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Redemocratização no Brasil: de José
Sarney a Fernando Collor
Os fenômenos de criação da chamada Nova República.
Prof. Daniel Pinha
1. Itens iniciais
Propósito
A compreensão dos movimentos de criação da Nova República é fundamental aos pesquisadores de História
para inserção no mundo do trabalho e interpretação do Brasil contemporâneo.
Objetivos
Analisar o processo político da redemocratização brasileira e da crise da Ditadura Militar até as 
eleições indiretas para presidente da República em 1985.
Reconhecer a conjuntura política e econômica do governo Sarney na elaboração da Constituição de 
1988 como passo decisivo para a consolidação democrática brasileira.
Identificar a conjuntura que envolveu a ascensão e a queda de Fernando Collor.
Introdução
Vamos analisar a década de 1980 e o início dos anos 1990 no Brasil, momento reconhecido como o de
fundação da Nova República. Dividiremos nosso estudo em três recortes: a transição da Ditadura Militar, o
governo Sarney e o governo Collor.
Para isso, primeiramente abordaremos o processo político da redemocratização brasileira, indo da crise da
Ditadura Militar até a realização das eleições indiretas para presidente da República em 1985. Depois, em um
segundo momento, nosso foco será este: reconhecer a conjuntura política e econômica do governo Sarney na
elaboração da Constituição de 1988 como passo decisivo para a consolidação democrática brasileira. Por fim,
vamos nos dedicar a identificar a conjuntura que envolveu a ascensão e a queda de Fernando Collor.
• 
• 
• 
Posse de Ernesto Geisel como presidente da República.
Corpo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, morto
após a explosão de uma das bombas do Atentado do
Riocentro.
1. O processo de redemocratização 
Crise da Ditadura Militar e a abertura política
Podemos dizer que o processo de
redemocratização se iniciou com o projeto de
"distensão lenta, gradual e segura" iniciado no
governo militar de Ernesto Geisel (1974-1979),
tomando impulso em 1979 com a aprovação da
Lei de Anistia e a reforma partidária. A primeira
eleição de um civil à presidência da República,
após duas décadas de governos militares,
ocorreu, portanto, por meio de um pleito
indireto.
De acordo com Gelsom Almeida (2011), a
escolha do general Figueiredo manteve em
curso o projeto de abertura controlada,
substituindo paulatinamente o AI-5 por dispositivos constitucionais. Cabe ressaltar, ainda segundo o autor, o
aumento da representação parlamentar das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste nas eleições de 1978:
isso teria pressionado o governo a promover reformas, como a anistia recíproca e a reforma partidária. 
Esse processo de abertura não ocorreu sem
que houvesse um tensionamento da linha dura:
eles mantinham o controle da comunidade de
informações e relações com o aparelho de
Estado, realizando ações violentas com o
objetivo de pôr em risco o processo de
abertura. O exemplo mais marcante, nesse
sentido, é o atendado à bomba no Riocentro,
em 1981.
Veja mais detalhes sobre esse acontecimento e
fique por dentro de tal marco histórico.
Saiba mais
Em um evento musical que comemorava o Dia do Trabalho, em 30 de abril de 1981, um episódio marcou
a atuação da chamada linha dura no processo de redemocratização. Uma bomba foi colocada em um
carro, levando à morte o sargento Guilherme do Rosário e ferindo o capitão Wilson Machado. O objetivo
era atribuir o atentado a grupos que promoviam a oposição à Ditadura Militar, o que levaria à
necessidade de aumento do aparato repressor, diminuindo o processo de abertura em curso (MEMÓRIA
GLOBO, 2022). 
Fotografias registram o inquérito desse atentado. Observe as duas imagens a seguir:
Leonel Brizola por volta da década de 1960.
O Exército apresenta os resultados do inquérito.
O compartilhamento dos dados estatísticos.
A abertura ao pluripartidarismo feita pelos militares evitava que as eleições mantivessem o caráter
plebiscitário – entre aqueles que eram a favor ou contra o governo – adquirido nos anos anteriores. Ao mesmo
tempo, dissolvia a oposição ao regime, aglutinada em torno do Movimento Democrático Brasileiro (MDB),
principal partido de oposição. 
A instauração do pluripartidarismo permitia
ainda a recomposição política de setores até
então afastados pelo golpe militar de 1964.
Esse era o caso dos trabalhistas, liderados por
Leonel Brizola, do Partido Democrático
Trabalhista (PDT), e dos novos atores políticos
oriundos de movimentos sociais e lutas dos
trabalhadores do final da década de 1970,
reunidos em torno do Partido dos
Trabalhadores (PT), formado em 1980.
Para Maria Paula Nascimento Araujo (2004),
diversas organizações da sociedade civil
tiveram destaque nesse processo de
redemocratização, com destaque para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de
Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O que estava em jogo era a restauração
dos direitos civis, suspensos pela Ditadura Militar, como a liberdade de expressão, a volta do habeas corpus
(suspenso com a promulgação do AI-5) e o fim da censura.
Esses movimentos tiveram papel central também na denúncia da violência de Estado e da prática sistemática
da tortura, compreendendo-a como política de Estado, e não como ação individual de um agente de
segurança.
Página 1 do Ato Institucional Número Cinco (AI-5).
Ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva, a quem a redação do AI-5 é
atribuída.
Sobre a denúncia da prática da tortura e da violência de Estado contra opositores perpetrada durante a
Ditadura Militar, cabe ressaltar a importância do projeto Brasil: nunca mais, resultado de uma iniciativa do
Conselho Mundial de Igrejas e da Arquidiocese de São Paulo a partir de pesquisas em 850 mil páginas de
processos do Superior Tribunal Militar. A investigação resultou no livro Brasil: nunca mais, organizado por D.
Paulo Evaristo Arns, em 1985, que revelou com detalhes as violações aos direitos humanos ocorridas durante
o regime ditatorial. (PROJETO BRASIL: NUNCA MAIS, 2022)
Capa do livro Brasil: nunca mais, de D. Paulo Evaristo Arns.
Outra frente de resistência democrática à Ditadura foi a atuação dos estudantes, do movimento operário e dos
camponeses. Criminalizados pelo regime por praticarem atos considerados “subversivos”, eles tiveram um
papel marcante nesse processo de abertura. Nesse contexto, cabe ressaltar a reorganização da UNE e o
surgimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (1984).
Manifestação estudantil contra a Ditadura Militar, 1968.
Vale destacar ainda a importância das greves operárias ocorridas entre 1978 e 1980 e a atuação do chamado
novo sindicalismo. Como lembra Almeida (2011): 
O início do processo de democratização coincidiria com a emergência da fábrica como espaço político.
Sobretudo a partir da indústria moderna, que geraria em grau extremado o diverso e o heterogêneo no
interior das fábricas, induziria ao enfrentamento com a CLT, incapaz de assimilar as novas demandas do
operariado dos centros dinâmicos industriais.
(ALMEIDA, 2011, p. 10)
Nesse período, parte das lideranças sindicalistas teria sua atenção voltada para a formação do PT. A própria
Central Única dos Trabalhadores (CUT), no momento de sua fundação (1983) e em seus primeiros anos, teria
um caráter mais amplo que a atuação sindical, buscando alternativas que se somassem ao processo de
construção da autonomia da classe trabalhadora em interlocução com diversos movimentos sociais.
O PT é oficializado como partido político em 10 de fevereiro de 1980 pelo Tribunal
Superior de Justiça Eleitoral.
CUT no momento de sua fundação (1983).
O retorno da democracia política, porém, foi adiado com a derrota do movimento denominado Diretas Já em
abril de 1984. A primeira eleição de um civil à presidência da República, após duas décadas de governos
militares, se deu, portanto, por meio de um pleito indireto.
A campanha das Diretas Já
Passeata no centro de São Paulo em 16 de abril de
1984.
A proposta do retorno das eleições diretas para
a presidênciada República ganhou força após
as eleições estaduais de outubro de 1982. O
resultado das urnas revelou a consolidação dos
partidos de oposição - em especial do PMDB,
vitorioso em nove estados: Minas Gerais, São
Paulo, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso do
Sul, Goiás, Amazonas, Pará e Acre. Registrou-
se também a surpreendente vitória de Leonel
Brizola, do PDT, na eleição para o governo do
estado do Rio de Janeiro. A perda da maioria
absoluta na Câmara de Deputados pelo
governo gerava dificuldades não só para a
aprovação de propostas do governo, mas
também para a própria sucessão presidencial.
Em março de 1983, graças a um acordo entre
os partidos de oposição, o deputado federal
Dante de Oliveira (PMDB-MT) apresentou ao Congresso Nacional uma emenda constitucional que propunha o
fim do Colégio Eleitoral e o retorno das eleições diretas para presidente e vice-presidente para as eleições
seguintes, previstas para 1985. Essa emenda provocou uma grande mobilização social por meio de passeatas
que ocuparam as ruas das principais capitais brasileiras, como Salvador, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto
Alegre, reunindo no mesmo palanque lideranças políticas de diversas correntes partidárias e ideológicas, além
de intelectuais, artistas e lideranças do meio jurídico e jornalístico. 
Deputado Dante de Oliveira, autor da emenda das Diretas Já.
Comício das Diretas que reuniu 300 mil pessoas em MG.
A campanha carregava as expectativas democráticas que atravessavam o regime, compreendendo que o
restabelecimento do voto direto para presidente era o caminho não só para a restauração das liberdades
individuais e da organização político-partidária, mas também para o enfrentamento dos problemas
econômicos e sociais que assolavam o país, sobretudo a inflação e o desemprego.
Em São Paulo, epicentro da campanha pelas Diretas Já, a passeata de 25 de janeiro, data de aniversário da
cidade, reuniu 200 mil pessoas na Praça da Sé, como se pode observar na imagem a seguir. Em abril de 1984,
na semana da votação, a mobilização alcançou seu auge, com a realização de quatro gigantescas
manifestações em São Paulo, Brasília, Goiânia e Rio de Janeiro.
Comício pelas eleições diretas na Praça da Sé (SP) em 25 de janeiro de 1983.
A leitura de alguns trechos da Emenda Dante de Oliveira, de 1983, é elucidativa para se entender o que estava
em jogo na discussão acerca das Diretas Já:
Charge de Henfil no período das Diretas Já.
Apresentamos esta emenda com o intuito de restabelecer a eleição direta do presidente e vice-
presidente da República. O que se colima é restaurar a tradição da eleição direta por meio do voto
popular, tradição essa fundamentalmente arraigada não só no Direito Constitucional brasileiro, como
também nas aspirações de nosso povo. Desde a primeira Constituição republicana, a eleição direta do
primeiro mandatário da nação foi um postulado que se integrou na vida apolítica do país. E os maiores
presidentes que o Brasil já teve vieram, todos eles, ungidos pelo consenso popular. [...] A legitimidade do
mandato surge límpida, incontestada, se sua autoridade for delegação expressa da maioria do
eleitorado. Assim, o presidente passa a exercer um poder que o povo livre e expressamente lhe conferiu.
Esse passa a ser o mais alto representante desse mesmo povo, que não somente o escolheu, mas
[também] apoiou suas ideias, seu programa, suas metas. Difere do que ocorre com outros candidatos,
escolhidos em círculos fechados e inacessíveis à influência popular e às aspirações nacionais. Um
presidente eleito pelo voto direto está vinculado ao povo e com ele compromissado. As eleições diretas
para presidente da República pressupõem um novo pacto social.
((BRASIL, 2022b)
A votação da Emenda Dante de Oliveira foi marcada para o dia 25 do mês de abril. Para sua aprovação, eram
exigidos dois terços dos votos do Congresso Nacional.
A possibilidade da vitória do projeto era, no entanto, remota, uma vez que o PDS controlava quase metade das
cadeiras na Câmara dos Deputados (235 das 479) e bem mais da metade no Senado (46 das 69).
Na campanha pelas Diretas, há o claro
fortalecimento de dois pilares da democracia
representativa: as eleições e os partidos
políticos.
 
