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O Tempo Geológico APRESENTAÇÃO Os processos geológicos ocorrem em escalas de tempo que variam de segundos a dezenas de mil hões de anos, até bilhões de anos. A noção sobre o tempo geológico mudou o pensamento huma no sobre como a Terra opera em termos de um sistema. Nesta unidade de aprendizagem, veremo s mais sobre a escala do tempo geológico e sua evolução, através de técnicas de datação radioati va. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar a escala do tempo geológico.• Reconhecer a medição do tempo absoluto.• Relacionar as idades absolutas da escala de tempo geológico.• INFOGRÁFICO Veja agora a escala de tempo geológico e que veremos a seguir: CONTEÚDO DO LIVRO Os filósofos vêm se debatendo com a noção de tempo ao longo da história humana, mas até épocas bem recentes, eles tinham muito poucos dados para limitar suas especulações. Ness e item conheceremos alguns recursos para descobrimos a idade das rochas. Vamos acompanhar um trecho do livro Para Entender a Terra de John Grotzinger e Tom Jorda n, que explica melhor este processo. Inicie a leitura a partir do título Discordâncias: lacunas no r egistro geológico. Boa leitura. CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK GEOCIÊNCIAS www.grupoa.com.br JOHN GROTZINGER TOM JORDAN TERRA P A R A E N T E N D E R A SEXTA EDIÇÃO GROTZINGER & JORDAN SEXTA EDIÇÃO PA RA EN TEN D ER A TERRA Desde que Frank Press e Raymond Siever lançaram a primeira edição de Para Entender a Terra (1965), este manual vem sendo paulatinamente atualizado e hoje se tornou um dos mais importantes livros-texto de universidades de vários países. Sucessores dos grandes mestres que iniciaram esta obra, Tom Jordan e John Grotzinger, dois cientistas de gran- de envergadura na atualidade, terminam, nesta sexta edição, o ciclo de uma grande reestruturação em relação à primeira edição. A introdução de desenhos e esquemas inovadores, a mo- derna concepção sobre tectônica de placas, a concepção da Terra como um sistema interativo e a análise de como a di- nâmica planetária tem infl uenciado a evolução da vida evi- denciam a profunda modernização deste livro-texto. O leitor é estimulado a fazer e pensar como os geólogos, enten- dendo como eles adquiriram o conhecimento que possuem, como esse conhecimento impacta a vida dos cidadãos e o que se pode fazer para melhorar o ambiente da Terra. Leitura indicada para os cursos de bacharelado e licen- ciatura em Geologia, Geografi a, Ciências da Terra, Cli- matologia, Meteorologia, Ciências do Solo, Agronomia, Engenharias, Biologia, Ecologia, Ciências Ambientais e afi ns. A obra destina-se também a técnicos e profi ssionais que necessitem complementar e atualizar seus conhecimen- tos gerais fora da área de especialização e ao público em geral que se interessa pelos fenômenos da Terra e da natureza. TERRA P A R A E N T E N D E R A SEXTA EDIÇÃO G ROTZ I NG E R & JOR DAN 42685 Para Entender a Terra.indd 142685 Para Entender a Terra.indd 1 31/01/2013 10:05:0731/01/2013 10:05:07 Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150 G881e Grotzinger, John. Para entender a terra [recurso eletrônico] / John Grotzinger, Tom Jordan ; tradução: Iuri Duquia Abreu ; revisão técnica: Rualdo Menegat. – 6. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. Tradução da 4. ed. de Rualdo Menegat, Paulo César Dávila Fernandes, Luís Aberto Dávila Fernandes, Carla Cristine Porcher. ISBN 978-85-65837-82-8 1. Geociências. 