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ANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO E ESTUDOS DAS DORES OROFACIAIS Elaboração Sabrina Maria Castanharo Atualização Talita Zanin Damas Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................4 UNIDADE I ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ..........................................................................................................5 CAPÍTULO 1 ELEMENTOS ANATÔMICOS ........................................................................................................................................... 5 CAPÍTULO 2 ESTRUTURAS DINÂMICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ................................................................ 15 UNIDADE II FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ...................................................................................................... 22 CAPÍTULO 1 FISIOLOGIA DOS MOVIMENTOS MANDIBULARES ......................................................................................... 22 CAPÍTULO 2 RECEPTORES SENSORIAIS ........................................................................................................................................... 26 UNIDADE III PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR .................................................. 28 CAPÍTULO 1 PROCESSAMENTO CENTRAL DA INFORMAÇÃO SENSORIAL E RESPOSTAS FISIOLÓGICAS ..... 28 CAPÍTULO 2 MODULAÇÃO DA DOR E MECANISMOS DE SENSIBILIZAÇÃO PERIFÉRICA E CENTRAL ............. 36 UNIDADE IV PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO .................................................................................................................................................. 41 CAPÍTULO 1 ENTENDENDO O CONTEXTO DA OCLUSÃO NO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ........................... 41 CAPÍTULO 2 OCLUSÃO IDEAL, FISIOLÓGICA E PATOLÓGICA ............................................................................................... 57 PARA (NÃO) FINALIZAR ......................................................................................................................61 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................62 4 INTRODUÇÃO O presente Caderno de Estudos foi desenvolvido com o objetivo de enriquecer seus conhecimentos relativos aos princípios básicos de anatomia e função do sistema estomatognático. Nesta disciplina serão abordadas as estruturas anatômicas da região da face e os mecanismos centrais e periféricos envolvidos no processamento da informação sensorial e motora que coordena o sistema estomatognático. Serão oferecidos aos profissionais odontológicos uma base de conhecimentos sobre o funcionamento normal desse sistema para, posteriormente, poder entender e identificar os sinais de uma possível disfunção, tanto em nível estrutural e biomecânico, quanto do ponto de vista neurofisiológico. Objetivos » Estudar os elementos anatômicos englobados no sistema mastigatório. » Apresentar os mecanismos de processamento sensorial. » Entender os princípios de oclusão. 5 UNIDADE IANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO CAPÍTULO 1 ELEMENTOS ANATÔMICOS O conhecimento dos profissionais na área de Odontologia sobre o sistema estomatognático e as estruturas relacionais apresentam suma importância, pois constituem-se de estímulo aos profissionais para avaliar e diagnosticar os pacientes que sofrem com as consequências das desordens atribuídas ao aparelho estomatognático e as estruturas envolvidas, assim como o aprofundamento de fatores somáticos, psíquicos e sociais que podem comprometer a normalidade, o bem-estar e a qualidade de vida do indivíduo. O sistema estomatognático (SE) é o conjunto de estruturas orais que desenvolvem funções comuns, com constante participação damandíbula, em grego esse sistema é chamado de gnatos. Também referido é referido como entidade fisiológica e funcional, constutuída por um conjunto de diferentes órgãos e tecidos, com biologia e fisiopatologia interdependentes. Esse sistema está envolvido em vários atos funcionais como: fala, mastigação e deglutição dos alimentos, e também em atos denomidados parafuncionais como: apertamento dentário e bruxismo. (DOUGLAS, 2006; ALFREDO JULIO FErnandes NETO, et al. Univ. Fed. Uberlândia,2006). São inúmeras funções do SE, algumas vitais, como a mastigação, deglutição, fonação, respiração, mímica, expressão de emoções, sucção e estética. A cavidade bucal, comum aos aparelhos mastigador e respiratório, é parte desse sistema. Toda alteração que nela ocorrer, terá reflexos em outras áreas, locais ou a distância, mediatos ou imediatos, favoráveis ou desfavoráveis. (Sérgio Russi e João Neudenir Arioli. Prótese Total e parcial removível. Série Abeno. São Paulo: Artes Medicas. 2015. ISBN 9788536702520.) O sistema estomatognático surge como um conjunto anatômico e fisiológico, com características próprias, porém interdependentes de outros sistemas como nervoso, 6 UNIDADE I | ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO circulatório e endócrino. Suas estruturas não são especializadas em uma única função, daí vem a necessidade de harmonia de ossos e músculos para manter o equilíbrio funcional. Funções adequadas permitem desenvolvimento adequado das estruturas. (CARVALHO, G. D. de; S.O.S. Respiração Bucal: uma visão funcional e clínica da amamentação. São Paulo: Lavise, 2003. Cap. 2 ,pp. 27-56; cap. 4, pp. 61-64.) O corpo humano trabalha de forma integrada e o sistema estomatognático está inter- relacionado com os demais sistemas, como o músculo-esquelético, nervoso, endócrino, digestivo, circulatório, entre outros (DOUGLAS, 2006). O profissional deve conhecer os pressupostos teóricos a fim de subsidiar a prática clínica, ressaltando a importância do conhecimento e do desenvolvimento craniofacial e das estruturas estáticas e dinâmicas que o compreendem, sendo funcionalmente quatro os elementos básicos: a articulação têmporo-mandibular, o sistema neuromuscular, superfícies oclusais e o periodonto (MARCHESAN, 1999). Estes elementos, ao interagirem entre si de forma equilibrada, alcançam a homeostase e quando trabalham eficientes, apresentam-se em equilíbrio (DOUGLAS, 2006). O SE é composto por estruturas estáticas (ou passivas) e dinâmicas (ativas) que se responsabilizam pelo funcionamento harmônico da face, devido ao equilíbrio destas e que são controladas pelo Sistema Nervoso Central (SNC). (TANIGUTE, Fundamentos em fonoaudiologia – aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Editora Guanabara- Koogan, 1998. pp.1-6.) Desta forma, serão introduzidos os elementos anatômicos que constituem o sistema estomatognático. 1.1. SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO COMPONENTES ANATÔMICOS: » Ossos » Músculos » Articulações » Ligamentos » Dentes » Língua, lábios e bochechas » Sistema vascular e nervoso 7 ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE I Figura 1. Figura ilustrativa componentes anatômicos. Fonte: Ilustração: Leeuw R. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010. 1.2. ESTRUTURAS ESTÁTICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO Compreendem as estruturas estáticas ou passivas aquelas estruturas que servem de apoio às estruturas dinâmicas ou ativas (DOUGLAS; CORVIN-LEWIS, 2006; SCIORTINO, 2009). 1.2.1. ESQUELETO ÓSSEO Ossos temporais; Esfenoide; Maxila; Mandíbula; Osso Hioide, demais ossos cranianos, coluna cervical, base do crânio, articulações (têmporo-mandibular e coluna vertebral). Figura 2. Imagem ilustrativa esqueleto humano. Fonte: http://anatomiaprofunda.blogspot.com.br/2011/05/cranio-e-face.html. 8 UNIDADE I | ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 1.2.2. Maxila: parte fixa do crânio » Mandíbula: forma de “U”; ramo ascendente: › Anterior processo coronoidefrontal ou coronário: está dirigido para frente da face e é orientado bem paralelo as superfícies vestibulares dos dentes anteriores. Plano sagital: Divide o crânio em duas porções de imagem de espelho simétricas, orientado ântero-posteriormente. 46 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO Plano horizontal: paralelo ao chão e está orientado de acordo com as superfícies oclusais dos dentes. Figura 28. Planos de orientação. Fonte: https://docplayer.com.br/57210233-Introducao-ao-estudo-da-anatomia-humana-historia- divisoes-do-corpo-posicao-anatomica-eixos-planos-e-cortes.html. Os movimentos mandibulares de abertura, fechamento, protrusão, retrusão e lateralidade são executados pelos movimentos de rotação e translação condilar, direcionados em planos e graus distintos. Movimento de Translação: movimento de um corpo quando todos os pontos de um corpo se movem em uma mesma direção, na mesma velocidade ao mesmo tempo. O movimento de translação puro é quase inexistente, geralmente se tratando de rototranslação, que pode ser realizado com a boca aberta ou em contato dentário. O movimento de rototranslação sagital com contato dentário, o côndilo deve rotar por imposição que oferece o trespasse vertical dos dentes anteriores. Movimento de Rotação: movimento de um corpo ao redor do seu centro. Movimento rotatório entre o disco e o côndilo no compartimento inferior da ATM. A ATM possui dois compartimentos, o inframeniscal e o suprameniscal. No primeiro, o côndilo apoio sobre o disco e pode realizar movimentos de rotação conhecidos como arcos de fechamento. Quando o movimento se produz sem contato dentário e induzido pelo operador e o côndilo está limitado pelas paredes superior e posterior da cavidade articular, estamos na presença de um arco de fechamento esquelético (Relação Cêntrica – RC). 47 PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO | UNIDADE IV Figura 29. Relação cêntrica. Fonte: Okeson, 2008. Relação Cêntrica (RC): posição mais posterior da mandíbula em relação à maxila no plano horizontal, determinada pelos músculos e ligamentos que atuam sobre o complexo côndilo/disco da ATM, independentemente de contatos dentários. 1.2. MOVIMENTO DE ABERTURA Quando realizado o movimento de abertura bucal de pequena amplitude, é um movimento cêntrico, já de maior amplitude, é um movimento excêntrico, envolvendo rotação e translação dos côndilos pelo tubérculo articular. Nesse movimento não há contato oclusal e, portanto, não há guia nessa região e todo movimento é direcionado pela inclinação do tubérculo articular e pelos côndilos. (Fundamentos de Oclusão em Odontologia Restauradora: Forma, Função e Estética /Wilson Batista Mendes. Nova Odessa, SP. Napoleão, 2013.664.) O movimento de abertura inicia-se pelo relaxamento dos músculos elevadores masseter, pterigoideo medial e fibras anteriores e médias dos temporais, seguido do relaxamento dos músculos retratores que são as fibras posteriores dos temporais. Simultaneamente, ocorre a contração dos pterigoideos laterais inferiores, seguida da ação forte dos músculos supra-hiodeos (digástrico), proporcionando uma trajetória condilar para frente e para baixo, até que atinja a abertura máxima. Neste momento, o osso hioido é estabilizado pela ação dos infra-hioideos. (Universidade do Sagrado Coração – USC, o Manual da Articulação Têmporo-Mandibular). 48 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO 1.3. MOVIMENTO DE FECHAMENTO Durante o fechamento mandibular, os côndilos executam dois movimentos: transrotação, que é o movimento retorno dos côndilos para o interior das fossas glenoides e o movimento de rotação, que é influenciado pelos feixes posteriores dos músculos temporais. (Fundamentos de Oclusão em Odontologia Restauradora: Forma, Função e Estética /Wilson Batista Mendes. Nova Odessa, SP. Napoleão, 2013.664.). O movimento de fechamento tem o início através do relaxamento dos músculos depressores, especialmente, o digástrico e os pterigoides, através da sincronia a contração dos músculos elevadores (masseter, pterigoideo medial, fibras anteriores e medias dos temporais), determinando, assim, o fechamento inicial com o movimento ascendente da mandíbula, levando o conjunto côndilo/disco a deslizar pela face articular em direção a porção profunda da fossa mandibular, numa trajetória de cima para frente, em uma fase final do movimento, as fibras posteriores do temporal se contraem provocando a retração da mandíbula. Durante a realização do movimento de fechamento e abertura o músculo pterigoideo lateral superior e inferior atuam antagonicamente. No movimento de abertura, o pterigoideo lateral inferior está ativo e no fechamento o pterigoideo lateral superior está ativo para evitar que o disco articular retorne a sua posição repentinamente e lesione a zona bilaminar, rica em vasos, nervos e artérias (Universidade do Sagrado Coração – USC, o Manual da Articulação Têmporo-Mandibular). 