Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Universidade do Estado do Pará 
 Centro de Ciências sociais e Educação 
 Curso de Licenciatura Plena Letras- Língua 
 Portuguesa 
 Gabrielson de Souza Gomes 
 SÃO MIGUEL DO GUAMÁ/PA 
 2024 
 Referências 
 BARCELOS, Ana Maria Ferreira (Org.). Linguística Aplicada: reflexões sobre ensino e 
 aprendizagem de língua materna e língua estrangeira. Campinas, SP: Pontes Editores, 
 2011. (Coleção Novas Perspectivas em Linguística Aplicada, v. 13). 
 Resenha 
 O texto aborda questões centrais sobre a relação entre língua nacional, gramática 
 canônica e variação linguística. Analisa como a linguagem reflete processos históricos, sociais 
 e culturais, enfatizando a tensão entre a padronização gramatical e a diversidade regional e 
 social das línguas. Discute o papel da gramática normativa como ferramenta de ensino e 
 controle, enfatizando suas funções políticas e culturais na construção da identidade nacional. 
 Além disso, explora a variação linguística como manifestações legítimas e ricas, questionando 
 preconceitos linguísticos. O autor defende a valorização da diversidade no ensino de línguas e 
 propõe uma abordagem inclusiva e crítica. 
 O artigo “Língua Nacional, Gramática, Variação” explora os desenvolvimentos 
 sociolinguísticos relacionados com a linguagem como ferramenta de comunicação, identidade 
 e poder. Centra-se na relação entre padronização gramatical e variação linguística em 
 diferentes contextos sociais e regionais, propondo uma reflexão crítica sobre o conceito 
 tradicional de normas culturais. 
 Inicialmente, o autor via as línguas nacionais como um elemento central na 
 formação dos Estados-nação. A padronização gramatical parece ser uma ferramenta para 
 padronizar o uso da língua e aumentar a coesão nacional. Contudo, esta padronização exclui 
 muitas vezes variedades regionais e sociolinguísticas, revelando características ideológicas e 
 políticas. A análise gramatical proposta neste artigo não é, portanto, apenas uma descrição de 
 regras, mas também de práticas sociais que refletem e perpetuam a desigualdade. 
 A gramática canônica é vista como um modelo idealizado de uso da língua, muitas 
 vezes desconectado da realidade linguística de grandes segmentos da população. Os autores 
 argumentam que as normas educacionais privilegiam espaços privilegiados de poder e 
 educação, exacerbando as desigualdades sociais e fomentando o preconceito linguístico contra 
 falantes de línguas não padronizadas. O texto questiona o elitismo implícito nesta perspectiva, 
 defendendo uma abordagem que reconheça a legitimidade de todas as formas de expressão. 
 Um dos pontos centrais do texto é o reconhecimento da variação linguística como 
 um fenômeno natural e rico. As línguas são dinâmicas e mudam com base em fatores 
 históricos, sociais, culturais e regionais. Os autores sugerem que a variação linguística deve ser 
 incorporada no ensino de forma crítica e inclusiva, para que os alunos compreendam as 
 diferenças entre registos formais e informais, em vez de estigmatizar as suas próprias formas 
 de expressão. 
 Além disso, o texto discute a importância de combater o preconceito linguístico, 
 enfatizando que todas as variantes possuem estrutura e lógica próprias. Portanto, o ensino não 
 deve impor normas culturais, mas deve promover a reflexão sobre o papel social da língua e a 
 sua diversidade. O autor acredita que o ensino da língua portuguesa deve ir além da 
 memorização de regras gramaticais, adotar um método de integração da teoria com a prática e 
 atentar para a habilidade linguística dos alunos. As recomendações feitas incluem a utilização 
 de textos autênticos que reflitam diferentes variedades de linguagem e a incorporação de 
 debates sobre o impacto social do preconceito linguístico. 
 Além de desmascarar a noção de que apenas as normas educacionais são corretas, 
 esta abordagem ajuda a formar cidadãos críticos que compreendem o pluralismo linguístico. O 
 autor acredita que a escola deve ser um espaço que valoriza a diversidade e acolhe as diversas 
 vozes que compõem a sociedade brasileira 
 Em resumo, "Língua Nacional, Gramática, Variação" proporciona uma reflexão 
 instigante sobre a interação entre língua, poder e sociedade. Ao questionar a centralidade das 
 normas culturais e defender o valor da variação linguística, os autores propõem um ensino 
 mais inclusivo e democrático que reconheça a pluralidade do português. Esta é uma leitura 
 essencial para educadores e estudiosos da área que encontram aqui um convite para repensar o 
 ensino e as práticas sociais relacionadas à linguagem. 
 Esta é uma leitura essencial para educadores e estudiosos da área que encontram 
 aqui um convite para repensar o ensino e as práticas sociais relacionadas à linguagem. 
 Outro aspecto relevante é a crítica à associação automática entre língua e 
 moralidade. O autor argumenta que muitas vezes se atribui um valor ético à correção 
 gramatical, criando estigmas e preconceitos que penalizam falantes de variedades populares. 
 Ele destaca que ensinar a norma culta é importante, mas deve ser feito de forma 
 contextualizada e sem desvalorizar as práticas linguísticas dos alunos. 
 Por fim, o autor conclui reforçando a necessidade de um ensino de língua 
 portuguesa que contemple tanto a norma culta quanto as variações linguísticas, promovendo 
 uma formação cidadã que respeite a diversidade. Essa proposta pedagógica amplia o papel da 
 escola, transformando-a em um espaço de inclusão e valorização cultural.

Mais conteúdos dessa disciplina