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1 FORMAS DE GESTÃO PÚBLICA 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 Introdução .................................................................................................... 4 Políticas Públicas ......................................................................................... 5 Gestão Pública ............................................................................................. 6 Evolução da Administração Pública para a Gestão Pública ......................... 8 Formas de Gestão Públicas ....................................................................... 11 - Administração Pública Patrimonialista: .................................................... 12 - Administração Pública Burocrática: ......................................................... 14 - Administração Pública Gerencial ............................................................. 16 Controle da Administração Pública ............................................................ 21 Referências Bibliográficas .......................................................................... 24 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 Introdução Sant’Anna (2013), defende a ideia de que os termos GESTÃO E ADMINNISTRAÇÃO se referem ao mesmo assunto. Matias-Pereira (2008), considera o conceito de administração pública amplo e bem complexo, daí a dificuldade de ter uma definição clara. Outros autores sustentam que a administração é original e primária, enquanto a gestão é nova e especializada. A maioria dos autores desse tema conceituam administração em dois sentidos: um, como um conjunto de órgãos e agentes aos quais as leis atribuem a função administrativa do Estado; outro, como um conjunto de atividades destinadas à execução de tarefas consideradas de interesse público. Neste último, o termo aponta para a atividade de administrar, de gerir. O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado – PDRAE, iniciado em 1995, influenciou troca dos termos de Administração Pública por “Gestão Pública”, e ainda definiu objetivos e estabeleceu diretrizes para a reforma da administração pública brasileira. O termo “Gestão Pública” foi recente mente associado a paradigmas de uma gestão mais moderna, imbuída de valores como eficiência, eficácia, foco em resultados, qualidade dos serviços prestados dentre outros. Este novo modelo de gestão exige mudanças radicais dos gestores e dos servidores, com a finalidade de melhor atender às demandas. https://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://blogdoaftm.com.br/wp-content/uploads/2019/07/aaa-1.jpg&imgrefurl=http://blogdoaftm.com.br/como-a-tecnologia-esta-ajudando-no-processo-de-gestao-publica/&docid=bQpz9ntUq1PP-M&tbnid=6hLhX71W5BdTDM:&vet=10ahUKEwi6yNm73cblAhXtIbkGHTNsC8IQMwhCKAEwAQ..i&w=713&h=468&itg=1&bih=768&biw=1366&q=imagens%20de%20gestao%20publica&ved=0ahUKEwi6yNm73cblAhXtIbkGHTNsC8IQMwhCKAEwAQ&iact=mrc&uact=8 5 Políticas Públicas As Políticas públicas são parte da ciência política, estudada desde o início do século passado. No entanto, só recentemente constituiu cursos de graduação e pós- graduação no Brasil. É conceituado por muitos pesquisadores como um conjunto de teorias que tentam explicar como se dá a construção e implementação de ações do Estado, para alterar ou manter uma determinada realidade. É um esforço para classificar, prever e melhorar processos políticos. Por exemplo: como se dá, no âmbito do governo de sua prefeitura, o combate à dengue? Como o secretário convence o Prefeito de que é necessário mais dinheiro ou mais pessoal? Como as organizações da sociedade ajudam na tarefa de combate à dengue? As ações da prefeitura dão bons resultados? As políticas públicas afetam a todos os cidadãos, de todos os cidadãos, independente de sexo, raça, religião ou nível social. Com a expansão da democracia, as responsabilidades dos representantes popular se diversificaram, sendo, portanto, comum dizer que sua função é promover a qualidade de vida da sociedade. Essa qualidade de vida está intimamente relacionada a ações bem desenvolvidas e a sua execução em áreas como saúde, educação, meio ambiente, habitação, assistência social, lazer, transporte e segurança, ou seja, deve-se contemplar a qualidade de vida como um todo. É partindo desse princípio que, para atingir resultados satisfatórios em diferentes áreas, os governos nas esferas federal, estaduais ou municipais, se utilizam das políticas públicas. Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou municipais) com a participação, direta ou indireta, de entes públicos ou privados que visam assegurar determinado direito de cidadania https://www.politize.com.br/democracia-o-que-e/ https://www.politize.com.br/niveis-de-governo-federal-estadual-municipal/ https://www.youtube.com/watch?v=fZV2yC3jSr8 6 para vários grupos da sociedade ou para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. Sendo, portanto, direitos assegurados na Constituição. As políticas públicas podem possuir dois sentidos diferentes: A) Político: encara-se a política pública como um processo de decisão, em que há naturalmente conflitos de interesses. Por meio das políticas públicas, o governo decide o que fazer ou não fazer. B) Administrativo: as políticas públicas são um conjunto de projetos, programas e atividades realizadas pelo governo. A política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado ou parte da política de governo. Sendo que a política de Estado é toda política que independente do governo e do governante deve ser realizada porque é amparada pela constituição. Já uma política de governo pode depender da alternância de poder. Cada governo tem seus projetos, que por sua vez se transformam em políticas públicas. Vejamos alguns exemplos dessa distinção: é muito comum ouvirmos dizer que a política externa do país deve ser uma política de Estado, ou seja, uma política orientada por ideais que transcendem governos e que se mantêm no longo prazo. Políticas públicas eficientes que têm continuidade de um governo para outro podem se transformar em política de Estado. Um possível exemplo disso é o programa Bolsa Família, criado e expandido no governo do PT, cujos bons resultados levaram o líder oposicionista Aécio Neves a propor que o programa seja transformado em política de Estado, no ano de 2014 (a ideia seria incorporar o programaà Lei Orgânica da Assistência Social). Gestão Pública https://www.politize.com.br/constituicao-de-1988/ https://www.politize.com.br/gestao-de-conflitos-politica/ https://www.politize.com.br/politica-externa-o-que-e-e-por-que-e-importante/ https://www.politize.com.br/bolsa-familia-mitos/ https://www.politize.com.br/bolsa-familia-mitos/ http://senado.jusbrasil.com.br/noticias/112173164/projeto-que-transforma-bolsa-familia-em-politica-de-estado-pode-ser-votado-na-quarta http://senado.jusbrasil.com.br/noticias/112173164/projeto-que-transforma-bolsa-familia-em-politica-de-estado-pode-ser-votado-na-quarta 7 A palavra GESTÃO deriva do latim, sendo conceituado como ato de administrar; de gerir; gerência ou administração. O termo gestão surgiu da necessidade de um novo conceito de administrar, que expressasse as mudanças que aconteciam dentro da ação administrativa, que superasse a visão tecnicista da administração, que fosse além das tarefas: coordenar, planejar, organizar, dirigir e controlar, que incorporasse um novo momento social, político e cultural. Um conceito mais interdisciplinar, fundamentado na filosofia, sociologia, antropologia e política. Desta forma, por retratar uma visão estratégica mais ampla, mais descentralizada, um processo político-administrativo, com as ações mais interligadas e contextualizadas, promovendo condições mais adequadas, tanto materiais, quanto humanas, para promover o sucesso dos processos social, cultural, educacional e político, optou-se pelo termo gestão, enquanto concepção mais democrática, mais participativa, que suscita a colaboração dos sujeitos sociais envolvidos no processo. Gestão Pública é considerado um termo mais recente, que indica utilização de novas práticas na administração do setor público, algumas importadas do setor privado, outras recuperadas dos porões da história, outras desenvolvidas nas últimas décadas. Do ponto de vista do ensino, é mais vinculado a práticas de gestão, a funcionalidades e situação atual do Estado. 