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Planejamento ambiental

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Planejamento Ambiental
Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
Diretor Regional 
Luiz Francisco de Assis Salgado
Superintendente Universitário 
e de Desenvolvimento 
Luiz Carlos Dourado
Reitor 
Sidney Zaganin Latorre
Diretor de Graduação 
Eduardo Mazzaferro Ehlers
Diretor de Pós-Graduação e Extensão 
Daniel Garcia Correa
Gerentes de Desenvolvimento 
Claudio Luiz de Souza Silva 
Luciana Bon Duarte 
Roland Anton Zottele 
Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas
Coordenadora de Desenvolvimento 
Tecnologias Aplicadas à Educação 
Regina Helena Ribeiro
Coordenador de Operação 
Educação a Distância 
Alcir Vilela Junior
Professoras Autoras 
Daniela Tunes Zilio 
Maria Lúcia Ramos Bellenzani 
Revisor Técnico 
Renato Arnaldo Tagnin
Técnicas de Desenvolvimento 
Mônica Aparecida Medina de Araujo 
Cláudia de La Fuente Alves
Coordenadoras Pedagógicas 
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva 
Izabella Saadi Cerutti Leal Reis 
Nivia Pereira Maseri de Moraes 
Otacília da Paz Pereira
Equipe de Design Educacional 
Alexsandra Cristiane Santos da Silva 
Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka 
Angélica Lúcia Kanô 
Antonia Monique Dos Santos Silva Mendes 
Any Frida Silva Paula 
Cristina Yurie Takahashi 
Diogo Maxwell Santos Felizardo 
Flaviana Neri 
Francisco Shoiti Tanaka 
Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida 
Hágara Rosa da Cunha Araújo 
Janandrea Nelci do Espirito Santo 
Jackeline Duarte Kodaira 
João Francisco Correia de Souza 
Juliana Quitério Lopez Salvaia 
Jussara Cristina Cubbo 
Kamila Harumi Sakurai Simões 
Katya Martinez Almeida 
Lilian Brito Santos 
Luciana Marcheze Miguel 
Mariana Valeria Gulin Melcon 
Mônica Maria Penalber de Menezes 
Mônica Rodrigues dos Santos 
Nathália Barros de Souza Santos 
Rivia Lima Garcia 
Sueli Brianezi Carvalho 
Thiago Martins Navarro 
Wallace Roberto Bernardo
Equipe de Qualidade 
Ana Paula Pigossi Papalia 
Josivaldo Petronilo da Silva 
Katia Aparecida Nascimento Passos
Coordenador Multimídia e Audiovisual 
Ricardo Regis Untem
Equipe de Design Audiovisual 
Adriana Mitsue Matsuda 
Caio Souza Santos 
Camila Lazaresko Madrid 
Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo 
Christian Ratajczyk Puig 
Danilo Dos Santos Netto 
Hugo Naoto Takizawa Ferreira 
Inácio de Assis Bento Nehme 
Karina de Morais Vaz Bonna 
Marcela Burgarelli Corrente 
Marcio Rodrigo dos Reis 
Renan Ferreira Alves 
Renata Mendes Ribeiro 
Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti 
Thamires Lopes de Castro 
Vandré Luiz dos Santos 
Victor Giriotas Marçon 
William Mordoch
Equipe de Design Multimídia 
Alexandre Lemes da Silva 
Cristiane Marinho de Souza 
Elina Naomi Sakurabu 
Emília Correa Abreu 
Fernando Eduardo Castro da Silva 
Mayra Aoki Aniya 
Michel Iuiti Navarro Moreno 
Renan Carlos Nunes De Souza 
Rodrigo Benites Gonçalves da Silva 
Wagner Ferri
Planejamento Ambiental
Aula 01
O que estamos enfrentando / Qual é a situação? / 
O Antropoceno / Indicadores da situação
Objetivos Específicos
• O que estamos enfrentando / Qual é a situação? / O Antropoceno / Indicadores 
da situação (pegada ecológica, pegada hídrica, pegada de carbono, índice de 
planeta vivo).
Temas
Introdução
1 Planejamento: um breve histórico
2 Definições, objetivos e tipologias do planejamento
3 Planejamento ambiental e instrumentos de gestão ambiental
Considerações finais
Referências
Daniela Tunes Zilio 
Maria Lúcia Ramos Bellenzani 
Professoras Autoras
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Planejamento Ambiental
3
Introdução
Olá! Nesta aula você irá explorar um breve panorama histórico para conhecer o 
planejamento e o planejamento ambiental como instrumentos de mudança da realidade. 
Poderá ao final desta aula diferenciar o planejamento do planejamento ambiental e relacioná-
lo à gestão ambiental. Além disso, poderá compreender de modo mais amplo a relevância do 
planejamento ambiental no atual contexto social e econômico do planeta. 
1 Planejamento: um breve histórico
Parte significativa da literatura sobre o tema aborda o planejamento – e mais 
especificamente o planejamento ambiental – como algo pertencente exclusivamente à 
racionalidade da sociedade contemporânea. Essa abordagem muitas vezes é justificada pela 
necessidade de compreender um recorte próximo, imediato e objetivo sobre as bases do 
pensamento moderno que trata sobre o tema. 
Todavia, é preciso resgatar que a atividade de planejar faz parte das estratégias de 
organização social e territorial dos grupos humanos desde os tempos mais remotos. É 
necessário dar ênfase a esse entendimento espacial e histórico sobre as diferentes formas 
como as sociedades humanas planejaram e viveram o território, com suas respectivas 
organizações sociais, pois essa é uma das alternativas para buscar pensamentos divergentes 
e diversos, garantindo uma retomada de modos mais ajustados de pensar a sociedade como 
algo dentro da natureza e não como uma estrutura acima e em seu comando. 
Somos animais que planejam? O Homo Sapiens há cerca de 70 mil anos passou por uma 
revolução cognitiva que lhe permitiu compartilhar seus planos com seus pares. Seria esse 
o berço rudimentar do planejamento? Essa mudança na mente dos humanos permitiu que 
estes pudessem criar realidades imaginadas e compartilhá-las com seus grupos de modo mais 
elaborado, eficiente e complexo (HARARI, 2016). A partir desta nova habilidade de imaginar, 
compartilhar o que estava imaginando, criar coisas novas que não existiam até então no 
mundo concreto, foi possível com o tempo buscar soluções cada vez mais elaboradas para 
aquilo que se apresentava como ameaça ou desafio para a sobrevivência dos grupos humanos. 
A partir desta revolução podemos pensar nas sociedades humanas como pertencentes 
a uma ordem natural (objetiva) e uma social (realidade imaginada) que permitiriam intervir 
nos territórios, adaptando-os, modificando-os, recriando o mundo concreto e a própria 
realidade objetiva. A ordem natural (ou primeira natureza) se refere àquilo que não sofreu 
interferência humana e pode ser exemplificada pela quantidade de chuva, a quantidade de 
insolação numa localidade, a vegetação, os oceanos, os rios, a biodiversidade, entre outras 
coisas. Sobre essa natureza primeira, nossas sociedades criaram formas de produzir, planejar 
e se organizar que foram se sobrepondo e criando uma segunda natureza, a social, com 
suas regras, processos e culturas. Assim, o espaço que planejamos possui uma sobreposição 
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dessas duas ordens (primeira natureza e natureza social), criando uma multiplicidade das 
formas de viver e estar no mundo. Essas duas ordens dialogam, por exemplo, o tempo todo 
quando definimos como, quando, quanto devemos usar, distribuir, produzir para nossas 
sociedades se manterem nos seus territórios. Em tempos mais remotos, esse diálogo 
entre as duas ordens (natureza primeira ou natural e segunda natureza ou social) ocorria 
de modo mais pontual e fragmentado. Cada sociedade poderia ter uma organização social 
que daria respostas ajustadas ao seu conhecimento do meio natural. O conhecimento dos 
processos da primeira natureza era fundamental para que essas sociedades se mantivessem 
em condições funcionais. Muitos traços da cultura – parte da natureza segunda -- poderiam 
manifestar referências a essa relação de conhecimento das interdependências sociedade--
natureza em cada região, em cada localidade. Eram sociedades que, caso se distanciassem 
do conhecimento dos processos naturais, poderiam estar rapidamente condenadas ao fim.
À medida que a humanidade foi desenvolvendo diferentes técnicas e formas de controlar 
os riscos associados à interdependência direta dos ciclos da natureza – a começar pela 
sedentarização das populações e o desenvolvimento da agricultura, passando pelo controle da 
dinâmica das águas, entre outras grandes mudanças da forma de produzir para as sociedades 
–, as culturas foram se afastando gradativamente dessa visão de interdependência da natureza 
primeira.Fator esse que ocasionou uma ruptura e uma visão equivocada de que é possível 
subjugar e controlar a natureza, ignorando a complexidade de interação dos fatores num 
planeta cada vez mais integrado. 
Num primeiro momento, do ponto de vista histórico e geográfico, a sedentarização com 
agricultura, a posterior ascensão das aglomerações urbanas, juntamente com a mudança 
qualitativa que essa forma de vida trouxe às populações ao redor do mundo, são fortes 
marcos de que a possibilidade de planejar permitiria controlar riscos e incertezas, criando 
ambientes mais controlados pela lógica humana. Outro momento histórico relevante para o 
afastamento da percepção de limites impostos pelas condições ambientais foi o período das 
Grandes Navegações. Houve neste período a ampliação da transferência de recursos naturais 
em larga escala para países do capitalismo central. Esse processo de expansão do capitalismo 
sobre as diversas outras sociedades organizadas em diferentes bases gerou por séculos uma 
perspectiva enganosa de recursos naturais infinitos para alguns países e ao mesmo tempo 
buscou invisibilizar os resultados dessa superexploração em outras partes do globo. 
