Prévia do material em texto
48 Questão 1 Texto 1 1 A partir de Ciranda de Pedra, de 1954, 2 cada livro de Lygia Fagundes Telles, mesmo 3 trazendo a sua marca, parece escrito por outra 4 Lygia. Quero dizer, ela não se repete. Ninguém 5 aprende a escrever de uma vez por todas. O 6 livro que estamos escrevendo nos ensina mas 7 só a resolver os problemas propostos por ele. O 8 que vamos escrever a seguir traz também os 9 seus desafios e as suas dificuldades inerentes. 10 De que tratam os contos de Lygia 11 Fagundes Telles? Ora, do que acontece ao 12 redor dela e ao redor de nós e também do 13 nosso interior, claro. Em suma, tratam dos 14 "naturais tormentos dos quais a condição 15 humana é herdeira", como já descobrira ou 16 suspeitara o príncipe da Dinamarca. E o que foi 17 que Lygia viu ao seu redor, ou ao redor de sua 18 mente ou dentro dela e que despertou o 19 mecanismo lygiano de criação? Obviamente o 20 que a sua inteligência e a sua sensibilidade 21 focalizaram em dado momento – instantes, 22 lampejos, sementes, pensamentos, 23 lembranças. 24 Todo escritor precisa ser astucioso em 25 benefício do leitor e a astúcia de Lygia está em 26 nos passar a impressão de que ela não 27 inventou as histórias que conta. É como se as 28 tivesse visto acontecendo, as tivesse anotado e 29 transcrito para nós. Quer dizer então que é fácil 30 escrever? Basta ver, anotar e transcrever? Não 31 exatamente. 32 Olhar todo mundo pode. Ver já é mais 33 complicado. Todo mundo vê – mas vê o quê? O 34 que está patente na superfície. Já o escritor 35 precisa ver o que está na superfície e o que 36 está por baixo, o que está em volta e mais, o 37 que está lá dentro, invisível aos distraídos. Por 38 ter essa visão profunda, a abrangente Lygia é a 39 escritora que é. 40 É preciso ainda dizer alguma coisa também 41 sobre sua linguagem. Ao longo do seu trabalho 42 – desse aprendizado incessante – ela foi 43 desbastando a frase quase ao ponto de criar 44 uma sintaxe própria, eliminando certas 45 partículas de presença tão óbvia e que bem 46 podem ficar subentendidas. VEIGA. José J. Orelhas da obra Invenção e Memória. Texto 2 História de Passarinho 47 Um ano depois os moradores do bairro 48 ainda se lembravam do homem de cabelo 49 ruivo que enlouqueceu e sumiu de casa. 50 Ele era um santo, disse a mulher 51 levantando os braços. E as pessoas em redor 52 não perguntaram nada e nem era preciso, 53 perguntar o que se todos já sabiam que era 54 um bom homem que de repente abandonou 55 casa, emprego no cartório, o filho único, 56 tudo. E se mandou Deus sabe para onde. 57 Só pode ter enlouquecido, sussurrou a 58 mulher. Mas de uma coisa estou certa, tudo 59 começou com aquele passarinho, começou 60 com o passarinho. Que o homem ruivo não 61 sabia se era um canário ou um pintassilgo, Ô! 62 Pai, caçoava o filho, que raio de passarinho é 63 esse que você foi arrumar?! 64 Não sei, filho, deve ter caído de algum 65 ninho, peguei ele na rua, não sei que 66 passarinho é esse. 67 O menino mascava chicle. Você não sabe 68 nada mesmo, Pai, nem marca de carro, nem 69 marca de cigarro, nem marca de passarinho, 70 você não sabe nada. 71 Em verdade, o homem ruivo sabia bem 72 poucas coisas. Mas de uma coisa ele estava 73 certo, é que naquele instante gostaria de 74 estar em qualquer parte do mundo, mas em 75 qualquer parte mesmo, menos ali. Mais 76 tarde, quando o passarinho cresceu, o 77 homem ruivo ficou sabendo também o 78 quanto ambos se pareciam, o passarinho e 79 ele. 80 Ai! o canto desse passarinho, 81 resmungava a mulher, Você quer mesmo me 82 atormentar, Velho. O menino esticava os 83 beiços tentando fazer rodinhas com a fumaça 84 do cigarro que subia para o teto: Bicho mais 85 chato, Pai. Solta ele. 86 Antes de sair para o trabalho o homem 87 ruivo costumava ficar algum tempo olhando 88 o passarinho que desatava a cantar. O 89 homem então enfiava a ponta do dedo entre 90 as grades, era a despedida e o passarinho, 91 emudecido, vinha meio encolhido oferecer- 92 -lhe a cabeça para a carícia. Enquanto o 93 homem se afastava, o passarinho se atirava 94 meio às cegas contra as grades, fugir, fugir! 95 Algumas vezes, o homem assistiu a essas 96 tentativas que deixavam o passarinho tão 97 cansado, o peito palpitante, o bico ferido. Eu 98 sei, você quer ir embora, você quer ir 99 embora mas não pode ir, lá fora é diferente e 100 agora é tarde demais. 101 A mulher punha-se então a falar e falava 102 uns cinquenta minutos sobre as coisas todas 103 que quisera ter e que o homem ruivo não lhe 104 dera, não esquecer aquela viagem para 105 Pocinhos do Rio Verde e o Trem Prateado 106 descendo pela noite até o mar. Esse mar que 107 se não fosse o Pai (que Deus o tenha!) ela 108 jamais teria conhecido porque em negra hora 109 se casara com um homem que não prestava 110 para nada, Não sei mesmo onde estava com 111 a cabeça quando me casei com você, Velho. 112 Ele continuava com o livro aberto no 113 peito, gostava muito de ler. Quando a mulher 114 baixava o tom de voz, ainda furiosa (mas 115 sem saber mais a razão de tanta fúria), o 116 homem ruivo fechava o livro e ia conversar 117 com o passarinho. Decorridos os cinquenta 118 minutos das queixas, e como ele não 119 respondia mesmo, ela se calava exausta. 120 Puxava-o pela manga, afetuosa: Vai, Velho, 121 o café está esfriando, nunca pensei que nesta 122 idade eu fosse trabalhar tanto assim. O 123 homem ia tomar o café. Numa dessas vezes, 124 esqueceu de fechar a portinhola e quando 125 voltou com o pano preto para cobrir a gaiola 126 (era noite) a gaiola estava vazia. Ele então 127 sentou-se no degrau de pedra da escada e ali 128 ficou pela madrugada, fixo na escuridão. 129 Quando amanheceu, o gato da vizinha 130 desceu o muro, aproximou-se da escada 131 onde estava o homem ruivo e ficou ali 132 estirado, a se espreguiçar sonolento de tão 133 feliz. Por entre o pelo negro do gato 134 desprendeu-se uma pequenina pena 135 amarelo-acinzentada que o vento 136 delicadamente fez voar. O homem inclinou- se 137 para colher a pena entre o polegar e o 138 indicador. Mas não disse nada. 139 Calmamente, sem a menor pressa o 140 homem ruivo guardou a pena no bolso do 141 casaco e levantou-se com uma expressão tão 142 estranha que o menino parou de rir para ficar 143 olhando. Repetiria depois à Mãe, Mas ele até 144 que parecia contente, Mãe, juro que o Pai 145 parecia contente, juro! A mulher então 146 interrompeu o filho num sussurro, Ele ficou 147 louco. 148 Quando formou-se a roda de vizinhos, o 149 menino voltou a contar isso tudo mas não 150 achou importante contar aquela coisa que 151 descobriu de repente: o Pai era um homem 152 alto, nunca tinha reparado antes como ele 153 era alto. Não contou também que estranhou 154 o andar do Pai, firme e reto, mas por que ele 155 andava agora desse jeito? E repetiu o que 156 todos já sabiam, que quando o Pai saiu, 157 deixou o portão aberto e não olhou para trás. TELLES, Lygia Fagundes. Invenção e Memória. Considerando ainda a afirmação de J. J. Veiga sobre a sintaxe própria de Lygia Fagundes Telles (linhas 40-46), observe as opções a seguir. Essas opções incluem, para cada enunciado extraído do texto, um correspondente em que ocorre uma alteração sintática, que vem grifada. Assinale a única opção em que a alteração do enunciado NÃO objetiva substituir a sintaxe inovadora pela sintaxe tradicional. A) “tudo começou com aquele passarinho, começou com o passarinho. Que o homem ruivo não sabia se era um canário ou um pintassilgo” (linhas 58-61) / tudo começou com aquele passarinho, começou com o passarinho, que o homem ruivo não sabia se era um canário ou um pintassilgo. B) “Em verdade, o homem ruivo sabia bem poucas coisas. Mas de uma coisa ele estava certo, é que naquele instante gostaria de estar em qualquer parte do mundo” (linhas 71-74) / Em verdade, o homem ruivo sabia bem poucas coisas, mas de uma coisa ele estava certo, é que naquele instante gostaria de estar em qualquer parte do mundo. C) “Quando formou-se a roda de vizinhos, o menino voltouconjunctions that are classified as a) contrastive. b) conditional. c) comparative. d) additional. Gabarito: C Resolução: O período “Among parents of the under-5 set, spots for story time have become as coveted as seats for a hot Broadway show like Hamilton.” contém duas ocorrências da conjunção "as", utilizada para estabelecer comparação entre o grau de cobiça dos pais pelas atividades de contação de histórias e de espectadores da Broadway por assentos para espetáculos como "Hamilton" ("as coveted as": "tão cobiçados quanto"). Assim, no contexto, nessas duas ocorrências, a conjunção "as" deve ser classifficada como comparativa. Questão 14 Texto 1 Emily Carr (1871-1945) Emily Carr was born on December 13, 1871, in Victoria, British Columbia, to Richard and Emily Saunders Carr, the fifth child in a family of five girls. A brother, Dick, was born in 1875. Carr began her training as an artist in her late teens. After the death of both parents, rather than be subjected to the demands of her overbearing sister Edith, Carr approached her legal guardian 5 to secure funds to attend the California School of Design. Little of her work survives from this period, but she seems to have received basic instruction in oil painting and watercolour and was able, upon her return to Victoria in 1893, to make a living as an art teacher. In 1907, she began documenting the First Nations cultures of British Columbia. Carr continued to draw and paint throughout the 1930s until a heart attack in 1937 left her 10 bedridden and unable to paint. She began to devote all of her creative energy to writing. Ira Dilworth, teacher and CBC executive, became her confidant and literary advisor. Dilworth’s support of her autobiographical sketches gave her both the confidence and the means to secure publication for her work. Her writing, initially broadcast on CBC Radio, gathered popular appeal and endeared her to a public that for years had been hostile to her art. 15 Klee wyck, first published in 1941, was a huge popular success and a critical success as well: Carr was awarded the Governor General's Literary Award for non-fiction in 1941. Some of her other titles were The book of small (1942), The house of all sorts (1944), Growing pains (1946) and The heart of a peacock (1953). Growing pains tells the story of Carr’s life, beginning with her girlhood in pioneer Victoria and 20 going on to her training as an artist in San Francisco, England and France. Also here is the frustration she felt at the rejection of her art by Canadians, of the years of despair when she stopped painting. Carr is a natural storyteller whose writing is vivid and vital, informed by wit, nostalgic charm, an artist's eye for description, a deep feeling for creatures and the idiosyncrasies of humanity. 25 Emily Carr died in Victoria on May 2, 1945, with no idea that she would ultimately become a Canadian icon. Disponível em: . Adaptado. Texto 2 Mother was always a quiet woman − a little shy of her own children. I am glad she was not chatty, glad she did not perpetually "dear" us as so many English mothers that we knew did with their children. If she had been noisier or quieter, more demonstrative or less loving, she would not have been just right. She was a small, grey-eyed, dark-haired woman, had pink cheeks 5 and struggled breathing. I do not remember to have ever heard her laugh out loud, yet she was always happy and contented. I was surprised once to hear her tell the Bishop, "My heart is always singing." How did hearts sing? I had never heard Mother’s, I had just heard her difficult, gasping little breaths. Mother’s moving was slow and weak, yet I always think of her as having Jenny-Wren-bird's quickness. I felt instinctively that was her nature. I became aware of this along 10 with many other things about my mother, things that unfolded to me in my own development. Our picnic that day was perfect. I was for once Mother’s oldest, youngest, her companion-child. While her small, neat hands hurried the little stitches down the long, white seams of her sewing, and my daisy chains grew and grew, while the flowers of the bushes smelled and smelled and sunshine and silence were spread all round, it almost seemed rude to crunch the sweet biscuit 15 which was our picnic − ordinary munching of biscuits did not seem right for such a splendid time. When I had three daisy chains round my neck, when all Mother's seams were stitched, and when the glint of sunshine had gone quiet, then we went again through our gate, locked the world out, and went back to the others. lt was only a short while after our picnic that Mother died. Her death broke Father; we saw then how 20 he had loved her, how alone he was without her − none of us could make up to him for her loss. […] I was often troublesome in those miserable days after Mother died. I provoked my big sister and, when her patience was at an end, she would say, trying to shame me, "Poor Mother worried about leaving you. She was happy about her other children, knowing she could trust them to behave − good reasonable children − you are different!" 