2. Geologia. I. Jordan, Tom. II. Título. CDU 55 Tradutores da 4ª edição Rualdo Menegat Professor do Instituto de Geociências/UFRGS Paulo César Dávila Fernandes Professor da Universidade do Estado da Bahia Luís Aberto Dávila Fernandes Professor do Instituto de Geociências/UFRGS Carla Cristine Porcher Professora do Instituto de Geociências/UFRGS 204 PA R A E N T E N D E R A T E R R A Discordâncias: lacunas no registro geológico Ao compilar a sucessão estratigráfica de uma região, os geólogos frequentemente encontram lugares no registro geológico onde está faltando uma formação. Nenhuma rocha foi depositada ou ela sofreu erosão antes que os próximos estratos fossem depositados. A superfície entre duas camadas que foram depositadas com um intervalo de tempo entre elas – o limite ao longo do qual as duas formações existentes encontram- se – é chamada de dis-cordância (Figura 8.6). A sequência sedimentar é uma série de camadas delimitadas acima e abaixo por discordâncias. Uma discordância, assim como uma sequência sedimen-tar, representa a passagem do tempo. Uma discordância pode implicar que forças tectôni- cas soergueram a rocha acima do nível do mar, onde a erosão removeu algumas camadas rochosas. Alternativa-mente, a discordância pode ter sido produzida pela erosão de uma rocha recém-exposta, enquanto o nível do mar descia. Como veremos no Capítulo 21, o nível do mar pode baixar em centenas de metros durante as idades do gelo, devido à retirada de água dos oceanos para formar os mantos de gelo continental. As discordâncias são classificadas de acordo com as relações entre o pacote superior e o inferior de camadas. Uma discordância em que o conjunto superior de cama-das assenta-se em uma superfície erosiva desenvolvida sobre um pacote de camadas não deformado e ainda disposto na posição horizontal é chamada de desconfor-midade (ver Figura 8.6). Quedas no nível do mar e amplos soerguimentos tectônicos geralmente criam desconfor-midades. Uma discordância em que o pacote superior de camadas recobre rochas metamórficas ou ígneas intrusi-vas é uma não conformidade 1 (veja um exemplo no Jornal da Terra 8.1, páginas 208-209). Uma discordância em que o pacote superior de camadas sobrepõe-se a um inferior cujas camadas foram dobradas por processos tectônicos e, depois, sofreram erosão em uma superfície mais ou me- nos plana é denominada discordância angular. Em uma discordância angular, os planos de acamamento dos dois pacotes de camadas não são paralelos. A Figura 8.7 repre- senta uma impressionante discordância angular encon- trada no Grand Canyon. A Figura 8.8 ilustra os processos pelos quais uma discordância angular pode se formar. A B C D A B C D A B C A B C E Discordância Subsidência Soerguimento TEMPO 3 A erosão remove a camada D e parte da C, deixando uma superfície irregular de morros e vales. TEMPO 2 Posteriormente, as forças tectônicas causam o soergui- mento das camadas acima do nível do mar, expondo-as à erosão. TEMPO 1 Os sedimentos acumulam-se, sob o mar, nas camadas A-D. TEMPO 4 Com a subsidência da região, o nível do mar sobe, permitindo que uma nova camada, E, se deposite sobre a C. A superfície irregular no topo de C é preservada como uma discordância. FIGURA 8.6 � Uma discordância é uma superfície entre duas camadas rochosas que representa uma camada nunca formada ou que sofreu erosão. O tipo de discordância repre- sentado aqui, criado por meio de soerguimento e erosão, seguidos de subsidência e outro ciclo de sedimentação so- bre o topo de uma superfície não deformada, é chamado de desconformidade. Grotzinger_08.indd 204Grotzinger_08.indd 204 05/12/12 08:5005/12/12 08:50 C A P Í T U LO 8 � R E LÓ G I O S N A S R O C H A S: DATA N D O O R E G I S T R O G E O LÓ G I CO 205 Relações de seccionamento Outras feições de rochas sedimentares acamadas também fornecem chaves para a datação relativa. Lembre que os diques podem seccionar e romper as camadas