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1 Auditoria Tributária Unidade I Luiz Vieira da Silva Filho SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 4 1. CONCEITOS BÁSICOS DA AUDITORIA TRIBUTÁRIA ....................................................... 5 1.1 Auditoria tributária .................................................................................................................. 5 2. TRIBUTOS ............................................................................................................................. 6 2.1 O que é tributo? ..................................................................................................................... 6 3. CONCEITOS IMPORTANTES NA AUDITORIA TRIBUTÁRIA ............................................. 8 3.1 Fato gerador........................................................................................................................... 8 3.2 Responsabilidade tributária ................................................................................................... 8 3.3 Lançamento do crédito tributário ........................................................................................... 8 3.4 Crédito tributário .................................................................................................................... 9 3.5 Prescrição e decadência ........................................................................................................ 9 4. SISTEMÁTICA CUMULATIVA E NÃO CUMULATIVA ........................................................ 11 4.1 Sistemática cumulativa ........................................................................................................ 11 4.2 Sistemática não cumulativa ................................................................................................. 11 4.3 Determinação da sistemática a ser adotada ....................................................................... 11 5. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA E RETENÇÃO NA FONTE – ASPECTOS GERAIS.......... 12 5.1 Substituição tributária .......................................................................................................... 12 5.2 Retenção na fonte ................................................................................................................ 12 5.3 Substituição tributária x retenção na fonte .......................................................................... 12 6. TRIBUTOS FEDERAIS ........................................................................................................ 14 6.1 Imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido .............................................. 14 6.1.1 Lucro real ............................................................................................................................. 14 6.1.1.1 Contribuinte .......................................................................................................................... 14 6.1.1.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 14 6.1.1.3 Alíquotas .............................................................................................................................. 15 6.1.2 Lucro presumido .................................................................................................................. 15 6.1.2.1 Contribuinte .......................................................................................................................... 15 6.1.2.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 15 6.1.2.3 Alíquotas .............................................................................................................................. 16 6.1.3 Lucro arbitrado ..................................................................................................................... 16 6.1.3.1 Contribuinte .......................................................................................................................... 16 6.1.3.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 16 6.1.3.3 Alíquotas .............................................................................................................................. 16 6.1.4 Simples nacional .................................................................................................................. 16 6.1.4.1 Contribuinte .......................................................................................................................... 16 6.1.4.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 17 6.1.4.3 Alíquotas .............................................................................................................................. 17 6.2 PIS/PASEP e Cofins ............................................................................................................ 17 6.2.1 Sistemática cumulativa ........................................................................................................ 17 6.2.1.1 Contribuinte .......................................................................................................................... 17 6.2.1.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 17 6.2.1.3 Alíquotas .............................................................................................................................. 17 6.2.1.4 Receitas financeiras ............................................................................................................. 17 6.2.2 Sistemática não cumulativa ................................................................................................. 18 6.2.2.1 Contribuinte .......................................................................................................................... 18 6.2.2.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 18 6.2.2.3 Alíquotas .............................................................................................................................. 18 6.2.2.4 Créditos ................................................................................................................................ 18 6.2.3 Monofásico ........................................................................................................................... 19 6.2.3.1 Alíquotas .............................................................................................................................. 19 6.2.4 Importação ........................................................................................................................... 19 6.2.4.1 Base de cálculo .................................................................................................................... 19 6.2.4.2 Alíquotas .............................................................................................................................. 19 6.2.4.3 Majoração da alíquota da cofins-importação ....................................................................... 