Por um lado, o grito “Um, dois, três, quatro,
cinco mil, queremos eleger o presidente do
Brasil!”, entoado nas ruas, revelava a
expectativa e o desejo de que o voto e as
eleições diretas fossem capazes de representar
a soberania popular, servindo como
contraposição ao modelo de negação de
direitos políticos empreendidos pelos militares.
O restabelecimento do voto direto em todos os
níveis era compreendido também como o
caminho para a resolução dos diversos problemas que assolavam o país, como os baixos salários, a falta de
segurança e a inflação. Por outro lado, foi um movimento que contou com a liderança dos principais dirigentes
político-partidários da época, como Ulysses Guimarães, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e
Leonel Brizola.
A união dessas lideranças evidenciava a força de mobilização por parte de partidos com programas
diferentes, mas com o objetivo comum de romper com a Ditadura. Em suma, tratava-se de uma clara aposta
nas instituições da democracia representativa e em sua capacidade de alavancar um novo tempo.
Líderes políticos pedem "Diretas Já" (Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro,
Tancredo Neves, Dona Mora, Ulysses Guimarães e Leonel Brizola) pelas ruas do
centro de São Paulo antes do último Comício Pró-Diretas.
O movimento pelas eleições denominado Diretas Já reuniu. em grande medida. as aspirações desse grupo de
oposição à Ditadura, restaurador da democracia liberal-representativa e das liberdades civis e políticas
asseguradas por ela. Não por acaso, Ulysses Guimarães consagrou a mobilização e a mencionou no discurso
de promulgação da Constituição de 1988:
Foi a sociedade, mobilizada nos colossais comícios das Diretas Já, que,
pela transição e pela mudança, derrotou o Estado usurpador.
(BRASIL, 2022a)
As eleições indiretas
Fundado no contexto da abertura partidária em 1980 como sucessor da Aliança Renovadora Nacional
(ARENA), principal partido de sustentação do regime ditatorial, o Partido Democrático Social (PDS) possuía a
maior quantidade de votos no Colégio Eleitoral. Esperava-se, assim, que a indicação do PDS fosse o suficiente
para apontar quem seria o novo presidente da República.
A disputa no interior do partido se deu em torno de três nomes:
Chapa Aliança Democrática, junho de 1984.
Aureliano Chaves
Então vice-presidente da República.
Mário Andreazza
Ministro do Interior do governo Figueiredo.
Paulo Maluf
Ex-governador de São Paulo.
A escolha pelo nome de Maluf acabou gerando uma fratura no partido que, ao fim e ao cabo, abriu caminho
para que a oposição vencesse a disputa. Contrário à indicação de Maluf e tendo à frente Aureliano Chaves e
José Sarney, um grupo de dissidentes do PDS fundou, em junho de 1984, a Frente Liberal. 
Meses depois, em agosto, esse grupo se uniria
ao Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB), formando a chapa Aliança
Democrática. Foi essa chapa que, em janeiro de
1985, venceu as eleições indiretas, tendo
Tancredo Neves como presidente da República
e José Sarney como vice: eles receberam 480
votos, enquanto Paulo Maluf, do PDS, ficou com
180.
Os dois principais partidos do campo da
esquerda tiveram posições diferentes em
relação a essa eleição:
Enquanto o PDT, de Leonel Brizola, apoiou a candidatura de Tancredo, o PT, sob a liderança de Luiz Inácio
Lula da Silva, absteve-se do pleito por acreditar que se tratava de um acordo costurado “por cima”. Três
deputados petistas não seguiram a orientação partidária e terminaram expulsos por votar em Tancredo: Airton
Soares, Bete Mendes e José Eudes. 
Apesar de liderar todo o processo político de redemocratização e ser eleito, Tancredo Neves não
chegou à presidência.
Após vencer o pleito indireto, Tancredo foi acometido por uma diverticulite e, doente, não conseguiu tomar
posse em 15 de março. Cerca de um mês depois,em 21 de abril de 1985 (data comemorativa do feriado de
Tiradentes), ele faleceu, fazendo com que José Sarney assumisse o poder de maneira definitiva.
Tancredo Neves é saudado por populares em Brasília (1984).
Café com especialista
Vamos discutir sobre a formação da Nova República
Nessa conversa, os professores Rodrigo Rainha e Daniel Pinha debatem a formação da Nova República entre
um gole de café e outro. 
Conteúdo interativo
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PDT 
Partido Democrático Trabalhista.
PT 
Partido dos Trabalhadores.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Abertura política
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Diretas Já
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Tancredo Neves
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Leia atentamente o trecho abaixo antes de responder.
 