sedimen- tares; as soleiras podem ser intrudidas paralelamente aos planos de acamamento (ver Capítulo 4); e as falhas po- dem deslocar planos de acamamento, diques e soleiras quando separam blocos de rochas (ver Capítulo 7). Essas relações de seccionamento podem ser usadas para estabe- lecer as idades relativas de intrusões ígneas ou falhasna sucessão estratigráfica. Sabemos que eventos deforma- cionais ou intrusivos ocorreram depois que as camadas sedimentares afetadas foram depositadas e que, portanto, essas estruturas devem ter sido mais novas que as rochas que elas cortaram (Figura 8.9). Se os deslocamentos por intrusões ou falhas forem erodidos pela superfície de uma discordância e, depois, sobrepostos por uma série mais nova de formações, saberemos que essas estruturas são mais antigas que os estratos mais novos. Os geólogos podem combinar observações de campo, relações de seccionamento, discordâncias e sucessões es- tratigráficas para decifrar a história de regiões cuja geolo- Subsidência Soerguimento Discordância angular TEMPO 1 Os sedimentos acumulam-se em camadas, sob o nível do mar. TEMPO 2 Posteriormente, forças tectô- nicas causam soerguimento, dobramento e deformação das camadas sedimentares. TEMPO 3 A erosão remove os topos das camadas dobradas, deixando um plano irregular com porções expostas de várias camadas dobradas. TEMPO 4 Com a subsidência da região, o nível do mar so- be, permitindo que novos sedimentos se acumulem sobre a superfície erosiva anterior. A superfície onde os novos sedimentos e as camadas dobradas se limi- tam é preservada como discordância angular. Compressão FIGURA 8.8 � Uma discordância angular é uma superfície que separa dois pacotes de camadas cujos planos de acamamento não são paralelos entre si. Esta série de desenhos mostra como tal superfície pode ser formada. Seção através dos estratos do Grand Canyon Discordância angular FIGURA 8.7 � A grande discordância no Grand Canyon, Colo- rado (EUA), é uma discordância angular entre o arenito horizontal Tapeats do Período Cambriano (acima) e as camadas com alto ângulo de mergulho do Grand Canyon, do Período Pré-Cambria- no (abaixo). [GeoScience Features Picture Library] Grotzinger_08.indd 205Grotzinger_08.indd 205 05/12/12 08:5005/12/12 08:50 206 PA R A E N T E N D E R A T E R R A gia é complexa (Figura 8.10). O Jornal da Terra 8.1 (páginas 208-209) fornece um exemplo mais detalhado de como os geólogos trabalham no sentido contrário do tempo para determinar as idades relativas das rochas em uma região. A escala do tempo geológico: idades relativas No início do século XIX, os geólogos começaram a aplicar os princípios estratigráficos de Steno e Smith em aflora- mentos por todo o mundo. Os mesmos fósseis caracte- rísticos foram descobertos em formações semelhantes em vários continentes. Além disso, as sucessões faunísticas de diferentes continentes frequentemente exibiam as mes- mas mudanças nas sequências de fósseis. Comparando as sucessões faunísticas e usando relações de seccionamen- to, os geólogos conseguiram determinar as idades relati- vas de formações rochosas em nível global. Por volta do fim do século, haviam montado uma história mundial de eventos geológicos – uma escala do tempo geológico. Intervalos de tempo geológico A escala do tempo geológico divide a história da Terra em intervalos marcados por conjuntos distintos de fósseis, im- pondo limites nesses intervalos quando esses conjuntos sofreram uma mudança abrupta (Figura 8.11). As divisões básicas dessa escala de tempo são as eras: a Paleozoica (do grego paleo, que significa “antigo”, e zoi, “vida”), a Mesozoi- co (“vida intermediária”) e a Cenozoica (“vida recente”). As eras são subdivididas em