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Teorias minimalistas de democracia
Prof. Paulo Joaquim
Descrição
Você vai entender o desenvolvimento e as características da chamada
teoria minimalista da democracia, corrente de pensamento que
fundamenta boa parte das discussões atuais sobre os governos
democráticos.
Propósito
Entender como as características das ideias minimalistas da
democracia possibilitam uma melhor compreensão do cenário político
nacional e internacional.
Objetivos
Módulo 1
Teoria clássica da democracia
Identificar as diferentes concepções agrupadas na teoria clássica da
democracia.
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Módulo 2
Crítica da teoria clássica da
democracia por Schumpeter
Reconhecer as críticas feitas contra a teoria clássica da democracia.
Módulo 3
Teoria minimalista de democracia
de Schumpeter
Identificar as características básicas da teoria minimalista da
democracia.
Módulo 4
Democracia minimalista
contemporânea em Przeworski
Reconhecer a democracia como método pacífico de escolha de
governantes.
Introdução
A democracia é o sistema de governo predominante no mundo
atual. Se analisarmos as civilizações e sociedades ao longo da
história, veremos que nem sempre foi assim. Durante a maior
parte do tempo, os países viveram sob regimes absolutistas ou
autoritários.

16/12/2024, 12:23 Teorias minimalistas de democracia
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A democracia como forma principal de governo no mundo é um
fenômeno recente, que ocorre, em especial, depois da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945). Apesar disso, a democracia
enquanto uma teoria é bem antiga.
O termo democracia surgiu na Grécia Antiga. Porém, na prática, a
democracia grega era bem diferente da que conhecemos hoje,
uma vez que a participação era restrita a um número pequeno de
cidadãos. Somente nos séculos XVIII e XIX, alguns filósofos
começaram a idealizar uma forma de governo da qual a maior
parte da população pudesse participar e decidir os rumos de
suas nações. Esses filósofos acreditavam na racionalidade do
indivíduo e na sua autonomia, dando origem à chamada teoria
clássica da democracia.
Já no século XX, outros autores começaram a criticar o
pensamento dos chamados clássicos. Isso porque a democracia
proposta pelos clássicos não se verificava na realidade, além de
talvez nunca poder ser implementada. Segundo esses críticos, a
teoria democrática deveria ser construída baseada na realidade,
sem juízos de valor ou ideais abstratos.
A partir desses críticos da teoria clássica, é inaugurada a corrente
das teorias minimalistas da democracia. Os autores dessa
tradição têm em comum a ideia de que a democracia é apenas
um método para escolher e trocar governantes.
Neste estudo, primeiro iremos analisar as principais ideias da
teoria clássica da democracia. Em seguida, vamos avaliar as
críticas feitas aos clássicos, além das proposições da teoria
minimalista da democracia. Por fim, distinguiremos as
características da democracia minimalista na sua formulação e
nos usos atuais.
16/12/2024, 12:23 Teorias minimalistas de democracia
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1 - Teoria clássica da democracia
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as diferentes
concepções agrupadas na teoria clássica da democracia.
Breve histórico da
democracia
A palavra democracia tem sua origem na Grécia Antiga, cerca de 500
anos AEC. Como um regime político, foi adotada em Atenas, entre os
séculos VI e V AEC. Contudo, a experiência democrática foi um
fenômeno característico somente de Atenas e não chegou a ocorrer nas
outras cidades-Estados.
Comentário
É importante lembrar que, naquele período, o que entendemos por
Grécia não era um país unificado como conhecemos hoje. Na verdade, a
própria concepção de Estado, enquanto uma autoridade suprema em
um território, ainda não existia. Esse fenômeno irá ocorrer apenas
séculos mais tarde com as unificações nacionais e o monopólio de
poder em uma estrutura nacional.
Na região da atual Grécia e em seu redor, existia um conjunto de
cidades-Estados, frequentemente chamadas de pólis, que eram
independentes umas das outras.
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Mapa da Grécia Antiga.
Assim como pequenos Estados, as pólis possuíam leis, administração
financeira e política, costumes e exércitos próprios. Além de Atenas,
outros exemplos de cidades-Estados são Creta, Esparta, Tebas e Troia.
Como já sabemos, a democracia foi implementada como forma de
governo somente em Atenas.

Ao pensar em um
regime democrático,
pode vir à sua mente a
ideia de um grupo de
pessoas debatendo e
decidindo
conjuntamente, da
mesma forma que
imaginamos os
filósofos gregos em
suas conversas.

Mas, na prática, a
democracia era bem
restrita. A sociedade
grega possuía uma
grande quantidade de
escravizados, indivíduos
que eram excluídos da
democracia, assim
como as mulheres e os
estrangeiros.
Somente uma pequena parcela de homens nascidos em Atenas, de pais
atenienses, podiam participar de debates e decisões em conjunto.
Curiosidade
Você conhece a música Mulheres de Atenas, composta por Chico
Buarque e Augusto Boal durante a ditatura militar no Brasil? Com uma
linguagem poética e uma perspicácia própria de Chico, é feita uma
comparação entre as mulheres atenienses e as brasileiras que, mesmo
em épocas bastantes distintas, viviam sob uma sociedade patriarcal,

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sem voz e direitos: “[...] Elas não têm gosto ou vontade / Nem defeito,
nem qualidade / Têm medo apenas / Não têm sonhos, só têm
presságios”.
A concepção atual de democracia é bastante recente, embora a palavra
seja antiga. Vamos acompanhar alguns fatos interessantes sobre a
história da democracia?
 A democracia no século XVIII
Ao pensar em democracia, você deve imaginar
situações como as eleições, a participação em
decisões importantes ou até mesmo a máxima de
“governo do povo”. Essa ideia surgiu nos séculos
XVIII e XIX, quando alguns filósofos, inspirados na
democracia grega, começaram a desenvolver um
conceito de democracia cujas bases fossem a
participação dos indivíduos e o bem comum.
 A democracia em 1789
Com o fim dos regimes absolutistas e a eclosão da
Revolução Francesa (1789), a ideia de que os seres
humanos são iguais, possuem autonomia e agem
de acordo com a razão ganhou força. Isso
contribuiu para se pensar em um governo com
participação política da população, em igualdade de
condições, com o objetivo de se alcançar o bem
comum da sociedade.
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Antes de prosseguirmos em nosso estudo, vamos juntos com o
professor Paulo Joaquim fazer a junção das ideias em um breve
mergulho na origem da democracia?
A origem da democracia
Neste vídeo, vamos explorar a história da democracia, desde as suas
origens na Grécia Antiga até os modelos democráticos
contemporâneos.
 A teoria clássica da democracia
Os filósofos que formularam essas noções são
agrupados na chamada teoria clássica da
democracia, sendo os principais nomes Jean-
Jacques Rousseau (1712-1778), Jeremy Bentham
(1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873).

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https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07280/index.html?brand=estacio&high-contrast=true&template=high-contrast#respeitar. Já nas eleições, esses riscos
são bem detalhados.
Para os vencedores, fica definida a quantidade de apoio que possuem
na sociedade. Isso informa aos políticos da oposição que, caso tentem
algo, estarão em minoria. Por outro lado, o tamanho da oposição deixa o
governo ciente de que, caso não respeite as regras, poderá sofrer uma
revolta ou revolução com um número já apresentado, dado o tamanho
do eleitorado que votou na oposição.
Qual é a diferença
entre escolher os
representantes pelo
“cara ou coroa” e por
meio de eleições?
Resposta
A resposta é que as eleições reforçam o
equilíbrio, mapeando a quantidade de força
eleitoral que cada grupo possui.

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Eleitor usando urna eletrônica brasileira.
Com essa informação numérica de quanto apoio cada grupo possui,
governo e oposição são induzidos a respeitar ainda mais as regras do
jogo. Os conflitos de ideias seriam organizados eleitoralmente. Não se
trata do fim das disputas, e sim da organização para que não sejam
violentas. Como diz Przeworski, essa aparente simplicidade das
eleições na realidade é um verdadeiro milagre.
No entanto, suponha que isso seja
tudo o que define a democracia: que
os governantes sejam eleitos. É
pouco? Depende do ponto de
partida. (...) se o ponto de partida é
que em qualquer sociedade existem
conflitos, de valores e de interesses,
eleger governantes parece nada
menos que milagroso.
(PRZEWORSKI, 1999, p. 12)
Eleições e mapeamento de
força

