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Melanie klein Fantasia Fantasia MK destaca a importância da fantasia inconsciente dinâmica na vida mental da criança. Quando Freud conceitua o superego, não se refere que tenhamos um “pequeno homem”., mas que temos a fantasia (uma introjeção em fantasia) das figuras dos pais, ou melhor uma figura dos pais, fantasiada e deformada pelas projeções da criança. Os objetos que se referem na obra Kleiniana, não são objetos situados no corpo ou na psique: as fantasias estão presentes em toda a parte e são ativas, e sua presença não se refere a doença ou falta de sentido de realidade. O que determinará o caráter da psicologia do indivíduo é a natureza das fantasias e como estão relacionadas com a realidade externa. As fantasias inconscientes para Klein seria o representante psíquico ou correlato mental dos instintos (para Freud instinto seria a fronteira entre o mental e o somático, representam o estímulo que se originam dentro do organismo e atingem a mente); Susan Isaacs considera que a ação de um instinto, é representada na vida mental pela fantasia da satisfação esse instinto pelo objeto apropriado. A primeira fome e o esforço instintual para satisfaze-la, vem acompanhada pela fantasia de um objeto capaz de sacia-la. As fantasias derivam da fronteira entre o somático e o psíquico e são experimentadas como tal. Não há diferenciação entre realidade e fantasia, portanto os objetos fantasiados são experimentados como acontecimentos físicos: Bebê que adormece chupando o dedo: fantasia que está incorporando o seio (fantasia que tem dentro do si o seio que dá o leite). Bebê faminto e furioso, gritando e esperneando, fantasia que está atacando esse seio ausente, não só pela necessidade, mas pela dor o ataque ao seu interior. A formação da fantasia é uma função do ego. Dentro desta concepção, se pressupõe uma organização do ego, muito maior do que foi postulado em Freud. MK pressupõe que o ego, a partir do nascimento, é capaz de formar relações de objeto na fantasia e na realidade, ou seja, o bebê tem que lidar com a realidade, a partir da experiência com seu nascimento e as frustrações e gratificações de seus desejos. Neste caso, a fantasia não é uma fuga da realidade, mas um “constante e inevitável acompanhamento de experiências reais, com as quais está em constante interação” (SEGAL, 1975, p. 25). Um exemplo: bebê faminto e furioso que ao lhe ser oferecido o seio, recusa-se a mamar. A recusa está na fantasia de que, por ter atacado o seio, este tornou-se mau e volta para ataca-lo: não é mais o seio bom que virá alimentar, mas foi deformado pela fantasia terrificante em um perseguidor. Estas fantasias podem ser observadas no brincar de crianças pequenas, na fala de crianças maiores e podem ainda, persistir no inconsciente adulto, dando origem a dificuldades na alimentação. Destaca-se ainda a possibilidade, em casos mais sofisticados, de que a fantasia inconsciente é sentida como capaz de determinar os acontecimentos: crianças cujos pais brigam muito, pode sentir que o relacionamento ruim do pai é resultado de seu próprio desejo de brigas e ataques urinários e fecais que atrapalharam e estragaram o relacionamento dos pais. Da mesma forma o contrário ocorre: a realidade também influencia na fantasia inconsciente: o bebê com fome que vence (a fome) por uma alucinação onipotente de ter um seio que o alimenta. Se for alimentado logo, sua experiência de estar fundido com o seio bom fornecido por sua mãe refletirá experiências boas e duráveis, se demorar a ser alimentado, será dominado pela raiva e a sentirá como mais forte que o amor. Este inter-relacionamento entre fantasia inconsciente e realidade externa verdadeira é importante quando se avalia o papel do ambiente no desenvolvimento da criança. No entanto, não é o fato de não ter um ambiente mau, que inexistiria as fantasias e ansiedades destrutivas, mas de que forma o ambiente reforça ou diminui estas experiências persecutórias: Se o bebê esteve sob domínio de fantasias raivosas e vivencia uma experiência má verdadeira, isso confirma que o ambiente