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SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 1 ALTERAÇÕES DECORRENTES DA LEI Nº 11.718, DE 20/06/2008 A Lei nº 11.718, de 20 de junho de 2008, inseriu uma série de alterações na legislação previdenciária, destacando-se em particular as relativas ao enquadramento perante o Regime Geral de Previdência Social do segurado especial e do produtor rural pessoa física. A citada lei instituiu entre outras novidades: possibilidade para o segurado especial contratar empregados e contribuintes individuais; cria para o segurado especial a obrigação de arrecadar as contribuições dos trabalhadores ao seu serviço inclusive do contribuinte individual que lhe preste serviço; vinculação da área produtiva ao conceito de módulo fiscal; permissão ao segurado especial para auferir renda através de outras atividades, relativamente a situações arroladas na lei, sem haver a descaracterização do seu enquadramento; permissão ao segurado especial para participar de determinadas atividades econômicas, previstas na lei, sem haver a descaracterização do seu enquadramento; estipula os casos que implicam na exclusão do segurado da categoria de especial. Estudaremos nos próximos tópicos com mais detalhes todas as inovações trazidas pelo mencionado diploma legal. A) CONCEITO DE SEGURADO ESPECIAL COM AS ALTERAÇÕES DA LEI Nº: 11.718/2008 O conceito de segurado especial foi expandido pela Lei nº 11.718/2008, pois até então a definição para este segurado era a seguinte: “o produtor, o parceiro, o meeiro, e o arrendatário rurais, o pescador artesanal e seus assemelhados, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, com ou sem o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de dezesseis anos de idade ou a eles equiparados, desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo.” Com a Lei nº 11.718/2008, o segurado especial é conceituado como a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração, esteja na condição de: a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: 1. agropecuária em área de até (04) quatro módulos fiscais; 2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; b) pescador artesanal ou a este assemelhado, que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 2 c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado enquadrado nas situações mencionadas anteriormente, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. Observe que a pessoa na condição de assentada foi incluída entre os passíveis de enquadramento no rol dos segurados especiais, desde que, obviamente, obedeça às exigências legais. NOTA: O Decreto nº 6.722, de 30/12/2008 que altera o Regulamento da Previdência social em seu artigo 9º, parágrafo 20, explicita a maneira pela qual a legislação previdenciária enquadra o aglomerado urbano onde reside o segurado especial como próximo ao imóvel rural onde desenvolve a atividade, isso ocorre em duas situações: Residência no mesmo município de situação do imóvel onde desenvolve a atividade rural; ou Residência em município contíguo ao que desenvolve sua atividade rural. Vamos reler esse conceito previsto na nova lei de forma resumida na tabela a seguir: ENQUADRAMENTO COMO SEGURADO ESPECIAL APÓS A LEI Nº 11.718/2008 CONDIÇÃO ATIVIDADE EXPLORADA EXTENSÃO DO ENQUADRAMENTO Produtor, que seja: proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais. Agropecuária - em área de até quatro módulos fiscais. Ao cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade ou a este equiparado, do segurado enquadrado nas situações mencionadas anteriormente, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. Seringueiro ou extrativista vegetal - que exerça suas atividades nos termos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida. Pescador artesanal ou assemelhado. que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida. B) CONCEITO DE PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA COM AS ALTERAÇÕES DA LEI Nº: 11.718/2008 Antes de qualquer comentário, é importante lembrar que o produtor rural pessoa física é um segurado obrigatório do RGPS na categoria de contribuinte individual. O conceito de produtor rural pessoa física sofreu uma alteração fundamental relativamente à contratação de empregados com a Lei nº 11.718/2008. Anteriormente, a lei novel, este tipo de segurado tinha como característica inerente a sua atividade a obrigatoriedade de utilização de empregados. Com o referido diploma legal, a exigência para que o produtor rural pessoa física explore sua atividade com o auxílio de empregados foi flexibilizada em função da quantidade de módulos fiscais utilizada. Assim, o novo conceito do contribuinte individual produtor rural pessoa física, é o proprietário ou não de imóvel rural que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a quatro módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a quatro módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos. SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 3 Outra novidade é a extensão do enquadramento na condição de contribuinte individual ao cônjuge ou companheiro do produtor que participe da atividade rural por este explorada. A lei não faz menção aos filhos do produtor rural – contribuinte individual. Assim, os filhos