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Agora imagine como funciona os jogos eleitorais nas dinâmicas atuais
de comunicação. Que tipos de relações podemos apreender? Vamos
discutir juntos com o professor Paulo Joaquim.
Os fatores de manutenção da
democracia minimalista
Przeworski apresenta quatro fatores que compõem seu conceito de
democracia, além dos elementos de alternância de governo e eleições já
discutidos. Esses fatores funcionam como fomentadores da
democracia, ou seja, favorecem que a democracia se mantenha, mas
não são essenciais para que ela exista. Esses fatores são
desenvolvimento econômico, dispersão do poder, tempo de alternância
entre grupos no poder e parlamentarismo.
O desenvolvimento econômico é apresentado como o mais
importante fator que favorece a democracia. Em países mais
ricos, os recursos para o acesso à participação estariam
disponíveis para mais grupos políticos, o que dificultaria a
concentração de poder. Além disso, haveria maior instrução do
eleitorado e uma publicização maior da informação, o que
permitiria um controle mais forte do governo por parte da
sociedade civil e da oposição.
A concentração do poder em único grupo poderia gerar riscos
graves, uma vez que esse grupo não temeria reações de uma
Desenvolvimento econômico 
O grau de dispersão do poder 
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oposição fraca. Segundo Przeworski, o ideal é que nenhum grupo
político possua mais de 2/3 do parlamento ou congresso.
É fácil compreender essa lógica. Imagine que você é líder de um
grupo que elegeu quase todos os parlamentares e possui amplo
apoio do eleitorado. Pode até ser que você respeite as regras do
jogo. Mas caso não respeite, quem irá contrariá-lo?
Considerando que a oposição é fraca, você teria poucas
resistências para fazer o que quisesse para além das regras do
jogo. No entanto, se o poder estiver dividido, você precisará
respeitar as regras de todo jeito.
A possibilidade de alternância de poder é uma condição, junto
com as eleições, para o conceito democracia minimalista em
Przeworski. O tempo de alternância entre grupos no poder é um
fator importante e deve ocorrer, em média, a cada cinco anos, a
fim de reforçar a democracia. Todavia, se essa alternância
ocorrer em períodos menores que dois anos, significará um
cenário de uma democracia instável.
Esse fator é um pouco discutível. Vejamos o caso da Alemanha.
Durante cerca de 16 anos, o país foi governado por um mesmo
partido e uma mesma primeira-ministra. Angela Merkel foi
primeira-ministra da Alemanha de 22 de novembro de 2005 até 8
de dezembro de 2021. Seria possível afirmar, então, que a
democracia alemã estava em risco durante esse período? A
resposta da maioria provavelmente será não. Como é possível
notar, esse fator pode indicar possíveis problemas, mas não é
algo determinante para analisar a democracia.
O sistema político organizado de forma parlamentarista seria um
fator que daria mais estabilidade à democracia do que o
presidencialismo. Lembre-se de que o parlamentarismo é o
sistema de governo no qual quem escolhe o chefe do Executivo é
o parlamento. Importante também relembrar que o cargo de
chefe do Executivo, no presidencialismo, é o presidente,
enquanto no parlamentarismo é o primeiro-ministro.
Tempo de alternância entre grupos 
Parlamentarismo 
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Vamos relembrar que, no parlamentarismo, a eleição funciona da
seguinte maneira: os eleitores votam em determinado partido
que, a partir desses votos, indica um número de parlamentares.
São esses parlamentares que escolhem o primeiro-ministro.
Os fatores de manutenção da
democracia minimalista
Qual a relação do modelo de Przeworski com a democracia minimalista?
O professor Paulo Joaquim irá nos explicar no vídeo a seguir!
Os efeitos elitistas do
minimalismo
Você já deve ter entendido a origem do termo minimalismo. Como
vimos até aqui, os autores dessa corrente tendem a reduzir a
democracia aos seus elementos básicos, em outros termos, aos
elementos mínimos. Nessa redução, a democracia perde seu caráter
substantivo, revelando somente seu aspecto procedimental. Ela se torna
um método de transformar votos em governos. Evidentemente, para
fazer isso, é necessária a garantia de certos direitos e liberdades. No
entanto, e a participação?
Uma característica em comum das teorias minimalistas é um aspecto
elitista. Você pode perceber que, quando analisamos essas teorias, o
papel do povo consiste basicamente em eleger representantes. Isso se
deve em parte pelo receio de movimentos de massa antidemocráticos.
No entanto, reforça a noção de que somente uma elite política,
composta por políticos profissionais, pode governar.

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Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
Embora o minimalismo enfatize que essa elite seja predominantemente
política, é difícil não perceber a sua conexão com elites econômicas.
Frequentemente, a elite política e a econômica possuem a mesma
origem. Uma alternativa para reduzir essa concentração de poder em
elites seria justamente uma ampliação da participação.
A participação é um elemento que fica em segundo plano, tanto em
Przeworski como em Schumpeter. Um ponto em comum entre os dois
pensadores – e que é a base do minimalismo democrático – é o fato de
que as eleições devem ser justas e competitivas. A participação nessas
eleições é um pequeno detalhe para esses autores. Desde que ocorram
as eleições e os resultados sejam respeitados, não há muita
importância se houve grande ou pequena participação do povo.
Vamos comparar: Przeworski
x Schumpeter
Estamos chegando ao fim, momento de entender o confronto teórico
aqui estudado. De um lado Przeworski e de outroShumpeter, nosso juiz
é o professor Paulo Joaquim. Não perca!

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Na teoria de Przeworski, a alternância de poder e as eleições livres
são os elementos básicos. No entanto, o autor apresenta alguns
fatores que favorecem a manutenção da democracia. Analise as
alternativas abaixo e escolha a que apresenta um fator de
manutenção da democracia.
Parabéns! A alternativa B está correta.
O desenvolvimento econômico, ou seja, o nível de riqueza de um
país é um fator que favorece a democracia. Quanto mais rico o país,
maiores os recursos para acessar a política.
Questão 2
Na situação descrita por Przeworski como equilíbrio autorreforçado
(self-enforcing equilibrium), a alternância de governo ocorreria de
A Presidencialismo.
B Fortalecimento do crescimento econômico amplo.
C Liberdades civis.
D
Representação de um grupo único ou de ampla
maioria.
E
Desenvolvimento econômico independentemente de
como a riqueza é distribuída.
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forma pacífica. Identifique abaixo um dos elementos essenciais
para a manutenção desse equilíbrio.
Parabéns! A alternativa B está correta.
A garantia das regras de alternância é o que impede os perdedores
de recorrerem a meios violentos, ainda que a troca de governo não
seja feita por eleições, como no exemplo do “cara ou coroa”.
Considerações �nais
Neste conteúdo, você pôde conhecer mais a respeito da teoria
minimalista de democracia. Essa teoria surgiu como uma crítica à teoria
clássica da democracia. O conceito clássico de democracia era pouco
empírico porque continha muitos conceitos abstratos, os quais não era
possível identificar nem aplicar em sistemas de governos reais.
As liberdades civis, tais como expressão, voto e participação, são
fundamentais para essa teoria contemporânea. A escolha por meio do
voto é outro elemento-chave para compreensão das perspectivas
minimalistas.
Existe, nos dias de hoje, uma constante preocupação com a
manutenção da democracia. E embora essa teoria sofra críticas por
A Eleições livres
B Garantia das regras de alternância
C Parlamento diversificado
D Presidencialismo
E Judiciário fiscalizador
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reduzir a democracia apenas a um método, tornou-se a principal chave
de análise de governos democráticos na atualidade.
Podcast
Agora, vamos retomar as principais ideias e realizar um resumo para
facilitar a revisão de seus estudos.

