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TRABALHO LATO SENSU ÍNDICE 1. TRABALHO LATO SENSU ..................................................................................................4 Conceito de trabalho ..........................................................................................................................................................4 2. TRABALHO EVENTUAL .....................................................................................................5 Características .......................................................................................................................................................................5 Diferença entre trabalhador eventual e empregado intermitente ..................................................................6 3. TRABALHO VOLUNTÁRIO .................................................................................................7 Trabalho Escravo ...................................................................................................................................................................7 4. TRABALHO AVULSO ..........................................................................................................9 Avulso não portuário...........................................................................................................................................................9 Deveres do tomador de serviço ................................................................................................................................... 10 Deveres dos sindicatos .................................................................................................................................................... 10 Descumprimento de obrigações.................................................................................................................................. 11 5. TRABALHO PORTUÁRIO .................................................................................................12 Operador portuário ............................................................................................................................................................ 13 Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO .................................................................................................................... 13 Trabalhador portuário avulso – Ausência de Pessoalidade ............................................................................. 13 Procedimento ...................................................................................................................................................................... 14 Observações ........................................................................................................................................................................ 14 Prescrição .............................................................................................................................................................................. 15 6. TRABALHO COOPERADO ...............................................................................................16 Fiscalização ...........................................................................................................................................................................17 7. TRABALHADOR AUTÔNOMO ..........................................................................................18 Representante Comercial ............................................................................................................................................... 19 8. ESTAGIÁRIO ..................................................................................................................... 20 Contraprestação, Duração e Recessos .....................................................................................................................21 Jornada ...................................................................................................................................................................................21 Número de Estagiários .....................................................................................................................................................21 Diferença para o Aprendiz ...............................................................................................................................................21 9. TRABALHADOR PARCEIRO - LEI DO SALÃO PARCEIRO ......................................... 