Os países do capitalismo central sentiriam de forma mais aguda os efeitos da modernização 
durante as mudanças ocorridas em seus territórios a partir das consecutivas ondas de 
revoluções industriais e do aumento das aglomerações urbanas, já no final do século XVIII 
e no século XIX. É nesse contexto que o planejamento se tornará um corpo cada vez mais 
sistematizado de conhecimento, nos moldes da cultura ocidental contemporânea.
Foi com o avanço no uso de novas fontes de energia e transporte, ocorridas a partir do 
século XIX, que se consolida uma integração acelerada dos espaços de produção e consumo, 
subjugando num nível mais profundo os espaços naturais, que são, sob essa visão produtivista, 
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reduzidos à perspectiva estreita de um único modo de produzir a vida social e econômica com 
base no aumento exponencial da distribuição (desigual) dos custos ambientais e do aumento 
do consumo.
Sobre a emergência do planejamento, Rattner (1979) reforça que o conceito de 
planejamento ganhou destaque precisamente com a emergência em grande escala dos 
fenômenos de industrialização e urbanização. Esse autor adverte que, quando orientados 
para ação a fim de tornar concretos os modelos e dinâmicas pensados no ato de planejar, 
tais procedimentos vão sendo definidos a partir de determinados valores que permitem 
transparecer a visão do grupo ou pessoa que os planejou.
Atingimos agora, no século XXI, um estágio de integração que globalizou a produção, 
circulação de bens, produtos e serviços, aprofundando a desconexão da sociedade com a 
natureza, gerando um processo de transferências de degradação social, ambiental e ônus 
sem precedentes, colocando em xeque o próprio modelo de desenvolvimento adotado. Beck 
(2010) destaca que vivemos numa sociedade que deseja cada vez mais controlar determinados 
riscos sem considerar uma visão mais ampla dos problemas, e acabamos por criar riscos de 
magnitudes cada vez maiores. 
Importante destacar que nossa sociedade não chegou à atual crise climática e ambiental 
por não ter planejamento, mas sim por realizá-lo com base em uma visão antrópica que não 
considerou os limites e a capacidade de suporte do meio natural. A realidade é que os 
fundamentos do planejamento que se destacou nos últimos séculos – e que persiste em 
abordagens de várias frentes ainda hoje – são carregados da visão que ignora os processos e 
fatores naturais, bem como seus limites e consequências relacionadas ao uso e exaustão da 
qualidade ambiental. Assim, outras formas de planejar estão emergindo para dar respostas 
ao desafio planetário contemporâneo. 
Vamos ver na prática os efeitos das ações humanas em diferentes situações 
de intervenções diretas e indiretas atuais? Observe as imagens orbitais 
multitemporais do Google Engine na midiateca.
2 Definições, objetivos e tipologias do planejamento
Pensemos inicialmente na definição geral da palavra “planejar” ou seu equivalente 
“planear”. A palavra remete ao ato de criar ou elaborar um plano; programar, projetar, ter 
como intenção. De modo prático, “planejamento nada mais é do que um modelo teórico para 
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a ação. Propõe organizar racionalmente determinada realidade a partir de hipóteses lançadas 
sobre ela” (MINDLIN, 2001). 
Para Franco (2001), a maioria dos planejamentos realizados no século XX tiveram valores 
que deixavam transparecer uma visão de que o crescimento econômico seria ilimitado, não 
se preocupando com os processos ecológicos dos quais o sistema econômico e social 
dependia. Uma das críticas mais comuns aos modelos de planejamento no século XX foi o 
foco bastante tecnocrático e elitista.
Tecnocracia: sistema de organização política e social fundado na 
supremacia dos técnicos. Pode enviesar-se numa visão enganosa de pretensa 
neutralidade da visão dos técnicos, alegando foco apenas no interesse público, 
mesmo que não seja garantida a participação da visão de diversos agentes 
sociais nos processos de planejamento.
Jorge (2007), ao avaliar o contexto brasileiro, considera que o planejamento que tem como 
base o ordenamento do território em suas diferentes escalas (local, regional, nacional) está 
inevitavelmente vinculado ao Estado ou à Federação. E exemplifica: “o planejamento local e 
regional pressupõe uma política no âmbito nacional” (Ibid., p. 755). Independentemente se a 
qualificação de sua aplicação é para espaços urbanos, orientada a área ambiental, estratégica 
ou outras tipologias de planejamento. Essa condição de subordinação da atividade ao Estado 
decorre da relação entre estruturas institucionais, normas, leis que orientam o planejamento. 
Consequentemente para o autor, todo conceito de planejamento tem um caráter político de 
que não se deve esquivar. 
Ribeiro (2007) destaca o caráter instrumental de intervenção do planejamento quando 
reforça que esse se baseia na promulgação de normas concretas de uso, monitoramento e 
controle das atividades e processos da vida sobre o território. A autora ainda evidencia o caráter 
multi-interdisciplinar que o planejamento possui enquanto campo de atuação sobre a realidade. 
A maneira mais descomplicada de definir planejamento é considerando-o “um meio 
sistemático de determinar o estágio em que você está, onde deseja chegar e qual o melhor 
caminho para chegar lá” (SANTOS, 2009, p. 23). A autora, ao compilar a essência de várias 
definições de planejamento, destaca que “é um processo contínuo que envolve a coleta, 
organização e análise sistematizada das informações, por meio de procedimentos e métodos, 
para chegar a decisões e escolhas acerca das melhores alternativas para aproveitamento dos 
recursos disponíveis“ (Ibid., p. 24).
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Sousa (2009, p. 25) destaca que o planejamento pode apresentar diferentes tipologias. 
Na forma mais simplificada, são apresentadas duas tipologias de planejamento: o tradicional 
ou tecnológico, e o ambiental ou ecológico. Mas há outras formas de agregação e 
sistematização. Destacam-se a tipologia mais usual, que usa adjetivos para orientar o tema 
(ex. rural, urbano); dentro desta há tipologias que adjetivam a abrangência espacial (ex. bacia 
hidrográfica, estadual, área pontual). E por fim há a tipologia de abrangência operacional ou 
de ação – projeto, atividade, setores –; como exemplo, podemos citar planos setoriais ou de 
áreas integradas 
Agora que você explorou definições, conceitos e tipologias de planejamento, vamos 
embarcar no planejamento ambiental e nos instrumentos de gestão ambiental como 
fomentadores de desenvolvimento sustentável?
3 Planejamento ambiental e instrumentos de gestão ambiental
Podemos encontrar experiênciasde planejamento que consideram questões de recursos 
naturais ou elementos naturais como componentes do planejamento de forma esporádica, 
em diferentes sociedades, em diferentes momentos históricos. Como exemplo, quase um 
século após a Revolução Industrial, o movimento romântico refletiu uma expressão social 
de cunho ambiental que se ocupou, entre outros temas, do saneamento. Assim como 
entre as décadas de 1930 e 1940 cresceu o uso de bacias hidrográficas como unidades de 
planejamento (SOUZA, 2009, p. 17).
Entretanto, o planejamento emerge de modo mais disperso espacialmente após o 
período de guerras mundiais do século XX, movido pela tentativa de recuperação da economia 
mundial. Esse planejamento teve características de aplicação setoriais e se apoiou numa visão 
estritamente economicista. Tal modelo de planejamento levaria à expansão de impactos 
diversos ao meio ambiente, ou melhor, à maior percepção desses impactos, especialmente 
nos países centrais do capitalismo. 
É neste contexto que, a partir da década de 1960, inicia-se a construção das bases 
para um planejamento qualificado como ambiental, “que tem por base combinar ações de 
preservação, conservação e recuperação ambiental em diferentes níveis de intensidade e 
escalas territoriais com o intuito de regular as ações humanas nos ecossistemas” (FRANCO, 
2001). A autora ainda define que “Planejamento ambiental é todo planejamento que parte 
do princípio de valoração e conservação das bases naturais de um dado território com 
base na autossustentação da vida e das interações que a mantém, ou seja, das relações 
ecossistêmicas” (FRANCO, op. cit., p. 35).
Santos (2004, p. 28) define o planejamento ambiental como aquele que se orienta e se 
constitui a partir da “adequação de ações à potencialidade, vocação local e sua capacidade 
de suporte, buscando o desenvolvimento harmônico da região e a manutenção da qualidade 
do ambiente físico, biológico e social“.
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Planejamento Ambiental
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Considerando esse panorama anteriormente exposto sobre planejamento e, mais 
especificamente, planejamento ambiental, podemos concluir que há na literatura especializada 
muitas definições de planejamento ambiental, em diferentes contextos de ações e práticas. 
Contudo, podemos afirmar com base em Franco (2001) que o objetivo central do planejamento 
ambiental é buscar um desenvolvimento humano assentado em uma nova ética e visão de 
economia de longo prazo. Para tanto, essa perspectiva de planejamento foca a minimização 
do consumo de matérias e energia, a redução de impactos ambientais e riscos ambientais. 
Seja nos agroecossistemas ou nos ecossistemas urbanos -- com suas redes e cidades.
Como objetivo, o planejamento ambiental visa perseguir o ideário do desenvolvimento 
sustentável. Cabe aqui resgatar o conceito atual definido pela ONU, que considera 
desenvolvimento sustentável como o modelo que prevê a integração entre economia, 
sociedade e meio ambiente. Ou seja, é a noção de que o desenvolvimento econômico deve 
levar em consideração: a inclusão social e a proteção ambiental.
Entretanto, segundo Santos (2004), a compatibilidade entre desenvolvimento e 
sustentabilidade é questionável. Para ela, o desenvolvimento sustentável sem mudança do 
paradigma de desenvolvimento do mundo é praticamente impossível. A sustentabilidade 
(sobretudo a sua dimensão social), diante das desigualdades socioterritoriais que existem, 
é uma utopia.
