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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Unidade 4 CEO DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ALESSANDRA FERREIRA Gerente Editorial LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria JULIANE MARISE BARBOSA TEIXEIRA KARINE HERANI 4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 A U TO RI A Juliane Marise Barbosa Teixeira Olá. Sou Doutoranda em Engenharia da Produção e Sistemas pela (PUCPR) com foco em Engenharia das Organizações, Mestre em Tecnologia e Desenvolvimento do PPGTE na UTFPR, Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas pela PUCPR, Especialização em Psicopedagogia; Especialista em Pedagogia Empresarial e Educação Corporativa, Especialista em Formação Docente e Tutoria em EaD e possuo MBA em Administração pública e Gerenciamento de Cidades. Graduada em Letras pela PUCPR e Graduanda em Administração. Atuei como Diretora de EaD e Professora na Faculdade Inspirar. Orientadora do Programa Agentes Locais de Inovação (ALI SebraePR). Coordenadora da Agência de Inovação da UNINTER, Coordenadora Adjunta do Curso Tecnológico Superior em Gestão Pública, MBA em Administração pública e Gerência de Cidades e MBA em Marketing Político e Organização de Campanha Eleitoral, além de Especialização em Sustentabilidade e Políticas Públicas na Escola de Gestão Pública, Política e Jurídica da EGPPJ no Centro Universitário Internacional da UNINTER. Atuei como professora Tutora convidada na Coordenação de Tecnologia na Educação na COTED da UTFPR. Trabalhei quatro anos em Angola como coordenadora de Recursos Humanos em empresa de engenharia com aproximadamente dois mil funcionários e cinco filiais pelo país. Possuo experiência na área de Administração, com ênfase em Gestão Estratégica de Pessoas e Formação Profissional. Sou docente na área de Gestão de Pessoas na administração pública e Gestão da Inovação e Modelos de Gestão. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! 5ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Karine Herani Sou advogada com mais de 22 anos de experiência na área de consultoria jurídica empresarial e gestão de negócios, desenvolvimento de negócios, processos de inovação, negócios internacionais e gestão de projetos. Trabalho como consultora e tive oportunidade de trabalhar em diferentes setores da indústria, de alimentos a equipamentos, em 3 países diferentes. Estou imensamente feliz em iniciar com você essa jornada rumo a novos conhecimentos. Vamos lá? A U TO RI A 6 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 ÍC O N ES 7ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Assuntos diretamente ligados aos aspectos processuais, tecnológicos e políticos da Administração pública estão fortemente conectados com a inovação, a globalização e a mudança de perspectiva do funcionalismo público mundial. Certamente a sociedade brasileira, assim como as demais sociedades, foi diretamente influenciada por suas políticas públicas estabelecidas em função das práticas econômicas e interesses político-partidários. O país foi colonizado por décadas e este fato refletiu nos modelos de gestão nacionais. Os primeiros ensaios para a libertação desse quadro tradicional permaneceram por décadas amarrados em processos burocráticos da máquina do governo, mas com as transformações sociais e econômicas, o panorama foi favorecendo a adoção de modelos alternativos para a gestão como, por exemplo, o Projeto Judicial Digital (PROJUDI). Veremos ao decorrer deste estudo, como as formas de pensar a formação técnico-profissional a partir da primeira república foram sendo direcionadas para que permanecêssemos amarrados à burocratização dos processos públicos até os dias atuais. Nosso ponto de partida será a concepção dos processos e recursos das tecnologias aplicadas à administração e à governança de TI. Logo depois, faremos uma reflexão sobre os ganhos da modernização da máquina pública versus burocracia. Com isso, poderemos compreender quais são os limites da política atuando sobre a máquina pública e finalmente, perceber os conceitos e implicações das relações e processos da ética na administração pública, passando desde o contexto histórico, passando pelo cenário atual até as tendências. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar nesse universo! IN TR O D U ÇÃ O 8 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Olá. Seja muito bem vindo a nossa Unidade 4, e o nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender os processos e os recursos tecnológicos aplicados à administração e à governança de TI. 2. Identificar os ganhos da Modernização da máquina pública versus burocracia. 3. Avaliar os limites da política no que concerne à sua atuação sobre a máquina pública. 4. Organizar os conceitos e implicações das relações e processos da ética na administração pública, desde o contexto histórico, cenário atual e tendências. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! CO M PE TÊ N CI A S 9ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 S U M Á RI O Processos e tecnologias na administração pública ............. 10 A economia e seus reflexos nas tecnologias aplicadas à administração e a governança de TI ...............................................................................................14 Globalização versus mundialização ..................................................17 A tecnologia da informação e sua presença nos demais cenários da administração pública ....................................................................................22 Modernização da máquina pública versus burocracia ......... 25 Quesitos legais e trajetória da modernização da administração pública no Brasil.....................................................................................................................28 LEI Nº13.726/2018 ..............................................................................31 O Decreto Lei 200/1967 .....................................................38 Os limites da política sobre a máquina pública ................... 44 Direitos sociais fundamentais ........................................................................47 Parâmetro para o controle judicial das políticas públicas ...........52 Os Limites constitucionais ..................................................56 Ética na administração pública .............................................. 60 O conceito de ética ............................................................................................61 Os princípios da ética pública ...........................................................65 Lei de Responsabilidade Fiscal .........................................71 10 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Processos e tecnologias na administração pública OBJETIVO Neste capítulo você verá como a modernização e a globalização impulsionaram a reforma nos modelos e processos de entrega de serviços da administração pública para a sociedade. Nos cenários educacionais, você aprenderá o que são as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) que são ações que vêm moldando um novo modelo de sociedade e consequentemente diferentes modalidades de gestão, entre elas, as que refletem a administração pública, tão em evidência no atual cenário brasileiro. A administração pública tem, ao longo das décadas, enfrentado desafios crescentes para se modernizar e otimizar sua operação. Nesse cenário, a revisão de processos e a adoção de novas tecnologias emergem como ferramentas fundamentais paralimites”. Esses limites transitam desde onde pode avançar as alterações e suas disposições ao quanto aos limites estão enumeradas no texto constitucional blindando a continuidade dos valores eleitos como imutáveis pelo seu documento original (FERREIRA apud CANELA JR., 2011). Bonavides (2004, pág.198) caracteriza as limitações em três aspectos: a. Limites temporais. b. Limites circunstanciais. c. Limites materiais. A SUBSEÇÃO II – Da Emenda à Constituição, traz: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 58 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 I–de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II–do Presidente da República; III–de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1o A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2o A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3o A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4o Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I–a forma federativa de Estado; II–o voto direto, secreto, universal e periódico; III–a separação dos Poderes; IV–os direitos e garantias individuais. § 5o A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. (BRASIL, 2019, pág.51-52) 59ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Imagem 4.11 - Constituição blindada. Fonte: Wikimedia Commons. RESUMINDO Você viu que não cabe ao Poder Judiciário limitar ou ditar a atuação das políticas públicas e sim atuar quando esse deixa de cumprir seu papel ou o faz de forma alheia à lei e às garantias essenciais constituídas à sociedade. Aprendeu quais as limitações de atuação do Poder Judiciário e como a Constituição pode ser emendada, muito embora a liberdade de mudança seja limitada pela própria constituição original. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Constituição_do_Brasil_de_1988_in_exposition.JPG 60 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Ética na administração pública OBJETIVO Neste capítulo você conhecerá como a competitividade extrema e desregulada afeta o ambiente econômico, político e comercial. Como mesmo em um cenário de inovações, colaboração e integração, muitas empresas privadas e órgãos públicos ainda acreditam que devem ter como objetivo o lucro a qualquer custo, principalmente se puderem ser conseguidos com o prejuízo da concorrência e até mesmo dos clientes. Veremos o papel da ética na atuação da administração pública. Mesmo em um ambiente competitivo como o econômico, as considerações éticas não podem perder sua relevância. Você verá que cada vez mais há uma procura por um atendimento de qualidade frente às demandas do cidadão e proteção ao meio ambiente. Uma nova tendência vem crescendo a cada ano e hoje é quase que uma realidade. Estamos falando das exigências do cidadão, que não recaem apenas na procura por produtos ou serviços de qualidade, mas também, se as empresas que os fornecem são éticas e se atuam com responsabilidade social e ambiental. Em outras palavras, na hora da compra, além da relação custo/benefício o consumidor também presta atenção se a empresa tem uma atuação positiva na comunidade em que está inserida. Sabemos que uma das questões mais “quentes” atualmente é o controle social sobre a agressão ao meio ambiente. Os altos custos ambientais, por exemplo, pela ameaça que representam à população e ao planeta, estão colocando as empresas devastadoras numa posição muito delicada. Afinal, os interesses desse tipo de empresa (seja de caráter público 61ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 ou privado) entram em conflito direto com os interesses da coletividade. A ética na administração pública desempenha um papel fundamental na garantia da integridade, responsabilidade e transparência dos órgãos governamentais e seus agentes. Trata- se de um conjunto de princípios e valores que orientam as ações dos servidores públicos no exercício de suas funções, buscando assegurar o bem comum, a imparcialidade nas decisões, a prestação de serviços de qualidade à sociedade e a utilização adequada dos recursos públicos. A promoção de uma cultura ética na administração pública não apenas fortalece a confiança dos cidadãos nas instituições governamentais, mas também contribui para o alcance de objetivos sociais e econômicos de forma justa e equitativa. O conceito de ética A ética é um campo filosófico que explora os princípios e valores que guiam o comportamento humano, definindo o que é considerado certo ou errado, justo ou injusto. Ela fornece um arcabouço para a reflexão sobre as escolhas individuais e coletivas, levando em conta o impacto dessas decisões na sociedade, nos relacionamentos interpessoais e no próprio indivíduo. A ética não apenas busca orientar ações morais, mas também examina os fundamentos e justificativas por trás dessas ações, considerando aspectos como o respeito pelos direitos dos outros, a equidade e a busca pelo bem comum. Segundo Sá (2009), a ética “estuda os fenômenos morais, as morais históricas, os códigos de normas que regulam as relações e as condutas dos agentes sociais, os discursos normativos que identificam, em cada coletividade, o que é certo ou errado fazer” (SÁ, 2009, pág.15). 