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Estrutura de programas e planos de ação de gerenciamento de riscos e saúde ocupacional: Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) Como gerenciar a saúde e segurança dos trabalhadores? Identificação de riscos; Avaliação do potencial de danos associados; Proposição e implementação de medidas de controle; Acompanhamento ou monitoramento das condições de exposição aos fatores de risco. Etapas complexas e que exige padronização. O gerenciamento de riscos é realizado por meio de programas específicos e com foco preventivo. Como gerenciar a saúde e segurança dos trabalhadores? Um programa dentro da área de segurança e saúde do trabalho, objetivamente, apresenta uma série de medidas de controle a serem executadas ou realizadas segundo um planejamento que envolve, no mínimo, definição de ações, responsabilidades, prioridades, prazos e algum mecanismo de autoavaliação. Um programa está associado a um documento no qual todo o planejamento está incluso. Esse documento, em especial as ações, não tem caráter estático e sim dinâmico, permitindo que a qualquer momento novas medidas sejam inseridas, a fim de controlar uma nova situação de exposição aos fatores de risco ou mesmo corrigir uma dada situação que não foi plenamente atendida pelo plano atual. Existem programas estabelecidos como de cumprimento obrigatório por parte das empresas na área de segurança e saúde do trabalho. Entretanto, na maioria dos casos, a legislação apresenta os pontos mínimos que o programa deve conter, mas não fixa um modelo de documento ou de qualquer outra ferramenta específica que deva ser utilizada. Existem programas estabelecidos como de cumprimento obrigatório por parte das empresas na área de segurança e saúde do trabalho. Por meio desse mecanismo, a legislação permite que a empresa monte o seu programa da forma mais adequada à sua realidade, desde que alguns itens mínimos estejam presentes. Devido à extensão que os programas podem alcançar no que se refere ao gerenciamento de riscos, muitas vezes o programa é elaborado dentro de uma realidade multidisciplinar, na qual a parte de engenharia de segurança e medicina do trabalho estão presentes e podem ser complementadas por outros campos do conhecimento. O técnico de segurança do trabalho está fortemente ligado ao desenvolvimento dos programas, podendo atuar na elaboração, na execução e no acompanhamento das ações dentro das áreas de seu conhecimento e de sua habilitação legal. Também é papel do técnico de segurança do trabalho orientar o empregador sobre a importância dos programas e sobre a necessidade legal de sua elaboração. Entre alguns dos programas da área de segurança e saúde, pode-se destacar: PGR (NR-01): Com foco no gerenciamento de todos os tipos de riscos ocupacionais e situações de emergência dentro de uma empresa. Entre alguns dos programas da área de segurança e saúde, pode-se destacar: PGR [NR-18]: Programa de Gerenciamento de Riscos instituído pela NR-18, com campo de aplicação voltado às indústrias da construção. A indústria da construção é definida dentro da seção “F” do Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), e envolve as atividades e os serviços de demolição, reparo, pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral e de manutenção de obras de urbanização, entre outros. Entre alguns dos programas da área de segurança e saúde, pode-se destacar: PGR [NR-22]: Programa de Gerenciamento de Riscos instituído pela NR-22 com campo de aplicação voltado às empresas do ramo de mineração superficial ou subterrânea, garimpos, de beneficiamento de minérios e de pesquisa mineral. Entre alguns dos programas da área de segurança e saúde, pode-se destacar: PGRTR: A NR-31, uma norma setorial destinada as atividades desenvolvidas na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e na aquicultura, define que as empresas envolvidas nessas atividades desenvolvam o Programa de Gerenciamento de Riscos no Trabalho Rural (PGRTR). A estrutura do PGRTR é semelhante a estrutura do PGR previsto pela NR-01. Entre alguns dos programas da área de segurança e saúde, pode-se destacar: PCMSO: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional definido pela NR-7, com o objetivo de preservar e proteger a saúde dos trabalhadores por meio do acompanhamento de sua condição de saúde. Entre alguns dos programas da área de segurança e saúde, pode-se destacar: PCA: Programa de Conservação Auditiva voltado ao gerenciamento da proteção auditiva, por meio da prevenção ou da estabilização da perda auditiva dos trabalhadores. Entre alguns dos programas da área de segurança e saúde, pode-se destacar: PPR: Programa de Proteção Respiratória com foco