Cabe aqui destacar certa diferença entre os termos planejamento e gestão, que muitas 
vezes são utilizados como sinônimos nos diálogos atuais sobre ordenação dos territórios e 
tomadas de decisões. Sousa (2003), ao tratar de questões urbanas, critica a falta de clareza 
ao utilizar o termo gestão como um sucessor do termo planejamento, já que isso pode ter 
consequências diretas sobre as realidades, uma vez que carregam em si ações diferenciadas. 
Enquanto o planejamento refere-se a “simular os desdobramentos de um processo, com o 
objetivo de melhor precaver-se contra prováveis problemas ou, inversamente, com o fito 
de tirar melhor partido” (SOUSA, op. cit., p. 170), a gestão estaria mais direcionada para “a 
administração dos recursos e das relações de poder aqui e agora” (SOUSA, op. cit., p. 171). 
Desse modo, a diferença estaria, segundo o autor, baseada na perspectiva temporal 
de ações mais imediatas (gestão) para aquelas que prepararão o terreno da gestão no 
futuro (o planejamento). Essa diferença torna as atividades ligadas a cada um dos termos 
bastante distintas, e confundi-las ou usá-las como sinônimas pode causar sérias distorções 
de resultados.
Santos (2004) considera que gestão e planejamento estão interligados e que operam 
como complementares. Nessa perspectiva (figura 1), a gestão ambiental é orientada pelo 
quadro legal e jurídico das políticas ambientais, que devem por sua vez estar contempladas 
no planejamento ambiental que será executado durante o gerenciamento e gestão ambiental. 
Assim, para a autora, a gestão ambiental é a integração entre planejamento, gerenciamento e 
a política ambiental (ibid., p. 27).
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Planejamento Ambiental
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Figura 1
POLÍTICAS
AMBIENTAIS
GERENCIAMENTO
AMBIENTAL
GESTÃO
AMBIENTAL
PLANEJAMENTO
AMBIENTAL
Elaborado com base em SANTOS (2004, p. 17).
Considerações finais
Neste capítulo introdutório, você pôde conhecer um panorama da evolução das 
sociedades humanas e observar que o planejamento como campo do conhecimento humano 
passou em seus primórdios de uma forma mais fragmentada, dispersa e diversa para um 
conhecimento estruturado e sistematizado no século XX, pautado em dogmas econômicos. 
Entramos no século XXI com o desafio de não somente consolidar o planejamento ambiental 
como um paradigma, mas também torná-lo uma ferramenta cada vez mais eficiente em 
projetar futuros com base em paradigmas ambientais.
Você também pode explorar definições, conceitos e observar algumas tipologias de 
planejamento, notando que as qualificações ou adjetivações associadas à palavra conceito 
podem variar por temas, abrangências espaciais, abrangências operacionais, natureza 
dos objetivos, ou, numa classificação mais simplificada, serem diferenciados entre os 
tradicionais ou ecológicos, ora qualificados por questões de escala da intervenção (local, 
regional, nacional), ora qualificados por adjetivações do foco de intervenção como urbano, 
rural, setorial, estratégico. Além de compreender as relações entre planejamento ambiental, 
gestão ambiental e a importância destes para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. 
Referências
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2013. 
COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (CETESB). Instrumentos de gestão 
ambiental pública. São Paulo, 2017, 98p. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/wp-content/
uploads/2017/09/Apostila-Instrumentos-de-Gest%C3%A3o-Ambiental-P%C3%BAblica.pdf 
Acesso em: 22 set. 2021. 
FRANCO, Maria Assunção Ribeiro. Planejamento ambiental para a cidade sustentável. São 
Paulo: Annablume, 2001. p. 15-34. 
GUERRA, Fabio Soares. Planejamento e gestão ambiental: concepções teóricas – perspectivas 
práticas. XVIII SBGFA, Fortaleza/CE, UFC, 2019. Disponível em: http://www.editora.ufc.br/
images/imagens/pdf/geografia-fisica-e-as-mudancas-globais/143.pdf. Acesso em: 30 ago. 2021.
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Planejamento Ambiental
10
JORGE, Wilson Edson. Política e planejamento territorial. In: PHILLIPI JUNIOR, Arlindo; ROMERO, 
Marcelo de Andrade; BRUNA, Gilda Colle. Curso de gestão ambiental. São Paulo: Manole, 2007. 
p.737-758. 
HARARI, Yuval Noah. Sapiens: uma breve história da humanidade. Porto Alegre: Editora L&PM, 
2020. 
MINDLIN, Betty. Planejamento no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva. 2001. 
RATTNER, Henrique. Planejamento e bem-estar social. São Paulo: Editora Perspectiva, 1979. 
RIBEIRO, Helena. Estudo de impacto comoinstrumento de planejamento. In: PHILLIPI JUNIOR, 
Arlindo; ROMERO, Marcelo de Andrade; BRUNA, Gilda Colle. Curso de gestão ambiental. São 
Paulo: Manole, 2007. p. 759-761. 
SOARES, Sebastião Roberto. Gestão e planejamento ambiental. UFSC. Florianópolis/SC. (material 
didático) 2006, 136p. Disponível em: https://pt.slideshare.net/materiaissustentabilidade/gesto-
e-planejamento-ambiental. Acesso em: 22 set. 2021.
SOUSA, Marcelo Lopes. Mudar a cidade: uma crítica ao planejamento e à gestão urbana. Rio de 
Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. 
SANTOS, Rosely Ferreira dos. Planejamento e desenvolvimento sustentável. In: SANTOS, R. F. 
Planejamento ambiental: Teoria e Prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004. p. 18 – 30.
Planejamento Ambiental
Aula 02
Planejamento e diagnóstico ambiental: riscos e limites 
planetários, tendências e cenários atuais da utilização dos 
recursos naturais no nível global e a crise socioambiental 
Objetivos Específicos
• Entender os principais prognósticos, os cenários e as tendências globais 
– Antropoceno, limites do planeta, serviços ecossistêmicos, mudanças 
climáticas – como informações e dados de diagnóstico para a tomada de 
decisão no planejamento.
Temas
Introdução
1 O aquecimento global e as mudanças climáticas
2 Limites planetários, sinergias e realimentações
Considerações finais
Referências
Daniela Tunes Zilio 
Maria Lúcia Ramos Bellenzani 
Professoras Autoras
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Planejamento Ambiental
2
Introdução
Nesta aula, abordaremos as ameaças das perturbações provocadas pelas atividades 
humanas sobre os ciclos biogeoquímicos, compreendendo como essas alterações impostas 
impactam as dinâmicas e os processos que sustentam a vida no planeta. Analisaremos, a 
partir das alterações dos ciclos biogeoquímicos, especialmente a do ciclo do carbono, os 
efeitos do aquecimento global e consequentemente das mudanças climáticas, com foco nas 
interfaces ambientais, sociais e econômicas. Serão abordados os cenários e as tendências 
mundiais propostos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da 
Organização das Nações Unidas (ONU) em seu último relatório, bem como de seus possíveis 
efeitos sobre o Brasil. 
1 O aquecimento global e as mudanças climáticas
O clima do planeta sempre mudou ao longo do tempo geológico. Desde muito antes do 
surgimento da humanidade, ocorreram períodos gélidos (as glaciações), seguidos de períodos 
mais quentes. Embora a ciência por algum tempo não tenha tido registros do passado remoto 
(pelo menos, não com a mesma acurácia dos registros recentes), hoje há evidências de 
que a flutuação natural da temperatura está dando lugar a um aquecimento mais rápido 
induzido pela ação humana, devido ao significativo aumento do efeito estufa, com sérias 
consequências para a estabilidade do clima no planeta. Para Costa (2015), climatologista da 
Universidade Federal do Ceará: 
[...] é preciso retroceder pelo menos 3 milhões de anos no tempo para encontrar, na 
história geológica do nosso planeta, concentrações de CO2 tão altas quanto as de hoje. 
E o estado do planeta era outro, então: temperaturas globais alguns graus acima, 
oceanos vários metros mais altos, provável ausência de manto de gelo permanente 
no Ártico, padrões de chuva e seca bastante distintos dos atuais. (COSTA, 2015, p. 1).
Efeito estufa é um processo natural em que a atmosfera conserva parte da energia 
solar que é recebida pela superfície da Terra e irradiada de volta para o espaço. Os gases 
atmosféricos absorvem parte dessa energia e a reemitem em todas as direções, aquecendo a 
baixa atmosfera e a superfície do planeta. Sem esse efeito, a vida no planeta seria impossível.
O mais importante dos gases de efeito estufa (GEE) é o vapor d’água, cujas concentrações 
têm se mantido relativamente estáveis. Outros relevantes são o dióxido de carbono, o metano 
e o óxido nitroso. Contudo, houve um aumento acelerado das emissões desses gases nas 
últimas décadas – seja em processos para geração de energia, nos processos industriais, pela 
queima de combustíveis fósseis utilizada nos meios de transporte –, o que faz com que esse 
fenômeno se intensifique. 
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Planejamento Ambiental
3
 
Para saber mais sobre efeito estufa e mudanças climáticas acesse a 
midiateca.
Figura 1 – Emissão de gases de efeito estufa
Uma das principais causas do aumento da concentração de CO2 na atmosfera é a queima 
de combustíveis fósseis para a produção industrial e para o transporte. O automóvel é o 
responsável pela maior emissão de GEE per capita dentre os meios de transportes.
