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DIARRÉIA AGUDA NA INFÂNCIA PROF. MSC. JEANNE LÚCIA GADELHA FREITAS JULHO DE 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM –UNIR DISCIPLINA SAÚDE DA CRIANÇA E ADOLESCENTE II DIARRÉIA AGUDA E SEUS ASPECTOS NA INFÂNCIA DEFINICÁO Alteração do hábito intestinal, com aumento do número de evacuações e/ou diminuição da consistência das fezes devido à presença de maior conteúdo fluido. CONCEITO Síndrome de má absorção de água e eletrólitos, provocada por agente infeccioso (bactéria, vírus ou protozoário) em qualquer nível do intestino, autolimitada(10 -14 dias) (Neto, 1998; Lunardi, 1997). DIARRÉIA AGUDA E SEUS ASPECTOS NA INFÂNCIA Crianças de Países em desenvolvimento : elevada mortalidade, nos primeiros anos de vida (Araya, Figueroa, Espinoza, Zarur, Brunser, 1986; Kotloff, 1988; Harlem,1999). BACTÉRIAS: primeiros meses de vida e idade escolar. ROTAVÍRUS : maior causa de diarréia infecciosa entre 6 meses a 2 anos (Guandalini, 2000). PROTOZOÁRIOS: Cryptosporidium: causa freqüente de diarréia em pessoas imunodeprimidas e imunocompetentes (Newman, 1999; Saredi & Bava, 1998; Nchito et al, 1998; Petersen, 1992; Laughon et al, 1988). Porto Velho(1990): mortalidade 1 a 4 anos por infecções intestinais (14% do total de óbitos, Escobar, 1992). EPIEMIOLOGIA MUNDIAL: 1.000.000.000 casos de diarréia aguda 3.000.000 milhões de óbitos em crianças menor 5 anos 19,6 mortes por 1000 nascidos vivos: menores de 1 ano 4,6 mortes por 1000 nascidos vivos: 1 a 4 anos (Guandalini,2000). Continentes, Asiático, Africano e América Latina: 2 a 3 episódios diarréicos por criança/ano (Bern et al, 2002). Europa: mortalidade infantil(0-5 anos nascidos vivos) 17 mortes/100.000 (Dinamarca) 56/100.000 (Inglaterra e País de Gales) e 150/100.000 (Itália). EUA: 220.000 crianças menor de 5 anos (Langner, 2003), entre africanos seis vezes maior que caucasianos (Santoshaw, 1995). DIARRÉIA AGUDA E SEUS ASPECTOS NA INFÂNCIA DIARRÉIA AGUDA E SEUS ASPECTOS NA INFÂNCIA Tipos de diarréia Manifestações/ achados sugestivos Invasiva/ disentérica Dor abdominal,cólicas,urgência retal, tenesmo, sangue/pus nas fezes,febre, disenteria Sugestiva rothavirus Menores de 5 anos(entre 2 anos), febre e vômitos mais persistentes e freqüentes Fermentativa/ osmótica Liquida, freqüente, abundante, ácida, dermatite perianal, explosiva(muitos gases) odor acre e espumosas. Melhora após 2 dias retirando açúcar. Secretórica Volumosa(empapa fralda)liquida(+5 vezes/dia)dura mais de 2 dias. Colônica Mucosanguinolenta, pequeno volume freqüência alta, urgência e tenesmo. Má- absorção/ esteatorréica Fezes volumosas, pálidas, fétidas, alimentos mal digeridos ETIOLOGIA DOENCA DIARRÉICA: Transmissão via alimentos= saúde pública (preparo, processamento industrial e distribuição) surtos por agentes infecciosos e suas toxinas (Gracey, 1996). DIARRÉIA AGUDA: 7 A 10 DIAS DIARRÉIA PERSISTENTE: mais de 14 dias com instabilidade hidroeletrolítica e piora do estado nutricional (80% mortalidade infantil) CAUSAS DA DIARRÉIA AGUDA Bactérias Escherichia coli Enterotoxigênica (ETEC) 10-20%, Shigella 5-15% Campilobacter jejuni 10-15% Vibrio cholerae 5-10% , Salmonella (não typhi) 1-5% Vírus Rotavirus 15-25% Parasitas