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8 RESUMO A presente pesquisa analisou a relevância da prova pericial e da cadeia de custódia no processo penal brasileiro, destacando as limitações estruturais e logísticas enfrentadas pelas perícias técnico-científicas e as repercussões dessas deficiências na justiça criminal. Adotando uma abordagem qualitativa e exploratória, o estudo utilizou fontes legislativas, como o Código de Processo Penal e a Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), além de artigos acadêmicos e relatórios institucionais, como o do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A análise documental permitiu compreender as inter-relações entre os desafios normativos, estruturais e práticos da cadeia de custódia e sua aplicação no contexto brasileiro. O principal objetivo foi identificar os desafios enfrentados pelos peritos e o impacto das limitações na eficácia do sistema de justiça penal. Entre as dificuldades, destacaram-se a escassez de efetivo, a carência de formação e capacitação adequadas dos profissionais, a insuficiência de infraestrutura e a ausência de uma política nacional integrada para gestão de recursos e pessoal. Como consequência, observa-se um aumento nos atrasos processuais, na nulidade de provas e na desconfiança pública no sistema judiciário. A problemática central da pesquisa buscou responder como as limitações estruturais e logísticas das perícias técnico-científicas afetam a aplicação da prova pericial e da cadeia de custódia no Brasil, considerando as repercussões para a celeridade e confiabilidade dos processos judiciais. Para enfrentar esses desafios, recomenda-se a implementação de políticas públicas voltadas ao aumento do efetivo de peritos, à modernização da infraestrutura e à criação de protocolos padronizados para a aplicação da cadeia de custódia. O estudo destaca a urgência de reformas estruturais para superar as limitações identificadas. É fundamental investir na qualificação e valorização dos profissionais, modernizar as estruturas organizacionais e aprimorar os mecanismos de supervisão e padronização das perícias técnico-científicas. Palavras-chave: Prova Pericial, Cadeia de Custódia, Justiça Penal. ABSTRACT This research analyzed the relevance of forensic evidence and the chain of custody in the Brazilian criminal justice system, highlighting the structural and logistical limitations faced by forensic technical services and the repercussions of these deficiencies on criminal justice. Adopting a qualitative and exploratory approach, the study utilized legislative sources, such as the Brazilian Code of Criminal Procedure and Law No. 13.964/2019 (Anti-Crime Package), as well as academic articles and institutional reports, including those from the Brazilian Public Security Forum. Document analysis allowed for an understanding of the interrelations between the normative, structural, and practical challenges of the chain of custody and its application in the Brazilian context. The main objective was to identify the challenges faced by forensic experts and the impact of these limitations on the efficiency of the criminal justice system. Among the difficulties, the study highlighted a lack of personnel, inadequate training and professional development, insufficient infrastructure, and the absence of an integrated national policy for resource and personnel management. Consequently, an increase in procedural delays, the nullification of evidence, and public distrust in the judiciary system have been observed. The central issue of the research aimed to answer how the structural and logistical limitations of forensic technical services affect the application of forensic evidence and the chain of custody in Brazil, considering the repercussions on the speed and reliability of judicial processes. To address these challenges, the study recommends implementing public policies focused on increasing the number of forensic professionals, modernizing infrastructure, and creating standardized protocols for the application of the chain of custody. The study emphasizes the urgency of structural reforms to overcome the identified limitations. It is essential to invest in the qualification and valuation of professionals, modernize organizational structures, and improve the mechanisms of supervision and standardization of forensic technical services. Keywords: Forensic Evidence, Chain of Custody, Criminal Justice. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 8 2 METODOLOGIA 11 3 CONTEXTO HISTÓRICO E LEGISLAÇÃO DA CADEIA DE CUSTÓDIA 15 4 A PROVA PERICIAL E SUA REPERCUSSÃO NO PROCESSO PENAL 19 4.1 DO PERITO 20 4.2 PROVA PERICIAL E REPERCUSSÃO PENAL 24 4.3 TIPOS DE PROVAS E A PRESERVAÇÃO DE PROVAS MATERIAIS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 28 4.3.1 Provas Lícitas e Ilícitas no Ordenamento Jurídico Brasileiro 31 4.4 CADEIA DE CUSTÓDIA: DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA NA PRESERVAÇÃO DAS PROVAS 34 5 LIMITAÇÕES E DESAFIOS ESTRUTURAIS NA ATUAÇÃO PERICIAL 38 5.1 LIMITAÇÕES E DESAFIOS ESTRUTURAIS NA ATUAÇÃO PERICIAL 39 5.2 FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS 43 5.3 DISPONIBILIDADE DE TECNOLOGIAS E EQUIPAMENTOS 45 5.4 REPERCUSSÕES PENAIS E REFERENTES ÀS LIMITAÇÕES PERICIAIS 48 5.5 ATRASOS E INSUFICIÊNCIAS NOS PROCESSOS JUDICIAIS 51 6 CONSEQUÊNCIAS DA AUSÊNCIA DAS PERÍCIAS NOS PROCESSOS 54 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 58 REFERÊNCIAS 60 10 INTRODUÇÃO O conceito de prova pericial e sua obrigatoriedade em crimes com vestígios está diretamente relacionado ao Código de Processo Penal Brasileiro (CPP), especialmente nos artigos 158 e 564, III, “b” e 572, segundo o artigo 158, nos crimes que deixam vestígios, o exame pericial é imprescindível, constituindo uma das principais formas de comprovação material da infração penal (Alfradique, 2013). Já o artigo 564, III, “b”, estabelece que a ausência ou falsificação desse exame pode resultar na nulidade processual, visto que a prova técnica é essencial para a identificação da autoria e da materialidade do delito (Alfradique, 2013). Esses dispositivos reforçam a obrigatoriedade da perícia e a importância de sua condução dentro de parâmetros técnicos e legais que garantam a sua validade, sendo a cadeia de custódia a principal garantia de idoneidade da prova. Dentro do contexto da prova pericial, atuam diferentes atores públicos envolvidos na produção de prova material com valor probatório tais como: delegados de polícia civil, promotores de justiça defensores públicos e os peritos oficiais. Nesse cenário o perito oficial desempenha um papel fundamental na realização de exames técnicos e científicos, sendo o responsável pela análise dos vestígios coletados e pela elaboração do laudo pericial. De acordo com o Código de Processo Penal, o perito deve ser um profissional qualificado, obrigatoriamente pertencente a uma instituição oficial. Quando não houver perito oficial disponível, a legislação permite que uma pessoa idônea, indicada pelo juiz, possa exercer essa função (Código de Processo Penal, 1941). O papel do perito vai além da simples análise dos vestígios, o profissional deve garantir que a coleta e o manuseio dos materiais estejam em conformidade com a cadeia de custódia, assegurando que a prova não seja comprometida, segundo o CPP, as provas deverão ser trabalhadas pelos peritos: “III - fixação: descrição detalhada do vestígio [...] sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento”, texto incluído pela Lei nº 13.964 de 24 de dezembro de 2019, que aperfeiçoa a legislação penal e processual penal. A imparcialidade, a competência técnica e a transparência do perito são fundamentais para a credibilidade do laudo e para a confiança no sistema de justiça. A cadeia de custódia é, portanto, o conjunto que inclui o perito, as ações e o que envolve os vestígios deixados pelos crimes, dessa maneira, entende-se como processo que assegura a integridade da prova material desde a sua coleta até a sua apresentação em tribunal. Trata-se de um conjunto de procedimentos destinados a registrar e controlar o manuseio dos vestígios, de modo que qualquer alteração ouNúcleos Periciais, Centros Regionais e Postos Locais para cobrir as mesorregiões do estado. O objetivo é fornecer provas técnicas que auxiliem nos inquéritos e garantir um atendimento mais célere à população. O Brasil além de ser um pais com dimensões continentais possui estados que são maiores que muitos países europeus e que apresentam inúmeros desafios de deslocamento em decorrência de suas características geográficas. O estado do Pará, por exemplo, possui apenas cinco unidades distribuídas nas suas cinco regiões onde oferece serviços de medicina legal e criminalística, todavia, devido dificuldades estruturais não consegue oferecer todos os serviços periciais nessas unidades. Esse fato além de sobrecarregar o sistema evidencia a incapacidade estrutural da pericia em atender de forma eficiente a população expõe possíveis fragilidades na cadeia de custódia. Outro fato que merece destaque é que as questões de infraestrutura que afetam a perícia não estão restritivas as unidades periciais, uma vez que abarcam todas as instituições que compõem o sistema de justiça e segurança pública brasileira. A integração entre os órgãos de segurança pública, como a Polícia Civil, Polícia Militar, Bombeiros Militar entre outros com as unidades de perícia é essencial para a eficácia das investigações. A falta de cooperação pode resultar em duplicidade de esforços e perda de informações, comprometendo os resultados. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) (2024) ressalta a importância dessa integração para aprimorar as investigações e iniciativas que promovem a interação entre equipes de investigação e peritos estão sendo implementadas para melhorar a eficiência na elucidação de casos complexos. Nesse sentido, deve se considerar que para que a cadeia de custodia funcione de forma efetiva há uma elemento essencial que é a autonomia técnica e científica dos peritos, uma questão crucial para garantir a imparcialidade e objetividade nas análises. Interferências externas, como influências políticas ou institucionais, podem comprometer a qualidade dos laudos. Segundo a Lei nº 12.030/2009 fica assegurado autonomia técnico-cientifica aos peritos, garantindo que estes possam atuar sem subordinação hierárquica, preservando a integridade do trabalho pericial. Essa legislação visa evitar pressões externas que possam alterar os resultados das perícias e garantir a confiança nos laudos emitidos (Teixeira, 2024). Todavia a ausência de previsão constitucional ainda impacta negativamente a pericia brasileira principalmente nas questões orçamentárias o que reverbera na consolidação estrutural das instituições. Que a valorização da perícia criminal é crucial para fortalecer o sistema de justiça e garantir decisões mais precisas e justas não há dúvida, visto que a desvalorização da perícia pode comprometer a integridade do processo judicial, subestimando as evidências técnicas. Apesar da perícia oficial de natureza criminal ser garantida pelo sistema judiciário como função do Estado essencial para a resolução de casos (Mistério da Justiça e Segurança Pública, 2013), sua valorização perpassa por compreender que investimentos em infraestrutura fortalecem a prova pericial e consequentemente o sistema de justiça como um todo. Fatores críticos impactam a eficácia da atuação pericial, como a burocracia excessiva, sobrecarga emocional e estresse dos peritos, falta de clareza nas atribuições e a necessidade de capacitação contínua. A ausência de reconhecimento da perícia criminal e a falta de integração entre órgãos de segurança pública também são barreiras significativas. Esses desafios prejudicam a agilidade nas investigações e a credibilidade das provas, afetando diretamente a efetividade das investigações criminais. FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS Nos últimos anos, a educação e a formação dos profissionais do Direito têm sido amplamente discutidas e consideradas essenciais para a eficácia da investigação e o avanço da justiça. A complexidade dos casos e a diversidade de provas exigem dos peritos uma aplicação criteriosa e precisa do conhecimento científico (Dias Filho, 2024). No Brasil, os métodos de treinamento e o escopo de trabalho dos investigadores criminais variam de país para país (refazer isso aqui). Segundo estudo da Sociedade Brasileira de Criminologia, a duração dos treinamentos varia de 30 dias a 7 meses, o que demonstra a ausência de um modelo uniforme de treinamento (Dias Filho, 2024). O fato de a expertise fluir entre os campos da ciência e tecnologia, direito e policiamento mostra a importância do treinamento em diferentes campos. Você precisará de uma variedade de conhecimento e treinamento para executar tarefas complexas e especializadas (Sasse; Milt, 2024). (essas citações precisam ser