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In Paleontologia 2010 Editor : de Souza Carvalho Editora 756 5 USO ESTRATIGRÁFICO DOS FÓSSEIS E TEMPO GEOLÓGICO Rosemarie Rohn Todo fóssil é o registro de uma espécie que exis- do Brasil, ou seja, estromatólitos (construídos por tiu em determinado intervalo de tempo da história da cianobactérias) e procariontes associados. ocorrem em Terra. Representa um estágio da evolução dos seres rochas metassedimentares do "Embasamento Pré- Considerando que a evolução ocorreu numa or- Cambriano" (figura 5.1). dem bem definida, de maneira irreversível, os fósseis As bacias sedimentares podem ser de diversos constituem uma importante ferramenta para discrimi- tipos, conforme a natureza do espaço de acumulação nar as rochas mais antigas daquelas relativamente mais de preservação dos sedimentos. No Brasil, de acordo novas. A Escala de Tempo Geológico, que continua sen- com a localização e sem considerar a sua natureza, as do aperfeiçoada até hoje, fundamenta-se nesse precei- bacias sedimentares podem ser classificadas em inte- A Estratigrafia é um ramo da Geologia que utiliza riores e marginais (figura 5.1). dados paleontológicos para determinar a idade relati- As grandes bacias interiores (ou intracratônicas) va das rochas, visando reconhecer a sua distribuição caracterizam-se por rochas sedimentares acumuladas espacial. durante longos intervalos de tempo sobre grandes ex- No presente capítulo são introduzidas as infor- tensões do continente. Também existem diversas ba- mações básicas sobre uso estratigráfico dos fósseis, cias interiores com dimensões pequenas e depósitos recomendando-sc, para conhecimentos mais profun- geralmente bem mais jovens. dos, consultar Mendes (1984), Lemon (1990) e Briggs As bacias marginais estão relacionadas à sepa- & Crowther (1996). ração da América do Sul e África do antigo supercon- tinente Gondwana iniciada há cerca de 100 milhões Bacias Sedimentares de anos. Existe amplo registro de fósseis no Brasil, tanto Quase todos os fósseis são encontrados em ro- nas bacias interiores, como nas marginais. Em muitas chas sedimentares que se formaram, portanto, em bacias, a Paleontologia ainda é pobremente conhecida bacias sedimentares. As ocorrências em cinzas vul- (por exemplo, nas bacias Parecis-Alto Xingu, Alto cânicas ou em rochas metamórficas representam Tacutu), que pode servir como estímulo para raríssimas Contudo, os fósseis mais antigos novas investigações.62 Paleontologia 45 44 10 11 12 13 2 15 16 14 1 3 7 18 4 19 23 21 24 46 20 22 43 28 26 5 8 29 30 32 31 47 9 34 35 33 6 38 37 36 BACIAS MESO-CENOZÓICAS 39 (áreas emersas) 40 249 BACIAS PALEOZÓICAS 41 N EMBASAMENTO PRÉ-CAMBRIANO 250 500 750 1000km 42 0 460 Bacias Paleozóicas 14- Potiguar 31- Jequitinhonha 1 Solimões 15- Iguatu 32- Sanfranciscana 2 Amazonas 16- Icó 33- Espírito Santo 17- Rio do Peixe 34- Gandarela 3 Parnaíba 4 Alto Tapajós 18- Lavras da Mangabeira 35- Fonseca 5 Parecis-Alto Xingu 19- Araripe 36- Campos 20- Serra do Inácio 37- Itaborai 6 Paraná 7 Rio das Barreiras Mirandiba 38- Resende 8 Água Bonita 22- Tupanaci 39- Taubaté 9 Coimbra 23- Afogados da Ingazeira 40- São Paulo 24- Betânia 41 Curitiba 25- Pernambuco-Paraíba 42- Pelotas Bacias Meso-Cenozóicas 26- Sergipe-Alagoas 43- Acre 10- Marajó 27- Jatobá 44- Tacutu 11 Pirabas 28- Tucano 45- Boa Vista 12- São 29- 46- Bananal 