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OS GEOSSISTEMAS COMO MEIOS PARA ANALISAR, INTERPRETAR, COMPREENDER E DISCUTIR AS PAISAGENS. SILVA, Márcio Luiz da* marcioluiz@bnb.gov.br RESUMO: O presente trabalho versa sobre a análise, interpretação, compreensão e discussão das paisagens a partir da perspectiva geossistêmica. Assim, é retomado a problemática da concepção de paisagem e geossistema dentro de um contexto geográfico e histórico. Dessa forma, objetiva-se discutir a aplicabilidade e validade da teoria geossistêmica, confirmando-a como um meio importante de a Geografia Física estudar a complexidade das paisagens. É apresentada uma variedade de pesquisas dessa temática, realizada nas paisagens brasileiras, que ainda se figuram como uma incógnita perante a ciência geográfica. Palavras-chave: Geossistema, Geografia Física, Paisagem. RESUMEN: El presente trabajo versa sobre el análísis, interpretación, comprensión y discusión de los paisajes a partir de la perspectiva geosistémica. Así es retomada la problemática de la concepción de paisaje y geosistema dentro de un contexto geográfico e histórico. De esta forma se objeta discutir la aplicabilidad y validad de la teoría geosistémica, confirmándola como un medio importante de la Geografía Física estudiar la complexidad de los paisajes. Es presentada una variedad de pesquisas de esta temática realizada en los paisajes brasileños, que todavía figuram como una incógnita delante de la ciencia geográfica. Palavras-lhave: Geosistema, Geografía Física, Paisaje. RÉSUMÉ: Le présent travail porte sur l’analyse, l’interprétation et la discussion des paysages a partir de la perspective geossystématique. Ainsi, est reprise la problématique de la conception du paysage et du geossystéme à l’intérieur d’un contexte geographique et historique. De cette manière, l’objectiff est de discuter de l’applicabilité et de la validité de la theorie geossystémique, en confirmant qu’um moyen important de la Geographie Physique estd’étudier la complexité du paysage. Est présenté une varieté des recherches de cette thématique, realisée sur les paysages brésiliens, qui reste encore inconnue de la science geographique. Mot-clef: Geossystéme, Geographie Physique, Paysage. ABSTRACT: The present project debates on the analysis, interpretation, comprehension and discussion of the landscape starting from the geosystematic perspective. Thus, the problem of landscape conception and geosystem is retaken within the geographic and historical context. The objective of the article is in _______________ *Acadêmico do 7º Período do Curso de Geografia – Universidade Estadual de Montes Claros. 2 bringing forth discussion of bestowing and validity of the geosystemical theory, confirming it as an important means of Physical Geography to study the complexity of landscapes. A variety of researches are presented on this theme, accomplished on the brazilian landscapes, that still stand as unknown in the face of geographic science. Key-Words: Geosystem, Physical Geography, Landscape. INTRODUÇÃO Na década de 60 surgiu dentro do âmbito da Geografia Física, uma nova maneira de se voltar os olhares sobre as paisagens. Era apresentada, pela escola russa e francesa, a teoria geossistêmica que trazia consigo um singular enfoque perante os estudos geográficos e ia de encontro aos objetivos da Geografia Tradicional que estudava a paisagem de forma fragmentada, considerando seus elementos individualmente. Nesse sentido, constitui objetivos desse artigo, trazer à discussão a Teoria Geossistêmica, apresentando-a e ou confirmando-a como um meio importante de a Geografia Física estudar a complexidade das paisagens. Assim é colocada uma discussão conceitual sobre a categoria Paisagem e Geossistema, que até hoje se configuram como uma incógnita perante a Ciência Geográfica. A partir do instante em que a abordagem geossistêmica considera as estruturas e as analisam como processo, permite-nos visualizar as interações contidas na paisagem com uma idéia de conjunto. Nesses estudos abrangentes, a Biogeografia, de forma particular, oferece