Já no relatório emitido em 2013 pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas 
(Intergovernamental Panel on Climate Change – IPCC)1, havia estimativas de que desde a 
Revolução Industrial, em meados do século XVIII, ocorreu um acréscimo de mais de 30% 
dos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, fazendo com que sua concentração 
fosse maior do que em qualquer outro momento nos últimos 800 mil anos. Isso porque 
emitimos uma quantidade cada vez maior de CO2 e dificultamos os meios naturais de sua 
absorção. Boa parte dos estoques de carbono na natureza estavam imobilizados nas reservas 
de petróleo, gás natural e carvão mineral. Ao extraí-los das profundezas do planeta e lançá-
los na atmosfera, aumentamos sua presença nesse compartimento ambiental de forma 
artificial. A absorção desses gases na atmosfera, especialmente do dióxido de carbono, é 
feita pelo metabolismo das florestas, por retenção nos solos saudáveis e nos oceanos com a 
ação de micro-organismos. Contudo, temos ampliado o processo de degradação dos sistemas 
capazes de absorver esses gases. Assim, a capacidade de resiliência do planeta é afetada pelo 
modelo energético baseado na queima de combustíveis fósseis e agravado pela degradação 
dos processos naturais capazes de mitigá-los. 
1 O IPCC (sigla em inglês) é conhecido no Brasil como Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. A entidade foi criada em 1988 
pela Organização Meteorológica Mundial em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O trabalho central 
do IPCC é elaborar relatórios com a síntese do melhor conhecimento científico sobre mudanças climáticas para orientar os formuladores de 
políticas. (Fonte: https://www.ipcc.ch/about/history/)
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Fundamentados no Acordo de Paris (COP 21) em 2015, mais de 190 países se 
comprometeram a reduzir as emissões de GEE. Na ocasião, a meta mais segura apresentada 
era manter a temperatura global no máximo 2°C em relação ao período pré-industrial, sendo 
mais seguro o limiar máximo de 1,5°C.
Resiliência é a capacidade de responder positivamente às mudanças. Em 
ecologia, resiliência (ou estabilidade de resiliência), segundo o conceito 
cunhado pelo biólogo C. S. Holling na década de 1970, é a capacidade de um 
sistema restabelecer seu equilíbrio após este ter sido rompido por um distúrbio, 
ou seja, sua capacidade de recuperação (TORRES, 2011).
No relatório do IPCC denominado AR6 Mudanças Climáticas 2021: a base das ciências 
físicas, apresentado em agosto de 2021, o cenário de 1,5°C ainda é considerado o limiar mais 
seguro. Contudo, o relatório aponta que com os atuais ritmos de emissões de GEE já estamos 
muito próximos de romper esse limiar de 1,5°C, comprometendo significativamente a vida 
no planeta tal como a conhecemos hoje. Entre as demais conclusões desse relatório, que foi 
a base dos diálogos durante a COP 26, sediada na cidade de Glasgow, Escócia (2021), o IPCC 
pela primeira vez afirmou que não há dúvidas sobre a contribuição humana por meio de 
emissão de GEE como causa do aquecimento global; apontou que em 2019 as concentrações 
de CO2 foram as mais altas registradas nos últimos 2 milhões de anos; também alertou que as 
mudanças climáticas não são futuras, demonstrando que elas já ocorrem por todasas regiões 
do globo e em ritmo acelerado. Houve ainda menções diretas sobre a necessidade de controle 
de outros GEE, apontando especialmente o impacto da emissão de metano, associado entre 
outros processos à agropecuária e à produção de combustíveis fósseis. 
O IPCC desenvolveu cinco diferentes projeções de emissões de gases de efeito estufa nesse 
último relatório para projetar quanto tempo temos para agir e quais as consequências que 
enfrentaremos se não nos esforçarmos o suficiente. Dois cenários se baseiam em estimativas 
de emissões mais baixas e suas consequências (SSP1-1,9 e SSP1-2,6), um de emissões médias 
(SSP2-4,5) e dois cenários de altas emissões (SSP3-7 e SSP5-8,5). Contudo, o relatório reitera 
que quanto mais altas as taxas de emissões, mais rapidamente cruzaremos o limite de 
aquecimento de 1,5°C, no qual já enfrentaremos consequências irreversíveis. Com exceção 
de um dos horizontes, com as emissões mais baixas (SSP1-1,9), todas as demais projeções 
indicam que cruzaremos o limiar crítico entre 2021 e 2040. Nas simulações, considerando as 
maiores emissões de GEE, nesse quadro dobraríamos as taxas de GEE até 2100 em relação à 
atual, e a temperatura poderia subir entre 3,4°C e 5,7°C até o final do século. Nesse cenário, o 
atual processo de aumento do nível dos oceanos seria ainda mais acelerado. As consequências 
também se agravariam com o aumento de frequência de eventos extremos em todo o globo. 
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Entre esses eventos, podemos citar as ondas de calor, tempestades, inundações, incêndios 
naturais, reduções de áreas de cultivo, perda de biodiversidade nos ambientes terrestres e 
aquáticos e alterações do ciclo da água. 
Historicamente, os maiores emissores de gases de efeito estufa são os países desenvolvidos, 
sobretudo os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental. Isso porque foram os primeiros a 
se industrializar e utilizam como matriz energética principal o carvão e o petróleo, além de terem 
padrões de consumo que contribuem para o aumento de emissões de GEE. No relatório Lacunas 
de emissões (Emissions Gap Report), de 2020, publicado pela ONU, a avaliação do período de uma 
década, incluindo o período inicial da covid 19, aponta um crescimento médio de 1,4% ao ano de 
emissões de GEE, ocorrendo de modo relativamente concentrado em poucos países. O relatório 
aponta que na última década os quatro principais grupos emissores foram China, Estados Unidos, 
União Europeia + Reino Unido e Índia, sendo que esse grupo de países contribuiu com 55% do 
total de emissões de GEE no período. Outro relevante ponto do documento é o que indica o grau 
de concentração das emissões de GEE, mostrando que as emissões de 1% da população global 
mais rica equivalem a mais do que o dobro da parcela combinada de emissões de GEE dos 50% 
mais pobres do mundo, e que é preciso levar essa desigualdade em consideração e reenquadrar 
o significado de progresso e riqueza como acumulação de renda ou uso intensivo de energia para 
alcançar o bem-estar e qualidade de vida.
O Brasil aparece no relatório de lacunas de emissões dentro dos estudos sobre o grupo 
G20. Os dados indicam o país como um entre os que ficaram aquém dos compromissos 
assumidos internacionalmente para a redução de GEE no período, sendo as mudanças de 
uso da terra uma das grandes responsáveis pela lacuna de onde poderíamos estar e onde 
realmente estamos. 
Assim, observa-se também que os efeitos das mudanças climáticas não serão igualmente 
repartidos entre todos os habitantes do planeta, mas segundo suas diferenças socioterritoriais. 
As populações do Sul global estão sob forte injustiça ambiental se considerados os padrões 
de emissões de GEE desses países e os riscos que os afetarão com as mudanças climáticas. 
O estudo realizado por Ware e Kramer (2019) intitulado Hunger strike: the climate and food 
vulnerability index”, em tradução livre Greve de fome: índice de vulnerabilidade climática e 
alimentar, apontou que os países que menos contribuem para as emissões de GEE são os que 
mais sofrem com os efeitos de mudanças climáticas. No Sul global, as populações dependem da 
agricultura, especialmente de agricultura de pequena escala, e são mais vulneráveis a condições 
climáticas extremas, tais como secas ou inundações. Nesse estudo os autores demostram que 
os dez países com maior nível de insegurança alimentar são os que emitem menos de meia 
tonelada per capita de GEE. Em contrapartida, países como Rússia, Estados Unidos e Arábia 
Saudita têm emissões de 12,3; 15,7 e 19,4 toneladas per capita respectivamente.
A discussão sobre mudanças climáticas não é dissociada da política nem da economia. 
A redução das emissões de gases de efeito estufa requer grandes mudanças na forma de 
desenvolvimento que adotamos até agora, em todas as escalas, a começar por repensarmos 
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nossos hábitos de consumo. Isso não é do interesse das grandes corporações que dominam 
o mercado e a economia mundial. 
1.1 Perspectivas 
Organismos internacionais como a ONU e o Banco Mundial ressaltam que, para limitar 
o aumento da temperatura da Terra a menos de 2°C, é fundamental zerar as emissões de 
gases de efeito estufa até 2100. A meta parece inatingível, mas pode ser alcançada graças à 
transição energética e tecnológica rumo a práticas menos impactantes. E, é claro, desde que 
se comece a buscar de forma mais intensa alcançar essa meta garantindo o fortalecimento 
dos compromissos globais, espacialmente por parte dos países e setores que mais contribuem 
para as emissões de GEE. No relatório Decarbonizing development: three steps to a zero-
carbon future, Fay et al. (2015) afirmavam que a meta de zero emissões é possível e, para 
tanto, a dependência dos combustíveis fósseis teria de cair no mínimo 70%. Contudo, até 
agora, os países que mais se empenharam não chegaram nem próximos dessa meta.
Essa redução implica a colaboração de toda a sociedade, pois a queda do consumo de 
energia deverá ser generalizada, em especial nos grandes setores da atividade econômica, 
como transportes, indústrias e construção. É por medo dos prejuízos econômicos, nessa 
primeira etapa do processo, que muitos países, inclusive os mais poluidores, relutam em 
adotar as mudanças.
A Conferência do Clima de Glasgow (COP-26), em novembro de 2021, deveria ter 
buscado ser mais ambiciosa nas metas e acordos, para garantir uma retomada de robustos 
compromissos globais que sejam condizentes com a gravidade da situação indicada pelos 
estudos mais atuais sobre a emergência climática.
 
Para saber mais consulte Marengo (2006), “Mudanças climáticas globais e 
seus efeitos sobre a biodiversidade: caracterização do clima atual e definição 
das alterações climáticas para o território brasileiro ao longo do século XXI”.
