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CORTEZ EDITORA 124 o MPC particulariza-se historicamente por uma reprodução peculiar, se torna compreensível quando se leva em conta a acumulação de capi Sem acumulação de capital, MPC não existiria. 1. A reprodução ampliada: a acumulação de capital Suponha o leitor uma economia capitalista em que os capitalistas, pois de realizarem suas mercadorias (ou seja, quando, depois de rem D na produção, embolsarem D'), gastem em consumo pessoal tod mais-valia de que se apropriaram. Nesse caso, a continuidade da acumulação capitalista se faria sobre as mesmas bases do circuito anterior, com a do cesso produtivo operando na mesma escala; tratar-se-ia da chamada rep: movimento do capita dução simples. Uma tal suposição não permite apreender o desenvolvimento do pitalismo. Em razão da dinâmica do capital que, como vimos, é necess riamente expansiva: capital é valor que busca valorizar-se a Em todas as formas de organização da economia das sociedades hu- simples é especialmente uma abstração teórica. Mesmo a observação ma manas, a produção de bens (valores de uso) necessários à manutenção da superficial do MPC mostra a insuficiência da reprodução simples para vida social é um processo, um movimento que não pode ser interrompido, movimento do capital: capitalistas que não pretendam aumentar a esca senão ao custo da falta daqueles bens. Assim, parte da produção não pode de seus negócios ou se recusem a fazê-lo acabam naufragando no mar ser consumida pelos membros da sociedade, mas deve ser retransformada concorrência, terminam engolidos pelos outros que ampliaram seus inve em meios de produção ou em matérias da nova produção - porque meios timentos - em suma, deixam de ser capitalistas. de produção se desgastam e precisam ser substituídos e/ou repostos e matérias da produção são nela consumidas. Eis por que a produção, para A forma típica da reprodução no MPC é a reprodução ampliada seja garantida a sua continuidade, exige que se assegurem as condi- alargada). Nela, apenas uma parte da mais-valia apropriada pelo capitali que ções que a viabilizam; assim, ela traz consigo as bases para a sua seqüência. ta é empregada para cobrir seus gastos pessoais; outra parte é reconvertic em capital, isto é, utilizada para ampliar a escala da sua produção de me Noutros termos, cadorias (aquisição de máquinas novas, contratação de mais força de qualquer que seja a forma social do processo de produção, este tem de fases. ser balho contínuo ou percorrer, periodicamente, sempre de novo, as mesmas Uma sociedade não pode parar de consumir, tampouco deixar de produzir. Considerado em sua permanente conexão e constante fluxo de sua renova- 1. Ao contrário do que apregoam os apologistas do capitalismo, que localizam na "abster ção" do capitalista em face do consumo as bases da reprodução ampliada (que, de fato, constitui ção, todo processo social de produção é, portanto, ao mesmo tempo, proces- acumulação do capital, como se verá adiante), a conversão de parte da mais-valia em capital de reprodução (Marx, 1984, I, 2: 153). significa que os gastos pessoais do capitalista sejam reduzidos. A análise do desenvolvimento capitalismo demonstra cabalmente que, quanto mais o capital se acumula, mais "consum A forma histórica da produção é também a forma da sua reprodução: (a expressão é do Thorstein [1857-1929]) da classe capitalist a produção capitalista determina a forma capitalista da sua reprodução o gasto excessivo com artigos de luxo, exibicionismo da riqueza e o esbanjamento.127 ECONOMIA UMA INTRODUÇÃO NETTOBRAZ 126 Temos insistido em que o capitalista visa, com a produção de merca- seguinte exemplo, hipotético, serve para esclarecer a dinâmica da dorias, à mais-valia e seu objetivo permanente é obtê-la em proporções cada reprodução ampliada. Um capitalista investe, na produção de mercado- dois vez maiores; compreende-se, pois, que o motor da reprodução seja precisa- rias, R$ 10.000.000,00, sendo oito milhões em capital constante (c) e mente a necessidade do capitalista em se apropriar de um quantum pro- milhões em capital variável Supondo-se que a taxa de mais-valia (m') gressivamente maior de mais-valia vê-se, aqui, de novo, como a produ- seja de 100% e que todo o capital constante entre no valor do produto, as ção condiciona a reprodução que, em sendo nitidamente capitalista, é am- mercadorias produzidas terão valor total equivalente a pliada, ou seja, é acumulação de capital. Por outra parte, à medida que se (8 milhões + 2 milhões + 2 milhões m). Dessa mais-valia equivalente a desenvolve o MPC, a necessidade posta aos capitalistas de "acumular R$ 2.000.000,00, metade o capitalista a gasta em consumo pessoal, metade acumular" produz um excedente de capital em relação às oportunidades utiliza-a para ampliar a produção, na mesma proporção anterior (800 mil de empregá-lo lucrativamente produz, de fato, uma superacumulação de 200 mil v); assim, na nova produção, o capitalista terá um capital investi- capital. A existência de uma grande massa de capitais excedentes, que não do de 11.000.000,00 (8 milhões e 800 mil C + 2 milhões e 200 mil