a sua parcela de contribuição, pois ao estudar a Biosfera (seu objeto de estudo) não a considera de maneira isolada, mas leva em conta as estruturas que a compõe, ou seja, a litosfera, a hidrosfera, a atmosfera. UMA DISCUSSÃO SOBRE A CATEGORIA PAISAGEM NO ESPAÇO E NO TEMPO Ao se discutir o conceito de paisagem, sobretudo dentro do campo da Geografia, deve-se seguir uma lógica espacial e temporal, lógica nem sempre linear, ou seja, a concepção de paisagem foi sendo ressignificada ao longo da história do pensamento geográfico e seu significado recebeu atenções distintas em diversos países. Um dos pioneiros nos estudos dessa categoria geográfica foi a Alemanha, onde no período clássico, Schluter desenvolveu estudos sobre o Landschaft (este termo existe desde a Idade Média, para designar uma região de dimensões médias, em cujo território se desenvolvia pequenas unidades de ocupação humana), preocupando-se com a ação do homem sobre o meio, através de grupos organizados e não individualmente. Outro país que polarizou a discussão foi a França que, a partir da Renascença introduziu o termo Paysage com um sentido próximo do original Landschaft, considerando seus arredores, com uma conotação espacial delimitada e delimitante. No campo científico, o primeiro a empregar o termo “paisagem” foi o geobotânico 3 Alexander von Humboldt, no início do século XIX, no sentido de “característica total de uma região terrestre”. Para Bertrand (1972), “Paisagem” é um termo pouco usado e impreciso, e por isso mesmo, cômodo, que cada um utiliza a seu bel-prazer, na maior parte das vezes anexando um qualitativo de restrição que altera seu sentido (“paisagem vegetal”, etc.). (...) Bertrand analisa que o problema é de origem epistemológica e que o conceito de “paisagem” ficou estranho à Geografia Física moderna, não tendo suscitado nenhum estudo adequado. Considera ainda que uma tal tentativa implica numa reflexão metodológica e pesquisas específicas que escapam parcialmente à Geografia Física tradicional. Por outro lado destaca que o estudo das paisagens não pode ser realizado senão no quadro de uma Geografia Física global e que a noção de escala é inseparável do estudo das paisagens. Foi Bertrand em 1968, na França, um dos primeiros a estabelecer uma proposta de classificação da paisagem sob o ponto de vista sistêmico, em seu trabalho denominado Paysage et Géographie Phisique Globale. Para o autor (1972), A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É, numa determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução. (Bertrand, 1972, p. 141). Conforme Rodriguez e Silva (2002), nos anos 80 do século XX, a Geografia Física das Paisagens começou a ser denominada Ecogeografia ou Geoecologia, desenvolvida principalmente pela escola de Jean Tricart. As unidades ecodinâmicas foram consideradas por essa linha de pensamento como sistemas ambientais por excelência, fundamentados no relevo e na Geomorfologia como sendo estes o embasamento essencial.Cavalcanti (2001), ao buscar o conceito de paisagem num dicionário de geografia, coloca as seguintes considerações: Termo usado para descrever o “aspecto” global de uma área. A paisagem física refere-se aos efeitos combinados das formas do terreno, vegetação “natural”, solos, rios e lagos, enquanto a paisagem cultural (ou humana) inclui todas as modificações feitas pelo homem (vegetação “cultivada”, comunicações, povoações, minas a céu aberto, pedreiras, etc). (Small e Witherick 1992, p. 191). Segundo a ótica da Ecologia da Paisagem, impulsionada principalmente pelo alemão Carl Troll, sob forte influência da Biogeografia, uma das definições de paisagem é considerá-la como “a entidade visual e espacial total do espaço vivido pelo homem” ou, numa conceituação mais abrangente, “um mosaico heterogênico formado por unidades 4 interativas, sendo que esta heterogeneidade existente para pelo menos um fator, segundo um observador e numa determinada escala de observação”. No contexto da Geografia teorética-quantitativa, Christofoletti tece o seguinte comentário sobre a concepção de paisagem (Cavalcanti, 2001: 