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RESUMO T.CONSTITUIÇÃO

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PODER CONSTITUINTE
O poder constituinte originário é aquele que tem a função de criar a constituição. O responsável pela produção originária do Direito. É o antecedente lógico e inexorável do poder reformador. Ele não se esgota com a realização do texto constitucional, a soberania popular, detentora da titularidade do poder constituinte, permanece com o povo da forma potencializada, a espera de uma nova decisão para se manifestar. Fato este nomeado de ‘’transconstitucionalismo’’. A teoria do poder constituinte é basicamente uma teoria da legitimidade do poder, surgida no século XVIII, convém assinalar que teoria do poder constituinte e poder constituinte são coisas distintas, este sempre houve, pois jamais deixou de haver o ato de uma sociedade estabelecendo os fundamentos de sua própria organização. Poder essencialmente soberano, o poder constituinte, ao teorizar-se, marca com toda a expressão e força a metamorfose do poder, que por ele alcança a máxima institucionalização ou despersonalização. Sem o poder constituinte as duas categorias modernas do pensamento político (povo e nação) não teriam vingado. A teoria do poder constituinte só se faz inteligível à luz de considerações sobre o problema da legitimidade, cujo debate ele necessariamente provoca, porquanto emergiu de uma distinta concepção de autoridade governativa; concepção a qual a titularidade do poder era deferida exclusivamente e por inteiro a nação, única legítima para postular obediência e estabelecer comando na sociedade. Do ponto de vista formal, considerando-se apenas de forma instrumental, o poder constituinte sempre existiu e sempre existirá, sendo assim um instrumento ou meio para se estabelecer a constituição, a forma de Estado, a organização e estrutura da sociedade política enquanto conjunto de leis fundamentais que, gozando de supremacia, rege as demais normas do ordenamento jurídico. Do ponto de vista material ele se consubstancia nos fatos sociais que propiciam o nascimento da Constituição e na revogação da anterior. Por esse ângulo- o da valoração ou da ideologia- o poder constituinte manifesta fora de toda dúvida um conceito de legitimidade, uma crença nas virtudes ou valores que aderem ao seu titular, de que é inseparável, ou com o qual vem a ordinariamente confundir-se. Ao contrário do que ocorre com as normas infraconstitucionais, a Constituição não retira o seu fundamento de validade de um diploma jurídico que lhe seja superior, mas se firma pela vontade das forças determinantes da sociedade, que a precede. Poder constituinte originário, portanto, é a força política consciente de si que resolve disciplinar os fundamentos do modo de convivência na comunidade política. Sendo o seu primeiro teorizador o abade Sieyès que viveu durante a época da revolução francesa, trabalhando sobre este tema em seu livro ‘’Que é o terceiro Estado?’’, ele enfatiza que a constituição é produto do poder constituinte originário, que gera e organiza os poderes do Estado (poderes constituídos), sendo até por isso, superior a eles. Dizem os autores que se trata de um poder que tem na insubordinação a qualquer outro a sua própria natureza, dele se diz ser absolutamente livre, capaz de se expressar pela forma que melhor lhe convier, um poder que se funda sobre si mesmo, onímodo e incontrolável, justamente por ser anterior a toda normação e que abarca todos os demais poderes; poder permanente e inalienável, o qual depende apenas de sua eficácia. Podendo-se, em suma, apontar 3 característica básicas que se reconhecem ao poder constituinte: inicial, ilimitado (ou autônomo) e incondicionado. 1-É inicial porque está na origem do ordenamento jurídico, sendo o ponto de começo do Direito, por isso mesmo que o poder constituinte não pertence à ordem jurídica, não sendo regido por ela. As leis que existiam antes dele e com ele forem incompatíveis serão consideradas revogadas ou, se com ele se adequarem, serão consideradas recepcionadas pelo novo ordenamento, mas tendo como norma de validade a constituição recente. Decorrendo sua outra característica desse ponto: 2- Ilimitado (autônomo); se ele não se inclui em nenhuma ordem jurídica, não será objeto de nenhuma ordem jurídica. O Direito anterior não o alcança nem limita sua atividade. De igual sorte, não pode ser regido nas suas formas de expressão pelo Direito preexistente, daí se dizer incondicionado. O caráter ilimitado, porém, deve ser entendido em termos, Diz respeito à liberdade do poder constituinte originário com relação a imposições da ordem jurídica que existia anteriormente. Mas haverá limitações políticas inerentes ao exercício do poder constituinte. Pode-se falar em limitações intrínsecas do poder constituinte originário sob outro ângulo. Não há espaço para decisões caprichosas ou totalitárias do poder constituinte originário, já que ele existe para ordenar juridicamente o poder do Estado, portanto, instituindo um Estado com poderes limitados. ‘’Um poder absoluto que queira continuar absoluto não cabe numa constituição (...), que representa uma delimitação frente ao exercício arbitrário do poder ou frente ao domínio puro e duro da arbitrariedade. ’’ 
Taxionomia do poder constituinte originário Natureza do poder constituinte é nitidamente política (não possui limites nem formas), existindo, no entanto, limites materiais de índole econômica, cultural e social, sendo, não obstante, juridicamente ilimitado. 
Momentos de expressão do poder constituinte originário O poder constituinte originário não se esgota quando edita uma Constituição. Ele subsiste fora da Constituição e está apto para se manifestar a qualquer momento. Trata-se, por isso mesmo, de um poder permanente, e, como também é incondicionado, não se sujeita a formas prefixadas para operar. O poder constituinte originário, entretanto, não costuma fazer-se ouvir a todo o momento, até porque não haveria segurança nas relações se fosse assim. Percebem-se nitidamente as características básicas do poder constituinte originário: inicialidade, incondicionamento a formas e ilimitação pela ordem jurídica prévia. Em outras situações, porém, a mudança se dá na continuidade, sob a vestimenta de reforma política. 
Titulariedade do poder constitucional O povo é o arrimo do poder e o catalisador para direcionar as práticas políticas implementadas. Para Duverguer, apesar da pouca participação na vida política e do imobilismo dos cidadãos, não existe democracia sem participação do povo. Nominalmente, a titulariedade pertence ao povo, contudo, materialmente, isto não ocorre. Várias vezes a vontade popular tem sido substituída pela vontade de pequenos grupos de poder, ditadores, líderes messiânicos, que exercem o poder em seu nome, para implementar medidas que agravam a sua situação, em consequência de pressão resultante do poder econômico, da interferência da mídia, da alienação política, por exemplo. Formalmente, há uma unanimidade na titulariedade popular, mas materialmente ela pertence a autores outros, que não o povo.
A relevância de Sieyès para a definição de poder constituinte A originalidade de Sieyés foi ter criado a concepção de poder constituinte originário e a diferenciado dos poderes constituídos. Este poder reestrutura a distribuição de competência entre os órgãos governamentais e fornece os subsídios para a criação de um novo tipo de sociedade. É nítido o caráter destruidor-criador na teorização do Abade, ao mesmo tempo em que destrói as bases da sociedade antiga, ela força os elementos indispensáveis para o surgimento de uma sociedade diferente. O poder constituinte cria a constituição e se diferencia dos poderes constituídos, havendo dois poderes, o constituinte e os constituídos. Por ter criado os demais poderes, o poder constituinte originário goza de supremacia em relação aos demais e se coloca hierarquicamente acima deles. Após o surgimento da constituição, não haveria o aniquilamento do poder constituinte, para Sieyés ele permaneceria potencializado podendo ser exercido a qualquer momento que fosse convocado pela nação. Com odesenrolar dos acontecimentos da revolução francesa ocorreu uma modificação do seu pensamento, passando a pregar que não poderia haver uma constante utilização da soberania da nação porque esta potencialização exacerbada destruiria a segurança jurídica e geraria o caos. 
MODIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
É interessante o desenvolver das normas atrelado aos acontecimentos sociais devido ao fato de elas não perderem eficácia concretiva, podendo incidir na realidade, saindo da abstração e adentrando na esfera factual, num fenômeno denominado de subsunção. Havendo incompatibilidade entre as normas e a realidade, ocorre o que Ivo Dantas denomina de ‘’hiato normativo’’ e Maria Helena Diniz, de lacuna ontológica, consistindo na perda de eficácia das normas jurídicas originada pela modificação dos fatos sociais e a consequente caducidade das normas. Uma forma de se evitar esses denominados hiatos normativos é o de sempre adaptar as normas aos acontecimentos, fazendo com que elas acompanhem os eventos. Sendo por 2 vias que se modificam a constituição: a reforma e a mutação constitucional. Embora as constituições sejam concebidas para durar no tempo, a evolução dos fatos sociais pode reclamar ajustes na vontade expressa no documento do poder constituinte originário. Para prevenir os efeitos nefastos de um engessamento de todo o texto constitucional, o próprio poder constituinte originário prevê a possibilidade de um poder, por ele instituído, vir a alterar a Lei Maior. Aceita-se então que a Constituição seja alterada, justamente com a finalidade de regenerá-la, conservá-la na sua essência, eliminando as normas que não mais se justificam política, social e juridicamente, aditando outras que revitalizem o texto, para que possa cumprir mais adequadamente a função de conformação da sociedade. O poder de reforma- expressão que inclui tanto o poder de emenda como o poder de revisão do texto- é, portanto, criado pelo poder constituinte originário, que lhe estabelece o procedimento a ser seguido e limitações a serem observadas. O poder constituinte de reforma, assim, não é inicial, nem incondicionado e nem ilimitado. É um poder que não se confunde com o poder originário, estando subordinado a ele.
Constituições imutáveis São aquelas que tencionam ser eternas, perdurando por todo sempre, imunes a ação do tempo e mantendo sua vigência mesmo em detrimento da evolução das relações sociais. Elas entram em contradição com o direito que o povo tem sempre de modificar sua constituição; a população tem prerrogativa de exercer a qualquer momento sua soberania, concretizada com o surgimento de um poder constituinte originário, e consequentemente, uma nova Constituição. Vários foram os motivos que ensejaram a pretensão da sua criação, dentre eles podemos citar o racionalismo iluminista, o grande consenso em torno das invariáveis axiológicas e a idolatria da Constituição como matriz divina. Dallari afirma que ‘’ a influência considerável do Iluminismo que levaria ao extremo a crença na razão, refletindo-se nas relações políticas através da exigência de uma racionalização do poder. Poucas foram as constituições que tencionaram ser imutáveis, contudo, as que seguiram esta obstinação não lograram êxito. Pontes de Miranda ensina que na frente à evolução social é impossível a eternização das leis.
Constituições Fixas São aquelas que podem ser modificadas exclusivamente por um poder constituinte originário, ou seja, deverá haver um novo processo constituinte para que haja modificação do seu texto. Não há, consequentemente, poder reformador. Elas partem do pressuposto que, como o poder constituinte cria os demais poderes tornando-os subordinados, nenhuma outra disposição normativa poderia revogar partes do seu texto, nem mesmo o poder reformador. Tal tarefa torna-se cabível a apenas um poder de semelhante hierarquia. ‘’Se quem cria a Constituição é o poder constitucional originário apenas este mesmo poderia modifica-la. ’’ O fenômeno de um novo aparecimento do poder constituinte originário chama-se transconstitucionalismo. O processo de uma Constituição não ocorre uma única vez. Em sua fase conservadora, apesar de ter sido o teórico que legitimou o poder constituinte na soberania da nação, Sieyès viu a transconstitucionalização como um fato de instabilidade institucional. Postula-se que a constituição será considerada fixa se não houver configuração do poder reformador. Ele foi criado pelo poder constituinte originário e é superior hierarquicamente aos demais poderes constituídos, por isto só poderia ter sido elaborado em um momento constituinte pelo poder originário; os poderes constituídos de hierarquia inferior a ele não poderiam criar um poder que lhes fosse superior.
MODIFICAÇÃO PELA REFORMA A reforma constitui qualquer modificação no texto constitucional realizada por meio de instrumento jurídico. Canotilho e Vital Moreira nos ensinam que a reforma consiste na modificação, revogação ou acréscimo na Constituição. Quando as normas são retiradas de âmbito constitucional, temos o fenômeno da desconstitucionalização, quando inseridas no texto constitucional, chamamos de constitucionalização. A reforma significa um procedimento útil na manutenção da sincronia normativa, principalmente no pertinente a temas tão cambiantes na realidade social brasileira. Com a constituição brasileira de 1988, a ‘’Constituição Cidadã’’, tem a característica da imutabilidade relativa, que a torna mais difícil de ser modificada que as demais normas jurídicas, exigindo um procedimento mais dificultoso, com quórum qualificado, a reforma constitucional pode ocorrer pela emenda ou pela revisão. A emenda é o método mais frequente de modificação da constituição, já tendo sido emendada, de forma excessiva, em vinte vezes. Ela é tópica, incidindo em pontos determinados e tem que estar restrita às limitações circunstanciais e materiais estipuladas na Constituição. 
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL 
O estudo do poder constituinte de reforma institui sobre o modo como o texto constitucional pode ser formalmente alterado. Ocorre que, por vezes, em virtude de uma evolução na situação de fato sobre a qual incide a norma, ou ainda por força de uma nova visão jurídica que passa a predominar na sociedade, a Constituição muda, sem que as suas palavras hajam sofrido modificação alguma. O texto é o mesmo, mas o sentido que lhe é atribuído é outro. Como a norma não se confundo com o texto, repara-se, aí, uma mudança da norma, mantido o texto. Quando isso ocorre no âmbito constitucional, fala-se em mutação constitucional. Mutação constitucional são as modificações operadas na constituição gradualmente no tempo, de modo informal, sem a necessidade da implementação de emendas ou revisão, ou seja, de procedimentos jurídicos. Sua terminologia é ainda imprecisa, existindo autores que a chamam de vicissitudes constitucionais, transições constitucionais, mudança constitucional, processos de fato, etc; 
	Ela atribui diferentes diretrizes à literalidade do texto até então dada, que pela intepretação constitucional, quer por meio da construção, quer por práticas constitucionais ou por usos e costumes. Ela pode acontecer tanto em Constituições feitas flexíveis como as consideradas rígidas, sem diferenciação fundamental. Elas são ocasionadas de modo difuso, inexistindo um órgão próprio que tenha como função sua criação, podem ser oriundas da interpretação dos tribunais, dos usos e costumes, da construção judicial, da influência dos grupos de pressão, dentre outros. O controle de constitucionalidade incide nas mutações constitucionais, da mesma forma que nos demais preceitos normativos, tanto a inconstitucionalidade formal quanto material. Então, não a aceitamos como viável juridicamente, quando ela contraria o texto constitucional, quando for contra-legem, devem ser declarada inconstitucional e expurgada do ordenamento jurídico. A doutrina não definiu, com parâmetros claros, os limites para a concretização das mutações, entretanto, defendemos que seus limites devem ser os das cláusulas pétreasimplícitas e explícitas. Se o ‘’cerne inalterável’’ da Constituição não é passível de modificação pelo processo da reforma, o que dirá pelo procedimento de mutação constitucional que não encontra respaldo em cominações legais. 
O PODER REFORMADOR 
O poder de reformar a constituição recebe denominações diversas, conforme o doutrinador que dele cuida, já havendo sido chamado de poder constituinte constituído, poder constituinte derivado, poder constituinte instituído ou poder constituinte de segundo grau. O poder constituinte criou 4 poderes constituídos: poder reformador, poder executivo, poder legislativo e poder judiciário ( os três últimos poderes foram uma concepção de Aristóteles, aprimorada por Locke, e que chegou, a sua conclusão final, pelo intelecto de Montesquieu). Em perspectiva de gradação de poderes, o poder reformador está hierarquicamente superior a todos estes 3, porém, inferior ao poder constituinte originário. Situa-se nesta localização inferior devido ter sido criado por ele e dele ter recebido sua esfera de competência, ficando restrito ás limitações impostas. Está em posicionamento superior aos demais poderes constituídos porque pode modifica-los sem contudo ser modificado por eles. O poder reformador é uma ‘’norma origem’’ porque pode produzir novas normas, e somente assim, pode ser modificado por um novo poder constituinte, ao passo que os poderes citados podem ser alterados pelo órgão reformador. A ‘’norma origem’’ estrutura a reforma das demais normas constitucionais e sua alteração fica restrita poder constituinte originário. Apenas um poder pode remodelar outro, por isso se situa em grau intermediário, entre o poder constituinte originário e os demais. Poderia-se argumentar: como um poder inferior pode modificar um superior? Isto ocorre porque o poder inferior foi criado pelo superior exclusivamente para reforma-lo. Ele é o poder que realiza a adequação entre a esfera política, inerente ao poder constituinte originário, e a esfera jurídica, que é o texto constitucional, respeitando as limitações que lhe são impostas. A titularidade do poder reformador pertence ao Legislativo, mas de forma alguma é apenas uma função, quer ordinária, quer extraordinária. É um poder distinto do poder legislativo, sendo exercido pelos seus membros; então, do exercício do poder advém uma função. 