v); man- podem ser valorizados, perturba o processo de acumulação e a própria di- tida a taxa de mais-valia e a participação de todo o capital constante no nâmica do MPC se encarrega de eliminá-la através da desvalorização des- valor do produto, a nova produção terá valor equivalente a R$ 13.200.000,00 ses capitais (é o que veremos ao tratar das crises econômicas). (8 milhões e 800 mil + 2 milhões e 200 mil + 2 milhões e 200 mil m). Importa assinalar, antes de mais, que a acumulação de capital depen- economista Nikitin (s.d.: 87) resume, à base de um exemplo como de da exploração da força de trabalho. Retornemos ao exemplo referido há esse, a dinâmica da reprodução ampliada: no segundo momento, pouco: o capital de R$ 10.000.000,00 investido na proporção de 8 milhões em C e 2 milhões em v, com uma taxa de mais-valia (que, como vimos no houve um aumento da produção e um acréscimo do volume de mais-valia Cap. 4, é a taxa de exploração da força de trabalho) de 100%, apropria-se uma parte da mais-valia obtida no primeiro momento foi convertida de m equivalente a 2 milhões; mas se a taxa de exploração for de 200%, m porque em capital. Assim, pois, a mais-valia é uma fonte de acumulação de capital. será equivalente a 4 milhões. Ou seja: quanto maior a exploração da força A capitalização, isto é: a adição de mais-valia ao capital, permite ao capitalis- de trabalho, maior será a mais-valia e a acumulação. E já vimos, também ta aumentar cada vez mais o seu capital. no capítulo anterior, que o capitalista pode aumentar a taxa de explora- ção prolongando a jornada de trabalho, intensificando o ritmo e as ca- Essa conversão de mais-valia em capital caracteriza a reprodução amplia- dências, introduzindo inovações, pressionando os salários para abaixo da, valia como capital ou retransformação de mais-valia em capital chama-se o que realiza a acumulação de capital; diz Marx que a "aplicação de mais- do valor da força de trabalho etc. Dois outros elementos interferem ain- da no processo de acumulação. O primeiro é aumento da produtividade` acumulação de capital" (Marx, 1984, I, 2: 163). A acumulação é vital para do trabalho, que acelera a acumulação; o segundo é a magnitude do capital MPC: não existe capitalismo sem acumulação de capital. A análise da reprodu- investido: quanto maior o seu volume (considerada a proporção C e v), ção da produção capitalista está hipotecada à análise da maior a acumulação. 2. É preciso sublinhar que, mesmo no plano teórico, a da reprodução capitalista dividiu apre- aspectos polêmicos e problemáticos. Para operar tal Marx, n'O capital, de produ- os 5.2. movimento do capital senta setores produtivos em dois o Departamento I, de produção de meios diferentes ção, e Departamento II, de produção de meios de consumo estudando as suas III, de Estamos nos concentrando até aqui, ao estudar o MPC, no domínio micas de mercadorias que não renovam nem o capital constante nem o capital variável (artigos (cf. Marx, 1984, II, caps. XX e XXI); há autores que se referem a um Departamento da produção e isso pela razão que já expusemos no Capítulo 2 (item produção de luxo consumidos exclusivamente pelos capitalistas, armamentos). Os chamados "esquemas de 2.3.). Mas a compreensão da reprodução capitalista (vale dizer: da acumu- reprodução" dai derivados são objeto de ample polêmica entre os marxistas.ECONOMIA UMA INTRODUÇÃO CRÍTICA 129 128 Esses três momentos (dois na circulação, um na produção) do movi- lação) exige que levemos em conta o movimento do capital, que não se esgota mento do capital, tomados como processos periódicos, constituem a rota- na produção. Recapitulemos algo que estudamos há pouco (Capítulo 4, item 4.7.): o ção do A continuidade da produção capitalista, a sua reprodução, capital, inicialmente, tem a forma de dinheiro (capital monetário), com o qual depende, naturalmente, da porção de D' que estará na base do novo pro- o capitalista adquire meios de produção e força de trabalho para produzir capi- cesso produtivo: quanto maior essa porção considerada a proporção e v, mercadorias; é quando o capital se transforma de capital monetário forma em mais ampliada será a reprodução, mais alargada será a acumulação. Mas é tal momento que pode ser esquematizado da seguinte (di- igualmente claro que a continuidade da produção (e, portanto, a reprodu- nheiro/D, produtivo, mercadoria/M meios de produção/Mp e força de trabalho/F): ção ampliada e a acumulação) depende(m) do fluxo permanente daqueles três momentos: qualquer interrupção perturba profundamente a dinâmica Mp do capital, qualquer suspensão temporária do movimento do capital abre a D M via às crises, de que trataremos no Capítulo 7. F tempo de rotação de um dado capital é igual à soma de seu tempo de circulação e de seu tempo de "é período de tempo que se Nesse momento, o capital sai da esfera da circulação e ingressa movi- na inicia no momento em que o valor-capital é adiantado sob uma determina- esfera da produção (P), onde se processa o segundo momento do seu da forma [a forma monetária] e termina com o retorno do valor-capital em mento: trabalhadores assalariados operam meios de produção e produzem