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CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL - UNIPLAN CURSO SUPERIOR LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A INCLUSÃO ESCOLAR E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ELENIR DA SILVA – UL22111579 JAÇAINA SARLY ASSUNÇÃO DE SOUZA – UL22110959 JOSEANE DE OLIVEIRA RIBEIRO – UL22110954 SUANY DO SOCORRO COSTA REIS – UL22118466 TAMIRES SANTOS COSTA – UL22118467 Marituba/PA 2024 ELENIR DA SILVA – UL22111579 JAÇAINA SARLY ASSUNÇÃO DE SOUZA – UL22110959 JOSEANE DE OLIVEIRA RIBEIRO – UL22110954 SUANY DO SOCORRO COSTA REIS – UL22118466 TAMIRES SANTOS COSTA – UL22118467 A INCLUSÃO ESCOLAR E AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – UNIPLAN, como requisito parcial para a obtenção do título de Pedagoga TCC. Orientador (a): Prof. Elma Fernandes de Oliveira Marituba/PA 2024 A inclusão escolar e as praticas pedagógicas/ Elenir Porfilio... [et al.]. - 2024. 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto de Ciência Humanas do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal - UNIPLAN, Marituba, 2024. Área de Concentração: Ciências da Educação. Orientador: Prof. Elma Fernandes 1Inclusão escolar, percepção, agentes educacionais, preparação. .I.. Silva, Elenir. Elma .Fernandes. CIP – Catalogação na Publicação ElaboradapeloSistemadeGeraçãoAutomáticadeFichaCatalográficadaCentro Universitário Planalto do Distrito Federal – UNIPLANcom os dadosfornecidos pelo(a)autor(a). U OBSERVAÇÕES: ATA DE APRESENTAÇÃO DA DEFESA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Aprovação: Coordenação Acadêmica UNIPLAN UNIDADE: ALBERT EINSTEIN – MARITUBA/PA CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DATA: 23/08/2024 DATA DE ENTREGA DO TRABALHO: 29/11/2024 TÍTULO DO TCC: A INCLUSÃO ESCOLAR E AS PRÁTICAS PEDAGOGICAS. NOME MATRÍC LA NI NC NOTA GERAL 1. ELENIR DA SILVA UL22111579 2. JAÇAINA SARLY ASSUNÇÃO DE SOUZA UL22110959 3. JOSEANE DE OLIVEIRA RIBEIRO UL22110954 4. SUANY DO SOCORRO COSTA REIS UL22118466 5. TAMIRES SANTOS COSTA UL22118467 Prof. Elma Fernandes de Oliveira Orientadora Prof. Convidado (a) Prof. Convidado (a) Prof. Convidado (a) DEDICATÓRIA Dedicamos especialmente a Deus, a todas as pessoas que colaboraram para a realização desta pesquisa. As nossas famílias, familiares, amigos e aos professores que contribuíram para o nosso aprendizado, que é parte de mim, por me apoiar e sempre me incentivar. AGRADECIMENTO Agradecemos primeiramente a Deus, por nos conduzir no caminho certo no decorrer desses anos, nos dando força e saúde para chegarmos até o final, com este mesmo intuito agradecemos as nossas famílias pelo total apoio e incentivo que sempre nos deram, proporcionando o alicerce necessário para concluir o curso. Dizer obrigada a todas as pessoas que colaboraram para a conclusão deste trabalho é demonstrar minha gratidão pela ajuda, apoio e amizade Aos nossos familiares, pela compreensão, tolerância e carinho dedicados durante nossa trajetória. A nossa orientadora Elma Fernandes de Oliveira, pela sua paciência em está a frente desta orientação com todo o seu compromisso e responsabilidade. Sem sombra de dúvidas gratidão ao empenho de cada uma que faz parte da nossa equipe, a qual compartilhamos vários desafios, mais fomos guerreiras enfrentamos todos com força, garra e apoiando umas às outras sempre. RESUMO O ambiente onde a pessoa com deficiência está inserida é um dos fatores principais para seu desenvolvimento biopsicossocial, pois é neste ambiente que ele desenvolverá vínculos e relacionamentos. Sendo a escola o lugar mais propício para se eliminar atitudes discriminatórias e valorizar a diversidade. Para a inclusão ocorrer e necessário o envolvimento de toda equipe escolar. O presente estudo investigou a percepção dos agentes educacionais (diretores, coordenadores, professores de apoio e professores pedagogos) tendo que se para inclusão ocorrer toda a equipe precisa agir em conjunto. O objetivo geral deste trabalho foi avaliar a percepção dos agentes educacionais sobre o processo de inclusão de alunos com qualquer tipo de deficiência na escola regular e se esses profissionais estão preparados para realizar este processo. A pesquisa mostrou que a maioria dos profissionais tem diferentes visões sobre a concepção de inclusão, falta acreditar na inclusão e ter preparo para promoverem a inclusão. Pois os dados permitiram identificar os principais problemas de a proposta inclusiva não estarem ocorrendo nas escolas. Palavras-Chave: Inclusão escolar, percepção, agentes educacionais, preparação ABSTRACT The environment where the person with syndrome is inserted is a major factor for their biopsychosocial development, as it is here he will develop linkages and relationships. The school being the most conducive place to eliminate discriminatory attitudes and value diversity. To occur and must include the involvement of all school staff. The present study investigated the perception of educational agents (directors, coordinators, support teachers andteachers ). Having that happen to include the whole team needs to act together. The aim of this study was to evaluate the perceptions of staff about the process of educational inclusion of students with Down syndrome into regular school and these professionals are prepared to undertake this process. The survey showed that most professionals have different views on the concept of inclusion, lack belief in inclusion and to be prepared to promote inclusion. The data allowed to identify the main problems in the inclusion are not occurring in schools. Keywords: Inclusive education, awareness, education agents, preparation. Keywords: Inclusive education, awareness, staff education, preparation. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 CAPÍTULO I: Fundamentação teórica ...............................................................13 1.1 Educação inclusiva e as leis ......................................................................... 13 1.2 A inclusão de alunos com deficiência na escola .................................... 15 1.3 Importância das libras na formação do professor .................................. 16 1.4 Incentivo do desenvolvimento profissional voltado para a inclusão ............................................................................................................. 17 1.5 Preparação da escola para atender a todos os alunos sem discriminação ................................................................................................... 18 CAPÍTULO II: METODOLOGIA ............................................................................ 20 2.1 Realização da pesquisa e resultados ........................................................ 20 2.2 Entrevista com os pais .................................................................................. 26 2.3 Incentivo do desenvolvimento profissional voltado para a inclusão .................................................................................................................... 28 2.1.1 Preparação da escola para atender a todos os alunos sem descriminação ........................................................................................................ 29 2.2.2 Principais dificuldades no processo inclusivo .................................. 30 CAPÍTULO III: ARGUMENTAÇÃO E DISCURSSÃO....................................... 31 3.1 Interaçãohttp://dmd2.webfactional.com/media/anais/ 41do aluno ``especial`` com o aluno considerado ``normal``.................................................................................................................. 31 3.2 O que entendem por inclusão ..................................................................... 31 3.3 Superando as dificuldades ........................................................................... 34 3.4 Ensino/aprendizagem versus qualidade .................................................. 