É postulado que o poder constituinte deve ser entendido somente enquanto o originário porque é o criador do ordenamento e goza de teor inicial e absoluto, enquanto que o poder reformador é derivado e subordinado. Ivo Dantas se posicionada seguinte forma: ‘’A nossa posição frente à questão do conceito de poder constituinte, é no sentido de nos filiarmos ao primeiro entendimento, isto é, restringi-lo apenas ao chamado poder constituinte originário, que proveniente do latim-CONSTITUERE- que diz constituir, diz criar, compor, ser a base de alguma coisa. Ademais, nossa filiação se baseia nos próprios princípios caracterizadores do poder constituinte, aceitos pela doutrina, e não identificáveis no erroneamente denominado poder constituinte derivado, como veremos no decorrer desta exposição.’’
Titularidade do poder reformador A titularidade para o exercício do poder reformador localiza-se no poder legislativo, o qual exerce 2 funções: a função legislativa e a função reformadora. A primeira deriva do poder legislativo e a segunda provém do poder reformador, o qual é exercido extraordinariamente pelo Congresso Nacional. Cada poder tem uma função e um fundamento jurídico distinto. A relevante diferença entre poder legislativo e poder reformador se da pelo quórum, que, nas emendar, se configura bastante qualificado, exigindo um maior número de votos, propiciando em torno destas propostas uma maior homogeneidade de pensamento entre os parlamentares e, consequentemente, uma maior legitimidade social. O quórum é uma formalidade jurídica que denota consequências sociais importantes. O processo legislativo pode ser modificado através de uma reforma constitucional, enquanto que o poder reformador não pode ser por ele modificado, pois se constitui em uma cláusula pétrea implícita. Este é uma norma de origem constitucional, podendo reformular órgãos de governo; aquele tem uma originalidade restrita ao âmbito infra-constitucional, da sua função deflui as espécies normativas do ordenamento. O poder reformador é o único que pode modificar a constituição, devendo a ela se adequar, O processo legislativo não reforma a Lei Excelsa e deve ter sincronia com o texto originário da Constituição Federal e ainda com as normas nela inseridas, pelo poder reformador, que adquirem o mesmo status constitucional. Ele pode alterar competências do poder legislativo, mas este não pode modifica-lo. Como características semelhantes podemos mencionar que ambos são criados pelo mesmo poder, o legislativo; que produzem normas de taxionomia jurídica, e neles incidem o controle de constitucionalidade. 
Taxionomia do poder reformador O poder constituinte originário tem natureza sociológica porque não é validade por nenhuma outra norma, anteriormente a ele não existe norma jurídica, e, se existe, passa a ter validade sob a nova Constituição. Sua gênese radica em fatos sociais, em um horizonte metajurídico. Já o Poder reformador tem uma natureza diferente da do seu criador, ele é um poder constituído, formulado dentro de aspectos jurídicos, portanto, tem natureza jurídica. Mas, como ele tem natureza diferente da inerente ao seu formulador? O poder reformador tem a função de modificar a criação do poder constituinte, a Constituição. E, para modificar um texto jurídico, de conotações políticas, dentro de parâmetros legais traçados no ordenamento, sua natureza, inexoravelmente, tem que ser jurídica. A estrutura do poder reformador, juntamente com sua amplitude e limites, encontra-se disposta em fontes normativas contidas na Lex Mater. Ontologicamente, este poder é uma norma jurídica, idealizada pela Constituição, fruto do poder constituinte originário. Após a Constituição, todas as produções normativas são jurídicas, não havendo mais normas jurídicas de caráter político. Suas limitações, do ponto de vista estritamente de direito positivo, são as jurídicas, formuladas pelo texto magno, as limitações sociológicas não são objeto de estudo para os juristas positivistas, e sim para sociologia jurídica, apesar de ser sabido que ambas afetam o poder reformador.
Limitações do poder reformador O poder reformador é por sua natureza jurídica mesma um poder limitado, contido em um quadro de limitações implícitas e explícitas, decorrentes da Constituição, a cujos princípios se sujeitam, em seu exercício, o órgão revisor. Limitações explícitas ou expressas são aquelas que, formalmente postas na Constituição, lhe conferem estabilidade ou tolhem a quebra de princípios básicos, cuja permanência ou preservação se busca assegurar, retirando-os do alcance do poder reformador. Essas limitações expressas podem ser: temporais, materiais e circunstanciais. 
1. Limitações Temporais Não é raro nos depararmos com um texto constitucional que limita no tempo a ação reformista, paralisando o órgão revisor até o transcurso de um certo número de anos.
2. Limites Circunstanciais Segunda modalidade de limitação expressa que se prende a circunstâncias históricas e excepcionais na vida de um país. Ordinariamente configura um estado de crise que torna ilegítimo nessas ocasiões empreender uma reforma constitucional.
3. Limitações Materiais É a mais polêmica por constranger a atividade da reforma no seu conteúdo. Se a reforma da constituição tem por objetivo revitalizar a própria constituição como um todo, é de entender que a identidade básica do texto deve ser preservada, o que, por si, já significa um limite à atividade da reforma. Esses limites, é claro, não tem força para impelir alterações do texto por meios revolucionários, mas, se, com desrespeito a essas cláusulas pétreas, impõe-se mudança da Constituição, ao menos se retira do procedimento a ‘’máscara da legalidade’’.Assim é que várias Constituições fazem imutável uma determinada matéria de seu conteúdo. 
Finalidade da cláusula pétrea- O significado último das cláusulas de imutabilidade está em prevenir um processo de erosão da Constituição. A cláusula pétrea não existe tão só para remediar situação de destruição da Carta, mas tem a missão de inibir a mera tentativa de abolir o seu projeto básico. Pretende-se evitar que a sedução de apelos próprios de certo momento político destrua um projeto duradouro. Jorge Mirando lembra que a cláusula pétrea não tem por escopo proteger dispositivos constitucionais, mas os princípios neles modelados. 
Características do poder reformador Têm como características o seu caráter derivado, limitado e subordinado. Estes apanágios provêm do fato de ter sido criado pelo poder constituinte originário. Por isso, ao estuda-lo tem que ser tomada como parâmetro esta conexão. Ele é derivado porque é criado pelo poder constituinte originário. Adentra no ordenamento jurídico pela validação realizada pelo poder constituinte, de onde haure a extensão de sua competência e se adequa os valores constitucionais. Com relação às normas constitucionais, o poder reformador não sofre nenhum tipo de injunção, muito ao contrário, influencia-as, pois pode reformar o processo legislativo. O poder reformador encontra limitações metajurídicas e jurídicas, essas limitações jurídicas foram impostas pelo poder constituinte e só podem ser modificadas por um outro poder constituinte originário. A última característica é a de ser um poder subordinado ao poder constituinte originário. Sendo subordinado, deve se ater aos limites estabelecidos pela Constituição. O fato de subordinação não retira de forma alguma o status de ser um poder, é um poder que atua dentro de limites estipulados, dentro desses, reformar a Constituição amplamente.