na seleção, utilização e manutenção correta dos equipamentos de proteção respiratória. O termo programa também é aplicado para se referir a um conjunto de ações ordenadas. Por exemplo, é comum usar o termo “programa de treinamento” para denominar um documento que contenha informações básicas sobre a condução do treinamento, de seu conteúdo, entre outros parâmetros, de forma a uniformizar as informações e os assuntos nele tratados, de modo que ele possa ser replicado a qualquer trabalhador, garantindo o mesmo padrão ao longo do tempo. A lista apresentada não é exaustiva em termos de programas de segurança e saúde do trabalho (SST) que a empresa poderá ou deverá adotar em função de suas características e segmento econômico. Em alguns casos, a empresa poderá adotar de forma adicional outros programas que ela julgar eficientes para controle da exposição ocupacional, ou definidos pelo seu sistema de gestão de SST, quando esse existir. Um programa é uma ferramenta poderosa para auxiliar no gerenciamento de SST. No programa, são definidas responsabilidades referentes a cada ação, e isso permite que outras áreas da empresa sejam engajadas e responsabilizadas pela segurança, como as áreas de manutenção e supervisão. Um programa é uma ferramenta poderosa para auxiliar no gerenciamento de SST. Além disso, um programa trabalha com prioridades, fato que permite alocar adequadamente recursos em situações que são consideradas críticas para SST dentro da empresa, de acordo com alguma ferramenta utilizada para essa finalidade, e que serão apresentadas neste conteúdo. Um programa é uma ferramenta poderosa para auxiliar no gerenciamento de SST. A alocação consciente de recursos preserva os recursos financeiros, melhora seu desempenho e evidencia a importância da área de segurança e saúde do trabalho dentro dos objetivos econômicos e de mercado da empresa. Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR/NR-1) A NR-1 estabelece a necessidade de um amplo gerenciamento de riscos e define que ele constitua um PGR a ser elaborado por estabelecimento O programa contempla fatores de risco de acidentes, biológicos, ergonômicos, físicos e químicos, preparação para emergências e análise de acidentes e doenças ocupacionais. Devido à sua extensão, a organização pode optar por realizar a implementação do PGR por unidade operacional, setor ou atividade. A NR-1 estabelece a necessidade de um amplo gerenciamento de riscos e define que ele constitua um PGR a ser elaborado por estabelecimento O programa também deve contemplar ou estar integrado com os demaisdocumentos, planos e programas exigidos pela legislação de SST, sempre que aplicáveis à empresa. A NR-1 estabelece a necessidade de um amplo gerenciamento de riscos e define que ele constitua um PGR a ser elaborado por estabelecimento O PGR tem uma estrutura mínima normativa composta pelo inventário de riscos e pelo plano de ação. A elaboração desses documentos, e do próprio programa, deve ser precedida pelas seguintes etapas: Levantamento preliminar de perigos; Identificação de perigos; Avaliação e classificação dos riscos; A NR-1 estabelece a necessidade de um amplo gerenciamento de riscos e define que ele constitua um PGR a ser elaborado por estabelecimento O PGR tem uma estrutura mínima normativa composta pelo inventário de riscos e pelo plano de ação. A elaboração desses documentos, e do próprio programa, deve ser precedida pelas seguintes etapas: Determinação dos controles; Elaboração do plano de ação. Levantamento preliminar de perigos Essa etapa dever ser conduzida sempre que alguma modificação esteja em curso na empresa. Essa modificação pode envolver alteração ou introdução de novos processos de trabalho, antes do início das atividades em um setor ou unidade operacional e até mesmo antes do início das operações em um novo estabelecimento. Levantamento preliminar de perigos O objetivo dessa avalição preliminar é coletar dados suficientes para que a exposição às fontes de perigos sejam tratadas antes do início de uma operação ou atividade. Sempre que o fator de risco/perigo não puder ser evitado, ele deve seguir para as próximas etapas. Identificação de perigos Nessa etapa devem ser descritos os perigos, seu potencial de danos à saúde ou à integridade dos trabalhadores (ou consequências da exposição), a identificação da fonte ou das circunstâncias envolvidas e a identificação dos trabalhadores expostos. A etapa anterior referente ao levantamento preliminar pode ser contemplada por essa etapa de acordo com o texto normativo. Avaliação e classificação dos riscos Uma vez que o perigo/fator de risco foi identificado, o passo seguinte é avaliar o nível de risco de a consequência associada ao perigo se