Não nos resta a menor dúvida de que a principal contribuição dos diferentes tipos de movimentos sociais
brasileiros nos últimos vinte anos foi no plano da reconstrução do processo de democratização do país. E não
se trata apenas da reconstrução do regime político, da retomada da democracia e do fim do Regime Militar.
Trata-se da reconstrução ou construção de novos rumos para a cultura do país, do preenchimento de vazios
na condução da luta pela redemocratização, constituindo-se como agentes interlocutores que dialogam
diretamente com a população e com o Estado.
 
Adaptado de: GOHN, M. G. M. Sem-terra, ONGs e cidadania. São Paulo: Cortez, 2003.
 
No processo da redemocratização brasileira, os novos movimentos sociais contribuíram para:
A
diminuir a legitimidade dos novos partidos políticos então criados.
B
tornar a democracia um valor social que ultrapassa os momentos eleitorais.
C
difundir a democracia representativa como objetivo fundamental da luta política.
D
ampliar as disputas pela hegemonia das entidades de trabalhadores com os sindicatos.
E
fragmentar as lutas políticas dos diversos atores sociais frente ao Estado.
A alternativa B está correta.
Os movimentos sociais foram fundamentais na mobilização da sociedade na busca por representatividade e
por uma voz na participação dos rumos da nação, assim como para o processo de construção de
consciência política e autonomia da classe trabalhadora.
Questão 2
O mandato presidencial do general Figueiredo caminhava para o final e se temia que, mais uma vez, o
presidente fosse escolhido por um Colégio Eleitoral, que deveria, como sempre, referendar o nome indicado
pelos detentores do poder. Para alterar tal perspectiva, a oposição apresentou uma emenda constitucional
que pretendia introduzir as eleições diretas. A Emenda Dante de Oliveira, nome do deputado do PMDB, pelo
Mato Grosso, que a apresentou, foi votada sob grande expectativa popular depois de ampla mobilização
popular na campanha Diretas Já. A decisão do Congresso Nacional, no dia da votação (25/4/1984) na Câmara
dos Deputados, foi de:
A
rejeição, pois a emenda necessitava de 2/3 dos membros do Congresso, mas faltaram 22 votos para alcançar
tal marca.
B
aprovação, resultado que garantiu a vitória de Tancredo Neves, candidato das oposições, nas eleições diretas
para a presidência em 1985.
C
aprovação; entretanto, a eleição direta para presidente não valeria para a eleição de 1985, só passando a valer
na eleição seguinte.
D
aprovação, mas a intervenção das Forças Armadas impediu a realização da eleição.
E
rejeição, tendo a interferência das Forças Armadas imposto a eleição de José Sarney, candidato do governo.
A alternativa A está correta.
Embora o desejo da população representado na campanha das Diretas Já fosse uma eleição direta para
presidente, não houve, no Congresso Nacional, uma base disposta a aprovar tal emenda, uma vez que o
PDS, de base governista, controlava quase metade das cadeiras na Câmara dos Deputados (235 das 479).
2. O governo Sarney e a Constituição de 1988
O governo Sarney e a crise econômica
Dois grandes desafios atravessaram o governo de José Sarney na presidência da República: 
Ponto de vista econômico
Conter a alta da inflação e a crise econômica
como um todo.
Perspectiva política
Levar adiante o processo de redemocratização.
Tentativas de contenção da inflação
De acordo com Almeida (2011), a política econômica do governo Sarney conheceu várias oscilações, ora
contando com apoio da população, ora com o descrédito dela. A inflação chegou a alcançar incríveis 1.000%
ao ano, corroendo a renda e o salário dos trabalhadores.
A solução seria promover, nos termos de Almeida (2011), um novo equilíbrio fiscal, enxugando o financiamento
do setor público:
Além do fim da “espiral inflacionária” e seus efeitos perversos, buscava-se um ajuste fiscal e a
recomposição da capacidade de financiamento do setor público em condições mais favoráveis.
Resumindo, o controle do processo inflacionário seria somente o primeiro passo de uma estratégia de
política econômica mais ampla, que, para ter algum êxito, precisaria avançar na direção de “problemas
estruturais” da economia brasileira. Entre esses, as prioridades se encontrariam na questão fiscal e do
financiamento, sendo essa última condição para que a primeira tivesse alguma chance de ser resolvida.
(ALMEIDA, 2011, p. 69)
De forma articulada, a política monetária teve as seguintes medidas:
 