PODER DECORRENTE E SUAS LIMITAÇÕES
Poder decorrente é aquele responsável por criar a constituição dos Estados-membros. É um poder criado pela Constituição Federal, decorrente de sua vontade, e, portanto, deve se subordinar aos seus direcionamentos. Todas as constituições republicanas disciplinam o poder decorrente reconhecendo sua importância no ordenamento jurídico como instrumento de proteção a autonomia estadual. Em relação a sua taxionomia, podemos dizer que tem natureza jurídica semelhante a do poder reformador. Não se pode dizer que seja um poder de natureza política, como o poder constituinte, porque nasceu de uma norma jurídica, sua origem está adstrita a Constituição Federal, não retirando sua fonte de legitimidade dos fatores sociais, dentro de uma visão lassaliana. Limitações diferentes, por não serem da esfera jurídica e sim da realidade sócio-político-econômica, sãos as supralegalidades autogenerativas (embargos ao poder constituinte). Sua taxionomia destoa de parâmetros jurídicos para encontrar amparo nas limitações oferecidas pela realidade fática, pelas restrições oferecidas pelo contexto histórico-material. Não existe hierarquização entre os entes estatais, o que há são espaços de incidência, onde cada ente tem seu campo de atuação limitado pela constituição. Dentro da divisão de competência, fica vedado ao poder decorrente, qualquer tentativa de legislar acerca de um assunto que esteja fora de sua esfera de competência, seja na seara, administrativa, tributária ou legislativa. O motivo não pode ser a alegação de que as normas federais são superiores as estaduais, maculando-se um dos princípios base do federalismo brasileiro, que é a igualdade dos seus entes, e sim que existe um divisão por espaço de incidência, prescrito nos mencionados artigos. 
De forma alguma um direito alçado em nível constitucional pode ser obnubilado por uma norma constitucional estatal, mormente porque os direitos se configuram como cláusulas pétreas, passíveis de modificação apenas por um novo poder constituinte, em seu fenômeno denominado de transconstitucionalismo. Como sua proeminência no ordenamento jurídico já esta consolidada, a maioria das constituições estaduais não traz um capítulo específico para a exposição dos direitos. Aqueles expressos na constituição federal tem inteira vigência e cominação obrigatória. Entretanto, nada impede que outros direitos possam ser disciplinados pelos textos estaduais, desde que não confrontem com as normas da Lei Maior. 
CONSTITUIÇÃO
A constituição conceituada da forma concebida hoje em dia, teve como embrião o racionalismo iluminista do século XVIII e textos anteriores como a Magna Charta Libertatum e os pactos medievais, afirmados por muitos enquanto leis fundamentais rudimentares não consideráveis enquanto constituição. O movimento constitucionalista nasce após surgir o Estado Moderno, tendo como característica ser uma limitação legal ao governo e significar uma antítese ao governo arbitrário. Constitucionalismo se refere ao direito constitucional enquanto processo (promulgação e implementação da constituição, mudanças, mudanças ou rupturas político-constitucionais, estrtuturação constitucional do Estado, etc.). Constitucionalismo é essencialmente movimento, sendo, em verdade, o próprio fenômeno direito constitucional e seus diversos desdobramentos, enquanto a teoria da constituição é a construção doutrinária em torno desse fenômeno, formulando explicações e entendimentos acerca dele com o fito de esclarecer o seu conteúdo e analisar os seus paradigmas e seu desenvolvimento, assim como suas perspectivas. O constitucionalismo pode ser visto, em seu nascedouro, como uma espiração de uma Constituição escrita, como modo de estabelecer um mecanismo de dominação legal-racional, como oposição à tradição do medievo, onde era predominante o modo de dominação carismático, e ao poder absolutista do rei, próprio d primeira forma de Estado moderno.
CARACTERÍSTICAS DA CONSTITUIÇÃO
A Constituição é basicamente dotada de 3 características: a supremacia, a supralegalidade e a imutabilidade relativa. Destas, relevante posição ocupa a supremacia, sendo as outras oriundas desta. A constituição se torna a norma suprema do ordenamento jurídico porque é, teoricamente, a primeira lei, constituindo-se na própria soberania do Estado, sendo criada pelo poder constituinte originário. Ela funciona como norma-origem, a primeira cronologicamente instituída. Hauriou a considera suprema porque goza da soberania estatal. A norma, situada em uma escala hierárquica, será determinada por outra, de grau superior; classificando-a em primárias e secundárias. Primárias seriam aquelas que ocupariam os maiores degraus do sistema jurídico e secundárias aquelas ocupantes dos níveis inferiores. Por isso o processo constituinte se encontra em posição superior em relação ao processo legislativo. O texto constitucional condiciona, na sua função de norma primeira, a produção das estruturas normativas restantes, constituindo-se a norma normarum, preceituando a forma para a feitura das normas secundárias. Nesta sua tarefa, a Constituição, devido à supremacia, goza de auto-garantia, que na realidade é uma supralegalidade material, declarando a inconstitucionalidade das normas que infligirem o preceito por ela, expurgando-as do ordenamento. Como segunda característica, a Constituição possui a supralegalidade em duas vertentes, a material e formal. Materialmente ela é o controle de constitucionalidade, originário do judicial review norte-americano, estabelecido no leading case Marbury versus Madison, velando sobre a adequação das normas jurídicas ao texto constitucional. E, formalmente, considera a Constituição como centro de produção normativa, cominando o procedimento para a criação das leis. A supralegalidade provém da supremacia, contudo, não se confunde com ela. Esta releva ás normas constitucionais, um status hierárquico superior ao restante das normas, e aquela funciona zelando pela integridade da Constituição material e formalmente, Por ultimo vem a imutabilidade relativa. A teleologia deste apanágio, característico das constituições rígidas, é buscar uma dificuldade na sua modificaçãomaior que a das leis infraconstitucionais. 
CLASSIFICAÇÕES DA CONSTITUIÇÃO
Constituição consuetudinária X Dogmática Constituição consuetudinária denominada também de costumeira, e dogmática também chamada de escrita, é uma classificação que tem como aferição a forma como o texto foi concretizado.
De Constituição consuetudinária ou costumeira tem-se. Por exemplo, a da Finlândia, Nova Zelândia e Inglaterra. Por não terem como origem um texto escrito, localizado em um determinado lugar no tempo, elas foram se sedimentando, baseando-se principalmente nos costumes sociais, mas também na jurisprudência, em convenções etc. Como foram se formando paulatinamente no tempo, ganhando assentimento da população geração após geração, elas têm uma legitimidade, na maioria das vezes, maior do que as escritas, o que favorece a sua eficácia. Necessitam de tempo para se estabelecerem, possuem grande teor de estabilidade, impedindo quebras constitucionais que arrefeçam o império da lei.
As constituições dogmáticas ou escritas foram as mais adotadas em diversos países e com mais proeminência no universo constitucional. Sua origem é facilmente identificável, provindo na maioria das vezes pelo pode legislativo, tendo este proeminência em sua confecção. A crítica contra elas são os possíveis hiatos constitucionais (hiatos entre normas e fatos). Quanto à extensão do conteúdo, as Constituições escritas, podem ser analíticas ou sintéticas. As primeiras buscam (geralmente sem êxito) enfrentar todas as hipóteses do universo jurídico atingido, o que a leva a incluir matérias de típico caráter não constitucional. As sintéticas são aquelas que regulam apenas a estruturação dos poderes políticos e os direitos fundamentais, colocando em âmbito infraconstitucional as outras matérias.
Constituições flexíveis, rígidas e semi-rígidas Uma dualidade que paira sobre as Constituições é o relacionamento entre a estabilidade e a dinâmica Constitucional. Ela necessita ser estável para possibilitar eficácia e segurança jurídica, e por sua vez, tem que ser dinâmica para inserir as modificações porque passa a sociedade a não ter suas normas perecidas pelo transcorrer dos anos. Há uma inclinação nos países que adotam common law a adotar constituições flexíveis, ao contrário, nos de inclinação romano-germânica predominam as rígidas.
Constituição rígida é aquela que sua revisão por procedimentos dificultosos, na sua maioria, um quórum privilegiado, necessitando para a feitura da alteração um grande número de votos. Seu procedimento se torna mais difícil do que o destinado para modificar as leis infraconstitucionais. Uma constituição rígida ocupa a posição da norma mais importante do ordenamento jurídico, adquirindo a característica da supremacia. Sua principal vantagem é assegurar maior estabilidade normativa deviso ao seu dificultoso processo de reforma.