2 Limites planetários, sinergias e realimentações
Rockström (2009) propôs uma nova maneira de abordar os problemas ambientais globais: 
as fronteiras planetárias ou espaço de operação segura para a humanidade. O homem, sendo o 
principal agente das mudanças climáticas, ameaça desestabilizar os sistemas biogeoquímicos, 
que podem levar a consequências catastróficas. 
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As fronteiras planetárias são uma forma de alcançar a sustentabilidade ao estabelecerem 
o limite de intervenção do homem, sem que ele comprometa o funcionamento dos sistemas 
terrestres. São elas: mudança climática; acidificação dos oceanos; ozônio; ciclo biogeoquímico 
do nitrogênio e fósforo; uso da água doce; mudanças no uso da terra; biodiversidade; poluição 
química; e concentração de aerossóis na atmosfera (VIOLA; FRANCHINI, 2012). 
Os ciclos biogeoquímicos de diversos elementos ou compostos são 
essenciais para a manutenção dos ecossistemas e da vida no planeta. Eles 
podem ser definidos como a forma como esses elementos ou compostos fluem 
continuamenteentre o ambiente e os seres vivos e vice-versa. Como exemplo, 
podemos citar os ciclos da água, do carbono, do nitrogênio e do fósforo. Acesse 
a midiateca para saber mais.
Em outro artigo importante para o tema, Will Steffen e outros cientistas apontaram que, 
ao ultrapassar um limite, aumenta o risco de um Estado transferir o problema para outro, mais 
pobre e/ou com leis mais permissivas, prejudicando os esforços de preservação ambiental e 
de redução da pobreza. No extremo, até as nações ricas serão afetadas. Ele aponta ainda 
que quatro das nove fronteiras planetárias foram ultrapassadas: mudanças climáticas; perda 
da integridade da biosfera; mudança no uso da terra; e fluxos biogeoquímicos (fósforo e 
nitrogênio) – em 2009, eram apenas três. Os cientistas apontam que mudanças drásticas no 
clima e na integridade da biosfera podem levar o planeta ao colapso. 
O que os dois estudos apontam é que o atual sistema econômico está levando o planeta 
a um futuro insustentável para as próximas gerações. É preciso que os governos dos países 
que lideram a emissão de GEE, sobretudo os Estados Unidos e a China, mas também o Brasil 
e a Índia, adotem medidas drásticas além da redução das emissões de gases de efeito estufa. 
É preciso que esses países implementem uma Economia Verde de Baixo Carbono (EVBC), 
pautada na redução da emissão dos gases de efeito estufa, na proteção dos ecossistemas 
naturais e da biodiversidade, na diminuição do uso de fertilizantes e agrotóxicos na agricultura, 
na reciclagem e redução de resíduos sólidos, no estímulo ao uso de transporte coletivo e 
dos modais não motorizados de transporte, e no estabelecimento de sanções tributárias ao 
carbono emitido. E tudo isso permeado pelo combate à desigualdade social.
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Considerações finais
Como vimos, a humanidade tem influenciado os processos naturais e impactado de 
maneira tão extrema o planeta que sua atuação pode ter consequências imprevisíveis. Tanto 
a utilização dos recursos para além de sua capacidade de recuperação (medida pela Pegada 
Ecológica Global, entre outros indicadores) quanto o impacto do aumento do efeito estufa 
podem tornar a vida na Terra insustentável mais cedo do que se imagina.
Os mais pobres e mais vulneráveis provavelmente serão mais atingidos (até porque não 
dispõem de recursos, incluindo-se aqui governança, para a adaptação a essas mudanças), 
enquanto os mais ricos conviverão com um crescente contingente de “refugiados ambientais” 
– pessoas que perderam suas terras, seus lares e seus modos de vida. Dado o fracasso 
do planejamento fundamentado apenas em uma visão economicista, tendo em vista a 
perspectiva de colapso urbano e de escassez de recursos naturais essenciais, como a água, 
a vida das futuras gerações no planeta só será possível mediante o planejamento ambiental 
em todas as escalas, pautado por uma visão ecossistêmica, considerando três instâncias: os 
ecossistemas urbanos, os agroecossistemas e os ecossistemas naturais (FRANCO, 2000).
Referências
BRASIL. MCTIC. Estimativas anuais de gases de efeito estufa no Brasil, 4. ed., 2017. Disponível 
em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/sirene/publicacoes/estimativas-anuais-
de-emissoes-gee/arquivos/estimativas_4ed.pdf. Acesso em: 5 set. 2021.
COSTA, Alexandre. 400 ppm de C02 – a atmosfera como lata de lixo do capital. O que você faria se 
soubesse o que eu sei? 8 maio 2015. Disponível em: http://oquevocefariasesoubesse. blogspot.
com.br/2015/05/400-ppm-de-co2-atmosfera-da-terra-como.html. Acesso em: 15 jun. 2015. 
EGLER, C. Ordenamento territorial e o zoneamento ecológico-econômico no estado de São 
Paulo. In: Zoneamento ecológico-econômico: base para o desenvolvimento sustentável do 
estado de São Paulo. Seminário. São Paulo: SMA/CPLA, 2012. Disponível em: http://www.
ambiente.sp.gov.br/cpla/files/2013/03/Seminario_ZEE_web.pdf. Acesso em: 16 jul. 2015.
FAY, Marianne et al. Decarbonizing development: three steps to a zero-carbon future. World 
Bank Group, May 2015. Disponível: http://www.worldbank.org/content/dam/Worldbank/ 
document/Climate/dd/decarbonizing-development-overview.pdf. Acesso em: 16 maio 2015. 
FRANCO, M. de A. R. Planejamento ambiental para a cidade sustentável. São Paulo: 
Annablume, 2000. 
INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE (IPCC). Climate Change 2021 – The physical 
science basis – Summary for Policymakers. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/
wg1/downloads/report/IPCC_AR6_WGI_SPM.pdf. Acesso em: 5 maio 2021. 
MARENGO, José A. Mudanças climáticas globais e seus efeitos sobre a biodiversidade: 
caracterização do clima no Brasil – cenários e alternativas ao longo do século XXI. Brasília. 
MMA, 2006. 
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9
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS/PROGRAMA DE MEIO AMBIENTE (ONU/PNUMA). 
Emissions Gap Report 2020. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/emissions-gap-
report-2020. Acesso em: 7 set. 2021. 
ROCKSTRÖM, Johan et al. Planetary boundaries: exploring the safe operating space for 
humanity, Ecology and Society, 2009. Disponível em: https://www.ecologyandsociety.org/
vol14/iss2/art32/#:~:text=We%20propose%20a%20new%20approach,that%20humanity%20
can%20operate%20safely.&text=We%20estimate%20that%20humanity%20has,to%20the%20-
global%20nitrogen%20cycle >. Acesso em: 30 set. 2021.
ROSS, J. Ecogeografia do Brasil – subsídios para planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de 
Textos, 2009. 
SANTOS, R. F. dos. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 
2004.
TOLEDO, K. Quinto relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas. Agência 
Fapesp, São Paulo, 27 set. 2013. Disponível em: <http://agencia.fapesp.br/quinto_relato rio_
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TORRES, Patricia. Resiliência e uso dos recursos naturais. Ecologia de Comunidades USP, 
São Paulo, 2011. Disponível em: http://ecologia.ib.usp.br/bie5778/doku.php?id=en 
saios:2011#resiliencia_e_o_uso_de_recursos_naturais. Acesso em: 15 maio 2015. 
VIOLA, Eduardo; FRANCHINI, Matias. Sistema internacional de hegemonia conservadora: 
o fracasso da Rio + 20 na governança dos limites planetários. Ambiente e Sociedade, São 
Paulo, v. 15, n. 3, set./dez. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=s ci_
arttext&pid=S1414-753X2012000300002. Acesso em: 21 maio 2015.
WARE, Joe; KRAMER, Katherine. Hunger strike: the climate and food vulnerability index, 
ACT Alliance, UK, 2019. 2012. Disponível em: https://www.christianaid.org.uk/sites/default/
files/2019-07/Hunger-strike-climate-and-food-vulnerability-index.pdf. Acesso em: 6 set. 2021.
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Aula 03
Objetivos Específicos
• Compreender os principais desafios socioambientais planetários e 
indicadores de situação (pegada ecológica, pegada de carbono e pegada 
hídrica e índice de planeta vivo); abordar acordos internacionais, tratados e 
metas. Diferenciar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Objetivos 
de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030), além das metas para 
biodiversidade, clima, áreas úmidas e a importância desses temas para a 
orientação de tomadas de decisões..
Temas
Introdução
1 Conferências ambientais: breve histórico 
2 Acordos internacionais
3 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável
Considerações finais
Referências
Daniela Tunes Zilio 
Maria Lúcia Ramos Bellenzani 
Patrícia Martinelli
Professoras Autoras
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Introdução
Nesta aula, convidamos você a percorrer um breve histórico das conferências ambientais 
da Organização das Nações Unidas (ONU) e indicadores de situação enquanto algumas das 
ferramentas surgidas como desdobramentos da busca por metodologias que permitam 
mensurar e compreender a crise planetária em diferentes frentes. Nesse percurso, vocêserá 
capaz ainda de identificar os principais acordos internacionais, seus objetivos e metas, além de 
compreender os legados dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio firmados pelas nações 
integrantes da ONU e de sua transição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
1 Conferências ambientais: breve histórico 
O marco inicial das preocupações da humanidade com o meio ambiente é considerado o 
Clube de Roma, em 1968. O relatório Limites do crescimento, publicado em 1972, expunha:
Se se mantiverem as atuais tendências de crescimento da população mundial, 
industrialização, contaminação ambiental, produção de alimentos e esgotamento de 
recursos, este planeta alcançará os limites de seu crescimento nos próximos 100 anos. 
O resultado mais provável será um súbito e incontrolável declínio tanto da população 
quanto da capacidade industrial (MEADOWS et al., 1972, p. 40-41).