20 6.3 Imposto sobre produtos industrializados (IPI) ..................................................................... 20 6.3.1 Tipos de industrialização ..................................................................................................... 20 6.3.2 Do contribuinte e do equiparado .......................................................................................... 21 6.3.3 Base de cálculo ....................................................................................................................21 6.3.4 Alíquotas .............................................................................................................................. 21 6.3.5 Não cumulatividade ............................................................................................................. 21 6.4 Imposto de renda retido na fonte (IRRF) e contribuições sociais retidas na fonte (CSRF) 21 6.4.1 IRRF ..................................................................................................................................... 22 6.4.1.1 Fato gerador......................................................................................................................... 22 6.4.1.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 22 6.4.1.3 Alíquotas .............................................................................................................................. 22 6.4.2 CSRF ................................................................................................................................... 22 6.4.2.1 Fato gerador......................................................................................................................... 22 6.4.2.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 22 6.4.2.3 Alíquotas .............................................................................................................................. 23 6.4.3 Tratamento dos valores retidos ........................................................................................... 23 7. TRIBUTOS ESTADUAIS ..................................................................................................... 24 7.1 ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços) ............................................. 24 7.1.1 Contribuinte .......................................................................................................................... 24 7.1.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 24 7.1.3 Local da operação ou prestação ......................................................................................... 25 7.1.4 Alíquotas .............................................................................................................................. 25 7.1.5 Não cumulatividade ............................................................................................................. 25 7.1.6 Substituição tributária .......................................................................................................... 25 8. TRIBUTOS MUNICIPAIS ..................................................................................................... 27 8.1 ISSQN (imposto sobre serviços de qualquer natureza) ...................................................... 27 8.1.1 Contribuinte .......................................................................................................................... 27 8.1.2 Base de cálculo .................................................................................................................... 27 8.1.3 Local da prestação ............................................................................................................... 27 8.1.4 Alíquotas .............................................................................................................................. 28 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 29 4 INTRODUÇÃO A auditoria tributária é uma das subdivisões mais importantes da auditoria como um todo, tendo em vista que retrata a parte sensível a toda Companhia, evidenciando resultados, mas também expondo eventuais riscos e contingências. Abordaremos como as demonstrações contábeis e como a auditoria podem ser vistas como ferramentas de gestão, aprimorando controles e demonstrações para terceiros, resguardando a empresa seguindo os parâmetros estabelecidos em lei. A sequência lógica dos assuntos aqui abordados demonstrará com clareza que o mapeamento desta ciência (e porque não a chamar assim?) retrata a legalidade das normas sendo exercitadas dentro das companhias, desde a emissão de um documento fiscal ao contingenciamento de riscos. O respeito a estas normas atribuem ao trabalho da auditoria tributária a credibilidade necessária para conclusões relevantes e decisivas acerca de determinado tema, garantindo a independência que é o ponto primordial desta ferramenta, tornando suas conclusões semelhantes em cenários similares. Tal interdependência atribui liberdade e segurança ao empresário no momento da tomada de decisões acerca do resultado apresentado pela auditoria tributária. Os tópicos levantados seguem em conformidade com a legislação tributária, bem como com os princípios contábeis e de auditoria pré-estabelecidos. Aqui, trabalharemos com a natureza jurídica dos itens que definem conceitos dentro da auditoria tributária, repassando aspectos importantes para o completo entendimento da matéria, discorrendo na sequência acerca dos principais tributos aos quais estão sujeitos a pessoa jurídica, foco deste estudo, refletindo seus aspectos na contabilização e trazendo à tona a discussão acerca da utilização das demonstrações contábeis como confiável ferramenta de gestão, uma vez que os números ali retratados refletem e fidelizam o trabalho de uma boa auditoria. Bons estudos! “A mente que abre uma nova janela, jamais volta ao seu tamanho original” (Albert Einstein) 5 1. CONCEITOS BÁSICOS DA AUDITORIA TRIBUTÁRIA A auditoria é um processo de avaliação de evidências sobre informações e dados contábeis, de forma a se determinar e reportar o grau de correspondência entre a informação e os critérios estabelecidos na sua elaboração. O processo de auditoria baseia-se em dados extraídos e apurados pelo auditor, das informações fornecidas pela empresa, com o objetivo de apurar a correlação existente entre a informação auditada e os critérios utilizados a que ela se reporta. O auditor irá definir, de forma independente, um montante acumulado de evidências suficientes que o habilitem a relatar a conclusão apropriada. Este relato constitui a última etapa em qualquer processo de auditoria que se materializa em relatórios de “auditoria”. 