8 Evolução da Administração Pública para a Gestão Pública A redemocratização, a inspiração neoliberal e as referências das inovações oriundas de países mais avançados, os movimentos de reforma procuravam centrar- se nas especificidades das diversas organizações públicas, à semelhança das mudanças na área privada. A perspectiva básica era a eficiência e capacidade de resposta da administração pública e melhora da gerência pública. Portanto passou-se a questionar o tradicionalismo da administração pública, mas incorporando os fundamentos democráticos implantados na nova Constituição, como a subordinação da administração pública a mandatos políticos conquistados em eleições democráticas. Em períodos não democráticos, as tentativas de aparência tecnocrática ofuscaram muitos dos problemas de embates políticos, não porque deixassem de existir, mas porque havia sempre um lado repressor. Com as novas inspirações ideológicas, começou-se a delinear a ideia de que os governos não poderiam sozinhos conduzir ao progresso. O desenvolvimento passou a ser visto como algo complexo e gigantesco, e as máquinas administrativas tradicionais não como fator de modernização, mas obstáculos ao progresso. 9 Surgiram movimentos significativos, em muitos países e apoiados por entidades internacionais, para proclamar a descrença nas possibilidades da administração pública de conduzir o desenvolvimento. Reduzir o tamanho do Estado e modernizar a administração pública de conduzir o desenvolvimento. Reduzir o tamanho do Estado e modernizar a administração pública tornaram- se pontos importantes de uma nova agenda política. Ao contrário das experiências anteriores, essa modernização se inspirou fortemente nos modelos de gestão privada, considerados superiores e mais eficazes. Assim, as principais mudanças seriam transferir funções estatais para a área privada e as restantes seriam administradas com formas o mais próximo possível das praticadas nas empresas privadas. Tendo a representação democrática como premissa, tentou-se valorizar as técnicas administrativas e a competência neutra dos servidores, presumindo sempre a sua ação por delegação política e não por autonomia própria. A administração eficiente seria consequência natural de instrumentos gerenciais, como estruturas e códigos de procedimentos adequados e boas regras orçamentárias e gestão de pessoal. Pela falta de eficiência, culpavam-se a inadequação das estruturas e dos procedimentos e a inabilidade dos próprios servidores. Ajustes administrativos seriam feitos de acordo com novos propósitos políticos, adquiridos em eleições, ou com novas tecnologias administrativas. As reformas preservavam as estruturas organizacionais, favoreciam a rigidez dos códigos administrativos, e algumas propostas mais audaciosas propunham maior descentralização e autonomia organizacional. Entretanto, não se questionava fundamentalmente a administração pública, senão sua ineficiência ou iniquidade. Em grande parte, essas reformas colocavam em causa a própria viabilidade da administração pública como condutora de eficiência ou de eficácia na gestão de serviços e na ação redistributiva. Os novos modelos procuram transformar e introduzir na gestão pública o estilo privado. Além de ampliarem a importação de técnicas típicas 10 da área privada, propõem sempre com grande ênfase eliminação, privatização e terceirização de serviços. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, as ideias sobre reformar a administração, com premissas de radicalismo e promessas de eficiência imediata, são sempre atraentes, dadas as dificuldades que os cidadãos enfrentam em tratar de seus interesses em qualquer organização pública. Ao entrar em contato com uma repartição pública, a maioria dos cidadãos experimenta uma história de relativo descaso e má qualidade no atendimento, sobretudo na área social. Para essas pessoas, a ineficiência no serviço é um sintoma de iniquidade social, já que os mais afortunados normalmente dispõem de outros meios. Ao imitar a gestão privada, as propostas contemporâneas assumem a singularidade do cliente e suas demandas como fundamentais na gestão pública. Antes de planejar suas ações ou oferta de serviços, as organizações públicas devem conhecer as demandas de sua clientela. A organização pública existe para servir o indivíduo: deve centralizar suas ações na demanda do cliente e na sua escolha. Como no mercado, cliente é categoria primordial, e deve ser considerado em todas as instâncias. Essa ideologia veio contaminada e reforçada pelos valores dos países mais avançados, onde o individualismo fundamentado na igualdade das oportunidades constitui uma prática social comum. Por isso esses modelos centram-se mais no indivíduo (clientes e funcionários) e menos no contexto. A ideologia liberal centrada no