Explore +
Para complementar os seus conhecimentos no conteúdo estudado:
Assista ao documentário Até o Fim: A Luta Pela Igualdade, de
2020, no qual Lisa Cortes e Liz Garbus fazem um panorama
histórico da supressão de voto nos Estados Unidos, mostrando
como barreiras foram e continuam sendo impostas para impedir
que alguns grupos populacionais, especialmente os negros,
participem das eleições. O foco é principalmente na ativista Stacey
Abrams, cuja atuação foi fundamental para assegurar importantes
vitórias democráticas no estado da Geórgia.
Assista ao documentário Eleições, de 2018, disponível na Itaú
Cultural Play. A cineasta Alice Riff registra as eleições para o
grêmio da Escola Estadual Doutor Alarico Silveira, no bairro da
Barra Funda em São Paulo (SP). A partir da movimentação de
quatro grupos de estudantes com visões de mundo diferentes, o
documentário discute questões urgentes para a sociedade
brasileira dentro e fora da escola.
Leia o livro Ciência e Política, Duas Vocações, de Max Webber, em
especial o capítulo A Política como Vocação.
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Leia o artigo Minimalismo schumpeteriano, teoria econômica da
democracia e escolha racional, de Ricardo Borges Gama Neto,
publicado na Revista de Sociologia e Política, v. 19, n. 38 de 2011.
Referências
ALCANTARA, P. As elites contra a democracia: a concepção minimalista
no campo hegemônico da teoria democrática. Revista Crítica e
Sociedade: revista de cultura política, Uberlândia, v. 7, n. 2, 2017.  
CONSANI, C. O conceito de vontade na filosofia política de Rousseau e
Condorcet. Revista Trans/Form/Ação, Marília, v. 41, n. 1, 2018.  
GAMA NETO, R. Minimalismo schumpeteriano, teoria econômica da
democracia e escolha racional. Revista Sociologia e Política, Curitiba, v.
19, n. 38, 2011.  
PATEMAN, C. Participação e teoria democrática. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1992.
PRZEWORSKI, A. A Minimalist conception of democracy: a defense. In:
SHAPIRO, I.; HACKER-CORDSN, C. Democracy's Values. Cambridge
University Press, 1999.  
RÊGO, W. Notas sobre o conceito de democracia em Joseph A.
Schumpeter e Hans Kelsen. Anais do 18º Encontro Anual da Anpocs.
Caxambu, ANPOCS, 1994.
SCHUMPETER, J. Capitalismo, socialismo e democracia. São Paulo:
Unesp Digital, 2017.
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A ideia de ser humano na
teoria clássica da democracia
Um ponto importante para entendermos a teoria clássica da democracia
é compreender a ideia de que esses filósofos tinham sobre o ser
humano, sua natureza e suas características. Para esses pensadores,
todos os indivíduos são racionais e autônomos, ou seja, todos nós
somos responsáveis pelas nossas escolhas e as fazemos por meio da
lógica racional.
Essa ideia tinha sua origem no movimento filosófico conhecido como
iluminismo, o qual colocou a razão e o ser humano no centro de todas
as coisas. Havia claramente uma perspectiva positiva quanto à natureza
humana, em especial, quanto ao uso da razão.
First reading in 1755 of Voltaire's L'Orphelin de la Chine in the room of Madame Geoffrin, Anicet
Charles Gabriel Lemonnier, 1812.
A capacidade racional do ser humano é o que torna possível criação de
objetivos particulares. Essa característica nos diferencia dos outros
seres vivos. Todo animal age de acordo com seu instinto, exceto o
homem, que age de acordo com a sua vontade.
Para alguns filósofos, como Jean-Jacques Rousseau, as ações
humanas deveriam ser regidas pelo critério racional. Dessa forma,
seríamos verdadeiramente livres.
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Para filósofos como Bentham e Mill, as ações humanas deveriam ser
julgadas de acordo com os seus resultados, que podem causar prazer
ou sofrimento. Avaliar os resultados das ações, segundo a quantidade
de prazer ou sofrimento gerados por elas, é um princípio básico do
chamado utilitarismo.
O utilitarismo na teoria clássica
O filósofo inglês Jeremy Bentham, pertencente à teoria clássica da
democracia, é também um filosofo da corrente utilitarista. O utilitarismo
defende que os homens agem na busca da maximização de prazeres e
minimização dos sofrimentos, ou seja, cada ação que tomamos deve
ser guiada por esse critério.
Capa do livro Defence of usury, escrito por Jeremy Bentham em 1788.
A noção de prazer em Bentham é comumente associada às riquezas,
em sentido amplo. No entanto, poderíamos entender que o filósofo
falava do aumento de riquezas como forma de aumentar a felicidade
geral, pela redução dos sofrimentos. Nessa interpretação, o prazer é
tudo aquilo que nos faz bem, sejam coisas materiais, associadas aos
bens que podem ser comprados, sejam imateriais, como a amizade, o
amor e a liberdade.
Segundo o utilitarismo de Bentham, todas as
ações devem ser avaliadas pelo seu resultado!
Uma ação é moralmente boa quando causa mais prazer do que
sofrimento. A ação ruim é aquela que gera mais sofrimento do que
prazer. O problema dessa forma de pensar é que não há como identificar
se uma ação é boa ou ruim sem conhecer o seu resultado.
Uma crítica comum ao utilitarismo é que essa lógica pode até ser um
guia para ações individuais, mas não sociais. Se imaginarmos a
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sociedade como um corpo só, podemos medir o nível de prazer ou
sofrimento geral. Mas na prática, alguns indivíduos sofrerão para que
outros tenham prazer.
Se o sofrimento e o prazer não são distribuídos
igualmente, o que é comum nas sociedades, a lógica
utilitarista só legitima o sofrimento de certos grupos.
Achou complexo? Vamos então buscar por uma dinâmica diferente,
recuperando elementos da teoria clássica da democracia. Com a
palavra, o professor Paulo Joaquim!
Teoria clássica da democracia
O que exatamente é a democracia e como ela se relaciona com o
utilitarismo? Neste vídeo, exploraremos essas questões e muitas outras.
Não perca!
A vontade geral
Nossa compreensão do termo vontade é um pouco diferente do
conceito filosófico de vontade. Normalmente, usamos a palavra vontade
como sinônimo de desejo.
Exemplo
A frase “estou com vontade de comer chocolate” possui o mesmo
sentido de “estou com desejo de comer chocolate”.
O conceito de vontade, por outro lado, é uma combinação simples:

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
Desejo (ou
ambição, sonho
etc)

Razão
Quando falamos em vontade, filosoficamente, estamos unindo o
elemento de desejo com pensamento racional. Assim, a vontade possui
o desejo combinado com mecanismos racionais. Esses mecanismos
atuam de duas maneiras, vamos conhecê-las?
Mecanismo em que podemos observar a primeira diferença entre
desejo e vontade. Você pode desejar coisas que não são
racionais por si só. Porém, não é possível ter vontades que sejam
irracionais.
Por exemplo, posso desejar me causar mal, mas não posso ter
uma vontade de me causar mal, porque esse não é um desejo
racional.
Mecanismo em que, no conceito de vontade, temos também os
possíveis mecanismos para alcançar o objeto ou objetivo do
desejo. Não se trata de um detalhamento dos meios a seguir,
mas, sim, de uma ideia geral de quais caminhos podemos tomar.

A racionalidade do desejo ou da ambição 
O planejamento de meios 
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Vamos retomar o exemplo do desejo de comer chocolate. Dentro
da vontade de comer chocolate, temos os tipos de chocolate que
existem e as formas diversas de comprar. Tenho, portanto, além
do desejo, os caminhos racionais para a sua realização.
Voltando à nossa concepção de indivíduo racional e autônomo,
podemos concluir que cada um possui certos interesses e objetivos
particulares, os quais podem variar de pessoa para pessoa. No entanto,
é possível que algum desses interesses e objetivos possua pontos em
comum com os demais.
O filósofo Jean-Jacques Rousseau propõe que existe
uma vontade geral, um conceito que realizaria o bem
comum da sociedade como um todo e que deveria
guiá-la.
A questão da vontade geral em Rousseau é complexa porque o filosofo
não chegou a defini-la categoricamente. Um primeiro ponto é que a
vontade geral não seria uma mera soma das vontades individuais. Se,
por um lado, a vontade individual é formada por nossos interesses e
planos, a vontade geral poderia ser entendida como uma interseção
entre essas vontades individuais, tendo por objetivo o bem comum.
No entanto, a vontade geral seria unívoca. Isso significa que seria única
e todos conseguiriam chegar até a ela pela razão. Seria, portanto, um
interesse combinado com os meios de alcançá-lo, comuns a todos e
reconhecidos por todos. De fato, a vontade geral em Rousseau parece
uma entidade extra-humana, que estaria acima de nós e nos guiando.
A partir dessa noção em Rousseau, seria possível dizer que existem
parâmetros para avaliar ações, independentemente dos resultados
delas. Teríamos então como avaliar as ações antes de executá-las. Nos
termos de Rousseau, a vontade geral:
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[...] tende sempre à conservação e
ao bem-estar do conjunto e de todas
as partes, e que é a fonte das leis,
consiste na regra do que é justo e
injusto, para todos os membros do
Estado, com respeito a eles mesmo
e ao próprio Estado.
(ROUSSEAU apud CONSANI, 2018, p. 101)
Você já conhece o conceito de vontade geral? Vamos juntos com o
professor Paulo Joaquim discutir essa questão.
Vontade geral
Mas afinal, o que é a vontade geral e qual o seu papel na tomada de
decisões políticas? É o que vamos acompanhar neste vídeo!
O bem comum
Para facilitar nossa compreensão, vamos tratar os conceitos de bem
comum e interesse comumcomo sinônimos. Dentro da doutrina
clássica da democracia, podemos identificar algumas diferenças na
ideia de bem comum. Em comum seria que o bem é a finalidade da
vontade, ou seja, é o objeto/objetivo da vontade.
Em Rousseau, o bem comum seria o objetivo da vontade geral. Por
exemplo, a vontade geral é o fim da pobreza. Logo, o bem comum seria
o fim da pobreza. Os conceitos de vontade geral e bem comum seriam
inter-relacionados, sendo difícil definir um sem se referir ao outro.

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Jean-Jacques Rousseau.
Como vimos, o bem comum estaria na interseção dos interesses
individuais dos cidadãos. Devemos notar que Rousseau parte de uma
concepção positiva do ser humano, na qual os indivíduos estão em
busca de seu bem pessoal e coletivo, agindo de forma racional.
Por outro lado, em Bentham, o bem comum seria a soma de interesses
individuais. A sua realização estaria associada a uma proporção entre o
prazer e o sofrimento. Aplicar essa lógica, como vimos antes, pode
significar que parcelas da sociedade sofrerão mais que outras. Em
Rousseau, a dosagem de prazer e sofrimento deve ser igual para todos.
Jeremy Bentham.
Nos escritos de John Stuart Mill (1806-1873), vinculados ao utilitarismo,
assim como Bentham, o bem comum também seria uma soma dos
interesses individuais, os quais, porém, seriam hierarquizados.
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John Stuart Mill.
Mill propõe uma espécie de soma ponderada, na qual alguns interesses
particulares são mais importantes do que outros. Isso se dá porque
alguns interesses são mais importantes para a sociedade como um
todo do que outros. Uma maneira de classificar os interesses para
compor o bem comum, na concepção de Mill, pode ser descrita a seguir.
Vamos imaginar a seguinte situação: quase todo mundo quer ter um
carro, esse é um desejo comum na sociedade. Ao mesmo tempo,
muitos priorizam os veículos elétricos porque são menos poluentes e
prejudicam menos o meio ambiente, considerado um bem comum.
Temos aqui um conceito-chave para nossa discussão: o bem comum!
Vamos juntos discutir mais a respeito dele.
O bem comum
Neste vídeo, vamos explorar as diferentes teorias e abordagens sobre o
bem comum, desde as suas raízes na filosofia clássica até as
perspectivas contemporâneas.

