Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

ROMANTISMO
São livros pertencentes à escola do Romantismo os livros A 
Viuvinha e O Moço Loiro dos autores José de Alencar e 
Joaquim Manuel de Macedo.
O romantismo é todo um período cultural, artístico e 
literário que se inicia na Europa no final do século XVIII, 
espalhando-se pelo mundo até o final do século XIX.
O berço do romantismo pode ser considerado três países: 
Itália, Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o romantismo 
ganha força como em nenhum outro país e, através dos 
artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela 
Europa e pela América.
Dentro dos antecedentes históricos pode-se destacar que 
Romantismo foi o primeiro movimento literário da era 
denominada romântica ou moderna. 
As ideias românticas ganharam maior impulso a partir do 
advento da Revolução Francesa (1789) e se difundiram pela 
Europa e pelas Américas.
As transformações revolucionárias atingiram todos os 
segmentos: social, econômicos, político, filosófico e artístico-
cultural. A humanidade acompanhava mudanças profundas e 
fundamentais para a formação de uma nova identidade mais 
idealista, o que possibilitou o desenvolvimento da estética 
romântica.
Houve vários fatores decisivos para as transformações 
vividas na Europa nesse período, entre elas destacam-se:
 · A queda dos sistemas de governo tirânicos.
· Os ideais de liberdade e igualdade.
· Formação de uma mentalidade nacionalista.
· A consolidação do pensamento liberal.
· A revolução Francesa.
· A Revolução Industrial Inglesa.
· A Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Romantismo: A arte Burguesa
A burguesia, vitoriosa na Revolução Francesa, 
experimentou franca ascensão e, afrontando os poderes da 
Monarquia, exigiram seu espaço na estrutura sociopolítica, 
bem como o cumprimento dos ideais de sua bandeira 
revolucionária, a utopia: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. 
Valorizaram o trabalho, o comércio, a indústria e todos os 
meios capazes de gerar lucro.
Os burgueses, ansiosos por adquirir cultura, passaram a 
ser mecenas, ou seja, patrocinaram a arte que correspondia 
aos seus interesses. Foi criado o drama para o público burguês, 
inventou-se a narrativa em forma de romance, para os leitores 
ansiosos por consumir cultura e arte burguesistas.
ASPECTOS GERAIS DO ROMANTISMO
Valorização de elementos populares - Surgiu de 
relação entre a burguesia e o Romantismo e objetivava retirar o 
privilégio da elite aristocrática. Intensificaram-se os temas 
ligados á vida urbana; incentivou-se público a participar de 
manifestações culturais.
Imaginação Criadora - Libertação da arte agora afastada 
das rígidas regras clássicas. Liberdade para a forma e para o 
conteúdo. Criação de mundos imaginários nos quais o 
romântico acreditava.
Nacionalismo - louvor e exaltação de pátria, resgatava as 
origens de cada nação, valorizações dos elementos da terra 
natal, dos bens e das riquezas nacionais, das paisagens 
naturais. Exaltavam-se as personalidades e os heróis da 
história, os valores gloriosos da pátria. No Brasil, houve a 
valorização do passado colonial: o índio foi tomado como 
herói nacional repleto de glórias que só existiram nos ideários 
românticos. Outra forma de nacionalismo brasileiro foi 
conhecida na terceira fase do Romantismo, quando o escravo e 
os ideais de liberdade ocuparam os versos condoreiros.
Subjetivismo - atitude individual e única. A poesia não 
assume mais os moldes clássicos e, sim, a vontade do Eu 
criador.
Egocentrismo - Houve o triunfo absoluto do EU; o 
reinado da poesia confessional na qual o sujeito lírico declarava 
seus sentimentos.
Sentimentalismo - analisa e expressa a realidade por 
meio de sentimentos; a emoção foi valorizada em detrimento 
do racionalismo.
Supervalorização do amor - O amor foi considerado um 
valor supremo na vida. Entretanto, a conquista amorosa era 
difícil: havia o mito do amor impossível, o estigma da paixão 
desesperadora. A perda ou não realização amorosa levava o 
romântico ao desespero, à loucura ou à morte.
 Idealização da Mulher - Mulher convertida em anjo, 
musa, deusa, criatura pura, poderosa, perfeita, inatingível, 
capaz de maravilhar a vida do homem se lhe correspondesse. A 
mulher, porém, tornava-se perversa, maligna, impiedosa, 
quando pela recusa arruinava a vida do galante que a 
cortejava.
Byronismo (mal do século) - Na ânsia de plenitude 
impossível, o artista sentia-se desajustado e insatisfeito, além 
ROMANTISMO - ÚRSULA
Literatura
Prof.: Raul Castro Novembro | 2023
ALUNO:
SÉRIE: TURMA: DATA:TURNO:
01
06/11/2023
Nº
OSG3087-23 - Victor Paulo
de decepcionado, devido á falência da utopia revolucionária: 
liberdade, igualdade, fraternidade. Assim, o romântico passou 
a ver o homem da época como um ser fragmentado, peça da 
engrenagem social, sem individualidade ou liberdade. Os 
desajustes e as insatisfações conduziram ao mal do século, 
definido como a aflição e a dor dos descontentes com o 
mundo. Era a influência do modo de vida byroniano do poeta 
inglês Lord George Byron, protótipo do herói romântico, 
sombrio, elegante e desajustado.
Novo aspecto estilístico - Os românticos abandonam a 
forma fixa (raros os sonetos, odes, oitavas e etc.), abandonam 
o uso obrigatório da rima e acabam valorizando o verso 
branco, negam os gêneros literários em que abandonam o 
tradicional, fazendo com que alguns gêneros não fizessem 
mais parte como: a tragédia e a comédia, onde foram 
surgindo outros como: o drama, o romance de costumes entre 
outros.
Além desses aspectos não se pode deixar de lado a 
contribuição cultural do romantismo pois promoveu uma 
ruptura com as concepções clássicas da arte e permitiu uma 
revolução cultural. Enriqueceu a Língua Portuguesa, com a 
incorporação de neologismos e a aproximação entre a Língua 
Literária e a Língua oral e coloquial.
ROMANTISMO NO BRASIL
Apogeu: Publicação de "Suspiros Poéticos e Saudades", 
de Gonçalves de Magalhães , em 1836.
Declínio: Publicação de "Memórias Póstumas de Brás 
Cubas", de Machado de Assis, em 1881, que inaugura o 
realismo.
Não falaremos dos aspectos românticos, pois como a 
Universidade Vale do Acaraú só cobrou os romances 
românticos em prosa, então focaremos neles.
A prosa literária desenvolveu-se no Romantismo, mas no 
Brasil eram menos frequentes.
A espécie preferida pelo público era o romance de 
temática sentimental. Cultivava-se o gosto pelos folhetins, 
histórias de amor editadas em jornais com capítulos 
publicados em série. 
O primeiro romance romântico brasileiro, datado em 
1843, é O Filho de Pescador, de Teixeira e Souza. 
Entretanto, o romance que impulsionava o apego 
sentimental do publico foi A Moreninha, de Joaquim Manuel 
de Macedo, uma historia de amor convencional, publicada em 
1844, que fixa os costumes da sociedade carioca da época, 
contaminada por francesismos.
O romance de Folhetim
Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu sob a 
forma de folhetim, publicação diária, em jornais, de capítulos 
de determinada obra literária. Assim, ao mesmo tempo que 
ampliava o público leitor de jornais, o folhetim ampliava o 
público de literatura.
Ao escrever um folhetim, o artista submetia-se às 
exigências do público e dos diretores de jornais. Além disso, os 
folhetins não podiam criticar os valores da época, reivindicar o 
verdadeiro humanismo, pois obrigatoriamente tinham que se 
sujeitar aos valores ideológicos do público, constituindo-se 
assim numa arte de evasão e alienação da realidade.
Eram assim estruturados:
1º HARMONIA
 Felicidade = Ordenação social burguesa
2º DESARMONIA 
Conflito = Desordem = Crise da sociedade burguesa
3º HARMONIA FINAL 
Estabelecimento da felicidade definitiva da sociedade 
burguesa, com o triunfo de seus valores
Principais aspectos da prosa romântica brasileira
Flash-back narrativo - volta no tempo para explicar, por 
meio do passado, certas atitudes das personagens no 
presente.
O amor como redenção - oposição entre os valores da 
sociedade e o desejo de realização amorosa dos amantes = o 
amoraflições, se ela morresse o 
homem iria querer se casar com ela, e Fernando triunfaria, 
para ela, ele não passava de um aproveitador.
Foi quando veio ao encontro de Úrsula a preta Suzana aos 
prantos dizendo que a mãe, dona Luíza B. estava a falecer e 
precisava dar o último adeus ao grande amor de sua vida, sua 
filha amada. A cena termina com Úrsula sendo levada para ver 
sua mãe, enquanto enfrenta uma mistura de emoções e 
preocupações.
Notas e análises
¹ Neste capítulo, Maria Firmina brinca e nos confunde, 
será que Fernando está tão arrependido assim, ele teria 
mesmo mudado? Havia de fato remorso em suas falas e 
ações? O narrador nos enceta duas visões, a visão da alma, por 
dentro de suas ações perversas movidas pelo sofrimento e a 
visão de Úrsula que tem pelo tio um imenso rancor pelo que 
fizera a sua mãe. Sendo assim fica o ponto, se Fernando faz 
sofrer sofrendo, se ele for rejeitado, será um vilão ou um 
homem que busca perdão? Tudo isso nos é jogado e deixado 
para pensar, ou melhor, para ler nos próximos capítulos.
Capítulo 12
FOGE!
Em um curto capítulo, temos o diálogo derradeiro de mãe 
e filha, a mãe moribunda fala que o irmão veio lhe pedir 
perdão, pois algo para falar, Fernando havia lhe confessado 
que no passado havia assassinado o pai de Úrsula e que agora, 
a filha o rejeitava, mas ele queria mostrar tal arrependimento 
cuidando de Úrsula no sentido de tê-la como esposa.
O pior ainda vem por aí, a mãe revela que Fernando após 
sair da presença da irmã iria à cidade para voltar com um 
sacerdote e executar o casamento à força com Úrsula.
A moça entra em desespero e sua mãe lhe pedi entre i
— Úrsula, minha filha, teme a cólera de Fernando; 
mas sobretudo teme e repele seu amor desenfreado e 
libidinoso. Meu Deus, perdoai-me se peco nisto. . . 
Aconselho-te. . . . que fujas. . .Foge, minha filha. Foge!
13
OSG3087-23 - Victor Paulo
Úrsula vê a vida de sua mãe se esvair, partir, ela chora 
copiosamente pela perda da mãe e devido a triste ideia de se 
ver forçada a casar com Fernando.
Pela manhã o corpo de dona Luíza atravessa a fazenda em 
direção ao cemitério.
Notas e análises
Nesse momento temos a certeza das reais intenções de 
Fernando, o amor que possui por Úrsula não passa de uma 
possessividade, a verdade em seu arrependimento, mas há 
uma má intenção no casamento forçado com Úrsula, e se a 
mãe a mandou fugir era porque sabia que não tinha como 
Úrsula resistir ao casamento.
Capítulo 13
O CEMITÉRIO DE SANTA CRUZ
Inicia-se com a descrição do cenário como uma tarde que 
encapsula toda a beleza, luxúria e poesia do equador. A 
descrição sugere uma tarde de cores vibrantes, com o sol se 
pondo e a lua surgindo no horizonte. Os últimos raios de sol se 
misturam com os raios prateados da lua de agosto, criando 
um ambiente mágico.¹
O capítulo se passa no cemitério de Santa Cruz, que está 
silencioso e deserto, com apenas o vento que sussurra entre as 
árvores quebrando a monotonia e a solidão do lugar. O 
narrador reflete sobre o esquecimento que a morte traz e 
como os segredos dos mortos são guardados pelo sepulcro.
O cemitério de Santa Cruz é descrito como simples e 
despojado, sem monumentos extravagantes, apenas uma 
capelinha singela e uma cruz. A estrada que leva a Santa Cruz 
passa por perto do cemitério.
Úrsula, chega ao cemitério no crepúsculo. Ela está 
sofrendo muito e busca a sepultura de sua mãe. Ajoelha-se 
junto à sepultura e chora esta perda irreparável. Ela está 
sozinha e entregue ao destino que começa a experimentar 
com tanta dureza.
Profundamente abalada chega até mesmo a esquecer do 
seu amor por Tancredo e até mesmo o ódio que sente pelo 
comendador. Sua dor é intensa e sua única conexão com a 
vida é seu amor por Tancredo.
No auge de seu sofrimento, Úrsula desmaia junto à 
sepultura de sua mãe, e sua vida parece estar se esvaindo. Ela 
está sozinha e sem ajuda.
Enquanto isso, ao longe, um barulho de cavalos se 
aproxima. Dois homens, Tancredo e Túlio, chegam ao 
cemitério. Eles encontram Úrsula desmaiada junto à 
sepultura. Tancredo, profundamente apaixonado por ela, a 
reconhece e a abraça. Úrsula desperta ao toque de Tancredo, e 
há um momento emocionante de reencontro.
No entanto, Túlio lembra a Tancredo que eles precisam 
partir rapidamente, pois Úrsula está debilitada e não pode 
suportar uma jornada lenta. Tancredo concorda, preocupado 
com a saúde de Úrsula. Eles planejam levar Úrsula com eles, e a 
esperança de um futuro melhor parece brilhar novamente 
para a protagonista.
O capítulo termina com Tancredo, Úrsula e Túlio orando 
pelo descanso eterno da mãe de Úrsula, Luíza B.
Glossário do capitulo 13
Alvião – “De joelhos beijou a terra úmida, e ainda revolta 
pelo alvião[...]” - O termo "alvião" neste contexto refere-se a 
uma ferramenta agrícola usada para revirar a terra, 
geralmente uma enxada ou um instrumento semelhante
Capítulo 14
O REGRESSO
“AGORA É PRECISO SABERMOS como Tancredo, de volta 
de sua viagem, pôde saber onde estava Úrsula, e o que lhe 
havia acontecido.” O capítulo agora pretende explicar o que 
poderia ser uma incoerência de roteiro, mas como Tancredo 
sabia onde Úrsula estava?
Tancredo, depois de concluir sua missão na comarca de 
***, retorna apressadamente para reencontrar sua amada, 
Úrsula. Ele está dominado pela ideia de revê-la e está ansioso 
para chegar até ela. Ao longo do caminho, ele expressa seu 
amor profundo por Úrsula e sua impaciência em revê-la.
Tancredo está acompanhado por Túlio que lhe oferece um 
caminho mais rápido pela fazenda Santa Cruz, o ex escravo 
tem lembranças dolorosas da fazenda de Santa Cruz, onde 
sua mãe, uma escrava, sofreu terrivelmente nas mãos do cruel 
Comendador Fernando P., chegando a chorar e ter tais 
lágrimas compartilhadas por Tancredo. 