22 Atividades de salão ...........................................................................................................................................................22 Cláusulas obrigatórias no Contrato ............................................................................................................................22 Afastamento das normas – Irregularidade .............................................................................................................23 Jurisprudência ....................................................................................................................................................................23 www.trilhante.com.br 4 1. Trabalho Lato Sensu Conceito de trabalho Trabalho, conforme a doutrinadora Vólia Bonfim, é a ação, emissão de energia, desprendimento e despendimento de energia humana , física e mental, com o objetivo de atingir algum resultado. Antes visto como algo negativo, hoje é visto como algo com a finalidade produtiva. A forma mais comum e esperada de trabalho é a prevista na Consolidação das Leis do Trabalho, com a clássica definição de empregado e serviço previstas nos arts. 3º e 4º: Art. 3º. Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Art. 4º Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. Entretanto, existem outros tipos de relações, com vínculos diversos do regime empregatício previsto na CLT e definidos em legislação esparsa. Por exemplo, existe a Lei do Estágio (Lei nº 11.788/2008), Lei do Trabalho Cooperado (Lei 12.690/2012) e a Lei do Trabalho Portuário (Lei 12.815/2013). Nessas outras relações está ausente algum elemento previsto na definição do vínculo do art. 3º da CLT: • Pessoa Física como empregado; • Pessoalidade, com o empregado tendo essa condição por suas características pessoais, não podendo ser substituído por terceiro; • Habitualidade, com expectativa de reiteração no tempo; • Dependência em relação ao empregador, existindo subordinação; • Onerosidade, com prestação de salário. www.trilhante.com.br 5 2. Trabalho Eventual Denomina-se o trabalho eventual como aquele que é ocasional e esporádico, em caso de necessidade, sem expectativa de reiteração ao longo do tempo. Conforme ensina o doutrinador Maurício Godinho Delgado, há diversas teorias que tentam explicar o trabalho eventual: • Teoria da Descontinuidade – Habitualidade X Continuidade: não há expectativa de trabalho com reiteração ao longo do tempo. • Teoria do Evento: o trabalhador é necessário apenas para um evento específico, não sendo ne- cessário para a continuidade da produção. • Teoria dos fins do empreendimento: o trabalhador prestará um serviço não relacionado com a atividade fim do empreendimento, não sendo necessário para sua continuidade • Teoria da fixação jurídica ao tomador de serviço: o trabalhador não possui uma relação jurídica fixa com o tomador de serviço, prestando seu trabalho para diversos tomadores ao longo do tempo. A teoria da descontinuidade perdeu força a partir da entrada em vigor da Lei Complementar nº 150/2015,que dispõe sobre o trabalho doméstico: Art.1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. Ou seja, trabalho doméstico é aquele que, entre outras características, é exercido mais de duas vezes na semana, caracterizando a continuidade. Isso impacta a teoria da descontinuidade pois, com base no conceito de habitualidade, previsto na CLT, seria apenas necessário que o empregado trabalhasse uma vez por semana para caracterizar o vínculo empregatício. Já para a continuidade, seriam necessários dois dias no mínimo com base na nova lei, gerando uma imprecisão dos termos. Características O doutrinador Maurício Godinho Delgado também apresenta outras características do trabalho eventual: a) descontinuidade da prestação do trabalho, entendida como a não permanência em uma organização com ânimo definitivo; b) não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com pluralidade variável de tomadores de serviços; c) curta duração do trabalho prestado; www.trilhante.com.br 6 d) natureza do trabalho vinculada a evento certo, determinado e episódico quanto à regular dinâmica do empreendimento do tomador dos serviços; e) ademais, a natureza do trabalho também não seria afinada aos fins normais do empreendimento (DELGADO, Mauricio Godinho Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores —Mauricio Godinho