Constituições flexíveis, ou também chamadas de plásticas são aquelas em que as suas normas podem ser modificadas por procedimentos iguais àqueles utilizados para a reforma das normas infraconstitucionais. Inexiste, portanto, controle de constitucionalidade, porque estes tipos de Constituição não dispõem de supralegalidade material e imutabilidade relativa. As normas constitucionais do tipo flexível não são consideradas supremas, impossibilitando de se mencionar uma hierarquia normativa entre a Constituição e as demais espécies de normas. Todas as normas do ordenamento estão em um mesmo patamar hierárquico, em uma relação horizontal. Não havendo necessidade de poder reformador. Ao contrário do que possa parecer, países como a Inglaterra, não possuem constantes modificações em seu texto constitucional. ‘’O que garante uma estabilidade mais nítida não é o formalismo jurídico, a estabilidade constitucional legal e sim a estabilidade constitucional sociológica, onde a Lei Excelsa possa atender aos interesses da maioria da população. 
Há ainda o tipo intermediário, semi-rígida, metade de seus textos podem ser modificados por procedimentos rígidos e a outra metade, por procedimentos flexíveis.
Constituição formal X material Constituição material são as normas constitucionais que tem função de estruturar os organismos de poder político, distribuir a competência advinda da soberania interna e dispor acerca de direitos humanos ou fundamentais, desde os de primeira até os de ultima geração. Este tipo de constituição propõe uma ligação com a realidade, uma vinculação entre a Constituição Jurídica e Constituição Social. 
A constituição formal, como o étimo da palavra, preceitua, privilegia e forma em detrimento do conteúdo, neste sentido ela é um conjunto de normas diferenciadas das outras exclusivamente porque para sua modificação é necessário um processo legislativo mais complexo do que o procedimento legislativo ordinário. É a visão da constituição segundo um ponto de vista técnico jurídico. Para Kelsen: ‘’A constituição federal no sentido formal é certo documento solene, um conjunto de normas jurídicas que pode ser modificado apenas com a observância de prescrições especiais cujo propósito é tornar mais difícil a modificação dessas normas. A Constituição no sentido material consiste nas regras que regulam a criação das normas jurídicas geral, em particular a criação de estatutos.’’ 
As constituições materiais podem ser do tipo escritas ou dogmáticas e costumeiras ou consuetudinárias. Com relação as formais, por ter sua análise restrita à conjuntura jurídica, tem como requisito a existência de uma forma, compatível apenas com o texto escrito, não se concebendo uma Constituição formal sob um texto costumeiro. 3 características da constituição formal: 1- que as normas estejam inseridos em documento chamado de Lei Excelsa; 2-que sejam provenientes de um órgão que tenha competência parra realizar a base do ordenamento; 3- que tenham supremacia em relação às outras normas. A teoria da constituição formal traça um fosso entre o mundo jurídico e o mundo social, a Constituição formal, irá interessar-se somente quando as normas estiverem dotadas de status jurídico. O controle de constitucionalidade, supralegalidade material, ou a auto-garantia, é o mecanismo adequado para proteger estas normas e manter sua rigidez. E a modificação constitucional, realizada pelo procedimento de reforma, é a forma de atualização do texto, protegendo o seu tecnicismo jurídico.
Força Normativa É a prerrogativa que ostentam as normas constitucionais de serem obedecidas e cumpridas pelos entes estatais e pela sociedade de forma geral. Teoricamente, pela supralegalidade de que elas gozam, apresentam uma maior intensidade de coercibilidade, produzindo mais efeito do que as outras normas. Ela configura requisito inexorável para que a Constituição não permaneça enquanto texto semântico destituído de qualquer eficácia e passe a ser uma norma respeitada, dotada de coercitividade, e limitando as opções de lower lawmaking track. Para canotilho, concretização significa um processo de densificação de regras e princípios, no que implica em um processo que percorre o texto da norma para uma norma concreta, já que apenas com a ‘’descoberta’’ da norma de decisão para a solução dos casos jurídico-constitucionais é tido o resultado final de concretização. A necessidade de densificação da força normativa da Lei Maior e a consequente premência de concretização de suas normas assinalam a superação da ideia de um constitucionalismo clássico em que a função das normas constitucionais era de apenas delinear a estruturação da repartição de poderes e outorgar direitos fundamentais de primeira dimensão. Esse tipo de constitucionalismo se atinha a fornecer a moldura para a organização de poder, ficando ao legislador infraconstitucional a incumbência de determinar a confecção de políticas públicas sem nenhum tipo de imposição normativa. Klaus Stern afirma que a concepção antiga de constituição, que regulamentava apenas a estruturação dos poderes e estabelecia direitos fundamentais, fora ultrapassada por um novo conceito que incluía elementos de carátersubstancial. As constituições deixam de ser uma moldura que pode ser livremente preenchida. O que se propugna é a criação de uma Constituição efetiva, que possa se sedimentar como ‘’pacto vivencial da sociedade’’ incorporando-se no imaginário coletivo da sociedade. Pode-se mencionar outros fatores como propulsores da normatividade da Constituição e suas emendar: 1- a força coercitiva existente, nas normas jurídicas; 2- A segurança jurídica, que juntamente com a justiça, forma os dois princípios indeléveis do Direito, evitando assim estorvos à lei; 3-a legitimidade de que gozam por serem derivadas de um procedimento que teve a participação efetiva de amplos setores da população; 4- a legalidade que incute no inconsciente coletivo a obediência a lei.
SISTEMAS CONSTITUCIONAIS Os 3 principais sistemas constitucionais que se encontram vigentes são o francês, inglês e o norte-americano. Com maior ou menos intensidade, eles influenciam a maioria das Cartas magnas ocidentais. 
 Sistema Inglês É o mais antigo dos modelos constitucionais e não é condensado por um único texto escrito, mas formado por tradições e documentos que representam o alicerce de seu sistema como a Magna Charta Libertarum (1215), o Petition of Rights (1628), a Bill of Rights (1689) etc. Sendo sua principal fonte normativa não a lei, mas sim o costume sedimentado de forma lenta e evolutiva no perpassar dos anos. A construção de seu sistema constitucional se fez sem rupturas traumáticas, de forma lenta e paulatina, possibilitando a acomodação das estruturas organizacionais do Estado. Os sujeitos da história constitucional são o Rei, o parlamento e os juízes, expressando o primado do Common Law. Constitui-se no primeiro sistema constitucional a adotar formalmente um regime parlamentar, marcando a supremacia do Parlamento que representa a vontade da população. Com a divisão de prerrogativas entre o Rei, a Câmara dos Lordes e a Câmara dos comuns, iniciou-se a técnica de separação dos poderes, cuja realidade fática serviu de subsídio para que Montesquieu elaborasse seu sistema de freios e contrapesos. Esta experiência inicia a tradição de se adotar textos declaratórios de direitos, que depois se expandiriam para os modelos norte-americano e francês. As declarações simbolizavam o sepultamento de governos arbitrários, estabelecendo prerrogativas que deveriam ser utilizadas pelos cidadãos na garantia de seus direitos. Assim, a cultura jurídica inglesa teve a possibilidade de consolidar a tradição de textos que outorgava vários direitos aos súditos (que de forma alguma foi contínua, sujeitando-se a vários retrocessos), limitando o poder real e estabelecendo os contornos do que viria a se tornar um Estado de Direito. O constitucionalismo inglês cunhou a expressão Rule of Law significando que o poder real tem que ficar adstrito a leis e costumes do país. Os atos dos reis não podem ser absolutos, o parlamento, em razão de sua soberania, ostenta a prerrogativa de fiscalizar se essas decisões se adequam as ‘’leis’’ maiores que devem governar a sociedade.