períodos, a maioria deles denominados de acordo com o nome da localidade geográ- fica onde as formações estão mais bem expostas ou onde foram descritas pela primeira vez ou, ainda, por alguma ca- racterística distintiva das formações. O Período Jurássico, por exemplo, é denominado devido às Montanhas Jura, na França e na Suíça, e o Período Carbonífero, por causa das rochas sedimentares portadoras de carvão da Europa e da América do Norte. Os períodos Terciário e Quaternário da Era Cenozoica são duas exceções: esses nomes gregos sig- nificam “origem antiga”e “origem nova”, respectivamente. Alguns períodos têm outra subdivisão em épocas, como a Miocena, a Pliocena e a Pleistocena do Período Quaternário (ver Figura 8.11). Hoje estamos vivendo na Época Holocena (“completamente nova”) do Período Quaternário da Era Cenozoica. Limites de intervalos marcam extinções em massa Muitos dos principais limites na escala de tempo geoló- gico representam extinções em massa: intervalos curtos durante os quais uma grande proporção das espécies vi- vendo ao mesmo tempo simplesmente desapareceram do registro fóssil, seguidos do surgimento de muitas novas espécies. Essas mudanças abruptas nas sucessões faunís- ticas eram um grande mistério para os geólogos que as Dique Plúton Falha TEMPO 1 Os sedimentos acumulam-se em camadas sob o nível do mar. TEMPO 2 Posteriormente, as forças tectônicas causam soerguimento, dobramento e deformação das camadas sedimentares. TEMPO 3 Um dique de magma líquido intrude-se nas camadas dobra- das, cortando-as trans- versalmente. Como é possível verificar que o dique corta as camadas dobradas, é claro que a sedimentação e o dobra- mento antecederam a intrusão. TEMPO 4 O falhamento des- loca as camadas e o dique. Como as ca- madas sedimentares e o dique estão ambos deslocados, a ocorrência do falhamento é consi- derada posterior a eles. FIGURA 8.9 � As relações de seccionamento permitem que os geólogos estabeleçam as idades relativas de intrusões ígneas ou falhas em uma sucessão estratigráfica. Grotzinger_08.indd 206Grotzinger_08.indd 206 05/12/12 08:5005/12/12 08:50 C A P Í T U LO 8 � R E LÓ G I O S N A S R O C H A S: DATA N D O O R E G I S T R O G E O LÓ G I CO 207 FIGURA 8.10 � Os geólogos usam princípios estratigráficos e relações de seccionamento para estabelecer uma cronologia relativa de eventos geológicos. AB E F C D Intrusão granítica Arenito contendo fósseis continentais Arenitos, calcários e folhelhos contendo fósseis marinhos Discordância C Discordância angular E Rochas sedimentares metamorfizadas e deformadas A Camadas sedimentares Os geólogos usam seções transversais com base em mapas de campo para entender as características dos estratos e das relações entre eles. DD EE A B C 7 A erosão aplaina as camadas basculadas. A B C 4 Uma superfície de erosão desenvolve-se nas camadas deformadas. A B 3 A intrusão de magma líquido corta as camadas sedimentares previamente deformadas. 2 A deformação e o meta- morfismo das camadas sedimentares ocorrem durante o soerguimento e a compressão tectônicos. B AA CC DDEEFF Camadas sedimentares com fósseis continentais Discordância angular 8 Finalmente, a deposição de sedimentos arenosos sobre a discordância angular ocorre em um ambiente continental – evidenciado pelos fósseis continentais. 