Aumento da taxa de juros real de curto prazo.
Controle do crédito ao setor privado, alteração dos limites dos cheques especiais, redução dos prazos
de financiamento e do pagamento dos cartões de crédito e aumento do recolhimento compulsório.
• 
• 
Logotipo do FMI.
Redução das pressões das operações com moeda estrangeira por meio da suspensão dos leilões
mensais de conversão da dívida externa em capital de risco.
O governo Sarney adotou três planos econômicos. O primeiro foi o Plano Cruzado, anunciado em 1º de março
de 1986.
Além de alterar a moeda brasileira para o cruzado, esse plano tinha como medidas o congelamento dos
preços e salários, que seriam abonados em 8%. Caso o índice de inflação fosse superior à 20%, seria adotado
um “gatilho”.
O objetivo era aumentar o poder de compra, o volume de recursos financeiros posto em circulação e a
geração de empregos.
Embora tenha alcançado um êxito inicial, no
final do ano de 1986 o mercado sentiu o
superaquecimento da economia. No ano
seguinte, o ministro Dilson Funaro tomou um
medida que agravou ainda mais a situação:
declarar a moratória da dívida pública e
suspender o pagamento da dívida externa aos
bancos privados. A medida teve como
resultado um cenário econômico que beirava a
hiperinflação, chegando a 365,7% ao ano. Em
novembro de 1987, a moratória foi suspensa
após o pagamento de 500 milhões de dólares
ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os outros dois planos foram o Plano Bresser,
adotado em janeiro de 1988 sob o comando do
ministro Luis Carlos Bresser Pereira, e o Plano
Verão, em janeiro do ano seguinte. Nenhum deles obteve êxito: a inflação chegou a alcançar um patamar
superior a 1.000% no final do ano de 1989.
Sarney, o primeiro presidente após o fim da Ditadura Militar, teve como herança a
inflação e a recessão econômica em seu governo.
A Constituição Cidadã de 1988
A convocação das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, juntamente com o pleito para a
renovação dos executivos estaduais, ocorreu no ano de 1986. Amplamente favorável ao PMDB, o resultado
ainda era um reflexo das conquistas alcançadas pelo Plano Cruzado, o qual, logo após as eleições, começaria
a fracassar.
Desse modo, o PMDB elegeu os governadores de todos os estados (menos o de Sergipe, onde ocorreu a
vitória do PFL) e conquistou a maioria absoluta das cadeiras da Câmara dos Deputados (260 de um total de
487) e do Senado (38 das 49 cadeiras em disputa). Instalada em 1º de fevereiro de 1987, a Assembleia
Nacional Constituinte teve seustrabalhos encerrados em 5 de outubro de 1988.
• 
Observe o quantitativo dos votos nas eleições gerais no Brasil em 1986:
Eleições Gerais de 1986: 487 deputados federais, 49 senadores, 23 governadores e
947 deputados estaduais.
Governadores eleitos por partido. 
Como descreve Luis Roberto Barroso (2001), a nova Carta buscou um equilíbrio entre os interesses do capital
e do trabalho de modo que, ao lado da livre iniciativa, alçada à condição de princípio fundamental da ordem
institucional brasileira, consagrou regras de intervenção do Estado no domínio econômico, inclusive
reservando determinados setores econômicos à exploração por empresas estatais.
Além disso, Barroso destaca o quanto a Carta de 1988 reduziu o desequilíbrio entre os poderes da República –
que, no período militar, haviam sofrido o abalo da hipertrofia do Poder Executivo por meio dos Atos
Institucionais –, ampliando as competências e as atribuições do Legislativo e a autonomia do Judiciário.
Uma novidade importante é a abertura dada pela Constituição à participação popular direta. 
Além da representação política e do modelo eleitoral, a participação direta vocaliza a pluralidade e a
divergência de projetos políticos no seio da sociedade. Nesse sentido, a sociedade civil é vista como um
agente cotidiano no processo político, e não só na eleição de representantes.
Participação social como base e defesa da democracia.
Embora as conquistas no campo dos direitos sociais tenham sido inegáveis, logo surgiu a preocupação de que
algumas das mudanças promovidas pela Constituição poderiam acarretar dificuldades, principalmente na área
econômica e financeira.
Exemplo
O novo sistema tributário retirou recursos da União, repassando-os a estados e municípios sem que eles
assumissem obrigações de gastos em nível correspondente. 
Outras determinações foram criticadas por destoarem do projeto neoliberal que começava a ganhar espaço
nos países da América Latina na década de 1980. Entre outras questões, havia a avaliação de que a
manutenção da aposentadoria por idade viria a sobrecarregar a previdência social e que a estabilidade dos
funcionários públicos representava um obstáculo à “flexibilização” da máquina administrativa estatal.
Foram preservadas também prerrogativas das Forças Armadas, definidas como garantidoras da lei e da ordem
interna. Elas podem, portanto, intervir a qualquer momento em assuntos de segurança interna.
É em um clima de intensa mobilização democrática que a Constituição de 1988 é promulgada. 
O texto da Constituição expressa as ambiguidades que marcam o debate sobre a democracia vivenciado na
década de 1980: ruptura com a Ditadura Militar, mas sob a égide de uma transição pactuada, sem apuração,
julgamento e responsabilização dos crimes cometidos pelos agentes do regime; e defesa de uma igualdade
jurídica e política, sustentada no fortalecimento de instituições da democracia liberal-representativa e da
admissão do papel do Estado como garantidor de direitos sociais, sem, contudo, romper com as bases
estruturantes de um modelo capitalista tão fortalecido sob a vigência da Ditadura. 
Ulysses Guimarães segura uma cópia da Constituição de 1988.
Uma das edições originais da Constituição de 1988, exposta no Museu do Supremo
Tribunal Federal (STF).
O discurso de Ulysses Guimarães no dia da promulgação da Constituição de 1988 sintetiza as aspirações
democráticas contidas na nova Carta. O voto popular e a disputa pública eleitoral, tão comemorados nas
campanhas pelas Diretas Já, tornaram-se canais privilegiados de negociação por parte da sociedade.
As palavras de Guimarães são contundentes:
Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição,
trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o
cemitério. Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. [...] Há, portanto, representativo e oxigenado sopro de
gente, de rua, de praça, de favela, de fábrica, de trabalhadores, de cozinheiras, de menores carentes, de
índios, de posseiros, de empresários, de estudantes, de aposentados, de servidores civis e militares,
atestando a contemporaneidade e autenticidade social do texto que ora passa a vigorar. [...] O povo
passou a ter a iniciativa de leis. Mais do que isso, o povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo
referendo os projetos aprovados pelo Parlamento. [...] Foi a sociedade, mobilizada nos colossais
comícios das Diretas Já, que, pela transição e pela mudança, derrotou o Estado usurpador. Termino com
as palavras com que comecei esta fala: a nação quer mudar. A nação deve mudar. A nação vai mudar. A
Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança. Que a
promulgação seja nosso grito: – Mudar para vencer! Muda, Brasil!
(GUIMARÃES, 1988)
É clamando por mudança que o presidente da Assembleia Nacional Constituinte conclui esse histórico
discurso. Ele defende a superação do autoritarismo, a defesa irrestrita da participação popular nos processos
políticos – tanto por meio da representação quanto por meio da participação direta – e uma agenda voltada
para a garantia de direitos sociais, sendo capaz de reduzir as desigualdades sem abalar as estruturas do
modelo capitalista. 
A Ditadura é o “caminho maldito”, a porta do passado que deve ser fechada, a negação das
liberdades e direitos dos cidadãos. 
A Constituição, sua antítese, é a expressão não só de um novo tempo de liberdades, mas também de
pluralidade e participação, preparada com “sopro de gente, de rua, de praça, de favela, de fábrica, de
trabalhadores, empresários, servidores civis e militares”, ou seja, direcionada aos interesses dos mais diversos
segmentos e classes sociais.
Se o texto define o voto como meio privilegiado de participação do povo nas decisões políticas, Ulysses
mostra o quanto essa dimensão representativa não elimina a participação direta e as iniciativas populares: “o
povo passou a ter a iniciativa das leis”. Sendo o “superlegislador”, ele pode participar diretamente da vida
política, indo além do momento de eleição de seus representantes ou da organização partidária.
Ao lado de vários parlamentares, Ulysses Guimarães, então presidente da Câmara
dos Deputados, é aplaudido na última sessão da Assembleia Constituinte. A nova
Constituição foi chamada de Constituição Cidadã pelos avanços sociais que
incorporou em seu texto.
Café com especialista
Sarney e a aristocracia política na Constituição de 1988
Entre goles de café, os professores Daniel Pinha e Rodrigo Rainha conversam sobre Sarney e a aristocracia
política na Constituição de 1988. 
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A posse de Sarney
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A Constituição como negativa à ditadura
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A Constituição Cidadã
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Verificando o aprendizado
Questão 1
A respeito da transição democrática no Brasil, assim escreveu o historiador Marcos Napolitano:
 
“Se a transição democrática começou contrariando a vontade de milhões de brasileiros que não puderam
influenciar no destino político do país, os valores democráticos exercitados nos últimos anos pela oposição
civil como um todo marcaram época e foram o contraponto das dinâmicas políticas do regime. Aquela derrota
não poderia apagar a presença de amplos setores da sociedade que desejavam participar após 21 anos de
coerção social e política em nome da segurança nacional”.
 