25 This cut me to the quick. For years I had spells of crying about it. Then by and by I had a sweetheart. He wanted me to love him and I couldn’t, but one day I almost did − he found me crying and coaxed. "Tell me." I told him what my big sister had said. He came close and whispered in my ear, "Don’t cry, little 30 girl. If you were the naughtiest, you can bet your mother loved you a tiny bit the best − that's the way mothers are." CARR, Emily. Growing pains. Vancouver: Douglas & McIntyre, 2005. "then we went again through our gate, locked the world out, and went back to the others." (l. 17-18) Identifique a que se refere o pronome we. Com base no primeiro parágrafo do texto 1, indique, também, a que se refere o termo the others. Gabarito: (Resolução oficial) "We": a autora do texto e sua mãe. "The others": o pai e os irmãos da autora do texto. Resolução: Questão 15 Texto 1 Diga trinta e três 1 Trinta e três. Quem diria. A adolescência foi na última quinta, ainda há resquícios dela na estante de CDs, no seu vocabulário, num canto do armário – uma camisa xadrez que não vê a luz do sol desde um show do Faith No More, em 1997 –, mas são resquícios. Vez ou outra você está no supermercado, comprando saco de lixo, queijo minas light e amaciante, e vê uma turma de garotos e garotas carregando 5 garrafas de Smirnoff Ice e sacolas de Doritos. Você olha para as franjas lambidas dos meninos, para os piercings das meninas e percebe, meio assustado, que aquele é um mundo distante. Sente alguma vergonha do seu carrinho. ?Diga trinta e três: trinta e três. Diga: o que você fez? A essa altura da estrada, uma parada é inevitável. Você desce do carro, contempla a vista do mirante. Não é um olhar para trás, como devem fazer? 10 ?os velhos, ao fim da vida – ou devem evitar fazê-lo, dependendo –, mas um olhar em volta: isso aqui sou eu. Daqui pra frente, não vai mudar muito, vai? Já deu tempo de descobrir que você não é um gênio da matemática, nem um fenômeno da ginástica olímpica.? Trinta e três anos. A idade de Cristo, alguém diz, e você logo pensa, repetindo um dos cacoetes de sua faixa etária: o que ele já tinha alcançado com a minha idade? Bom, tinha transformado água? 15 ?em vinho, multiplicado peixes e pães, andado sobre as águas, levantado defuntos e conquistado uma multidão de fiéis em toda Judeia, Galileia, Samaria, Efraim e arredores. E você, que não tem nem casa própria? Também, naquele tempo era mais fácil – você tenta se consolar –, não tinha tanta concorrência e, oras, o cara era filho de Deus, o que não só abre portas, abre até o mar Vermelho! Mas você se compara, mesmo assim: Jesus deve ter andado sobre as águas com o quê? Dezessete? Orson Welles fez Cidadão? 20 ?Kane com vinte e cinco. Rimbaud escreveu toda a obra atéos dezenove! E você tão feliz por ter conseguido mais quinze seguidores no Twitter...? (O lance do mar Vermelho... Foi com Jesus ou com Moisés? Céus, trinta e três anos e você não sabe uma coisa dessas? Será que um dia vai saber? Quando tem treze, ou vinte e três, acha que uma hora vai aprender tudo o que não sabe, basta ficar parado que as coisas naturalmente virão e entrarão na 25 ?sua cabeça. Agora você percebe que talvez passe a vida ignorando certos assuntos. Mar Vermelho. As regras do gamão. Francês.)? Pense: um homem. Pense: uma mulher. Adultos, no sentido mais abstrato, como um casal num livro de inglês ou num vídeo de normas de segurança do Detran. Espécimes maduros do Homo sapiens sapiens: eles devem ter a sua idade. Talvez tenham filhos. Você tem filhos, ou ainda não? Repare no “ainda 30 não”, pois, de todas as coisas que você não conquistou até agora, há que saber discernir entre as que podem vir acompanhadas por um “ainda não” e aquelas das quais é melhor desistir. Andar sobre as águas, gênio da matemática, fenômeno da ginástica olímpica: não é pra todo mundo. E aos trinta e três anos, meu chapa, é hora de admitir: você é todo mundo. Sei que é difícil. Viu filmes da Sessão da Tarde demais, propagandas da Nike demais, foi mimado demais para admitir que Deus não passou mais tempo moldando a sua forma do 35 que a do vizinho do 71. É a não compreensão desse banal infortúnio que faz com que haja em tantos rostos de sua idade um brilho opaco, um fungo que brota onde o sol não bate forte o suficiente: o ressentimento. Acredite em mim: aos trinta e três anos, de Jesus pra baixo, todo mundo é ressentido. Não é que as pessoas vivam vidas ruins, as aspirações é que são muito altas. A Sessão da Tarde, as propagandas da Nike... Seu emprego é bom, mas o salário é ruim. O salário é bom, mas o chefe é mala. O chefe é você, 40 mas os prazos não te dão sossego. Sempre tem um cunhado que ganha mais, um vizinho cuja grama é mais verde, o próximo cuja mulher é mais fornida; Jesus, aos trinta e três, o Orson Welles, aos vinte e cinco – e o mau exemplo do Rimbaud eu nem comento. Trinta e três anos. Você para. Desce do carro. Olha em volta. Você é o que queria ser quando crescesse? Não exatamente? Por que não? Será que dá pra mudar? Quanto dá pra mudar? 45 É preciso achar lugar no peito para as frustrações. É preciso lidar com o ressentimento e não deixar, em hipótese alguma, que ele se transforme em cinismo – se ressentimento é fungo, cinismo é ferrugem. Agora volte para o carro e siga em frente. Se tudo der certo, você não está nem na metade do caminho. Diga trinta e três: trinta e três. Quem diria. PRATA, Antonio. Meio intelectual, meio de esquerda. São Paulo: Editora 34, 2010, p. 170-172. Texto 2 Pneumotórax Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: – Diga trinta e três. – Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . . – Respire. .............................................................................................. – O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. – Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? – Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 16. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 2000. p. 128. No segundo verso do poema (texto 2) lê-se: "A vida inteira que podia ter sido e que não foi". Como podemos relacionar essa frase ao texto 1? Gabarito: (Resolução oficial) Ambos os textos falam sobre o que a personagem não conseguiu fazer ao longo de sua vida. No primeiro texto, ele se sente frustrado por se dar conta da efemeridade da vida e assim, não realizar coisas significativas, e na frase citada, tendo em vista seu quadro clínico, a personagem se ressente do que não poderá mais fazer. Resolução: Questão 16 Texto 1 Diga trinta e três 1 Trinta e três. Quem diria. A adolescência foi na última quinta, ainda há resquícios dela na estante de CDs, no seu vocabulário, num canto do armário – uma camisa xadrez que não vê a luz do sol desde um show do Faith No More, em 1997 –, mas são resquícios. Vez ou outra você está no supermercado, comprando saco de lixo, queijo minas light e amaciante, e vê uma turma de garotos e garotas carregando 5 garrafas de Smirnoff Ice e sacolas de Doritos. Você olha para as franjas lambidas dos meninos, para os piercings das meninas e percebe, meio assustado, que aquele é um mundo distante. Sente alguma vergonha do seu carrinho. ?Diga trinta e três: trinta e três. Diga: o que você fez? A essa altura da estrada, uma parada é inevitável. Você desce do carro, contempla a vista do mirante. Não é um olhar para trás, como devem fazer? 10 ?os velhos, ao fim da vida – ou devem evitar fazê-lo, dependendo –, mas um olhar em volta: isso aqui sou eu. Daqui pra frente, não vai mudar muito, vai? Já deu tempo de descobrir que você não é um gênio da matemática, nem um fenômeno da ginástica olímpica.? Trinta e três anos. A idade de Cristo, alguém diz, e você logo pensa, repetindo um dos cacoetes de sua faixa etária: o que ele já tinha alcançado com a minha idade? Bom, tinha transformado água? 15 ?em vinho, multiplicado peixes e pães, andado sobre as águas, levantado defuntos e conquistado uma multidão de fiéis em toda Judeia, Galileia, Samaria, Efraim e arredores. E você, que não tem nem casa própria? Também, naquele tempo era mais fácil – você tenta se consolar –, não tinha tanta concorrência e, oras, o cara era filho de Deus, o que não só abre portas, abre até o mar Vermelho! Mas você se compara, mesmo assim: Jesus deve ter andado sobre as águas com o quê? Dezessete? Orson Welles fez Cidadão? 20 ?Kane com vinte e cinco. Rimbaud escreveu toda a obra até os dezenove! E você tão feliz por ter conseguido mais quinze seguidores no Twitter...? (O lance do mar Vermelho... Foi com Jesus ou com Moisés? Céus, trinta e três anos e você não sabe uma coisa dessas? Será que um dia vai saber? Quando tem treze, ou vinte e três, acha que uma hora vai aprender tudo o que não sabe, basta ficar parado que as coisas naturalmente virão e entrarão na 25 ?sua cabeça. Agora você percebe que talvez passe a vida ignorando certos assuntos. Mar Vermelho. As regras do gamão. Francês.)? Pense: um homem. Pense: uma mulher. Adultos, no sentido mais abstrato, como um casal num livro de inglês ou num vídeo de normas de segurança do Detran. Espécimes maduros do Homo sapiens sapiens: eles devem ter a sua idade. Talvez tenham filhos. Você tem filhos, ou ainda não? Repare no “ainda 30 não”, pois, de todas as coisas que você não conquistou até agora, há que saber discernir entre as que podem vir acompanhadas por um “ainda não” e aquelas das quais é melhor desistir. Andar sobre as águas, gênio da matemática, fenômeno da ginástica olímpica: não é pra todo mundo. E aos trinta e três anos, meu chapa, é hora de admitir: você é todo mundo. Sei que é difícil. Viu filmes da Sessão da Tarde demais, propagandas da Nike demais, foi mimado demais para admitir que Deus não passou mais tempo moldando a sua forma do 35 que a do vizinho do 71. É a não compreensão desse banal infortúnio que faz com que haja em tantos rostos de sua idade um brilho opaco, um fungo que brota onde o sol não bate forte o suficiente: o ressentimento. Acredite em mim: aos trinta e três anos, de Jesus pra baixo, todo mundo é ressentido. Não é que as pessoas vivam vidas ruins, as aspirações é que são muito altas. A Sessão da Tarde, as propagandas da Nike... Seu emprego é bom, mas o salário é ruim. O salário é bom, mas o chefe é mala. O chefe é você, 40 mas os prazos não te dão sossego. Sempre tem um cunhado que ganha mais, um vizinho cuja grama é mais verde, o próximo cuja mulher é mais fornida; Jesus, aos trinta e três, o Orson Welles, aos vinte e cinco – e o mau exemplo do Rimbaud eu nem comento. Trinta e três anos. Você para. Desce do carro. Olha em volta. Você é o que queria ser quando crescesse? Não exatamente?Por que não? Será que dá pra mudar? Quanto dá pra mudar? 