maiores de 16 anos que trabalhem ou participem da atividade rural dos pais, ou serão enquadrados como segurados empregados ou como contribuintes individuais. Em relação ao tamanho da área explorada, cabe observar que se a exploração da atividade agropecuária ocorrer numa área inferior a quatro módulos fiscais sem a contratação de empregados ou quando esta ocorrer, sendo a mesma de forma temporária, respeitando-se o limite legal de 120 pessoas/ano em período de safra, este indivíduo tem os pré-requisitos para enquadrar-se como segurado especial. Veja essas informações resumidamente na tabela a seguir: ATIVIDADE ÁREA EXPLORADA CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS CATEGORIA DO SEGURADO Agropecuária Área 4 módulos fiscais Independe Contribuinte Individual Área 4 módulos fiscais Obrigatória Contribuinte Individual Sem empregados ou limite de 120 pessoas/ano Segurado Especial C) ATIVIDADE AGROPECUÁRIA E MÓDULO FISCAL Para o segurado especial que exerce atividade agropecuária, sua área de exploração fica limitada a quatro módulos fiscais. A Lei nº 4.504/64 traz o conceito de módulo fiscal que trataremos resumidamente a seguir. A área do módulo fiscal é definida de forma específica para cada município, é expressa em hectares e é determinada levando-se em conta os seguintes fatores: tipo de exploração predominante no Município,como, por exemplo: hortifrutigranjeira, cultura permanente, cultura temporária, pecuária, florestal; a renda obtida no tipo de exploração predominante; outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada. O número de módulos fiscais de um imóvel rural será obtido dividindo-se sua área aproveitável total pelo módulo fiscal do Município, sendo que área aproveitável do imóvel rural constitui a que for passível de exploração agrícola, pecuária ou florestal: Em relação ao segurado especial que explora atividade agropecuária, podemos resumir da seguinte forma: Nº DE MÓDULOS FISCAIS = ÁREA APROVEITÁVEL TOTAL ÁREA DO MÓDULO FISCAL DO MUNICÍPIO SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 4 ATIVIDADE LIMITAÇÃO DA ÁREA EXPLORADA RELAÇÃO DO SEGURADO COM A PROPRIEDADE EXPLORADA Agropecuária até 4 módulos fiscais proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais. D) ATIVIDADE DE SERINGUEIRO OU EXTRATIVISMO VEGETAL Para esse tipo de atividade não existe limitação de área para exploração. A Lei nº 9.985/2000 traz o conceito de extrativismo que transcrevemos a seguir: “sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis.” O uso sustentável relaciona-se à exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável, ou seja, o extrativismo leva em consideração à conservação do meio- ambiente. Em relação ao segurado especial que explora essa atividade, podemos resumir da seguinte forma: ATIVIDADE LIMITAÇÃO DA ÁREA EXPLORADA RELAÇÃO DO SEGURADO COM A PROPRIEDADE EXPLORADA Extrativismo vegetal Extração de látex em seringal Sem limitação proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais. E) PESCA ARTESANAL O pescador artesanal, conforme o art. 9º, parágrafo 14 do Decreto nº 3.048/99, é aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que: não utilize embarcação (por exemplo, aquele que pesca de vara ou rede na beira do rio ou mar); utilize embarcação de até 20 toneladas de arqueação bruta; São equiparados a pescador artesanal o mariscador, o caranguejeiro, o eviscerador (limpador de pescado), o observador de cardumes, o pescador de tartarugas e o catador de algas. Em relação a este segurado especial podemos dizer resumidamente: ATIVIDADE LIMITAÇÃO DA EMBARCAÇÃO Pesca Artesanal Sem embarcação arqueação bruta 20 toneladas Arqueação bruta é a expressão da capacidade total da embarcação constante da respectiva certificação fornecida por órgão competente. SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 5 F) CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS POR SEGURADO ESPECIAL Uma importante alteração trazida pela Lei nº 11.718, de 20 de junho de 2008, refere-se à permissão para contratação de empregados por parte do segurado especial. A Constituição Federal, já autorizava essa contratação, desde que os empregados não fossem permanentes, entretanto o regulamento da previdência social proibia esta possibilidade expressamente. Compare os textos de cada diploma legal: Constituição Federal (art. 195, parágrafo 8º) Decreto nº 3.048 - texto antes da Lei nº 11.718 (art. 9º, parágrafo 5º e 6º) O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. VII - como segurado especial - o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o pescador artesanal e seus assemelhados, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, com ou sem auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de dezesseis anos de idade ou a eles equiparados, desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo. § 5º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem utilização de empregado. § 6º Entende-se como auxílio eventual de terceiros o que é exercido ocasionalmente, em condições de mútua colaboração, não existindo subordinação nem remuneração. * grifo nosso A autorização para a contratação de empregados vem para cumprir um mandamento constitucional, entretanto como podemos observar pela leitura da nossa Carta Magna, a