refeitas) Para além da formação inicial, a formação contínua é essencial para que os profissionais se mantenham a par das últimas tecnologias e inovações. Dessa forma, para garantir a qualidade e a confiabilidade da análise pericial, é fundamental o desenvolvimento de políticas que incentivem a formação continuada dos profissionais do Direito (Magno; Comploier; 2021). (essa citação esta estranha pois ela é do direito e voce esta relacionando a pericia não cabe refaz isso aqui) (Nesse debate na cabe esse paragrafo sobre a Amhembi)A Universidade Anhembi Morumbi (2023) tem como objetivo atender à necessidade de profissionais aptos a desenvolver métodos de pesquisa e expertise científica e tecnológica prática por meio da criação de cursos especializados e formação avançada, como fiscalização de crimes e investigações técnicas especiais. Este curso foi criado para integrar conhecimentos de diversas disciplinas para preparar os alunos para os desafios enfrentados em investigações criminais. A preservação adequada de evidências legais é outra parte importante da prática jurídica. Há pesquisas que por exemplo, indicam que a falha em reter adequadamente evidências de profissionais de saúde e segurança pode prejudicar a eficácia das inspeções preditivas. Portanto, a capacitação desses profissionais em técnicas de prevenção à criminalidade também é fundamental para o sucesso da pesquisa (Souza, 2023). O monitoramento da lista de evidências é importante para garantir a precisão das evidências coletadas. Por exemplo, cientistas forenses que trabalham em casos de crimes com risco de morte devem ter procedimentos rigorosos para garantir que as evidências sejam coletadas, armazenadas e analisadas corretamente, evitando contaminação (Souza, 2023; Medeiros, 2020). Segundo Sertã Júnior (2019), a formação do profissional de criminologia deve contemplar também aspectos éticos e legais para o preparar para enfrentar os desafios e tomar as decisões que possam surgir. A ética profissional é essencial para avaliar o profissionalismo e a confiança pública nas organizações de segurança pública. A combinação de teoria e prática em cursos de formação é essencial para que os profissionais adquiram as habilidades técnicas e analíticas necessárias para conduzir pesquisas de alta complexidade. Usar um laboratório totalmente equipado e participar de exames forenses são ótimas maneiras de integrar o aprendizado e preparar os profissionais para desafios futuros. A colaboração entre instituições educacionais, agências governamentais e organizações empresariais pode esclarecer e melhorar a educação criminológica, promover a troca de experiências e atualizar currículos para atender às necessidades da atividade criminosa contemporânea (Lima, 2022). Em suma, a formação de criminologistas exige uma abordagem multifacetada que inclua não apenas conhecimento técnico, mas também aspectos culturais, legais e práticos. Estabelecer uma política pública de educação continuada e a sustentabilidade da educação é uma forma de fortalecer a justiça criminal no Brasil e promover uma justiça real e justa. DISPONIBILIDADE DE TECNOLOGIAS E EQUIPAMENTOS O acesso dos cientistas a tecnologias e ferramentas é essencial para garantir a qualidade da pesquisa e aprecisão dos resultados. Ao longo das últimas cinco décadas houve avanços notáveis na ciência forense que ampliaram as habilidades dos profissionais em diversas áreas diferentes novos avanços em testes de DNA reconhecimento facial e tecnologias de identificação facial têm modificado a maneira como as provas são coletadas analisadas e interpretadas além disso com o uso de computadores especializados e inteligência artificial problemas complexos podem ser solucionados de forma mais ágil. Essas ferramentas não só melhoram as habilidades dos profissionais como também aumentam a confiança nos relatórios que produzem (Refazer a escrita desse paragrafo). No entanto, o acesso desigual a esses recursos pode originar discrepâncias regionais e prejudicar a equidade social, tornando-se imperativo investir na melhoria das competências para garantir uma investigação mais justa e precisa. Por outro lado, as revoluções tecnológicas na ciência forense trouxeram instrumentos profissionais e confiantes para o desempenho de exames periciais. Os avanços tecnológicos se direcionam a áreas ligadas à informática eletrônica química ou bioquímica e medicina ou saúde traduzindo a especialização do crime (Lima Neto; Abud 2023). (refazer escrita ajustes) O uso da Inteligência Artificial (IA) na área de investigação forense digital tem corroborado a ser muito próspero em meio ao aumento de volume constante de informações geradas através das redes sociais e outras plataformas online. Métodos de aprendizado das máquinas têm sido empregados para analisar extensos conjuntos de dados com o objetivo de ajudar na identificação de padrões e no reconhecimento de atividades suspeitas (Paiva, 2022). No contexto brasileiro, as investigações criminais tem adotando novas tecnologias para aprimorar suas análises. Por exemplo, a utilização de ferramentas avançadas de extração de dados tem permitido obter informações relevantes a partir de dispositivos electrónicos, ajudando a desvendar crimes complexos (Paiva, 2022). A análise criminal, apoiada por tecnologias modernas, tem se destacado como uma ferramenta eficaz na reformulação da perícia criminal. A sistematização de dados e sua utilização estratégica fortalecem a segurança pública, permitindo uma atuação mais proativa na prevenção e resolução de crimes (Campos, 2022). A investigação criminal, apoiada pela tecnologia moderna, surgiu como uma ferramenta poderosa na reforma da justiça criminal. O uso sistemático e estratégico da informação fortalece a confiança pública, permitindo a prevenção e resolução de problemas criminais (Campos, 2022). A tecnologia de telefonia é outro campo que se beneficiou dos avanços tecnológicos. Ferramentas e técnicas modernas foram desenvolvidas para detectar sons incomuns, identificar indivíduos e melhorar gravações (Wulf et al., 2020). Aqui tem texto repetido duas vezes a mesma ideia) Estudos de design também foram conduzidos para dar suporte à ciência forense e à pesquisa. Pesquisas recentes têm demonstrado a contribuição do design para os métodos de pesquisa e oferecem novas abordagens que melhoram a interpretação das evidências e a apresentação dos resultados (Quaresma, 2024). A integração de novas tecnologias na ciência forense requer investimentos significativos, o que pode apresentar desafios significativos para muitas organizações, especialmente em áreas com recursos financeiros limitados. Esta falta de equidade na consecução do desenvolvimento reduz a eficácia da investigação em áreas mal servidas. Portanto, é importante buscar apoio governamental e financiamento adequado para modernizar os equipamentos e ferramentas utilizadas. Estes esforços são importantes para superar as barreiras económicas e garantir que os avanços tecnológicos cheguem a mais pessoas. Somente com investimentos permanentes será possível alcançar maior igualdade e eficiência no trabalho dos profissionais em todo o país (Fundação Getúlio Vargas, 2023). O design de instalações e procedimentos é fundamental para garantir a justiça e a consistência dos resultados profissionais. Normas técnicas e acreditação desempenham um papel importante no estabelecimento de padrões de qualidade para as análises realizadas. Esse método fortalece a credibilidade dos relatórios fornecidos e promove maior confiança no trabalho dos especialistas. Além disso, a implementação de procedimentos padronizados ajuda a reduzir erros e inconsistências no processo de investigação. Dessa forma, a padronização aumenta a eficiência e a precisão das investigações forenses (Aguiar, 2022). A ética no uso de tecnologias avançadas na ciência forense é uma questão crescente que exige que os profissionais utilizem esses equipamentos de forma responsável, respeitando os direitos dos indivíduos e as normas legais vigentes. Graças à evolução da tecnologia, os cientistas conseguem acompanhar as mudanças no mundo do crime, especialmente no ciberespaço, onde o crime cibernético está em ascensão. Neste contexto, as ferramentas de análise digital são fundamentais, permitindo investigações de crimes cibernéticos e recolha de provas eletrônicas mais precisas. O uso responsável da tecnologia é essencial para equilibrar a inovação e respeitar os limites éticos e legais. Além disso, o uso de fontes apropriadas fortalece a confiabilidade da análise especializada e garante que a justiça seja alcançada de forma justa e transparente (Santos et al., 2024). O uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada tem sido explorado na reconstrução de cenas de crime, fornecendo uma perspectiva tridimensional que auxilia na compreensão dos eventos e na apresentação em tribunal (Aguiar, 2022). A automação de processos laboratoriais aumentou a produtividade e reduziu o tempo de análise na ciência forense. Robôs e sistemas automatizados realizam tarefas repetitivas com precisão, liberando especialistas para executar tarefas mais complexas (Santos et al., 2024). Por fim, a disponibilidade e integração de tecnologias e equipamentos modernos são essenciais para o avanço da ciência forense. Apesar desses desafios, os benefícios oferecidos por essa inovação são evidentes na melhoria da qualidade das investigações e no progresso da justiça. REPERCUSSÕES PENAIS E REFERENTES ÀS LIMITAÇÕES PERICIAIS (esse subtítulo não esta adequado) A integração de novas tecnologias na ciência forense requer investimentos significativos, o que representa um desafio para muitas organizações, especialmente em áreas de baixa renda. A desigualdade na implementação do desenvolvimento limita a eficácia da investigação em áreas mal servidas. Portanto, é importante buscar apoio governamental e recursos suficientes para manter atualizados os equipamentos e ferramentas utilizadas. Estes esforços são fundamentais para superar as barreiras económicas e garantir que os avanços tecnológicos beneficiam o maior número de pessoas. Somente com financiamento sustentável é possível alcançar maior igualdade e sucesso no trabalho profissional em todo o país (Fundação Getúlio Vargas, 2023). O design do espaço e do sistema é essencial para garantir justiça e consistência nos resultados profissionais. As normas e certificações técnicas desempenham um papel fundamental no estabelecimento de bons padrões para as avaliações realizadas. Esta abordagem aumenta a credibilidade dos relatórios apresentados e cria confiança no trabalho dos profissionais. Além disso, o uso de métodos padronizados pode ajudar a reduzir erros e inconsistências de pesquisa. Dessa forma, a suspensão permite que a pesquisa seja realizada com maior eficiência e precisão (Aguiar, 2022). O uso ético de tecnologias avançadas na ciência forense é uma questão crescente que exige que os profissionais utilizem as ferramentas de forma responsável, respeitando os direitos individuais e as leis e regulamentações existentes. Graças aos avanços tecnológicos, os cientistas conseguem enfrentar as tendências criminosas em constante mudança, especialmente na internet, já que o crime cibernético está aumentando. Nesses casos, ferramentas forensesdigitais são essenciais para auxiliar na investigação de crimes cibernéticos e na coleta de evidências eletrônicas precisas. O uso adequado da tecnologia é essencial para equilibrar a inovação e a conformidade com as restrições legais. Além disso, o uso de fontes apropriadas pode aumentar a credibilidade da pesquisa especializada e garantir que a justiça seja administrada de forma justa e transparente (Santos et al., 2024). O uso de tecnologias de realidade virtual e aumentada na reconstrução de cenas de crime tem sido explorado, fornecendo uma perspectiva tridimensional que pode auxiliar na compreensão de eventos e declarações em tribunal (Aguiar, 2022). A automatização dos processos laboratoriais aumenta a eficiência e reduz o tempo gasto na realização de pesquisas científicas. A robótica e os sistemas automatizados realizam tarefas com mais frequência e precisão, permitindo que os profissionais realizem tarefas mais complexas (Santos et al., 2024). A aquisição e integração de tecnologia e equipamentos modernos é essencial para o desenvolvimento da pesquisa científica. Apesar desses desafios, os benefícios dessas inovações no aumento da qualidade da pesquisa e na melhoria da justiça são claros. A capacidade de testemunhar profissionalmente é essencial para garantir justiça. A ciência é poderosa e única. Na ciência, quase tudo pode ser refutado e verificado. Caso contrário, ficaremos presos no século XIX (Fernandez et al., 2024). A conduta da defesa na apresentação de provas especializadas é crucial para a imparcialidade de um caso criminal. A defesa deve ter a oportunidade de apresentar evidências e fornecer explicações relevantes que contradigam