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 37 REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA ........................................................................ 39 10 INTRODUÇÃO O estudo com o tema abordado nos traz um maior conhecimento hoje, se deu a partir do encontro com crianças com deficiência em nossas salas de aula, sabemos que esta situação vem se acentuando paulatinamente nas instituições de ensino. Assim, vale ressaltar que “A Educação é um direito de todos e dever do e da Família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”; assim preconiza o art. 205 da Constituição Federal de 1988. A partir desse princípio, pretende-se iniciar a discussão sobre a educação inclusiva com ênfase no processo de escolarização de alunos com deficiência auditiva. Todavia, também pretende-se fazer menção sobre o trabalho do professor da sala de Atendimento Educacional Especializado, assim como abordar mesmo que sucintamente sobre as garantias legais desses indivíduos e, aproveitar para conhecer seu mundo, seu espaço, sua identidade, língua e cultura. Em conformidade com os dispositivos legais, todos são iguais perante a lei a educação onde deve ser norteada e incentivada em consonância ao pleno desenvolvimento e fortalecimento da personalidade. O primeiro passo para a construção da cidadania se lança no respeito aos direitos e liberdades humanas. Educação Inclusiva já se tornou uma realidade nas escolas públicas brasileiras. Na última década, o sistema educacional brasileiro vem sofrendo mudanças no que tange à adaptação das escolas para o acesso de alunos deficientes. Nesse contexto, o governo brasileiro tem ofertado subsídios para essa adaptação; com a implantação de salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE), bem como fornecido alguns recursos didáticos e ofertando cursos de qualificação para professores no intuito de qualificar o ensino dos alunos deficientes. Também para amenizar as desigualdades sociais, bem como, incluí-los na sociedade dentro de suas capacidades e limites. Nestes termos, a Educação Inclusiva deve ser compreendida como o atendimento de alunos deficientes nas redes regulares de ensino, cuja proposta é apresentar meios e recursos adequados e ofertar apoio aos que encontram obstáculos para a aprendizagem. Contudo, há necessidades que interferem 11 sobremaneira no processo de ensino aprendizagem. Assim sendo, se faz necessário um ensino específico ou pelo menos uma atitude educativa condizente da escola para oferecer um ensino de qualidade a esse aluno como é o caso da deficiência. A educação de alunos com essa deficiência precisa da utilização de recursos e apoio especializados como também, exige que o professor domine ou compreenda toda a ares da educação especial e inclusiva tenha o domínio e a segurança de quem vai trabalhar, poisprecisa conhecer o aluno utiliza práticas educativas para melhorar a sua interação também com as famílias atendidas no ambiente educacional. A partir de 1994 o movimento de educação inclusiva eclode no cenário mundial, em função da conferência mundial da UNESCO sobre necessidades educacionais especiais. A partir de então houve a necessidade de se redimensionar a escola e a educação como um todo para que todos os indivíduos com algum tipo de deficiência pudessem ser parte integrante das escolas (KARAGIANNIS et al, 1999). Foi nessa conferência que a declaração de Salamanca foi elaborada, tornando um documento de referência na discussão dos sistemas educacionais, na qual ela prioriza que todos os alunos devem aprender juntos. O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades. É preciso, portanto, um conjunto de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola (Declaração de Salamanca, 1994, p.11-12). O processo de inclusão é marcado por quatro fases que ocorrerão ao longo do processo de desenvolvimento da história da inclusão. Sendo elas a fase da exclusão, onde não havia nenhuma atenção com as pessoas deficientes ou com necessidades especiais, elas eram mortas. A fase da segregação institucional onde as pessoas com deficiência eram afastadas de suas famílias e recebiam tratamentos especiais em instituições filantrópicas e religiosas. A fase de integração no qual a pessoa era encaminhada as escolas regulares, após passarem por teste de 12 inteligência, sendo preparados para adaptar- se a sociedade. E a fase de inclusão onde todas as pessoas com deficiências devem ser inseridas em classes comuns, sendo que os processos educativos é que devem ser adaptados aos alunos conforme as suas necessidades (FRIAS, 2008). Nesse propósito, abre-se destaque para escolarização de alunos com deficiência em todos os aspectos, tendo como foco neste trabalho a inclusão das crianças PCDS. Uma das mais constantes reclamações dos professores consiste em não obter conhecimento, muitos não sabem lidar em algumas situações razão de sua angústia ao se defrontar com um aluno que apresenta qualquer deficiência. 13 CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A pesquisa tem como intuito de conhecer e aprender mais sobre esta gama de diversidade cultural existente no local a qual moramos, e também se objetivou a analise pedagógica no campo da educação voltado para a relação da prática educacional. A sociedade enfrenta grandes dificuldades para lidar com o diferente. Aquilo que se afasta do que é estabelecido como normal é sempre colocado às margens do processo social. Registros históricos mostram como a sociedade encarava o deficiente no decorrer dos séculos. Nas antigas civilizações era comum a eliminação de pessoas deficientes por não se enquadrarem no padrão social considerado "normal”. Em Esparta, crianças portadoras de deficiências físicas ou mentais eram abandonadas ou mortas (ANDRADE, 2009). Diante desta afirmação do autor, podemos observar que estas dificuldades existentes já não é de hoje, desde as antigas civilizações, já existiam essas intolerâncias com os deficientes. Sabe-se que é de suma importância inserir a vivência existente no local a qual moramos com nossas famílias e levarmos este ensinamento as nossas crianças e seus familiares, precisam criar laços por meio da educação, tendo um papel e uma força para superar as suas dificuldades, construindo uma identidade própria e coletiva, tendo o mesmo objetivo em prol do aprendizado de nossas crianças. Oferecendo meio para ajudar o desenvolvimento da mesma, em relação as práticas pedagógicas entre a escola e as atividades voltadas para a casa, tendo o apoio familiar, ambos tem que ampliar mais suas expectativas no ambiente educacional, visando uma educação de qualidade, pois é primordial formar cidadãos críticosrespeitando o outro como ele é, em uma sociedade globalizada. 1.1. Educação Inclusiva e as Leis. Várias são as normas que regulamentam a Educação Inclusiva. Entretanto, é na Constituição Federal de 1988, que ela encontra seu primeiro fundamento, ao determinar “a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola para todos, e priorizar a oferta de Atendimento Educacional Especializado, preferencialmente, no ensino regular”. 