1.1 Auditoria Tributária Esta análise tem por objetivo fazer um exame da situação fiscal da empresa, tendo em vista o controle da sua regularidade fiscal. Essa regularidade ou legalidade fiscal é norteada pelos princípios definidos pelas normas e doutrinas fiscais, as normas de incidência, liquidação e cobrança, as regras de retenção na fonte e as obrigações contabilísticas e declarativas. Nesse sentido, a auditoria da área fiscal persegue um objetivo duplo, em primeiro lugar o de comprovar corretamente os riscos derivados de possíveis contingências fiscais e, em segundo lugar, se procedeu ao pagamento efetivo do tributo de acordo com os prazos e formalismos legais. 6 2. TRIBUTOS O alvo principal da auditoria tributária é o tributo. Todos os controles e análises giram em torno de sua periodicidade, fato gerador, pagamento e demais reflexos. Para entender o que é auditoria tributária, é necessário antes entender os principais conceitos que norteiam esta ciência. 2.1 O que é tributo? De maneira breve e objetiva, o conceito de tributo é trazido pelo Código Tributário Nacional, em seu artigo 3°: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativaplenamente vinculada. Temos cinco espécies de tributos a saber: a) Imposto; b) Taxa; c) Contribuições de Melhoria; d) Empréstimos Compulsórios; e) Contribuições Sociais. O conceito está atrelado principalmente à finalidade de cada uma destas figuras e o seu papel na organização das competências das entidades federadas. a) Imposto: é o tributo que tem como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Isto implica dizer que, sua finalidade nada mais é que o financiamento de compromissos constitucionais e o perfeito funcionamento dos órgãos e setores federativos, tais como os setores da saúde, segurança, educação e etc. Para ser cobrado, precisa estar previsto em Lei. É errado afirmar que a arrecadação de impostos tem sempre uma finalidade, pois, esta é a característica determinante que o distingue dos demais tributos, já que, para o imposto, não há vinculação de sua receita à prestação de determinado serviço ou contraprestação por parte do Ente Público arrecadador. Há situações onde a legislação determina parcelas mínimas de arrecadação para determinados serviços públicos, entretanto, ainda assim não conferem ao contribuinte qualquer garantia de contrapartida. Nosso Código Tributário Nacional (CTN) relaciona quais os impostos existentes no Brasil e a finalidade de cada um deles. b) Taxa: é o tributo que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição. Nesse conceito, ao contrário do que temos com o imposto, há necessariamente a 7 contraprestação em serviços públicos ou benefícios que são colocados à disposição aos contribuintes. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico ao do imposto, para se evitar a bitributação. As taxas podem ser de polícia – quando é usada para fiscalização –, ou ainda, de serviço ou de utilização – quando é cobrada mediante prestação estatal de um serviço público específico. Aqui é importante diferenciar taxa de tarifa, pois, essa última, além de não ser classificada como um tributo, não tem caráter obrigatório. Também não pode ser considerada como um serviço essencial, pois o contribuinte escolhe se quer se submeter a ela ou não. A tarifa é cobrada por um serviço prestado por empresas concessionárias de serviço público. c) Contribuições de Melhoria: é o tributo que tem como fato gerador uma obra pública que proporciona valorização do imóvel do indivíduo que estará sendo tributado. Para ser cobrada deve sempre existir uma obra e que, efetivamente, tenha trazido tal valorização. Sem estas duas características, não há o que se falar em contribuição de melhoria. d) Empréstimo compulsório: O empréstimo compulsório serve para atender a situações excepcionais, e só pode ser instituído pela União. Consiste em uma tomada compulsória de recursos financeiros para atender a despesas geradas por situações extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência. e) Contribuições Sociais: Também conhecidas como parafiscais, estas são destinadas a custear atividades estatais específicas que não são inerentes ao Estado. Têm como destinação três aspectos diferentes: (i) a intervenção no domínio econômico, (ii) o interesse de categorias econômicas ou profissionais e (iii) o custeio do sistema da seguridade social. 8 3. CONCEITOS IMPORTANTES NA AUDITORIA TRIBUTÁRIA Uma vez conceituado o tributo, se faz necessária uma contextualização do cenário que o cerca, trazendo a definição de todos os aspectos que o norteiam, fazendo com que a auditoria tributária tenha uma sequência lógica na análise dos fatores que se quer aferir. De maneira breve, passaremos aos conceitos a seguir para construção de um cenário para a auditoria tributária. 3.1 Fato Gerador O artigo 114 do CTN conceitua fato gerador como a situação definida em lei sendo necessária e suficiente para a sua ocorrência, ou seja, nada mais é do que a determinação do momento em que se torna exigível o ônus do tributo ao seu contribuinte, atribuindo a cada tributo um fato gerador distinto. Entender o momento do fato gerador é importante para indicar na auditoria tributária, o momento de seu reconhecimento. 3.2 Responsabilidade Tributária Uma vez constituído o fato gerador do tributo, passemos a análise da responsabilidade tributária, ou seja, quem é o responsável pelo pagamento do tributo, sendo essa a obrigação principal. O artigo 121 da CTN diz que o sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo, dividindo-o em dois tipos: a) Contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; b) Responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. 3.3 Lançamento do Crédito Tributário Definido o fato gerador e seu responsável tributário, a próxima etapa é lançamento do crédito tributário. É ela que determina como se dará a cobrança e fiscalização da obrigação principal. Aqui, uma distinção importante é necessária para seguirmos, nas palavras do brilhante Hugo de Brito Machado1: Crédito tributário e a obrigação são coisas distintas. O crédito decorre da obrigação e tem a mesma natureza desta. A ocorrência do Fato Gerador concretiza a hipótese de incidência, surgindo, então, a obrigação tributária. A obrigação tributária é o que vincula o 1 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 34. ed. São Paulo: Malheiros, 2013. 9 contribuinte à força pela qual o sujeita a ter contra si, um lançamento tributário. Na leitura do artigo 142 do CTN, a constituição do crédito tributário pelo lançamento é um procedimento administrativo para a verificação de ocorrência do fato gerador, trazendo à tona os elementos materiais objeto de estudo da nossa ciência, quais sejam, a matéria a qual é tributável, cálculo do valor devido do tributo, identificação da responsabilidade tributária e por consequência, do sujeito passivo. Há três tipos de espécie de lançamento tributário: a) Lançamento de ofício (Art. 149 do CTN): É o lançamento efetuado sem qualquer participação ou intervenção do contribuinte. b) Lançamento por declaração (Art. 147 do CTN): É o lançamento efetuado com base em declarações prestadas pelo sujeito passivo, acerca da obrigação tributária. c) Lançamento por homologação. (Art. 150 do CTN): Conhecido também como auto lançamento, é a modalidade de lançamento que ocorre em relação aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, formalizando-se no momento em que referida autoridade toma conhecimento da atividade. 