Esse novas mercadorias (M'), criando valores excedentes (mais-valia). se- processo, sob a mesma forma [monetária]" (Marx, 1984, II: 113). Se assim é, de tudo quanto vimos até aqui fica claro que o interesse do capitalista consis- gundo momento pode representar-se assim: te em reduzir ao máximo o tempo de rotação do seu capital: quanto menor o Mp tempo de rotação, mais reinvestimentos podem ser feitos; interessa ao capi- M P M' talista o maior número de rotações no menor espaço de tempo o que ele obtém através de meios os mais variados (desde a intensificação dos rit- F mos e cadências no trabalho à incorporação de inovações Porém, as novas mercadorias (M') só têm sentido para o capitalista Contudo, o tempo de rotação varia enormemente entre capitais investidos quando se realizam, ou seja, quando, na esfera da circulação, são vendidas, de capi- em diferentes ramos de produção. trocadas por dinheiro. Realizadas, elas tomam novamente a forma tal monetário, evidentemente maior (D') que aquele com que o capitalista ca- 3. leitor atento observará que é precisamente na rotação do capital que se funda a reparti- implementou o processo produtivo (D); trata-se do momento em que o ção da mais-valia que estudamos no Capítulo 4 (item 4.7.). Com efeito, a consideração do movi- pital retorna à esfera da circulação: mento do capital implica a consideração não somente do capital produtivo (industrial), mas ainda do capital comercial e do capital bancário. M' D' 4. Não se pode identificar "tempo de produção" com "tempo de trabalho". Se "tempo de Todo esse ciclo pode ser configurado assim, como já vimos: trabalho" é sempre "tempo de produção", o inverso não é verdadeiro; um exemplo: a produção de vinhos o "tempo de produção" implica períodos de fermentação e de que dispensam Mp total ou parcialmente o processo de 5. E estas são importantes tanto na produção quanto na circulação neste caso, pense-se no D M P M' D' desenvolvimento dos transportes, da logística e das comunicações em geral como redutores do tempo de rotação. FECONOMIA POLÍTICA: CRÍTICA 131 130 5.3. Concentração e centralização em função de uma nova acumulação, mas tão-somente o aumento de capital pela fusão de vários outros. A centralização do capital realiza-se pela união A acumulação de capital incrementa a produção de mais-valia que, já (mediante cartéis, trustes e a formação de holdings) de capitais já existentes. sabemos, é o objetivo perseguido no Todavia, esse objetivo é tanto da Operando conjuntamente, concentração e centralização promovem o classe capitalista tomada em seu conjunto quanto de cada capitalista toma- surgimento dos monopólios (que serão objeto de estudo no Capítulo 8). Os do singularmente; por isso, no processo de acumulação de capital, os capi- dois processos ocorrem tanto no âmbito da produção industrial quanto nos talistas não têm apenas que explorar a força de trabalho; devem, ainda, setores bancário e comercial. No setor bancário, de forma mais intensa que competir entre De fato, a concorrência intercapitalista, que pode assu- no comércio, respondem pela constituição de um número reduzido de mir formas mais ou menos agudas mas que é constitutiva do MPC banqueiros mas semelhante constituição se registra tam- cada capitalista diante da alternativa: ou acumula capital ou desapare- bém nas atividades comerciais. ce. Por isso mesmo, também a acumulação é uma um processo importante da concentração e da centralização do capi- permanentes no MPC; quando sua continuidade é perturbada ou interrom- tal é a mudança que acarretam na concorrência própria ao MPC: à medida pida, já o aludimos, sobrevêm as crises. que ambas avançam, a concorrência tradicional aquela em que se en- O processo de acumulação estimula e, ao mesmo tempo, é estimulado frentavam milhares de empresários é substituída pela concorrência en- por inovações tecnológicas, na medida em que estas permitem aos capita- tre um número bem mais reduzido de grandes e poderosas empresas. Na listas a redução dos seus custos; vimos rapidamente (Capítulo dos 4, item trabalha- 4.4.), escala em que a concentração e a centralização se desenvolvem, fica cada que o capitalista recorre à inovação para responder à pressão vez mais distante da realidade econômica a imagem do capitalismo como o dores; mas também sugerimos ali que a inovação é um recurso do capita- regime da "livre concorrência" e da "livre iniciativa" os progressos da lista na concorrência com os seus pares. Ora, aqueles capitalistas que mais acumulação, que corroem as bases das pequenas (e também das médias) acumulam encontram-se melhor posicionados para enfrentar a concor- empresas capitalistas, fazem com que apenas possuidores ou controlado- rência por isso, a acumulação aparece tão conectada aos progressos res de grandes massas de capital tenham vez na arena econômica. O cará- tecnológicos e igualmente por isso se explica o extraordinário desenvol- ter excepcional dos casos que escapam a essa determinação é, em si mes- vimento das forças produtivas no MPC. Não é por acaso, portanto, que a mo, a demonstração cabal da força de que ela dispõe. dinâmica da acumulação, acompanhando