concretizar. Essa avaliação deve ser realizada considerando a severidade da lesão ou do efeito à saúde, a probabilidade de sua ocorrência e o número de trabalhadores possivelmente afetados. Avaliação e classificação dos riscos A norma estabelece alguns requisitos para essa etapa, como o uso de uma ferramenta adequada para a avaliação de riscos que deve ser capaz de classificar o risco quanto à prioridade de medidas preventivas ou corretivas. Avaliação e classificação dos riscos Ao realizar a verificação da probabilidade da ocorrência de determinado evento perigoso, deve-se considerar a possibilidade de ocorrência de evento perigoso, exposição a agente nocivo ou decorrente de exigência da atividade, diante de medidas de prevenção já implementadas ou a serem efetivadas, bem como de exigências de requisitos específicos presentes nas normas regulamentadoras e outras normas aplicáveis ao caso. Avaliação e classificação dos riscos Para se avaliar o requisito probabilidade, a NR-1 estabelece ser necessário considerar quatro fatores: Os requisitos estabelecidos em normas regulamentadoras – se a organização atende todos os requisitos estabelecidos nas normas regulamentadoras, a probabilidade de um trabalhador sofrer uma lesão ou agravo à saúde será menor, pois já teríamos todos os controles necessários implementados. Avaliação e classificação dos riscos Para se avaliar o requisito probabilidade, a NR-1 estabelece ser necessário considerar quatro fatores: As medidas de prevenção implementadas – verifica-se as medidas de prevenção coletiva ou individual, medidas administrativas, medidas de organização do trabalho, entre outras, de modo a ponderar a possibilidade da ocorrência do evento danoso diante de tais medidas implementadas. Avaliação e classificação dos riscos Para se avaliar o requisito probabilidade, a NR-1 estabelece ser necessário considerar quatro fatores: Por exemplo, se há implementado apenas medidas de proteção individual para determinado cenário, há uma probabilidade maior da ocorrência de lesões do que quando se estivessem implementadas medidas de proteção coletiva. Avaliação e classificação dos riscos Para se avaliar o requisito probabilidade, a NR-1 estabelece ser necessário considerar quatro fatores: As exigências da atividade de trabalho – tem-se uma relação direta com a organização do trabalho, condições do ambiente de trabalho, entre outras, as quais possam inferir numa probabilidade maior ou menor da ocorrência de lesões ou agravos à saúde. Avaliação e classificação dos riscos Para se avaliar o requisito probabilidade, a NR-1 estabelece ser necessário considerar quatro fatores: A comparação do perfil de exposição ocupacional com valores de referência estabelecidos na NR-9 – identifica-se a exposição verificada em relação aos agentes físicos, químicos e biológicos. Avaliação e classificação dos riscos Para se avaliar o requisito probabilidade, a NR-1 estabelece ser necessário considerar quatro fatores: De modo que, para aqueles agentes em que há um perfil de exposição controlada, por exemplo, abaixo do nível de ação, a probabilidade a ser considerada deverá ser menor do que aquela em que se ultrapassou o nível de ação ou mesmo o limite de tolerância. Avaliação e classificação dos riscos Em relação à severidade, deve-se se atentar para dois elementos: a magnitude da consequência e o número de trabalhadores que possam ser afetados, conforme dispõem os requisitos 1.5.4.4.3 e 1.5.4.4.3.1 da NR-1: Avaliação e classificação dos riscos 1.5.4.4.3 A gradação da severidade das lesões ou agravos à saúde deve levar em conta a magnitude da consequência e o número de trabalhadores possivelmente afetados. 1.5.4.4.3.1 A magnitude deve levar em conta as consequências de ocorrência de acidentes ampliados. Avaliação e classificação dos riscos A magnitude da consequência deve levar em conta para a sua determinação, analisando para cada perigo, qual o efeito nocivo que poderá recair sobre os trabalhadores expostos, considerando aspectos como o tipo de exposição, as lesões que podem ser geradas, a toxidade para o trabalhador, entre outras, e sempre adotando, por critério de prevenção, qual seria o pior agravo à saúde ou lesão que determinado perigo/cenário geraria no grupo de trabalhadores expostos. Avaliação e classificação dos riscos Associado a essa gradação mais amena ou mais grave de possíveis lesões ou agravos à saúde, o grau a se adotar em relação à severidade também deverá considerar o número de trabalhadores que pode ser afetado pelo evento danoso. Construção do inventário de risco O inventário de riscos é construído com base nas informações das etapas anteriores e com alguns dados adicionais previstos em norma, como a descrição do ambiente