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A participação política na
teoria clássica da democracia
Considerando a concepção de ser humano e os conceitos de vontade
geral e bem comum, há uma defesa da participação política da
população na teoria clássica da democracia. A filósofa inglesa Carole
Pateman (1992) propõe que, dentro da teoria clássica, existem duas
correntes principais, que são diferenciadas pela forma como lidam com
a participação política. Vejamos:

Corrente defendida
por Jeremy
Bentham
Tal corrente atribuiria à
participação um efeito
protetor. Ela atuaria no
sentido de impedir
determinados
desmandos do governo,
ações que pudessem
interferir na autonomia
e nos direitos
individuais. Esse
controle se daria
fundamentalmente
pelas eleições. Os
representantes que não
respeitassem as
liberdades individuais
não seriam reeleitos.

Corrente defendida
por Rousseau e
Stuart Mill
Tal corrente veria na
participação um
elemento base do
Estado. Ela possuiria
um aspecto pedagógico
em Mill. Em Rousseau,
ela atuaria de forma a
dar um sentimento
coletivo aos indivíduos,
além de garantir a sua
autonomia individual,
posto que, participando
das decisões, os
indivíduos estariam
obedecendo a si
mesmos.
A participação como proteção de direitos
individuais

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Em Bentham, a participação consistiria basicamente no voto, o
chamado sufrágio universal. Esse voto se daria de forma secreta, livre e
periódica. É o que entendemos hoje por eleições livres, as quais ocorrem
em prazos previamente determinados. Os representantes eleitos teriam
um período definido de mandato e posteriormente deveriam convocar
novas eleições.
A ideia de Bentham é que a participação popular, por meio de eleições,
impediria a tentativa de governos autoritários. Seria uma defesa contra
os possíveis desmandos daqueles que estão ocupando os cargos de
poder.
Comentário
É importante lembrar que Bentham estava escrevendo na virada do
século XVIII para o XIX, ou seja, as monarquias absolutistas eram um
passado recente para o autor. Nesses regimes, não existia uma
participação popular garantida e o poder era concentrado na figura do
monarca.
Havia ainda uma preocupação quanto à escolha de representantes pelo
eleitorado. A solução de Bentham para isso consistia no aumento da
educação geral da população, o que permitiria escolhas mais sábias.
Havia também a ideia de que, ao votar, as classes mais baixas se
inspirassem na “sábia e virtuosa” classe média (PATEMAN, 1992, p. 31).
A participação como fundamento do Estado
Em Rousseau, a participação é a base da democracia. Ela provoca um
efeito de pertencimento ao Estado. Para além da escolha dos
representantes, haveria uma influência direta na construção das leis. A
condição básica para participação estaria na igualdade entre os
indivíduos, do ponto de vista político. Para isso, Rousseau propunha que
as desigualdades econômicas não deveriam se manifestar na esfera
política, e todos os indivíduos deveriam possuir uma propriedade
privada (PATEMAN, 1992).
A participação garantiria que a autonomia individual não fosse
desrespeitada. São as leis que governam o Estado, e não os homens. As
leis são construídas por todos, com uma participação direta nas
decisões, ou seja, todos estariam representados na vontade geral.
Resumindo
Seríamos governados por leis que nós próprios criamos.
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Em Stuart Mill, a participação funciona como uma prática educativa. A
tendência é que, quanto mais o povo participasse da política, mais
aprenderia e melhores decisões tomaria. A educação formal contribuiria
nesses processos. No entanto, isso estaria mais ligado aos eleitores. No
caso dos representantes, aqueles que serão votados, Mill propõe que
tenham uma formação maior do que a do eleitorado, ou seja, ocorreria
uma diferenciação entre eleitor e representante, a partir do critério
educacional.
Cidadãos suíços com direito ao voto encontram-se para decidir acerca das leis e gastos do Conselho
em 2009.
Aplicando conceitos: a síntese
Neste vídeo, vamos explorar os agentes fundamentais da democracia
moderna e a sua importância para a manutenção da liberdade e da
justiça em nossas sociedades.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

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Questão 1
O conceito de bem comum é característico da teoria clássica da
democracia. No entanto, os autores costumam definir esse
conceito de formas diferentes. Um desses autores é John Stuart
Mill. Analise as alternativas abaixo e assinale aquela que representa
o conceito de bem comum em Mill.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Assim como Bentham, Mill acredita que o bem comum é uma soma
dos interessesindividuais. No entanto, existiriam interesses mais
nobres que outros. Por isso, essa soma deveria ser feita de forma
que alguns interesses tivessem mais peso que outros.
Questão 2
A origem da palavra democracia remonta à Grécia Antiga. Das
cidades-Estados, a única a implementar esse regime foi Atenas.
Considerando o aspecto da participação, assinale alternativa
correta a respeito da participação na democracia ateniense.
A O bem comum é a soma dos interesses individuais.
B
O bem comum é a interseção dos objetivos
individuais.
C
O bem comum é uma soma ponderada dos
interesses individuais.
D
O bem comum consiste numa abstração da ideia de
vontade geral.
E O bem comum é definido pela constituição do país.
A
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Os cidadãos politicamente ativos na democracia ateniense eram os
homens que nasceram em Atenas, tinham pais atenienses e
possuíam uma idade uma idade mínima. Eram excluídos desse
direito as mulheres, os escravos e os estrangeiros.
2 - Crítica da teoria clássica da democracia por
Schumpeter
Todos tinham direito ao voto.
B Somente mulheres podiam votar.
C
Estrangeiros podiam votar, desde que fossem
homens.
D
Somente homens, nascidos em Atenas, podiam
votar.
E
Os escravizados podiam votar, desde que com
autorização do seu senhor.
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Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as críticas feitas
contra a teoria clássica da democracia.
A inexistência da vontade
geral e do bem comum
O economista e cientista político austríaco Joseph Schumpeter (1883-
1950), em seu livro Capitalismo, socialismo e democracia (1942), dedica-
se à discussão da democracia. Sua linha de raciocínio acompanha as
seguintes etapas:

Capítulo 21
O autor apresenta diversas críticas à chamada teoria clássica da
democracia.