45 É preciso achar lugar no peito para as frustrações. É preciso lidar com o ressentimento e não deixar, em hipótese alguma, que ele se transforme em cinismo – se ressentimento é fungo, cinismo é ferrugem. Agora volte para o carro e siga em frente. Se tudo der certo, você não está nem na metade do caminho. Diga trinta e três: trinta e três. Quem diria. PRATA, Antonio. Meio intelectual, meio de esquerda. São Paulo: Editora 34, 2010, p. 170-172. Texto 2 Pneumotórax Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: – Diga trinta e três. –Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . . – Respire. .............................................................................................. – O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. – Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? – Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 16. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira. 2000. p. 128. Nos textos 1 e 2, os autores empregaram a frase “Diga trinta e três”. Quais são os sentidos atribuídos a ela em cada texto? Gabarito: (Resolução oficial) No primeiro texto, a frase “Diga trinta e três” convida a personagem a refletir sobre a idade e sua trajetória de vida até então. No segundo texto, em um contexto de exame médico, a frase em questão é repetida pelo eu lírico a pedido do médico, com o objetivo de examinar a personagem, verificando possíveis problemas respiratórios. Resolução: Questão 17 Texto 1 Pneumotórax Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. A vida inteira que podia ter sido e que não foi. Tosse, tosse, tosse. Mandou chamar o médico: – Diga trinta e três. – Trinta e três . . . trinta e três . . . trinta e três . . . – Respire. .............................................................................................. – O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. – Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? – Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino. BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 16. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira. 2000. p. 128. Texto 3 Disponível em: . Relacione o emprego do advérbio “ainda” na peça publicitária mencionada ao tema do texto 1. Gabarito: (Resolução oficial) No texto 1, a última fala do doutor remete à condição terminal do doente, sendo o "tango argentino" a prescrição irônica para que este aproveite os últimos dias de vida que lhe restam. O emprego do advérbio "ainda", na peça publicitária, revela o pressuposto de que, antes que seja tarde, é fundamental precaver-se contra doenças e acidentes fatais. Resolução: Questão 18 Texto 1 Nova data? Escola não libera muçulmanos para festa religiosa Diretor afirmou que aqueles que não comparecessem às aulas levariam falta 1 Nesta quinta-feira (24), a religião Islã comemora a Festa do Sacrifício, uma das datas religiosas mais importantes para os muçulmanos. Apesar do feriado religioso, uma escola no Reino Unido não liberou seus alunos das aulas e informou que aqueles que não comparecessem levariam falta. As informações são do Independent. 2 Normalmente, em feriados religiosos, as escolas tendem a dar uma "falta autorizada" aos alunos de determinada religião. No entanto, a instituição afirmou aos pais que os alunos muçulmanos não seriam liberados e poderiam comemorar a data na sexta-feira (25), quando a escola estará fechada pra um treinamento dos professores. "Sexta-feira não significa nada. O Eid al-Adha (Festa do Sacrifício) é na quinta", disse a mãe de uma das alunas da escola, que estranhou a decisão da instituição, já que as crianças normalmente são liberadas. 3 A carta enviada pela diretoria aos pais dizia: "Nós permitimos que os estudantes registrados como muçulmanos tenham um dia de falta autorizada para celebrar a ocasião. A sexta-feira, 25 de setembro, quando a Academia estará fechada para alunos, foi reservada para isso. Nesse dia todos os alunos terão direito a uma falta autorizada". 4 Muitos pais ficaram insatisfeitos e alunos não foram à escola, apesar da posição da diretoria. No feriado da Festa do Sacrifício, os muçulmanos reservam o dia para rezar, trocar presentes e comemorar com a família e amigos. Disponível em: . Texto 2 Menina vítima de intolerância religiosa diz que vai ser difícil esquecer pedrada Criança é do candomblé e foi agredida na saída do culto. Avó iniciou campanha na internet e recebeu apoio de amigos. 1 A marca da violência está na cabeça da menina de 11 anos que foi agredida no Subúrbio do Rio por intolerância religiosa, mas esta não é a maior cicatriz. “Achei que ia morrer. Eu sei que vai ser difícil. Toda vez que eu fecho o olho eu vejo tudo de novo. Isso vai ser difícil de tirar da memória”, afirmou Kailane Campos, que é candomblecista e foi apedrejada na saída de um culto. Ela deu a declaração em entrevista ao 2 RJTV desta terça-feira (16). A garota foi agredida no último domingo (14) e, segundo a avó, que é mãe de santo, todos estavam vestidos de branco, porque tinham acabado de sair do culto. Eles caminhavam para casa, na Vila da Penha, quando dois homens começaram a insultar o grupo. Um deles jogou uma pedra, que bateu num poste e depois atingiu a menina. 3 “O que chamou a atenção foi que eles começaram a levantar a Bíblia e a chamar todo mundo de ‘diabo’, ‘vai para o inferno’, ‘Jesus está voltando’", afirmou a avó da menina, Káthia Marinho. Na delegacia, o caso foi registrado como preconceito de raça, cor, etnia ou religião e também como lesão corporal, provocada por pedrada. Os agressores fugiram num ônibus que passava pela Avenida Meriti, no mesmo bairro. A polícia, agora, busca imagens das câmeras de segurança do veículo para tentar identificar 4 os dois homens. A avó da criança lançou uma campanha na internet e tirou fotos segurando um cartaz com as frases: “Eu visto branco, branco da paz. Sou do candomblé, e você?”. A campanha recebeu o apoio de amigos e pessoas que defendem a liberdade religiosa. Uma delas escreveu: “Mãe Kátia, estamos juntos nessa”. 5 Iniciada no candomblé há mais de 30 anos, a avó da garota diz que nunca havia passado por uma situação como essa. Disponível em:. Os textos 1 e 2 têm um tema em comum. Qual é esse tema? Justifique sua resposta. Gabarito: (Resolução oficial) Os dois textos noticiam casos de intolerância religiosa. No Texto 1, a intolerância é cometida quando uma escola nega o direito de que seus alunos muçulmanos faltem aula para comemorarem um dia sagrado para eles. No Texto 2, não só há intolerância moral (como no Texto 1), mas, também, chega a haver agressão física, pois uma menina candomblecista é ferida na saída de um culto. Resolução: Questão 19 The Amazon is the greatest river in the world, although not the longest. It has the greatest volume of water of any river, and also the ______ drainage basin – the area where it flows. The streams that feed it start near the Pacific, in the icy heights of the Andes Mountains in Peru. They flow eastwards, across Brazil, joining into bigger and bigger rivers. Eventually, they all unite in the gigantic Amazon, which meets the Atlantic at the equator. Its total length is 6,437 kilometres and it flows through about one- third of South America. Passengers on an ocean liner heading for the mouth of the Amazon might actually meet the river about 320 kilometres from the coast, because the great force of the Amazon sends its waters right out into the Atlantic. Seen from the air, these waters make a long, muddy stain in the sea.Children’s britannica, v. 1, 1973. Adaptado. De acordo com o texto, o rio Amazonas (A) recebe navios transatlânticos ao longo de 320 quilômetros. (B) corre de leste para oeste, chegando até os Andes, no Peru. (C) é o mais extenso do mundo, com 6.437 quilômetros. (D) nasce no Atlântico, próximo à linha do Equador. (E) deságua com tanta força que suas águas não se misturam logo às do mar. Gabarito: E Resolução: De acordo com o texto, o rio Amazonas deságua com tanta força que suas águas não se misturam logo às do mar, podendo ser identificadas a até 320 km da costa do Atlântico ("Passengers on an ocean liner heading for the mouth of the Amazon might actually meet the river about 320 kilometres from the coast, because the great force of the Amazon sends its waters right out into the Atlantic"). Questão 20 The Amazon is the greatest river in the world, although not the longest. It has the greatest volume of water of any river, and also the ______ drainage basin – the area where it flows. The streams that feed it start near the Pacific, in the icy heights of the Andes Mountains in Peru. They flow eastwards, across Brazil, joining into bigger and bigger rivers. Eventually, they all unite in the gigantic Amazon, which meets the Atlantic at the equator. Its total length is 6,437 kilometres and it flows through about one- third of South America. Passengers on an ocean liner heading for the mouth of the Amazon might actually meet the river about 320 kilometres from the coast, because the great force of the Amazon sends its waters right out into the Atlantic. Seen from the air, these waters make a long, muddy stain in the sea. Children’s britannica, v. 1, 1973. Adaptado. A palavra “Eventually”, na quarta frase do primeiro parágrafo, pode ser substituída, sem mudança de sentido na frase, por (A) turning out. (B) at once. (C) going away. (D) at last. (E) getting on. Gabarito: D Resolução: A palavra “eventually”, na quarta frase do primeiro parágrafo, pode ser substituída por "at last", mantendo-se o sentido de "afinal".a contar isso tudo” (linhas 148-149) / Quando se formou a roda de vizinhos, o menino voltou a contar isso tudo. D) “Antes de sair para o trabalho, o homem ruivo costumava ficar algum tempo olhando o passarinho, que desatava a cantar.” (linhas 86-88) / Antes que saísse para o trabalho o homem ruivo costumava ficar algum tempo olhando o passarinho que desatava a cantar. Gabarito: D Resolução: Na frase original, a autora utiliza uma oração subordinada adverbial em sua forma reduzida, e a expressão grifada utiliza o mesmo tipo de oração em sua forma desenvolvida, sendo que ambas as formas são previstas e aceitas pela norma culta. A alternativa D, portanto, está correta. Na alternativa A, a autora prefere a repetição do termo passarinho ao invés da retomada do mesmo pelo pronome relativo, como sugere a sintaxe tradicional. Em B, ela opta por separar a segunda oração (coordenada adversativa) da primeira (coordenada assindética), sendo que a sintaxe tradicional separaria tais orações com vírgula. Em C, a autora quebra a regra de colocação pronominal segundo a qual a conjunção temporal "quando" serviria como fator de atração para o pronome oblíquo "se", determinando a próclise. Questão 2 Texto I 5 Uma mesa cheia de feijões. O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão. O primeiro gesto é bem mais simples e pede menos tempo que o segundo. 10 Se em vez da mesa fosse um território, em lugar de feijões estariam pessoas. Juntar todas as pessoas num montão único é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas. O primeiro gesto, o de reunir, aunar, tornar uno todas 15 as pessoas de um mesmo território, é o processo da CIVILIZAÇÃO. O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização, é o processo da CULTURA. É mais difícil a passagem da civilização para a cultura 20 do que a formação de civilização. A civilização é um fenômeno colectivo. A cultura é um fenômeno individual. Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura. Almada Negreiros Vocabulário aunar – juntar em um todo; unir Texto II O dia em que nós formos inteiramente brasileiros e só brasileiros a humanidade estará rica de mais uma raça, rica de uma nova combinação de qualidades humanas. As raças humanas são acordes musicais (...) Quando realizarmos o nosso acorde, então seremos usados na harmonia da civilização. Mário de Andrade Assinale a alternativa que correlaciona, quanto ao sentido do termo “civilização”, o fragmento de Mário de Andrade (texto II) com o fragmento de Almada Negreiros (texto I). (A) O texto II personaliza individualmente o termo “civilização”, tornando-o sinônimo do conceito de “cultura” como ocorre no texto I. (B) O texto I se vale da metáfora do “acorde musical” para especificar o conceito de “civilização” como um fenômeno individual como se apresenta no texto I. (C) O texto I emprega “juntar feijões em uma mesa”, enquanto o texto I emprega “realizarmos o nosso acorde”, ambos para designar as ações que transformam indivíduos em um conjunto maior que se pode chamar de “civilização”. (D) O texto I considera que “cultura” significa personalizar cada ser que pertence a uma “civilização”, enquanto o texto III afirma que “civilização” tem limites territoriais como “cultura”. (E) O texto III aponta que “civilização” é algo que vai além do território nacional, enquanto o texto I aponta que o termo “cultura” designa um fenômeno que vai muito além do individual. Gabarito: C Resolução: A afirmação presente em C é a única correta, pois de fato os textos I e III se utilizam de metáforas diferentes (“juntar feijões em uma mesa” e “realizarmos o nosso acorde”) para se referirem ao processo da civilização, que envolve a coletividade. Questão 3 Texto I 5 Uma mesa cheia de feijões. O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão. O primeiro gesto é bem mais simples e pede menos tempo que o segundo. 