1.4. MOVIMENTOS EXCURSIVOS DA MANDÍBULA Movimento de lateralidade: movimento excursivo lateral da mandíbula para o lado, a partir de uma posição oclusal mediana caracterizado pela rotação para frente, para dentro e para baixo do côndilo contralateral. Assim, quando a mandíbula é movida para uma excursão lateral esquerda, o côndilo esquerdo gira e o côndilo direito se translada movimentando-se para frente, para dentro e para baixo na eminência articular. (Mohl N. D. et al. Fundamentos de oclusão. Editora Quintessence. Rio de janeiro. 1989. p 23-6.) O lado contrário ao lado que a mandíbula desloca-se é chamado lado de balanceio e é definido como a posição contrária ao lado de trabalho, em que as cúspides assumem uma posição de alinhamento. Assim, resumindo, o lado para o qual a mandíbula se desloca é o lado de trabalho, nome usado para definir o movimento nos dentes, já para o côndilo, define-se como movimento de Bennett, ou seja, ocorre no côndilo do lado para o qual a mandíbula se desloca. Nos dentes, o contrário ao lado de trabalho é o lado de balanceio e no côndilo de balanceio o que se forma é o ângulo de Bennet (observado no plano horizontal). 49 PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO | UNIDADE IV Figura 30. Movimento de Lateralidade. Fonte: O Homem Virtual e o ensino da anatomia e fisiologia da Articulação Têmporo-mandibular Universidade do Sagrado Coração, Bauru, SP; Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. A seguir mais alguns conceitos importantes em oclusão. Tabela 4. cúspides funcionais e não funcionais. Cúspides Funcionais Cúspides não funcionais Ocluem em fossas ou embrasuras; Vestibulares inferiores e palatinas ou linguais superiores; Movimento de lateralidade, no lado de balanceio as cúspides que se cruzam e se alinham são as cúspides funcionais. Não ocluem em fossas ou embrasuras e protegem os tecidos; Vestibulares superiores e linguais inferiores; Movimento de lateralidade, dente que dirige o movimento é o canino* desocluindo os demais dentes do lado de trabalho e de balanceio; Não deve haver contato entre os dentes posteriores. Fonte: Próprio autor. 1.5. DESOCLUSÃO EM CANINO No movimento de desoclusão, quando os músculos que movimentam a mandíbula para o lado da mastigação, a ponta da vertente vestíbulo/distal do canino inferior desliza pela vertente palatina do canino superior, essa movimentação promove a abertura bucal, eliminando os contatos em lateralidade e causa o avanço simultâneo da mandíbula – 50 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO denominado GUIA CANINA. Durante a excursão lateral, o contato ocorre entre o canino superior e inferior e eventualmente no primeiro pré-molar no lado de trabalho, não havendo contato entre os dentes do lado não funcional ou de não trabalho. Movimento de protrusão: movimento da mandíbula para frente ou em direção anterior, com translação anterior de ambos os côndilos; quando a mandíbula é levada para frente à parte de uma oclusão em Cêntrica, apresentando ou não contato oclusal, diz-se que está em protrusão. Este movimento envolve o deslocamento condilar para frente,devido à ação dos músculos pterigoideos laterais e, para baixo, segundo o ângulo ditado pela vertente anterior da fossa articular e pelo padrão de deslocamento do disco articular. Sendo que os dentes anteriores, após movimento protusivo da mandíbula, existirão o contato da borda incisal dos dentes inferiores anteriores e a face palatina dos dentes superiores. O deslocamento do côndilo para baixo cria um espaço existente entre os dentes posteriores, denominado espaço de Christensen. Figura 31. Retrusão e Protrusão. Fonte: Ilustração: https://sorridents.com.br/blog/protusao/. Figura 32. Guia de incisivo. Fonte: https://fortius.com.br/centro-de-gravidade-e-articulacao-temporomandibular/. 51 PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO | UNIDADE IV 1.6. Movimentos bordejantes Os movimentos bordejantes da mandíbula são definidos como as posições mais extremas nas quais a mandíbula é capaz de realizar e foram descritos a partir dos planos sagital, frontal e horizontal, em geral, não afetados pela postura da cabeça ou em relação ao corpo. 1.6.1. Movimento de Translação Pode ser definida como um movimento no qual cada ponto do objeto que se move tem velocidade e direção simultâneas. No sistema mastigatório ele ocorre quando a mandíbula move-se para frente, como na protrusão. Os dentes, côndilos e ramos movem-se todos na mesma direção e na mesma angulação. A translação ocorre dentro da cavidade articular superior, entre a superfície superior do disco articular e a superfície inferior da fossa articular. Durante a maioria dos movimentos normais da mandíbula, tanto a rotação como a translação, ocorrem simultaneamente. 1.6.2. Movimentos bordejantes num mesmo plano O movimento mandibular é limitado pelos ligamentos e pelas superfícies articulares das ATMs e também pela morfologia e posicionamento dos dentes. Quando a mandíbula move-se através dos limites externos do movimento, esses limites são reproduzíveis e facilmente delimitados, resultando nos movimentos bordejantes. 1.6.3. Plano Bordejante sagital e movimentos funcionais O movimento mandibular observado no plano sagital pode ser visto com quatro componentes de movimento: 1. Bordejante de abertura posterior 2. Bordejante de abertura anterior 3. Bordejante de contato superior 4. Funcional O limite dos movimentos de abertura bordejante posterior e anterior é determinado, ou limitado, principalmente pelos ligamentos e pela morfologia das ATMs. Os movimentos de contato bordejantes superior são determinados pelas superfícies oclusais e incisais dos dentes. Falar: esta no final dos movimentos 52 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO Os movimentos funcionais não são considerados movimentos bordejantes porque não são determinados por um limite externo de movimento. Eles são determinados pelas respostas condicionadas do sistema neuromuscular. 1.6.4. Movimentos bordejantes de abertura posterior Os movimentos ocorrem como um movimento de dobradiça em dois estágios: na primeira fase, os côndilos estão estabilizados na sua posição superior máxima na fossa articular. Lembrando que a posição superior máxima na qual um movimento de rotação pode ocorrer é chamada de posição de Relação Cêntrica. A mandíbula pode ser aberta num movimento exclusivo de rotação sem a translação dos côndilos. Em RC a mandíbula pode ser rotacionada ao redor o eixo horizontal até uma distância de 20 a 25 mm entre as bordas incisais do maxilar e os incisivos inferiores. Neste momento os ligamentos estão tensos, após a continuação de abertura acontece a translação. A medida que o condilo é transladado, o eixo de rotação da mandíbula movimenta-se no corpo do ramo, resultando no segundo estagio do movmento bordejante de abertura posterior. Figura 33. Movimento de abertura. Fonte: Okeson, 1992. 1.6.5. Movimentos bordejantes de abertura anterior O fechamento acompanhado com a contração dos músculos pterigóides laterais inferiores produzirá o movimento bordejante de abertura anterior. 53 PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO | UNIDADE IV Teoricamente, se os côndilos estabilizarem-se nessa posição anterior, um movimento de dobradiça puro ocorre quando a mandíbula fecha da posição de abertura máxima para a posição de máxima posição de protrusão. Porém, a posição condilar está mais anterior na abertura máxima do que na posição protrusiva máxima. Figura 34. Movimento Bordejante. Fonte: Okeson, 1992. 1.6.6. Movimentos bordejantes contato superior São determinados pelas características das superfícies oclusais dos dentes. A delineação precisa depende da diferença entre a RC e a máxima intercuspidação, da angulação das 54 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO vertentes das cúspides dos dentes posteriores, da quantidade de transpasse vertical e horizontal dos dentes anteriores, da morfologia palatina dos dentes anteriores superiores e, por último, das relações gerais entre as arcadas dentárias. Figura 35. Movimento bordejante contato superior. Movimento horizontal da mandíbula à medida que as bordas incisais dos dentes superiores e inferiores se cruzam. Fonte: Okeson, 1992. 1.6.7. Movimentos funcionais Os movimentos funcionais não são considerados movimentos bordejantes porque não são determinados por um limite externo de movimento. Eles são determinados pelas respostas condicionadas do sistema neuromuscular. 55 PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO | UNIDADE IV Os movimentos funcionais ocorrem durante a atividade funcional da mandíbula. Eles geralmente acontecem dentro dos movimentos bordejantes, e por isso são considerados movimentos livres. Geralmente esses movimentos começam na MIH ou abaixo dela porque eles requerem a intercuspidação máxima. Quando a mandíbula está em repouso, ela encontra-se localizada aproximadamente de 2 a 4 mm abaixo da posição de MIH, essa posição é chamada de posição clínica de repouso. Mesmo sendo chamada de posição clínica de repouso, ela não é a posição que os músculos da mastigação estão aparentemente em seu menor nível de atividade, essa posição é alcançada quando a mandíbula está posicionada a aproximadamente 8mm inferior e 3mm anterior a MIH, porque nessa posição a força da gravidade puxando a mandíbula pra baixo está em equilíbrio com a elasticidade e a resistência ao estiramento dos músculos elevadores e outros tecidos moles que sustentam a mandíbula. Entretanto, essa posição não é considerada uma posição de repouso verdadeira devido aos níveis aumentados de atividade muscular eletromiográfica nesta posição, então ela é conhecida como posição postural. 1.6.8. Plano Bordejante sagital e movimentos funcionais O movimento mandibular observado no plano sagital pode ser visto com quatro componentes de movimento: 1. Bordejante de abertura posterior 2. Bordejante de abertura anterior 3. Bordejante de contato superior 4. Funcional A segunda fase do movimento ocorre devido à tensão dos ligamentos temporomandibulares, que com a continuação da abertura, provocam uma translação anterior e inferior dos côndilos. A abertura máxima é alcançada quando os ligamentos capsulares impedem os movimentos adicionais do côndilo, varia entre 40 a 60mm quando medimos as bordas incisais dos dentes superiores e inferiores. A segunda fase do movimento ocorre devido à tensão dos ligamentos temporomandibulares, que com a continuação da abertura, provocam uma translação anterior e inferior dos côndilos. A abertura máxima é alcançada quando os ligamentos capsulares impedem os movimentos 56 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO adicionais do côndilo, varia entre 40 a 60mm quando medimos as bordas incisais dos dentes superiores e inferiores. Quando uma pessoa não tem diferença entre a RC e a MIH, a descrição inicial do movimento bordejante de contato superior é modificada. De RC não existe o deslizamento superior para MIH. O movimento de protrusão inicial engrena imediatamente os dentes anteriores e a mandíbula semove inferiormente. Aprofundamento das discussões. Vídeo sobre movimentos mandibulares: http://www.youtube.com/watch?v=4CF8-xqvxg8. 57 CAPÍTULO 2 OCLUSÃO IDEAL, FISIOLÓGICA E PATOLÓGICA EXISTE A OCLUSÃO IDEAL? 