NAPOLITANO, M. O regime militar brasileiro, 1964-1985. São Paulo: Atual, 1998. p. 99.
 
Assinale a alternativa correta acerca do contexto referido pelo texto.
A
Apesar de consolidada, a democracia no Brasil passou, desde o início da Nova República, por momentos
instáveis. Reflexodisso foi a vitória fraudulenta de Jose Sarney em 1985.
B
A Constituição de 1988 promoveu a revisão da Lei da Anistia, de 1979, recomendando o julgamento e a
condenação de militares envolvidos em práticas de torturas.
C
A eleição direta de Tancredo Neves e José Sarney marcou a transição para o regime democrático no Brasil. A
morte prematura de Tancredo, por sua vez, mergulhou o país em uma crise política institucional.
D
A derrota das Diretas Já não impediu a mobilização da sociedade civil. Reflexo disso foi a instalação da
Assembleia Constituinte, em 1987, resultando na promulgação da “Constituição Cidadã” no ano seguinte.
E
A transição democrática foi marcada por intensos debates sobre os artigos da nova Constituição. Exemplo
disso foi a pressão exercida pelo presidente Sarney para a aprovação da emenda da reeleição.
A alternativa D está correta.
Embora tenha havido imensa mobilização da sociedade no movimento Diretas Já, a Emenda Dante de
Oliveira não garantiu, naquele momento, as eleições diretas. No entanto, a Constituição de 1988 expressa
as demandas da sociedade civil por um Estado garantidor de direitos sociais.
Questão 2
No dia 5 de outubro de 1988, é promulgada a nova Constituição brasileira. No que tange a algumas
disposições do novo texto constitucional, podemos ver uma proposição fundamental à Nova República e ao
rompimento com o passado ditatorial. É correto afirmar que:
A
foi estendido o direito de voto aos analfabetos e aos adolescentes a partir dos 14 anos de idade e aos
estrangeiros que moram no Brasil para garantir a pluralidade.
B
a tortura e o racismo foram reconhecidos como crimes inafiançáveis.
C
foram determinadas medidas de proteção ao meio ambiente e aos grupos indígenas, criando a demarcação de
terras.
D
instituiu as eleições diretas em turno único para presidente.
E
proibiu ao Brasil de manter as Forças Armadas e que qualquer um assumisse a função de general.
A alternativa B está correta.
Os avanços em relação aos crimes identificados durante a ditadura são um importante norteador para a
Constituição, e é por meio desses caminhos que tal processo é discutido. Sendo assim, a ideia de que, em
prol de um bem nacional, seria possível torturar ou matar sem o devido processo legal passa a não ser
aceita: punições severas são estabelecidas para práticas consideradas recorrentes e denunciadas.
Imagem oficial em preto e branco de Fernando Collor,
então presidente da República Federativa do Brasil.
Lula durante a campanha à presidência da República,
em 1989.
3. Ascensão e queda de Fernando Collor
As eleições de 1989
As expectativas frustradas pela derrota da
Emenda Dante de Oliveira, em 1984,
renovaram-se por ocasião das eleições
presidenciais de 1989, que podem ser
entendidas como o marco final do processo de
redemocratização após mais de duas décadas
de Ditadura Militar.
 