10 Se em vez da mesa fosse um território, em lugar de feijões estariam pessoas. Juntar todas as pessoas num montão único é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas. O primeiro gesto, o de reunir, aunar, tornar uno todas 15 as pessoas de um mesmo território, é o processo da CIVILIZAÇÃO. O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização, é o processo da CULTURA. É mais difícil a passagem da civilização para a cultura 20 do que a formação de civilização. A civilização é um fenômeno colectivo. A cultura é um fenômeno individual. Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura. Almada Negreiros Vocabulário aunar - juntar em um todo; unir Texto II 5 Pasolini foi o mais aguerrido defensor da diferença, ao detectar uma verdadeira mutação antropológica do mundo moderno: a condição humana e a condição burguesa passavam tristemente a coincidir. Tratava-se de um poder invisível, diluído e onipresente. Tudo se tornava 10 igual a tudo em todo lugar. Era a melancolia da semelhança, inspirando boa parte de seus desesperados Escritos corsários. Era o fascismo de consumo que devastava a singularidade das culturas. Era o fim dos substratos sagrados, como vemos acontecer em Medeia. 15 O sujeito dava espaço ao consumidor. O corpo passava à condição de mercadoria. Uma erotomania generalizada a braços dados com o bom-mocismo desenxabido do politicamente correto. Toda razão para Garaudy: o Ocidente é um acidente. Um acidente que se imagina universal. 20 Tanto assim que, de Roma a Nova York, de Buenos Aires a Paris, Pasolini deparava-se com jovens cada vez mais parecidos entre si, a um só tempo infelizes e orgulhosos, mesquinhos e arrivistas. Em Isfahan, por exemplo, muitos começavam a usar um corte de cabelo à europeia. Para 25 dizer que não eram iguais aos bárbaros, aos mortos de fome dos arredores: “somos burgueses, eis aqui nossos cabelos compridos, que provam nossa modernidade internacional de privilegiados.” Recusavam a própria cultura para ingressar — acéfalos — no submundo da modernidade. Quem poderá pressentir a profundidade do abismo que os ameaça ou a tristeza que os cerca? Quem os poderá salvar de si mesmos? Marco Lucchesi Vocabulário Medeia - personagem da mitologia grega erotomania - exageração, às vezes mórbida, dos sentimentos amorosos e do fascínio por contatos sexuais; mania de sexo Garaudy - Roger Garaudy, pensador francês Isfahan - cidade no Irã Texto III O dia em que nós formos inteiramente brasileiros e só brasileiros a humanidade estará rica de mais uma raça, rica de uma nova combinação de qualidades humanas. As raças humanas são acordes musicais (...) Quando realizarmos o nosso acorde, então seremos usados na harmonia da civilização. Mário de Andrade Assinale a alternativa que apresenta comentário adequado a um dos fragmentos dos textos I e II, com base em aspectos sintáticos, morfológicos e semânticos. (A) Pasolini foi o mais aguerrido defensor da diferença, ao detectar uma verdadeira mutação antropológica do mundo moderno: a condição humana e a condição burguesa passavam tristemente a coincidir. (texto II, linhas 1-4) Comentário: O uso dos dois pontos interfere ironicamente no esclarecimento do que foi enunciado. (B) O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão. (texto I, linhas 2-3) Comentário: O emprego da conjunção coordenativa “E” implica sempre a obrigatoriedade do uso do ponto final na oração anterior. (C) Uma erotomania generalizada a braços dados com o bom-mocismo desenxabido do politicamente correto. (texto II, linhas 12-14) Comentário: A expressão “politicamente correto” está em processo de gramaticalização e, no fragmento, constitui uma locução de valor conjuntivo. (D) O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização é o processo da CULTURA. (texto I, linhas 13-14) Comentário: O emprego do pronome demonstrativo “o” apresenta uma função coesiva, quecaracteriza, no fragmento, o termo determinante do substantivo. (E) Tanto assim que, de Roma a Nova York, de Buenos Aires a Paris, Pasolini deparava-se com jovens cada vez mais parecidos entre si, a um só tempo infelizes e orgulhosos, mesquinhos e arrivistas. (texto II, linhas 16-19) Comentário: A locução conjuntiva explicativa “tanto assim que” introduz argumentos para uma opinião anteriormente expressa. Gabarito: E Resolução: Apenas a alternativa E está correta, pois de fato a locução conjuntiva "tanto assim que" introduz argumentos para uma opinião anteriormente exprime. Essa locução expressa o sentido de consequência. Em A, o uso dos pontos não revela nenhuma interferência irônica no esclarecimento realizado. Eles apenas sinalizam com ênfase a introdução desse esclarecimento. Em B, o uso da conjunção "E" não implica a obrigatoriedade do uso de ponto final na oração anterior. Aliás, o mais comum é que não haja esse ponto e que as duas orações se somem em um único período. Em C, a expressão "politicamente correto" é correntemente usada em nossa língua e não constitui uma locução conjuntiva, mas tem valor de substantivo, vindo determinada pelo artigo. E em D, o pronome demonstrativo "o" caracteriza, no fragmento, não o determinante, mas o próprio substantivo "gesto". Questão 4 Texto I 5 O homem pensa ter na Cidade a base de toda a sua grandeza e só nela tem a fonte de toda a sua miséria. Vê, Jacinto! Na Cidade perdeu ele a força e beleza harmoniosa do corpo, e se tornou esse ser ressequido e escanifrado ou obeso e 10 afogado em unto, de ossos moles como trapos, de nervos trêmulos como arames, com cangalhas, com chinós, com dentaduras de chumbo, sem sangue, sem fibra, sem viço, torto, corcunda — esse ser em que Deus, espantado, 15 mal pôde reconhecer o seu esbelto e rijo e nobre Adão! Na Cidade findou a sua liberdade moral: cada manhã ela lhe impõe uma necessidade, e cada necessidade o arremessa para uma 20 dependência: pobre e subalterno, a sua vida é um constante solicitar, adular, vergar, rastejar, aturar; rico e superior como um Jacinto, a sociedade logo o enreda em tradições, preceitos, etiquetas, cerimônias, praxes, ritos, serviços mais 25 disciplinares que os de um cárcere ou de um quartel... A sua tranquilidade (bem tão alto que Deus com ela recompensa os santos) onde está, meu Jacinto? Sumida para sempre, nessa batalha desesperada pelo pão ou pela fama, ou pelo poder, ou pelo gozo, ou pela fugidia rodela de ouro! Eça de Queiroz Vocabulário escanifrado - magro, enfraquecido unto - gordura chinós - cabeleira postiça, peruca Texto II 5 Este grafite está estampado ali no Parque dos Patins, um lugar muito frequentado pelo público infantil, na Lagoa Rodrigo de Freitas no Rio. Veja só. É uma mulher fantasiada, com um fuzil atravessado nas costas, uma metralhadora na mão esquerda e uma pistola na direita. Lá no fundo, dá para ver o morro do Corcovado e o Cristo Redentor. Deve haver quem ache que é arte de rua. A coluna acha um horror. É apenas mais um retrato que emporcalha a paisagem carioca. Com todo respeito. Anselmo Gois. O Globo, 29 jun. 2010. Quanto à construção linguística do texto I e a legenda do texto II, pode-se afirmar que (A) a progressão das ideias nos dois textos se efetiva por um narrador de primeira pessoa, enunciado como personagem “Jacinto” (texto I) e um narrador de terceira pessoa referido de modo genérico como uma “coluna” de jornal (texto II). (B) a interlocução se apresenta diferentemente nos dois textos: como um substantivo “Jacinto” (texto I, linha 3) e como desinência de terceira pessoa do singular do modo imperativo em “Veja só.” (texto II, linha 3) em referência à pessoa com quem se fala. (C) o emprego do pronome pessoal “lhe” (texto I, linha 14) referindo-se a “homem” aproxima o narrador do leitor; o emprego do pronome demonstrativo “este” e do advérbio “ali” (texto II, linha 1) aproximam espacialmente o narrador da imagem destacada no grafite. (D) o uso da vírgula marca a enumeração de verbos substantivados (texto I, linhas 17-18); a vírgula usada na descrição da mulher fantasiada (texto II, linha 3) encadeia a enumeração de ações simultâneas. (E) a palavra “Cidade” escrita com maiúscula (texto I, linha 1) produz um sentido de especificidade; a expressão “Parque dos Patins” (texto II, linha 1), com maiúsculas, nomeia um substantivo de valor irrestrito. Gabarito: B Resolução: O problema da alternativa A consiste no fato de que, nos dois textos, o foco narrativo é de terceira pessoa, não de primeira. Quanto à afirmação de C, o pronome "lhe" não aproxima o narrador do leitor, mas serve para fazer referência ao protagonista; do mesmo modo, o pronome "este" e o advérbio "ali" não servem para aproximar o narrador da imagem, mas sim para localizar o leitor em relação à imagem comentada. Quanto à alternativa D, ela está incorreta, pois as vírgulas presentes na linha 3 do texto II servem para enumerar as características da mulher fantasiada, e não suas ações. A alternativa E está incorreta, pois a palavra Cidade está escrita com maiúscula por ser tomada em sentido absoluto, como personagem da história. Além disso, a expressão "Parque dos Patins" está escrita com maiúsculas por referir-se ao nome próprio do lugar onde se encontra a imagem comentada. Questão 5 Texto 1 Texto 2 Palmadinha fora de lei Carolina Romanini Alexandre Salvador Naiara Magalhães (...) O presidente Lula assinou um projeto de lei que modifica o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 18. Pelo novo texto, fica vedado aos pais usar castigos corporais de 5 qualquer tipo na educação dos filhos. Um parágrafo define o castigo corporal como “ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso de força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente”. De acordo com a nova lei, que 10 ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional, o pai ou mãe que, por exemplo, der uma palmada na mão do filho que insiste em enfiar o dedo na tomada elétrica poderá se sujeitar a penas que variam da advertência à obrigatoriedade de se 15 submeter a acompanhamento psicológico ou programas de orientação à família. A alteração no texto do estatuto tem raízes num projeto de lei apresentado em 2003 pela deputada Maria do Rosário (PT-RS) e rejeitado 20 pelo Legislativo. A proposta da deputada surgiu a partir de uma pesquisa realizada ao longo de trinta anos pela Universidade de São Paulo com crianças que sofriam castigos físicos na infância. O estudo apontou que elas chegavam à vida adulta 25 traumatizadas e se mostravam mais agressivas em situações corriqueiras do dia a dia. “Esse projeto é 100% preventivo. A intenção não é punir pais e familiares. Queremos, apenas, que as pessoas estejam alertas para as consequências desse tipo 30 de ato”, diz Maria do Rosário. A intenção é boa, mas a nova lei antipalmada levanta uma série de questionamentos de ordem legal e cultural. Em primeiro lugar, para combater castigos físicos severos, a lei é redundante. O 35 Código Penal e o Código Civil já contêm artigos que punem os maus-tratos. (...) A nova lei suscita, ainda, a questão sobre até que ponto o estado tem direito de intervir no que se passa dentro dos lares. Ninguém de bom-senso defende o 40 espancamento de