13- Barreirinhas 30- Almada 47- Pantanal Figura 5.1 Distribuição das bacias sedimentares da parte emersa do Brasil (modificado de Schobbenhaus & Campos, 1984). Conceitos Fundamentais da apresentando distintas características de acordo com as Estratigrafia condições físicas, químicas, biológicas, geográficas e Nas bacias sedimentares, os ambientes deposi- climáticas reinantes. Independentemente do tipo de cionais podem ser marinhos, continentais e transicionais, ambiente, os sedimentos depositam-se em estratos.Uso Estratigráfico dos e Tempo Geológico 63 Estratigrafia é a parte da Geologia que trata do estudo de bacia. Em qualquer situação, pode-se enfatizar a im- de rochas estratificadas, sua descrição, sua interpreta- portância da Paleontologia para reconhecimento de ção e suas relações mútuas. estratos de mesma idade (figura 5.4). A designação fácies é empregada para uma Os fósscis mais adequados para correlações a cha com determinadas características, que podem set longas distâncias são os fósseis-guias (figura 5.3B). litológicas (litofácies), palcontológicas (biofácies) ou Além da grande distribuição geográfica (preferencial- outras. Em geral, as características das fácies permi- mente distribuição cosmopolita ou pandêmica, isto tem interpretar processo deposicional e paleoam- é, global), esses fósseis devem ter pequena amplitude biente. Alguns pesquisadores discriminam as fácies vertical (ou seja, evoluído rapidamente ou experi- função da sua gênese e não pelos caracteres descri- mentado rápida extinção), devem ser facilmente iden- tivos. Um estrato pode conter uma ou mais fácies. tificáveis, abundantes e preferencialmente indepen- O dinamarquês Nicolaus Steno (1638-1687) dentes do tipo de rocha. Muitos especi- lançou os primeiros importantes conceitos da Estra- almente de organismos planctônicos, grãos de pólen e tigrafia, como Princípio da Superposição, que pode esporos preenchem estes requisitos. São muito úteis ser traduzido como: "em qualquer empilhamento de nas correlações de subsuperfície porque as amostras estratos não perturbados, a camada inferior é a mais de poços e de sondagens geralmente não permitem a antiga e as camadas sucessivamente mais altas são su- obtenção de macrofósseis inteiros e em quantidades cessivamente mais jovens". significativas. A Estratigrafia experimentou grande avanço Os estratos podem ser denominados de diversas com os trabalhos do engenheiro inglês William Smith maneiras, variando de acordo com os critérios de classi- (1769-1839). longo dos anos, ele verificou que vários ficação. Por exemplo, a idade das rochas, as litologias estratos ocorrem numa ordem vertical definida. Os ou conteúdo paleontológico são critérios para estabe- estratos de um certo local puderam ser observados tam- lecer, respectivamente, a a bém em outros, sugerindo que eram originalmente Litoestratigrafia a São possíveis tam- contínuos. reconhecimento dessa relação lateral en- bém outras classificações estratigráficas (por exemplo, tre os estratos recebe nome de correlação estratigrá- a Sismoestratigrafia e a que fica. W. Smith identificou os estratos em pontos distin- fogem ao escopo do presente livro. Em cada país, de- tos através do conteúdo das litologias e dos vem obedecidas certas normas estratigráficas como solos típicos dessas litologias. Ele foi capaz de prever as do "Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigrá- as rochas e suas espessuras nas escavações dos seus pro- fica" (Petri et alii, 1986a). jetos de engenharia. Colecionando informações intui- tivas sobre a de assembléias fossilíferas, ele estendeu suas correlações para estratos cada vez mais Litoestratigrafia distantes, inclusive quando as litologias cram lateral- mente distintas. Na Litoestratigrafia, os critérios de classifica- Cabe ressaltar que as conclusões de W. Smith ção das rochas são as litologias. A unidade fundamen- antecederam, em cerca de 60 anos, a teoria de evolu- tal é a formação, a qual é um conjunto relativamente ção das espécies de Charles Darwin (1809-1882). homogêneo de rochas de uma ou mais litofácies Posteriormente, embora ainda ocorressem controvér- mapeável na superfície terrestre ou em sias, a sucessão de diferentes tipos de animais e de plan- normalmente na escala 1:25.000 (figura 5.3 A-C). Uma tas nos estratos e, portanto, no tempo, passou a ser formação pode ser subdividida em membros, prefe- explicada pela evolução. Assim, foi possível concluir rencialmente também mapeáveis. Certas camadas, se que somente aquelas rochas originadas ao mesmo tem- forem úteis (por exemplo, para correlações ou para ex- po podem conter assembléias similares. As ploração econômica), igualmente são formalizadas correlações intuitivamente iniciadas por W. Smith re- como unidades litoestratigráficas. Um conjunto de for- presentam "linhas (virtuais) de tempo", ou melhor. mações geneticamente relacionadas corresponde a um horizontes cronoestratigráficos. grupo. Todas as unidades formais são denominadas As e 5.3 mostram exemplos de corre- pela categoria e por um nome, prefe- lações estratigráficas, da escala de afloramento à escala rencialmente geográfico (por exemplo, Formação Pon-64 Paleontologia SEÇÃO DE UM AFLORAMENTO NUMA FERROVIA CORRELAÇÕES ENTRE ESTRATOS 1m convenções: litologias fósseis A SEÇÃO E MAPA GEOLÓGICOS DE UMA ÁREA MAPA GEOLÓGICO drenagem N SEÇÃO AMPLITUDE COLUNAR ESTRATI- contato entre fácies COMPOSTA GRÁFICA (sucessão DOS afloramento estratigrá- TAXA localização da seção fica da FÓSSEIS área) (na área) 0 1km SEÇÃO perfil topográfico litofácies poço afloramento fósseis correlações m 120 80 40 y 0 B Figura 5.2 (A) Correlações estratigráficas num afloramento. (B) Correlações estratigráficas numa área com diversos afloramentos e um poço. As informações da área são resumidas numa seção colunar composta que facilita a visualização dos intervalos de ocorrência dos fósseis. ta Grossa, Membro Jaguariaíva, Grupo Paraná (figura Bioestratigrafia 5.3D). Na existem possibilidades adi- cionais de subdivisões e denominações, as quais po- Na Bioestratigrafia, os critérios de classifica- dem ser resgatadas em Petri et alii (1986a, b). ção dos estratos são paleontológicos. Interessa apenasUso Estratigráfico dos Fósseis e Tempo Geológico 65 MAPA GEOLÓGICO CORRELAÇÕES NA BACIA 1 1 2 3 2 datum 3 0 600km FÓSSEIS-GUIAS NO ÂMBITO DA BACIA BACIA DO PARANÁ NO FÓSSEIS CONTROLADOS PELA BRASIL PALEOECOLOGIA (REGISTROS FORMAÇÕES FURNAS E ISÓCRONOS OU DIÁCRONOS) PONTA GROSSA FÓSSEIS COM REGISTROS (ÁREA AFLORANTE) DIÁCRONOS 1, 2, 3: ÁREAS REPRESEN- FÓSSIL-GUIA NAS CORRELAÇÕES TADAS NAS COLUNAS E COM OUTRAS BACIAS INDICADAS NA SEÇÃO A B 1 2 SEÇÃO GEOLÓGICA DA 3 BACIA DO PARANÁ (IDEALIZADA) Y 1000m FORMAÇÃO PONTA GROSSA 0 