14 Todavia, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) e a Resolução CNE/CEB Nº 02/2001, a qual institui as Diretrizes Nacionais para Ed. Especial na Educação Básica tratam sobre o currículo diferenciado e sujeito a alterações (flexível) aos alunos deficientes. No Art. 59, inciso I, da referida lei discorre que: "os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades” (BRASIL, 1996, p.33). Ainda na perspectiva inclusiva, a Lei Federal Nº 10.436/2002 preconiza a obrigatoriedade da inclusão de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) em todo o Brasil, regulamentada pelo Decreto Federal Nº 5.626/2005; e ainda a Lei 10.098/2000 que prevê sobre a acessibilidade. Contudo, é na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) que torna-se factível e evidente as mudanças em termos conceituais e estruturais do sistema educacional, pois ela determina que as pessoas com deficiência deve desfrutar de Atendimento Educacional Especializado (AEE), no contra turno. O atendimento é assegurado pelo Decreto Federal Nº 7.611/2011,pela Resolução CNE/CEB Nº 04/2009 e Parecer CNE/CEB Nº 13/2009. A função do AEE é “identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.” (BRASIL, 2008). Uma das propostas da Declaração de Salamanca (1994) concerne "[...] as pessoas com necessidades especiais terem acesso às escolas comuns, as quais deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender as suas necessidades." (UNESCO, 1994, p. 10). Apesar de todo esse aparato legal, o Brasil ainda não preparou grande parte das escolas para recepcionar alunos deficientes, pois a começar pela infraestrutura das instituições de ensino que são mais deficientes que os deficientes, os professores e outros profissionais de educação também em grande maioria não têm qualificação profissional e tampouco habilidade para lidar com esse público. Enfim, as leis e a matrícula na instituição de ensino ainda não foram suficientes para garantir efetivamente o processo inclusivo. Para atingir os objetivos 15 vislumbrados nas legislações é necessário rever a infraestrutura das escolas, capacitar todos os profissionais de educação, isto é, do porteiro ao diretor e, equipar as todas as escolas com recursos e salas multifuncionais. Além disso, há necessidade em que todas as escolas tenham disponibilidade de profissionais capacitados especificamente, já que as legislações garantem aos deficientes e aos professores profissionais de apoio para estar auxiliando em sala de aula. 1.2. A Inclusão de Alunos com Deficiência na Escola. O Parágrafo 2º do Art. 22 do Decreto 5.626/05 que “as instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e do Distrito Federal buscarão implantar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação”. Esse parágrafo menciona que “para haver atendimento de qualidade aos alunos surdos ou com deficiência auditiva é preciso que a escola seja repensada e redimensionada a começar pela adequação de infraestrutura, proposta curricular compatível a cada deficiência, desembocando no Atendimento Educacional Especializado com a capacitação dos profissionais de educação e ainda as famílias no concernente ao processo de ensino bilíngue”. Nesse construtor Mittler (2003, p.25) pondera que: […] no campo da educação, a inclusão envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola. Isso inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros e os relatórios de aquisições acadêmicas dos alunos, as decisões que estão sendo tomadas sobre o agrupamento dos alunos nas escolas ou salas de aula, a pedagogia e as práticas de sala de aula, bem como as oportunidades de esporte, lazer e recreação. No excerto podemos perceber que a escola tornar-se-á inclusiva, a partir de uma mudança radical em seus parâmetros estruturais e pedagógicos. Por sua vez Sassaki (apud, CIDADE e FREITAS, 2002, p. 26), enuncia que: A inclusão é um processo que exige transformações, pequenas e grandes nos ambientes físicos e na mentalidade de todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais, com o objetivo de se alcançar uma sociedade que não só aceite e valorize as diferenças individuais humanas, por meio da compreensão e da cooperação. 16 A assertiva transfigura que o processo inclusivo deve ser principiado pela sociedade no que tange ao reconhecimento e valoração dos direitos de todos os seres humanos e que são previstos na Constituição Federal do Brasil 1.3. Importância da Libras na Formação do Professor. Dentro do processo de inclusão escolar é imprescindível o preparo não só da escola, mas principalmente de quem lida diretamente com esse público, o educador, a fim de que o mesmo possa gerir um ensino de qualidade, onde haja reais possibilidades de aprendizagem e interação do aluno deficiente. Apesar dessa predeterminação, ainda a de se questionar sobre os professores que não tiveram essa oportunidade de ter em suas grades curriculares essa disciplina tão importante para o desempenho de sua função ou que já estão em final de carreira e têm em suas salas de aulas alunos com deficiência seja ela auditiva ou qualquer outro tipo. Outras preocupações emergem no sentido de, como esses educadores estão direcionando o ensino a esse público? Será que seus direitos de aprendizagens estão sendo respeitados por esses professores? Em conformidade com esses questionamentos Silva (2014) pondera ser, importante que os professores saibam que o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência não é atribuição apenas dos profissionais que atuam no AEE. Do mesmo modo, o professor do ensino regular deverá planejar suas aulas considerando os direitos de aprendizagens dos alunos e realizando um trabalho articulado com seus colegas que atuam no AEE, ou seja, trata-se de um trabalho que envolve a escola, um trabalho de equipe. Apesar do norteamento para que o trabalho seja articulado, o que se percebe nos relatos de educadores de salas regulares são os transtornos pelos quais passam por não saber lidar com esses alunos e tampouco como direcionar o processo de ensino aprendizagem. Nesse sentido, as pesquisas de Góes e Tartuci (2009) revelam que o principal problema dos professores no trabalho com alunos com qualquer deficiência e que não conseguem comunicar-se com eles. Por tal razão os tratam como mais um, sendo que alguns não conseguem ser alfabetizados. Os mesmos autores em suas análises ainda observam que os professores no cotidiano escolar agem como se em suas classes não existisse um surdo. Ou 17 seja, as atividades são propostas e explicadas de maneira geral como se todos os educandos fossem ouvintes. Sobre isso, os autores asseveram que: a prática escolar é pouco permeável aos diferentes universos culturais de seus alunos e se centra mais natransmissão do que no compartilhamento de ideias. A sala de aula não tem sido um espaço que dê voz a todos e que valorize a escuta da voz do aluno. Ainda assim, quando o professor se dispõe a um intercâmbio com o aluno ouvinte, ele conta com a possibilidade de compartilhar ideias, dialogar e chegar a certo entendimento. Mas, frente ao aluno surdo, não parece haver expectativa de alguma compreensão mútua; então, as aulas seguem como se todos fossem ouvintes e entendessem o comando da professora. (GÓES e TARTUCI, 2009, p. 113) Mediante a exposição dos autores torna-se translúcida a falta de capacitação do educador para intervir nesse cenário real de inclusão no ensino regular. Em suma o que pode-se perceber concretamente é que mesmo dentro da escola o aluno com quaisquer tipo de deficiência continua ficando a margem de desfrutar de seu direito a educação. Portanto, o conhecimento verdadeiramente o que é educação inclusiva torna- se imprescindível para o bom desempenho da função de educador. Em todo caso, se isso for inviável, se faz necessário conhecer ter um aprendizado de modo geral, amplo. 1.4. Incentivo do desenvolvimento profissional voltado para a inclusão Quando questionados sobre o incentivo do desenvolvimento profissional voltado para inclusão seis diretores afirmaram que sim, justificando-se da seguinte forma: “... acredito na educação para todos.” D2 “... para um melhor aprendizado envolvendo o ser na realidade educacional diária.” D3 “... dou total apoio à equipe multiprofissional para promover eventos que promovam a inclusão.” D4 “... através de estudos individuais e coletivos na escola. “ D5 “... a todo o momento estamos trabalhando e incentivando nossos alunos, mostrando que são capazes.” 18 D6 “... é possível a socialização através dos contatos no ambiente escolar, propondo respeito às diferenças.” D8 Sendo que um diretor afirma que não incentiva, justificando- se da seguinte forma: “Não sei o que posso fazer, busco cobrar a quem compete esperando solução financeira e profissional.” D1 Observa- se que a maioria incentiva os profissionais, pois acreditam na inclusão e promovem ações para que ela aconteça. Para Silva e Leme (2009) o diretor possui um papel decisivo na implantação de um ambiente propício à inclusão escolar, pois apresenta autoridade e liderança sendo essencial para o bom desenvolvimento de qualquer inovação pedagógica, pois permite à abertura de novos espaços necessários à transformação do cotidiano escolar. 