Prévia do material em texto
E-BOOK ESPECIAL PESQUISA DE SATISFAÇÃO ERA DA IA:NA UM ENSAIO PARA O FUTURO 3PESQUISA INTELIGENTE | 2024 A busca por entender a satisfação do cliente é uma jornada que se inicia no século 20. As primeiras investidas nesse campo surgiram nos anos 60, impulsionadas pelo abrupto aumento da oferta de produtos e serviços. Essa proliferação de opções trouxe um desafio: o aumento da competição pela preferência do consumidor – cenário em que as empresas se viram diante da necessidade de levar ofertas que realmente atendessem às necessidades dos consumidores. Entram em cena as tradicionais pesquisas realizadas através de questionários. Logo após a virada do milênio, o mundo passa a viver as rápidas mudanças marcadas pela ascensão da era digital, que trouxeram uma nova compreensão da satisfação do consumidor. Com o acesso a um volume colossal de dados, as companhias passaram a contar com ferramentas poderosas para analisar comportamentos. Softwares de CRM por Nayara de Deus (Customer Relationship Management), por exemplo, permitiram centralizar e analisar dados de clientes, desde informações de contato até histórico de compras e interações com a empresa. Na mesma toada, ferramentas de análise de dados web, como o Google Analytics, forneceram insights sobre o compor- tamento on-line dos usuários, possibilitando a otimização de sites e campanhas de marketing digital. Além disso, plataformas de gerenciamento de mídias sociais, como Hootsuite e Sprout Social, possibilitaram o monitoramento da reputação da marca e o engajamento com usuários em tempo real. Pronto. O que há décadas era feito com pranchetas, telefones e entrevistadores, ganhou notas de entretenimento quando o cliente pôde, por exemplo, avaliar sua jornada com a escolha de quantidade de estrelas e o amplo uso de escalas padronizadas em diferentes formatos de fácil interpretação. Essa nova realidade permitiu o desenvolvimento de soluções e métricas específicas para que as empresas se aproximassem do cliente de maneira inédita, compre- ilustrações: pure solution/Shutterstock PUBLISHER Roberto Meir DIRETOR-EXECUTIVO DE CONHECIMENTO Jacques Meir jacques@gpadrao.com.br DIRETORA-EXECUTIVA Lucimara Fiorin lucimara@gpadrao.com.br NÚCLEO DE CONTEÚDO HEAD DE CONTEÚDO Larissa Sant’Ana larissa.santana@gpadrao.com.br REPÓRTER Nayara de Deus HEAD DE ARTE Camila Nascimento camila@gpadrao.com.br DESIGNER Isabella Pisaneski REVISÃO Elani Cardoso MARKETING GERENTE DE MARKETING Ivan Junqueira COORDENADORA Mariana Santinelli 4 PESQUISA INTELIGENTE | 2024 5PESQUISA INTELIGENTE | 2024 endendo seus desejos e necessidades com profundidade e, o principal, de forma descomplicada. Agora, com a ascensão da Inteligência Artificial (IA) generativa, é claro que esse universo ganharia novos capítulos. Mas, como a IA vem incidindo nesse eixo? Quais são as perspectivas dos questionários com o apri- moramento dessas ferramentas? Aliás, será que eles deverão permanecer na era da Inteligência Artificial? Para responder a estas e a outras perguntas, contamos com a INDECX, especialista em pesquisa de satisfação e monitoramento da experiência. AVANÇOS E LIMITAÇÕESIA: Segundo Rafael Nascimento, diretor de Operações da INDECX, hoje, a Inteligência Artificial emerge como aliada estratégica especialmente na análise de dados. “No segmento de Pesquisas, ela já vem aprimorando muito esse processo. Na INDECX, conseguimos ler milhares de comentários em poucos segundos utilizando a IA generativa. Estamos observando essa movimentação, mas ela ainda não atua na coleta. O cliente ainda precisa dizer alguma coisa; as empresas precisam perguntar algo para ele”, avalia, Rafael. Para o executivo, a famosa análise SWOT, ferramenta de gestão estratégica que ajuda a identificar as Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportuni- ties) e Ameaças (Threats) de um negócio, também ganhou reforços importantes com a IA. “A partir da análise automática de feedbacks, a nova versão de IA da nossa plataforma, por exemplo, consegue destacar pontos-chave da experiência dos consumidores e, a partir daí, elabora uma análise SWOT de forma rápida, precisa e mais abrangente, eliminando a necessidade de horas de análise manual”, aponta. O especialista ainda chama a atenção para o papel significativo da Inteligência Artificial no processo da pesquisa de satisfação em frentes importantes: ✹ Análise de sentimento Realizada via programas de processamento de linguagem natural, capazes de analisar emoções expressas em feedbacks escritos, identificando o sentimento do consumidor – se positivo, negativo ou neutro em relação a uma marca, produto ou serviço. ✹ Feedback em real time A velocidade de sistemas de coleta