3.4 Crédito Tributário Quando falamos em crédito tributário, devemos pensar na figura do Estado, como possuidor do direito de exigir do contribuinte a referida obrigação principal. Cabe ressaltar que este direito ao crédito tributário só é constituído de suas formalidades após a ocorrência do lançamento, conforme verificado no tópico anterior, pois é este que lhe atribui um vínculo jurídico entre Estado e contribuinte. Logo, o crédito tributário nasce com a ocorrência do fato gerador e com a possibilidade de identificação e individualização do contribuinte. O artigo 139 do CTN, em poucas palavras, conceitua o crédito tributário: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. 3.5 Prescrição e Decadência Ambos conceitos são formas de extinção do crédito tributário. Importante definir e diferenciá-las, pois, na auditoria tributária, pode ser um fator que determina tomada de decisões acerca de apontamentosem demonstrativos contábeis. A prescrição é o prazo estabelecido por lei para que o Estado ou outro ente reivindique um direito seu em relação a determinado tributo. Superado este prazo, se o direito não for exigido, ocorre a perda do direito de cobrar, ocorre a prescrição. Entretanto, se dentro do prazo estabelecido o Estado exercer o seu direito de cobrar, ele terá 5 anos (ou outro prazo que a lei determinar, de acordo com o tipo de tributo) 10 para poder executar a cobrança, nesse caso, se conta o período de decadência, que é justamente a perda do direito do Estado de executar a cobrança do tributo. Exemplo: Dentro do prazo prescricional de 5 anos do ICMS, o Fisco Estadual notifica o sujeito passivo da obrigação, entretanto, não o executa no prazo decadencial estipulado. Logo, o direito decai e o ente não pode mais executar a cobrança. O prazo prescricional inicia-se no momento em que sujeito passivo da obrigação tem conhecimento do fato gerador. 11 4. SISTEMÁTICA CUMULATIVA E NÃO CUMULATIVA Os tributos podem ser apurados utilizando o critério da cumulatividade ou não cumulatividade. A forma de sua apuração determinará também a forma como deve ser contabilizado. 4.1 Sistemática Cumulativa É uma sistemática de apuração de tributos, na qual esse incide em todas as etapas intermediárias dos processos produtivos e de comercialização de determinado bem. Aqui o tributo é exigido na íntegra, toda vez que ocorre sua hipótese de incidência, sem a possibilidade de se amortizar nessa operação o valor do tributo que incidiu na operação anterior. 4.2 Sistemática Não Cumulativa Nessa sistemática, é possível o aproveitamento do valor do tributo devido em cada operação com o montante cobrado na operação anterior. Esse método objetiva minimizar a carga tributária, tendo em vista que a possibilidade de aproveitamento do valor do tributo das etapas anteriores proporciona um custo menor ao produto/mercadoria. 4.3 Determinação da sistemática a ser adotada Essas sistemáticas de apuração de tributos não podem ser aplicadas pelo contribuinte de maneira aleatória. Há dispositivos legais que apontam quais tributos e em quais circunstâncias devem ser apurados por uma ou outra sistemática. Critérios como faturamento ou ramo de atividade são alguns dos critérios determinantes na escolha da sistemática. Cada tributo tem suas regras específicas dentro da referida sistemática. 12 5. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA E RETENÇÃO NA FONTE – ASPECTOS GERAIS 5.1 Substituição Tributária A substituição tributária é o mecanismo pelo qual é atribuído à um terceiro a responsabilidade pelo cumprimento da obrigação tributária. É uma ferramenta utilizada pela Administração Tributária para facilitar a fiscalização e a cobrança dos tributos, tornando mais fácil para o Estado concentrar o seu poder fiscalizatório sobre grandes contribuintes, atribuindo a essas a condição de substituto tributário pelas obrigações tributárias contraídas por contribuintes de menor porte. A substituição modifica tão somente o critério pessoal passivo da norma de incidência tributária, ou seja, o sujeito passivo da obrigação tributária será o substituto, todavia a pessoa quem pratica o fato gerador continua sendo o contribuinte/ substituído. A substituição tributária pode ser estabelecida em três momentos distintos: a) Antecedente: Conhecida como “para trás” ou “regressiva”, ocorre quando o imposto a ser recolhido é oriundo de uma operação ou prestação que já aconteceu. Esta substituição tributária pode ser facilmente visualizada no diferimento do ICMS, onde o momento do recolhimento é postergado para um momento posterior; b) Concomitante: Aqui a obrigação pelo recolhimento do imposto é atribuída a outro contribuinte e não aquele que está realizando a operação. Aqui podemos citar a substituição tributária ocorrida no serviço de transportes realizado por autônomo não inscrito no Cadastro de Contribuinte. Nessa situação, o ICMS que seria responsabilidade do prestador, passa a ser do tomador de serviço; c) Subsequente: Conhecida como substituição tributária “para frente” é a situação na qual a responsabilidade do ICMS é delegada para determinado contribuinte, que será o responsável pelo pagamento do imposto em relação às operações subsequentes. Um exemplo clássico é o importador que fica responsável pelo recolhimento do ICMS devido até o consumidor final. 5.2 Retenção na Fonte Nesse instituto, o Estado arrecada parcialmente os tributos de um contribuinte por meio de atribuição de responsabilidade a outrem. Essa sistemática dá ao fisco uma previsibilidade maior sobre o montante da arrecadação de determinado tributo. 5.3 Substituição Tributária x Retenção na Fonte A diferença entre a retenção e a substituição tributária reside no fato de que, nessa última, a responsabilidade tem que ser atribuída de modo expresso, conforme dita o CTN, ou seja, deve estar prevista em lei. Na retenção na fonte, a responsabilidade não é transferida. Em nenhum momento o responsável pela retenção na fonte assume a posição de sujeito passivo da obrigação. A ele é apenas 13 exigido a obrigação de fazer com a retenção do valor e recolhimento do tributo aos cofres públicos. Abaixo alguns aspectos pelos quais fica fácil diferenciar um conceito do outro: Ao retentor pode ser imputado o delito de apropriação indébita (reteve e não recolheu). Aos responsáveis apenas a inadimplência; O dever do retentor é de fazer, o dos responsáveis é de dar; O retentor não tem legitimidade para contestar ou impugnar o lançamento tributário; os responsáveis têm legitimidade para contestar ou impugnar. 14 6. TRIBUTOS FEDERAIS A seguir, conceituaremos os principais tributos federais devidos pela pessoa jurídica, suas características principais e a forma como são tratados pela auditoria tributária. 