Segundo Meadows et al. (1972), embora criticado e considerado alarmista, seu maior 
mérito foi iniciar um processo de debates internacionais que passaram a considerar os limites 
impostos pela possibilidade de esgotamento dos recursos naturais.
A primeira Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente humano, conhecida por 
Conferência de Estocolmo, realizada pela ONU em 1972, embora não tenha sido convocada 
explicitamente para discutir o desenvolvimento, tornou-se um fórum de debates entre as 
diferentes posições dos países do Norte (desenvolvidos) e do Sul (em desenvolvimento). Estes 
adotaram uma postura defensiva, argumentando que a questão ambiental encobria uma 
ação das grandes potências para conter a industrialização dos países em desenvolvimento 
(MEADOWS et al., 1972). Como resultado, foi firmada a Convenção da Declaração sobre o 
Meio Ambiente Humano e criado o Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente 
(PNUMA); 20 anos depois, a ONU convocou a Conferência do Rio de Janeiro, conhecida por 
Rio-1992 ou ECO-92, a qual envolveu Estados, terceiro setor e comunidades nas discussões 
sobre meio ambiente. Foi precedida pelo relatório Nosso futuro comum, ou, como ficou mais 
conhecido, Relatório Brundtland, de 1987, que conceituou desenvolvimento sustentável e 
apontou a necessidade de moldar o crescimento socioeconômico com proteção ao meio 
ambiente (BRAGA, 2011). 
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Para saber mais sobre a Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente 
Humano, acesse o link disponível na Midiateca.
A Rio-92 concentrou-se em identificar as políticas que geram os efeitos ambientais 
negativos (BRAGA, 2011), e concluiu que “[...] a proteção ambiental deve constituir parte 
integrante do processo de desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste” 
(DECLARAÇÃO..., 1992, p. 153). O meio ambiente e o desenvolvimento são, portanto, duas 
faces da mesma moeda: o desenvolvimento sustentável não se constitui em um problema 
técnico, mas sim social e político (MEADOWS et al., 1972). Da conferência resultaram a 
Agenda-21 (plano de ação para o alcance do desenvolvimento sustentável), a Convenção 
sobre Diversidade Biológica (CDB), a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas, uma 
declaração de princípios para a gestão sustentável das florestas e a Declaração do Rio. Em 
paralelo à conferência oficial, organizações não governamentais realizaram um importante 
encontro para a mobilização da sociedade civil acerca da questão ambiental. Ainda que sem 
valor deliberativo, intervieram nos debates e sensibilizaram a opinião pública e a mídia. Como 
resultado, foi adotada a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. A partir 
de então, iniciou-se um movimento mundial para formular uma Carta da Terra, recolhendo 
“[...] o que a humanidade deseja e quer para sua Casa Comum, a Terra” (BOFF, 2005, p. 1), 
cujo texto final foi aprovado em 2000. 
Conheça a Declaração do Rio, também a Carta da Terra e, para uma leitura 
crítica, recomendamos assistir o vídeo de Leonardo Boff; os links encontram-se 
disponíveis na Midiateca.
Um desdobramento importante da Rio-92 foi a criação da Comissão para o Desenvolvimento 
Sustentável (CDS), que organizou, em 2002, a Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável, 
em Johannesburgo, África do Sul, conhecida por Rio+10. Como resultado, a Declaração de 
Joanesburgo para o Desenvolvimento Sustentável e o Compromisso de Joanesburgo para o 
Desenvolvimento Sustentável foram insuficientes por serem vagos e carecerem de prazos. 
As Conferências Rio-92 e Rio+10, apesar das diferenças entre si relativas ao alcance 
enquanto fomentadoras de ações diretas, foram catalisadoras do desenvolvimento de 
ferramentas que permitiram apoio aos planejadores. Entre os desafios estavam a elaboração de 
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metodologias de contabilidade ambiental, que garantissem condições de análise, diagnóstico 
e monitoramento de temas associados a sustentabilidade por parte dos planejadores e 
tomadores de decisões. 
Nesse contexto se consolida a proposição do cálculo de Pegada Ecológica, desenvolvida 
em 1996 por Mathis Wackernagel e William Rees. Essa metodologia de contabilidade 
ambiental possibilitou compreender os limites ecológicos de regeneração planetária 
comparando-a com a demanda humana, convertendo conceitos complexos tais como 
capacidade de carga, uso de recursos, eliminação de resíduos num formato de fácil 
compreensão. Na esteira dessa proposição metodológica, outras se tornariam referências de 
contabilidade ambiental, entre elas, a pegada de carbono e a pegada hídrica. Entre as 
primeiras referências ao uso de metodologia de pegada de carbono voltada para a política de 
planejamento ambiental, podemos citar o Reino Unido, em 2001, dentro do plano de ações 
do governo Blair para orientar a economia para baixo consumo de carbono, incentivando as 
empresas do setor público a reduzirem suas emissões de GEE, como resposta ao contexto do 
Protocolo de Quioto (1997), que veremos mais adiante. Já a pegada hídrica, proposta pelo 
holandês Arjen Hoekstra em 2003, garante mensurar a quantidade de uso direto e indireto de 
recursos hídricos pelas pessoas, organizações, na produção de bens.
Gases de efeito estufa (GEE) são resultantes da queima de combustíveis 
fósseis (carvão, gás mineral e derivados do petróleo). São também gerados pelo 
desmatamento, que tem como consequência a transferência de carbono da 
forma sólida para a forma gasosa pela queima da biomassa vegetal. O principal 
gás de efeito estufa é o dióxido de carbono (CO²). (CETESB, 2015).
Essas três proposições metodológicas complementam-se no que se refere ao 
entendimento e mensuração da pressão exercida pela população humana e permitem 
analisar a desigualdade de acesso aos recursos, possibilitando orientar o planejamento 
para uma distribuição mais equilibrada. O atual cenário dos três indicadores da família das 
pegadas denota uma condição de grande desigualdade de acesso aos recursos fortemente 
associados aos padrões de renda e uma demanda muito superior à capacidade regenerativa 
dos sistemas naturais.
 Em 2012, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento 
Sustentável, conhecida por Rio+20, em que foram discutidas, além das questões ambientais, 
questões sociais, como a falta de moradia, de saneamento e as desigualdades socioambientais. 
Deu-se início ao processo de pactuação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 
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que deram continuidade aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela 
ONU até 2015, de que trataremos adiante. Paralelamente à conferência, foi realizada a Cúpula 
dos Povos, organizada por entidades da sociedade civil e movimentos sociais de vários países 
para discutir as causas da crise socioambiental, apresentar soluções práticas e fortalecer 
movimentos sociais, chamando a atenção para o poder de interferência das corporaçõese da 
iniciativa privada nas negociações.
 Ainda que as Conferências de Estocolmo-72 e Rio-92 tenham sido marcos 
importantes para pautar as questões socioambientais, a Rio+10 e a Rio+20 não 
trouxeram avanços significativos, gerando documentos mais eloquentes do que 
práticos. No entanto, os eventos paralelos permitiram a mobilização e 
conscientização da sociedade civil, interferindo nos rumos de desenvolvimento 
do planeta mais do que as conferências em si. O dinheiro gasto para a realização 
destas conferências seria mais bem empregado se fosse aplicado diretamente 
na resolução dos conflitos socioambientais. Você concorda?
2 Acordos internacionais
2.1 Convenção da Diversidade Biológica
A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), lançada na Rio-92 e assinada por mais 
de 160 países, foi estruturada sobre três bases principais – a conservação da diversidade 
biológica, o uso sustentável da biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos benefícios 
provenientes da utilização dos recursos genéticos – e se refere à biodiversidade em três 
níveis: ecossistemas, espécies e recursos genéticos.
Ela abrange tudo o que se refere direta ou indiretamente à biodiversidade, funcionando 
como arcabouço legal e político para diversas convenções e acordos ambientais mais 
específicos.1 Para Novaes (1992), do ponto de vista dos interesses brasileiros, a CDB foi o 
tema mais importante da RIO-92, “ao estabelecer a soberania dos países detentores da 
biodiversidade sobre esses recursos e seu direito de participar dos resultados científicos 
e financeiros da exploração, a convenção aprovada no Rio de Janeiro muda a relação de 
1 Os mais importantes são: o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança; o Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a 
Alimentação e a Agricultura; as Diretrizes de Bonn; as Diretrizes para o Turismo Sustentável e a Biodiversidade; os Princípios de Addis Abeba 
para a Utilização Sustentável da Biodiversidade; as Diretrizes para a Prevenção, Controle e Erradicação das Espécies Exóticas Invasoras; os 
Princípios e Diretrizes da Abordagem Ecossistêmica para a Gestão da Biodiversidade; e o Protocolo de Nagoya sobre Acesso aos Recursos 
Genéticos e Repartição Equitativa dos Benefícios.
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apropriação entre países ricos e pobres” (NOVAES, 1992, p. 83). E “não é de estranhar, 
portanto, a recusa obstinada dos Estados Unidos em assinar a convenção” (NOVAES, 1992, p. 
83), uma vez que as empresas norte-americanas são as detentoras da maioria das patentes.
Em que pesem os descompassos e desafios a serem vencidos, podemos destacar avanços 
relevantes sobre nossa compreensão de biodiversidade e os impactos causados pelas atividades 
humanas. Uma relevante ferramenta para subsidiar o planejamento ambiental e acompanhar 
o progresso de convenções e acordos que envolvam biodiversidade é o Índice de Planeta Vivo 
Global. Anualmente é lançado um relatório com o Índice de Planeta Vivo Global (LPI, na sigla 
em inglês), que monitora o estado de diversidade biológica global com base nas tendências 
populacionais de espécies de vertebrados em todo o mundo. Os dados são coletados de diversas 
fontes e contam com o apoio de organizações e instituições dispersas por todo o planeta. 