Enquanto Tancredo e Túlio se aproximam da fazenda de 
Santa Cruz, Túlio compartilha a triste história de sua mãe e 
como ela foi submetida a tratamentos brutais e separada dele 
quando criança. Ele também revela que Fernando P., o 
comendador, comprou as dívidas que o marido de Luíza B., 
irmã de Úrsula, deixou, com o objetivo de reduzi-las à miséria.
Deveis saber que esse homem amaldiçoado 
comprou as numerosas dívidas que meu senhor legou à 
órfã e à sua viúva, com o intuito tão somente de reduzi-
la ao último extremo de miséria, como a reduziu; porque 
seus diversos credores ter-se-iam comovido, e talvez lhe 
facultassem os meios de os ir pagando sem grande 
detrimento de sua fortuna, aliás tão arruinada.
À medida que avançam pela fazenda de Santa Cruz, Túlio 
relembra os sofrimentos de sua mãe e expressa seu ódio inicial 
por vingança, mas sua “mãe”, Susana, o ajudou a superar 
esse desejo. Tancredo e Túlio, ambos marcados por suas 
próprias dores, compartilham lágrimas e empatia pela história 
do outro.
Ao chegarem à casa de Luíza B., eles encontram Susana, 
que revela que Úrsula saiu para orar no cemitério de Santa 
Cruz sobre a sepultura de sua mãe. Tancredo e Túlio partem 
imediatamente para encontrar Úrsula, preocupados com as 
revelações de Susana sobre a perseguição de Fernando P., o 
comendador, que havia abreviado os dias da mãe de Úrsula e 
agora ameaça se casar com ela à força.
O capítulo termina com Tancredo e Túlio galopando em 
busca de Úrsula, determinados a protegê-la do comendador e 
a reunir-se com ela.
Capítulo 15
NO CONVENTO DE ****
Após uma breve oração, Úrsula e Tancredo decidem fugir 
do comendador Fernando P. Úrsula está aterrorizada com a 
perseguição dele e implora para que fujam antes que ele os 
14
OSG3087-23 - Victor Paulo
alcance. Tancredo concorda e eles partem em uma viagem 
para escapar do comendador.
Eles deixam a estrada real e tomam um atalho mais longo 
para evitar o comendador. Durante a viagem, Tancredo 
compartilha com Úrsula os tristes eventos que ocorreram 
durante sua ausência.
Finalmente, eles chegam à cidade de ***, onde procuram 
abrigo no convento de Nossa Senhora da ***. O convento é 
descrito como um edifício antigo, simples e melancólico,afastado do mundo, onde vivem as virgens dedicadas ao 
Senhor. As freiras levam uma vida de castidade e oração, longe 
dos prazeres mundanos.
Úrsula e Tancredo param diante das paredes do convento 
e, após observarem o local, Tancredo a conduz à porta do 
convento, que se abre para eles. Úrsula está radiante de beleza 
e parece estar em paz ao entrar no convento.
Tancredo expressa sua determinação em proteger Úrsula 
do comendador e declara seu amor por ela. Ele acredita que o 
comendador não conseguirá separá-los, pois a mulher só ama 
verdadeiramente uma vez em sua vida.
O capítulo termina com Tancredo refletindo sobre a 
verdadeira natureza da mulher, contrastando aquelas que 
compreenderam sua nobre missão de amor e paz com aquelas 
que trocaram seus afetos genuínos por ouro e ganância, 
perdendo assim sua honra.
Capítulo 16
O COMENDADOR FERNANDO P.
A narrativa se volta novamente para Fernando que havia 
sido deixado de lado, mas agora volta a ter a atenção 
narrativa.
Em um capítulo tenso, o comendador quer acima de tudo 
obter o amor e o casamento a força. Ao descobrir que Úrsula 
fugiu com Tancredo, um jovem de quem desaprova 
profundamente, Fernando P. entra em um estado de 
desespero. Sua busca por Úrsula se torna uma obsessão, e ele 
está determinado a encontrá-la a qualquer custo. Foi até o 
sacerdote, que eram “amigos” o tipo que um suporta o outro, 
e levou-o para que assim que visse Úrsula casasse logo com 
ela.
Foi até a fazenda da falecida Luíza B., invadiu a sala e 
perguntou pela moça, Úrsula, pensando em ganhar mais 
tempo, disse que a moça fora sozinha ao cemitério, e deduziu 
que Tancredo já a teria resgatado.
O comendador foi e lá nada encontrou, sentiu-se 
enganado e mandou que seu feitor branco, trouxesse a 
escrava Suzana arrastada por cavalos.
O feitor repreende a tortura e se recusa a fazer isso, 
alegando que avisará a velha para que fuja, mas ao sair, o 
padre já vinha com os cavalos e Suzana vinha como em 
procissão. O feitor lhe oferece um cavalo para fuga, mas ela 
diz ser inocente e que não teria nada a temer.
Quando novamente interrogada pelo comendador, ela 
alega não saber do paradeiro da moça e resiste a pressão 
psicológica, o padre defende-a chamando atenção para não 
derramar sangue inocente.
Fernando manda-a para a cela mais úmida e manda 
colocar correntes em seus braços e pernas, o padre 
recomenda que não faça tal maldade, mas é em vão.
Após isso chegou um escravo avisando que Úrsula foi vista 
em direção à cidade de ***, ele prepara homens armados e 
parte em direção à sua vingança.
Capítulo 17
TÚLIO
Úrsula continuava escondida no convento, temendo por 
Suzana e pedindo por carta que a trouxessem até ela. 
Tancredo, bem no dia de seu casamento, mandara chamar por 
Túlio para que o amigo realizasse algumas tarefas, mas ele não 
apareceu, o que foi estranho. Tancredo não fazia ideia da 
armadilha que Fernando tramava contra ele.
Aquela ausência de Túlio lhe foi demasiada estranha e 
vários pensamentos de temores lhe passou pela mente, mas 
tentou afastá-los, decidiu se juntar com alguns amigos 
(provavelmente como escolta) e foi ao convento para o 
casamento.
Entretanto, diante da alegria de casar não havia felicidade 
em imaginar que algo poderia acontecer ao seu amigo.
Ele então, indagando a si mesmo, achava estranho o 
sentimento penível que lhe nascia na alma, porém embalde 
tentava recobrar a serenidade de ânimo. Túlio figurava-se lhe 
em perigo eminente, e toda a felicidade que o aguardava não 
lhe apagava esse crescente desassossego; porque essa 
felicidade começava a parecer-lhe que mais tarde se tornaria 
amarga.
Foi apenas com a presença de Úrsula que Tancredo se 
acalmou, veja como ela é descrita nessa cena:
Assim era ela mais formosa que nunca, e Tancredo, 
vendo-a tão radiante de mocidade e de amor, olvidou 
suas penosas inquietações para só rever-se nela, para 
render-lhe um culto de apaixonada veneração.
E ela sorriu com um sorriso que transportou-o de 
felicidade, e esse sorriso feiticeiro e angélico arrancou-
lhe do fundo da alma o orgulho feminil — era como a 
lembrança de que seu amor apagara ainda mesmo as 
cinzas do de Adelaide.¹
A narrativa volta para nos contar o que ocorrera a Túlio, 
antes de ir ao encontro de Tancredo, seu amigo fiel, dois 
homens o interceptaram e o colocaram em um casebre 
abandonado ameaçando-o matá-lo se ousasse gritar. Dentro 
do casebre estava Fernando:
O comendador cruzava o quarto com passos 
desordenados. Pálido como um espectro, com os cabelos 
erriçados, os lábios convulsos e contraídos, as 
comissuras dos lábios espumantes, pintava-se-lhe no 
todo a desesperação, e o ódio infame, e a vingança não 
satisfeita.
Era Otelo² no seu ciúme, Satanás expulso do céu e 
ferido no orgulho.³
Túlio se viu perdido, como se nada mais pudesse fazer 
pela sua vida, mesmo assim se manteve firme. Fernando 
pergunta por Tancredo, mas Túlio revela que ele estaria em 
casa, Fernando grita chamando-o de mentiroso, sabia que 
Úrsula estava em um convento esperando pelo casamento, 
mas ele queria intercepta-lo para não chegar no convento.
Fernando propõe que se ele entregasse a localização de 
Tancredo ele daria até mesmo metade da riqueza dele. Túlio se 
esquece do medo e esbraveja com ele que jamais entregaria a 
localização daquele que o tirou da escravidão.
15
OSG3087-23 - Victor Paulo
Fernando golpeia-o na boca e o negro cai desmaiado e ele 
é entregue aos cuidados de Antero.
Notas e análises
¹ observe novamente o elemento romântico de 
idealização feminina, a mulher retratada como objeto de 
adoração.
² Otelo é um personagem mouro shakespiriano que é 
general do exército veneziano e é casado com Desdêmona, 
uma mulher de origem veneta (italiana). A trama da peça gira 
em torno dos ciúmes infundados de Otelo, instigados pelo 
vilão Iago, que leva Otelo a acreditar erroneamente que 
Desdêmona o traiu com seu tenente, Cássio. Esses ciúmes 
levam a consequências trágicas.
³ A queda de Satanás faz referência a obra de Milton no 
Paraíso Perdido, isso mostra e reflete o sentimento de 
Fernando, louco de ciúmes como Otelo e raivoso como o 
Diabo expulso, no sentido de se sentir rejeitado por Úrsula e 
enganado por Tancredo.
Glossário do capítulo 17
Sicários – “Os sicários saíram — a porta tornou-se a 
fechar[...]” - assassinos ou matadores contratados para 
realizar assassinatos por dinheiro ou por motivos políticos, 
religiosos, ou outros. Nesse momento, os assassinos saíram 
para que Fernando ficasse a sós com Túlio.
Capítulo 18
A DEDICAÇÃO
O velho Antero era um escravo africano viciado em 
bebidas que vigiava a prisão em que Túlio estava. O prisioneiro 
abominava a ideia de matá-lo, e vendo que estava tudo 
deserto, julgou que o comendador saíra para preparar a 
armadilha, se não podia ter Úrsula como esposa primeiro, teria 
como viúva depois.
Antero aceita o dinheiro e sai em busca de cachaça, 
deixando Túlio sozinho na prisão.
Túlio começa a avaliar a possibilidade de escapar e 
encontra instrumentos de tortura na prisão, o que o faz refletir 
sobre os sofrimentos que outros prisioneiros já enfrentaram 
ali. No entanto, ele está determinado a salvar seu benfeitor. 
Antero retorna e passa a beber até desmaiar, ele pega as 
chaves de Antero e sai enlouquecido para avisar da armadilha.
Corre desesperadamente pela noite afora, encontra um 
sacerdote que diz ter feito um casamento, ao chegar na igreja 
pela noite, ele vê ao longe o casal sair a carruagem em direção 
a fazenda, Túlio grita avisando da armadilha, mas dois tiros 
são disparados e Túlio cai ao chão.
Tancredo tendo ouvido a voz do amigo vai em sua direção, 
mas Úrsula o impede avisando que queriam assassiná-lo. 
Tancredo e Úrsula estavam cercados, mas o jovem não 
fraquejou e tirou duas pistolas, um dos tiros ele erra, mas o 
segundo ele acertou de raspão a um homem que reconheceu 
ser o comendador.
Fernando foi em direção ao casal, não havia nada mais a 
fazer. Úrsula foi em direção ao tio implorar pela vida do 
marido.— Poupai-o, senhor. Ah, pelo céu, poupai-o! — 
exclamou Úrsula, aflita e pálida, caindo aos pés desse 
homem desapiedado. 
E por um esforço sublime, que só a mulher — ente 
feito para a dedicação e o amor — pode conceber, disse-
lhe, apresentando-lhe o peito:
— Ofendi-vos, senhor, vingai-vos: eis-me, não me 
poupeis: mas ele? Oh, não o assassineis! Oh, não tem 
culpa de que o ame mais que a vida!
E caiu prostrada aos pés de Fernando, que 
semelhante à hiena que meneia a cauda e lambe os 
beiços, porque a presa lhe não escapará, olhava-a 
sorrindo de ferocidade.
Tancredo foi ao encontro de Úrsula levantou-a, disse:
— Amo-te!
Depois esses dois astros de amor, que guiavam ainda 
no perigo, ou nas trevas da desesperação ao infeliz 
mancebo, recaíram em seu lânguido torpor.
Esse beijo foi a expressão profunda de tão sublime 
amor: foi o primeiro, o casto e puro ósculo de amor, que 
o comendador jurou ser o derradeiro.
Fernando o agarrou e travou-se uma imensa briga, ambos 
se rolavam pelo chão, mas os capangas de Fernando 
seguraram Tancredo e o tio o golpeou o peito, Tancredo 
amaldiçoou Fernando dizendo que nunca teria o amor de 
Úrsula, a moça em direção ao seu amado que morre em seus 
braços:
Então a donzela despertou de seu dorido letargo, abriu os 
olhos, e num excesso de amor apaixonado, e de uma dor 
íntima, lançou-se sobre seu desditoso esposo, e unindo-o ao 
coração recebeu-lhe o derradeiro suspiro.
Um mar de sangue tingiu-lhe as mãos e os puros seios. 
Tinha os olhos fixos e pasmados sobre o doloroso espetáculo, 
e entretanto parecia nada ver; estava absorta em sua dor 
suprema, muda, e impassível em presença de tão monstruosa 
desgraça.
O seu sofrimento era horrível, e profundo, e o que se 
passava de amargo e pungente naquela alma cândida e meiga 
foi bastante para perturbar-lhe a razão.
Capítulo 19
O DESPERTAR
O capítulo explora as profundezas da alma de Fernando P., 
o comendador, após os eventos recentes que abalaram sua 
vida. A autora descreve as diferenças entre o amor puro e 
nobre e o amor corrompido e maligno que Fernando sente por 
Úrsula, observe:
O AMOR QUE SE NUTRE no coração do homem 
generoso é puro e nobre, leal e santo, profundo e 
imenso, e capaz de quanta virtude o mundo pode 
conhecer, de quanta dedicação se possa conceber. Ele o 
eleva acima de si próprio, e as suas ações são o perfume 
embriagador desse sentimento, que o anima: mas o 
amor no peito do homem feroz e concupiscente é uma 
paixão funesta, que conduz ao crime, que lhe mata a 
alma e a despenha no inferno.
16
OSG3087-23 - Victor Paulo
Fernando está assombrado pelos crimes que cometeu em 
nome de seu amor doentio por Úrsula. Ele não consegue mais 
encontrar paz de espírito e é atormentado por remorsos. Em 
suas noites sem sono, ele tenta visitar Úrsula, mas teme sua 
rejeição e acusações de seus crimes.