e refutem as alegações do governo para garantir a imparcialidade do processo contraditório. O Departamento Nacional de Pesquisa de Defesa (NIDEF) é um exemplo de tal projeto (Fernandes et al., 2024). A imparcialidade de um especialista é crucial para a credibilidade das evidências que ele ou ela apresenta. Mesmo pequenos erros podem minar a credibilidade da história e afetar o trabalho. A justiça criminal deve ser vista como um processo interno que ocorre dentro de uma rede que maximiza a eficácia da justiça criminal em benefício do cliente (Rodrigues; Silva; Truzzi, 2010). A ciência forense é importante, e sua simplicidade é contrária à lei e à ordem. O objetivo do criminoso é buscar a verdade, não importa a quem ela prejudique. Os profissionais que realizam essa atividade sempre aderem à ciência, agem de forma imparcial, justa e imparcial, e se esforçam para proteger seu direito de acesso às evidências (pilares da justiça, sustentação e refutação). A ciência é poderosa e diversa, então não se pode dizer que ela não possa ser destruída. Na ciência, quase tudo pode ser questionado e verificado. Caso contrário, ficaremos presos no século XIX. Embora as evidências forenses possam ser de grande ajuda em julgamentos criminais, é importante enfatizar que tais evidências sejam apresentadas de forma verdadeira e precisa (Santos et al., 2024). A perícia criminal no Brasil: desafios, desenvolvimentos e implicações para o sistema de justiça criminal. A prova pericial é um dos pilares da justiça criminal, essencial para descobrir fatos e estabelecê-los com precisão. Os princípios e métodos são baseados no significado simbólico. Crime no Brasil: Barreiras, Mudanças e Cooperação na Justiça Criminal. A evidência forense é um dos pilares da justiça criminal e é essencial para estabelecer a verdade. Princípios e métodos baseados na interpretação simbólica. ATRASOS E INSUFICIÊNCIAS NOS PROCESSOS JUDICIAIS E SUA RELAÇÃO COM A PROVA PERICIAL Os atrasos e insuficiências nos processos judiciais têm sido questões recorrentes no sistema judiciário brasileiro, impactando a eficiência e a confiança da sociedade na justiça. Diversos fatores contribuem para essa realidade, incluindo a sobrecarga de trabalho dos tribunais, a escassez de recursos financeiros e humanos, e a complexidade dos processos judiciais. A sobrecarga de processos é um dos principais desafios enfrentados pelos tribunais. Por exemplo, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) registrou um aumento significativo no número de ações de Direito Privado, passando de 142 mil em 2020 para 165 mil em 2022. Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) (2023) esse crescimento contínuo da demanda resulta em uma distribuição desigual de casos entre os desembargadores, sobrecarregando algumas subseções e comprometendo a celeridade processual. Além disso, a insuficiência de recursos financeiros e humanos agrava a situação. A falta de investimentos em infraestrutura, tecnologia e capacitação profissional limita a capacidade dos tribunais de atender à demanda crescente de processos. A escassez de servidores e a sobrecarga de trabalho resultam em atrasos significativos na tramitação dos processos, prejudicando a efetividade da justiça. A complexidade dos processos judiciais também contribui para os atrasos. Processos que envolvem múltiplas partes, questões técnicas ou grande volume de documentos demandam mais tempo para análise e decisão. Essa complexidade pode levar a erros processuais, recursos excessivos e prolongamento desnecessário das demandas judiciais. A jurisprudência tem reconhecido a importância da razoável duração do processo. Crepaldi e Carvalho (2024) explicam que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) tem enfatizado que a sobrecarga de processos nos tribunais não pode ser considerada isoladamente, sendo necessário analisar as peculiaridades de cada caso concreto para avaliar a violação ao princípio da razoável duração do processo. A partir da colaboração do Ministério da Justiça de Portugal (MJP) (2024) enfrentar esses desafios, é essencial investir em tecnologia e inovação, a transformação digital da justiça, com a implementação de salas de audiência virtuais e o uso de videoconferências, tem se mostrado uma estratégia eficaz para agilizar processos e reduzir a necessidade de deslocamentos físicos, especialmente em tempos de pandemia. Além disso, a capacitação contínua dos profissionais do sistema judiciário é fundamental. Programas de treinamento e atualização garantem que juízes, advogados e servidores estejam preparados para lidar com as demandas contemporâneas, incluindo o uso de novas tecnologias e a compreensão de mudanças legislativas. A colaboração entre os diversos órgãos do sistema de justiça também é crucial. Parcerias entre tribunais, Ministério Público, Defensoria Pública e advocacia privada podem resultar em soluções mais rápidas e eficazes para os litígios, promovendo a eficiência processual (MJP, 2024). A transparência e a prestação de contas são aspectos importantes para a melhoria do sistema judiciário. A divulgação de estatísticas processuais e a implementação de mecanismos de controle social permitem que a sociedade acompanhe o desempenho dos tribunais e identifique áreas que necessitam de aprimoramento. A implementação de medidas alternativas à judicialização, como a mediação e a arbitragem, pode contribuir para a redução da sobrecarga dos tribunais. Essas práticas oferecem soluções mais rápidas e menos onerosas para as partes envolvidas, descongestionando o sistema judiciário. A revisão e simplificação de procedimentos processuais também são medidas que podem acelerar a tramitação dos processos. A eliminação de etapas desnecessárias e a adoção de práticas mais eficientes reduzem o tempo de duração dos litígios. A atuação proativa dos tribunais na gestão de processos é essencial. O monitoramento constante dos casos, a identificação de processos que necessitam de atenção especial e a adoção de medidas para evitar a prescrição ou decadência contribuem para a eficiência do sistema judiciário. A participação ativa da sociedade na fiscalização e cobrança por melhorias no sistema judiciário é fundamental. Organizações da sociedade civil, imprensa e cidadãos podem atuar como agentes de controle social, pressionando por reformas e investimentos que resultem em um sistemamais eficiente e justo. Em suma, os atrasos e insuficiências nos processos judiciais são desafios complexos que demandam uma abordagem multifacetada. Investimentos em tecnologia, capacitação profissional, colaboração interinstitucional e participação social são fundamentais para a construção de um sistema judiciário mais eficiente e acessível a todos. CONSEQUÊNCIAS DA AUSÊNCIA DAS PERÍCIAS NOS PROCESSOS (Voce precisa ou retirar esse tópico e juntar com o anterior 5.5 ou seja inicia o texto no 5.5. e da continuidade aqui sem o numero 6) Mas voce pode eliminar o 5.5. e usar o texto no inicio desse tópico aqui) A ausência de perícias em um processo penal tem consequências complexas, tendo em vista o que ela representa, especialmente quando considerada em conjunto com a fragilidade ou a quebra da cadeia de custódia (CC). A cadeia de custódia é fundamental para garantir a integridade da prova, pois ela documenta, de forma cronológica e cuidadosa, o trajeto dos vestígios coletados desde o momento da sua coleta até a sua apresentação em tribunal. Quando o processo da Cadeia de Custódia é rompido ou não observado corretamente, ocorre a perda da integridade da prova, o que pode resultar no questionamento de sua autenticidade e validade. Santos e Levine (2024) explicam que: A importância da cadeia de custódia no processo penal não pode ser subestimada. Uma falha nesse processo pode levar à invalidação das evidências, colocando em risco a justiça do julgamento e a integridade do sistema legal como um todo. [...] Além disso, a cadeia de custódia também envolve a manutenção de um registro de todos os envolvidos no processo, incluindo investigadores, peritos, oficiais de polícia, testemunhas e qualquer outra pessoa que tenha tido contato direto ou indireto com a evidência. (Santos; Levine, 2024, 4383-4384). Os autores mostram que uma das consequências mais graves da quebra da Cadeia de Custódia é a possibilidade de nulidade processual, pois sem a preservação correta dos vestígios, a prova pode ser considerada inadmissível, comprometendo todo o processo penal. Isso ocorre porque, conforme Santos e Levine (2024), a Cadeia de Custódia envolve o registro meticuloso de todos os que tiveram contato com a prova – desde investigadores e peritos até oficiais de polícia e testemunhas. Qualquer lacuna nesse registro pode dar margem para alegações de contaminação ou manipulação de evidências, o que inviabiliza a utilização dessas provas para sustentar uma acusação (Alcantara, 2018). Além disso, no Processo Penal, o objetivo é a busca pela verdade substancial, que vai além da verdade formal buscada no Processo Civil. O rigor na apreciação da prova penal se deve ao fato de que, na matéria penal, está em jogo a liberdade da pessoa humana, o que exige uma análise criteriosa da veracidade dos elementos probatórios. Assim, quando a Cadeia de Custódia é questionada por alegação de violação ou quebra de CC, o judiciário pode não ter condições de confirmar a veracidade da prova, o que compromete a obtenção da verdade substancial e, consequentemente, a justa aplicação da lei (Alcantara, 2018). A integridade da cadeia de custódia (CC) é fundamental para assegurar a confiabilidade das provas materiais no processo penal brasileiro. Quando ocorrem violações ou quebras na CC, a autenticidade da prova é comprometida, podendo levar o judiciário a desconsiderá-la. Nesses casos, o desentranhamento da prova material — ou seja, sua retirada dos autos processuais — torna-se uma medida necessária para preservar a justiça do processo (Oliveira, 2024; Perrone, 2022). O desentranhamento de provas ilícitas no processo penal consiste na retirada dos autos de elementos probatórios obtidos por meios que violem preceitos legais ou constitucionais, garantindo que apenas provas lícitas e legítimas sejam consideradas no julgamento (Modelo Inicial, 2024). A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem reconhecido que a quebra da cadeia de custódia pode levar à anulação de provas, especialmente quando a violação compromete sua integridade e confiabilidade (Vital, 2023). Dessa maneira, é essencial que os operadores do direito assegurem a manutenção rigorosa da cadeia de custódia, evitando falhas que possam resultar no desentranhamento de provas materiais e, consequentemente, comprometer a busca pela verdade real e a justa aplicação da lei. A ausência de perícias, portanto, pode gerar um vácuo probatório que afeta diretamente a capacidade do tribunal de formar seu convencimento de forma fundamentada. Se as evidências materiais, que poderiam provar a autoria e materialidade de um crime, são invalidadas ou não existem, o processo perde a sustentação técnica e objetiva. Isso não apenas enfraquece a acusação, mas também pode resultar em absolvições indevidas ou em condenações baseadas exclusivamente em provas testemunhais frágeis, aumentando o risco de erros judiciários. A formação tradicional dos profissionais de segurança pública, incluindo peritos, muitas vezes não atende às exigências modernas da área. Há uma necessidade de revisão nos critérios de seleção e nos programas de capacitação para desenvolver novas competências, habilidades e atitudes que correspondam à realidade atual da segurança pública (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024). Dessa maneira, é necessário que as instituições invistam em políticas de valorização dos profissionais, o que inclui desde a revisão dos planos de carreira até a criação de condições adequadas de trabalho e saúde. Apesar de serem importantes instrumentos para regulamentação das atividades policiais, as leis orgânicas nacionais não detalham suficientemente questões como formação, periodicidade de concursos públicos e adequação das competências profissionais às necessidades locais (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024). O Brasil enfrenta um déficit significativo de peritos técnico-científicos, com apenas 63% das vagas preenchidas em comparação ao efetivo previsto, de acordo com os dados mais recentes. Essa defasagem impacta diretamente a capacidade investigativa e a produção de provas (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024). As perícias técnico-científicas enfrentam desafios logísticos, com infraestrutura insuficiente e falta de recursos adequados para a realização de suas funções. Essa situação é agravada pela ausência de uma política nacional integrada para gestão de pessoas e recursos (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024). A precariedade das condições estruturais contribui para a morosidade das investigações e