No relatório de 2019 foi sugerido que podemos estar no início do sexto evento de extinção 
em massa, uma vez que os ecossistemas estão se tornando cada vez mais degradados. Já em 
2020, com metodologia bastante inovadora, o relatório apresenta propostas para a reversão 
da perda da diversidade biológica, principalmente com base na transformação do sistema 
alimentar moderno e restauração da biodiversidade.
 
Para saber mais sobre a CDB, acesse o link disponível na Midiateca.
2.2 Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas foi criada na Rio-92 
com o objetivo de reunir países a fim de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa, 
podendo ser considerado o primeiro grande passo político da ONU para discutir mudanças 
climáticas (BRASIL, 2015). O Brasil é um dos 192 países signatários, tendo sido o primeiro a 
ratificá-la, em 1994.
Seu princípio basilar é o de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, ou seja, 
todos os países signatários devem reduzir suas emissões de GEE, mas os responsáveis 
históricos devem fazer um esforço maior. Para tanto, foram definidas obrigações para todos 
os países (denominados “Partes da Convenção”) e compromissos específicos para os países 
desenvolvidos, que devem prestar apoio financeiro e tecnológico aos demais. Foi criado o 
Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF)2, a fim de prover recursos para projetos dos países em 
desenvolvimento que gerem benefícios ambientais globais. Contudo, não foram fixados limites 
2 A operacionalização do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) ficou a cargo do Banco Mundial, do Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento (PNUD) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
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obrigatórios ou sanções. Em vez disso, incluiu-se o mecanismo de atualizações periódicas, os 
chamados protocolos, firmados pela Conferência das Partes (COP), instância responsável por 
avaliar, definir estratégias e traçar acordos relacionados aos objetivos da Convenção.
O principal desses acordos é o Protocolo de Quioto, firmado em 1997, que definiu metas 
quantitativas de redução de emissões para os países desenvolvidos, responsáveis históricos 
pela mudança atual do clima que se comprometeram a reduzir, entre 2008 e 2012, suas 
emissões totais de GEE a pelo menos 5% abaixo dos níveis de 1990. Cada país desenvolvido, 
considerado como parte do Anexo I3, negociou a sua meta de redução para os países em 
desenvolvimento (chamados Partes do Não Anexo I), que incluem o Brasil, visto que foram 
estabelecidas medidas para que o inevitável crescimento de suas emissões fosse limitado 
pela introdução de medidas apropriadas.
Visando ajudar os países do Anexo I a alcançar as metas, previram-se três mecanismos de 
flexibilização: o Comércio de Emissões (um país do Anexo I que já reduziu a emissão de GEE 
além da sua meta pode comercializar o excedente com países do Anexo I que não a tenham 
atingido); Implementação Conjunta (dois ou mais países do Anexo I implementam projetos que 
reduzam a emissão de GEE para posterior comercialização) e Mecanismo de Desenvolvimento 
Limpo (MDL) (possibilita aos países em desenvolvimento vender aos desenvolvidos os créditos 
de projetos que estejam contribuindo para a redução das emissões de carbono).
O Protocolo entrou em vigor somente em 2005, tendo em vista que para sua consolidação 
dependia da ratificação de pelo menos 55% do total de países membros da Convenção 4. 
Dentre os principais emissores de GEE, apenas os EUA não o ratificaram, o que causou grande 
frustração mundial quanto ao sucesso desse Protocolo. Em 2015 foi realizada a Conferência 
entre as partes (COP 21), em Paris. Na ocasião foi decidido que os países se comprometeriam 
a manter metas de aquecimento global abaixo dos 2°C, preferencialmente abaixo de 
1,5°C. O Acordo foi ratificado de modo voluntário e as partes definiriam sua Contribuição 
Nacionalmente Determinada (NDC sigla em inglês), bem como suas estratégias e metas para 
controle de emissão de GEE.
Todavia, os esforços dos países não têm sido suficientes para manter tais metas. Em 
2020, por exemplo, os Estados Unidos, após longa campanha, se retiraram do Acordo de 
Paris, retornando em 2021, após mudança de presidente e respectivas políticas de governo. 
O resultado desse insuficiente grau de comprometimento global pode ser compreendido 
pelo relatório lançado pelo IPCC em agosto de 2021, cujo conteúdo serve de base para as 
discussões da COP 26, sediada pela Escócia. O Relatório apontou que, se não forem feitos 
esforços imediatos, o limiar de 1,5°c a 2°Cserá excedido ainda neste século, com consequências 
desastrosas para a humanidade.
3 Os países que são as partes do Anexo I do Protocolo de Quioto são aqueles historicamente desenvolvidos, cuja industrialização se deu entre 
os séculos XVIII e XIX, caracterizados como os principais responsáveis pelas emissões de GEE, dentre eles os EUA, a União Europeia e os demais 
países da Europa, além da Austrália, Nova Zelândia e alguns países da extinta União Soviética: Rússia e Ucrânia.
4 A ratificação deveria vir dos países que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões de 1990. O Brasil só o ratificou 
em 2002.
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Para saber mais sobre as COPs, conheça o Observatório do Clima, rede de 
organizações da sociedade civil que atua em mudanças climáticas, acesse o link 
disponível na Midiateca.
2.3 Convenção sobre Zonas Úmidas
Mais conhecida como Convenção de Ramsar, é um tratado intergovernamental que 
estabelece marcos para ações nacionais e de cooperação entre países, com o objetivo de 
promover a conservação e o uso racional de zonas úmidas no mundo. Foi estabelecida em 
fevereiro de 1971, na cidade iraniana de Ramsar, com tempo de vigência indeterminado. 
O Brasil, com grande variedade de zonas úmidas importantes, é signatário desde 1993 
e a ratificou três anos depois, o que lhe possibilitou acesso a benefícios financeiros e de 
cooperação técnica para promover a utilização dos recursos naturais das zonas úmidas de 
forma sustentável (BRASIL, 2015).
As zonas úmidas prestam serviços ecossistêmicos fundamentais: além de regular o 
regime hídrico de vastas regiões, são fontes de biodiversidade e atendem às necessidades de 
água e alimentação para muitas espécies e comunidades humanas. São essenciais para conter 
inundações, para a recarga de aquíferos e a estabilização de zonas costeiras, além de 
relevantes do ponto de vista econômico, cultural e recreativo. O colapso desses serviços pode 
resultar em desastres ambientais com drásticas consequências econômicas e perda de vidas 
humanas. São importantes no processo de mitigação das mudanças climáticas, já que muitas 
dessas áreas são também reservatórios de carbono. 
Para saber mais, acesse o relatório da Convenção de Ramsar, e para 
acompanhar os resultados da Convenção no Brasil, acesse os links disponíveis 
na Midiateca.
3 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável
Em 2000, um compromisso foi firmado por 189 nações com o intuito de combater a 
extrema pobreza e outros males da sociedade, expressos nos 8 Objetivos de Desenvolvimento 
do Milênio (ODM). Em 2015, no balanço feito pela ONU (2015) ao final do período de vigência 
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dos ODM foi possível avaliar que a definição de objetivos e metas para o desenvolvimento nos 
moldes dos ODM impulsionou grandes conquistas. Foi observada, no período de 2000 a 2015, 
uma redução de quase 50% nos índices de pobreza, além de se terem alcançado melhorias 
muito significativas nas taxas de matrículas escolares, inclusão de meninas na escola, redução 
de mortalidade infantil e materna, bem como controle de doenças como aids e malária. 
Em setembro de 2015, expirado o período de vigência dos ODM, como dito anteriormente, 
e tendo seu êxito reconhecido, foi lançada uma agenda ainda mais ambiciosa para o período de 
2015 a 2030, aprovada por 193 líderes mundiais. Conhecida como Agenda 2030, esta lançou 
os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que se desdobram em 169 metas. 
Esses objetivos e metas permitem amplo uso para orientar os diversos setores da sociedade 
(poder público, empresas, ongs, sociedade civil), garantindo coerência e sinergia de ações, 
além de monitoramento de metas a partir de seus indicadores, com vistas ao desenvolvimento 
sustentável. A erradicação da pobreza, o combate à desigualdade e à injustiça, e a contenção 
das mudanças climáticas são os principais fundamentos dessa agenda.
No Brasil a implementação da agenda 2030 foi criada por força do Decreto nº 8.892, de 
27/20/2016, pelo qual se define a Comissão Nacional para os Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável com representante do governo, sociedade civil, setor privado e outros atores 
interessados.
Para explorar cada um dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) e suas dimensões, acesse a Plataforma Agenda 2030 pela Midiateca.
Considerações finais
A partir da década de 1960, foram realizadas diversas conferências ambientais no âmbito 
da Organização das Nações Unidas. Foi com o relatório Limites do crescimento, elaborado pelo 
Clube de Roma, que a finitude dos recursos naturais necessários à vida humana no planeta 
passou a ser considerada. A década de 1970, com a Conferência de Estocolmo, foi marcada 
pela oposição entre desenvolvimento e meio ambiente, e entre os países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. Da década de 1980, firmou-se o conceito de desenvolvimento sustentável, 
e na década de 1990 foi realizada a Rio 92, em que foram firmados importantes tratados 
internacionais sobre a biodiversidade e o clima. A última conferência, em 2012, foi o maior 
evento mundial já realizado sobre meio ambiente e desenvolvimento, importantíssimo em 
termos de mobilização, mas nem tanto no que se refere aos resultados práticos. As Conferências 
entre a Partes (COPs) sobre o clima têm tido forte visibilidade e influência nas diretrizes de 
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planejamento ambiental internacional, refletindo-se nas relações internas dos países e entre 
eles, dadas as evidências cada vez mais alarmantes sobre a crise climática. 