1.5. Preparação da escola para atender a todos os alunos sem discriminação Foi questionado sobre a preparação da escola para proporcionar um ambiente a todos os alunos sem qualquer tipo de discriminação e quatro dos diretores afirmam que sua escola, está sim preparada para esse atendimento, e justificaram- se da seguinte forma: “temos um grupo eficiente de professores de apoio” D2 “trabalhamos com professores preparados dando apoio aos alunos com Síndrome de Down” D3 “fazemos um trabalho voltado a conscientizar nossos alunos, sobre as diferenças e a aprender com as diferenças” D6 “a escola participa de programas voltados à inclusão, como sala de recursos e atendimento no contra turno “ D8 E três diretores afirmam que sua escola não está preparada, por quê: “é um processo, há necessidade de tempo para que todos compreendam, e que os recursos financeiros sejam o bastante” D1 “na realidade a coisa não é fácil, pois são várias as dificuldades, tanto no meio escolar como financeiro” 19 D4 “nem todos aceitam as diferenças de forma plena, falta interiorizar o processo de inclusão social e escolar” D5 Podemos observar que os diretores que afirmam que sua escola está preparada para atender a todos sem discriminação, justificaram- se assim por possuírem professores preparados e por promoverem trabalhos visando essa concepção. E os que afirmam que a escola não está preparada, justificaram- se pela dificuldade encontrada para implantação da proposta inclusiva. Conforme o Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais (INEP, 2010) em pesquisa realizada sobre preconceito e discriminação no ambiente escolar os alunos com deficiência mental são os que mais sofrem preconceitos, com o índice percentual de discriminação de 70,9 %. Em contrapartida, Francisco (2006) afirma que a escola é um ambiente que visa a formação de cidadãos com valores, para respeitarem as diferenças. E a atuação dos administradores escolares pode ser de grande valia na tarefa de construir uma escola pronta a atender a todos os indivíduos, sem discriminação (SANT’ANA, 2005) 20 CAPÍTULO II: METODOLOGIA A Educação Inclusiva é regulada por várias normas, mas, é na Constituição Federal de 1988, que ela se fundamenta, quando determina a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola para todos, além de primar pela oferta de Atendimento Educacional Especializado, preferencialmente, no ensino regular. Não obstante, a LDB 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e a Resolução CNE/CEB Nº 02/2001, que institui as Diretrizes Nacionais para Ed. Especial na Educação Básica, tratam sobre o currículo flexibilizado e diferenciado aos alunos especiais ou deficientes. O Art. 59, inciso I, da referida lei sinaliza que:" os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades” (BRASIL, 1996, p.33). Com a perspectiva de implementação de um novo currículo, acredita-se que a Educação Inclusiva ganhará um espaço ímpar no processo de ensino-aprendizagem e, que sabe assim, oportunizará maiores chances de mediação do saber àqueles que sempre tiveram e ainda têm seus direitos sociais garantidos. 2.1. Realização da Pesquisa e Resultados A pesquisa foi realizada na E.M.E.I. F. Tempo de Aprender, localizada no bairro Parque das Palmeiras, cidade de Marituba –Pá, tendo como enfoque principal elucidar as dificuldades encontradas pelas professoras, que trabalham com os alunos deficientes nessa escola, no concernente ao ensino-aprendizagem de uma aluna com deficiência auditiva. Para tal, utilizamo-nos de entrevista semiestruturada estendendo-a aos pais da criança. Passando à entrevista, iniciamos perguntando à professora, há quanto tempo trabalhava com a aluna, o que foi respondido da seguinte maneira: “ela é minha aluna desde sempre, pois trabalho com ela desde quando ela começou a estudar, ou seja, do 1º ao 5º ano”. (informação verbal) Quanto ao tempo, podemos notar que as entrevistadas possuem uma relação bem consolidada com a aluna deficiente. 21 Prosseguimos com as interrogativas, e investigamos se a entrevistada havia participado de algum curso de formação continuada e por qual entidade e razão, se deu sua formação continuada, em resposta assegurou: “Participei de uma formação promovida pela UFPA (Universidade Federal do Pará - Campus Bragança) e outra ofertada pelo município através da Escola de Governo do Pará, porque a legislação atual exige que o aluno seja contemplado por duas línguas, sendo a primeira a LIBRAS e a segunda Língua Portuguesa.” (informação verbal) O relato da depoente nos remete ao que Quadros (2006) discorre sobre a “LIBRAS” que é considerada a língua oficial da comunidade surda, sendo a língua portuguesa secundária, ou seja, a esses dois tipos concomitantes de linguagem dá- se o nome de “bilinguismo”, o qual passou a alicerçar a proposta de ensino das instituições escolares. Por conseguinte, quisemos saber que tipo de suporte pedagógico a SEMED (Secretária Municipal de Educação) oferece aos professores que têm alunos com deficiência? O professor nos relatou a seguinte frase: “Nenhum, a gente que se vire, ou seja, dê nosso jeito” (informaçãoverbal) As palavras das professoras nos remetem o compromisso que elas tem com a educação, quanto ao instituído no Art. 59, inciso I, da LDB 9394/96 que, sinaliza: "os sistemas de ensino que assegurarão aos educandos com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades” (BRASIL, 1996, p.33).Nesse sentido, podemos notar o quão o poder público municipal representado pela Secretária Municipal de Educação tem, apoiado a educação no município de Marituba. A Educação Inclusiva é regulada por várias normas, mas, é na Constituição Federal de 1988, que ela se fundamenta, quando determina a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola para todos, além de primar pela oferta de Atendimento Educacional Especializado, preferencialmente, no ensino regular. Não obstante, a LDB 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e a Resolução CNE/CEB Nº 02/2001, que institui as Diretrizes Nacionais para Ed. Especial na Educação Básica, tratam sobre o currículo flexibilizado e diferenciado aos alunos especiais ou deficientes. O Art. 59, inciso I, da referida lei sinaliza que: "os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: 22 currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades” (BRASIL, 1996, p.33). Por conseguinte, interpelou-se “Como se dá o processo de escolarização da aluna com deficiência auditiva?” E a mesma retruca: “No processo de escolarização procuro desencadear atividades diversificadas como: assistir vídeos, atividades dirigidas, leitura de poema, fábulas, jogos educativos e teatro utilizando letras em libras, com essas atividades procuro contribuir com as necessidades da aluna (Professora AEE).” (informação verbal) Percebe-se na fala da educadora a plena ciência da função do AEE, que segundo Brasil (2008) é “identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas”. Mais adiante interrogamos sobre qual o grau de interesse da aluna no desenvolvimento das atividades ofertadas? Ela nos assegura que: “A aluna demonstra interesse por todas as atividades oferecidas pelo AEE. Aqui, procuro proporcionar atividades que satisfaça e mantenha a atenção da aluna, trabalhando o cognitivo. Ela é muito assídua e participativa.”