Ao chegar ao quarto de Úrsula, ele a encontra dormindo, 
em meio a um sono agitado. Fernando a observa com uma 
mistura de adoração e culpa, hesitando em acordá-la. No 
entanto, quando Úrsula finalmente acorda e o vê, ela solta um 
grito angustiado.
A visão de Úrsula despertando e sofrendo é avassaladora 
para Fernando. Pela primeira vez, ele começa a entender a dor 
de outra pessoa, e o remorso o atinge com força total. Ele 
tenta implorar o perdão de Úrsula, expressando seu amor por 
ela e seu arrependimento por seus atos cruéis.
No entanto, a resposta de Úrsula é surpreendente e 
perturbadora. Ela sorri de maneira distorcida e parece estar 
completamente insana. Fernando percebe que ela 
enlouqueceu devido aos eventos traumáticos que ocorreram.
O capítulo termina com Fernando sofrendo um colapso 
emocional, enquanto observa a loucura de Úrsula. Sua dor é 
agravada pela convicção de que seus planos foram arruinados 
e suas esperanças de tê-la como esposa foram destruídas. Ele 
percebe que está sendo punido por seus atos malignos e 
egoístas.
A dor do remorso era tamanha que seu rosto chega a se 
desfigurar a ponto dos escravos não o reconhecerem e ele 
sabia que não podia encontrar consolo em ninguém, pois sua 
maldade não permitia que ninguém se aproximasse.
Glossário do capítulo 19
Sopitara – “Fernando até ali sopitara esse castigo do 
céu,” – forma conjugada do verbo "sopitar," que significa 
adormecer ou fazer alguém adormecer.
Pusilanimidade - “Por últ imo, vencendo sua 
pusilanimidade, correu desvairado ao seu quarto.” - falta de 
coragem ou a timidez excessiva de alguém. Momento esse em 
que Fernando decide ir ao quarto de Úrsula.
Capítulo 20
A LOUCA
No último capítulo, intitulado "A LOUCA", a história 
chega a um emocionante clímax. O comendador Fernando P. 
está sentado em seu jardim, atormentado pelos remorsos por 
seus crimes. O cenário ao redor é de uma beleza melancólica, 
mas Fernando não presta atenção a isso.
Ele é interrompido pela chegada de um velho sacerdote, 
que aponta na direção do poente e menciona "Susana". O 
comendador observa a cena de dois escravos carregando um 
corpo em uma rede para o enterro, e a voz do remorso ecoa 
em sua mente.
O sacerdote repreende Fernando por seus crimes, 
destacando o assassinato de Tancredo, Túlio, Paulo e Susana. 
Ele fala sobre o sofrimento que Fernando infligiu aos 
inocentes e como ele ignorou as súplicas por misericórdia.
Assassino de Tancredo, de Túlio, de Paulo, e de 
Susana. Monstro! Flagelo da humanidade, ainda não 
saciastes a vossa vingança? Ah, humilhado e em nome 
de Deus, pedi-vos mercê para os infelizes, salvação para 
a vossa alma. Desdenhastes as minhas súplicas!
Orgulhoso e vingativo que sois! E não sentistes que 
Deus observa os malvados e que os pune ainda na terra.
Em vossa louca e vaidosa ideia, julgastes-vos 
grande, e esmagastes aos vossos semelhantes que eram 
fracos, e estavam inermes.
Como a fera dos bosques acometestes a Tancredo e 
covardemente o assassinastes: como um verdugo cruel 
punistes Susana de um crime que não tinha. . . Oh, se o 
arrependimento vos não apagar a nódoa do pecado, os 
crimes vos despenharão no inferno.
O comendador, com o coração partido, pede para ver 
Úrsula. O sacerdote o leva até o quarto da donzela, onde uma 
cena angustiante o aguarda. Úrsula, agora completamente 
insana, está sorrindo e falando com sombras invisíveis. Ela 
menciona Tancredo e suas flores de noivado.
Fernando, testemunhando a loucura de Úrsula, fica 
arrasado. Ele percebe que sua esperança de tê-la como esposa 
foi destruída e que sua própria vida está repleta de remorso e 
dor. Ele fecha os olhos e se ajoelha em desespero.
Úrsula continua a murmurar e a sorrir, e depois, em seu 
último suspiro, ela menciona o nome de Tancredo e exala seu 
último suspiro. O sacerdote e Fernando estão ajoelhados ao 
lado dela quando sua alma deixa seu corpo.
Notas e análises
A cena é carregada de emoção, com a redenção e a 
punição de Fernando P. como temas centrais. A história 
termina com um momento de tristeza e reflexão sobre os 
horrores do orgulho, vingança e crueldade, contrastados com 
a redenção tardia e o peso dos remorsos.
EPÍLOGO
No Epílogo, dois anos se passaram desde os eventos 
trágicos narrados anteriormente, e a província esqueceu os 
crimes ocorridos no convento de *** e a morte de Tancredo. A 
justiça permaneceu cega, os assassinos impunes, e as 
investigações foram abandonadas.
Apenas um homem sabia a identidade do assassino, mas 
ele se recusava a denunciá-lo, pois sua missão era dedicada à 
paz e à religião. Esse homem, chamado frei Luís de Santa 
Úrsula, havia entrado para o convento dos carmelitas como 
noviço.
No convento, frei Luís era considerado um louco por suas 
intensas práticas religiosas, jejuns e momentos de frenesi 
durante a oração. No entanto, ninguém conhecia sua 
verdadeira identidade ou a história por trás de suas ações.
Em seu leito de morte, frei Luís revela a um religioso seu 
passado sombrio. Ele confessa ter sido o responsável pelo 
assassinato de Tancredo, movido pela vingança e pelo ciúme 
em relação a Úrsula. Ele lamenta sua falta de arrependimentosincero e seu coração ainda cheio de ódio.
O religioso tenta trazer conforto espiritual a frei Luís, 
mostrando-lhe um crucifixo e lembrando-o do perdão divino. 
No entanto, frei Luís continua atormentado por sua culpa e 
desespero. Ele morre com um profundo arrependimento, 
buscando o perdão de Deus.
Enquanto isso, Adelaide, a mulher por quem Tancredo 
sofrera uma imensa dor também enfrenta suas próprias 
tristezas e desgostos na vida, tendo perdido dois esposos. O
17
OSG3087-23 - Victor Paulo
18
OSG3087-23 - Victor Paulo
remorso a assombra, por ter maltratado a mãe de Tancredo e 
ela depois falecera em vida de amargura e desesperos.
A história termina com a lembrança da infeliz Úrsula em 
uma lápide simples junto ao altar da Senhora das Dores no 
convento, com a inscrição "Orai pela infeliz Úrsula". Ela é uma 
das vítimas do amor e da tragédia que marcaram a narrativa.
Exercícios estilo UVA
01. Com base na leitura do romance Úrsula, pode-se afirmar 
que uma das temáticas exploradas na obra consiste
 a. nas consequências de uma vida solitária.
 b. nas questões raciais e escravocratas.
 c. na alegoria indígena.
 d. no nacionalismo romântico.
02. Com base na leitura do livro, quais personagens 
representam a questão da escravidão e do racismo?
 a. Túlio e Úrsula.
 b. Tancredo e Suzana.
 c. Fernando e Luíza B.
 d. Túlio e Suzana.
03. Na leitura da obra, percebe-se algumas estratégias 
narrativas, dentre as quais se destacam:
 a. dar voz e protagonismo a personagens negros;
 b. ausência de idealismo romântico;
 c. presença do zoomorfismo naturalista;
 d. ausência de tensão narrativa;
04. Sobre a narrativa do livro pode-se afirmar que é
 a. extradiegético. 
 b. homodiegético.
 c. heterodiegético.
 d. autodiegético.
05. Quanto a classificação do romance, podemos classificá-lo 
como
 a. de costumes.
 b. urbano.
 c. regionalista.
 d. histórico-indianista.
06. Qual é a principal razão pela qual o pai de Tancredo se 
opõe ao casamento de seu filho com Adelaide?
 a. Porque ele acredita que Adelaide é indesejável para a 
família.
 b. Porque ele deseja que Tancredo se case com uma 
mulher rica.
 c. Porque ele não gosta de Adelaide pessoalmente.
 d. Porque ele tem outros planos para o casamento de 
Tancredo.
07. Como a mãe de Tancredo reage à oposição de seu marido 
ao casamento de seu filho?
 a. Ela confronta seu marido e exige que ele mude de 
ideia.
 b. Ela aceita passivamente a vontade de seu marido.
 c. Ela foge de casa com Tancredo e Adelaide.
 d. Ela convence Adelaide a desistir de Tancredo.
08. Como Tancredo descreve Adelaide, a mulher que ele 
conhece após voltar para casa?
 a. Ele a descreve como meiga e encantadora.
 b. Ele a descreve como autoritária e irritante.
 c. Ele a descreve como distante e fria.
 d. Ele a descreve como ambiciosa e gananciosa.
09. Como o pai de Tancredo reage quando sua esposa 
confronta suas decisões sobre o casamento de Tancredo?
 a. Ele muda de ideia e concorda com o casamento.
 b. Ele se desculpa com sua esposa e muda suas ações.
 c. Ele zomba dela e a rejeita com sarcasmo.
 d. Ele chora e pede perdão por seu comportamento.
10. Qual é a condição imposta pelo pai de Tancredo para que 
ele possa se casar com Adelaide, e como Tancredo reage a 
essa condição?
 a. O pai de Tancredo exige que ele espere um ano antes 
de se casar com Adelaide, e Tancredo, inicialmente, 
aceita a condição com alegria.
 b. O pai de Tancredo pede a ele que escolha entre o 
casamento com Adelaide e um emprego distante, e 
Tancredo escolhe o emprego.
 c. O pai de Tancredo concorda em deixá-lo se casar com 
Adelaide imediatamente, sem impor condições.
 d. O pai de Tancredo exige que ele se case com Adelaide 
imediatamente, sem esperar um ano, e Tancredo 
aceita essa condição com relutância.
11. No capítulo 6 intitulado A despedida, vemos o seguinte 
trecho: "Adelaide reclinava-se nos braços de minha mãe, 
pálida como a açucena pendurada na corrente; e essa 
mulher cheia de bondade e de virtude esforçava-se por 
consolá-la de uma dor que só nela era real, mas que 
supunha igual na donzela que um dia seria minha 
esposa." Tal fragmento comprova que Adelaide
 a. Estava realmente sofrendo e expressando sua dor de 
maneira sincera.
 b. Estava indiferente à partida de Tancredo, pois não 
demonstrou emoção.
 c. Estava escondendo suas verdadeiras emoções e 
agindo de forma dissimulada.
 d. Estava ansiosa para se tornar a esposa de Tancredo e 
não se importava com a separação temporária.
12. Qual é o nome da personagem que compartilha sua 
história de vida e experiências como escrava?
 a. Maria. c. Luíza B.
 b. Túlio. d. Susana.
 
19
OSG3087-23 - Victor Paulo
13. O que aconteceu com a “mãe” de Túlio?
 a. Ela foi comprada pelo Comendador P.
 b. Ela foi libertada e retornou à África.
 c. Ela morreu durante a viagem de escravos para o Brasil.
 d. Ela fugiu da escravidão e viveu escondida na fazenda.
14. Por que Úrsula fica tão perturbada com o encontro na 
mata? 
 a. Porque o homem da mata também a ameaça. 
 b. Porque ela encontra seu pai lá. 
 c. Porque o homem da mata é Tancredo disfarçado. 
 d. Porque ela perde seu amuleto.
15. O que preocupa Luíza quando Fernando a visita rogando 
perdão?
 a. Ela teme que ele queira reconciliação. 
 b. Ela teme que ele busque vingança. 
 c. Ela quer se casar com ele novamente. 
 d. Ela quer que ele a ajude a cuidar de Úrsula.
16. O “amor” de Fernando por Úrsula revela-se como um 
sentimento
 a. puro. 
 b. obsessivo. 
 c. fiel. 
 d. romântico.
17. Personagem responsável pela morte de Suzana e Túlio:
 a. Fernando. 
 b. Feitor branco.
 c. Antero. 
 d. Sacerdote.
18. Para escapar das mãos de Fernando Úrsula
 a. recorre à justiça.
 b. busca refúgio em uma junta militar.
 c. busca refúgio em um convento.
 d. resiste em sua fazenda às investidas de Fernando.
19. Qual é a razão pela qual Frei Luís de Santa Úrsula entra 
para o convento dos carmelitas?
 a. Para buscar vingança contra o Comendador Fernando.
 b. Por amor a Úrsula.
 c. Para escapar da justiça.
 d. Para encontrar a paz espiritual e se redimir de seus 
pecados.
20. Qual é o destino final de Úrsula?
 a. Ela foge com Tancredo. 
 b. Ela se casa com Paulo B.
 c. Ela morre enlouquecida. 
 d. Ela é condenada à prisão.
21. Quem é Adelaide e qual é sua relação com a história?
 a. Uma escrava que ajuda Úrsula a escapar.
 b. Uma amiga de Úrsula.
 c. A segunda esposa do pai de Tancredo.
 d. A mãe de Úrsula.
22. O que motiva a busca de vingança do Comendador 
Fernando?
 a. O assassinato de sua esposa por Tancredo.
 b. A rejeição de seu amor por parte de Úrsula.
 c. O roubo de suas propriedades.
 d. A recusa de Tancredo em lhe vender suas terras.
23. O que acontece com o Comendador Fernando no final da 
história?
 a. Ele encontra a felicidade ao lado de Úrsula.
 b. Ele se torna um eremita.
 c. Ele é assassinado.
 d. Ele entra para o convento.
 
24. Qual é o papel do Sacerdote na história?
 a. Ele é o mentor espiritual de Fernando.
 b. Ele é o responsável pelos assassinatos de Tancredo e 
Túlio.
 c. Ele é o pai de Úrsula.
 d. Ele é um político influente na província.
25. Qual é o destino de Tancredo no final da história?
 a. Ele se casa com Úrsula.
 b. Ele é assassinado pelo Comendador Fernando.
 c. Ele foge para outra província.
 d. Ele morre em um duelo de espadas com o 
Comendador Fernando.
26. O que motiva a entrada de Frei Luís de Santa Úrsula para o 
convento?
 a. O amor por Úrsula.
 b. O desejo de vingança contra Tancredo.
 c. O remorso por seus pecados.
 d. A busca por riquezas.
27. Qual é o significado simbólico da lápide no convento com 
a inscrição "Orai pela infeliz Úrsula"?
 a. Úrsula era uma santa.
 b. Úrsula foi esquecida pela sociedade.
 c. Úrsula encontrou a felicidade no final.
 d. Úrsula foi vítima de tragédias e sofrimentos.
