas culposamente, a provoca. Também responde por roubo qualificado pela lesão grave (hipótese 
preterdolosa). 
· Ex.5: O agente emprega violência querendo causar lesão grave na vítima, mas não consegue. 
Responde pela tentativa de roubo qualificado pela lesão grave. 
· Ex.6: O ladrão usa de violência querendo matar a vítima, mas não consegue atingir seu intento, 
provocando apenas lesões graves. Para o STJ, responde tentativa de latrocínio, ainda que a vítima 
sofra lesão de natureza grave. 
 
 Obs.: O STF possui 2 julgados antigos em sentido contrário. Para a Suprema Corte, se o ladrão atira 
contra a vítima, querendo matá-la, e não consegue, mas ela sofre lesões corporais graves, neste caso, o 
agente deveria responder por roubo majorado pela arma em concurso com tentativa de homicídio 
qualificado pela conexão (art. 121, § 2º, V, do CP). 
· HC 91585, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, julgado em 16/09/2008. 
· RHC 94775, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, julgado em 07/04/2009. 
 
DICA DD: Em prova objetiva, aconselhamos a adotar a posição do STJ. 
 
- CESPE: Para se caracterizar o crime de tentativa de latrocínio, é necessário aferir a gravidade das lesões 
experimentadas pela vítima, não bastando a comprovação de atentado contra a vida da vítima, no decorrer 
do roubo, ainda que comprovado o claro desígnio de matá-la (ERRADO). 
 
Atenção! Vamos analisar uma jurisprudência do STJ que versa sobre o tema: 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
50 
 
 
A existência de doença cardíaca de que padecia a vítima configura-se como 
concausa preexistente relativamente independente, não sendo possível afastar o 
resultado mais grave (morte) e, por consequência, a imputação de latrocínio. STJ. 
6ª Turma. HC 704.718-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/5/2023 (Info 777). 
 
O caso apresentado tratou da discussão de existência, ou não, de concausa preexistente absoluta ou 
relativamente independente consistente na doença cardíaca da vítima. Pela teoria da conditio sine qua non 
eventual concausa absolutamente independente faria com que houvesse exclusão da imputação do 
resultado mais gravoso, respondendo o agente apenas pela tentativa. 
Tanto é assim que no laudo pericial do caso concreto o perito consignou que o infarto "pode ter sido ajudado 
pelo stress sofrido na data do óbito, pois há sinais de violência e tortura encontrados no exame", 
evidenciando que a vítima só faleceu em decorrência do crime praticado pelos agentes que a agrediram. 
Ademais, não sendo concausa absolutamente independente, no caso das relativamente independentes, 
somente haverá exclusão do nexo se ela for superveniente relativamente independente que por si só causou 
o resultado, conforme art. 13, §1º do CP – lembre-se do famoso exemplo do caso da ambulância, em que o 
agente, por exemplo, desfere tiros contra a vítima que, sendo socorrida, a ambulância capota e ela morre 
em decorrência do acidente – o agente só responderá pela tentativa neste caso). 
Mesmo se aplicada a teoria da imputação objetiva, ainda assim o crime de latrocínio estaria evidenciado. Isso 
porque com as suas condutas, os agentes criaram um risco proibido que se materializou no resultado, sendo-
lhe, portanto, imputada a responsabilidade penal pelo latrocínio. 
Portanto, conclui-se que a grave ameaça não pode ser causa do latrocínio e a decisão do STJ não mudou este 
entendimento. 
Ademais, para que não haja entendimento equivocado, existe violência própria (de natureza física – gera 
lesão corporal ou vias de fato e é conhecida como vis absoluta); existe violência imprópria (não há conduta 
ostensiva violenta – não gera lesão – é o caso de qualquer meio capaz de reduzir a possibilidade de resistência 
da vítima – conhecida como vis compulsiva – lembre-se do golpe do “boa noite cinderela”); e existe a grave 
ameaça. A violência que pode gerar o latrocínio é a própria (física). 
Obs:. O STJ manteve a condenação de quatro pessoas por latrocínio, por entender que a morte da vítima em 
decorrência de um infarto agudo do miocárdio foi consequência da conduta dos criminosos. Eles invadiram 
a residência do idoso de 84 anos e o agrediram, amarraram e amordaçaram. Para a classificação do delito, o 
colegiado considerou irrelevantes as condições preexistentes de saúde, que indicaram doença cardíaca. 
Segundo a relatora, ministra Laurita Vaz, para se imputar o resultado mais grave (no caso, latrocínio em vez 
de roubo majorado), basta que a morte seja causada por conduta meramente culposa, não se exigindo 
comportamento doloso. 
"Por isso, é inócua a alegação de que não houve vontade dirigida com relação ao resultado agravador, 
porque, ainda que os pacientes não tenham desejado e dirigido suas condutas para obtenção do resultado 
morte, essa circunstância não impede a imputação a título de culpa", afirmou a ministra ao rejeitar o pedido 
de desclassificação feito pela Defensoria Pública de São Paulo. O crime de latrocínio tem pena prevista de 20 
a 30 anos; já o roubo seguido de lesão corporal grave, de 7 a 18 anos. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
51 
 
● Momento consumativo do latrocínio (de acordo com o STJ/STF): 
● Subtração consumada e morte consumada = latrocínio consumado. 
● Subtração tentada e morte tentada = tentativa de latrocínio. 
● Subtração consumada e morte tentada = tentativa de latrocínio. 
● Subtração tentada e morte consumada = latrocínio consumado (súmula 610 do STF). 
 
Súmula 610- STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda 
que não realize o agente a subtração de bens da vítima. 
 
● Pluralidade de vítimas x Único patrimônio: 
 Como tipificar o latrocínio se foi atingido um único patrimônio, mas houve pluralidade de mortes? 
Ex.: Carlos e Luiza estão entrando no carro quando são rendidos por João, assaltante armado, que deseja 
subtrair o veículo. Carlos acaba reagindo e João atira contra ele e Luiza, matando o casal. João foge 
levando o carro. Haverá dois crimes de latrocínio em concurso formal de ou um único crime de latrocínio? 
∘ STF e doutrina majoritária: sendo atingido um único patrimônio,haverá apenas um crime de 
latrocínio, independentemente do número de pessoas mortas. O número de vítimas deve ser 
levado em consideração na fixação da pena-base (art. 59 do CP). 
∘ STJ: (ANTES) o STJ entendia que, ocorrendo uma única subtração, porém com duas ou mais 
mortes, haveria concurso formal impróprio de latrocínios. 
(INFO 789 STJ) Houve mudança de entendimento - overruling: técnica através da qual um 
precedente perde a sua força vinculante e é substituído (overruled) por um outro precedente. O STJ 
se adequa à jurisprudência do STF: 
 
Subtraído um só patrimônio, a pluralidade de vítimas da violência não impede o 
reconhecimento de crime único de latrocínio.É certo que o entendimento adotado 
pelas instâncias ordinárias encontra respaldo na jurisprudência do STJ, no sentido 
de que há concurso formal impróprio no crime de latrocínio quando, não obstante 
houver a subtração de um só patrimônio, o animus necandi seja direcionado a mais 
de um indivíduo, ou seja, a quantidade de latrocínios será aferida a partir do 
número de vítimas em relação às quais foi dirigida a violência, e não pela 
quantidade de patrimônios atingidos. No entanto, essa posição destoa da 
orientação do Supremo Tribunal Federal, que têm afastado o concurso formal 
impróprio, e reconhecido a ocorrência de crime único de latrocínio, nas situações 
em que, embora o animus necandi seja dirigido a mais de uma pessoa, apenas um 
patrimônio tenha sido atingido. Por essa razão, mostra-se prudente proceder ao 
overruling da jurisprudência deste Tribunal Superior, adequando-a à firme 
compreensão do STF acerca do tema. No caso, as instâncias ordinárias afirmaram 
que houve desígnios autônomos em relação ao animus necandi, motivo pelo qual 
entenderam pelo concurso formal impróprio, o qual deve ser afastado, nos termos 
do entendimento do STF. No entanto, é inviável o reconhecimento de crime único, 
porque foram atingidos dois patrimônios distintos. Nesse contexto, deve ser 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=610.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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reconhecida a prática de dois delitos de latrocínio, na forma tentada, em concurso 
formal próprio, pois não foi mencionado pela Corte de origem que também teria 
havido autonomia de desígnios em relação às subtrações patrimoniais, mas tão 
somente no tocante ao animus necandi.STJ. AgRg no AREsp 2.119.185-RS, Rel. 
Ministra Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 13/9/2023, DJe 
19/9/2023. (Info 789) 
Resumindo: 
Situação 
Patrimônio 
Subtraído 
Número de 
Vítimas 
Desígnios 
Autônomos Tipificação 
1 Único Múltiplas Não Crime único de latrocínio (STJ/STF) 
2 Diversos Múltiplas Não Concurso formal PRÓPRIO de latrocínios 
3 Diversos Múltiplas Sim 
Concurso formal IMPRÓPRIO de 
latrocínios 
O STJ agora se alinha ao entendimento do STF, pondo fim à divergência. Este é um tema relevante para 
concursos, especialmente para cargos como Delegado. 
 
Curiosidade: no CPM, a pluralidade de vítimas fatais no latrocínio caracteriza concurso de crimes, ainda 
que a subtração patrimonial seja única. 
 
● Concurso de agentes e latrocínio: 
 Via de regra, todos os envolvidos respondem pelo latrocínio, ainda que apenas um dos assaltantes 
tenha matado a vítima. Contudo, caso fique comprovado que um deles quis participar de apenas de crime 
menos grave (roubo simples ou majorado, por exemplo), responderá apenas pelo roubo, podendo sua pena 
ser aumentada de metade caso fosse previsível o resultado (art. 29, §2º, do CP). 
 
● Continuidade delitiva x concurso de crimes 
Apesar de o latrocínio ser uma forma qualificada do crime de roubo, a doutrina e a jurisprudência 
não aceitam a configuração de crime continuado entre essas infrações penais, com o argumento de que o 
latrocínio atinge um bem jurídico a mais do que o roubo simples (a vida humana), de modo que não podem 
ser considerados crimes da mesma espécie, o que é requisito da continuação delitiva. Entre tais crimes, 
existe, portanto, concurso material. 
Ex.: dois indivíduos, após cometerem o latrocínio dentro de um banco, ao matar um policial durante 
um assalto ao estabelecimento, roubam o carro de um particular na saída da agência: “Concurso material. 
Latrocínio (roubo em banco e morte do agente policial) e o roubo de automóvel de particular, no qual os réus 
fugiram”. STF – Rel. Néri da Silveira – RT 695/416. 
 
 
 
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● Competência 
 O crime de latrocínio não é da competência do Tribunal do Júri porque não se trata de crime contra 
a vida, mas sim contra o patrimônio, não obstante lesione também o bem jurídica vida. 
 
Súmula 603-STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do 
juiz singular e não do tribunal do júri. 
 
● Crime hediondo 
 
 Antes do advento do Pacote Anticrime (Lei nº 13.964 /19) somente o latrocínio era considerado crime 
hediondo. Contudo, com a inovação legislativa, o roubo qualificado pela lesão corporal grave também passou 
a ser considerado crime hediondo (“novatio legis in pejus”): 
 
Art. 1º, Lei nº 8.072/90. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos 
tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, 
consumados ou tentados: 
 
II - roubo: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso 
V); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou 
pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-
B); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 
3º); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
2.6 Concurso de causas de aumento do §2º e do §2º-A: 
 
Conforme o STF (embora seja um critério criticado pela doutrina, em razão da falta de segurança 
jurídica e discrepância que pode haver de um caso para outro a depender do magistrado), deve ser seguido 
o artigo 68 do CP: 
 
Art. 68, CP. (...) Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de 
diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou 
a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou 
diminua. 
 
Como o termo é PODE, não é obrigatória a aplicação só de um. Assim, tem o magistrado duas opções: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art5
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1ª: Aumentar a pena em 2/3, já que a do §2º-A é a que mais aumenta e utilizar a hipótese do §2º 
como circunstância judicial desfavorável (art. 59 do CP) ou agravante (arts. 61 e 62). 
2ª: Aplicar as duas causas de aumento de pena, situação em que o segundo aumento incidirá sobre 
a pena já aumentada pela primeira causa. 
 
 Roubo praticado com o emprego de arma de fogo, sem que o agente possua porte de arma: 
responde em concurso com o delito de porte ilegal? 
R.: Em regra, não. Geralmente, o crime de porte ilegal de arma de fogo é absorvido pelo crime de 
roubo circunstanciado, em razão do princípio da consunção, vez que é crime meio para o roubo. No entanto, 
se ficarem constatados desígnios autônomos, contextos fáticos diversos, haverá concurso. 
 
Pergunta: As majorantes do crime de roubo aplicam-se somente aos roubos próprios e impróprios? 
Resposta é sim!! 
 
"Ao latrocínio e ao roubo qualificado pelas lesões corporais de natureza grave não 
se aplicam as causas de aumentode pena prevista no § 2º do art. 157 do Código 
Penal, em virtude de sua localização topográfica. Imagine-se, por exemplo, que a 
vítima esteja a serviço de transporte de valores (inc. III), quando é interceptada por 
dois agentes (inc. I) que, munidos com arma de fogo (inc. I), contra ela atiram, 
querendo a sua morte, para que possam realizar a subtração. Por intermédio desse 
exemplo, podemos perceber a presença de três causas de aumento de pena. No 
entanto, nenhuma delas poderá ser aplicada ao latrocínio, a título de majorantes, 
uma vez que, se fosse intenção da lei penal aplicá-las às modalidades qualificadas, 
deveriam estar localizadas posteriormente ao § 3º do art. 157 do Código Penal. 
Assim, concluiu-se, as majorantes previstas pelo § 2º do mesmo artigo somente são 
aplicadas àquilo que as antecedem, isto é, às duas modalidades de roubo simples, 
seja ele próprio (caput) ou mesmo impróprio (§ 1º)". (GRECO, Rogério. Código 
Penal: comentado. 12. ed. Niterói: Impetus, 2018, p. 589-590) 
 
Os roubos qualificados pela lesão corporal grave (inciso I do § 3º do art. 157) e pelo 
resultado morte – latrocínio (inciso seguinte) constituem tipos derivados do roubo 
simples (próprio ou impróprio), com cominações particulares de penas mínimas e 
máximas (7 a 18 anos mais multa e 20 a 30 anos mais multa, respectivamente). 
Por isso, o Código Penal dispôs esses tipos derivados do tipo básico no § 3º do art. 
157, após as majorantes (causas especiais de aumento), previstas no § 2º do 
referido artigo. Assim, não há, no Código Penal, a previsão do que seria o "roubo 
qualificado circunstanciado". STJ. 6ª Turma. HC 554.155/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, 
julgado em 16/03/2021. 
 
Vamos fazer um link entre Crimes contra o patrimônio e parte geral? 
Jurisprudência pertinente: 
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Agente pretendia praticar roubo e foi surpreendido após romper o cadeado e 
destruir a fechadura da porta da casa da vítima; não se pode falar em tentativa 
de roubo. 
Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de 
fechadura da porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de 
fogo, efetuar subtração patrimonial da residência, configuram meros atos 
preparatórios que impedem a condenação por tentativa de roubo 
circunstanciado. Caso adaptado: João e Pedro caminhavam nas ruas de um bairro 
e decidiram praticar assalto em uma das casas. Eles arrombaram o cadeado e 
destruíram a fechadura da porta da casa, no entanto, quando iam adentrar na 
residência, passou uma viatura da Polícia Militar. Os indivíduos correram quando 
perceberam a presença das autoridades de segurança. Os policiais perseguiram a 
dupla, conseguindo prendê-los. Com eles, foi encontrada uma arma de fogo de uso 
permitido. Vale ressaltar, contudo, que não possuíam porte de arma. Não se pode 
falar que houve roubo circunstanciado tentado. STJ. 5ª Turma. AREsp 974254-TO, 
Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 21/09/2021 (Info 711). 
 
Existem algumas teorias que buscam definir em que momento se dá a passagem dos atos 
preparatórios para os atos executórios. Veja como o tema é tratado por Jamil Chaim Alves (Manual de Direito 
Penal. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 370-371): 
 
→ Teoria subjetiva 
Leva em consideração a vontade criminosa, o plano interno do autor. Logo, não há 
distinção entre atos preparatórios e atos executórias. Uma vez detectada a vontade 
de praticar a infração, é possível a punição. 
 
→ Teoria da hostilidade ao bem jurídico 
Atos executórios são aqueles que atacam o bem jurídico, retirando-o do “estado de 
paz”. Era defendida por Nelson Hungria. 
 
→ Teoria objetivo-formal ou lógico-formal 
Atos executórios são aqueles que iniciam a realização do núcleo do tipo penal 
(denomina-se “formal” porque parâmetro é a lei, ou seja, a prática do verbo nuclear 
descrito no tipo). Era defendida por Frederico Marques. 
 
→ Teoria objetivo-material 
Atos executórias são aqueles que iniciam a realização do núcleo do tipo penal e 
também os imediatamente anteriores, de acordo com a visão de um terceiro 
observador. 
 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8e5231f0eadafd174b670e838e42d97d?categoria=11&subcategoria=106&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8e5231f0eadafd174b670e838e42d97d?categoria=11&subcategoria=106&criterio-pesquisa=e
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8e5231f0eadafd174b670e838e42d97d?categoria=11&subcategoria=106&criterio-pesquisa=e
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→ Teoria objetivo-individual 
A tentativa começa com a atividade do autor que, segundo o seu plano 
concretamente delitivo, se aproxima da realização. A origem dessa teoria remonta 
a Hans Welzel. 
 
Qual é a teoria adotada pelo STJ? 
O STJ tem a tendência de seguir a corrente objetivo-formal, exigindo início de prática do verbo 
correspondente ao núcleo do tipo penal para a configuração da tentativa. 
 
Qual foi a teoria adotada pelo STF e STJ para o momento da consumação do crime de roubo? 
A teoria da “APPREHENSIO” (“AMOTIO”). 
 
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem 
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em 
seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo 
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. CAI MUITO! 
 
3. EXTORSÃO (ART. 158, CP) 
 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito 
de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que 
se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, 
aumenta-se a pena de um terço até metade. 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo 
anterior. 
§ 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa 
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de 
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave 
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, 
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) 
 
a) Conceito: constrangimento de outrem, mediante violência ou grave ameaça, com o intuito de obtenção 
de vantagem econômica indevida, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. 
 
b) Bem jurídico tutelado: patrimônio e liberdade individual, além da integridade física e da vida no caso das 
qualificadoras. Trata-se, portanto, de crime pluriofensivo. 
 
A extorsão é crime pluriofensivo. A lei penal tutela o patrimônio, principalmente, 
pois o delito está previsto entre os crimes contra o patrimônio, mas não se olvida 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11923.htm#art1
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da integridade física e da liberdade individual, uma vez que para executá-lo o 
sujeito se vale de grave ameaça ou violência à pessoa. (MASSON) 
 
c) Roubo x Extorsão: se o bem for subtraído, o crime será de roubo. Se a vítima entregar o bem ao agente, o 
delito poderá ser de roubo ou extorsão, a depender da imprescindibilidade da colaboração do ofendido. 
● Roubo: o agente não depende da colaboração da vítima, embora possa ocorrer / o agente busca 
vantagem imediata; 
● Extorsão: o agente depende da colaboração da vítima / o agente busca vantagem mediata. 
 
Obs.: Algumas majorantes são diversas, a exemplo do que explicamos sobre arma branca e arma de fogo. 
 
Roubo e Extorsão (pontos em comum) 
São crimes contra o patrimônio 
São praticados mediante violência ou grave ameaça 
Pena base de reclusão de quatro a dez anos e multa 
 
Atenção: ROUBO x EXTORSÃO -se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e 
a qualificadora for de ordem objetiva. 
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de 
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do 
crime de furto. 
Súmula 442-STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do 
roubo. 
Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de 
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e 
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5 
 
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 
Súmula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige 
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de 
majorantes. 
Súmula 610-STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente 
a subtração de bens da vítima. 
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. 
Súmula 17-STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este 
absorvido. 
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de 
estelionato cometido mediante falsificação de cheque. 
Súmula 24-STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da 
previdência social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal. 
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da 
denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. 
Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de 
estelionato, da competência da Justiça Estadual. 
Súmula 246-STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem 
fundos. 
 
1. FURTO (ART. 155, CP) 
 
1.1 Furto Simples (art. 155, caput, CP) 
 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Crime de médio potencial ofensivo (cabe suspensão condicional do processo). 
 
a) Objeto jurídico: Conforme a doutrina majoritária, propriedade, posse e detenção legítimas. 
Há doutrinadores como Nucci e Greco que entendem ser só a propriedade e a posse legítima, bem 
como Hungria, que entende ser só a propriedade. 
 
b) Objeto material: “coisa alheia móvel”. 
● Ser humano pode ser objeto de furto? Não. Contudo, partes do corpo humano sim (ex.: cabelo, 
dentes), bem como instrumentos ligados a ele (ex.: dentadura). A depender da situação, pode 
configurar outros crimes, como um dos tipos de lesão ou até homicídio. 
● Cadáver pode ser objeto de furto? Via de regra, também não, pois tem crime específico. Porém, 
excepcionalmente, quando o cadáver estiver destinado a uma atividade específica, passa a ser coisa, 
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6 
 
podendo ser objeto de furto (ex.: cadáver de faculdade de medicina). Obs.: para a doutrina, o ouro 
da arcada dentária do cadáver pode ser objeto de furto. 
● Coisa abandonada e coisa perdida podem ser objetivo de furto? Coisa abandonada não pode ser 
objeto de furto. Coisa perdida, por sua vez, também não configurará furto, pela ausência de 
subtração, mas será apropriação de coisa achada, caso não seja devolvida em 15 dias - crime a prazo 
(art. 169, II do CP). 
OBS: Ressalta-se que, apesar de haver divergência doutrinária, a maioria entende que para que 
configure o crime do art. 169, II o encontro da coisa deve ser ocasional (por um acaso), não se 
considerando perdida a coisa que fora simplesmente esquecida. 
● E coisas de uso comum do povo, podem ser furtadas? Via de regra, não, já que todos são 
proprietários. Exceção: caso a coisa de uso comum esteja destacada para alguma finalidade 
econômica, ou seja, esteja sendo explorada por alguém, situação em que caracterizará furto. 
● Cheque em branco pode ser objeto de furto? Em um primeiro momento, a jurisprudência do STJ 
entendia que folhas de cheque e cartões bancários não podiam ser objeto material do crime de furto, 
uma vez que desprovidas de valor econômico, indispensável para a caracterização dos delitos 
patrimoniais (REsp 150.908/SP). No entanto, ao examinar o CC 112.108/SP, a 3ª Seção desta Corte 
Superior de Justiça modificou tal posição, consignando que o talonário de cheque possui valor 
econômico, aferível pela provável utilização das cártulas para obtenção de vantagem ilícita por parte 
de seus detentores, podendo ser objeto dos crimes de furto e receptação. (AgRg no HC 410.154/RS, 
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 03/10/2017, DJe 11/10/2017). 
● “Móvel”: Todo e qualquer bem suscetível de apreensão e de transporte. Assim, imóveis não podem. 
 
Obs.: No CC há o conceito de imóveis por equiparação (exemplo: árvore, navios, aeronaves). Isso não se 
aplica ao Direito Penal. Sendo móvel, poderá ser objeto de furto. A subtração de terra, areia ou árvores, por 
exemplo, em imóvel alheio, configurará furto, caso o fato não constitua crime contra o meio ambiente. 
 
Atente-se à jurisprudência sobre o tema: 
 
A dívida de corrida de táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins 
de configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais. 
A dívida de corrida táxi não pode ser considerada coisa alheia móvel para fins de 
configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais. Ex: João pegou um táxi. Ao final 
da corrida, ele saiu do carro e disse que não iria pagar a corrida. O motorista 
também saiu do veículo e foi tentar segurá-lo para que ele não fugisse sem quitar 
o débito. João puxou, então, uma faca e desferiu um golpe no taxista, que morreu 
no local. O agente não praticou roubo com resultado morte (art. 157, § 3º, II, do 
CP). Isso porque não houve, no contexto delitivo, nenhuma subtração ou tentativa 
de subtração de coisa alheia móvel, o que afasta a conduta de roubo qualificado 
pelo resultado, composto pelo verbo “subtrair” e pelo complemento “coisa alheia 
móvel”. O agente se negou a efetuar o pagamento da corrida de táxi e desferiu um 
golpe de faca no motorista, sem (tentar) subtrair objeto algum, de modo a excluir 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/de58bfe3d33dada41a9398c30e21eeed?categoria=11&subcategoria=106&assunto=262
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/de58bfe3d33dada41a9398c30e21eeed?categoria=11&subcategoria=106&assunto=262
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o “animus furandi”. Não se pode equiparar “dívida de transporte” com a “coisa 
alheia móvel” prevista no tipo do art. 157 do Código Penal, sob pena de violação 
dos princípios da tipicidade e da legalidade estrita, que regem a aplicação da lei 
penal. STJ. 6ª Turma. REsp 1757543-RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 
julgado em 24/09/2019 (Info 658). 
 
c) Sujeito passivo: 
● Proprietário, possuidor ou detentor do bem (legítimos). 
● Pode ser pessoa física ou jurídica. 
 
 E se o ladrão1 subtrai do ladrão2 coisa que foi objeto de furto perpetrado por este, responde por 
algum crime, já que a posse do segundo é ilegítima? 
R.: Sim, responde normalmente por furto. Porém, o sujeito passivo não será o ladrão2, mas o 
proprietário legítimo do bem (lesado do crime de furto pelo ladrão1). 
 
d) Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos o proprietário, possuidor ou detentor do bem (legítimos), 
já que nestes casos faltaria a elementar “alheia”. 
 