1 Camadas sedimentares são depositadas em um leito plano e horizontal. A B C D Camadas sedimentares com fósseis marinhos 6 Durante um período de compressão tectônica, as novas camadas marinhas são basculadas e soerguidas, iniciando o processo de erosão. Basculamento A B D C Discordância 5 Novas camadas de sedimentos marinhos formam-se na superfície de erosão durante a subsidência sob o nível do mar, resultando em uma discordância. Grotzinger_08.indd 207Grotzinger_08.indd 207 05/12/12 08:5005/12/12 08:50 208 PA R A E N T E N D E R A T E R R A Sucessão estratigráfica do Planalto do Colorado, reconstruída a partir de estratos expostos no Grand Canyon, no Cânion Zion e no Cânion Bryce. [Grand Canyon: John Wang/Photo Disc/Getty Images; Câ- nion Zion: David Muench/CORBIS; Cânion Bryce: Tim Davis/Photo Researchers] Jornal da Terra 8.1 Estratigrafia do Planalto do Colorado: um exercício de datação relativa Os estratos expostos no Grand Canyon e em outras partes do Planalto do Colorado podem ser usados para ilustrar como funciona a datação relativa. Essas camadas registram umalonga história de sedimentação em uma variedade de am- bientes, algumas vezes continentais e, outras, marinhos. Pela correlação de formações rochosas expostas em diferentes localidades, os geólogos construíram uma sucessão estra- tigráfica de um intervalo de mais de 1 bilhão de anos, que abrange as eras Paleozoica e Mesozoica. As rochas expostas mais basais e, portanto, as mais an- tigas do Grand Canyon são as rochas ígneas e metamórficas escuras do Grupo Vishnu, um grupo de formações com idade de cerca de 1,8 bilhão de anos. Sobrepostas ao Grupo Vishnu, e mais novas, portanto, es- tão as Camadas Grand Canyon. Embora essas rochas sedimen- tares contenham fósseis de microrganismos unicelulares que oferecem evidências de vida anterior, elas não contêm os fósseis de conchas distintivos do Cambriano e de períodos posteriores e, por essa razão, são classificadas como rochas pré-cambrianas. Uma não conformidade separa as camadas do Grupo Vishnu e as do Grand Canyon, representando um período de deformação estrutural que acompanhou o metamorfismo desse grupo e, depois, de erosão, antes da deposição das ca- madas mais novas. A inclinação das Camadas Grand Canyon, formando um ângulo em relação à posição horizontal de quando foram geradas, mostra que elas também foram do- bradas depois da deposição e do soterramento. Uma discordância angular separa as Camadas Grand Canyon das camadas horizontais sobrepostas do Arenito Ta- peats (ver Figura 8.7). Essa discordância indica um longo perí- odo de erosão depois do basculamento das rochas inferiores. O Arenito Tapeats e o Folhelho Bright Angel podem ser data- dos como do Cambriano pelos seus fósseis, muitos dos quais são de trilobitas. Sobreposto ao Folhelho Bright Angel está um grupo de formações horizontais de calcário e folhelho (Calcário Muav, Calcário Temple Butte e Calcário Redwall) que representam cerca de 200 milhões de anos, desde o final do Período Cam- briano até o Período Carbonífero. Existe um lapso de tempo muito longo representado pelas discordâncias dessa sequên- cia, sendo que os estratos das rochas materializam realmente menos de 40% do Paleozoico (ver Exercício 4). O próximo pacote de estratos, em direção ao topo da pa- rede do cânion, é o Grupo Supai (Carbonífero e Permiano), que reúne formações que contêm fósseis de vegetação terrestre, como aqueles encontrados em camadas de carvão na América do Norte e em outros continentes. Sobrepondo-se ao Grupo Supai, está o Hermit, um folhelho arenítico vermelho. Continuando em direção ao topo, encontramos outro depósito continental, o Arenito Coconino, o qual contém rastros de animais vertebrados. Os rastros desses animais sugerem que o Coconino foi formado em um ambiente ter- restre durante o Período Permiano. No topo dos penhascos na borda do cânion, estão mais duas formações de idade permiana: a Toroweap, constituída predominantemente de calcário, sobreposta pela Kaibab, uma camada maciça de cal- cário arenoso contendo sílex. Essas duas formações registram a subsidência da região sob o