200km FORMAÇÃO FURNAS C CRONOESTRATIGRAFIA AMPLITUDE ESTRATIGRÁFICA (ZONEAMENTO S G DOS TAXA R HIPOTÉTICO NA BACIA S SÉRIES ANDARES FORMAÇÕES DE T BRAQUIÓPODES) SUPERIOR FRASNIANO Zona D Tropidoleptus E GIVETIANO P PONTA carinatus V MÉDIO EIFELIANO EMSIANO A Interzona X R GROSSA Zona N A N Australocoelia A tourteloti INFERIOR N PRAGUIANO FURNAS LOCHKOVIANO D Figura 5.3 Correlações na escala de bacia (exemplo (A) Mapa geológico e localização de três áreas estudadas na bacia sedimentar. (B) Correlações entre colunas estratigráficas das três áreas de acordo com os (C) Seção geoló- gica da bacia com a posição das três áreas das figuras anteriores. (D) Convenções crono, lito e bioestratigráficas e amplitude estratigráfica dos taxa no âmbito da bacia.66 Paleontologia DISTRIBUIÇÃO DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA ATUAL PALEOGEOGRAFICA DE DOS FÓSSEIS Tropidoleptus carinatus Tropidoleptus carinatus DURANTE DEVONIANO 16 16 18 2 11 ROTAS DE DISPERSÃO DE T. Carinatus 6 EODEVONIANO 12 14 EIFELIANO 13 NOROESTE DA BACIA EOFRASNIANO DO TERRAS EMERSAS ÁREAS DE OCORRÊNCIA DE MARES E OCEANOS Tropidoleptus carinatus A PÓLO SUL B S S DISTRIBUIÇÃO CRONOESTRATIGRÁFICA É I R ANDAR DE Tropidoleptus carinatus S I NAS LOCALIDADES INDICADAS NO MAPA T E 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1617 18 S FAMENIANO U D P FRASNIANO E V M GIVETIANO O É N D EIFELIANO I A NOROESTE DA BACIA EMSIANO DO PARANÁ N I O N PRAGUIANO F LOCHKOVIANO C Figura 5.4 Correlações estratigráficas e cronoestratigrafia, usando como exemplo braquiópode Tropidoleptus carinatus (dados de Fonseca & Melo, 1987). (A) Distribuição global dos fósseis de T. carinatus. (B) Interpretações da paleogeografia e das rotas de dispersão de Tropidoleptus carinatus (modificado de Fonseca & Melo, 1987). (C) Distribuição de 7. carinatus nas localidades da figura "A"; notar que as diferenças nas amplitudes verticais são devidas à história da dispersão da espécie ilustrada emUso Estratigráfico dos Fósseis e Tempo Geológico 67 a variação do conteúdo na sucessão de estra- Ga bilhões de anos). O principal mérodo para reali- tos que, em teoria, deve refletir a evolução das espéci- zar datações absolutas é radiométrico, qual se As subdivisões fundamentais são as biozonas (ou baseia no cálculo do tempo envolvido no decaimento zonas), que podem ser subdivididas em subzonas ou de uma certa quantidade de isótopos desde o "momen- agrupadas em superzonas (figura 5.5). Essas unidades to" da cristalização de um mineral ou da solidificação são designadas de acordo com nome de um ou dois de uma rocha. O método do Carbono-14 pode ser apli- fósseis (por exemplo. Zona Austra- cado a fósseis que apresentam carbono em sua compo- locoelia tourteloti, figura 5.3D). sição, porém não mais antigos que 50.000 ou 60.000 Os limites das biozonas podem ser definidos por anos porque a meia-vida do isótopo é muito curta. No distintos critérios paleontológicos, geralmente pelo caso das rochas sedimentares mais antigas, a glauconita aparecimento ou desaparecimento de certos taxa, pe- é um dos raros minerais eventualmente datáveis por- los intervalos de sua abundância máxima, pela com- que sua cristalização pode ter ocorrido no próprio am- binação entre aparecimento de alguns e desapareci- biente de sedimentação. mento de outros e também por vários tipos de associa- Na falta de