 Caso o proprietário de um bem subtraia coisa sua que esteja sob a legítima posse de terceiro, a 
exemplo de um bem que está empenhado por dívida, cometerá crime de furto? 
R.: Conforme a doutrinaSTF, Info. 899 - Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e 
extorsão, ainda que praticados em conjunto. Isso porque os referidos crimes, apesar de serem da mesma 
natureza, são de espécies diversas. 
 
d) Sujeito ativo: qualquer pessoa, exceto o dono do bem. 
 No caso do concurso de agentes a doutrina sustenta que aqui só são inclusos os executores, já que 
usa o termo “cometido”. 
 
e) Sujeito passivo: pessoa atingida em seu patrimônio (física ou jurídica) e pessoa vítima da violência ou 
grave ameaça. 
 Pode haver mais de um sujeito passivo, na hipótese em que a pessoa vítima da violência ou da grave 
ameaça for diversa da proprietária/possuidora do bem. Portanto, pode ser sujeito passivo: 
∘ A pessoa atingida pela violência ou grave ameaça; 
∘ A pessoa que faz, deixa de fazer ou tolera que se faça algo; 
∘ A pessoa que suporta o prejuízo patrimonial. 
 
f) Elemento subjetivo: apenas dolo, com fim especial de agir. 
● Intenção de obter, para si ou para outrem, vantagem econômica indevida. 
● É imprescindível o intuito de obter a vantagem para si ou para outrem, incorporando a coisa ao 
próprio patrimônio ou ao patrimônio alheio. Se não tiver a intenção de assenhoramento, será 
enquadrado em crime diverso. Ex.: constrangimento ilegal (art. 146, CP). 
 
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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g) Tipo objetivo: A extorsão somente pode ser praticada através de um constrangimento. Ex.: sujeito ativo 
pratica um constrangimento para que o sujeito passivo adote um comportamento, ativo ou passivo, visando 
a obtenção de uma vantagem indevida. 
● Tem que existir nexo causal entre o constrangimento empregado e o comportamento adotado pela 
vítima. 
● Meios executórios: 
∘ Violência (própria): “vis corporalis” – com atuação material sobre o corpo da vítima. 
∘ Grave ameaça (violência moral): “vis compulsiva” – promessa de um mal grave. 
∘ A extorsão não pode ser praticada mediante violência imprópria (por outra forma de redução 
da capacidade de resistência da vítima). No entanto, dentro da violência e da grave ameaça, 
qualquer meio executório é admitido. 
 
CESPE/CEBRASPE – 2004 – Delegado de Polícia Federal: Túlio constrangeu Wagner, mediante 
emprego de arma de fogo, a assinar e lhe entregar dois cheques seus, um no valor de R$ 1.000,00 
e outro no valor de R$ 2.500,00. Nessa situação, Túlio praticou crime de roubo qualificado pelo 
emprego de arma de fogo. Item errado. 
 
Comentários: Túlio não praticou a conduta de subtrair os cheques de Wagner, mas sim o constrangeu, 
mediante a ameaça por emprego arma de fogo, a assinar e lhe entregar dois cheques nos valores 
mencionados. Sua conduta, portanto, não se subsome ao tipo penal atinente ao crime de roubo, mas ao de 
extorsão, nos termos do art. 158 do CP. 
 
Observações importantes: 
∘ O mal prometido pelo agente pode ser justo ou injusto. Ex.: exigir vantagem econômica ameaçando 
entregar a vítima à polícia em razão de um crime que efetivamente ela cometeu. 
∘ O mal prometido pode ser inverídico, desde que seja suficiente para infundir o temor da vítima. 
∘ A extorsão pode ser praticada mediante a ameaça de causar um prejuízo econômico à vítima. 
 
Se o agente ameaça causar um prejuízo econômico à vítima, ainda assim haverá 
extorsão? A grave ameaça prevista no art. 158 pode ser econômica? SIM. O STJ 
decidiu que a extorsão pode ser feita mediante ameaça de causar um prejuízo 
econômico. Assim, não se exige que a ameaça se dirija apenas contra a integridade 
física ou moral da vítima. No caso concreto julgado, o agente estava com o carro da 
vítima e exigiu que ela fizesse o pagamento a ele de determinada quantia em 
dinheiro. Caso o pedido não fosse atendido, ele prometeu destruir o veículo. Dessa 
forma, o STJ decidiu que pode configurar o crime de extorsão a exigência de 
pagamento em troca da devolução do veículo furtado, sob a ameaça de 
destruição do bem. STJ. 5ª Turma. REsp 1207155-RS, Rel. Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 7/11/2013 (Info 531). 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
59 
 
STJ: O crime de extorsão consiste em "Constranger alguém, mediante violência ou 
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem 
econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa". A ameaça de 
causar um "mal espiritual" contra a vítima pode ser considerada como "grave 
ameaça" para fins de configuração do crime de extorsão? SIM. Configura o delito 
de extorsão (art. 158 do CP) a conduta do agente que submete vítima à grave 
ameaça espiritual que se revelou idônea a atemorizá-la e compeli-la a realizar o 
pagamento de vantagem econômica indevida. STJ. 6ª Turma. REsp 1.299.021-SP, 
Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/2/2017 (Info 598). Via Dizer o Direito. 
 
A vantagem deve ser econômica e indevida. Se a vantagem for devida, por exemplo, o pagamento de uma 
dívida já vencida, o crime pode ser de exercício arbitrário das próprias razões. A vantagem pode ser mediata, 
como exigir que o concorrente não exerça comércio em determinado bairro no ano seguinte, ou imediata, 
como o constrangimento para que a vítima transfira dinheiro imediatamente. 
 
h) Consumação: Trata-se de crime formal, de consumação antecipada ou resultado cortado 
 
 Para a doutrina, o crime se consuma no momento em que a vítima se sente constrangida a adotar o 
comportamento determinado pelo agente, ainda que ele não obtenha a vantagem econômica indevida. 
Assim, se o agente constrange a vítima e esta não adota o comportamento exigido, haverá tentativa de 
extorsão. 
 Tentativa: é cabível por tratar-se de crime plurissubsistente, ou seja, a conduta pode ser fracionada 
em dois ou mais atos. 
 
CESPE/CEBRASPE – 2021 – Delegado de Polícia Federal: No que concerne aos crimes previstos 
na parte especial do Código Penal, julgue o item subsequente. Em se tratando de crime de 
extorsão, não se admite tentativa. Item errado. 
 
 
Súmula 96-STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção 
da vantagem indevida. 
 
Não se consuma o crime de extorsão quando, apesar de ameaçada, a vítima não 
se submete à vontade do criminoso, ou seja, não assume o comportamento 
exigido pelo agente. Nesse caso, haverá tentativa de extorsão. STJ. 6ª Turma. REsp 
1094888-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 21/8/2012 (Info 502). 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
60 
 
LINK COM PROCESSO PENAL: 
1 – COMPETÊNCIA: 
Se o crime de extorsão se consuma com o comportamento passivo da vítima, a competência será firmada no 
local onde a vítima adotar o comportamento exigido. Ex.: Golpe do falso sequestro: indivíduo, preso em SP, 
liga para vítima no RJ e exige que esta efetue o pagamento para uma conta no PR. Caso a vítima efetivamente 
efetue esse pagamento, a competência será da justiça do RJ, local onde ela adotou a conduta exigida pelo 
agente. Não será a competência de onde saiu o constrangimento (SP) e nem de onde obteve a vantagem 
indevida (PR). 
 
2 – PRISÃO EM FLAGRANTE: 
Se o crime se consuma no momento em que a vítima adota o comportamento exigido pelo agente, o 
momento da obtenção da vantagem econômica – se em momento posterior – não vai admitir a prisão em 
flagrante. 
 
3.1. Causas de aumento de pena: 
 
Art. 158, CP. (...) § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com 
emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
 
 Ao contrário do que acontece no roubo, a jurisprudência ADMITE a aplicação das causas de 
aumento de pena à extorsão qualificada. 
 
O § 1º do art. 158 do CP prevê que se a extorsão é cometida por duas ou mais 
pessoas, ou com emprego de arma, a pena deverá ser aumentada de um terço até 
metade. Essa causa de aumento prevista no § 1º do art. 158 do CP pode ser aplicada 
tanto para a extorsão simples (caput do art. 158) como também parao caso de 
extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima (§ 3º). Assim, é possível 
que o agente seja condenado por extorsão pela restrição da liberdade da vítima (§ 
3º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena de 1/3 até 1/2 se o 
crime foi cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma (§ 1º). STJ. 
5ª Turma. REsp 1353693-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
13/9/2016 (Info 590). 
 
a) Cometido por duas ou mais pessoas 
● O verbo “cometer” exige que ambos tenham praticado o constrangimento, de modo que, para a 
doutrina, o mero partícipe não é computado para o concurso de pessoas. 
● Computa-se o inimputável e eventuais agentes não identificados. 
● A jurisprudência admite o concurso de crimes entre extorsão majorada pelo concurso de pessoas e 
corrupção de menores ou associação criminosa, por se tratarem de bens jurídicos distintos. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
61 
 
b) Mediante o uso de arma 
● Engloba arma de fogo e arma branca. 
● Lembrando que, quanto à arma de fogo, deve-se analisar a potencialidade lesiva. (Ex.: arma 
desmuniciada e arma de brinquedo). 
 
3.2 Extorsão qualificada pela lesão corporal grave ou morte 
 
Art. 158, CP. (...) § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto 
no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
 
Art. 157, CP. (...) § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de 
reclusão, de sete a dezoito anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 
vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
 
O crime de extorsão é qualificado: 
i. Pelo resultado lesão corporal grave ou 
ii. Pelo resultado morte. 
 
 Lembrando que os resultados qualificadores devem advir da violência (própria) empregada a 
extorsão! 
 
Obs.: Identidade total com o roubo qualificado: O §2º remete ao disposto no §3º do art. 157 – aplicam-se 
as mesmas considerações. 
 
3.3 Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima 
 
Art. 158, CP. (...) Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da 
vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a 
pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão 
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, 
respectivamente. 
 
Trata-se do conhecido “sequestro relâmpago”. É uma modalidade qualificada de extorsão, que 
admite outras qualificações (se resultar lesão grave ou morte). 
 
Requisitos para o sequestro relâmpago: 
✔ A vítima deve ter a sua liberdade de locomoção CERCEADA POR CERTO TEMPO, durante o qual fica 
submetida ao poder do agente. 
✔ A restrição da liberdade deve ser usada como FORMA DE COMPELIR A VÍTIMA A SATISFAZER A 
PRETENSÃO DO AGENTE, somente alcançável através do comportamento dela. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
62 
 
 
Ocorre que a subtração com privação da liberdade da vítima, não configura apenas este tipo penal, 
embora ele tenha sido criado com esse intuito. Temos três situações. 
 
i. Roubo majorado: o agente subtrai mediante privação de liberdade da vítima, sendo que a 
colaboração da vítima é dispensável; 
ii. Extorsão qualificada (art. 158, §3º): o agente constrange a vítima a entregar a vantagem econômica 
indevida, sendo esta colaboração indispensável para que atinja seu intuito. 
iii. Extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP): que vai se diferir dos anteriores porque aqui a 
privação da liberdade (sequestro ou cárcere privado) é o meio utilizado para fazer com que um 
TERCEIRO colabore e o agente obtenha a vantagem (pagamento de resgate). 
 
Vamos esquematizar as diferenças? 
ROUBO com restrição da liberdade 
(art. 157, §2º, V) 
EXTORSÃO com restrição da liberdade 
(art. 158 ,§3º) 
 
A restrição da liberdade é o meio executório para: 
 
a) facilitar a execução do delito o agente se vale da 
privação da liberdade da vítima para conquistar 
maior facilidade na subtração. Ex.: Prender a vítima 
em um cômodo da casa que rouba. 
 
b) garantir a impunidade: impedir que seu ato seja 
descoberto ou sua captura. Ex.: Sujeito leva consigo 
a vítima de um roubo de automóvel, abandonando-
a em uma estrada deserta, onde não possa avisar à 
polícia com rapidez. 
 
O comportamento da vítima é prescindível/ 
dispensável para o alcance do desiderato 
criminoso. Ex.: Sujeito obriga a pessoa a entregar a 
sua carteira. Neste caso, mesmo que a vítima não 
entregue, o agente pode tomá-la. 
 
A restrição da liberdade é o meio executório para: 
 
 Conseguir constranger a vítima, obrigando-a a 
realizar um comportamento que é imprescindível 
para a satisfação da pretensão do sujeito ativo. 
 
O comportamento da vítima é imprescindível/ 
indispensável para o alcance do desiderato 
criminoso. Ex.: Sujeito obriga a vítima a entregar sua 
senha do banco para subtrair dinheiro. Neste caso, 
caso o sujeito não dê a senha, o agente não poderá 
obter o dinheiro. 
 
EXTORSÃO QUALIFICADA COM RESTRIÇÃO DA 
LIBERDADE (ART. 158 ,§3º) 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO 
(ART. 159, CP) 
 A vantagem perseguida pelo agente deve ser 
prestada pelo próprio constrangido, por aquele que 
teve sua liberdade restringida. 
A vantagem perseguida pelo agente é prestada por 
3º, por pessoa diversa daquela que tem sua 
liberdade ambulatorial cerceada. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
63 
 
 
“O agente, dependendo da colaboração da vítima 
para alcançar a vantagem econômica visada, priva o 
ofendido de sua liberdade pelo tempo necessário até 
a concretização do seu locupletamento.” 
 
“O agente, privando a vítima de seu direito de 
ambulação, condiciona sua liberdade ao pagamento 
de resgate a ser efetivado por terceira pessoa”. 
 
 
Vale recordar, ainda, que a repressão desse delito, a lei n. 13.344/2016 incluiu os artigos 13-A e 13-B ao 
código de processo penal, possibilitando que o delegado de polícia ou membro do Ministério Público 
requisite dados e informações cadastrais das vítimas e suspeitos. É possível, ainda, a requisição, mas essa 
mediante autorização judicial, ás empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e ou telemáticas 
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados, como sinais, informações e outros – que 
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos em delito. 
 
EXTORSÃO QUALIFICADA COM RESTRIÇÃO DA 
LIBERDADE (ART. 158 ,§3º) 
CONCURSO DE CRIMES ENTRE EXTORSÃO 
SIMPLES E SEQUESTRO OU CÁRCERE PRIVADO 
A restrição da liberdade é meio para que o agente 
obtenha a vantagem econômica. 
Quando a privação da liberdade da vítima não servir 
para a prática da extorsão. 
 
Ex.: cerceamento da liberdade após a consumação 
da extorsão. 
 
ATENÇÃO! Hediondez após o advento do Pacote Anticrime! 
 
Art. 1º, III, Lei 8072/90 - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, 
ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º); 
 
ANTES DA LEI 13.964/2019 DEPOIS DA LEI 13.964/2019 
Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º). 
Ou seja: 
i. Extorsão simples com resultado morte 
(art. 158, §2º) é crime hediondo. 
ii. Qualquer extorsão que resulte lesão 
corporal não é hediondo. 
 
i. Extorsão qualificada pela restrição da liberdade 
da vítima; 
ii. Extorsão qualificada pela restrição da liberdade 
da vítima com ocorrência de lesão corporal; 
iii. Extorsão qualificada pela restrição da liberdade 
da vítima com morte. 
 
ATENÇÃO: Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o) pela taxatividade da lei de crimes hediondos 
deixou de fazer parte do rol, logo, não é mais hediondo! 
 
São crimes hediondos: 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
64 
 
a) A extorsão com privação da liberdade, pura e simplesmente, já é hedionda: 
A norma não menciona que a extorsão mediante privação COM resultado lesão corporal ou morte é 
crime hediondo: aoinvés da palavra “com”, usa vírgula para separar os termos. Isso significa que a extorsão 
com privação da liberdade, pura e simplesmente, já é hedionda. 
 
b) Extorsão com privação da liberdade + lesão corporal grave 
O termo “lesão corporal” refere-se à lesão grave (adjetivo omitido pelo legislador), uma vez que 
eventuais lesões leves oriundas da extorsão violenta são absorvidas pelo crime patrimonial. 
 
c) Extorsão com privação da liberdade + morte 
E, caso ocorram os resultados lesão corporal e morte, também serão crimes hediondos. Não por 
outro motivo, à identificação do crime se segue uma referência genérica ao artigo 158, § 3º, onde 
encontramos todas essas hipóteses normativas. 
 
Obs.: Crítica da doutrina: A extorsão com restrição da liberdade da vítima sem resultados especialmente 
agravadores (ou seja, sem que produza morte ou lesão corporal grave) tem pena de 6 a 12 anos de reclusão 
(§ 3º) e é considerado hediondo. Ao passo que a extorsão qualificada pelo resultado (art. 158, § 2º) morte 
(pena de 20 a 30 anos) ou lesão grave (pena de 7 a 18 anos) não é considerada crime hediondo. Há, portanto, 
uma evidente violação ao princípio da proporcionalidade. 
 
EXTORSÃO 
SIMPLES 
EXTORSÃO 
MAJORADA 
EXTORSÃO 
QUALIFICADA 
SEQUESTRO 
RELÂMPAGO 
SEQUESTRO 
RELÂMPAGO 
QUALIFICADO 
4 a 10 anos de 
reclusão e multa 
Aumenta de 1/3 a 
1/2 
⦁ Uso de arma 
⦁ concurso de 
pessoas 
Resultado LC 
grave: 7 a 18 anos e 
multa 
 
Resultado morte: 
20 a 30 anos e 
multa 
Sequestro mediante a 
restrição de liberdade 
da vítima. 
 
6 a 12 anos e multa 
Resultado LC grave: 
16 a 24 anos (sem 
multa) 
 
Resultado morte: 24 
a 30 anos (sem 
multa) 
 
4. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ART. 159) 
 
Art. 159, CP. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, 
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 
25.7.90 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
§ 1º - Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é 
menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido 
por bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
65 
 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à 
autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um 
a dois terços. 
 
a) Conceito: Trata-se de forma qualificada da extorsão, em que o meio executório – o cerceamento da 
liberdade de locomoção da vítima como forma de haver o recebimento de uma quantia por seu resgate – 
empresta maior reprovabilidade à sua conduta. 
b) Bem jurídico tutelado (crime pluriofensivo): 
✔ Patrimônio alheio 
✔ Liberdade individual (sequestro) 
✔ Integridade corporal e saúde 
✔ Vida 
 
c) Objeto material: 
● Patrimônio lesado pela conduta 
● A pessoa que sofre ataque à sua liberdade individual ao ser sequestrada (Pode ser pessoa diversa 
daquela que tem seu patrimônio violado). 
 
 Sequestro de animal com o fim de obter de alguém vantagem indevida como resgate configura 
extorsão mediante sequestro? 
R: NÃO! O crime é apenas o de extorsão do art. 158, caput, do CP. A vítima do 158 é “alguém”, pessoa. 
Do 159 fala expressamente em pessoa. Assim, animal não pode ser vítima de sequestro. 
 
d) Sujeitos do delito: 
● Sujeito ativo – crime comum 
● Sujeito passivo – crime comum 
 
Obs.: Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo – quando o prejuízo patrimonial recai na pessoa jurídica. 
 
e) Conduta: núcleo verbal é SEQUESTRAR 
● Crime de forma livre: qualquer forma de execução para alcançar o cerceamento da liberdade é 
admitida 
● Para a capitulação é irrelevante se há ou não deslocamento espacial da vítima (arrebatamento ou 
retenção). 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
66 
 
Cuidado com a qualificadora do §1º: + de 24h – importa o tempo de privação de liberdade, não o tempo em 
que o resgate foi pago; menor de 18 anos – quando iniciada a conduta; maior de 60 anos – quando cessada 
a conduta. 
 
f) Tipicidade subjetiva: Dolo + Elemento subjetivo especial 
● Dolo - vontade livre e consciente de privar alguém de sua liberdade individual 
● Elemento subjetivo especial - “com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, 
como condição ou preço do resgate”. 
 
 É o especial fim de agir que diferencia o crime de extorsão mediante sequestro e o crime de sequestro 
ou cárcere privado, que não tem outra finalidade especial a não ser o cerceamento do direito ambular da 
vítima. 
 
g) Consumação e tentativa: 
● CRIME PERMANENTE - Sua consumação se inicia quando ocorre a privação da liberdade da vítima, 
perdurando durante todo o tempo de cerceamento. 
● CRIME FORMAL - não se exige que o agente alcance a vantagem pretendida, basta agir com tal 
intenção. 
● CRIME PLURISSUBSISTENTE – admite tentativa. Enquanto não houver submissão da vítima ao poder 
do agente, será apenas tentativa. 
 
CESPE/CEBRASPE – 2004 – Delegado de Polícia Federal: Rômulo sequestrou Lúcio, exigindo de 
sua família o pagamento de R$ 100.000,00 como resgate. Nessa situação, o crime de extorsão 
mediante sequestro praticado por Rômulo é considerado crime habitual. Item errado. 
 
Comentários: O crime de extorsão mediante sequestro é crime permanente, e não habitual. Permanente é 
o delito cuja consumação se prolonga no tempo e, no caso da extorsão mediante sequestro, enquanto durar 
a privação de liberdade, estará ocorrendo a consumação delituosa, permitindo a prisão em flagrante do 
agente. Já o delito habitual é aquele que exige reiteração de ações necessárias para constituir um único 
delito. 
 
4.1 Extorsão mediante sequestro qualificada 
 
Art. 159, CP. (...) § 1º Se o sequestro dura mais de 24 horas, se o sequestrado é 
menor de 18 ou maior de 60 anos, ou se o crime é cometido por bando ou 
quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 
25.7.1990) 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
DIREITO PENAL 
 
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§ 3º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, 
de 25.7.1990) 
 
a) Se o sequestro dura MAIS de 24 horas 
 
b) Se o sequestrado é MENOR de 18 anos ou MAIOR de 60 anos 
⋅ Extorsão mediante sequestro é crime permanente, assim, caso a pessoa aniversarie durante 
o cativeiro, vindo a completar os sessenta anos exigidos na lei, o crime será qualificado. 
 
c) Crime for cometido por bando ou quadrilha 
⋅ Lê-se: se for cometido por associação criminosa (art. 288, CP). 
⋅ Lembrando que há uma associação criminosa (quadrilha ou bando) quando três ou mais 
pessoas se reúnem voluntária e conscientemente, de forma estável e permanente, para o 
fim de cometer uma série de crimes (no caso, extorsões mediante sequestro). 
⋅ Obs.: É possível haver concurso de crimes entre extorsão mediante sequestro qualificada 
com associação criminosa. Essa é a opinião majoritariamente difundida, inclusive no STF: 
 
“A condenação pelos crimes de sequestro qualificado (art. 159, § 1º, do CP) em 
concurso material com o de quadrilha (art. 288, com redação anterior à Lei nº 
12.850/2013) não configura bis in idem. Da diversidade entre os bens jurídicostutelados pelas normas penais decorre a autonomia dos delitos e das 
circunstâncias que os qualificam, sem que se possa cogitar de qualquer relação 
de dependência ou de subordinação entre eles”. 
 
d) Se resulta lesão corporal de natureza grave: Causas da lesão corporal grave: 
● Maus tratos impostos pelo criminoso; 
● Pela natureza da atividade criminosa; 
● Pelo modo de execução. 
 
e) Se resulta morte 
Obs.: Para a doutrina majoritária, tanto na extorsão mediante sequestro qualificada pela lesão corporal 
grave como qualificada pela morte, é imprescindível que: 
● Que o resultado qualificador se produza em face da pessoa sequestrada. 
● Que o resultado lesivo ocorra no contexto do crime patrimonial. 
 
Obs.: Previsão específica de delação premiada no §4º. Todos os requisitos lá listados são cumulativos. 
 
Art. 159, CP. (...) § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o 
denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena 
reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996) 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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4.2 Hediondez do crime de extorsão mediante sequestro: 
 
São crimes hediondos: Art. 1º, IV da Lei 8072/90: 
● Crime de extorsão mediante sequestro simples 
● Crime de extorsão mediante sequestro qualificado. 
 
5. EXTORSÃO INDIRETA (ART. 160) 
 
Extorsão indireta 
Art. 160, CP. EXIGIR ou RECEBER, como GARANTIA de DÍVIDA, abusando da 
situação de alguém, DOCUMENTO QUE PODE DAR CAUSA A PROCEDIMENTO 
CRIMINAL contra a vítima ou contra terceiro: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
 Leitura do Código Penal. 
 
Obs.: Caso após depois a obtenção do documento, o agente efetivamente dá início ao procedimento criminal 
do qual sabe ser a vítima inocente, haverá concurso material entre o crime de extorsão indireta com o de 
denunciação caluniosa. 
 
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte assertiva: Agente que impõe à vítima, como garantia 
de dívida, a exigência ou o recebimento de documento que pode dar causa a procedimento criminal contra 
esta ou terceiro, responde pelo delito de extorsão indireta. 
 
6. USURPAÇÃO (ARTS. 161 e 162) 
 
 Leitura do Código Penal. 
 
DA USURPAÇÃO 
 
Alteração de limites 
Art. 161, CP. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal 
indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel 
alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: 
 
Usurpação de águas 
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias; 
 
DIREITO PENAL 
 
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Esbulho possessório 
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais 
de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. 
 
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada. 
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se 
procede mediante queixa. 
 
Supressão ou alteração de marca em animais 
Art. 162, CP. Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, 
marca ou sinal indicativo de propriedade: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
7. DANO (ART. 163) 
 
Dano 
Art. 163, CP. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. (Infração de Menor Potencial 
Ofensivo) 
 
Dano qualificado 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constituir 
crime mais grave 
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou 
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou 
empresa concessionária de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 
2017) 
 
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: 
 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente 
à violência. (Infração de Médio Potencial Ofensivo) 
 
a) Bem jurídico tutelado: patrimônio (propriedade e posse). 
 
b) Objeto material do delito: é a coisa alheia móvel ou imóvel. 
 A coisa há que ter um dono, não ocorrendo o delito caso se trate de “res nullius” ou de coisa 
abandonada (“res derelicta”). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13531.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13531.htm#art2
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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 Não há crime de dano se o indivíduo danifica coisa própria em poder de terceiro, pois ausente a 
elementar “coisa alheia móvel”. Pode, a depender do caso concreto, incorrer no crime do art. 346, CP. 
 
c) Princípio da Insignificância: Não há delito em caso de coisa com valor ínfimo, aplicando-se o princípio da 
insignificância. 
 