28. Túlio acaba sendo assassinado ao 
 a. se negar a entregar a localização de Úrsula.
 b. se negar a entregar a localização de Tancredo.
 c. proteger Tancredo de levar um tiro.
 d. tentar avisarTancredo de uma emboscada.
20
OSG3087-23 - Victor Paulo
29. No fragmento: “Os sicários saíram — a porta tornou-se a 
fechar[...]”, o termo sicários significa respectivamente
 a. empregados. 
 b. assassinos.
 c. escravos. 
 d. escravocratas.
30. Pode-se dizer que o romance, além de uma questão 
regionalista, possui uma pauta
 a. científica. 
 b. filosófica.
 c. social. 
 d. lírica.
Em outros vestibulares
01. (Ufrgs 2020) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as 
seguintes afirmações sobre o romance Úrsula, de Maria 
Firmina dos Reis.
 ( ) O romance é narrado em primeira pessoa por 
Úrsula, jovem negra escrava, que aprendeu a ler 
com a patroa, D. Susana.
 ( ) Adelaide é a menina pobre que busca ascensão 
social através do casamento, como muitas 
mulheres faziam na época.
 ( ) A crítica ao modelo patriarcal está especialmente 
centrada nas figuras de Tancredo e de seu pai.
 ( ) O romance caracteriza-se como transgressor à 
produção romanesca do período, ao apresentar 
Túlio e Antero como sujeitos constituídos de 
humanidade.
 A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de 
cima para baixo, é 
 a. V – V – F – F. 
 b. V – F – F – V. 
 c. F – V – V – V. 
 d. F – F – V – V. 
 e. V – V – V – F. 
 
02. (Ufrgs 2019) Sobre Úrsula, romance de Maria Firmina dos 
Reis, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes 
afirmações.
 ( ) O romance é narrado em primeira pessoa por 
Úrsula, jovem negra escravizada e depois 
alforriada por Tancredo, senhor com quem a 
protagonista se casa.
 ( ) A linguagem apresenta variedade de registro: 
personagens negras comunicam-se de forma 
coloquial, personagens brancas adotam a norma 
culta da língua.
 ( ) O enredo está centrado no amor fracassado entre 
Úrsula e Tancredo, embora personagens como 
Túlio e mãe Susana sejam cruciais para o 
romance, especialmente na definição de seu 
caráter antiescravista.
 ( ) O escravocrata comendador Fernando P., 
antagonista de Tancredo na disputa por Úrsula, 
arrepende-se de seus crimes no final da vida e, 
recolhido em um convento, transforma-se no frei 
Luís de Santa Úrsula.
 A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de 
cima para baixo, é 
 a. V – F – V – F. 
 b. V – V – F – F. 
 c. F – F – V – V. 
 d. F – V – F – V. 
 e. V – V – F – V. 
 
03. (Ufrgs 2019) Considere as seguintes afirmações sobre 
Maria Firmina dos Reis e seu romance Úrsula.
 I. O romance Úrsula foi publicado no Maranhão, em 
1859, sob o pseudônimo de “Uma Maranhense”, e 
quase não se tem notícia de sua circulação à época da 
publicação. Recuperado na segunda metade do século 
XX, só então o livro passa a ser reeditado e 
minimamente debatido no meio literário.
 II. Nas primeiras páginas do romance, uma voz que pode 
ser lida como a da autora apresenta, a modo de 
prólogo, seu livro ao leitor, consciente das limitações 
que seriam impostas a ele por ter sido escrito por uma 
mulher brasileira de educação acanhada.
 III. A circulação limitada de Úrsula dá mostras de que, 
associados ao valor estético, fatores como classe 
social, gênero e raça do escritor também participam da 
definição do cânone literário.
 Quais estão corretas? 
 a. Apenas I. 
 b. Apenas III. 
 c. Apenas I e II. 
 d. Apenas II e III. 
 e. I, II e III. 
lucianofeijao.com.br Educação que conquista o mundo.
	Página 1
	Página 2
	Página 3
	Página 4
	Página 5
	Página 6
	Página 7
	Página 8
	Página 9
	Página 10
	Página 11
	Página 12
	Página 13
	Página 14
	Página 15
	Página 16
	Página 17
	Página 18
	Página 19
	Página 20é visto como único meio de o herói ou o vilão romântico 
se redimirem e se “purificarem” = solução: em muitas casos: a 
morte.
Idealização do herói - ser dotado de honra, de 
idealismos e coragem = põe a própria vida em risco para 
atender aos apelos do coração ou da justiça = em algumas 
obras assume as feições de “cavaleiro medieval”.
Idealização da mulher - são desprovidas de opinião 
própria, são frágeis, dominadas pela emoção, obedientes às 
determinações dos pais e educadas para o casamento.
Tipos de Romance
São eles:
Romance Indianista: O romance indianista traz à tona a 
vida, cultura, crença e costumes indígenas. O índio surge 
como herói, representando o Brasil e os brasileiros, sendo 
corajoso, heroico, forte, idealizado. Há uma valorização da 
natureza e o espaço onde ocorre a narrativa remete ao 
natural, à paisagem brasileira.
Romance Histórico - O romance histórico traz o retrato 
de costumes de uma época passada, sendo um relato que 
muitas vezes mistura ficção e realidade. 
Romance regionalista - Por fim, temos o romance 
regionalista, passado em ambiente rural, mostrando 
costumes, valores e cultura típica de uma região. Este tipo de 
romance trazia um maior conhecimento do Brasil sobre si 
próprio, uma vez que voltava seu olhar pra regiões diferentes 
do Brasil, trazendo à tona sua diversidade.
Neste cenário rural há um herói do campo, sertanejo, 
alguém que pertence à sua terra e é o retrato desta. É bravo e 
honrado, preza a moral e os costumes de seu ambiente, 
colocando-se contrário às liberalidades da cidade e dos 
homens de lá. É importante ressaltar que não há tensão social 
no romance romântico regionalista, sendo este apenas um 
retrato regional de costumes, sem críticas.
02
OSG3087-23 - Victor Paulo
Romance urbano - Os romances urbanos são os mais 
lidos até hoje. Em sua grande maioria, este tipo no 
Romantismo narrava uma história que geralmente ocorria nas 
capitais, na alta sociedade. Funcionava como crítica aos 
costumes, mostrando a sociedade e os interesses desta em 
uma determinada época. Os heróis e heroínas deste romance 
faziam ou não parte desta alta sociedade e tinham que 
superar várias barreiras para a felicidade e a realização do 
amor e do casamento (que redimia as personagens de todo o 
mal e imoralidade que elas pudessem ter), tal como nos outros 
tipos de romances românticos.
Exemplos de romances urbanos:
Lucíola, Diva, Senhora, A Viuvinha, todos de José de 
Alencar; Iaiá Garcia, Helena, A Mão e a Luva, de Machado de 
Assis; A Moreninha, Moço Loiro de Joaquim Manuel de 
Macedo; e Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel 
Antônio de Almeida, que surge trazendo à tona os costumes 
da periferia, indo na contramão do retrato de costumes da alta 
sociedade, algo raro neste tipo de romance.
ÚRSULA
Prof. Raul Castro
MARIA FIRMINA DOS REIS – Vida e Obras
Maria Firmina dos Reis foi uma escritora brasileira do 
século XIX, nascida em São Luís, no estado do Maranhão, em 
1822, e falecida em 1917. Ela é conhecida por ser uma das 
primeiras escritoras negras da literatura brasileira e uma das 
pioneiras na abordagem das questões raciais e sociais em sua 
obra.
Sua obra mais famosa é o romance "Úrsula," publicado 
em 1859, que é considerado um dos primeiros romances 
abolicionistas do Brasil. "Úrsula" aborda temas como a 
escravidão, a discriminação racial e a luta pela liberdade dos 
escravizados, além de explorar questões de gênero e classe 
social. Maria Firmina dos Reis também escreveu poesia e 
contos, muitos dos quais tratavam das injustiças sociais e da 
condição das mulheres negras.
A obra de Maria Firmina dos Reis é importante não apenas 
por sua contribuição à literatura brasileira, mas também por 
seu papel na promoção da igualdade racial e social. Ela é uma 
figura significativa na história da literatura afro-brasileira e 
continua a ser estudada e celebrada por seu legado literário e 
ativismo.
Tendo se tornado uma figura inestimável tanto para a 
literatura negra quanto para o romantismo brasileiro, pois sua 
obra e legado transcenderam as fronteiras de seu tempo e 
ainda ecoam como fonte de inspiração e reflexão. A 
importância de Maria Firmina pode ser compreendida sob 
duas perspectivas cruciais: sua contribuição para a literatura 
negra e seu impacto no contexto do romantismo brasileiro.
Contribuição para a Literatura Negra:
A autora é reconhecida como uma das primeiras escritoras 
negras do Brasil, uma pioneira que quebrou barreiras 
significativas em um momento em que as vozes negras eram 
frequentemente silenciadas e marginalizadas. Sua obra mais 
notável, o romance "Úrsula," é uma conquista literária que 
transcende a narrativa em si. Este romance abolicionista 
ousado enfrentou questões essenciais da escravidão, da 
liberdade e da dignidade humana, lançando um olhar crítico 
sobre a crueldade do sistema escravocrata.
Maria Firmina dos Reis deu voz às experiências dos 
afrodescendentes no Brasil, destacando a brutalidade da 
escravidão e a busca pela liberdade. Sua escrita revela a 
profundidade de seu compromisso com a justiça social e sua 
determinação em desafiar as normas opressivas de sua época. 
Assim, ela estabeleceu um precedente importante para 
futuras gerações de escritores afro-brasileiros, que 
encontraram em sua obra um modelo a ser seguido e uma 
fonte de inspiração para abordar questões raciais em suas 
próprias criações literárias.
Impacto no Romantismo Brasileiro:
No contexto do romantismo brasileiro, Maria Firmina dos 
Reis desempenhou um papel significativo ao trazer uma 
abordagem inovadora para o gênero. Enquanto o romantismo 
muitas vezes se concentrou em temas idealizados, amorosos e 
bucólicos, Maria Firmina optou por explorar questões sociais e 
raciais de forma crítica e comprometida em suas obras. Isso 
representou uma ruptura com as tendências literárias 
predominantes da época e estabeleceu um novo caminho 
para a literatura brasileira.
Seu romance "Úrsula" é frequentemente apontado como 
uma das primeiras manifestações do romantismo social no 
Brasil, antecipando uma tendência literária que ganharia força 
nas décadas seguintes. Maria Firmina trouxe uma voz única 
para o romantismo brasileiro ao abordar temas de opressão, 
injustiça e desigualdade, contribuindo assim para a evolução 
do movimento literário no país.
Maria Firmina dos Reis é uma figura essencial para a 
literatura negra e para o romantismo brasileiro. Sua coragem 
em enfrentar questões sociais e raciais em uma época de 
grande adversidade, combinada com sua maestria literária, 
torna-a um ícone que continua a inspirar escritores, leitores e 
defensores da igualdade racial e social no Brasil e além. 
Seu legado perdura como um farol de luz na luta contra a 
discriminação e como um exemplo do poder da literatura para 
promover a justiça e a mudança.
ELEMENTOS DA NARRATIVA E RESUMO
FOCO NARRATIVO
O foco narrativo é predominantemente em terceira 
pessoa, com um narrador onisciente que tem conhecimento 
dos pensamentos, sentimentos e ações de vários personagens 
ao longo da narrativa. No entanto, a obra também apresenta 
algumas passagens em primeira pessoa, onde os próprios 
03
OSG3087-23 - Victor Paulo
personagens compartilham suas perspectivas e experiências 
como é o caso de Suzana e Túlio.
Essa técnica narrativa permite ao leitor obter insights 
profundos sobre os personagens, seus conflitos internos, 
motivações e interações sociais. Ao alternar entre a visão 
onisciente e os relatos em primeira pessoa, a autora oferece 
uma visão mais abrangente da vida e das lutas dos 
personagens em uma sociedade marcada por questões de 
raça, classe e gênero.
O foco narrativo em terceira pessoa permite que o leitor 
tenha uma visão mais objetiva dos eventos e das 
circunstâncias que afetam os personagens, enquanto os 
trechos em primeira pessoa fornecem uma perspectiva mais 
íntima e pessoal dos protagonistas. Isso enriquece a narrativa e 
ajuda a destacar as complexas questões sociais e emocionais 
abordadasao longo do romance.
TEMPO
A obra segue uma estrutura narrativa cronológica, na qual 
os eventos são apresentados na ordem em que ocorrem no 
tempo. A história se desenrola ao longo de vários anos, 
abrangendo um período significativo. No entanto, a narrativa 
não faz referências explícitas a datas específicas, e a 
cronologia exata dos eventos não é detalhada na obra.
Embora o livro não forneça datas precisas para os eventos, 
ele oferece uma visão geral do tempo em que se passa, 
destacando a passagem das estações, ciclos de plantações e 
colheitas e o envelhecimento dos personagens. 
Essa abordagem cronológica permite à autora explorar a 
evolução das relações e dos conflitos ao longo do tempo, à 
medida que os personagens enfrentam desafios e dilemas 
pessoais e sociais.
ESPAÇO
Na obra "Úrsula," de Maria Firmina dos Reis, diversos 
espaços são explorados, cada um deles desempenhando um 
papel significativo na narrativa. Apesar de a narradora não 
conceder nomes de locais, como cidade de ****, convento de 
****, esses espaços são representativos das condições sociais 
e das relações entre os personagens. Vamos explorar alguns 
dos principais espaços dentro do romance:
Fazenda de Santa Cruz: é um dos cenários centrais da 
história. É uma fazenda onde se pratica a produção de açúcar 
e a escravidão é uma parte fundamental da dinâmica desse 
espaço. A autora retrata as condições cruéis enfrentadas pelos 
escravizados, bem como as relações entre senhores e 
escravos, destacando as injustiças e a brutalidade do sistema 
escravocrata. Pertencente ao comendador Fernando tem lá 
um cemitério aonde será enterrada Luíza B.
Convento dos Carmelitas: O convento é outro espaço 
importante na narrativa, especialmente na segunda parte do 
romance. É onde Frei Fernando (antigo comendador 
Fernando) encontra refúgio e busca redenção espiritual. O 
convento representa um contraste com o engenho, pois é um 
local de religiosidade e contemplação, onde os personagens 
confrontam questões morais e espirituais.
Jardim do Comendador: O jardim da propriedade do 
Comendador Fernando é um espaço onde o protagonista 
passa momentos de reflexão e remorso. Ele é descrito como 
um lugar de beleza natural, mas também é onde Fernando 
enfrenta seus sentimentos de culpa e sofrimento interior.