Capítulo 22
O autor formula a sua própria teoria democrática.
As críticas principais de Schumpeter aos clássicos consistem na ideia
de bem comum, a noção de vontade geral e a concepção de ser humano
que eles possuem.
Como vimos, na teoria clássica, as noções de vontade geral e bem
comum são interligadas. Embora existam diferenças nas suas
concepções, o bem comum seria o objetivo da vontade geral. Essa
vontade, para além de um mero mecanismo, seria o princípio pelo qual
as sociedades deveriam ser regradas.
Para Schumpeter, essa ideia só faria sentido quando os cidadãos têm
total conhecimento de seus interesses individuais em política. O autor
argumenta que os clássicos defenderiam a existência de um bem
comum, que seria facilmente definido e alcançado por todos via a razão.
Schumpeter argumenta que é fácil provar que o bem comum não existe
na realidade.
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Joseph Schumpeter.
As sociedades modernas são heterogêneas, logo são compostas por
pessoas diferentes umas das outras. Cada indivíduo tem uma
concepção de bem específica, que não é necessariamente compatível
com a concepção de outros.
Nessa linha, não existe, portanto, um bem comum e, ainda se existisse,
seria entendido de forma diferente por cada pessoa. Um exemplo disso
são as diferentes concepções religiosas em nossa sociedade. Cada
religião possui diferentes regras e condutas, além de objetivos que
também divergem. Cada religião busca o seu bem último, que não é
necessariamente igual e compatível com o das outras.
Em primeiro lugar, não existe um
bem comum univocamente
determinado a respeito do qual
todos os homens concordem ou
possam ser levados a concordar por
força de uma argumentação
racional. Isso se deve não ao fato de
alguns quererem coisas diferentes
do bem comum, mas principalmente
ao fato muito mais fundamental de
que, para os diversos indivíduos e
grupos, o bem comum está fadado
a significar coisas diversas.
(SCHUMPETER, 2017, p. 341)
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A partir da desconstrução da ideia de bem comum, o argumento da
teoria clássica fica enfraquecido, uma vez que o bem comum e a
vontade geral seriam elementos complementares. Ainda assim,
Schumpeter propõe analisar a vontade geral na teoria clássica, sem a
ideia de bem comum, que, como o autor expõe, seria impossível de se
ver na prática.
Ainda segundo Schumpeter, uma parte da teoria clássica, a corrente
utilitarista, derivaria a vontade geral por meio da soma das vontades
individuais. Existem duas críticas a essa concepção. A primeira é por
supor que os indivíduos possuem vontades políticas, perfeitamente
definidas de forma independente. A segunda é que, ainda se existissem
essas vontades, a soma delas não seria a vontade geral. Isso porque
quando “as vontades individuais estão muito divididas, é não só
concebível, como também muito provável que as decisões políticas
produzidas não coincidam com o que o povo realmente quer”
(SCHUMPETER, 2017, p. 345).
Em um cenário de polarização, o consenso é quase impossível. A soma
de interesses tão distintos levaria somente à anulação dos interesses.
Nem sempre é possível encontrar uma interseção nos interesses
individuais que possa consolidar um interesse comum.
Capa do livro Modern Utilitarianism por Thomas Rawson Birks escrito em 1874.
Diferentemente de Rousseau, os utilitaristas não possuem a entidade
“semimística” da vontade geral como regradora da sociedade. Como
vimos, para esse grupo, a vontade geral é a soma das vontades
individuais e não atua como guia das ações.
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O parâmetro moral dos utilitaristas são as consequências da ação, o
aumento de prazer e a redução do sofrimento, e não as ações em si,
como é em Rousseau, pensamento no qual a ação moralmente correta é
a que está de acordo com a vontade geral.
Segundo Schumpeter, o que os clássicos chamam de vontade geral, na
verdade, é uma vontade fabricada, criada por grupos políticos
interessados por meio de propagandas que moldariam as preferências
políticas dos indivíduos. Essa suposta vontade do povo, por assim dizer,
não seria a origem dos processos políticos, e sim seu produto.
Esses grupos podem ser constituídos por
políticos profissionais, ou por defensores de
um interesse econômico, ou por idealistas de
um ou de outro tipo, ou por pessoas
simplesmente interessadas em encenar e
dirigir os shows políticos. A sociologia de tais
grupos é irrelevante para o meu argumento. O
único ponto que interessa aqui é que, sendo a
“natureza humana em política” tal como é,
eles são capazes de plasmar e, dentro de
limites muito amplos, até mesmo de criar a
vontade do povo. O que observamos ao
analisar os processos políticos é em grande
medida não uma vontade autêntica, e sim
uma vontade fabricada. E, com frequência,
esse artefato é o único que na realidade
corresponde à volonté générale da doutrina
clássica. Assim sendo, a vontade do povo é o
produto do processo político, não a sua força
motriz.
(SCHUMPETER, 2017, p. 356)
Você conhece Shumpeter? O professor Paulo Joaquim irá nos apresenta
esse importante teórico, cujo trabalho faz parte de nosso estudo.

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Shumpetere sua teoria
Neste vídeo, vamos explorar a base de pesquisa de Schumpeter, seus
principais conceitos e ideias e como eles se aplicam à ciência política.
Crítica à concepção clássica
de ser humano
Schumpeter empreende uma desconstrução nos pilares de bem comum
e vontade geral da doutrina clássica da democracia. Vimos a
impossibilidade do bem comum e a consequente dificuldade de
conceitualizar a noção de vontade geral. Ainda assim, o autor propôs
analisar a vontade geral assim como propunham os utilitaristas, sendo a
soma das vontades individuais. Isso não resultaria em uma vontade
geral porque as diferenças de vontades se anulariam. Mas para
Schumpeter também não existiria uma vontade individual em política.
Para que a proposição dos clássicos pudesse ter o mínimo de validade,
seria necessário que a vontade dos indivíduos comuns fosse atribuída
de “uma independência e uma qualidade racional que são
completamente irrealistas” (SCHUMPETER, 2017, p. 344). Ainda a
respeito da vontade dos indivíduos, O autor esclarece:
Em outras palavras, ela tem de ser mais que
um punhado indeterminado de vagos
impulsos a girarem frouxamente em torno a
slogans dados e a impressões equivocadas.
Cada qual precisaria saber exatamente o que
quer defender. Essa vontade claramente
definida teria de ser implementada pela
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capacidade de observar e interpretar
corretamente os fatos que são diretamente
acessíveis a todos e de peneirar criticamente
a informação sobre os fatos que não o são.
Finalmente, seria necessário derivar dessa
vontade claramente definida e desses fatos
verificados uma conclusão nítida e rápida
sobre questões particulares de acordo com
as regras da inferência lógica – e, ademais,
com um grau tão elevado de eficiência geral
que se poderia sustentar, sem absurdo
flagrante, que a opinião de um homem seria
aproximadamente tão boa quanto a de
qualquer outro.
(SCHUMPETER, 2017, p. 344)
Os indivíduos não seriam, na maior parte do tempo, racionais e dotados
de interesses definidos. Para defender essa ideia, Schumpeter faz uma
referência aos trabalhos de Sigmund Freud (1856-1939) e à descrição de
que muitas de nossas ações cotidianas sofrem influência de nosso
inconsciente e, portanto, estariam fora dos domínios da razão.
Os indivíduos, em geral, não se preocupam com as questões políticas,
não possuem tempo nem desejo de se dedicarem a essas questões.
Isso ocorre devido à ausência de dois tipos de senso, os quais seriam
considerados pelos clássicos como parte da natureza humana em
relação à política. Vamos conhecer quais são esses dois sensos e suas
definições?
Senso de realidade
É a percepção de proximidade com uma área ou tema, algo como
o que possuímos em nossas áreas de trabalho ou estudo. Por
exemplo, todos nós conhecemos medicamentos e procedimentos
médicos, mas não possuímos o senso de realidade da área
médica da mesma maneira que um médico ou enfermeiro possui.
Para Schumpeter, a política – entendida como a arena de
decisões em nível nacional e internacional – seria algo tão
distante do cidadão comum que lhe pareceria um mundo fictício,
não desenvolvendo o chamado sendo de realidade.
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Senso de responsabilidade
É a ausência do senso de realidade que causa a falta do senso de
responsabilidade. De fato, é difícil alguém se sentir responsável
por algo que não faz parte do seu dia a dia. Se, na ideia dos
clássicos, o homem em política teria o senso de realidade (a
vivência com a política) e o senso de responsabilidade (a
sensação de ser responsável pelos acontecimentos políticos),
então, na prática, o cidadão comum não teria nenhum desses
sensos em política.
A percepção que Schumpeter possui da natureza do homem em política
é uma crítica direta ao ideal de ser humano presente na teoria clássica,
ou seja, aquele indivíduo racional que possuía clareza sobre seus
objetivos pessoais e políticos.
Nós todos conhecemos o homem –
geralmente um ótimo espécime –
que diz que a administração local
não é problema seu e dá de ombros
friamente para práticas que ele
preferiria morrer a sofrê-las no seu
escritório. Os cidadãos bem-
pensantes e de disposição
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exortativa, que pregam a
responsabilidade dos eleitores ou
contribuintes individuais, descobrem
invariavelmente que esses eleitores
ou contribuintes não se sentem
responsáveis pelo que os políticos
locais fazem.
(SCHUMPETER, 2017, p. 352)
Em Schumpeter, essa concepção é apenas um ideal que não se
encontra na realidade. Os indivíduos não possuem uma vontade política
definida, como definem os clássicos. Essa é, portanto, uma perspectiva
negativa da natureza humana em política.
Revisitando a compreensão
do que é ser humano
Humanos e política? Vamos compreender que mistura é essa e como
podemos teorizá-la assistindo ao vídeo a seguir.
A propaganda e o risco da
participação política
Outro aspecto criticado por Schumpeter na teoria clássica é a ênfase
dada à participação. Considerando a natureza humana em política como
desinteressada e moldada, a participação direta nas decisões
representa um risco para a própria democracia. Isso porque os