Assim decidiu o STJ, ao debater caso de detento que, tentando uma fuga, causou 
pequeno dano a obstáculo que buscava transpassar: “[…] O injusto penal, como 
fato típico e ilícito, exige a congruência do desvalor da ação e do desvalor do 
resultado. O desvalor do resultado consiste na lesão ou no perigo de lesão ao bem 
jurídico protegido. Inexistindo o desvalor do resultado, porque ausente ou ínfima a 
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido, o que se evidencia no dano ao 
Estado avaliado em R$ 10,00 (dez reais), não há injusto penal, não há tipicidade. 
Aplicação do princípio da insignificância. […]”. 
 
Não é cabível a aplicação do princípio da insignificância ao dano qualificado. 
 
Jurisprudência em teses (Edição nº 87): 
5 - Não é possível a aplicação do princípio da insignificância nas hipóteses de dano 
qualificado, quando o prejuízo ao patrimônio público atingir outros bens de 
relevância social e tornar evidente o elevado grau de periculosidade social da ação 
e de reprovabilidade da conduta do agente. 
 
d) Sujeitos do delito: 
● Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), EXCETO o proprietário da coisa. 
● Sujeito passivo: proprietário e o possuidor da coisa. 
 
e) Tipicidade subjetiva: DOLO 
Não há dano culposo. 
 
f) Tipicidade objetiva: Há três verbos figurando no núcleo do tipo: 
✔ Destruir - aniquilar, eliminar. 
✔ Inutilizar - é tornar inservível, sem uso, sem aplicação para a sua finalidade. 
✔ Deteriorar - significa estragar, arruinar, ou seja, mesmo sem a destruição da coisa ela perde parte 
de seu valor econômico ou sua utilidade, sendo algo mais leve que a inutilização. 
 
● Tipo penal misto alternativo - a prática de mais de um desses verbos no mesmo contexto fático não 
importa pluralidade de delitos, mas crime único. 
● Crime de forma livre – não há meios executórios específicos. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
71 
 
● Somente pode praticar o crime de dano através de uma CONDUTA COMISSIVA ou OMISSIVA 
IMPRÓPRIA. 
 
7.1 Dano Qualificado 
 
Dano qualificado 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui 
crime mais grave; 
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou 
de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou 
empresa concessionária de serviços públicos; (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 
2017) 
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente 
à violência. 
 
Inciso I: com violência à pessoa ou grave ameaça; 
 
A violência pode ser: Violência material (“vis corporalis”) ou Violência moral (“vis compulsiva”). 
A violência, material ou moral, não é a finalidade direta do agente, mas uma forma de se alcançar 
acessoà coisa que se pretende danificar. Por isso, a violência deve ser empregada ANTES do dano. 
 
Inciso II: COM emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave; 
 
O inciso II tipifica o dano praticado mediante o emprego de substância inflamável ou explosiva, se o 
fato não constitui crime mais grave. 
A ressalva do dispositivo se refere aos crimes de perigo comum previstos nos artigos 250 e 251 do 
CP, punidos de forma mais severa por exporem a um risco concreto de lesão à incolumidade pública. Nessa 
hipótese, o dano qualificado é absorvido sempre que a conduta gerar perigo comum. 
 
● Inciso III: Contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, 
fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de 
serviços públicos; 
 
O DF só foi incluído no inciso III do parágrafo único do artigo em 2017. 
 
Não se enquadra como dano qualificado a lesão a bens das entidades não previstas 
expressamente no rol do art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal, em 
sua redação originária - anterior à alteração legislativa promovida pela Lei n. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13531.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13531.htm#art2
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
72 
 
13.531/2017 -, em razão da vedação da analogia in malam partem no sistema penal 
brasileiro. Por sua vez, a Quinta Turma, no acordão paradigma, decidiu que "o inciso 
III do parágrafo único do art. 163 do Código Penal, ao qualificar o crime de dano, 
não faz menção aos bens do Distrito Federal. Dessa forma, o entendimento desta 
Corte perfilha no sentido de que ausente expressa disposição legal nesse sentido, é 
vedada a interpretação analógica in malam partem, devendo os prejuízos causados 
ao patrimônio público distrital configurarem apenas crime de dano simples, previsto 
no caput do referido artigo". (Info 768 STJ) 
 
Nesse conceito estão integrados os bens públicos de uso comum ou especial (pois podem se 
transformar em bens patrimoniais, bastando a iniciativa do poder estatal) 
Não há menção ao chamado “terceiro setor” (os integrantes do “Sistema S”, como SENAI, SESC e 
outros, as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, as Organizações Sociais – OS, etc.). 
 Cuidado! Segundo o STF e a doutrina, comete o crime de dano qualificado o preso que, para evadir-
se, danifica o estabelecimento prisional (basta o dolo genérico). Para o STJ, por sua vez, o mero dano para 
fugir não configura crime de dano qualificado, tendo em vista que esse crime exige dolo específico 
consistente na intenção de prejudicar o poder público (no caso julgado, a municipalidade). 
 
Jurisprudência em teses (Edição nº 87): 
O delito de dano ao patrimônio público, quando praticado por preso para facilitar 
a fuga do estabelecimento prisional, demanda a demonstração do dolo específico 
de causar prejuízo ao bem público (animus nocendi), sem o qual a conduta é 
atípica. 
Jurisprudência em teses (Edição nº 220): 
Não é possível aplicar o princípio da insignificância ao crime de dano qualificado ao 
patrimônio público, diante da lesão a bem jurídico de relevante valor social, que 
afeta toda a coletividade. 
 
Se um indivíduo que tinha uma fazenda em uma terra indígena, ao receber ordem 
para desocupar o local, destrói as acessões (construções e plantações) que havia 
feito no local, ele pratica, em tese, o delito de dano qualificado (art. 163, parágrafo 
único, III, do CP). Isso porque essas terras pertencem à União (art. 20, XI, da CF/88), 
de forma que, consequentemente, as acessões também são patrimônio público 
federal. STF. 2ª Turma. Inq 3670/RR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
23/9/2014 (Info 760). 
 
● Inciso IV: Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima. 
 
A última qualificadora refere-se ao motivo egoístico para o cometimento do delito ou ao 
considerável prejuízo causado à vítima. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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● Motivo egoístico - é aquele baseado na satisfação de um interesse futuro, econômico ou moral, 
desde que exacerbado. 
● Prejuízo considerável - não deve ser avaliado pelo valor da coisa danificada, mas pelas 
consequências econômicas que o ato acarreta ao sujeito passivo. 
 
7.2 Ação Penal 
 
Art. 167, CP. Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, 
somente se procede mediante queixa. 
 
● Art. 163, caput: infração de menor potencial ofensivo. 
● Art. 163, parágrafo único: infração de médio potencial ofensivo. 
 
● Ação penal privada - dano simples (caput) e dano qualificado por motivo egoístico ou considerável 
prejuízo. 
● Ação penal pública incondicionada - nas demais hipóteses. 
 
ARTS. 164 AO 166, CP: LEITURA DO CÓDIGO PENAL! 
 
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia 
Art. 164, CP. Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem 
consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
 
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico 
Art. 165, CP. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade 
competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
Obs.: A doutrina defende que o art. 165 foi revogado tacitamente pela Lei de Crimes Ambientais. 
 
Alteração de local especialmente protegido 
Art. 166, CP. Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local 
especialmente protegido por lei: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
8. APROPRIAÇÃO INDÉBITA (ART. 168, CP) 
 
Art. 168, CP. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
74 
 
 
 Aumento de pena 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: 
 I - em depósito necessário; 
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, 
testamenteiro ou depositário judicial; 
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. 
 
a) Conceito: 
Como já falamos um pouco antes, na explicação do furto, trata-se da conduta de apropriar-se de 
coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção. 
∘ Então, aqui, o agente recebe da própria vítima a posse desvigiada do bem e não a restitui. 
∘ Não abrange coisa imóvel. 
 
b) Objeto jurídico e objeto material (mesmas considerações sobre o furto): 
Objeto material: coisa alheia móvel, podendo ser coisa fungível. 
 
c) Sujeitos do delito: 
● Sujeito ativo - Crime comum 
∘ Possuidor ou detentor (locatário, caixeiro-viajante, simples possuidor da coisa etc.) que 
tenha a coisa de forma legítima. 
∘ Deve haver a POSSE LÍCITA e DESVIGIADA. 
∘ O proprietário não pode figurar no polo ativo, pois a coisa deve ser alheia. 
∘ Se o sujeito ativo for funcionário público no exercício de suas funções ou em razão delas, o 
delito será de peculato. 
 
● Sujeito passivo - proprietário 
 
d) Elemento subjetivo: A apropriação indébita só existe na forma dolosa. 
Dolo - Vontade livre e consciente de fazer sua a coisa alheia móvel de que o sujeito ativo tem posse 
ou detenção. 
 
ATENÇÃO: O dolo de ficar com a coisa surge depois da entrega, de modo que, se restar demonstrado 
qualquer dolo “ab initio”, restará desconfigurada a apropriação indébita, podendo o agente incorrer em 
crime de furto ou estelionato. 
 
e) Requisitos 
● Entrega voluntária do bem pela vítima; 
● Posse ou detenção desvigiada; 
● Boa-fé do agente ao tempo do recebimento do bem; 
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
75 
 
● Modificação posterior no comportamento do agente: essa alteração pode se verificar de duas 
formas: (i) práticade algum ato de disposição; ou (ii) recusa na restituição. 
 
f) Consumação e tentativa 
Consuma-se no momento em que o agente inverte o título da posse ou da detenção, passando a 
exercer sobre a coisa atos de domínio. 
É difícil precisar, pois depende de uma atividade subjetiva. 
Para a doutrina majoritária, é possível a tentativa 
 
g) Extinção da Punibilidade: 
Houve uma evolução jurisprudencial acerca da possibilidade de extinção da punibilidade caso 
restituída a coisa. 
Em um primeiro momento, o STJ aceitava a extinção da punibilidade do crime de apropriação 
indébita, caso houvesse a restituição da coisa apropriada antes do recebimento da denúncia. O STJ fazia um 
paralelo com a jurisprudência já consolidada do STF referente à fraude no pagamento por meio de cheque, 
constante na súmula 554, “a contrário sensu”. (Inf. 409, STJ). 
No entanto, houve uma evolução jurisprudencial, de modo que, atualmente, a jurisprudência não 
mais aceita a extinção da punibilidade pelo delito de apropriação indébita. Portanto, caso restituída a coisa 
apropriada, poderá incidir o privilégio previsto no art. 155, §2º (nos termos do art. 170 do CP) ou 
arrependimento posterior (art. 16). 
 
“Assim, no delito de apropriação indébita, a devolução da quantia apropriada antes 
do recebimento da denúncia não enseja a extinção da punibilidade (HC n. 
200.939/RS, Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 9/10/2012 e REsp n. 
843.713/RS) sendo apenas causa de redução de pena, nos termos do art. 16 do CP, 
razão pela qual deve ser retomado o curso da ação penal.” STJ, AGRAVO EM 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.156.218 – GO. 
 
h) Causas de aumento de pena: 
 
Tornam o delito de elevado potencial ofensivo; 
 
Aumento de pena 
§ 1º - A pena é aumentada de 1/3, quando o agente recebeu a coisa: 
 I - em depósito necessário; 
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, 
testamenteiro ou depositário judicial; 
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. 
 
⋅ Tutor - administra os bens e cuida de pessoa menor de dezoito anos. 
⋅ Curador - cuida do maior de idade incapaz, também administrando seus bens. 
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⋅ Liquidatário - pessoa que tem o poder para promover a liquidação. 
⋅ Inventariante - encarregado de administrar o espólio. 
⋅ Testamenteiro - pessoa responsável por dar efetivo cumprimento às disposições do testamento. 
⋅ Depositário judicial - pessoa responsável pela salvaguarda de objetos apreendidos em ações judiciais. 
⋅ Síndico - o “síndico” que trata o artigo é síndico da massa falida (que hoje é chamado de 
administrador judicial), e não o síndico de condomínio. 
 
Atenção! 
O sócio-administrador, nomeado depositário judicial, que deixa de depositar, em Juízo, parte do 
faturamento da sociedade empresária, comete o crime de apropriação indébita? 
Para a 6ª Turma do STJ: SIM. 
 O fiel depositário de penhora judicial sobre o faturamento está sujeito às penas previstas no art. 
168, § 1º, II, do Código Penal. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.871.947/PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
julgado em 26/4/2022. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.853.281/PR, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 
julgado em 13/3/2023. 
 
 Para a 2ª Turma do STF: NÃO. 
O sócio-administrador, nomeado depositário judicial, que deixa de depositar, em Juízo, parte do 
faturamento da sociedade empresária, não comete o crime de apropriação indébita, porquanto falta a 
elementar do tipo “alheia”. Caso equiparado à prisão do depositário infiel. Violação à Súmula Vinculante 25. 
 O ordenamento jurídico prevê outros meios processual-executórios postos à disposição do credor-fiduciário 
para a garantia do crédito, de forma que a prisão civil, como medida extrema de coerção do devedor 
inadimplente, não passa no exame da proporcionalidade como proibição de excesso, em sua tríplice 
configuração: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. STF. 2ª Turma. HC 203217, 
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/10/2021. STF. 2ª Turma. HC 215.102/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, 
redator do acórdão Min. Nunes Marques, julgado em 17/10/2023 (Info 1113). 
 
Obs.: Apropriação indébita x furto/estelionato 
● No furto e no estelionato - o apossamento da coisa é revestido de ilegalidade, seja em virtude da 
subtração, seja em virtude da fraude. 
∘ No furto qualificado pelo abuso de confiança, a posse é vigiada, ao passo que, na apropriação 
indébita, a posse é desvigiada. 
 
● Na apropriação - o apossamento é legítimo, livre de qualquer vício. A conduta criminosa ocorre 
depois do apossamento. 
 
8.1 Apropriação Indébita Previdenciária (Art. 168-A) 
 
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ATENÇÃO! Grande probabilidade de ser cobrado no concurso para Delegado Federal. O crime 
de apropriação indébita previdenciária é de competência da Justiça Federal, portanto, a 
investigação é conduzida, em regra, pela Polícia Federal. Importante saber diferenciar este delito 
da sonegação previdenciária, memorizar quais são as causas extintivas da punibilidade e quando 
ocorrem, bem como estar atendo à jurisprudência dos Tribunais Superiores, principalmente no que tange à 
natureza jurídica (a posição da jurisprudência é de que se trata de crime material) e impossibilidade de 
aplicação do princípio da insignificância. 
 
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Art. 168-A, CP. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas 
dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à 
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, 
a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado 
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de 
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já 
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e 
efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as 
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, 
antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o 
agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o 
pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior 
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o 
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se aplica aos casos de 
parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art168a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art168a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art168a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art1
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o 
ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018) 
 
a) Classificação 
∘ Crime comum 
∘ Crime doloso 
∘ Crime de forma livre 
∘ Crime unissubjetivo 
∘ Crime unissubisistente 
∘ Crime instantâneo 
 
b) Conceito e bem jurídico: 
 Apesar de inserido no título referente aos crimes contra o patrimônio, o crime de apropriação 
indébita previdenciária tutela a Seguridade Social, mais precisamente o sistema previdenciário. Isso porque 
o crime consiste em deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no 
prazo e forma legal ou convencional. Temos, portanto, o seguinte panorama: 
∘ Bem jurídico imediato - seguridade social – definido constitucionalmente no art. 194, CF/88 
∘ Bem jurídico mediato - ordem tributária, pois contribuição previdenciária é espécie de tributo e 
ordem econômica, em razão da preservação da livre iniciativa em face das empresas que cumprem 
regularmente suas obrigações tributárias e são prejudicadas perante aquelas que não honram sua 
obrigação junto ao Fisco. 
 
c) Objeto material do crime - É a contribuição previdenciária arrecadada e não recolhida. 
 
d) Sujeitos do delito: 
● Sujeito passivo – é a União Federal que, por meio da Receita Federal do Brasil, arrecada e fiscaliza 
as contribuições previdenciárias. 
● Sujeito ativo: crime comum (para a doutrina majoritária) 
 
Considerações importantes sobre o sujeito ativo: 
✔ Admite coautoria e participação. 
✔ Pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo do crime por ausência de previsão constitucional. 
✔ Empregador doméstico e administrador judicial de massa falida podem ser sujeito ativo. 
 
e) Conduta: 
 O tipo objetivo tipifica como crime a conduta de deixar de repassar, à previdência social, os valores 
recolhidos dos contribuintes no prazo e forma legal (no caso de previdência oficial), ou no prazo e forma 
convencional (em se tratando de previdência privada). 
 Deixar de repassar significa não recolher, ou seja, reter, de forma indevida, a quantia descontada ou 
cobrada do contribuinte. Ressalta-se que não basta deixar de repassar à previdência social as contribuições 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13606.htm#art17
DIREITO PENAL 
 
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recolhidas dos contribuintes, é indispensável que o não repasse seja feito “no prazo e forma legal ou 
convencional”, de modo que, sem esse elemento específico, não haverá crime. 
 Considerações sobre o crime: 
✔ Crime omissivo próprio, portanto, não admite tentativa. 
✔ Norma penal em branco homogênea (deve ser complementada pela legislação previdenciária). 
✔ §1º- Figuras equiparadas também omissivas. 
 
Juris em teses STJ ed. 220: O princípio da insignificância não se aplica aos crimes 
de apropriação indébita previdenciária e de sonegação de contribuição 
previdenciária, pois esses tipos penais protegem a própria subsistência da 
Previdência Social. 
 
Juris em teses STJ – ed. 87: O delito de apropriação indébita previdenciária 
constitui crime omissivo próprio, que se perfaz com a mera omissão de 
recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e das formas legais, 
prescindindo, portanto, do dolo específico. 
A apropriação indébita previdenciária é crime instantâneo e unissubsistente, sendo 
a mera omissão de recolhimento da contribuição previdenciária dentro do prazo e 
das formas legais suficiente para a caracterização da continuidade delitiva. 
 
f) Elemento subjetivo: Dolo 
 Ao contrário da apropriação indébita comum – cuja conduta típica é “apropriar-se”, a apropriação 
indébita previdenciária não pressupõe finalidade especial, pois consiste apenas em “deixar de repassar”. É 
prescindível o “animus rem sibi habendi”. 
 
STF - “A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que 
para a configuração do delito de apropriação indébita previdenciária não é 
necessário um fim específico, ou seja, o animus rem sibi habendi, bastando para 
nesta incidir a vontade livre e consciente de não recolher as importâncias 
descontadas dos salários dos empregados da empresa pela qual responde o 
agente”. 
 
STJ - “Em crimes de sonegação fiscal e de apropriação indébita de contribuição 
previdenciária, este Superior Tribunal de Justiça pacificou a orientação no sentido 
de que sua comprovação prescinde de dolo específico sendo suficiente, para a sua 
caracterização, a presença do dolo genérico consistente na omissão voluntária do 
recolhimento, no prazo legal, dos valores devidos”. 
 
g) Insignificância 
 Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes de sonegação de contribuição previdenciária e 
apropriação indébita previdenciária, tendo em vista a elevada reprovabilidade dessas condutas, que atentam 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
80 
 
contra bem jurídico de caráter supraindividual e contribuem para agravar o quadro deficitário da Previdência 
Social (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1783334/PB, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/11/2019). 
 
h) Consumação: Existe divergência sobre a classificação do crime quanto ao momento consumativo: 
 
∘ 1ª Corrente - Doutrina majoritária: crime formal, de resultado cortado, de consumação antecipada. 
Consuma-se com a conduta negativa de “deixar de repassar”, não sendo necessário que o agente 
que deixa de recolher enriqueça ilicitamente e nem que haja o efetivo prejuízo ao erário. 
∘ 2ª Corrente – Tribunais Superiores: crime material, dependendo da lesão aos cofres da União. É claro 
que a previdência social suporta prejuízo imediato no momento em que alguém deixa de repassar as 
contribuições já recolhidas dos contribuintes. 
 
O crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 168-A, § 1º, I, do 
Código Penal, possui natureza de delito material, que só se consuma com a 
constituição definitiva, na via administrativa, do crédito tributário, consoante o 
disposto na Súmula Vinculante n. 24 do Supremo Tribunal Federal. STJ. 3ª Seção. 
REsp 1.982.304-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/10/2023 (Recurso 
Repetitivo – Tema 1166) (Info 792) 
 
Inclusive, conforme entendimento do STJ, a prescrição da pretensão punitiva do crime de 
apropriação indébita previdenciária permanece suspensa enquanto a exigibilidade do crédito tributário 
estiver suspensa em razão de decisão de antecipação dos efeitos da tutela no juízo cível. 
 
A prescrição da pretensão punitiva do crime de apropriação indébita previdenciária 
(art. 168-A do CP) permanece suspensa enquanto a exigibilidade do crédito 
tributário estiver suspensa em razão de decisão de antecipação dos efeitos da 
tutela no juízo cível. Isso porque a decisão cível acerca da exigibilidade do crédito 
tributário repercute diretamente no reconhecimento da própria existência do tipo 
penal, visto ser o crime de apropriação indébita previdenciária um delito de 
natureza material, que pressupõe, para sua consumação, a realização do 
lançamento tributário definitivo. STJ. 5ª Turma. RHC 51596-SP, Rel. Min. Felix 
Fischer, julgado em 3/2/2015 (Info 556). 
 
ATENÇÃO!!! Os delitos de apropriação indébita previdenciária e desonegação de contribuição 
previdenciária, previstos respectivamente, nos arts. 168-A e 337-A do CP, embora sejam do mesmo gênero, 
são de espécies diversas; obstando a benesse da continuidade delitiva. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 
1868826/CE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/02/2021 
 
i) Formas equiparadas (§1º) 
 O § 1º do art. 168-A do CP traz três figuras equiparadas ao crime de apropriação indébita 
previdenciária. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
81 
 
 
Art. 168-A, CP. (...) § 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: [conduta 
omissiva] 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à 
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, 
a terceiros ou arrecadada do público; 
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado 
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de 
serviços; 
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já 
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
 
● Inciso I – Nas palavras do professor Cleber Masson: “Este tipo penal visa incriminar a conduta do 
denominado “substituto tributário” ou “contribuinte de direito”, que recebe por lei a atribuição de 
arrecadar e recolher o tributo devido pelo contribuinte de fato. Ressalta-se que o objeto material 
também é diverso. Enquanto o caput limita-se às contribuições sociais, o inciso I criminaliza o não 
repasse de “outras importâncias destinadas à previdência social”. 
● Inciso II - A grande diferença, nesse caso, é que não há ausência de repasse de importâncias 
descontadas do pagamento de terceiros, mas sim daquelas contabilizadas como embutidas nos 
custos de produtos ou serviços. Portanto, se no preço final do produto ou serviço há valor embutido 
a título de contribuição devida, mas não repassada à previdência social, restará caracterizado o 
presente delito. 
● Inciso III - A conduta consiste no fato de o agente deixar de pagar ao segurado o benefício (Ex.: 
salário família), embora já tenha recebido recursos para tanto da Previdência Social. 
 
j) Causa extintiva da punibilidade (§2º). 
 
Art. 168-A, CP. (...) § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, 
declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores 
e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou 
regulamento, antes do início da ação fiscal. 
 
CESPE/CEBRASPE – 2018 – Delegado de Polícia Federal: Pedro é o responsável pelo 
adimplemento das contribuições previdenciárias de uma empresa de médio porte. Nos meses 
de janeiro a junho de 2018, a empresa entregou a Pedro o numerário correspondente ao valor 
das contribuições previdenciárias de seus empregados, mas Pedro, com dolo, deixou de repassá-
lo à previdência social. Pedro é primário e de bons antecedentes. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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1) Nessa situação hipotética, a punibilidade de Pedro será extinta se, antes do início da ação fiscal, ele 
declarar, confessar e efetuar o recolhimento das prestações previdenciárias, espontaneamente e na forma 
do regulamento do INSS. Item correto. 
 
2) Pedro praticou o crime de sonegação de contribuição previdenciária. Item errado. 
 
Comentários: A conduta narrada configura o crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no tipo 
penal do artigo 168 -A do Código Penal. O crime se configura com a falta do repasse as contribuições 
previdenciárias de seus empregados, já recolhidas do empregado, que é o verdadeiro contribuinte. A 
empresa faz as vezes, no caso, de responsável tributário, que tem a atribuição legal de efetivar o repasse do 
tributo para Fisco ou para a Previdência Social. 
 
 É importante ressaltar que, embora o artigo fale em “antes do início da ação fiscal, existem julgados 
dizendo que o pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o trânsito em 
julgado da condenação, é causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei 
nº 10.684/2003. Portanto, tenha cuidado se o enunciado vai pedir a letra da lei ou o entendimento dos 
Tribunais Superiores! 
· STJ. 5ª Turma. HC 362478-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/9/2017. 
· STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016. 
 
O pagamento integral do débito previdenciário, ainda que no curso da execução 
penal, é causa de extinção da punibilidade (STF, 2ª Turma, RHC 128245, j. 
23/08/16). 
 
k) Perdão judicial e aplicação isolada da pena de multa 
 
Art. 168-A, CP. (...) § 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar 
somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: 
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, 
o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou 
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior 
àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o 
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
 
 Exige-se como requisitos cumulativos para a aplicação isolada de multa ou para a concessão do 
perdão judicial (hipótese em que será extinta a punibilidade do agente), que: 
i. O agente seja primário; 
ii. O agente possua bons antecedentes. 
 