Sítio de Luíza B.: A casa de Luíza B., uma personagem 
importante na história, é onde se desenvolvem algumas das 
tramas amorosas e conflitos. 
Paisagens Naturais: Ao longo do romance, a autora 
descreve paisagens naturais, como florestas, campos, rios e 
praias. Esses cenários naturais muitas vezes refletem o estado 
emocional dos personagens e servem como pano de fundo 
para eventos importantes na trama.
Os espaços explorados na obra contribuem para a 
compreensão das relações sociais, das tensões raciais e das 
questões morais que permeiam a história. Eles também 
desempenham um papel simbólico na medida em que 
representam aspectos da vida e das experiências dos 
personagens, adicionando profundidade à narrativa.
TEMÀTICA CENTRAL
A temática central do romance "Úrsula," abrange várias 
questões sociais, morais e psicológicas, sendo difícil resumir a 
obra a uma única temática. No entanto a perspectiva do Amor 
e da Vingança parece ser a mais importante haja vista que a 
trama gira em torno de complexas relações amorosas e de 
vingança entre os personagens. O amor, muitas vezes não 
correspondido, é um tema recorrente, enquanto a vingança 
motiva ações que têm repercussões ao longo da narrativa. 
O amor entre Úrsula e Tancredo domina os dez primeiros 
capítulos que depois segue para a possessividade de Fernando 
que o consome por inteiro gerando como efeito um imenso 
remorso que o domina nos capítulos finais.
Entretanto, o livro não trata apenas disso e desenvolve 
outras temáticas importantes, vejamos algumas delas:
Escravidão e Racismo: A obra aborda de maneira 
contundente a instituição da escravidão no Brasil do século 
XIX, destacando as injustiças, crueldades e desumanidades 
sofridas pelos escravizados. O romance também examina as 
consequências do racismo e da discriminação racial na 
sociedade da época. Em personagens como Suzana e Túlio, 
podemos observar o quão devastador é a escravidão e como a 
vida do escravo era árdua e difícil, como no momento em que 
Suzana narra seu sequestro na África, como Túlio narra o 
sofrimento da mãe em posse do comendador, como Antero, o 
velho, conta sobre seus vícios e dores.
Remorso e Redenção: O remorso também é uma 
emoção central no livro, especialmente para um dos 
protagonistas, Comendador Fernando. Ele é assombrado 
pelos remorsos de suas ações passadas e busca redimir-se 
espiritualmente ao entrar para o convento dos carmelitas.
Religião e Espiritualidade: A obra explora a religião de 
maneira significativa, com personagens que buscam conforto 
espiritual e redenção. O convento e as reflexões religiosas 
desempenham um papel importante na transformação dos 
personagens. O sacerdote amigo de Fernando exerce um 
papel de consciência alertando-o para seus crimes e 
maldades, chega a dizer que uma das formas dele se redimir 
seria dar a liberdade a todos os escravos da fazenda.
04
OSG3087-23 - Victor Paulo
Condição da Mulher: O romance também aborda a 
condição limitada da mulher na sociedade do século XIX, 
destacando as restrições que as mulheres enfrentavam. As 
personagens femininas, como Úrsula e Luíza B., enfrentam 
desafios em busca de autonomia e felicidade, mas que 
infelizmente não conseguem.
A mãe de Tancredo sofre os abusos de seu pai, Luíza B. 
sofreu nas mãos do irmão e do marido (Paulo B.), e Úrsula 
sofre pelas mãos do tio, revelando as tristes consequências de 
uma sociedade dominada pela patriarcalismo e o machismo.
Natureza e Paisagem: A descrição da natureza e da 
paisagem é uma característica marcante na obra, e esses 
elementos muitas vezes refletem o estado emocional dos 
personagens. A natureza desempenha um papel simbólico, 
representando a beleza e a fragilidade da vida.
"Úrsula" é uma obra rica em temas e camadas, 
explorando questões sociais, morais e psicológicas em um 
contexto histórico marcado pela escravidão e pelas complexas 
relações humanas. A autora oferece uma visão crítica da 
sociedade de sua época e dos dilemas enfrentados pelos 
personagens à medida que buscam amor, redenção e 
significado em suas vidas.
LINGUAGEM
A linguagem de "Úrsula" de Maria Firmina dos Reis é 
caracterizada por sua riqueza descritiva e emocional. Sendo 
assim, podemos encontrar as seguintes características:
1. Descritiva: A autora usa uma linguagem descritiva 
detalhada para pintar imagens vívidas na mente do 
leitor. Ela descreve a paisagem, o estado do cavaleiro, a 
natureza ao redor e até mesmo as emoções dos 
personagens de forma minuciosa.
2. Emocional: A linguagem transmite as emoções dos 
personagens de forma profunda. O leitor pode sentir a 
compaixão de Túlio pelo cavaleiro ferido, a gratidão do 
cavaleiro e a tristeza de Túlio por causa de sua 
condição de escravo. A narrativa evoca empatia e 
simpatia pelos personagens.
3. Simbolista: A autora usa simbolismo em várias partes 
para transmitir significados mais profundos. Por 
exemplo, a comparação do sol com um homem 
maligno e a donzela e a flor que choram em silêncio 
podem ser interpretadas como metáforas para as 
complexidades das emoções humanas e as injustiças 
da sociedade.
4. Criticidade Social: Maria Firmina dos Reis utiliza sua 
prosa para fazer uma crítica social à escravidão e às 
desigualdades raciais da época. Através da voz dos 
personagens, ela chama a atenção para a crueldade da 
escravidão e para a necessidade de compreensão e 
igualdade entre todos os seres humanos.
5. Expressividade: A linguagem é expressiva e poética 
em muitos momentos, criando um tom melódico e 
envolvente que cativa o leitor.
PERSONAGENS 
Úrsula – filha de Luíza B. e Paulo B., uma bela moça, 
ingênua que cuida da mãe paralítica, apaixona-se por 
Tancredo com que vive um grande amor, mastambém é alvo 
da possessão de Fernando.
Fernando – Tio de Úrsula, irmão de Luíza B., ao longo da 
obra ele aparece efetivamente no capítulo 10, apesar de já 
mencionado ao longo da obra como alguém que possui o 
rancor de Úrsula. Extremamente possessivo deseja a todo 
custo obter um casamento, ao longo da obra ele revela ser o 
assassino de Paulo B., assassina Túlio, prende Suzana, o que 
também leva a sua morte, mata Tancredo, e é responsável pela 
loucura e morte de Úrsula. Ao final, enclausura-se em um 
convento e morre com remorso e um arrependimento 
assumido no último suspiro.
Tancredo – a obra inicia com Tancredo caído ao chão e 
quase morto, mas após ser salvo por Túlio fica no sítio de Luíza 
e se apaixona por Úrsula onde revela que sofrera uma imensa 
decepção amorosa por parte de Adelaide e de seu pai. Depois 
de casar com Úrsula acaba sendo assassinado por Fernando.
Túlio – escarvo liberto por Tancredo após salvá-lo, é como 
um fiel escudeiro de Tancredo, é assassinado na mesma 
emboscada que ceifa a vida de seu amigo.
Luíza B. – mãe de Úrsula, uma senhora paralítica que 
inicia o romance bastante doente e precisando de cuidados 
que são apenas paliativos. Ela morre logo após a chegada do 
irmão ao mesmo tempo que este confessa ter matado seu 
marido.
Paulo B. – esposo de Luíza, apenas mencionado na obra, 
tendo sido inicialmente um marido ruim tenta se redimir, mas 
sem tempo, pois é assassinado por Fernando.
Suzana – escrava velha do sítio de Luíza que é tida como 
uma mãe para Túlio, acaba morrendo após ser presa por 
Fernando em duras correntes por não revelar a localização de 
Úrsula.
Antero – velho africano viciado em álcool que trabalha 
em Santa Cruz, fica responsável de vigiar Túlio que Fernando o 
prende, mas acaba bebendo e dorme permitindo a fuga de 
Túlio.
Sacerdote – convocado por Fernando para realizar um 
casamento forçado com Úrs ula ele não tem seu nome 
revelado, ao longo da trama se torna o confessor de Fernando 
e é a voz a consciência e do seu remorso.
Feitor branco – capataz de Santa Cruz que enfrenta 
verbalmente Fernando e se nega a penalizar Suzana, ao sair 
oferece um cavalo para que a escrava fuja, mas ela não o 
atende.
RESUMO COMPLETO
Capítulo 1
DUAS ALMAS GENEROSAS
O capítulo começa com uma vasta descrição da natureza, 
bem ao estilo da escola romântica. O narrador estabelece uma 
relação de vários adjetivos com hipérbato para destacar os 
predicativos do ambiente. “São vastos e belos os nossos 
campos.” 
05
OSG3087-23 - Victor Paulo
O narrador menciona a sensação de tranquilidade e 
encanto que as águas calmas e a brisa suave proporcionam 
aos habitantes locais, que expressam sua reverência a Deus 
através de cânticos de amor e saudade. Esses cânticos são 
descritos como notas de uma harpa eólica, evocadas pelo 
roçar da brisa ou pelo sussurrar da folhagem na mata.
Conforme a estação muda e as chuvas desaparecem, a 
paisagem se transforma novamente, com o leito que antes 
estava sob a água se tornando um tapete verde e úmido, 
adornado por flores tropicais perfumadas. As carnaubeiras 
altas se curvam com o vento, criando uma cena 
impressionante.
O narrador destaca a beleza efêmera da vegetação e da 
flora local, onde o orvalho noturno parece uma lágrima 
pendurada nas folhas, pronta para ser recolhida pelo primeiro 
suspiro da saudade. O sol, ao nascer, seca esse pranto, mas a 
beleza dos campos permanece.
O narrador expressa seu amor pela solidão, enfatizando 
como a natureza proporciona uma conexão direta com Deus. 
Ele descreve a sensação de paz e humildade que a solidão 
oferece, permitindo que a alma se volte para Deus e o 
encontre, pois Deus está presente em toda parte.¹
Em seguida, a narrativa introduz um jovem cavaleiro que 
atravessa os campos durante uma manhã de agosto, em um 
cenário deslumbrante onde a natureza está em pleno 
esplendor. O cavaleiro parece estar em profunda meditação e 
indiferente ao estado exausto de seu cavalo, que mal 
consegue se manter de pé.
O narrador especula sobre o motivo da melancolia do 
jovem cavaleiro, sugerindo que pode estar relacionada a uma 
ideia ou lembrança dolorosa. O cavaleiro continua sua 
jornada, aparentemente alheio ao cenário ao seu redor.
Entretanto, o cavalo, já sem energia, eventualmente cai, 
levando o cavaleiro ao chão também. O impacto da queda 
parece acordar o viajante de sua meditação profunda, mas é 
tarde demais para evitar a queda. O cavalo morre, e o cavaleiro 
desmaia devido aos ferimentos na cabeça.²
Era o alvorecer do dia e entra em cena um dos 
personagens centrais que passava pelo mesmo trajeto, eis a 
sua descrição:
O homem que assim falava era um pobre rapaz, que 
ao muito parecia contar vinte e cinco anos, e que ria 
franca expressão de sua fisionomia: deixava adivinhar 
toda a nobreza de um coração bem formado. O sangue 
africano fervia-lhe nas veias; o mísero ligava-se à odiosa 
cadeia da escravidão; e embalde o sangue ardente que 
herdara de seus pais, e que o nosso clima e a servidão 
não puderam resfriar, embalde — dissemos — se 
revoltava, porque se lhe erguia como barreira o poder 
do forte contra o fraco.³
Sensibilizado pela dor do outro, mesmo quando não se 
havia esperança de alguém aparecer por ali, o negro o retirou 
o cavalo morto, foi pegar água, passou-a em sua testa e deu-
lhe de beber fazendo com que aos poucos o jovem rapaz 
recobrasse os sentidos.
A conotação religiosa permeia todo o capítulo quando 
indica que só Deus teria visto tal cena e piedade e caridade.
O jovem tendo recobrado o sentido perguntou quem era 
aquela alma caridosa que tinha interesse em sua pessoa. O 
jovem escravo, com a retidão e o medo, pediu perdão pela 
ação e disse que queria apenas prestar auxílio a ele.
O jovem novamente pede por socorro, pois sentia que 
tinha febre e o escravo que ainda não tinha se apresentado, 
diz que poderia levá-lo a fazenda de Luíza B. e que lá seria bem 
tratado.
Ao insistir no nome do seu salvador somos apresentados 
ao primeiro personagem da história. Seu nome é Túlio, um 
“mísero escravo”. Túlio se lamenta pela sua condição de 
escravo, mas logo o jovem o repreende e até profetiza:
— Cala-te, oh! Pelo céu, cala-te, meu pobre Túlio — 
interrompeu o jovem cavaleiro. — Dia virá em que os homens 
reconheçam que são todos irmãos. Túlio, meu amigo, eu 
avalio a grandeza de dores sem lenitivo, que te borbulha na 
alma, compreendo tua amargura, e amaldiçoo em teu nome 
ao primeiro homem que escravizou a seu semelhante. Sim — 
prosseguiu — tens razão; o branco desdenhou a generosidade 
do negro, e cuspiu sobre a pureza dos seus sentimentos! Sim, 
acerbo deve ser o seu sofrer, e eles que o não compreendem! 
Mas, Túlio, espera; porque Deus não desdenha aquele que 
ama ao seu próximo. . . e eu te auguro um melhor futuro. E te 
dedicaste por mim! Oh, quanto me hás penhorado! Se eu te 
pudera compensar generosamente. . . Túlio — acrescentou 
após breve pausa —, oh dize, dize, meu amigo, o que de mim 
exiges; porque toda a recompensa será mesquinha para 
tamanho serviço.
Túlio diz apenas que desejava em troca que ele sempre 
tratasse os seus amigos negros e vítimas da escravidão 
daquela forma piedosa e bondosa, e aquilo impressionou 
ainda mais o resgatado.
Ambos chegam à frente da casa, Túlio cansado, o jovem 
caiu em desmaio.
Notas e análises:
¹ Note como há o elemento religioso associado à 
paisagem, no contexto da obra, essa descrição extensa e bem 
subjetiva serve como uma introdução à história e aos temas 
que serão explorados posteriormente, como as relações 
humanas, a escravidão e a luta por justiça e liberdade.
² A cena cria um mistério em torno do personagem 
desconhecido, revelando seu estado de melancolia e 
sugerindo que algo profundo e perturbador está acontecendo 
em sua vida.
³ nesse momento também se aproveita para analisar o 
martírio do negro que andava naquele momento para 
identifica-lo como escravo: “Assim é que o triste escravo 
arrasta a vida de desgostos e de martírios, sem esperança e 
sem gozos!”E ainda aproveita para apelar a Deus: “Senhor 
Deus! Quando calará no peito do homem a tua sublime 
máxima — ama a teu próximo como a ti mesmo —, e deixará 
de oprimir com tão repreensível injustiça ao seu semelhante. 