62 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 A ética não pode ser confundida com lei, embora, com certa frequência, a lei tenha como base princípios éticos. Porém, diferentemente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a essas. Mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela ética (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertente profissional. Existem códigos de ética profissional que indicam como um indivíduo deve se comportar no âmbito da sua profissão. A ética e a cidadania são dois dos conceitos que constituem a base de uma sociedade próspera (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). Está diretamente relacionada com a forma em que os agentes públicos exercem seus cargos e desempenham suas funções. Conforme vimos acima, existem descritivos de condutas éticas esperadas em algumas classes profissionais. Dos agentes públicos, espera-se a exibição de valores morais pungentes. Em destaque a boa fé e todos aqueles necessários para manutenção de uma convivência harmoniosa em sociedade. Espera-se também que o agente público seja transparente, comprometido com o bem estar da sociedade, que aja e trabalhe em prol do desenvolvimento social e comungue com os princípios da administração pública em todos os seus atos, renunciando ao favoritismo e à beneficiação pessoal. 63ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Imagem 4.12 - Agente público transparente. Fonte: Freepik. Um profissional que desempenha uma função pública deve ser capaz de pensar de forma estratégica, inovar, cooperar, aprender e desaprender quando necessário, elaborar formas mais eficazes de trabalho. Infelizmente, os casos de corrupção no âmbito do serviço público são fruto de profissionais que não trabalham de forma ética (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). A liderança é a questão central de todas as organizações, se generaliza o porquê de fato são esses os atores principais que vão conduzir as organizações, quando um profissional resolve ser um líder e ao conquistar o cargo, aceitar com humildade, responsabilidade e principalmente ética nas ações e decisões. No passado, a questão da obediência, “eu mando e você executa”, erao processo de chefiar, já que não havia o diálogo e a discussão sadia para verificar a melhor forma de alcançar os objetivos traçados. Se nos aprofundarmos no sentido da palavra consentimento, consenso, vamos verificar que não basta somente o consentimento porque devemos obedecer um https://br.freepik.com/fotos-gratis/feche-pessoas-sorridentes_20550533.htm#query=funcionário%20público&position=39&from_view=search&track=ais 64 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 superior, mas deve ser exaurido por meio do diálogo sobre qual a direção a ser tomada (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2017). O papel do líder é de suma importância, pois deverá ter poder de influenciar na decisão que melhor aprouver à organização, de posse das informações fornecidas durante o debate. Momento rico que faz com que o líder também compreenda qual o melhor caminho a ser tomado (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2017). Imagem 4.13 -Liderança. Fonte: Freepik. A lista não é estática, pelo contrário, à cada virada de mercado, que sabemos que é dinâmica, novas características são requisitadas dos líderes. O profissional, ao aceitar o desafio de assumir uma posição de comando, deverá ter como princípio o quanto lhe será exigido e deve querer isso. Sabemos que não são todos os profissionais que querem ser gestores e com certeza as empresas não possuem esta posição para todos. Por isso que as empresas devem ter programas bem estabelecidos de sucessão e de acompanhamento de seus potenciais líderes (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2017). https://br.freepik.com/fotos-gratis/arranjo-do-dia-do-chefe-com-barquinhos-de-papel_10014368.htm#query=liderança&position=26&from_view=search&track=sph 65ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 As empresas devem entender que o setor de Recursos Humanos, é extremamente estratégico, deve ter autonomia para estabelecer programas de lideranças, auxiliar os CEOs de forma isonômica, para que possa ser um facilitador até para que os candidatos a esta posição compreendam se estão preparados para esta missão. Assim, para assumir o papel de gestor é preciso uma exaustiva reflexão e análise (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2017). Os princípios da ética pública Os princípios da ética pública são os fundamentos norteadores que orientam o comportamento e as decisões dos agentes que atuam na esfera governamental, visando garantir a integridade, a justiça e a responsabilidade nas ações do setor público. Esses princípios constituem um guia essencial para promover a confiança da sociedade nas instituições governamentais e para assegurar que os interesses coletivos prevaleçam sobre os interesses individuais. Alguns dos princípios centrais da ética pública incluem: a. Legalidade: Os agentes públicos devem agir de acordo com a legislação vigente, respeitando as normas e regulamentos estabelecidos. Isso garante que as ações governamentais sejam realizadas dentro dos limites legais e evita abusos de poder. b. Impessoalidade: Os agentes públicos devem tratar todos os cidadãos de forma igual e imparcial, sem discriminação ou favorecimento injustificado. As decisões devem ser baseadas em critérios objetivos, sem influências pessoais ou partidárias. c. Transparência: A divulgação aberta e acessível das informações relativas às atividades governamentais é essencial para possibilitar o monitoramento pela 66 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 sociedade. A transparência promove o controle e reduz a possibilidade de práticas obscuras ou corrupção. d. Responsabilidade: Os agentes públicos devem assumir a responsabilidade por suas ações e decisões, prestando contas pelos resultados alcançados. Isso inclui a disposição para corrigir erros e promover melhorias quando necessário. e. Integridade: A integridade implica em agir de maneira honesta, ética e moralmente correta, evitando conflitos de interesse, subornos e corrupção. Os agentes públicos devem manter altos padrões de conduta e ética em todas as situações. f. Eficiência: A busca pela eficiência no uso dos recursos públicos é essencial para otimizar a prestação de serviços e alcançar resultados de maneira eficaz, evitando desperdícios e ineficiências. g. Bem comum: As ações da administração pública devem ser pautadas pelo interesse coletivo e pelo benefício da sociedade como um todo. Os agentes públicos devem considerar o impacto de suas decisões na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. h. Competência: Os agentes públicos devem possuir as habilidades e conhecimentos necessários para desempenhar suas funções de maneira competente e eficaz, assegurando a entrega de serviços de qualidade. i. Respeito pelos direitos humanos: A ética pública deve incluir a proteção e promoção dos direitos humanos, garantindo que as ações do governo não violem os direitos fundamentais dos cidadãos. 67ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 j. Equidade: A equidade diz respeito à justiça distributiva, garantindo que os recursos e benefícios sejam alocados de maneira justa e igualitária, considerando as necessidades de todos os membros da sociedade. Esses princípios formam um quadro ético sólido que orienta o comportamento dos agentes públicos, contribuindo para uma governança mais transparente, responsável e eficaz. SAIBA MAIS Para saber mais e se aprofundar na Justiça distributiva e seus fundamentos leia o artigo “A Justiça distributiva”. Disponível abaixo. Segundo Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería (2007) os princípios da ética citados no artigo: “Gestão Ética na Administração Pública: Uma Base Fundamental para a Gestão Ética do Desenvolvimento” são ações positivas e voltadas ao bem coletivo. Vejamos seus fundamentos: Os processos seletivos para o ingresso na função pública devem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade e não só o ingresso como carreira no âmbito da função pública (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). A formação continuada que se deve proporcionar aos funcionários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para transmitir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público deve realizar-se com perfeição, sobretudo porque se trata de https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/7-a-justica-distributiva-segunda-parte-o-direito-como-justo-axiologia-juridica-introducao-a-ciencia-do-direito/1314941186 68 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 trabalho realizado em benefícios de “outros” (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na administração pública devem estar presididas pelo bom propósito e uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem ser positivos e os funcionários devem se esforçar para viver no cotidiano esse espírito de serviço para a coletividade que justifica a própria existência da administração pública (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). A atitude de serviço e interesse visando o coletivo deve ser o elemento mais importante da cultura administrativa. A mentalidade e o talento se encontram na raiz de todas as considerações sobre a ética pública e explicam, por si mesmos, a importância do trabalho administrativo (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). Constitui um importante valor deontológico potencializar o orgulho que provoca a identificação do funcionário com os fins do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade institucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação central para uma gestão pública que aspira a manutenção de comportamentos éticos (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). A formação em ética deve ser um ingrediente imprescindível nos planos de formação dos funcionários públicos. Além do mais, devem buscar fórmulas educativas que tornem possível que esta disciplina se incorpore nos programas docentes prévios ao acesso à função pública. Embora, deva estar presente na formação contínua do funcionário. No ensino da ética pública deve-se ter presente que os conhecimentos teóricos de nada servem se não se interiorizam na práxis do servidor público (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). 69ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAU ni da de 4 O comportamento ético deve levar o funcionário público à busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo sua tarefa (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). A atuação pública deve estar guiada pelos princípios da igualdade e não discriminação. O funcionário deve atuar sempre como servidor público e não deve transmitir informação privilegiada ou confidencial. O funcionário, como qualquer outro profissional, deve guardar o sigilo de ofício (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007); O interesse coletivo no Estado social e democrático de Direito existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições que torne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita um exercício efetivo de todos os seus direitos fundamentais. Para tanto, os funcionários devem ser conscientes de sua função promocional dos poderes públicos e atuar em consequência disso. (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007). Imagem 4.14 - Listando a ética na administração Pública. Fonte: Pixabay. https://pixabay.com/pt/vectors/garota-saia-sorriso-bonitinho-1600991/ 70 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Sem nunca deixar de considerar que o novo modelo de gestão pública, aquele conectado à TI e redes sociais, visa manter um bom perfil e uma elevada qualificação de seus usuários, assim, serviços como Ouvidorias e Call Centers para atendimentos são regulamentadas e disponibilizadas pela Administração Pública (direta e também indireta), bem como a outros órgãos competentes que vistoriem e intervenham no bom funcionamento dos serviços públicos à sociedade. Sob olhares da Lei nº 8.429/92 e a lei 14.230/21 (que deu nova redação a artigos da lei 8.429/92) versam sobre improbidade administrativa. Dispondo sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências, cabe também à cobrança e fiscalização das condutas éticas e orais dos agentes públicos. DEFINIÇÃO A improbidade administrativa se refere a ações desonestas, fraudulentas ou ilegais cometidas por agentes públicos no exercício de suas funções, que resultam em prejuízos para o patrimônio público, a moralidade administrativa e os interesses da sociedade como um todo. Essa conduta viola os princípios da ética pública, incluindo a legalidade, a honestidade, a imparcialidade e a responsabilidade. A improbidade administrativa abrange uma variedade de comportamentos, como desvio de recursos, nepotismo, enriquecimento ilícito, uso indevido do cargo público em benefício próprio ou de terceiros, entre outros. 71ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Imagem 4.15 - Improbidade Administrativa tem punição. Fonte: Pixabay. Lei de Responsabilidade Fiscal A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei complementar 101/2000, representa um marco legal crucial na gestão financeira e fiscal dos governos, tanto em nível federal quanto nos estados e municípios. Criada com o objetivo de estabelecer normas e critérios para o equilíbrio das contas públicas, a LRF visa promover a transparência, a responsabilidade e a sustentabilidade fiscal, assegurando que os gestores públicos ajam de maneira responsável no uso dos recursos e na condução das políticas econômicas. A legislação estabelece limites para gastos com pessoal, endividamento, concessão de garantias e contratação de operações de crédito, garantindo que as finanças públicas sejam geridas de forma prudente e em conformidade com princípios éticos e econômicos sólidos. https://pixabay.com/pt/photos/fiscal/ 72 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 A Lei Complementar Nº 101/2000 estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. ACESSE Para acessar a Lei complementar nº101/2000 na íntegra acesse o link a seguir: A Lei Complementar nº 101/2000, estabelece os fundamentos e diretrizes para a gestão fiscal responsável por parte dos entes federativos. A abrangência da LRF é ampla, incluindo diversos aspectos da gestão fiscal, como despesas com pessoal, endividamento, transparência, limites para gastos e operações de crédito. A lei define limites e critérios que os gestores públicos devem observar ao tomar decisões financeiras e orçamentárias, contribuindo para a prevenção do desequilíbrio fiscal e a promoção de uma administração pública responsável e transparente. A aplicação prática da Lei Complementar nº 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), envolve uma série de medidas e procedimentos que os entes federativos devem adotar para garantir a saúde financeira, a transparência e a responsabilidade na gestão pública. Alguns exemplos de aplicação prática da LRF incluem: A LRF estabelece limites para as despesas com pessoal, tanto do Poder Executivo quanto do Legislativo e do Judiciário. Esses limites visam evitar que o crescimento descontrolado https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13726.htm 73ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 dessas despesas comprometa a capacidade de investimento e os serviços públicos essenciais. Define critérios para o endividamento público, incluindo limites para a relação entre a dívida consolidada e a receita corrente líquida. Isso impede que os entes federativos acumulem dívidas excessivas que possam comprometer sua capacidade de pagamento. A LRF exige que os entes federativos disponibilizem informações sobre suas finanças de maneira clara e acessível ao público. Isso inclui a publicação de relatórios fiscais, balanços contábeis e demonstrativos de gastos, permitindo que os cidadãos acompanhem e fiscalizem a utilização dos recursos públicos. Os entes federativos são obrigados a estabelecer metas fiscais para os próximos anos, indicando seus objetivos de arrecadação e gastos. Se as metas não forem atingidas, medidas de contingenciamento e ajuste podem ser acionadas, incluindo a redução de despesas e a suspensão de aumentos salariais. A LRF estabelece limites para as operações de crédito que os entes federativos podem contratar. Isso evita o endividamento excessivo e desordenado, assegurando que as obrigações financeiras sejam sustentáveis. A lei estabelece que o ente federativo deve divulgar relatórios e demonstrativos que evidenciem a situação fiscal, permitindo avaliar o cumprimento dos limites e metas estabelecidos. Estabelece sanções para gestores que não cumpram as determinações da lei, incluindo a possibilidade de inelegibilidade e a proibição de receber transferências voluntárias da União. 74 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 A aplicação prática da LRF requer a adoção de práticas de gestão responsável, o monitoramento constante das finanças públicas e a tomada de decisões embasadas em critérios técnicos e orçamentários sólidos. Isso contribui para a promoção da transparência, o uso eficiente dos recursos e a sustentabilidade fiscal, garantindo uma administração pública mais equilibrada e responsável. RESUMINDO Neste capítulo vimos que o comportamento ético deve levar o funcionário público à busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a cabo sua tarefa. Vimos ainda, que o novo modelo de gestão pública, aquele conectado à TI e redes sociais, visa manter um bom perfil e uma elevada qualificação de seus usuários e ainda há lei própria para as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional. Vimos que a lei estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. 75ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. BRASIL. Constitição da República Federativa do Brasil. Brasília. Senado Federal, 2010. DOSI, G. Technological paradigms and technological trajectories.Revista Brasileira de Inovação, v. 5, n. 1, p. 17-32, jan./jun. 2006. 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TEIXEIRA, J.M.B; RIBEIRO, M.T.F. Gestão de pessoas na administração pública: teorias e conceitos. Curitiba, Intersaberes, 2017. TEIXEIRA, J. M. B.; FEREREIRA Jr, A. B.; GAIO, B. CASAGRANDE JUNIOR, E. F. Mundialização versus Globalização: a economia baseada no conhecimento como condutor da inovação. Anais do IV SINGEP. Disponível em: https://singep.org.br/4singep/ resultado/436.pdf . Acesso em: 28 Dez 2018. http://www.publicaciones.urbe.edu/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=713e0453cb70d6d35e982945edcf5748&estudante=0&nome=&licao=&sessao=ek7l7hesha6i8knhq5oa3oo60p/.../1402-venezuela http://www.publicaciones.urbe.edu/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=713e0453cb70d6d35e982945edcf5748&estudante=0&nome=&licao=&sessao=ek7l7hesha6i8knhq5oa3oo60p/.../1402-venezuela https://singep.org.br/4singep/resultado/436.pdf https://singep.org.br/4singep/resultado/436.pdf _Hlk143631833 _Hlk143632275 _Hlk143633053 _Hlk143634421 _Hlk143634538 _Hlk143635224 _Hlk143636412 Processos e tecnologias na administração pública A economia e seus reflexos nas tecnologias aplicadas à administração e a governança de TI Globalização versus mundialização A tecnologia da informação e sua presença nos demais cenários da administração pública Modernização da máquina pública versus burocracia Quesitos legais e trajetória da modernização da administração pública no Brasil LEI Nº13.726/2018 O Decreto Lei 200/1967 Os limites da política sobre a máquina pública Direitos sociais fundamentais Parâmetro para o controle judicial das políticas públicas Os Limites constitucionais Ética na administração pública O conceito de ética Os princípios da ética pública Lei de Responsabilidade Fiscaltransformar a maneira como o setor público interage com a sociedade e presta seus serviços. Historicamente, a administração pública era vista como uma entidade burocrática, lenta e resistente a mudanças. Porém, a evolução social e a crescente demanda por serviços mais ágeis e transparentes impulsionaram uma revisão dessa abordagem. Ao repensar processos, a administração busca eliminar redundâncias, reduzir tempos de espera e garantir uma melhor utilização dos recursos públicos. Nessa jornada de modernização, a tecnologia tem sido uma aliada de peso. Sistemas integrados de gestão (ERP), plataformas digitais de atendimento ao cidadão e soluções de inteligência artificial são apenas algumas das inovações que têm revolucionado a prestação de serviços públicos. A digitalização de 11ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 processos, por exemplo, não apenas agiliza operações internas, mas também oferece ao cidadão facilidades como o acesso a serviços públicos online, reduzindo deslocamentos, custos e tempo de espera. O conceito de Governo Eletrônico, ou e-Gov, é um reflexo dessa transformação. Através dele, busca-se utilizar as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para melhorar a eficiência, eficácia, transparência e responsabilidade da administração pública. Com plataformas online de participação cidadã, por exemplo, se amplia o canal de comunicação entre governo e sociedade, fomentando a participação popular nas decisões públicas. Por outro lado, a incorporação de novas tecnologias na administração pública também apresenta desafios. É essencial garantir a segurança das informações, especialmente quando lidamos com dados sensíveis da população. Além disso, a capacitação contínua dos servidores públicos torna-se imprescindível para que possam operar e tirar proveito máximo dessas novas ferramentas. Imagem 4.1 - Integração de processos. Fonte: Freepik. https://br.freepik.com/fotos-gratis/conceito-de-colagem-de-controle-de-qualidade-padrao_30589262.htm#page=2&query=integra%C3%A7%C3%A3o%20de%20processos&position=37&from_view=search&track=ais 12 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 A integração de processos otimizados e tecnologias avançadas na administração pública é um caminho sem volta. Embora desafiador, esse processo é essencial para construir uma administração ágil, transparente e, acima de tudo, alinhada às necessidades e expectativas da população no século XXI. A atuação da administração pública tem sido profundamente impactada por diversas tecnologias emergentes e consolidadas. Essas tecnologias estão remodelando a forma como os serviços públicos são prestados, trazendo maior eficiência, transparência e participação cidadã. Algumas das principais tecnologias que têm causado esse impacto incluem: 1. Computação em nuvem (Cloud Computing): Permite que a administração pública armazene, acesse e compartilhe grandes volumes de dados online, reduzindo a necessidade de infraestruturas físicas caras e promovendo maior flexibilidade e colaboração. 2. Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado de máquina: São usados para melhorar a tomada de decisão, prever tendências, otimizar processos e fornecer atendimento ao cidadão de forma mais eficiente através de chatbots e sistemas automatizados. 3. Blockchain: Essa tecnologia, conhecida pela sua aplicação nas criptomoedas, tem potencial na administração pública, principalmente em áreas como registro de propriedades, gestão de identidade e transparência em processos licitatórios. 13ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 SAIBA MAIS Para saber mais e compreender essa tecnologia revolucionária do blockchain, leia o artigo “O que é blockchain?”. Disponível abaixo. 4. Big Data e Análise de dados (Data Analytics): A capacidade de coletar, processar e analisar grandes volumes de dados pode ajudar os governos a identificarem padrões, melhorar a tomada de decisão e otimizar a alocação de recursos. 5. Internet das Coisas (IoT): A integração de dispositivos conectados pode melhorar a gestão de cidades (cidades inteligentes), otimizando o tráfego, monitorando o consumo de recursos e melhorando a segurança pública 6. Aplicações móveis e Plataformas online: Permitem que os cidadãos acessem serviços públicos, realizem consultas, pagamentos e obtenham informações em tempo real, de qualquer lugar. 7. Redes sociais e Plataformas de participação cidadã: Favorecem a comunicação direta entre o governo e a população, além de promover a participação cidadã nas decisões políticas. 8. Realidade virtual e aumentada: Podem ser usadas em treinamentos, simulações e na educação, além de possibilitar visitas virtuais a espaços públicos ou históricos. 9. Biométricos e reconhecimento facial: São úteis para aprimorar a segurança, autenticação e verificação de identidades, embora também levantem preocupações com a privacidade. https://aws.amazon.com/pt/what-is/blockchain/?aws-products-all.sort-by=item.additionalFields.productNameLowercase&aws-products-all.sort-order=asc 14 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 10. Cibersegurança: Enquanto a tecnologia avança, também aumenta a necessidade de proteger os sistemas e dados da administração pública contra ameaças digitais. Investir em cibersegurança tornou-se fundamental. Essas tecnologias, quando bem implementadas, têm o potencial de transformar a administração pública, tornando-a mais responsiva, eficiente e alinhada às necessidades e expectativas dos cidadãos. No entanto, também é crucial abordar questões éticas, de privacidade e de segurança, para garantir que os direitos dos cidadãos sejam sempre respeitados. A busca pela inovação e automatização dos processos, a iniciativa de modelos de formação mais técnica e específica e a visibilidade das redes sociais com a Internet amplia o acesso dos profissionais, busca suprir demandas de mercado e permite o acesso de maior facilidade aos indivíduos. A economia e seus reflexos nas tecnologias aplicadas à administração e a governança de TI Leituras voltadas para o desenvolvimento da economia mostram que políticas públicas que estimulam, incentivam e promovem a multiplicação das possibilidades tecnológicas, são marcas comuns encontradas na constituição de realidades econômicas de sociedades desenvolvidas e que gozam de certa independência de seus processos (TEIXEIRA et. al, 2015). Sem dúvida alguma, é na inovação que as organizações (públicas e privadas) crescem e se desenvolvem. Para Lundvall (2003) a difusão do conhecimento deve estar presente em todas 15ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 as relações, mas essencialmente, nas relações de trabalho, pois é possível identificar importantes elementos da aprendizagem com o “desenvolvimento de recursos humanos, das novas formas de organização empresarial, do formato de redes e da definição de uma função dos serviços intensivos em conhecimentos e das universidades” (LUNDVALL, 2003 pág. 117). O dinamismo das relações sociais imputados pela globalização não combina com relações desconectadas entre sistemas de informação, em eficiência na prestação de serviço e no crescimento econômico. A administração e governança de Tecnologia da Informação (TI) evoluíram drasticamente ao longo das últimas décadas. Com o avanço tecnológico, novas ferramentas e práticas têm se tornado disponíveis, permitindo que as organizações otimizem seus processos, garantam a segurança dos dados e alinhem suas estratégias de TI aos objetivos de negócio, tais como: • Frameworks e padrões: Frameworks como o ITIL (Information Technology Infrastructure Library) e o COBIT (Control Objectives for Information and Related Technologies) são essenciais para estabelecer boas práticas em gestão de TI. Eles fornecem uma série de processos padronizados e melhores práticas para a administração de serviços de TI e governança. • Automação e orquestração: Com a introdução de tecnologias deautomação, as empresas podem agora automatizar tarefas repetitivas, reduzindo erros humanos e melhorando a eficiência. Isso se aplica a tudo, desde a implantação de software até o gerenciamento de recursos de infraestrutura. 16 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 • Computação em nuvem: A migração para a nuvem mudou a forma como as organizações gerenciam seus recursos de TI. Com a capacidade de escalar recursos rapidamente e pagar apenas pelo que é usado, as empresas podem ser mais ágeis e custo-efetivas. • Tecnologias de segurança: Ferramentas avançadas de monitoramento, detecção de intrusões, firewalls de próxima geração e soluções de gerenciamento de identidade e acesso são cruciais para proteger ativos de TI. A crescente onda de ciberataques torna a cibersegurança uma parte integral da governança de TI. • Gestão de ativos de TI: Soluções como sistemas de gestão de ativos de TI (ITAM) permitem que as empresas rastreiem e gerenciem seus ativos de hardware e software, otimizando o uso e garantindo conformidade com licenças. • Virtualização: Esta tecnologia permite que as organizações criem versões virtuais de recursos de TI, como servidores e redes. Isso não apenas otimiza o uso de recursos físicos, mas também oferece flexibilidade e escalabilidade. • Blockchain: Em termos de governança, o blockchain pode ser usado para garantir a integridade e a transparência dos dados, especialmente em transações e processos que requerem rastreabilidade e verificação. • Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning: Estas tecnologias estão sendo usadas para melhorar a eficiência operacional, prever falhas, otimizar a alocação de recursos e até mesmo para a automação de tarefas complexas. 17ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 A integração de tecnologias avançadas na administração e governança de TI não é apenas uma tendência, mas uma necessidade. Em um mundo em rápida evolução, as organizações que adotam e implementam adequadamente essas tecnologias estarão melhor posicionadas para alcançar seus objetivos estratégicos, garantir a segurança dos dados e oferecer valor aos seus stakeholders. Imagem 4.2 - Stakeholders. Fonte: Freepik. Globalização versus mundialização A globalização é um processo multifacetado que se refere à crescente interconexão e interdependência dos países em várias dimensões, incluindo economia, política, cultura e tecnologia. Impulsionada principalmente por avanços tecnológicos e políticas de liberalização econômica, a globalização tem facilitado o fluxo de bens, serviços, informações e ideias através das fronteiras nacionais. https://br.freepik.com/vetores-gratis/reuniao-de-gestao-de-negocios_3975527.htm#query=stakeholders&position=12&from_view=search&track=sph 18 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 O conhecido fenômeno de globalização pode ser caracterizado por um processo “histórico-social de vastas proporções, ... que rompe e recria o mapa do mundo, inaugurando outros processos, outras estruturas e outras formas de sociabilidade, que se articulam e se impõem aos povos, tribos, nações e nacionalidades” (IANNI, 1998, pág.2). Esse processo acontece no âmbito social, mas implica nas estruturas políticas e econômicas com oscilações entre avanços e retrocessos, podendo permanecer nesse processo por décadas. Ela também é independente de região geográfica, demográfica, econômica, política e cultural ainda que seus efeitos sejam sentidos em todos esses quesitos (TEIXEIRA et. al, 2015). A globalização, como a conhecemos hoje, tem suas raízes na expansão marítima dos séculos XV e XVI, mas ganhou maior impulso no final do século XX. A queda do Muro de Berlim em 1989, o fim da Guerra Fria e as reformas econômicas em muitos países emergentes abriram portas para uma integração global mais profunda. Simultaneamente, a revolução tecnológica, especialmente na comunicação e no transporte, tornou mais fácil e barato fazer negócios e se comunicar globalmente. Os impactos globalização na Administração Pública são vários e em diferentes aspectos, vejamos: • Adoção de boas práticas e benchmarking internacional: Com a crescente interconexão global, a administração pública tem buscado referências internacionais para adotar as melhores práticas em áreas como governança, gestão fiscal, atendimento ao cidadão e combate à corrupção. 19ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 DEFINIÇÃO Benchmarking é um processo de comparação das práticas, processos e desempenho de uma organização com os de outras empresas ou setores reconhecidos como líderes ou melhores naquilo que fazem. O objetivo do benchmarking é identificar áreas de melhoria, estabelecer metas eficazes e adotar práticas de excelência para aprimorar o desempenho organizacional. • Pressões para reformas: Organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, muitas vezes influenciam as políticas nacionais. Isso tem levado a reformas na administração pública, particularmente em países que buscam assistência financeira ou integração em blocos econômicos. • Desafios de regulação: A globalização tem apresentado desafios regulatórios, especialmente em áreas como comércio, finanças e meio ambiente. A administração pública tem que se adaptar rapidamente para gerenciar e mitigar riscos associados à rápida integração econômica e tecnológica. • Mudança na dinâmica do trabalho: A competição global por talentos e a necessidade de habilidades mais diversificadas têm impactado a forma como a administração pública recruta, treina e retém seus funcionários. • Aumento da expectativa do cidadão: Com acesso a informações globais, os cidadãos têm agora expectativas mais elevadas em relação à qualidade dos serviços públicos, transparência e responsabilidade. • Questões de soberania e identidade: Enquanto a globalização oferece oportunidades, também apresenta desafios relacionados à soberania e identidade 20 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 nacionais. A administração pública é frequentemente colocada em uma posição onde precisa equilibrar interesses nacionais com compromissos e normas globais. • Inovação e adoção de tecnologia: A rápida evolução tecnológica e sua disseminação global têm forçado a administração pública a adaptar-se e inovar, adotando novas tecnologias para melhorar a eficiência e eficácia dos serviços públicos. A globalização, apesar de seus inúmeros benefícios, trouxe consigo diversos riscos para a administração pública. A crescente interdependência entre os países ampliou a exposição a crises financeiras e econômicas externas, tornando os governos mais vulneráveis a choques globais. Além disso, a pressão da competição internacional tem levado à flexibilização de regulamentações, o que pode comprometer padrões locais em áreas como meio ambiente, trabalho e segurança. A globalização também intensificou desafios regulatórios, com a movimentação acelerada de capital, bens e serviços transcendendo fronteiras, complicando a fiscalização e a cobrança de tributos. Por fim, a difusão rápida de informações e a influência de normas e valores globais podem gerar tensões culturais e sociais, desafiando a administração pública a equilibrar as demandas locais com as expectativas globais. 21ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Imagem 4.3 - Mundialização e Informação. Fonte: Freepik. Seguimos com a definição de mundialização. Para tanto, adotaremos o conceito de Chesnais (1996) apud Teixeira et. al (2015), que retrata o fenômeno identificado a partir dos anos 80 como sendo um novo perfil do capitalismo mundial em todas as suas adjacências, ou seja, comando, desempenho e regulação (TEIXEIRA et. al, 2015). Ainda, complementando Catani et. al, reforça a definição de Chesnais destacando na mundialização a marca do acúmulo de capital recorrente da integração internacional dos mercados, das políticas neoliberais de liberalização, desregulamentação,privatização, desmantelamento das conquistas sociais e democráticas, do desenvolvimento financeiro, das novas tecnologias da informação e da comunicação (TEIXEIRA et. al, 2015). https://br.freepik.com/vetores-gratis/negociacao-de-parceria-de-sucesso-handshaking-de-parceiros_11669283.htm#page=1&query=globalização&position=1 22 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 A tecnologia da informação e sua presença nos demais cenários da administração pública Podemos entender a tecnologia como um complexo de conhecimentos práticos e teóricos, que considera, além de instrumentos físicos, também experiências de gestão, sejam elas com resultados bons ou ruins. Se por um lado os equipamentos são artefatos tecnológicos visíveis, por outro, temos a técnica, a competência e a expertise do agente que a opera (CORAZZA e FRACALANZA, 2004 apud FERREIRA et. al, 2015). Dosi (2006) define tecnologia como um conjunto de conhecimentos (práticos e teóricos), know-how, métodos, procedimentos, experiências de sucesso e fracassos, bens físicos e equipamentos concebidos para o alcance de um determinado fim (FERREIRA Jr. et. al, 2015). Imagem 4.4 - Mundialização e Informação. Fonte: Freepik. https://br.freepik.com/fotos-gratis/conceito-dos-trabalhos-em-rede-da-noticia-da-tabuleta-de-digitas-da-amizade-das-mulheres_2970921.htm#query=tecnologia%20aliada%20ao%20saber%20fazer&position=21&from_view=search&track=ais”>Imagem%20de%20rawpixel.com 23ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 As palavras inovação e tecnologia foram adicionadas aos processos da administração pública desde a década de 50. Os estudiosos da inovação a percebiam como um processo composto de fases previsíveis, desde a elaboração até a implementação e generalização. (MESSINA, 2001 apud FERREIRA et. al, 2015). Então, é com a definição de que a inovação estava relacionada à educação, à formação do profissional e às formas de realização do trabalho que começa a perseverar a crença de que os avanços da ciência e da tecnologia determinariam o desenvolvimento econômico, social e cultural. Diante dessa percepção, o aprimoramento científico e tecnológico deveria consistir em benefícios e valorização onde quer que fosse empregado, no indivíduo, num produto ou no antigo processo. (GOMEZ, 2007, apud FERREIRA JR. et. al, 2015). Em campo aberto, a gestão e administração pública hoje precisam relacionar-se e principalmente fazer uso de recursos como: Redes sociais, computação em nuvem, e-Commerce, Teleconferências via Web, Eletromedicina, virtualização do Desktop, TIC no mercado de capitais, TIC no sistema de ensino público e privado, entre outras, para que a máquina pública incorpore, transite e redirecione essas ferramentas a favor da qualidade de entrega de seus serviços à sociedade. Pensando nisso, é parte essencial dessa incorporação, a efetiva formação de pessoas capazes de operacionalizar seus processos. Obviamente num sistema privado, todas estas inovações são suportadas mais facilmente por sofisticadas redes. Mas essa não é a realidade dos sistemas operacionais da máquina pública brasileira. Empresas e organizações em todo o mundo (principalmente no Brasil) estão experimentando uma aguda escassez de profissionais e gerentes qualificados em TIC 24 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 para liderar equipes para desenhar, projetar, instalar, gerenciar e/ou manter estas redes. Imagem 4.5 - Escassez de mão de obra especializada: Preocupação para Área de TI. Fonte: Freepik. Constata-se da escassez de gerentes de vendas de empresas de TIC, de Help Desk ou de Call Center, com conhecimentos apropriados sobre suporte, soluções, equipamentos e serviços para essas redes. É preciso, não só que a administração adote sistemas de Gestão e Tecnologia da Informação, mas que também incentivem as instituições educacionais a formar profissionais com características a desenvolver a capacidade competitiva com visão holística do processo administrativo integrado, dotar o indivíduo de ferramentas para tomada de decisões (a tão cobrada: proatividade), qualificar profissionais para atuarem em organizações, no sentido de contemplarem a relação multidisciplinar, proporcionar fundamentação epistemológica de análise dando relevo à crítica acerca das práticas que se https://br.freepik.com/vetores-gratis/procurando-por-fundo-de-talentos_3362134.htm#page=2&query=ecassez%20de%20funcionários&position=6&from_view=search&track=ais 25ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 desenvolvem no contexto das organizações e introduzir a prática de pesquisa nas áreas de atuação dos profissionais. RESUMINDO Revisitando os conceitos vistos, temos que a mundialização um fenômeno de maior ascendência no âmbito econômico e regional, com incidência no capital fictício. Já a globalização é um fenômeno mais abrangente, em que podemos observar seus efeitos não só na perspectiva econômica, mas também social, política, cultural e religiosa. Vimos que é com a definição de que a inovação estava relacionada à educação, à formação do profissional e às formas de realização do trabalho que começa a perseverar a crença de que os avanços da ciência e da tecnologia determinariam o desenvolvimento econômico, social e cultural. Modernização da máquina pública versus burocracia OBJETIVO Neste capítulo você verá que a evolução tecnológica que acontece gradativamente e influencia direta e indiretamente, positiva e negativamente as empresas públicas e privadas, podem determinar o nível de sustentação econômica e a manutenção da concorrência na prestação de serviços à sociedade. A modernização da máquina pública é uma necessidade intrínseca ao progresso da sociedade. À medida que o mundo evolui, com novas tecnologias e demandas sociais, os governos precisam adaptar-se para atender às expectativas crescentes dos cidadãos e garantir uma gestão eficiente e transparente. A tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na transformação das administrações públicas. Sistemas 26 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 informatizados e plataformas digitais estão sendo implementados em diversos setores, desde a gestão de documentos até a prestação de serviços ao cidadão. Portais de transparência, por exemplo, permitem que qualquer pessoa acesse informações sobre orçamentos, licitações, despesas e receitas do governo, promovendo o controle e combatendo a corrupção. NOTA O Brasil seguindo as novas tendências também tem investido em desenvolver e oferecer mais informação e transparência para a atuação da administração pública. Conheça o portal transparência. Disponível abaixo. Além da digitalização, a modernização envolve a revisão de processos. Burocracias antiquadas e redundantes são identificadas e eliminadas, facilitando o acesso do cidadão aos serviços públicos e tornando a gestão mais ágil. A simplificação de processos, muitas vezes acompanhada de desregulamentação, também pode incentivar investimentos e fomentar a atividade econômica. Outro pilar fundamental é a capacitação dos servidores públicos. Não basta apenas implementar novas ferramentas e processos; é essencial que os funcionários estejam devidamente preparados para operá-los. Isso demanda um investimento contínuo em treinamentos, workshops e cursos de atualização. A modernização também abrange a reavaliação das políticas públicas. Baseado em evidências e dados, o governo https://portaldatransparencia.gov.br 27ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 pode repensar e ajustar programas e iniciativas para garantir que eles atendam efetivamente às necessidades da população e alcancem os resultados desejados. A participação cidadã é um aspecto crucial da modernização. Em uma era de informação e conectividade, os cidadãos desejam ter voz ativa nas decisões que impactam suas vidas. Mecanismos de consulta pública, fóruns de discussão e plataformas de feedback são instrumentos valiosos para incorporar a perspectiva do público naformulação e execução de políticas. A modernização da máquina pública é um processo contínuo e abrangente, que visa tornar o governo mais responsivo, eficiente e transparente. Em um mundo em constante mudança, é imperativo que as instituições públicas evoluam para atender adequadamente às demandas da sociedade e contribuir para o desenvolvimento sustentável do país. Para que seja possível sobreviver a esse elemento, é preciso se cercar de estratégias e inteligência (organizacional e operacional). Oliveira (2014), define essa ação como inteligência estratégica ou administrativa: Que é o processo sistemático e sintomático, de identificação, coleta, processamento e análise de conhecimentos e de informações, por meios legais e éticos, que impactam, positiva e diferencialmente os negócios, os produtos e serviços de uma empresa pública e seu modelo de administração. (OLIVEIRA, 2014, pág. 70) O autor apresenta um quadro que representa, não só a tecnologia, mas outros fatores tão importantes que influenciam, engessam, burocratizam e conferem esforços para manutenção da gestão eficiente da máquina pública. Observe: 28 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Imagem 4.6 - Ambiente da instituição pública. Fonte: Oliveira (2014. Pág. 71). Quesitos legais e trajetória da modernização da administração pública no Brasil Com base na Constituição Federal de 1988 art. 39, § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios será disciplinada a aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade (BRASIL, 2010). Em muitos países, a necessidade de tornar a administração pública mais eficiente, transparente e responsiva às demandas dos cidadãos levou à formulação de legislações específicas para 29ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 orientar e implementar a modernização. Essas legislações visam criar um arcabouço legal que facilite as reformas administrativas e garanta que as mudanças ocorram de maneira estruturada e duradoura. Em muitos contextos nacionais, foram criadas leis específicas para a implantação e uso de