esse desenvolvimento e expres- Um resumo do impacto que a acumulação, desenvolvendo-se com a sando-o, esteja intimamente vinculada à elevação da composição orgâni- concentração e a centralização, tem sobre a dinâmica capitalista é oferecido ca do capital. por um conhecido teórico inglês: Empreendimentos que envolvem uma elevada composição orgânica do capital tornam-se cada vez mais excludentes para o conjunto dos capi- capital jamais permanece estacionado. Avança, ampliando seu poder, tor- talistas: apenas aqueles que possuem grandes massas de capital podem nando-se mais rico, substituindo equipamentos e instalações antigos por ou- implementá-los. Eis por que a tendência do capital, em seu movimento, é tros novos, adquirindo novas empresas e novos mercados, ou do contrário de concentrar-se: cada vez mais capital é necessário para produzir mais mais- será absorvido ou esmagado pelos rivais que tiveram melhor sorte nessa im- piedosa e incessante concorrência entre os capitalistas. Os pequenos capitalis- valia. Essa tendência de concentração do capital faz com que os grandes tas são, dessa forma, constantemente derrotados e afastados dos negócios e a capitalistas acumulem uma massa de capital cada vez maior. influência e riqueza [...] dos grandes capitalistas aumentam às suas expensas. Ao lado da concentração de capital, a dinâmica da acumulação capi- Os pequenos capitalistas não são, porém, totalmente eliminados. Seu núme- talista revela outra tendência do movimento do capital, o processo de cen- to pode, periodicamente, aumentar, quando novos capitalistas iniciam seus tralização. Este, à diferença do anterior, não implica um aumento de capital mas a parcela da produção nas suas mãos tende a decrescer e seu133 ECONOMIA UMAINTRODUC CRÍTICA 132 peso e influência nas questões econômicas se tornam cada vez menores. Es- econômico-social, até aquelas que o relacionam a uma suposta a-histórica tão, cada vez mais, à mercê dos grandes capitalistas (Eaton, 1965: 109-110). "lei da trata-se de "explicações" teórica e praticamente insus- tentáveis. Com efeito, compreender a existência do contingente que forma exército industrial de reserva que é uma especificidade do MPC 5.4. A acumulação capitalista e os trabalhadores supõe considerar a acumulação capitalista. A acumulação de capital também impacta fortemente a classe operá- orgânica: Como a proporção vimos, com de a acumulação torna-se muito de capital maior eleva-se que a de a sua V. Isso composição significa ria. No seu desenvolvimento, acompanhado pela concentração e pela cen- que o avanço da acumulação faz com que, no desenvolvimento da produ- tralização, a principal para os trabalhadores é a constituição ção capitalista, a demanda por máquinas, instrumentos, instalações, maté- do que Engels, inspirado pelos cartistas ingleses, designou como exército rias e insumos seja maior que a demanda de força de trabalho. Assim, uma industrial de reserva ou seja, um grande contingente de trabalhadores parte (sempre variável, maior ou menor) do proletariado aparece como desempregados, que não encontra compradores para a sua força de trabalho. sobrante em face das necessidades da acumulação; essa parcela de supér- Assinalamos anteriormente (Capítulo 4, item 4.3.) que os capitalistas fluos (excedentes) constitui o exército industrial de reserva; trata-se, mesmo, valem-se da existência desse contingente de desempregados para pressio- de uma população que, diante das exigências da acumulação, pode ser de- nar para baixo os salários; aliás, os próprios capitalistas dispõem de meios signada como população excedentária ou superpopulação relativa. Marx anotou: para forçar o desemprego (entre outros, aumento da jornada de trabalho e o emprego de crianças). Mas o exército industrial de reserva não resulta A acumulação capitalista produz constantemente e isso em proporção à de uma intenção consciente da classe capitalista, embora esta se sirva dele sual energia e às suas dimensões uma população trabalhadora adicional relativamente supérflua ou subsidiária, ao menos no concernente às necessi- estrategicamente para seus objetivos tal exército é um componente ne- dades de aproveitamento por parte do capital (Marx, 1984, I, 2: 199). cessário e constitutivo da dinâmica histórico-concreta do capitalismo. Não há exemplo de economia capitalista sem desemprego; suas taxas podem Essa superpopulação relativa, portanto, não resulta da ação indivi- variar, aumentando ou diminuindo, mas o capitalismo "real" (aquele que dual de um ou outro capitalista, mas deriva da dinâmica mesma da repro- de fato existe, para além das representações que dele se fazem) sempre re- dução ampliada (acumulação); reprodução ampliada é, pois, reprodução gistrou um ineliminável contingente de trabalhadores desempregados. do exército industrial de reserva. A existência permanente de uma massa de desempregados sob o capi- Antes de prosseguir, contudo, é preciso atentar para uma questão cen- talismo suscitou e suscita interpretações as mais variadas desde as que tral. A explicação que estamos oferecendo para o permanente desemprego naturalizam o fenômeno, supondo-o algo insuprimível