Embora contasse com políticos experientes,
como Aureliano Chaves, Leonel Brizola, Ulysses
Guimarães, Mário Covas e Paulo Maluf, as
eleições de 1989 tiveram como protagonista o
jovem Fernando Collor de Mello, nascido no Rio
de Janeiro, mas com trajetória política no
estado de Alagoas – que, eleitoralmente, é
pouco expressivo nacionalmente.
Collor percorrera um caminho alinhado aos interesses do regime ditatorial, sendo nomeado prefeito de Maceió
em 1979 pela ARENA e deputado federal em 1982 pelo PDS. Em 1986, foi eleito governador do Estado de
Alagoas pelo PMDB, dado que evidenciava uma “trajetória que não foi marcada pela fidelidade partidária”
(ALMEIDA, 2010, p. 26). Ele candidatou-se à presidência por um partido pequeno, criado em meio às
circunstâncias eleitorais: o PRN, Partido da Reconstrução Nacional.
O projeto político de Collor foi ameaçado por
outro membro recente no cenário político
nacional: Luiz Inácio Lula da Silva. Candidato
que ressaltava sua origem de retirante
nordestino, Lula apresentou-se publicamente
como alguém intimamente ligado às lutas
operárias do ABC paulista, ao renascimento das
liberdades políticas no final dos anos 1970 e à
fundação de um partido político de massas,
cuja precária formação acadêmica em nada o
desqualificaria para assumir o mais alto cargo
da República. Durante dois meses, as
estratégias políticas de Fernando Affonso Collor
de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva
confrontaram-se na mídia.
Em meio à campanha no segundo turno, foram
promovidos dois debates na TV entre Collor e
Lula. O primeiro foi transmitido simultaneamente pelas quatro principais emissoras de televisão do país: Globo,
Bandeirantes, Manchete e SBT.
O segundo e último foi transmitido para todo o país e teve uma polêmica repercussão, sobretudo pela edição
feita no dia seguinte pela TV Globo. A emissora foi acusada de dar mais espaço e selecionar os melhores
momentos de Collor e os piores de Lula.
Em entrevista ao filme Arquitetos do poder, os editores da Globo reconheceram que o compacto do debate
poderia dar margem a essa interpretação. Essa experiência modificou a maneira com que a emissora passou a
cobrir eleições e debates presidenciais.
Lula e Collor durante o último debate televisionado antes do segundo turno.
Cabe ressaltar a importância dos meios de comunicação nessa campanha. A grande imprensa possibilitou
uma ampla mobilização da sociedade civil, inaugurando uma nova etapa de “profissionalização” das
campanhas eleitorais.
Para atingir mais eleitores, profissionais da área de marketing político, acumulando a experiência da
publicidade comercial, assumiram a tarefa de definir as estratégias de discurso adotadas pelos diferentes
partidos. Foram construídos verdadeiros cenários, com recursos audiovisuais, jingles e preparação de
discursos.
Houve até sugestões de mudanças na entonação de voz ou na imagem dos candidatos. Eram estratégias
amparadas por pesquisas eleitorais que mediam o comportamento e a tendência dos eleitores.
Cartazes de propaganda eleitoral de Lula e Collor para as eleições de 1989.
Segundo Monica Piccolo Almeida (2010), o teor do discurso político de Collor e Lula evidenciava não apenas
diferenças entre projetos políticos, mas também visões de mundo que alcançavam padrões de moralidade
capazes de promover medo nas classes médias e no discurso tradicional em defesa da ordem e da família. 
Ao binômio moralização/modernidade do primeiro [Collor], o segundo [Lula] contrapunha um discurso
esquerdista que assustava a classe média e o empresariado. Nesse momento, estava em jogo a
concepção de Estado que, a partir de então, regularia as relações sociais no Brasil e cujo impacto pode
ser sentido até os dias atuais.
(ALMEIDA; MOTTA, 2017, p. 203)
Após uma acirrada disputa, Fernando Collor de Mello, ao final da apuração, foi declarado vencedor com
aproximadamente 35 milhões de votos (ou 42,75% do eleitorado), contra 31 milhões de seu adversário, o que
corresponde a 37,86% para Lula. 
Em 15 de março de 1990, Fernando Collor assumiu a presidência do Brasil.
O governo Collor
Ao assumir o governo, Collor, em março de 1990, põe em prática um programa neoliberal de reformas. As
principais metas eram diminuir os custos do Estado, visando à redução do déficit público.
Para Monica Almeida Piccolo (2010), o discurso governamental se ancorava no tripé desestatização,
desregulamentação e liberalização dos preços e salários. Ainda de acordo com a autora, como
desdobramento, a agenda de Collor abrangeria uma tripla reforma: fiscal, patrimonial e administrativa.
A defesa da redução dos gastos públicos também é um ponto nodal do programa de Collor. Torna-se,
assim, recorrente no discurso do então presidente promover o equilíbrio do orçamento federal por meio
do fim da concessão de benefícios e de privilégios, o que exige obrigatoriamente uma estratégia global
de reforma do Estado, cujo saneamento será conquistado mediante uma tríplice reforma: fiscal,
patrimonial e administrativa.
(ALMEIDA, 2010, p. 28)
Os temas centrais do programa de governo são anunciados por Collor em seu discurso de posse: democracia
e cidadania; inflação como inimigo maior;reforma do Estado e a modernização econômica; preocupação
ecológica; desafio da dívida social; e inserção do Brasil nos novos rumos do mundo contemporâneo. 
O globo, 16 de março de 1990.
O país, 17 de março de 1990.
Protesto contra a extinção da Embrafilme, Rio de
Janeiro.
Um dia após a posse, Fernando Collor tomou uma medida econômica que lhe renderia muitas críticas e
impopularidade: com o objetivo de conter o impulso inflacionário e diminuir a circulação de papel-moeda, ele
promoveu o confisco das cadernetas de poupança, isto é, limitou os saques da poupança e das contas
correntes ao valor máximo de cinquenta mil cruzados. A promessa era que o saldo restante ficaria sob a
guarda do Banco Central pelo prazo de 18 meses. 
Além do confisco, houve congelamento de preços e salários e a reformulação dos índices de
correção monetária.
A moeda mudou de cruzado novo para cruzeiro. Ao mesmo tempo, o processo de abertura da economia
nacional à competição externa facilitaria a entrada de mercadorias e capitais estrangeiros no país.
Tais medidas eram incompatíveis com o programa liberal na economia que Collor prometia empreender: o
governo promoveria não apenas uma intervenção, mas também uma retenção nos investimentos individuais
de pessoas físicas – cabe ressaltar que o perfil de investidor de caderneta de poupança está associado às
classes médias e aos pobres.
O globo, 20 de março de 1990.
Como segundo eixo estruturante do chamado “Plano Collor”, ele promoveu e prometeu adotar medidas de
caráter desestatizante: extinguiu 24 organismos estatais - entre os quais, a Siderúrgica Brasileira (Siderbrás),
o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e o Instituto Brasileiro do Café (IBC) - e anunciou o objetivo de demitir
360 mil pessoas no funcionalismo público, o que acabou não ocorrendo na prática. 
Na área administrativa, o governo recadastrou
os servidores públicos e extinguiu cargos
comissionados, órgãos e empresas públicas.
Foram postos à venda imóveis funcionais,
automóveis e aviões. A reforma atingiu
duramente as atividades culturais graças ao fim
dos benefícios da Lei de Incentivos Fiscais e à
extinção da Embrafilme.
Essas medidas sofreram toda sorte de
resistência dos setores diretamente
prejudicados. A política de privatização, um dos
pilares do Plano Collor, foi objeto de
contestações desde o seu anúncio.
Na comemoração do Dia do Trabalho, em 1990, em Volta Redonda (RJ), entidades sindicais e representantes
de partidos de oposição (PDT, PT, PCB, PSB) haviam protestado contra a recessão, o desemprego e a
intenção do governo de vender a Companhia Siderúrgica Nacional.
Rosane Collor durante o ato em que o presidente foi
oficialmente afastado, em 2 de outubro de 1992.
Como destaca Monica Piccolo Almeida (2010),
às medidas impopulares na economia
somavam-se diversas denúncias e escândalos
de corrupção no governo. No Ministério da
Economia, a então primeira-dama Rosane Collor
acumulava denúncias de desvio de verbas da
Legião da Boa Vontade (LBV), entidade que
presidia. Já Alceni Guerra foi denunciado por
prevaricação e compra superfaturada de
bicicletas para o Ministério da Saúde. Por fim,
Antonio Rogério Magri, à frente da pasta do
Trabalho, sofria denúncias por ocultar fraudes
na previdência e acumular duplo salário como
ministro de Estado e funcionário da Eletropaulo,
o que lhe renderia uma condenação por
corrupção.
Com o objetivo de constituir uma base
parlamentar, Collor promoveu, logo nos primeiros meses de 1992, uma reforma ministerial, incluindo nos
ministérios políticos do PMDB e do PFL. A crise política, no entanto, ganharia outros contornos meses depois.
Em maio, Pedro Collor denuncia, em entrevista à revista Veja, um esquema de corrupção promovido pelo
tesoureiro da campanha eleitoral de Collor, Paulo Cesar (PC) Farias. Ele atuaria como “testa de ferro” do
presidente em um complexo esquema de corrupção e tráfico de influência: segundo a denúncia, PC
arrecadava dinheiro de empresas e facilitava contratos em troca do pagamento de comissões e do
financiamento de gastos pessoais do presidente.
Para apurar essas denúncias, o Congresso instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Em meio à
crise política, uma entrevista do motorista Eriberto França à revista IstoÉ confirmou o teor das denúncias ao
declarar que PC Farias era o responsável direto pelo pagamento das contas familiares e pessoais de Collor,
utilizando, para isso, contas fantasmas.
A reportagem de IstoÉ com o motorista Eriberto derrubou Collor.
Como resposta a esse contexto, protestos populares ocorreram em diferentes cidades do Brasil. Em agosto de
1992, tentando recuperar a popularidade, Collor convocou a população às ruas para declarar seu apoio ao
governo, vestindo-se de verde e amarelo, em uma tentativa de retomar a marca de sua campanha eleitoral.
Houve, porém, o efeito contrário: as manifestações foram às ruas trajando roupas e rostos marcados pela tinta
preta, representando o luto pelas denúncias de corrupção no governo. O movimento ganhou ainda mais
volume quando as manifestações ganharam mais organicidade e os “caras-pintadas” passaram a ser
compreendidos como um movimento político.
Caras-pintadas em manifestação em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, em
setembro de 1992.
Povo nas ruas diante da acusação de corrupção do então presidente Fernando
Collor. 
Nas palavras de Maria Ester Lopes Pereira: 
Foto histórica de 1992: Fernando Collor deixa a
presidência.
Franco com o então presidente Fernando Collor de
Mello.
Os caras-pintadas eram jovens e estudantes que se reuniram em manifestações públicas durante o
processo de impeachment do presidente Fernando Collor em agosto e setembro de 1992. A principal
característica desse movimento, que lhe deu o nome, foi o uso das cores preto, verde e amarelo pintadas
nos rostos de todos que foram para as ruas pedir o impeachment do presidente e a prisão do empresário
Paulo César Farias — tesoureiro da campanha eleitoral e principal articulador do esquema de corrupção
montado no governo. Novamente a bandeira da UNE, que tivera importante papel nos movimentos de
resistência à ditadura militar, tomava as ruas e chegava à mídia. Lindberg Farias, paraibano de 22 anos,
filiado ao PCdoB, filho de um ex-militante da Ação Popular e vice-presidente da UNE em 1961, era o
presidente.
(MOREIRA, 2001, s/p)
Diante da crise econômica, da falta de apoio parlamentar e da contundência das denúncias com provas
materiais da existência do crime de responsabilidade, Fernando Collor foi afastado da presidência em outubro
de 1992, quando a Câmara de Deputados aprovou o pedido de impeachment. 
Por meio dessa medida, o governo poderia ser
deposto e automaticamente substituído pelo
vice, Itamar Franco. Em dezembro do mesmo
ano, em sessão no Senado, Fernando Collor foi
definitivamente afastado da presidência. Como
última tentativa de manter os direitos políticos,
ele apresenta uma carta-renúncia em 29 de
dezembro, mas a tentativa foi em vão: Collor
perdeu o direito de disputar eleições por oito
anos.
Governo Itamar Franco
Itamar Franco iniciou o governo de maneira
discreta, como era seu temperamento, sem
solenidade de posse. Prometeu fazer um
governo de transição, transparente, sem
promover nem tolerar práticas de corrupção.
Seu ministério, composto por representantes
dos principais partidos políticos, incluía também
nomes de amigos sem expressão política.
Merecem destaque no governo Itamar as
medidas econômicas que puseram fim à
inflação. Além da abertura econômica do país e
das medidas de incentivo à modernização das
empresas, foram tomadas as seguintes ações
econômicas:
Contenção dos gastos públicos.
Privatização das empresas estatais.
Controle na elevação dos juros.
• 
• 
• 
Pressão nos preços para promover importações.
Em julho de 1994, Fernando Henrique Cardoso (FHC), então ministro da Fazenda, lança o Plano Real. Chamava
a atenção o fato de o plano promover a estabilização econômica sem utilizar mecanismos, como, por exemplo,
congelamento de saláriose preços.
Em 1994, o Plano Real mudou a moeda (já modificada de cruzeiro para cruzeiro real um ano antes), de maneira
definitiva, para o real.
Cruzeiro.
• 
Cruzeiro real.
Real.
Os êxitos iniciais do Plano Real começaram a ser capitalizados em favor da candidatura de Fernando Henrique
à presidência da República, cuja agenda incluía a passagem por estados já visitados pelo então ministro
Rubens Ricúpero para anunciar a nova moeda.
Graças à inflação acumulada nos 12 meses anteriores, medida pelo IGP da FGV, ter atingido a casa de 5,153%,
o contexto de lançamento do plano já representava seu êxito. Fernando Henrique afirmou em Minas Gerais
que, com isso, sua candidatura à presidência daria um salto.
Com a inflação já em patamares pouco superiores a 1%, FHC se firmava como franco favorito na
disputa presidencial. 
A oposição, por sua vez, buscando argumentos para inverter a tendência eleitoral, procurava denunciar a
estabilização econômica como uma imposição da comunidade financeira internacional. Às vésperas do pleito,
o Plano Real passou por algumas turbulências, como a elevação dos preços da cesta básica e a cobrança de
ágio em certos produtos.
Em resposta, o governo baixou medidas que facilitaram as importações. Além disso, bancos estaduais
enfrentavam problemas de caixa e a insatisfação entre os trabalhadores se traduzia na eclosão de greves.
Nada disso impediu, contudo, que, realizada a eleição, FHC obtivesse, já no primeiro turno, uma vitória
esmagadora: 54,3% dos votos, contra os 27% dados a Lula.
Café com especialista
As eleições de 1989
Nesta conversa, os professores Rodrigo Rainha e Daniel Pinha debatem as eleições de 1989.
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Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
A política econômica de Collor
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O escândalo de corrupção
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A chegada de Itamar Franco ao poder
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Leia atentamente os trechos abaixo:
 