 Em relação ao inciso I, explica o professor Cleber Masson: 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
83 
 
 
A hipótese disciplinada pelo inciso I não mais se aplica, em decorrência da regra 
contida no art. 9º, § 2º, da Lei 10.684/2003 (ver art. 168-A, item 2.8.4.17), 
permissiva do pagamento do débito previdenciário a qualquer tempo, até o 
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, para fins de extinção da 
punibilidade. Destarte, o pagamento da contribuição previdenciária, atualmente, 
é idôneo a acarretar a eliminação do direito de punir em um prazo mais dilatado, 
de modo mais interessante ao réu. 
 
 Em relação ao inciso II, apesar de válido, é de difícil aplicação prática, pois os requisitos autorizadores 
do perdão judicial ou da pena de multa abrem ensejo para o princípio da insignificância, causa supralegal de 
exclusão da tipicidade, e, portanto, indiscutivelmente mais favorável ao réu. 
 
 CUIDADO: Caso o agente seja beneficiado pela concessão do parcelamento do débito devido como 
contribuição social previdenciária, cujo valor seja superior ao estabelecido como mínimo para o ajuizamento 
de suas execuções fiscais, não será possível aplicar-lhe isoladamente a multa ou o perdão judicial, por 
expressa previsão legal. 
 
Art. 168-A, CP. (...) § 4º A faculdade prevista no § 3º deste artigo não se aplica aos 
casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja 
superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o 
ajuizamento de suas execuções fiscais. 
 
l) Aspectos procedimentais 
 
● Necessidade de prévio esgotamento da via administrativa: 
 Para o STF e STJ, exige-se o prévio esgotamento da via administrativa. 
 Assim, enquanto não encerrado o processo administrativo relativo à existência, valor ou exigibilidade 
do crédito tributário, o Ministério Público não pode oferecer a denúncia pelo crime previsto no art. 168-A, 
CP, tampouco pode ser instaurado inquérito policial para a investigação do delito. 
 
● Competência: 
 Em regra, a competência é da Justiça Federal, por se tratar de crime praticado em detrimento dos 
interesses da União, na forma do art. 109, IV, CF/88. 
 Excepcionalmente, porém, poderá ser competência da Justiça Estadual se o tributo suprimido for a 
contribuição estabelecida no art. 149, §1º da CF/88. 
 
ARTS. 169 E 170, CP – LEITURADO CÓDIGO PENAL. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
84 
 
Atenção para a previsão do art. 169, II – já comentamos que é crime a prazo (só é crime depois de 
preenchido o tempo legal) e de conduta mista (comissivo e omissivo). 
Há aplicação do privilégio do furto. 
 
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza 
Art. 169, CP. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso 
fortuito ou força da natureza: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: 
 
Apropriação de tesouro 
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da 
quota a que tem direito o proprietário do prédio; 
 
Apropriação de coisa achada 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, 
deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade 
competente, dentro no PRAZO DE 15 DIAS. 
 
Art. 170, CP. Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, 
§ 2º. 
 
9. ESTELIONATO (ART. 171, CP) 
 
 ESTELIONATO 
Art. 171, CP. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer 
outro meio fraudulento: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos 
de réis. (Vide Lei nº 7.209, de 1984) 
 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar 
a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
 
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
Disposição de coisa alheia como própria 
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como 
própria; 
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art2.
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
85 
 
I - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, 
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante 
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; 
Defraudação de penhor 
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, 
a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; 
 
Fraude na entrega de coisa 
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a 
alguém; 
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro; 
 
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro 
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo 
ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver 
indenização ou valor de seguro; 
 
Fraude no pagamento por meio de cheque 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe 
frustra o pagamento. 
 
Fraude eletrônica 
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é 
cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro 
induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio 
eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento 
análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) 
 
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do 
resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 a 2/3, se o crime é praticado mediante a 
utilização de servidor mantido fora do território nacional. (Incluído pela Lei nº 
14.155, de 2021) 
 
§ 3º - A pena aumenta-se de 1/3, se o crime é cometido em detrimento de entidade 
de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou 
beneficência. 
 
Estelionato contra idoso ou vulnerável 
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra 
idoso ou vulnerável, considerada a RELEVÂNCIA DO RESULTADO 
GRAVOSO. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
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§ 5º Somente se procede mediante representação, SALVO SE A VÍTIMA FOR: 
I - a Administração Pública, direta ou indireta; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
II - criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
III - pessoa com deficiência mental; ou (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
 
a) Conceito: é o crime contra o patrimônio em que o agente se vale de fraude para enganar a vítima e 
obter, para si ou para outrem uma vantagem indevida em prejuízo alheio. 
Exige o binômio: VANTAGEM INDEVIDA + PREJUÍZO ALHEIO! 
⋅ Se tenho fraude e não tenho prejuízo - não há estelionato. 
⋅ Se tenho fraude e não tenho vantagem - não há estelionato. 
⋅ Se tenho prejuízo e vantagem, mas não tenho fraude - não há estelionato. 
 
É necessário o prejuízo alheio para configuração do crime de estelionato! STJ 
 
b) Crime de médio potencial ofensivo – pena mínima de 1 ano, cabendo suspensão condicional do 
processo. 
 
c) Objeto jurídico: PATRIMÔNIO da pessoa que perde o bem - inviolabilidade patrimonial (interesse 
de cunho privado). 
 
d) Objeto material: pessoa física ludibriada pela fraude e a coisa ilicitamente obtida pelo agente. 
 
e) Núcleo do tipo: “obter” – tratando-se, portanto, de crime material. 
A obtenção da vantagem ilícita em prejuízo alheio deve ser: 
● Induzindo (o próprio agente que gera na vítima a falsa percepção da realidade); ou 
● Mantendo a vítima em erro (a vítima já está enganada e o agente se aproveita disso – fica em 
silêncio); 
● Mediante: 
∘ Artifício (fraude material – documento falso, falso bilhete premiado, falso uniforme) 
∘ Ardil (fraude intelectual – conversa enganosa) 
∘ Qualquer outro meio fraudulento (inclusive por omissão). 
 
Artifício é a astúcia ou dissimulação utilizada para que alguém interprete os fatos de forma errada. Ardil é a 
sagacidade, o estratagema, a armação ou cilada. Qualquer outro meio fraudulento traduz-se em uma 
cláusula de interpretação extensiva, que deve ser feita com base nos exemplos de artifício ou ardil. 
 
Obs.1: A vantagem deve ser indevida. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
87 
 
Obs.2: Ficam excluídos os meios violentos, intimidadores ou clandestinos – exige-se a ilusão da vítima 
 
 Há estelionato na hipótese de a pessoa pagar por um trabalho espiritual ou atividade mística? 
R.: A atividade nesse sentido pode configurar estelionato se: 
i. Patente a ineficácia da prática; 
ii. O sujeito passivo crê na possibilidade de ocorrência do resultado; 
iii. O sujeito ativo tem consciência de agir fraudulentamente. 
⮚ Esta é justamente a diferença entre estelionato e curanderismo. Neste, o agente crê no 
resultado. No estelionato, não. O agente atua com consciência da fraude. 
 
Fique atento à jurisprudência pertinente sobre o tema: 
 
Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar menos que o 
devido: estelionato (não é furto mediante fraude) 
A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado 
menor do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. Ex.: as fases 
“A” e “B” domedidor foram isoladas por um material transparente, que permitia a 
alteração do relógio fazendo com que fosse registrada menos energia do que a 
consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado 
em 07/05/2019 (Info 648). 
 
CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR: 
• Agente desvia a energia elétrica por meio de ligação clandestina (“gato”): crime 
de FURTO (há subtração e inversão da posse do bem). 
• Agente altera o sistema de medição para que aponte resultado menor do que o 
real consumo: crime de ESTELIONATO. 
 
f) Sujeitos do delito: 
● Sujeito ativo: qualquer pessoa que emprega a fraude. 
● Sujeito passivo: tanto quem é ludibriado pelo agente como quem sofre diminuição do patrimônio. A 
fraude deve ser endereçada a uma pessoa física, mas o dano patrimonial pode ser causado tanto a 
uma pessoa física como também a uma pessoa jurídica. 
 
O sujeito passivo do estelionato deve ser pessoa certa e determinada, por isso, as condutas dirigidas 
a pessoas incertas e indeterminadas não configurarão estelionato. O autor Cleber Masson exemplifica: a 
adulteração de bomba de posto de combustível ou de balança de supermercado configuram crime contra a 
economia popular (art. 2º, XI, Lei nº 1.521/51). Todavia, se alguém for efetivamente lesado, teremos 
concursos formal entre estelionato (contra vítima certa e determinada) e crime contra a economia popular 
(vítimas incertas e indeterminadas). 
Contudo, o STJ, no Informativo 711, decidiu que em crime contra a economia popular por pirâmide 
financeira, a identificação de algumas vítimas não autoriza a responsabilização do agente por estelionato. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
88 
 
 
A controvérsia em análise cinge-se à configuração de crime único e à ocorrência de bis in idem, diante 
da imputação, ao ora recorrente, da incursão nos arts. 171 do Código Penal e 2º, IX, da Lei n. 1.521/1951: 
 
Importante distinção entre os aspectos material e processual do ne bis in idem 
reside nos efeitos e no momento em que se opera essa regra. Sob a ótica da 
proibição de dupla persecução penal, a garantia em tela impede a formação, a 
continuação ou a sobrevivência da relação jurídica processual, enquanto que a 
proibição da dupla punição impossibilita tão somente que alguém seja, 
efetivamente, punido em duplicidade, ou que tenha o mesmo fato, elemento ou 
circunstância considerados mais de uma vez para se definir a sanção criminal. 
3. No caso em análise, vê-se que a descrição das circunstâncias fáticas que 
permeiam os ilícitos imputados ao recorrente – crime contra a economia popular e 
estelionatos – são semelhantes, pois mencionam a prática de "golpe" em que ele e 
os coacusados induziriam as vítimas em erro, mediante a promessa de ganhos 
financeiros muito elevados, com o intuito de levá-las a investir em suposta empresa 
voltada a realizar apostas em eventos esportivos. A diferença está na identificação 
dos ofendidos nos estelionatos. 
4. Em situação similar, esta Corte Superior já decidiu que, nas hipóteses de crime 
contra a economia popular por pirâmide financeira, a identificação de algumas 
das vítimas não enseja a responsabilização penal do agente pela prática de 
estelionato. Precedentes. 5. Recurso provido para, diante do bis in idem 
identificado na hipótese, determinar o trancamento do processo, em relação ao 
ora recorrente, no que atine aos crimes de estelionato (fatos 4º ao 29º da 
denúncia). STJ, RHC 132.655/RS, rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 
28.09.2021, noticiado no Informativo 711. 
 
ATENÇÃO! Apesar desse julgado, a quinta Turma do STJ vê possível estelionato em ações de grupo acusado 
de explorar pirâmide financeira. Leia o julgado didático que expõe a possibilidade de se averiguar o crime 
de Estelionato: 
 
Configura crime contra a economia popular "obter ou tentar obter ganhos ilícitos 
em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante 
especulações ou processos fraudulentos ("bola de neve' 'cadeias' 'pichardismo' e 
quaisquer outros equivalentes)", nos termos do art. 20, IX, da Lei 1.521/1951. Já 
o crime de estelionato (art. 171, caput, do CP) é dirigido contra o patrimônio 
individual. Como regra, a pirâmide financeira ou a criação de site na internet sob 
o falso pretexto de investimento emcriptomoedas subsume ao delito do art. 20, 
IX, da Lei 1.521/1951. Assim, narrados casos de prejuízos genéricos por infinidade 
de usuários, sem verificação de conduta transcendente, mas mera cooptação pelo 
site eletrônico, ainda que possível identificar algumas vítimas, verifica-se apenas o 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
89 
 
crime contra a economia popular. Porém, havendo o aliciamento particularizado, 
mediante induzimento e convencimento, de vítimas determinadas, através de 
emissários dos agentes criminosos principais, torna-se possível falar, em tese, em 
concurso de crimes entre o delito contra a economia popular e o estelionato. Isto 
porque, paralelamente ao ato voltado contra o público em geral (sítio eletrônico 
para angariar vítimas), verificam-se condutas autônomas de aliciadores voltadas 
contra o patrimônio particular de vítimas específicas, cuja adesão ao site 
(instrumento para a fraude) se revela apenas como exaurimento do estelionato. 
STJ. 5a Turma. RHC 161.635/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 23/08/2022. 
 
Obs.1: Deve tratar-se de vítima com capacidade de discernimento. Caso seja incapaz, configura-se o delito 
de abuso de incapaz (art. 173 do CP). E se for sem qualquer capacidade de discernimento (ex.: doença mental 
permanente, cuja pessoa não é capaz de entender e discernir as consequências dos próprios atos), o delito 
será de furto. 
Obs.2: Prevalece na doutrina que a torpeza bilateral não afasta o crime! Entenda: 
O estelionatário muitas vezes se vale da “falsa esperteza”, da ganância da vítima. Assim, surge a seguinte 
dúvida: havendo fraude bilateral (do agente e da vítima), há exclusão do crime? NÃO, tendo em vista que 
a boa-fé da vítima não é elementar do tipo. 
 
g) Elemento subjetivo: dolo, com especial fim de agir. 
 
h) Consumação: 
Consuma-se com o emprego de fraude que deve causar a obtenção de vantagem ilícita e a efetiva 
causação de prejuízo alheio. Crime de duplo resultado. 
Em síntese, três coisas são necessárias: fraude, vantagem e prejuízo. 
Tentativa: é crime plurissubsistente, sendo cabível a tentativa. 
 
i) Privilégio: É aplicável a privilegiadora do furto 
 
Atenção: algumas situações possuem tipos penais específicos, como o caso de adulteração de combustível 
(art. 1º da Lei 8176/91); indução ou manutenção em erro relativa a operação financeira (art. 6º da Lei 
7.492/86); fraude no resultado de competição esportiva (art. 41-E da Lei 12.299/10), dentre outros. 
 
Há também subtipos do estelionato: 
● Inciso III - Defraudação de “Penhor”: Se for defraudação da “penhora” e com isso o devedor ficar 
insolvente, será o delito do art. 179 (fraude à execução), sendo que, caso não fique insolvente, será 
penalmente atípico. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
90 
 
● Inciso IV – Fraude na entrega de coisa: não é aplicável às fraudes no comércio. Nestes casos 
específicos, serão aplicáveis o CDC ou a Lei 8.137/90, conforme a situação. Antes seria o crime do 
artigo 175 do CP, mas a doutrina entende que foi tacitamente revogado pelos dispositivos já citados. 
 
● Inciso V – Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro: é uma modalidade de 
estelionato que é CRIME FORMAL. Não há a necessidade de que venha efetivamente a receber 
indenização ou seguro. Caso um terceiro perpetre a fraude sem o conhecimento do segurado para 
beneficiar a si próprio, a figura penal é a do 171, caput. 
 
Obs.: Segurado não é nunca sujeito passivo. Se houver lesão ao seu corpo por terceiro, ele será vítima de 
lesão corporal ou outro crime violento, masmajoritária, NÃO. Justamente por ser coisa própria, faltando a elementar 
“alheia”. Pode ser caracterizado o crime previsto no art. 346 do CP, qual seja, defraudação de penhor. 
 
 E se o sujeito ativo for um funcionário público, que subtrai em razão da facilidade que sua função 
lhe proporciona? 
R.: O funcionário público que subtrai ou concorre para que o bem, sob a guarda ou custódia da 
Administração Pública, seja subtraído, valendo-se da facilidade que seu cargo lhe proporciona, 
pratica o crime de peculato furto (CP, art. 312, § 1º), também conhecido como peculato impróprio. 
 
e) Elemento subjetivo: exige dolo genérico + dolo específico: 
● Dolo genérico - furto é crime exclusiva e essencialmente doloso. 
● Dolo específico - É necessário o “animus rem sibi habendi”, que é o dolo de assenhoramento 
definitivo da coisa, para si ou para outrem. 
 
É por esta razão que o “furto de uso” não configura crime (no CPM configura). No entanto, são 
necessários os seguintes requisitos para que seja enquadrado como FURTO DE USO: 
✔ Intenção, desde o início, de uso momentâneo da coisa subtraída; 
✔ Ausência do animus de assenhoramento. 
✔ Coisa não consumível (se for coisa consumível, nunca será possível restituir as mesmas coisas nos 
mesmos moldes ao sujeito passivo); 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
8 
 
✔ Restituição imediata e integral à vítima. 
 
Ex.: empregada que subtrai o vestido de festa da patroa para usá-lo em determinada ocasião e o 
devolve em perfeito estado. No entanto, caso estrague ou não consiga restituir antes que a proprietária veja, 
há discussão se haveria o crime de furto ou não, prevalecendo que sim. 
Há discussão acerca do furto de uso de automóvel, em razão da gasolina, óleo etc., que são 
consumíveis. No entanto, prevalece que deve ser observado o bem principal, no caso o próprio veículo, sendo 
sim possível, desde que preenchidos os outros requisitos. 
 
f) Núcleo do tipo: “subtrair”. 
● Subtrair consiste na retirada da coisa com consequência diminuição patrimonial para o lesado. 
● Consumação: o furto se consuma com a inversão da posse do bem (STF-HC 114.329). 
⮚ É prescindível (ou seja, dispensável) a posse mansa e pacífica do bem; 
⮚ A consumação do furto reclama a lesão patrimonial da vítima; 
⮚ O bem não precisa ser transportado para outro local. 
 
A subtração pode se dar em dois contextos: 
 
1º) quando o bem é retirado da esfera de disponibilidade da vítima contra a sua vontade; ou 
 
2º) quando o bem é entregue espontaneamente ao agente, mas sob vigilância do ofendido, e o 
sujeito dele se apodera (p. ex., alguém solicita de um conhecido que lhe mostre seu relógio, coloca-o no 
pulso e sai correndo). Nesse caso, não ocorre apropriação indébita (CP, art. 168), justamente porque a posse 
do agente era vigiada. Assim, se uma pessoa entra numa videolocadora, apodera-se de uma mídia qualquer, 
coloca-a em sua bolsa e a leva, há furto, ao passo que se a pessoa aluga o filme, mas posteriormente decide 
não o devolver, comete apropriação indébita. 
 
Há 4 correntes que tratam do momento consumativo do furto: 
 
I. Teoria da contrectatio: a consumação se dá com o SIMPLES CONTATO da pessoa com a coisa. 
 
II. Teoria da amotio (apprehensio): a consumação se dá quando há a INVERSÃO DA POSSE, ou seja, 
quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, ainda que por uma brevidade de tempo. Não 
há necessidade de deslocamento da coisa, nem de que haja a posse mansa e pacífica do bem. 
Havendo a inversão, estará consumado o crime de furto. Corrente adotada pelos Tribunais 
Superiores, objeto, inclusive, da súmula 582 do STJ – que trata do crime de roubo, mas serve 
também para o furto no que é cabível. 
 
Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve 
espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
9 
 
mansa e pacífica ou desvigiada. STJ. 3ª Seção. REsp 1524450-RJ, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, julgado em 14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 572). 
 
III. Teoria da ablatio: a consumação ocorre quando, após o assenhoramento da coisa, o agente consiga 
se DESLOCAR com ela para outro lugar, que não esteja na esfera de vigilância do proprietário. Aqui, 
é indispensável o deslocamento. 
 
IV. Teoria da ilatio: a consumação se dá quando, após o apoderamento da coisa, o agente consegue se 
DESLOCAR COM ELA PARA UM LOCAL SEGURO. Não basta o deslocamento, deve se deslocar e 
assegurar a coisa. 
 
 Assim, caso um funcionário subtraia algo da casa do patrão, por exemplo, mantendo a coisa com ele 
lá dentro da casa, ainda que seja descoberto antes de sair de lá, para a corrente majoritária, já restará 
configurado o delito de furto, vez que a coisa saiu da esfera de disponibilidade do dono, que não pode mais 
exercer livremente seu poder sobre ela, e passou a estar sob a posse do funcionário, dispensando-se 
qualquer deslocamento para a consumação. 
 
● Tentativa: é admissível. 
 
 A doutrina discute a seguinte hipótese: um sujeito, visando subtrair o dinheiro do bolso de um 
transeunte, coloca a mão no bolso da vítima, porém, encontra o bolso vazio. Haveria aqui algum 
crime? 
● 1ª corrente: depende. Se o indivíduo tiver em algum dos bolsos algum bem passível de 
subtração, mesmo que o agente tenha colocado a mão no que estava vazio, haveria tentativa 
de crime de furto. Por outro lado, se o agente não tivesse qualquer bem em nenhum dos bolsos, 
tratar-se-ia de crime seria impossível, pois nunca poderia se consumar. (Cezar Roberto 
Bitencourt e Mirabete) 
● 2ª corrente: Sim, haveria tentativa de furto. Independentemente de o agente ter algo a ser 
subtraído ou não. (Hungria) 
 
Ademais, definiu o STJ que a vigilância constante em supermercado, seja física ou eletrônica, não 
torna, por si só, o crime de furto um crime impossível. Faz-se necessário analisar se no caso concreto era 
possível a consumação ou haveria a absoluta ineficácia do meio. Caso a ineficácia seja apenas relativa, restará 
caracterizado o delito, ao menos na modalidade tentada. 
 
Súmula 567-STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou 
por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, 
não torna impossível a configuração do crime de furto. (CAI MUITO!!!) 
 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
10 
 
CESPE/CEBRASPE – 2021 – Delegado de Polícia Federal: No que concerne aos crimes previstos 
na parte especial do Código Penal, julgue o item subsequente. 
A adoção de sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico, por si só, não torna 
impossível a configuração do crime de furto. Item correto. 
 
CESPE/CEBRASPE – 2018 – Delegado de Polícia Federal: Em cada item a seguir, é apresentada uma situação 
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos 
tribunais superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível 
e arrependimento posterior. 
Sílvio, maior e capaz, entrou em uma loja que vende aparelhos celulares, com o propósito de furtar algum 
aparelho. A loja possui sistema de vigilância eletrônica que monitora as ações das pessoas, além de diversos 
agentes de segurança. Sílvio colocou um aparelho no bolso e, ao tentar sair do local, um dos seguranças o 
deteve e chamou a polícia. Nessa situação, está configurado o crime impossível por ineficácia absoluta do 
meio, uma vez que não havia qualquer chance de Sílvio furtar o objeto sem que fosse notado. Item errado. 
 
- FURTO FAMÉLICO – Também chamado de furto necessitado, é aquele praticado por sujeito que está em 
extrema miserabilidade e precisa saciar a fome. Pode configurar a causa excludente de ilicitude consistente 
no estado de necessidade, desde que presente seus requisitos. 
 
Caiu na provanão da fraude. Neste caso, o terceiro responderá pelo estelionato 
e pela lesão em concurso formal e o segurado apenas pelo estelionato, já que o direito brasileiro não pune a 
autolesão. 
 
● Inciso VI: Sujeito ativo – emitente/sacador/endossante (controverso, mas prevalece que pode). 
Passivo: tomador/beneficiário do cheque, podendo ser qualquer pessoa. Dois núcleos: emitir ou 
frustrar. 
 
A súmula 246 do STF prevê que “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de 
emissão de cheque sem fundos”. Assim, deve estar caracterizada a má-fé, a intenção de obtenção de 
vantagem indevida. Se for mero descuido, não configurará o crime, sendo fato atípico por ausência de 
previsão da modalidade culposa. 
Para o STJ, cheque pré-datado ou pós-datado não configura o delito, tendo em vista ser uma 
promessa futura de pagamento, uma garantia de crédito, não constituindo ordem de pagamento à vista. NO 
ENTANTO, caso reste demonstrado que a emissão desse cheque foi fraudulenta, com o objetivo de obter 
vantagem indevida, configurará o delito do 171, caput. 
 
Súmula 554-STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o 
recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. 
 
Da leitura da súmula a gente infere que o pagamento do cheque emitido sem provisão, ANTES do 
recebimento da denúncia, OBSTA o prosseguimento da ação penal. Trata-se de causa supralegal de 
extinção da punibilidade. 
Mas atenção: para o STF, tal entendimento apenas se aplica ao §2º, VI. Não se aplica caso a conduta 
da emissão de cheque sem fundos consistir na figura do 171, caput. Apenas caracterizará a causa de 
diminuição de pena do arrependimento posterior (art. 16, CP). Ex.: agente furtou o cheque e falsificou a 
assinatura do proprietário, emitindo-o sem provisão de fundos – não se aplica. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
91 
 
9.1 Fraude Eletrônica (§2º-A E 2º-B – inseridos Pela Lei 14.155/20212) 
 
 A Lei nº 14.155/2021 realizou três alterações no crime de estelionato: 
∘ Inseriu o § 2º-A, prevendo a qualificadora do estelionato mediante fraude eletrônica; 
∘ Acrescentou o § 2º-B, com uma causa de aumento de pena relacionada com o § 2º-A; 
∘ Modificou a redação da causa de aumento de pena do § 4º. 
 
Veja a nova qualificadora: 
 
Fraude eletrônica 
Art. 171, CP. (...) § 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, 
se a fraude é cometida com a utilização de informações fornecidas pela vítima ou 
por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos ou 
envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento 
análogo. 
 
Art. 171, CP. (...) § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a 
relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), 
se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território 
nacional. 
 
a) Análise da conduta: 
 O agente obtém vantagem ilícita por meio de informações da vítima que ele obteve da própria vítima 
ou de um terceiro que foi induzido a erro. 
 O grande diferencial aqui é que a atuação do agente foi por meio eletrônico, ou seja, a vítima ou o 
terceiro foram induzidos a erro por meio de: 
· Redes sociais (Ex.: Facebook, Instagram); 
· Contatos telefônicos (Ex.: simulando que se trata de ligação da operadora de cartão de crédito); 
· Envio de correio eletrônico fraudulento (Ex.: e-mail que imita correspondência da loja, banco 
etc.); 
· Ou qualquer outro meio fraudulento análogo. 
 