atividade desempenhada pelo empregado contratado não deverá ser permanente. De que forma fica configurado que o empregado não é permanente? Nesse caso, a própria Lei nº 11.718/2008, delimita esta questão, determinando que é considerada contratação de trabalhador rural por pequeno prazo, o exercício de atividade remunerada em épocas de safra, à razão de no máximo 120 pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho. Veremos no próximo tópico como essa razão funciona. G) REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR O segurado especial deverá exercer suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar. O regime de economia familiar é aquele em que a atividade laboral dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. Com o advento da lei 11.718/2008, fica permitida a contratação de empregados temporariamente. SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 6 Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar. O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou de trabalhadores eventuais, em épocas de safra, à razão de, no máximo, 120 pessoas/dia no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho. O grupo familiar deverá respeitar não somente a relação dias/ano mencionada, como também as quantidades de horas de trabalho equivalentes por dia e por semana, à razão de oito horas/dia e quarenta e quatro horas/semana. Assim, o segurado especial poderá contratar no ano civil um empregado por até 120 dias, ou 2 empregados no máximo por 60 dias, 4 empregados por até 30 dias ou até mesmo 120 empregados durante apenas um único dia. Veja outros exemplos de possibilidades: TABELA EXEMPLIFICATIVA Quantidade de empregados Quantidade de dias 6 20 10 12 12 10 20 6 A relação utilizada, portanto é: Quantidade de empregados x nº dias 120 Até esse ponto podemos extrair os seguintes requisitos cumulativos que devem acompanhar a contratação de empregados por parte do segurado especial: ser por prazo determinado; durante o período de safra; não poderá ultrapassar a razão de 120 pessoas/dia no ano civil; não poderá ultrapassar ao equivalente à 8 horas/dia e 44 horas/semana. H) ATIVIDADES QUE NÃO DESCARACTERIZAM A CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL A Lei 11.718/2008 arrola as atividades que podem ser desempenhadas por segurado especial sem que ocorra a descaracterização desta categoria, constituindo uma lista exaustiva, e não exemplificativa. A descaracterização abrangerá unicamente o membro do grupo familiar que não se enquadre nas exigências previstas na lei. Entenda essas situações através da tabela a seguir: SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 7 ATIVIDADE PERMITIDA CONDIÇÕES Outorga de imóvel rural por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato de até 50% de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 módulos fiscais; desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar. Turismo, inclusive hospedagem na propriedade rural; por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano. Participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado; em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar. Programa assistencial oficial de governo ser beneficiário; ou ou fazer parte de grupo familiar em que algum componente seja beneficiário. Beneficiamento ou industrialização artesanal utilizado pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade. considera-se processo de beneficiamento ou industrialização artesanal aquele realizado diretamente pelo próprio produtor rural pessoa física, desde que não esteja sujeito à incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI. Associação em cooperativa agropecuária. I) FONTES DE RENDIMENTO QUE NÃO DESCARACTERIZAM A CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL Como regra geral, não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra atividade e fonte de rendimento, entretanto a lei nº 11.718/2008 admite a percepção dos seguintes tipos de renda: ATIVIDADES OU RENDAS PERMITIDAS ORIGEM DA RENDA CONDIÇÕES Benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social (salário-mínimo). Benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja associado; em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar. Exercício de atividade remunerada em período de entressafra ou do defeso** não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil; deverão ser recolhidas as contribuições devidas em relação ao exercício das atividades. Exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais Dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente por segurados especiais; deverão ser recolhidas as contribuições devidas em relação ao exercício das atividades. Exercício de mandato de vereador no município onde desenvolve a atividade rural. Parceria ou meação outorgada por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato; de até 50% de imóvel rural em área não superior a 4 módulos fiscais; SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 8 desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade. Atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar; pode ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social. Atividade artística valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social. ** Defeso