de trabalho. Determinação dos controles Com base nos dados do inventário de riscos, os controles são estabelecidos sempre respeitando a hierarquia de controle de acordo com a NR-1 ou com alguma outra norma regulamentadora que trate do fator de risco avaliado. Determinação dos controles A hierarquia de controle estabelece a necessidade da adoção, nessa ordem, de medidas de proteção coletivas, de medidas administrativas ou de organização do trabalho e de equipamentos de proteção individual(EPIs). Elaboração do plano de ação À medida que os controles são determinados, as ações a serem realizadas são definidas. As ações devem ser descritas em um plano de ação contemplando, segundo a NR-1, um cronograma e as formas de acompanhamento e de aferição dos resultados. Asetapas apresentadas podem ocorrer concomitantemente em toda a empresa em função de como o PGR está organizado. Por se tratar de um programa, a aplicação dessas etapas pode ser reaplicada a qualquer momento, de modo que ajustes sejam realizados no plano de ação com foco preventivo ou corretivo. Quando diversas organizações se reúnem para executar determinadas etapas ou atividades, a NR-1 define critérios para contratantes e contratadas. Uma empresa contratante é a empresa que necessita de um serviço, mas não conta com pessoal capacitado ou não tem interesse em realizá-lo, embora necessite. Por exemplo, uma empresa de teleatendimento pode contratar uma empresa de limpeza para realizar a higienização de suas instalações. Nessa relação entre as empresas, a empresa de teleatendimento é a contratante e a empresa de limpeza é a contratada O PGR das contratantes pode incluir as medidas preventivas necessárias às contratadas para realização ou prestação de serviços, além disso, a contratante deve informar os fatores de risco inerentes às suas atividades a que possam estar expostos os funcionários das empresas prestadoras de serviços. Do mesmo modo, as organizações contratadas devem fornecer seu inventário de riscos, como as situações pertinentes à organização contratante, de modo que medidas preventivas e adequações sejam realizadas quando necessário. Foco, a gestão dos registros, o tempo máximo para reavaliação e sua relação com a NR-7. O programa, conforme definido em norma, contém foco preventivo e não deve ser utilizado para avaliação de insalubridade e periculosidade. Por exemplo, se determinada atividade é insalubre devido à exposição ao ruído intermitente, isso deve ser tratado em laudos de insalubridade, enquanto o PGR preocupar-se-á em determinar as medidas preventivas necessárias para reduzir ao máximo a possibilidade de perda auditiva. Foco, a gestão dos registros, o tempo máximo para reavaliação e sua relação com a NR-7. As empresas nas quais houver um sistema de gestão de SST, como aqueles baseados na ISO 45001 ou em outro padrão, poderão contemplar o PGR dentro de seus sistemas, desde que cumpram todos os requisitos da NR-1 relativos ao programa e àqueles previstos nos demais dispositivos legais de SST. Foco, a gestão dos registros, o tempo máximo para reavaliação e sua relação com a NR-7. Uma avaliação geral de riscos do PGR deve ocorrer a cada dois anos. Empresas com sistemas de gestão de SST (p.ex. ISO 45001) certificados podem realizar essa avaliação a cada três anos. Esses prazos são apenas um limite; sempre que necessário ou conforme o planejamento, a empresa deve realizar avaliações de risco. Foco, a gestão dos registros, o tempo máximo para reavaliação e sua relação com a NR-7. As atualizações do PGR e os documentos a ele relacionados devem ser mantidos por um prazo mínimo de 20 anos, salvo algum outro dispositivo legal que exija um tempo maior de guarda. O controle da saúde dos trabalhadores, que também é um indicador da eficáciadas medidas de preventivas do PGR, deve ser um processo contínuo eplanejado seguindo os preceitos da NR-7. Evidentemente, o PGR deve ser construído dentro do princípio da melhoria contínua. Se determinada empresa não conta com uma gestão de seus riscos ou não atende itens normativos aplicáveis, a elaboração do PGR pode representar o primeiro passo na direção da correção de desvios básicos. Conforme os desvios são sanados e a organização amadurece no campo de SST, o programa pode evoluir para objetivos maiores. image1.jpeg image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.png image8.jpeg image9.jpeg image10.jpeg image11.jpeg image12.png image13.png image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.png image18.png image19.png image20.png image21.jpeg image22.jpeg image23.png image24.jpeg image25.png image26.png image27.jpeg image28.png image29.jpeg image30.png image31.png image32.png image33.jpeg image34.png image35.png