2.1. OCLUSÃO IDEAL É requisito para uma oclusão ideal que os contatos dentários sejam simultâneos e estáveis em posição intercuspideana, sem que haja interferência nos movimentos mandibulares; que ocorra distribuição das forças oclusais nas zonas de trabalho; e que exista um equilíbrio funcional com a articulação têmporo-mandibular e o sistema neuromuscular da mandíbula. Esses requisitos se apresentam quando há integridade morfofuncional de todos os componentes estomatognáticos (MARCHESAN,1993). Atualmente, o tratamento deve ser considerado sob o ponto de vista individual, baseado na estrutura específica envolvida na terapia e nas necessidades fisiológicas dos vários tecidos do sistema. A indicação de tratamento inclui as seguintes condições: sensibilidade pulpar e periodontal, mobilidade dentária progressiva e/ou falta de estabilidade (por ausência de contatos proximais, extrusão dentária, migrações etc.), alinhamento dentário deficiente (apinhamento ou giroversões), injúrias estruturais (fraturas, rachaduras, desgaste anormal, reabsorção radicular, possibilidade de abfração), periodontopatias (espessamento do ligamento, destruição periodontal relacionada), ausência de dentes, função deficiente (mastigação, deglutição, fonação), e considerações estéticas (McNEIL, 1997). Quanto às contraindicações, estas incluem: condições de saúde sistêmica problemática, falta de estabilidade física e emocional, falta de estabilidade dentária e maxilo mandibular, dor orofacial e ou dentária, falta de interesse, discernimento ou queixa por parte do paciente (McNEIL, 1997). A oclusão ideal deve possuir harmonia neuromuscular, estabilidade oclusal, saúde periodontal, estética aceitável, ótima função mastigatória, fonética normal, ausência de hábitos parafuncionais, nenhuma evidência de patologias nas ATMs, distribuição de carga oclusal no longo eixo dos dentes, guia anterior adequada, tensão muscular mínima com máxima eficiência, mínimo desgaste oclusal. O objetivo de uma oclusão funcional ideal é conseguir maior liberdade dos movimentos condilares e economia de energia da musculatura mastigatória. Esses requisitos são obtidos pela guia anterior 58 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO nos movimentos protrusivos e, nas excursões laterais, por proteção canina ou função em grupo. A desoclusão por guia canino tem preferência quando comparada com a desoclusão por função em grupo, devido à sua morfologia, da coroa e da raiz, resistência periodontal, maior mecanismo proprioceptor e menor atividade muscular (FERES et al., 2005). 2.2. OCLUSÃO FISIOLÓGICA A oclusão é fisiológica quando apresenta harmonia entre os determinantes anatômicos e as unidades fisiológicas do AE, não gerando patologias aos tecidos. Entretanto, na presença de desarmonia, a oclusão será patológica, podendo gerar patologias aos tecidos (FERNANDES NETO, 2006). Na oclusão fisiológica, cujos componentes do sistema mastigatório funcionam eficientemente e sem dor e mantêm em estado de saúde, os dentes são firmes, não migram, não doem antes ou depois de se contatarem, a ATM e estruturas associadas funcionam livres e equilibradas, sem ruídos ou dor e não há impacto alimentar, com saúde periodontal (OKESON, 2008). McNeil (1997) definiu que é uma relação dinâmica, morfológica e funcional entre todos os componentes do sistema mastigatório, incluindo os dentes, tecidos moles de suporte, sistema neuromuscular, articulações têmporo-mandibulares e o esqueleto craniofacial. Em uma oclusão fisiológica ou orgânica, no final do fechamento mandibular, a ação dos músculos elevadores promove o assentamento dos côndilos nas fossas mandibulares do osso temporal, denominado posição de relação cêntrica (RC), coincidente com o máximo de contatos dentários posteriores bilateral, denominado máxima intercuspidação (MI) ou oclusão dentária. Como resultado a mandíbula assume posição estável denominada oclusão em relação cêntrica (ORC), na dimensão vertical de oclusão (DVO). Em seguida o relaxamento dos músculos elevadores gera a dimensão vertical de repouso (DVR). Nos movimentos excursivos da mandíbula, os dentes posteriores devem desocluir pela ação da guia anterior e das guias laterais, em perfeita harmonia com os demais componentes do aparelho estomatognático (FERNANDES NETO, 2006). 2.3. OCLUSÃO PATOLÓGICA A oclusão patológica ou não funcional é aquela na qual existem sinais e sintomas de disfunção ou adaptação inadequada de um ou mais componentes do sistema mastigatório que podem estar atribuídas às relações estruturais impróprias ou atividade mandibular disfuncional. 59 PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO | UNIDADE IV A oclusão não funcional não implica necessariamente que as relações oclusais ou maxilomandibulares sejam a causa dos sinais e sintomas, estes que podem ser resultantes do tipo de oclusão do paciente e não um resultado das características estruturais, assim, o termo oclusão não funcional não implica a relação direta de causa e efeito, apenas sugere que já existe um problema, ou ainda, uma predisposição e que o tratamento pode ser indicado. Alguns fatores sugerem a presença da oclusão não funcional, como: » danos biológicos; » dificuldade do organismo se adaptação às diferentes funções; » presença de sinais e sintomas diante das mudanças no sistema mastigatório dos tecidos de suporte; » restaurações com sobrecontorno oclusal; » cargas intensas e presenças de agressões repetitivas que não são aceitas pelos tecidos; » tratamentos restauradores não avaliados corretamente que gerem cargas oclusais severas e de grande desconforto ao paciente. (Fundamentos de Oclusão em Odontologia Restauradora: Forma, Função e Estética /Wilson Batista Mendes. Nova Odessa, SP. Napoleão, 2013.664.). Tabela 5. Tipos de oclusão. OCLUSÃO FISIOLÓGICA Encontrada com frequência na dentição natural. Apresenta uma ou mais variações da oclusão ideal. Estética e funcionalmente satisfatória. Sem sinais ou sintomas de patologias dentárias. Sistema estomatognático capaz de adaptar e manter a função frente a eventos que desviem do ideal OCLUSÃO PATOLÓGICA Apresenta um ou mais desvios da oclusão ideal. Sinais e sintomas de patologias dentárias. Não aceitação do paciente à estética relacionada a oclusão. Problema que superou a capacidade adaptativa do organismo – necessidade de tratamento. OCLUSÃO IDEAL Contatos resultando em forças direcionadas ao longo eixo do dente. Desoclusão dos dentes posteriores em protrusão. Dentes anteriores sem contato em MI ou suave contato. Em lateralidade, lado de trabalho com guia do canino ou função em grupo. Em lateralidade, o lado de balanceio sem contatos. Contatos dentários perfeitos entre os dentes posteriores, quando em ROC. Fonte: Próprio autor. 60 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO 2.4. ATIVIDADES MUSCULARES E SINTOMAS MASTIGATÓRIOS Comparação das atividades funcional e parafuncional Tabela 6. Atividade Funcional e Parafuncional. Fator Atividade Funcional Atividade Parafuncional Direção das forças aplicadas aos dentes Vertical, sendo bem tolerada Horizontal, não é bem tolerada Posição da mandíbula Oclusão cêntrica Movimentos excêntricos Contração muscular Isotônica (fisiológica) Isométrica (não fisiológica) Reflexos protetores Presente Menos presentes Efeitos patológicos Improváveis Muito prováveis Fonte: Próprio autor. Interferência Oclusal: relação de contato oclusal que interfere de alguma forma na função ou na parafunção. A definição operacional para o tratamento de uma interferência oclusal requer alguma evidência de dano ao sistema estomatognático. A presença de interferências oclusais define os chamados traumas oclusais que podem ser classificadas em: Trauma oclusal primário: interferências oclusais que atuam sobre dentes com suporte periodontalsadio. Trauma oclusal secundário: interferências sobre dentes previamente comprometidos por doença periodontal inflamatórias, por conseguinte, debilitados em relação ao suporte ósseo. Leia mais sobre o assunto no livro: Prótese Fixa: Bases para o Planejamento em Reabilitação Oral. 2. ed. São Paulo: Artes médicas, 2013. O termo má oclusão não significa doença ou saúde, e sim dentes mal posicionados ou desalinhados. Muitas pessoas apresentam uma má oclusão, mas se adaptam a ela não apresentando sinais patológicos (FERNANDES NETO, 2006). Más oclusões podem ser mantidas em boa saúde e estabilidade permanecendo completamente confortáveis (DAWSON, 2008). 61 PARA (NÃO) FINALIZAR Para a obtenção e a manutenção da eficiência do Sistema Estomatognático, é necessário que haja um perfeito equilíbrio funcional de todos os componentes do sistema mastigatório. Qualquer alteração poderá afetar o equilíbrio e a homeostase. Como resultado, o corpo tentará corrigir este desequilíbrio com resultados benéficos ou destrutivos que serão dependentes da resposta biológica de cada organismo. Algumas importantes temáticas relacionadas com ao Sistema Estomatognático e as relações com a manutenção de seu equilíbrio podem ser um referencial-alvo de investigações em trabalho e pesquisas de diversas áreas de estudo. Ao profissional da área de saúde, cirurgiões dentistas, cabe adquirir, cada vez mais, o conhecimento e as competências com bases científicas para que assim se estabeleça o correto diagnóstico, planejamento e tratamento voltado a cada indivíduo. 62 REFERÊNCIAS ABREU, A. C. B.; MORALES, D. A.; BALLO, M. B. J. F. A respiração oral influencia o rendimento escolar. Rev CEFAC, v. 5, n. 1, pp. 69-73, 2003. BIANCHINI, E. M. G. Mastigação e ATM; avaliação e terapia. In: MARCHESAN, I. Q. (Ed.). Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1998. CARVALHO, G. 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OSSOS TEMPORAIS » Irregulares; » Formam as porções laterais do crânio; » Abrigam a porção petrosa, sistema auditivo-vestibular; » Apoio para a articulação têmporo-mandibular (ATM); » Superfície externa: três protuberâncias importantes para inserção dos músculos que estão envolvidos nas funções miofuncionais, como o processo mastoide, processo esfenoide e o processo zigomático. (DÂNGELO; FATTINI, 2004) 1.2.4. MAXILA Composta pelo processo frontal (unido ao osso nasal pela sutura nasomaxilar), pela espinha nasal anterior, processos alveolares e suas eminências, forame infraorbital, fossa canina e processo zigomático. Na maxila, originam-se os músculos: nasal, prócero, levantador do ângulo da mandíbula, levantador do lábio superior e asa do nariz, orbicular da boca e olho, bucinador e pterigoideo medial. Os ossos da maxila são intricadamente fusionados aos componentes ósseos que envolvem o crânio e, assim, constituem o componente fixo do sistema mastigatório (OKESON, 2008). 1.2.5. MANDÍBULA Osso em forma de U, a mandíbula sustenta os dentes inferiores e constitui o esqueleto facial inferior. Sustentada pelos músculos, ligamentos e tecidos moles, que possibilitam a movimentação necessária para o funcionamento junto à maxila. (OKESON, 2008) » Borda superior: ramo da mandíbula composta por uma curva (incisura da mandíbula que se divide pelos processos coronoides – inserção do músculo temporal – e condilar – colo e côndilo –), pela fóvea pterigoidea. » Borda inferior: linha oblíqua, tuberosidade massetérica, na borda inferior e posterior, pelo ângulo da mandíbula e em sua porção anterior, pelo forame mentoniano. 9 ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE I Na mandíbula, originam-se os músculos: digástrico, abaixador do lábio inferior (na linha oblíqua da mandíbula) e do ângulo da boca, bucinador (superfície externa dos processos alveolares) e o mentual (fossa incisiva da mandíbula). Inserem-se: músculos da mastigação, como masseter (tuberosidade massetérica – próxima ao ângulo da mandíbula), o pterigoideo medial (face medial do ângulo da mandíbula), o temporal (processo coronoide do ramo da mandíbula) e o pterigoideo lateral (na depressão da parte anterior do côndilo da mandíbula) (MADEIRA, 2008). A Maxila e a mandíbula servem de ancoragem para a dentição, musculatura responsável pela mastigação, para a mímica facial e, juntamente com a articulação têmporo- mandibular (ATM), desempenham papel na deglutição. (CORBIN-LEWIS; LISS; SCIORTINO, 2009). 