crianças – mas será desejável que o estado legisle sobre a palmadinha, que muitos pais ainda consideram positiva do ponto de vista pedagógico, apesar de todas as condenações da psicologia moderna? “A lei 45 confronta o poder familiar, que é o direito do pai e da mãe de exercer sua autoridade”, diz a advogada Renata di Pierro, especialista em direito de família. (...) A psicóloga Jonia Lacerda, do Instituto 50 de Psiquiatria da USP, pondera que, no caso de criança muito pequena, lançar um olhar mais duro, segurá-la pelo braço ou mesmo dar um tapa leve no bumbum pode ser mais adequado e eficiente que discorrer durante horas sobre uma 55 regra queela infringiu. Diz Jonia: “A criança de até 5 anos ainda não tem plena capacidade intelectual para entender conceitos abstratos. Para ela, a linguagem corporal, muito mais direta e clara que a verbal, pode ser mais apropriada em 60 algumas situações”. (...) De acordo com a psicóloga Marilda Lipp, professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, (...) a palmada passa a ser um problema quando se torna a principal forma de 65 comunicação dos pais com os filhos. Quando o pai ou a mãe se excedem no uso do tapinha na mão ou no bumbum – um risco na fase em que as crianças tendem a se tornar desafiadoras e irônicas, entre os 3 e os 5 anos de idade –, o 70 recurso perde a função pedagógica e se torna apenas uma maneira de os pais descarregarem a própria raiva. Os especialistas ressaltam que a violência física contra meninos e meninas deve, obviamente, ser evitada. Mas consideram que o 75 texto agora incorporado ao Estatuto da Criança e do Adolescente, além de exagerar ao proibir castigos leves e pedagógicos, cria a ilusão de que toda e qualquer violência contra menores de idade será coibida. Diz a educadora Guiomar Mello: 80 “Há outros tipos de violência mais sutis, como a pressão psicológica, a chantagem emocional e a expectativa exagerada sobre os filhos, que podem causar tanto sofrimento quanto a agressão física”. (...) Texto adaptado da Revista Veja. São Paulo: Abril, ano 43, n. 29, 21 jul. 2010, p. 87-92. Texto 3 Dói mais do que você pensa Geraldinho Vieira Marque com um X as alternativas que são usadas na sua casa para dar um jeito naquele moleque que não obedece, que lhe responde ... naquele menino que, afinal, precisa de limites: 5 ( ) palmadas e puxões de orelhas; ( ) tapa na cabeça, tapa na bunda e tapa na cara; ( ) só uns tapinhas; ( ) murro, cascudos e beliscões; 10 ( ) chinelada, surra de cinto e chute na bunda; ( ) xingamentos,humilhações, gritos e insultos; ( ) corte da mesada, quarto escuro, trancar no banheiro; ( ) não dar ouvidos; 15 ( ) a mão erguida; ( ) o olhar fulminante. Muito bem, nada de “jujubas, caramelos, sundae de chocolate”, como canta Marisa Monte. O negócio é “palmada, cascudo, fica quieto 20 menino!”. Se você andou marcando X na lista acima, não se sinta só, não pense que é só na sua casa: 42% dos peruanos, 67% dos venezuelanos, 45% dos uruguaios e 68% dos argentinos também ajudam a forjar crianças agressivas e deprimidas, 25 que amanhã serão os adultos da guerra, da intolerância, do autoritarismo. E essas crianças vão castigar suas crianças e a gente vai seguindo com cara de quem não sabe por que é que assim caminha a humanidade ... É a chamada 30 “transmissão geracional da violência”. (...) Pode ser que você volte à lista e pense “bom, na verdade aqui em casa só usamos umas formas mais lights, porque afinal de contas ...”. É, né?! A maior parte das pessoas tem mesmo dificuldade 35 em reconhecer tais atos como violência. Pais e mães acreditam que estão batendo para educar, acham que “crianças que não apanham ficam sem limites”, mas se esquecem de que estão utilizando a mesma justificativa para conter ou punir a 40 violência das crianças quando estas apresentam comportamento agressivo: a criança apanha porque bateu no irmão! (...) Mas, como as crianças se sentem quando são castigadas? O que se passa com elas quando ficam 45 presas em quartos escuros ou são humilhadas? Elas são capazes de entender por que os pais as agridem (mesmo quando dizem bater para educar)? Um estudo realizado pelo Instituto Promundo 50 (RJ) ouviu 600 pais e 65 crianças em três comunidades cariocas para compreender melhor como eles percebem o fenômeno dos castigos físicos e humilhantes. A maioria delas admitiu sentir medo, tristeza e raiva quando sujeitadas à 55 punição física ou humilhante. De novo, nada de jujubas e caramelos: tristeza e infelicidade; depressão e dor; raiva e rejeição; menosprezo e marginalização; humilhação; impotência (não podem revidar). 60 Nas entrevistas, segundo informe da Agência de Notícias dos Direitos da Infância, “muitas crianças disseram ficar muito ressentidas nos momentos em que sentem que seus pais não as escutam nem levam seus desejos em 65 consideração. Além de uma escuta atenta por parte de pai e mãe, muitas descreveram tentativas desesperadas de tentar se fazer ouvir pelos adultos”. Sabe-se que o castigo físico, quando aplicado 70 por um longo período, não surte mais o efeito desejado pelos adultos, ou seja, o comportamento infantil indesejado segue acontecendo. O que as crianças afirmam é que nem lembram o motivo pelo qual foram castigadas. Na verdade, as 75 vítimas tendem a perder a concentração nos estudos e aumentam as possibilidades de se tornarem pessoas agressivas, competidoras e com predisposição a desenvolver, no futuro, relações violentas. (...) Texto adaptado. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2010. Assinale o que for correto a respeito das funções da linguagem presentes nos textos 1, 2 e 3. 01) O primeiro parágrafo do texto 2 (linhas 1-16) tem a função referencial ou denotativa como predominante, uma vez que, nesse trecho, a preocupação maior é com a transmissão de informações a respeito de um fato da realidade. 02) Nos textos 1 e 3, o uso de verbos conjugados no imperativo, de adjuntos adverbiais e de substantivos abstratos evidencia a função conativa, cujo propósito é o de persuadir o destinatário, influenciando seu comportamento. 04) As definições, como a que aparece no texto 2 (linhas 5-9), são exemplos da função metalinguística, que é aquela na qual se usa a mensagem para falar da própria mensagem. 08) No texto 3, no trecho “De novo, nada de jujubas e caramelos: tristeza e infelicidade; depressão e dor; raiva e rejeição...” (linhas 55-57), observa-se a expressão das emoções e do estado de espírito do emissor da mensagem e, por isso, esse trecho pode ser interpretado como evidência da função emotiva. 16) No texto 2, as explicações dadas pelas psicólogas Jonia Lacerda (linhas 49-60) e Marilda Lipp (linhas 61-72) e pela educadora Guiomar Mello (linhas 79-83) são exemplos típicos da função fática, já que essa função tem como propósito estabelecer comunicação ou contato com o emissor. Gabarito: 05 Resolução: 01 + 04 = 05 A afirmativa 02 é incorreta, pois somente os verbos no imperativo evidenciam uso de função conativa, cujo propósito é influenciar o receptor da mensagem. A afirmativa 08 está incorreta, já que, no trecho transcrito, não se pode dizer que o emissor expresse suas emoções ou estado de espírito. Ele apenas usa expressões conhecidas de uma música, as quais remetem a uma infância feliz, para associá-las, por oposição, a sentimentos negativos que fazem parte da infância de muitas crianças. Assim, pode-se dizer que, ao empregar uma antítese para expressar sua crítica, o autor faz uso da função poética da linguagem. Quanto à afirmativa 16, as explicações dadas pelas profissionais citadas evidenciam uso da função referencial, uma vez que seu principal propósito é informar os receptores, acrescentando dados específicos sobre o assunto em questão. Questão 6 The alternative which correctly completes the sentence “Without rebellion against the mediocrity and the squalor of life, we would still live in a primitive state, and history …… .” is A) has been stopped. B) will have stopped. C) would have stopped. D) would has stopped. Gabarito: C Resolução: Para acertar esta questão, era preciso reconhecer na sentença um tipo de condicional; no caso, a third conditional (também chamada de type 3). A terceira condição é uma estrutura usada para falar de situações irreais no passado ("em um passado em que não houvesse ocorrido a rebelião contra a mediocridade, a história teria sido diferente"). No exemplo em questão, a condicional se apresentaabreviada, estando sua primeira oração reduziada a "Without rebellion against the mediocrity and the squalor of life". Uma forma desenvolvida da oração pode ajudar a compreender a formação e a escolha pela alternativa C. Em uma paráfrase livre, teríamos: "If the rebellion [...] had not existed, we would stiil live in a primitive state, and history would have stopped". Seguindo a estrutura: If Clause (if + subject + past perfect verb) + Main Clause (subject + would (OR could, OR might) have + past participle) Questão 7 Texto 1 Isso é um assassinato e eu endosso. A autora [da adaptação] quer que a Academia se manifeste. Para ela, vai ser a glória. Mas vários acadêmicos se manifestaram. Eu me manifestei. Há temas em que a instituição não pode se baratear. Essa mulher quer que nós tenhamos essa discussão como se ela estivesse propondo a ressurreição eterna de Machado de Assis, como se ele dependesse dela. Confio na vigilância da sociedade. Vamos para a rua protestar. PIÑON, Nélida. Disponível em: . Texto 2 Não defenderia, jamais, que Secco [autora da adaptação] fosse impedida de realizar seu projeto, mas não me parece que a proposta devesse merecer apoio do Ministério da Cultura e ser realizada com a ajuda de leis que, afinal, transferem impostos para a cultura. Trata-se, na melhor das hipóteses, de ingenuidade; na pior, de excesso de "sagacidade". Não será a adulteração de obras, para torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes, que irá resolver o problema do acesso a textos literários históricos – mesmo porque, adulterados, já terão deixado de ser o que eram. GONÇALVES, Marcos Augusto. Disponível em: . Examine os enunciados: • "Vamos para a rua protestar." (Texto 1) • "Não será a adulteração de obras, para torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes" (Texto 2) O termo "para", em destaque nos enunciados, expressa, respectivamente, sentido de a) movimento e finalidade. b) modo e conformidade. c) tempo e comparação. d) movimento e comparação. e) conformidade e finalidade. Gabarito: A Resolução: Do exame dos trechos em questão, temos que no primeiro a preposição "para" indica movimento em direção a algo ou a algum lugar; no segundo, a mesma preposição estabelece relação de finalidade entre as orações (no caso, semanticamente, a finalidade da "adulteração das obras"). Questão 8 TEXT A library tradition is being refashioned to emphasize early literacy and better prepare young children for school, and drawing many new fans in the process. Among parents of the under-5 set, spots for story time have become as coveted as seats for a hot Broadway show like “Hamilton.” Lines stretch down the block at some branches, with tickets given out on a first-come-first-served basis because there is not enough room to accommodate all of the children who show up. Workers at the 67th Street Library on the Upper East Side of Manhattan turn away at least 10 people from every reading. They have been so overwhelmed by the rush at story time — held in the branch’s largest room, on the third floor — that once the space is full, they close the door and shut down the elevator. “It is so crowded and so popular, it’s insane,” Jacqueline Schector, a librarian, said. Story time is drawing capacity crowds at public libraries across New York and across the country at a time when, more than ever, educators are emphasizing the importance of early literacy in preparing children for school and for developing critical thinking skills. The demand crosses economic lines, with parents at all income levels vying to get in. Many libraries have refashioned the traditional readings to include enrichment activities such as counting