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Sumário Unidade 04 Desenvolvimento de Gestores Públicos 1 A Administração Pública Contemporânea 1 4.1 A gestão e a administração pública contemporâneas 1 A crise do Estado 3 As mudanças na Administração Pública 3 4.2 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) 4 FCS na Gestão e Administração Pública Federal 5 4.3 Novos modelos de gestão na Administração Pública 6 4.4 Gestão de Conflitos 7 Conflitos de ideias 8 4.5 A Administração Pública contemporânea 8 Unidade 04 Desenvolvimento de Gestores Públicos A Administração Pública Contemporânea Introdução Nesta unidade, você acompanhará os novos conceitos que têm surgido no campo da administração pública contemporânea. Aprenderá sobre o conceito de burocracia e conhecerá os novos modelos de gestão propostos para a administração pública. Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de: · Compreender as atuais necessidades de mudanças na administração pública contemporânea. · Administração pública contemporânea. · Identificar os fatores críticos para o sucesso de instituições envolvidas com a administração pública contemporânea. · Descrever as ações prioritárias que devem ser adotadas para tomar a administração pública contemporânea mais efetiva. · Reconhecer os impedimentos e os conflitos existentes na busca por um novo modelo de gestão para a administração pública contemporânea. 4.1 A gestão e a administração pública contemporâneas Você já ouviu falar muitas vezes em burocracia, não é? E o que ela representa? Por que as organizações públicas necessitam se desburocratizar? Quais são as características que devem assumir a gestão e a administração pública contemporânea? O que é necessário fazer para que as organizações públicas administrem os recursos públicos de forma mais humana e eficaz? Antes de prosseguir, pare um pouco e reflita sobre essas questões. A burocracia Não é possível falar em novas formas de pensar a administração pública se não entendermos, primeiro, o que é a burocracia. Burocracia não é fila, papelada ou dificuldade para você ser atendido. Isso tudo são disfunções da burocracia. Burocracia é um modelo de organização racional criado para substituir o exercício arbitrário do poder exercido pelos regimes autoritários. Ele incorpora regras, impessoalidade, hierarquia de poderes e outras características quem tem por objetivo garantir forte controle sobre as ações da organização. Início na Prática! Por algum tempo, a organização burocrática serviu para evitar que o poder arbitrário, exercido por alguns em detrimento de outros, acontecesse. No entanto, o excesso de controle fez com que esse modelo organizacional não conseguisse acompanhar a dinamicidade exigida das organizações na atualidade. Elas se tornaram ineficientes, precisando que, atualmente, as dimensões da burocracia sejam flexibilizadas. Fim Na Prática! O tipo de governo que se desenvolveu durante a Era Industrial, com suas burocracias lentas e centralizadas, tornou-se inchado, ineficiente e funcionando com desperdício. Essa estrutura administrativa não conseguiu acompanhar as mudanças que ocorreram no mundo, sobretudo, a partir da década de 1990, com fortes mudanças econômicas e relativas ao conhecimento. Início do Diálogo Marcos: Oi, Andréa! Estava reparando a burocracia que é para conseguirmos prestar um serviço ao cidadão. Tudo tem que estar conforme a lei. O que torna as coisas morosas, não acha? Andréa: Sim, Marcos, é verdade que precisamos nos orientar pelas leis. No entanto, isso que você chama de burocracia é, na verdade, resultado dela. Chamamos isso de disfunções da burocracia! Marcos: Eu sempre ouvi as pessoas falarem assim! O que é burocracia, então? Andréa: A teoria da burocracia foi formalizada por Max Weber. Segundo ele, assim que organizações começaram a ser criadas, elas adotavam algumas características com o propósito de estabelecer o poder e exercer controle sobre ele. Marcos: E isso ainda acontece. Como eu estava lhe dizendo, há regras, procedimentos e limitações que dificultam a agilidade de nossas ações voltadas ao atendimento dos cidadãos. Andréa: Sim, o modelo burocrático não mais consegue dar conta da dinamicidade existente no mundo contemporâneo. Por isso, suas características principais, como a formalização de regras, a divisão do trabalho, a hierarquia de funções, a impessoalidade, a meritocracia etc., precisam ganhar flexibilidade! Andréa: Por isso, faz algum tempo que há a tentativa de desburocratizar o Estado. Também busca-se dotar as entidades públicas de novos modelos de gestão. Isso possibilitará otimizar o nosso trabalho e atender melhor às demandas dos cidadãos. Marcos: Ah, então quer dizer que esse é o conceito de burocracia? Obrigado, Andréa! A crise do Estado Na década de 1970, a crise econômica mundial acelerou a necessidade de mudanças no papel do Estado, que até então usufruía de amplo consenso social sobre sua atuação voltada à garantia de prosperidade econômica e bem-estar social. Na década de 1990, a economia mundial encarou um grande período de recessão. O Estado foi o principal afetado, uma vez que foi desencadeada uma grave crise fiscal, que fez com que ele passasse a ter dificuldades para responder às demandas da sociedade contemporânea. A partir da crise, um novo modelo de gestão vem sendo adotado pela administração pública. É por isso que a adoção do modelo gerencialista faz parte da discussão sobre a reforma administrativa, que questiona os conceitos tradicionais da organização burocrática. Início Na Prática! Muitos defendem que o modelo gerencialista tem a capacidade de contemplar brechas deixadas pelo modelo burocrático tradicional. Por isso, estes o consideram como o mais apropriado para o controle dos gastos públicos e para suprir a demanda por melhor qualidade dos serviços públicos. Fim Na Prática! As mudanças na Administração Pública A administração pública contemporânea tem como objetivo também a inserção da sociedade civil na definição de políticas públicas, de forma igualitária ao lado do governo. Acompanhe algumas informações importantes. Práticas patrimoniais A administração pública tem sofrido mudanças em relação a sua caracterização original, vinculada as práticas patrimonialistas. Jogo de elites No período patrimonialista, a cultura brasileira era influenciada pelo jogo de elites que dominavam a área administrativa nas três esferas: federal, estadual e municipal. Mudanças sociais Atualmente, a administração pública tem sofrido mudanças, promovidas em decorrência das evoluções da sociedade e das reformas do Estado. Adequação da Administração Pública Cada vez mais, a administração pública tem procurado se adequar, adotando algumas ferramentas de gestão praticadas no setor privado. Isso ocorre pelas evidencias de que os conceitos aplicados à administração pública não tem dado conta de atender às necessidades da sociedade contemporânea, nem mesmo de superar os desafios que surgem em um ambiente emergente, complexo, que tem como principal características uma sociedade cada vez mais exigente por mudanças rápidas e agilidade nas decisões. Novo modelo de Administração Público Nesse contexto, é evidente que a administração pública necessita adotar uma nova abordagem de atuação, sendo este um dos seus grandes desafio da atualidade. O que fazer para melhorar a atuação da administração pública? desburocratizar, privatizar, fazer parcerias, estatizar, terceirizar? O que você acha? Inicio do Saiba Mais! As mudanças no comportamento da sociedade brasileira têm provocado diversas discussões sobre a criação e atualização dos modelos de administração pública praticados ao longo dos anos. Tais mudanças impactam no desenvolvimento de teorias que defendem a perspectiva de uma administração pública que considera a participação da sociedade nas tomadas de decisões. Fim do Saiba Mais! 4.2 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) Para que uma organização conduza adequadamente as mudanças que deseja promover, é importante que ela conheça quais são seus fatores críticos de sucesso. Fatores críticos de sucesso (FCS) são atributosPública. 5. De acordo com o art.37 da Constituição Federal de 1988, a Administração Púbica obedecerá a uma série de princípios. Relacione corretamente cada princípio com a corresponde definição. 1) Legalidade 2) Indisponibilidade 3) Eficiência 4) Moralidade Os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem aos seus agentes. Essa definição corresponde a Toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei, caso contrário, será considerada atividade ilícita. Essa definição corresponde a O administrador público não deve dispensar os preceitos éticos, que devem estar presentes na sua conduta. Essa definição corresponde a Prima pela produtividade e economicidade e pela redução de desperdício do dinheiro público. Essa definição corresponde a Gabarito: Os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem aos seus agentes. Essa definição corresponde a Indisponibilidade. Toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei, caso contrário, será considerada atividade ilícita. Essa definição corresponde a Legalidade. O administrador público não deve dispensar os preceitos éticos, que devem estar presentes na sua conduta. Essa definição corresponde a Moralidade. Prima pela produtividade e economicidade e pela redução de desperdício do dinheiro público. Essa definição corresponde a Eficiência. Curso Desenvolvimento de Gestores Públicos Sumário Curso Desenvolvimento de Gestores Públicos 1 Unidade 01 Introdução à Gestão e Administração Pública. 1 1.1 Gestão e administração pública 1 1.2 O Estado e as organizações públicas 4 1.3 Leis, diretrizes financeiras e orçamentárias 5 1.4 Gestão pública, e do terceiro setor 6 1.5 Compras, licitações e contratos 6 Unidade 01 Introdução à Gestão e Administração Pública. Introdução Você sabe definir o que é Administração Pública? E Gestão Pública, sabe? Talvez você saiba o que elas representam, mas não sabe explicar. Esta unidade do curso tem por objetivo explicar a definição desses conceitos, apresentando-lhe informações adicionais sobre tais assuntos. Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de: · compreender os principais conceitos da gestão e administração pública; · diferenciar a aplicação da gestão e administração nos contextos público, privado e terceiro setor; · identificar as principais leis e diretrizes da gestão e administração pública; · entender os conceitos de compras, licitações e contratos. 1.1 Gestão e administração pública Na área empresarial, a gestão e administração são atividades exercidas por meio de funções de planejamento, organização, direção (liderança) e controle. Mas afinal, existe alguma diferença entre os termos gestão e administração? Início saiba mais A palavra administração deriva do latim: ad (direção) e minister (obediência). A partir de sua origem, o administrador dirige algo, segundo a vontade de quem o contratou. O administrador público, portanto, realiza o seu trabalho, buscando atender às necessidades da população, que foi quem elegeu o governo vigente. A administração e gestão pública representam o aparelhamento que possibilita ao Estado planejar, dirigir e controlar ações administrativas, com o propósito de atender aos interesses da sociedade. Fim saiba mais Administração e gestão – conceitos Tanto a administração quanto a gestão estão relacionadas às ações que visam à otimização de recursos, buscando atingir objetivos definidos. Ambas se utilizam de quatro funções básicas: planejamento, organização, direção e controle. Administração: Na administração de empresas privadas, as pessoas que ocupam cargos administrativos estão na direção, onde são tratados os aspectos gerais da organização. A administração envolve a definição de estratégias mais abrangentes, que servem para guiar a organização como um todo. Gestão: Na gestão, as pessoas que ocupam cargos administrativos intermediários têm suas atividades voltadas de forma especial para setores ou domínios específicos da organização. De forma simplista, está relacionada a administrar departamentos, setores ou áreas de uma organizações privada. Quando o assunto está relacionado ao setor público, os termos gestão e administração não são tão diferenciados, como acontece no setor privado. Diferentemente das organizações privadas, a gestão e administração pública focam nas questões que regulamentam o Estado, como normas, leis etc. Ou seja, o gestor público, além de executar as atividades descritas na gestão e administração, também precisa considerar as regulamentações do Estado. Início saiba mais De acordo com Schwella (2005), a administração pública é influenciada pelo ambiente na qual está inserida. Ela funciona como um sistema aberto, com sucessivas relações de troca com o meio, no qual se observam mudanças rápidas nas relações com a sociedade. Fim saiba mais Origem da gestão e administração pública A gestão e a administração pública têm origem nas teorias da administração. A abordagem clássica da Administração tem origem na Administração Científica, definida por Taylor; e na Teoria Clássica da Administração, definida por Fayol. Conheça as principais ideias defendidas por Taylor e Fayol, para conduzir a administração. 