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Tarefa TICS SOI II – Diferenças dos receptores: Quais as diferenças 
entre as células (receptores) gustatórios e olfatórios? Como ocorre 
a transdução de sinal nas diferentes percepções relacionadas aos 
receptores gustatórios? 
Os cinco sentidos—olfato, paladar, audição, visão e equilíbrio—estão 
concentrados na região da cabeça, devido à presença dos 12 nervos cranianos. 
Assim como os sentidos somáticos, os sentidos especiais possuem receptores 
que transformam as diferentes informações externas em padrões de potenciais 
de ação, que podem ser decodificados pelo cérebro. 
No caso do olfato e do paladar, essas percepções ocorrem por meio da 
quimiorrecepção, em que os receptores olfatórios e gustatórios detectam as 
diferentes partículas químicas, decodificando-as em odores e sabores 
específicos. Na percepção olfativa, as células receptoras olfatórias, 
concentradas no epitélio olfatório na parte superior da cavidade nasal, 
desempenham um papel crucial. Como neurônios olfatórios bipolares primários, 
essas células possuem cílios olfatórios, especializados em capturar moléculas 
odorantes através de proteínas receptoras de odorantes. Essas proteínas, 
acopladas a proteínas G-AMPc, são ativadas pela combinação com uma 
molécula odorante específica, levando ao aumento da adenosina monofosfato 
cíclica (AMPc) através da estimulação da enzima adenilato ciclase. O aumento 
da concentração de AMPc abre canais de cátions controlados por AMPc, 
contribuindo para a despolarização celular e o desencadeamento de sinais 
elétricos que percorrem os axônios neuronais. Esses axônios, ao se agruparem, 
formam o nervo olfatório (I), atravessam a lâmina cribiforme do osso etmoide e 
alcançam o bulbo olfatório. 
O bulbo olfatório, uma extensão do prosencéfalo que recebe estímulos dos 
neurônios olfatórios primários, contém estruturas denominadas glomérulos, que 
recebem sinais de um único tipo de célula olfatória. Dentro de cada glomérulo, 
os axônios das células olfatórias pertencentes ao nervo olfatório convergem para 
as células mitrais, que são neurônios de segunda ordem. Os axônios dessas 
células formam os tratos olfatórios. A partir desses tratos, alguns axônios 
projetam-se diretamente para o córtex olfatório no lobo temporal, sem realizar 
sinapses com o tálamo. Nesse córtex, ocorre a percepção consciente do olfato, 
e, a partir dessa região, o sinal é direcionado ao córtex órbitofrontal, onde ocorre 
a identificação e discriminação dos odores. 
Adicionalmente, as vias olfatórias também enviam informações para a amígdala 
e para o hipocampo, partes do sistema límbico envolvidas nas emoções e na 
memória. Dessa forma, o processamento dos odores no sistema límbico cria 
memórias olfativas, permitindo o reconhecimento de pessoas ou objetos pelo 
cheiro. Além disso, a relação entre o sistema olfatório e o sistema emocional 
explica a manifestação de emoções, como alegria ou ansiedade, ao sentir 
determinados odores, que podem, por sua vez, ativar o sistema nervoso 
autônomo (SNA). 
No que concerne à percepção do paladar, grande parte do que se chama "gosto" 
é, na verdade, o aroma. Isso ocorre porque, tanto no trajeto das vias olfatórias 
quanto nas vias gustativas, as informações são enviadas para uma área 
integradora comum, que, por meio da associação, decodificação e integração 
dos diferentes estímulos, permite o reconhecimento simultâneo de sabores e 
odores. Essa região também se conecta com áreas da memória, permitindo a 
associação do cheiro e sabor de alimentos com experiências passadas. 
Embora cada cheiro seja detectado por centenas de tipos de receptores, 
acredita-se que o sabor de determinado alimento resulta da combinação de cinco 
principais sensações: doce, ácido (azedo), salgado, amargo e umami (gosto 
associado ao aminoácido glutamato, considerado um gosto básico que 
intensifica o sabor dos alimentos). Esses gostos são percebidos pelos receptores 
gustatórios, que são células epiteliais polarizadas não neuronais localizadas nos 
botões gustatórios. Cada botão gustatório contém de 50 a 150 células receptoras 
gustatórias, além de células de sustentação e células basais. As células 
receptoras entram em contato com a superfície superior da língua através dos 
poros gustatórios, onde as membranas apicais celulares, com microvilosidades 
que intensificam a superfície de contato entre os ligantes gustatórios e os 
receptores, desempenham seu papel. Embora os receptores gustatórios estejam 
concentrados nos botões gustatórios, eles também podem ser encontrados no 
palato mole, faringe e epiglote. 