Cuidado para não confundir: 
Furto mediante fraude por dispositivo eletrônico 
ou informático (art. 155, § 4º-B) 
Estelionato mediante fraude eletrônica 
(art. 171, § 2º-A) 
 
O agente subtrai coisa alheia móvel por meio de 
dispositivo eletrônico ou informático, conectado 
ou não à rede de computadores, com ou sem a 
O agente obtém vantagem ilícita com a utilização 
de informações fornecidas pela vítima ou por 
terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, 
 
2 Explicação do professor Márcio Cavalcante 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
92 
 
violação de mecanismo de segurança ou a utilização 
de programa malicioso, ou por qualquer outro meio 
fraudulento análogo. 
contatos telefônicos ou e-mail fraudulento, ou por 
qualquer outro meio fraudulento análogo. 
Pena: 4 a 8 anos. 
 
Pena: 4 a 8 anos. 
Exemplo do autor Rogério Sanches: 
“Aproveitando a vulnerabilidade de pessoas que 
utilizam uma rede pública de internet, um hacker 
intercepta a conexão e obtém dados de acesso a 
contas bancárias. Com esses dados à disposição, 
acessa as contas e transfere quantias em dinheiro 
para outra conta da qual efetua saques. 
 
É um caso típico de furto mediante fraude, no qual 
a manobra ardilosa (interceptar os dados 
transmitidos entre o usuário e o ponto de conexão) 
é utilizada para que as vítimas sejam despojadas de 
seus bens sem que nada percebam.” 
 
 (CUNHA, Rogério Sanches. Lei 14.155/21 e os 
crimes de fraude digital: primeiras impressões e 
reflexos no CP e no CPP. Disponível em 
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/
2021/05/28/lei-14-15521-e-os-crimes-de-fraude-
digital-primeiras-impressoes-e-reflexos-no-cp-e-
no-cpp/) 
 
Exemplo do autor Rogério Sanches: 
“Pretendendo adquirir um televisor, um indivíduo 
faz uma pesquisa na internet e encontra a página de 
uma conhecida rede varejista na qual o produto 
está sendo anunciado por um preço muito abaixo 
das concorrentes. Insere seus dados pessoais e 
bancários sem saber que, na verdade, se trata de 
uma página clonada, que apenas copia os 
caracteres da famosa rede varejista, para induzir as 
pessoas em erro. Efetuado o pagamento, o dinheiro 
é creditado ao autor da fraude, que evidentemente 
não pretende entregar o produto anunciado. Nesse 
exemplo, ao contrário do anterior, a vítima tem 
participação direta, pois, induzida por um anúncio 
enganoso, fornece os dados para que o autor da 
fraude possa obter a vantagem. Trata-se, portanto, 
de estelionato.” 
 
 
b) Causas de aumento de pena 
 
Art. 171, CP. (...) § 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a 
relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), 
se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território 
nacional. 
 
 Já o parágrafo 2º-B, também inserido pela Lei 14.155/ 2021, traz uma causa de aumento de pena de 
um a dois terços. A fração deve ser escolhida pelo critério da relevância do resultado gravoso, como já 
previsto pela lei. 
 Essa forma majorada incide sobre a forma qualificada do § 2º-A, se o crime for praticado mediante a 
utilização de servidor mantido fora do território nacional. Nesse caso, há maior gravidade pela dificuldade 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
93 
 
de repressão a um delito praticado a partir de um servidor, de um equipamento de informática central, 
localizado fora do território brasileiro. 
 
9.2 Estelionato Previdenciário (§3º) 
 
ATENÇÃO! Outro crime de competência da Justiça Federal, cuja investigação é conduzida pela 
Polícia Federal. Assim, da mesma forma que ocorre com o art. 168-A, estejam atentos a essa 
forma majorada de estelionato e na jurisprudência sobre o tema, pois há alta probabilidade de 
ser cobrado na prova para o cargo de Delegado Federal. 
 
Art. 171, CP. (...) § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em 
detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, 
assistência social ou beneficência. 
 
 A grande diferença entre o estelionato em seu tipo fundamental e o estelionato previdenciário reside 
no sujeito passivo, porquanto, no estelionato previdenciário, a fraude será empregada em detrimento de 
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência, 
hipóteseem que haverá uma causa de aumento de pena. 
 Aqui, é necessário diferenciar as duas condutas que ensejam o estelionato previdenciário: a do 
terceiro que implementa fraude para que uma pessoa diferente possa lograr o benefício – na qual resta 
configurado crime instantâneo de efeitos permanentes – e a do beneficiário acusado pela fraude, que 
comete crime permanente enquanto mantiver em erro o INSS. 
 Na hipótese de terceiro implementar a fraude para que outra pessoa possa lograr o benefício: 
∘ Ex.: um terceiro apresenta documentos falsos, em favor de alguém, para fraudar o Instituto 
Nacional da Seguridade Social – INSS, causando o recebimento indevido de benefícios 
previdenciários ao longo de vários meses, quiçá anos. 
∘ Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes – consumação ocorre em um momento 
determinado, mas seus efeitos prolongam-se no tempo; 
∘ O termo inicial da prescrição é o recebimento da 1ª prestação do benefício indevido. 
 
 Na hipótese de o próprio beneficiário implementar a fraude, cometendo o delito em benefício 
próprio 
∘ Aqui, temos um crime permanente, que se protrai no tempo enquanto mantiver em erro o INSS. 
∘ O termo inicial da prescrição é a data em que cessar a permanência, com o último recebimento 
indevido da remuneração. 
 
O denominado estelionato contra a Previdência Social (CP, art. 171, § 3º), quando 
praticado pelo próprio beneficiário do resultado do delito, é crime permanente. 
Com base nesse entendimento, a Turma indeferiu habeas corpus no qual se 
pleiteava a declaração de extinção da punibilidade de condenado por fraude contra 
a Previdência Social em proveito próprio por haver declarado vínculo empregatício 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
94 
 
inexistente com empresas, com o fim de complementar período necessário para a 
aposentadoria por tempo de contribuição. Consignou-se que o STF tem distinguido 
as situações: a do terceiro que implementa fraude para que uma pessoa diferente 
possa lograr o benefício — em que configurado crime instantâneo de efeitos 
permanentes — e a do beneficiário acusado pela fraude, que comete crime 
permanente enquanto mantiver em erro o INSS. STF: HC 99.112/AM, rel. Min. 
Marco Aurélio, 1.ª Turma, j. 20.04.2010, noticiado no Informativo 583. 
 
O Superior Tribunal de Justiça compartilha deste entendimento: HC 216.986/AC, 
rel. originário Min. Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), rel. 
para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6.ª Turma, j. 01.3.2012, noticiado 
no Informativo 492; e HC 181.250/RJ, rel. Min. Jorge Mussi, 5.ª Turma, j. 
14.06.2011, noticiado no Informativo 477. 
 
 O professor Cleber Masson assevera a compatibilidade do estelionato previdenciário com o instituto 
do crime continuado, previsto no art. 71 do Código Penal. Esse também é o entendimento do STJ: 
 
A regra da continuidade delitiva é aplicável ao estelionato previdenciário (art. 
171, § 3.º, do CP) praticado por aquele que, após a morte do beneficiário, passa a 
receber mensalmente o benefício em seu lugar, mediante a utilização do cartão 
magnético do falecido. Nessa situação, não se verifica a ocorrência de crime único, 
pois a fraude é praticada reiteradamente, todos os meses, a cada utilização do 
cartão magnético do beneficiário já falecido. Assim, configurada a reiteração 
criminosa nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, tem 
incidência a regra da continuidade delitiva prevista no art. 71 do CP. A hipótese, 
ressalte-se, difere dos casos em que o estelionato é praticado pelo próprio 
beneficiário e daqueles em que o não beneficiário insere dados falsos no sistema 
do INSS visando beneficiar outrem; pois, segundo a jurisprudência do STJ e do 
STF, nessas situações o crime deve ser considerado único, de modo a impedir o 
reconhecimento da continuidade delitiva. 
 
 ATENÇÃO! Quando o estelionato é praticado contra o FGTS ou Previdência Social, não se admite a 
aplicação do princípio da insignificância, em razão da relevância do prejuízo ocasionado. Também não se 
admite a extinção da punibilidade pelo pagamento antes do recebimento da denúncia. 
 
Estelionato e devolução da vantagem antes do recebimento da denúncia 
O art. 9º da Lei 10.684/2003 prevê que o pagamento integral do débito fiscal 
realizado pelo réu é causa de extinção de sua punibilidade. Imagine que 
determinado indivíduo tenha praticado estelionato contra o INSS, conhecido como 
estelionato previdenciário (art. 171, § 3º do CP). Antes do recebimento da 
denúncia, o agente paga integralmente o prejuízo sofrido pela autarquia. Isso 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d10ec7c16cbe9de8fbb1c42787c3ec26?categoria=11&subcategoria=106&assunto=267
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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poderá extinguir sua punibilidade, com base no art. 9º da Lei 10.684/2003? NÃO. 
Não extingue a punibilidade do crime de estelionato previdenciário (art. 171, § 
3º, do CP) a devolução à Previdência Social, antes do recebimento da denúncia, 
da vantagem percebida ilicitamente. O art. 9º da Lei 10.684/2003 menciona os 
crimes aos quais são aplicadas suas regras: a) arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90; b) art. 
168-A do CP (apropriação indébita previdenciária); c) Art. 337-A do CP (sonegação 
de contribuição previdenciária). Repare, portanto, que o estelionato previdenciário 
(art. 171, § 3º do CP) não está listado nessa lei. Mesmo sem o estelionato 
previdenciário estar previsto, não é possível aplicar essas regras por analogia em 
favor do réu? NÃO. O art. 9º da Lei 10.684/2003 somente abrange crimes 
tributários materiais, delitos que são ontologicamente distintos do estelionato 
previdenciário e que protegem bens jurídicos diferentes. Dessa forma, não há 
lacuna involuntária na lei penal a demandar analogia. O fato de o agente ter pago 
integralmente o prejuízo trará algum benefício penal? SIM. O agente poderá ter 
direito de receber o benefício do arrependimento posterior, tendo sua pena 
reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 16 do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1380672-SC, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/3/2015 (Info 559). 
 
1. Hipótese em que o crime-meio é de gravidade igual (caso seja falsificação de documento particular) 
ou mais grave (caso seja falsificação de documento público) que o crime-fim, mas é por este absorvido. 
 
Contudo, para o STF o agente deve responder em concurso formal pelos dois delitos, justificando que 
há violação a bens jurídicos diversos (no entanto, já aplicou a súmula 17 do STJ também, de modo que o 
entendimento sumulado prevalece, mas é bom saber). 
 
Súmula 17 do STJ: quando o falso se exaure no estelionato, sem mais 
potencialidade lesiva, é por este absorvido 
 
O delito de estelionato não será absorvido pelo de roubo na hipótese em que o 
agente, dias após roubar um veículo e os objetos pessoais dos seus ocupantes, 
entre eles um talonário de cheques, visando obter vantagem ilícita, preenche uma 
de suas folhas e, diretamente na agência bancária, tenta sacar a quantia nela 
lançada. A falsificação da cártula não é mero exaurimento do crime antecedente 
(roubo). Isso porque há diversidade de desígnios e de bens jurídicos lesados. Dessa 
forma, inaplicável o princípio da consunção. STJ. 5ª Turma. HC 309.939-SP, Rel. Min. 
Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ-SC), julgado em 28/4/2015 (Info 
562). 
 
2. Emissão de cheque sem fundos para pagar dívida de jogo se amolda ao tipo penal de estelionato? 
Não, haja vista se tratar de dívida não exigível, conforme art. 814 do Código Civil. 
 
DIREITO PENAL 
 
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3. Estelionato judiciário – Se dá quando o agente, mediante documentos ou alegações falsas, ingressa em 
juízo com a intenção de obter vantagem econômica em prejuízo alheio. Indaga-se: é criminosa tal 
conduta? Consiste no tipo penal do art. 171? 
1 – Entendimento que prevaleceno STJ: NÃO. Não configura estelionato. 
Na verdade, trata-se de conduta atípica, ou seja, não tipificada em nosso ordenamento jurídico, 
podendo o agente, no entanto, responder pela ilicitude dos documentos apresentados, como eventuais 
falsificações, caso o fato se amolde a elas ou outro delito autônomo. 
 
2 – RESSALVA: A 5ª turma do STJ possui decisões no sentido de que, quando não é possível ao 
magistrado, durante o curso do processo, ter acesso às informações que caracterizam a fraude, é possível a 
caracterização do crime de estelionato. Por outro lado, caso seja possível que a fraude fique constatada no 
decorrer da demanda, por qualquer meio de prova, não haverá crime. 
 
Caso concreto: Um advogado se utilizou de procuração com assinatura falsa e 
comprovante de residência adulterado para propor ação indenizatória em nome de 
terceiro, com objetivo de obter para si vantagem indevida. Tais irregularidades 
foram constadas durante o próprio processo por meio de perícia determinada. Para 
o STJ, não houve crime, não ser adequando tal conduta ao tipo penal de 
estelionato. STJ. 5ª Turma. RHC 53.471-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
4/12/2014 (Info 554). 
 
STJ: O cometimento de estelionato em detrimento de vítima que conhecia o autor 
do delito e lhe depositava total confiança justifica a exasperação da pena-base em 
razão da consideração desfavorável das circunstâncias do crime. Existe um plus de 
reprovabilidade pelo fato de o agente ter escolhido para ser vítima do delito uma 
pessoa conhecida que lhe depositava total confiança (Inf. 576, STJ). Via Dizer o 
Direito. 
 
4. Estelionato x crime impossível: a fraude utilizada não tiver qualquer aptidão para enganar um terceiro, 
o fato será atípico, em razão do reconhecimento de crime impossível, pela absoluta ineficácia do meio, 
nos termos do artigo 17 do CP. 
 
5. Estelionato x crime impossível x falsificação: se a falsificação for grosseira, porém, com potencial para 
enganar a vítima, ao invés dos crimes de falso, o agente responderá por estelionato. Contudo, como 
mencionado antes, caso a falsificação não seja apta a enganar ninguém, será caracterizado crime 
impossível. 
 
Súmula 73 do STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado 
configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da justiça estadual. 
 
Jurisprudência sobre o tema: 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
97 
 
 
Juris em teses ed. 220:O princípio da insignificância é inaplicável ao crime de 
estelionato cometido contra a administração pública, uma vez que a conduta 
ofende o patrimônio público, a moral administrativa e a fé pública, e possui elevado 
grau de reprovabilidade. 
 
Juris em teses ed. 220: A obtenção de vantagem econômica indevida mediante 
fraude ao programa do seguro-desemprego afasta a aplicação do princípio da 
insignificância. 
 
Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de 
estelionato qualificado por médico que, no desempenho de cargo público, 
registra o ponto e se retira do hospital. (...) Isso porque se identifica, neste caso, 
uma maior reprovabilidade da conduta delitiva. No caso concreto, o STJ afirmou 
que não era possível o trancamento da ação penal, sob o fundamento de 
inexistência de prejuízo expressivo para a vítima, considerando que, em se tratando 
de hospital universitário, os pagamentos aos médicos são provenientes de verbas 
federais. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 548869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado 
em 12/05/2020 (Info 672). 
 
 
9.3 Causa De Aumento De Pena 
 
Alteração Pela Lei 14.155/2021 
 
ANTES DA LEI 14.155/2021 DEPOIS DA LEI 14.155/2021 
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o 
crime for cometido contra idoso. 
 
 Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação 
dada pela Lei nº 14.155, de 2021) 
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se 
o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, 
considerada a relevância do resultado 
gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 
2021) 
 
 Com relação ao crime cometido contra idoso, a lei penal é mais favorável (novatio legis in melius), 
já que a fração de aumento, antes fixada inexoravelmente no dobro da pena, agora passa a ser de um terço 
até o dobro. O critério para escolha da fração de aumento deve ser a relevância do resultado gravoso. Assim, 
caso o crime cometido anteriormente não tenha resultado gravoso de grande importância, a nova lei pode 
retroagir para beneficiar o acusado ou condenado. 
 Por outro lado, no caso de crime cometido contra vulnerável, o aumento é o mesmo, de um terço 
até o dobro da pena, a ser escolhido pelo juiz com base na relevância do resultado gravoso. Por ausência de 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d5e705ceeeb7f7ece5dc5ee9bb5e148d?categoria=11&subcategoria=106&ano=2020
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d5e705ceeeb7f7ece5dc5ee9bb5e148d?categoria=11&subcategoria=106&ano=2020
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d5e705ceeeb7f7ece5dc5ee9bb5e148d?categoria=11&subcategoria=106&ano=2020
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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previsão anterior, cuida-se de majorante que só pode incidir, no caso de vulnerável, para os crimes 
cometidos após o início de vigência da lei, por constituir novatio legis in pejus. 
 Tal como no caso do furto mediante fraude eletrônica, a lei não definiu, que é o vulnerável. Se 
utilizado o conceito do artigo 217-A, § 1º, do CP, com adaptações e em interpretação sistemática, pode-se 
compreender como o indivíduo que conta com menos de 14 anos, bem como aquele que, por enfermidade 
ou deficiência mental, apresenta maior vulnerabilidade a fraudes. 
 É possível, ainda, entender que o juiz deve analisar caso a caso. 
 
9.4 Ação Penal No Crime De Estelionato. 
 
Alteração pela Lei 13.964/2019 
 
 “Art. 171, CP. (...) § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a 
vítima for: 
I - a Administração Pública, direta ou indireta; 
II - criança ou adolescente; 
III - pessoa com deficiência mental; ou 
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.” (NR) 
 
A alteração em relação ao delito de estelionato trata especificamente da titularidade da ação penal. 
● Antes do Pacote Anticrime - O crime era de ação penal pública incondicionada 
● Após o Pacote Anticrime – o crime passou a ser tratado, em regra, como crime de ação penal pública 
condicionada à representação. 
 
Regra: ação penal pública condicionada à representação 
Exceção: ação penal pública incondicionada quando o estelionato for perpetrado em face de: 
✔ Administração Pública, direta ou indireta; 
✔ Criança ou adolescente; 
✔ Pessoa com deficiência mental; 
✔ Maior de 70 (setenta) anos de idade (CUIDADO COM PEGADINHA DE PROVA OBJETIVA! Não 
é contra “idoso”, pois idoso é maior que 60 anos); ou 
✔ Incapaz. 
 
Vamos contextualizar: 
Como dito, anteriormente, a ação era pública incondicionada à representação, e após o pacote 
anticrime passou-se a ser EM REGRA, condicionada à representação, salvo nos casos apresentados 
acima. Com isso, gerou uma série de divergências entre os tribunais superiores. 
 
☞ Inicialmente, a alteração é mais favorável ou prejudicial aos autores do crime de estelionato? 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
99 
 
Favorável, considerando que agora possui uma nova condição para que o Ministério Público possa ajuizar a 
ação penal contra o autor do estelionato: a representação da vítima. 
 
☞ Tal norma que altera a espécie de ação penal de um crime é norma de direito material ouprocessual? 
As normas que tratam sobre a ação penal são de natureza híbrida, ou seja, são normas de direito processual 
penal que, no entanto, também apresentam efeitos materiais. A lei que dispõe sobre o tipo de ação penal 
aplicável a cada crime possui influência direta no jus puniendi (direito de punir do Estado), pois interfere nas 
causas de extinção da punibilidade, como a decadência e a renúncia ao direito de queixa. Logo, a lei que 
disciplina a espécie de ação penal possui também efeito material. 
 
☞ As normas processuais são retroativas? 
NÃO. As leis processuais possuem aplicação imediata (tempus regit actum - art. 2º do CPP), não retroagindo 
para alcançar fatos anteriores à sua vigência e regulando os atos processuais a serem realizados após 
entrarem em vigor. 
 
☞ As normas penais são retroativas? 
NÃO, salvo para beneficiar o réu (art. 5º, XL, da CF e art. 2º, parágrafo único, do CP). 
· Se a lei penal posterior é favorável ao réu: retroage. 
· Se a lei penal posterior é contrária ao réu: não retroage. 
 
☞ E as normas híbridas? 
As leis híbridas, como possuem reflexos penais, recebem o mesmo tratamento que as normas penais no que 
tange à sua aplicação no tempo. Logo, as normas híbridas não retroagem, salvo se para beneficiar o réu. 
 
☞ Então, essa alteração irá retroagir para alcançar fatos anteriores à sua vigência? 
SIM. O § 5º do art. 171 do CP apresenta caráter híbrido (norma mista) e, além disso, é mais favorável ao autor 
do fato. Logo, tem caráter retroativo. 
 
Segundo o autor Gustavo Badaró: 
 
“Inegavelmente, há normas de caráter exclusivamente penal e normas processuais 
penais. Todavia, a doutrina também reconhece a existência das chamadas normas 
mistas ou normas processuais materiais. Embora não se discuta a existência de tais 
normas, há discrepância quanto ao conteúdo mais restrito ou mais ampliado que 
se deve dar a tais conceitos. A corrente restritiva considera que são normas 
processuais mistas, ou de conteúdo material, aquelas que, embora disciplinadas 
em diplomas processuais penais, disponham sobre o conteúdo da pretensão 
punitiva. Assim, são normas formalmente processuais, mas substancialmente 
materiais, aquelas relativas: ao direito de queixa ou de representação, à prescrição 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
100 
 
e decadência, ao perdão à perempção, entre outras. Mesmo que se adote a 
corrente restritiva, inegavelmente devem ser consideradas normas processuais 
materiais, ou normas mistas, com aplicação retroativa, por serem mais benéficas, 
os seguintes dispositivos da Lei 13.964/2019: a exigência de representação para o 
crime de estelionato (CP, art. 171, §5º), a possibilidade de celebração de acordo de 
não persecução penal (CPP, art. 28-A). Com relação à exigência para representação 
no crime de estelionato, trata-se de exigência superveniente de condição de 
procedibilidade para ação penal, mas que cuja ausência implica extinção da 
punibilidade pela decadência do direito de representação (CP, art. 107, IV, c.c. CPP, 
art. 38), advindo daí o seu conteúdo material. Diferentemente do que ocorreu com 
a criação de tal exigência para o crime de lesão corporal dolosa leve e lesão corporal 
culposa, pela Lei 9.099/1995 (art. 88), não se previu uma regra de transição. Assim 
sendo, é de se aplicar o prazo geral de 6 meses a contar do início de vigência a lei. 
Se em tal prazo, não houve o oferecimento de representação, deverá haver a 
extinção da punibilidade” (BADARÓ, G. Processo Penal, 8 ed. São Paulo: Thomson 
Reuters Brasil, 2020. p. 113/114) 
 
Portanto, a norma retroage. No entanto, a dúvida reside na extensão dessa retroatividade (em que 
momento será aplicada), vamos aos entendimentos STJ e do STF: 
 
Segundo o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ): A mudança na ação penal do crime de estelionato, 
promovida pela Lei 13.964/2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso? 
Mesmo que já houvesse denúncia oferecida, será necessário intimar a vítima para que ela manifeste 
interesse na continuidade do processo? NÃO! 
 
A exigência de representação da vítima no crime de estelionato não retroage aos 
processos cuja denúncia já foi oferecida. STJ. 3ª Seção. HC 610.201/SP, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691). 
 
O § 5º do art. 171 é uma condição de procedibilidade (e não de prosseguibilidade): O novo comando 
normativo apresenta caráter híbrido, pois, além de incluir a representação do ofendido como condição de 
procedibilidade para a persecução penal, apresenta potencial extintivo da punibilidade, sendo tal alteração 
passível de aplicação retroativa por ser mais benéfica ao réu. Contudo, além do silêncio do legislador sobre 
a aplicação do novo entendimento aos processos em curso, tem-se que seus efeitos não podem atingir o ato 
jurídico perfeito e acabado (oferecimento da denúncia), de modo que a retroatividade da representação no 
crime de estelionato deve se restringir à fase policial, não alcançando o processo. Do contrário, estar-se-ia 
conferindo efeito distinto ao estabelecido na nova regra, transformando-se a representação em condição de 
prosseguibilidade e não procedibilidade. 
Assim, pode-se afirmar que a irretroatividade do art. 171, §5º, do CP decorre da própria mens legis, 
considerando que, mesmo podendo, o legislador previu apenas a condição de procedibilidade, nada 
dispondo sobre a condição de prosseguibilidade. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
101 
 
 
OBS: Tanto neste STJ quanto no STF, o entendimento no sentido de que: “a representação, nos crimes de 
ação penal pública condicionada, não exige maiores formalidades, sendo suficiente a demonstração 
inequívoca de que a vítima tem interesse na persecução penal. Dessa forma, não há necessidade da 
existência nos autos de peça processual com esse título, sendo suficiente que a vítima ou seu 
representante legal leve o fato ao conhecimento das autoridades” (STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 435.751/DF, 
Rel. Ministro Nefi Cordeiro, DJe 04/09/2018). 
 
Segundo o SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL (STF): 
ANTERIORMENTE, o STF estava dividido: 
A 1ª Turma do STF possui o mesmo entendimento do STJ acima explicado: Em face da natureza mista 
(penal/processual) da norma prevista no §5º do artigo 171 do Código Penal, sua aplicação retroativa será 
obrigatória em todas as hipóteses onde ainda não tiver sido oferecida a denúncia pelo Ministério Público, 
independentemente do momento da prática da infração penal, nos termos do art. 2º, do CPP, por tratar-se 
de verdadeira “condição de procedibilidade da ação penal”. 
Assim, é inaplicável a retroatividade do §5º do art. 171 do Código Penal, às hipóteses onde o 
Ministério Público tiver oferecido a denúncia antes da entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019; uma vez que, 
naquele momento a norma processual em vigor definia a ação para o delito de estelionato como pública 
incondicionada, não exigindo qualquer condição de procedibilidade para a instauração da persecução penal 
em juízo. 
 