numbers and naming colors, as well as music and dance. And many parents have made story time a fixture in their family routines alongside school pickups and playground outings — and, for those who employ nannies, a nonnegotiable requirement of the job. In New York, demand for story time has surged across the city’s three library systems — the New York Public Library, the Brooklyn Public Library, and the Queens Library — and has posed logistical challenges for some branches, particularly those in small or cramped buildings. Citywide, story time attendance rose to 510,367 people in fiscal year 2015, up nearly 28 percent from 399,751 in fiscal 2013. “The secret’s out,” said Lucy Yates, 44, an opera coach with two sons who goes to story time at the Fort Washington Library every week. Stroller-pushing parents and nannies begin to line up for story time outside some branches an hour before doors open. To prevent overcrowding, tickets are given out at the New Amsterdam and Webster branches, both in Manhattan, the Parkchester branch in the Bronx, and a half-dozen branches in Brooklyn, including in Park Slope, Kensington and Bay Ridge. The 67th Street branch keeps adding story times — there are now six a week — and holds sessions outdoors in the summer, when crowds can swell to 200 people. In Queens, 41 library branches are scheduled to add weekend hours this month, and many will undoubtedly include weekend story times. As Joanne King, a spokeswoman for the library explained, parents have been begging for them and “every story time is full, every time we have one.” Long a library staple, story time has typically been an informal reading to a small group of boys and girls sitting in a circle. Today’s story times involve carefully planned lessons by specially trained librarians that emphasize education as much as entertainment, and often include suggestions for parents and caregivers about how to reinforce what children have learned, library officials said. Libraries around the country have expanded story time and other children’s programs in recent years, attracting a new generation of patrons in an age when online offerings sometimes make trips to the book stacks unnecessary. Sari Feldman, president of the American Library Association, said such early-literacy efforts are part of a larger transformation libraries are undergoing to become active learning centers for their communities by offering services like classes in English as a second language, computer skills and career counseling. Ms. Feldman said the increased demand for story time was a product, in part, of more than a decade of work by the library association and others to encourage libraries to play a larger role in preparing young children for school. In 2004, as part of that effort, the association developed a curriculum, “Every Child Ready to Read,” that she said is now used by thousands of libraries. The New York Public Library is adding 45 children’s librarians to support story time and other programs, some of which are run in partnership with the city government. It has also designated 20 of its 88 neighborhood branches, including the Fort Washington Library, as “enhanced literary sites.” As such, they will double their story time sessions, to an average of four a week, and distribute 15,000 “family literacy kits” that include a book and a schedule of story times. “It is clear that reading and being exposed to books early in life are critical factors in student success,” Anthony W. Marx, president of the New York Public Library, said. “The library is playing an increasingly important role in strengthening early literacy in this city, expanding efforts to bring reading to children and their families through quality, free story times, curated literacy programs, after-school programs and more.” For its part, the Queens Library plans to expand a “Kick Off to Kindergarten” program that attracted more than 180 families for a series of workshops last year. Library officials said that more than three- quarters of the children who enrolled, many of whom spoke a language other than English at home, developed measurable classroom skills. Available at: . One of the New York branches continues to add story times and a) has offered meetings outside duringthe summer. b) gives tickets to handicapped children. c) has attracted a new generation of caregivers. d) plans to expand story time to California. Gabarito: A Resolução: Segundo o texto, uma das bibliotecas de Nova Iorque aumenta o número de sessões de contação de histórias devido ao seu sucesso e promove também sessões ao ar livre no verão, juntando até 200 interessados ("The 67th Street branch keeps adding story times — there are now six a week — and holds sessions outdoors in the summer, when crowds can swell to 200 people"). Questão 9 TEXT A library tradition is being refashioned to emphasize early literacy and better prepare young children for school, and drawing many new fans in the process. Among parents of the under-5 set, spots for story time have become as coveted as seats for a hot Broadway show like “Hamilton.” Lines stretch down the block at some branches, with tickets given out on a first-come-first-served basis because there is not enough room to accommodate all of the children who show up. Workers at the 67th Street Library on the Upper East Side of Manhattan turn away at least 10 people from every reading. They have been so overwhelmed by the rush at story time — held in the branch’s largest room, on the third floor — that once the space is full, they close the door and shut down the elevator. “It is so crowded and so popular, it’s insane,” Jacqueline Schector, a librarian, said. Story time is drawing capacity crowds at public libraries across New York and across the country at a time when, more than ever, educators are emphasizing the importance of early literacy in preparing children for school and for developing critical thinking skills. The demand crosses economic lines, with parents at all income levels vying to get in. Many libraries have refashioned the traditional readings to include enrichment activities such as counting numbers and naming colors, as well as music and dance. And many parents have made story time a fixture in their family routines alongside school pickups and playground outings — and, for those who employ nannies, a nonnegotiable requirement of the job. In New York, demand for story time has surged across the city’s three library systems — the New York Public Library, the Brooklyn Public Library, and the Queens Library — and has posed logistical challenges for some branches, particularly those in small or cramped buildings. Citywide, story time attendance rose to 510,367 people in fiscal year 2015, up nearly 28 percent from 399,751 in fiscal 2013. “The secret’s out,” said Lucy Yates, 44, an opera coach with two sons who goes to story time at the Fort Washington Library every week. Stroller-pushing parents and nannies begin to line up for story time outside some branches an hour before doors open. To prevent overcrowding, tickets are given out at the New Amsterdam and Webster branches, both in Manhattan, the Parkchester branch in the Bronx, and a half-dozen branches in Brooklyn, including in Park Slope, Kensington and Bay Ridge. The 67th Street branch keeps adding story times — there are now six a week — and holds sessions outdoors in the summer, when crowds can swell to 200 people. In Queens, 41 library branches are scheduled to add weekend hours this month, and many will undoubtedly include weekend story times. As Joanne King, a spokeswoman for the library explained, parents have been begging for them and “every story time is full, every time we have one.” Long a library staple, story time has typically been an informal reading to a small group of boys and girls sitting in a circle. Today’s story times involve carefully planned lessons by specially trained librarians that emphasize education as much as entertainment, and often include suggestions for parents and caregivers about how to reinforce what children have learned, library officials said. Libraries around the country have expanded story time and other children’s programs in recent years, attracting a new generation of patrons in an age when online offerings sometimes make trips to the book stacks unnecessary. Sari Feldman, president of the American Library Association, said such early-literacy efforts are part of a larger transformation libraries are undergoing to become active learning centers for their communities by offering services like classes in English as a second language, computer skills and career counseling. Ms. Feldman said the increased demand for story time was a product, in part, of more than a decade of work by the library association and others to encourage libraries to play a larger role in preparing young children for school. In 2004, as part of that effort, the association developed a curriculum, “Every Child Ready to Read,” that she said is now used by thousands of libraries. The New York Public Library is adding 45 children’s librarians to support story time and other programs, some of which are run in partnership with the city government. It has also designated 20 of its 88 neighborhood branches, including the Fort Washington Library, as “enhanced literary sites.” As such, they will double their story time sessions, to an average of four a week, and distribute 15,000 “family literacy kits” that include a book and a schedule of story times. “It is clear that reading and being exposed to books early in life are critical factors in student success,” Anthony W. Marx, president of the New York Public Library, said. “The library is playing an increasingly important role in strengthening early literacy in this city, expanding efforts to bring reading to children and their families through quality, free story times, curated literacy programs, after-school programs and more.” For its part, the Queens Library plans to expand a “Kick Off to Kindergarten” program that attracted more than 180 families for a series of workshops last year. Library officials said that more than three- quarters of the children who enrolled, many of whom spoke a language other than English at home, developed measurable classroom skills. Available at: . One of the reasons for the relevance of early literacy is that it a) helps children to interact with their nannies. b) develops critical thinking skills. c) emphasizes social interaction. d) can teach kids to count numbers and name colors. Gabarito: B Resolução: De acordo com o texto, uma das razões apontadas pelos educadores como importantes em relação à alfabetização precoce é sua participação no desenvolvimento do pensamento crítico ("educators are emphasizing the importance of early literacy in preparing children for school and for developing critical thinking skills"). Questão 10 TEXT A library tradition is being refashioned to emphasize early literacy and better prepare young children for school, and drawing many new fans in the process. Among parents of the under-5 set, spots for story time have become as coveted as seats for a hot Broadway show like “Hamilton.” Lines stretch down the block at some branches, with tickets given out on a first-come-first-served basis because there is not enough room to accommodate all of the children who show up. Workers at the 67th Street Library on the Upper East Side of Manhattan turn away at least 10 people from every reading. They have been so overwhelmed by the rush at story time — held in the branch’s largest room, on the third floor — that once the space is full, they close the door and shut down the elevator. “It is so crowded and so popular, it’s insane,” Jacqueline Schector, a librarian, said. Story time is drawing capacity crowds at public libraries across New York and across the country at a time when, more than ever, educators are emphasizing the importance of early literacy in preparing children for school and for developing critical thinking skills. The demand crosses