tecnologias de informação e comunicação no setor público. Estas podem tratar desde a digitalização de serviços, passando pela segurança de dados até a promoção do acesso à informação. A ideia é garantir que as tecnologias sejam usadas para facilitar a vida do cidadão e tornar a administração mais eficiente. As leis de acesso a informação são fundamentais para promover a transparência. Ao estabelecer diretrizes claras sobre quais informações devem ser públicas e como podem ser acessadas, essas leis incentivam o controle e permitem que os cidadãos monitorem e avaliem a atuação do governo. Em busca de agilizar processos, muitos países têm revisado e modificado procedimentos burocráticos, simplificando ou até mesmo eliminando etapas redundantes. Isso pode envolver desde a criação de um ambiente mais amigável para negócios até a facilitação de processos para os cidadãos, como a obtenção de documentos. Engajar os cidadãos no processo decisório é fundamental para uma administração moderna e democrática. Algumas legislações focam em garantir e formalizar mecanismos de consulta e participação pública, seja através de audiências, consultas online ou conselhos participativos. Além das leis voltadas à tecnologia e transparência, muitos países têm legislações que tratam da própria estrutura e funcionamento da máquina pública, abordando temas como 30 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 carreiras, avaliação de desempenho, contratações e compras públicas. Imagem 4.7 - Contratações. Fonte: Freepik. Reconhecendo a importância de estar à frente em inovação, algumas legislações incentivam a adoção de novas tecnologias e práticas inovadoras no setor público, seja através de incentivos fiscais, parcerias público-privadas ou incubadoras de soluções tecnológicas. A legislação, nesse contexto, desempenha um papel crucial ao definir o escopo, as diretrizes e os limites para a modernização da administração pública. No entanto, é essencial que essa legislação seja flexível o suficiente para se adaptar às mudanças rápidas do cenário global e às inovações tecnológicas, garantindo que o setor público permaneça relevante, eficiente e alinhado às necessidades e expectativas dos cidadãos. O Brasil não diferente dos demais países tem buscado criar um arcabouço legal para a desburocratização e modernização da administração pública, dentre as leis promulgadas nesse https://br.freepik.com/fotos-gratis/maos-de-alto-angulo-assinando-documentos_27645058.htm#query=contratações%20públicas&position=6&from_view=search&track=ais 31ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 sentido está a lei nº 13.726/2018), também chamada da lei de Desburocratização. LEI Nº13.726/2018 A Lei nº 13.726, sancionada em 8 de outubro de 2018, foi instituída no Brasil com o intuito de racionalizar atos e procedimentos administrativos dos órgãos e das entidades da administração pública direta, autárquica e fundacional dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Em essência, essa lei visa simplificar processos, eliminando exigências burocráticas consideradas desnecessárias ou ultrapassadas e tornando a relação entre cidadão e poder público mais fluida e eficiente. Os principais pontos abordados pela lei incluem: • Proíbe a exigência de reconhecimento de firma, autenticação de cópia de documento, apresentação de título de eleitor (exceto para votar ou registrar-se como eleitor) e apresentação de certidão de nascimento, que pode ser substituída por cédula de identidade, carteira de trabalho ou carteira nacional de habilitação. • Veda a exigência de prova de quitação com as eleições ou com o serviço militar se o cidadão estiver em exercício de seus direitos políticos. • O governo não pode recusar atestados de saúde ou de vida se estiverem dentro dos padrões legais e regulamentares. Atestado de vida para aposentados pode ser realizada pelo órgão pagador, por meio de prova de vida realizada eletronicamente. • Determina que as repartições públicas disponibilizem aos cidadãos formulários, instruções e instrumentos 32 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 necessários ao reconhecimento de direitos ou à obtenção de certidões, documentos ou informações. • Veda a exigência de certidões ou documentos previstos em lei para comprovação de regularidade fiscal, quando a administração pública puder obter a informação diretamente em sistema eletrônico. • Os órgãos públicos não podem rejeitar documentos por falhas que não comprometam sua essencialidade, devendo permitir a correção ou a ratificação do documento no momento do atendimento. A Lei nº 13.726/2018 é parte de um movimento mais amplo de reforma administrativa no Brasil, visando descomplicar processos, otimizar o atendimento ao público e promover maior eficiência na máquina pública. Ao eliminar procedimentos burocráticos desnecessários, a expectativa é que haja uma relação mais direta e produtiva entre o cidadão e a administração pública, reduzindo custos e tempo despendidos em processos muitas vezes morosos e redundantes. ACESSE Para conhecer a 13726/2018 lei na íntegra, acesse o link a seguir: Passemos então a um resgate histórico sobre os processos de mudanças e tentativas de modernização (algumas positivas outras nem tanto). Observe: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13726.htm 33ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Tabela 1: Trajetória da modernização da administração pública no Brasil Período Ações Administração Colonial (séculos XVI e XIX) e Primeira República (1889 – 1930) • Processoscentralizados e ausência de diferenciação funcional. • Administração patrimonialista. • Forte presença do poder Militar. • Texto de tabela Vargas e o modelo burocrático (1930 - 1945) • Forma de administração autoritária. • Amplo desenvolvimento do capitalismo. • Início do processo de modernização da administração pública via Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). • Franco investimento econômico. • Instituição de regras para administração de materiais, de pessoal e finanças. 34 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Governo Juscelino Kubitschek (1956 - 1961) • Grandes movimentações contrárias à burocratização. • Aparições de frentes em prol ao desenvolvimentismo. • Administração voltada para o desenvolvimento. • Ações em prol da modernização do aparelho do Estado (administração Indireta e grupos executivos). Ditadura (1964–1985) • Marco da administração gerencial no Brasil (Decreto-lei 200). • Continuidade do modelo voltado ao desenvolvimento. • Descentralização administrativa. • Programa Nacional de Desburocratização de 1979 agora para Administração Direta. 35ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Constituição Federal de 1988 • Fortemente representativa no processo de retrocesso burocrático. • Restrição da flexibilidade da administração indireta. • Ampla descentralização política fortalecendo os municípios. Plano Diretor (1995) • Vem com a tentativa de reverter o retrocesso da Constituição Federal de 1988. • Institui a diferenciação dos quatro setores de atuação do Estado: • Núcleo Estratégico. • Atividades Exclusivas. • Serviços Não-Exclusivos. • Produção de Bens e Serviços para o Mercado. • Criação das Agências Autônomas (atuais agências executivas). • Projeto, publicização e organizações sociais. • Privatizações. 36 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Governo Lula (2003 – 2011) • Fortes críticas à redução das atividades estatais. • Recomposição da força de trabalho do setor público. • Realinhamento de salários, de carreiras, posições e condições gerenciais da burocracia. • Redefinição de marcos regulatórios e a consequente redefinição do papel das agências reguladoras. Agências reguladoras • Criadas no período de privatizações, são autarquias em regime especial porque são dotadas de maior autonomia e independência que as demais entidades. • Podem ser: • Agência Reguladora Federal • Agência Reguladora Estadual • Agência Reguladora Municipal 37ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Contrato de gestão • Ferramentas e instrumento de gestão por resultados. • Busca ampliar a autonomia do gestor público com a contrapartida de maior responsabilidade pelo alcance de resultados. • Dois tipos: • Dentro do poder público. • Com entidades privadas sem fins lucrativos. Agências executivas • Autarquias e fundações que exerçam atividades exclusivas de Estado, que tenham assinado um contrato de gestão e que apresentem um plano estratégico de reestruturação organizacional e desenvolvimento institucional podem receber essa qualificação para ampliar sua autonomia na gestão. Fonte: Adaptado do documento: Administração Pública - O Processo De Modernização Da Administração Pública https://www.cram.com/flashcards/administrao-pblica-o-processo-de-modernizao-da-administrao-pblica-901836 https://www.cram.com/flashcards/administrao-pblica-o-processo-de-modernizao-da-administrao-pblica-901836 38 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Importante entender que modernizar a máquina pública não é uma opção futurista ou visionária do agente público e sim, uma obrigação prevista na Constituição Federal de 1988. O Decreto Lei 200/1967 Constituindo um marco na busca de superar a rigidez da burocracia. O Decreto-Lei Nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Também considerado como o primeiro contato da Administração Pública brasileira com o gerencialismo por meio do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, é um marco regulatório na administração pública federal brasileira. Sua aprovação e implementação representam um dos esforços mais significativos na história do país para modernizar e reorganizar a estrutura do poder executivo federal. Os principais pontos e objetivos deste decreto-lei incluem: • Descentralização: O decreto promoveu a descentralização da administração federal, conferindo mais autonomia às entidades da administração indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). • Planejamento: O texto legal ressaltou a importância do planejamento na administração federal, estabelecendo diretrizes e metas a serem seguidas pelos órgãos e entidades. • Autonomia de Gestão: A norma concedeu às entidades da administração indireta maior liberdade de gestão administrativa, financeira e técnica, permitindo uma 39ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 gestão mais dinâmica e adaptável às necessidades específicas de cada entidade. • Coordenação: Mesmo com a descentralização, o decreto-lei estabeleceu a necessidade de coordenação entre os diversos órgãos e entidades, assegurando que todos trabalhassem de maneira alinhada e harmoniosa. • Controle: Enquanto o decreto-lei promoveu a descentralização e a autonomia, ele também enfatizou a importância do controle administrativo, visando garantir a eficiência e a responsabilidade na gestão dos recursos e atividades públicas. • Simplificação: O texto incentivava a simplificação de procedimentos e estruturas, eliminando formalidades desnecessárias e buscando tornar a administração mais ágil e eficaz. • Modernização: O decreto-lei abriu espaço para a modernização da administração pública, promovendo a adoção de novos métodos e técnicas administrativas. • Estabilidade e Eficiência: Uma das finalidades do decreto era combinar os princípios de estabilidade e eficiência, garantindo que os servidores públicos fossem selecionados por mérito, capacitados adequadamente e avaliados com base em seu desempenho. O Decreto-Lei nº 200/1967 foi uma resposta às demandas crescentes por uma administração pública mais eficiente e moderna no Brasil durante a década de 1960. Sua aprovação refletiu a busca por uma administração menos