Sistema Francês Surge de uma revolução, portanto, a nova ordem necessitou redesenhar toda a organização política existente, modelando uma nova estrutura de poder. Ao contrário do modelo inglês, na França não houve um desenvolvimento de estruturas jurídicas, advindo, dessa forma, a radicalização que a caracterizou em vários momentos. Dada a repercussão causada pela teorização do abade Sieyés ao diferenciar poderes constituintes de poderes constituídos mais toda a suscitação de questões quanto ao caráter legítimo do poder constituinte originário, como consequência, houve uma valorização da força dos mandamentos constitucionais, ressaltando seu caráter contratualista. Todavia, não houve o desenvolvimento de suas consequências, como o controle de constitucionalidade que garantiria a supralegalidade da Carta Magna. Por ser fruto de uma revolução com ativa participação popular, houve o desenvolvimento do conceito de soberania, ficando assente que a Constituição seria sua personificação, não podendo existir nenhuma outro poder que não se fundamentasse no Texto Maior. O texto escrito em 1791 não pode ser considerado como tópico, localista, específico apenas para a realidade histórica da França, mas uma estrutura jurídica de cunho universal, que poderia ser utilizada pelo gênero humano, sendo dirigido a todos os homens independente de suas nacionalidades. Tem também como características o estabelecimento de uma declaração de direitos, denominada Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, texto jurídico que por se revestir de supremacia constitucional ostenta força cogente e serve de parâmetro a atuação estatal. O Estado de Direito francês, État légal, caracteriza-se como o apogeu do princípio da legalidade, tomando o vocábulo norma como estrutura jurídica genérica, sem admitir privilégios, feita por representantes eleitos pela população para atender a seus interesses gerais. Entretanto, a supervalorização desse princípio fez com que a supremacia da constituição restasse fragilizada e impediu na França o desenvolvimento da jurisdição constitucional nos moldes adotados pelos outros países ocidentais. No constitucionalismo deste país pode-se notar que o senso político da Lei Maior predominou majoritariamente durante a maior parte da sua história sobre o seu senso jurídico. 
Sistema Norte-Americano Percebe-se de forma indireta a preponderância da Carta Magna em relação às outras normas jurídicas. As principais contribuições deste sistema foram: o federalismo, o governo presidencial e o sistema jurídico de fiscalização do controle de constitucionalidade. Foi o primeiro Estado a implementar um governo federativo, marcado por uma dualidade de organizações políticas, consistindo em um arranjo que permitiu atender as demandas de autonomia por parte dos Estados-membro e a necessidade de implantação de políticas nacionais. O sistema de governo presidencialista se configurou em vista de impedir que o poder se exercesse de forma vitalícia, ao mesmo tempo em que assegurava condições efetivas de se implementar decisões políticas. E o controle de constitucionalidade, que ressaltou a importância da Suprema Corte, garantiu a supremacia da Constituição. Constitui-se um dos primeiros documentos a garantir o direito de crença, separando o Estado das confissões religiosas. Pela primeira vez, em nível constitucional, houve o delineamento dos freios e contrapesos, com a definição de cada uma das funções de cada poder. Como explica Canotilho, a Constituição Norte-Americana não tem a intenção de vislumbrar uma sociedade no futuro, mas uma forma de garantir direitos e limitar poderes. O constitucionalismo Norte-Americano deixou como legado, a importância indelével da Constituição configurada como Lex Mater, exercendo supralegalidade imperiosa a todas as demais normas do ordenamento jurídico. Essa lei superior (higher lawmaking) diferencia-se das demais leis inferiores (lower lawmaking), porque funda as estruturas jurídicas da sociedade, estabelecendo os fundamentos que devem guiar o seu desenvolvimento. 
NEOCONSTITUCIONALISMO
Também chamado de constitucionalismo de direitos, constitucionalismo avançado ou paradigma argumentativo. É impulsionado pelos seguintes aspectos: 1-falência do padrão normativo, que fora desenvolvido no século XVIII, baseado na supremacia do parlamento; 2-Influências da Globalização; 3-pós-modernidade; 4- Superação do positivismo clássico; 5-Centralidade dos direitos fundamentais; 6-Diferenciação qualitativa entre princípios e regras; 7-Revalorização do Direito.
Para Suzanna Pozz, o neoconstitucionalismo apresenta as seguintes características: 1- Adoção de uma forma específica de constituição que foi denominada ‘’modelo prescritivo de constituição como norma’’; 2- Defesa da tese segundo a qual o direito é composto (também) de princípios; 3- Adoção de uma técnica interpretativa denominada ‘’ponderação’’ ou ‘’balanceamento’’; 4- Consignação de tarefas de integração à jurisprudência e de tarefas pragmáticasà Teoria do Direito.
O modelo normativo do neoconstitucionalismo não é o descritivo nem prescritivo, mas o axiológico. No constitucionalismo clássico a diferença entre norma constitucional e infraconstitucional era apenas de grau, no neoconstitucionalismo a diferença é também axiológica. A consideração considerada ‘’como valor em si’’. O operador não podendo ficar enclausurado em paradigmas jurídicos, necessita então estabelecer o contato dialético com a realidade, firmando uma simetria entre a normaticidade e a normalidade. O caráter ideológico do constitucionalismo clássico era de apenas limitar o poder, dentro do delineamento estabelecido pela separação dos poderes, enquanto o caráter ideológico do neoconstitucionalismo é o de concretizar os direitos fundamentais. A legitimidade fundada nos parâmetros da legalidade não é mais é mais suficiente devido a crise do direito legislado. Critérios materiais são prementes porque podem auferir consensos de forma mais fácil na sociedade, transformando-se em núcleos essenciais, invariáveis axiológicas, compartilhando reconhecimento dos mais variáveis segmentos da sociedade. O neoconstitucionalismo representou o fim dos modelos político-institucionais, em que o poder estabelecido não tinha nenhum comprometimento com a concretização dos dispositivos estabelecidos na Constituição, podendo implementar livremente políticas públicas em nome do princípio da soberania popular. O neoconstitucionalismo faz com que os critérios de validade sejam materiais, extrasistêmicos, e formais, intrasistêmicos. Não se compadecendo apenas com regras de reconhecimento formal, em que os anseios da sociedade são relegados por formalidades jurídicas. Defende a adoção de critérios também materiais, em que haja um parâmetro substancial para a aferição das normas. Representa uma limitação para com o procedimentalismo jurídico, calcado seja na democracia, seja no agir comunicativo, ao mesmo tempo em que impulsiona um substancialismo alicerçado nos direitos fundamentais. Portanto, a principal marca do neoconstitucionalismo é a preocupação em efetivar direitos fundamentais, especificamente aqueles de natureza social que se encontram em inanição em sociedades que apresentam um constitucionalismo de baixa intensidade. Sendo os direitos fundamentais o elemento primordial para com a configuração dos neoconstitucionalismo. No atendimento as demandas sociais pós-modernas, a jurisdição constitucional é chamada a incidir de forma cada vez de forma mais constante na seara política, chegando, inclusive, a desempenhar uma função normogenética, quando um direito fundamental não puder ser exercido por falta de regulamentação do legislador infraconstitucional. Os direitos fundamentais, na atualidade, representam o mesmo papel que em sua época ocupavam os direitos naturais, contudo, sua acepção não possui nenhuma conexão com qualquer jusnaturalismo ou voluntarismo. Devem ser estabelecidos dentro da dialética das relações sociais, sendo fruto de injunções específicas de natureza sociopolítica-econômica. Os direitos fundamentais passam a encarnar um duplo papel: internamente, servindo como referência para as normas infraconstitucionais, sob pena de declaração de sua inconstitucionalidade, e, externamente, como fator extrajurídico de legitimação do sistema normativo. Assim, exigindo uma reestruturação do conceito de soberania popular, em que os representantes do povo não possuam prerrogativas para macular o núcleo sistêmico dos direitos fundamentais. O direito positivo, per si não é mais a ferramenta adequada para garantir a justificação ao ordenamento jurídico, surgindo a necessidade de densificar o teor de sua legitimidade, principalmente, com a densidade suficiente de substancias agasalhadas na constituição. A validade formal-positiva não serve mais para validar os parâmetros jurídicos, urgindo reestruturar o critério de validade através de requisitos materiais, e esses requisitos configuram-se nos direitos fundamentais. 