“A imprensa nacional pôde conhecer melhor o governador de Alagoas a partir dos ataques violentos que ele
começou a fazer contra Sarney. A imagem do homem público ‘moderno’, campeão de luta contra a corrupção e
‘caçador de marajás’ passou a ser amplamente divulgada pelos meios de comunicação. O político rico, bem
vestido, bronzeado, esportista e que dominava o inglês e o francês fez sucesso no Brasil”.
 
MOTA, M. B.; BRAICK, P. R. História: das cavernas ao terceiro milênio. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2005. p. 191.
 
“Milhões de dólares captados durante a campanha foram desviados por PC, que arcava até com as despesas
particulares do presidente e sua esposa. Todos os dias circulavam notícias sobre desvio de dinheiro, uso de
verbas públicas com fins particulares, superfaturamento de obras, propinas cobradas por empreiteiras e
concorrências fraudulentas. Ministros deixaram seus cargos e a primeira-dama, afastada da presidência de
honra da Legião Brasileira de Assistência (LBA), foi acusada de corrupção”.
 
BARBEIRO, H.; CANTELE, B. R.; SCHNEEBERGER, C. A. História: volume único para o ensino médio. São Paulo:
Scipione, 2004. p. 465.
 
Os trechos acima fazem menção:
A
à condição de extrema popularidade do mandato de Luís Inácio Lula da Silva, que, apesar de todas as
acusações, foi reeleito para um segundo mandato em 2006.
B
ao apoio da mídia e da classe média ao governo de José Sarney, em 1985, após a morte de Tancredo Neves,
e, em seguida, à crise devido à situação econômica e ao escândalo das concessões públicas sem licitação.
C
ao governo de Itamar Franco, que, apesar de ser vice de Collor, rompeu com o presidente, angariando apoio
popular, mas que depois o perdeu em função da crise econômica.
D
ao apoio da grande mídia a Fernando Collor de Mello, que, depois de eleito presidente, em 1989, renunciou
devido a um processo de impeachment em meio a acusações feitas pela mídia e pelo próprio irmão.
E
à ascensão e à queda de Fernando Collor, motivadas respectivamente pelo apoio da grande imprensa e pela
política econômica neoliberal implementada em seu governo.
A alternativa D está correta.
Um dos grandes fenômenos da eleição de 1989 foi o papel da televisão e suas formas discursivas. Tal
fenômeno se intensificou, funcionando como base para a compreensão da eleição do personagem pouco
conhecido para presidente.
Questão 2
Fernando Collor de Melo, eleito presidente da República por voto direto em 1989, foi o primeiro presidente
republicano a sofrer um impeachment (impedimento) na história política do Brasil. Aponte a alternativa correta
a respeito desse tópico.
A
Fernando Collor foi acusado de crime de responsabilidade devido ao esquema de corrupção montado por
Paulo César Farias, seu tesoureiro durante a campanha à presidência.
B
Na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada na Câmara dos Deputados, pesavam sobre o
presidente, entre outras acusações, a acusão de tráfico de influência no governo e de movimentar milhões em
dólares nos paraísos fiscais.
C
Apesar do processo de impedimento que determinou o afastamento da presidência da República, Fernando
Collor não teve seus direitos políticos cassados e, nas eleições seguintes, foi eleito senador pelo estado de
Alagoas.
D
No julgamento que aconteceu no Senado, Collor também foi cassado; antes, porém, sem resultado, foram
forjados documentos para sugerir que o dinheiro em questão vinha de um empréstimo para a campanha feito
no Uruguai.
E
Fernando Collor só conseguiu se safar por sua histórica relação pessoal com o presidente do Congresso e
pelo apoio do povo.
A alternativa A está correta.
A corrupção é um discurso recorrente de crítica e de legitimação na tradição política brasileira, sendo
utilizado como argumento para a atribuição de impedimento a Fernando Collor.
4. Conclusão
Considerações finais
Você, neste material, ganhou instrumentos de análise para o complexo contexto político brasileiro dos anos
1980 e 1990, observando desde um processo lento e gradual de abertura para a democratização até o
momento no qual a articulação da formação política levou não só um presidente ao poder, mas também o
destituiu pela articulação das forças.
No primeiro módulo, analisamos a crise da Ditadura Militar, observando desde o processo político da
redemocratização até as eleições indiretas de 1985. No segundo módulo, passamos pela elaboração da
Constituição de 1988 e pelos acontecimentos do governo Sarney. No último módulo, tratamos da ascensão e
da queda do governo de Fernando Collor.
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Ouça agora sobre este podcast sobre a redemocratização no Brasil: de José Sarney a Fernando Collor.
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Explore +
1. Conheça a trajetória política e biográfica de Tancredo Neves e o processo de redemocratização por meio do
filme Tancredo – a travessia, de Silvio Tendler (2011), no YouTube.
 