1.2.6. DENTES Os dentes são constituídos por estruturas mineralizadas: » Esmalte; » Dentina; » Cemento (tecido que recobre a dentina da raiz anatômica do dentes, fixados nos alvéolos pelos ligamentos periodontais (DOUGLAS, 2006)) O periodonto é composto pelo cemento, ligamento periodontal e osso alveolar e apresenta proprioceptores importantes para a mastigação (PETRELLI, 1994), gerando pressão interoclusal durante o contato oclusal exigido para a trituração dos alimentos (DOUGLAS, 2006). Segue as partes constituintes do dente. Esmalte: camada externa de 2 mm constituída da porção mineral de hidroxiapatita [Ca5(PO4)3(OH)], que corresponde a 96% e os 4% restantes de proteínas e água. Dentina: é a massa principal do dente, dá forma geral a ele. Possui microtúbulos que a deixam permeável, apesar de ser um tecido duro como osso. Pode-se dizer, que é uma extensão fisiológica da polpa. Aproximadamente 35% da dentina é material orgânico composto de colágeno mais substância orgânica fundamental de mucupolissacarídeos (proteoglicanos e glicosaminoglicanos). Os demais 65% são inorgânicos – hidroxiapatita. Polpa: é um tecido vivo formado por uma porção celular e porção extracelular (estroma), formado principalmente por colágeno. (Universidade Estadual de Londrina Departamento de Bioquímica e Biotecnologia – CCE) 10 UNIDADE I | ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO Sistema dentário humano é difiodonte, ou seja, apresenta duas dentições. » Decídua: total de 20 dentes, com início da erupção aos 6 meses de idade e término entre 2 anos e 3 anos de idade (incisivo central, lateral, caninos, primeiro e segundo molares). » Permanente: total de 32 dentes, com início da erupção aos 6 anos e término entre 20 e 27 anos, em função do 3o Molar; entre 12 e 13 anos já houve o término da erupção dos 2o Molares (incisivos centrais e laterais, caninos, primeiros e segundos pré-molares e primeiros e segundos molares – dentes adicionais). Figura 3. Dente. Fonte: http://www.mundoeducacao.com/biologia/dentes.htm. Figura 4. Arcadas dentárias. Fonte: http://www.arribadentista.com/2020/01/aula-de-anatomia-dental-introducao-1.html. 11 ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE I 1.2.7. ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR (ATM) É uma das articulações mais complexas do corpo, consiste na região/área onde a mandíbula articula-se com o crânio; proporciona um movimento de dobradiça em um plano. Sendo considerada, assim, uma articulação ginglimoidal: ao mesmo tempo, por proporcionar movimentos de deslizamento, é classificada também como uma articulação artrodial – portando tecnicamente é considerada uma articulação ginglimoartrodial (OKESON, 2008). A ATM é uma articulação bilateral e interligada pela mandíbula e, apesar de cada lado realizar movimento próprio, os movimentos são simultâneos. É revestida de fibrocartilagem e suas partes ósseas são: » cabeça da mandíbula (côndilo); » colo da mandíbula (estreitamento ósseo); » fóvea pterigoidea (local de inserção do músculo pterigoideo lateral) e osso temporal; » eminência/tubérculo articular (anterior a fossa articular e determina a direção do côndilo quando a mandíbula executa movimento de abertura); » disco articular (fibrocartilaginoso, situado sobre a cabeça da mandíbula, estende-se anteriormente a porção posterior do tubérculo articular, com inserção de fibras dos músculos pterigoideo lateral; entre a porção anterior do côndilo e a porção posterior do tubérculo articular e com fibras tendinosas do feixe profundo do masseter, em sua porção medial; a porção posterior: zona bilaminar ou ligamento retrodiscal, sendo que a superior insere-se na fissura petrotimpânica e a inferior na cabeça da mandíbula). Composto por um tecido conjuntivo fibroso denso, desprovido de vasos sanguíneos e fibras nervosas, somente na periferia é ligeiramente inervada. As superfícies internas da cavidade são revestidas por células endoteliais especializadas que formam a membrana sinovial, pela qual produz o líquido sinovial, este líquido possui duas finalidades: promover as necessidades metabólicas para os tecidos, já que as superfícies articulares não possuem vascularização, ocorrendo, assim, um intercâmbio livre e rápido entre os vasos da cápsula e também para agir como um lubrificante entre as duas superfícies articulares durante a função. A ação de bombeamento pela infusão do líquido sinovial é a base para a lubrificação exsudativa, importante para a manutenção da saúde da cartilagem articular. (MADEIRA 2008; LEMOS, 2010; OKESON, J. P. Tratamento das Desordens Têmporo-Mandibulares, São Paulo: Elsevier Brasil, 2008). 12 UNIDADE I | ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO Figura 5. Articulação Temporomandibular. Fonte: Ilustração: Okeson, 2008. Figura 6. Estruuras que compõem. Fonte: https://www.dentistasp.com.br/reabilitacao-oral/articulacao-temporomandibular-_atm_. 13 ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE I 1.2.8. LIGAMENTOS A articulacao Temporomandibular – ATM – possui três ligamentos funcionais (colateral, capsular e têmporo-mandibular) e dois acessórios (estilomandibular e esfenomandibular), que são formados por fibras colágenas que agem na proteção das estruturas, limitando e restingindo os movimentos mandibulares de forma passiva. LIGAMENTOS COLATERAIS: prendem as bordas medianas e laterais do disco articularaos polos do condilo. Função: restringem os movimentos do disco quando desliza anteriormente e posteriormente (movimento de abertura e fechamento). Figura 7. Ligamentos. Fonte: ATM (vista anterior). AD: disco articular; CL: ligamentos capsular; LDL: ligamento discal lateral; MDL: ligamento discal medial; SC: cavidade articular superior; IC: cavidade articular inferior. (Okeson J. Tratamento das desordens têmporo-mandibulares e Oclusão 504 p., Elsevier 7. ed., 2013). LIGAMENTO CAPSULAR: Circunda e envolve a ATM; suas fibras são presas superiormente ao osso temporal e ao longo das bordas das superfícies articulares da fossa mandibular e da eminência articular e inferiormente, no pescoço do condilo da mandíbula. Função: agir para resistir às forças que tendem a deslocar a mandíbula ou a separar as suferfícies articulares; retem o líquido sinovial. 14 UNIDADE I | ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO Figura 8. Ilustração do ligamentos. Fonte: https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-articular/diartroses/articulacao- temporo-mandibular/capsula/-qqnO~DbzAuElDhi~RysXkKaIh-PeUxjdvtDjeufJsWhJY4kyxqsmsxp1 K4Z5RYv8016LJ8v4CSxpsIIt3uUZyTRmmH~O2vGW~NJXhss0-62nYds8bPkzytlROercc09eg6Aivcru- bswqaA__&Key-Pair-Id=APKAIMR3QKSK2UDRJITQ. LIGAMENTO TÊMPORO-MANDIBULAR: possui uma porção oblíqua externa que se insere no tubérculo articular e no processo zigomático até a superfície do pescoço do condilo, e uma porção interna horizontal que se insere no tubérculo articular e processo zigomático e vai até o polo lateral do condilo e parte posterior do disco articular. Função: proteger tecidos retordiscais e o músculo pterigoideo lateral de estiramento. LIGAMENTO ESFENOMANDIBULAR: parte da espinha do osso esfenoide e insere-se na lingula da suferfície medial da mandíbula; não possui efeito limitador do movimendo mandibular. LIGAMENTO ESTILOMANDIBULAR: parte do processo estiloide e estende-se até a parte interna do ângulo da mandíbula; limita os movimentos protrusivos da mandíbula. Figura 9. Localização dos ligamentos acessórios. Ligamento Esfenomandibular Ligamento estilomandibular Fonte: https://www.odontologistas.com.br/odontologistas/tratamento-funcional-de-fratura-condilar/. 15 CAPÍTULO 2 ESTRUTURAS DINÂMICAS DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO São representadas por estas unidades neuromusculares. 1. Músculos Faciais: bucinador, orbicular da boca, zigomáticos, retrator e levantador do ângulo da boca e mentual. 2. Músculos da mastigação: temporal, masseter, pterigoideo medial e lateral. 3. Músculos da deglutição: músculos do palato, linguais, supra-hioideos e infra- hioideos. 4. Músculos faríngeos: constritores da faringe e o salpingofaríngeo. 5. Músculos palatinos: úvula, palatoglosso, palatofaríngeo, elevador e tensor do palato mole. 6. Músculos cervicais: porção superior do trapézio, esternocleidomastoídeo, esplênios e escalenos. (DOUGLAS, 2006; MARCHESAN, 1999; TASCA, 2002). FUNÇÃO MUSCULAR: a unidade motora pode desempenhar a ação de contração ou encurtamento, no entanto, o músculo apresenta três funções potenciais. 1. Contração ou encurtamento generelizado quando várias unidades motares são estimuladas. A contração isotônica ocorre no músculo masseter quando a mandíbula é elevada, com isso, força os dentes através do bolo alimentar. 2. Contração em oposição a uma determinada força, função do músculo será de estabilização da mandíbula; esta contração sem o encurtamento é chamada de contração isométrica, que ocorre no músculo masseter quando algum objeto (ex.: cachimbo, lápis) é mantido entre os dentes. 3. Relaxamento controlado ocorre quando o estímulo de uma unidade motora é interrompido, as fibras relaxam e retomam ao comprimento normal; observado no músculo masseter quando a boca abre para receber o bolo alimentar durante a mastigação (OKESON, 2008). 2.1. 2.1. MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO MÚSCULO MASSETER: Retangular, espesso, forte, totalmente recoberto pela fáscia massetérica. 16 UNIDADE I | ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO Figura 10. Ilustração músculo masseter. Fonte: ilustração: leeuw r. dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010. ORIGEM: porção superficial: 2/3 inferiores do arco zigomático. Porção profunda: suferfície medial do arco zigomático. INSERÇÃO: superfície lateral do ramo ascendente, processo coronoide e ângulo da mandíbula. FUNÇÃO: elevação da mandíbula Na movimentação da boca o masseter é o músculo que ELEVA a mandíbula com maior potência. Por sua parte superficial a mandíbula sobe, já a parte profunda age principalmente na manutenção da oclusão forçada por longos períodos. 2.1.1. MÚSCULO TEMPORAL Figura 11. Ilustração músculo Temporal. Fonte: Ilustração: Leeuw R. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010. 17 ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE I Coberto pela densa fáscia temporal. ORIGEM: Fossa temporal, Feixe anterior, Feixe médio, Feixe posterior. INSERÇÃO: Processo coronoide e borda anterior do ramo ascendente da mandíbula. FUNÇÃO: Elevação da mandíbula. O músculo Temporal é mais um músculo de MOVIMENTO do que de força (falar e fechar rapidamente a boca); ELEVA a mandíbula (fibras da porção anterior). A porção posterior é essencialmente retrusora da mandíbula. Tal como o masseter, mas em menor proporção, o temporal pode ser acometido por trismo. 2.1.2. MÚSCULO PTERIGOIDEO MEDIAL Figura 12. Ilustração músculo pterigóide Medial. Fonte: Ilustração: Leeuw R. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010. Apresenta, apesar de menor, as mesmas características do masseter, é retangular, insere- se no ramo da mandíbula, é um músculo de FORÇA. ORIGEM: Superfície medial da lâmina lateral do processo pterigoideo do esfenoide. INSERÇÃO: Porções posterior e inferior da superfície interna do ramo ascendente e ângulo da mandíbula. FUNÇÃO: Elevação da mandíbula; ativo na protrusão. 18 UNIDADE I | ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO Na sua inserção (face medial da região do ângulo da mandíbula), trata-se de ELEVADOR da mandíbula (o pterigoideo a descola ligeiramente para frente). 2.1.3. MÚSCULO PTERIGOIDEO LATERAL Figura 13. Ilustração músculo peterigóide Lateral. Pterigoideo Lateral superior (S) Pterigoideo Lateral inferior (I) Fonte: Ilustração: Leeuw R. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4. ed. São Paulo: Quintessence, 2010. É o mais curto dos músculos da mastigação, o único que se dispõe horizontalmente e o único que se relaciona com a articulação têmporo-mandibular. Por isso mesmo realiza movimentos mandibulares que os outros três não realizam. Está relacionado aos movimentos de PROTRUSÃO. Origem: » S – Superfície infratemporal da asa maior do esfenoide. » I – Superfície lateral da lâmina lateral do processo pterigoideo do esfenoide. Função: » S – na abertura: inativo, no fechamento contrarresistência: ativo. » I – protrusão da mandíbula. 