em qualquer ordem sob o capitalismo não significa que ele seja o produto do progresso tecno- lógico. leitor poderia ser levado a essa falsa conclusão, uma vez que já 6. Nos países capitalistas avançados, "o desemprego foi maciço durante todo o século XIX. [...] e qualitativamente diferentes do Estado burguês a partir da Segunda Guerra Posteriormente, o desemprego veio a diminuir entre o fim do século XIX e 1914. [...] As inter- 7. Coube ao pastor protestante e economista inglês Malthus (1766-1834) expor a "lei" venções (notadamente neocolonialista de- Mundial através das despesas militares), a chamada política e o segundo a qual a população cresce numa progressão geométrica, ao passo que os meios de subsis- senvolvimento das despesas improdutivas privadas vão permitir, nos países capitalistas avança- tência dada a limitação das riquezas naturais crescem numa progressão aritmética; de acordo dos, uma diminuição sensível do desemprego permanente até 1965" (Salama e Valier, Malthus, aí residiria a causa de existirem sobre a Terra contingentes sem trabalho e sem condi- No final do século XX (1994), especialistas definiram "a crise do desemprego" como "a grande ções de As idéias malthusianas (das quais decorre que a redução do desemprego e questão social para os próximos vinte anos", depois de constatar que "em 1973, o número de de- de da miséria dependeria de um severo controle sobre as taxas de natalidade dos pobres), extrema- nos países da OCDE era de 11,3 milhões de indivíduos [... em 1991, o número mente reacionárias, não resistem à menor análise não obstante isso, até hoje, às vezes sob desempregados [nos mesmos era superior a 30 milhões" (Grupo de Lisboa, 1994: 68). formas mais encontram adeptos.135 ECONOMIA UMA 134 existência do exército industrial de reserva cumpre mais que essa impor- sabe que elevação da composição orgânica do capital sinaliza o crescimen- função; por exemplo, ela oferece ao capital um volume de força to da produtividade do trabalho mediante a incorporação de tecnologias de trabalho que pode ser mobilizado a qualquer momento, recrutado para que potencializam e desenvolvem as forças produtivas; que o leitor um ramo de produção que experimenta uma conjuntura favorável e até possa ser induzido a concluir que progresso tecnológico e o desenvolvi- mesmo deslocado geograficamente, em processos migratórios, inclusive mento das forças produtivas têm como preço o desemprego maciço. Isso não é verdade e o problema é muito mais complexo, porque exige conside- para atender a demandas de empreendimentos capitalistas temporários. rar o nível em que se opera, numa situação determinada, a acumulação. Assim, se esse exército industrial de reserva inicialmente resulta da acu- Como assinalaram Salama e Valier (1975: 86-89), a demanda de força de mulação capitalista, torna-se em seguida indispensável ao prosseguimento trabalho pelos capitalistas aumenta ou diminui conforme nível da acu- dela; por isso mesmo, constitui um componente ineliminável da dinâmica mulação; o que se pode afirmar é que, sendo a taxa de acumulação inferior capitalista. à taxa de crescimento da produtividade do trabalho, a demanda de força Entretanto, a acumulação capitalista não impacta proletariado tão- de trabalho cairá. Numa palavra, o desemprego em massa não resulta do somente com o desemprego. Os trabalhadores experimentam, no curso do desenvolvimento das forças produtivas, mas sim do desenvolvimento das desenvolvimento capitalista, processos de pauperização que decorrem ne- forças produtivas sob as relações sociais de produção capitalistas. cessariamente da essência exploradora da ordem do capital. A pauperiza- ção pode ser absoluta ou relativa. A pauperização absoluta registra-se quan- Retornemos ao exército industrial de reserva. Estudando a sua com- do as condições de vida e trabalho dos proletários experimentam uma de- posição, Marx observou que a superpopulação relativa adquire formas va- riadas, sendo que três são principais: a flutuante, constituída pelos traba- gradação geral: queda do salário real, aviltamento dos padrões de ali- mentação e moradia, intensificação do ritmo de trabalho, aumento do lhadores que, nos grandes centros industriais e mineiros, ora estão empre- gados, ora estão desempregados; a latente, que existe nas áreas rurais quan- desemprego. A pauperização relativa é distinta: pode ocorrer mesmo quan- do nelas se desenvolvem relações capitalistas e que, surgindo a oportuni- do as condições de vida dos trabalhadores melhoram, com padrões de dade, acaba por migrar para as zonas industriais; e a superpopulação rela- alimentação e moradia mais elevados; ela se caracteriza pela redução da tiva estagnada, formada por trabalhadores que jamais conseguem um em- parte que lhes cabe do total dos valores criados, enquanto cresce a parte prego fixo e perambulam entre uma ocupação e outra. Na base desse con- apropriada pelos tingente, e descontado o lumpemproletariado (a parcela degradada do prole- A análise dos processos de pauperização exige estudos apoiados em tariado: vagabundos, criminosos, prostitutas, rufiões), estão os que vege- verificação empírica