economic lines, with parents at all income levels vying to get in. Many libraries have refashioned the traditional readings to include enrichment activities such as counting numbers andnaming colors, as well as music and dance. And many parents have made story time a fixture in their family routines alongside school pickups and playground outings — and, for those who employ nannies, a nonnegotiable requirement of the job. In New York, demand for story time has surged across the city’s three library systems — the New York Public Library, the Brooklyn Public Library, and the Queens Library — and has posed logistical challenges for some branches, particularly those in small or cramped buildings. Citywide, story time attendance rose to 510,367 people in fiscal year 2015, up nearly 28 percent from 399,751 in fiscal 2013. “The secret’s out,” said Lucy Yates, 44, an opera coach with two sons who goes to story time at the Fort Washington Library every week. Stroller-pushing parents and nannies begin to line up for story time outside some branches an hour before doors open. To prevent overcrowding, tickets are given out at the New Amsterdam and Webster branches, both in Manhattan, the Parkchester branch in the Bronx, and a half-dozen branches in Brooklyn, including in Park Slope, Kensington and Bay Ridge. The 67th Street branch keeps adding story times — there are now six a week — and holds sessions outdoors in the summer, when crowds can swell to 200 people. In Queens, 41 library branches are scheduled to add weekend hours this month, and many will undoubtedly include weekend story times. As Joanne King, a spokeswoman for the library explained, parents have been begging for them and “every story time is full, every time we have one.” Long a library staple, story time has typically been an informal reading to a small group of boys and girls sitting in a circle. Today’s story times involve carefully planned lessons by specially trained librarians that emphasize education as much as entertainment, and often include suggestions for parents and caregivers about how to reinforce what children have learned, library officials said. Libraries around the country have expanded story time and other children’s programs in recent years, attracting a new generation of patrons in an age when online offerings sometimes make trips to the book stacks unnecessary. Sari Feldman, president of the American Library Association, said such early-literacy efforts are part of a larger transformation libraries are undergoing to become active learning centers for their communities by offering services like classes in English as a second language, computer skills and career counseling. Ms. Feldman said the increased demand for story time was a product, in part, of more than a decade of work by the library association and others to encourage libraries to play a larger role in preparing young children for school. In 2004, as part of that effort, the association developed a curriculum, “Every Child Ready to Read,” that she said is now used by thousands of libraries. The New York Public Library is adding 45 children’s librarians to support story time and other programs, some of which are run in partnership with the city government. It has also designated 20 of its 88 neighborhood branches, including the Fort Washington Library, as “enhanced literary sites.” As such, they will double their story time sessions, to an average of four a week, and distribute 15,000 “family literacy kits” that include a book and a schedule of story times. “It is clear that reading and being exposed to books early in life are critical factors in student success,” Anthony W. Marx, president of the New York Public Library, said. “The library is playing an increasingly important role in strengthening early literacy in this city, expanding efforts to bring reading to children and their families through quality, free story times, curated literacy programs, after-school programs and more.” For its part, the Queens Library plans to expand a “Kick Off to Kindergarten” program that attracted more than 180 families for a series of workshops last year. Library officials said that more than three- quarters of the children who enrolled, many of whom spoke a language other than English at home, developed measurable classroom skills. Available at: . The sentence “Stroller-pushing parents and nannies begin to line up for story time outside some branches an hour before doors open.” is a) compound. b) complex. c) complex-compound. d) simple. Gabarito: B Resolução: O período “Stroller-pushing parents and nannies begin to line up for story time outside some branches an hour before doors open” é formado por subordinação (complex sentence), pois é composto por uma oração principal (independent clause) – “Stroller-pushing parents and nannies begin" – e uma oração subordinada (dependent clause) – "to line up for story time outside some branches an hour before doors open”. Questão 11 TEXT A library tradition is being refashioned to emphasize early literacy and better prepare young children for school, and drawing many new fans in the process. Among parents of the under-5 set, spots for story time have become as coveted as seats for a hot Broadway show like “Hamilton.” Lines stretch down the block at some branches, with tickets given out on a first-come-first-served basis because there is not enough room to accommodate all of the children who show up. Workers at the 67th Street Library on the Upper East Side of Manhattan turn away at least 10 people from every reading. They have been so overwhelmed by the rush at story time — held in the branch’s largest room, on the third floor — that once the space is full, they close the door and shut down the elevator. “It is so crowded and so popular, it’s insane,” Jacqueline Schector, a librarian, said. Story time is drawing capacity crowds at public libraries across New York and across the country at a time when, more than ever, educators are emphasizing the importance of early literacy in preparing children for school and for developing critical thinking skills. The demand crosses economic lines, with parents at all income levels vying to get in. Many libraries have refashioned the traditional readings to include enrichment activities such as counting numbers and naming colors, as well as music and dance. And many parents have made story time a fixture in their family routines alongside school pickups and playground outings — and, for those who employ nannies, a nonnegotiable requirement of the job. In New York, demand for story time has surged across the city’s three library systems — the New York Public Library, the Brooklyn Public Library, and the Queens Library — and has posed logistical challenges for some branches, particularly those in small or cramped buildings. Citywide, story time attendance rose to 510,367 people in fiscal year 2015, up nearly 28 percent from 399,751 in fiscal 2013. “The secret’s out,” said Lucy Yates, 44, an opera coach with two sons who goes to story time at the Fort Washington Library every week. Stroller-pushing parents and nannies begin to line up for story time outside some branches an hour before doors open. To prevent overcrowding, tickets are given out at the New Amsterdam and Webster branches, both in Manhattan, the Parkchester branch in the Bronx, and a half-dozen branches in Brooklyn, including in Park Slope, Kensington and Bay Ridge. The 67th Street branch keeps adding story times — there are now six a week — and holds sessions outdoors in the summer, when crowds can swell to 200 people. In Queens, 41 library branches are scheduled to add weekend hours this month, and many will undoubtedly include weekend story times. As Joanne King, a spokeswoman for the library explained, parents have been begging for them and “every story time is full, every time we have one.” Long a library staple, story time has typically been an informal reading to a small group of boys and girls sitting in a circle. Today’s story times involve carefully planned lessons by specially trained librarians that emphasize education as much as entertainment, and often includesuggestions for parents and caregivers about how to reinforce what children have learned, library officials said. Libraries around the country have expanded story time and other children’s programs in recent years, attracting a new generation of patrons in an age when online offerings sometimes make trips to the book stacks unnecessary. Sari Feldman, president of the American Library Association, said such early-literacy efforts are part of a larger transformation libraries are undergoing to become active learning centers for their communities by offering services like classes in English as a second language, computer skills and career counseling. Ms. Feldman said the increased demand for story time was a product, in part, of more than a decade of work by the library association and others to encourage libraries to play a larger role in preparing young children for school. In 2004, as part of that effort, the association developed a curriculum, “Every Child Ready to Read,” that she said is now used by thousands of libraries. The New York Public Library is adding 45 children’s librarians to support story time and other programs, some of which are run in partnership with the city government. It has also designated 20 of its 88 neighborhood branches, including the Fort Washington Library, as “enhanced literary sites.” As such, they will double their story time sessions, to an average of four a week, and distribute 15,000 “family literacy kits” that include a book and a schedule of story times. “It is clear that reading and being exposed to books early in life are critical factors in student success,” Anthony W. Marx, president of the New York Public Library, said. “The library is playing an increasingly important role in strengthening early literacy in this city, expanding efforts to bring reading to children and their families through quality, free story times, curated literacy programs, after-school programs and more.” For its part, the Queens Library plans to expand a “Kick Off to Kindergarten” program that attracted more than 180 families for a series of workshops last year. Library officials said that more than three- quarters of the children who enrolled, many of whom spoke a language other than English at home, developed measurable classroom skills. Available at: . The sentence “Ms. Feldman said the increased demand for story time was a product, in part, of more than a decade of work by the library association and others to encourage libraries to play a larger role in preparing young children for school.” is an example of a) direct speech. b) reported speech. c) adjectival clause. d) direct and indirect speech. Gabarito: B Resolução: O período “Ms. Feldman said the increased demand for story time was a product, in part, of more than a decade of work by the library association and others to encourage libraries to play a larger role in preparing young children for school.” é um exemplo de discurso relatado ou indireto (reported speech), empregado para narrar ou relatar informações. No caso, o conteúdo relatado é a fala de Ms. Feldman sobre o que motivou a crescente demanda pelas atividades de contação de histórias; temos o verbo dicendi "say" no passado, "said" ("disse"), introduzindo tal conteúdo ("Ms. Feldman said the increased demand for story time [...]"). Questão 12 TEXT A library tradition is being refashioned to emphasize early literacy and better prepare young children for school, and drawing many new fans in the process. Among parents of the under-5 set, spots for story time have become as coveted as seats for a hot Broadway show like “Hamilton.” Lines stretch down the block at some branches, with tickets given out on a first-come-first-served basis because there is not enough room to accommodate all of the children who show up. Workers at the 67th Street Library on the Upper East Side of Manhattan turn away at