1. As organizações são comparadas a máquinas. O s sentimentos e particularidades de cada colaborador devem ser deixados do lado de fora da organização. 2. O salário é importante, mas não fundamental para a satisfação dos colaboradores. A importância da motivação dos colaboradores já era considerada. 3. A organização é vista de forma fechada. Ela não se relaciona com o ambiente externo, não influencia, nem é por ele influenciada. 4. A qualificação do funcionário passa a ser dispensável, já que são estudadas e definidas formas padrão de elaborar uma tarefa. A definição de tempos e movimentos deveria ser rigorosamente seguida. 5. A administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa. Os métodos e movimentos a serem executados em cada tarefa são exemplos. 6. Os colaboradores devem ser treinados para aperfeiçoar suas habilidades e executar suas atividades de forma que as metas de sejam alcançadas. A abordagem clássica considera a exploração dos colaboradores como forma de favorecer aos interesses particulares das organizações. 7. Os colaboradores devem ser alocados em serviços em que os materiais e as condições de trabalho sejam cientificamente selecionados. O administrador tinha a incumbência de cuidar dos recursos necessários para garantir a eficácia do trabalho realizado. 8. Deve ser criado um clima de colaboração entre a administração e os colaboradores, para assegurar um ambiente saudável, de modo que maximize os interesses da organização. A administração pública A administração pública se baseou nas teorias clássicas da administração, que foram popularizadas no desenvolvimento da administração contemporânea. A partir das teorias clássicas, também a administração e gestão pública definem um conjunto de órgãos com estruturas, características e direitos regidos pelo Estado. Início saiba mais As ideias principais das teorias clássicas da administração foram a base para a definição da gestão e administração pública. Os conceitos sistêmicos e de aparelhamento foram absorvidos pelo Estado como maneira de aperfeiçoar sua forma de gestão e os seus processos. Fim saiba mais Diálogo entre os personagens Marcos e Andréa Marcos: Andréa, você poderia me tirar uma dúvida? O indivíduo designado ou nomeado para exercer a Administração de um órgão da Administração Pública é denominado Gestor Público ou Administrador Público? Andréa: As duas designações estão corretas, Marcos! Marcos: Mais uma dúvida! E administração superior, o que é? Andréa: A administração superior compreende todas as atividades relacionadas à definição de políticas e metas de atuação do ente público. Ela é dita superior porque responde pela tomada de decisões visando atender às finalidades da entidade como um todo. Marcos: Ah, quer dizer então que as atividades exercidas pelo GestorPúblico são desenvolvidas no âmbito da administração superior? Andréa: Exatamente, Marcos! Nós, Gestores Públicos, exercemos a administração superior de órgão ou entidade integrante da Administração Pública. Como Gestores Públicos, temos o dever de zelar pela correta aplicação e gerenciamento dos recursos públicos. Não podemos esquecer, é claro, que devemos sempre priorizar o interesse público. Marcos: Obrigado, Andréa. Agora ficou claro! As responsabilidades do Gestor Público A Autoridade máxima do órgão da Administração Pública, na condição de Ordenador de despesa, é a responsável, a partir de sua eleição ou nomeação, por todos os atos de sua gestão. Ele se torna responsável pelas seguintes ações: · gestão orçamentária (execução orçamentária da despesa e da receita); · gestão financeira (administração e controle das disponibilidades financeiras); · gestão patrimonial (administração, conservação e controle dos bens móveis e imóveis); · gestão operacional (as operações do órgão ou entidade devem ser realizadas de forma eficiente e eficaz, de modo a atingir os seus fins sociais) e · gestão administrativa (administração e controle de pessoal e dos contratos e convênios celebrados). No que concerne aos atos praticados em gestões anteriores, a responsabilidade é atribuída ao Ordenador de Despesa da época dos referidos atos, que se submete ao julgamento do Tribunal de Contas, em processo de Tomada de Contas de Exercício. Todavia, quando a solução ou a evitabilidade da manutenção de alguma irregularidade, decorrente de um ato de gestão do passado, depender de uma providência de iniciativa do atual Gestor, este poderá vir a ser responsabilizado na hipótese de não adotar a providência cabível para o caso. Fonte: Rio Grande do Sul. Secretaria da Fazenda. Fonte: Manual do gestor público: um guia de orientação ao gestor público. 2009. p 27. 1.2 O Estado e as organizações públicas O Estado pode ser definido como a ordem jurídica maior, que tem como finalidade o bem comum da nação em um território. No Brasil, é denominado União. Para que o Estado possa atender as suas finalidades, adota uma estrutura capaz de realizar as diferentes funções necessárias. Uma das formas encontradas foi a divisão político-administrativa. Início saiba mais Para dar conta de suas funções, a administração pública é exercida em três níveis, podendo ser Federal, Estadual ou Municipal. Para cada um dos níveis de administração há atribuições gerais e específicas. Fim saiba mais A estrutura do Estado brasileiro Na estrutura do Estado brasileiro, o exercício do Poder é atribuído a órgãos distintos e independentes. São eles: · Poder Executivo (administra para atingir os fins do Estado); · Poder Legislativo (elabora leis) e · Poder Judiciário (soluciona conflitos entre cidadãos, entidades e o Estado). Cada órgão tem uma função específica, havendo um sistema de controle entre eles, para que nenhum possa agir em desacordo com as leis e a Constituição. Início saiba mais Em uma nação, o Estado exerce funções políticas, sociais e econômicas. De acordo com a Constituição Federal Brasileira (art. 3º), os objetivos do Estado Brasileiro são: · construir uma sociedade livre, justa e solidária; · garantir o desenvolvimento; · erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades; · promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Fim saiba mais A gestão pública No contexto político e administrativo brasileiro, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios são qualificados como entidades autônomas, sendo responsabilidade da União exercer a soberania do Estado brasileiro no contexto internacional. É nesse contexto que ocorre a gestão pública. A gestão pública é o Estado em atuação. Início saiba mais O governo é o objeto que conduz o Estado e exerce poder sobre a sociedade. O Estado exerce papel indispensável na formulação de políticas, regulação da competitividade e promoção do bem comum da sociedade, sendo sua atuação determinante para o cumprimento dos princípios constitucionais. Fim saiba mais 1.3 Leis, diretrizes financeiras e orçamentárias É por meio do orçamento público que o presidente da república, governadores e prefeitos executam seus planos de governo, com base em acordos realizados. O Orçamento Público é um instrumento de planejamento e execução das finanças públicas. Ele visa a previsão das receitas e a fixação das despesas públicas, para um exercício específico. A estrutura do orçamento público As determinações legais para a estrutura do orçamento público estão presentes: · Na Constituição Federal (Capítulo II, Artigos 165 a 169); · Na Lei 4.320/1964 - normas específicas sobre elaboração e organização orçamentária; e · Na Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF (Lei Complementar 101, de 2000). Acompanhe alguns aspectos gerais da legislação. Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF): A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) reforça relações entre o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Ela contém dispositivos que dizem respeito à elaboração e à aprovação do orçamento e que devem ser observados. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece, a cada ano, as diretrizes para a elaboração do orçamento. Por disposição constitucional, o Orçamento Público deve ser compatibilizado com o Plano Plurianual (PPA). Orçamento Público: A Constituição Federal dispõe sobre o Orçamento Público, determinando que ele também seja aprovado por Lei, por iniciativa do Poder Executivo, assim como acontece com o Plano Plurianual (PPA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Lei Orçamentária Anual (LOA): A Lei Orçamentária Anual (LOA) compreende o orçamento fiscal, abrangendo todos os Poderes, fundos, órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta (exceto as empresas estatais não dependentes); o orçamento de investimentos das empresas estatais e o orçamento da seguridade social. Lei Complementar Estadual nº 10.336/94: A Lei Complementar Estadual nº 10.336/94 dispõe sobre as finanças públicas do Estado e torna obrigatória a especificação das obras previstas como investimentos no orçamento, com indicação das obras novas, em andamento ou paralisadas. As obras cujo valor é menor do que10% do valor total do projeto, poderão ser agrupadas como Diversas Pequenas Obras (art. 20, §2º). 1.4 Gestão pública, privada e do terceiro setor Compreender os aspectos relacionados à administração é fundamental para os gestores da sociedade atual, sobretudo, os do segundo setor (empresas, por exemplo). Entretanto, quando se trata de um gestor público, é necessário que ele compreenda também a estrutura das organizações que integram o primeiro setor (setor público). Início fique atento De um modo geral, as organizações do setor público possuem diferenças particulares se comparadas às organizações privadas, destacando-se a adequação das políticas e projetos de governo, com orçamentos planejados de acordo com seus objetivos. Fim fique atento Os três setores Compreender as organizações que integram cada setor. O primeiro setor, ou setor público, é formado por prefeituras, governos de estados e a presidência da república, além das entidades ligadas a esses órgãos. O segundo setor é constituído por empresas que exercem atividades privadas, ou seja, atuam em benefício próprio. O terceiro setor é formado pelas organizações sem fins lucrativos. Elas atuam nas lacunas deixadas pelos setores públicos e privados, buscando o bem-estar da sociedade. No Brasil, o terceiro setor tem apresentado expressivo crescimento. Esse crescimento se deve às demandas da sociedade, que coloca em dúvida a credibilidade, a capacidade e a confiança do Estado em corresponder às suas necessidades de serviços públicos como educação, saúde e demais demandas sociais. 