VISÕES DA CONSTITUIÇÃO
Perspectiva sociológica- ‘’A constituição por Lassalle’’: Ferdinand Lassalle foi um dos precursores do sociologismo jurídico. Ele, pois sobre a Constituição uma visão sociológica, onde as influências preponderantes são as sociais e econômicas, relegando dela sua natureza jurídica, tornando-a mera decorrência dos fatores sociais. Com isto o direito perde sua autonomia, tornando-se instrumento de disputa de poder, tendo legitimidade exclusivamente na manutenção do status quo. Sendo instrumental do poder, o direito ficaria reduzido à força. A constituição conforme postula Lassalle, tem sua origem nas estruturas que os homens criam para, entre si, se dominarem, ou para se apropriarem da riqueza coletivamente produzida e não de ideias transcendentais de teor divino ou de princípios positivistas, retirados da natureza. Ele revigora, desta forma, postulações sofistas sobre o Direito, onde o núcleo ontológico deste reside na vontade do mais forte. Ele define como núcleo basilar da Constituição sendo os fatores reais de poder, ou seja, há um condicionamento de que a constituição só produziria efeitos, teria eficácia, se estivesse em sincronia com os fatores reais de poder. Estes fatores reais de poder configuram-se no plexo de grupos dominantes que controlam a produção normativa em dada sociedade. Determinadas classes ou grupos sociais que, em certos contextos históricos, controlariam a sociedade e por isto teriam interesses em produzir normas jurídicas que beneficiassem seus anseios. Uma constituição cujas normas confrontassem essas classes dominantes seria reduzida como Lassalle designou a uma ‘’folha de papel’’, sem nenhuma concretização normativa, destituída de qualquer eficácia. Portanto, a única condição para a eficácia de uma Constituição é ela estar em sincronia com os fatores reais de poder, atendendo a seus interesses, pois esta simetria se torna o requisito de sua obediência. A crítica que se faz ao trabalho de Lassalle é o seu desconhecimento quanto a força normativa do texto constitucional. Nem exclusivamente a força normativa de uma Constituição se configura suficiente para normatizar a totalidade das relações sociais, nem toda a estrutura normativa se desloca consoante as diretrizes fáticas. Oque há é uma simbiose, onde o fático influencia o jurídico e vice-versa. Ou seja, o Direito nuca poderá ser analisado enquanto apêndice do poder, mas como um entrelace mútuo de influências. Não é um sistema fechado que se auto-reproduz. Na realidade, é um sistema que sofre a influência e, similarmente, influencia vários subsistemas do mundo cultural. 
Lassalle tem o mérito de ter sido o mais importante crítico do constitucionalismo liberal no século XIX. Contemporâneo de Marx e influenciado pelas teorias socialistas, Lassalle escreve célebre obra sobre a constituição, denunciando seu caráter estritamente formal e demonstrando que, do ponto de vista sociológico, a constituição do Estado Liberal não passa de uma ‘’folha de papel’’. Diz que a constituição real não é o documento formal e solene votado e aprovado pela assembleia constituinte, mas a ‘’soma dos fatores reais do poder que regem uma nação’’. Como se percebe, o conceito de constituição de Lassalle faz referência a uma estrutura de poder político na sociedade, desprezando, até certo ponto, a força normativa da constituição formal. Os ‘’fatores reais do poder’’ aproximam-se do aspecto estrutural do conceito aristotélico, mas se distanciam quando percebemos os aspectos axiológicos que permeiam Aristóteles e o referencial essencial sociológico do conceito de Lassalle.
Perspectiva Jurídica- ‘’A Constituição por Kelsen’’: Kelsen ao dar primor pela pureza e análise exclusivamente normativista do direito enquanto ciência jurídica corte epistemológico de olhar eminentemente normativo mais a busca pela neutralidade científica absoluta, corte axiológico. Vê o direito se configurando enquanto um sistema hermeticamente fechado, infenso às relações sociais, onde estaria radicado o fundamente da estrutura jurídica? Ogrande calcanhar de aquiles da teoria Kelseniana, para soluciona-la, foi elaborada a norma hipotética fundamental. Não dispondo esta de nenhum conteúdo, sua função é iniciar o mundo jurídico, validando a Constituição. A criação da grundnorm teve o objtivo de cercear interferências sociológicas no estudo do Direito. A constituição é, portanto, vista por Kelsen como o substrato validante das normas infraconstitucionais. Ela tem a função de estruturar um ordenamento de forma lógica e sistêmica, evitando antinomias que fragilizariam sua eficácia. Ele vê o ordenamento jurídico como um sistema hierarquizado, em que cada norma inferior é validade por uma norma superior, até chegar na norma básica que é a Constituição. Na doutrina Kelseniana, do ponto de vista da Ciência Jurídica, Direito e Estado se confundem. Odireito é um conjunto de normas que atribuem sanções para aqueles que não cumprem preceitos; o Estado é a fonto do Direito e pode ser resumido como um conjunto de normas que prescrevem sanções de forma organizada. Sem estas normas o Estado deixa de existir de forma organizada.
As normas jurídicas compõem o sistema denominado de ordem jurídica, sendo categorias lógicas do mesmo. A constituição como a norma das normas, a fonte primária de produção e fundamentação do direito, é a mais importante categoria lógico-formal do ordenamento jurídico. Pode-se destacar como uma das suas principais contribuições para a teoria da constituição (embora Kelsen não tenha sido um constitucionalista), sua elaboração teórica de uma estrutura escalonada da ordem jurídica, com a constituição no escalão mais alto. Para Kelsen a constituição figura como o escalão mais alto de direito positivo estatal e o fundamento último (em termos de direito positivo) de validade das normas jurídicas em geral. A ordem jurídica consiste em uma totalidade estruturada hierarquicamente. As normas não estão lado a lado, mas em uma relação supra-infra ordenação em que elas mesmas regulam a sua própria criação. Para o mestre de Viena, o direito possui esta particularidade de regular a sua própria criação. A norma fundamental seria uma pressuposição lógico-transcedental, segundo o próprio Kelsen, que vem antes mesmo da constituição formal e fundamenta esta ultima, sua função seria a validação da constituição, iniciando o mundo jurídico. Diferencia constituição em sentido material de constituição em sentido formal, com a primeira regulando a produção de normas gerais, e a segunda, além de regular tal produção de legislação, contém normas referentes a outros assuntos politicamente importantes, podendo, inclusive, determinar o conteúdo das futuras leis. Ao tratar de constituição formal, Kelsen afirma que a mesma deve conter preceitos por força dos quais as normas contidas na constituição não possam ser modificadas da mesma forma pela qual são alteradas as leis simples, instituindo procedimentos especiais para a reforma constitucional submetido a critérios mais rigoroso, como, por exemplo, uma maioria qualificada ou um quórum mais amplo. Ao propor esta ultima ideia, Kelsen estabelece as bases teóricas da existência da jurisdição constitucional e do controle de constitucionalidade das leis e atos normativos infraconstitucionais. É concedida uma especial proteção aos dispositivos constitucionais pelo fato de os mesmo serem superiores na hierarquia do ordenamento jurídico do Estado. É a incessante busca kelseniana pela construção de uma teoria coerente, pois não adianta declarar a superioridade hierárquica de constituição se esta não for dotada de uma especial proteção contra as modificações ocasionais. Esta doutrina caracteriza o que denominamos na teoria da constituição de constituição rígida. Uma outra observação se da quando ao diferenciar constituição formal e constituição material, Kelsen admite que a primeira como forma, pode assumir qualquer conteúdo. É perceptível que aqui há o fenômeno que Verdú denomina de dessubstancialização da constituição, ocorrendo uma espécie de geometrização do fenômeno jurídico realmente estético e puro. É por estes motivos que a teoria normativista de Kelsen é considerada uma perspectiva formalista, a partir da depuração do direito e da constituição, em termos teoréticos-jurídicos, dos aspectos materiais relativos aos mesmos. É a partir daí que vem a crítica de autores como Heller, para quem a constituição do Estado forma um todo em que se complementam normatividade (dever ser) e normalidade (ser) em uma síntese dialética, de que o jurista austríaco priva a constituição do seu sentido de articulação ser/dever ser, eliminando a discussão da realidade sociopolítica de campo jurídico. Apesar das críticas, Kelsen é demasiado importante para a fixação de uma teoria da constituição. A sua elaboração teórica do direito enquanto sistema hierárquico faz surgir, dentre outras coisas, as teorias caracterizadores das constituições rígidas, com procedimentos mais dificultosos para a reforma dos seus preceitos, assim como a sistematização da ideia de controle de constitucionalidade, que só tem sentido em virtude da posição hierárquica que a constituição adquire com a doutrine kelseniana.
