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GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 1 APG 4 – DOENÇAS ARTICULARES OBJETIVOS: - Revisar a morfofisiologia das articulações sinoviais. - Diferenciar Dor Articular x Não articular. Diferenciar distúrbios inflamatórios x mecânicos. - Artrite associada a doenças sistêmicas e outras artrites. RESUMO: REVISAR A MORFOFISIOLOGIA DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS GERAL - As articulações são classificadas em 3 grandes grupos de acordo com a forma ou com o tipo de material que é formada. Temos então as fibrosas, cartilagíneas e as articulações sinoviais (diartrose). - As articulações são junções entre dois ou mais ossos ou partes rígidas do esqueleto, que exibem formas e funções distintas. Elas diferenciam também em relação a permissibilidade ao movimento. SINOVIAIS - Para ter mobilidade, exige-se livre deslizamento de uma superfície óssea contra outra e para esse movimento, em muitas articulações, o elemento presente é um líquido denominado sinóvia ou líquido sinovial. - Além deste líquido, as articulações sinoviais possuem três outras características básicas: * CARTILAGEM ARTICULAR - hialina que reveste as superfícies em contato, é avascular e ‘ sem nervos. * CÁPSULA ARTICULAR - membrana conjuntiva que envolve a articulação sinovial como um manguito, tem 2 camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna). É reforçada ainda por ligamentos, tendões e músculo esquelético. * CAVIDADE ARTICULAR - espaço existente entre as superfícies articulares, estando preenchido pelo líquido sinovial, eles mantém a união entre os ossos mas, além disto, impedem movimentação em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados normais. - O volume de líquido sinovial presente em uma articulação é mínimo, somente o suficiente para revestir delgadamente as superfícies articulares e localiza-se na cavidade articular. - Os exemplos são: a articulação esternoclavicular, ombro, cotovelo, quadril, joelho, articulação radiocarpal etc. - As articulações fibrosas e cartilaginosas tem um mínimo grau de mobilidade. Assim, a verdadeira mobilidade articular é dada pelas articulações sinoviais. * Estes movimentos ocorrem, obrigatoriamente, em torno de um eixo, denominado eixo de movimento. A direção destes eixos é ântero-posterior, látero-lateral e longitudinal. GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 2 - Teremos as classificações funcionais e morfológicas das articulações sinoviais: * FUNCIONAIS: O movimento depende da forma das superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo (sendo um- mono-axial como o cotovelo, dois- bi-axial como o punho ou três eixos- tri-axial como o ombro e quadril). * MORFOLÓGICA: Vai depender da forma das superfícies articulares (PLANA- deslizamento discreto, como a acromioclavicular; GÍNGLIMO- será a dobradiça, como o cotovelo e semelhantes; TROCÓIDE- superfícies articulares são segmentos de cilindro, como a rádio- ulnar proximal com a forma de supinação; CONDILAR- superfícies articulares são de forma elíptica, como o punho; SELAR- superfície articular tem a forma de sela, sendo uma concava e a outra convexa, como a articulação carpo-metacárpica do polegar; ESFERÓIDE- superfícies articulares que são segmentos de esferas e se encaixam em receptáculos ocos, como no quadril e ombro). - As articulações sinoviais são muito inervadas. Os nervos são derivados dos que suprem a pele adjacente ou os músculos que movem as articulações AVALIAÇÃO DA DOR ARTICULAR * Sobre a avaliação articular deve-se averiguar se a queixa é (1) articular ou não articular; (2) inflamatória ou não inflamatória; (3) aguda ou crônica; e (4) localizada (monoarticular) ou generalizada (poliarticular). * Alguns pacientes não se enquadram em uma categoria diagnóstica específica. Muitos distúrbios musculoesqueléticos são semelhantes no início, e alguns podem demorar semanas ou meses (mas não anos) para evoluir até uma entidade diagnóstica definida. Essa consideração deve amenizar o desejo de firmar o diagnóstico na primeira consulta. DIFERENCIAR DOR ARTICULAR X NÃO ARTICULAR Dor Articular Dor Não Articular - Localizada dentro ou ao redor da articulação; - Pode haver: inchaço, rigidez (pela manhã - casos inflamatórios), calor, vermelhidão e limitação de movimento na articulação afetada. - As causas vão ser: inflamatórias como a artrite reumatoide e a gota ou não inflamatórias como a osteoartrite, pode também advir de luxações, , entorses, fraturas que envolvem a articulação e de infecções como a artrite séptica. - Diagnóstico focado na história do paciente e em exames de imagem. - Percebida em áreas fora da articulação, como músculos, tendões, ligamentos ou estruturas ósseas. - Pode haver: dor ao alongar ou contrair o músculo, dor ao pressionar o tendão ou ligamento, mas geralmente não há inchaço ou vermelhidão nas articulações. - As causas serão: bursite, tendinite, distensões musculares, dentre outras... - Diagnóstico focado no exame físico e em alguns casos na imagem como ultrassom. GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 3 DIFERENCIAR DISTÚRBIOS ARTICULARES INFLAMATÓRIOS X MECÂNICOS INFLAMATÓRIOS MECÂNICOS - São causados basicamente por resultado de processos inflamatórios que vão afetar as articulações, são associados de maneira geral a doenças autoimunes e/ou infecções. - Pode haver: dor (constante e mesmo em repouso com maior intensidade pela manhã), rigidez matinal, calor, rubor e inchaço, simetria (ambos os lados) e deformidades articulares que com o tempo podem se tornar permanentes. - As causas mais comuns são: artrite reumatoide, espondilite anquilosante, lúpus eritematoso, artrite psoriáticas e gota. - Para o diagnóstico é válido buscar alternativas nos exames complementares, como hemograma (fator reumatoide, anticorpos anti- CCP, PCR, VHS) e exames de imagem para avaliar a inflamação. - Estão relacionados ao desgaste e ao uso excessivo das articulações, lesões ou desalinhamento estrutural, sem um processo inflamatório subjacente. - Pode haver: dor ( ao movimento com melhora no repouso e pode piorar ao longo do dia), rigidez matinal, SEM calor ou rubor, pode haver inchaço, desgaste articular com crepitações ao movimento e desgaste assimétrico uma vez que pode não afetar a mesma articulação ou ser uma mais afetada que a outra. - As causas comuns são: Osteoartrite (artrose), entorses ou lesões de menisco, instabilidade articular (lesão ligamentar) e Condromalácia Patelar. - Para o diagnóstico são usados os exames de imagem, como por exemplo a radiografia na osteoartrite que mostrará o estreitamento do espaço articular e esclerose subcondral. Resumindo: • Inflamatórios: Dor constante, rigidez matinal prolongada, sinais clássicos de inflamação (calor, rubor, inchaço), simetria, deformidades articulares a longo prazo. • Mecânicos: Dor associada ao movimento, rigidez matinal curta, ausência de sinais clássicos de inflamação, desgaste assimétrico das articulações. DOR ARTICULAR MECÂNICA OSTEOARTRITE (ARTROSE) DEFINIÇÃO - É uma falência articular, uma doença na qual todas as estruturas da articulação sofreram alterações patológicas, na maioria das vezes simultaneamente. - Consiste em uma perda da cartilagem articular hialina, presente em um padrão focal e, inicialmente, não uniforme. - Esse quadro é acompanhado de aumento na espessura e na esclerose da placa óssea subcondral, de crescimento excessivo de osteófitos nas margens articulares, de distensão da cápsula articular, de vários graus de sinovite e de fraqueza dos músculos que cruzam a articulação. - Existem diversos caminhos que levam à falência articular, porém a etapa inicial é representada mais frequentemente por lesão articular na vigência de uma falha dos mecanismos protetores. - Emboraseja uma doença ligada ao envelhecimento, ela não é um processo puramente degenerativo: existem fenômenos inflamatórios, mecânicos e genéticos associados, afetando a cartilagem articular, o osso subcondral, ligamentos, meniscos e músculos. EPIDEMIOLOGIA - Sua alta prevalência, principalmente nos idosos, mulheres, e seu impacto negativo na função física fazem dessa condição a principal causa de incapacidade em idosos. Devido ao envelhecimento das populações ocidentais e tendo em vista que a obesidade, um importante fator de risco, está se tornando cada vez mais prevalente, a ocorrência de OA encontra-se em ascensão. GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 4 - No Brasil, sua prevalência é de 16%, porém, muitos pacientes são assintomáticos, não fazendo parte dessa estimativa. Ela é responsável por 30 a 40% das consultas nos ambulatórios de reumatologia. - Geralmente começa quando a pessoa tem entre 40 e 50 anos e afeta quase todas as pessoas em algum grau por volta dos 80 anos. Antes dos 40 anos, os homens desenvolvem osteoartrite com mais frequência do que as mulheres, geralmente devido a lesão ou deformidade. CLASSIFICAÇÃO - A osteoartrite é classificada como: • Primária(ou idiopática): a causa não é conhecida (como na grande maioria dos casos). A osteoartrite primária pode afetar apenas certas articulações, como o joelho ou o polegar, ou pode afetar muitas articulações. • Secundária: a causa é devido a outra doença ou quadro clínico como uma infecção, anormalidade congênita, lesão, distúrbio metabólico (doença de Wilson – cobre) ou uma artrite/ gota que degenerou a cartilagem e pode originar. ETIOLOGIA - Idade, sexo, predisposição genética, obesidade, traumas, estresse mecânico, trauma articular, doenças congênitas ou no desenvolvimento do osso e articulação, afecção articular inflamatória prévia, doenças endócrino-metabólicas. FATORES DE RISCO FISIOPATOLOGIA - O gatilho da osteoartrose é desconhecido em partes: 1 LESÃO TECIDUAL POR LESÃO MECÂNICA (p. ex., lesão do menisco), estimula os condrócitos a uma tentativa de reparação e vai aumentar a produção de proteoglicanos e colágeno. 2 TRANSMISSÃO DE MEDIADORES INFLAMATÓRIOS da sinóvia para a cartilagem ou defeitos no metabolismo da cartilagem. 3 REMODELAÇÃO DO OSSO SUBCONDRAL mediada por adipocinas, como leptina e adipsina. 4 TENTATIVA DE REPARAÇÃO vai produzir enzimas que degradam a cartilagem, bem como as citocinas inflamatórias, que normalmente estão presentes em pequenas quantidades. 5 CICLO INFLAMATÓRIO vai romper a cartilagem com ajuda dos condrócitos e outras células. GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 5 6 APOPTOSE DE CONDRÓCITOS 7 CARTILAGEM É DESTRUÍDA, o osso exposto torna-se queimado e esclerótico. 8 OSSO ENRIJECE, depois sofre um infarto e desenvolve cistos subcondrais. 9 PRODUÇÃO DE ESCLEROSE E OSTEÓFITOS na tentativa de reparar 10 DIMINUIÇÃO DA MOBILIDADE, ocorre pela presença de outros elementos no espaço. • Articulações mais afetadas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - O início quase sempre é gradual, geralmente começando com uma ou poucas articulações. - Dor (mais precoce, profunda, piora ao pegar peso e alivia com repouso, mas pode ser constante). - Rigidez (vem após se levantar e com inatividade, mas dura(POR CRISTAIS) DEFINIÇÃO - A gota é uma forma de artrite inflamatória causada pelo depósito de cristais de monourato de sódio nas articulações e outros tecidos, resultando em dor intensa e inflamação. Esses cristais se formam devido à hiperuricemia, que é a elevação dos níveis de ácido úrico no sangue. - É uma doença além de articular inflamatória, tem sua subclassificação metabólica. Por isso é também importante saber o metabolismo do ácido úrico, para que o entendimento da matéria se desenvolva de maneira contínua. *Mecanismo do Ác. Úrico - O Ac. Úrico vem do metabolismo das purinas (grupo de bases nitrogenada- presente em carnes, cerveja, frutos do mar, enfim...), a partir daí temos a Xantina Oxidase que é uma enzima que produz o Ac. Úrico, sendo algo contínuo. Esse por sua vez fica no sangue, normalmente diluído sem ser percebido, porém quando em grande quantidade, o mesmo passa a ter uma maior concentração no sangue e começa a se precipitar e formar cristais de açúcar que precisam ser eliminados, sendo 2/3 eliminados na urina e 1/3 nas fezes. * Excesso do Ác Úrico - Quando há um excesso de Ac. Úrico (>7 mg/dL), pode ser por uma superprodução desse Ác Úrico (>800mg na urina em 24h) ou uma Diminuição da Eliminação Renal (é o mais comum por ser mais complicado e possuir mais fases), além disso também está atrelado a fatores secundários como os hábitos de vida (álcool e consumo de carne vermelha rica em ac. úrico). EPIDEMIOLOGIA - A gota é mais comum em homens adultos, especialmente entre 30 e 50 anos, mas também pode afetar mulheres, especialmente após a menopausa. - A prevalência da gota tem aumentado globalmente, em parte devido ao aumento de fatores de risco como obesidade, hipertensão e síndrome metabólica. - No Brasil, a gota afeta cerca de 50.000 pessoas, sendo mais comum em homens entre os 30 e 50 anos. - Em mulheres, ocorre principalmente no período pós-menopausa. - A gota é mais incidente em países ocidentais em comparação a países asiáticos. - Se relaciona com outras comorbidades, como HAS, doença renal crônica e cardiovasculares. Essas comorbidades podem influenciar o manejo e a progressão da gota. CLASSIFICAÇÃO - PRIMÁRIA é idiopática ou decorrente de defeito enzimático, ou seja, é de ordem genética/metabólica. Essa é a forma mais comum da doença. - SECUNDÁRIA ocorre como resultado de outras condições médicas subjacentes que contribuem para o desenvolvimento de níveis elevados de ácido úrico no organismo. Essas causas podem incluir: + Doenças renais, com a eliminação deficiente de ácido úrico, resultando em seu acúmulo; + Obesidade, que favorece o aumento da produção de ácido úrico e excreção deficiente; + Medicações específicas, como diuréticos, ácido nicotínico e aspirina; + Hipertensão arterial; +Diabetes; ETIOLOGIAS - Principalmente por níveis altos de ácido úrico no sangue, também conhecida como hiperuricemia. - Devido ao metabolismo aumentado de purinas, comum em condições como psoríase, hemólise, ou durante o uso de certas quimioterapias. GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 9 -Redução da excreção de ácido úrico como em problemas renais ou uso de medicamentos que diminuem a excreção de ácido úrico (ex.: diuréticos). - Consumo excessivo de purinas como na dieta rica em carnes vermelhas, frutos do mar e bebidas alcoólicas, especialmente cerveja. FATORES DE RISCO - Genéticos: História familiar de gota. - Idade (a gota aumenta sua frequência com a idade). - Sexo masculino; etnia negra com maior incidência de gota (talvez pela maior presença de hipertensão arterial - HA - neste grupo étnico). - Dieta: Consumo elevado de alimentos ricos em purinas. - Obesidade: Associada ao aumento da produção de ácido úrico. - Doenças metabólicas: Como diabetes e hipertensão. - Uso de medicamentos: Diuréticos tiazídicos (hidroclorotiazida e furosemida), aspirina em baixas doses, entre outros. - Consumo de álcool: Especialmente cerveja e destilados. FISIOPATOLOGIA - O ácido úrico é o produto final do metabolismo das purinas. Em condições normais, ele é excretado pelos rins. Quando a produção de ácido úrico é alta ou a excreção é insuficiente, seus níveis no sangue aumentam, levando à formação de cristais de monourato de sódio. Esses cristais podem se depositar em locais ácidos (urina) e frios (nas articulações- longe do coração), desencadeando uma resposta inflamatória intensa por ser um corpo estranho, com recrutamento de neutrófilos e liberação de citocinas pró-inflamatórias. - Vai possuir 4 fases: 1 HIPERURICEMIA ASSINTOMÁTICA (excesso do Ac. Úrico com risco de cristalização e surgimento da doença). 2 ARTRITE GOTOSA AGUDA ( sendo o período da gota propriamente dita com períodos de remissão, é na maioria dos casos uma monoartrite afetando apenas uma articulação inicialmente, com início súbito durante a noite no dedão do pé -podagra). 3 GOTA INTERCRÍTICA (remissão- assintomático) 4 GOTA TOFOSA CRÔNICA (é algo mais arrastado e com mais presença de Ác. no corpo). • Maior chance de surgimento da Nefrolitíase. • Pode ocorrer com Ac. Úrico normal, basta que ele tem altos níveis durante algum tempo e de repente ocorra uma queda brusca em uma pessoa que sempre teve hiperuricemia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - ATAQUE AGUDO DE GOTA: Caracterizado por dor intensa, inchaço, calor e vermelhidão em uma articulação, frequentemente o hálux (dedo grande do pé). O início da dor é geralmente abrupto, ocorrendo frequentemente à noite. - GOTA CRÔNICA: Depósitos de cristais (tofos) podem ocorrer em várias articulações e tecidos moles, levando a deformidades e disfunções articulares. - COMPLICAÇÕES: Pode haver nefrolitíase (cálculos renais) e doença renal crônica associada à