A nova legislação não prevê a manifestação da vítima como condição de 
prosseguibilidade quando já oferecida a denúncia pelo Ministério Público. STF. 1ª 
Turma. HC 187341, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/10/2020. 
 
A 2ª Turma do STF, por sua vez, possui entendimento diferente: 
 
A alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que introduziu o § 5º ao art. 171 
do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado à 
representação da pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a 
abranger tanto as ações penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até 
o trânsito em julgado. STF. 2ª Turma. HC 180421 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, 
julgado em 22/6/2021. 
 
Nesse contexto, exsurge decisão do Plenário STF em 13/04/2023, mudando o posicionamento antes 
firmado e fixando o entendimento que, logo “venceu”o entendimento da 2º turma do STF – Ou seja, para o 
Supremo Tribunal Federal: a regra da representação deve retroagir a “todos” os casos de estelionato em 
andamento quando de sua promulgação (tanto as ações penais não iniciadas quanto as ações penais em 
curso até o trânsito em julgado), tendo a vítima um prazo de 30 dias para manifestar-se sob pena de 
decadência e não importando a fase em que o procedimento se encontre (HC-AgR 208.817/RJ). 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
102 
 
Vamos desenhar uma linha do tempo acerca dessas decisões dos tribunais superiores sobre o 
tema: 
A discussão teve início no STJ (HC 573.093), em 2020 e, desde então tem sido objeto de uma série de 
divergências. Veja a evolução jurisprudencial: 
(1) Em 14/04/2020, a 5ª Turma do STJ decidiu que a retroatividade da representação deve se restringir à 
fase policial, pois do contrário estar-se-ia transformando uma condição de procedibilidade em 
prosseguibilidade (HC 573.093). 
(2) Em 04/08/2020, a decisão da 6ª Turma do STJ foi no sentido de que, por ser lei mais benéfica, deve 
retroagir (HC 583.837). 
(3) Em 21/09/2020, a 5ª Turma do STJ reiterou o entendimento de que a retroatividade da representação 
no crime de estelionato deve se restringir à fase policial (ato jurídico perfeito). 
(4) Em 14/10/2020, a 1ª Turma do STF reconheceu não ser cabível a aplicação retroativa do parágrafo 5º 
do artigo 171 do CP, uma vez que no momento do oferecimento da denúncia a ação era incondicionada 
e não se exigia representação (HC 187.341/SP). 
(5) Em 13/04/2021, a 3ª Seção consolidou o entendimento das turmas criminais do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ) ao definir que a exigência de representação da vítima como pré-requisito para a ação penal 
por estelionato – introduzida pelo Pacote Anticrime– não pode ser aplicada retroativamente para 
beneficiar o réu nos processos que já estavam em curso (Info 691). 
(6) Em 22/06/2021, a 2ª Turma do STF decidiu que a alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, que 
introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal, ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado 
à representação da pessoa ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações 
penais não iniciadas quanto as ações penais em curso até o trânsito em julgado (Info 1023). Esse 
entendimento foi reiterado pela 2ª Turma em 02/09/2022 (HC-AgR 207.835/SP). 
(7) Em 13/04/2023, o debate foi levado ao Plenário do STF que decidiu a interpretação de normas 
constitucionais não podem limitar o alcance da retroatividade em benefício do réu e, sendo a exigência 
de representação para o crime de estelionato norma processual de caráter híbrido favorável ao acusado, 
há de ser aplicada retroativamente aos processos em curso, sendo conferido a vítima o prazo de 30 
dias para oferecer a representação, sob pena de decadência do direito (HC-AgR 208.817/RJ) 
 
Logo, no cenário atual acerca da matéria, o tema está pacificado em cada Tribunal Superior, mas 
permanece a divergência entre eles. Temos o entendimento pacificado do STJ no sentido de que deve ser 
observada a retroatividade, respeitando-se a limitação do ato jurídico perfeito e acabado materializado com 
o oferecimento da denúncia. Já no STF, em decisão do Plenário, deve ser observada a extensão da 
retroatividade para todas as ações penais em curso que ainda não tenham transitado em julgado. 
 
Atenção! É preciso ficar atento às próximas decisões do STJ, diante da possibilidade de se curvar ao 
entendimento do STF. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
103 
 
9.5 Competência no Crime de Estelionato (Lei 14.155/2021)3 
 
 O estelionato, previsto no art. 171, do CP, é um crime por meio do qual o agente, utilizando um meio 
fraudulento, engana a vítima, fazendo com que ela entregue espontaneamente uma vantagem, causando 
prejuízo à vítima. 
 A competência para processar e julgar o crime de estelionato segue a regra geral consubstanciada 
no art. 70, caput, do CPP – será competente o juízo do local em que se consumar a infração, ou seja, o juízo 
do local da obtenção da vantagem ilícita. 
 
Art. 70, CPP. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que 
se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o 
último ato de execução. 
 
 Nesse mesmo sentido, a súmula 48 do STJ: 
 
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem 
ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de 
cheque. 
 
 Porém, algumas vezes pode acontecer de a vantagem ilícita ocorrer em um local e o prejuízo em 
outro. Tais situações poderão gerar algumas dúvidas relacionadas com a competência territorial para 
processar e julgar esse crime. 
Caso hipotético: Dois agentes trabalhavam em uma agência de turismo, teriam simulado contratos 
de parcerias com empresas terceiras, com a intenção de obter para si vantagens ilícitas, a saber: passagens 
aéreas e reserva de veículos e hotéis, fazendo o uso próprio de tais passagens, bem como as repassava para 
terceiros, obtendo o proveito do crime. A empresa vítima possui sede em Brasília/DF, contudo o ex-
funcionário apontado como estelionatário trabalhava como representante comercial na filial localizada no 
município de São Paulo/SP, onde os golpes teriam sido praticados em conluio com outro, também residente 
em São Paulo. 
Questiona-se: O julgamento do crime de Estelionato será em Brasília ou São Paulo? 
O conflito deixou de existir com o advento da Lei n. 14.155/2021, que acrescentou o § 4º do art. 70 
do Código de Processo Penal. A alteração é muito bem-vinda porque anteriormente havia uma imensa 
insegurança jurídica diante da existência de regras distintas para situações muito parecidas, além da uma 
intensa oscilação jurisprudencial. Veja: 
 
Art. 70, CPP. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se 
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o 
último ato de execução. (...) 
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Código Penal, quando praticados 
 
3 Explicação do Professor Márcio Cavalcante 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art171
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
104 
 
mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de 
fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante 
transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da 
vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela 
prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) 
 
Observe que, com a Lei nº 14.155/21, em três casos específicos, a competência será do local do 
domicílio da vítima. São as hipóteses de estelionato praticado: 
 
1. Mediante depósito; 
2. Mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou pagamento 
frustrado; 
3. Mediante transferência de valores. 
 
Retornando ao exemplo acima, observe que o caso não se enquadra em nenhuma das hipóteses 
mencionadas pelo § 4º do art. 70 do CPP. São situações específicas sem correspondência com o caso 
apresentado. Logo, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 70 do CPP deve incidir o teor do 
caput do mesmo dispositivo legal, segundo o qual "a competência será, de regra, determinada pelo lugar em 
que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução". Sobre o tema a Terceira Seção da Corte Superior, pronunciou-se no sentido de que nas situações 
não contempladas pela “novatio legis”, aplica-se o entendimento pela competência do Juízo do local do 
eventual prejuízo (CC n. 185.983/DF). 
 
 Agora, vamos analisar três casos envolvendo estelionato para identificarmos as mudanças operadas 
pela novidade legislativa. 
 
9.5.1 Estelionato praticado por meio de cheque falso (art.171, caput, do CP) 
 
 Imagine a seguinte situação hipotética: João, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), achou um cheque 
em branco. Ele foi, então, até Juiz de Fora (MG) e lá comprou inúmeras roupas de marca em uma loja da 
cidade. As mercadorias foram pagas com o cheque que ele encontrou, tendo João falsificado a assinatura. 
Trata-se do crime de estelionato, na figura do caput do art. 171 do CP. 
 De quem será a competência territorial para julgar o delito? Do juízo da comarca de Juiz de Fora 
(MG), local da obtenção da vantagem indevida. Existe até uma súmula tratando sobre o tema: 
 
Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem 
ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de 
cheque. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art2
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
105 
 
 Aplica-se aqui o § 4º do art. 70 do CPP? NÃO. Se você ler o § 4º, verá que ele não trata da hipótese 
de estelionato praticado por meio de cheque falso. Logo, esse dispositivo não incide no presente caso. A 
regra a ser aplicada, portanto, é a do caput do art. 70: 
 
Art. 70, CPP. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que 
se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o 
último ato de execução. 
 
 O estelionato se consumou no momento em que João comprou as mercadorias da loja, pagando com 
o cheque falsificado. Nesse instante houve a obtenção da vantagem ilícita e o dano patrimonial à loja. Logo, 
nesta primeira hipótese, nenhuma mudança operada pela Lei nº 14.155/2021. Vale ressaltar que a Súmula 
48 do STJ manteve-se válida com a novidade legislativa. 
 
CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR 
• Estelionato que ocorre por meio do saque (ou compensação) de cheque 
clonado, adulterado ou falsificado: a competência é do local onde a vítima possui 
a conta bancária. Isso porque, nesta hipótese, o local da obtenção da vantagem 
ilícita é aquele em que se situa a agência bancária onde foi sacado o cheque 
adulterado, ou seja, onde a vítima possui conta bancária. Aplica-se o raciocínio da 
súmula 48 do STJ (Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita 
processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.) 
 
O crime de estelionato praticado por meio de saque de cheque fraudado compete 
ao Juízo do local da agência bancária da vítima. STJ. 3ª Seção. CC 182977-PR, Rel. 
Min. Laurita Vaz, julgado em 09/03/2022 (Info 728). 
 
No crime de estelionato, não identificadas as hipóteses descritas no § 4º do art. 
70 do CPP, a competência deve ser fixada no local onde o agente delituoso 
obteve, mediante fraude, em benefício próprio e de terceiros, os serviços 
custeados pela vítima. CC n. 185.983/DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira 
Seção, por unanimidade, julgado em 11/05/2022, DJe 13/05/2022. 
 
9.5.2 Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI) 
 
 Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), foi passar o fim de 
semana em Juiz de Fora (MG). Aproveitando que estava ali, ele foi até uma loja da cidade e comprou inúmeras 
roupas de marca, que totalizaram R$ 4 mil. As mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de 
Pedro. Vale ressaltar, no entanto, que Pedro sabia que em sua bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que 
não havia fundos suficientes disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-
lo já que não morava ali. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
106 
 
 Qual foi o crime cometido por Pedro? Estelionato, no entanto, na figura equiparada do art. 171, § 
2º, VI, do CP: 
Art. 171, CP. (...) §2º Nas mesmas penas incorre quem: 
 
Fraude no pagamento por meio de cheque 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe 
frustra o pagamento. 
 
 O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa no Rio de Janeiro 
(RJ). Tendo isso em consideração, indaga-se: de quem será a competência territorial para julgar o delito? 
 Aqui houve uma grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021: 
 
● Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se situa a 
agência bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o “dinheiro” que iria pagar a loja sairia da 
agência bancária na qual Pedro tinha conta, ou seja, no Rio de Janeiro. Quando a loja foi tentar sacar 
o cheque, lá em Juiz de Fora (MG), na teoria, a agência bancária localizada no RJ recusou o pagamento 
porque informou que ali não havia saldo suficiente. Nessas situações, a jurisprudência afirmava que 
a competência territorial era do local onde se situava a agência que recusou o pagamento: 
 
Súmula 244-STJ: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de 
estelionato mediante cheque sem provisão de FUNDOS. (Superada!) 
 
Súmula 521-STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de 
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de 
FUNDOS, é o do local onde se deu a RECUSA do pagamento pelo sacado. 
(Superada!) 
 
● Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, do juízo de Juiz 
de Fora (MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70: 
 
Art. 70, CPP. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Código Penal, quando 
praticados (...) mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em 
poder do sacado (...) a competência será definida pelo local do domicílio da vítima 
(...). 
 
 Isso significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão superadas!!! 
 
Obs.: Não confundir com a Súmula 48-STJ (Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem 
ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque), que se manteve 
válida com a novidade legislativa. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
107 
 
 
 O que é o cheque com pagamento frustrado mencionado no § 4º do art. 70 do CPP? 
 Ocorre quando o agente que emitiu o cheque tinha fundos disponíveis, no entanto, depois de emitir 
o cheque, ele saca o dinheiro que tinha no banco ou, então, simplesmente emite uma contraordem à 
instituição financeira afirmando que não é para ela pagar aquele cheque. 
 Em nosso exemplo, imagine que, depois de emitir a cártula em favor da loja, Pedro entra em contato 
com a instituição financeira e susta o cheque. No que tange à competência, a regra é a mesma do cheque 
sem fundos. 
 
9.5.3 Estelionato mediante depósito ou transferência de valores 
 
 Imagine a seguinte situação hipotética: Carlos, morador de Goiânia (GO), viu um anúncio na internet 
que oferecia empréstimo “rápido e fácil”. Ele entrou em contato com a pessoa, que se identificou como 
Henrique. Carlos combinou de receber um empréstimo de R$ 70 mil, no entanto, para isso, ele precisaria 
depositar uma parcela de R$ 1 mil a título de “custas” para a conta bancária de Henrique, vinculada a uma 
agência bancária localizada em São Paulo (SP). Carlos efetuou o depósito e, então, percebeu que se tratava 
de uma fraude porque nunca recebeu o dinheiro do suposto empréstimo. 
 Quem será competente para processar e julgar este crime de estelionato: o juízo da comarca de 
Goiânia (onde foi feito o depósito) ou o juízo da comarca de São Paulo (local onde o dinheiro foi recebido)? 
 Aqui houve outra grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021: 
 
● Antes da Lei: o juízo competente seria, neste exemplo, o da comarca de São Paulo. O fundamento 
era o caput do art. 70 do CPP: 
 
No caso em que a vítima, induzida em erro, efetuou depósito em dinheiro e/ou 
transferência bancária para a conta de terceiro (estelionatário), a obtenção da 
vantagem ilícita ocorreu quando o estelionatário se apossou do dinheiro, ou 
seja, no momento em a quantia foidepositada em sua conta. STJ. 3ª Seção. CC 
167.025/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/08/2019. STJ. 3ª 
Seção. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/12/2019. 
 
 Segundo decidiu o STJ, o estelionato consuma-se no momento e no local em que é auferida a 
vantagem ilícita. O prejuízo alheio, apesar de fazer parte do tipo penal, está relacionado à consequência do 
crime de estelionato e não à conduta propriamente. 
 O núcleo do tipo penal é obter vantagem ilícita, razão pela qual a consumação se dá no momento 
em que os valores entram na esfera de disponibilidade do autor do crime, o que somente ocorre quando o 
dinheiro ingressa efetivamente em sua conta corrente. 
 Resumindo: Estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer depósitos 
ou transferências bancárias para a conta de terceiro (estelionatário): a competência era do local onde o 
estelionatário possuía a conta bancária. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
108 
 
● Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, em nosso exemplo, 
do juízo de Goiânia (GO). É o que prevê o novo § 4º do art. 70: 
 
Art. 70, CP. (...) § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Código Penal, quando 
praticados mediante depósito (...) ou mediante transferência de valores, a 
competência será definida pelo local do domicílio da vítima (...). 
 
A competência para o julgamento do crime de estelionato, ainda que se tenha se 
utilizado de imagens digitais adulteradas de passaporte válido de terceiro e 
documentos emitidos por órgão públicos federais, quando inexistente evidência de 
prejuízo a interesses, bens ou serviços da União, é da Justiça Estadual, devendo ser 
respeitada a regra de foro do domicílio da vítima no caso de o crime ser praticado 
mediante depósito, transferência de valores ou cheque sem provisão de fundos em 
poder do sacado ou com o pagamento frustrado. CC 178.697-PR, Rel. Min. Laurita 
Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 22/06/2022, DJe 27/06/2022. 
Noticiado no Informativo 742 do STJ. 
 
 E se houver mais de uma vítima, com domicílios em locais diferentes? 
 Utilizando novamente o terceiro exemplo acima mencionado. Suponhamos que Henrique aplicou o 
mesmo “golpe” do empréstimo não apenas em Carlos, mas também em Luísa (domiciliada em Curitiba/PR), 
em Ricardo (Rio Branco/AC), em Vitor (Fortaleza/CE) e em outras inúmeras vítimas. 
 
 De quem será a competência para julgar todas essas condutas? 
A competência será definida por prevenção, ou seja, será competente para julgar todos as condutas 
o juízo do domicílio da vítima que tiver praticado o primeiro ato do processo ou medida relativa a este, nos 
termos do art. 83 do CPP: 
 
Art. 83, CPP. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo 
dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um 
deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de 
medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da 
queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c). 
 
 É o que preconiza a parte final do § 4º do art. 70: 
 
Art. 70, CPP. (...)§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 
de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, 
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do 
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a 
competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de 
pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
109 
 
 
 Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso 
quando entrou em vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá 
remeter o feito para o juízo do domicílio da vítima? 
 
 R.: NÃO. Vigora aqui o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” (perpetuação da jurisdição), previsto 
no art. 43 do CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP. Segundo esse 
princípio, uma vez iniciado o processo penal perante determinado juízo, nele deve prosseguir até seu 
julgamento. Assim, depois que o processo se iniciou perante um juízo, as modificações que ocorrerem serão 
consideradas, em regra, irrelevantes para fins de competência. 
 
 Exceções ao princípio da “perpetuatio jurisdictionis”: Existem duas mudanças que irão influenciar na 
competência, ou seja, duas situações em que o juízo que começou a ação penal deixará de ser competente 
para continuar o processo por força de fatos supervenientes. Veja: 
a) Supressão do órgão judiciário: a lei (ou a CF) extingue o órgão judiciário (juízo) que era competente 
para aquele processo. Ex.: a EC 45/2004 extinguiu os Tribunais de Alçada e todos os recursos ali 
existentes foram redistribuídos. 
b) Alteração da competência absoluta: pode acontecer de determinadas modificações do estado de 
fato ou de direito alterarem as regras de competência absoluta para julgar aquele crime. 
Ex.1: imaginemos que viesse uma EC retirando da Justiça Federal a competência para julgar delitos 
contra servidores públicos federais no exercício de suas funções; 
 Ex.2: o crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, ainda que cometido em serviço, 
deixou de ser considerado crime militar e passou a ser crime comum por força da Lei nº 9.299/96, que alterou 
o art. 9º, parágrafo único, do CPM (atual § 1º, por força da Lei nº 13.491/2017). 
 
 Obs.: A regra e as exceções estão previstas no art. 43 do CPC/2015 que, como vimos, aplica-se ao 
processo penal em virtude do art. 3º do CPP: 
 
Art. 43, CPC. Determina-se a competência no momento do registro ou da 
distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato 
ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário 
ou alterarem a competência absoluta. 
 
Jurisprudência sobre o tema: 
 
Compete ao juízo estadual processar e julgar crime de estelionato contra fundo 
estrangeiro no qual os atos desenvolvidos foram praticados em território 
nacional, ainda que diverso o domicílio de sócio lesado. AgRg no CC 192.274-RJ, 
Rel. Ministro Ribeiro Dantas, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 
8/3/2023, DJe 10/3/2023. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
110 
 
9.6 Crime de Fraude com utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros (LEI 
14.478/22) - ART.171-A 
A lei nº 14.478, publicada na data de 21 de dezembro de 2022 acrescenta um novo tipo penal: O 
crime de fraude com a utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros. Ressalta-se 
que a própria lei conceitua ativo virtual conforme o seu artigo 3º: 
 
Para os efeitos desta Lei, considera-se ativo virtual a representação digital de valor que pode ser negociada 
ou transferida por meios eletrônicos e utilizada para realização de pagamentos ou com propósito de 
investimento, não incluídos: 
 
I - moeda nacional e moedas estrangeiras; 
II - moeda eletrônica, nos termos da Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013; 
III - instrumentos que provejam ao seu titular acesso a produtos ou serviços especificados ou a 
benefício proveniente desses produtos ou serviços, a exemplo de pontos e recompensas de programas de 
fidelidade; e 
IV - representações de ativos cuja emissão, escrituração, negociação ou liquidação esteja prevista em 
lei ou regulamento, a exemplo de valores mobiliários e de ativos financeiros. 
 
O Código Penal passa a vigorar acrescido do seguinte art. 171-A: 
 
Fraude com a utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos 
financeiros 
Art. 171-A. Organizar, gerir, ofertar ou distribuir carteiras ou intermediar 
operações que envolvam ativos virtuais, valores mobiliáriosou quaisquer ativos 
financeiros com o fim de obter vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou 
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio 
fraudulento. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
ATENÇÃO! Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial 
(vacatio legis). 
ARTS. 172 a 179, CP - LEITURA DO CÓDIGO PENAL. 
 
Duplicata simulada 
Art. 172, CP. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à 
mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a 
escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) 
 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2014.478-2022?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5474.htm#art172
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
111 
 
Abuso de incapazes 
Art. 173, CP. Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou 
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, 
induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em 
prejuízo próprio ou de terceiro: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 
Induzimento à especulação 
Art. 174, CP. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da 
simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou 
aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber 
que a operação é ruinosa: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
Fraude no comércio 
Art. 175, CP. Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou 
consumidor: 
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; 
II - entregando uma mercadoria por outra: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou 
substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; 
vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra 
qualidade: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. 
 
Outras fraudes 
Art. 176, CP. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de 
meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, 
conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
 
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações 
Art. 177, CP. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto 
ou em comunicação ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a 
constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra 
a economia popular. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
112 
 
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia 
popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951) 
 I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, 
relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz 
afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta 
fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo; 
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação 
das ações ou de outros títulos da sociedade; 
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito 
próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da 
assembléia geral; 
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por 
ela emitidas, salvo quando a lei o permite; 
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor 
ou em caução ações da própria sociedade; 
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou 
mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios; 
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com 
acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer; 
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; 
IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no 
País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao 
Governo. 
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista 
que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas 
deliberações de assembléia geral. 
 
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant" 
Art. 178, CP. Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com 
disposição legal: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Fraude à execução 
Art. 179, CP. Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando 
bens, ou simulando dívidas: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L1521.htm
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
113 
 
10. RECEPTAÇÃO (ART. 180, CP) 
 
Receptação 
Art. 180, CP. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito 
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, 
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Receptação qualificada 
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, 
montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em 
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa 
que deve saber ser produto de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 
1996) 
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. 
 
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer 
forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em 
residência. 
 
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre 
o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por 
meio criminoso: [RECEPTAÇÃO CULPOSA] 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. 
 
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor 
do crime de que proveio a coisa. 
 
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em 
consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa 
aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. 
 
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, 
de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de 
economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em 
dobro a pena prevista no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 
13.531, de 2017) 
 
a) Introdução: 
Caput: Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que 
sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13531.htm#art3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13531.htm#art3
DIREITO PENALDOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
114 
 
Pena base de 1 a 4 anos e multa, sendo, portanto, crime de médio potencial ofensivo e admitindo a 
concessão da fiança por parte do delegado de polícia. 
Crime acessório/parasitário - depende da existência de crime antecedente (mas dispensa a sua 
punição, bastando indícios suficientes da sua ocorrência). Também não há necessidade de prévio ajuste entre 
o receptor e quem praticou o delito anterior. 
 
b) Bem jurídico tutelado: Patrimônio. 
 
c) Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
 Cuidado! A pessoa que, de alguma forma, concorreu para o delito anterior, não será autor do crime 
de receptação, mas sim coautor ou partícipe do crime anterior, servindo algum ato que se enquadre nos 
núcleos que configuram receptação apenas como post factum impunível. 
 
d) Sujeito passivo: proprietário da coisa que foi objeto material do delito antecedente. 
 
e) Objeto material: coisa que o agente sabe SER PRODUTO DE CRIME. Prevalece que deve ser coisa móvel, 
embora haja quem defenda que imóvel também. 
∘ Vítima que negocia com o furtador seu bem próprio (que foi furtado) de volta não pratica crime de 
receptação. 
∘ Pessoa que compra bem usado como instrumento do crime não pratica receptação. 
∘ Pessoa que compra produto de contravenção penal não pratica receptação. 
 
 Cabe receptação de coisa própria? 
R.: O tipo penal não restringe. Porém, é de difícil configuração. Será possível caso o objeto esteja sob a 
posse legítima de terceiro (ex.: joia que estava empenhada foi furtada, tendo adquirido o dono pelo 
furtador). 
 
 Cabe receptação de receptação? 
R.: Sim! Não há qualquer restrição, desde que não haja quebra da má-fé de uma conduta para outra. 
 
 Cabe receptação de ato infracional análogo a crime? 
R.: Prevalece que sim, vez que o tipo não exige que o agente seja criminoso, mas que o fato se adeque 
à tipificação de algum crime. 
 
f) Elemento subjetivo: dolo direto (“SABE”), com finalidade especial de agir (proveito próprio ou alheio). Em 
caso de dolo eventual, poderá configurar receptação culposa. 
 
10.1 Receptação própria 
 
 Quando o agente pratica um dos primeiros núcleos, ficando ele próprio com a coisa que sabe ser 
produto de crime. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
115 
 
✔ Adquirir 
✔ Receber 
✔ Transportar 
✔ Conduzir 
✔ Ocultar 
Crime material, que é consumado com a prática de um dos núcleos. Alguns deles são permanentes. 
Tentativa cabível 
 
Jurisprudência em teses do STJ – Edição nº 87 
12 - O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar, conduzir 
ou ocultar, é crime permanente, cujo flagrante perdura enquanto o agente se 
mantiver na posse do bem que sabe ser produto de crime. 
 