Perspectiva Política- ‘’A Constituição segundo Schmitt’’: Carl Schmitt foi um dos mais importantes teóricos do Direito nas primeiras décadas do século XX. Foi o formulador do ‘’decisionismo político’’, sendo sua relevância doutrinária compara a de Kelsen. Para ele, o alicerce da constituição residiria em uma decisão política, no modo como o poder iria se estruturar na sociedade. Enquanto Kelsen acredita no antagonismo irreconciliável entre ‘’ser’’ e ‘’dever-ser’’, predominando deste antagonismo o ‘’dever-ser’’, Heller defende a sincronia dos fatos com as normas, numa interação recíproca. Schmitt postula a possibilidade da relação entre ‘’ser’’ e o ‘’dever ser’’, advindo daí a supremacia do ‘’ser’’. O decisionismo é uma teoria dos fatos, enquanto o normativismo Kelseniano é uma teoria da norma. Esta teoria busca expurgar o normativismo e a axiologia jusnaturalista. O alicerce do Direito não residiria em normas jurídicas ou em uma pretensa norma hipotética fundamental porque eles seriam reflexos, ocupando uma posição secundária, diante de uma decisão política que demonstraria os contornos básicos das normas. O mundo jurídico está subordinado ao político, este é antecedente necessário daquele e o momento de decisão, concomitantemente, se configura no momento de construção do ordenamento jurídico. O arrimo Constitucional é uma vontade política, afirma Schmitt: ‘’A constituição como decisão. É necessário falar da constituição como de uma unidade, e conservar um sentido absoluto de constituição. ’’ A decisão política que constrói o ordenamento não se exaure com o surgimento da Constituição, ela permanece latente, esperando o momento propício para novamente aparecer.
	Em posição antagônica ao formalismo positivista kelseniano, Schmitt foi o primeiro grande sistematizador de uma teoria da constituição. Concebe a constituição essencialmente como decisão política de uma sociedade, a partir do que denomina conceito positivo de constituição. Não pode ser olvidado que por trás da teoria schmittiana da constituição, existe uma base teorético-política conhecida por decisionismo. Articulando de modo estreito direito constitucional e política, a teoria de Schmitt procura afastar a ideia normativista, deslocando o fundamento do direito para um ente metajurídico, qual seja, a decisão jurídica, e busca o fundamento desta em um ente, em princípio, metapolítico: a teologia. Schmitt contesta veementemente a ideia normativista de soberania do direito. Para ele, tal ideia mostra-se inviável teoricamente, sobretudo por corresponder a uma tentativa de pensar o direito de modo puramente abstrato, desconsiderando a sua aplicação a uma situação concreta, aplicação esta inevitavelmente exigível. Corresponderia a uma tentativa de pensar o direito, desconsiderando a sua efetivação, permanecendo o mesmo como algo puramente ideal. Para schmitt, diferentemente do que defendemKrabbe e Kelsen, a norma constitutiva do direito só pode ser pensada a partir da sua efetivação, ou seja, a partir de sua aplicação a uma situação existente e de sua articulação com o poder apto a decidir esta mesma aplicação. Norma e decisão são absolutamente indissociáveis, sob pena de a primeira reduzir-se a uma pura e simples abstração. Por outro lado, Schmitt partilha com o normativismo a exigência da distinção clara e inequívoca entre o direito e o mero exercício arbitrário de um poder. A norma não pode ser pensada senão a partir de sua remissão à decisão do poder político que a determina: o jurídico não pode ser pensado senão a partir do político. Para isso, torna-se necessário pensar uma racionalidade alternativa à racionalidade normativista. A partir desta idéia, Schmitt desenvolve a concepção decisionista de soberania, afirmando que esta não reside na norma, mas na decisão que a efetiva, ou seja, no sujeito ou sujeitos cujo poder tanto decide a norma como pode decidir um estado de exceção que suspenda a sua aplicação. Portanto, a denominada ‘’racionalidade alternativa’’ é, na verdade, uma tentativa de justificação racional para um poder ilimitado do Estado, de matriz inequivocadamente hobbesiana, na medida em que não se verifica uma fundamentação jusnaturalista no decisionismo schmittiano. O decisionismo schmittiano afirma uma impureza intrínseca do direito, entrando em confronto direto com o normativismo. Diante da tentativa deste último de pensar o direito a partir de si mesmo, o decisionismo afirma-se como perpectiva radicalmente negadora da autonomia científica do direito no estabelecimento de uma referência essencial à política. 
A discussão sobre o conceito absoluto de constituição propõe quatro significados desta ordem. Por dizer-se absoluto, percebe-se uma referência à constituição vista como um todo unitário, portanto, uma perspectiva constitucional essencialmente holística e totalizante. Primeiramente, vê a constituição como a concreta maneira de ser resultante de qualquer unidade política existente, havendo aqui uma aproximação com a filosofia grega aritstotélica e, porque não dizer, com o próprio Lassalle, embora a este último não seja referência explícita. A partir desta concepção, o Estado não teria uma constituição, segundo a qual se forma e funciona a vontade estatal, mas o Estado seria constituição, uma situação presente do ser constitucional, um status de unidade e ordenação. Em segundo lugar, traça uma equivalência entre os conceitos de constituição e de forma de governo. A constituição é concebida, neste segundo conceito absoluto, como uma maneira especial de ordenação política e social. É a forma especial do domínio que afeta a cada Estado e não pode separar-se do mesmo. O terceiro conceito absoluto é próximo ao de Smend e afirma a constituição como princípio do fenômeno da continuamente renovada formação da unidade política, formada a partir da integração de distintos interesses contrapostos, opiniões e tendências em um Estado essencialmente dinâmico. Por defender ser a constituição algo dinâmico e evolutivo, este conceito contrapõe-se aos dois primeiros, que possuem como referência essencial uma unidade estática. E o último conceito absoluto é basicamente o conceito kelseniano de constituição como sistema de normas supremas e últimas. É a ideias de constituição como regulação legislativa fundamental, a norma das normas, a base fundamental da soberania. Pelo conceito relativo de constituição, afirma o autor que significa a lei constitucional em particular, independente de seu conteúdo, analisando a Lex Mater sob uma ótica formal, como 	Constituição escrita, onde aquelas formas que estão inseridas no seu texto se diferenciam das demais por necessitarem de um procedimento mais difícil para sua modificação. Não havendo, entre as normas contidas na Lei Maior, distinção objetiva ou de conteúdo, são características formais, que são externas e acessórias. Pelo conceito ideal, a análise da constituição é feita sob o prisma da sua sincronia com o desenvolvimento dos fatos sociais. A normalidade e a normatividade atuam de forma integralizada, tendo como finalidade básica evitar contradições da norma com a realidade. O conceito ideal designa como verdadeira ou autêntica a constituição que, por razões políticas, corresponde a um certo ideal de constituição, como o Estado de Direito, as garantias de liberdade burguesa, a separação de poderes etc.
E o principal deles, caracterizador da concepção decisionista de Schmitt, é o conceito positivo de constituição. De acordo com ele, a constituição surge como ato do poder constituinte, ato este que constitui a forma e o modo da unidade política do Estado. É um ato decisório, um momento em que o poder constituinte toma uma decisão política fundamental de organização da sociedade. Este ato constituinte estabelece a forma da unidade política, cuja existência é anterior. Neste sentido, a constituição significa o ato constituinte sobre a forma e o modo da unidade política. Ela é uma decisão sobre a unidade política adotada para organizar a repartição das competências estatais, residindo sua substância no mundo do ser.

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