processos judiciais, prejudicando a eficácia do sistema de justiça criminal e diminuindo a confiança da sociedade nas instituições públicas. Embora as legislações tragam avanços significativos na estruturação das perícias e na inclusão das partes no processo pericial, também evidenciam desafios estruturais no sistema de justiça brasileiro. A dependência de peritos oficiais pode ser um entrave em regiões carentes de profissionais qualificados, e a atuação de peritos ad hoc pode suscitar questionamentos sobre a qualidade técnica do exame. Além disso, as exigências de infraestrutura, como a conservação de materiais probatórios em ambientes apropriados, nem sempre são compatíveis com a realidade de muitas localidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo destaca que a cadeia de custódia (CC) desenvolve um papel fundamental na produção de provas materiais confiáveis no processo penal brasileiro. A partir da promulgação da Lei nº 13.964/2019, a cadeia de custódia trouxe maior segurança jurídica para os operadores do Direito e do sistema de justiça e segurança pública, ao estabelecer parâmetros claros para o rastreamento e a preservação de vestígios. No entanto, essa mesma legislação também expôs desafios estruturais que comprometem sua plena eficácia. Os principais fatores que enfraquecem a confiabilidade da prova material estão relacionados à fragilidade na aplicação prática da cadeia de custódia, agravada por limitações como a deficiência de infraestrutura, a falta de recursostecnológicos, a carência de efetivos e a ausência de programas contínuos de capacitação. Esses desafios estruturais, que estão na base do sistema de segurança pública, dificultam o cumprimento dos protocolos estabelecidos pela legislação, comprometendo a autenticidade e a integridade das provas. A distinção entre os tipos de prova também merece destaque. Enquanto as provas subjetivas, como os testemunhos, dependem de percepções individuais e estão sujeitas a interpretações, a prova material possui um caráter objetivo, sendo fundamental para a confirmação da autoria e materialidade de um delito. Assim, a cadeia de custódia é indispensável para garantir que a prova material mantenha seu valor probatório, assegurando que os vestígios coletados no local do crime sejam preservados com integridade até sua apresentação em juízo. Portanto, é necessário que os gestores públicos e formuladores de políticas priorizem ações que fortaleçam a aplicação da cadeia de custódia, incluindo a modernização da infraestrutura, o preenchimento das vagas de efetivo e a capacitação contínua de peritos e agentes envolvidos na coleta, transporte e análise de vestígios. Embora a legislação tenha avançado no campo normativo, é essencial que investimentos estruturais acompanhem essas mudanças para garantir a efetividade da CC e o fortalecimento do sistema de justiça penal. Futuras pesquisas podem analisar o impacto da implementação da cadeia de custódia em diferentes regiões do Brasil, analisando variações na aplicação prática e os reflexos dessas diferenças na confiabilidade das provas. Estudos comparativos com sistemas internacionais de perícia técnico-científica também podem trazer análises e reflexões sobre boas práticas que podem ser adaptadas ao contexto brasileiro. Além disso, seria relevante investigar a relação entre investimentos em tecnologia pericial e a redução de erros judiciais, bem como a percepção dos operadores do Direito sobre os avanços e desafios da cadeia de custódia no país. REFERÊNCIAS AGUIAR, Anderson Moreira. 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Apesar de a legislação brasileira estabelecer claramente a obrigatoriedade do exame pericial e as diretrizes para a cadeia de custódia, diversas alterações estruturais e logísticas exigem a aplicação prática dessas normas. Entre os principais problemas estão o processo de investigação desenvolvido pelos peritos falta de equipamentos adequados e falhas no registro e transporte das evidências (Carvalho, 2016). Deve-se ter claro ainda que as ações relacionadas a cadeia de custódia não estão restritas a atuação da perícia, abarca outros agentes públicos envolvidos na apuração de crimes e que no contexto de produção de provas coletam ou identificam vestígios que por ventura tenham relação com ações criminosas. Por exemplo, se na coleta de um vestígio um agente policial cometer algum erro que coloque em dúvida a integridade do vestígio todos os demais passos podem ser comprometidos e a prova invalidada. Os fatores supracitados podem resultar em nulidade processual, atrasos na justiça e podem gerar erros de julgamento, tendo em vista que a falha de algum processo deste pode gerar consequências no processo da cadeia de custódia. Dessa maneira, a problemática é: quais são os desafios enfrentados pelo sistema de justiça penal brasileiro na aplicação da cadeia de custódia, considerando suas limitações estruturais e logísticas, e quais são as repercussões penais resultantes dessas falhas? A presente monografia tem como objetivo geral: analisar a relevância da prova pericial e da cadeia de custódia no processo penal brasileiro, destacando os desafios enfrentados na sua aplicação prática. E como objetivos específicos, busca: investigar o papel do perito e da polícia científica na construção e preservação da prova material; identificar as principais limitações estruturais e logísticas que comprometem a eficácia da cadeia de custódia; discutir as repercussões penais decorrentes dessas limitações, como atrasos processuais e impactos na justiça. Este trabalho adota uma abordagem qualitativa e exploratória, baseada na análise de fontes bibliográficas e documentais. Foram consultados dispositivos legais, como o Código de Processo Penal Brasileiro (1941), além de obras doutrinárias e artigos científicos que tratam da prova pericial, cadeia de custódia e suas implicações no processo penal. A pesquisa objetivou compreender as inter-relações entre os aspectos legais e práticos do tema, buscou-se desenvolver uma visão crítica sobre os desafios enfrentados e suas repercussões na justiça penal brasileira. Este estudo destacou que a prova pericial e a cadeia de custódia são pilares fundamentais para garantir a imparcialidade e a eficiência do sistema de justiça penal brasileiro. Contudo, as limitações existentes ainda representam um desafio significativo à obtenção de resultados que não desafiam a nulidade e a veracidade do processo. Assim, reforçar-se a importância dos investimentos em infraestrutura, da qualificação de profissionais e do rigor na aplicação das normas legais, para que a busca pela verdade material seja cumprida. METODOLOGIA Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória e descritiva, cujo objetivo é compreender os desafios estruturais enfrentados pelas perícias técnico-científicas no Brasil, nas limitações logísticas e organizacionais. A pesquisa é exploratória, pois busca identificar e esclarecer aspectos pouco investigados sobre a atuação das perícias técnico-científicas, e descritiva, por apresentar dados concretos relacionados às deficiências estruturais e suas implicações no sistema de segurança pública. A abordagem qualitativa foi escolhida por permitir uma análise detalhada das informações obtidas, buscando compreender os significados, dinâmicas e impactos relacionados às condições estruturais e organizacionais das perícias. O método utilizado foi a análise documental, realizada a partir do relatório Raio-X das Forças de Segurança Pública do Brasil (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024). Este documento possibilitou a análise dos dados relevantes sobre efetivos, capacitação, infraestrutura e políticas institucionais, os quais foram sistematicamente analisados para identificar os principais desafios e apontar possíveis soluções. Os dados foram obtidos exclusivamente de fontes secundárias, com destaque para o referido relatório, que consolida informações oficiais de diferentes estados brasileiros. As informações foram complementadas por referências teóricas e legais relacionadas à gestão de pessoas e segurança pública. Por tratar-se de uma análise baseada em dados secundários, este estudo está limitado à qualidade e abrangência das informações disponíveis nos documentos consultados. A coleta de informações foi realizada com base em fontes secundárias, utilizando: Como o Código de Processo Penal Brasileiro (Decreto-Lei nº 3.689/1941) e a Lei nº 13.964/2019, conhecida como "Pacote Anticrime", que regulamenta a cadeia de custódia e define procedimentos para a preservação da prova material; Obras doutrinárias, artigos científicos e relatórios institucionais foram consultados para contextualizar os aspectos históricos e legais da cadeia de custódia e das perícias técnico-científicas. Entre as principais referências estão estudos de Badaró (2017), Costa (2022) e Santos e Levine (2024); Documentos como o relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2024) forneceram dados sobre as condições estruturais das perícias no Brasil, incluindo déficits de efetivo e infraestrutura. A presente pesquisa adota uma abordagem qualitativa e exploratória, voltada para a análise das limitações estruturais e logísticas da cadeia de custódia no Brasil e seu impacto na confiabilidade das provas materiais no processo penal. Para embasar a análise, foram utilizados dispositivos legais que regulamentam a atuação pericial e a preservação de vestígios no contexto do sistema de justiça criminal brasileira, como foi exposto anteriormente. A tabela a seguir apresenta as legislações fundamentais que são utilizadas neste estudo, possibilitando uma visão clara de sua evolução temporal e do contexto em que foram promulgadas. Tabela 1 – legislações utilizadas Legislação Ano de publicação Conteúdo principal Impacto contextual Código de Processo Penal (Decreto-Lei nº 3.689) 1941 Regulamento do processo penal no Brasil. Prevê a obrigatoriedade de exame de corpo de delito em crimes com vestígios. Refletir uma legislação antiga, com foco em práticas processuais básicas, que careciam de detalhamento sobre procedimentos como a cadeia de custódia. Foi base para inovações legislativas posteriores, como a Lei nº 13.964/2019. Lei nº 11.690 2008 Atualizou artigos do CPP, incluindo o art. 159, que define a atuação do perito oficial e a substituição por peritos ad hoc. Atualização relevante para ampliar a compreensão sobre a perícia oficial e garantir flexibilidade em situações de ausência de peritos concursados. Representa um avanço na normatização das perícias criminais. Lei nº 12.030 2009 Regulamenta a perícia oficial de natureza penal, assegurando autonomia técnica, científica e funcional aos peritos oficiais. Primeira legislação específica para fortalecer a importância da perícia como instrumento essencial no processo penal, garantindo independência e profissionalização na atuação dos peritos oficiais. Lei nº 13.964 (Pacote Anticrime) 2019 Introduziu a cadeia de custódia no CPP (arts. 158-A a 158-F), detalhando procedimentos para preservação e rastreamento de rastreamentos. Representa um marco no detalhamento técnico do processo penal, abordando diretamente a cadeia de custódia e integrando etapas de preservação, registro e descarte de eventos, com foco em garantir a segurança jurídica e a confiabilidade das provas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2025. Esse panorama legislativo foi essencial para compreender as bases normativas da cadeia de custódia e os avanços queresultaram na Lei nº 13.964/2019, que trouxe um detalhamento técnico sobre os procedimentos necessários para garantir a integridade dos materiais de prova. A análise seguiu os princípios da análise documental, que consiste na identificação, categorização e interpretação de informações extraídas das fontes selecionadas. Foram priorizados aspectos como: Contexto histórico e evolução normativa da cadeia de custódia; Limitações estruturais e organizacionais das perícias técnico-científicas; Repercussões penais geradas por falhas na cadeia de custódia e pela ausência de perícias. O estudo concentrou-se na aplicação da cadeia de custódia e na atuação das perícias no contexto do processo penal brasileiro. Não foram realizadas entrevistas ou levantamentos empíricos diretos, o que restringiu a análise a uma perspectiva teórica e documental. A escolha por uma pesquisa bibliográfica se deu face a dificuldade em acessar informações recentes e uniformes sobre o estado atual da implementação da cadeia de custódia nas diferentes regiões do país. A falta de estudos de caso detalhados sobre falhas ou sucessos na aplicação da cadeia de custódia restringiu a análise a um enfoque normativo e teórico. A interseção entre normas legais, práticas investigativas e gestão organizacional exigiu uma abordagem multidisciplinar, o que demandou maior esforço na interpretação dos dados disponíveis. A escolha por uma abordagem qualitativa e documental se justifica