Àquele que é seu irmão!”
Esse primeiro capítulo tem um impacto narrativo único, e 
a descrição da natureza é feita de forma subjetiva e intimista, 
como se escondesse nela algo, pois reflete o mistério que 
havia no jovem cavaleiro errante, o teor é simbolicamente 
religioso, pois a ação de Túlio se assemelha a do bom 
samaritano. 
Quis até mesmo comparar com algumas obras de Alencar 
e Bernardo Guimarães, mas Úrsula antecipa esses aspectos, 
tendo sido lançado em 1859, antes mesmo de Iracema (1862) 
06
OSG3087-23 - Victor Paulo
e O Seminarista (1870)
O que torna interessante é o porquê do título do primeiro 
capítulo: Duas almas caridosas, na verdade tal elemento se 
encontra na ação e na palavra, no ato de Túlio e no discurso do 
jovem. Túlio se revela um bom homem pela sua ação cristã, e o 
jovem tem um discurso que reconhece a maldade da 
escravidão e o fato de estar em dívida com o escravo.
Nesse caso a autora já coloca dois elementos, ou teses 
centrais a serem desenvolvidas na trama: a primeira, o que 
teria acontecido ao jovem, segunda, o que ocorrerá com Túlio.
Na cena no resgate por parte de Túlio o narrador insere o 
contexto da escravidão com imenso intimismo. A cena 
destaca a crueldade da escravidão e a falta de esperança e 
alegria na vida dos escravos, que enfrentam muitos 
sofrimentos sem a liberdade de expressar suas dores. 
A narrativa enfatiza a importância da esperança e sugere 
que a verdadeira libertação pode ser encontrada apenas na 
eternidade.
Glossário do capítulo 1:
Exíguo esquife: "E a sua beleza é amena e doce, e o 
exíguo¹ esquife², que vai cortando as suas águas hibernais 
mansas e quedas". - ¹ Pequeno, limitado. - ² Pequeno barco. 
– nesse trecho descreve-se o tamanho ou espaço e referindo-
se ao campo em que o cavaleiro viaja.
Algente: " Expande-se-nos o coração quando calcamos 
sob os pés a erva reverdecida, onde gota a gota o orvalho 
chora no correr da noite esse choro algente." – Gélido, muito 
frio.
Páramos: “Quem haverá aí que se não sinta transportado 
ao lançar a vista por esses vastos páramos ao alvorecer do dia” 
- Planícies ou áreas planas e desoladas. - Descreve o terreno 
onde ocorreu o acidente com o cavaleiro e seu cavalo.
Ubiquidade: “[...] e o encontra, porque com o dom da 
ubiquidade Ele aí está!” - Habilidade de estar presente em 
todos os lugares ao mesmo tempo. Refere-se nesse caso ao 
elemento da solidão provocado pelo ambiente.
Axixá: “[...] e mais belas se ostentavam, em que o axixá 
com seus frutos imitando purpúreas estrelas esmaltava a 
paisagem." - Planta típica da região, provavelmente se 
referindo a uma espécie de palmeira. Descreve a beleza e a 
vegetação exuberante da paisagem em agosto.
Ginete: “com a outra frouxamente tomava as rédeas ao 
seu ginete.” Cavaleiro, pessoa que monta a cavalo. Contexto - 
Refere-se ao cavaleiro e seu cavalo no momento do acidente.
Baldo: "De repente o cavalo, baldo de vigor, em uma das 
cavidades onde o terreno se acidentava mais,[...]" - 
Desprovido de força ou vigor. Contexto - Descreve o estado 
debilitado do cavalo no momento da queda.
Dardejava: “E o sol já mais brilhante, e mais ardente e 
abrasador, subia pressuroso a eterna escadaria do seu trono 
de luz, e dardejava seus raios sobre o infeliz mancebo! - Lançar 
ou emitir com intensidade, no contexto, os raios do sol. - 
Descreve a ação dos raios solares que iam ao encontro do 
jovem.
Enterneceu-se: “[...]e por isso seu coração enterneceu-
se em presença da dolorosa cena que se lhe ofereceu à vista.” - 
Comover-se com compaixão ou ternura. Contexto - Descreve 
a emoção do homem ao encontrar o cavaleiro ferido e 
desmaiado.
Lenitivo: “Túlio, meu amigo, eu avalio a grandeza de 
dores sem lenitivo, que te borbulha na alma” - Algo que alivia 
ou suaviza uma situação difícil. O jovem reconhece o 
sofrimento de Túlio e sua situação como escravo.
Capítulo 2
O DELÍRIO
Novamente com elementos adjetivos “Violente, terrível e 
espantosa...” o narrador iniciar para falar da febre que assola a 
saúde frágil do rapaz. O jovem continua doente e delirando, 
Túlio ficava à cabeceira sempre velando por sua saúde, era um 
delírio assustador que ali estava, nesse momento nos é 
apresentado a filha de dona Luíza B., Úrsula, descrita como 
sendo bela assim como o primeiro raio da esperança e que se 
comovia imensamente com a dor do doente que ali sofria:
Era ela tão caridosa. . . tão bela. . . E tanta compaixão 
lhe inspirava o sofrimento alheio, que lágrimas de 
tristeza e de sincero pesar se lhe escaparam dos olhos, 
negros, formosos, e melancólicos. Úrsula, com a timidez 
da corsa, vinha desempenhar à cabeceira desse leito de 
dores os cuidados que exigia o penoso estado do 
desconhecido.
Depois pôs-se a tocar as mãos do rapaz que estavam 
quentes como “larvas de um vulcão”, quando ele a viu julgou 
estar diante de um anjo, se ele a teria amado, chamando-se de 
louco, usando termos como “assassina” e “minha pobre 
mãe” era um série de palavras desconexas que deixavam 
tanto Úrsula quanto Túlio mais assustados e o escravo ainda 
mais temeroso de perder o recém-amigo.
Até que um nome é proferido de sua boca: Adelaide. E 
isso é o bastante para instigar ainda mais a curiosidade de 
Úrsula que já a imaginava como alguém bela e demoníaca ao 
mesmo tempo.
Depois ambos, o doente e a jovem dormem, ela o 
vigiando, e partilhando os cuidados entre o hospede e sua 
mãe, sempre debilitada, quando repentinamente ele acorda 
sentindo dor no peito e Úrsula vai para acalmá-lo e medicá-lo.
Ambos se falam e o jovem rapaz expressa sua gratidão.
O enfermo continua a falar em delírio, alternando entre 
lembranças de amor e momentos de desespero. Úrsula, 
comovida pelas palavras do enfermo, derrama uma lágrima, 
mas ela passa despercebida por ele.
O enfermo fala sobre a importância do amor e como o 
coração se enche de felicidade quando se ama alguém. 
Úrsula, por sua vez, fica confusa com seus próprios 
sentimentos, misturando sua compaixão pelo enfermo com 
uma sensação estranha e inexplicável, repare nesse momento:
— Não vedes? — prosseguiu fitando Úrsula — como 
é belo amar-se! Como se nos expande o coração, como 
nos transborda a alma de felicidade?
E a moça dizia consigo — Meu Deus! Meu Deus, que 
é o que eu sinto no coração que me enternece? Deve ser 
sem dúvida esta forçada vigília, este lidar de todos os 
momentos. O estado de minha pobre mãe. . . a 
compaixão que me inspira este infeliz mancebo, tão 
próximo talvez da morte!. . . Oh, terrível ideia! A morte! 
É ele tão jovem. . . Tão leal, e tão franca é a sua 
07
OSG3087-23 - Victor Paulo
fisionomia. . . meu Deus! Seria bem duro vê-lo morrer! 
Poupai-o, Senhor. Se eu pudesse, duplicaria os meus 
cuidados para salvá-lo! Oh, se eu pudesse. . .
À medida que o delírio do enfermo diminui, ele entra em 
um estado de alucinação mais tranquilo, onde parece estar 
cercado por ilusões reconfortantes. Úrsula fica aliviada ao ver a 
sua melhora. No entanto, o enfermo tenta segurar a mão de 
alguém que parece estar presente em suas visões, mas essa 
mão escapa dele.
Nesse momento ele vislumbra o amigo Túlio, e começa a 
refletir sobre a escravidão e a liberdade, e como tal liberdade 
pode se fazer a mente, através da imaginação, como o escravo 
que, cativo em terra alheia, sonha com o seu sertão africano. 
Ele compartilha a visão de que a mente humana é livre e 
que, mesmo em condições de escravidão, o pensamento pode 
voar para longe da realidade opressora.
Túlio chora, e naquele momento o jovem volta a dormir 
estando mais frio como nunca, seria a febre a acabar? Ou a 
morte a o levar? Túlio e Úrsula estão agora conectados àquele 
jovem tão romântico, ao mesmo tempo tão misterioso e 
enigmático e dia após dia redobraram seus cuidados, e no 
fundo, mesmo sempre dormindo emacalento, um sentimento 
misterioso e novo também nascia no peito do jovem rapaz.
Notas e análises
Nesse capítulo, o narrador cria uma atmosfera densa e 
misteriosa, introduzindo elementos de intriga e drama 
emocional. Os delírios do enfermo e a compaixão de Úrsula 
estabelecem uma base para o desenvolvimento dos 
personagens e a progressão da trama. A autora soube 
genialmente utilizar a natureza e a noite como elementos 
simbólicos para realçar as emoções e os conflitos internos dos 
personagens, criando assim uma narrativa rica em atmosfera e 
sentimentos. Além disso há os elementos não ditos que ainda 
nos põe em cur ios idade e há mais de ixas para 
questionamentos do que respostas: quem é Adelaide? Por 
que sua mãe foi citada? O que ocorreu para ele estar assim? E 
o mais importante: qual o nome desse homem que ali sofre?
Glossário do capítulo 2:
Noitibó, acauã – “ou pelo gemido triste de sentido 
noitibó, ou os agoureiros pios do acauã.” – O noitibó é uma 
ave noturna, pertencente à família dos caprimulgídeos, 
conhecida por seu canto triste e melancólico durante a noite. É 
frequentemente associado a ambientes noturnos e 
misteriosos. O acauã é outra ave noturna, também conhecida 
por seu canto noturno característico. É uma ave típica das 
regiões da América do Sul, especialmente do Brasil. A palavra 
"acauã" é mencionada para descrever o som que se une ao 
gemido do noitibó, contribuindo para a atmosfera silenciosa e 
melancólica da noite nos bosques.
Patentear – “e a donzela não se envergonhava de o 
patentear.” – tornar algo evidente, claro ou manifesto, 
geralmente por meio de ações, expressões ou demonstrações. 
Também pode se referir a revelar ou mostrar algo 
abertamente. No trecho, Úrsula não se envergonha de 
mostrar abertamente seus cuidados e compaixão pelo jovem 
enfermo. Ela expressa sua preocupação e carinho de forma 
visível, sem tentar esconder seus sentimentos.
Capítulo 3
DECLARAÇÃO DE AMOR
Vários dias se passaram, e o estado de saúde do hóspede 
de Luíza B. estava melhorando. Túlio, o jovem negro, e a bela 
Úrsula cuidavam dele e do ambiente saudável da região 
contribuía para sua recuperação. No entanto, o cavaleiro 
falava sobre sua partida iminente, o que entristecia Úrsula.
Túl io havia s ido alforr iado pelo mancebo em 
agradecimento por sua dedicação. Agora, Túlio estava livre e 
disposto a segui-lo para onde quer que fosse. A relação entre 
os dois era marcada por profunda gratidão chegando a causar 
uma certa inveja a garota confusa de seus sentimentos.
Enquanto a saúde do hóspede melhorava, a mãe de 
Úrsula estava cada vez mais doente, aproximando-se da 
morte. Úrsula cuidava dela com carinho, mas sua própria 
melancolia aumentava a cada dia.¹ Ela passava noites 
inquietas e contemplava amanheceres pensativos.
A jovem não conseguia entender a causa de seus 
sentimentos e estava perdendo sua alegria juvenil. Alguém 
observava essa transformação nela com amor e apreciava sua 
melancolia e palidez, mas Úrsula não compreendia seus 
próprios sentimentos, ela experimentava ali o sentimento do 
primeiro amor
Úrsula, malgrado seu, experimentava todo o fogo 
de um primeiro amor, bem o conhecia, e revoltava-se 
contra esse sentimento, que supunha não ser 
compartilhado, e atribuía-o a simples amizade. Embalde 
o coração lhe gritava, esclarecendo- a, ela julgava-se 
humilhada; reassumia toda a sua dignidade em face do 
cavaleiro, e só na solidão derramava o pranto de 
amargo e oculto padecer.
Ela realizava passeios matinais secretos pela mata, onde 
buscava alívio para seus pensamentos. Sua mãe apreciava sua 
gentileza e cuidado. No entanto, os problemas de saúde da 
mãe pioravam a cada dia.
O cavaleiro, quase totalmente recuperado, estava prestes 
a partir, mas ele não podia fazê-lo sem explicar algo a Úrsula. A 
partida dele se aproximava, e ele não conseguia evitar a 
saudade.
Nessa manhã, Úrsula, mais cedo do que o habitual, se 
aventurou profundamente na mata e descansou sob uma 
grande árvore jatobá. Ela estava oprimida por uma profunda 
angústia.
Ela é surpreendida por um homem, o cavaleiro 
convalescente, que antes de declarar sua partida, ajoelha-se e 
se declara apaixonado por ela. Úrsula fica inicialmente 
assustada, mas depois de uma conversa emocional, ela 
também confessa seu amor por ele. O cavaleiro compartilha 
sua história de amor passado e como Úrsula o curou desse 
amor anterior, que era doloroso. 
Ele pede que Úrsula o aceite e o ame em troca. Ela 
concorda e também promete amá-lo profundamente. O 
capítulo termina com o cavaleiro prestes a contar a Úrsula a 
história de sua vida, particularmente sobre sua mãe.
Notas e análises
¹ Interessante notar nessa passagem como a tristeza pela 
parte da noite influencia seus pensamentos ao molde do 
romantismo, ela ansiava pelo dia que lhe traria mais felicidade.
08
OSG3087-23 - Victor Paulo
Glossário do capítulo 3
Engolfava – “Pobre menina! Toda entregue a uma 
preocupação, cuja causa não podia conhecer ainda, 
engolfava-se de dia para dia em mais profunda tristeza.” – O 
termo "engolfava" refere-se a um processo de afundamento 
ou imersão profunda em algo, muitas vezes descrevendo um 
estado de absorção ou envolvimento completo. No contexto 
do trecho, indica que a personagem estava afundando cada 
vez mais em sua tristeza, sem compreender completamente a 
causa.