1.5 Compras, licitações e contratos O Gestor Público também precisa conhecer alguns conceitos básicos sobre compras, licitações e contratos. É o quevocê aprenderá a partir de agora. Prossiga! Compras Para obter sucesso nos processos de compra, é indispensável que o Gestor Público tenha a capacidade de prever, planejar, orientar e controlar as necessidades da entidade na qual atua. A ausência de planejamento demanda à Administração compras em caráter de urgência, não observando os princípios constitucionais da licitação, segundo a da Lei 8.666/93, art. 3º. Início saiba mais De acordo com o Art. 22 da Lei 8.666/93, as compras públicas são realizadas com base em licitações. As licitações possuem as modalidades: concorrência, tomada de preços, carta convite, concurso e leilão. Além disso, está previsto a Dispensa de Licitação (Art. 17, § 2º, § 4º, Art. 24 - inciso I a XXIV) e a Inexigibilidade, quando houver inviabilidade de competição (Art. 25 - Inciso I a III). Fim saiba mais Licitações A Licitação é um procedimento administrativo que antecede à contratação, com o objetivo de escolher a proposta mais vantajosa, com base em parâmetros antecipadamente definidos. A obrigação de licitar está definida no art. 37, XXI, da Constituição Federal Brasileira. Ela determina o procedimento licitatório Início na prática Nos termos da Lei n.º 8.666/93, considera-se: Obra: construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação; · Serviço: atividade que visa obter utilidade de interesse para a administração; · Compra: aquisição remunerada de bens; · Alienação: transferência de domínio de bens a terceiros; · Execução direta: feita por órgãos e entidades da administração; · Execução indireta: o órgão ou entidade contrata com terceiros sob qualquer regimes. Fim na prática Princípios administrativos A Lei Federal nº 8.666/93, em seu art. 3º, arrola uma série de princípios que devem ser observados pelo Gestor Público quando da realização de um certame licitatório. Conheça os principais princípios administrativos. Princípio da Legalidade: Significa a submissão do Gestor Público às doutrinas da lei e suas exigências, não podendo dela se desviar. Caso isso aconteça, será punido com a prática de ato inválido, de responsabilidade disciplinar, civil e criminal, de acordo com o contexto. Princípio da Impessoalidade: A lei impõe que no procedimento licitatório seja oferecido o mesmo tratamento a todos os concorrentes que se encontrarem na mesma situação jurídica, afastando a possibilidade de qualquer discriminação. Princípio da Moralidade e Probidade Administrativa: Estes princípios impõem condutas pautadas por valores éticos, devendo o Gestor Público agir com boa fé e honestidade na condução do procedimento licitatório. Quando violados, impõem aos agentes públicos as consequências estabelecidas na Lei Federal nº 8.429/92. Princípio da Igualdade: Este princípio se assemelha ao da impessoalidade. Ele e assegura a igualdade de oportunidade a todos aqueles que tenham interesse em participar da licitação, desde que comprovem aptidão para o cumprimento do objeto contratado. Princípio da Publicidade: Este princípio assegura que não apenas os licitantes podem ter acesso a informações, mas também todo e qualquer interessado. A publicidade das decisões administrativas somente serão restritas no que for indispensável para o interesse público. Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: Este princípio visa impedir que a Administração Pública se afaste das normas e condições impostas pelo instrumento convocatório durante a realização de um procedimento licitatório. Ele afirma que o edital é a lei interna da licitação, ressaltando a sua inexorável observância. Princípio do Julgamento Objetivo: Este princípio assegura que o julgamento deve ocorrer de acordo com critérios previamente definidos, privando o Gestor Público da possibilidade de escolher segundo preferências pessoais. Contratos Um contrato é um acordo firmado entre partes para criar obrigações e direitos comuns. O contrato também pode ser definido como um objeto jurídico, bilateral, em que as partes se comprometem a atender os requisitos por ele definidos. Os contratos administrativos são ajustes que a Administração Pública celebra com pessoas físicas ou jurídicas, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público. Início na prática O contrato pode ser formalizado por diversos meios, como instrumento de contrato, carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra e ordem de execução de serviço. O instrumento de contrato deve ser utilizado, obrigatoriamente, nos casos de concorrência e de tomada de preços, assim como nas dispensas e inexigibilidades de licitações situadas nos limites dessas duas modalidades. Nas demais situações, a Administração poderá, facultativamente, usar outros instrumentos, desde que contemplem todas as condições pactuadas. Fim na prática Fechamento Você finalizou a unidade 1 do curso Desenvolvimento de Gestores Públicos. Ao longo desta unidade você acompanhou informações importantes sobre Gestão e Administração Pública. Acompanhe a síntese da unidade 1. 1. Você iniciou esta unidade do curso compreendendo que a administração e gestão pública representam o aparelhamento que possibilita ao Estado planejar, dirigir e controlar ações administrativas, com o propósito de atender aos interesses da sociedade. 2. Depois, viu que para o Estado atender as suas finalidades, necessita adotar uma estrutura capaz de realizar as diferentes funções necessárias. Uma das formas encontradas foi a divisão político-administrativa. A gestão pública é a operacionalização dessa estrutura. 3. Acompanhou também informações sobre o Orçamento Público. Viu que ele é um instrumento de planejamento e execução das finanças públicas. Ele visa a previsão das receitas e a fixação das despesas públicas para um exercício específico. 4. Aprendeu que há diferenças na forma de gerenciar uma organização pública, privada ou do terceiro setor. No caso do setor público, o principal objetivo é administrar os recursos da melhor forma, tendo em vista atender aos interesses da sociedade. 5. Por último, acompanhou que o Gestor Público precisa conhecer alguns conceitos básicos sobre compras, licitações e contratos, instrumentos essenciais para exercer a Gestão Pública. Quiz Agora, confira se você aprendeu tudo o que foi aqui apresentado sobre Gestão e Administração Pública, resolvendo as questões a seguir. Desejamos que você tenha um ótimo aproveitamento! Questão 01 A abordagem clássica da administração está dividida em administração científica e teoria clássica. Com base nisso, escolha a alternativa que apresenta os nomes dos responsáveis por estas teorias. A) Taylor e Ford. B) Fayol e Crosby. C) Taylor e Fayol. D) Taylor e Crosby. Resposta Alternativa C) Taylor e Fayol. Tais abordagens serviram de base para a administração e gestão pública. Questão 02 Escolha a alternativa que representa o principal fator norteador das atividades realizadas por um Gestor Público junto à Administração Pública. A) Definir as metas de atuação da instituição. B) Prestar contas de seus atos junto ao Tribunal de Contas. C) Ordenar o pagamento das despesas públicas realizadas pelo ente público. D) Aplicar e gerenciar os recursos públicos segundo a supremacia do interesse público. Resposta Alternativa D) É dever dos Gestores Públicos zelar pela correta aplicação e gerenciamento dos recursos. Questão 03 As funções do Estado Brasileiro são definidas em 03 esferas. Escolha as alternativas cujas opções estejam vinculadas a essas três esferas. A) Primeiro setor e segundo setor. B) Executivo e Judiciário. C) Público e Privado. D) Legislativo e Judiciário. E) Judiciário e senado federal. Resposta Alternativa B) Executivo e Judiciário. Alternativa D) Legislativo e Judiciário. Cada órgão tem uma função específica, havendo um sistema de controle entre eles para que nenhum possa agir em desacordo com as leis e a Constituição. Questão 04 As organizações, dependendo de seus objetivos, podem atuar em diferentes setores. Relacione o significado correspondente à cada definição. A) Primeiro Setor B) Segundo Setor C) TerceiroSetor D) Gestão Pública Significados 1) É formado por prefeituras, governos de estados e a presidência da república, além das entidades ligadas a esses órgãos. 2) É constituído por organizações que exercem atividades privadas. 3) É formado pelas organizações sem fins lucrativos, que buscam o bem-estar da sociedade. 4) É voltada para o gerenciamento dos recursos públicos, conforme definido em lei, levando em conta a supremacia do interesse público. Resposta A) Primeiro Setor: É formado por prefeituras, governos de estados e a presidência da república, além das entidades ligadas a esses órgãos. B) Segundo Setor: É constituído por organizações que exercem atividades privadas. C) Terceiro Setor: É formado pelas organizações sem fins lucrativos, que buscam o bem-estar da sociedade. D) Gestão Pública: É voltada para o gerenciamento dos recursos públicos, conforme definido em lei, levando em conta a supremacia do interesse público. Questão 05 O Orçamento Público Federal Brasileiro é definido por mecanismos que regulamentam as aquisições públicas, de forma que os princípios constitucionais sejam garantidos. Diante desse contexto, relacione os mecanismo ao conceito correspondente. A) Compras B) Licitações C) Contratos D) Contratos administrativos Relacione aos seguintes conceitos 1) São realizadas por meio de licitações. 2) É um procedimento administrativo que antecede à contratação. 3) Objeto jurídico, bilateral, em que as partes se comprometem a atender os requisitos definidos. 4) São celebrados pela Administração Pública, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público. Resposta A) Compras: relacionado a 1) São realizadas por meio de licitações. B) Licitações: relacionado a 2) É um procedimento administrativo que antecede à contratação. C) Contratos: relacionado a 3) Objeto jurídico, bilateral, em que as partes se comprometem a atender os requisitos definidos. D) Contratos administrativos relacionado a 4) São celebrados pela Administração Pública, para a consecução de fins públicos, segundo regime jurídico de direito público.que a organização necessita para obter relevância e reconhecimento daqueles para quem ela trabalha. Eles servem para orientar os serviços que a organização deve prestar e como prestá-los, para que se tornem um diferencial frente a outras experiências similares do usuário. A orientação organizacional por meio de FCS teve início nas empresas privadas. As organizações públicas também passaram a adotar os FCS em função da necessidade de modernizar sua forma de administrar. Diversos autores destacam a importância da definição e do monitoramento dos FCS para o ganho de eficiência organizacional na administração pública. Inicio do Fique Atento! No contexto contemporâneo, os fatores críticos de sucesso da administração pública se tornam ainda mais desafiadores, em decorrência da evolução da sociedade, que exige cada vez mais eficiência e qualidade nos serviços prestados. Fim do Fique Atento! Os FCS são levantados durante o processo de planejamento estratégico da organização, em que são definidos os objetivos de cada área e os fatores que elas necessitam para que possam atingi-los com excelência. Tanto no contexto da empresa privada quanto da empresa pública, é desafiador identificar os FCS, pois isso exige que os gestores tenham capacidade de visão de curto e longo prazo. Sem a capacidade de entender o ambiente externo à organização, os FCS não podem ser identificados claramente. Os FCS adotados para tornar a gestão pública mais eficiente envolvem atributos diversos, por exemplo: · Rapidez no atendimento; · Detenção de certas habilidades consideradas imprescindíveis; · Melhoria da imagem da organização diante da sociedade; · Desenvolvimento e implementação de alianças estratégicas; · Aumento da produtividade. Inicio do Fique Atento! Os FCS para a administração pública podem ser traduzidos como competências essenciais que fazem com que o gestor público consiga tomar decisões que visam aumentar o desempenho da organização. Fim do Fique Atento! FCS na Gestão e Administração Pública Federal De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU, 2013), órgão que fiscaliza diversos setores da Administração Pública Federal Brasileira, alguns fatores críticos de sucesso merecem destaque no setor público. 1. Atender ás expectativas da Sociedade e do Congresso Nacional em relação às atividades de controle externo. 2. Manter-se à frente da detenção de métodos, técnicas e tecnologias de controle externo. 3. Priorizar ações de controle em áreas de risco, relevância e materialidade. 4. Avaliar a regularidade, efetividade e economicidade da prestação dos serviços públicos. 5. Monitorar o cumprimento e o impacto das deliberações do TCU, avaliando os resultados decorrentes. 