pela necessidade de compreender as inter-relações entre os aspectos legais, estruturais e práticos das perícias técnico-científicas. Essa metodologia permite desenvolver uma análise crítica, que integra os desafios normativos com as condições reais de aplicação no sistema de justiça penal brasileiro. CONTEXTO HISTÓRICO E LEGISLAÇÃO DA CADEIA DE CUSTÓDIA A cadeia de custódia é um conceito fundamental no direito brasileiro, introduzido explicitamente pela Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019, conhecida como "Pacote Anticrime", e Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, Código do Processo Penal. O Código de Processo Penal, em seu artigo 158-A, que a define como: Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência); § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Código de Processo Penal, 1941). Esse conceito também foi abordado na Lei de Execuções Penais, em relação à preservação de dados genéticos. O principal objetivo da cadeia de custódia é garantir a idoneidade e a rastreabilidade dos vestígios, assegurando a confiabilidade e a transparência das provas periciais. Trata-se de um sistema que organiza procedimentos para preservar a autenticidade e idoneidados vestígios e permitir que a prova apresentada em juízo mantenha suas propriedades originais, sua principal função é assegurar que os vestígios sejam manuseados adequadamente ao longo de todo o processo, desde sua coleta até o eventual descarte. Diversos autores contribuem para o entendimento desse conceito, Magno e Comploier (2021) fazem uma análise sobre diversos autores que descrevem o conceito de Cadeia de Custódia, por exemplo, os autores citam que para Gustavo Badaró a descrição se dá como um procedimento de documentação ininterrupta, que acompanha os vestígios desde sua coleta até sua apresentação no processo, certificando sua integridade e autenticidade. A legislação brasileira, no entanto, amplia essa visão, estabelecendo que a cadeia de custódia se encerra no descarte, abrangendo todas as etapas processuais. O Código de Processo Penal já possuía disposições relacionadas à cadeia de custódia antes da edição da nova lei, como o isolamento do local do crime e a guarda de materiais probatórios. No entanto, apesar dessas diferenças, a ausência de um detalhamento específico sobre o tema gerava insegurança jurídica, uma vez que o termo "cadeia de custódia" não era previsto de forma direta na legislação brasileira. Isso resultou em interpretações divergentes sobre os procedimentos adequados para o pertinente e a preservação de vestígios, o que, por vezes, comprometeu a revisão das provas e a integridade do processo penal. Com a sistematização trazida pelo “Pacote Anticrime” (Lei nº 13.964/2019), essas etapas foram integradas em um processo mais detalhado e estruturado, garantindo maior uniformidade e clareza nos procedimentos. A inclusão expressa da cadeia de custódia na legislação brasileira representou um avanço significativo, garantindo a segurança jurídica e estabelecendo parâmetros técnicos e legais que reforçam a confiabilidade dos materiais de prova utilizados no sistema de justiça penal. Embora a legislação brasileira tenha instituído procedimentos claros sobre a cadeia de custódia, não exige, como ocorre em sistemas de common law, a comprovação formal desse procedimento no julgamento (Magno; Comploier, 2021). O autor Moises Ceschin (2022) explica que a cadeia de custódia tem suas raízes no direito penal como um mecanismo essencial para a preservação e autenticação dos materiais de prova. A sua importância foi extremamente reconhecida ao longo da evolução do sistema jurídico, principalmente pela necessidade de garantir que as provas coletadas em cenas de crimes sejam preservadas de forma íntegra e confiável. No Brasil, a normatização desse procedimento foi significativamente aprimorada com a promulgação da Lei do Pacote Anticrime, que aplica as regulamentações específicas no Código de Processo Penal para garantir a rastreabilidade e a legitimidade das provas. Historicamente, a ausência de diretrizes claras sobre a cadeia de custódia gerou incertezas quanto à validade dos vestígios apresentados em processos penais. Falhas na documentação e na preservação das provas comprometiam a persecução penal e os direitos fundamentais dos acusados e a confiança no sistema de justiça (Costa, 2022). A partir da Lei nº 13.964/2019, tornou-se obrigatória a adoção de procedimentos padronizados para registrar todas as etapas do controle de evidências, desde a sua coleta até o descarte, garantindo a transparência e a rastreabilidade. Entre as inovações trazidas por essa legislação, destaca-se a exigência de maior rigor na qualidade e confiabilidade das provas periciais, especialmente relevante em situações em que não há deslocamento de peritos oficiais ao local do crime, como em flagrantes, buscas e apreensões realizadas por equipes policiais, Costa (2022, p. 34) diz que: “As operações relacionadas a todo o tramite da prova se estende aos art. 158-F, sendo cada operação denotada de um rigor e respeito à ordem cronológica dos acontecimentose dos trâmites de cada prova”. Nesses casos, a lei exige que os procedimentos de coleta e preservação dos vestígios sigam critérios rígidos para evitar contaminação, adulteração ou perda de integridade, de forma que possam subsidiar melhor a investigação criminal e o julgamento. A legislação reforça ainda a compatibilidade da cadeia de custódia com os princípios constitucionais do direito penal, como o devido processo legal e a ampla defesa. A garantia que as provas sejam obtidas e tratadas conforme padrões técnicos e legais, busca-se maior legitimidade nos resultados obtidos. Ainda sobre o tema, Greco (2016) afirma que a obrigatoriedade da prova pericial evidencia o compromisso do processo penal com a verdade, essencial para garantir que o acusado responda por seus atos com base em evidências concretas. A omissão desse exame em crimes que deixam vestígios compromete a integridade do processo, tornando-o inválido conforme previsto no artigo 564, III, “b” do CPP. Este artigo classifica a ausência de exame pericial como causa de nulidade absoluta, o que demonstra a importância da prova pericial para garantir a validade do processo penal e a salvaguarda dos direitos fundamentais, como o direito à ampla defesa e ao contraditório. Para Fernando Capez (2018), a exigência da prova pericial é um mecanismo que evita injustiças, pois evita que o processo penal se baseie unicamente em provas frágeis ou subjetivas, os tipos de provas frágeis e subjetivas: provas testemunhais, já que cabe uma discussão sobre a fragilidade da prova testemunhal, pois, de acordo com Campos (2020), pode ser facilmente manipulada e se torna pouco confiável, segundo a autora, as provas testemunhais, em algumas vezes, se apresenta com sentimentos, falhas de memória, e, como a autora menciona, baseando-se em outros autores que debatem sobre o tema, a memória é passível de distorções, nem todos os pensamentos, mesmo que recente, correspondem integralmente com o que acontece de determinada forma, a perícia, todavia, fornece subsídios técnicos que permitem ao juiz compreender os fatos ocorridos com base em critérios científicos e objetivos. Essa exigência é reforçada pela doutrina, que destaca a importância da perícia para a construção de um processo que esteja em consonância com os princípios constitucionais e processuais penais. A PROVA PERICIAL E SUA REPERCUSSÃO NO PROCESSO PENAL A trajetória da perícia técnico-científica no Brasil reflete uma evolução histórica significativa, vinculada tanto ao contexto de segurança pública quanto às mudanças no sistema de justiça criminal. Teixeira e Albuquerque (2014) dizem que inicialmente, a perícia surge dentro da polícia civil, ancorada principalmente em áreas como a medicina legal e a criminalística, com um enfoque repressivo voltado para o controle da criminalidade e da violência, no entanto, mesmo com sua importância, ainda se encontrava desprovida de políticas adequadas, sua importância no processo penal foi por muito tempo subestimada, os autores dizem que: “Apesar do grande avanço conquistado, até hoje a perícia não aparece na redação da Constituição Federal, nem como órgão de segurança pública nem como uma das funções essenciais à justiça” (Teixeira; Albuquerque, 2014, p. 102). O verdadeiro avanço da perícia técnico-científica no Brasil ocorreu a partir do fortalecimento da democracia e dos direitos humanos, impulsionados pela promulgação da Constituição Federal de 1988 (Teixeira; Albuquerque, 2014). Com a consagração de direitos fundamentais, como o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, a prova pericial passou a ocupar um papel fundamental no sistema de justiça, a perícia, então, deixou de ser um instrumento meramente auxiliar e passou a ser vista como um mecanismo fundamental para a concretização da justiça, sendo reconhecida como um meio para assegurar a imparcialidade e a legitimidade das decisões judiciais (Teixeira; Albuquerque, 2014; Costa; Gomes, 2024). De acordo com Santos e Levine (2024), essa mudança normativa exige que a comprovação da cadeia de custódia seja respaldada por um laudo técnico, firmado por um perito oficial. Essa exigência mostra que esse processo teve o reconhecimento da importância da prova pericial na persecução penal e a necessidade de garantir que todo o processo de coleta, transporte, análise e armazenamento dos vestígios seja documentado de maneira rigorosa e transparente. Por outro lado, se o laudo pericial é deficiente, incompleto ou suscetível a questionamentos devido a falhas na cadeia de custódia, a credibilidade tanto da prova quanto da instituição é posta em dúvida. Como Santos e Levine (2024) destacam, a recente exigência de um laudo que comprove a autenticidade e integridade da cadeia de custódia, elaborado por perito oficial, reforça essa preocupação. Portanto, a qualidade do laudo pericial é um reflexo direto da competência e da confiabilidade da instituição pericial, quanto maior o rigor técnico e a transparência nos processos de coleta e análise de vestígios, maior será a confiança depositada na instituição, resultando em um impacto positivo na persecução penal e na administração da justiça. DO PERITO O artigo 159 do Código de Processo Penal (CPP), com a redação atualizada pela Lei nº 11.690/2008, estabelece a regulamentação sobre o exame de corpo de delito e outras perícias no âmbito judicial, destacando a importância do papel dos peritos oficiais e as garantias processuais das partes no tocante à produção e fiscalização da prova pericial, o CPP, no artigo 159, explica que: Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008). I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008). II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008). § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008). § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) (Código de Processo Penal, 1941, art. 159). O caput do artigo determina que os exames periciais devem ser realizados por peritos oficiais, profissionais devidamente qualificados e portadores de diploma de curso superior, essa exigência visa assegurar que os laudos sejam produzidos por especialistas competentes, conferindo maior credibilidade às provas técnicas. No entanto, o §1º prevê a substituição dos peritos oficiais na ausência destes, delegando a função a dois peritos had hoc, pessoas idôneas com diploma de nível superior preferencialmente na área específica, essa disposição assegura a continuidade da investigação mesmo em localidades ou situações em que não haja peritos oficiaisdisponíveis, mas mantém critérios técnicos mínimos. Os §§3º, 4º e 5º do artigo ampliam a participação das partes no processo pericial, permitindo-lhes formular quesitos, indicar assistentes técnicos e requerer esclarecimentos dos peritos. Tais disposições reforçam os princípios do contraditório e da ampla defesa, já que as partes podem influenciar e questionar a produção da prova pericial, equilibrando as forças processuais. A figura do assistente técnico, introduzida pelo §4º, explicita a possibilidade da atuação de especialistas contratados pelas partes atuem como contraponto técnico ao laudo oficial, aumentando a possibilidade de confronto de opiniões técnicas. A perícia técnica é um elemento fundamental no sistema de justiça penal, sendo conduzida por profissionais que possuem competências específicas para analisar e interpretar vestígios. Esses profissionais, denominados peritos, podem ser classificados em três tipos principais: peritos oficiais, peritos ad hoc e assistentes técnicos, cada qual com funções e características próprias, conforme prevê o artigo 159 do Código de Processo Penal (Brasil, 1941). Os peritos oficiais são servidores públicos aprovados em concurso público e vinculados a órgãos de perícia criminal, como o Instituto Médico Legal (IML) e a Polícia Científica. Eles possuem autonomia