modernos com IA pode fornecer insights dos feedbacks em tempo real, colaborando para que as companhias identifiquem e respondam rapidamente a problemas ou a oportunidades de melhoria. ✹ Personalização da experiência Algoritmos de recomendação personalizada podem adaptar as pesquisas de satisfação com base no histórico de interações do cliente, tornando as perguntas mais relevantes, a fim de vencer a fadiga do consumidor, cada vez mais resistente à participação. ✹ Automação de respostas e ações Sistemas de automação e chatbots podem processar respostas de pesquisas, fornecer agradecimentos personalizados e, ainda, acionar ações corretivas com base nos feedbacks recebidos. ✹ Previsões futuras Dados de satisfação do cliente podem ser usados por modelos preditivos para a compreensão de comportamentos futuros como a intenção de compra ou a probabilidade de recomendar a empresa. ✹ Integração de dados multicanal A “omnicanalidade” é favorecida, já que a capacidade de integrar dados de diferentes canais, sejam eles redes sociais, sejam e-mails, avaliações on-line ou outros, permite uma ampla visão dos níveis de satisfação do consumidor. Mas, mesmo com todas as transformações já promovi- das pela Inteligência Artificial no universo das pesquisas de satisfação, Rafael Nascimento é taxativo: “Estamos em um momento de mudanças no mercado de pesquisas, avaliando, testando e entendendo para onde ele vai, porque uma coisa é certa: há novas ferramentas por vir. O setor ainda vai mudar muito.” 6 PESQUISA INTELIGENTE | 2024 7PESQUISA INTELIGENTE | 2024 A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NOS CALL CENTERS Agora, os Call Centers podem usar Inteligência Artificial para melhorar as jornadas de várias maneiras, reduzindo o tempo de resolução de demandas de usuários e o uso do tempo de funcionários de forma mais estratégica. A IA conversacional oferece experiências personalizadas para milhões de consumidores onde – e quando – eles quiserem. Tudo isso porque as pessoas continuam mantendo a maior parte de suas comunicações por meio de conversas de mensagens. Nessa perspectiva, a INDECX já combina IA conversacional para o reconhecimento de fala e análise de voz integradas, para a entrega de uma visão holística de todo o tráfego de conversas de Call Centers. Rafael Nascimento destaca alguns benefícios da aplicação da tecnologia no setor: • Automação de tarefas repetitivas. • Personalização da experiência através da análise de dados e do aprendizado de máquina. • Eficiência operacional, conquistada graças à identificação de pontos críticos do atendimento, como longos tempos de espera ou falta de informações que prejudicam a jornada. “A IA, sem dúvidas, ressignificou o setor. A tecnologia pode transformar todas as gravações do Call Center em texto. Você consegue sintetizar tudo isso em relatórios que te entregam as principais reclama- ções por região, por produto, dentre muitos filtros, sem nem perguntar nada para o cliente. Até porque, em algum ponto da jornada, ele já mencionou sua queixa”, explica o gestor. APLICAÇÃO NA PRÁTICA A INDECX possui uma ferramen- ta conversacional com tecnologia de Inteligência Artificial generativa similar à do ChatGPT,da OpenAI. Esse tipo de solução permite compreender melhor as dores e a satisfação, e auxilia em análises e na investigação da compreensão da voz do cliente em cenários específicos ou gerais. “A ferramenta consegue, ainda, gerar gráficos e efetuar cálculos complexos, analisando a base de resposta de forma rápida e bastante fiel”, reforça Nascimento. IA E LGPD Claro que, com a Lei Geral de Proteção de Dados, uma pergunta não poderia ficar sem resposta. Como assegurar a proteção das informações dos consumidores com o alto volume de tráfego e a coleta de dados desse tipo de plataforma? Rafael Nascimento recomenda, antes de tudo, a utilização de um LLM (Large Language Model ou Modelo de Linguagem) confiável e seguro. “Call Centers garantem a privacidade de suas centrais com parceiros sérios. Para garantir a privacidade de e-mails, empresas utilizam ferramentas sérias para isso. Essa dinâmica deve ser a mesma para garantir a privacidade dos dados transacionados via IA”, analisa. O executivo alerta para o uso inconsequente de muitas ferramentas novas que sequer discriminam, com transpa- rência, o destino dos dados das empresas que as utilizam, cenário que requer atenção. “Quando falamos em Inteligência Artificial, nós a tratamos, muitas vezes, como um bicho de sete QUANDO FALAMOS EM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, NÓS A TRATAMOS, MUITAS VEZES, COMO UM BICHO DE SETE CABEÇAS, MAS ELA NÃO É. TEM CARACTERÍSTICAS COMO QUALQUER OUTRA FERRAMENTA. POR ISSO, NÃO ARRISQUE