Você pôde aprender também, neste percurso sobre ferramentas de contabilidade 
ambiental da família das “pegadas” ecológica, de carbono e hídrica, que são instrumentos 
importantes que surgiram no contexto de emergência das questões socioambientais. Esses 
recursos de contabilidade ambiental tornaram acessíveis e facilmente comunicáveis conceitos 
complexos. A partir deles, podemos realizar avaliações comparativas de realidades dos 
impactos causados pelas atividades humanas, bem como usá-los para orientar tomadas de 
decisões no enfretamento da crise ambiental.
Apesar desses avanços, para alguns autores, como Arraes (2000) e Crabbé (1997), 
citados por Santos (2004), o desenvolvimento sustentável não corresponde a uma real 
mudança do paradigma de desenvolvimento que engendrou os problemas socioambientais 
da atualidade, cabendo ponderar se não seria apenas um discurso para perpetuar relações de 
poder desiguais e injustas. Nessa perspectiva, falar sobre qualidade de vida e igualdade social 
sem revolucionar essas relações é uma utopia inexequível. Entretanto, o desenvolvimento 
sustentável se mostra como um caminho de abertura para novos olhares, fomentando a 
busca de novas alternativas e soluções para um crescimento econômico menos excludente e 
desigual. Com essa reflexão, terminamos esta aula. 
Referências
BOFF, L. A Carta da Terra: uma promessa? 2005. Disponível em: http://www.leonardoboff.com/
site/proj/carta-terra.html. Acesso em: 22 maio 2015.
BRAGA, A. Tratados internacionais de meio ambiente: estatura no ordenamento jurídico 
brasileiro. Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2936, 16 jul. 2011. Disponível em: http://jus.
com.br/artigos/19556/tratados-internacionais-de-meio-ambiente-estatura-noordenamento-
juridico-brasileiro. Acesso em: 22 maio 2015.
BRASIL. Convenção de Ramsar sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, especialmente 
como Habitat de Aves Aquáticas. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2015. Disponível em: 
http://www.mma.gov.br/images/arquivos/biodiversidade/biodiversidade_aquatica/zonas_
umidas/texto_convencao_ramsar.pdf. Acesso em: 11 jun. 2015.
BRASIL. Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Brasília: Ministério do 
Meio Ambiente, 2015. Disponível em: http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2011/11/aconvencao-quadro-das-nacoes-unidas-sobre-mudanca-do-clima. Acesso em: 22 maio 2015.
DECLARAÇÃO do Rio de Janeiro. Estudos Avançados, São Paulo, v. 6, n. 15, p. 153-159, ago. 
1992. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40141992000200013. Acesso em: 21 
jun. 2015.
MEADOWS, D. L. et al. Limites do crescimento – um relatório para o Projeto do Clube de Roma 
sobre o dilema da humanidade. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1972.
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NOVAES, W. Eco-92, avanços e interrogações. Revista de Estudos Avançados, v. 6, n. 15, maio-ago. 
1992. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141992000200005&script=sci_
arttext. Acesso em: 22 maio 2015. 
SANTOS, R. Planejamento e desenvolvimento sustentável. In: SANTOS, Rosely Ferreira dos. 
Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004.
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Aula 04
Principais questões socioambientais brasileiras
Objetivos Específicos
• Tratar da situação socioambiental brasileira – diálogo com a situação global, 
os cenários e as metas
• Conhecer as principais questões socioambientais brasileiras.
Temas
Introdução
1 Desenvolvimento (in)sustentável e (in)justiça ambiental
2 Dilemas socioambientais brasileiros
3 O Brasil e as metas internacionais
Considerações finais
Referências
Daniela Tunes Zilio 
Maria Lúcia Ramos Bellenzan 
Patrícia Martinelli
Professoras Autoras
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Introdução
Nesta aula, trataremos de alguns tópicos muito caros à questão socioambiental no Brasil. 
Abordaremos brevemente algumas das metas assumidas internacionalmente pelo país como 
desdobramentos das últimas Conferências Mundiais de Meio Ambiente e Desenvolvimento. 
Poderemos observar o cenário atual e as metas em relação a esses compromissos, bem como 
os desafios propostos para as próximas décadas. Convidaremos você a pensar esses temas a 
partir dos mais prementes dilemas socioambientais brasileiros, considerando a desigualdade 
socioterritorial que caracteriza nosso imenso e diverso território. Como referencial para a 
análise dessas questões, partiremos dos conceitos de ecologia política (GONÇALVES, 2004) e 
justiça socioambiental.
1 Desenvolvimento (in)sustentável e (in)justiça ambiental
Acreditar que a resolução para os problemas ambientais do planeta está na adoção 
de soluções técnicas e práticas que não questionam a própria ideia de desenvolvimento, 
segundo Gonçalves (2004), é escolher um caminho demasiadamente fácil. Segundo o autor, 
desenvolvimento, historicamente, sempre significou dominação da natureza pela (por parte 
da) humanidade. Não considerar esse fundamento nos desvia de uma reflexão sobre as 
implicações políticas e éticas que essa perspectiva desenvolvimentista custou ao planeta e 
a nossa espécie – gerando uma inversão onde o poder econômico rege as lógicas da vida ao 
invés de servir a sua plena manutenção. 
Partindo dessa lógica crítica, Herculano (2002, p. 143) propõe pensarmos sobre justiça 
ambiental como ferramenta de ação norteadora no contexto de busca pelo desenvolvimento 
sustentável. O autor define justiça ambiental “como um conjunto de princípios para assegurar 
que nenhum grupo de pessoas – sejam grupos étnicos, raciais ou de classe – suporte uma 
parcela desproporcional das consequências ambientais negativas de operações econômicas, de 
políticas e programas federais, estaduais e locais”. Neste sentido a omissão ou ausência de tais 
políticas também são apontadas pelo autor como o oposto ao que busca a justiça ambiental, 
neste caso, caracteriza-se o quadro de injustiça ambiental tal como “o mecanismo pelo qual 
sociedades desiguais destinam a maior carga dos danos ambientais do desenvolvimento a 
grupos sociais de trabalhadores, populações de baixa renda, grupos raciais discriminados, 
populações marginalizadas e mais vulneráveis” (HERCULANO, 2002, op cit. 144). 
Para saber mais sobre os princípios da justiça ambiental, acesse o link 
disponível na Midiateca.
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Cabe, portanto, ao planejador ambiental a reflexão crítica acerca dos modelos 
hegemônicos de desenvolvimento (in)sustentável, pois eles não questionam a repartição 
desigual dos benefícios e dos ônus da degradação ambiental.
2 Dilemas socioambientais brasileiros
Historicamente, a apropriação da exploração dos recursos naturais no Brasil sempre 
seguiu padrões de grande assimetria, onde parte da elite política social e econômica teve 
amplo acesso aos bônus da exploração, em detrimento da maioria dos trabalhadores que 
viveram de perto os ônus do modelo predatório de crescimento. Esses trabalhadores, durante 
séculos, eram em sua maioria escravizados, sem direitos. Esse cenário nos deixou questões 
de grande desigualdade na distribuição de renda e acesso aos mais diversos recursos. Nossas 
elites ainda se mantém, de modo geral, bastante ignorantes em relação a enfrentar esse 
desafio como única possibilidade de real desenvolvimento rumo a uma sociedade menos 
injusta e mais sustentável (HERCULANO, 2002). O sentido da conquista de cidadania ampla e de 
direitos ainda não atinge grande parte da população brasileira rural ou urbana: muitos vivem 
pressionados para saírem de sua condição tradicional, acessível apenas com seus territórios e 
saberes integrados, outros já vivendo há algumas gerações em condições precárias de acesso 
a moradia digna nas cidades, sem acesso nem mesmo à água. Tudo isso se reflete no campo 
ambiental. Herculano (2002, p. 145) destaca que:
O desprezo pelo espaço comum e pelo meio ambiente se confunde com o desprezo 
pelas pessoas e comunidades. Os vazamentos e acidentes na indústria petrolífera e 
química, a contaminação de rios e mares, as doenças e mortes causadas pelo uso de 
agrotóxicos e outros poluentes, o desmatamento, a carência de saneamento 
ambiental, as péssimas condições de vida na periferia das grandes cidades, e a 
expulsão das comunidades tradicionais pela destruição dos seus locais de vida e 
trabalho, configuram uma situação de injustiça socioambiental no Brasil. 
Comunidades tradicionais: grupos culturalmente diferenciados e que se 
reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, 
que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua 
reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando 
conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição 
(BRASIL, 2007).
Assim, Herculano (op cit, p. 145) destaca que para atendermos aos pressupostos de 
um desenvolvimento sustentável de modo efetivo, deve haver empenho em resolvermos 
no Brasil “além da proteção das áreas naturais e da redução das emissões de carbono, as 
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carências de saneamento ambiental no meio urbano e a degradação das terras usadas para 
assentamentos de reforma agrária no meio rural.” O autor reforça ainda que:
semelhante às carências das periferias urbanas, os agricultores familiares no campo, 
levados a consumir agrotóxicos que os envenenam, as populações tradicionais 
progressivamente expulsas de suas terras de uso comunal, e a demarcação das terras 
indígenas e quilombolas, ilustram um direito constitucional cada vez mais ameaçado 
pelo agronegócio e pela urbanização. (HERCULANO, 2002 p. 145)
A proteção de ecossistemas se deve, em grande medida, ao fato de serem habitados 
por populações tradicionais que souberam manejar tais ecossistemas, de forma a assegurar 
a provisão dos recursos necessários à comunidade sem exauri-los (DIEGUES, 2000). No 
entanto, em nome da necessidade de conservação da biodiversidade, tais populações têm 
sido forçadas a abandonar suas práticas para a transformação dessas áreas, em função da 
criação de Unidades de Conservação de Proteção Integral.1 Para a proteção dos direitos dos 
povos há dispositivos

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