centralizada e mais adaptável às demandas e desafios do período. Ainda hoje, muitos de seus princípios e diretrizes são referência quando se 40 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 discute a organização e a eficiência da administração pública no Brasil. Artigo 5º. Para os fins desta lei, considera-se: I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969) IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidadejurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por 41ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. (Incluído pela Lei nº 7.596, de 1987) § 1º No caso do inciso III, quando a atividade for submetida a regime de monopólio estatal, a maioria acionária caberá apenas à União, em caráter permanente. § 2º O Poder Executivo enquadrará as entidades da Administração Indireta existentes nas categorias constantes deste artigo. § 3º As entidades de que trata o inciso IV deste artigo adquirem personalidade jurídica com a inscrição da escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, não se lhes aplicando as demais disposições do Código Civil concernentes às fundações. (BRASIL, 2019) Artigo 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada. § 1º A descentralização será posta em prática em três planos principais: a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se claramente o nível de direção daquele de execução; b) da Administração Federal para a das unidades federadas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio; 42 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões. § 2° Em cada órgão da Administração Federal, os serviços que compõem a estrutura central de direção devem permanecer liberados das rotinas de execução e das tarefas de mera formalização de atos administrativos, para que possam concentrar-se nas atividades de planejamento, supervisão, coordenação e controle. § 3º A Administração casuística, assim entendida a decisão de casos individuais, compete, em princípio, ao nível de execução, especialmente aos serviços de natureza local, que estão em contato com os fatos e com o público. § 4º Compete à estrutura central de direção o estabelecimento das normas, critérios, programas e princípios, que os serviços responsáveis pela execução são obrigados a respeitar na solução dos casos individuais e no desempenho de suas atribuições. § 5º Ressalvados os casos de manifesta impraticabilidade ou inconveniência, a execução de programas federais de caráter nitidamente local deverá ser delegada, no todo ou em parte, mediante convênio, aos órgãos estaduais ou municipais incumbidos de serviços correspondentes. § 6º Os órgãos federais responsáveis pelos programas conservarão a autoridade normativa e exercerão controle e fiscalização indispensáveis sobre a execução local, 43ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 condicionando-se a liberação dos recursos ao fiel cumprimento dos programas e convênios. § 7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão e controle e com o objetivo de impedir o crescimento desmesurado da máquina administrativa, a Administração procurará desobrigar-se da realização material de tarefas executivas, recorrendo, sempre que possível, à execução indireta, mediante contrato, desde que exista, na área, iniciativa privada suficientemente desenvolvida e capacitada a desempenhar os encargos de execução. § 8º A aplicação desse critério está condicionada, em qualquer caso, aos ditames do interesse público e às conveniências da segurança nacional. (BRASIL, 2019) RESUMINDO Neste capítulo você viu um resgate histórico sobre os processos de mudanças e tentativas de modernização do aparelho público. Compreendeu que a execução das atividades da administração federal deverá ser descentralizada nos preceitos da lei. Aprendeu também o que vem a ser autarquia, empresa pública, a sociedade de economia mista e fundação pública, passando pela legislação que busca superar a rigidez da burocracia. O processo de busca pela modernização da administração pública vem de longa data e conhecemos algumas das leis em vigou para garantir esse processo. 44 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Os limites da política sobre a máquina pública OBJETIVO Compreender que com a Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional nº 19, o Brasil chega ao terceiro modelo de Administração Pública gerencial cujo princípio é a eficiência e que, de acordo com Sarturi (2013) caracteriza “um Estado não mais prioritariamente produtor de bens e serviços, mas regulador da economia e da sociedade”. Veremos também que mediante as mudanças ocorridas nas estruturas organizacionais e o conceito moderno da nova gestão pública onde o objetivo é a redução da máquina estatal e a redução de custos, o modelo da administração gerencial tornou-se mais adequado ao que se espera da prestação de serviços dos órgãos públicos. Mas existem limites na sua atuação. Ao longo da história contemporânea, assistimos a uma reconfiguração das funções e responsabilidades do Estado em relação à economia e à sociedade. Um dos movimentos mais significativos nesse contexto é a transição do Estado como principal fornecedor de serviços para um papel mais regulador e garantidor. No modelo de Estado Fornecedor, o Estado assume a responsabilidade direta pela prestação de uma variedade de serviços à sociedade, como saúde, educação, transporte e infraestrutura. Isso muitas vezes envolve a propriedade e a operação de empresas e instituições que fornecem esses serviços, como hospitais públicos, escolas e sistemas de transporte. Esse modelo foi especialmente prevalente no período pós-Segunda 45ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Guerra Mundial até os anos 1980, especialmente em muitos países de economia mista ou orientados para o bem-estar social. A transição para o Estado Regulador ocorre quando o Estado começa a se retirar da prestação direta de serviços, passando a estabelecer normas, diretrizes e regulamentos que as entidades privadas e semi privadas devem seguir. Em vez de ser o operador direto, o Estado atua como um supervisor ou regulador, garantindo que os padrões sejam atendidos e que os direitos dos cidadãos sejam protegidos. Já como Estado Garantidor, o papel do Estado é assegurar que todos os cidadãos tenham acesso a serviços essenciais, independentemente de sua capacidade de pagamento ou status social, por meio de subsídios, vouchers ou outras formas de apoio. Essa mudança foi impulsionada por várias razões: • Eficiência Econômica: A percepção de que o setor privado pode, em certos setores, operar de forma mais eficiente e inovadora do que o setor público, levando a melhores serviços a um custo menor. • Cargas Fiscais: O desejo de aliviar as cargas fiscais do Estado, transferindo alguns dos custos e riscos associados à prestação de serviços para o setor privado. • Adaptação e Flexibilidade: A transição permitiu uma resposta mais rápida e adaptável às mudanças nas demandas e necessidades da sociedade. • Globalização e Competitividade: Em um mundo globalizado, muitos governos buscaram tornar suas economias mais competitivas, abrindo setores anteriormente monopolizados pelo Estado para a concorrência internacional. 46 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 • Empoderamento do Consumidor: Proporcionar escolha e voz ao consumidor, permitindo-lhes selecionar entre diferentes provedores de serviços. A transição também trouxe desafios. A regulação inadequada pode levar a falhas de mercado, como monopólios ou cartéis. Além disso, há a preocupação de que serviços essenciais possam se tornar inacessíveis para os mais vulneráveis se não forem adequadamente subsidiados ou apoiados. Essa transição reflete uma mudança na visão sobre o papel do Estado na economia e na sociedade. Embora esse modelo traga muitos benefícios potenciais em termos de eficiência, flexibilidade e escolha, tambémrequer uma regulamentação e supervisão cuidadosas para garantir que os direitos e necessidades de todos os cidadãos sejam atendidos. Imagem 4.8 -Direitos fundamentais. Fonte: Freepik. https://br.freepik.com/fotos-gratis/pessoas-de-cadeia-de-origami-vista-superior-com-globo_9393822.htm 47ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Direitos sociais fundamentais A Administração Pública, em sua essência, é o aparato através do qual o Estado executa suas políticas, serviços e ações, atuando como interface direta entre o poder público e a sociedade. Em um Estado Democrático de Direito, a Administração Pública não atua apenas como um executor de tarefas, mas também como um guardião e promotor dos direitos fundamentais dos cidadãos. Os direitos fundamentais são aqueles inerentes à condição humana, indispensáveis para uma existência digna e para a plena realização do indivíduo na sociedade. Eles estão geralmente inscritos nas constituições nacionais e em tratados internacionais de direitos humanos e incluem direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais. A Administração Pública tem o dever primordial de promover e proteger os direitos fundamentais. Isso implica em criar e manter serviços que garantam a saúde, educação, segurança e bem-estar dos cidadãos. Os direitos fundamentais atuam como limitadores do poder estatal. Isso significa que, em suas ações, a Administração Pública deve sempre respeitar e proteger os direitos dos cidadãos, evitando qualquer forma de abuso ou arbitrariedade. Muitos direitos fundamentais exigem uma ação proativa do Estado. Por exemplo, o direito à educação requer a criação e manutenção de escolas e instituições de ensino. Assim, a Administração Pública deve não apenas se abster de violar direitos, mas também atuar positivamente para realizá-los. Para garantir que os direitos fundamentais sejam respeitados, a Administração Pública deve operar de maneira 48 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 transparente e ser responsabilizada por suas ações. Isso implica em prestar contas à sociedade e ser submetida a mecanismos de controle e fiscalização. A garantia dos direitos fundamentais é potencializada quando os cidadãos têm canais para participar das decisões administrativas, seja através de consultas públicas, audiências ou outros mecanismos de participação. A relação entre Administração Pública e direitos fundamentais não está isenta de tensões. Em situações de escassez de recursos, a administração pode enfrentar dificuldades em garantir plenamente todos os direitos. Além disso, situações de emergência, como crises econômicas ou pandemias, podem colocar em debate a primazia de certos direitos em detrimento de outros. A Administração Pública, em sua atuação, deve sempre ter os direitos fundamentais como bússola orientadora. O respeito, promoção e garantia desses direitos são indicativos de uma administração comprometida com a dignidade, liberdade e bem-estar de seus cidadãos. Afinal, em um Estado Democrático de Direito, a verdadeira finalidade da máquina pública é servir ao cidadão e garantir a concretização de seus direitos mais básicos e essenciais. SAIBA MAIS Para aprofundar o estudo acerca dos Direitos fundamentais, leia o artigo “Direito e garantias fundamentais: conceito e característica”. Disponível abaixo. https://www.projuris.com.br/blog/o-que-sao-direitos-fundamentais/#:~:text=Os%20direitos%20e%20garantias%20fundamentais,para%20que%20o%20indivíduo%20exista. https://www.projuris.com.br/blog/o-que-sao-direitos-fundamentais/ 49ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Os artigos 5º ao 17 da Constituição Federal estipulam quais são os direitos fundamentais e garantias que o indivíduo brasileiro e a sociedade desfrutam de forma contínua. Os direitos e garantias fundamentais estão divididos na Constituição Federal por temas específicos. São eles: direitos individuais e coletivos (artigo 5º da CF), direitos sociais (do artigo 6º ao artigo 11 da CF), direitos de nacionalidade (artigos 12 e 13 da CF) e direitos políticos (artigos 14 ao 17 da CF). São categorizados da seguinte maneira: Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (artigo 5º): • Igualdade perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. • Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. • Direito de resposta e direito ao habeas corpus e habeas data. • Liberdade de expressão, de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. • Liberdade de consciência, de crença e de exercer cultos religiosos. • Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas. • Inviolabilidade do lar e sigilo de correspondência e das comunicações. • Direito de propriedade e função social da propriedade. • Direito de herança. • Livre associação profissional ou sindical, entre outros. 50 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Dos Direitos Sociais (artigo 6º ao 11): • Direito à educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. • Direito de greve. • Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, como jornada de trabalho de 8 horas, salário mínimo, férias remuneradas, 13º salário, entre outros. Da Nacionalidade (artigo 12 e 13): • Estabelece quem são os brasileiros natos e naturalizados e quais são seus direitos e restrições. • Direito ao uso da língua portuguesa como língua oficial da República Federativa do Brasil. Dos Direitos Políticos (artigo 14 ao 16): • Garante o direito ao voto, a participação política e os mecanismos de soberania popular. Dos Partidos Políticos (artigo 17): • Garante a liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos. Os direitos fundamentais não se limitam apenas ao Título II. Ao longo da Constituição, outros direitos, como os direitos dos índios (artigos 231 e 232) e os direitos relacionados ao meio ambiente (artigo 225) tratados. 51ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Imagem 4.9 - Direito a educação. Fonte: Freepik. O reconhecimento e a proteção desses direitos na Constituição Federal de 1988 refletem uma resposta às graves violações de direitos humanos que ocorreram durante o período da ditadura militar no Brasil. A Emenda Constitucional nº 90, de 2015 dá nova redação ao art. 6º da Constituição Federal de 1988 introduzindo o transporte como direito social. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do art. 60 da Constituição Federal de 1988, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Artigo único: O art. 6º da Constituição Federal de 1988 passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, https://br.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-lei-de-patentes-com-homem-e-balanca_10491654.htm#page=3&query=direito%20a%20educação&position=33&from_view=search&track=ais 52 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 2010, pág. 387) Assim, é preciso reconhecer que: Evidentemente, como a Constituição brasileira é indubitavelmente programática - traça planos, diretrizes e metas – a seus destinatários. Em larga medida, o fundamento da própria política pública está desenhada no texto constitucional, o que gera, em muitos casos, a justiciabilidade desses direitos ... É dizer, a Constituição é em importante elemento de referência e validade para o desenvolvimento de inúmeras políticas públicas nos diversos segmentos e atividades por ela regulados, traçando em maior ou menor grau, os próprios elementos da política pública que devem ser desenvolvidos e concretizados. (FIGUEIREDO, 2008, pág. 16) Parâmetro para o controle judicial das políticas públicas Políticas públicas podemser compreendidas como um conjunto de ações, estratégias e diretrizes definidas pelo Estado, com o objetivo de atender às necessidades e aspirações da população em diversas áreas, como educação, saúde, transporte, habitação, meio ambiente, dentre outras. Originadas do processo democrático, essas políticas são ferramentas fundamentais na transformação social, econômica e política de uma nação, refletindo a capacidade do Estado em responder de forma efetiva aos desafios e demandas da sociedade. 53ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 A formulação de políticas públicas geralmente passa por etapas que incluem a identificação de problemas ou necessidades, a elaboração de propostas, a implementação das ações propostas e a posterior avaliação dos resultados. Este processo requer a interação entre diferentes atores, como gestores públicos, especialistas, representantes da sociedade civil e, em muitos casos, organismos internacionais. A participação cidadã é um elemento chave na formulação de políticas públicas eficientes e eficazes. Por meio de mecanismos de participação, como audiências públicas, conselhos participativos e consultas públicas, os cidadãos têm a oportunidade de influenciar decisões, priorizar demandas e fiscalizar a aplicação dos recursos. No entanto, para que as políticas públicas alcancem seus objetivos, é fundamental que sejam baseadas em evidências, informações precisas e análises técnicas. Além disso, devem ser adaptáveis, uma vez que as necessidades sociais são dinâmicas e podem se alterar conforme o contexto socioeconômico e cultural. As políticas públicas são reflexos das escolhas e prioridades de uma sociedade, mediadas pela ação estatal. Elas são instrumentos essenciais na promoção da justiça social, equidade e desenvolvimento sustentável, moldando o presente e definindo o futuro de uma nação. Seu entendimento é fundamental para qualquer cidadão que deseje compreender e participar ativamente da construção e aprimoramento da vida coletiva em seu país. O controle judicial das políticas públicas refere-se à capacidade do Poder Judiciário de intervir e analisar as ações e omissões dos demais poderes estatais, especialmente o Executivo e Legislativo, quando estes implementam ou se abstêm de implementar políticas públicas. Esse controle tem como principal finalidade assegurar que os direitos fundamentais dos cidadãos 54 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 sejam respeitados e efetivados. O controle das políticas públicas pode ocorrer por diversas razões como: 1. A Constituição estabelece um conjunto de direitos e garantias que os cidadãos possuem. Se uma política pública violar esses direitos ou se a ausência de uma política resultar na violação destes, o Poder Judiciário pode ser acionado para corrigir essa situação. 2. Em muitos casos, o Judiciário atua de maneira subsidiária, intervindo quando os outros poderes falham em cumprir seus deveres ou quando agem de forma abusiva. 3. Muitas vezes, as políticas públicas são discutidas sob o prisma da disponibilidade orçamentária. Contudo, o Judiciário pode intervir para garantir que a alegada falta de recursos não seja um obstáculo na concretização de direitos essenciais. O controle das políticas públicas pode trazer desafios de diferentes naturezas, vejamos: • O controle judicial pode gerar tensões entre o Judiciário e os demais poderes, especialmente quando o primeiro determina a alteração ou implementação de uma política pública. • Políticas públicas frequentemente envolvem questões técnicas e avaliações especializadas. O Poder Judiciário pode não ter a expertise necessária para avaliar todas as nuances de determinada política. A linha entre a proteção de direitos fundamentais e o ativismo judicial pode ser tênue. Há um debate constante sobre até que ponto o Judiciário deve intervir nas políticas públicas sem usurpar as funções dos demais poderes. O controle judicial das políticas públicas é uma ferramenta essencial para garantir que os direitos dos cidadãos sejam protegidos e efetivados. Entretanto, 55ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 esse controle deve ser exercido com cautela, equilíbrio e respeito às competências dos demais poderes. O desafio está em encontrar o ponto de equilíbrio onde os direitos fundamentais sejam resguardados sem que haja uma superposição desmedida do Judiciário sobre as funções dos outros poderes. EXEMPLO: o Sistema Único de Saúde (SUS), no final dos anos 1980, em meio à redemocratização brasileira, houve uma forte demanda por reformas em várias áreas, incluindo a saúde. A Constituição de 1988 estabeleceu a saúde como um direito de todos e dever do Estado, dando origem à criação do SUS. Essa medida tinha como objetivos: Universalização do acesso à saúde, integralidade da assistência, descentralização da gestão e a participação da população. O SUS representa uma das maiores políticas públicas de saúde do mundo, atendendo milhões de brasileiros diariamente. Ao longo dos anos, o sistema foi responsável por várias campanhas de vacinação, programas de prevenção de doenças, tratamentos especializados, transplantes, entre outros. Ferreira, 2012 em seu artigo “Políticas Públicas e Limites ao Poder Discricionário - Análise Da STA-AGR 175” traz com propriedade em seu artigo a conjugação de três fatores de inferência: I. sendo a política pública um dos meios eficazes para a adjudicação dos direitos fundamentais, notadamente os de índole social. II. sendo a margem de discricionariedade diminuída em detrimento dos objetivos a serem alcançados insculpidos na Constituição III. não podendo o Poder Judiciário eximir-se de apreciar lesão ou ameaça a direito, parece restar clara a possibilidade de controle das políticas públicas por parte do Judiciário. 56 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 Ainda, o autor traz reflexões que destacam o quão profundo é o tema das limitações de atuação do Poder Judiciário que tem uma atribuição constitucional residual em matéria de políticas públicas. Isto significa que a jurisdição não pode intervir indistintamente nas políticas públicas desenvolvidas pelos demais poderes. Somente no caso de omissão ou de contrariedade com os núcleos constitucionais de irradiação e sempre de forma a respeitar a proporcionalidade é que o Poder Judiciário intervém nas políticas públicas (FERREIRA apud CANELA JR., 2011, pág. 148). Imagem 4.10 - Poder Judiciário e a Gestão Pública. Fonte: Freepik. Os Limites constitucionais As reformas constitucionais são mecanismos essenciais para atualizar e adaptar a Carta Magna às transformações sociais, políticas e econômicas que ocorrem ao longo do tempo. No entanto, tais reformas não são absolutas e encontram limitações intrínsecas. Em muitos ordenamentos jurídicos, as Constituições estabelecem cláusulas pétreas, que são disposições consideradas fundamentais e, por isso, imunes a modificações. Essas cláusulas https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-de-etica-empresarial_10981020.htm#query=poder%20judiciário%20e%20gestão&position=14&from_view=search&track=ais 57ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA U ni da de 4 funcionam como baluartes de valores e princípios que a sociedade, em determinado momento histórico, entendeu como essenciais e indeléveis. Deste modo, mesmo que uma proposta de emenda à Constituição obtenha aprovação parlamentar, se esta afrontar uma cláusula pétrea, poderá ser considerada inconstitucional. Esse mecanismo busca preservar a essência e a estabilidade constitucional, protegendo-a de alterações que possam comprometer os pilares fundamentais do Estado de Direito. Muito se tem falado sobre ações, projetos e propostas da Reforma Constitucional. Entretanto, a liberdade de mudança é limitada pela própria Constituição Original, conforme destaca Ferreira apud Canela Jr. (2011) “a reforma constitucional deve ser elaborada dentro de parâmetros previamente estipulados, são os denominados