6. Difundir e consolidar a importância dos controles externos e sociais. 7. Manter a política de valorização profissional dos servidores. 8. Aprimorar os mecanismos de acompanhamento da gestão pública em áreas de maior risco, relevância ou materialidade, notadamente em temas contemporâneos. 9. Sistematizar mecanismos de integração com os demais órgão de controle. 10. Desenvolver mecanismos de orientação pedagógica, deslocando o eixo de intervenção do controle da dimensão corretiva para ações preventivas. 11. Racionalizar os procedimentos internos. 12. Implementar sistemas de informações gerenciais. 13. Desenvolver ou aprimorar padrões gerenciais institucionais orientados para resultados. 14. Aperfeiçoar a política de desenvolvimento e de valorização profissional dos servidores. 15. Priorizar a alocação de recursos orçamentários para atuação em áreas de maior risco, relevância e materialidade. 16. Ampliar as fontes e o volume de recursos. 17. Instrumentalizar e institucionalizar o processo de negociação orçamentária, integrando as ações das unidades envolvidas. 4.3 Novos modelos de gestão na Administração Pública Antes de você começar a refletir sobre novos modelos de gestão para a administração pública, é importante considerar alguns fatores. A iniciativa privada busca o lucro, obtém recursos pela venda dos seus produtos e serviços ao mercado e atua em livre concorrência. Já a administração pública foca o cidadão, os recursos para mantê-la são provenientes dos contribuintes e, além disso, nem sempre a sua preocupação é a redução de custos e a melhoria dos processos, já que não sofre concorrência. Além disso, a administração pública precisa cumprir uma farta legislação que a impede de ter a mesma agilidade que a administração privada. Por isso, não é possível adotar para a administração pública um modelo gerencialista igual ao adotado pelas empresas privadas. “Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” (MEIRELLES, 1985, p. 82). Desburocratização Entretanto, um fator que deve ser considerado na nova forma de gestão da administração pública é a desburocratização. A desburocratização busca melhorar a qualidade do atendimento e dos serviços prestados aos cidadãos, mediante a desregulamentação e a simplificação de procedimentos. As ações de desburocratização estão, prioritariamente, voltadas para os órgãos públicos federais, estaduais e municipais responsáveis pelas ações de maior impacto social e relevantes para a competitividade sistêmica do país. Inicio do Saiba Mais! A proposta da desburocratização do setor público não é recente. Iniciativas dessa natureza já acontecem desde os anos 1930. Mas somente em 1979, com o Programa Nacional de Desburocratização, é que o Estado explicitou a vontade de proteger os cidadãos contra os excessos da burocracia. Fim do Saiba Mais! Analise algumas sugestões para que a administração pública se modernize, extraídas do livro Reinventando o Governo (OSBORN e GAEBLER, 1994). · Reduzir a burocracia. · Descentralizar a autoridade · Reduzir a hierarquia. · Privilegiar a qualidade. · Aproximar-se dos usuários. · Administrar mais e executar menos. · Ter flexibilidade. · Inovar. · Empreender. · Buscar resultados. · Avaliar desempenhos. · Gerar receita. · Planejamento para governar com previsibilidade. · Administração participativa. · Mais profissionalismo e menos influência política. · Investir nos funcionários. · Dar poder e responsabilidade aos cidadãos em lugar de simplesmente servi-los. Inicio do Saiba Mais! Conheça os decretos que instituíram ações para a desburocratização das organizações públicas no Brasil: Governo Lula Decreto nº 5.378 de 23 de fevereiro de 2005. Art. 1º - Fica instituído o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA, com a finalidade de contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos e para o aumento da competitividade do País. Governo FHC Decreto nº 3.335, de 11 de janeiro de 2000. Art. 1º - Ficam instituídos o Comitê Interministerial de Desburocratização, no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e os Comitês Executivos Setoriais de Desburocratização, para dar continuidade às ações do Programa Nacional de Desburocratização, instituído pelo Decreto nº 83.740, de 18 de julho de 1979. Fim do Saiba Mais! 4.4 Gestão de Conflitos Como você acompanhou anteriormente, nos últimos anos, a administração pública brasileira transita de um modelo de gestão burocrática para uma administração gerencialista. Embora a administração pública gerencialista tenha a sua importância, ela não pode ser vista como a saída para alcançar o que a sociedade deseja. É por isso que muitos defendem a tese de que é necessário implantar um modelo que enfatize a participação da sociedade civil. Inicio do Saiba Mais! Administração pública gerencialista é aquela construída sobre bases que consideram o Estado uma grande empresa, cujos serviços são destinados aos seus clientes, outrora cidadãos. Ela se pauta pela busca de eficiência dos serviços, na avaliação de desempenho e no controle de resultados, que são suas principais características. A administração gerencial tem por objetivos descentralizações política e administrativa, a instituiçãode formatos organizacionais com poucos níveis hierárquicos, flexibilidade organizacional, controle de resultados de processos administrativos (em vez de controle passo a passo), adoção de maior confiança nos servidores e, por último, uma administração voltada para o atendimento do cidadão e aberta ao controle social. Fim do Saiba Mais! Conflitos de ideias Embora haja argumentos e ações favoráveis aos diferentes modelos de administração pública proposto, há também muitas divergências, o que gera conflitos de ideias. O conflito é um processo de oposição e confronto que ocorre nas organizações quando as partes envolvidas divergem quanto as possíveis formas de realizar uma ação, obstruindo o progresso de uma ou de várias possibilidades. Dificuldades enfrentadas Há muitos fatores que dificultam as mudanças pretendidas para a administração pública. Quando se pensa em um modelo de gestão gerencialista, um fator limitante é a defasagem do setor público em relação às mudanças que ocorreram no âmbito da gestão de pessoas. A dificuldade enfrentada para a implantação da gestão por competências é reflexo disso. Já, quando se pensa num modelo que contemple a participação da sociedade civil, o fator limitante é justamente a capacidade de mobilizá-la, já que nela ainda prevalece a percepção do Estado como provedor, capaz de satisfazer as diferentes demandas dos cidadãos. Início Na prática! Na prática, a tomada de consciência, por parte da sociedade, de assumir as decisões coletivas, estreitando os laços na relação Estado/sociedade é um processo que levará tempo para mudar. Fim Na Prática! 4.5 A Administração Pública contemporânea É fato que o modelo de gestão pública adotado na contemporaneidade não é capaz de responder com eficiência e efetividade aos anseios da sociedade. Nesse cenário, uma linha de pensamento contemporâneo sugere a habilidade das instituições e dos atores sociais de negociar em busca de um novo caminho de elaboração de políticas públicas dentro de uma perspectiva de participação social. A Administração Pública contemporânea Cabe ao Estado um papel mais relevante nesse sentido. A descentralização do poder e o fortalecimento do poder municipal parecem se tornar uma ferramenta decisiva. É necessário que os vários setores envolvidos criem e estimulem condições de capacitar os cidadãos para a participação. A administração pública contemporânea parece necessitar ir além da institucionalização de práticas de participação. Somente haverá uma gestão pública mais dinâmica e eficiente se houver a integração e relações fortes, conjugadas pelo setor público, privado e a sociedade civil. A soma de esforços parece ser um caminho para se pensar o novo modelo de gestão pública. Só assim será possível promover a participação democrática e encontrar meios para que a administração pública participativa adquira legitimidade social e política. Fechamento Você finalizou a unidade 4 do curso Desenvolvimento de Gestores Públicos. Ao longo desta unidade, você acompanhou informações importantes sobre a administração pública contemporânea. · Você iniciou esta unidade do curso compreendendo que a burocracia é um modelo de organização racional criado para substituir o exercício arbitrário do poder exercido pelos regimes autoritários. O modelo organizacional burocrático incorpora regras, impessoalidade, hierarquia de poderes e outras características que têm por objetivo garantir forte controle sobre as ações da organização. · Depois, você viu que para vencer a crise de gestão que atravessa a administração pública, é recomendada a identificação de fatores críticos de sucesso (FCS), atributos que a organização necessita ter para obter relevância e reconhecimento daqueles para os quais ela trabalha. · Acompanhou também a necessidade de desburocratizar a administração pública. A desburocratização busca melhorar a qualidade do atendimento e dos serviços prestados aos cidadãos, mediante a desregulamentação e a simplificação de procedimentos. · Aprendeu também que nos últimos anos a administração pública brasileira transita de um modelo de gestão burocrática para um modelo de administração gerencialista. Essa postura tem gerado conflitos, pois muitos defendem a tese de que é necessário implantar um modelo que enfatize mais a participação da sociedade civil. · Finalmente, aprendeu que uma linha de pensamento contemporânea sugere a habilidade das instituições e dos atores sociais de negociar em busca de um novo caminho de elaboração de políticas públicas dentro de uma perspectiva de participação social. Agora, confira se você aprendeu tudo o que foi aqui apresentado sobre a administração pública contemporânea, analisando as atividades a seguir. Desejamos que você tenha um ótimo aproveitamento! Quiz 1. Assinale a opção que apresenta as características da burocracia na administração pública. A. Contratação por concurso público. B. Acúmulo de papel e retrabalho. C. Autonomia por parte dos colaboradores. D. Divisão racional do trabalho, meritocracia e impessoalidade. Gabarito: A alternativa correta é a letra D. A burocracia é um sistema organizacional que considera a fragmentação do trabalho, a impessoalidade e a meritocracia. 2. A Administração pública contemporânea visa à colaboração e à cooperação entre governo e sociedade, de forma a existir sintonia e alinhamento que facilitem os interesses mútuos. Nesse contexto, assinale a alternativa que apresenta o principal objetivo dos defensores da administração participava. A. Inserção do Governo nas comunidades. B. Inserção do Governo na sociedade. C. Inserção da sociedade civil na criação de políticas públicas. D. Inserção da sociedade civil nas decisões do governo. Gabarito: A alternativa correta é a letra C. O tema central da administração pública é a inserção da sociedade civil na criação de políticas públicas. 3. De acordo com o paradigma emergente de administração pública, existem diversas habilidades que o gestor público deve dominar. Tais habilidades são indispensáveis para o pleno exercício de suas atividades na sociedade atual. Relacione a definição com o respectivo conceito. A. Administração participativa B. Administração gerencialista C. Conflito D. Desburocratização Fator imprescindível para que surja uma nova forma de fazer administração pública. Essa definição se refere a Valoriza a participação das pessoas nos processos de tomada de decisões envolvendo políticas públicas. Essa definição se refere a Resulta de argumentos e ações divergentes sobre a forma de gestão a ser adotada na administração pública. Essa definição se refere a Consideram o Estado uma grande empresa cujos serviços são destinados aos seus clientes, outrora cidadãos. Essa definição se refere a Gabarito: Fator imprescindível para que surja uma nova forma de fazer administração pública. Essa definição se refere a Desburocratização. Valoriza a participação das pessoas nos processos de tomada de decisões envolvendo políticas públicas. Essa definição se refere a Administração participativa. Resulta de argumentos e ações divergentes sobre a forma de gestão a ser adotada na administração pública. Essa definição se refere a Conflito. Consideram o Estado uma grande empresa cujos serviços são destinados aos seus clientes, outrora cidadãos. Essa definição se refere a Administração gerencialista. 