datações absolutas, a idade das ro- ções entre taxa (figura 5.5). Os zoneamentos bioes- chas é expressa em termos relativos. Utilizam-se de- tratigráficos podem ser propostos usando um grupo nominações como "Período "Era Paleo- específico de fósseis (por exemplo, apenas braquió- zóica", com aproximadamente mesmo sentido que podes) ou diversos grupos em conjunto (por exemplo. "Era "Período Colonial", "Anos As braquiópodes + trilobitas + biválvios). denominações empregadas na Tabela de Tempo Num conjunto de estratos de uma bacia podem Geológico (figura 5.8) começaram a ser criadas a partir ser estabelecidos distintos com limites do século XVIII, quando engenheiro inglês William Smith constatou as sucessões ordenadas de fósseis nas completamente independentes (por exemplo, um rochas. Outros pesquisadores, inicialmente da Grä- zoneamento para os braquiópodes e outro para os trilobitas). Em qualquer situação, é importante amostrar Bretanha, depois de outros países da Europa, também se empenharam para comparar os estratos quanto ao os fósseis em intervalos adequados para reconhecer a seu conteúdo paleontológico. As dificuldades eram amplitude vertical correta dos taxa (figura 5.6). grandes porque ainda não se sabia quais fósseis real- As unidades bioestratigráficas também são to- mente seriam úteis para as correlações talmente independentes das (figura Em cada área, as camadas começaram a ser designa- 5.7). Entretanto, na prática, determinados fósseis mui- das por nomes locais. Tais nomes passaram a ser apli- tas vezes só ocorrem em certas litofácies porque fo- cados em áreas cada vez mais amplas à medida que as ram condicionados ecologicamente pelo ambiente correlações eram estendidas para diversas bacias. deposicional (figura 5.6). Nesses na realidade. As origens de alguns nomes consagrados da pode-se estabelecer apenas uma Cronoestratigrafia e da Geocronologia são as seguin- porque os níveis de aparccimento e desaparecimento tes: Cambriano em alusão à Cambria, () nome latino dos taxa não refletem seu verdadeiro tempo de exis- de Gália; Ordoviciano, nome derivado de tência. uma antiga tribo celta; Siluriano, relativo a nome dos antigos habitantes do oeste da Inglaterra e Cronoestratigrafia, Geocronologia e do País de Gales: Devoniano, nome de afloramentos Tabela de Tempo Geológico próximos a Devonshire, na Inglaterra; designação dada aos estratos com camadas de carvão A Cronoestratigrafia está intimamente rela- do centro-norte da Inglaterra; Mississipiano e cionada à Geocronologia, que muitas vezes gera Pensilvaniano, unidades também portadoras de car- bastante confusão. A Cronoestratigrafia classifica os vão na América do Norte; Permiano, nome derivado estratos de acordo com a sua idade e a Geocronologia da província russa de Perm no lado oeste das Monta- refere-se exclusivamente ao tempo, que é uma gran- nhas Urais; Triássico, nome proposto para um con- deza imaterial. junto de rochas subdividido em três partes da Alema- A idade de uma rocha pode ser absoluta ou nha; em alusão às Montanhas Jura entre a relativa. A idade absoluta expressa em anos (usan- França e a Suíça: Cretáceo, denominação derivada da do-se as abreviações: Ma milhões de anos; Ba ou palavra latina creta que significa greda ou giz.68 Paleontologia ZONAS DE AMPLITUDE CENOZONAS OU ZONAS DE ASSOCIAÇÃO ABCDEF ABCDEFGHIJKI ZONA E ZONA I ZONA D