19 ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE I 2.2. MÚSCULOS ACESSÓRIOS DA MASTIGAÇÃO Supra-hioides, infra-hioides, músculo da língua, músculo da deglutição, orbicular dos lábios, bucinadores. 2.2.1. MÚSCULOS SUPRA-HIOIDEOS Compõe um grupo de músculos pares que unem o osso hioideo ao crânio. Com exceção do estilo-hioideo, todos se ligam à mandíbula. Movimentam o hioideo, mas se este osso estiver imobilizado, eles são capazes de movimentar a mandíbula. São considerados ABAIXADORES e RETRUSORES da mandíbula, mas colaboram na mastigação. 2.2.2. Músculo Digástrico Possui dois ventres carnosos unidos por um tendão comum. Origem: área mastoidea do temporal e inserção na fóvea digástrica . Função: Ao contrair, TRACIONA a mandíbula para trás, contribuindo, assim, em sinergismo com o pterigoideo lateral para o ABAIXAMENTO. 2.2.3. Músculo Estilo-hioideo Origem: processo estiloide e inserção no hioide.Função: tracionar o hioide para trás e para cima ou pode fixá-lo quando atua em conjunto com os músculos infra-hioideos. 2.2.4. Músculo Milo-hioideo Os dois (direito – esquerdo) formam o soalho muscular da boca. Origem: linha milo-hioidea e inserção na rafe milo-hioidea. Função: ELEVAR o soalho da boca e com ele a língua e o hioide. 2.2.5. Músculo Genio-hioideo Acima dele, está em contato o músculo genioglosso. Origem: espinha mentoniana e inserção no corpo do hioide. Função: REDUÇÃO e ELEVAÇÃO do soalho da boca. 20 UNIDADE I | ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO 2.2.6. Músculos Infra-hioideos Consiste um grupo de quatro músculos em forma de fita colocados entre o osso hioideo e o tórax. Suas denominações são estes: o primeiro nome correspondendo ao local de sua origem e o segundo a inserção – Esterno-hioideo, Omo-hioideo, esternotireoideo e tíreo-hioideo. Figura 14. Músculo Digástrico. Fonte: http://odontoup.com.br/anatomia-de-cabeca-e-pescoco/resumo-anatomia-de-cabeca-e- pescoco/. 2.3. MÚSCULOS DA EXPRESSÃO FACIAL Tabela 1. Músculos da expressão facial. Músculo Origem Inserção Função Orbicular da boca Quase todo cutâneo; fóveas incisivas da maxila e mandíbula. Pele e mucosa dos lábios; septo nasal. Comprime os lábios contra os dentes; fecha a boca; protraí os lábios. Levantador do lábio superior Margem infraorbital Lábio superior Levanta o lábio superior Levantador do lábio superior e asa do nariz Processo frontal da maxilla. Asa do nariz e lábio superior. Asa do nariz e lábio superior levanta o lábio superior e a asa do nariz (dilata a narina). Zigomático menor Osso zigomático Lábio superior Levanta o lábio superior Levantador do ângulo da boca Fossa canina da maxila Ângulo da boca Levanta o ângulo da boca 21 ANATOMIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE I Músculo Origem Inserção Função Zigomático maior Osso zigomático Ângulo da boca Levanta e retrai o ângulo da boca Risório Pele da bochecha e fáscia massetérica Ângulo da boca Retrai o ângulo da boca Bucinador Processos alveolares da maxila e da mandíbula na região molar; ligamento pterigomandibular. Ângulo da boca Distende a bochecha e a comprime de encontro aos dentes; retrai o ângulo da boca. Abaixador do ângulo da boca Base da mandíbula (região molar ao tubérculo mentoniano). Ângulo da boca Abaixa o ângulo da boca Abaixador do lábio inferior Base da mandíbula, acima da origem do depressor do ângulo da boca. Lábio inferior Abaixa o lábio inferior Mentoniano Fossa mentoniana acima do tubérculo mentoniano. Pele do mento Enruga a pele do mento; everte o lábio inferior. Platisma Base da mandíbula Pele do pescoço Enruga a pele do pescoço Orbicular do olho Quase todo cutâneo; ligamentos palpebrais; lacrimal e maxila. Pálpebras e pele periorbital. Fecha as pálpebras e a comprime contra o olho. Occipitofrontal Aponeurose epicraniana Pele do supercílio; região occipital. Puxa a pele da fronte para cima. Prócero Osso nasal Pele da glabela Puxa a pele da glabela para baixo. Corrugador do supercílio Margem supraorbital do frontal. Pele da extremidade lateral do supercílio. Puxa a superfície medialmente. Nasal Eminência narina Dorso do nariz Comprime a narina (parte transversa); dilata a narina (parte alar). Fonte: MADEIRA, M. Anatomia Facial com fundamentos de anatomia sistêmica geral. 1. ed. s/l, 2004. O SE apresenta uma magnitude de forças musculares durante o ato de morder que é diferente da magnitude das forças musculares durante a mastigação. As forças maxilares variam em torno de 700 N (aprox. 7,1 quilogramas-força) – região dos primeiros molares e de 100 a 200 N (aprox. 10 a 20,4 quilogramas-força) – região de incisivos. A força máxima total registrada sobre a mandíbula é de 60 a 75 quilogramas-força. As forças desenvolvidas durante a mastigação pelo SE representam em média 10% das forças máximas; a força mastigatória total (pacientes com dentes) varia de 10 a 50 N (1,2-5,1 quilogramas-força) dependendo da mastigação. 22 UNIDADE IIFISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO CAPÍTULO 1 FISIOLOGIA DOS MOVIMENTOS MANDIBULARES O estudo da fisiologia é de fundamental importância para todas as áreas da saúde. Fisiologia do grego physis: natureza e logos: palavra ou estudo é o ramo da biologia que estuda o funcionamento dos seres vivos, ou seja, os fatores físicos, químicos e mecânicos responsáveis pela origem, pelo desenvolvimento e pela manutenção da vida. A fisiologia oral, conhecida como a fisiologia do sistema estomatognático ou mastigatório, estuda especificamente a função da boca ou cavidade oral e as estruturas crâniofaciais relacionadas, ou seja, fatores físicos, químicos e mecânicos que possibilitam o desenvolvimento e a manutenção da integração dessas estruturas. (Fisiologia Oral. Elizabeth A. City, Richard F. Elmore, Sarah E. Fiarman, Lee Teitel. São Paulo: Artes Médicas, 2014. ABENO: Odontologia Essencial: parte básica.) A neuroanatomia e a fisiologia determinam importante mecanismo no qual os movimentos funcionais da mandíbula podem ser executados. As principais funções são: mastigação, deglutição e fala. Além disso, há funções secundárias que auxiliam na respiração e na expressão de emoções. Os movimentos funcionais são eventos neuromusculares complexos e altamente coordenados. Para desempenhar a atividade funcional desejada, estímulos neuro-sensoriais provindos de estruturas do sistema mastigatório como dentes, ligamentos periodontais, lábios, língua, bochechas, palato, são recebidos e integrados no GPC (Gerador de padrão central) com ações reflexas existentes e traços de memória musculares. (OKESON, 2008). Os movimentos mastigatórios dependem de processos neurais integrativos complexos do SNC (sistema nervoso central) que podem ser iniciados por influências internas ou externas incluindo impulsos e estados emocionais do paciente. Durante a mastigação, a quantidade de proprioceptores (ex.: fusos musculares) e exteroceptores (mecanorreceptores) enviam informações ao SNC (ex.: córtex cerebral, tronco, gânglios basais e medula espinhal). 23 FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE II A mastigação inicia-se com a “configuração do sistema” (visão, tato, odor) para receber o alimento. A implicação do senso de tato varia desde a escolha do alimento até sua apreensão pelos incisivos. (WHEELER ́s Anatomia Dental, Fisiologia e Oclusão. Stanley J. Nelson, Major M. Ash Elsevier Editora Ltda. 9 ed., 2012.) Durante a mastigação contraem-se coordenadamente vários grupos musculares, sendo os mastigatórios os mais importantes embora também sejam fundamentais os músculos da língua e os faciais, especialmente bucinador e orbicular dos lábios (PEREIRA et al., 2006). Uma mastigação adequada deve ter um padrão bilateral alternado, corte do alimento com os incisivos, vedamento labial, sem ruído ou participação exagerada da musculatura perioral, lateralização de língua e mandíbula, além de simetria muscular. E, para que esse padrão mastigatório ocorra, refere à necessidade de uma harmonia morfológica e funcional das estruturas estomatognáticas (BIANCHINI, 1998). Durante o ciclo mastigatório, é possível analisar uma constante modificação na dinâmica mandibular e, com ela, modifica-se a articulação têmporo-mandibular. Uma mastigação que não ocorre adequadamente irá promover movimentos alterados de todo o Sistema Estomatognático e, principalmente, da ATM. 1.1. Biomecânica da Função Mastigatória O ato mastigatório constitui de um processo fisiológico complexo que tem início com a trituração dos alimentos, seguido de salivação e, por fim, a formação do bolo alimentar. Ocorrendo a sincronização de movimentos (abertura bucal) e elevação (fechamento bucal) da mandíbula. No plano coronal da face (frontal), a trajetória típica da mandíbula possui a forma de gota. O movimento de abertura bucal, considerando o plano coronal da face, ocorre associado a um leve afastamento damandíbula para o lado não envolvido na mastigação, retomando para o lado envolvido antes de se completar a abertura bucal. O fechamento bucal, após o processamento mecânico dos alimentos (corte, trituração ou esmagamento), continua até que os dentes opostos entrem em contato, deslizando inicialmente e, em seguida, ocluindo-se em máxima intercuspidação; esta fase corresponde o ciclo final mastigatória. (Fundamentos de oclusão em odontologia restauradora: forma, função e estética /Wilson Batista Mendes. São Paulo: Nova Odessa, Napoleão, 2013. 664. ISBN: 978-85-60842-50-6.) Entre os movimentos naturais de mordida, inclui também o movimento de incisão, atuando de três modos diferentes de acordo com a dureza dos alimentos; nos alimentos duros, no momento que os incisivos superiores e inferiores ocluem topo; nos 24 UNIDADE II | FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO alimentos macios quando os incisivos inferiores deslizam ao longo das faces palatinas dos incisivos superiores e nos moles, quando os incisivos inferiores deslizam com pequeno afastamento da palatina dos superiores. (Jankelson B. et al. The physiology of the stomatognatic system. J Am Assoc. 953; 46(4): 375-386.) Geralmente, durante a mastigação, o indivíduo geralmente realiza a mastigação apenas de um lado da cavidade oral; de acordo com a conveniência, o bolo alimentar é levado de um lado para o outro (bilateralmente). Esta mudança costuma ficar confinada as regiões de molares e pré-molares, dentes que realizam a maior parte do trabalho do lado direito ou do lado esquerdo e, ocasionalmente, a mudança na mastigação pode ser direcionada à região anterior. Regiões das bochechas, lábios e língua ajudam a manipular o alimento e a jogá-lo entre os dentes continuamente, durante os movimentos mandibulares. Os dentes pré-molares e molares realizam a maior parte do trabalho enquanto que a mandíbula realiza movimentos laterais direito e esquerdo aproximando os dentes das relações de oclusão lateral direita e esquerda, finalizando o processo próximo à relação de intercuspidação ou oclusão Cêntrica. (PEREIRA, L. J., DUARTE GAVIAO, M. B, VAN DER BILT A. Influence of oral characteristics and food products on masticatory function. Acta Odontol Scand. v. 64, n.4, pp.193-201, 2006; BIANCHINI, E. M. G. Mastigação e ATM; avaliação e terapia. In: MARCHESAN, I. Q. (Ed.). Fundamentos em fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998). 1.2. MOVIMENTOS MANDIBULARES A partir da posição inicial os movimentos mandibulares de abertura, fechamento, protrusão, lateralidade (veja capítulo 1 – Unidade III) são executados pelos movimentos de rotação e translação condilar, direcionados em planos e graus distintos. MOVIMENTO DE ROTAÇÃO: movimento de um corpo ao redor de seu centro. O movimento de rotação da mandíbula pode ocorrer nos planos horizontal, frontal (vertical) e sagital. O movimento mandibular em torno do eixo horizontal pode ocorrer na abertura e no fechamento da boca. É chamado de movimento de dobradiça, no qual se observa o movimento de ambas as articulações em volta de um único eixo de rotação. Este movimento raramente ocorre durante o funcionamento normal. O movimento em volta do eixo frontal ocorre quando a mandíbula se desloca lateralmente, assim, um côndilo de desloca em direção à eminência articular e o outro permanece no eixo de rotação frontal. 