e deve considerar as particularidades das economias tam na miséria e no pauperismo, trabalhadores aptos mas que há muito nacionais e a própria diferenciação existente no interior do proletariado (é não encontram emprego, filhos de indigentes, mutilados, viúvas, a ocorrência de processos de pauperização diferentes conforme enfermos etc. pauperismo em que está imersa essa massa, no dizer de as diversas categorias de trabalhadores). Considerados os países capitalis- Marx, "constitui o asilo para os inválidos do exército ativo de trabalhado- tas mais desenvolvidos, registrou-se, historicamente, uma maior ocorrên- res e o peso morto do exército industrial de reserva" (Marx, 1984, I, 2: 209). cia da pauperização absoluta no desenvolvimento do capitalismo até finais A existência de um enorme contingente de desempregados permite do século XIX; desde então à oitava década do século XX, o que neles ao capitalista pressionar os salários para um nível inferior; essa é a função se constatou foi sobretudo a pauperização relativa. Mas daí não se pode primária que o exército industrial de reserva desempenha sob o capitalis- mo. Trata-se de um poderoso instrumento para que o capitalista incremente 8. exemplo norte-americano é ilustrativo: as condições de vida do proletariado dos Esta- a exploração da força de trabalho pode-se mesmo afirmar que, grosso dos Unidos melhoraram sensivelmente entre 1890 e finais dos anos sessenta do século XX; entre- modo, "os movimentos gerais do salário são exclusivamente regulados pela tanto, sua parte na renda nacional veio caindo: em 56% da renda nacional lhe cabia; em expansão e contração do exército industrial de reserva" (id., p. 204). Mas a 1923. sua participação para 54% e. finais dos anos sessenta, baixou para cerca de 40%ECONOMIA POLÍTICA: CRÍTICA 137 136 concluir que a pauperização absoluta tenha sido suprimida pode-se Com efeito, ao fim de cada fase produtiva, a resultante social são dois nas assinalar que, em certas conjunturas históricas, é possível limitar e, sujeitos que se defrontam tal como no início da fase precedente: a classe mesmo, reverter a sua incidência. que detém o capital mantém-se proprietária dele, a classe que porta a força de trabalho continua a só dispor dela. Ao fim de cada fase produtiva, de- frontam-se capitalistas e proletários, tal como é necessário para que a pro- 5.5. Acumulação capitalista e "questão social" dução capitalista se Em poucas e claras palavras: Iniciamos este capítulo assinalando que, assim como ocorre em todas processo de produção capitalista reproduz [...], mediante seu próprio pro- as formas de sociedade, na sociedade fundada no MPC a produção é tam- cedimento, a separação entre força de trabalho e condições de trabalho. Ele bém reprodução vale dizer: enquanto processo que deve dispor de con- reproduz e perpetua, com isso, as condições de exploração do trabalhador. tinuidade, a produção traz consigo os elementos que, ao fim de cada fase Obriga constantemente o trabalhador a vender sua força de trabalho para produtiva, lhe permitem reiniciar-se. Nisso consiste a reprodução: ao cabo viver e capacita constantemente o capitalista a comprá-la para se enriquecer. processo de produção capitalista, considerado como um todo articula- de uma fase produtiva, estão repostos todos os requisitos para que a pro- do ou como processo de reprodução, produz por conseguinte não apenas a dução tenha prosseguimento. mercadoria, não apenas a mais-yalia, mas produz e reproduz a própria rela- Por isso mesmo, a produção capitalista não é tão-somente produção e ção capital, de um lado o capitalista, do outro o trabalhador assalariado. reprodução de mercadorias e de mais-valia: é produção e reprodução de (Marx, 1984, I, 2: 161) relações sociais. Vimos, quando distinguimos a produção mercantil sim- ples da produção mercantil capitalista (capítulo 3, item 3.2.), que a essência Desenvolvendo-se a reprodução ampliada, ou seja, a acumulação, é da produção capitalista está no trabalho assalariado e nas condições gerais evidente que, na relação capital/trabalho, a condição dos portadores da que o possibilitam; isto é: a produção capitalista supõe relações sociais no mercadoria força de trabalho torna-se progressivamente mais vulnerabili- interior das quais existem sujeitos que podem comprar a mercadoria força zada (basta pensar, aqui, nos processos de pauperização). E a análise teóri- de trabalho para empregá-la na produção de mercadorias e sujeitos que são ca e histórica da acumulação revela resultantes e implicações tão reiterativas obrigados a vender força de trabalho, já que esta é o único bem que pos- que é inteiramente legítimo mencionar-se uma lei geral da acumulação suem. Assim, a produção capitalista só pode ter continuidade se também capitalista. Com efeito, desde a constituição da base urbano-industrial da for contínua a produção das relações sociais que engendram aqueles sujei- sociedade capitalista, o que tem resultado da acumulação é, simultaneamen- tos. Em suma: a reprodução capitalista só é viável se ela reproduzir as relações te, um enorme crescimento da riqueza social e um igualmente enorme cres- sociais