10.2 Receptação imprópria 
 
Quando o agente influi para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. É o intermediário. 
Crime formal, bastando a influência, não necessitando que o terceiro realmente adquira. 
Tentativa só é possível se a influência for por escrito. 
O tipo penal aqui exige que o terceiro esteja de boa-fé. Caso esteja de má-fé, este terceiro cometerá 
receptação própria e quem influiu será partícipe. 
 
Conclusão: Caso o agente influa para que terceiro de má-fé adquira, receba ou oculte, responderá na 
qualidade de partícipe do crime de receptação ou pelo parágrafo 1º do art. 180, CP. 
 
10.3 Receptação dolosa qualificada 
 
Art. 180, CP. (...) §1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em 
depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer 
forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial 
ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime. Pena: 3 a 8 anos e multa. 
 
O tipo é misto alternativo, sempre que a conduta recair sobre a mesma coisa. 
Elemento subjetivo especial: O crime deve ser praticado com a intenção de haver a coisa “em 
proveito próprio ou alheio”, ou seja, com animus lucrandi. 
Não se aplica o princípio da insignificância à receptação qualificada em razão da reprovabilidade da 
conduta. Nesse sentido, STF no informativo 663: 
 
“O princípio da insignificância, bem como o benefício da suspensão condicional do 
processo não são aplicáveis ao delito de receptação qualificada” HC 105963/PE, rel. 
Min. Celso de Mello, 24.4.2012.(HC-105963) 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=105963&classe=HC&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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Veja a jurisprudência pertinente: 
 
O STF entende que o § 1º do art. 180 do CP é CONSTITUCIONAL. 
O objetivo do legislador ao criar a figura típica da receptação qualificada foi 
justamente a de punir de forma mais gravosa o comerciante ou industrial que, em 
razão do exercício de sua atividade, pratica alguma das condutas descritas no 
referido § 1°, valendo-se de sua maior facilidade para tanto devido à infraestrutura 
que lhe favorece. O crime foi qualificado pelo legislador em razão da condição do 
agente que, por sua atividade profissional, merece ser mais severamente punido 
com base na maior reprovabilidade de sua conduta. Para o STF, o § 1º do art. 180 
pune tanto o agente que atua com dolo eventual como também no caso de dolo 
direto. STF. 1ª Turma. RHC 117143/RS, rel. Min. Rosa Weber, 25/6/2013 (Info 712). 
 
A receptação, em sua forma qualificada, demanda especial qualidade do sujeito 
ativo, que deve ser comerciante ou industrial. AgRg no AREsp 2.259.297-MG, Rel. 
Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 18/4/2023, 
DJe 24/4/2023. 
 
Já caiu em prova: No delito de receptação qualificada, a expressão “coisa que deve saber ser produto de 
crime" possui interpretação do STF no sentido de que, 
A – Trata-se de norma inconstitucional com relação ao preceito secundário, por violar o princípio da 
proporcionalidade quando comparada à pena prevista para o caput. 
B - Se aplica apenas aos casos de dolo eventual, excluindo-se o dolo direto. 
C - Abrange igualmente o dolo direto. 
D -Configura má utilização da expressão, por ser indicativa de culpa consciente. 
E -Impede que no exercício de atividade comercial possa se alegar receptação culposa. 
 
GABARITO: LETRA C 
 
(§2º) - Cláusula de equiparação: Equipara-se à atividade comercial, para efeito do 
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive 
o exercício em residência. 
 
Crime próprio e que pode ser praticado tanto por dolo direto como por dolo eventual. 
Deve haver relação entre a coisa e a atividade 
 
 
 
 
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
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10.4 Receptação culposa 
 
Art. 180, CP. (...) § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela 
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve 
presumir-se obtida por meio criminoso: 
 
O agente não conhece a origem ilícita da coisa, tampouco assume o risco de adquirir ou receber 
produto de crime. Parte da doutrina entende que o dolo eventual também entra aqui. 
Menor potencial ofensivo. 
Diz-se que é um crime culposo de tipo penal fechado, já que, geralmente, a modalidade culposa 
apenas prevê “se é culposo...”, constituindo tipo penal aberto, não descrevendo a conduta, ao contrário do 
que foi feito aqui. 
Não é admissível a tentativa, pois se trata de conduta culposa. 
 
Considerações finais: 
⋅ §4º: A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que 
proveio a coisa. Norma explicativa. 
⋅ §5º: Benefícios: Perdão judicial para a receptação culposa e aplicação do privilégio do furto para a 
receptação dolosa. 
⋅ §6º: Qualificadora: (para a maioria da doutrina – já que não há um quantum de aumento, mas novos 
limites mínimos emáximos) em razão do sujeito passivo. Só se aplica ao caput. As empresas públicas 
também estão inclusas, segundo o STF. 
 
Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: a absolvição pelo crime pressuposto da 
receptação impede a condenação do receptador quando não existir prova de ele ter concorrido para a 
infração penal, ficar provada a inexistência do fato, não houver prova da existência do fato, não constituir o 
fato infração penal ou existir circunstância que exclua o crime. 
 
Vale saber: FURTO X RECEPTAÇÃO X FAVORECIMENTO REAL 
 
FURTO RECEPTAÇÃO FAVORECIMENTO REAL 
Essência: subtração. 
Contudo, caso o agente 
“receptador” (ou seja, aquele que 
praticará algum dos núcleos do 
tipo do 180), ajuste, por exemplo, 
antes da ocorrência de um furto, 
que receberá a coisa furtada, o 
agente responderá pela 
participação no delito de furto. 
Essência: A intenção do agente 
em, por exemplo, receber a coisa 
que é produto de crime é obter 
proveito próprio ou alheio (de um 
terceiro que não seja o autor do 
delito antecedente). 
O ajuste entre o receptor e o autor 
do delito antecedente ocorre 
depois. 
Essência: A intenção do agente 
em, por exemplo, receber a coisa 
que é produto de crime é prestar 
auxílio ao criminoso, autor do 
delito antecedente. 
Muda aqui a finalidade especial de 
agir. 
 
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10.5 Receptação de Animal (Art. 180-A) 
 
Art. 180-A, CP. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou 
vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente 
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve 
saber ser produto de crime. 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
Inserido no CP pela lei 13.330/2016, visando punir mais severamente a conduta de receptar animais. 
Assim como na qualificadora do furto, que já explicamos, são animais domesticáveis de produção, ainda que 
abatidos ou divididos em partes. Contudo, mais uma vez o legislador não atingiu seu objetivo e abrandou a 
pena de quem pratica essa conduta, que antes respondia pela modalidade qualificada do artigo 180, §1º. 
Sendo, portanto, novatio legis in mellius, retroage. 
Crime de elevado potencial ofensivo (não admite suspensão condicional do processo). 
Admite dolo direto ou eventual. 
 
ENUNCIADO n° 6 da JDPP – Na observância dos pressupostos e requisitos à segregação cautelar, é incabível 
a decretação da prisão preventiva pelo crime de receptação exclusivamente em razão da suposta conduta 
ter ocorrido em área de fronteira. 
 
11. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS (Arts. 181/183) 
 
IMUNIDADES ABSOLUTAS: 
 
Art. 181, CP. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste 
título, em prejuízo: 
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil 
ou natural. 
 
IMUNIDADES RELATIVAS: 
Art. 182, CP. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto 
neste título é cometido em prejuízo: 
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 
EXCLUSÃO DAS IMUNIDADES 
Art. 183, CP. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: 
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de 
grave ameaça ou violência à pessoa; 
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II - ao estranho que participa do crime. 
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 
(sessenta) anos. 
 
a) Natureza jurídica 
Imunidades absolutas: Prevalece ser causa extintiva da punibilidade ou causas pessoais de exclusão 
da pena. Assim, apesar de o delito restar configurado (consistindo em um fato: típico, antijurídico e culpável), 
por questões de política criminal é inviável o exercício da pretensão punitiva. 
No entanto, alguns autores criticam o termo e dizem que seriam, na verdade, causas de exclusão da 
punibilidade / causas negativas da punibilidade, pois impediria o próprio surgimento da punibilidade do 
agente. 
Imunidades relativas: Condição específica de procedibilidade da ação penal pública, já que 
convertem a ação penal pública incondicionada e condicionada à representação. 
 
Lei Maria da Penha X Escusas absolutórias: embora haja quem entenda que não se aplicam aos casos 
de violência doméstica e familiar contra a mulher, prevalece que são sim aplicáveis, já que não há disposição 
em sentido contrário vedando a aplicação. 
 
Enunciado JDPP n° 9: A escusa absolutória do art. 181, inc. II, do Código Penal, 
abrange também a paternidade e filiação socioafetiva. 
 
Caiu na Prova Delegado PC-AL (2023) (CESPE/CEBRASPE) - Pedro ingressou na residência de sua avó Teresa 
e subtraiu o pequeno cofre do quarto, levando-o para um beco. Sem saber o segredo do cofre, abriu-o com 
um maçarico e subtraiu as joias de seu interior. Em seguida, levou as peças a uma tradicional joalheria da 
cidade e vendeu-as a João, comerciante de 20 anos, que comprou os objetos sem se importar em apurar a 
origem. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens que se seguem. 
Em se tratando do crime cometido por Pedro, é prevista a exclusão de ilicitude em razão de Pedro ser neto 
da vítima, bastando, para tanto, que não haja a representação. (item incorreto). As escusas nos crimes 
contra o patrimônio são causas extintivas de punibilidade, não excludentes de ilicitude. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
 
- Direito Penal – Parte Especial – Volume 2 – 12ª edição – Cleber Masson; 
- Manual de Direito Penal – Parte especial – 11ª edição – Rogério Sanches Cunha. 
- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br 
 
http://www.dizerodireito.com.br/Delegado/PE 2024 (CESPE/CEBRASPE)! No que se refere aos crimes contra o patrimônio 
previstos no CP, de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a restituição imediata, 
voluntária e integral do bem furtado constitui, por si só, motivo suficiente para aplicação do instituto do 
arrependimento posterior. (item correto) 
 
Jurisprudência sobre o assunto: 
 
Se o agente restituir o bem à vítima? Constitui motivo, por si só para aplicação do 
Princípio da insignificância? NÃO! Jurisprudências em tese (STJ) ed. 221 – Princípio 
da insignificância 3)A restituição da res furtiva à vítima não constitui, por si só, 
motivo suficiente para a aplicação do princípio da insignificância. 
Furto de alimentos nobres (como camarão descascado e cozido; condimento e 
sobremesa) descaracterizaram, no caso concreto, a tese de furto famélico. 
Espécie em que o Paciente foi condenado pelo crime de furto qualificado, na forma 
tentada, pela subtração, em 2021, de produtos expostos à venda em um 
supermercado localizado em Campinas - SP, por R$ 295,10 (duzentos e noventa e 
cinco reais e dez centavos). O valor venal das res furtiva supera 10% (dez por cento) 
do salário mínimo fixado à época - circunstância que, em regra, obsta a aplicação 
do princípio da insignificância. O fato de o produto do furto ter sido devolvido à 
Vítima não afasta, de per si, a tipicidade material da conduta delitiva. 
Os elementos probatórios da causa principal parecem indicar que houve certa 
sofisticação no planejamento na conduta, pois o Paciente encheu sua mochila de 
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alimentos e, no caixa, tentou pagar apenas os produtos que colocou na cesta do 
supermercado. O pagamento foi recusado e o Condenado, então, dirigiu-se ao 
estacionamento, para que pudesse sair do local sem pagar pelas mercadorias que 
escondeu na mochila. Ademais, foram apreendidos alimentos nobres (como 
camarão descascado e cozido), condimento e sobremesa. Essa conjuntura impede 
concluir, nesta via de cognição limitada, que o furto ocorreu tão somente para 
que o Paciente pudesse garantir sua subsistência, e que a atipicidade material da 
conduta na hipótese mostrar-se-ia socialmente recomendável. STJ. 6ª Turma. HC 
747.651/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 02/08/2022. 
 
1.2 Furto noturno (art. 155, §1º, CP) 
 
Art. 155, CP. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno. 
 
a) “Repouso noturno” – aumento de pena – 1/3: 
Não há horário definido. Deve ser verificado o costume da localidade (“costume interpretativo”). 
Não é sinônimo de “noite”. Pode ser noite e não se verificar o repouso noturno. Ex.: avenida 
movimentada de bares em SP às 23h: embora seja noite, não há repouso noturno. No entanto, nunca será 
durante o dia, mesmo que a vítima esteja dormindo (Ex.: casa de quem trabalha à noite e dorme durante o 
dia – o agente furta durante o dia: não é repouso noturno). 
 Obs.: Precisa ser casa habitada? Não. Pode ser estabelecimento comercial fechado durante à noite. 
 
b) Ratio da norma: A causa de aumento deve incidir, em face da menor vigilância decorrente do repouso da 
coletividade. 
 
Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal, 
basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada 
a maior precariedade da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período 
e, por consectário, a maior probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo 
irrelevante o fato das vítimas não estarem dormindo no momento do crime, ou, 
ainda, que tenha ocorrido em estabelecimento comercial ou em via pública, dado 
que a lei não faz referência ao local do crime. STJ. 5ª Turma. AgRg-AREsp 1.746.597-
SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 17/11/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl 
no REsp 1849490/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha, julgado em 15/09/2020. 
 
Atenção ao Informativo 742 STJ (30/06/22) sobre as premissas da aplicação da 
majorante do furto noturno!!! 1. Nos termos do § 1º do art. 155 do Código Penal, 
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se o crime de furto é praticado durante o repouso noturno, a pena será aumentada 
de um terço. 
2. O repouso noturno compreende o período em que a população se recolhe para 
descansar, devendo o julgador atentar-se às características do caso concreto. 
3. A situação de repouso está configurada quando presente a condição de 
sossego/tranquilidade do período da noite, caso em que, em razão da diminuição 
ou precariedade de vigilância dos bens, ou, ainda, da menor capacidade de 
resistência da vítima, facilita-se a concretização do crime. 
4. São irrelevantes os fatos de as vítimas estarem, ou não, dormindo no momento 
do crime, ou o local de sua ocorrência, em estabelecimento comercial, via pública, 
residência desabitada ou em veículos, bastando que o furto ocorra, 
obrigatoriamente, à noite e em situação de repouso. 
 
Caiu na Prova Delegado PC-ES/2022 (CESPE/CEBRASPE)! Durante o período de repouso noturno, Pedro 
cometeu o crime de furto de um veículo que estava guardado na garagem da casa da família Silva. No 
decorrer das investigações, foi possível constatar que Pedro era primário e que, pela análise das imagens das 
câmeras de segurança instaladas no jardim da residência, havia movimentação dentro da casa, ou seja, 
membros da família Silva estavam acordados dentro da residência. A partir dessa situação hipotética, assinale 
a opção correta: É irrelevante o fato de as vítimas estarem ou não dormindo no momento do crime, 
bastando que o furto tenha sido praticado à noite, durante o repouso noturno, para caracterizar a causa 
de aumento de pena (Item correto) 
 
Obs.: Haverá casos em que, mesmo nos furtos praticados no período da noite, 
mas em lugares amplamente vigiados, tais como em boates e comércios 
noturnos, ou, ainda, em situações de repouso, mas ocorridas nos períodos diurno 
ou vespertino, não se poderá valer-se dessa causa de aumento. INFO 742/STJ 
(30/06/22). 
 
ATENÇÃO – APLICAÇÃO DA MAJORANTE DO REPOUSO NOTURNO AO FURTO QUALIFICADO – 
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. 
 
STF: Para o Supremo Tribunal federal, a mera disposição topográfica dos parágrafos no artigo não afasta a 
possibilidade de aplicação conjunta da majorante, pois evidente ter se tratado de mera ausência de técnica 
legislativa. A causa de aumento do repouso noturno se coaduna com o furto qualificado quando compatível 
com a situação fática. STF. 1ª Turma. HC 180966 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 04/05/2020. 
 
STJ: Desde 2014, o STJ também caminhava na esteira do entendimento perfilhado pelo STF. Porém, em maio 
de 2022, houve uma mudança de posicionamento na Corte Superior para entender que a causa de aumento 
prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal (prática do crime de furto no período noturno) não incide no 
crime de furto na sua forma qualificada (§ 4º). Para a 3ª Seção, a topografia do art. 155 afasta a aplicação do 
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furto noturno à forma qualificada. Sob o prisma da proporcionalidade, argumentou-se, ainda, que se for 
possível aplicar a majorante do repouso noturno à forma, a pena poderia ser maior do que a do roubo. STJ. 
3ª Seção. REsp nº 1.888.756/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 25/05/2022. 
 
A causa de aumento de pena do § 1º do art. 155 do CP, além de se aplicar para os casos de furto 
simples (caput), pode também incidir nas hipóteses de furto qualificado (§ 4º)? 
 
STF = SIM STJ = NÃO 
A causa de aumento do repouso noturno se 
coaduna com o furto qualificado quando 
compatível com a situação fática. 
A causa de aumento prevista no § 1º do art. 155 do 
Código Penal (prática do crime de furto no período 
noturno)não incide no crime de furto na sua forma 
qualificada (§ 4º). 
 
1.3 Furto Privilegiado (art. 155, §2º, CP) 
 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode 
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou 
aplicar somente a pena de multa. 
 
Se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
 
a) Natureza jurídica: causa de diminuição de pena 
 
O STJ vem entendendo que a causa de diminuição de pena do art. 155, §2º, CP, constitui direito 
subjetivo. Neste sentido, confira-se o seguinte excerto de resumo de acórdão: 
 
Em relação à figura do furto privilegiado, o art. 155, § 2º, do Código Penal impõe a 
aplicação do benefício penal na hipótese de adimplemento dos requisitos legais da 
primariedade e do pequeno valor do bem furtado, assim considerado aquele 
inferior ao salário mínimo ao tempo do fato. Trata-se, em verdade, de direito 
subjetivo do réu, não configurando mera faculdade do julgador a sua concessão, 
embora o dispositivo legal empregue o verbo 'poder'. 
(STJ; Quinta Turma; HC 583023/SC; Relator Ministro Ribeiro Dantas; Publicado no 
DJe de 10/08/2020). 
 
b) Requisitos: Primariedade do agente + pequeno valor da coisa 
 
● Primariedade do agente: Pelas regras de reincidência do art. 62 a 65 do CP, é primário: 
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⋅ Aquele não apresenta condenação irrecorrível anterior; 
⋅ Aquele que, depois de 5 anos da extinção da pena a que foi condenado pela prática de outro 
delito, vier a cometer outro crime (não é reincidente, mas portador de maus antecedentes). 
 
● Pequeno valor: a jurisprudência tem admitido em casos que a coisa tem valor de até 1 salário-
mínimo: (Não se confunde com coisa de valor insignificante, cujo critério adotado é 10% do salário 
mínimo!) 
 
O salário-mínimo pode ser adotado como parâmetro de referência para conceituar 
coisa de pequeno valor, não podendo, entretanto, ser adotado como critério de 
rigor aritmético, impondo-se ao juiz sopesar outras circunstâncias próprias do caso. 
STJ AgRg no HC 478994/SC. 
 
Obs.: É indiferente que o bem furtado seja restituído à vítima. Para se ter o benefício é apenas 
primariedade e pequeno valor do objeto furtado – direito subjetivo do réu! 
 
Cuidado!!! Não confundir furto privilegiado (diminuição de pena) com furto insignificante (fato atípico). 
Para que seja aplicada a insignificância há necessidade de preenchimento dos 4 vetores que já mencionamos 
no arquivo que tratamos de princípios: mínima ofensividade da conduta, ausência de periculosidade social 
da ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade de lesão jurídica ao bem 
jurídico. 
 
Sobre o tema: 
 
Jurisprudência em tese (STJ) ed. 221 – Princípio da insignificância 
1) Para fins de aplicação do princípio da insignificância na hipótese de furto, é 
imprescindível compreender a distinção entre valor irrisório e pequeno valor, uma 
vez que o primeiro exclui o crime (fato atípico) e o segundo pode caracterizar furto 
privilegiado. 
2) A lesão jurídica resultante do crime de furto, em regra, não pode ser considerada 
insignificante quando o valor dos bens subtraídos for superior a 10% do salário 
mínimo vigente à época dos fatos. 
 
Admite-se reconhecer a não punibilidade de um furto de coisa com valor 
insignificante, ainda que presentes antecedentes penais do agente, se não 
denotarem estes tratar-se de alguém que se dedica, com habitualidade, a 
cometer crimes patrimoniais. AgRg no REsp 1.986.729-MG, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/06/2022, DJe 
30/06/2022. Disponível no Info 722/STJ. 
 
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Jurisprudência em Teses do STJ (edição nº 47): 
7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do 
crime o seu meio de vida, ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor. 
13) Reconhecido o privilégio no crime de furto, a fixação de um dos benefícios do § 
2º do art. 155 do CP exige expressa fundamentação por parte do magistrado. 
 
● Furto privilegiado cometido durante o repouso noturno: o furto cometido durante o repouso 
noturno é causa de aumento de pena compatível com o privilégio. 
 
● Furto privilegiado-qualificado (furto híbrido): Súmula 511, STJ “é possível o reconhecimento do 
privilégio previsto no §2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem 
presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora de ordem 
objetiva”. 
 
Segundo a doutrina, a única qualificadora de ordem subjetiva é a do abuso de confiança. Já o STJ, em 
julgado, também cita como de ordem subjetiva que inviabiliza o benefício penal é a de abuso de confiança. 
Entretanto, em julgado mais recente, também foi considerado o emprego de fraude como incompatível 
por possuir também natureza subjetiva. STJ, AgRg no AREsp 1841048/MS 19/12/2019 
 
Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte assertiva: No caso de crime de furto qualificado, 
tratando-se de réu primário, se o objeto subtraído for de pequeno valor e a qualificadora for de ordem 
objetiva, será permitido o reconhecimento de furto privilegiado. 
 
1.4 Cláusula de equiparação 
 
Conforme o art. 3º do CP, é equiparada à coisa móvel a energia elétrica, ou ainda qualquer outra 
energia capaz de ter valor econômico (ex.: energia genética - sêmen de animais). 
 
● Furto de energia elétrica (“gato”) x Estelionato para o consumo com fraude no medidor: No primeiro, 
o agente não está autorizado a consumir a coisa – há uma ligação clandestina. No segundo, o agente está 
autorizado a consumir a coisa, mas utiliza a fraude para que o medidor não mostre seu real consumo, 
para pagar menos. A ligação da energia é legítima, o que é adulterado é o medidor. 
 
A alteração do sistema de medição, mediante fraude, para que aponte resultado 
menor do que o real consumo de energia elétrica configura estelionato. Ex.: as fases 
“A” e “B” do medidor foram isoladas por um material transparente, que permitia a 
alteração do relógio fazendo com que fosse registrada menos energia do que a 
consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. JoelIlan Paciornik, julgado 
em 07/05/2019 (Info 648) 
 
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Caiu na prova Delegado PC-PB (2022) (CESPE/CEBRASPE): Conforme entendimento do STJ, o uso fraudulento 
de material transparente nas fases “a” e “b” do medidor de consumo de energia elétrica que permita a 
alteração do relógio para reduzir a quantidade registrada e consumida e induza a erro a companhia de 
eletricidade, gerando a obtenção de vantagem ilícita, configura o crime de estelionato. (item correto) 
 
Atenção à jurisprudência sobre o tema: O pagamento do débito oriundo de furto de energia 
elétrica antes do recebimento da denúncia não é causa de extinção da punibilidade. 
 
No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o adimplemento do débito 
antes do recebimento da denúncia não extingue a punibilidade. O furto de energia 
elétrica não pode receber o mesmo tratamento dado ao inadimplemento 
tributário, de modo que o pagamento do débito antes do recebimento da denúncia 
não configura causa extintiva de punibilidade, mas causa de redução de pena 
relativa ao arrependimento posterior (art. 16 do CP). Isso porque nos crimes contra 
a ordem tributária, o legislador (Leis nº 9.249/1995 e nº 10.684/2003), ao consagrar 
a possibilidade da extinção da punibilidade pelo pagamentodo débito, adota 
política que visa a garantir a higidez do patrimônio público, somente. A sanção 
penal é invocada pela norma tributária como forma de fortalecer a ideia de 
cumprimento da obrigação fiscal. Já nos crimes patrimoniais, como o furto de 
energia elétrica, existe previsão legal específica de causa de diminuição da pena 
para os casos de pagamento da “dívida” antes do recebimento da denúncia. Em tais 
hipóteses, o Código Penal, em seu art. 16, prevê o instituto do arrependimento 
posterior, que em nada afeta a pretensão punitiva, apenas constitui causa de 
diminuição da pena. Outrossim, a jurisprudência se consolidou no sentido de que a 
natureza jurídica da remuneração pela prestação de serviço público, no caso de 
fornecimento de energia elétrica, prestado por concessionária, é de tarifa ou preço 
público, não possuindo caráter tributário. Não há como se atribuir o efeito 
pretendido aos diversos institutos legais, considerando que o disposto no art. 34 da 
Lei nº 9.249/1995 e no art. 9º da Lei nº 10.684/2003 fazem referência expressa e, 
por isso, taxativa, aos tributos e contribuições sociais, não dizendo respeito às 
tarifas ou preços públicos. STJ. 3ª Seção. RHC 101299-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 
Rel. Acd. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 13/03/2019 (Info 645). 
 
CAIU PROVA CESPE/2020: Joaquim, com o intuito de fornecer energia elétrica a seu pequeno ponto 
comercial situado em via pública, efetuou uma ligação clandestina no poste de energia elétrica próximo a 
seu estabelecimento. Durante dois anos, ele utilizou a energia elétrica dessa fonte, sem qualquer registro ou 
pagamento do real consumo. Em fiscalização, foi constatada a prática de crime, e, antes do recebimento da 
denúncia, Joaquim quitou o valor da dívida apurado pela companhia de energia elétrica. Consoante a 
jurisprudência do STJ, nessa situação hipotética, Joaquim praticou o crime de furto mediante fraude, cuja 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dead35fa1512ad67301d09326177c42f?categoria=11&subcategoria=106&assunto=261
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
17 
 
punibilidade não foi extinta com o pagamento do débito, apesar de essa circunstância poder caracterizar 
arrependimento posterior. (item correto) 
 
● Sinal de TV à cabo – “gatonet” – acabou a divergência entre o STF e o STJ: 
 
O STJ em sintonia com precedente do Supremo Tribunal Federal, entendeu que a captação 
clandestina de sinal de televisão por assinatura não pode ser equiparada ao furto de energia elétrica, 
tipificado no art.155, § 3º, do Código Penal, pela vedação à analogia “in malam partem”. 
 