Eflúvios, cândido, langor - “[...] fazendo-lhe vibrar nas 
suas cordas todos os simpáticos eflúvios¹ que emanavam do 
peito cândido² e descuidoso da virgem. Esse alguém amava a 
palidez de Úrsula, esse alguém adorava-lhe a suave 
melancolia, e o doce langor³ de seus negros olhos[...]” – ¹ 
influências ou emanações sutis e muitas vezes imperceptíveis 
que podem afetar alguém ou algo. No trecho, os eflúvios são 
descritos como provenientes do peito cândido, ou seja, ²puro 
da virgem, sugerindo uma conexão emocional ou espiritual. ³ 
se refere a uma sensação de fraqueza, fadiga ou languidez. 
Pode também estar associado a um estado de melancolia 
suave e tranquilidade, como mencionado no trecho.
Louça – “[...]tão bela, tão pura, tão ingênua e tão 
louçã,[...]” – adjetivo que descreve algo que é belo, puro, 
delicado e imaculado. No trecho, é usado para caracterizar 
Úrsula, sugerindo sua beleza e pureza.
Exprobava, acremente - “lembrando-se de sua mãe, 
que tudo ignorava, exprobava¹-se a si acremente² de tão leve 
procedimento.” – ¹ adjetivo que descreve algo que é belo, 
puro, delicado e imaculado. No trecho, é usado para 
caracterizar a virgem, sugerindo sua beleza e pureza. ² 
"Acremente" é uma palavra que modifica o verbo 
"exprobava" e indica que a personagem estava se censurando 
ou repreendendo de forma severa e amarga por sua ação leve. 
Significa que ela estava sendo muito dura consigo mesma.
Capítulo 4
A PRIMEIRA IMPRESSÃO
Aqui se inicia a história contada pelo jovem, alegava que 
relembrar tal fato lhe trará imensa dor, mas que amor a ela 
assim o fará. Tendo ele se separado de sua terra natal e de sua 
mãe, foi cursar Direito em São Paulo e lá permaneceu por seis 
meses, tempo esse que utriu uma imensa saudade pela mãe e 
tendo recebido o diploma voltou para os braços dessa mulher 
a quem ele tanto amava.
No entanto, ao vê-la percebeu que ela estava abatida, mas 
depois tal suposta desfalecimento foi substituído pela alegria 
de ver o filho e foi então que a mãe apresentou Adelaide, 
moça e dama de companhia a qual mãe jurou proteger e 
cuidar e pediu que o filho fizesse o mesmo. O rapaz beijou a 
mão da mãe alegando tal promessa. Nessa hora conhecemos 
o seu nome, Tancredo.
O pai veio cumprimentá-lo, contudo fala que não 
sentia pelo pai o mesmo amor pela mãe, pois era ele um 
tirano e sua mãe, uma vítima da crueldade paterna.
É que entre ele e sua esposa estava colocado o mais 
despótico poder: meu pai era o tirano de sua mulher; e 
ela, triste vítima, chorava em silêncio, e resignava-se 
com sublime brandura.
Meu pai era para com ela um homem desapiedado e 
orgulhoso — minha mãe era uma santa e humildemulher.
Quantas vezes na infância, malgrado meu, 
testemunhei cenas dolorosas que magoavam, e de louca 
prepotência, que revoltavam! E meu coração 
alvoroçava-se nessas ocasiões apesar das prudentes 
admoestações de minha pobre mãe.
Tanto que o pai, por ciúmes da mãe não deixara, nos seis 
de curso fora de casa, o filho fazer visitas apenas para 
maltratar a esposa que chorava de saudades suas. Agora era 
diferente, e ele estava de volta, gostava de ver Adelaide e tinha 
por ela grande afeição e gostava pelo fato de que a moça dava 
alegria à sua mãe.
Descobriu ao longo do tempo que estava apaixonado pela 
jovem órfã, e depois declarou seu amor, mas Adelaide teria 
dito que era pobre e que o pai não permitiria tal união.
A mãe, ao saber do amor de ambos, estremeceu de medo, 
pois sabia que o pai não permitiria tal casamento, mas 
Tancredo acredita que o pai não lhe negaria o único pedido de 
sua vida, não mesmo.
No dia do aniversário de Adelaide, o jovem iludido pelo 
amor, quis falar ao pai, mas a mãe disse que iria em seu lugar e 
ele ficou a ouvir a conversa dos dois. 
O que ele ouviu foi aterrador. Percebeu ele que o pai era 
mais cruel do que o imaginado, um homem vil e desumano, 
maltratou a esposa e não consentiu em sua união, por mais 
que a mãe argumentasse ele ordenou que se retirasse de sua 
frente e ela obedeceu.
Notas e análises:
Esse capítulo é uma excelente oportunidade para se 
analisar o aspecto feminino dentro da obra principalmente por 
oferecer um vislumbre vívido das questões patriarcais e das 
normas sociais relacionadas ao casamento que prevaleciam na 
época em que a história se passa. 
Quatro pontos não podem passar despercebidos:
1. Patriarcado e Poder Masculino: o personagem 
masculino, no caso, o pai de Tancredo, a qual seu nome não é 
revelado, detém um poder quase absoluto sobre a família. Ele 
toma decisões importantes, como quem seu filho deve ou não 
se casar, sem levar em consideração os desejos ou sentimentos 
de outros membros da família, incluindo sua esposa. Isso 
ilustra como, naquela época, os homens frequentemente 
exerciam autoridade desmedida sobre as vidas e as escolhas 
de suas esposas e filhos.
2. Casamento arranjado e interesses financeiros: A 
oposição do pai de Tancredo ao casamento com Adelaide 
também destaca como os casamentos eram frequentemente 
arranjados por razões financeiras e sociais. O pai vê Adelaide 
como uma órfã sem fortuna e, portanto, inadequada para seu 
filho. 
3. Submissão das mulheres: A mãe de Tancredo, por 
outro lado, representa a figura feminina típica daquela época, 
caracterizada por sua submissão ao marido. Ela se esforça 
para apaziguar seu esposo, mesmo diante de seu tratamento 
desumano, e tenta persuadi-lo a aceitar o desejo de seu filho. 
Sua falta de poder e influência na tomada de decisões 
familiares reflete a realidade de muitas mulheres na sociedade 
patriarcal.
09
OSG3087-23 - Victor Paulo
4. Amor e casamento por escolha: A história de amor 
entre Tancredo e Adelaide contrasta fortemente com o 
casamento arranjado e as pressões sociais. Eles representam a 
ideia crescente de que o amor deveria ser uma parte central do 
casamento, em oposição às uniões baseadas apenas em 
interesses materiais ou familiares. No entanto, a resistência do 
pai de Tancredo destaca o desafio que casais enfrentavam ao 
tentar seguir seus próprios desejos românticos em uma 
sociedade onde o poder paterno era supremo.
É incrível vermos como a autora genialmente nos coloca 
em um enredo envolvente, com o pai como um vilão, rígido e 
desalmado que contrasta com a figura bondosa da mãe. Tais 
elementos de um membro da família cruel serão vistos mais 
tarde em O Seminarista, em que o pai de Eugênio proíbe o 
amor dele com Margarida, em Helena, de Machado de Assis, 
em que a mãe de Jorge o obriga a ir para a Guerra do Paraguai 
para esquecer Estela e fazê-la se casar com outro, em O 
Cabeleira, em que o pai, cangaceiro, retira o filho do seio 
materno para torná-lo bandido o que o afasta de Luísa, todos 
esses exemplos foram de livros publicados anos depois de 
Úrsula.
Capítulo 5
A ENTREVISTA
Tancredo interrompe a história para expressar sua 
profunda dor a Úrsula devido à humilhação que ele e sua mãe 
sofreram nas mãos de seu pai. Ele explica como tentou chorar 
diante de sua mãe, que aceitou a situação com humildade e 
resignação, enquanto ele próprio estava cheio de indignação.
Adelaide, a jovem por quem Tancredo está apaixonado, 
está presente e pede que a discussão e o sofrimento parem. 
Ela restitui os votos de Tancredo e pede que não desafie a 
cólera do pai.
Tancredo se oferece para sacrificar seu amor por Adelaide 
para evitar o sofrimento de sua mãe, mas ela recusa essa 
oferta e chora, nesse momento Tancredo na narrativa nos 
concede uma oferta de uma ação futura e cruel, note:
— Úrsula, minha Úrsula, só agora sei que essa 
mulher mentia, que suas lágrimas eram encadeadas¹ 
aleivosias², e suas palavras refalsadas³ como o seu 
coração.
Tancredo então procura seu pai para obter sua permissão 
para se casar com Adelaide. Seu pai, inicialmente com uma 
expressão de ódio, concorda em ouvir o motivo da visita de 
Tancredo, ao longo da conversa ele vai se acalmando e 
tentando explicar para o filho a procedência do pai de 
Adelaide, mas o jovem corta a conversa e insiste no 
casamento.
Tancredo explica seu amor por Adelaide e pede a 
permissão de seu pai para casar com ela. Seu pai concorda, 
mas com a condição de que eles esperem um ano antes do 
casamento e aproveita para lhe chamar a atenção para a 
seriedade do casamento e o papel da mulher no matrimônio:
- [...] A esposa que tomamos é a companheira eterna 
dos nossos dias. Com ela repartimos as nossas dores, ou 
os prazeres que nos afagam a vida. Se é ela virtuosa, 
nossos filhos crescem abençoados pelo céu, porque é ela 
que lhes dá a primeira educação, as primeiras ideias de 
moral; é ela enfim que lhes forma o coração, e os mete 
na carreira da vida com um passo, que a virtude marca. 
Mas, se pelo contrário, sua educação abandonada 
torna-a uma mulher sem alma, inconsequente, leviana, 
estúpida, ou impertinente, então do paraíso das nossas 
sonha- das venturas despenhamo-nos num abismo de 
eterno desgosto.
O pai novamente tenta alertar para o fato de que Adelaide 
era muito nova e ele ainda não a conhecia, e novamente o 
filho o interrompe. Depois o pai apresenta a Tancredo uma 
oferta de emprego que o levará para longe de sua província 
natal, alega que não poderá rejeitar tal emprego.
Tancredo fica devastado com a notícia de que será exilado 
de sua terra natal e pede a seu pai que ele possa se casar com 
Adelaide antes de partir. Seu pai fica furioso e exige que 
Tancredo aceite a condição imposta anteriormente.
O capítulo termina com Tancredo aceitando a condição de 
seu pai, embora com relutância e dor em seu coração.
Notas e análises:
¹ ato de ligar ou conectar algo em uma sequência 
ordenada
² ações ou palavras traiçoeiras
³ ato de tornar algo falso.
Este capítulo destaca os conflitos familiares, as emoções 
intensas dos personagens e a pressão social que afeta suas 
escolhas. Ele também mostra a complexidade das relações 
entre os personagens e as decisões difíceis que precisam 
tomar em nome do amor e do dever. Entretanto a função 
central desse capítulo é jogar luz no caráter ambíguo que 
permeia a personalidade de Adelaide, o narrador mostra 
indícios de que a experiência amorosa será mais desastrosa do 
que feliz, o que leva novamente o leitor a curiosidade e mantê-
lo preso ao próximo capítulo.
Capítulo 6
A DESPEDIDA
Em capítulo bastante curto em relação aos demais, a mãe 
fica sabendo das condições impostas e da repentina ida do 
filho, o que a põe ainda mais em pranto. 
Sobre Adelaide ele alega que o sentimento de sofrer não 
era verdadeiro e ao pai disse aliviasse a dor da mãe em sua 
ausência e que cuidasse de sua futura esposa.
O capítulo culmina com Tancredo se despedindo de sua 
mãe e de Adelaide. Apesar de sua determinaçãoem não ceder 
à emoção, ele acaba chorando diante delas. O último olhar de 
Adelaide é descrito como “cheio de ternura” e “dor”, pois ela 
compreende a gravidade da situação e a incerteza do futuro.
Capítulo 7
ADELAIDE
Tancredo reflete sobre sua vida no exílio e a ausência de 
notícias de Adelaide. Ele relembra a correspondência que 
recebia de sua mãe e como essa correspondência diminuiu 
gradualmente até cessar completamente. A falta de notícias o 
deixou angustiado, mas ele se recuperou de uma doença 
10
OSG3087-23 - Victor Paulo
grave e decidiu voltar para casa.
Antes de retornar à sua terra natal, Tancredo escrita com 
letras frágeis, como se houvesse dificuldade em escrevê-la, 
uma carta de sua mãe, mas não acusa seu pai de nada e não 
havia mencionado Adelaide. Ele também lê cartas de seu pai e 
de amigos, e descobre de fato que aquela carta de sua mãe 
tinha sido a última, ela estava morta.
O jovem cavalgou intermitente por quinze dias e ao chega 
sentiu o clima fúnebre do ambiente.
Quando finalmente encontra Adelaide em sua casa, fica 
encantado com sua beleza, chega por um instante a esquecer 
sua dor, mas sua felicidade é efêmera. Adelaide se mostra fria 
e distante, e diz: 
— Tancredo, respeitai a esposa de vosso pai!
Tancredo fica arrasado e acusa Adelaide de traição 
alegando inclusive que sua mãe teria morrido provavelmente 
devido à tristeza e ao sofrimento causados por essa situação.
Ele confronta seu pai e Adelaide, expressando seu 
profundo desgosto e amaldiçoando a tal madrasta, enquanto 
isso, a recém desposada ordena ao pai que o retire da sala, o 
pai fica sem reação apenas olhando para o chão, o clima fica 
intenso quando Tancredo alega que o pai havia sido um tirano 
para um mulher santa e que agora era um covarde para uma 
mulher demoníaca e continua a amaldiçoa-la:
Mulher odiosa, eu vos amaldiçoo! Por cada um dos 
transportes de ternura, que outrora meu coração vos 
deu, tende um pungir agudo de profunda dor; e dor, que 
me dilacera agora a alma, seja a partilha vossa na hora 
derradeira. Por cada uma só das lágrimas de minha mãe 
choreis um pranto amargo, mas árido como um campo 
pedregoso, doído como a desesperação de um amor 
traído. E nem uma mão, que vos enxugue o pranto, e 
nem uma voz meiga, que vos suavize a dor de todos os 
mo- mentos. O fel de um profundo, mas irremediável 
remorso, vos envenene o futuro e o desejado prazer, e 
no meio da opulência e do luxo, firam-vos sem tréguas 
os insultos de impiedosa sorte. Arfe o vosso peito, e 
estale por magoados suspiros, e ninguém os escute; e 
sobre esse sofrimento terrível cuspam os homens, e 
riam-se de vós.