25 FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE II Devido à inclinação da eminência articular, o movimento lateral da mandíbula está associado ao movimento do côndilo orbitante para baixo (côndilo contrário ao lado para o qual a mandíbula se deslocou), gerando outro eixo terminal de rotação no plano sagital. MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO: movimento de um corpo quando todos os seus pontos se movem em uma mesma direção ao mesmo tempo. A translação pode ser definida como um movimento de um corpo em que todas as partes têm, em cada instante, a mesma velocidade e direção. A translação ocorre na cavidade ou no compartimento articular superior, entre a superfície superior do disco articular e a superfície inferior da fossa articular. Durante os movimentos normais, a mandíbula está rotacionando em torno de um ou mais eixos, e cada um dos eixos está transladando. Isso resulta em movimentos extremamente complexos nos quais ambas as articulações sempre estão em atividade simultânea, porém raramente os movimentos são idênticos e conjuntos. Figura 15. Ilustração movimentos. Fonte: Movimentos de rotação: eixo horizontal; eixo vertical; eixo sagital e movimentos de translação. (Ilustração: Okeson, 2008). 26 CAPÍTULO 2 RECEPTORES SENSORIAIS 2.1. RECEPTORES SENSORIAIS – Sistema neuromuscular associado à mastigação Os receptores do SE fornecem continuamente ao SNC informações precisas e completas relacionados à mastigação e à degradação dos alimentos. Além disso, todas as ações do sistema mastigatório são controladas pelo complexo neuromuscular, que através de estímulos proporcionam a ação de ato reflexo para atividade muscular. Informações somáticas são transmitidas pelos nervos glossofaríngeo (IX), lingual e facial (VII) e através dos ramos maxilar e mandibular do nervo trigêmeo (V). O centro da mastigação1 também é responsável por adaptações das atividades nos diferentes músculos do SE, mantendo a eficiência durante todo o processo da mastigação; é também neste centro que a integração sensorial-motora ocorre para que haja uma atividade rítmica e coordenada dos músculos da mastigação. As informações advindas dos núcleos sensoriais relativos à inervação aferente do SE, principalmente dos núcleos: sensorial principal, espinal do trigêmeo, mesocefálico, facial e núcleo solitário estão integrados no centro mastigatório, que envia as informações para os núcleos motores – principalmente o núcleo motor do trigêmeo. Figura 16. Esquema sobre integração do SNC. Fonte: Arquivo Pessoal. 1 Centro mastigatório: estrutura anatomicamente distinguível, como gânglios e núcleos sensoriais e motores; rede formada por neurônios dos núcleos sensoriais, conectados por sinapses excitatórias e inibitórias, que induzem um movimento ritmado e coordenado dos músculos mastigatórios, permitindo, assim, uma eficiência na transformação do alimento em bolo alimentar. O objetivo do centro mastigatório é adaptar a atividade motora da mastigação de acordo com as informações sobre o alimento e após sobre o bolo alimentar. 27 FISIOLOGIA DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO | UNIDADE II O componente neuromuscular do sistema mastigatório funciona em três etapas bem distintas: percepção do estímulo, integração no SNC e reação aos comandos integrados. Os músculos movem-se, entretanto, a colocação, a característica da superfície oclusal e o suporte dos dentes influenciam ou programam o movimento. (Fundamentos de oclusão em odontologia restauradora: forma, função e estética /Wilson Batista Mendes. São Paulo: Nova Odessa, Napoleão, 2013. 664. ISBN: 978-85-60842-50-6.) VÍDEOS ONLINE: Assista aos seguintes vídeos. http://www.youtube.com/watch?v=q8WffatJ4lA. http://www.youtube.com/watch?v=I3-qrqcfxH4. https://www.youtube.com/watch?v=jx2fMLKePMY. 2.1.1. SIGNIFICADO CLÍNICO Demonstra as diferenças entre os pacientes, cada indivíduo apresenta suas próprias relações maxilomandibulares e têmporo-mandibular. Assim, a aplicação de técnicas para individualização de registros e transferências das posições anatômicas é importante para a elaboração de um bom plano de tratamento e consequente reabilitação mais satisfatória. (Fisiologia oral. Elizabeth A. Cityrichard F. Elmore, Sarah E. Fiarman, Lee Teitel. São Paulo: artes médicas, 2014. (Abeno: odontologia essencial: parte básica). Os Articuladores são instrumentos protéticos desenvolvidos com o objetivo de reproduzir as relações maxilomandibulares, estabelecer o eixo de rotação da mandíbula e simular os movimentos mandibulares dos pacientes. Importância: análise oclusal, essencialem Prótese e Dentística Restauradora, pois as superfícies oclusais dos dentes a serem restaurados são unidades funcionais do sistema mastigatório; os dentes restaurados não devem interferir na função mandibular durante a mastigação, fala e deglutição, assim como não transmitir forças excessivas para as estruturas da ATM, durante a máxima intercuspidação ou nos movimentos excêntricos. Classificação: Articuladores Totalmente Ajustáveis (A.T.A); Semiajustáveis (A.S.A); Não Ajustáveis (A.N.A) (Fundamentos de oclusão em odontologia restauradora: forma, função e estética /Wilson Batista Mendes. São Paulo: Nova Odessa, Napoleão, 2013. 664. ISBN: 978-85-60842-50-6.) 28 UNIDADE III PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR CAPÍTULO 1 PROCESSAMENTO CENTRAL DA INFORMAÇÃO SENSORIAL E RESPOSTAS FISIOLÓGICAS O sistema nervoso possui duas funções básicas. Manutenção da constância do meio interno (homeostase), por meio de funções vegetativas que asseguram sua organização. Emissão de comportamentos que são funções globais do organismo em que se vive (FERNANDES NETO, 2006). Figura 17. Componentes SNC. Fonte: https://maestrovirtuale.com/sistema-nervoso-central-partes-e-funcoes-com-imagens/. 1.1. Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP) O Sistema Nervoso Central (SNC) é constituído pelo encéfalo e da medula espinhal. O encéfalo abrange o cérebro, cerebelo e o tronco encefálico. No cérebro, distinguem-se: o córtex motor que se relaciona com os movimentos voluntários dos músculos estriados, 29 PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR | UNIDADE III o córtex sensorial que se relaciona com a sensibilidade profunda e cutânea e o tálamo que é o centro de passagem de todas as sensações, com exceção do olfato (DAWSON, 2008). No tronco encefálico, distinguem-se o mesencéfalo, a ponte e o bulbo. A principal estrutura do SNP é o neurônio (célula nervosa) que é composto de dentritos, corpo celular e seu processo (axônio) que conduz impulsos nervosos para o botão terminal. As informações dos tecidos que estão localizados fora do sistema nervoso central (SNC) devem ser transferidas para o SNC e para os centros superiores no tronco encefálico e córtex para avaliação e interpretação (DAWSON, 2008). A integração no SNC ocorre a partir da produção de um estímulo no SNP captado por um receptor específico, a partir do qual se inicia uma via ascendente (pelos nervos sensoriais aferentes) até o SNC especificamente até o córtex sensorial, por meio dos diferentes constituintes do sistema nervoso (cerebelo, tálamo e outros), quando o estímulo é então identificado, tornando-se consciente (FERNANDES NETO, 2006). Figura 18. Esquema demonstrando como ocorre o processamento. NEURÔNIO AFERENTE: CONDUZ O IMPULSO NERVOSO AO SNC NEURÔNIO EFERENTE: CODUZ O IMPULSO PERIFERICAMENTE INTERNÊURONIOS: PERMANECEM DENTRO DO SNC Fonte: Ilustração: https://www.passeidireto.com/arquivo/87783587/neuronio. Nocicepção: detecção e subsequente transmissão de um evento nocivo (danos aos tecidos, lesões); realizada por nervos aferentes primários com terminais periféricos (receptores) – conhecidos como nociceptores. Após avaliação da informação, os centros superiores então enviam impulsos para a medula espinhal e de volta para a periferia para que um órgão eferente realize a ação almejada. O neurônio aferente primário recebe o estímulo, após este impulso é transmitido para o SNC, através da raiz dorsal com sinapse no corno dorsal da medula espinhal – neurônio 30 UNIDADE III | PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR secundário – o impulso então é transmitido pelo neurônio de segunda ordem, cruzando a medula espinhal (trato espinotalamico ântero-lateral), ascendendo para os centros superiores; podendo haver interneurônios envolvidos na transferência deste impulso para o tálamo e o córtex. 1.2. Neuroanatomia – Nervos cranianos Os nervos cranianos totalizam 12 pares: sete nervos cranianos (I, II, V, VII – intermediário, VII, IX, X), possuem como finalidade veicular informações oriundas dos sentidos; quatro são relacionadas com as funções motoras somáticas (V, VII, XI, XII) do segmento cefálico ou cervical; um possui funções viscerais não somente da cabeça, mas do tórax e abdome (X); e três (VII, IX, X) regulam a função das glândulas salivares ou lacrimais. (Dores Orofaciais: Diagnóstico e Tratamento, José Tadeu Tesseroli de Siqueira | Manoel Jacobsen Teixeira). Figura 19. Nervos cranianos. Fonte: Ilustração: Amabis, Jose Mariano; Martho, Gilberto Rodrigues. Conceitos de biologia. São Paulo: Ed. Moderna, 2001. Vol 2. 31 PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR | UNIDADE III O nervo trigêmeo, o intermediário, o nervo glossofaríngeo e o nervo vago estão envolvidos no processamento de informações sensitivas da face, crânio ou do viscerocrânio. O nervo trigêmeo, assim denominado porque ramifica no interior do crânio em três divisões. Essas divisões proporcionam inervação sensitiva geral para a maior parte da cabeça e fibras motoras para os músculos da mastigação e vários músculos menores (Neuroanatomia Humana de Barr, JOHN A. KIERNAN). Possui uma raiz sensitiva, consideravelmente maior, e uma raiz motora, sendo, então, considerado um nervo misto. Raiz sensitiva é dividido em extereoceptivas, composto por face, cavidade nasal e bucal, seios da face, globo ocular e meninges. As fibras proprioceptivas inervam a ATM, dentes, periodonto, palato duro e musculos da mastigação. Já a raiz motora inverva os musculos da mastigação como o masseter,, temporal, pterigoide medial e lateral, o ventre anterior do digastrico, milohioideo, tensor do veu palatino, tensor do timpano. Os Três Ramos ou Raízes do Nervo Trigêmeo, responsáveis pela sensibilidade somática geral de grande parte da cabeça, são: V.1 – Nervo Oftálmico: é considerado o primeiro ramo do trigemio, sendo exclusivamente sensitivo, e o menor das tres divisoes, saindo do cranio e entrando na orbita atraves da fissura orbitaria supeior. Possui três ramos terminais: Nasociliar: os ramos vao ate a cavidade nasal, terminando na pele do nariz. Ramificam- se nos nervos etmoidal posterior e etmoidal anterior. frontal lacrimal: é a menor ramificação da divisao. V.2 – Nervo Maxilar: é um nervo exclusivamente sensitivo e capaz de inervar as partes moles compreendidas entre a pálpebra inferior, nariz e lábio superior, parte da mucosa nasal, mucosa do veu palatino, todos os dentes superiores, e região gengival da maxila. Os seus ramos conduzem impulsos sensitivos provenientes de: Maxila, Seios maxilares, Cavidade nasal, Palato, Parte nasal da faringe, Parte da dura mater 32 UNIDADE III | PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR Os principais ramos são: Nervo infraorbital: divide em nervo alveolar superior anterior (incisivos e caninos superiores) e nervo alveolar superior medio (inerva a polpa dos dentes pre-molares superiores e raiz mesiovestibular do primeiro molar) Nervo alveolar superior posterior: inerva dentes molares superiores, gengiva e periodonto destes dentes. Nervos palatinos: dividido em palatino maior (inerva regiao do palato duro e caninos a molares) nervos palatinos menores( inerva o palato mole), nervo nasopalatino (inerva palato duro na regiao de incisivos e caninos). V.3 – Nervo Mandibular: Pode originar os nervos: Temporal profundo Nervo do musculo pterigoide lateral Nervo masseterico Tensor do veu palatino Nervo do musculo pterigoide medial É bastante ramificado, tendo como principais ramos o Nervo Lingual, que proporciona a sensibilidade geral dos 2/3 anteriores da língua, e o Nervo Alveolar Inferior, que percorre o interior do osso Mandibular. Estas ramificações do Nervo Trigêmeo conduzem tanto impulsos exteroceptivos (temperatura, pressão, dor, tato), como propioceptivos (originados em receptores localizados nos músculos da mastigação e na ATM). A Raiz motora deste nervoacompanha o nervo mandibular, distribuindo-se aos músculos da mastigação e classificando-se com Eferentes Viscerais Especiais. (MACHADO, Ângelo. Neuroanatomia Funcional. 2. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2000; MOORE, Keith L. Anatomia Orientada para a Clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2004). A ATM tem sua principal invervação garantida com o nervo mandibular, originando o ramo auriculotemporal, sendo adicionada pelo nervo masseterico e nervos temporais profundos. 33 PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR | UNIDADE III Figura 20. Demonstrando a anatomia do nervo trigêmio. Fonte: https://www.sanarmed.com/correlacoes-anatomoclinicas-do-trigemeo-colunistas. Componentes Sensitivos: a maior parte dos neurônios sensitivos primários está localizados no gânglio trigeminal (semilunar ou de Gasser) os outros estão localizados no núcleo messencefálico do nervo trigêmeo. O nervo trigêmeo é responsável pela sensibilidade da pele da face, fronte; do couro cabeludo até o vértice da cabeça: mucosa das cavidades oral, nasal e dos seios paranasais; e dos dentes. O nervo trigêmeo também contribui com fibras sensitivas para a maior parte da dura mater e artérias cerebrais. NÚCLEO PRINCIPAL DO NERVO TRIGÊMIO: os processos centrais das células no gânglio trigeminal constituem a grande raiz sensitiva do nervo trigêmeo, essas fibras entram na ponta e terminam nos núcleos principal e espinal do nervo trigêmeo; recebe impulsos aferentes periodontais e alguns impulsos aferentes pulpares. TRATO ESPINAL DO NERVO TRIGÊMEO: grande número de fibras da raiz sensitiva de diâmetro intermediário e muitas fibras amielínicas delgadas fletem-se caudalmente ao entrar na ponte. Essas fibras, para dor, temperatura e tato leve combinam-se com ramos descendentes das aferências para formar o trato espinal do nervo trigêmeo; o trato recebe fibras dos nervos facial, glossofaríngeo e vago, essas fibras são para a sensibilidade somática geral de parte da orelha externa, mucosa da parte posterior da língua, da faringe e da laringe. 34 UNIDADE III | PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR O núcleo espinal do nervo trigêmeos é dividido em três subnúcleos: 1. Subnúcleo oral; 2. Subnúcleo interpolar e a parte caudal, 3. Subnúcleo caudal, que recebe fibras para a dor e temperatura. A integridade da parte caudal e da extremidade caudal do trato espinal do nervo trigêmeo é essencial para a percepção da dor que se origina do mesmo lado da cabeça; o subnúcleo oral parece ser uma área significativa deste complexo tronco encefálico trigeminal para os mecanismos de dor orofacial. Evidências relatam que os aferentes nociceptivos faciais projetam-se para o subnúcleo caudado do núcleo do trato trigeminal. Informações referentes a estruturas do corno dorsal podem ser seguramente extrapoladas e aplicadas ao subnúcleo caudado, em geral, presume-se que o subnúcleo caudado predomine a nocicepção trigeminal (OKESON, 2008). O núcleo motor do nervo trigêmeo consiste de neurônios multipolares típicos, constituem a maior parte da raiz motora, associando-se as fibras sensitivas do nervo mandibular imediatamente distal ao gânglio trigeminal. Esse nervo supre os músculos da mastigação (masseter, temporal e músculos pterigoideos lateral e medial e vários outros músculos menores: tensor do tímpano, tensor do véu palatino, digástrico (ventre anterior) e milo-hioideo. As aferências para os reflexos provêm principalmente dos núcleos sensitivos do trigêmeo, incluindo o núcleo mesencefálico. (Neuroanatomia Humana de Barr, JOHN A. KIERNAN). Figura 21. Esquema ilustrativo. Neurônios aferentes primários (ou de primeira ordem) Neurônios aferentes secundários (ou de segunda ordem) Núcleo do trato espinal trigeminal Fonte: Setas esquemáticas e escritas em vermelho: arquivo pessoal. Ilustração: OKESON, 2008. 35 PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR | UNIDADE III 1.3. CONSIDERAÇÕES GERAIS Dores oriundas de fontes periféricas são mediadas por estruturas anatômicas do sistema nervoso, chamadas de receptores sensitivos e neurônios sensitivos primários, que constituem em vias dolorosas periféricas. O encéfalo recebe constantemente grande quantidade de impulsos sensitivos iniciados por estímulos receptores sensitivos de todos os tipos, exteroceptivos, proprioceptivos e interoceptivos, sendo que, de todos os apresentados, apenas uma pequena fração é percebida em nível consciente. Grande parte destes impulsos sensitivos emergentes possui função reguladora do funcionamento corporal. As vias trigeminais são de grande significado nas queixas de dores bucofaciais. As regiões bucal e mastigatória inervadas por pelo menos seis nervos somáticos sensitivo principais e o nervo trigêmeo (VII, IX e X nervos cranianos e I, II, III nervos cervicais). Estabeleceu-se que todos os aferentes simpáticos e os aferentes parassimpáticos sacrais são mediadores da dor no nível consciente; as fibras aferentes parassimpáticas cranianas são mediadoras da dor, especialmente por disfunções neuromusculares. Um grande número de impulsos é conduzido para o sistema nervoso central através dos nervos viscerais aferentes. Os ramos parassimpáticos, transportados pela bainha trigeminal para distribuição periférica, deixam o trigêmeo antes de entrar no SNC, e nenhum deles passa através da raiz posterior do V nervo craniano. Os aferentes parassimpáticos na região trigeminal penetram o SNC através do VII e IX nervos cranianos. O ramo aferente, bem como o eferente do reflexo miotático é intercedido por nervos motores. Os nervos motores, de certo, sejam mediadores de impulsos sensitivos normais provenientes da musculatura esquelética. A sensação dolorosa da face e da boca pode ser mediada por muitas outras vias que a trigeminal tradicional; por neurônios aferentes transportados por elementos motores, bem como outros nervos cranianos e cervicais superiores; e por nervos viscerais aferentes do sistema simpático e parassimpático. CONHEÇA MAIS SOBRE O CÉREBRO HUMANO O cérebro humano é particularmente complexo e extenso. Ele é imóvel e representa apenas 2% do peso do corpo, mas apesar disso, recebe aproximadamente 25% de todo sangue bombeado pelo coração. http://www.youtube.com/watch?v=LHc6YgAmURs. 36 CAPÍTULO 2 MODULAÇÃO DA DOR E MECANISMOS DE SENSIBILIZAÇÃO PERIFÉRICA E CENTRAL “A dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável” IASP, 1994. A dor é frequentemente associada ao dano tecidual ou potencial, embora a dor possa ser uma experiência independente do dano tecidual. Os nociceptores sinalizam lesão, todavia a atividade nociceptora é insuficiente para causar dor, tornando a dor uma percepção. (Neurociência Fundamentos para Reabilitação. Laurie Lundy-Ekman) A sensibilização ocorre pela liberação de neurotransmissores excitatórios na fenda sináptica, o neurônio pós-sináptico é excitado e um impulso é iniciado e conduzido ao axônio; se o agente neuroquímico permanecer na região da sinapse, o neurônio poderá ser despolarizado mais rapidamente com a próxima liberação de um neurotransmissor. A sensibilização ocorre pelo baixo linear que causa a despolarização do neurônio aferente primário; este fato justifica o estado de hiperalgesia comumente associado aos tecidos inflamatórios, como, por exemplo, após algumas horas de uma lesão por um pequeno corte, o indivíduo desenvolverá ao redor da lesão tecidual, uma sensibilização na região, mesmo ao leve toque. Esta sensibilização é explicada, pois agentes neuroquímicos sensibilizam os neurônios aferentes próximos, de maneira que um pequeno estímulo mecânico gera a despolarização e o impulso nociceptivo (OKESON, 2008). Várias terminações nervosas livres, que são encontradas em tecidos periféricos, fornecem a base periférica para a dor, agindo como nociceptores – órgãos sensitivos ativados por estímulos nocivos dos tecidos periféricos – sua ativação pode derivar na produção de impulsosnervosos nas fibras aferentes de pequeno diâmetro (A delta ou C). Através das fibras, a descarga nervosa será conduzida para o interior do cérebro para processamento, desta forma, qualidade, intensidade, duração e localização do estímulo nocivo serão percebidas. Nos músculos esqueléticos e articulações, são encontradas tanto fibras A delta como C, assim, os sinais interpretados tanto como dor rápida quanto lenta podem ocorrer lesões musculoesqueléticas. Quando o tecido é traumatizado ou sofre isquemia, são liberados substâncias bioquímicas que despertam os nociceptores adormecidos; este nociceptores quando acordados são extremamente reativos a estímulos; isto é, chamado sensibilização periférica. Os neurônios sensibilizados liberam descargas em resposta a estímulos normalmente inócuos, até mesmo em pequenos movimentos, podendo emitir descargas espontaneamente. (Neurociência Fundamentos para Reabilitação. Laurie Lundy-Ekman). 37 PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR | UNIDADE III Fatores bioquímicos, como complacência tecidual, também podem afetar a capacidade dos aferentes nociceptivos trigeminais. Várias substâncias químicas estão envolvidas na sensibilização periférica dessas terminações, assim como na ativação pelos estímulos nocivos, também, alguns nociceptores insensíveis a estímulos mecânicos (nociceptores silenciosos) podem responder a estímulos químicos. (Dor Orofacial. Da ciência básica à conduta clínica. Lund, Lavigne, Dubner, Sessle Quintessence). 2.1. TRANSMISSÃO DOS IMPULSOS AFERENTE PARA O CÓRTEX A condução do impulso ao SNC e centros superiores para avaliação e interpretação ocorre após estimulação periférica de um nociceptores; após o impulso possuir significado, os centros superiores então incidirão para o córtex e, assim, será interpretado como dor. Adverte-se que a maioria dos impulsos que entram no SNC não atinge o córtex, pois esta série de eventos não ocorre de maneira simples. Uma das principais vias que conduzem a nocicepção bucofacial inicia-se com a via nervosa trigeminal. Impulsos nociceptivos que são oriundos da boca podem ser mediados centralmente através de neurônios de primeira ordem aferentes que passam pelos nervos cranianos V, VII, IX E X, assim como nos nervos cervicais I, II e III. (OKESON, 2008). Figura 22. Nervo Trigêmio no tronco encefálico. Fonte: https://docplayer.com.br/52611287-Anatomofisiologia-geral-nervo-trigemio.html. 38 UNIDADE III | PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR Através da representação gráfica anterior (fig 2-3. OKESON, 2005), compreenderemos o processo da condução do impulso nervoso da região face (trigêmeo) até os centros superiores. O impulso é conduzido pelo neurônio aferente primário da divisão do nervo trigêmeo (V) através do gânglio trigeminal (na ilustração GG) para a região do subnúcleo caudado do trato espinal trigeminal. Nesta região, faz sinapse com um neurônio de segunda ordem para depois ser transferido aos centros superiores para avaliação. Se o impulso é conduzido por uma fibra A-delta, ela então poderá fazer a sinapse com um neurônio de ampla variação dinâmica e ser conduzido aos centros superiores via trato neoespinotalâmico (trato NST). Após, este impulso será conduzido rapidamente aos centros superiores e será então referido como uma dor rápida. Se o impulso aferente primário for conduzido por uma fibra C, esta poderá realizar a sinapse com um neurônio noceceptivo específico e ser conduzido superiormente ao tratopaleoespinotalâmico (trato PST); este passará pela formação reticular e pode, portanto, ser influenciado por muitos neurônios moduladores; a nocicepção conduzida neste trato é chamada de dor lenta. CONVERGÊNCIA: sinapse de vários neurônios aferentes primários com um neurônio de segunda ordem. A atividade na sinapse pode ter efeito cumulativo, chamado somação. O mecanismo de convergência foi bem descrita no complexo nuclear sensitivo do tronco encefálico trigeminal sensorial. Os subnúcleos orais e interpolares recebem extensa convergência dos impulsos aferentes bucofaciais e musculares, o mesmo ocorre no subnúcleo caudado. Os impulsos aferentes de estruturas profundas convergem em um grau maior que os aferentes provenientes de estruturas cutâneas, razão pela qual a dor em estruturas profundas é sentida mais difusa e menos localizada do que a dor mais localizada das estruturas cutâneas. 