hiperuricemia. • Quanto mais tofos, mais a articulação estará protegida. GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 10 DIAGNÓSTICO - CLÍNICO: Baseado na apresentação clássica de artrite aguda e história clínica. - LABORATORIAL: Confirmação através da identificação de cristais de monourato de sódio no líquido sinovial por microscopia de luz polarizada (birrefringência negativa- dentro de leucócitos), isso através da punção articular. A dosagem de ácido úrico sérico pode ser útil, mas níveis normais não excluem a gota. - IMAGEM: Radiografias podem mostrar erosões articulares em casos crônicos. A ultrassonografia pode identificar depósitos de cristais. TRATAMENTO - Ataque Agudo: + Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Primeira linha de tratamento (naproxeno). + Colchicina: Eficaz se usada no início do ataque (2º linha por seus efeitos colaterais). + Corticosteroides: Indicados em pacientes com contraindicações ao uso de AINEs ou colchicina. + Anakinra: inibidor de IL-1. + NÃO usar AAS (eleva) e ALOPURINOL (diminui ac úrico rapidamente e não é indicado pois além disso quebra os cristais e favorece a resposta inflamatória). - Prevenção de Ataques Futuros: + Colchicina preventiva de 12/12h. + Inibidores da Xantina-Oxidase (Alopurinol, Febuxostat): Diminuem a produção de ácido úrico. + Uricosúricos (Probenecida, Benzbromarona): Aumentam a excreção de ácido úrico. + Mudanças no estilo de vida: Redução do consumo de alimentos ricos em purinas, perda de peso, e moderação no consumo de álcool, trocar hidroclorotiazida por losartana. - Monitoramento: Níveis de ácido úrico devem ser mantidos abaixo de 6-9 mg/dL para prevenir novos ataques e a formação de tofos. ARTRITES DEFINIÇÃO - A artrite é um termo geral que se refere à inflamação das articulações. Pode afetar uma ou várias articulações e se manifesta com dor, inchaço, rigidez e limitação de movimentos. - As principais serão a ARTRITE REUMATOIDE, ESPONDILITE ANQUILOSANTE, ARTRITE REATIVA E ARTRITE PSORIÁSICA. - A ARTRITE REUMATOIDE é uma doença do sistema conjuntivo, crônica, de caráter inflamatório e de natureza autoimune, com predomínio da presença de autoanticorpos para imunoglobulinaG e proteínas citrulinadas. As alterações predominantes ocorrem em estruturas articulares e periarticulares (tendões, ligamentos e bursas), sendo a membrana sinovial o sítio mais atingido, embora seja uma doença com apresentação sistêmica. - A ESPONDILITE ANQUILOSANTE é uma doença inflamatória autoimune que afeta a coluna vertebral e outras partes do corpo, como os quadris, ombros, olhos, costelas, maxilares e calcanhares. - A ARTRITE REATIVA ocorre geralmente após uma infecção geniturinária ou gastrointestinal. - A ARTRITE PSORIÁSICA é um tipo de artrite crónica que atinge as articulações de pessoas com psoríase, uma doença que causa lesões avermelhadas e escamosas na pele, principalmente nos joelhos, cotovelos e couro cabeludo. * as 3 últimas não tem Fator Reumatoide e tem HLA-B27 e Lesão de enteses ( local c/ ligamentos no osso). GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 11 EPIDEMIOLOGIA - REUMATOIDE: Mulheres de meia idade (55-35 anos), antígeno de histocompatibilidade HLA-DR4 (genético), começa entre os 30 e 50 anos de idade, embora possa ocorrer em qualquer idade. - ESPONDILITE ANQUILOSANTE: afeta cerca de 0,1% a 1,4% da população mundial, com maior prevalência em algumas populações, como os nórdicos. A doença é mais comum em homens, com uma proporção de aproximadamente 3:1 em relação às mulheres. O início dos sintomas geralmente ocorre entre 15 e 30 anos de idade. - ARTRITE REATIVA: rara, com prevalência estimada entre 30 a 40 casos por 100.000 pessoas. A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em adultos jovens, entre 20 e 40 anos. Homens são mais frequentemente afetados, especialmente quando a artrite reativa segue uma infecção geniturinária. ETIOLOGIA - REUMATOIDE: genética, ambientais (infecções/resposta imune), questões autoimunes. - ESPONDILITE ANQUILOSANTE: genética e fator ambiental. - ARTRITE REATIVA: infecções geniturinárias (clamídia), gastrointestinais (Salmonella) e respiratórias (pneumonia). FATORES DE RISCO - REUMATOIDE: mulher, 30-50 anos, genética, tabagismo, obesidade, exposição ocupacional. - ESPONDILITE ANQUILOSANTE: história familiar, homens, jovem adulto. - ARTRITE REATIVA: genética, homens, historia de infecção e histórico familiar. FISIOPATOLOGIA - REUMATOIDE: não compreendida em sua totalidade, haverá o fator reumatoide que de alguma forma inicia o processo fisiopatológico partindo de uma participação imunológica, de autoanticorpos que favorecem o processo, sendo eles o Fator Reumatoide que é um IgM que ataca o IgG (está positivo em 70-80%, sendo considerada soropositiva e em caso negativo, ela será soronegativa) propriamente dito e o ANTI-CCP (peptídeo citrulinado cíclico, sendo mais especificidade). A lesão vai atingir a sinóvia (revestimento interno das articulações), será algo único e persistente com liberação de muitas citocinas inflamatórias, principalmente o TNF. Isso induz a destruição articular, levando a deformidade da articulação (história natural da doença). Ela é mais comum em articulações das mãos e pés e punho. - ESPONDILITE ANQUILOSANTE: presente nas vertebras/quadril/ esqueleto axial (centro- complemento da reumatoide). Sempre ascendente (baixo para cima) cria calcificações ascendentes ou pontes ósseas- sindesmófitos (coluna em bambu). - ARTRITE REATIVA: infecção distante da articulação e tem uma resposta imune que atinge a bactéria e a articulação sendo algo cruzado. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - REUMATOIDE: é uma história com evolução indiciosa, aditiva e bilateral, gera dor e rigidez (matinal por + de 1h) nas articulações específicas, sendo uma poliartrite simétrica e periférica. Nas MÃOS pode haver um desvio ulnar dos dedos, pescoço de cisne e abotoadoura, sendo a interfalangiana distal poupada, ou seja, não inflamadas. Nos PÉS subir e pode acometer o joelho com o Cisto de Baker que pode romper e escorrer gerando uma dissecação da panturrilha gerando uma TVP. Nos PUNHOS pode ocorrer o punho em dorso de camelo ou síndrome do Túnel do Carpo. Pode ter também fadiga, febre baixa, nódulos reumatoides, principalmente com níveis altos de anticorpos. “PEGUEI NOJO DE VASCAÍNO” – Pericardite, Nódulo, Sjogren (seca), Derrame Pleural, Vasculite e Caplan (pneumoconiose dos carvoeiros). GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 12 - ESPONDILITE ANQUILOSANTE: homem jovem com lombalgia, indiciosa, crônica, inflamatória com piora ao repouso e melhora com exercício, gera rigidez matinal. A extra articular é a uveite e insuficiência aórtica. - ARTRITE REATIVA: grandes articulações periféricas, poucas. Se for genital, tem conjuntivite uretrite e artrite, dactilite, ceratoderma e balanite. DIAGNÓSTICO - REUMATOIDE: Clínica e Exame Físico, a duração dos sintomas(+6 semanas), fatores de inflamação (VHS e PCR elevados), acometimento articular (desconsiderar interfalangianas) e o sorológico (pesquisa por Látex ou Waaler-Rose (fator reumatoide). Radiografias mostram erosões ósseas e estreitamento do espaço articular em estágios avançados. A ultrassonografia e a ressonância magnética podem detectar sinovite e erosões precoces. - ESPONDILITE ANQUILOSANTE: Clínica e Exame Físico além dos exames de imagem e laboratoriais. - ARTRITE REATIVA: clínico. TRATAMENTO - REUMATOIDE: será dividido em 2 tipos: SINTOMÁTICO ( AINES ou Corticoides em dose baixa ) e ALTERANTES DA EVOLUÇÃO DA DOENÇA ( DARMDs- drogas antirreumáticas modificadoras de doença- metotrexate, cloroquina e as BIOLÓGICAS- organização de resposta imune- inibidor de TNF e não inibidor). - ESPONDILITE ANQUILOSANTE: fisioterapia e aines ou inibidor de TNF. - ARTRITE REATIVA: sintomático com aines ou antibióticos. REFERÊNCIAS: - Hansen, J., & Netter, F.: Netter's Atlas of Human Anatomy, 6th ed., Philadelphia, Penn.: Sanders Elsevier, 2014, pp. 404-8, 422, 440, 443-5, 474, 494, 511-13. - Dangelo, J.G. Anatomia Humana Básica. São Paulo: Atheneu. 2000. - Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia. José Tupinambá Sousa Vasconcelos. 2019 - Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento. Marco Antonio P. Carvalho. 5ª edição 2019 - Reumatologia. Marc C. Hochberg. 6ª edição. GUSTAVO MENDES SARMENTO – 5º PERÍODO- 2024.2 Pá gi na 13