SUPER- ZONA F ZONA F SUBZONA B (E+F+G+H) ZONA C ZONA C SUBZONA A (A+B+C+D) ZONAS DE COINCIDÊNCIA OPPELZONAS ABCDEF ZONA J (HJ+K+M) ZONA E-F ZONA F ZONA C-D (E+F+G+H) ZONA C ZONA A-B (A+B+C+D) ZONAS DE APOGEU OU EPÍBOLE ZONAS DE LINHAGEM OU FILOZONAS ABCDEF A B C D ZONA E ZONA D SUPER- ZONA D ZONA C SUBZONA B ZONA F ZONA C ZONA B SUBZONA A ZONA A ZONAS DE ASSOCIAÇÃO E INTERZONAS ZONAS DE INTERVALO ABCDEFGH A B A B ZONA I INTERZONA F SUBZONA G ZONA F D ABC A B INTERZONA ESTÉRIL ZONA B-C TEILZONA OU TOPOZONA OU ZONAS DE AMPLITUDE ZONA DE AMPLITUDE LOCAL DIFERENCIAL SUPERIOR (SUGESTÃO DO GUIA: NÃO USAR) AMPLITUDES AMPLITUDES LOCAIS NA BACIA A B C ZONA H ZONA G ZONA D (OU E OU F) ZONA B (OU C) ZONA A Figura 5.5 Principais tipos de biozonas de acordo com Guia de Nomenclatura Estratigráfica (Petri et alii, 1986b). A Tabela de Tempo Geológico é subdividida A unidade fundamental da Cronoestratigrafia em éons, eras, períodos, épocas e idades (figura 5.8). é sistema que corresponde ao conjunto de rochas Na respectivamente, as unidades depositadas num período geológico. Por exemplo, são eratemas, sistemas, séries e an- Sistema Devoniano foi depositado durante Período dares. Devoniano. Os sistemas Terciário e QuaternárioUso Estratigráfico dos Fósseis e Tempo Geológico 69 AMPLITUDE ESTRATIGRÁFICA DOS TAXONS (A, E, F) DE ACORDO COM DISTINTOS INTERVALOS DE COLETA DE AMOSTRAS SEÇÃO AMOSTRAGEM AMOSTRAGEM AMOSTRAGEM COLUNAR A CADA 1 m A CADA 5 m A CADA 10 m m B F 120 I B F D F 110 I 100 E E E 90 B 80 70 C 60 C 50 40 30 A A A 20 10 0 OCORRÊNCIAS DO TAXON NAS AMOSTRAS AMPLITUDE ESTRATIGRÁFICA TOTAL DO TAXON Figura 5.6 Amplitudes estratigráficas dos taxa A a F determinadas de acordo com distintos intervalos de amostragem. Notar que os taxa Be D ocorrem apenas em determinadas litofácies. derivam da antiga classificação das rochas em Primário. Os sistemas fazem parte de unidades maiores Secundário, Terciário e Quaternário empregada no sé- designadas eratemas e eonotemas. As respectivas culo XVII. Contudo, ao invés de Terciário, muitos auto- unidades de tempo são as eras e os As rochas res adotam os sistemas Paleógeno e Neógeno. mais antigas da Terra eram anteriormente referidas70 Paleontologia DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES ESTRATIGRÁFICAS NO TEMPO E NO ESPAÇO 6 5 4 3 2 1 ESPAÇO UNIDADE LITOESTRATIGRÁFICA UNIDADE BIOESTRATIGRÁFICA UNIDADE CRONOESTRATIGRÁFICA 1 a 6 LINHAS DE TEMPO ESTRATÓTIPOS (são seções onde certo nível foi escolhido para representar a base de uma unidade cronoestra- tigráfica, correspondendo a certo "instante" da escala de tempo geológico; em outros locais, a base da unidade eventualmente não coincide com mesmo instante) Figura 5.7 Estratótipos e unidades lito, bio e no espaço e no tempo (modificado de Holland, 1996). como pertencentes à "Série Primária" Correspon- Proterozóico. O intervalo de tempo ainda anterior, deriam a rochas de caráter cristalino subjacentes a es- compreendendo a formação da Terra até a geração das tratos Na escala de tempo, estas rochas rochas mais antigas preservadas, é designado Éon atualmente são atribuídas aos eóns Arqueano e Hadeano. Estes três intervalos são informalmente71 Uso Estratigráfico dos e Tempo Geológico Angiospermas Gimnospermas Diatomáceas Dinoflagelados Nanofósseis Conodontes Quitinozoários Ostracodes Radiolários Acritarcos Aves Mamiferos