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indivíduos seriam pouco racionais com relação à política. E em grupo,
essa racionalidade seria ainda menor.
O autor defende, a partir de noções vindas da psicologia social, que em
grupo os seres humanos tendem a se levar pelos instintos mais
primitivos. Isso seria muito negativo para a preservação da democracia.
Para Schumpeter, a participação política deveria ser limitada, no caso
dos indivíduos comuns. O receio do autor é a ocorrência de fenômenos
como ascensão do fascismo e do nazismo na Itália e na Alemanha,
respectivamente.
Esses movimentos tiveram alta participação popular e ascenderam ao
poder por meio de eleições, ou seja, de forma democrática, para logo em
seguida destruírem suas respectivas democracias.
Hitler com membros do Partido Nazista em dezembro de 1930.
A concepção de destruição interna, pelas próprias forças, não seria
incomum em sua concepção.
Mas, quanto à sensatez ou racionalidade das
suas inferências e conclusões, esta pode ser
tão ruim quanto se ele entregar a uma
explosão de generosa indignação. Isso
tornará ainda mais difícil para ele enxergar as
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coisas nas suas proporções corretas ou até
enxergar mais de um aspecto de uma coisa
ao mesmo tempo. Portanto, se ele emergir
uma vez da sua vagueza usual e mostrar a
vontade definida postulada pela doutrina
clássica da democracia, é bem provável que
se torne ainda mais desinteligente e
irresponsável do que costuma ser. Em certas
circunstâncias, isso pode ter consequências
fatais para o seu país.
(SCHUMPETER, 2017, p. 355-356)
A vontade e o bom senso não são próprios do indivíduo, mas parte de
uma ação coletiva. Essa ação coletiva é sujeita às paixões, seja na
busca de retomar algo que seria perdido seja na destruição no sentido
de algo que precisa ser alcançado.
Nesta era das redes sociais, existe um movimento a ser observado que
envolve as paixões e sua capacidade de mobilizar grupos. Esse debate é
fundamental, pois ajuda a criar reflexõescontemporâneas fundamentais
sobre propaganda política e os riscos à democracia.
Falando sobre o impacto da internet na democracia, o documentário O
dilema das redes (2020), dirigido por Jeff Orlowski, expõe o papel de
grandes empresas tech na propagação de fake news e na mobilização
de uma polarização política. Com depoimento de ex-funcionários de
grandes companhias, como o Google e o Facebook, ficamos sabendo
que cada ação nossa é monitorada e estudada.
Ficou curioso? Confira no streaming mais próximo de você!
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Capa do documentário O dilema das redes.
Vamos agora analisar um exemplo complexo: a ascensão ao poder e a
queda do ex-presidente norte-americano Donald Trump, desde a sua
vitória nas eleições de 2016 e a sua derrota na eleição de 2020. Vamos
ainda abordar a invasão ao Capitólio pensando no que esse evento
representou e o seu impacto na democracia dos Estados Unidos.
Propaganda e risco da
participação política
Neste vídeo, vamos explorar como as ideias de Schumpeter se aplicam
às questões contemporâneas e pensar em formas de colocá-las em
prática.

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A irrealidade da teoria
clássica
A partir de todos os elementos estudados até aqui, Schumpeter chega à
conclusão de que a teoria clássica da democracia não se verifica na
realidade, além de nunca poder ser aplicada. As prescrições dos
clássicos sobre a forma de governo estariam muito mais no plano das
ideias do que na prática. Parte disso deve-se ao fato de os clássicos não
terem imaginado uma sociedade complexa, tal como as
contemporâneas.
Ideias como governo do povo, valorização da participação, vontade geral
e bem comum sobreviveriam mais como um recurso discursivo. Todo
líder político faz questão de dizer que está falando em nome do povo.
O bem comum, embora não exista, é uma ideia
que une os cidadãos.
No entanto, nenhum desses elementos fornece as bases para as
democracias na realidade.
Ao ler as críticas de Schumpeter, podemos notar certo exagero de
alguns elementos. De fato, quando criticamos uma ideia ou alguém,
tendemos a enfatizar as características ruins e esconder as boas.
Segundo Pateman (1992), Schumpeter cria um mito sobre a teoria
clássica da democracia.
A autora discute que muitos elementos criticados por Schumpeter, em
especial, os riscos da participação popular, eram levados em conta
pelos clássicos. A participação deveria ser ampliada, mas esse fato era
condicionado ao aumento do nível educacional. Além disso, os
representantes deveriam ter o maior grau de instrução.
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Carole Pateman, filósofa britânica.
Outro ponto é que a participação, para a maior parte dos clássicos,
estava ligada à eleição de representantes. Somente em Rousseau
existia uma ideia mais forte de participação direta. A eleição de
representantes ou líderes é um elemento que o próprio Schumpeter
defenderá em sua teoria democrática.
Irrealidade e as críticas
Vamos explorar como Freud e outros autores importantes criticaram a
ideia tradicional de um ser humano como um indivíduo racional e
autônomo, e como essa crítica mudou nossa percepção de nós
mesmos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

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Segundo Schumpeter, a proximidade com um assunto é o que nos
fornece o conhecimento para tomarmos determinadas decisões e
desenvolvermos vontades específicas. Quanto mais próximo de
nós, maior o conhecimento e interesse. Identifique abaixo qual
conceito caracteriza essa ideia de Schumpeter.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O senso de realidade é a proximidade de conhecimento que
desenvolvemos ao lidar com um assunto ou área no nosso dia a
dia. A partir dele, desenvolvemos interesses e vontades relativos a
essa área.
Questão 2
O conceito de bem comum ocupa um importante espaço na
doutrina clássica da democracia. As críticas de Schumpeter
atingem esse conceito em diversos graus. Analise as alternativas
abaixo e identifique uma crítica de Schumpeter ao conceito de bem
comum dos clássicos.
A Senso de responsabilidade
B Vontade política
C Senso de realidade
D Vontade individual
E Interesse privado
A
Não é possível chegar ao bem comum pela vontade
individual.
B Não existe bem comum, somente vontade geral.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Schumpeter argumenta que não existe bem comum não só porque
as pessoas querem coisas diferentes, mas também porque
entendem o bem comum de forma distinta.
3 - Teoria minimalista de democracia de
Schumpeter
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as características
básicas da teoria minimalista da democracia.
A verdadeira natureza
humana em política e suas
C A base do bem comum é a fé cristã.
D Existem diversas concepções de bem comum.
E A vontade geral não é um fato empírico.
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características
A partir das críticas que Schumpeter faz aos clássicos, é possível
identificar a sua própria concepção de indivíduo na política. Para o autor,
a maior parte dos seres humanos é apática à política, não possuindo
interesses definidos nem objetivos políticos. Isso ocorre porque essas
pessoas não entendem a política como uma realidade sua nem que as
decisões políticas afetam suas vidas particulares. Essa percepção,
segundo Schumpeter, se daria por uma ausência do senso de realidade.
Schumpeter até aponta que pode existir um interesse um pouco maior
pela política local do que a nacional, mas, ainda assim, seria algo
reduzido. Quando falamos de política local, estamos nos referindo às
decisões políticas municipais, ou seja, a política das cidades.
Exemplo
Você pode estar vivendo no Brasil, mas onde de fato mora é na sua
cidade. O seu cotidiano é afetado pelas decisões políticas tomadas
nessa cidade, desde pequenas obras até a cobrança de impostos sobre
imóveis.
Por outro lado, quando pensamos na política nacional, estamos nos
referindo àquelas questões que afetam o país inteiro. Algumas delas
nem propriamente afetam a cidade em que você mora.
Exemplo
Se você não mora em um Estado que compreende a Amazônia Legal, as
políticas relativas a essa floresta parecerão distantes para a sua
realidade, embora possa ter interesses nelas, como a preservação do
bioma amazônico.
A política internacional seria ainda mais distante. Nela os países agem
como se fossem indivíduos e as questões envolvem aspectos de
geopolítica que são distantes do cotidiano do cidadão comum.
Exemplo
Se não formos produtores de sementes, então o Acordo de Sementes
entre os países da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração),
do qual o Brasil faz parte, não afeta diretamente o nosso cotidiano.
Ainda assim, sabemos da importância de um acordo de livre comércio
de sementes entre países, principalmente para nossa alimentação.
Quem diria que pequenas sementes seriam tão importantes assim para
ter um acordo internacional só delas!
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Vamos acompanhar alguns pensamentos de Schumpeter sobre política?
 Para Schumpeter, quanto mais geral, maior o
desinteresse em política. Como vimos, a falta do
senso de realidade gera uma falta de senso de
responsabilidade. Boa parte do povo não se sente
responsável pelo que ocorre na política porque não
faz parte do seu cotidiano, é um sentimento que
pode ser resumido na frase comum do “a culpa não
é minha”.
 Para o autor, a política é o poder de decidir
questões, sejam elas locais, nacionais ou
internacionais. Considerando as características dos
indivíduos em geral, o autor aponta que a
participação política deveria ser resumida ao voto
nas eleições. Basicamente, o povo participativo e
soberano que poderia ser encontrando na teoria
clássica torna-se somente um eleitorado. A sua
participação na política consiste basicamente na
escolha dos representantes, os quais de fato
possuem vontade política.
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A verdadeira política é um processo disruptivo e, para compreendê-lo,
precisamos entender a natureza política do ser. Com vocês o professor
Paulo Joaquim.
A verdadeira natureza
humana em política
Mas como a natureza humana influencia as políticas que criamos? E
como a democracia, que é baseada na vontade da maioria, pode garantir
a justiça para todos? É o que veremos no vídeo a seguir!
O conceito de liderança
 No entanto, se a maior parte da população é
apática à política, ou seja, não possui o senso de
realidade ou responsabilidade, então quem seriam
os nossos representantes? A resposta para essa
pergunta está no conceito de liderança
desenvolvido também por Schumpeter.
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Segundo Schumpeter, a teoria clássica da democracia desprezaria ou
não daria a devida atenção a um fator que o autor considera vital: a
liderança. A figura do líder é um dos elementos base do conceito de
democracia.
Como vimos, de acordo com Schumpeter, a maior parte do eleitorado
não possuiria interesse definido em política nem os sensos de realidade
e responsabilidade. No entanto, alguns indivíduos teriam esse interesse
e os sensos necessários para política, esses seriam os líderes.
Os líderes atuariam no sentido de juntar ou criar os interesses políticos,
possuindo a vontade política que falta à maior parte da população. Por
meio dos líderes, seriam construídos os ideais políticos que
posteriormente seriam plasmados para os indivíduos em geral,
consolidando a chamada vontade geral da manufatura.
Reunião entre líderes políticos americanos em Outubro de 1973.
Dá para notar que Schumpeter é bem enfático nesse ponto. O autor
admite que existem ideais que surgem na sociedade, mas para ele quem
organiza e mobiliza essas ideias são os líderes.
Em terceiro lugar, porém, enquanto houver
autênticas volições de grupo – por exemplo,
a vontade dos desempregados de receber um
auxílio desemprego ou o desejo de outros
grupos de ajudá-los –, a nossa teoria não as
negligencia. Pelo contrário, agora as
podemos inserir exatamente no papel que
elas desempenham na realidade. Em regra,
tais volições não se afirmam diretamente.
Mesmo quando são vigorosas e definidas,
permanecem latentes, amiúde durante
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décadas, até que um líder político as chame à
vida e então as transforme em fatores
políticos. Isso ele faz (ou os seus agentes o
fazem por ele) organizando essas volições,
instigando-as e, enfim, incluindo itens
adequados na sua oferta competitiva.
(SCHUMPETER, 2017, p. 367)
É quase como se a população fosse completamente manipulada pelos
líderes, que, na teoria de Schumpeter, são políticos atuando conforme
suas vontades políticas.
É como se fosse uma propaganda, como aquele antigo comercial de
chocolate da marca Garoto em que uma criança fingia hipnotizar o
público e repetia o “Compre Baton! Compre Baton!”. E, realmente, o
slogan não saía mais da nossa cabeça por horas ou dias!
Print de tela da propaganda de televisão da marca de chocolates Garoto.
Assim como as empresas tendem a fazer propagandas que atinjam o
subconsciente do consumidor, orientando-o a consumir determinado
produto, os líderes teriam técnicas de propagandas para manipular e
criar a vontade política dos eleitores. No entanto, essa criação parte de
pré-disposições já presentes na mente dos indivíduos.
A propaganda política não cria uma vontade política do nada, e sim
parte de “premissas volitivas existentes” (SCHUMPETER, 2017, p. 357).
Seriam ideias prévias que possuíamos anteriormente, mas que não
estavam verdadeiramente organizadas como vontade. A partir disso, as
lideranças políticas moldam essas ideias de forma a construir uma
vontade política que, aparentemente, pertence ao indivíduo, mas na
verdade é fabricada.
Podemos perceber que Schumpeter baseia boa parte de seu
pensamento na apatia dos eleitores. De fato, quando pensamos nessa
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descrição do poder da liderança política, temos a impressão de que o
eleitorado é uma marionete nas mãos dos líderes políticos. Segundo o
autor, ocorre que as pessoas “não colocam nem decidem as questões,
mas que as questões que normalmente são colocadas e decididas em
seu nome” (SCHUMPETER, 2017, p. 359).
Eleitores acompanhando debate entre candidatos em 2010.
A liderança política busca os cargos, por meio de votos, para ter o poder
de decidir. No entanto, embora para Schumpeter as sociedades fossem
um mar de apatia, existiriam mais de um líder com mais de uma
proposta. Disso decorre outro elemento do conceito de democracia de
Schumpeter: a competição.
Então a liderança também é um conceito? Vamos juntos mergulhar na
compreensão e no uso desse importante conceito.
Conceito de liderança
Ao longo das décadas, muitos autores têm estudado as teorias de
Schumpeter e suas implicações para a economia contemporânea. Neste
vídeo, vamos explorar algumas dessas interpretações.