nível do mar e a deposição de sedimentos marinhos. Acima do calcário Kaibab e da própria borda do cânion, mas exposta no Parque Nacional Grand Canyon, está a forma- ção Moenkopi, um arenito vermelho do Período Triássico – a primeira aparição de rochas da Era Mesozoica nessa sucessão estratigráfica. A sucessão de estratos no Grand Canyon, embora pito- resca e instrutiva, representa uma imagem incompleta da his- tória da Terra. Períodos mais novos do tempo geológico não estão preservados, e devemos nos deslocar para lugares em Utah, nos parques nacionais dos cânions Zion e Bryce, para completar os últimos eventos dessa história. Em Zion, encon- tramos as unidades equivalentes de Kaibab e Moenkopi, que nos permitem estabelecer uma correlação com a região do Grand Canyon e encadear a história dessas regiões. Diferen- temente da área do Grand Canyon, entretanto, as rochas em Zion estendem-se, em direção ao topo, até o tempo jurássico, incluindo dunas arenosas antigas representadas pelos are- nitos da Formação Navajo. No Cânion Bryce, a leste de Zion, encontra-se novamente o arenito Navajo, assim como os es- tratos que se empilham em direção ao topo até a formação Wasatch, de idade terciária. A correlação dos estratos dessas três áreas do Planalto do Colorado mostra como as sequências de lugares bastante se- parados – cada qual com um registro incompleto do tempo geológico – podem ser empilhadas para construir um regis- tro composto da história da Terra. Grotzinger_08.indd 208Grotzinger_08.indd 208 05/12/12 08:5005/12/12 08:50 C A P Í T U LO 8 � R E LÓ G I O S N A S R O C H A S: DATA N D O O R E G I S T R O G E O LÓ G I CO 209 A ParqueParque NacionalNacional ZionZion A B C Parque NacionalParque Nacional do Grand Canyondo Grand Canyon ArizonaArizona UtahUtah ParqueParque NacionalNacional do Câniondo Cânion BryceBryce XistoXisto VishnuVishnu Parque Nacional do Cânion Bryce Parque Nacional do Grand Canyon Parque Nacional Zion Ar Tapeat Cam adas do Grand Canyon Folhelho Bright Angel Rochas mais antigas não expostas Rio Colo- rado Fm Moav Cc Temple Butte Cc Redwall Cc Kaibab Fm Moenkopi Fm Chinle Ar Wingate Fm Kayenta Rochas mais antigas não expostas Ar Navajo Ar Navajo Fm Carmel Fm Carmel Ar Entrada Ar Curtis Fm Winsor Ar Dakota Folhelho Tropic Ar Straight Cliffs Ar Wahweap Fm Kaiparowits Fm Wasatch Fm Supai Folhelho Hermit Ar Coconino Fm Toroweap Cc Kaibab Fm Moenkopi Cretáceo Jurássico Triássico Permiano Carbonífero Terciário Devoniano Cambriano Pré-Cambriano Fm Formação= Ar Arenito= Cc Calcário= Grand Canyon Cânion Zion Cânion Bryce Falha Falha C B N Localização da secção (abaixo) Parque Nacional do Grand Canyon Parque Nacional do Cânion Bryce Parque Nacional Zion Utah Arizona N Xisto Vishnu N ev ad a ColoradoColorado Novo MéxicoNovo México Colorado Novo México Grotzinger_08.indd 209Grotzinger_08.indd 209 05/12/12 08:5005/12/12 08:50 210 PA R A E N T E N D E R A T E R R A descobriram. A teoria da evolução de Darwin explicava como as novas espécies conseguiam evoluir, mas o que havia causado as extinções em massa? Em alguns casos, pensamos ter a resposta. A extinção em massa no final do Período Cretáceo, que dizimou 75% das espécies vivas, inclusive todos os dinossauros, foi quase com certeza o resultado do impacto de um grande mete- orito que escureceu e envenenou a atmosfera e imergiu a Terra em muitos anos de clima extremamente frio. Esse de- sastre marcou o fim da Era Mesozoica e o início da Ceno- zoica. Em outros casos, ainda não temos certeza. A maior extinção em massa, no fim do Período Permiano, que defi- ne o limite entre as eras Paleozoica e Mesozoica, eliminou aproximadamente 95% de todas as espécies vivas, mas a causa desse evento ainda é