Répteis Gnatostomados Agnatos Graptozoários Ofiuróides Equinóides Crinóides Blastóides Briozoários Braquiópodes Coleóideos Amonóideos Biválvios Insetos Quelicerados Trilobitas Poríferas Cnidários Anelideos Cianobactérias 5 23 206 248 290 510 IDADE 1 ABSOLUTA IDADE NEOG TERCIÁRIO PALEOZOICO QUAT. MESOZ CENOZOICO ERA FANEROZOICO EON grupos de organismos. As barras mais acordo grossas com indicam os outros os Figura em que os Tabela grupos de apresentaram Tempo Geológico taxa de e duração de diversos Dados paleontológicos de intervalos capítulos do presente livro.72 Paleontologia designados como por terem ante- figura 5.4, braquiópode Tropidoleptus carinatus alcan- cedido Período Cambriano, quando surgiram pri- çou áreas distantes em momentos diferences por influ- meiros invertebrados dotados de conchas ou "esquele- ência do clima, da elevação do nível relativo do mar e da tos duros" preserváveis. O intervalo de tempo do movimentação tectônica do Gondwana para () Esta Cambriano até hoje corresponde ao Éon Fanerozóico espécie não é um bom fóssil-guia na escala de andares (phaneros= evidente; O Fanerozóico é sub- do Devoniano, mas poderia ser considerado um bom dividido nas eras Paleozóico, Mesozóico e Ceno- fóssil-guia do Sistema Devoniano. A resolução zóico. cronoestratigráfica e a distribuição geográfica que se Os sistemas podem ser subdivididos em séries, pode admitir para um "fóssil-guia" sempre depende do as quais compreendem as rochas depositadas nas res- potencial dos outros fósseis disponíveis. vezes, na pectivas épocas do tempo geológico. As séries falta de um fóssil-guia ideal, é necessário tolerar algum temente são designadas como sendo as subdivisões diacronismo nas correlações. Na figura 4.8 pode-se "inferior", "médio" e "superior" dos sistemas, corres- visualizar os intervalos de tempo em que viveram vári- pondendo às subdivisões "eo...", "meso..." e "neo..." os grupos de organismos e os intervalos dos represen- dos períodos. Na língua inglesa, os respectivos termos tantes usados como são lower, middle e upper e os Continuam até hoje as discussões sobre a geocronológicos são early, middle e late. Por exemplo, a abrangência dos intervalos cronoestratigráficos e a Série Devoniano Inferior (Lower Devonian) foi depo- formalização de subdivisões cada vez menores. A Co- sitada durante a Época Eodevoniano (Early Devonian). missão Internacional de Estratigrafia (ICS) da União A mesma relação existe entre Devoniano Médio (Middle Internacional de Ciências Geológicas (IUGS) objetiva Devonian) Mesodevoniano (Mid Devonian) e Devo- estabelecer uma escala estratigráfica padrão, aplicável niano Superior (Upper Devonian) Neodevoniano (Late mundialmente. Comitês de especialistas rigorosamente Devonian). No caso do Sistema Terciário, as séries re- eleitos procuram definir a base de cada unidade ceberam denominações já consagradas (Paleoceno, cronoestratigráfica num ponto único de uma seção Eoceno, etc.), inicialmente introduzidas com base nas muito bem selecionada (GSSP Global Boundary proporções de espécies de invertebrados marinhos Stratotype Section and Point), onde se observa alguma atuais nas faunas Para O Quaternário, as séries modificação da fauna ou flora muito marcante (apare- Pleistoceno e Holoceno foram originalmente propostas cimentos e extinções). O ponto, por definição, repre- para designar os