que frente a frente capitalistas e proletários. cimento da pobreza. Da dinâmica do MPC ou, se se quiser, da sua lógica E é precisamente isto o que ocorre ao fim de cada fase produtiva: nele, resulta que o avanço da acumulação polarize, de um lado, uma gigan- não encontramos apenas um conjunto de novas mercadorias encontra- tesca massa de valores e, de outro, uma imensa concentração de pobreza. mos aí, sobretudo, as relações sociais que estavam no seu início. Se o leitor Independentemente das características particulares das economias nacio- retornar à fórmula elementar que expressa o movimento do capital aplica- nais, em todos os espaços em que se desenvolveu e desenvolve a acumula- do à produção (D M verá que seu resultado, em termos de relações ção capitalista, o resultado é essa polarização riqueza/pobreza; evidente- sociais, reproduz a sua base inicial: a separação entre as condições que pro- mente, a consideração de ambas (riqueza e pobreza sociais) deve ser con- piciam o trabalho e a força de trabalho, encarnadas num sujeito que dispõe de meios para comprar força de trabalho e outro que só tem de seu a força 9. Isso não significa que a sociedade capitalista seja desprovida dé mobilidade (tanto de trabalho e, portanto, para sobreviver, é obrigado a vendê-la como uma horizontal quanto vertical); significa, apenas, que as possibilidades reais de tal mobilidade jamais mercadoria qualquer. afetam as bases da existência e da reprodução das dues classes sociais138 ECONOMIA POLÍTICA: UMA INTRODUÇÃO CRÍTICA 139 textualizada historicamente entretanto, mesmo com essa contextualiza- lista são a perdurabilidade do exército industrial de e a polariza- ção, o que resulta da acumulação capitalista é a polarização mencionada. ção maior ou menor, mas sempre constatável entre uma riqueza so- De fato, cial que pode se expandir exponencialmente e uma pobreza social que não pára de produzir uma enorme massa de homens e mulheres cujo acesso todos os métodos de produção da mais-valia são, simultaneamente, métodos aos bens necessários à vida é extremamente da acumulação e toda expansão da acumulação torna-se, reciprocamente, meio A prova cabal da vigência dessa lei geral da acumulação capitalista, de desenvolver aqueles métodos. [...] Portanto, [...] à medida que se acumula para além das suas evidências factuais e empíricas, está no próprio debate capital, a situação do trabalhador, qualquer que seja o seu pagamento, alto sobre a chamada "questão social" engendrada pelo capitalismo. Surgindo ou baixo, tem de piorar. [... A acumulação] ocasiona uma acumulação de mi- na terceira década do século XIX, justamente quando a base urbano-indus- séria correspondente à acumulação de capital. A acumulação da riqueza num trial do capitalismo começava a se firmar e quando a acumulação dava seus pólo portanto, ao mesmo tempo, a acumulação de miséria, tormento de trabalho, escravidão, ignorância, brutalização e degradação moral no pólo primeiros passos consistentes, esse debate prossegue até os dias atuais, quando oposto [...]. (Marx, 1984, I, 2: 210) ideólogos a serviço da classe capitalista e mesmo intelectuais desavisados se a mencionar uma pretensa "nova questão social" como se houvesse Daí que Marx enuncie a lei geral da acumulação capitalista que, como uma "questão social" que não derive da lei geral da acumulação. Ora, a "ques- toda lei histórico-social, tem caráter tendencial: tão social" é determinada por essa lei; tal "questão", obviamente, ganha no- vas dimensões e expressões à medida que avança a acumulação e o próprio Quanto maiores a riqueza social, o capital em funcionamento, o volume e a capitalismo experimenta mudanças. Mas ela é insuprimível nos marcos da energia de seu crescimento, portanto também a grandeza absoluta do pro- sociedade onde domina MPC. Imaginar a "solução" da "questão social" letariado e a força produtiva do seu trabalho, tanto maior o exército indus- mantendo-se e reproduzindo-se o MPC é o mesmo que imaginar que o trial de reserva. A força de trabalho disponível é desenvolvida pelas mes- MPC pode se manter e se reproduzir sem a acumulação do mas causas que a força expansiva do capital. A grandeza proporcional do exército industrial de reserva cresce, portanto, com as potências da rique- 10. Cf. a nota 6 deste capítulo e os dados recolhidos em J. Rifkin, fim dos empregos (São za. [... E] quanto maior, finalmente, a camada lazarenta da classe trabalha- Paulo: Makron Books, 1995). dora e o exército industrial de reserva, tanto maior o pauperismo oficial 11. A bibliografia sobre as condições contemporâneas da vida de amplos setores da popula- (Marx, 1984, I, 2: 209). ção, inclusive de países capitalistas desenvolvidos, revela que, a partir da oitava década do século XX, à pauperização relativa voltou a somar-se uma pauperização absoluta que se acreditava per- Essa formulação teórica data de 1867 e o desenvolvimento das so- tencer ao passado. Para documentar esse ponto, recorra-se a Hans Peter Martin e Haraid Schumann, A armadilha da globalização. assalto à democracia e ao bem-estar social (Lisboa, Terramar, 1998) e a ciedades capitalistas vem comprovando