Delgado. — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019 – ISBN 978-85-361-9973-3) Diferença entre trabalhador eventual e empregado intermitente O empregado intermitente alterna períodos de prestação de serviços e de inatividade, sendo que seu contrato de trabalho continua vigente. Já o trabalhador eventual não é um empregado, tendo em vista que na sua relação de trabalho falta o requisito da habitualidade. www.trilhante.com.br 7 3. Trabalho Voluntário O trabalho voluntário é regulado pela Lei nº 9.608/1998, que o descreve: Art.1º Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim. Ou seja, a prestação do serviço voluntário se dá por crença do trabalhador na atividade exercida, que não visa ganhos financeiros, mas a exerce em busca de um ideal. Não existe trabalho voluntário prestado a uma entidade privada com fins lucrativos, tampouco existe trabalho voluntário prestado por pessoa jurídica. Assim, serão partes: • Tomador (entidade pública ou instituição privada sem fins lucrativos); • Pessoa física que tenha objetivo cívico, cultural, educacional, científico, recreativo ou de assistên- cia à pessoa. Entretanto, em caso de despesas oriundas do exercício do trabalho, pode haver ressarcimento, desde que as despesas tenham sido autorizadas. Nesse sentido, devem estar especificadas no termo de adesão, que formalizará a relação de voluntariado, constando o objeto e as condições de exercício do trabalho. Art. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário. Trabalho Escravo O trabalho voluntário não deve ser confundido com o trabalho escravo. Neste último, o trabalhador é enganado e adentra uma atividade que supostamente mudaria sua vida financeira. Entretanto, na realidade, ele se submete a situações degradantes, e não possui escolhas reais. A diferença entre o trabalho voluntário e o trabalho escravo é o liame subjetivo: o trabalhador voluntário tem a intenção de trabalhar sem receber. www.trilhante.com.br 8 Por exemplo, o empregado supostamente teria o que comer de uma vendinha organizada pelo empregador, porém essa venda possui preços muito altos e é a única opção do trabalhador. Se ele se recusar a comprar a alimentação nesse estabelecimento, ficará sem outras opções. www.trilhante.com.br 9 4. Trabalho Avulso O trabalhador avulso é aquele que se relaciona com o empregador em uma relação de intermediação de mão de obra. Como exemplo, pode-se citar o Órgão Gestor de Mão de Obra ou o Sindicato, que oferecem trabalhadores para condições específicas. Por exemplo, uma empresa que movimenta mercadoria em determinada cidade precisa de trabalhadores de maneira rápida. Não há pessoalidade. Deve-se frisar que o trabalhador avulso é exceção a regra que afirma que é vedado a intermediação do trabalho, assim como também é exceção o trabalho terceirizado. O trabalhador avulso tem os mesmos direitos trabalhistas constitucionais que o empregado, conforme a Constituição Federal: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Avulso não portuário Relação de trabalho regida pela Lei nº 12.023/09. Da mesma forma que o portuário, a sua relação com o empregador é intermediada pelo sindicato da categoria. Art. 1º, Lei nº 12.023/09. As atividades de movimentação de mercadorias em geral exercidas por trabalhadores avulsos, para os fins desta Lei, são aquelas desenvolvidas em áreas urbanas ou rurais sem vínculo empregatício, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para execução das atividades. PARTES http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12023.htm www.trilhante.com.br 10 Deveres do tomador de serviço O tomador repassa as verbas ao sindicato que, por sua vez, repassa os valores ao trabalhador. O pagamento do décimo terceiro, FGTS e outros benefícios ocorrem da mesma forma. Art. 6º. São deveres do tomador de serviços: I – pagar ao sindicato os valores devidos pelos serviços prestados ou dias trabalhados, acrescidos dos percentuais relativos a repouso remunerado, 13o salário e férias acrescidas de 1/3 (um terço), para viabilizar o pagamento do trabalhador avulso, bem como os percentuais referentes aos adicionais extraordinários e noturnos; II – efetuar o pagamento a que se refere o inciso I, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas úteis, contadas a partir do encerramento do trabalho requisitado; III – recolher os valores devidos ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, acrescido dos percentuais relativos ao 13o salário, férias, encargos fiscais, sociais e previdenciários, observando