depósitos glaciais e os pós-glaciais. senta um "instante" de tempo conhecido e serve como As séries são divididas em andares (e.g., figura referência para determinar a base da unidade figura 5.3D) e as épocas em idades (em inglês, cronoestratigráfica de outros lugares (que não obriga- respectivamente, stages e ages). Por exemplo, Andar toriamente coincide com mesmo "instante" de tem- Emsiano (Emsian Stage) foi depositado durante a Ida- po; figura 5.7). de Emsiano (Emsian Age). As seções de referência para a definição da base A menor unidade cronoestratigráfica é a crono- das unidades normalmente estão zona, a qual equivale a uma biozona muito bem co- fundamentadas em fósseis marinhos considerados cos- em escala mundial. Obviamente, em teoria, a mopolitas. Entretanto, em muitos depósitos sedimen- precisão da biozona deveria permitir o reconhecimen- tares não ocorrem tais por diversas razões: to de horizontes isócronos, que, na prática, é relati- os paleoambientes deposicionais tal- vamente difícil. Pode-se realizar, por engano, correla- vez tenham sido continentais ou marinhos restritos ções diácronas quando se utiliza fósseis de organis- (com biotas endêmicas) ou simplesmente registro mos extremamente dependentes de certas condições sedimentar está incompleto. Nesses casos, é necessá- ecológicas, as quais se instalaram ora em certo local, rio estabelecer andares ou séries regionais/locais. ora em outro figura 5.3B). Outro risco de correlações diácronas é por utilização de fós- seis retrabalhados, isto é, derivados de um estrato an- Referências tigo erodido redepositados num estrato mais novo. A dispersão de alguma espécie para áreas distantes BRIGGS, D. E. G. & P. R. 1996. também pode resultar em diacronismo devido a difi- A synthesis. Oxford, Blackwell Science. culdades para ultrapassar barreiras. Por exemplo, na 583 p.Uso Estratigráfico dos Fósseis e Tempo Geológico 73 FONSECA, V. M. M. da & MELO, J. H. G. .1987. Ocor- 1986a. Código Brasileiro de Nomenclatura rência de Tropidoleptus carinatus (Conrad) (Bra- Estratigráfica. Revista Brasileira de Geociências, chiopoda, Orthida) na Formação Pimenteira, e sua 16(4): 372-376. importância In: CONGRES- SO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA, 10, PETRI, S.; COIMBRA, A. M.; AMARAL, G.& Rio de Janeiro. SBP, Anais. Rio de Janeiro, V. 2, W. L. 1986b. Guia de Nomenclatu- p. 505-537. ra Estratigráfica. Revista Brasileira de Geociências, 376-415. C.H. 1996, Biostratigraphic units and the stratotype/ golden spike concept. In: BRIGGS, D. SCHOBBENHAUS, C. & CAMPOS, D. de A. 1984. E.G. & CROWTHER, P.R. (eds.). A A evolução da plataforma sul-americana no Brasil synthesis. Oxford, Blackwell Science, p. 461-465. e suas principais concentrações minerais. In: LEMON, R. R. 1990. Principles of Stratigraphy. SCHOBBENHAUS, C.; CAMPOS, D. de A.; Columbus, Merrill Publishing Company. 559 p. DERZE, G. R. & ASMUS, H. E. (coords.). Geologia do Brasil. Texto Explication do Geológico do MENDES, J. C. 1984. Elementos de Estratigrafia. São Brasil e da área oceânica adjacente incluindo depósitos Paulo, T.A. Queiroz, EDUSP. 566 p. minerais. Escala 1: 2 500 Brasília, Ministério PETRI, S.; COIMBRA, A. M.; AMARAL, G.; OJEDAY das Minas e Energia, Departamento Nacional de OJEDA, H.; FÚLFARO, V.J. & W.L. Produção Mineral. 501 p.

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