6.1 Imposto De Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido O fato gerador do Imposto de Renda/CSLL, conforme o artigo 43 do CTN, é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza. Nosso objeto de estudo aqui é o IRPJ/CSLL cobrados da pessoa jurídica. Esse pode ser apurado de diferentes formas, conforme veremos a seguir. 6.1.1 Lucro Real Nesse regime, leva-se em consideração para cálculo do IRPJ/CSLL, os resultados contábeis da empresa, acrescidos de ajustes que podem ser positivos ou negativos, para formação de uma base tributável. 6.1.1.1 Contribuinte A legislação atribui a determinados contribuintes a obrigatoriedade pelo lucro real (Art. 14 da Lei 9.718/98). São levados em consideração para atribuição de obrigatoriedade fatores como limites de faturamentos e determinadas atividades. Nessa sistemática, o IRPJ/CSLL podem ser apurados e pagos trimestralmente ou ainda ter pagamento mensal por estimativa e apuração anual do lucro real. Na prática, a maioria das empresas opta pela estimativa, tendo em vista vantagens de economia tributária e/ou de simplificação de procedimentos, e também pelo fato de que a pessoa jurídica tem a faculdade de suspender ou reduzir o pagamento da estimativa de acordo com os resultados que apurar em balanços ou balancetes levantados especificamente para esse fim. É importante ressaltar, ainda, que a adoção de uma das formas de apuração do imposto (lucro real trimestral ou pagamento por estimativa, com apuração anual) é irretratável para todo o ano-calendário. 6.1.1.2 Base de Cálculo A base de cálculo do IRPJ/CSLL na apuração pelo lucro real corresponderá ao lucro líquido do período (lucro contábil), ajustado pelas adições, exclusões e compensações determinadas e autorizadaspela legislação do IR. Referido lucro é obtido através da diferença entre o lucro bruto e as despesas operacionais. As despesas operacionais são aquelas decorrentes do desenvolvimento das atividades normais da empresa, as necessárias para que a atividade fim desta ocorra. O artigo 311 e seguintes do RIR/2018 relaciona quais as despesas que podem ser consideradas para fins de dedução. 15 6.1.1.3 Alíquotas Na sistemática do lucro real as alíquotas aplicadas são de 15% para o Imposto de Renda e 9% para a Contribuição Social. Ainda, há o percentual de 10% para cálculo do adicional de Imposto de Renda. 6.1.2 Lucro Presumido Nessa sistemática, diferentemente do Lucro Real, o IRPJ e CSLL são apurados baseados em uma presunção de lucro, por parte do Fisco. Essa presunção é determinada por alíquotas, que variam de acordo com a atividade exercida. 6.1.2.1 Contribuinte A sistemática do lucro presumido pode ser adotada por pessoas jurídicas, cuja receita bruta total no ano calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (Setenta e oito milhões) ou ao limite proporcional de R$ 6.500.000,00 (Seis milhões e quinhentos mil) multiplicados pelo número de meses de atividade no ano, se esse for inferior a 12 meses e ainda, por exclusão ao rol dos contribuintes obrigados a sistemática do Lucro Real. A opção pelo regime de tributação com base no Lucro Presumido será manifestada com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao primeiro período de apuração de cada ano-calendário. A saída do sistema de tributação pelo lucro presumido pode ocorrer anualmente por opção ou, obrigatoriamente, quando a pessoa jurídica deixar de se enquadrar nas condições para permanecer no sistema. O imposto de renda devido, apurado trimestralmente, será pago em quota única, até o último dia útil do mês subsequente ao do encerramento do período de apuração. Poderá também optar pelo pagamento em até três quotas mensais, iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos três meses subsequentes ao de encerramento do período de apuração a que corresponder. 6.1.2.2 Base de Cálculo A base de cálculo do IRPJ/CSLL e do adicional de IR, na apuração pelo lucro presumido será o resultado da aplicação das alíquotas de presunção de lucro pela receita bruta da empresa. As alíquotas de presunção de lucro estão previstas no artigo 15, parágrafo 1° da Lei 9.249/1995, sendo, no geral classificadas: Segmento de atividade Alíquota Combustíveis e gás natural 1,6% Venda de mercadorias e algumas prestações de serviços 8% Serviços de transporte e serviços gerais com receita bruta até 120 mil/ano 16% Serviços Profissionais 32% 16 6.1.2.3 Alíquotas Na sistemática do lucro presumido as alíquotas aplicadas são 15% para o Imposto de Renda e 9% para a Contribuição Social. 6.1.3 Lucro Arbitrado O Lucro Arbitrado é a forma de apuração adotada quando não é possível definir/visualizar o desempenho financeiro da empresa, seja por desorganização, má gestão, ou ainda, por fraudes. Pode ser aplicado pela autoridade tributária ou ainda por opção do contribuinte. 6.1.3.1 Contribuinte O contribuinte para essa forma de apuração é eleito em situações específicas, elencadas em lei, principalmente quando esse deixa de cumprir as obrigações inerentes ao correto exercício da contabilidade. Sua periodicidade é trimestral e abrange todo o período em que a escrituração contábil estiver fora dos padrões estabelecidos em lei. 6.1.3.2 Base de Cálculo A base de cálculo do IRPJ/CSLL e do adicional de IR, na apuração pelo lucro arbitrado estabelece percentuais de presunção, baseados em segmentos e na questão documental para auxilio sobre a identificação de receita bruta (Art. 604 e seguintes do RIR/2018). 6.1.3.3 Alíquotas As alíquotas aqui seguem o padrão, 15% para o Imposto de Renda e 9% para a Contribuição Social, tributando o adicional de IRPJ com 10%. 6.1.4 Simples Nacional O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Neste regime de tributação que tem pagamento unificado, estão reunidos PIS, COFINS, IRPJ, CSLL, ICMS, IPI, ISS e CPP. 6.1.4.1 Contribuinte Podem ser optantes a esta sistemática as empresas com faturamento limite de R$ 4,8 milhões. A RFB limita à participação a este regime de alguns segmentos. 17 6.1.4.2 Base de Cálculo A base de cálculo para determinação do valor devido de Simples será a receita bruta total mensal auferida (regime de competência) ou recebida (regime de caixa), conforme a opção feita pelo contribuinte. 6.1.4.3 Alíquotas As alíquotas no Simples Nacional variam entre 4% e 30%, de acordo com a faixas de faturamento e segmentos de atividade. 6.2 PIS/PASEP e Cofins 6.2.1 Sistemática Cumulativa 6.2.1.1 Contribuinte Em regra, adotam a sistemática cumulativa as pessoas jurídicas optantes pelo Lucro Presumido, entretanto, há situações elencadas nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, nas quais, mesmo apurando pelo Lucro Real, determinadas atividades devem ser apuradas pela sistemática cumulativa. (Lei n.º 10.637/2002 , art. 8º ; Lei n.º 10.833/2003 , art. 10) O PIS/PASEP e a COFINS na sistemática cumulativa devem ser pagos até o 25° dia do mês subsequente ao de ocorrência do fato gerador. 