4. Há algum tempo, tenta-se desburocratizar o Estado, dotando as entidades públicas de novos modelos de gestão. Isso visa melhorar o atendimento ao cidadãos. Relacione os conceitos que correspondem as suas respectivas características. Formalização de regras, divisão do trabalho, hierarquia de funções. 1 - Burocracia 2 - Reforma do estado 3 - Fatores Críticos de Sucesso 4 - Administração Pública Foca no cidadão. Esse conceito se refere a Visa conferir maior eficiência às organizações públicas. Esse conceito se refere a Atributos que dão reconhecimento à organização. Esse conceito se refere a Formalização de regras, divisão do trabalho, hierarquia de funções. Esse conceito se refere a Gabarito: Foca no cidadão.Esse conceito se refere a Administração Pública. Visa conferir maior eficiência às organizações públicas. Esse conceito se refere a Reforma do estado. Atributos que dão reconhecimento à organização. Esse conceito se refere a Fatores Críticos de Sucesso. Formalização de regras, divisão do trabalho, hierarquia de funções. Esse conceito se refere a Burocracia. 5. A administração pública contemporânea ainda conserva características burocráticas. A gestão gerencialista não pode ser encarada como remédio para todos os males. Numa perspectiva futura, Analise a opção que explica tal afirmação. A. A administração pública gerencialista atende ao processo de democratização do Estado brasileiro. B. A administração pública gerencialista permite que as organizações públicas tenham desempenhos semelhantes aos obtidos pelas empresas privadas. C. A administração pública gerencialista possibilita que a sociedade tenha ampla participação nas decisões do governo. D. A administração pública gerencialista não atende ao processo de democratização do Estado brasileiro, que visa também à participação popular. Gabarito: A alternativa correta é a letra D. A administração pública contemporânea precisa ir além da institucionalização de práticas de gestão gerencialista, necessitando que a elaboração de políticas públicas aconteça dentro de uma perspectiva de participação social. Sumário Unidade 03 Desenvolvimento de Gestão Públicos 1 Competências Fundamentais na Administração Pública 1 3.1 Conceitos básicos 1 Você sabe o que é competência? 1 3.3 Competências essenciais 4 3.4 Perfil profissional na Administração Pública 5 3.5 Limitações 7 Unidade 03 Desenvolvimento de Gestão Públicos Competências Fundamentais na Administração Pública Introdução Nesta unidade, o foco de estudo será direcionado para as competências necessárias aos gestores públicos. Quando uma organização pública é competente, ela se torna eficiente, eficaz e efetiva, pois é capaz de responder com êxito às demandas oriundas de diferentes esferas da sociedade. Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de: Identificar as competências necessárias à Administração Pública; Reconhecer os mecanismos para desenvolver e promover as competências essenciais à Administração Pública; Compreender as competências essenciais à Administração Pública e o perfil profissional desejável aos gestores públicos; Descrever cenários organizacionais que limitam o desenvolvimento de competências na Administração Pública. 3.1 Conceitos básicos · Você sabe o que é competência? · Quando alguém se refere a uma pessoa como competente, que atributos você acha que ela tem? · E gestão por competências, você sabe o que é? O conceito de competência está muito difundido atualmente nas organizações. Esse conceito foi inicialmente introduzido por David McClelland, em 1973, com o objetivo de encontrar uma abordagem que pudesse ajudar as organizações na seleção de pessoas. As pessoas selecionadas seriam as mais competentes. Início do saiba Mais! O conceito de competência de David McClelland (1973) pode ser utilizado também como referência à adoção de ferramentas e métodos ligados ao desenvolvimento de pessoas nas organizações. Segundo esse autor, o termo competência também pode ser utilizado para uma organização. Nesse caso, a competência organizacional será o resultado do ambiente organizacional, da sua cultura e, até mesmo, de suas práticas de trabalho. Fim do Saiba Mais! Mas, afinal, qual é exatamente o conceito de competência? De uma maneira ampla, a competência pode ser definida como a capacidade de uma pessoa para gerar resultados alinhados aos objetivos organizacionais. Logo, é possível afirmar que toda organização deseja ter profissionais competentes, certo? Competência Considerando a perspectiva que tem sido mais aceita tanto pela academia quanto no meio organizacional, as competências representam a combinação equilibrada de conhecimentos, habilidades e atitudes que possibilitam aumentar o desempenho profissional de um indivíduo. Nas próximas telas, você entenderá melhor o que representa ter competência. Início do Saiba Mais! As competências são reveladas quando as pessoas agem frente às situações profissionais. Se o desempenho dessas pessoas for bom, elas serão mais competentes. Portanto, a competência está relacionada à posse de características individuais que façam uma pessoa ter maior produtividade. Fim do Saiba Mais! A competência de uma pessoa é decorrente da aplicação conjunta, no trabalho, de três dimensões ou recursos: conhecimentos, habilidades e atitudes. Conhecimento O Conhecimento pode ser definido como o conjunto de informações assimiladas e estruturadas pelo indivíduo e que permitem a ele o domínio do saber, tornando-o capaz de tomar decisões e de resolver problemas relacionados ao seu cotidiano. O conhecimento é algo que pode ser obtido por meio de leituras e de estudos relacionados ao contexto da atividade na qual o indivíduo mostra competência. Habilidades A habilidade pode ser traduzida como saber fazer algo. É a capacidade que o indivíduo tem de fazer uso prático e produtivo do conhecimento adquirido. O desenvolvimento da habilidade está relacionado à experiência prática, que favorece ao desenvolvimento do saber fazer. O domínio de habilidades aumenta a capacidade de o indivíduo fazer, executar e ser capaz de tomar decisões que possibilitem resolver problemas. Atitudes A terceira dimensão da competência se refere às atitudes, ou seja, aos aspectos sociais e afetivos relacionados ao comportamento no trabalho. As atitudes representam o conjunto de comportamentos assumidos pelo profissional e que lhe conferem domínio ético e afetivo de um saber. Isso envolve a capacidade de ser e de conviver, que fortalece a capacidade do indivíduo para tomar decisões e resolver problemas. O conceito de competência tem três dimensões que o integram. Trata-se de um esquema com o conceito” COMPETÊNCIA PROFISSIONAL” ao centro e três duplas-setas ligando tal conceito às respectivas dimensões: CONHECIMENTO (SABER); HABILIDADES (SABER FAZER) e ATITUDES (SABER SER). É possível classificar as competências como: individuais que são relacionadas a indivíduos e organizacionais que são inerentes à organização como um todo ou a uma de suas áreas. As competências individuais, aliadas a outros recursos e processos, dão origem e sustentação às competências organizacionais. Componentes da competência O domínio de competências agrega valor econômico e valor social tanto para indivíduos quanto para organizações. Há um esquema de processo. Essas etapas são: Elementos: Conhecimentos, habilidades e atitudes; ligados ao desempenho: comportamentos, realizações e resultados; que por sua vez se subdividem em valor econômico e valor social. Conforme dito anteriormente, o domínio de competências agrega valor econômico e social tanto para indivíduos quanto para organizações. No caso das organizações, o domínio de competências contribui para a consecução de objetivos organizacionais e mobilizam o reconhecimento social pela capacidade de obtenção de alto desempenho. Início do Fique Atento! Zarifian (2003) aponta três elementos básicos que complementam o conceito de competência: a capacidade de iniciativa e responsabilidade do profissional em situações de conflito; a inteligência prática, apoiada em conhecimentos obtidos em situações que se modificam constantemente; a capacidade de mobilização e compartilhamento de desafios com pessoas que têm a capacidade de assumir responsabilidades. Fim do Fique Atento! Competência organizacional As competências organizacionais são, portanto, aquelas necessárias para que cada área e suas respectivas funções obtenham alto desempenho. A diferença significativa das empresas públicas em relação às empresas privadas está no objetivo principal de cada uma delas. Enquanto as empresas privadas têm por objetivo principal o lucro, as empresas públicas têm como objetivo principal conquistar valores sociais. Competência nas organizações públicas O estado de competênciaestá relacionado aos conhecimentos, habilidades e atitudes das pessoas que integram determinado ambiente de trabalho. Na Administração Pública, competência “[…] significa a aptidão legal conferida a um órgão ou autoridade para realizar determinadas atividades.” (MEDAUAR, 2007, p. 51). O padrão de competência desejado é estabelecido a partir da realidade de cada organização, com suas peculiaridades, história e características. Desenvolvimento de Gestores Públicos O que você considera ser necessário para que haja o desenvolvimento de competências essenciais ao exercício de suas atividades como gestor público? Uma coisa é certa, sua competência está relacionada a sua capacidade de aplicar os recursos disponíveis no contexto em que você atua e obter os melhores resultados possíveis. Não existe competência antes da ação. Início Na Prática! No contexto público, as organizações passaram a discutir as questões relacionadas ao desenvolvimento de competências de acordo com Decreto de Lei nº 5.707/2006, que estabeleceu a Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas (PNDP). Esse decreto autentica a gestão de pessoas por competências como componente estratégico na Administração Pública Federal. De acordo com Amaral (2006), essa forma de discernir as relações de trabalho no serviço público se tornou referência, sendo fator determinante para a busca da excelência. A Administração Pública Federal relaciona conhecimentos, saber fazer, experiência e comportamentos a serem exercidos em um determinado contexto. Fim na Prática! Competência coletiva Em cada equipe de trabalho se manifesta uma competência coletiva. Ela representa mais do que a simples soma das competências de seus membros, já que há uma sinergia entre essas competências individuais e as interações sociais existentes no grupo. A competência coletiva deve ser o foco do desenvolvimento de competências de uma organização pública. 3.3 Competências essenciais A competência organizacional pode ser entendida como um conjunto de conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos, gerenciais e valores que geram um diferencial no seu desempenho. As competências essenciais de uma organização são aquelas que, além de aumentarem seu desempenho, geram valor distintivo percebido pelas pessoas e organizações para as quais suas atividades se voltam. Para serem eficazes, as ações de treinamento e desenvolvimento dos servidores devem perseguir as competências essenciais. Assim, é necessário identificar as competências que são essenciais para a organização, mapear as competências que os servidores já dispõem e mobilizar as competências necessárias para que eles consigam atingir o desempenho esperado. Início Fique Atento! No artigo 1º, inciso III, do Decreto de Lei nº 5.707/2006, é estabelecida uma ressalva que trata da necessidade de adequação das competências requeridas aos servidores públicos, em relação aos objetivos definidos pelas instituições, com base no Plano Plurianual. Esse Decreto é inovador, por considerar a capacitação como um processo permanente e determinado de aprendizagem para o desenvolvimento de competências institucionais e individuais, visando à melhoria da eficiência e eficácia dos serviços públicos prestados à sociedade. Fim do Fique Atento! Gestão por competências A gestão por competências busca alinhar esforços para que as competências individuais possam gerar e sustentar as competências organizacionais necessárias à consecução dos objetivos estratégicos da organização. Os esforços organizacionais são orientados para planejar, captar, desenvolver e avaliar recursos, com o objetivo de alcançar os objetivos traçados. De acordo com Bertolini (2004), um modelo de gestão por competências envolve diversos fatores. 