. (informação verbal) Mais uma vez a fala da interrogada comunga com os descritos da LDB 9.394/96 e da Resolução CNE/CEB Nº 02/2001, a qual institui as Diretrizes Nacionais para Ed. Especial na Educação Básica tratam sobre o currículo diferenciado e sujeito a alterações (flexível) aos alunos deficientes. No Art. 59, inciso I, da referida lei discorre que: "os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para atender às suas necessidades” (BRASIL, 1996, p.33) Aproveitando a oportunidade procurou-se saber de que forma a professora busca contribuir para a escolarização dessa aluna com Deficiência Auditiva. Ela instantaneamente, diz: Essa revelação coincide com o que destaca Itani (1998) a escola como um espaço dessocialização, difunde valores e atitudes que necessitam ser problematizados e possibilitar o compromisso do professor com a valorização da diversidade para que possibilite a reconstrução dos seus fazeres, reconhecendo a 23 diversidade como possibilidade de aprendizagem. Logo após, protagonizou-se a respeito de como ou de que maneira a professora inclui a aluna com Deficiência Auditiva nas atividades lúdicas desenvolvidas na escola. A entrevistada pondera: “Nos projetos desenvolvidos na escola, busco parceria com os professores das salas regulares para que a aluna seja engajada e incluída nas atividades de cunho coletivo” (Professora AEE) (informação verbal) No momento em que a interpelada acentua que busca parceria com os outros professores do ensino regular, isso nos remete as alocações de Silva (2014) que comenta ser importante que os professores saibam que o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência não é atribuição apenas dos profissionais que atuam no AEE. Do mesmo modo, o professor do ensino regular deverá planejar suas aulas considerando os direitos de aprendizagens dos alunos e realizando um trabalho articulado com seus colegas que atuam no AEE, ou seja, trata-se de um trabalho que envolve a escola, um trabalho de equipe. Com a perspectiva de implementação de um novo currículo, acredita-se que a Educação Inclusiva ganhará um espaço ímpar no processo de ensino- aprendizagem e, que sabe assim, oportunizará maiores chances de mediação do saber àqueles que sempre tiveram e ainda têm seus direitos sociais garantidos, com formação continuada para professores de apoio, também com formação na área de Libras para com a Educação Inclusiva fortalecendo cada vez mais a vida educacional dos alunos com algum tipo de deficiência. Continuando com os procedimentos, protagonizamos a respeito de haver ou não interação dos alunos ouvintes com a não ouvinte. Ela nos responde: O atendimento na sala do AEE é individualizado por ter poucos alunos na escola que necessitam desses serviços. A duração dos atendimentos é de 1h e os alunos, frequentam assiduamente, sendo uma vez por semana o atendimento funciona no contra turno. A educação é algo recente na história da sociedade brasileira, uma constatação evidente é a de que, investigar os processos do aprender é fundamental para ampliarmos a compreensão das formas, de como em tempos e espaços distintos homens e mulheres organizam sua vida (BORGES, 1987, p.14). 24 Fig. 03: Cartaz- Alfabeto em LIBRAS “Logo quando ela começou a estudar, as crianças ouvintes tinham bastante dificuldade em interagir com ela, posso dizer que essa interação não existia. Porém, eu comecei a ensinar LIBRAS para eles também terem contato entre eles a duras penas começou a deslanchar. Hoje eles compreendem tudo que ela sinaliza.” (informação verbal) Aproveitando a oportunidade, perguntamos se os outros funcionários da escola (professores, serviços gerais, dentre outros) participam ativamente dessa interação? E a professora nos relata: “Infelizmente os outros profissionais não buscam conhecer a língua de sinais e por conta disso, não interagem com ela. Sendo necessário à minha intervenção em certas situações.” (informação verbal) Quanto a essa interlocução da profissional, percebemos que apesar das exigências estabelecidas para concretização do processo inclusivo nas instituições de ensino, ainda estamos muito longe de alcançar esse objetivo nessas unidades por conta da falta de informação, formação e de como lidar com os deficientes. A seguir passamos a investigação para o enfoque do ensino- aprendizagem. Proferimos o seguinte: Como você faz para que essa aluna consiga absorver os conteúdos curriculares? Ela responde: “Faço algumas adaptações como, por exemplo, com conteúdos matemáticos trabalho de forma lúdica, principalmente com materiais manipuláveis (palitos de picolé, canudos, pedras, tampas e garrafas PET, etc.). Já na língua portuguesa utilizo materiais para visualização (cartazes, charges, estórias em quadrinhos, etc.) associados a palavras, frases.” (informação verbal) 25 Podemos perceber que a profissional tem pleno conhecimento do Art. 59, inciso I, da LDB 9.394/96, o qual já fora citado anteriormente. Pedimos às entrevistadas que nos dissesse qual a maior dificuldade demonstrada pela aluna surda no processo de ensino-aprendizagem. A docente revela que: “A maior dificuldade da educada é com relação à produção textual, talvez seja porque o aluno surdo não tenha domíniodos conectivos.” (informação verbal) No relato da educadora fica evidente que a questão do ensino-aprendizagem da língua portuguesa do aluno com deficiência auditiva é maior, visto que, na escrita existem as interligações (conjunções), as quais dão sentido e sequência ao texto, o que não é contemplado na língua de sinais. Aproveitando o ensejo questionamos a seguinte pergunta, que instrumento que você utiliza para avaliar essa aluna e por quê? Ela protagoniza: “Imagens, jogos, objetos manipuláveis, histórias ilustradas e LIBRAS porque com crianças deficientes o desenvolvimento cognitivo só se acelera a partir do concreto, do palpável. e só dessa maneira que eles apreendem os conteúdos, acredito. Ela já sabe ler silabando, realiza as quatro operações com materiais manipuláveis e interpreta imagens divinamente bem, um detalhe importante é que ela adora revistas em quadrinhos.” (informação verbal) Novamente, a educadora transparece conhecimento prévio sobre a legislação quanto às formas de adaptações necessária a abordagem dos conteúdos e a utilização da Língua de Sinais para ampliação do desenvolvimento intelectual de crianças deficientes. Por conseguinte, interrogamos a entrevistada como se dava a relação entre ela e a família da aluna? Ela nos adiantou o seguinte: “Somos parentes, o pai dela é meu irmão e sempre conversamos sobre o desempenho da minha sobrinha na escola. Quanto à mãe posso dizer que ela não dá muita importância à escolarização da filha, talvez por ser semianalfabeta e um pouco traumatizada por conta da deficiência da menina, mas mesmo assim temos uma boa relação.” (informação verbal) A fala da entrevistada condiz com as palavras de Silva (2009), onde expressa a necessidade de a escola estar em perfeita sintonia com a família. A escola é uma instituição que completa a família e juntas tornam-se lugares agradáveis para a convivência de nossos filhos e alunos. A escola não deveria viver sem a família e nem a família viver sem a escola. O discorrido pelo autor nos leva a crê que essas instituições sociais deveriam fundir-se em uma só família, pois uma complementa a outra em termos educacionais. Para finalizarmos pedimos que a entrevistada 26 elencasse suas maiores dificuldades para realizar os processos de ensino- aprendizagem com essa criança e ela nos informou: “O que mais dificulta a realização desses processos é a falta de material adaptado a surdez e também a falta de orientação da coordenação dos profissionais da SEMED com relação não só a deficiência com a qual lido em sala de aula, mas com todos os tipos, pois ouço muitas queixas de meus colegas de trabalho com relação a falta de apoio nesse campo.” (informação verbal) Nessa protagonizarão percebe-se uma reincidência com relação ao descomprometi mento do órgão gerenciador da educação municipal com relação à Educação Inclusiva, e essa realidade reflete no processo educacional principalmente das crianças. 