6.2.1.2 Base de Cálculo A apuração do PIS/Pasep e a COFINS serão calculadas com base no seu faturamento, assim considerado o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço da prestação de serviços em geral, o resultado auferido nas operações de conta alheia e as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas anteriormente. 6.2.1.3 Alíquotas a) PIS/Pasep: 0,65%; b) COFINS: 3%. 6.2.1.4 Receitas Financeiras https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10637%2B2002#fe%2Blei%2B10637%2B2002 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10833%2B2003#fe%2Blei%2B10833%2B2003 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10637%2B2002#fe%2Blei%2B10637%2B2002 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10637%2B2002@art8#fe%2Blei%2B10637%2B2002@art8 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10833%2B2003#fe%2Blei%2B10833%2B2003 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10833%2B2003@art10#fe%2Blei%2B10833%2B2003@art10 18 Para as empresas que apuram as mencionadas contribuições sob o regime de apuração cumulativa, com a revogação do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 pela Lei nº 11.941/2009 , a base de cálculo ficou restringida ao faturamento (receita bruta), alcançando apenas as receitas da atividade da pessoa jurídica, decorrentes da venda de bens e serviços, logo, não há tributação da receita financeira. Para as empresas que apuram as contribuições sob o regime não cumulativo, as receitas financeiras serão tributadas em 4,65%, sendo 0,65% em relação à contribuição para o PIS/Pasep e 4% da COFINS. 6.2.2 Sistemática Não Cumulativa 6.2.2.1 Contribuinte Estão sujeitas ao PIS/PASEP e COFINS na sistemática não cumulativa as pessoas jurídicas não submetidas ao regime cumulativo, dentre elas as optantes pelo lucro real (exceto as atividades previstas Lei n.º 10.637/2002, art. 8º; Lei n.º 10.833/2003, art.10 que obrigatoriamente devem apurar pela sistemática cumulativa). 6.2.2.2 Base de Cálculo É o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. 6.2.2.3 Alíquotas a) PIS/Pasep: 1,65%; b) COFINS: 7,60% 6.2.2.4 Créditos De acordo com a Lei n.º 10.637/2002 , art. 3 e a Lei n.º 10.833/2003, art. 3°, as pessoas jurídicas que apuram as contribuições referidas por essa sistemática poderão descontar dos valores apurados créditos calculados em relação às principais despesas. Abaixo elencamos alguns dos principais: a) Bens adquiridos para revenda; b) Bens e serviços utilizados como insumos para a prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à revenda; c) Energia elétrica; d) Alugueis de imóveis e equipamentos utilizados na atividade da empresa; e) Demais despesas que componham a atividade da empresa. Atenção especial deve ser concedida às despesas que não geram crédito e são relacionadas nas legislações supramencionadas. https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B9718%2B1998@art3#fe%2Blei%2B9718%2B1998@art3 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B9718%2B1998#fe%2Blei%2B9718%2B1998 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B11941%2B2009#fe%2Blei%2B11941%2B2009 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10637%2B2002@art8#fe%2Blei%2B10637%2B2002@art8 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10833%2B2003@art10#fe%2Blei%2B10833%2B2003@art10 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10637%2B2002#fe%2Blei%2B10637%2B2002 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10637%2B2002@art2#fe%2Blei%2B10637%2B2002@art2 https://www.iobonline.com.br/pages/coreonline/coreonlineDocuments.jsf?il=y&ls=3&docFieldName=destino&docFieldValue=fe%2Blei%2B10833%2B2003#fe%2Blei%2B10833%2B2003 19 6.2.3 Monofásico O regime monofásico do PIS/PASEP e COFINS consiste em um mecanismo semelhante à substituição tributária, pois atribui a um determinado contribuinte a responsabilidade pelo tributo devido em toda a cadeia produtiva ou de distribuição subsequente. A Lei 10.147/2000 instituiu o referido regime, elencando um rol de produtos sujeitos ao regime monofásico, onde estes são tributados no início da cadeia produtiva, de importadores e industrias, em um percentual maior, e reduzidos a zero para revendedores e varejistas. Entre os produtos sujeitos a essa sistemática, podemos mencionar os produtos da indústria de cosméticos, higiene pessoal, medicamentos, maquinas e veículos. 6.2.3.1 Alíquotas As alíquotas dentro do regime monofásico sofrem variação de acordo com o produto, tais como, medicamentos, autopeças, perfumaria e higiene pessoal etc. 6.2.4 Importação De acordo com a Lei 10.865/2004, estão sujeitos ao PIS/PASEP e COFINS na importação: a) O importador, assim considerada a pessoa física ou jurídica que promova a entrada desses produtos no território nacional, ou dos insumos utilizados em sua fabricação ou produção; b) A pessoa física ou jurídica que contrate serviços de residente ou domiciliado no exterior; e c) O beneficiário do serviço, na hipótese em que o contratante também seja residente ou domiciliado no exterior. 6.2.4.1 Base de Cálculo A base de cálculo será o valor aduaneiro no caso da importação de bens, o valor pago para o exterior no caso de contratação de serviços o ainda o peso ou o volume do produto importado para casos específicos tratados em lei. 6.2.4.2 Alíquotas a) PIS/Pasep: 2,10%; b) COFINS: 9,65%. Ainda, para os produtos da sistemática monofásica, na importação são aplicadas alíquotas diferenciadas, de acordo com o seu segmento. 20 6.2.4.3 Majoração da alíquota da COFINS-IMPORTAÇÃO As alíquotas da COFINS IMPORTAÇÃO ficam acrescidas do adicional de 1% na hipótese de importação de bens relacionados no Anexo I da Lei 12.546/2011. 6.3 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é o tributo aplicado a produtos industrializados nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do IPI (TIPI). Para que seja caracterizado, a lei definiu o que seria industrialização para fins de incidência. 