técnica, científica e funcional, assegurada pela Lei nº 12.030/2009, o que lhes confere independência para conduzir seus exames periciais com base em metodologias científicas. De acordo com Silva, Bastos e Oliveira (2022), os peritos oficiais atuam exclusivamente na análise de vestígios materiais, produzindo laudos periciais imparciais que têm presunção de veracidade no processo judicial. Os peritos ad hoc, por sua vez, são nomeados pelo juiz em situações excepcionais, quando não há disponibilidade de peritos oficiais. Eles devem ser pessoas idôneas, com diploma de nível superior, preferencialmente na área do exame a ser realizado. Sua atuação é temporária e limitada ao caso específico para o qual foram designados, conforme previsto no artigo 159, §1º, do CPP (Brasil, 1941). Apesar de sua importância em regiões onde os recursos humanos são escassos, a atuação de peritos ad hoc pode gerar questionamentos quanto à qualidade técnica e à imparcialidade de seus laudos. Dessa maneira, os assistentes técnicos são peritos contratados por uma das partes do processo (acusação ou defesa) para apresentar pareceres técnicos ou questionar os resultados dos laudos oficiais. Sua atuação está regulamentada no artigo 159, §4º, do CPP, que permite sua nomeação pelas partes após a conclusão do laudo oficial. Embora tenham liberdade para contestar as provas apresentadas, os assistentes técnicos devem atuar de forma ética e fundamentada, contribuindo para o contraditório e a ampla defesa no processo penal (Carvalho, 2016). Portanto, a distinção entre os tipos de perito é essencial para compreender suas diferentes funções e relevâncias no sistema de justiça penal. Enquanto os peritos oficiais possuem uma atuação pública e imparcial, os peritos ad hoc preenchem lacunas estruturais, e os assistentes técnicos atuam como contrapontos técnicos, fortalecendo os princípios constitucionais do devido processo legal e da ampla defesa. A atuação do perito oficial, prevista na legislação brasileira, é essencial para a produção de provas em processos judiciais e administrativos que requerem conhecimentos especializados. A lei n° 12.030, de 17 de setembro de 2009, regulamenta a perícia oficial de natureza criminal, estabelecendo normas para garantir a idoneidade e a qualificação técnica dos profissionais que atuam nessa função, uma dessas normativas se dá no artigo 2, que diz que: “No exercício da atividade de perícia oficial de natureza criminal, é assegurado autonomia técnica, científica e funcional, exigido concurso público, com formação acadêmica específica, para o provimento do cargo de perito oficial”. Essa lei busca trazer segurança jurídica a atuação dos peritos face um contexto de questionamentos sobre insegurança jurídica na atuação pericial brasileira. No artigo “A cadeia de custódia e sua relevância para a prova penal” Gustavo Badaró (2017) propõem uma análise bastante acurada acerca da importância do rigor nos procedimentos que constituem a cadeia de custódia, como a identificação, etiquetação, manejo e transporte das evidências coletadas no âmbito do direito penal. Badaró (2017) inicia sua exposição discutindo a definição de prova, fundamentando-se na etimologia e na doutrina clássica, destacando que a prova, derivada do latim probatio. O perito oficial, diferentemente do perito ad hoc, não é nomeado pelo juiz, mas sim selecionado por meio de concurso público e faz parte dos quadros efetivos permanentes dos órgãos públicos de perícia criminal, atualmente designadas como Polícia Científica. Já o perito ad hoc é nomeado pelo juiz em situações exclusivas, quando não há um perito oficial disponível, enquanto o assistente técnico é admitido no processo pelas partes para apresentar pareceres ou contrapor os resultados do laudo oficial. De acordo com a legislação brasileira, a perícia oficial deve ser realizada preferencialmente por peritos oficiais esses profissionais, como peritos criminais, médico-legistas ou odontolegistas, têm a liberdade de realizar seus exames técnicos e científicos, garantindo a imparcialidade e a reprodução das provas produzidas (Silva; Bastos; Oliveira, 2022; Brasil, 2009). PROVA PERICIAL E REPERCUSSÃO PENAL A prova pericial, no contexto da persecução penal, apresenta-se como um elemento para a materialização do crime, especialmente nos casos em que a infração penal deixa vestígios como citado por Murilo Stratz (2021). O autor destaca que, no Direito Processual Penal brasileiro, a realização de perícia é mandatória sempre que houver vestígios, sob pena de nulidade processual, conforme o disposto nos artigos 564, III, "b" e 158 do Código de Processo Penal (CPP). A exigência dessa prova técnica não se limita à simples formalidade, pois é uma necessidade de comprovação objetiva dos fatos, o que fortalece o processo penal. Assim, a ausência de um exame pericial pode comprometer a acusação e inviabilizar a própria denúncia, conforme o autor explica: “Outrossim, a queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito, caso o crime tenha deixado vestígio, de acordo com o art. 5253 daquele CPP” (Stratz, 2021, p. 155). Além do cumprimento de uma formalidade processual, a prova pericial carrega em si uma autoridade científica que confere maior legitimidade à persecução penal. Carvalho (2016) argumenta que a qualidade da prova pericial está diretamente relacionada à credibilidade das instituições responsáveis por sua produção, uma organização que elabora laudos de maneira criteriosa, utilizando métodos confiáveis e rigor técnico, reproduzindo confiança de maneira geral, tanto em um aspecto científico, quanto no âmbito social. Esse elo entre qualidade e credibilidade reforça a importância de assegurar que a cadeia de custódia (CC) seja respeitada em todas as suas etapas, garantindo a integridade dos vestígios desde o momento da coleta até a sua análise final. O processo de elaboração do laudo pericial, conforme descrito por Carvalho (2016), é composto por quatro partes essenciais: preâmbulo, exposição, discussão e conclusão: [...] sendo a primeira delas conhecida como preâmbulo que contém o nome do perito e o objetivo da perícia; em seguida é elaborada a exposição, nessa etapa os peritos irão descrever em detalhes tudo aquilo que foi objeto da perícia; depois se realiza a discussão, momento em que o perito analisará os detalhes do exame argumentando a respeito, formulando assim seus pareceres; por fim é feita a conclusão devendo ser respondidos os quesitos formulados pelas partes na fase que permite contraditório e ampla defesa (Carvalho, 2021, p. 376). A preservação da cena do crime é uma etapa fundamentalno processo de produção do material de prova e, embora a atuação dos peritos seja necessária, essa responsabilidade não é exclusiva desses profissionais. O primeiro agente público a chegar ao local do crime, geralmente um policial militar, civil ou federal, desempenha um papel de manutenção da integridade dos vestígios. Conforme destaca Carvalho (2016), a cadeia de custódia envolve todas as ações realizadas desde a identificação dos vestígios até sua análise em laboratório, o que abrange um conjunto de agentes públicos que integram o sistema de segurança e justiça. Nesse contexto, cabe ao primeiro agente público, seja ele um policial ou agente de outra força de segurança, identificar a cena do crime e garantir que os vestígios não sejam contaminados, deslocados ou destruídos. Essa preservação inicial é essencial, independentemente do tipo de crime, como homicídios, estupros, cativeiros ou suicídios. A Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) reforça a importância desse cuidado, ao regulamentar a cadeia de custódia e estabelece a necessidade de registrar e documentar todas as etapas da documentação dos vestígios, desde sua coleta até sua apresentação em tribunal. Além dos agentes policiais, outros órgãos, como o Ministério Público, também têm responsabilidades quando atuam diretamente na coleta de materiais de prova. Por exemplo, as ações realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) exigem o cumprimento rigoroso dos princípios que garantem a proteção e a integridade dos vestígios. Assim, a cadeia de custódia não se limita à atuação dos peritos, mas envolve todas as instâncias do sistema de segurança e justiça, que devem respeitar os procedimentos técnicos para garantir a confiabilidade das provas materiais apresentadas em justiça (Brasil, 2019). A falta de capacitação dos agentes envolvidos nas etapas iniciais da cadeia de custódia pode comprometer todo o processo probatório. Como ressalta Santos e Levine (2024), “a falha no cumprimento dos procedimentos da cadeia de custódia, mesmo que nas primeiras interações com a cena do crime, pode levar à contaminação ou perda dos vestígios, tornando-os inadmissíveis em tribunal” (p. 4384). Essa realidade evidencia a necessidade de programas contínuos de capacitação para todos os agentes públicos envolvidos, desde policiais a promotores, para que estejam aptos a identificar, preservar e documentar corretamente os elementos probatórios. Portanto, a cadeia de custódia, embora frequentemente associada à atuação pericial, deve ser compreendida como um processo que abrange todos os agentes públicos que, em algum momento, têm contato com o material de prova. A aplicação uniforme dos procedimentos técnicos estabelecidos pela legislação é essencial para a garantia de justiça, reduzindo riscos de nulidade processual e promovendo maior confiabilidade no sistema penal. A falha na observância da cadeia de custódia pode comprometer a validade da prova, tornando-a passível de contestação, como aponta Carvalho (2016, p. 377), a “Cadeia de Custódia é geralmente reconhecida como o elo fraco em investigações criminais”, especialmente pela dificuldade de se garantir a integridade das provas ao longo de todas as etapas. Mesmo que os vestígios sejam coletados de maneira adequada, qualquer falha na documentação ou no manuseio pode resultar na perda de seu valor probatório. A prova pericial é um instrumento técnico-científico indispensável no processo penal, especialmente em crimes que deixam vestígios. Regulada pelos artigos 158 e 159 do Código de Processo Penal (CPP), essa prova é essencial para a busca da verdade material, pois oferece subsídios objetivos e imparciais para a formação da convicção do juiz. Segundo Costa (2022), a perícia possibilita a análise de elementos que não poderiam ser compreendidos por meio de provas subjetivas, como depoimentos, reforçando sua importância na produção de provas confiáveis. A produção da prova pericial segue etapas rigorosas que garantem sua validade jurídica e científica. Inicialmente, ocorre a solicitação da perícia pelo delegado, Ministério Público ou juiz, com o objetivo de esclarecer dúvidas técnicas sobre fatos do caso. A coleta dos vestígios é feita no local do crime pelos peritos oficiais, que atuam de acordo com as diretrizes da cadeia de custódia, estabelecidas pela Lei nº 13.964/2019 (Brasil, 2019). Em seguida, os vestígios são analisados em laboratórios especializados, utilizando métodos científicos que garantem a precisão dos resultados. Por fim, o laudo pericial é elaborado, contendo uma descrição detalhada do exame realizado, os métodos empregados e as conclusões obtidas (Carvalho, 2016). A repercussão penal da prova pericial é evidente, pois ela impacta diretamente a condução do processo e a decisão judicial. Primeiramente, a perícia contribui para a determinação da autoria e materialidade do delito, elementos indispensáveis para a persecução penal. Além disso, a prova pericial confere maior confiabilidade ao processo, pois, diferentemente de provas subjetivas, como testemunhos, ela possui um caráter objetivo e fundamentado em metodologias científicas. Conforme Capez (2018), a qualidade técnica do laudo pericial é fundamental para evitar decisões judiciais baseadas em percepções ou interpretações equivocadas. Contudo, a ausência de uma perícia bem realizada ou a quebra da cadeia de custódia pode gerar nulidade processual, comprometendo a validade das provas e a própria justiça do julgamento. Santos e Levine (2024) ressaltam que a falha na preservação ou análise dos vestígios pode levar à contaminação ou perda da integridade das provas, resultando em absolvições indevidas ou condenações injustas. A prova pericial, por sua vez, é um pilar na busca pela verdade material no processo penal. Sua correta produção e preservação são indispensáveis para assegurar a confiabilidade das decisões judiciais, contribuindo para um sistema de justiça penal mais justo e eficaz. TIPOS DE PROVAS E A PRESERVAÇÃO DE PROVAS MATERIAIS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO A prova jurídica é a principal fonte de referência no processo judicial e sua utilização permite encontrar a verdade para fundamentar uma decisão judicial. No sistema jurídico brasileiro, as provas são classificadas em diferentes tipos sendo as provas físicas e testemunhas as mais proeminentes. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal declarou que o “princípio da disponibilidade do juiz permite que aprecie livremente as provas desde que sejam provas provadas e garanta a imparcialidade do processo” (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS, 2022). Sobre as Provas Materiais são elementos específicos que provam a existência ou a inexistência de um fato. São tidos como provas materiais documentos escritos, laudos periciais, fotografias, objetos recolhidos que fazem parte do ato criminal ou mesmo que chegam por meio de terceiros, além de outras provas. A partir do Artigo 158 do Código de Processo Penal (CPP) confirma-se que são necessários registros de exames de corpo de delito em crimes que deixam vestígios, sendo então classificados como prova material no Processo Penal (Brasil, 1941). Por seguinte, as Provas Testemunhais ocorrem por meio de relatos de pessoas de forma presencial ou em alguns casos específicos, através de chat chamadas; essas pessoas de alguma forma tiveram contato com o caso específico e vão relatar detalhes que não são acessados durante as coletas de provas materiais. Conforme afirma Crunivel et al (2020) as provas por testemunhas podem sofrer falhas entre elas: de memória ou manipulação, porém, mesmo assim, essas provas ainda possuem valor probatório. O artigo 202 do CPP confirma que quaisquer pessoas pode ser testemunhas, desde que a mesma não seja impedida ou suspeita (Brasil, 1941). De acordo na jurisprudência brasileira as provas testemunhais não substituem as provas materiais, principalmente em casos de crimes que deixam vestígios. Em decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) (2023) que ocorreu no casoHC 598051/STF (2023), houve um reforço sobre a necessidade de laudos periciais em crimes materiais, onde invalida a condenação baseada exclusivamente em depoimento de testemunhas. Conseguinte, o STF (2023) decidiu a partir do RHC 147.003/STJ (2020) que a ausência de cadeia de custódia de provas materiais, impossibilita seu uso durante o processo jurídico, mesmo que exista testemunhas que realmente comprovem os fatos. Esses precedentes confirmam as prioridades das provas concretas no sistema jurídico brasileiro. As provas materiais ganham destaque e preferência devido a legitimidade dos processos judiciais. A lei nº 13.964/2019, nomeada como Pacote Anticrime, corroborou com os avanços e regulamentação da cadeia de custódia das provas, e garantiu a preservação e manipulados de maneira rastreável sobre as provas coletadas enquanto ocorre as investigações (Brasil, 2019). A Constituição Federal de 1988, exibiu no artigo 5º, inciso LVI, que são ilícitas as provas obtidas por meios de fraudes. Esse dispositivo garante ao processo legalidade e consegue blindar os direitos fundamentais das partes. Silva (2020) aponta em seu estudo, que esse princípio é um dos pilares do Estado Democrático de Direito, impedindo que a busca pela verdade jurídica ultrapasse os limites da legalidade. A jurisprudência reforça que as provas comprovadas com fraudes devem ser tratadas com rigidez. No RE 1.235.340/STF (2021), o STF decidiu que, para garantir os direitos constitucionais, são inaceitáveis provas obtidas por meios fraudulentos, mesmo em casos relevantes (Brasil, 2021). Essa decisão explana a inquietação da tribuna com a integridade do sistema processual brasileiro (Rocha, 2021). Mesmo que as provas testemunhais sejam admissíveis em diversas circunstâncias, a sua validade é limitada, principalmente quando os crimes deixam vestígios. Neste contexto, Nucci (2022) confirma que as provas testemunhais devem ser tratadas como recurso para auxiliar e complementar e não substituir as provas físicas, pois pode comprometer a confiabilidade do processo. Na teoria, existe um reconhecimento desafiador associados à prova testemunhal, segundo Greco (2021), a invalidade de prova pode ocorrer devido as testemunhas sofrerem influências, sendo elas: emocionais, lapsos de memória ou interesses pessoais. Por isso, é essencial que o testemunho seja confrontado com vários fatores probatórios, com a intenção de garantir uma maior segurança e fidedignidade jurídica. Além disso, o uso de provas ilícitas representa um grande problema à justiça. Para Tourinho Filho (2021), as apresentações de provas deturpadas abrem precedentes perigosos ocasionando na desconfiança do sistema jurídico e a imparcialidade da justiça. O princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas deve, portanto, ser rigorosamente aplicado. É essencial ter uma cadeia de custódia das provas materiais para evitar problemas maiores e manipulações. De acordo com a Resolução nº 2.030/2019 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) todas as fases de recolhimento de dados, armazenamento e análise dos mesmos devem ser documentadas, assegurando sua autenticidade e integridade (CNJ, 2019). Existem muitos casos misteriosos no Brasil, que ilustram problemas decorrentes devido à má gestão das provas materiais. Em processos criminais envolvendo operações policiais de grande escala, como a Lava Jato, houve muitas deficiências na cadeia de custódia, que levaram questionamentos sobre a legitimidade das provas apresentadas corrompendo e comprometendo a veracidade da operação (Crunivel; Cruz; Alves, 2020). Em compensação, o ingresso de regras mais rigorosas sobre a preservação de prova física, acarretaram avanços significativos no sistema processual. Para Crunivel et al (2020) essas mudanças são importantes e ganham destaque por trazer mais segurança jurídica que consegue garantir os direitos fundamentais no Brasil. Em conclusão, apesar da afinidade existente entre prova física e testemunhal seja complexa, a lei e a jurisprudência brasileiras priorizam e protegem a veracidade real e os direitos constitucionais, impondo limites à sua utilização. A não aceitação de provas ilícitas e a cadeia de custódia das provas são fundamentais para o processo justo e eficiente que reflete o compromisso do Estado com a justiça e a democracia. Provas Lícitas e Ilícitas no Ordenamento Jurídico Brasileiro No sistema jurídico brasileiro, as provas têm papel central e são divididas em lícita e ilícita, e são importantes para a proteção dos direitos. As Provas Lícitas são acessadas a partir das normas legais, que devem respeitar os direitos fundamentais como a privacidade e a violação das comunicações. Segundo Nucci (2022), é considerada lícita todas as provas que apresentam a não violação legislativa ou que haja dispositivos constitucionais, garantindo que o procedimento seja legal. As Provas Ilícitas, por outro lado, são aquelas ocasionadas por meios contrários e ilegais à Constituição; o artigo 5º, inciso LVI, da Constituição Federal de 1988 apresenta um princípio constitucional do Estado Democrático de Direito e dispõe que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios fraudulentos (Brasil, 1988). Silva (2020) diz que essa regra visa proteger os direitos fundamentais e garantir a justiça nos processos judiciais, atalhando a busca da verdade em detrimento das garantias constitucionais. Antes da regulamentação da cadeia de custódia, a prova ilícita gerava muitos problemas sendo então muito debatida no meio jurisprudencial. Em muitos casos, as provas ilícitas eram aceitas, principalmente se houvesse quaisquer sinais de relevância para o resultado do processo judicial. Tourinho Filho (2021) observou que, antes da introdução de rigorosidade das regras, prevaleceu os direitos principais, que comprometeram a integridade do sistema jurídico. O marco legal da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime) foi essencial e estabeleceu requisitos rigorosos para sua coleta, havendo um cuidado específico sobre a preservação e rastreabilidade das provas (Brasil, 2019). O STF, no julgamento do RE 1.235.340/STF (2021), reforçou a proteção dos direitos fundamentais e afirmou que a mesma é absoluta e que não são aceitas as provas em desacordo com a lei, ainda que tenham consequências sociais relevantes (Brasil, 2021). A não aceitação das provas ilícitas não se limita ao processo penal, aplicando-se também ao processo civil e laboral, Greco (2021) afirma que é regra manter coerência durante o sistema jurídico e afirma que nenhuma área do direito pode utilizar provas ilícita. A Resolução nº 2.030/2019 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) analisa a necessidade de evitar adulterações e perdas de dados que ocasiona a invalidade do processo (CNJ, 2019). No RHC 147.003/STJ (2020), o STF invalidou as provas coletadas sem respeitar a cadeia de custódia, em nome da veracidade (Brasil, 2020). Além disso, como apontam Crunivel et al (2020), o uso de provas ilícitas diminui a confiança do público no sistema legal e pode levar à impunidade e à arbitrariedade. A exigência de obter e preservar as provas de forma lícita é, portanto, não só uma necessidade técnica, mas também ética. Um caso que ganhou destaque devido seu impacto no uso de provas ilegais é a Operação Satyagraha, ocorrida em 2008, pela Polícia Federal. Esta operação envolveu a investigação de chamadas telefónicas que comprovavam acusações. No entanto, a legalidade dessas interceptações fora questionada, as mesmas teriam sido realizadas sem autorização judicial ou fora das condições legais estabelecidas. O advogado de defesa alegou que estas provas eram ilegais e, por conseguinte, inadmissíveis para o processo. Em 2011, o STJ, por fim, invalidou as provas coletadas na Operação Satyagraha devido as irregularidades confirmadas, destacando a participação ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) que participou das coletas de provas sem autorização oficial. Com essa decisão, as ações penais contra os acusados foram arquivadas, o que causou grande repercussão na sociedade (Brasil,2011). Esse caso elucida como a obtenção de provas desonestas, mesmo em crimes graves, consegue comprometer as investigações e os processos judiciais. A anulação das provas, embora baseada em garantias constitucionais, provocou um debate relevante sobre a eficácia do sistema de justiça brasileiro com ênfase ao combate à corrupção e aos crimes financeiros. A Operação Satyagraha ganha destaque, pois apresenta os limites da ação estatal sobre a ação penal, evidenciando a necessidade de equilibrar a veracidade das investigações com o respeito aos direitos fundamentais garantidos pela Constituição. O uso de provas ilícitas não só viola direitos individuais, como também compromete a possibilidade de punição de atos ilícitos e frustra legítimas expectativas de justiça social (Rocha, 2011). A evolução da legislação e jurisprudencial no Brasil revela um compromisso crescente com a legalidade e a justiça, reforçando a proteção dos direitos fundamentais e a integridade dos processos judiciais. A exigência de aquisição e precaução de provas de forma lícita não só garante a justiça, como também reforça a validade e rigorosidade do sistema jurídico como um todo. CADEIA DE CUSTÓDIA: DEFINIÇÃO E IMPORTÂNCIA NA PRESERVAÇÃO DAS PROVAS A cadeia de custódia é vista a partir de vários procedimentos agrupados, que são essenciais para documentar, gerenciar e garantir a manutenção da integridade das provas durante as etapas do processo investigativo e judicial. Conforme estabelecido pela Lei nº 13.964/2019 que apresenta a cadeia de custódia como recurso fundamental para garantir sua autenticidade, abrangendo a coleta, a análise e a apresentação das provas em juízo (Brasil, 2019). O conceito de cadeia de custódia visa garantir a fiabilidade das provas utilizadas no processo, assegurando que não há contaminação ou manipulação de qualquer tipo; segundo Nucci (2022), a cadeia de custódia da prova é um pilar essencial para a proteção dos direitos fundamentais e assegura que apenas as provas legítimas são consideradas na formação das decisões judiciais. A conservação da integridade das provas é um dos principais alvos da cadeia de custódia. Dito isso, as provas não devem sofrer alterações do início ao fim do processo jurídico. A Resolução nº 2.030/2019 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) detalha os procedimentos que devem ser seguidos para preservar as evidências, incluindo registros detalhados de cada etapa e identificação do responsável (CNJ, 2019). Quando ocorre o descumprimento das regras acarreta um comprometimento severo na validade das provas. Em casos específicos, como o julgamento do ex-presidente Lula em relação à “Operação Lava Jato”, a falta de documentação verídica e adequada sobre a cadeia de custódia das provas levantou dúvidas sobre a credibilidade das provas apresentadas, sugerindo que falhas nesse processo prejudicariam a acusação, tanto quanto a defesa (Brasil, 2021). A documentação correta utilizada na cadeia de custódia das provas é importante para evitar ações negativas sobre a sua proveniência e integridade, como referem Crunivel et al (2020), é importante a rastreabilidade e