é mau, e reforça a sua própria maldade. Ao contrário, as experiências boas tendem a diminuir a raiva e modificar as experiências persecutórias, mobilizando o amor e a gratidão do bebê, bem como a crença em um bom objeto. Os aspectos mencionados apresentam a fantasia além da ideia equivocada de que seria apenas como fuga da realidade externa. Na teoria Kleiniana, a fantasia é a expressão mental dos instintos. No entanto suas funções são múltiplas e seu aspecto defensivo deve ser levado em consideração. As fantasias além de satisfazer os impulsos instintuais, prescindindo da realidade externa, a gratificação (na fantasia) pode ser uma defesa a realidade externa de privação ou mais do que isso: além de defender-se da realidade externa desagradável, está se defendendo de si mesmo contra a realidade da própria fome e raiva. As fantasias defensivas podem recair sobre as próprias fantasias, usando os processos de projeção e introjeção para isso. Sonho da paciente diante das férias da analista (SEGAL, 1975. p. 29/30). Ao compreender a relação entre fantasias e mecanismos de projeção e introjeção, observamos a relação entre fantasia inconsciente, mecanismos e estrutura menta. Para Freud o ego seria um precipitado de catexias objetais abandonadas (Freud, 1923, O ego e o id). O primeiro objeto seria o superego. As análises primitivas dessas relações revelou fantasias de objetos introjetados no ego desde a tenra infância: para Klein inicialmente são introjetados seios ideal e persecutório. Inicialmente são introjetados objetos parciais, como o seio e depois o pênis. Depois objetos totais como mãe, pai e casal de pais. Quanto mais primitiva a introjeção mais fantásticos e deformados serão os elementos. À medida que a criança se desenvolve, o sentido de realidade opera e os objetos se aproximam mais das pessoas reais. O ego ao se identificar com estes objetos (identificação introjetiva), os assimila, contribuindo para seu desenvolvimento. Outros objetos permanecem separados (o superego é um deles). Os perseguidores internos atacam tanto o objeto ideal quanto o ego, assim se constrói um complexo mundo interno. A análise recai sobre as relações do ego com os objetos internos. Análise do sonho do paciente oficial da marinha ao sonhar com uma pirâmide: Na base da pirâmide estavam os marinheiros rudes, que sustentavam suas cabeças num livro de ouro (gold book). Sobre o livro estava um oficial (de posto igual ao paciente) e sobre seus ombros o almirante. Tanto o almirante exercia pressão e era temido, como os marinheiros da base pressionavam de baixo para cima. Ao relatar o sonho diz: “esse sou eu!”. Associações posteriores identificaram o almirante como seu pai: ser forte e assustador era a severidade do superego. A estrutura de sua personalidade estava representada em três camadas: o superego pressionando de cima para baixo, os instintos empurrando para cima e seu ego, esmagado pelos dois. A Fantasia pertence ao funcionamento prazer-sofrimento. Para Freud, a introdução do princípio de realidade, permitiu ao pensamento manter livre da realidade o prazer (fantasiar). O pensamento está a serviço do teste de realidade, para sustentar a tensão e adiar a satisfação. Diante disso para Klein a fantasia e o pensamento capacitam o ego a sustentar a tensão sem uma descarga motora imediata. Isto é, ao ser capaz de sustentar a fantasia, não é preciso descarregar seus impulsos imediatamente, é possível esperar (com a ajuda da fantasia) a satisfação da fantasia na realidade. Se a frustração é intensa ou o bebe tem pouca capacidade para manter sua fantasia, a descarga motora ocorre e reflete um ego imaturo. Desta forma, o bebê sadio a partir de muito cedo, tem alguma consciência de suas necessidades e é capaz de comunica-las a sua mãe (por meio do choro). E ao interagir com sua mãe, o bebê testa suas fantasias no cenário da realidade (o pensamento depende do conceito de fantasia: dele se deriva e se baseia) O princípio da realidade, como se sabe, é apenas o princípio do prazer modificado pelo teste da realidade.
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