Ele se retirou da casa e encerrou a história para Úrsula que 
concedeu sua mão para ele a beijasse.
Capítulo 8
LUÍZA B.
Esse capítulo se concentra em Luiza B., mãe de Úrsula, 
como já dito anteriormente, a mãe de Úrsula padecia por uma 
grave doença, era paralítica e essa condição fragilizou 
bastante sua saúde.
A filha tinha demorado ao encontro da mãe por conta da 
conversa com Tancredo, ela expressou preocupação sobre o 
jovem que desejava ir embora e tal lembrança a magoou ainda 
mais.
O jovem entrou na sala para cumprimentar a senhora que 
cuidara de sua saúde e a mãe de Úrsula passou a vê-lo e tentou 
até mesmo ler seu coração.
Viu como alguém bom e pensou em pedir que cuidasse de 
sua filha, mas hesitou, o jovem insistiu que ele pedisse o que 
desejasse. 
Ela então pediu que cuidasse de sua filha, alegou também 
que seu irmão F de P. tinha por ela imenso ódio. O motivo? 
Havia se casado com alguém inferior a escala da família.
Tendo despertado o ódio do irmão, o marido lhe trouxe 
grandes infelicidades até ter Úrsula, a paternidade, 
transformou-o, o que o fez querer reaver o dinheiro gasto com 
os vícios e os amores banais. Infelizmente, não teve tempo, o 
marido acabou sendo assassinado e irmão vingativo comprou 
a dívida da fazenda, elas viviam a mercê dele.
Tancredo também se identifica, o seu sobrenome revela 
uma posição social rica e bem estabelecida o que deixa Luiza 
ainda mais surpresa.
Além disso, Úrsula revela o seu amor a ele e ele deseja 
desposar Úrsula, a mãe não quer conceder a mão da filha, pois 
eles eram de posição mais baixa que a dele.
Entretanto, após a insistência de ambos a mãe os pede 
que se ajoelhem e assim abençoa o casal concedendo a tão 
sonhada promessa de um casamento.
Capítulo 9
A PRETA SUZANA
Para mim, um dos mais belos capítulos desse romance, 
Túlio irá partir com Tancredo e fora se despedir de sua “mãe” 
Suzana, uma velha senhora e fiadeira da fazenda. A preta o 
recrimina e chama-o de ingrato, pois em breve Úrsula ficará 
sozinha e ela também tem pouco tempo aquele mudo, quem 
cuidaria da jovem moça? Ainda mais pelo fato de que dona 
Luiza B. tratara-o como filho.
Túlio pede perdão, e diz que não estava trocando um 
cativeiro por outro, pois Tancredo havia sido alforriado pelo 
jovem rapaz, ele tinha enfim liberdade. Isso comove 
imensamente Suzana que até chora, Túlio se sente mal por 
despertar tamanha mágoa, mas a velha diz tais lágrimas a 
faziam recordar de que também provara da liberdade.¹
A velha começa a contar sua história, no tempo da 
colheita de milho e amendoim de sua terra africana, era moça, 
virtuosa, havia casado com um homem a quem muito amara, 
tivera um filho a quem muito lhe tinha amor, mas um dia, em 
meio a colheita, ouvira um assobio, e por um momento de 
descuido se vira amarrada por cordas, mesmo implorando 
pela liberdade os homens riam dela e veio para uma terra 
desconhecida, sofrer maus-tratos e abusos, narra com 
amargor a vinda de 30 dias passando fome, bebendo água 
podre e vendo muitos dos seus morrerem, ela assim diz:
M e t e r a m - m e a m i m e a m a i s t re z e n t o s 
companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e 
infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis 
tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é mais 
necessário à vida passamos nessa sepultura, até que 
abordamos às praias brasileiras. Para caber a mercadoria 
humana no porão fomos amarrados em pé, e, para que 
não houvesse receio de revolta, acorrentados como os 
animais ferozes das nossas matas, que se levam para 
recreio dos potentados da Europa: davam-nos a água 
imunda, podre e dada com mesquinhez, a comida má e 
ainda mais porca; vimos morrer ao nosso lado muitos 
companheiros à falta de ar, de alimento e de água. É 
11
OSG3087-23 - Victor Paulo
horrível lembrar que criaturas humanas tratem a seus 
semelhantes assim, e que não lhes doa a consciência de 
levá-los à sepultura asfixiados e famintos!
Muitos não deixavam chegar esse último extremo — 
davam-se à morte.²
Chegando ao Brasil fora comprado pelo comendador P., 
homem cruel que torturava e maltratava os escravos, depois 
houve o casamento de dona Luiza B. e viu a mulher também 
sofrer pela forma como o marido tratava os escravos, quando 
ele morreu, dona Luíza passou a tratá-los melhor, mas a magia 
e a saudade de sua liberdade eram insubstituíveis.³
“Túlio ajoelhou-se respeitoso ante tão profundo sentir” e 
mãe Suzana abençoou sua partida.
Notas e análises
¹ Na literatura do século XIX, especialmente no contexto 
do Romantismo, as vozes negras eram frequentemente 
silenciadas ou retratadas de maneira estereotipada. Maria 
Firmina dos Reis, como uma das primeiras escritoras negras no 
Brasil, quebrou essa tendência ao dar voz à personagem 
Suzana, uma escrava negra. Isso é notável porque permitiu 
que os leitores vissem a perspectiva e as experiências das 
pessoas escravizadas sob uma luz humanizada e autêntica, 
aspecto esse que só veriam duas décadas depois em Castro 
Alves.
² Isso funciona como uma denúncia contundente da 
crueldade e desumanidade do sistema escravista.
³ O capítulo também destaca a complexidade das relações 
entre senhores e escravos. Enquanto Suzana critica a 
crueldade de alguns senhores, ela também elogia a bondade 
da Senhora Luíza B. e sua filha. Isso demonstra que as relações 
entre senhores e escravos não eramunidimensionais, mas sim 
nuances e afetadas pela personalidade e caráter individual de 
cada pessoa.
A narrativa de Suzana ressalta a resiliência e a luta dos 
escravizados por liberdade e dignidade. Túlio, também 
representa essa busca por liberdade ao escolher seguir o 
senhor Tancredo em busca de uma vida melhor.
Glossário do capítulo 9
Rutilante – “via despontar o sol rutilante e ardente do meu 
país” - algo que brilha intensamente. – Nesse trecho Suzana 
descreve o seu país antes de ser capturada.
Capítulo 10
NA MATA
A história se desenrola com Úrsula, a protagonista, 
experimentando uma mistura de emoções. Ela sente uma 
saudade profunda de Tancredo, o homem que ama, mas que 
está prestes a partir. Esta saudade é temperada pela esperança 
de um reencontro, pois ambos compartilharam seus 
sentimentos e paixão.
O capítulo começa com Úrsula despedindo-se de 
Tancredo, que está prestes a partir. Ambos têm um amor 
intenso, mas sua despedida é repleta de tristeza e ansiedade. 
Tancredo promete retornar em breve, e Úrsula fica com a 
lembrança de seu amado.
No entanto, enquanto Úrsula está imersa em suas 
reflexões e saudades, ela se aventura na mata, onde Tancredo 
havia confessado seu amor a ela anteriormente. Lá, ela 
começa a chorar e lamentar a partida de Tancredo. Ela se 
lembra de seus momentos juntos e entalha o nome dele em 
uma árvore como um ato de carinho.
Enquanto Úrsula está na mata, um tiro de arcabuz é 
disparado, assustando-a. Ela encontra uma perdiz ferida e 
agonizante, e seu coração se enche de compaixão pela ave 
que chega a abraçá-la em seu peito sujando seu vestido. Neste 
momento, um homem desconhecido aparece diante dela, e 
ela fica assustada e perturbada por sua presença enquanto o 
homem misterioso a olhava com imenso afeto e carinho.
O desconhecido tenta se comunicar com Úrsula, mas ela 
inicialmente o rejeita, sentindo medo e desconfiança. No 
entanto, ele insiste e revela seus sentimentos por ela, chama-a 
pelo nome e vai expressando um amor intenso e pedindo seu 
afeto em troca. Úrsula se sente pressionada pela presença e 
pelas palavras do desconhecido, mas mantém sua distância e 
pede para ser deixada em paz. Ele é assim descrito:
Esse homem não estava no verdor dos anos; mas sua 
fisionomia, suposto que severa e pouco simpática, nessa 
hora crepuscular, que dá certa sombra a toda a natureza, 
não denunciava a sua idade. A pele sem rugas, os olhos 
negros e cintilantes, tinham um quê de belo, mas que 
não atraía. Era de estatura acima da medíocre, esbelto, e 
bem conformado; e as feições finas davam-lhe um ar 
aristocrático, que, quando não atrai, sempre agrada.
O homem misterioso diz ser amigo de sua mãe e até se 
emociona ao citá-la, mas ela o repreende dizendo que sua 
mãe sofrera muitas amarguras e que não tinha amigos.
O capítulo termina com o desconhecido implorando a 
Úrsula que não o odeie e afirmando que seu amor é ardente e 
respeitoso chegando a se ajoelhar e dizer que a partir daquele 
momento seria seu escravo.¹ No entanto, Úrsula continua a se 
sentir angustiada e desconfortável com a situação, enquanto 
o desconhecido expressa sua paixão e desejo de conquistá-la. 
O homem pede o amor em nome de sua mãe, e ainda pede 
uma palavra que o anime, mas ela diz que não poderá ceder 
tal palavra e pede que se identifique.
Ele diz que não poderá fazê-lo, pois se ela soubesse quem 
era, preferia que fosse amado como um desconhecido e até 
chega em alguns momentos a trocar a palavras doces por 
ameaças do tipo:
Rogai ao céu — acrescentou —, meiga e inocente 
donzela, rogai ao céu para que vos possa esquecer; 
porque se o meu amor prosseguir assim, extremoso, 
indomável, apaixonado, haveis de ser minha, porque 
ninguém me desdenha impunemente. Ouvis?
Úrsula se retira da floresta prometendo a si mesma nunca 
mais voltar lá. O homem fica a refletir sobre a donzela Úrsula 
quando ele diz:
— Mulher! Anjo ou demônio! Tu, a filha de minha 
irmã! Úrsula, para que te vi eu? Mulher, para que te 
amei? Muito ódio tive ao homem que foi teu pai: ele caiu 
às minhas mãos, e o meu ódio não ficou satisfeito. Odiei-
lhe as cinzas; sim odiei-as até hoje; mas triunfaste do 
meu coração, confesso-me vencido, amo-te! Humilhei-
me ante uma criança, que desdenhou-me e parece 
12
OSG3087-23 - Victor Paulo
detestar-me! Hás de amar-me. Humilhado pedi-te o teu 
afeto. Maldição! Paulo B., estás vingado!
Sim, o homem em questão é o tio de Úrsula F. de P *** 
citado no capítulo anterior.
Notas e análises
¹ nota-se aqui uma situação de vassalagem amorosa, em 
que o homem não tendo o amor de sua amada deseja ao 
menos servi-la como escravo para se manter próximo.
Nesse capítulo, a autora explora as emoções complexas de 
Úrsula, sua saudade e esperança em relação a Tancredo, e a 
introdução de um elemento misterioso na história com a 
aparição do desconhecido, que parece nutrir um amor 
obsessivo por ela justo quando Tancredo parte. A narrativa 
enfoca os conflitos emocionais e as tensões que Úrsula está 
enfrentando, enquanto também introduz intrigas adicionais à 
trama.
Capítulo 11
O DERRADEIRO ADEUS
Úrsula está passando por uma série de emoções 
conflitantes. Ela se sente sobrecarregada com as reviravoltas 
que ocorreram em sua vida. Inicialmente, ela estava feliz com 
o amor de Tancredo, mas agora está perturbada por um 
encontro na mata com um homem misterioso e ameaçador.
Úrsula se preocupa com as palavras apaixonadas e 
ameaçadoras do homem da mata, temendo que ele 
represente uma grande desgraça para ela. Ela também se 
recorda das manchas de sangue em suas roupas, que a 
perturbaram profundamente.
A personagem deseja que Tancredo a proteja contra esse 
homem desconhecido e acredita que o amor dele lhe dará 
forças para enfrentar as ameaças do estranho.
No entanto, Úrsula é atormentada por pesadelos durante 
a noite, nos quais o homem misterioso a assombra. Ela luta 
para encontrar paz e se desespera com a visão do homem 
ameaçador.
A situação piora quando Úrsula recebe uma carta de seu 
tio, o nome de Fernando nos é trazido ao final da assinatura. 
Luíza, sua mãe, fica preocupada com o motivo da visita de seu 
irmão e teme que ele ainda busque vingança, mas a carta 
expressa um tom imenso de arrependimento e retidão, dona 
Luiza fica em dúvida, mas a moça duvida de tal boa vontade, 
Úrsula também fica apreensiva e se pergunta por que 
Fernando está perturbando a paz de ambas naquele 
momento.
Quando Fernando chega, repentinamente após a 
conversa de Luiza e Úrsula, e se agarra ao peito da irmã, ele e 
Luíza têm um encontro emotivo e surpreendente, e Úrsula 
entra em pânico, reconhecendo nele o homem misterioso da 
mata e temendo por sua segurança, isso acarreta ainda mais o 
desespero e ansiedade na menina.
O narrador adentra no espírito de Fernando, inclusive a 
forma como tratava os escravos da casa, observe:
Fernando combatia a dezoito anos o poder desse 
amor fraterno, e seu orgulho conseguiu por algum 
tempo o que o coração repugnava, o que a razão e a 
inteligência condenavam, e o que ele sentia 
dolorosamente, porque só nesse afeto lhe estava a 
ventura de toda a sua vida.
E para vencer-se obstinadamente evitava a vista de 
sua irmã, a que não poderia resistir, para bem saciar a 
sua vingança, para bem flagelar-se, flagelando-a na sua 
desgraça.
Fernando tinha vivido solitário, e desesperado com 
essa luta terrível do coração com o orgulho: e esses 
desgostos íntimos, que ele próprio forjava, o tinham 
embrutecido, e tanto lhe afeiaram a moral, que era 
odiado, e temido de quantos o praticavam ou 
conheciam de nome.
Ele tornara-se odioso e temível aos seus escravos: 
nunca fora benigno e generoso para com eles; porém o 
ódio, e o amor, que lhe torturavam de contínuo, fizeram-
no uma fera, um celerado.
Nunca mais cansou de duplicar rigores às pobres 
criaturas que eram seus escravos! Apraziam-lhe os 
sofrimentos destes porque ele também sofria.¹
Para Úrsula a percepção era a mesma e o temor da morte 
da mãe jogava ela em um abismo de

Mais conteúdos dessa disciplina