98): A noção de paisagem tornou-se insatisfatória para preencher os requisitos do paradigma contemporâneo da Geografia, sendo substituída pela noção de sistema espacial ou organização espacial, compreendendo a estrutura dos elementos e os processos que respondem pelo funcionamento de qualquer espaço organizado. (1982, p. 81). No Brasil, uma contribuição importante é a dada por Ab’Sáber (2003) quando nos ensina que a paisagem é sempre uma herança em todo o sentido da palavra: herança de processos fisiográficos e biológicos, e patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdaram como território de atuação de suas comunidades. Sob influência da Teoria Geossistêmica, Troppmair (2004) retoma uma nova discussão sobre a problemática da paisagem quando analisa que a estrutura, as inter- relações e a dinâmica que ocorrem em determinada área formando um Geossistema, dão a feição, a fisionomia daquele espaço, que é a própria paisagem vista como sistema, como unidade real e integrada. Admite o autor que, diante dos vários enfoques em que a palavra é apresentada, o aceito pelos geógrafos é o proposto por A. Humboldt, de que a paisagem é o “caráter integrado (único) do espaço” (Gesamtcharakter einer Gegend). Concluindo o raciocínio, Troppmair assinala que “paisagem é um termo fundamental e de significado científico para o geógrafo, assim como rochas são para o petrógrafo, biocenose para o biólogo e época para o historiador.” (Schmithuensen, 1986). “Para nós ‘paisagem’ é um fato concreto, um termo fundamental e de importante significado para a Geografia, pois a paisagem é a fisionomia do próprio Geossistema.” (Troppmair, 2004, p. 8). Nos últimos anos, a ciência geográfica tem divulgado um novo entendimento do conceito de paisagem, a de que paisagem é a aparência dos objetos espaciais, aparência que se modifica conforme a dinâmica das relações... [fisiográficas e biológicas]. (Cavalcanti, 2001, p. 72). Diante dos vários enfoques e linhas de pensamento que abordam o tema, não se pretende esgotar aqui a discussão teórica, etimológica e epistemológica sobre a categoria paisagem e atendendo ao objetivo desse artigo, consideraremos a paisagem como a fisionomia do Geossistema, a aparência que a realidade nos mostra dos elementos bio-lito- hidro vistos de forma integrada. Conforme atesta Cruz (1985) “a abordagem sistêmica não substitui a Geografia Física, mas a complementa para chegar ao estudo das paisagens”. 5 GEOSSITEMAS: CONSIDERAÇÕES SOBRE SUA ORIGEM, EVOLUÇÃO, EXPANSÃO E SUA APLICAÇÃO NO CAMPO DAS GEOCIÊNCIAS Face à abordagem dos sistemas geográficos, cabe distinguir aqui Paisagem do conceito de Geossistema, apesar de, numa análise superficial do tema e na prática, não haver diferença entre as duas realidades. Segundo Passos (2003) “O termo paisagem foi ofuscado em alguns momentos pelo termo geossistema” (Passos, 2003, p. 48). No Geossistema, entram em cena os sistemas, com interação de energias (análise funcional do espaço), o que não ocorre necessariamente com a Paisagem (análise espacial). Ademais, Bertrand (1972), em sua classificação das unidades de paisagem, admite que a paisagem contem o geossistema. Foi Vitor Sotchava, especialista siberiano, que em 1960, apresentou o termo Geossistema (Sistema Geográfico ou Complexo Natural Territorial) à comunidade científica internacional, conforme analisa Troppmair (2004) e Rodriguez e Silva (2002). No Brasil, uma importante contribuição foi dada por Georges Bertrand (1972) ao apresentar e discutir a Teoria de Geossistema. A problemática da escala é uma evidência tanto no trabalho de Sotchava quanto no de Bertrand, quando ambos consideram que a abrangência do Geossistema compreende entre alguns quilômetros quadrados a algumas centenas de quilômetros quadrados. Bertrand (1972) comenta que o Geossistema constitui uma boa base para os estudos de organização do espaço porque ele é compatível com a escala humana. A perspectiva Geossistêmica representou uma importante evolução nos estudos geográficos, sobretudo na Geografia Física, por considerar a interação e a integração dos elementos abióticos (solo, relevo, clima, hidrografia), bióticos (vegetação e animais) e antrópicos e não abordá-los de maneira isolada. Rodrigues (2001) comenta que apesar de ter sido formulada pela escola russa, essa teoria foi difundida no mundo ocidental pela escola francesa, através de G. Bertrand, a partir de 1968. Graças às iniciativas de seus autores, a Teoria Geossistêmica ficou conhecida em grande parte do mundo e sua aplicação se tornou uma realidade em diversos trabalhos, inclusive realizados no Brasil, ganhando às vezes interpretações distintas no enfoque de sua acepção. Na busca de uma definição para o assunto, Ab’Saber (2003) conceitua geossistema como o espaço original de abrangência de um ecossistema no entremeio de uma zona, domínio ou região morfoclimática e fitogeográfica. Troppmair (2004) considera-o como um sistema natural, complexo e integrado onde há circulação de energia e matéria e onde ocorre exploração biológica, inclusive aquela praticada pelo homem, ressaltando que a modificação antrópica na ocupação, estrutura, dinâmica e inter-relações do Geossistema são praticamente insignificantes dentro do todo. Outra concepção que o autor propõe é a de que o Geossistema é uma unidade complexa, um espaço amplo que se caracteriza por certa 6 homogeneidade de seus componentes, estruturas, fluxos e relações que, integrados, formam o ambiente físico onde há exploração biológica. O autor admite ainda que a morfologia, dinâmica e exploração biológica são três características primordiais de qualquer Geossistema, e registra: Para Rougerie e Beroutchachavili (1991,51) o Geossistema é composto por três componentes: os abióticos (litosfera, atmosfera, hidrosfera que formam o geoma), os bióticos (flora e fauna) e os antrópicos (formado pelo homem e suas atividades). (Troppmair, 2004, p. 9). Outra contribuição importante na compreensão dos geossistemas é a apresentada no comentário tecido por Rodriguez e Silva (2002) quando colocam que a estrutura do geossistema é uma poliestrutura, incluindo geoestrutura morfolitogênica, hidorclimatogênica e biopedogênica e que ele abrange a articulação hierárquicade vários níveis e ordens, começando pelas fáceis e geótopos. Bertrand (1972) menciona que o geossistema corresponde a dados ecológicos relativamente estáveis. Para o autor, ele é o resultado da combinação de fatores geomorfológicos (natureza das rochas e dos mantos superficiais, valor do declive, dinâmica das vertentes...), climáticos (precipitações, temperatura...) e hidrográficos (lençóis freáticos epidérmicos e nascentes, PH das águas, tempos de ressecamento dos solo...), conforme expresso a seguir: FONTE: Bertrand (1972) O professor Monteiro (2000), nas suas reflexões, relata a inexistência de uma formulação cabal sobre o conceito de geossistema, que continua abstrato e irreal, disputando lugar com vários outros congêneres: ecossistema, geoecossistema, paisagem, unidades espacial homogênea, entre outros. O Geossistema (Sistema Geográfico) ainda que não seja um assunto recente dentro do campo das geociências (pois tem sua origem marcada na década de 60), sua aplicabilidade tem constituído uma inovação e um desafio perante os estudos geográficos, devido à sua abordagem totalizante. Dentro desse contexto a Biogeografia tem assumido uma posição ímpar e de destaque, ao colocar como objetivo de seu estudo os seres vivos, sua participação nas estruturas, nas inter-relações e nos processos dos geossistemas, numa visão sistêmica têmporo-espacial. (Troppmair,2006, p. 1). 