o prazo legal. Deveres dos sindicatos Em suma, os sindicatos têm o dever de organizar o trabalho dos avulsos, distribuindo o trabalho equilibradamente entre os trabalhadores disponíveis e divulgando a escala. Ademais, são responsáveis pelo repasse dos valores pagos pelos tomadores aos trabalhadores, de forma que devem comprovar aos tomadores esse repasse. Os sindicatos também são responsáveis pela observância das normas de segurança, higiene e saúde no trabalho. Art. 5º São deveres do sindicato intermediador: I – divulgar amplamente as escalas de trabalho dos avulsos, com a observância do rodízio entre os trabalhadores; II – proporcionar equilíbrio na distribuição das equipes e funções, visando à remuneração em igualdade de condiçõesde trabalho para todos e a efetiva participação dos trabalhadores não sindicalizados; III – repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas úteis, contadas a partir do seu arrecadamento, os valores devidos e pagos pelos tomadores do serviço, relativos à remuneração do trabalhador avulso; IV – exibir para os tomadores da mão de obra avulsa e para as fiscalizações competentes os documentos que comprovem o efetivo pagamento das remunerações devidas aos trabalhadores avulsos; V – zelar pela observância das normas de segurança, higiene e saúde no trabalho; VI – firmar Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para normatização das condições de trabalho. §1º Em caso de descumprimento do disposto no inciso III deste artigo, serão responsáveis, pessoal e solidariamente, os dirigentes da entidade sindical. §2º A identidade de cadastro para a escalação não será a carteira do sindicato e não assumirá nenhuma outra forma que possa dar ensejo à distinção entre trabalhadores sindicalizados e não sindicalizados para efeito de acesso ao trabalho. www.trilhante.com.br 11 Descumprimento de obrigações Responsabilidade pessoal e solidária entre os dirigentes dos sindicatos. Os valores pagos pelos tomadores devem ser repassados aos trabalhadores em 72 horas úteis. A inobservância dos deveres do sindicato e do tomador acarretará multa de R$ 500,00 por trabalhador. Art. 10. A inobservância dos deveres estipulados nos arts. 5o e 6o sujeita os respectivos infratores à multa administrativa no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) por trabalhador avulso prejudicado. www.trilhante.com.br 12 5. Trabalho Portuário A atividade portuária é de grande importância para a economia brasileira, o que torna a categoria do trabalhador portuário de extrema relevância para estudo. Tendo semelhanças com o trabalhador avulso, o trabalho portuário era regulado pela Lei nº 8.630/1993. Entretanto, a Lei nº 12.815/2015 revogou o dispositivo anterior. Segundo o art.21, XII, f, da Constituição, é competência da União para explorar a atividade portuária: Art. 21. Compete à União: […] XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: [...] f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; Seguindo o previsto no inciso XII, os §§ 1º e 2º do art.1º da Lei nº 12.815/2013 versam o seguinte: Art. 1º Esta Lei regula a exploração pela União, direta ou indiretamente, dos portos e instalações portuárias e as atividades desempenhadas pelos operadores portuários. §1º A exploração indireta do porto organizado e das instalações portuárias nele localizadas ocorrerá mediante concessão e arrendamento de bem público. §2º A exploração indireta das instalações portuárias localizadas fora da área do porto organizado ocorrerá mediante autorização, nos termos desta Lei. Nesse sentido, é necessário apontar que existem dois tipos de portos: os organizados pelo poder público e os particulares destinados a atividades privadas. Como afirmam os incisos I e IV do art.2º da Lei: Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se: I - porto organizado: bem público construído e aparelhado para atender a necessidades de navegação, de movimentação de passageiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autoridade portuária; [...] IV - terminal de uso privado: instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do porto organizado; Para fins do estudo sobre trabalho portuário, é apenas relevante o trabalho realizado no porto organizado, sendo o trabalho do terminal de uso privado relação jurídica diversa. www.trilhante.com.br 13 Operador portuário O operador portuário é aquele que explora as atividades portuárias. Estes operadores contratam o Órgão Gestor de Mão de Obra. Não há vinculo empregatício entre ele e o trabalhador portuário avulso. Art. 34, Lei nº 12.815/13. O exercício das atribuições previstas nos arts. 32 e 33 pelo órgão de gestão de mão de obra do trabalho portuário avulso não implica vínculo empregatício com trabalhador portuário avulso. O trabalhador avulso é convocado a trabalhar nesses portos de acordo com a necessidade. Caso um trabalhador seja convocado e em razão disso compareça ao local de trabalho, mas, na hora, não seja escalado para realizar o trabalho, o vale transporte será devido. Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO O ÓGMO é criado pelo operador portuário para gerenciar e administrar a mão de obra para quem precisar. Segundo o art.32 da Lei nº 12.815/13: Art. 32. Os operadores portuários devem constituir em cada porto organizado um órgão de gestão de mão de obra do trabalho portuário, destinado a: I - administrar o fornecimento da mão de obra do trabalhador portuário e do trabalhador portuário avulso; II - manter, com exclusividade, o cadastro do trabalhador portuário e o registro do trabalhador portuário avulso; III - treinar e habilitar profissionalmente o trabalhador portuário, inscrevendo-o no cadastro; IV - selecionar e registrar o trabalhador portuário avulso; V - estabelecer o número de vagas, a forma e a periodicidade para acesso ao registro do trabalhador portuário avulso; VI - expedir os documentos de identificação do trabalhador portuário; e VII - arrecadar e repassar aos beneficiários os valores devidos pelos operadores portuários relativos à remuneração do trabalhador portuário avulso e aos correspondentes encargos fiscais, sociais e previdenciários. Parágrafo único. Caso celebrado contrato, acordo ou convenção coletiva de trabalho entre trabalhadores e tomadores de serviços, o disposto no instrumento precederá o órgão gestor e dispensará sua intervenção nas relações entre capital e trabalho no porto. Trabalhador portuário avulso – Ausência de Pessoalidade É o trabalhador pessoa física que prestará seus serviços com o intermédio do OGMO, ou seja, sem pessoalidade. www.trilhante.com.br 14 Procedimento CADASTRO E REGISTRO O trabalhador interessado se dirige até o OGMO. Após ser treinado e habilitado, será inscrito no cadastro conforme inciso II do art.32 da lei dos portos. De acordo com o número de vagas e a periodicidade de acesso, o OGMO ainda efetuará o registro. O trabalhador registrado possui preferência ao trabalhador meramente cadastrado. DEMANDA Quando um navio atracar no porto, havendo demanda para o trabalho portuário avulso, o Operador Portuário entrará em contato com o OGNO que chamará os trabalhadores portuários avulsos. APRESENTAÇÃO Os trabalhadores se dirigirão ao porto para concorrer à escala de trabalho, seguindo a preferência dos registrados sobre os cadastrados. ESCALA Estabelecida a escala e a função (faina) de cada um, o grupo de trabalhadores (terno) se dirige ao posto de trabalho. PAGAMENTO O pagamento do avulso funciona da seguinte forma: o operador portuário faz o pagamento ao OGMO, e este, por sua vez, repassa os valores ao trabalhador avulso. Desta forma, em caso de inadimplemento, o OGMO e o operador portuário têm responsabilidade solidária. Art. 33, Lei 12.815/13 [...] §2º O órgão responde, solidariamente com os operadores portuários, pela remuneração devida ao trabalhador portuário avulso e pelas indenizações decorrentes de acidente de trabalho. FIM Terminada a prestação de serviços, os trabalhadores descansam durante 11 horas, após estarão disponíveis para nova escala. Observações Nem todo trabalhador portuário é avulso, podendo ser plenamente contratado como empregado. Por isso, é essencial analisar os elementos do vínculo empregatício no caso concreto. Segundo o art.40, §2º da Lei nº 12.815/13: www.trilhante.com.br 15 Art. 40. O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos portos organizados, será realizado por trabalhadores portuários com vínculo empregatício por prazo indeterminado e por trabalhadores portuários avulsos. [...] §2º A contratação de trabalhadoresportuários de capatazia, bloco, estiva, conferência de carga, conserto de carga e vigilância de embarcações com vínculo empregatício por prazo indeterminado será feita exclusivamente dentre trabalhadores portuários avulsos registrados. Prescrição O prazo para reclamações acerca do trabalho avulso prescreve em 2 anos contados do cancelamento do registro do avulso perante ao OGMO. Art. 37, Lei 12.815/13 [...] §4° As ações relativas aos créditos decorrentes da relação de trabalho