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A competição entre
lideranças pelo voto
Imagine que, em determinada sociedade, a grande maioria seja apática
e desinteressada em política, conforme as proposições de Schumpeter.
No entanto, ainda existem poucos indivíduos dotados de uma vontade
política, buscando o poder para decidir as questões de interesse geral.
Embora esses indivíduos sejam raros, certamente existem em
quantidade suficiente para divergir uns dos outros. Logo, irão competir
entre si.
A competição entre os políticos pelo voto é um
fator que assegura a democracia.
A influência desse elemento é a lógica de mercado, na qual diversas
empresas buscam vender os seus produtos, que muitas vezes são
iguais.
Atenção!
Existem diversas fabricantes de sabonetes que, por produzirem o
mesmo produto, disputam clientes. Na mesma lógica, Schumpeter
propõe que os líderes políticos disputam o voto dos eleitores.
Importante destacar que o voto não é a única maneira de conseguir o
poder de decidir. Existem outros meios que, na maioria das vezes, são
violentos. Já na democracia, o poder somente pode ser conquistado por
meio do voto, sendo esse o seu principal diferencial para os outros tipos
de governos.
A competição assegura a democracia porque impede que um político
específico fiquemuito tempo no poder. Mas e se o político que estiver
no poder não quiser deixá-lo caso perca as próximas eleições? Para
Schumpeter, é essencial que todos os líderes políticos respeitem as
regras do jogo democrático. Nesse ponto, identificamos que o indivíduo
possua os sensos de realidade e responsabilidade.
No entanto, sozinhos, os políticos não chegam ao poder, por isso se
agrupam em instituições com o objetivo de conseguir votos.
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Debate entre candidatos a governador das eleições de 2010 na Bahia.
Voto e democracia
Neste vídeo, vamos examinar como o voto e a democracia estão
interligados, além de destacar a importância do voto como um direito e
dever cívico.
Os partidos políticos
Assim como os grupos empresariais disputam clientes visando a lucros
no mercado, os partidos políticos disputam eleitores e votos. Essas
organizações regulam a competição em dois níveis:

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
Nível interno

Nível externo
Antes de discutirmos as regulações feitas pelos partidos, precisamos
entender que as ideias de Schumpeter estão ligadas a uma realidade
diferente da nossa. No Brasil, o voto é direto para eleição dos chefes do
Poder Executivo, ou seja, presidente, governador e prefeito.
O sistema político que Schumpeter usa como padrão é o
parlamentarismo inglês. Nesse sistema, o voto é indireto. Ao invés de
votar em um candidato, o eleitor vota em um partido que, entre os seus
membros, escolherá quem vai compor o parlamento. No parlamento,
ocorre a eleição para o cargo de primeiro-ministro, o equivalente ao
presidente.
Estudantes votando em modelo de voto indireto.
É importante separar esse sistema de voto no parlamentarismo é
diferente do voto de legenda existente no sistema atual brasileiro, que
de fato é uma pessoalização pela ordem partidária em um sistema
compreendido como misto. No parlamentarismo, o voto é
completamente indireto, escolhe-se o partido, e as eleições do partido
escolhem os que governam.
Agora vejamos as principais características dos dois níveis de
competição.
Nível interno 
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No nível de competição interno, os partidos políticos regulam a
competição interna entre os seus membros (líderes), ou seja,
decidem quem será candidato. Esse processo de votação dentro
dos próprios partidos costuma ocorrer antes das eleições.
No nível de competição externo o controle se dá pela garantia
das regras do jogo político: o respeito às legislações
constitucionais, ao resultado eleitoral e à garantia de novas
eleições quando o mandato terminar. Assim como regras
comerciais, estabelecidas entre empresas, os partidos fariam
regras entre eles para que a competição continuasse de forma
legítima.
Dessa estrutura partidária surge a profissionalização do político.
Basicamente, as lideranças tenderiam a se profissionalizar tendo em
vista a conquista de votos. Um político profissional sabe melhor como
manipular e criar a vontade política a ser transmitida aos eleitores,
garantindo assim uma probabilidade maior de sucesso nas eleições.
É agora que a discussão esquenta! Este é o momento de discutirmos os
partidos políticos. O que são, onde vivem e qual papel deles na
democracia? Vamos aprender agora!
Partido político e a
democracia
Neste vídeo, vamos examinar como os partidos políticos se posicionam
em relação às principais questões políticas da atualidade.
Nível externo 