7 OS GEOSSISTEMAS COMO PROPOSTAS PARA SE ESTUDAR A COMPLEXIDADE DAS PAISAGENS Os geossistemas representam uma nova forma de os geógrafos olharem as paisagens, corresponde a um inovador rumo ante os diversos caminhos de se analisar o espaço, numa concepção sistêmica e abrangente. No Brasil, já foram e continuam sendo realizados diversos trabalhos, dentro da Geografia, considerando a abordagem sistêmica na elaboração. Para se ter uma idéia da aplicabilidade sistêmica, só se começou a entender a natureza do Cerrado a partir do momento em que correlacionou a vegetação com outros elementos da Paisagem, como o clima e o solo. Dentre as pesquisas brasileiras que seguem a lógica geossistêmica, podemos citar dentre outras: a) A do geomorfólogo Casseti (1995) que analisa a questão ambiental como um sistema e aborda a interconexão dos subsistemas naturais, afirmando que a intervenção dos subsistemas não pode, portanto, ser entendida de forma dissociada, uma vez que implicaria a ruptura das relações processuais como um todo, proporcionando uma abordagem metafísica. Segundo o autor, assim, todo conjunto pertence a um sistema cujas ações e reações estão condicionados pela matéria (em seus três estados) e pelas fontes energéticas (internas e externas), conforme esquema abaixo: FONTE: Casseti (1995) b) A noção de sistema aplicada à Geomorfologia (Sistema Geomorfológico) elaborado por Christofoletti (1980) que, segundo ele, é precedido por quatro outros sistemas (Climático, Biogeográfico, Geológico e Antrópico), mostrado na figura abaixo: FONTE: Christofoletti (1980) 8 Como nos lembra Troppmair (2004) para Christofoletti “a Geografia Física não deve estudar os componentes da natureza por si mesmos, mas investigar a unidade resultante da integração e as condições existentes nesse conjunto”. (Troppmair, 2004, p. 3). c) O estudo do Estado de São Paulo, que foi dividido em 15 geossistemas, realizado por Troppmair (2004) em que o autor correlaciona clima, relevo, solos, hidrografia, cobertura vegetal... e estabelece relações de muito forte a imperceptível entre esses elementos para a dinâmica dos geossistemas. d) A Proposta de Dimensionamento do Semi-Árido Brasileiro, efetuado em 2005 pela FUNCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos) em parceria com a UECE (Universidade Estadual do Ceará), que compartimentou a região Nordeste e o Norte de Minas em sete grandes unidades geossistêmicas, considerando os critérios climáticos e fitoecológicos, onde a vegetação foi tomada como a síntese desse processo. Em nível de Brasil, vários outros trabalhos foram realizados, todos procurando entender a complexidade e a interação dos sistemas geográficos para um melhor planejamento e gestão dos recursos naturais. Os Geossistemas, no contexto da questão ambiental, se apresentam como métodos eficazes para analisar (consideram a relação elemento-conjunto na sua abordagem), interpretar (parte do superficial ao patamar profundo dos processos e estruturas espaciais), compreender (possuem um enfoque totalizante e dedutivo examinando do todo ao particular, considerando a dinâmica) e discutir a problemática da paisagem, apresentada como a aparência da realidade geográfica. CONSIDERAÇÕES FINAIS A perspectiva em nível sistêmico das paisagens, devido ao seu caráter multidisciplinar, vem ao encontro da necessidade e do desafio impostos pela atualidade de se estudar o meio sob diversas facetas. A ótica do geossistema se coloca como um significativo instrumento a serviço da Geografia Física, na proposição de estudos ambientais visando o planejamento e gestão dos territórios. Estudar o solo de uma região é apenas estudar o solo. Estudá-lo numa visão sistêmica (ou geossistêmica) implica analisá-lo como componente integrante de um sistema maior, dinâmico e em constante processo de transformação. O mesmo ocorrendo com o clima, a hidrografia, o relevo, a vegetação. Numa análise ambiental não basta trabalhar com a geologia, o relevo, o clima, a hidrografia, de forma dissociada, mas é preciso considerar a interação e a dinâmica que ocorre entre esses elementos da paisagem. 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Ab’ Sáber, A. N. Os Domínios de Natureza no Brasil: Potencialidades Paisagísticas. 3. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. Andrade, M. C. Geografia, ciência da sociedade: uma introdução à análise do pensamento geográfico. São Paulo: Atlas, 1987. Banco do Nordeste do Brasil. Proposta de Dimensionamento do Semi-Árido Brasileiro. Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2005. Bertrand, G. Paisagem e Geografia Física Global: Esboço Metodológico. 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