é a ação de proteção às espécies. O objetivo básico de definição de períodos de defeso de reprodução é possibilitar que os peixes possam se reproduzir e repor/renovar os estoques pescáveis para os anos seguintes. Nesse sentido, é necessário entender a biologia e ecologia das espécies consideradas, para que se tenha um uso sustentável, conciliando os interesses econômicos, sociais e ambientais. O respeito ao defeso é crucial para a conservação dos estoques pesqueiros. A pesca no período da proibição contribui para a diminuição da população das espécies protegidas. J) DATA DA EXCLUSÃO DO SEGURADO DA CATEGORIA DE ESPECIAL Em caso de desobediência aos requisitos legais para integrar a categoria de segurado especial, vejamos a seguir a partir de qual momento ocorre efetivamente sua descaracterização. DATA DA EXCLUSÃO OCORRÊNCIA A CONTAR DO PRIMEIRO DIA DO MÊS Não respeitar as condições para o exercício das atividades de agropecuária, extrativismo vegetal e de látex, bem como pesca artesanal. Outorgar mais de 50% do imóvel rural ou o outorgante ou outorgado deixarem de exercer a respectiva atividade Se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social, ressalvado quando do exercício das atividades admitidas pela lei Se tornar segurado obrigatório de outro regime previdenciário ** A CONTAR DO PRIMEIRO DIA DO MÊS SUBSEQÜENTE Quando o grupo familiar a que pertence exceder o limite de: utilização de trabalhadores; dias em atividade remunerada em período de entressafra ou defeso; dias de hospedagem. ** Situação bastante interessante. O art. 10, § 2º do Decreto 3.038/99 determina que caso o servidor ou o militar amparados por regime próprio de previdência venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades. Isso não se aplica no caso do segurado especial. Ainda que o servidor tenha uma pequena propriedade (inferior a 4 módulos fiscais) e exerça atividade em regime de economia familiar, o mesmo não será enquadrado como segurado especial. A partir da data da exclusão o segurado deixará de ser tratado como especial e passará a ser enquadrado como contribuinte individual. SEGURADO ESPECIAL Desobediência a qualquer requisito ou limite previsto na lei CONTRIBUINTE INDIVIDUAL SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 9 L) CONTRIBUIÇÃO DO SEGURADO ESPECIAL A categoria de segurado especial é intitulada dessa forma em função do tratamento favorecido da legislação em relação às demais categorias de segurados. As diferenças mais marcantes são evidenciadas na forma de contribuição e na carência para o gozo de benefícios previdenciários, conforme comentaremos a seguir: Contribuição: o segurado especial não contribui sobre a base de cálculo salário-de- contribuição, sua contribuição tem como base de cálculo a receita bruta da comercialização da produção rural, além disso a alíquota incidente é de 2,10%, acrescida de 0,20%, sendo que esta última é destinada especificamente ao SENAR; Carência: não é contada com base no número de contribuições, e sim levando em conta o número de meses de efetivo exercício da atividade rural/pesqueira comprovada. Portanto, esse segurado faz jus a benefícios previdenciários mesmo não recolhendo contribuições, já que basta comprovar o exercício de atividade, ainda que de forma descontínua, duranteo período mínimo de meses correspondentes à carência do benefício requerido. Entretanto, o benefício será limitado ao valor de apenas um salário-mínimo. M) AMPLIAÇÃO DOS FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIAS As contribuições previdenciárias relativas ao segurado especial e ao produtor rural pessoa física têm como base de cálculo a receita bruta da comercialização da produção rural. A Lei nº 11.718/2008 flexibilizou as proibições até então existentes para o enquadramento do segurado especial abrindo várias possibilidades para que o mesmo possa auferir rendas provenientes da exploração de atividades econômicas relacionadas à sua atividade agropecuária, pesqueira ou extrativista, entretanto em contrapartida incluiu as respectivas receitas brutas advindas dessas novas atividades arroladas, como fatos geradores de contribuição previdenciária, segundo as mesmas alíquotas aplicadas à comercialização da produção rural. RECEITAS DA COMERCIALIZAÇÃO da produção obtida em razão de contrato de parceria ou meação de parte do imóvel rural; comercialização de artigos de artesanato; de serviços prestados, de equipamentos utilizados e de produtos comercializados no imóvel rural, desde que em atividades turística e de entretenimento desenvolvidas no próprio imóvel, inclusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação e atividades pedagógicas, bem como taxa de visitação e serviços especiais; do valor de mercado da produção rural dada em pagamento ou que tiver sido trocada por outra, qualquer que seja o motivo ou finalidade; de atividade artística. ALÍQUOTA 2,10% + 0,20% incidente sobre SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 10 O prazo para recolhimento, recentemente alterado pela MP 447/2008, da contribuição previdenciária relativa aos novos fatos geradores é o mesmo que do exigido para a receita bruta da comercialização da produção rural, que é o dia 20 do mês seguinte ou primeiro dia útil anterior quando no dia 20 não houver