1. Captar pessoas Divulgar os perfis das competências necessárias para que a organização conquiste os resultados desejados e controlar informações que permitam orientar onde, como e com quem devem ser feitos os investimentos de capacitação de pessoas. 2. Desenvolver competência Esse fator visa ao desenvolvimento das competências das pessoas que já atuam na organização, de acordo com as diferentes habilidades necessárias, com a finalidade de aumentar o desempenho da organização. 3. Remunerar por competência Esse fator visa à adoção de práticas, pelas organizações, para remunerar segundo o desempenho individual ou grupal. Nas organizações públicas, essa remuneração por competência tem dificuldade para ser implementada. 4. Resguardar o conhecimento Resguardar o conhecimento dos profissionais, mantendo suas habilidades e conhecimentos atualizados, com o objetivo de conseguir alto desempenho no trabalho desenvolvido pela organização. 5. Gerenciar competências Possibilita a definição de padrões de desempenho que servem para orientar o quanto os indivíduos que integram a organização estão próximos ou distantes deles. Em função das competências mapeadas, são desenvolvidos programas de treinamento que buscam atingir os padrões de desempenho estabelecidos. 6. Divulgar perfis das competências necessárias Divulgar os perfis das competências necessárias para que a organização conquiste os resultados desejados e controlar informações que permitam orientar onde, como e com quem devem ser feitos os investimentos de capacitação de pessoas. 3.4 Perfil profissional na Administração Pública Os funcionários públicos existem para atender às necessidades da população, uma vez que a prestação de serviços públicos só pode ser realizada por pessoas ligadas ao governo. Diversos desafios são enfrentados pela Administração Pública quando o assunto envolve algum tipo de aquisição, já que o governo possui limitação de recursos. As competências na Administração Pública A Administração Pública, diferentemente das empresas privadas, busca a eficiência, e não o lucro. Por isso, a aplicação de ferramentas de gestão em uma organização pública requer certa adequação. No entanto, isso não impossibilita que elas adotem ações que visem torná-las mais competentes para a realização de suas funções. Afinal, muitas delas precisam se renovar urgentemente. Para que consigam se modernizar e se tornarem mais competentes, as organizações públicas necessitam observar os aspectos do ambiente que colaboram para o desenvolvimento de competências no trabalho. São eles: 1. O arranjo organizacional As competências no trabalho são desenvolvidas quando são oferecidos: reconhecimento, incentivos, oportunidades e recompensas aos profissionais. Assim, eles se sentem mais valorizados. 2. Fatores sociais As competências no trabalho são estabelecidas quando na organização há fatores sociais favoráveis, como: apoio gerencial, apoio de colegas e um bom clima organizacional. 3. Tecnologia de trabalho As competências no trabalho são construídas quando a organização cuida dos fatores tecnológicos, tornando claros os processos de trabalho e possibilitando que novas metodologias e instrumentos sejam usados. Habilidades do gestor público Segundo Keinert (1994), no contexto do paradigma emergente, o gestor público deve apresentar algumas habilidades. Habilidades humanas O gestor público deve apresentar habilidades humanas para desenvolver e aplicar capacidade de: liderança, comunicação, negociação, administração de conflitos, adaptação à mudança etc. Habilidades profissionais O gestor público deve apresentar habilidades profissionais como: visão estratégia, incentivando a criatividade e a inovação e a capacidade técnica, que lhe permita usar as tecnologias e os modelos administrativos mais adequadas ao setor público. Habilidades públicas O gestor deve apresentar habilidades públicas, para que possa atuar com responsabilidade social, tendo noções de ética, democracia e compromisso com o serviço público. Perfil profissional do gestor público É difícil definir um perfil profissional para os gestores públicos, pois são muitas as necessidades demandadas pela sociedade atual. Isso faz com que eles precisem atuar em uma pluralidade de tarefas, para as quais são necessários profissionais com formaçãoem diferentes áreas do conhecimento. Iniciativa e criatividade O gestor público necessita ter iniciativa e criatividade, responsabilidade e capacidade de agir adequadamente diante das diversas situações apresentadas diariamente no trabalho. Inteligência prática O gestor público necessita apresentar inteligência prática, voltada para a ação. Desenvolvimento e aquisição de novos conhecimentos O gestor público deve ter interesse no desenvolvimento e aquisição de novos conhecimentos, garantidos por meio de uma constante formação. Especialista generalista O gestor público precisa ser um especialista generalista, ou seja, conhecer o particular a partir do geral. Ele não pode ficar restrito ao conhecimento de uma área específica. Habilidades gerenciais O gestor público deve apresentar habilidades gerenciais, ter capacidade empreendedora e de liderança, capaz de mobilizar as pessoas para a ação e conquista das metas definidas. Habilidades interpessoais O gestor público necessita apresentar habilidades interpessoais, sabendo se relacionar bem com as pessoas. Isso é importante, pois possibilita ter um bom trânsito entre diferentes grupos e áreas da organização. 3.5 Limitações A gestão pública é fundamentalmente diferente da administração de empresas que tem como objetivo atender ao mercado, objetivando o lucro, enquanto a administração pública é política, e o seu maior objetivo é o interesse da sociedade. Logo, não é possível simplesmente levar as práticas, conceitos e princípios do setor privado para o setor público. É necessário que haja um filtro e elaboração crítica dos conceitos, técnicas, ferramentas e processos particulares a serem aplicados em cada setor. Início do Saiba Mais! O administrador público não assume o papel de apenas executar as políticas públicas desenvolvidas pelos políticos, mas também contribui para sua formulação. Essa abordagem exige um comportamento ético por parte desses profissionais. Além disso, é preciso que eles sejam capazes de administrar democraticamente, permitindo a participação da comunidade (FERRAREZI; ZIMBRÃO, 2005). Fim do Saiba Mais! Início do Diálogo Marcos: Andréa, a empresa que eu trabalhava antes de passar no concurso e vir trabalhar aqui adotava o modelo de gestão por competências. Você conhece esse modelo de gestão? Andréa: Sim, Marcos! A gestão por competências é muito interessante. Nós estamos começando a organizar um modelo particular de gestão por competências, pois nem tudo o que é aplicado nas empresas privadas funciona do mesmo jeito aqui. Marcos: É verdade! A empresa em que eu trabalhava, por exemplo, só contratava profissionais que comprovassem ter competência na função. Andréa: Na Administração Pública, as coisas são um pouquinho diferentes. Em nosso caso, a adoção do modelo de gestão por competências é desafiador, por causa de algumas restrições existentes. Marcos: Sim, a necessidade de sermos submetidos a um concurso público deve ser uma delas. Eu, por exemplo, com formação em engenharia, tenho muito o que aprender ainda até poder contribuir com o nosso setor. Andréa: Sim, nem sempre os profissionais que passam nos concursos públicos apresentam as competências necessárias para os cargos que ocupam. Entretanto, eles sempre trazem conhecimentos e habilidades novas que também contribuem para o nosso crescimento. É por isso que nosso modelo de gestão por competências precisa ser particularmente desenhado. Fazemos um mapeamento das competências existentes e identificamos quais são as que precisam ser desenvolvidas. E, então, investimos em cursos, treinamentos e capacitações. Fim do Diálogo Fechamento Você finalizou a unidade 3 do curso Desenvolvimento de gestores Públicos. Ao longo desta unidade, você acompanhou informações importantes sobre as competências fundamentais na Administração Pública. · Você iniciou esta unidade do curso compreendendo que a competência pode ser definida como a capacidade de uma pessoa para gerar resultados alinhados aos objetivos organizacionais. Ela é formada pela combinação de conhecimentos, habilidades e atitudes. · Depois, acompanhou informações sobre a competência coletiva. Viu que ela representa mais do que a simples soma das competências dos membros de uma organização, já que há uma sinergia entre essas competências individuais e as interações sociais existentes no grupo. A competência coletiva deve ser o foco do desenvolvimento de competências da organização pública. · Acompanhou também conceitos relacionados às competências essenciais de uma organização. Viu que são aquelas que, além de aumentarem seu desempenho, geram valor distintivo percebido pelas pessoas e organizações para as quais suas atividades estão voltadas. · Aprendeu que a gestão por competências busca alinhar esforços para que as competências individuais possam gerar e sustentar as competências organizacionais necessárias à consecução dos objetivos estratégicos da organização. · Compreendeu que o gestor público deve apresentar habilidades humanas, habilidades profissionais e habilidades públicas. · Finalmente, viu que a gestão pública é fundamentalmente diferente da administração de empresas. Esta tem como objetivo atender ao mercado, objetivando o lucro, enquanto a administração pública é política, e o seu maior objetivo é o interesse da sociedade. Por isso, ela sofre limitações que fazem com que seja necessário adequar o modelo de gestão por competências. Os recursos financeiros e a contratação de pessoas são exemplos disso. Quiz Agora, confira se você aprendeu tudo o que foi aqui apresentado sobre as competências fundamentais na Administração Pública, resolvendo as questões a seguir. Desejamos que você tenha um ótimo aproveitamento! 1 - O conceito de competência pode ser utilizado como referência para a construção e o entendimento de ferramentas ligadas ao desenvolvimento de pessoas. Existem, ainda, as competências organizacionais e as competências essenciais. Com base nisso, assinale a alternativa correta. A. As competências organizacionais são dispensáveis, e as competências essenciais são necessárias. B. As competências organizacionais são necessárias, e as competências essenciais são dispensáveis. C. As competências organizacionais são individuais, e as competências essenciais são da organização. D. As competências organizacionais são necessárias, e as competências essenciais são percebidas pelo cliente ou usuário. Gabarito: A alternativa correta é a letra D. As competências organizacionais são necessárias para a obtenção de alto desempenho, enquanto as competências essenciais são as percebidas e valorizadas pelo cliente ou usuário. 2 - A criação de um ambiente de formação continuada para alcançar objetivos é um dos benefícios da gestão por competências. Assinale a alternativa que, de acordo com Bertolini 920040, contém os fatores que contribuem para a gestão por competências nas organizações. A. Selecionar pessoas; desenvolver competências; remunerar por competência; divulgar o conhecimento dos profissionais; e anunciar os perfis de competência indesejáveis. B. Selecionar pessoas; desenvolver competências; remunerar por competência; resguardar o conhecimento dos profissionais; e exigir mudança de atitudes. C. Captar pessoas; desenvolver competências; remunerar por competência; resguardar o conhecimento dos profissionais; gerenciar competências; e divulgar os perfis de competências. D. Gerenciar pessoas; desenvolver competências; remunerar por competência; divulgar o conhecimento dos profissionais; selecionar competências; e exigir mudança de atitudes. Gabarito: A alternativa correta é a letra C. Tais fatores contribuem para a gestão por competências e, consequentemente, para a criação de um ambiente de formação continuada que visa alcançar os objetivos almejados. 3 - De acordo com o paradigma emergente de gestão organizacional, existem diversas habilidades que o gestor público deve dominar. Tais habilidades são indispensáveis para o pleno exercício de suas atividades na sociedade atual. Com base nisso, relacione a definição como respectivo conceito. 1 - Habilidades humanas 2 - Habilidades profissionais 3 - Habilidades públicas 4 - Habilidades É a capacidade de aplicar os conhecimentos teóricos na prática cotidiana do trabalho. Essa definição corresponde a São as habilidades relacionadas à capacidade de liderança, comunicação, negociação, administração de conflitos etc. Essa definição corresponde a São as habilidades que conferem responsabilidade social, noções de ética, democracia e compromisso com o serviço público. Essa definição corresponde a São as habilidades que possibilitam ter uma visão estratégica e o uso das tecnologias administrativas mais adequadas ao setor público. Essa definição corresponde a Gabarito: É a capacidade de aplicar os conhecimentos teóricos na prática cotidiana do trabalho. Essa definição corresponde a Habilidades. São as habilidades relacionadas à capacidade de liderança, comunicação, negociação, administração de conflitos etc. Essa definição corresponde a Habilidades humanas. São as habilidades que conferem responsabilidade social, noções de ética, democracia e compromisso com o serviço público. Essa definição corresponde a Habilidades públicas. São as habilidades que possibilitam ter uma visão estratégica e o uso das tecnologias administrativas mais adequadas ao setor público. Essa definição corresponde a Habilidades profissionais. 4. A gestão pública enfrenta limitações que dificultam que o modelo de gestão de competências adotado nas instituições privadas seja implantado por ela, sem modificações. Relacione as limitações de acordo com à Administração pública: 1 - Contratação 2 - Recursos financeiros 3 - Objetivo 4 - Gestão Recursos públicos se referem a Interesses da sociedade se referem a Escassos se referem a Concursos públicos se referem a Gabarito: Recursos públicos se referem a Gestão. Interesses da sociedade se referem a Objetivo. Escassos se referem a Recursos financeiros. Concursos públicos se referem a Contratação. 5. A gestão pública é essencialmente diferente da gestão de empresas, apesar de compartilharem de conceitos comuns. Logo, a aplicação de ferramentas e técnicas possuem propósitos diferentes. Assinale a alternativa correta. A. A administração de empresas tem como objetivo a escolha do mercado, enquanto a Administração Pública segue os interesses do Estado. B. A administração de empresas visa ao lucro, enquanto a Administração Pública visa à gestão por competências. C. A administração de empresas visa ao bem social, enquanto a Administração Pública visa atender aos interesses da sociedade. D. A administração de empresas tem como objetivo atender ao mercado, enquanto a Administração Pública visa atender aos interesses da sociedade. Gabarito: A alternativa correta é a letra D. A gestão pública é fundamentalmente diferente da administração de empresas. Sumário Desenvolvimento de Gestores Públicos 1 Unidade 02 Príncipios da Gestão e Administração Pública 1 Introdução 1 2.1 Conceitos aplicados à Gestão e Administração Pública 1 2.2 Princípios da Gestão e Administração Pública 5 2.3 Desafios enfrentados pela Administração Pública 6 2.3 Avanços na Administração Pública Capacidade de governança 7 Desenvolvimento de Gestores Públicos Unidade 02 Princípios da Gestão e Administração Pública Introdução As atividades realizadas pelos órgãos e entes da Administração Direta e Indireta são regidas por normas e preceitos gerais que servem para orientar tais atividades. Esses preceitos gerais são denominados Princípios do Direito Administrativo. Você sabe o que são os princípios administrativos? Sabe como reconhecê-los e aplicá-los? Ao final desta unidade, você será capaz de: Objetivos de aprendizagem · Ao final desta unidade, você será capaz de: · Identificar os princípios da Gestão e administração Pública; · Compreender a estrutura da Gestão e Administração Pública; · Reconhecer os princípios administrativos que devem conduzir as práticas do gestor público; · Identificar os fatores críticos e os conflitos existentes na aplicação dos princípios que regulamentam a Administração Pública no Brasil. 2.1 Conceitos aplicados à Gestão e Administração Pública Na unidade anterior, você viu que a Administração é o processo adotado para que uma organização possa atingir as metas com eficiência e eficácia por meio de quatro funções básicas: planejamento, organização, direção (liderança) e controle de recursos. Ínicio Saiba Mais De acordo com Daft (2010), a Administração é a conquista de metas organizacionais de forma eficiente e eficaz por meio dos elementos de planejamento, organização, liderança e controle de recursos. A descrição de Daft (2010) define as quatro funções básicas da Administração como: (i) planejar, (ii) organizar, (iii) dirigir e (iv) controlar. Fim Saiba Mais Funções administrativas O gestor público assume algumas atividades que envolvem práticas de gestão, como a gestão orçamentária, a gestão patrimonial, a gestão operacional, a gestão administrativa etc. Essas atividades são exercidas por meio das funções administrativas aqui apresentadas. Planejar O planejamento estabelece metas que a organização pretende alcançar e o que deve ser feito para alcançá-las. Organizar A organização se refere à definição da estrutura organizacional, ou seja, a hierarquia de cargos e funções da organização. Dirigir A direção, ou liderança, relacionada à influência exercida sobre os colaboradores para que estes se sintam motivados a perseguir as metas. Controlar O controle compreende os mecanismos adotados para monitorar se o que está sendo executado está de acordo com o planejado e, caso não esteja, ações corretivas devem ser tomadas. Administração Pública Diferentemente da administração como prática de gestão que utiliza as funções administrativas (planejar, organizar, liderar e controlar), a Administração Pública é o nome atribuído aos órgãos e entidades que desempenham a função do Estado. Em sentido formal, a Administração Pública é o conjunto de órgãos e entes que exercem funções administrativas. Ela inclui as pessoas jurídicas e órgãos públicos responsáveis por essas funções, no âmbito da Administração Direta e Indireta. No sentido funcional, a Administração Pública é o conjunto de atividades do Estado, classificadas predominantemente pelas funções executivas. Início Saiba Mais A função administrativa deve ser exercida predominantemente pelo Poder Executivo, mas, de forma atípica, os demais poderes constitucionais também a exercem. Em um sentido amplo, a Administração Pública compreende tanto os órgãos governamentais, supremos e constitucionais, como também os órgãos administrativos, subordinados, dependentes, incumbidos de executar os planos governamentais. De forma mais objetiva, a Administração Pública abrange a função política, que traça as diretrizes governamentais, e a função administrativa (DI PIETRO, 2012). Fim do Saiba Mais Estrutura da Administração Pública A Administração Pública executa as atividades que visam à gestão dos recursos públicos, garantindo os princípios de eficiência e eficácia junto aos interesses da sociedade. A Administração Pública é composta por: · União; · Estados; · Distritos federal; · Municípios. A estrutura utilizada pela Administração Pública para a realização dos serviços públicos está dividida em Administração Direta e Administração Indireta. Você conhece a diferença entre elas? Administração Direta A Administração Direta é realizada em todos os níveis das Esferas do Governo (Federal, Estadual, Distrital e municipal) em todos os seus poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). É denominada direta porque seus componentes estão previstos diretamente na Constituição Federal de 1988. Administração Indireta A Administração Indireta é o conjunto de pessoas jurídicas dotadas de personalidade de direito público ou privado, criadas ou autorizadas por lei específica para prestar serviços públicos ou exercer atividade econômica, distintas daquelas que as instituíram. É integrada pelas autarquias, empresas públicas, sociedades de economiamista e fundações públicas. Enquanto a Administração Direta tem entre suas funções o exercício do poder de polícia e a prestação de serviço público, as entidades da Administração Indireta podem, além dessas funções, exercer atividades econômicas. A criação de entidades da Administração Indireta é de iniciativa privativa do Poder Executivo, nos âmbitos: Federal, Estadual e Municipal. Início Fique atento! No que diz respeito ao Estado e a sua estrutura, deve ser definido quais são os serviços prestados e quais o Estado deve terceirizar, garantindo, ainda, a responsabilidade sobre esses serviços. Na Administração Pública moderna, o Estado deve prestar apenas os serviços que envolvem atividades específicas, ou seja, atividades que envolvem o uso do poder do Estado ou controlam seus recursos. Fim do Saiba Mais Há entidades que não fazem parte da Administração Pública Indireta, sendo estabelecidas pela iniciativa privada. Essas entidades atuam em cooperação com o Estado ou estabelecem com ele algum vínculo jurídico, como é o caso do Sistema “S”. Inicio do Saiba Mais O Sistema S é como costuma ser chamado o conjunto de nove instituições de interesse de categorias profissionais, estabelecidas pela Constituição brasileira, entre elas: Sesc, Senai, Sebrae etc. Fim do Saiba Mais Atividade administrativa centralizada e descentralizada A atividade administrativa costuma ser definida também como centralizada e descentralizada. A atividade administrativa centralizada, também denominada Administração Direta, é exercida pelos próprios entes políticos - União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A atividade administrativa é descentralizada (Indireta) quando esses mesmos entes políticos instituem novos entes, dotados de personalidade jurídica própria, os quais passarão a desempenhar algumas de suas atividades, mas subordinados a leis postas pelo ente central. Na descentralização de poderes, não há vínculo hierárquico entre a Administração Central e as Entidades que recebem a titularidade para a execução desses poderes, não estando estas subordinadas ao Estado. O que existe na relação de ambas é um poder chamado Controle, cuja atribuição é a de fiscalizar, podendo influir sobre a Entidade descentralizada, quando previsto em Lei. Administração Pública Burocrática ou Gerencial De acordo com Nascimento (2010), a Administração Pública pode ser definida também como burocrática e gerencial. A Administração Pública Burocrática está focada na definição e observância de processos, procedimentos etc. A Administração Pública Gerencial está voltada para resultados. Ela foca o cidadão, combatendo o nepotismo e a corrupção. Não adota procedimentos inflexíveis e define indicadores de desempenho com base em contratos de gestão. Início Na prática A Administração Pública Gerencial busca meios para enfrentar crises fiscais do Estado. Ela adota estratégias para reduzir custos e tornar mais eficiente a gestão dos serviços que competem ao Estado. No que diz respeito ao Estado e a sua estrutura, deve ser definido quais são os serviços prestados e quais o Estado deve terceirizar, garantindo, ainda, a responsabilidade sobre esses serviços. Na Administração Pública moderna, o Estado deve prestar apenas os serviços que envolvem atividades específicas, ou seja, atividades que envolvem o uso do poder do Estado ou que controlem seus recursos. Final Na Prática Início do Diálogo Marcos: Andréa, o Poder Público pode transferir algumas atividades para particulares? Andréa: Sim, Marcos! Isso se dá com o uso do instituto da delegação, como a chamada concessão de serviços públicos. Marcos: E essa transferência de atividade pode ocorrer dentro de uma mesma pessoa jurídica? Andréa: Também é possível, Marcos! Nesse caso, um órgão maior se divide em órgãos menores, o que é chamado de desconcentração. Enquanto na desconcentração permanece o vínculo hierárquico, na descentralização há apenas a tutela administrativa, o controle finalístico e a supervisão. Marcos: Legal, Andréa. Isso eu não sabia. Fim do Diálogo 2.2 Princípios da Gestão e Administração Pública Na unidade anterior, você já conheceu alguns dos princípios administrativos. Viu que são normas que orientam a atuação da Administração Pública. Início do Fique Atento! O art. 37 da Constituição Federal Brasileira define que a Administração Pública (Direta e Indireta), em quaisquer dos poderes (Executivo, Legislativo ou Judiciário) e de quaisquer esferas do Estado (Municipal, Estadual e Federal), devem obedecer aos princípios administrativos apresentados a seguir. Tais princípios são reconhecidos como elementos vitais para a sustentação do país e para a execução da Constituição Federal Brasileira. Final do Fique Atento! Princípios administrativos Como gestor público, você deve adotar comportamentos condizentes com os princípios administrativos, que possibilitem à Administração Pública atingir os resultados definidos. Essa é a chamada função diretiva dos princípios. 