Intestinais Giárdia lamblia, E.histolytica, Isospora belli, Cryptosporidium 5-15% , Strongylóides stercoralis , S.mansoni, Isospora beli. Náo Infecciosas Alergia alimentar, sobrecarga açúcares, intolerância à lactose, ingestão de toxinas, efeitos colaterais de drogas, fatores emocionais, para-infeccóes ( fora do TGI) Falsas diárréias “diarréia”fisiológica do RN amamentado ao seio e a “diarréia de fome” por jejum prolongado CAUSAS DA DIARRÉIA PERSISTENTE 1.Deficiência de lactase/dissacaridases 2.Fermentação Carboidratos não absorvidos 3. Deficiência de IgA Secretória 4.Colonização do delgado 5. Supercrescimento de bactérias resistentes no intestino 6. Absorção polipeptícos p/mucosa lesada(alergia secundária) 7. Disfunção válvula ileo-cecal 8. Atrofia das vilosidades na diarréia FATORES DE RISCO DA DIARRÉIA PERSISTENTE 1.Desnutrição 6. Primeiros meses de vida 2.Baixo peso ao nascer 7. Desmame precoce 3.Preparo inadequado de mamadeiras 8. Diarréia invasiva grave 4. Baixas escolaridade dos pais 9. Episódios repetidos 5. Uso abusivo de antibióticos 10. Restricáo alimentar durante diarréia VOLUME INFECTANTE NECESSÁRIO: 10 a 100 microorganismos(Shigella e Giárdia) 1.000.000: Escherichia coli enteropatogênica e Salmonellas(Bruser (1996); Fasano (2000), EPISÓDIOS DIARRÉICOS: mudanças de temperatura, contaminação de alimentos e atividades humanas. DIARRÉIA BACTERIANA: comum durante o verão, DIARRÉIA VIRÓTICA: inverno (Bruser; Espinosa; A. Bruser, 1996; Guandalini, 2000). FATORES ENVOLVIDOS: 1. ausência de uma fonte segura de água potável; 2. conservação dos alimentos á temperatura ambiente; 3. ambientes com saneamento inadequado; 4. falta de aleitamento ao seio nos primeiros 6-12 meses de vida; 5. desnutrição; 6. carência de secreção de ácido clorídrico; 7. falta de imunidade para agentes específicos; 8. carência de imunidade celular adequada (Sack,1996; OMS, 1993). DIARRÉIA AGUDA E SEUS ASPECTOS NA INFÂNCIA CAUSAS DIARRÉIA CRÔNICAS Síndrome intestino irritado Diarréia persistente no lactente Parasitoses Intestinais Intolerância secundária à carboidrato Deficiência congênita da lactase AIDS, deficiência IgA Intolerância proteína do leite(vaca/soja) Doença celíaca Doença Crohn, colite ulcerativa Parasitoses intestinais Fibrose cística Colagenase Desnutrição protéico- calórica Insuficiência pancreática Intestino curto, dumping Erros alimentares Linfangiectasia intestinal abetalipoproteinemia drogas Linfoma intestinal paratumoral COMO PESQUISAR & IDENTIFICAR? 1.Realizar Exame clínico completo 2.Avaliar estado hidratação e nutrição 3. Investigar sinais de infecções associadas 4.Diferenciar diarréias (agudas, persistentes e crônicas) 5.Dados clínicos importantes a investigar: inicio diarréia, evolução, características de fezes, febre, prostração, vômitos após dieta, casos de diarréia familiar, antecedentes de diarréia, problemas pulmonares, dieta atual/pregressa, relação entre diarréia=novos alimentos, uso de drogas e antimicrobianos, alergias, condições sociais, sanitárias e de habitação, antecedentes de parasitoses, uso de antiparasitários, imunodeficiências, cirurgias abdominais. 