USAR QUALQUER UMA 8 PESQUISA INTELIGENTE | 2024 9PESQUISA INTELIGENTE | 2024 cabeças, mas ela não é. Tem características como qualquer outra ferramenta. Por isso, não arrisque usar qualquer uma. Nós usamos majoritariamente o LLM da OpenAI e, às vezes, o Bedrock, da Amazon, justamente por questão de segurança.” O QUE NÃO DEVE SAIR DE MODA, MESMO COM A IA? Na avaliação da INDECX, as metodologias de pesquisa, em si, não deverão ser extintas tão cedo, mesmo com a modernização da tecnologia. “Estamos muito atentos às movimentações de San Fran- cisco, nos EUA, que são os vanguardistas das soluções em Inteligência Artificial. Sabemos que, certamente, teremos que pivotar nosso negócio, mas, hoje, a IA ainda não é uma varinha de condão. Para obter insights, o cliente ainda precisa dizer alguma coisa.” O especialista arrisca alguns palpites sobre o futuro da ferramenta no universo das pesqui- sas de satisfação. “Se a gente puder fazer um ensaio futurístico, poderíamos falar em análise de redes neurais, de expressões faciais? Pode ser que venham ferramentas nesse nível, que dispensem perguntas.” Enquanto o mundo não vê essas predi- ções aplicadas na prática, confira os principais métodos de pesquisa que devem continuar a ser utilizados, com orientações úteis de como aplicá-los de maneira eficiente, de acordo com os objetivos de negócio. METODOLOGIAS DE PESQUISA: ESCOLHENDO A QUE FAZ SENTIDO ✹ 1. NPS (Net Promoter Score) Mensura a lealdade do consumidor por meio de uma pergunta direta que permite ao cliente atribuir notas de 0 a 10 e, ainda, atribuir um comentário à avaliação. “Antigamente, cada um usava uma metodologia para saber o nível de satisfação com um produto, serviço ou marca. Alguns questionários continham três perguntas, outros quatro, outros cinco, com duração de 20 minutos. Daí a importância do NPS e sua visão mais simplificada. ESTAMOS EM UM MOMENTO DE MUDANÇAS NO MERCADO DE PESQUISAS, AVALIANDO, TESTANDO E ENTENDENDO PARA ONDE ELE VAI, PORQUE UMA COISA É CERTA: HÁ NOVAS FERRAMENTAS POR VIR. O SETOR AINDA VAI MUDAR MUITO 10 PESQUISA INTELIGENTE | 2024 11PESQUISA INTELIGENTE | 2024 Por isso, hoje, é considerado a mãe de outras pesquisas do contexto moderno.” ✹ 2. 5-STAR Consiste em um questionário simples, direto e amigável que analisa, em uma escala de cinco estrelas, qual é o nível de satisfação dos clientes. “O modelo simplifica ainda mais o NPS, metodologia que requer um cálculo matemático que pode não ser simples para muitas pessoas. A avaliação por estrelas te dá exatamente uma média, simplificando a análise.” ✹ 3. CSAT (Customer Satisfaction Score) Calcula a satisfação dos consumidores em escalas de 0 a 10 e de 1 a 5, e pode ser utilizado em diferentes momentos da jornada do cliente. “Ele entra, especialmente, quando queremos saber a satisfação com alguma coisa, seja produto, seja serviço ou o atendimento prestado em diferentes pontos de contato.” Rafael Nascimento lembra que a eficácia do uso dessas metodologias pode se dar, muitas vezes, de forma complementar, a depender do touchpoint avaliado. Por isso, na dúvida, prefira contar com a ajuda de especialistas. “Não é recomendado usá-las todas, de uma só vez. Contudo, elas são totalmente complementares ao longo da jornada. É possível usar o CES em alguns pontos de contato com o cliente, mas, em outros, o mais ideal será usar o NPS para ter uma visão de fidelidade relacional, por exemplo”, explica. O especialista ainda finaliza: ATENÇÃO! UMA PESQUISA MALFEITA É PIOR DO QUE PESQUISA NENHUMA. PORQUE NENHUMA PESQUISA NÃO ME LEVA A LUGAR NENHUM, MAS O INDICADOR DE UMA PESQUISA MALFEITA VAI LEVAR PARA UM LUGAR ERRADO ✹ 4. CES (Customer Effort Score) Avalia quanto esforço o cliente deve fazer para realizar uma ação. Quanto menor for esse esforço, maiores serão as chances de satisfação e fidelização. “O CES nasceu em uma situação na qual o NPS não pode ser aplicado. É recomendado em casos que requerem muita empatia. Por exemplo, uma pessoa que perdeu um ente querido e usou um serviço funerário. Será sempre delicado perguntar seu nível de satisfação.” ✹ 5. Like – Dislike É uma métrica de pesquisa de experiência do cliente que apresenta afirmações simples e práticas para serem respondidas de forma simples como: sim ou não, gosto ou não gosto. “Sim ou não, quente ou frio... chama- mos de pesquisa dicotômica, que traz visão mais simplificada que o NPS e pode ser transformada em escala lúdica com a resposta por meio de emojis (carinhas sorrindo ou tristes, sinais de joinha, para baixo ou para cima, etc.). No entanto, ela é uma metodologia de apoio, geralmente acompanhada do NPS, do 5-STAR ou do CSAT como metodologia principal.” Mídia Oficial: Realização e Organização: