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Universidade Federal do Triângulo Mineiro Licenciatura em Ciências Biológicas Prof. Dr. Fernando Lourenço 2015 FLAGELADOS DAS VIAS DIGESTIVAS E GENITURINÁRIAS Trichomonas tenax Pentatrichomonas hominis Chilomastix mesnili Retortamonas intestinalis Dientamoeba fragilis Giardia lamblia Trichomonas vaginalis Giardíase Giardia duodenalis Protozoário Cavitário GIARDÍASE Protozoário flagelado considerado um dos mais primitivos eucariontes. - 1681, Anton van Leeuwenhoek– 1ª observação. - 1859, Lamb – Cercomonas instestinalis - 1915, Giard – Giardia lamblia - sub-filo Sarcomastigofora, superclasse Mastigofora, ordem Diplomonadida, família Hexamitidae - Zoonose (OMS) 4 “animalúnculos móveis” ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS - Parasito cosmopolita que atinge ambos os sexos, sendo mais comum em grupos etários inferiores a 10 anos. - Esta espécie também é comum em outros mamíferos como gado, cachorro, gato, castor, ovelhas, cabras, porco da índia, ratos domésticos e porcos. - Duzentos milhões de casos anuais na África, Ásia e América latina (OMS). -500 mil novos casos por ano - Brasil 4% a 30% Giardia duodenales Ordem Diplomonadina Gênero Giardia Espécie parasita do homem: G. duodenales ou G. lamblia ou G. intestinalis Homem,animais domésticos e silvestres - 2 grupos genotípicos principais BIOLOGIA Morfologia - Os CISTOS são a forma infectante e medem de 8 a 12 m de comprimento por 7 a 9 m de largura. São bastante resistentes. - Os TROFOZOÍTOS medem de 2,1 a 9,5 m de comprimento por 5 a 15 m de largura. Pouco tempo de vida no meio externo (15 a 20 min). Habitat - Todo intestino delgado, excepcionalmente no intestino grosso. Duodeno seu local preferencial. 7 Ciclo de vida: duas formas de vida: Cisto e trofozoíto Fezes 1. Água 2. Alimentos 3. Direto Transmissão ingestão de cistos Trofozoíto Cisto Giardia duodenales CICLO BIOLÓGICO Padrão de excreção dos cistos é variável Formas de vida Trofozoíto piriforme com simetria bilateral achatamento dorsoventral superfície ventral - disco ventral adesivo DA 2 núcleos N, 2 axóstilos AX: feixes de fibras longitudinais, 2 corpos parabasais CP (Golgi) 4 pares de flagelos posteriores N CP AX DA Giardia duodenales Trofozoítos Habitat: duodeno e parte do jejuno mergulhados nas criptas aderidos mucosa - disco ventral adesivo ou suctorial Metabolismo: anaeróbio, aerotolerante não tem mitocôndria nutrição: via membrana e pinocitose metabolismo anaeróbico – carboidratos não tem hidrogenossomos – enzimas glicolíticas citoplasmáticas Deslocamento: batimento flagelar Reprodução: divisão binária longitudinal Cultivável (meios líquidos e culturas de células) Giardia duodenales Formas de vida Cistos ovóides com parede cística (quitina) 4 núcleos (duplas estruturas internas) Desencistamento passagem pelo estômago - eclosão intestino delgado 1 cisto - 2 trofozoítas Encistamento: colón Giardia duodenales Hipóteses: pH intestinal, estímulos de sais biliares, deslocamento da mucosa Secreção de uma membrana cística resistente composta por quitina Mecanismos de Adesão • Múltiplos mecanismos • Ação hidrodinâmica: propulsão dos flagelos e a força de sucção do disco ventral - processo físico de adesão. • Receptores: superfície do parasito • Contração das proteínas do disco ventral Giardia duodenales Mecanismos de infecção Giardia duodenales - água (frequentemente diagnosticada). - verduras, legumes e frutas cruas contaminadas pelos cistos. - Alimentos contaminados por manipuladores parasitados. - Contato direto pessoa-pessoa, principalmente em creches, asilos, orfanatos e clínicas psiquiátricas. - Artrópodes (24 horas em moscas e 7 dias em baratas). - Sexo oral-anal Sintomatologia Variável: - Assintomática:liberam cisto até 6 meses -Sintomática: Diarreias brandas e auto-limitantes à diarreias crônicas e debilitantes * Variabilidade é multifatorial: Giardíase Fatores atribuídos ao parasito (cepa, número de cistos ingeridos) e ao hospedeiro (resposta imune, estado nutricional, pH do suco gástrico e associação com a microbiota intestinal). Sintomatologia Sintomáticos: Diarréias brandas e auto-limitantes à diarréias crônicas e debilitantes 1. Aguda (poucos dias até 2 meses), intermitente e auto- limitante Dores abdominais (cólicas) Diarréia (fezes pastosas ou líquidas: muco + gordura) 2. Crônica, má absorção intestinal e perda de peso Crianças: diarréia crônica, dor abdominal, anorexia e perda de peso. Consequências mais graves. Giardíase Mecanismo de patogenicidade - Não ocorre invasão da mucosa - Processo principalmente mecânico parasitas aderem e recobrem a parede do duodeno “tapete” (impede absorção) - Perda de microvilosidades quando o parasita descola diminui a absorção intestinal - Diarréia “mecânica” Giardia duodenales DIAGNÓSTICO LABORATORIAL A) Parasitológico de fezes (3 amostras) • Fezes formadas Faust (a fresco) e MIF-C (Merthiolate-Iodo- Formol) • Fezes diarreicas SAF ou Schaudinn (conservantes) Direto à fresco ou com lugol Com ou sem coloração (hematoxilina férrica, tricomônio). 19 Encontro de trofozoítos – coleta imediata B) Aspirado duodenal À fresco ou com lugol (trofozoíto) C) Biópsia jejunal per oral Trofozoíto/integridade da mucosa D) Cultura Axênica (Park et al., 1999) 20 E m casos d e d iarre ia crônica M éto d o s m u ito in vasivo s DIAGNÓSTICO LABORATORIAL E) Entero-test - corda encapsulada / teste do barbante - Jejum de 4 horas - Suco duodenal para pesquisa de Trofozoíto Fio de náilon Cápsula de gelatina Entero-test Entero-test BIOSITE Triage IC Controle positivo Giardia Cryptosporidium ColorPAC Giardia Testes imunocromatográficos TRATAMENTO • Quinacrina, Furazolidona • Nimoral, Ornizadol DROGA % Cura Parasitológica Metronidazol Albendazol Tinidazol Secnidazol 86,2 a 97,0 77,0 a 97 92 a 96,6 89,3 a 96,0 24 Potencial zoonótico da Giardia duodenalis vem sendo pesquisado por diferentes grupos G. duodenalis Homogeneidade morfológica Variabilidade genotípica 7 grupos ou linhagens descritas (A-G) Duas linhagens principais A e B Infecção humana e... genótipo A1 genótipo A2 e A3 Homem e outros mamíferos Homem PROFILAXIA • Fervura da água para uso doméstico por cinco minutos, pois a cloração é ineficiente para a destruição dos cistos; • Saneamento báscico; • Educação Sanitária e higiene pessoal; • Combate aos artrópodes (moscas e barastas) 26 Classe: Trichomonadae Família: Trichomonadidae Parasitas de invert. e vertebrados Gênero: Trichomonas 1. Espécies parasitas do homem T. vaginalis (patogênico) - vagina e uretra T. Tenax (não patogênico) - cavidade bucal T. hominis (não patogênico) – intestino 2. Importância veterinária Tritrichomonas foetus Tricomoníase TRICOMONÍASE Trichomonas vaginalis: descrito pela primeira vez por Donné, 1836 (mulher com vaginite) 1894: Marchand, Miura e Dock (1986): detecção em uretrite masculina Moléstia cosmopolita Doença Sexualmente Transmissível 28 Trichomonas vaginalis• É uma célula polimorfa tanto em cultura quanto no hospedeiro natural • Espécimes vivos são elipsóides ou ovais e alguns são esféricos • Grande plasticidade, tendo capacidade de formar pseudópodes (captura de alimentos e locomoção) • Não possui forma cística (pseudocistos?) • Possuem somente forma trofozoítica Trichomonas vaginalis Trofozoítos • Piriformes (10-30 m) • 4 flagelos desiguais livres anteriores • 1 posterior com membrana ondulante - Reprodução: divisão binária longitudinal - Habitat: trato urogenital Homem: uretra, prepúcio, vesícula seminal e próstata Mulher: vagina, colo uterino, útero, uretra e bexiga - Não tem mitocôndria - São anaeróbios facultativos Trichomonas vaginalis Complexo granular basal ou complexo citossomal Trichomonas vaginalis ciclo de vida direto Não há formação de cistos! Homem é o vetor : transmite a doença com a ejaculação Mecanismos de Transmissão 1. Sexual + frequente 2. Fômites 3. Nascimento 4. Água de banho, roupas molhadas, sanitários, etc Vida média secreção vaginal: 6hs Água: 2hs Trichomonas vaginalis Fômite: qualquer objeto inanimado ou substância capaz de absorver, reter e transportar organismos contagiantes ou infecciosos, de um indivíduo a outro. Patologia A infecção não se estabelece em vaginas normais - facilitada por alterações da flora bacteriana, aumento do pH, descamação excessiva, etc. - causada por alterações hormonais, inflamações, etc. a) Forma assintomática : + comum homens: subclínica e benigna b) Forma sintomática : + comum mulheres: vaginite, vulvovaginite e cervicite Corrimento, forte prurido, ardor Pessoas infectadas - risco maior de adquirir HIV Adesão - moléculas de superfície Efeito citopático enzimas hidrolíticas - cisteíno-proteases fatores de descolamento de células? Processo inflamatório das células epiteliais - secreção branca e sem sangue (leucorréia) - descamação do epitélio que pode levar à ulceração Mecanismos de Patogenicidade Tricomoníase PATOGENIA MULHER 10 - 50% assintomáticas VULVOVAGINITES (20 a 40%) - corrimento amarelo-esverdeado, bolhoso, fétido - 25 a 50% prurido - 50% disúria (dificuldade para urinar) 36 HOMEM: Geralmente é assintomático URETRITES (5 a 20%) - Disúria - Prurido ou irritação discreta - Queimação uretral após coito PROTATITE CISTITE EPIDIDIMITE 37 PATOGENIA Diagnóstico Trichomonas vaginalis - Clínico: quadro muito variável ~70% casos de leucorréia – Tricomoníase Leucorréia = corrimento vaginal - Laboratorial (pesquisa do trofozoíto) A) Pesquisa do Parasito A1) Coleta do Material HOMEM: secreção uretral, material sub-prepucial e sedimento urinário MULHER: secreção vaginal e sedimento urinário Trichomonas vaginalis A2) Preservação da amostra - Temporária: salina glicosada 0,2% -Permanente: Álcool polivílico A3) Exame Microscópico - à fresco - corado A4) Exame de Cultura - Johson & Trussell (CPLM) - Diamond (TYM) - Johnson & Sprince (STS) Trichomonas vaginalis B) Diagnóstico Imunológico * Reações de Aglutinação - Imunofluorescência - Imunoenzimático C) Diagnóstico Molecular - PCR- ELISA (Kaydos et al., 2003) - PCR ( Knox et al., 2002) - Nested-PCR (Mahmound et al., 1999) Trichomonas vaginalis Epidemiologia Cosmopolita: 20-40% mulheres (16-35 anos) 10-15 homens?? (casos não diagnosticados) Doença venérea Controle: educação sanitária, diagnóstico e tratamento precoce (inclusive de parceiros!) Trichomonas vaginalis 180 milhões de casos TRATAMENTO METRONIDAZOL - Eficácia de 80 a 88% - Necessário tratamento simultâneo com índice de cura de 95% - Contra indicado no 1o mês de gestação - Tratamento local geralmente ineficaz - Tratamento alternativo com TINIDAZOL 43 PROFILAXIA - Evitar multiplicidade de parceiros - Diagnóstico e tratamento precoces em serviços especializados - Evitar automedicação 44
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