autenticidade das provas, principalmente nas etapas finas como: quem as recolheu, quem transportou e analisou. Portanto, são essenciais registros detalhados dessas etapas, já que estes cuidados fornecem garantias contra a fabricação de provas. A cadeia de custódia das provas tem papel fundamental na confiança do sistema de justiça. A prova coletada é rigorosamente documentada tendo menor probabilidade de ser contestada e contribui para a eficiência do julgamento, como observam Crunivel et al (2020) a adoção de normas rígidas na preservação da prova representa um grande avanço no fortalecimento da justiça brasileira. A aplicação da cadeia de custódia não se restringe apenas aos processos penais, a mesma também se enquadra nos processos civis, trabalhistas e administrativos. Por exemplo, no Direito do Trabalho, a documentação certa dos registos digitais e físicos pode ser decisiva em litígios sobre assédio moral ou despedimento por justa causa. Os avanços tecnológicos surgem como novos desafios para a cadeia de custódia, especialmente no que diz respeito às provas digitais. A manipulação de dados eletrônicos, como e-mails e mensagens instantâneas, pode ser mais difícil de identificar a introdução de ferramentas para garantir a integridade dos dados, como a utilização de códigos hash e registos criptografados (Greco, 2021). A legislação vigente atribui encargos claros aos órgãos de investigação envolvidos na coleta e preservação de provas. Segundo Tourinho Filho (2021), a inadimplemento de métodos pode acarretar a eliminação de provas do processo, conforme previsto no artigo 157 do CPP, reforçando as necessidades de capacitação constante dos operadores do Direito. A cadeia de custódia também está relacionada para proteção do objeto da investigação da manipulação ou adulteração das provas contra si; como refere Silva (2020), a prevenção rigorosa das provas é uma aplicação prática do princípio do processo equitativo e garante que ninguém seja condenado injustamente a partir de provas ilícitas. A jurisprudência brasileira acompanhou o ritmo da lei ao enfatizar a importância da cadeia de custódia das provas. No julgamento do RHC 147.003/STJ (2020), o STJ declarou invalidade nas provas obtidas e interrompeu os procedimentos legais seguintes, por isso que a autenticidade das provas é essencial para garantir um julgamento justo (Brasil, 2020). Além do Brasil, a cadeia de custódia também é reconhecida em outros países, como os Estados Unidos, onde os procedimentos seguem a mesma perspectiva que o Brasil, principalmente quando referido a rigorosidade. Entende-se então que existe um padrão para o processo penal (Crunivel; Cruz; Alves, 2020). Em outros tipos de crimes, como os ambientais, as coletas de amostra geralmente são meios orgânicos como: água, solo e vegetação e isso exige cuidados específicos para garantir resultados confiáveis. E nesse caso, a falta de cadeia de custódia coerente atrapalha a responsabilização das empresas que prejudicam o meio ambiente. Outro fator onde a cadeia de custódia também pode exercer seu papel é em crimes contra a saúde pública. Em atos como falsificação de documentos, de medicamentos e alimentos; a preservação das amostras físicas é importante para que haja punição aos responsáveis. Greco (2021) observa que, nestes casos, a proteção do consumidor é posta em causa se a documentação da cadeia de custódia for deficiente. A cadeia de custódia, portanto, não é apenas um procedimento técnico, mas uma garantia de justiça. Sua correta aplicação assegura que as provas utilizadas no processo sejam autênticas, preservando tanto os direitos das vítimas quanto dos investigados. Assim, a cadeia de custódia não só protege o direito de defesa, mas também fortalece a credibilidade do sistema judicial como um todo. O rigor em sua aplicação é reflexo do compromisso com julgamentos justos e equilibrados, conforme os princípios constitucionais brasileiros. LIMITAÇÕES E DESAFIOS ESTRUTURAIS NA ATUAÇÃO PERICIAL Silva (2022) aborda as limitações e desafios estruturais na atuação pericial, destacando a importância de reconhecer as fragilidades da prova pericial e a necessidade de aprimorar as ciências forenses. É enfatizado pela autora que, para minimizar as falhas humanas, é fundamental uma conscientização prática das limitações da prova pericial dentro do sistema de justiça, entende-se que sem essa conscientização, os erros judiciários, como condenações e absolvições errôneas, podem continuar a ocorrer, impactando negativamente a ciência forense (Amaral; Bruni, 2023). Além disso, a autora menciona que a credibilidade do laudo pericial está diretamente ligada ao seu desenvolvimento, clareza, precisão e coerência, nesse sentido, para garantir a qualidade do laudo, ele deve ser estruturado de forma adequada, incluindo partes como preâmbulo, histórico, objetivo, descrição, discussão e conclusão, a contestabilidade do laudopericial também é abordado pela autora, ressaltando que as evidências devem ser produzidas com bases sólidas e confiáveis, o que também está pautado nas leis, que a perícia deve seguir um rigor técnico-científico. Nesse mesmo sentido, Sidi e Lopes (2017) abordam sobre as limitações e desafios estruturais na atuação pericial, os autores destacam a importância da cadeia de custódia e a necessidade de documentação adequada para garantir a validade das provas. Os autores analisam, assim como Silva (2022), que a prova científica deve ser tratada pelo direito e pela ciência, estabelecendo métodos e padrões para a produção válida da prova. Além disso, enfatizam que a legislação processual deve estabelecer regras gerais e padrões mínimos para a documentação da cadeia de custódia e as consequências de seu desrespeito, tanto em termos de admissibilidade quanto de valoração da prova correspondente. Abordando questões sobre os desafios e as consequências das Limitações Estruturais na Atuação Pericial, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2024) faz uma análise sobre a atuação das perícias técnico-científicas no Brasil que enfrenta desafios estruturais significativos, que afetam a eficiência das investigações criminais e a qualidade das provas produzidas. Entre os principais entraves estão a escassez de efetivo, a falta de formação e capacitação adequada de profissionais e limitações logísticas e organizacionais. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2024), a capacidade operacional das perícias é diretamente impactada pela falta de profissionais e pela ausência de estratégias para valorização e retenção. Nesse contexto, destaca-se a necessidade de uma política perene de gestão de pessoas, que envolva desde a captação e formação de competências até a revisão de planos de carreira e a promoção de melhores condições de trabalho e saúde, dessa maneira, a falta de um planejamento integrado compromete tanto o desempenho quanto a motivação dos peritos, criando lacunas no sistema investigativo. Além disso, a ausência de efetivos suficientes implica em graves consequências no sistema judiciário. A demora na execução de perícias prejudica a resolução de casos, resultando em atrasos processuais e comprometendo a confiança da sociedade nas instituições públicas (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2024). Essa situação também reflete a insuficiência de políticas voltadas para a adequação da infraestrutura e dos equipamentos, necessários para a realização das análises científicas com eficiência e precisão. É necessário que os órgãos responsáveis pela segurança pública e pelo sistema judiciário promovam reformas estruturais, focadas na valorização dos profissionais, modernização das estruturas organizacionais e incremento de recursos financeiros. LIMITAÇÕES E DESAFIOS ESTRUTURAIS NA ATUAÇÃO PERICIAL (esse subtítulo esta repetido) aqui poderia ser ”5.1 Impactos estruturais na manutenção da prova pericial”. As falhas estruturais e logísticas na ação pericial afetam a eficácia e a precisão das investigações criminais. A falta de infraestrutura, como laboratórios municiados de recursos tecnológicos atualizados, restringe a capacidade dos peritos para a realização das análises mais precisas. Em um estudo realizado por Baechler et al., (2020) a ultra especialização dos peritos, embora necessária, pode levar à polarização e à separação das comunidades científicas, afetando negativamente o avanço da ciência forense (Lopes et al., 2022). Estudos confirmam a importância do acesso dos Peritos Criminais às informações processuais dos casos forenses, o que pode aperfeiçoar a eficácia e precisão das buscas (Baechler et al., 2020; Morgan, 2017a; Morgan, 2017b; Pietro; Kammrath; Forest, 2019; Weyermann; Roux, 2021). No entanto, a falta de materiais eficazes para a realização das perícias é um impedimento significativo. Uma análise sobre a perícia criminal no Rio Grande do Sul aponta para essa ideia, pois indicou que 52% dos peritos analisam as condições de trabalho inadequadas, principalmente em relação à estrutura técnica e operacional (Teixeira; Albuquerque, 2014). A deficiência na logística intrainstitucional e interinstitucional prejudica a atuação pericial, com a falta de integração entre órgãos de segurança e unidades de perícia, resultando em atrasos e compromissos na qualidade das provas. A ausência de uma estrutura padronizada na perícia criminal brasileira gera diversidade organizacional entre unidades federativas, causando carência de pessoal, equipamentos e capacitação, essa desarticulação afeta a comunicação e a eficiência das investigações (Oliveira, 2017). Outro fator a ser considerado diz respeito a sobrecarga de trabalho que afeta muitos peritos, com o alto volume de casos e a falta de profissionais comprometendo a qualidade das análises e laudos. Dados indicam que 61% dos peritos consideram o volume de trabalho excessivo, e 74% apontam a escassez de peritos nas unidades periciais (Teixeira; Albuquerque, 2014). Conforme o Ministério da Justiça e Segurança Pública (2013) a carência de metodologias tecnológicas padronizados na perícia prejudica a conexão e credibilidade das análises forenses, podendo gerar resultados incoerentes. A padronização é eficaz para garantir a qualidade e competência dos laudos, como no caso dos exames de DNA, onde recomenda-se a uniformização dos procedimentos de coleta e análise por meio de manuais específicos. Isso assegura a correta coleta, preservação e análise das amostras, evitando erros que comprometam os resultados. A formação continuada dos peritos é crucial para aprimorar as práticas periciais, mas a falta de investimentos em capacitação profissional limita o desenvolvimento de habilidades necessárias para acompanhar inovações tecnológicas e científicas. A avaliação da formação dos peritos no Brasil indica que, embora haja cursos de formação inicial, a duração e qualidade variam entre os estados. Em Minas Gerais, o curso dura de seis a oito meses, enquanto no Rio de Janeiro, o último concurso ocorrido em 2000 ofereceu apenas 45 dias de formação. Essa disparidade pode comprometer a preparação dos peritos para os desafios da prática pericial (Missie, 2006). A remuneração inadequada dos peritos contribui para a desmotivação e evasão de profissionais qualificados, afetando a excelência dos serviços periciais. A valorização salarial é essencial para atrair e manter talentos na área. Estudos apontam que a insatisfação com salários defasados pode levar à saída de profissionais capacitados, comprometendo a qualidade do trabalho. Um exemplo disso é uma pesquisa sobre a evasão de militares no Exército Brasileiro, que identificou a insatisfação com a remuneração como um dos principais motivos para a perda de talentos e prejuízo nas atividades institucionais (Sotte, 2017). Nesse contexto, é salutar pensar nos impactos que uma infraestrutura inadequada tem sobre a qualidade da prova pericial produzida em razão das consequências sobre a cadeia de custódia. A implantação efetiva da cadeia de custódia é imprescindível para assegurar a integridade dos vestígios coletados, todavia está diretamente relacionada a capacidade estrutural institucional, uma vez a ausência de procedimentos claros e padronizados para o manejo das evidências pode resultar em contaminação ou perda de provas, comprometendo a investigação criminal, sendo a implementação de uma cadeia de custódia eficiente, vital para a credibilidade do processo investigativo (Alba; Fioreze, 2023; Magno; Comploier, 2021; Souza; Khury, 2023). Ainda nessa perspectiva, é preciso considerar que a ampliação de unidades de perícia no interior é fundamental para atender à crescente demanda por serviços periciais em regiões afastadas dos centros urbanos. A concentração de unidades nas áreas metropolitanas dificulta o acesso rápido e eficiente aos serviços, prejudicando as investigações em locais mais distantes. O projeto de expansão da Polícia Técnico-Científica no Maranhão (2016) exemplifica essa necessidade, propondo a criação de novos