debatida. Os eventos extremos que separam intervalos de tempo geológico são objeto de muitas pesquisas ativas, como veremos no Capítulo 11. FIGURA 8.11 � A escala de tempo geológico, mostrando eras, períodos e épocas, diferencia- dos por assembleias de fósseis. Os limites desses intervalos são marcados pelo desaparecimento abrupto de algumas formas de vida e o surgimento de novas formas. As cinco extinções em massa mais dramáticas estão indicadas. Note que este diagrama mostra apenas as idades rela- tivas dos intervalos. C re tá ce o Ju rá ss ic o Tr iá ss ic o Pe rm ia n o C ar b on ífe ro D ev on ia n o Si lu ri an o C am b ri an o Ex tin çã o em m as sa Ex tin çã o em m as sa Ex tin çã o em m as sa Ex tin çã o em m as sa Ex tin çã o em m as sa O rd iv ic ia n o Paleozoica Mesozoica Cenozoica H ol oc en o Pl io ce n o M io ce n o Eo ce n o Pa le oc en o N eó g en o Te rc iá ri o Pl ei st oc en o O lig oc en o PERÍODO Tempo ERA ÉPOCA Grotzinger_08.indd 210Grotzinger_08.indd 210 05/12/12 08:5005/12/12 08:50 Encerraaqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR O vídeo a seguir apresenta como os princípios básicos da estratigrafia pode nos ajudar a e ntender o tempo geológico. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. EXERCÍCIOS 1) Assinale dentre as alternativas a seguir a que não representa uma Era Geológica. A) Arqueozoica. B) Cenozoica. C) Proterozoica. D) Criptozoica. E) Paleozoica. 2) Qual foi a Era que ocorreu o surgimento dos atuais continentes e da espécie humana, porém em períodos diferentes. A) Cenozoica. B) Terciário. C) Quaternário. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/3d8b005b401cab7be43acc7eb3b96f56 D) Paleozoica. E) Carbonífero. 3) Os primeiros ancestrais dos seres humanos surgiram há 1 milhão de anos no período: A) Cambriano. B) Secundário. C) Terciário. D) Quaternário. E) Pré-cambriano. 4) De acordo com estudos geológicos, a idade estimada de nosso planeta é: A) 4,5 bilhões de anos. B) 15 bilhões de anos. C) 400 milhões de anos. D) 6000 mil anos. E) 600 milhões de anos. 5) Qual Éon marcou a formação do planeta Terra? A) Arqueano. B) Proterozoico. C) Fanerozoico. D) Hadeano. E) Quaternário. NA PRÁTICA Veja como os isótopos nos informam sobre as idades dos materiais terrestres. Métodos de datação isotópica permitem-nos datar muitos tipos de materiais terrestres para muito s propósitos práticos: formações rochosas na busca de minerais e petróleo; amostras de água par a entender a circulação oceânica; núcleos de gelo para criar gráficos de variações climáticas; e at é bolhas de ar presas em rochas e no gelo para medir mudanças na composição atmosférica. Considere um grão mineral que se formou no tempo T=0 e contém uma determinada quantidade de isótopos-pai, digamos 1000 átomos. Se medirmos a idade do grão mineral nas meias-vidas do isótopo-pai, a quantidade deixada em qualquer idade T será 1000 x 1/2T . Em outras palavras, e m uma meia-vida, ou seja quando T=1, a quantidade inicial do isótopo-pai será reduzida para 1/ 2T = 1/2 (500 átomos); em duas meia-vidas, para 1/2² = 1/4 (250 átomos); e assim por diante. C om isso podemos através do decaimento atômico saber a idade dos materiais. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Sistema Terra - Legendado - As Ciências da Terra e o Tempo Geológico - parte 1 Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Sistema Terra - Legendado - As Ciências da Terra e o Tempo Geológico - parte Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Para Entender a Terra Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://www.youtube.com/embed/iKi5HY6T3ME https://www.youtube.com/embed/SC-hvTBi-_E
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