6.3.1 Tipos de Industrialização O artigo 3° e 4° do Regulamento do IPI (Decreto 7.212/2010) estabelece quais as atividades que são consideradas como industrialização, para fins de incidência do IPI. O princípio a ser levado em consideração será industrialização, a operação que modificar a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, e ainda, o seu aperfeiçoando para consumo. Podem ser classificados nas seguintes modalidades: a) Transformação: Exercida sobre a matéria-prima ou produto intermediário, para a obtenção de uma nova espécie; b) Beneficiamento: Implica na modificação, aperfeiçoamento, ou, de qualquer outra forma resultar na alteração de funcionamento, na utilização, ou ainda, no acabamento ou aparência do produto; c) Montagem: Consiste na reunião de produtos, peças e partes, da qual resulte um novo produto; d) Acondicionamento ou reacondicionamento: Quando alterada a apresentação do produto, pela colocação de embalagem, ainda que em substituição do original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria; e) Renovação ou recondicionamento: Quando aplicada a um produto usado ou parte remanescente de um produto deteriorado ou inutilizado, renovando-o e restaurando-o para utilização. Nem toda atividade que implique na transformação do produto pode ser considerada como industrialização para fins de fato gerador do imposto. O artigo 5° do Regulamento do IPI elenca as hipóteses onde não será considerada como industrialização, dais quais exemplificamos algumas situações abaixo: a) O preparo de produtos alimentares, não acondicionados em embalagens de apresentação (Preparo na residência do preparador, em bares e restaurantes, cozinhas industriais etc.); b) O preparo de refrigerantes a base de preparados. (Preparo em máquinas automáticas, bares, restaurantes e similares); c) A confecção ou preparo de produto de artesanato; 21 d) Confecção de vestuário, por encomenda direta do consumidor ou usuário, em oficina ou na residência do confeccionador; e) O preparo de produto, por encomenda direta do consumidor, na residência do preparador ou em oficina; f) Manipulação em farmácia, para venda direta a consumidor, de medicamentos oficinais e magistrais, mediante receita médica; g) Moagem de café torrado, realizada por comerciante varejista como atividade acessória; h) Montagens de óculos, mediante receita médica. 6.3.2 Do contribuinte e do equiparado O contribuinte do IPI será a pessoa jurídica que, de acordo com os tipos elencados acima, operar a apresentação do produto. Este será tratado como estabelecimento industrial. Temos ainda a figura do equiparado, trazida no artigo 24 do RIPI, que são os estabelecimentos que, por força de lei, são contribuintes do IPI, sem que tenham atuado como estabelecimento industrial. A equiparação também pode ser requerida pelo contribuinte. Exemplo: O importador é um equiparado, por força de lei. 6.3.3 Base de Cálculo A base de cálculo do IPI consiste no valor dos: a) Produtos de procedênciaestrangeira (no valor que servir de base de cálculo dos tributos aduaneiros); b) Produtos nacionais, no valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento industrial ou a ele equiparado. 6.3.4 Alíquotas As alíquotas do IPI são regidas pelo princípio da essencialidade, o que implica dizer que produtos classificados pela legislação com essenciais devem ter as alíquotas menores, ao contrário dos produtos supérfluos, que são tributados com alíquotas maiores. (Art. 69 do RIPI). 6.3.5 Não Cumulatividade A não cumulatividade do IPI é efetivada pelo sistema de crédito atribuído ao contribuinte, do imposto correspondente a produtos que entram em seu estabelecimento para ser abatido do que for devido pela saída dos produtos, no mesmo período de apuração. 6.4 Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e Contribuições Sociais Retidas na Fonte (CSRF) 22 6.4.1 IRRF São diversas as hipóteses de incidência da retenção do imposto de renda na fonte. Aqui vamos nos ater à retenção ocorrida na prestação de serviços profissionais à outra pessoa jurídica. Estão sujeitas à incidência do IRRF, importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas, civis ou mercantis, pela prestação de serviços caracterizadamente de natureza profissional. As atividades sujeitas à retenção são as elencadas no artigo 714 do RIR/2018. 6.4.1.1 Fato Gerador O fato gerador do IRRF ocorre na data em que o rendimento for pago ou creditado à pessoa jurídica beneficiária. 6.4.1.2 Base de Cálculo O IRRF deve ser retido sobre a importância total paga ou creditada. 6.4.1.3 Alíquotas Estão sujeitas à incidência do IRRF, à alíquota de 1% a 1,5%, as importâncias pagas ou creditas por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas, civis ou mercantis, pela prestação de serviços caracterizadamente de natureza profissional. 6.4.2 CSRF Além das atividades sujeitas à retenção do IRRF, estão sujeitas também à incidência da CSRF os serviços de limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mão de obra, pela prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e ricos, administração de contas a pagar e receber. 6.4.2.1 Fato Gerador O fato gerador da CSRF é o pagamento ou a antecipação dos pagamentos pela prestação dos serviços sujeitos à retenção. 6.4.2.2 Base de Cálculo A base de cálculo é a importância total paga ou creditada. 23 6.4.2.3 Alíquotas 4,65% (1% da CSLL, 3% da COFINS e 0,65% do PIS/PASEP). 6.4.3 Tratamento dos valores retidos Tanto para o IRRF quanto para as CSRF, são considerados como antecipação do que for devido pelo contribuinte que sofreu a retenção, os quais poderão ser deduzidos, pelos beneficiários dos pagamentos, das contribuições devidas da mesma espécie. 24 7. TRIBUTOS ESTADUAIS Dentre os tributos estaduais, falaremos a seguir do ICMS. 7.1 ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ICMS é a sigla que identifica o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. É um imposto que cada um dos Estados e o Distrito Federal podem instituir, como determina a Constituição Federal de 19882. A Lei Kandir (Lei Complementar 87/1996) é a legislação responsável por determinar as diretrizes da tributação do ICMS para todos os Estados. 7.1.1 Contribuinte O artigo 4° da Lei Kandir relaciona quem são os contribuintes do ICMS, a saber: Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial: I – importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade; II – seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III – adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados; IV – adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização. Logo, o simples fato de realizar a circulação de mercadorias ou serviços, ainda que sem intuito comercial, torna a pessoa jurídica contribuinte do ICMS. Portanto, desse conceito pode-se concluir que o fato gerador do ICMS é justamente esta circulação referida no conceito para identificação do contribuinte. 7.1.2 Base de Cálculo Em regra geral, a base de cálculo do ICMS será sempre o valor da operação. O artigo 13 da Lei Kandir elenca todas as condições de base de cálculo existentes para o ICMS. 2 Conceito de ICMS. Disponível na página da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo em: https://portal.fazenda.sp.gov.br/servicos/isencao-icms-veiculos/Paginas/Sobre.aspx. Acesso em: 19 de abril de 2019. 25 7.1.3 Local da operação ou prestação A definição do local da prestação de serviços é fundamental para determinar o estabelecimento responsável, bem como para qual Estado deverá ser recolhido. O artigo 11 da lei Kandir determina o local para o qual o ICMS deverá ser recolhido e de quem será a responsabilidade. A regra geral determina que o ICMS seja recolhido pelo estabelecimento que der causa à circulação da mercadoria, no local onde este se encontre. Há ainda outras hipóteses de acordo com o local da operação, elencados na lei. 7.1.4 Alíquotas Assim como para o IPI, o legislador também se utiliza do princípio da essencialidade para estabelecimento das alíquotas do ICMS. Estas são aplicadas de acordo com cada tipo de mercadoria, também levando em consideração o Estado. Para as operações com produtos importados, a Resolução 13/2012 veio para acabar com uma guerra fiscal entre os Estados, estabelecendo o percentual de 4% para as operações interestaduais. 