avulso prescrevem em 5 (cinco) anos até o limite de 2 (dois) anos após o cancelamento do registro ou do cadastro no órgão gestor de mão de obra. www.trilhante.com.br 16 6. Trabalho Cooperado O trabalho nas cooperativas é caracterizado pela existência de autonomia e autogestão dos cooperados. Dentre os princípios que explicitam as vantagens do trabalho cooperado previstos no art.3º da Lei nº 12.690/2012 estão: • Princípio da dupla qualidade: o cooperado também é cliente da cooperativa. • Princípio da retribuição pessoa diferenciada: os cooperados possuem benefícios superiores em relação aos que trabalham sozinhos. Nesse sentido, ao se contratar os serviços da cooperativa, não há pessoalidade e a cooperativa não possui dono, diferentemente de uma empresa, por exemplo. A cooperativa pode ser para produção de bens ou de prestação de serviços. A Lei nº 12.690/2012, que dispõe sobre a organização e funcionamento das Cooperativas de Trabalho, prevê, em seu art.7º os direitos mínimos dos cooperados: Art. 7º A Cooperativa de Trabalho deve garantir aos sócios os seguintes direitos, além de outros que a Assembleia Geral venha a instituir: I - retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional e, na ausência deste, não inferiores ao salário mínimo, calculadas de forma proporcional às horas trabalhadas ou às atividades desenvolvidas; II - duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, exceto quando a atividade, por sua natureza, demandar a prestação de trabalho por meio de plantões ou escalas, facultada a compensação de horários; III - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; IV - repouso anual remunerado; V - retirada para o trabalho noturno superior à do diurno; VI - adicional sobre a retirada para as atividades insalubres ou perigosas; VII - seguro de acidente de trabalho. Em relação ao ambiente de trabalho, no caso de ser exercido em local determinado pelo tomador de serviço, o tomador terá responsabilidade pela saúde e segurança dos trabalhadores, podendo responder de forma solidária pelo cumprimento das normas, conforme art.9º: Art. 9º O contratante da Cooperativa de Trabalho prevista no inciso II do caput do art. 4º desta Lei responde solidariamente pelo cumprimento das normas de saúde e segurança do trabalho quando os serviços forem prestados no seu estabelecimento ou em local por ele determinado. www.trilhante.com.br 17 Fiscalização Cabe ao Ministério do Trabalho do Emprego a fiscalização do cumprimento da lei pelas cooperativas. Qualquer irregularidade deve ser discutida em Ação Civil Pública a ser ajuizada pelo MPT. Conforme a Lei nº 12.690/12: Art. 17. Cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego, no âmbito de sua competência, a fiscalização do cumprimento do disposto nesta Lei. Todavia, em casos de questões de vínculo empregatício, o MPT não tem legitimidade para propor Ação Civil Pública. www.trilhante.com.br 18 7. Trabalhador Autônomo O trabalhador autônomo assume os riscos do próprio empreendimento, sem se submeter a ordens de um superior hierárquico. Não há subordinação. Segundo o art.442-B da CLT, adicionado pela Reforma Trabalhista de 2017, a contratação do autônomo seguindo todas as formalidades, seja com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado: Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado. Existe polêmica nesse assunto pois, a exclusividade e a forma contínua podem ocasionar na caracterização de vínculo empregatício, além das possibilidades de fraude. Ou seja, o trabalhador autônomo tem liberdade quanto à forma e modo de execução dos serviços, além de estabelecer o preço e assumir os riscos da sua atividade. Este trabalhador é contratado pelo contrato de prestação de serviços, regido no Código Civil. O trabalhador autônomo pode, ou não, prestar serviços a apenas um tomador, mas isso não o qualifica como empregado. Ainda, é proibido que o tomador de serviços celebre cláusula de exclusividade com o prestador. Caso, na prática, exista uma relação de subordinação entre o autônomo e seu contratante, ficará evidenciada uma fraude e, portanto, será aplicado o art. 9º da CLT, para reconhecimento da relação de emprego. Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. TRABALHADOR AUTÔNOMO EMPREGADO Exerce livremente a atividade (quando e como o serviço será realizado): não há subordinação Há subordinação Assume os riscos da atividade Riscos da atividade são do empregador, estando sujeito aos seus poderes Pode ou não haver pessoalidade Há pessoalidade É trabalhador por conta e risco próprios É trabalhador por conta e risco alheio www.trilhante.com.br 19 Representante Comercial Atividade regida pela Lei nº 4886/1965, na qual inexiste vínculo de emprego por ausência de subordinação: Art. 