2.2. Entrevista com os Pais A entrevista com os pais foi de suma importância para que tomássemos conhecimento de como eles reagem e como lidam diante dos filhos em relação à escola, e vice-versa; assim como, que perspectivas eles têm para que possam contribuir com a proposta escolar no que tange à aprendizagem de seus filhos. Então na pesquisa com os pais, fora questionado como perceberam que sua filha era surda? Com isso obtivemos o seguinte: Mãe: eu nem imaginava que ela fosse surda. Pai: __ só descobri por que a minha irmã Rita (professora) percebeu que ela não reagia a sonorização (fala, chocalho), então ela me alertou e me disse que deveria levar a menina para fazer exame. Levei e foi confirmado que ela tinha surdez profunda”. Observa-se, no entanto, a pouca observação dos pais em relação à filha. Talvez isso seja explicado pela falta de conhecimento ou recursos financeiros para procurarem acompanhamento de um profissional. Mas não se pode deixar de inferir que, essa falta de atenção dos pais pode ser causa de danos maiores para seus filhos no futuro, tanto no que diz respeito à própria deficiência, quanto no diz respeito à inclusão da criança ao meio social. Dando continuidade, questionou-se ao pai sobre qual reação que tiveram com o diagnóstico dado os mesmos enfatizaram que: Mãe: fiquei muito chateada e entrei até em depressão, mas hoje já superei um pouco essa fase. Pai: acho que qualquer pessoa fica abatida diante de uma notícia dessa, mas amo minha filha e procuro fazer de tudo que posso para ela 27 melhorar, levo na fonoaudióloga e já mandamos implantar recentemente um aparelhinho no ouvido dela para talvez melhorar a audição dela. É notório na reação dos pais, o abatimento psicológico ao saberem que a filha é surda. Embora tenhamos uma legislação que garanta os direitos dessa criança, não se pode deixar de ressaltar, o quanto a sociedade é preconceituosa e, o quanto essas pessoas ainda são excluídas do sistema. A rejeição, muitas vezes, começa pela própria família, que, não aceitando a especialidade do filho, acaba escondendo- o do meio social. Melhor seria, para amenizar esse preconceito social, se a própria família tomasse iniciativa de lutar e fazer valer os direitos e garantias que essas crianças têm. Outra pergunta foi com relação a, como eles se comunicavam com a criança? Os mesmos argumentaram que: Mãe: tenho muita dificuldade, pois não consigo entender os sinais que ela faz e ela fica chateada comigo Pai: logo no início da convivência, quase não entendia o que ela queria dizer com os gestos, agora compreendo melhor, pois ela mesma me ensina os sinais “LIBRAS”, mas ainda não sei tudo, estou aprendendo devagarzinho com ela e com a professora Rita que é minha irmã”. Mais uma vez, comprova-se aqui, a necessidade de que seja expandido o ensino de Libras para todos na sociedade, inclusive os pais. A língua de sinais não deve ser uma língua utilizada apenas no espaço escolar, muito menos deve ser conhecida apenas pela criança surda. Para que haja a inclusão da pessoa surda no seio social, faz-se necessário que a Libras seja dominada por todos; muito embora saibamos que esse é um processo muito lento e, que deve ser pensado como política pública e estendida a sociedade em geral. Nesse processo de investigação sobre o domínio dos pais em relação ao filho da, se eles acham que a criança aprende alguma coisa na escola e respondem: Mãe: claro que sim, ela já sabe até ler”. Pai: aprende, faz conta de mais, menos, vezes, dividir e sabe ler”. 28 Para concluir a entrevista perguntamos aos pais se a criança sofria algum tipo de preconceito na escola e na comunidade onde vivem, revelaram que: Mãe: sim, e fiquei muito chateada com isso. Pai: tanto na comunidade como na escola chamavam pra ela de mudinha, mas a Rita começou a dizer para os alunos que todos mereciam respeito e que ela deveria ser chamada pelo seu nome. Hoje em dia todos os alunos dizem o nome dela e as pessoas da comunidade também. Graças a Deus. Como se vê, uma prova de que a sociedade ainda precisa de muito conhecimento sobre o assunto, para que possa se despir de seus velhos valores e conceitos tradicionais que traz entranhado em si. A ideia de pensar que todas as pessoas devem ser “iguais”, em suas características físicas, leva a crer que as pessoas com deficiências são seres “anormais” e, por isso, são excluídas de alguma forma do meio em que vivem. Na fala, percebemos que a criança não era chamada por seu nome, mas por um apelido, oriundo de sua deficiência. Todavia, a professora mostra que, se precisa de muito pouco para que os outros, do meio social, passem a percebê-la como uma pessoa dita, “normal”, no senso comum da sociedade. A aceitação do sujeito deficiente pela escola e a adaptação de práticas que os conduzam no seu desenvolvimento social e cognitivo já éum forte avanço para que o processo de inclusão atinja o seu principal objetivo. 2.3. Incentivo do desenvolvimento profissional voltado para a Inclusão Quando questionados sobre o incentivo do desenvolvimento profissional voltado para inclusão seis diretores afirmaram que sim, justificando-se da seguinte forma: “... acredito na educação para todos.” D2 “... para um melhor aprendizado envolvendo o ser na realidade educacional diária.” D3 “... dou total apoio à equipe multiprofissional para promover eventos que promovam a inclusão.” D4 “... através de estudos individuais e coletivos na escola. “D5 “... a todo o momento estamos trabalhando e incentivando nossos alunos, mostrando que são capazes.” D6 “... é possível a socialização através dos contatos no ambiente escolar, propondo respeito às diferenças.” D8 Sendo que um diretor afirma que não incentiva, justificando- se da seguinte forma: “Não sei o que posso fazer, busco cobrar a quem compete esperando solução financeira e profissional.” D1 Observa- se que a maioria incentiva 29 os profissionais, pois acreditam na inclusão e promovem ações para que ela aconteça. Para Silva e Leme (2009) o diretor possui um papel decisivo na implantação de um ambiente propício à inclusão escolar, pois apresenta autoridade e liderança sendo essencial para o bom desenvolvimento de qualquer inovação pedagógica, pois permite à abertura de novos espaços necessários à transformação do cotidiano escolar. 2.1.1 Preparação da escola para atender a todos os alunos sem Discriminação. Foi questionado sobre a preparação da escola para proporcionar um ambiente a todos os alunos sem qualquer tipo de discriminação e quatro dos diretores afirmam que sua escola, está sim preparada para esse atendimento, e justificaram- se da seguinte forma: “temos um grupo eficiente de professores de apoio”D2 “trabalhamos com professores preparados dando apoio aos alunos com Síndrome de Down” D3 “fazemos um trabalho voltado a conscientizar nossos alunos, sobre as diferenças e a aprender com as diferenças” D6 “a escola participa de programas voltados à inclusão, como sala de recursos e atendimento no contra turno “D8 E três diretores afirmam que sua escola não está preparada, por que: “é um processo, há necessidade de tempo para que todos compreendam, e que os recursos financeiros sejam o bastante”D1 “na realidade a coisa não e fácil, pois são várias as dificuldades, tanto no meio escolar como financeiro”D4 “nem todos aceitam as diferenças de forma plena, falta interiorizar o processo de inclusão social e escolar” D5. Podemos observar que os diretores que afirmam que sua escola está preparada para atender a todos sem discriminação, justificaram- se assim por possuírem professores preparados e por promoverem trabalhos visando essa concepção. E os que afirmam que a escola não está preparada, justificaram- se pela dificuldade encontrada para implantação da proposta inclusiva. Conforme o Instituto nacional de estudos e pesquisas educacionais (INEP, 2010) em pesquisa realizada sobre preconceito e discriminação no ambiente escolar os alunos com deficiência mental são os que mais sofrem preconceitos, com o índice percentual de discriminação de 70,9 %. Em contrapartida, Francisco (2006) afirma que a escola é 30 um ambiente que visa a formação de cidadãos com valores, para respeitarem as diferenças. E a atuação dos administradores escolares pode ser de grande valia na tarefa de construir uma escola pronta a atender a todos os indivíduos, sem discriminação (SANT’ANA, 2005). 