7.1.5 Não cumulatividade O ICMS é regido pela sistemática não cumulativa (At. 19 LC 87/1996), compensando o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores. A Lei Complementar 87/1996 retrata em quais situações o crédito pode ser efetuado, conforme a seguir: Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação. 7.1.6 Substituição tributária A lei pode atribuir a terceiros a responsabilidade pelo pagamento do ICMS (Art. 6° da LC 87/1996), estamos falando então do instituto da substituição tributária. A responsabilidade pode ser atribuída em relação ao imposto incidente sobre uma ou mais operações, abrangendo uma ou toda a etapa produtiva/comercial, de acordo com seu segmento. As matérias acerca de substituição tributária do ICMS são tratadas por Convênios e Protocolos entre as Unidades Federativas. Em regra, não teremos a aplicabilidade da substituição tributária nas saídas destinadas às seguintes hipóteses: a) Integração ou consumo em processo de industrialização; 26 b) Estabelecimento cuja operação subsequente esteja amparada por isenção ou não incidência; c) Outro estabelecimentodo mesmo titular, desde que não varejista; d) Outro estabelecimento responsável pelo pagamento do imposto por sujeição passiva por substituição, em relação à mesma mercadoria ou a outra mercadoria enquadrada na mesma modalidade; e) Estabelecimento localizado em outra UF; f) Estabelecimento ao qual for atribuída por meio de regime especial concedido a pedido do contribuinte ou incutido de ofício, a condição de sujeito passivo por substituição tributária conforme disciplinas específicas; g) Operação destinada a consumidor ou usuário final. Na esfera da substituição tributária, teremos o contribuinte substituto (aquele que a legislação determina como responsável pelo recolhimento do imposto em relação às operações subsequentes) e o contribuinte substituído (aquele que recebe a mercadoria cuja retenção antecipada do ICMS já tenha ocorrido em etapa anterior). 27 8. TRIBUTOS MUNICIPAIS Por fim, trataremos do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza), um dos tributos municipais de maior importância para a pessoa jurídica. 8.1 ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) A Lei Complementar 116/2003 é a legislação responsável por trazer as diretrizes desse imposto. Cada Município, ao legislar sobre a matéria, deve ser as premissas retratadas na lei complementar. O ISS tem como fato gerador a prestação dos serviços constantes da lista anexa à Lei Complementar 116/2003. 8.1.1 Contribuinte O contribuinte é o prestador do serviço. Os Municípios podem atribuir a terceiros a responsabilidade pelo pagamento do imposto, vinculado ao fato gerador. Destarte essa prerrogativa dos Municípios, a LC ainda indica a responsabilidade pelo recolhimento do ISS em situações específicas, elencadas no artigo 6° da referida LC. 8.1.2 Base de Cálculo A base de cálculo do ISSQN é o preço do serviço. 8.1.3 Local da Prestação O serviço considera-se prestado, e o imposto devido no local do estabelecimento prestador, ou, na fala do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas no artigo 3° da LC 116/2003.3 a) Do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, na hipótese do § 1º do art. 1º da LC; b) Da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 da lista anexa; c) Da execução da obra, no caso dos serviços descritos no subitem de execução por administração, empreitada ou subempreitada de obras de construção civil e correlatas e de acompanhamento e fiscalização da execução de obras de engenharia, arquitetura e urbanismo; d) Da demolição; e) Das edificações em geral, estradas, pontes, portos e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem de reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres; 3 Lei Complementar 116 de 31 de julho de 2003, na página do Planalto, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm Acesso em: 19 de abril de 2019. 28 f) Da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer; g) Da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres; h) Da execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores; i) Do controle e tratamento do efluente de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos; j) Do florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres; k) Do florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação, reparação de solo, plantio, silagem, colheita, corte, descascamento de árvores, silvicultura, exploração florestal e serviços congêneres indissociáveis da formação, manutenção e colheita de florestas para quaisquer fins e por quaisquer meios; l) Da execução dos serviços de escoramento, contenção de encostas e congêneres; m) Da limpeza e dragagem; n) Onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos serviços de guarda e estacionamento; o) Dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, no caso dos serviços de vigilância, segurança ou monitoramento de bens, pessoas e semoventes; p) Dos bens, dos semoventes ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, no caso dos serviços descritos no item anterior; q) Do armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem; r) Da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres; s) Do Município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços de transporte coletivo municipal; t) Do estabelecimento do tomador da mão de obra ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado; u) Da feira, exposição, congresso ou congênere a que se referir o planejamento, organização e administração; v) Do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário, ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços desta natureza; w) Do domicílio do tomador dos serviços dos subitens de planos de medicina em grupo e de planos de saúde; x) Do domicílio do tomador do serviço no caso dos serviços prestados pelas administradoras de cartão de crédito ou débito; y) Do domicílio do tomador dos serviços de agenciamento, corretagem ou intermediação de contratos de arrendamento mercantil (leasing), de franquia (franchising) e de faturização (factoring); 8.1.4 Alíquotas A Lei Complementar determina em seu texto legal alíquota mínima de 2%, atribuindo as demais atividades 5%. 29 REFERÊNCIAS MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 34. ed. São Paulo: Malheiros, 2013 SECRETARIA DA FAZENDA ESTADUAL DE SÃO PAULO. Sobre a Isenção de ICMS para Veículos. Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2019. BRASIL. LEI COMPLEMENTAR 116, DE 31 DE JULHO DE 2003, Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, Disponível em: . Acesso em: 12 jun. 2019.