A captação clandestina de sinal de televisão por assinatura não pode ser 
equiparada ao furto de energia elétrica, tipificado no art. 155, § 3.º, do Código 
Penal, pela vedação à analogia in malam partem. 2. Os equipamentos utilizados 
na prestação dos serviços de telecomunicações estão sujeitos à fiscalização e 
certificação pela Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL, segundo 
previsto do art. 19, incisos XII e XIII, da Lei n. 9.472/1997, podendo tais objetos, 
inclusive, ser alvo de busca e apreensão por parte da referida Agência, segundo 
autorização contida no inciso XV, do mesmo artigo. Sendo assim, a montagem e 
comercialização de aparelhos em desacordo com as regras estabelecidas pelo 
mencionado Órgão caracteriza ofensa ao serviço por ela regulado e fiscalizado. 3. 
A conduta investigada, de venda de aparelhos para desbloqueio clandestino de 
sinal de televisão por assinatura, configura, em tese, o crime do art. 183, parágrafo 
único, da Lei nº 9.472/1997. 4. Havendo, em tese, a prática de crime contra as 
telecomunicações, tipificado na Lei n. 9.472/1997, está configurada a competência 
da Justiça Federal, por haver lesão a serviço da União, nos termos do art. 21, 
inciso XII, alínea a, c.c. o art. 109, inciso IV, da Constituição da República. 5. Conflito 
conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 7.ª Vara Criminal de São 
Paulo – SJ/SP, o Suscitante. (CC 173.968/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, TERCEIRA 
SEÇÃO, julgado em 09/12/2020, DJe 18/12/2020) 
 
1.5 Furto Qualificado (art. 155, §4º, CP) 
 
Furto qualificado 
 § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver 
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído 
pela Lei nº 13.654, de 2018) 
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619836/artigo-155-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619746/par%C3%A1grafo-3-artigo-155-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619836/artigo-155-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619746/par%C3%A1grafo-3-artigo-155-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11283426/artigo-19-da-lei-n-9472-de-16-de-julho-de-1997
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11283042/inciso-xii-do-artigo-19-da-lei-n-9472-de-16-de-julho-de-1997
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11283003/inciso-xiii-do-artigo-19-da-lei-n-9472-de-16-de-julho-de-1997
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103340/lei-geral-de-telecomunica%C3%A7%C3%B5es-lei-9472-97
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11268605/artigo-183-da-lei-n-9472-de-16-de-julho-de-1997
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11268558/par%C3%A1grafo-1-artigo-183-da-lei-n-9472-de-16-de-julho-de-1997
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11268558/par%C3%A1grafo-1-artigo-183-da-lei-n-9472-de-16-de-julho-de-1997
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103340/lei-geral-de-telecomunica%C3%A7%C3%B5es-lei-9472-97
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103340/lei-geral-de-telecomunica%C3%A7%C3%B5es-lei-9472-97
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10639099/artigo-21-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10720935/inciso-xii-do-artigo-21-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10720727/alinea-a-do-inciso-xii-do-artigo-21-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/1148741/artigo-109-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10683505/inciso-iv-do-artigo-109-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
18 
 
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto 
mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, 
conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo 
de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio 
fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) 
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do 
resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) 
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado 
mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela 
Lei nº 14.155, de 2021) 
II – Aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso 
ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) 
§ 5º - A pena é de reclusão de trêsa oito anos, se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o 
exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
§ 6o - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de 
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no 
local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
§ 7º - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for 
de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, 
de 2018) 
 
Trata-se de crime de elevado potencial ofensivo, não sendo aplicável nenhum dos benefícios da Lei 
9.099/95. Hipóteses: 
 
Inciso I: Cometido com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa: 
 
● Na destruição o obstáculo desaparece. No rompimento o obstáculo é danificado, mas continua 
existindo. 
● O rompimento deverá ser sobre uma coisa exterior à coisa subtraída. Se a violência for aplicada 
contra a própria coisa, não incidirá a qualificadora. 
Ex.: quebrar o vidro do carro para furtar o som: furto qualificado. Quebrar o vidro do carro para furtar 
o próprio carro: furto simples (Obs.: Situação criticada em razão da ausência de proporcionalidade, 
mas os Tribunais Superiores vêm decidindo assim – em congruência com a letra de lei). 
● Cão de guarda: é obstáculo. 
● Bolsa que tem carteira dentro: bolsa não é obstáculo; caso o agente corte a alça da bolsa para furtar 
a carteira, por exemplo, não incide a qualificadora do rompimento de obstáculo, mas pode incidir a 
da destreza caso a vítima não perceba o ato, estando a bolsa junto ao seu corpo. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13330.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
19 
 
● Há exigência de perícia, vez que deixa vestígio, salvo em caso de desaparecimento deles, quando a 
prova testemunhal pode suprir a falta. 
 
O reconhecimento da qualificadora de rompimento de obstáculo exige a realização 
de exame pericial, o qual somente pode ser substituído por outros meios 
probatórios quando inexistirem vestígios, o corpo de delito houver desaparecido 
ou as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo. Ainda que a 
presença da circunstância qualificadora esteja em consonância com a prova 
testemunhal colhida nos autos, mostra-se imprescindível a realização de exame de 
corpo de delito, nos termos do art. 158 do CPP. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 
1814051/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 07/11/2019. 
 
Como a banca CESPE/CEBRASPE já cobrou o tema: 
 
Delegado de Polícia – 2024 – PCPE: João, às 4 h da manhã, arrombou o cadeado da residência 
de Sebastião, adentrando o interior da casa da vítima. De forma sorrateira e sem fazer barulho, 
para evitar que acordasse a família da vítima, que lá dormia, João subtraiu uma televisão de 48 polegadas, 
levando-a consigo. Dez minutos após sair da casa de Sebastião, ao ser abordado por policiais militares, João 
acabou confessando a prática delituosa. Na situação hipotética apresentada, segundo o entendimento 
jurisprudencial do STJ, João praticou furto qualificado. Item correto. 
 
Delegado de Polícia – 2023 – PCAL: - +Pedro ingressou na residência de sua avó Teresa e subtraiu o pequeno 
cofre do quarto, levando-o para um beco. Sem saber o segredo do cofre, abriu-o com um maçarico e subtraiu 
as joias de seu interior. Em seguida, levou as peças a uma tradicional joalheria da cidade e vendeu-as a João, 
comerciante de 20 anos, que comprou os objetos sem se importar em apurar a origem. Considerando essa 
situação hipotética, julgue os itens que se seguem. 
O ato praticado por Pedro configura crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo e o praticado 
por João, crime de receptação qualificada. Item errado. 
Comentários: Pela análise da assertiva percebe-se que ele não rompeu o obstáculo para subtrair a res furtiva, 
mas arrombou o cofre, que tinha as jóias dentro, depois de já ter o subtraído, logo, não deve incidir a 
qualificadora objetiva (STF HC 98606/RS e HC 77675 / PR) O rompimento deverá ser sobre uma coisa exterior 
à coisa subtraída. Se a violência for aplicada contra a própria coisa, não incidirá a qualificadora. Nesse sentido, 
a destruição ou rompimento do obstáculo deve ocorrer antes ou durante a consumação do furto, ou seja, 
quando servir como meio de execução para a subtração da coisa alheia móvel. 
 
Inciso II: Cometido com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
 
a) Abuso de confiança – única qualificadora de ordem subjetiva. 
Segundo o autor Cleber Masson: “Confiança é o sentimento de credibilidade ou de segurança que 
uma pessoa deposita em outra. Cuida-se de circunstância subjetiva, incomunicável no concurso de pessoas, 
a teor da regra delineada pelo art. 30 do Código Penal. Esta qualificadora consiste na traição, pelo agente, da 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
20 
 
confiança que, oriunda de relações antecedentes entre ele e a vítima, faz com que o objeto material do furto 
tenha sido deixado ou ficasse exposto ao seu fácil alcance” 
 
Requisitos cumulativos do abuso de confiança: 
∘ O agente tem uma especial confiança da vítima (tem que ser de verdade, pois caso o agente se 
passe por um grande amigo da vítima pedindo dinheiro ao telefone, por exemplo, será a da 
fraude), 
∘ O agente se aproveita dessa confiança para subtrair a coisa (deve haver relação de causa e 
efeito). 
∘ Obs.: A relação de emprego, por si só, não configura a qualificadora se não preencher os 
requisitos acima. É preciso que haja uma verdadeira relação de confiança entre empregado e 
patrão. 
 
#NOMENCLATURA: FAMULATO é o furto doméstico, praticado por empregados. 
 
● Diferencia-se da apropriação indébita: 
∘ Furto qualificado pelo abuso de confiança: o agente não detém a posse efetiva do bem, mas 
pode ter simples contato com a coisa ou o que a doutrina chama de “posse vigiada”, abusando 
da confiança para efetuar a subtração (o dolo de ficar com a coisa é antecedente à posse). 
∘ Apropriação indébita: o agente exerce a posse desvigiada do bem em nome de outrem e seu 
dolo de ficar com a coisa é superveniente. Não há subtração, a coisa é entregue ao agente e ele 
não a restitui. 
 
b) Mediante Fraude 
Ocorre quando o agente utiliza artifício (fraude material – Ex.: falso uniforme de garçom do local para 
subtrair pertences da mesa de clientes) ou ardil (fraude intelectual – conversa enganosa) para enganar a 
vítima e subtrair seus bens. 
Diferencia-se do estelionato, vez que nesse a fraude é empregada para ludibriar a vítima, para que 
ela própria entregue livremente seu bem ao agente (Ex.: falso assistente técnico de TV – a vítima entrega 
para consertar e o agente foge com o aparelho), enquanto no furto, a fraude é para facilitar a subtração. 
 
● Hipóteses casuísticas: 
 
i) Falso “test drive”: subtração de veículo posto à venda mediante solicitação ardil de teste drive. 
Prevalece que é furto mediante fraude, vez que não é dada a posse desvigiada do bem. 
A posição do STJ é nesse sentido (HC 8179/GO, STJ) 
 
ii) Cartão clonado: se o agente “engana” a “máquina”, ou seja, o caixa eletrônico, é furto mediante fraude, 
vez que a fraude foi meio paraa subtração, não havendo entrega livre do bem por “alguém”. Se o agente se 
dirige a um estabelecimento bancário, por exemplo, e utiliza o cartão digitando a senha da vítima e obtém 
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
21 
 
valores em razão de enganar o funcionário, caracteriza estelionato, vez que a fraude foi contra alguém que 
lhe entregou livremente os valores. 
 
iii) Fraude em compras: se o agente coloca um produto caro dentro de uma caixa de produtos baratos, por 
exemplo, enganando o caixa acerca do conteúdo que está levando, é furto mediante fraude, já que o 
funcionário não sabe nem deixou que a coisa fosse levada. No entanto, caso o agente troque os códigos de 
barras de produtos, por exemplo, passando com eles normalmente no caixa e o funcionário não perceba a 
troca de valores e permita a retirada dos bens, será estelionato, vez que não houve subtração. 
 
iv) Gerente de banco que falsifica assinaturas em cheques de titularidade de correntistas com os quais, por 
sua função, mantinha relação de confiança, comete furto mediante fraude. 
 
A Turma deu provimento ao recurso especial para subsumir a conduta do recorrido 
ao delito de furto qualificado pela fraude (art. 155, § 4º, II, do CP), não ao de 
estelionato (art. 171 do CP). In casu, o réu, como gerente de instituição financeira, 
falsificou assinaturas em cheques de titularidade de correntistas com os quais, por 
sua função, mantinha relação de confiança, o que possibilitou a subtração, sem 
obstáculo, de valores que se encontravam depositados em nome deles. Para o Min. 
Relator, a fraude foi utilizada para burlar a vigilância das vítimas, não para induzi-
las a entregar voluntariamente a res. REsp 1.173.194-SC, Rel. Min. Napoleão Nunes 
Maia Filho, julgado em 26/10/2010. Disponível no Informativo 453/STJ. 
 
c) Mediante escalada 
 A escalada aqui não significa, necessariamente, subir em algum lugar. Ou seja: não há altura definida, 
podendo ser ao alto ou subterrâneo, como é o caso de túnel. (Ex.: assalto ao Banco Central). O sentido de 
escalada, para os fins do art. 155, § 4º, II do CP é o de transpor um difícil obstáculo. 
Portanto, o furto qualificado pela escalada exige uma via de acesso anormal + esforço incomum. 
Não importa se é por habilidade do agente ou por utilização de objetos auxiliares, mas é necessário 
que haja um esforço considerável (Ex.: muro de 1m não incide). 
No furto de fios de cobre de postes: não incide, já que a escalada (a subida no poste) é via normal, 
leia-se, essencial, para a possibilidade de subtração do bem. 
Exige perícia do local, salvo impossibilidade de fazê-la, em razão da ausência de vestígios, hipótese 
em que pode ser suprida pelo exame indireto. 
 
O reconhecimento das qualificadoras da escalada e rompimento de obstáculo 
(previstas no art. 155, § 4º, I e II, do CP) exige a realização do exame pericial, salvo 
nas hipóteses de inexistência ou desaparecimento de vestígios, ou ainda se as 
circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo. Quanto à escalada, 
a jurisprudência do STJ entende que a incidência da qualificadora prevista no art. 
155, § 4º, inciso II, do Código Penal exige exame pericial, somente admitindo-se 
prova indireta quando justificada a impossibilidade de realização do laudo 
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1cecc7a77928ca8133fa24680a88d2f9?categoria=11&subcategoria=106&assunto=261
https://buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1cecc7a77928ca8133fa24680a88d2f9?categoria=11&subcategoria=106&assunto=261
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
22 
 
direito, o que não restou explicitado nos autos. STJ. 5ª Turma. HC 508.935/SP, Rel. 
Min. Ribeiro Dantas, julgado em 30/05/2019. 
 
É imprescindível, para a constatação da qualificadora referente à escalada no crime 
de furto, a realização do exame de corpo de delito, o qual pode ser suprido pela 
prova testemunhal ou outro meio indireto somente quando os vestígios tenham 
desaparecido por completo ou o lugar se tenha tornado impróprio para a 
constatação dos peritos, o que não foi evidenciado nos autos. STJ. 6ª Turma. HC 
456.927/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 12/03/2019. 
 
Excepcionalmente, presentes nos autos elementos aptos a comprovar a escalada 
de forma inconteste, a prova pericial torna-se prescindível. Não se olvida que esta 
Corte firmou a orientação de ser imprescindível, nos termos dos arts. 158 e 167 do 
CPP, a realização de exame pericial para o reconhecimento das qualificadoras de 
escalada e arrombamento no caso do delito de furto (art. 155, § 4º, II, do CP), 
quando os vestígios não tiverem desaparecido e puderem ser constatados pelos 
peritos. No caso, a circunstância qualificadora foi comprovada pela prova oral, 
inclusive pela confissão do próprio réu, além da existência de laudo papiloscópico 
que identificou impressões digitais no local apontado pela vítima como sendo o 
local onde o réu pulou o muro. AgRg no REsp 1.895.487-DF, Rel. Min. Antonio 
Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 26/04/2022, DJe 
02/05/2022. 
 
d) Mediante Destreza: 
 
Habilidade incomum que permite ao agente subtrair o bem que está junto ao corpo da vítima sem 
que esta note. Não incide a qualificadora quando a vítima que foi furtada estava desmaiada, embriagada, em 
sono profundo. Ex.: cochilou no ônibus. 
O agente delituoso é chamado pela doutrina de “punguista”, batedor de carteira. 
 
No crime de furto, não deve ser reconhecida a qualificadora da “destreza” (art. 155, 
§ 4º, II, do CP) caso inexista comprovação de que o agente tenha se valido de 
excepcional — incomum — habilidade para subtrair a coisa que se encontrava na 
posse da vítima sem despertar-lhe a atenção. DESTREZA, para fins de furto 
qualificado, é a especial habilidade física ou manual que permite ao agente 
subtrair bens em poder direto da vítima sem que ela perceba o furto. É o chamado 
“punguista”. STJ. 5ª Turma. REsp 1478648-PR, Rel. para acórdão Min. Newton 
Trisotto (desembargador convocado do TJ/SC), julgado em 16/12/2014 (Info 554). 
 
A destreza deve ser analisada sob a perspectiva da vítima: 
∘ Se a vítima percebe que está sendo furtada – tentativa de furto simples; 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
23 
 
∘ Se a vítima não percebe que está sendo furtada, mas terceiros percebem – há destreza: furto 
qualificado; 
∘ Se a vítima não percebe que está sendo furtada, mas terceiros percebem e impedem o furto – 
tentativa de furto qualificado. 
 
Inciso III - Cometido com emprego de chave falsa; 
 
Chave falsa é qualquer instrumento, com ou sem a forma de chave, que se destine a abrir fechaduras 
(Ex.: arame, grampo, prego, mixa, etc.). 
Casuísticas trazidas pela doutrina: 
∘ Cópia da chave verdadeira – incide a qualificadora. 
∘ Chave verdadeira obtida fraudulentamente - não incide a qualificadora, pois não é falsa. 
∘ Chave falsa para ligar o motor, mas não para abrir o veículo: prevalece que configura. 
∘ “Ligação direta”: não configura, pois não há emprego de chave. 
∘ A chave mestra de uma camareira, que abre as portas de todos os quartos do hotel, não é 
chave falsa. 
 
Jurisprudência em teses do STJ (edição nº 47) 
 
4) Todos os instrumentos utilizados como dispositivo para abrir fechadura são 
abrangidos pelo conceito de chave falsa, incluindo as mixas. 
 
Inciso IV: Cometido mediante concurso de duas ou mais pessoas; 
 
Para a doutrina majoritária, autores e partícipes são contabilizados, inclusive os inimputáveis. 
No roubo, o concurso de agentes é apenas majorante, não qualificadora. Tentaram aplicá-la ao furto, 
aduzindoser mais benéfica (chama-se hibridismo penal). Contudo, tal posicionamento não foi aceito pelo 
STJ, já que não existe lacuna. 
 
Súmula 442-STJ: É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de 
agentes, a majorante do roubo. 
 
Para o STF, a aplicação em concurso material desta qualificadora e do crime de associação criminosa 
não é “bis in idem”, pois protegem bens jurídicos distintos e são delitos autônomos. 
 
Art. 155, §4-Aº: se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
O objetivo dessa qualificadora é punir com mais rigor os furtos realizados em caixas eletrônicos 
localizados em agências bancárias ou em estabelecimentos comerciais mediante o emprego de explosivos 
etc. Aqui, o explosivo ou artefato análogo é o INSTRUMENTO para a prática do crime. 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
24 
 
Trata-se de qualificadora de ordem objetiva, motivo pelo qual se comunica aos coautores e partícipes 
do crime (art. 30, CP). 
Ressalta-se que, antes da lei, o agente que utilizava explosivos respondia por furto qualificado (por 
rompimento de obstáculo) somado com o crime de explosão majorada (art. 251, § 2º, do CP), em concurso 
formal impróprio. Os tribunais superiores entendiam não haver consunção. 
Porém, com a previsão específica do §4º-A, não é possível o concurso dos dois crimes, respondendo 
o agente apenas pela qualificadora, o que, na verdade, tornou mais branda a sanção, dando direito à 
redução da pena imposta aos condenados anteriormente. 
 
Antes da Lei 13.654/2018 Depois da Lei 13.654/2018 
O agente respondia pelo art. 155, § 4º, I c/c o art. 
251, § 2º do CP. 
Pena mínima: 6 anos. 
O agente responde apenas pelo art. 155, § 4º-A do CP. 
Pena mínima: 4 anos. 
 
 É imprescindível que o emprego do explosivo cause perigo comum, ou seja, deve haver o risco ou a 
probabilidade de dano à vida, à integridade física ou patrimônio de um número indeterminado de pessoas. 
Assim, se o agente utilizar o artefato explosivo e deste não resultar perigo comum, ele incorrerá no furto 
qualificado pelo rompimento de obstáculo. 
 Como essa modalidade de meio de execução deixa vestígios, o exame pericial é imprescindível, 
inclusive para atestar a potencialidade lesiva do explosivo e sua capacidade de gerar perigo comum. 
 O furto qualificado pelo uso de explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum é 
perfeitamente compatível com o furto privilegiado, majorado e com as demais qualificadoras. Confira: 
· Ex.1: Indivíduo primário furta, mediante o uso de explosivo, coisa de pequeno valor. (Furto 
qualificado privilegiado). 
· Ex.2: Indivíduo furta, mediante uso de explosivo, caixas eletrônicos durante o repouso noturno. Para 
o STF: furto qualificado majorado. Para o STJ, apenas furto qualificado, sem a majorante. 
· Ex.2: Três indivíduos furtam caixas eletrônicos mediante o uso de explosivos (concorrência de 
qualificadoras – prevalece a qualificadora do §4º-A) 
 
Obs.1: Com o advento do Pacote Anticrime, o crime de furto com emprego de explosivos passou a ser 
considerado CRIME HEDIONDO (art. 1º, IX, Lei nº 8.072/90). Portanto, cuidado com as regras diferenciadas 
acerca da prisão temporária, tempo do inquérito policial, livramento condicional, progressão de regime, etc. 
 
Obs.2: Concurso de crimes entre furto qualificado e posse de explosivo sem autorização ou em desacordo 
com as normas legais (art. 16, §1º, III, Estatuto do Desarmamento): 
∘ Se a posse de explosivo é direcionada apenas para a prática do furto – o furto absorve o crime do 
estatuto do desarmamento. 
∘ Se a posse de explosivo é autônoma (Ex.: 2 dias após o furto, policiais encontram em sua casa diversos 
explosivos) – haverá concurso de crimes. 
 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
25 
 
Art. 155, §4-B: Furto mediante fraude cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático 
 
A Lei nº 14.155/2021 inseriu o § 4º-B, prevendo a qualificadora de furto mediante fraude cometido 
por meio de dispositivo eletrônico ou informático e acrescentou o § 4º-C, prevendo duas causas de aumento 
de pena relacionadas com o § 4º-B. 
 
Art. 155, CP. (...) § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, 
se o FURTO MEDIANTE FRAUDE é COMETIDO POR MEIO DE DISPOSITIVO 
ELETRÔNICO OU INFORMÁTICO, conectado ou não à rede de computadores, com 
ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa 
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. 
 
A nova modalidade de furto qualificado, com pena de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, 
incidirá se o furto mediante fraude for cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático. 
 
 A conduta será qualificada se o furto mediante fraude ocorrer INDEPENDENTEMENTE de: 
 
· Estar conectado ou não à rede de computadores; 
· Haver ou não violação de mecanismo de segurança (ex.: hackear senha); 
· Haver ou não utilização de programa malicioso (Ex.: instalar programa que capta senha do usuário); 
 
 Note que, pela extensão da previsão, basta que a fraude seja eletrônica, já que não é necessário que 
haja violação de senha nem mesmo conexão à internet. 
Se o agente invade o computador da vítima, instala um “malware” (programa malicioso), descobre 
sua senha e subtrai valores de sua conta bancária, comete qual delito? 
 
· Antes da Lei nº 14.155/2021: essa conduta se amoldava ao crime de furto mediante fraude (art. 155, 
§ 4º, II, do CP). 
· Depois da Lei nº 14.155/2021: passou a existir um tipo penal específico para tratar sobre essa 
hipótese. Trata-se do art. 155, § 4º-B, do CP: 
 
 Por se tratar de “novatio legis in pejus”, já que a pena desta modalidade de furto qualificado 
aumentou para 4 a 8 anos, tal dispositivo só deverá ser aplicado após a publicação da Lei 14.155/2021, de 27 
de maio de 2021, não alcançando os crimes praticados antes da lei. 
 
Art. 155, §4-C: Causas de aumento de pena da conduta prevista no §4-B 
 
Art. 155, CP (...). § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a 
relevância do resultado gravoso: 
DIREITO PENAL 
 
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
 
26 
 
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado 
mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; 
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou 
vulnerável. 
 
 Com a Lei nº 14.155/21, a pena do crime de furto mediante fraude cometido por meio de dispositivo 
eletrônico ou informático será aumentada de 1/3 a 2/3 (causa de aumento de pena variável), a ser escolhida 
pelo critério da relevância do resultado gravoso. Assim, por exemplo, se o idoso teve um prejuízo 
patrimonial muito elevado, o magistrado poderá utilizar essa circunstância para impor um aumento no 
patamar de um terço até o dobro. 
 Para que o autor responda pelas causas de aumento de pena é indispensável que exista dolo 
(consciência e vontade), ou seja, é necessário que o agente saiba que, no caso concreto, está sendo utilizado 
um servidor mantido no exterior ou que a vítima seja idosa ou vulnerável. O autor Rogério Sanches foi quem 
alertou para essa exigência1: 
 
“Note-se, por fim, que a majoração da pena pressupõe a ciência das circunstâncias 
referidas no § 4º-C. O autor da subtração deve ter conhecimento de que sua 
conduta se vale de conexão internacional. Ou deve saber que a vítima é idosa ou 
vulnerável, o que nem sempre ocorrerá, em razão das circunstâncias dos crimes 
cibernéticos, nos quais muitas vezes o criminoso não tem nenhum contato – nem 
mesmo remoto – com sua vítima.” 
 
Inciso I - aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de 
servidor mantido fora do território nacional; 
 
 A pena é aumentada em razão do fato representar, de algum modo, uma ameaça à soberania 
nacional. Além disso, essa

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