2.2.2. Principais dificuldades no processo inclusivo Quando questionados, em relação às principais dificuldades encontradas no processo inclusivo foram obtidas as seguintes respostas: “A preparação de toda a equipe é insatisfatória.” D1 “... preparação dos professores e aquisição de materiais para sala de recurso.” D2 “... apenas do professor que não quer aceitar.”D3 “A falta de informação e de boa vontade dos profissionais.” D4 23 “... professores capacitados, parcerias sociais e famílias estruturadas.” D5 “O incentivo do governo em oferecer cursos gratuitos aos professores.”D6 “... interesse de alguns educadores.” D8 Observa-se que a principal dificuldade encontrada no processo de inclusão é a falta de preparo dos professores. Vale ressaltar que houve contradições nas respostas de D2 e D3 que ao serem questionados, afirmam que a escola está preparada para atender a todos os alunos sem discriminação afirmaram que sim, por possuírem uma equipe de professores bem preparada e ao serem questionados sobre a principal dificuldade no processo inclusivo afirmaram que é a falta de preparo dos professores. Em pesquisa realizada por Sant’ Ana (2005) ficou evidente que um dos principais obstáculos da proposta inclusiva é a falta de preparo do professor para atuar com os alunos com necessidades educacionais especiais. 31 CAPÍTULO III: ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO 3.1. Interação do aluno “especial “com o aluno considerado “normal” Ao serem questionados se o aluno “especial”, em contato com o “normal” tem mais oportunidade de adquirir conhecimentos e desenvolver- se cognitivamente três professores afirmaram que sim, justificando-se que: “... pois se não fosse dessa forma não haveria inclusão.”PB4 “... a socialização é a grande conquista desse processo.”PB5 “ por meio da observação das atitudes e hábitos, eles adquirem postura semelhante.”PB8 E os outros três afirmaram que não, justificando se: “da maneira como acontece acaba se criando mais barreiras, o ponto positivo e apenas a socialização.” PB2 “ele só será incluído se houver compromisso por parte de todos envolvidos no processo, não basta matricular. PB1 “o ponto positivo é apenas a socialização, pois ele se diferencia da turma, acabando se sentindo incapacitado. “PB6. Segundo Gundersen (2007), o indivíduo com Síndrome de Down ao ser colocado em contato com alunos com idade cronologicamente mais jovens que a dele, irá compartilhar suas atividades e habilidades preferidas. Às vezes, os modelos de comportamento e comunicação de uma classe típica podem ajudá-lo. Ele pode imitar o que o outro está fazendo, resultando muita aprendizagem. Quando se pensa que tipo de benefícios a inclusão pode gerar, surge sempre aquele pensamento de que as pessoas com deficiência têm mais chances de se desenvolver, mas na verdade todos ganham com a inclusão, pois aprendemos todos os dias a exercitar a tolerância e o respeito ao próximo seja ele quem for (FERREIRA, 2009). 3.2. O que Entendem por Inclusão. Quando os diretores foram questionados sobre o que entendem por inclusão obteve- se as seguintes respostas: “Integração, valorização do diferente com a intenção de tornar igual.” D1 “Trabalhar com a diferença sem excluir... os alunos especiais devem interagir com todos. ”D2 “... integração no meio social e escolar.” D3 “Compartilhar as diferenças e respeitá-las.” 32 D4 “Integração do aluno com necessidades educacionais especiais nas escolas.” D5 “Integração de pessoas, independente da sua condição física, mental, social.” D6 “... saber conviver com as diferenças.” Podemos observar que a maioria vê a inclusão, mais pelo lado social, de apenas integrar o aluno, no meio social e na escola observou-se várias vezes o emprego do termo “integrar” entre os pesquisados. O uso do vocábulo “integração” refere-se mais especificamente à inserção escolar de alunos com deficiência nas escolas comuns. Quanto à inclusão, está questiona não somente as políticas e a organização da educação especial e regular, mas também o próprio conceito de integração. Ela é incompatível com a integração, pois prevê a inserção escolar de forma radical, completa e sistemática. Todos os alunos, sem exceções, devem frequentar as salas de aula do ensino regular. As escolas inclusivas propõem ummodo de organização do sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em função dessas necessidades. Por tudo isso, a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não se limita aos alunos com deficiência e aos que apresentam dificuldades de aprender, mas a todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. (MANTOAN, 2003). Quando os coordenadores foram questionados sobre o que entendem por inclusão obteve- se as seguintes respostas: “Dar ao aluno com necessidades especiais oportunidades de frequentar a escola, visando a socialização do mesmo.” C1 “Permitir que todas as pessoas independentes de suas limitações física, intelectual e social possam ter pleno acesso à educação.” C2 “... escolas e outras instituições que acolhem pessoas com deficiência. “ C3 “Ato de incluir ao processo educativo todos os alunos com deficiências, transtornos, com direito a escolarização. “ C4 “Conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela falta de classe social, educação, idade ou preconceitos raciais.” 33 C5 “Aceitar o outro como ele é e criar condições de aprendizagem.” C6 “Dar condições para todos com alguma deficiência de aprender e socializar.” C7 “... convivência com todos e em todos os lugares com naturalidade.” C8 Observou se que os coordenadores, vêem a inclusão voltada para o processo educativo, fazendo com que haja condições de aprendizado. Segundo Ainscow (2005), a inclusão e um processo em três níveis: O primeiro e a presença, o que significa estar na escola. Mas não é suficiente o aluno estar na escola, ele precisa participar. O segundo, portanto, é a participação. O aluno pode estar presente, mas não necessariamente participando. E preciso, então, dar condições para que o aluno realmente participe das atividades escolares. O terceiro e a aquisição de conhecimentos – o aluno pode estar presente na escola, participando e não estar aprendendo (AINSCOW, 2005, p.1). Quando os professores de apoio foram questionados sobre o que entendem por inclusão obteve- se as seguintes respostas: “Modo de inserir as crianças especiais na educação regular e em outros órgãos.” PA2 “Incluir, embora ainda timidamente na sociedade.” PA3 “Integração dos alunos na escola, é aceitar a limitação de cada um, buscando sempre o respeito mútuo.” PA4 “... socialização do aluno especial.” PA6 “Fazer com que ele faça parte do meio de maneira que ele alcance e atinja os seus objetivos.” PA7 “Inserção no convívio social. PA8 Observou-se que somente a questão social prevaleceu ao se questionar sobre a inclusão para Forest e Pearpoint (apud MARQUES, 2001, p. 55-56) reforçam o que foi dito afirmando que: A inclusão NÃO trata apenas de colocar uma criança deficiente em uma sala de aula ou em uma escola. Inclusão trata, sim, de como nós lidamos com a diversidade, como lidamos com a diferença, como lidamos (ou como evitamos lidar) com a nossa moralidade. (...) Inclusão não quer absolutamente dizer que somos todos iguais. Inclusão celebra, sim, nossa diversidade e diferenças com respeito e gratidão. 