6.Exames laboratoriais: de pouca ajuda nos casos de diarréia aguda DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA DESIDRATACÁO HIDRATADO DESIDRATACÁO LEVE/MODERADA D.GRAVE E CHOQUE HIPOVOLÊMICO Estado geral Ativo Sede,irritabilidade Prostado, hiporeativo,comatoso Olhos Normais Enoftalmia Enoftalmia acentuada, tensáo ocular Umidade mucosa Normal Reduzida Muito reduzida, quase seca Turgor (prega) Normal Alterada turgor pastoso Lágrimas Presentes Ausentes/ diminuídos Ausentes Fontanela Plana Deprimida Muito deprimida Sede Normal Evidente Intensa Pulsos Normais,cheios Normais/finos Finos, difícil palpação periférica Perfusão periférica Freqüência Cardíaca - 3 segundos normal 3-6 segundos Taquicardia discreta + 10 segundos Taquicardia significativa Diurese Normal Reduzida, concentrada Muito reduzida/ausente Déficit liquido perdido Até 30ml/kg De 30 a 100ml/kg Acima de 100ml/kg Plano básico de tratamento Aumentar oferta líquidos, manter alimentação Reparação c/ SHO ou SV quando via oral impossível Reparação Venosa rápida : 50 ml /kg na 1 hora Horas seguintes: 20-25ml/kg a cada 30 minutos Reparação mais Lenta: 50ml/kg em 4-6 horas Tratamentoda diarréia aguda 1. Reidratar criança/evitar a desidratação(50-100ml/Kg 4 horas) ou calda rala de arroz(50g+1 lt água+1 pitada de sal) 2. Alimentação/aleitamento normal durante diarréia 3. Nas primeiras horas: ”vomitou, limpa a boquinha e dá mais soro” 4.Internar crianças gravemente desidratadas com sinais de perigo/choque, que não toleram a hidratação, desnutridas, quadros toxêmicos e sepse 5.Instalar fase de reparação rápida inicial(50ml/Kg =1:1 SGI+SF em 1hora) 6.Antibióticos somente em casos diarréia invasiva, febre alta e prostração, desnutridos graves, RN e lactentes pequenos e imunodeprimidos 7. Antidiarréicos: limitados a casos de diarréia em viagens e secretória (atrofia vilositária idiopática) rara 8.Considerar infestação por giardíase, amebíase etc 9.Ouvir/Explicar/Demonstrar à mãe sobre diarréia e desidratação! CLASSIFICANDO ESTADO DE HIDRATAÇÃO 2 dos sinais que se seguem: •Letárgica/inconsciente •Olhos fundos •Não consegue beber ou bebe muito mal •Sinal de prega:a pele volta muito lentamente ao normal DESIDRATAC ÁO GRAVE •(PLANO C) •Referir urgentemente ao hospital com a máe dando SRO durante trajeto •50-100ml pós cada evacuação (até 1 ano) •100-200ml pós evacuação (1 ano ou +) •Manter aleitamento materno •2 anos ou + em região com cólera administrar antibiótico •Iniciar terapia endovenosa Dois dos sinais que se seguem: •Inquieta, irritada •Olhos fundos •Bebe avidamente com sede •Sinal de prega: a pele volta lentamente ao estado normal DESIDRATAC ÁO •(PLANO B): Administrar SRO na UBS em 4 horas=(peso em kg X 75) ou 50-100ml/kg . •Após 2 diurese = retorno para casa com plano A •Criança com problema adicional grave encaminhar ao hospital urgentemente com SRO durante trajeto •Manter aleitamento materno •Informar à mãe quando retornar •Seguimento em 5 dias se não melhorar Não há sinais suficientes para classificar como desidratação ou desidratação grave SEM DESIDRATAC ÁO •(PLANO A): Alimentos e líquidos para tratar diarréia em casa •Manter aleitamento materno/ alimentação •SRO Maior 6 meses(10-20ml/kg) •informar `a mãe quando retornar •Seguimento em 5 dias se não melhorar DIARRÉIA COM DESIDRATAÇÃO GRAVE
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