a referida tendência histórica. Pierre Salama e Blandine Destremau, tamanho da pobreza. Economia política da distribuição de renda Retorne o leitor a essas duas últimas transcrições que fizemos da análise de (Rio de Janeiro: Garamond, 1999). Marx e verifique como, escritas há quase cento e cinqüenta anos, resistem No mesmo período, os países capitalistas periféricos (pertencentes ao chamado Terceiro ao confronto com a evolução do capitalismo. É evidente que nesse decurso Mundo) e, com eles, muitos dos que precedentemente faziam parte do extinto "bloco socialista" e então dispunham de padrões de vida bem melhores, apresentam um quadro social que mostra a temporal, o capitalismo experimentou grandes transformações (que estu- persistência das condições de miséria que o jovem Engels descreveu magistralmente na sua obra daremos nos Capítulos 8 e 9); também é evidente que as fronteiras entre sobre a situação da classe trabalhadora na Inglaterra (Engels, 1986); para documentar fartamente riqueza e pobreza sociais se alteraram muito; enfim, a análise da relação esse ponto, recorra-se ao trabalho de Michel Chossudovsky, A globalização da pobreza. Impactos das reformas do FMI e do Banco Mundial (São Paulo: Moderna, 1999) e, ainda, a Pierre Salama, Pobreza e riqueza/pobreza sociais mostra grandes diferenças nas várias economias exploração do trabalho na América Latina (São Paulo: Boitempo, 2002). nacionais. Entretanto, mesmo considerando tudo isso, o que permanece 12. Evidentemente, a constatação da causalidade essencial da "questão social" não é justifi- como fato e processo constitutivos e inelimináveis da acumulação capita- cativa para que não se tomem medidas e providências (econômicas, sociais e políticas) para tentarECONOMIA POLÍTICA: UMA INTRODUÇÃO CRÍTICA 141 140 Sugestões bibliográficas Biagio de Giovanni discute cuidadosamente a questão da acumula- ção e a reprodução das classes sociais em La teoría política de las clases en El capital (México: Siglo XXI, 1984, pp. 238-260). Uma síntese do pensa- A base da argumentação desenvolvida neste capítulo encontra-se mento marxiano no que toca à produção capitalista como produção e em K. Marx, capital. Crítica da economia política (São Paulo: Abril, 1984, reprodução de relações sociais foi oferecida por Marilda V. in I, 2, caps. XXI a XXIII). A exposição marxiana é clara, límpida, e deve ser Marilda V. e Raul de Carvalho, Relações sociais e Serviço Social consultada para o exame mais aprofundado das questões que aborda- no Brasil (São Paulo: Cortez/Celats, 1983, parte I, cap. I). mos; há que observar, porém, que os exemplos ali oferecidos, acerca do Referências pertinentes ao debate contemporâneo sobre a "questão impacto da acumulação sobre os trabalhadores, são fortemente datados. social" encontram-se nos textos reunidos na revista da Associação Brasi- Fonte subsidiária para estudar a dinâmica da acumulação está no capítu- leira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, Temporalis (Brasília: Abepss/ lo VI do livro Los límites del capitalismo y la teoría marxista, de D. Harvey Grafline, ano II, n. 3, jan.-jun. 2001) e na útil síntese preparada por (México: Fondo de Cultura Económica, 1990). Alejandra Pastorini (A categoria "questão social" em debate. São Paulo: Cortez, Debatem os problemas da relação entre acumulação, salários e pau- 2004). perização textos de E. Mandel (A formação do pensamento econômico de Karl Marx. Rio de Janeiro: Zahar, 1968, 143-157) e de R. Rosdolsky (Gênese e estrutura de O capital de Karl Marx. Rio de Janeiro: 2001, pp. 237-260). A apreciação atual da importância do exército indus- Filmografia trial de reserva é subsidiada pelo trabalho de Meneleu Neto, in Francisco J. S. Teixeira, Giovanni Alves, Meneleu Neto e Manfredo A. Oliveira (orgs.), Neoliberalismo e reestruturação produtiva (São Paulo/Fortaleza: Cortez/ Sacco e Itália. 1971. Direção: Giuliano Duração: 120 min. UECE, 1998). Atas de Marusia. 1975. Direção: Miguel Littin. Duração: 115 min. alcance do complexo debate acerca dos esquemas de reprodução, a O homem que virou suco. Brasil. 1980. Direção: João Batista de Andrade. que aludimos na nota 2 deste capítulo, pode ser vislumbrado em Paul M. Duração: 94 min. Sweezy, Teoria do desenvolvimento capitalista (Rio de Janeiro: Zahar, 1962, Pelle, conquistador. Dinamarca/Suécia. 1988. Direção: Bille August. Du- pp. 240-250) e em Antonio R. Bertelli, Marxismo e transformações capitalistas ração: 148 min. (São Paulo: IPSO/IAP, 2000, 62-93) e, ainda, no prefácio de Jorge Tula a H. Grossmann, La ley de la acumulación y del derrumbe del sistema capitalista (México: Siglo XXI, 1984) e na apresentação de Paul Singer ao livro de Rosa Luxemburg, A acumulação de capital. Contribuição ao estudo econômico do imperialismo (São Paulo: Nova Cultural, 1985), aliás um dos detonadores daquele debate. Também no capítulo 30 da obra de R. Rosdolsky, referi- da no parágrafo anterior, esse debate é tema de ricas reflexões. reduzir seus impactos e efeitos. Importante, porém, é assinalar os limites de tais medidas e provi- dências: elas são absolutamente impotentes para "solucionar" a "questão social".