34 Quanto maior a nossa diversidade, mais rica a nossa capacidade de criar novas formas de ver o mundo. (...) Inclusão é reconstruir nossos corações e nos dar as ferramentas que permitam a sobrevivência da humanidade como uma família global (FOREST E PEARPOINT APUD MARQUES, 2001, p 55-56). Quando os professores de ciências/ biologia foram questionados sobre o que entendem por inclusão obteve- se as seguintes respostas: “Necessidade de convívio em ambientes que motivem o desenvolvimento de novas habilidades, e isso proporciona a inserção desse cidadão na sociedade.” PB1 “... igualar oportunidades, adequando-as às diferentes realidades.” PB2 “Integração do aluno “especial” com aluno tido como “normal”, havendo troca de experiências no dia a dia.” PB4 “Processo de socialização de alunos com dificuldades de aprendizado para aumentar a sua socialização, entre os outros alunos.” PB5 “Integrar indivíduos com características diferentes á escola.” PB6 “... diminuir o processo de exclusão social.” PB7 “Propiciar a socialização de alunos com deficiência.” PB8 Observou se também a visão apenas de inserção no ambiente escolar. Sendo que essa visão se assemelha o que Gomes & Barbosa ressalta em sua pesquisa em que: A proposta inclusiva, para muitos professores, leva em consideração apenas a possibilidade de interação social destes alunos visando muito mais ao "bem-estar" social destes alunos, desconsiderando as possibilidades de um real desenvolvimento cognitivo (GOMES; BARBOSA, 2006, p. 92). 3.3. Superando as Dificuldades Ao questionarmos as entrevistadas sobre as maiores dificuldades enfrentadas por um professor de educação infantil, frisaram que: PROFESSOR A: é exercer um cargo de responsabilidade com a turma de 30 crianças, sendo algumas especiais, surdas, mudas etc. que estão iniciando na escola para uma educação melhor. 35 PROFESSOR B: local (ambiente escolar), material pedagógico, e área de recreação. PROFESSOR C: O material pedagógico que é pouco, salas inadequadas p/atenderem a turma. (informação verbal) A escola deve proporcionar meios para que as crianças explorem e ampliem os seus inúmeros saberes que trazem de seu cotidiano. Entretanto, a escola por sua vez precisa dar o suporte necessário ao professor para que o mesmo desempenhe seu trabalho de maneira mais eficiente junto as crianças. Para isso necessita em primeiro lugar de um ambiente aconchegante para melhor recepcionar e desenvolver sua prática pedagógica, além de materiais para suporte pedagógico. De nada vale a teoria se esta não se orienta pela prática. É nessa relação dialética prática-teoria-prática, que Paulo Freire nos convida a tecer ativa e solidariamente nossa esperança de uma educação comprometida com os interesses amplos da maioria da população, com a democracia, com a justiça, com a liberdade e os direitos da cidadania. (Multieducação – Núcleo Curricular Básico, 1996/97). Sabemos que a teoria e a prática não se desvinculam porque uma é complemento da outra, necessitamos de metodologias pedagógicas que também envolvam alunos deficientes atípicos, a qual os favorecem com suas adaptações nas atividades propostas. 3.4. Ensino/Aprendizagem Versus Qualidade Ao indagarmos sobre a qualidade do ensino na Educação Infantil eles (professores) ressaltaram que: PROFESSOR A: é construir uma educação com oportunidades para todos e todas e compreensão, respeito, e uma educação com qualidade de vida. PROFESSOR B: professores qualificados e ambientes escolares adequados. A responsabilidade é um aspecto. PROESSOR C: é você desenvolver um bom trabalho onde tenha suporte como, por exemplo, sala de aula adequada, material lúdico p /alunos e para professores. (informação verbal) Qualidade deve significar um ambiente acolhedor, seguro e confiável para todas as crianças. Um local onde cada uma delas possa se sentir bem, segura, protegida, amada, aceita e feliz. Nesse programa não há espaço para descuidos, abandonos ou negligências por parte dos adultos que nele trabalham. Pelo contrário, o que há é um interesse explícito pelo bem estar e segurança das crianças e um 36 profundo respeito às suas individualidades, associados a um planejamento de ações integradas que possam contribuir, positivamente, para os seus processos de desenvolvimento e aprendizagem. Com relação à qualidade no ensino Nunes expressa: É mais fácil se pensar e se cobrar que o aluno esteja preparado para a escola, do que o contrário. Se quisermos qualidade na educação e no ensino, temos que nos convencer de que todas as escolas precisam estar preparadas para os seus alunos. Isto é, precisam, antes de tudo, aprender arespeitar e lidar com as realidades histórico-sócio-culturais e pessoais de seus alunos, sem o que o diálogo é substituído por longos, duradouros e ineficazes hiatos de comunicação. (NUNES; 1994, p. 47). É como pensarmos ou compararmos as escolas “modelos”, não podemos fixar a ideia de que há UMA escola modelo, quando sabemos que deveria haver várias escolas modelos. Assim é o ensino, todas as escolas precisam oferecer e ter qualidade. 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa teve uma abordagem sobre a Inclusão social do aluno nas turmas regulares de ensino, tendo como um dos objetivos entender o papel da escola, professores e família no entendimento da criança, não esquecendo, porém, que o papel da família e da sociedade, é imprescindível no desenvolvimento sociocultural do deficiente. Em termos de legislação, podemos dizer que o Brasil muito tem avançado nessa área de ensino, pois, já sê vê o deficiente como um ser integrante da sociedade e, reconhece nele, o seu potencial e, sua capacidade de desenvolver-se e contribuir com o sistema, ainda que dentro de suas peculiaridades. O simples fato de já termos em nosso ordenamento jurídico um olhar diferenciado para o aluno surdo e para a obrigatoriedade do ensino de Libras nos cursos superiores para a qualificação de professores, já mostra o quanto o Brasil tem avançado nesse cenário. Todavia, apesar do avanço proclamado nas políticas públicas, concernente à inclusão escolar da com essa dificuldade, vislumbra-se ainda a necessidade de se ampliar as pesquisas e as discussões sobre o papel dos professores no processo e escolarização dos deficiência auditiva. Não esquecendo também que, é de suma relevância que os professores busquem, conforme, a qualificação na área, implementações pautadas no respeito à Cultura Surda (relacionado a língua de sinais), a fim de favorecer uma educação que leve o sujeito com suas limitações possa ter êxito em seu processo de escolarização e inserção social. Em relação ao papel da família, não deixemos refletir que, boa parte do preconceito atribuído à criança deficiente é culpa dos próprios familiares que, na falta de conhecimento, acabam negando o filho à sociedade, excluindo do contato com outras pessoas e outros meios sociais; às vezes por não aceitarem a diferença; outras, por falta de diálogo e conhecimentos sobre os direitos que lhes são atribuídos. Nestes termos, sugerimos aqui que, as políticas públicas devem, do mesmo modo, ser voltadas para a família, para que esta também seja inserida no meio 38 social, tal qual será inserida a pessoa surda. E, por fim, não esquecendo que, o ensino com terapias ABA para melhorar o aprendizado deste alunado, de nada terá sentido para as crianças, se os adultos também não tiverem o mesmo conhecimento; já que a função de uma língua, prioritariamente é a comunicação, e, portanto, deve ser estendido a todos de igual modo. A inclusão é um processo gradativo que leva tempo, é complexo, tem de ser construído aos poucos, sendo que a condição essencial para que esse processo ocorra baseia-se na mudança de postura perante a heterogeneidade humana, mediante a valorização da diversidade como um elemento enriquecedor do desenvolvimento. Sendo necessário o empenho de toda equipe escolar para que a inclusão deixe de ser um desafio e se torne uma conquista. Segundo a percepção dos professores de apoio, a inclusão é apenas a inserção do aluno na sociedade. Esse profissional é o que mais tem contato com o aluno especial e deveria ser o mais comprometido com o processo de inclusão, acreditando no potencial humano, acima de qualquer deficiência ou incapacidade. 39 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988. . Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. 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