1 - Legalidade Toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei. Não sendo, a atividade é ilícita. 2 - Impessoalidade Igualdade de tratamento que a administração deve dispensar aos administradores que se encontrem em idêntica situação jurídica. 3 - Moralidade Define que o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes na sua conduta. 4 - Publicidade Indica que os atos da administração devem merecer a mais ampla divulgação entre os administradores. 5 - Eficiência Busca pela produtividade e economicidade, exigência da redução de desperdício com dinheiro público, da prestação de serviços e rendimento funcional. 6 - Supremacia do interesse público Primado do interesse público, mesmo quando o Estado age em vista de algum interesse estatal imediato. 7 - Autotutela Dever de admitir e agir diante de situações irregulares, a fim de restaurar a regularidade exigida pela legalidade. 8 - Indisponibilidade Bens e interesses públicos não pertencem à administração nem a seus agentes. 9 - Continuidade dos serviços públicos Atendem às necessidades prementes e inadiáveis da sociedade. 10 - Segurança Jurídica Protege as expectativas dos indivíduos, oriundas de crenças na estabilidade da disciplina jurídico-administrativa. 11 - Precaução Ações acarretam riscos para a coletividade. Com isso, a administração deve adotar postura de precaução para evitar eventuais danos. 12 - Razoabilidade Tem que ser observado pela administração à medida que sua conduta se apresente dentro dos padrões normais de aceitabilidade da licitude. 13 - Proporcionalidade Destina-se a conter atos, decisões e condutas de agentes públicos, que ultrapassam os limites adequados. 2.3 Desafios enfrentados pela Administração Pública A Administração Pública tem sofrido expressiva evolução nos últimos anos. Parte dessa evolução se deve a grandes mudanças ocorridas na sociedade, sendo criadas tecnologias e métodos que possibilitam maior agilidade das atividades e a diminuição da burocracia. A Administração Pública Federal tem enfrentado diversos desafios para conseguir responder satisfatoriamente às demandas da sociedade, de forma a agir com eficiência e eficácia no que está relacionado à ação pública, principalmente em um contexto de alta complexidade e grande incerteza, como o que estamos vivendo. 1. Exercício do poder Exercer o poder é um desafio que se deve às dificuldades enfrentadas pela estrutura da governança da Administração Pública Federal brasileira. Ele envolve às dificuldades enfrentadas pela estrutura da governança da Administração Pública Federal brasileira. Ele envolve as características do sistema político, a forma de governo, as relações entre os poderes, os sistemas partidários, o sistema de intermediação de interesse, entre outros. 2. Capacidade de governança Esse desafio está relacionado à capacidade do governo no exercício da gestão dos recursos econômicos e sociais, considerando o desenvolvimento. Ele envolve diversos meios, destacando-se a autoridade para coordenar e regular as transaçõesdentro e fora dos limites econômicos e administrativos do governo. 3. Reforma da Administração A Administração Pública federal necessita sofrer reformas que abrangem o equacionamento da crise financeira do estado, a revisão do estilo do intervenção do Estado na economia e a recuperação da capacidade de formulação e de implementação das políticas públicas pelo aparelho do estado. 2.3 Avanços na Administração Pública Capacidade de governança Na década de 1990, a Administração Pública Federal realizou a reforma do aparelho do Estado brasileiro, buscando: · obter maior capacidade do governo na formulação de políticas, controle e avalição de mudanças; · descentralizar a prestação de serviços pelo Estado e aplicar novas formas de gestão e de controle, tendo em vista uma maior eficiência e qualidade de atendimento à sociedade. Desafios da Administração Pública Atualmente, a Administração Pública Federal Brasileira tem planejado diversas reformas, direcionadas para a reorganização institucional. Elas visam combinar mudanças tanto de natureza legal quanto normativa, incluindo o próprio texto constitucional. O propósito é aplicar instrumentos, metodologias e tecnologias inovadoras nos processos administrativos dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal. A reorganização institucional do governo compreende também a renovação e a redefinição dos perfis profissionais dos servidores. Isso visa ao fortalecimento de carreiras e a realização de programas permanentes de recrutamento, capacitação, qualificação e treinamento. Apesar de diversas mudanças serem planejadas e dependerem da aprovação de mudanças legais para que sejam implantadas, estão sendo colocados em prática novos formatos institucionais, novos instrumentos de gestão e novas tecnologias. Isso tem possibilitado melhorias na forma de gestão, na redução de custos, no delineamento de um novo perfil para os servidores e na aplicação da informática ao processo de gestão. Para que haja uma boa Governança na Administração Pública Federal, é necessário implantar premissas fundamentais, tais como: · transparência; · eficiência da política fiscal; · finanças públicas sólidas; · eficácia nos resultados; · eficiência na prestação de contas. A reforma da Administração Pública As diretrizes para a reforma do Estado podem ser traduzidas em práticas como as apresentadas a seguir. Você finalizou a unidade 2 do curso Desenvolvimento de Gestores Públicos. Ao longo desta unidade, você acompanhou informações importantes sobre princípios da Administração Pública. 1. Descentralização de atividades para entidades federais ou para o setor público não estatal, diante da ampliação da autonomia dos órgãos da Administração Pública. 2. Separação entre a formulação e a execução das políticas públicas. 3. Controle gerencial sobre as unidades descentralizadas por meio da definição de resultados e condições para alcança-los. O contrato de gestão deve conter mecanismos que viabilizem o controle social, por meio de conselhos de usuários e de consulta ao cidadão. 4. Estabelecimento de parcerias coma sociedade para a gestão de serviços de interesse de todos. 5. Avaliação de desempenho individual e institucional com base em indicadores. 6. Utilização do planejamento estratégico integrado ao processo de gestão, com a definição de objetivos e metas em todos os níveis. 7. Flexibilização das regras do sistema burocrático, com a remoção de normas desnecessárias e a simplificação de rotinas e procedimentos. 8. Novas políticas de pessoal, compreendendo regras de promoção baseadas no desempenho, nas melhorias de remuneração, na ênfase do desenvolvimento de habilidades gerenciais e na motivação do pessoal. Fechamento Você finalizou a unidade 2 do curso de Desenvolvimento de Gestores Públicos. Ao longo desta unidade, você acompanhou informações importantes sobre princípios da Administração Pública. · Você iniciou esta unidade do curso compreendendo que, em sentido amplo, a Administração Pública abrange tanto os órgãos governamentais, supremos, constitucionais, como também os órgãos administrativos, subordinados, dependentes, incumbidos de executar os planos governamentais. De forma objetiva, a Administração Pública abrange a função política, que traça as diretrizes governamentais, e a função administrativa. · Depois, você acompanhou alguns dos princípios que a Administração Pública deve obedecer, como: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, supremacia do interesse público, entre outros. · Acompanhou também conceitos relacionados à estrutura da Administração Pública, definindo-a como Direta ou Indireta, Centralizada ou Descentralizada, Burocrática ou Gerencial. · Aprendeu que há muitos desafios a serem enfrentados pela Administração Pública, com o propósito de torná-la mais eficaz, eficiente e efetiva. · Por último, acompanhou que a Administração Pública já conseguiu alguns avanços direcionados a sua reorganização institucional, mas que muitas mudanças ainda necessitam ser implementadas, adotando-lhe de instrumentos, metodologias e tecnologias que lhe confiram maior capacidade de gestão. Quiz Agora, confira se você aprendeu tudo o que foi aqui apresentado sobre Gestão e Administração Pública, resolvendo as questões a seguir. Desejamos que você tenha um ótimo aproveitamento! 1. A Administração está pautada em quatro funções básicas que auxiliam na gestão das organizações. Assinale a alternativa que apresenta as funções básicas da Administração. A. Planejar, gerenciar, dirigir e controlar. A. Preparar, agir, controlar e corrigir. B. Preparar, agir, liderar e corrigir. C. Planejar, organizar, dirigir e controlar Gabarito: A resposta correta é a letra D. A gestão de uma organização necessita de ações de planejamento, estruturação organizacional, liderança e controle. 2. A Administração pública pode ser definida como Administração Direta e Indireta. Na direta, os serviços são realizados pela própria estrutura administração do governo. Assinale a alternativa que apresenta os órgãos que realizam os serviços na Administração Indireta. A. Entidades, Empresas Privadas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas. B. Autarquias, Empresas Privadas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas. C. Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas. D. Autarquias, Empresas Privadas, Sociedades e Fundações Privadas. Gabarito: A resposta correta é a letra C. A Administração Pública Indireta é definida como serviço público ou de interesse social, desconectado do Estado e transferido para entidades com características jurídicas públicas ou privadas. 3. Assinale a alternativa correta com a relação à Administração Direta e à Administração Indireta. A. A Administração Direta é realizada por delegação de competência, feita pelo governo. B. Na Administração Direta os órgãos têm autonomia financeira e administrativa, mas não política. C. Na Administração Direta os serviços são realizados pela própria estrutura do governo. D. Na Administração Indireta, o órgão tem autonomia política, financeira e administrativa. Gabarito: A resposta correta é a letra C. A Administração Pública Indireta é definida como serviço público ou de interesse social, desconectado do Estado e transferido para entidades com características jurídicas públicas ou privadas. 4. Assinale as alternativas corretas que descrevem diretrizes para a reforma do Estado. A. Burocratização das atividades para maior controle e aumento da eficiência. B. Estabelecimento de parcerias com a sociedade para a gestão de serviços de interesse público. C. Integração entre a formulação e a execução das políticas públicas por um mesmo órgão. D. Avaliação de desempenho individual e institucional com base em indicadores. E. Instituição de normas para maior controle de rotinas e procedimentos. Gabarito: As respostas corretas são as letras B e D. A reforma do Estado pressupõe a descentralização de atividades realizadas pelas entidades federais e mais autonomia aos órgãos da Administração