Após serem dissolvidos na saliva e no muco bucal, os ligantes gustatórios 
interagem com uma proteína localizada na membrana apical das células 
gustativas, iniciando uma cascata de transdução de sinal que culmina com a 
geração de potenciais de ação no neurônio sensorial primário. As células 
gustatórias podem ser classificadas em dois tipos, conforme o mecanismo de 
transdução e disparo da informação externa: células pré-sinápticas e células 
receptoras. 
As células pré-sinápticas, ou células do tipo III, percebem os gostos salgado e 
azedo, fazendo sinapses com neurônios gustatórios e liberando serotonina por 
exocitose, neurotransmissor responsável por transmitir a informação para o 
neurônio pós-sináptico. As células receptoras, ou células do tipo II, captam os 
gostos doce, umami e amargo. Diferentemente das células pré-sinápticas, essas 
células não realizam sinapses tradicionais, liberando ATP, que atua tanto nos 
neurônios sensoriais primários quanto nas células do tipo III através de feedback 
positivo, intensificando a liberação de serotonina. 
As células gustatórias do tipo II expressam diferentes receptores acoplados a 
proteínas G, principalmente a gustducina, que ativa várias vias de transdução. 
Algumas dessas vias liberam íons de cálcio dos estoques intracelulares (retículo 
sarcoplasmático), enquanto outras abrem canais de cátion, permitindo a entrada 
de íons de cálcio na célula. Independentemente da via de transdução ativada, 
ambas resultam na liberação de ATP pela célula do tipo II. 
Em comparação, os mecanismos de transdução dos gostos salgado e azedo são 
mediados por canais iônicos. A molécula característica do gosto salgado (íon de 
sódio) liga-se ao receptor acoplado a um canal iônico, permitindo o influxo de 
Na+ para o meio intracelular, promovendo a despolarização e a subsequente 
liberação de serotonina. Já a percepção do gosto azedo é mais complexa, uma 
vez que o aumento de H⁺, molécula característica desse sabor, também altera o 
pH da boca. Evidências indicam que esse íon atua nos canais iônicos de ambos 
os lados da membrana, causando despolarização e a liberação de serotonina. 
Após a transdução dos estímulos pelos ligantes gustatórios, os 
neurotransmissores ATP e serotonina, liberados após a interação dos ligantes 
com as células receptoras, ativam os neurônios gustatórios primários, cujos 
axônios seguem pelos nervos cranianos VII (facial, inervando os botões nos dois 
terços anteriores da língua), IX (glossofaríngeo, inervando os botões no terço 
posterior da língua) e X (vago, inervando os botões na garganta e na epiglote). 
Os sinais gustatórios propagam-se ao longo desses nervos até o bulbo, onde se 
localiza o núcleo gustatório. Dessa região, o estímulo pode seguir para o tálamo, 
que retransmite o sinal para o córtex gustativo, localizado no lobo insular, 
promovendo a percepção consciente do paladar, bem como para a área 
integradora comum, responsável pela discriminação gustatória e outros 
estímulos especiais. 
Em síntese, os sentidos do olfato e do paladar, apesar de distintos em suas vias 
de processamento, compartilham uma profunda interconexão na forma como 
decodificam informações químicas em percepções sensoriais complexas. 
Enquanto o olfato está intimamente ligado ao sistema límbico, influenciando 
memórias e emoções, o paladar integramúltiplos estímulos para formar a 
experiência completa do sabor, com base nas cinco sensações gustativas 
fundamentais. Ambos os sistemas demonstram a complexidade da transdução 
de sinais, onde moléculas específicas desencadeiam cascatas de eventos 
celulares, resultando em percepções conscientes e comportamentais. A 
integração desses sentidos com o sistema nervoso central sublinha a 
importância da convergência sensorial na formação de experiências perceptivas 
ricas e multifacetadas, essenciais para a interação com o ambiente e a 
manutenção do bem-estar. 
Referências bibliográficas: 
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Sentidos Especiais. In: TORTORA, G. J.; 
DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 17 ed. Rio de 
Janeiro: Grupo Editorial Nacional, 2023, p. 599-645. 
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Sensorial. In: SILVERTHORN, D. U. 
Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 
2017, p. 309-357.

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