2. Pesquise na internet e assista ao discurso completo de Ulysses Guimarães no dia da promulgação da
Constituição de 1988.
 
3. No artigo publicado na página do Banco Central do Brasil, você encontra um balanço da crise inflacionária
no Brasil, bem como uma análise dos planos econômicos da década de 1980.
 
4. O filme Arquitetos do poder (2010), de Alessandra Aldé e Vicente Ferraz, apresenta um excelente panorama
sobre a importância da comunicação política em meio ao processo de consolidação da democracia brasileira,
sobretudo a partir da entrada da TV nas campanhas eleitorais presidenciais, após 1989. Veja esse filme no
YouTube.
 
5. A cobertura televisiva da TV Globo na campanha eleitoral de 1989 e no último debate presidencial do
segundo turno, em particular, foi bastante questionada naquele contexto. O centro de memória das
Organizações Globo possui hoje um ótimolevamento sobre as eleições de 1989, reunindo reportagens e
vídeos das eleições e avaliando a atuação da imprensa. Leia este material em Memória Globo, no portal
Globo.com.
Referências
ABREU, A. A. et al. Dicionário histórico-biográfico brasileiro. Rio de Janeiro: FGV, 2010.
 
ALMEIDA, G. R. de. A ditadura, a transição, a verdade: dificuldades, limites, compromissos e deveres do
historiador em seu ofício. In: XV Encontro Regional de História – ANPUH-RIO. v. 1. Anais do XV Encontro
Regional de História – ANPUH-RIO. Rio de Janeiro: ANPUH-RIO, 2012. p. 1-12.
 
ALMEIDA, G. R. de. História de uma década quase perdida. PT, CUT, crise e democracia no Brasil: 1979-1989.
No prelo. Rio de Janeiro: Garamond, 2011.
 
ALMEIDA, M. P. Reformas neoliberais no Brasil: a privatização nos governos Collor e Fernando Henrique
Cardoso. 2010. Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em História). Rio de Janeiro: Universidade
Federal Fluminense, 2010.
 
ARAUJO, M. P. N. A luta democrática contra o regime militar na década de 1970. In: REIS, D. A.; RIDENTI, M.;
MOTTA, R. P. S. (Org.). O golpe e a ditadura militar – 40 anos depois (1964-2004). v. 1. Bauru: EDUSC, 2004. p.
161-175.
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988.
 
BRASIL. Íntegra do discurso presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Dr. Ulysses Guimarães (10' 23").
Rádio Câmara. Consultado na internet em: 24 ago. 2022a.
 
BRASIL. Proposta de Emenda à Constituição nº 5, de 1983. Brasília: Congresso Nacional, 2022b.
 
FERREIRA, J.; DELGADO, L. de A. N. (Orgs.). O Brasil Republicano. v. 4. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2003.
 
GUIMARÃES, U. Discurso de promulgação da Constituição de 1988. Câmara dos Deputados, Departamento de
Taquigrafia, Revisão e Redação. Escrevendo a história – Série Brasileira. Brasília: Câmara Legislativa, 1988.
 
MEMÓRIA GLOBO. Atentado no Riocentro. Globo.com. Publicado em: 29 out. 2021.
 
MENDONÇA, S. R. de; FONTES, V. M. História do Brasil recente – 1964-1994. São Paulo: Ática, 2006.
 
MOREIRA, M. E. Caras pintadas. In: ABREU, A. A. de et al. Dicionário histórico-biográfico brasileiro pós-1930.
Rio de Janeiro: FGV; CPDOC, 2001.
 
NOBRE, M. Imobilismo em movimento: da redemocratização ao governo Dilma. São Paulo: Companhia das
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OLIVEIRA, F. de. Collor: a falsificação da ira. São Paulo: Imago, 1992.
 
PICCOLO, M.; MOTTA, M. Dirigismo do Estado produtor ou planejamento do Estado promotor? A
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SKIDMORE, T. E. Brasil: de Getúlio a Castelo. 14. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2008.
 
VIANNA, L. W. De um Plano Collor a outro: estudo de conjuntura. Rio de Janeiro: Revan, 1992.
	Redemocratização no Brasil: de José Sarney a Fernando Collor
	1. Itens iniciais
	Propósito
	Objetivos
	Introdução
	1. O processo de redemocratização
	Crise da Ditadura Militar e a abertura política
	Saiba mais
	A campanha das Diretas Já
	As eleições indiretas
	Aureliano Chaves
	Mário Andreazza
	Paulo Maluf
	Café com especialista
	Vamos discutir sobre a formação da Nova República
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	Abertura política
	Conteúdo interativo
	Diretas Já
	Conteúdo interativo
	Tancredo Neves
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	2. O governo Sarney e a Constituição de 1988
	O governo Sarney e a crise econômica
	Ponto de vista econômico
	Perspectiva política
	Tentativas de contenção da inflação
	A Constituição Cidadã de 1988
	Exemplo
	Café com especialista
	Sarney e a aristocracia política na Constituição de 1988
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	A posse de Sarney
	Conteúdo interativo
	A Constituição como negativa à ditadura
	Conteúdo interativo
	A Constituição Cidadã
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	3. Ascensão e queda de Fernando Collor
	As eleições de 1989
	O governo Collor
	Governo Itamar Franco
	Café com especialista
	As eleições de 1989
	Conteúdo interativo
	Vem que eu te explico!
	A política econômica de Collor
	Conteúdo interativo
	O escândalo de corrupção
	Conteúdo interativo
	A chegada de Itamar Franco ao poder
	Conteúdo interativo
	Verificando o aprendizado
	4. Conclusão
	Considerações finais
	Podcast
	Conteúdo interativo
	Explore +
	Referências

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