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A democracia com um
método
Os conceitos básicos analisados até esse momento nos permitem
compreender a definição de democracia minimalista apresentada por
Schumpeter.
E assim chegamos à nossa
definição: o método democrático é o
sistema institucional para chegar a
decisões políticas, no qual os
indivíduos adquirem o poder de
decidir por meio de uma luta
competitiva pelo voto do povo.
(SCHUMPETER, 2017, p. 366)
Entender a democracia como um método significa abandonar certos
ideais que os clássicos atribuíam a ela. O bem comum e a vontade geral
são conceitos que não existem na realidade prática, portanto, não
devem ser elementos de um sistema político real. Esses conceitos,
porém, continuam a viver nos discursos políticos, em especial na forma
de propaganda.
Schumpeter aponta que, para a sobrevivência da democracia, são
necessárias as seguintes instituições: partidos políticos, legislações que
garantam a manutenção e as liberdades civis básicas. Essas liberdades
são asseguradas por meio de normas constitucionais que garantem a
livre expressão de ideias e associação.
É necessária também a existência de um corpo técnico que componha o
Estado e suas instituições, mas que não seja escolhido pelo método
democrático (eleições). Schumpeter usa o termo burocracia que, para o
senso comum, possui uma valoração negativa. Basicamente, estabelece
que é preciso existir um funcionalismo público que garanta a
democracia e, por isso, deve estar protegido de interferências políticas.
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Encontro Ibero-Americano de Ministros da Cultura.
O povo participaria da democracia apenas pelo voto, sendo também
garantidas as liberdades de expressar opiniões e de se associar a
grupos políticos. A participação eleitoral poderia ser contida e,
idealmente, talvez nem fosse tão incentivada. Confira o pensamento de
Schumpeter a respeito da participação nas eleições.
Em primeiro lugar, mesmo que não houvesse
nenhum grupo político empenhado em
influenciá-lo, o cidadão típico tenderia, em
questões políticas, a ceder a preconceitos e
impulsos extra racionais ou irracionais. A
fragilidade dos processos racionais que ele
aplica à política e a falta de controle lógico
efetivo dos resultados a que chega bastariam
por si sós para explicar isso. [...]. Portanto, se
ele emergir uma vez da sua vagueza usual e
mostrar a vontade definida postulada pela
doutrina clássica da democracia, é bem
provável que se torne ainda mais
desinteligente e irresponsável do que
costuma ser. Em certas circunstâncias, isso
pode ter consequências fatais para o seu
país.
(SCHUMPETER, 2017, p. 355-356)
As lideranças competem pela maioria de votos em eleições justas. Já a
função do eleitor é compor o governo por meio de seu voto. O governo é
quem toma as decisões políticas. Em resumo, para Schumpeter, a
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democracia não é o governo do povo, e sim “o governo do político”
(SCHUMPETER, 2017, p. 386).
Democracia como um
sistema
Vamos recuperar o nosso trajeto com Shumpeter e entender a
construção desse todo? Não perca o vídeo a seguir!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A teoria minimalista de democracia de Schumpeter nasce a partir
da crítica da chamada teoria clássica da democracia. A partir da
crítica, o autor constrói sua própria teoria. Identifique abaixo um
elemento vital para teoria de Schumpeter.

A A participação
B A vontade geral
C O bem comum
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Para Schumpeter, liderança é um fator vital para democracia. Esse
conceito seria desprezado pela teria clássica da democracia, o que
é apontado como um grande erro por Schumpeter.
Questão 2
A teoria minimalista de Schumpeter retira da democracia os seus
ideais originais. A participação, o bem comum e a vontade geral são
elementos que não se encontram na realidade empírica. Ao realizar
esse processo, Schumpeter torna a democracia mais empírica, ou
seja, observável na realidade. Selecione abaixo uma expressão que
identifique a democracia de Schumpeter.
Parabéns! A alternativa D está correta.
D A razão
E A liderança
A Democracia representativa.
B Método eleitoral de escolha.
C Democracia de líderes.
D Método democrático.
E Democracia participativa.
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Ao retirar da democracia os seus valores fundadores, tais como
participação e bem comum, Schumpeter transforma o sistema de
governo em um método, o método democrático.
4 - Democracia minimalista contemporânea em
Przeworski
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a democracia como
método pací�co de escolha de governantes.
A democracia como
alternância de governo sem
violência
As contribuições de Schumpeter impactaram profundamente a visão
sobre democracia. Esse impacto pode ser percebido pela quantidade de
apoiadores que sua teoria conseguiu, assim como a grande repercussão
em seus críticos. A teoria minimalista possibilitava um instrumento
empírico para análise dos regimes democráticos. Esse instrumento não
era possível com a teoria clássica, que como vimos continha muitos
elementos que não eram identificados na prática.
Ao mesmo tempo, a redução do papel da participação e a retirada de
certos objetivos da teoria democrática transformavam esse sistema em
um método. Isso significa que a democracia por si só não teria um
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objetivo, como realizar o bem comum, ampliar participação ou gerar
justiça social. Seria apenas um mecanismo que escolhia representantes
por meio de voto, os quais de fato detêm o poder. Esses indivíduos
seriam, portanto, uma espécie de elite, eleita pelo voto, cabendo ao povo
mantê-la ou alterá-la nas eleições.
O cientista político Adam Przeworski, em 1999, escreveu um capítulo no
livro Democracy’s Values, organizado por Ian Shapiro, Casiano Hacker-
Cordon e Russell Hardin. Nessa obra, diversos autores escreveram sobre
suas ideias acerca da democracia contemporânea. O texto de
Przeworski é uma defesa do conceito minimalista de democracia de
Schumpeter.
Adam Przeworski.
Essa defesa combinava o conceito proposto por Schumpeter com as
contribuições do filósofo Karl Popper (1902-1994). Przeworski define
democracia como um sistema político no qual os cidadãos podem
trocar o governo sem derramamento de sangue, ou seja, sem violência
(PRZEWORSKI, 1999, p. 12).
A defesa desse conceito minimalista de democracia baseia-se em dois
elementos principais cuja combinação contribui para uma situação de
equilíbrio democrático. Vamos conhecê-los?

A possibilidade de
alternância entre
aqueles que ocupam o
governo é um fator que
evita a tentativa de
tomadas violentas do
poder, tais como golpes,
revoltas ou revoluções.

O fato de essa troca
pacífica ocorrer por
meio de eleições, em
sociedade com pessoas
e ideais tão diferentes,
gera o efeito de
organização de
conflitos. Esses

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Considerando que
existe uma forma
pacífica de realizar as
trocas de governo, não
existiriam motivos para
se recorrer a meios
violentos.
conflitos poderiam se
dar de forma violenta.
As eleições estabilizam
as disputas, por meio
do voto, impedindo a
violência.
Os conceitos de Przeworski são provocativos e necessários, por isso
vamos nos aprofundar nessas discussões. Primeiro, vamos refletir
sobre a alternância de governo sem violência.
Alternância de governo sem
violência
Neste vídeo, vamos explorar mais sobre os sistemas de governos
democráticos, a busca pelo equilíbrio e a dinâmica de processos sem
violência.
O equilíbrio democrático
autorreforçado
Przeworski propõe um exemplo que explica o primeiro elemento de sua
teoria, a alternância pacífica de governo. Para entender essa proposta,
esqueça que escolhemos nossos representantes por meio do voto em
eleições. Imagine que essa escolha seja feita por uma moeda, um
tradicional “cara ou coroa”. Agora suponha que existam dois grupos
políticos – grupo A e grupo B – disputando um mesmo cargo.

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O “cara ou coroa” será organizado da seguinte maneira:

Caso dê cara:
O grupo A assume o
poder.

Caso dê coroa:
O grupo B assume o
poder.
Simples, certo? O grupo que assumir o governo poderá fazer tudo o que
quiser, desde que não seja proibido constitucionalmente. Além disso, o
grupo se compromete a jogar novamente a moeda, assim que seu
mandato terminar.
Para Przeworski, o respeito às regras constitucionais e o compromisso
de realização de um novo “cara ou coroa” para decidir quem governará
são elementos que geram uma situação de equilíbrio autorreforçado
entre os dois grupos políticos (PRZEWORSKI, 1999, p. 19).
Para os perdedores, a garantia de que irá ocorrer uma nova
jogada da moeda, em um período determinado, desestimula a
tentativa de tomada do poder de forma violenta. Isso porque,
embora inicialmente fosse bom para o grupo tomar o poder por
meio da força, eles não teriam a estabilidade necessária para
governar por um longo período. Se usassem o meio violento para
ascender ao poder, o grupo rival poderia tentar o mesmo método.

Por que os perdedores aceitam o resultado do “cara ou
coroa”? 
Por que os vencedores aceitam jogar a moeda de novo? 
16/12/2024, 12:23 Teorias minimalistas de democracia
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/07280/index.html?brand=estacio&high-contrast=true&template=high-contrast# 53/65
Para o grupo vencedor, respeitar as regras constitucionais e
garantir um novo “cara ou coroa” é interessante porque lhe dá a
estabilidade e legitimidade para governar. Embora fosse
vantajoso, a curto prazo, dar um golpe e se manter no poder, sem
rolar a moeda de novo, a longo prazo, isso autorizaria ao grupo
opositor a tentar tomar o poder por meio da força, uma vez que
os governantes não estariam respeitando as regras do jogo.
Equilíbrio de forças políticas
É interessante perceber que, nessa situação hipotética, há um equilíbrio
entre os concorrentes ao poder, sem necessariamente ocorrer eleições.
Mas, na prática, nós votamos, certo? Afinal, como as eleições
contribuem para esse equilíbrio?
As eleições como um
mapeamento de forças
Após apresentar o exemplo da troca de governo pelo “cara ou coroa”,
Przeworski reflete sobre a seguinte pergunta:

16/12/2024, 12:23 Teorias minimalistas de democracia
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É comum que, após as eleições, além de garantir a posse de quem
venceu, observe-se como foi a votação de outros partidos e candidatos.
Esses resultados nos dão a noção da força de cada grupo político, ou
seja, quão forte será o governo e a oposição.
No exemplo do “cara ou coroa”, existe o respeito pelas regras, tendo por
influência os riscos de não as

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