least 10 people from every reading. They have been so overwhelmed by the rush at story time — held in the branch’s largest room, on the third floor — that once the space is full, they close the door and shut down the elevator. “It is so crowded and so popular, it’s insane,” Jacqueline Schector, a librarian, said. Story time is drawing capacity crowds at public libraries across New York and across the country at a time when, more than ever, educators are emphasizing the importance of early literacy in preparing children for school and for developing critical thinking skills. The demand crosses economic lines, with parents at all income levels vying to get in. Many libraries have refashioned the traditional readings to include enrichment activities such as counting numbers and naming colors, as well as music and dance. And many parents have made story time a fixture in their family routines alongside school pickups and playground outings — and, for those who employ nannies, a nonnegotiable requirement of the job. In New York, demand for story time has surged across the city’s three library systems — the New York Public Library, the Brooklyn Public Library, and the Queens Library — and has posed logistical challenges for some branches, particularly those in small or cramped buildings. Citywide, story time attendance rose to 510,367 people in fiscal year 2015, up nearly 28 percent from 399,751 in fiscal 2013. “The secret’s out,” said Lucy Yates, 44, an opera coach with two sons who goes to story time at the Fort Washington Library every week. Stroller-pushing parents and nannies begin to line up for story time outside some branches an hour before doors open. To prevent overcrowding, tickets are given out at the New Amsterdam and Webster branches, both in Manhattan, the Parkchester branch in the Bronx, and a half-dozen branches in Brooklyn, including in Park Slope, Kensington and Bay Ridge. The 67th Street branch keeps adding story times — there are now six a week — and holds sessions outdoors in the summer, when crowds can swell to 200 people. In Queens, 41 library branches are scheduled to add weekend hours this month, and many will undoubtedly include weekend story times. As Joanne King, a spokeswoman for the library explained, parents have been begging for them and “every story time is full, every time we have one.” Long a library staple, story time has typically been an informal reading to a small group of boys and girls sitting in a circle. Today’s story times involve carefully planned lessons by specially trained librarians that emphasize education as much as entertainment, and often include suggestions for parents and caregivers about how to reinforce what children have learned, library officials said. Libraries around the country have expanded story time and other children’s programs in recent years, attracting a new generation of patrons in an age when online offerings sometimes make trips to the book stacks unnecessary. Sari Feldman, president of the American Library Association, said such early-literacy efforts are part of a larger transformation libraries are undergoing to become active learning centers for their communities by offering services like classes in English as a second language, computer skills and career counseling. Ms. Feldman said the increased demand for story time was a product, in part, of more than a decade of work by the library association and others to encourage libraries to play a larger role in preparing young children for school. In 2004, as part of that effort, the association developed a curriculum, “Every Child Ready to Read,” that she said is now used by thousands of libraries. The New York Public Library is adding 45 children’s librarians to support story time and other programs, some of which are run in partnership with the city government. It has also designated 20 of its 88 neighborhood branches, including the Fort Washington Library, as “enhanced literary sites.” As such, they will double their story time sessions, to an average of four a week, and distribute 15,000 “family literacy kits” thatinclude a book and a schedule of story times. “It is clear that reading and being exposed to books early in life are critical factors in student success,” Anthony W. Marx, president of the New York Public Library, said. “The library is playing an increasingly important role in strengthening early literacy in this city, expanding efforts to bring reading to children and their families through quality, free story times, curated literacy programs, after-school programs and more.” For its part, the Queens Library plans to expand a “Kick Off to Kindergarten” program that attracted more than 180 families for a series of workshops last year. Library officials said that more than three- quarters of the children who enrolled, many of whom spoke a language other than English at home, developed measurable classroom skills. Available at: . The sentences “As such, they will double their story time sessions, to an average of four a week, and distribute 15,000 'family literacy kits' that include a book and a schedule of story time.” and “For its part, the Queens Library plans to expand a 'Kick Off to Kindergarten' program that attracted more than 180 families for a series of workshops last year.” contain, respectively, a a) defining relative clause and a defining relative clause. b) defining relative clause and a non-defining relative clause. c) non-defining relative clause and a defining relative clause. d) non-defining relative clause and a non-defining relative clause. Gabarito: A Resolução: No período “As such, they will double their story time sessions, to an average of four a week, and distribute 15,000 'family literacy kits' that include a book and a schedule of story time.”, temos uma oração subordinada adjetiva restritiva (defining relative clause), "that include a book and a schedule of story time". Também em “For its part, the Queens Library plans to expand a 'Kick Off to Kindergarten' program that attracted more than 180 families for a series of workshops last year.", temos uma oração subordinada adjetiva restritiva (defining relative clause), "that attracted more than 180 families for a series of workshops last year”. Ambas as orações definem ou diferenciam o antecedente, e fornecem informações essenciais sobre eles, servindo para definir sobre o que se está falando. Questão 13 TEXT A library tradition is being refashioned to emphasize early literacy and better prepare young children for school, and drawing many new fans in the process. Among parents of the under-5 set, spots for story time have become as coveted as seats for a hot Broadway show like “Hamilton.” Lines stretch down the block at some branches, with tickets given out on a first-come-first-served basis because there is not enough room to accommodate all of the children who show up. Workers at the 67th Street Library on the Upper East Side of Manhattan turn away at least 10 people from every reading. They have been so overwhelmed by the rush at story time — held in the branch’s largest room, on the third floor — that once the space is full, they close the door and shut down the elevator. “It is so crowded and so popular, it’s insane,” Jacqueline Schector, a librarian, said. Story time is drawing capacity crowds at public libraries across New York and across the country at a time when, more than ever, educators are emphasizing the importance of early literacy in preparing children for school and for developing critical thinking skills. The demand crosses economic lines, with parents at all income levels vying to get in. Many libraries have refashioned the traditional readings to include enrichment activities such as counting numbers and naming colors, as well as music and dance. And many parents have made story time a fixture in their family routines alongside school pickups and playground outings — and, for those who employ nannies, a nonnegotiable requirement of the job. In New York, demand for story time has surged across the city’s three library systems — the New York Public Library, the Brooklyn Public Library, and the Queens Library — and has posed logistical challenges for some branches, particularly those in small or cramped buildings. Citywide, story time attendance rose to 510,367 people in fiscal year 2015, up nearly 28 percent from 399,751 in fiscal 2013. “The secret’s out,” said Lucy Yates, 44, an opera coach with two sons who goes to story time at the Fort Washington Library every week. Stroller-pushing parents and nannies begin to line up for story time outside some branches an hour before doors open. To prevent overcrowding, tickets are given out at the New Amsterdam and Webster branches, both in Manhattan, the Parkchester branch in the Bronx, and a half-dozen branches in Brooklyn, including in Park Slope, Kensington and Bay Ridge. The 67th Street branch keeps adding story times — there are now six a week — and holds sessions outdoors in the summer, when crowds can swell to 200 people. In Queens, 41 library branches are scheduled to add weekend hours this month, and many will undoubtedly include weekend story times. As Joanne King, a spokeswoman for the library explained, parents have been begging for them and “every story time is full, every time we have one.” Long a library staple, story time has typically been an informal reading to a small group of boys and girls sitting in a circle. Today’s story times involve carefully planned lessons by specially trained librarians that emphasize education as much as entertainment, and often include suggestions for parents and caregivers about how to reinforce what children have learned, library officials said. Libraries around the country have expanded story time and other children’s programs in recent years, attracting a new generation of patrons in an age when online offerings sometimes make trips to the book stacks unnecessary. Sari Feldman, president of the American Library Association, said such early-literacy efforts are part of a larger transformation libraries are undergoing to become active learning centers for their communities by offering services like classes in English as a second language, computer skills and career counseling. Ms. Feldman said the increased demand for story time was a product, in part, of more than a decade of work by the library association and others to encourage libraries to play a larger role in preparing young children for school. In 2004, as part of that effort, the association developed a curriculum, “Every Child Ready to Read,” that she said is now used by thousands of libraries. The New York Public Library is adding 45 children’s librarians to support story time and other programs, some of which are run in partnership with the city government. It has also designated 20 of its 88 neighborhood branches, including the Fort Washington Library, as “enhanced literary sites.” As such, they will double their story time sessions, to an average of four a week, and distribute 15,000 “family literacy kits” that include a book and a schedule of story times. “It is clear that reading and being exposed to books early in life are critical factors in student success,” Anthony W. Marx, president of the New York Public Library, said. “The library is playing an increasingly important role in strengthening early literacy in this city, expanding efforts to bring reading to children and their families through quality, free story times, curated literacy programs, after-school programs and more.” For its part, the Queens Library plans to expand a “Kick Off to Kindergarten” program that attracted more than 180 families for a series of workshops last year. Library officials said that more than three- quarters of the children who enrolled, many of whom spoke a language other than English at home, developed measurable classroom skills. Available at: . The sentence “Among parents of the under-5 set, spots for story time have become as coveted as seats for a hot Broadway show like Hamilton.” contains