2.2. SENSIBILIZAÇÃO CENTRAL Manifestações resultantes da hiperexcitabilidade dos interneurônios do SNC são, em geral, referidas como efeitos excitatórios centrais. Sugere-se que o neurônio de segunda ordem pode mudar o processamento dos impulsos; quando um neurônio de segunda ordem recebe uma barreira constante de impulsos nociceptivos, receptores específicos podem ser ativados aumentando a sensibilidade deste neurônio. Esta sensibilidade aumentada pode alterar os impulsos neurais na medida em que eles são processados nas vias para os centros superiores. Após esta ocorrência, até mesmo os impulsos nervosos normais podem ser erroneamente interpretados como nocivos, essa mudança no processamento do impulso chama-se neuroplasticidade. A sensibilização central é produzida por uma cascata de eventos que começa com uma barreira aferente nociceptiva causando a liberação central de vários mediadores químicos, incluindo glutamato e neuropeptídios (como a substância P), essas substâncias 39 PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR | UNIDADE III prolongam a despolarização neuronial e aumentam a excitabilidade dos neurônios nociceptivos pela ação sobre os receptores (glutamato, proteína G acoplada). A perda de processos inibitórios centrais também pode contribuir para a excitabilidade central aumentada, que é uma característica da sensibilização central. A sensibilização central pode durar dias ou semanas e acredita-se que contribua para a dor persistente e para a dor espontânea e sensibilidade dolorosa, caracterizando muitos casos clínicos de dano ou inflamação. Além disso, a sensibilização central pode explicar a hiperalgesia, característica de muitas condições persistentes de dor, pelo aumento da excitabilidade produzida por neurônios nociceptivos centrais, a partir das fibras C e A-delta; também poderá acentuar os estímulos aferentes mecanossensitivos de baixo limiar (geralmente associados a dor) para os neurônios nociceptivos após dano ou inflamação periférica, contribuindo para a alodínia2 que com frequência está associada à condição de dor. É preciso ter em mente que a sensibilização periférica também pode contribuir para a hiperalgesia3 e alodínia por aumento da excitabilidade e redução do limiar de ativação dos aferentes primários. Portanto, muitas condições dolorosas estão envolvidas nos fenômenos de sensibilização periférica e central. (Dor Orofacial. Da ciência básica à conduta clínica. Lund, Lavigne, Dubner, Sessle Quintessence). DOR REFERIDA: é proveniente de um local distante do local de origem efetivo; geralmente referida dos tecidos viscerais a pele. Por exemplo, durante um ataque cardíaco, o encéfalo pode interpretar erroneamente as informações nociceptivas como de originando da pele ou do aspecto medial do braço esquerdo. A dor referida é explicada pela convergência e facilitação das informações nociceptivas de diferentes origens. A dor referida ocorre quando ramos de fibras nociceptivas de um órgão interno e ramos de fibras nociceptivas da pele convergem para o mesmo neurônio de segunda ordem na medula espinal ou tálamo e os neurônios centrais ficam sensibilizados (GIAMBERARDINO, 2003). 2.3. CARACTERÍSTICAS DOR AGUDA E CRÔNICA Tabela 2. Dor aguda e crônica. DOR AGUDA DOR CRÔNICA CAUSAS Ameaça ou real dano tecidual Dano tecidual continuado; fatores ambientais; sensibilização de neurônios vias nociceptivas; disfunção de sistema de controle endógeno da dor. RELATO DO PACIENTE Descrição clara da localização, padrão, qualidade, frequência e duração. Descriçãovaga 2 alodínia – definição: dor produzida por estímulos normalmente não dolorosos). 3 hiperalgesia – definição: sensibilidade aumentada a estímulo no local da dor. 40 UNIDADE III | PROCESSAMENTO SENSORIAL: NOCICEPÇÃO E MODULAÇÃO DA DOR DOR AGUDA DOR CRÔNICA FUNÇÃO Aviso de dano tecidual, repouso do tecido para cura. Se dano tecidual não for continuado, nenhum benefício biológico, pode ter benefício social ou psicológico. CONSEQUÊNCIAS Atividade autonômica excessiva, excessiva ativação neuroendócrina, se não adequadamente tratada, pode ser nociva e progredir para dor crônica. Graves estresses financeiros, emocionais, físicos e/ou sociais para a pessoa e família; consequências fisiológicas da inatividade. Fonte: (Neurociência Fundamentos para Reabilitação. Laurie Lundy-Ekman, 2011). 2.3.1. DOR NEUROPÁTICA Definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor como “dor iniciada ou causada por uma lesão primária ou disfunção do sistema nervoso”. Mecanismo já citados como sensibilização periférica dos nociceptores ou sensibilização central (que ocorrem durante a dor aguda nociceptiva) também podem fazer parte da dor neuropática em adição aos mecanismos que parecem especificamente após a lesão do nervo. Sintomas da dor neuropática incluem parestesia, disestesia, alodinia e hiperalgia secundária. Parestesia: sensação anormal indolor na ausência de estimulação nociceptiva. Parestesias decorrem da disfunção de neurônios e tipicamente são vivenciadas como sensações de formigamento ou picadas; lesões em qualquer ponto ao longo das vias nocicepticas, dos nervos periféricos ao córtex somatossensorial, podem produzir parestesias. Disestesia: sensação anormal desagradável seja evocada seja espontânea. A disentesia espontânea é descrita como uma sensação de dor ardente, ou aguda ou elétrica. Alodinia: dor provocada por um estímulo que normalmente não causaria dor. Ex: estímulo normalmente indolor ao tato; produz dor se a pele estiver queimado do sol. Hiperalgesia secundária: sensibilidade excessiva a estímulos que normalmente são brandamente dolorosos em tecido não lesado. (Neurociência Fundamentos para Reabilitação. Laurie Lundy-Ekman). 41 UNIDADE IVPRINCÍPIOS DA OCLUSÃO CAPÍTULO 1 ENTENDENDO O CONTEXTO DA OCLUSÃO NO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO O posicionamento e a oclusão dental são extremamente importantes na função mastigatória. As atividades básicas de mastigação, fala e deglutição, dependem da posição dos dentes nos arcos dentários como também do relacionamento dos arcos opostos quando eles são levados a ocluir (SANTOS JUNIOR, 2002). A oclusão refere-se ao estudo das relações estáticas (intercuspidação dentária) e dinâmicas (movimentos mandibulares) entre as superfícies oclusais e entre estas e todos os demais componentes do AE. Como conceito, temos que a oclusão dentária é o contato entre os dentes da maxila e mandíbula em todas as posições e movimentos mandibulares, além disso, é o resultado do controle neuromuscular dos componentes do sistema mastigatório (SÁ FILHO, 2002). Figura 23. Oclusão dentária. Fonte: https://br.depositphotos.com/vector-images/mordida-cruzada.html. 42 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO Em geral, o conceito de oclusão varia de acordo com as especialidades na área de odontologia, sendo que algumas especialidades possuem suas definições baseadas na visão estática da dentição, enfatizando o encaixe dos dentes superiores em porções específicas dos dentes inferiores, poucos foram os conceitos baseados em critérios funcionais, sendo que o complexo dentoalveolar é altamente móvel, as considerações de estabilidade oclusal e homeostase são frequentemente mal compreendidas, e raramente mencionadas como parte do conceito de oclusão. A ideia de uma relação funcional das superfícies oclusais, ao invés de uma relação apenas estática torna-se cada vez mais importante em função do reconhecimento de que os distúrbios funcionais do sistema mastigatório podem estar relacionados à má oclusão, disfunção oclusal e distúrbios de comportamento motor da cavidade oral, como o bruxismo. (Wheeler ́s Anatomia Dental, Fisiologia e Oclusão Por Stanley J. Nelson, Major M. Ash.). Os maiores valores de força mastigatória estão nos primeiros molares e os menores nos incisivos, isto ocorre devido à posição de inserção dos músculos elevadores e a característica de maior área de suporte dentário. Quando há alterações da ATM, os valores da força mastigatória apresentam-se mais baixos. Para a compreensão da oclusão, conceitos sobre a curva de Spee, curva de Wilson, guias de desoclusão e dimensão vertical, devem ser frisados (OKESON, 2008). Seguem alguns conceitos importantes para o entendimento das relações intermaxilares. CURVA DE SPEE ou ântero-posterior: curvatura no plano sagital que se inicia a partir da cúspide do canino e vai até os posteriores, no sentido ântero-posterior. Sua importância está relacionada à estabilidade das arcadas e aos movimentos funcionais da mandíbula que poderão sofrer alterações. CURVA DE WILSON ou médio-lateral: possui um sentido vestíbulo-lingual e relaciona- se com os movimentos de lateralidade e à mastigação. De acordo com a teoria de que a oclusão deveria ser esférica, tal curva caracteriza-se como a curvatura das cúspides no plano frontal em ambos os arcos, sendo a curva no arco superior convexa e a do arco inferior côncava. 43 PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO | UNIDADE IV Figura 24. Curva de Spee. Fonte das imagens: ILUSTRAÇÃO: livro “Fundamentos de Oclusao em Odontologia Restauradora: Forma, Função e Estética /Wilson Batista Mendes. Nova Odessa, SP. Napoleão, 2013.664. ISBN: 978-85-60842- 50-6. Figura 25. Curva de Wilson. Fonte das imagens: ILUSTRAÇÃO: livro “Fundamentos de Oclusao em Odontologia Restauradora: Forma, Função e Estética /Wilson Batista Mendes. Nova Odessa, SP. Napoleão, 2013.664. ISBN: 978-85-60842- 50-6. DIMENSÃO VERTICAL: medida vertical da face, entre dois pontos quaisquer, arbitrariamente selecionados e convenientemente localizados um acima e outro abaixo da boca, normalmente na linha mediana da face, variando entre a dimensão vertical de repouso e dimensão vertical de oclusão. 44 UNIDADE IV | PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO Figura 26. Importância da DVO. Fonte: https://www.implart.com.br/alteracoes-na-dimensao-vertical/. Tabela 3. Dimensão Vertical. Dimensão Vertical Importância: » Eficiência funcional; » Influi na estética facial; » Mantém a ATM em posição normal; » Preserva os tecidos de suporte; » Previne a tensão e fadiga dos músculos mastigatórios; » Favorece a deglutição e a fonação. Fonte: Próprio autor. Dimensão Vertical de Oclusão (DVO): altura estabelecida pelos contatos dentários. Dimensão Vertical de Repouso (DVR): altura estabelecida quando a mandíbula encontra-se em sua posição fisiológica de repouso, em que não há contato entre os dentes antagonistas. Cabe conceituar que nessa altura inclui-se, além da altura determinada pelos contatos dentários, o espaço existente entre os dentes quando a mandíbula se encontra em posição de repouso, na qual o tônus muscular está em estado de equilíbrio, também chamado de ESPAÇO FUNCIONAL LIVRE (DANIEL TELES, 2010). 45 PRINCÍPIOS DA OCLUSÃO | UNIDADE IV Figuras 27. Diferença de DVO e DVR. DVO DVR Fonte: Ilustração esquemática: arquivo pessoal. Os fatores que incidem sobre os movimentos mandibulares e os relacionam a morfologia oclusal são os seguintes. A posição fisiológica inicial: relação horizontal (RH) do côndilo na fossa ou relação Cêntrica. A direção do movimento e o plano em que ocorre; necessário, pois cada cúspide e superfície oclusal possuem diferentes planos. O tipo de movimento: rotação e translação. O grau do movimento e sua relação com as superfícies oclusais. Os significados clínicos do movimento, que expressa diferenças entre os pacientes. 1.1. MOVIMENTOS A direção dos movimentos faz-se em relação aos planos: frontal, sagital e horizontal. Plano