expediente bancário. N) CRIAÇÃO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS No caso do segurado especial repassar sua produção para a empresa ou cooperativa adquirente, consumidora ou consignatária da produção estas ficam obrigadas a fornecer ao segurado especial, cópia do documento fiscal de entrada da mercadoria, para fins de comprovação da operação e da respectiva contribuição previdenciária. Quando o segurado especial tiver comercializado sua produção do ano anterior exclusivamente com empresa adquirente, consignatária ou cooperativa, tal fato deverá ser comunicado formalmente à Previdência Social pelo respectivo grupo familiar. Quando o grupo familiar a que o segurado especial estiver vinculado não tiver obtido, no ano, por qualquer motivo, receita proveniente de comercialização de produção deverá comunicar a ocorrência à Previdência Social. Resumo: PESSOA OBRIGADA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA EMPRESA OU COOPERATIVA ADQUIRENTE, CONSUMIDORA OU CONSIGNATÁRIA DA PRODUÇÃO DO SEGURADO ESPECIAL Fornecer ao segurado especial, cópia do documento fiscal de entrada da mercadoria, para fins de comprovação da operação e da respectiva contribuição previdenciária. SEGURADO ESPECIAL GRUPO FAMILIAR Comunicar formalmente à Previdência Social, no caso de ter comercializado sua produção do ano anterior exclusivamente com empresa adquirente, consignatária ou cooperativa. Comunicar a ocorrência à Previdência Social, quando no decorrer do ano, não tiver obtido receita proveniente de comercialização de produção SEGURADO ESPECIAL GRUPO FAMILIAR Se cadastrar perante a SRFB e à Previdência Social, bem como manter o cadastro desses órgãos atualizado. O) MATRÍCULA PERANTE A SRFB A matrícula atribuída pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ao produtor rural pessoa física ou ao segurado especial é o documento de inscrição do contribuinte, em substituição à inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ, a ser apresentado em suas relações com o Poder Público, inclusive para licenciamento sanitário de produtos de origem animal ou vegetal submetidos a processos de beneficiamento ou industrialização artesanal, com as instituições financeiras, para fins de contratação de operações de crédito, e com os adquirentes de sua produção ou fornecedores de sementes, insumos, ferramentas e demais implementos agrícolas. Sendo que essa matrícula não se aplica ao licenciamento sanitário de produtos sujeitos à incidência de Imposto sobre Produtos Industrializados ou ao contribuinte cuja inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ seja obrigatória. SEGURADO ESPECIAL – NOVAS REGRAS Prof. Ítalo Romano Eduardo 11 P) INSCRIÇÃO DO SEGURADO ESPECIAL O Ministério da Previdência Social desenvolverá programa de cadastramento dos segurados especiais, incluindo atualização cadastral periódica, podendo para tanto firmar convênio com órgãos federais, estaduais ou do Distrito Federal e dos Municípios, bem como com entidades de classe, em especial as respectivas confederações ou federações. Sendo que não poderá resultar nenhum ônus para os segurados, sejam eles filiados ou não às entidades conveniadas. A inscrição do segurado especial será feita de forma a vinculá-lo ao seu respectivo grupo familiar e conterá, além das informações pessoais, a identificação da propriedade em que desenvolve a atividade e a que título, se nela reside ou o Município onde reside e, quando for o caso, a identificação e inscrição da pessoa responsável pela unidade familiar. O segurado especial integrante de grupo familiar que não seja proprietário ou dono do imóvel rural em que desenvolve sua atividade deverá informar, no ato da inscrição, conforme o caso, o nome do parceiro ou meeiro outorgante, arrendador, comodante ou assemelhado. Simultaneamente com a inscrição do segurado especial, será atribuído ao grupo familiar número de Cadastro Específico do INSS – CEI, para fins de recolhimento das contribuições previdenciárias. Q) COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL A comprovação do exercício de atividade rural será feita, alternativamente, por meio de: I – contrato individual de trabalho ou Carteira de Trabalho e Previdência Social; II – contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural; III – declaração fundamentada de sindicato que represente o trabalhador rural ou, quando for o caso, de sindicato ou colônia de pescadores, desde que homologada pelo INSS; IV – comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, no caso de produtores em regime de economia familiar; V – bloco de notas do produtor rural; VI – notas fiscais de entrada de mercadorias, emitidas pela empresa adquirente da produção, com indicação do nome do segurado como vendedor; VII – documentos fiscais relativos à entrega de produção rural à cooperativa agrícola, entreposto de pescado ou outros, com indicação do segurado como vendedor ou consignante; VIII – comprovantes de recolhimento de contribuição à Previdência Social decorrente da comercialização da produção; IX – cópia da declaração de imposto de renda, com indicação de renda proveniente da comercialização de produção rural; ou X – licença de ocupação ou permissão outorgada pelo INCRA.
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