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. Parágrafo único. Quando a representação comercial incluir poderes atinentes ao mandato mercantil, serão aplicáveis, quanto ao exercício deste, os preceitos próprios da legislação comercial. Conforme o Tema 550 da tese de repercussão geral do STF em 2020, a competência para julgar os litígios envolvendo o representante comercial recai à justiça comum, por não se considerar a existência de relação de trabalho entre as partes, mas sim relação comercial. Isso não se aplica a outros trabalhadores autônomos e ao representante comercial contratado mediante fraude, quando a justiça do trabalho será competente para julgar. www.trilhante.com.br 20 8. Estagiário Diferentemente das outras atividades de trabalho lato sensu, o estágio possui todos os elementos do vínculo empregatício previsto normalmente na CLT. A exclusão de sua consideração como trabalho em sentido estrito se dá por sua finalidade educacional, para promoção da formação profissional, sendo vedado, por exemplo, prestação de serviço de estágio diversa ao curso em que o estagiário esteja prestando. A relação do trabalho de estágio é uma relação triangular, possuindo o estagiário trabalhador, o tomador de serviços e a instituição de ensino. Os requisitos do estágio, que se relacionam com a finalidade do trabalho, encontram-se no art.3º da Lei nº 11.788/80: Art.3º O estágio, tanto na hipótese do § 1o do art. 2o desta Lei quanto na prevista no § 2o do mesmo dispositivo, não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, observados os seguintes requisitos: I – matrícula e freqüência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso.§1º O estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do art. 7o desta Lei e por menção de aprovação final. §2º O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. www.trilhante.com.br 21 Contraprestação, Duração e Recessos Para o estágio denominado obrigatório, ou seja, aquele cuja carga horária é requisito para a aprovação no curso, não há a obrigatoriedade de contraprestação pecuniária. Já o estágio não obrigatório, desenvolvido como atividade opcional, exige a existência de contraprestação e vale transporte. A cada 1 ano de estágio há direito de 30 dias de recesso, ou proporcional. Há proteção do meio ambiente de trabalho e a duração é de 2 anos, salvo pessoa com deficiência. Jornada Estágios para estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e e adultos não podem ultrapassar as 4 horas diárias e 20 horas semanais. Já estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular não podem ultrapassar as 6 horas diárias e 30 horas semanais. Número de Estagiários Para empresas de 1 a 5 funcionários, é permitido apenas 1 estagiário. Já para empresas de 6 a 10 empregados, são permitidos até dois estagiários. Para empresas de 11 a 25 empregados é permitido até 5 estagiários. Por fim para empresas com mais de 25 empregados, é permitido até 20% de estagiários. Deve-se frisar que estas regras não se aplicam para os estágios de nível superior e de nível médio profissional. Quantidade de empregados na empresa Número de estagiários 1 a 5 empregados 1 estagiário 6 a 10 empregados Até 2 estagiários 11 a 25 empregados Até 5 estagiários Acima de 25 empregados Até 20% de estagiários Diferença para o Aprendiz Diferentemente do estagiário, o aprendiz é empregado, trabalhador em sentido estrito, com CTPS assinada e direito ao salário mínimo hora. Pode ser aprendiz a pessoa a partir de 14 anos, até os 24 anos, com exceção a pessoa com deficiência. O prazo também é de 2 anos, salvo pessoa com deficiência e deve haver inscrição do aprendiz no programa de aprendizagem. www.trilhante.com.br 22 9. Trabalhador Parceiro - Lei do Salão Parceiro Atividades de salão A Lei nº 12.592/2012 dispõe sobre as profissões de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador. Segundo o art.1º: Art. 1º É reconhecido, em todo o território nacional, o exercício das atividades profissionais de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador, nos termos desta Lei. Parágrafo único. Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador são profissionais que exercem atividades de higiene e embelezamento capilar, estético, facial e corporal dos indivíduos. Deve-se frisar que os contratos devem ser por escrito. Nesse sentido, a lei acaba afastando a relação de vínculo empregatício e estabelecendo a chamada relação de parceria, regulada nessa lei. Entretanto, conforme estabelecido pelos §§8º e 9º do art.1º-A, o sindicato da categoria sempre estará presente para auxílio mesmo nos casos de pessoa jurídica para homologar o contrato: Art. 1º-A Os salões de beleza poderão celebrar contratos de parceria, por escrito, nos termos definidos nesta Lei, com os profissionais que desempenham as atividades de Cabeleireiro, Barbeiro, Esteticista, Manicure, Pedicure, Depilador e Maquiador. [...] §8º O contrato de parceria de que trata esta Lei será firmado entre as partes, mediante ato escrito, homologado pelo sindicato da categoria profissional e laboral e, na ausência desses, pelo órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego, perante duas testemunhas. §9º O profissional-parceiro, mesmo que inscrito como pessoa jurídica, será assistido pelo seu sindicato de categoria profissional e, na ausência deste, pelo órgão local competente do Ministério do Trabalho e Emprego. Os pagamentos serão realizados de forma centralizada no salão, que reterá a sua parte fixada no contrato e distribuirá o restante, além dos recolhimento obrigatórios de tributos e contribuições. Cláusulas obrigatórias no Contrato O §10 do art.1º-A prevê quais são as cláusulas que obrigatoriamente deverão contar no contrato: www.trilhante.com.br 23 Art.1º-A. [...] §10. [...] I - percentual das retenções pelo salão-parceiro dos valores recebidos por cada serviço prestado pelo profissional-parceiro; II - obrigação, por parte do salão-parceiro , de retenção e de recolhimento dos tributos e contribuições sociais e previdenciárias devidos pelo profissional-parceiro em decorrência da atividade deste na parceria III - condições e periodicidade do pagamento do profissional-parceiro, por tipo de serviço oferecido; IV - direitos do profissional-parceiro quanto ao uso de bens materiais necessários ao desempenho das atividades profissionais, bem como sobre o acesso e circulação nas dependências do estabelecimento; V - possibilidade de rescisão unilateral do contrato, no caso de não subsistir interesse na sua continuidade, mediante aviso prévio de, no mínimo, trinta dias; VI - responsabilidades de ambas as partes com a manutenção e higiene de materiais e equipamentos, das condições de funcionamento do negócio e do bom atendimento dos clientes; VII - obrigação, por parte do profissional-parceiro, de manutenção da regularidade de sua inscrição perante as autoridades fazendárias. Afastamento das normas – Irregularidade O art.1º-C apresenta as condições que caracterizam quebra da relação de parceria e constituição de vínculo empregatício: Art. 1º-C Configurar-se-á vínculo empregatício entre a pessoa jurídica do salão-parceiro e o profissional- parceiro quando: I - não existir contrato de parceria formalizado na forma descrita nesta Lei; e II – o profissional-parceiro desempenhar funções diferentes das descritas no contrato de parceria. Jurisprudência O STF finalizou o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5625 proposta pela CONTRATUH (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade), questionando a validade da Lei 13.352 (Lei do Salão-Parceiro). Os argumentos apresentados pelos ministros envolveram: • O princípio da primazia da realidade, evocado a partir da afirmativa de que os profissionais de esté- tica já trabalham costumeiramente em regimes de parcerias, mas de modo informal; • A respectiva formalização desse regime, a qual garantiria os direitos previdenciários da categoria, por exemplo, além da manutenção das condições do trabalho; www.trilhante.com.br 24 • A flexibilidade garantida ao trabalhador, permitindo com que esse defina os seus horários e locais de trabalho, bem como a sua remuneração, que seria baseada no volume produzido; • A facultatividade do contrato de parceria, o qual seria apenas mais uma opção dada ao trabalha- dor, que deteria um certo poder de escolha mediante sua autonomia; e, por fim, • As mudanças estruturais do trabalho oriundas das novas tecnologias das sociedades “pós-indus- triais”. Desta forma, foi decidido pela constitucionalidade da norma. www.trilhante.com.br /trilhante /trilhante /trilhante Trabalho Lato Sensu http://www.facebook.com/trilhante http://www.instagram.com/trilhante http://www.facebook.com/trilhante http://instagram.com/trilhante http://www.youtube.com/trilhante