indivíduo valoriza a iniciativa, o espírito empreendedor e o desempenho e realização individuais. Ainda prevalece e se reforça posições de ser a administração pública responsável por reduzir a desigualdade social tanto por medidas desenvolvimentistas quanto por programas sociais compensatórios. Na prática neoliberal de países mais avançados, a gestão pública deve agir no sentido de manter a igualdade perante a lei e de garantir oportunidades iguais, salvo nos casos em que as chances não são 11 claramente iguais. Programas sociais se justificam mais facilmente pela desigualdade de oportunidades do que pela compensação de diferenças de desempenho. Formas de Gestão Públicas No processo de evolução do Estado moderno, é possível observar significativas mudanças na relação da sociedade com o patrimônio público. Essas diferentes posturas da sociedade em relação a res publicam podem ser resumidasnaquilo que a doutrina passou a denominar de “as três formas de Administração Pública”, as quais sintetizam, idealmente, três distintas maneiras de administração do patrimônio do Estado. Os diferentes perfis de Administração Pública que se sucederam são: a Administração Pública Patrimonialista, a Administração Pública Burocrática e a Administração Pública Gerencial A ética na gestão pública está diretamente relacionada com a forma pela qual as ações do Estado são direcionadas e o guia para essas ações são os modelos de gestão. O Brasil passou por diferentes perfis de Administração Pública que se sucederam, são eles: patrimonialista, burocrático e gerencial. As características de cada um desses modelos de administração levam a um caminho para o tratamento da coisa pública e, consequentemente, a uma nova interpretação do que é ser ético na administração pública. 12 - Administração Pública Patrimonialista: É um modelo de administração típico dos Estados Absolutistas da Europa e chegou ao Brasil com a vinda de Dom João VI e sua corte em 1808. O Estado era tido como uma extensão do poder do governante e os administradores chegavam aos seus postos de trabalho por indicação do soberano. Na visão patrimonialista, a visão de que a gestão pública deveria servir a população para satisfazer ou dar condições para que suas necessidades fossem atendidas era antagônica, ou seja, entendia-se que o Estado era uma entidade que deveria ter suas necessidades satisfeitas por meio do trabalho dos seus governados. Os governantes consideraram o Estado como seu patrimônio, havendo uma total confusão entre o que é público e o que é privado. (SILVA, 2013) No modelo patrimonialista, “a gestão dos negócios governamentais caracterizava-se por um modelo fortemente centralizado e pela ausência de critérios e métodos científicos de gestão”. Normalmente, os cargos eram dados como forma de agradecimento ou para preservar interesses particulares. Era uma forma de 13 administrar que privilegiava o clientelismo, o nepotismo e a corrupção, uma vez que o interesse público e privado se misturava. Marini (2004, p.4), Neste modelo de administração o aparelho do Estado funciona como uma extensão do poder do soberano, e os seus auxiliares, servidores possuem status de nobreza real. Os cargos são considerados prebendas e não há diferença entre res pública e res principis. Consequentemente, a corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração. Na administração público patrimonialismo, não é possível afirmar que existe coisa pública em sentido contemporâneo, uma vez que o próprio Estado se confunde com patrimônio do soberano, sendo mera extensão daquilo que lhe pertence. O interesse perseguido é sempre o de quem detém o aparelho de Estado em suas mãos, não se podendo falar, nesse momento, de institutos básicos da moderna Administração Pública, como a ideia de supremacia e indisponibilidade do interesse público, separação do servidor de seu cargo, entre outros (ACUNHA, 2013, p. 26). Com a afirmação do capitalismo e da democracia, o mercado e a sociedade civil passam a se distinguir do Estado e, a partir desse momento histórico, a Administração Patrimonialista torna-se inaceitável. A reação ao Ancien Régime e a prevalência dos ideais da burguesia contra o autoritarismo e a ausência de segurança jurídica, marcados pelo surgimento do Estado Liberal, conduz a uma nova forma de organização e gestão da coisa pública. Nesse momento, separa-se a esfera dos interesses dos indivíduos (interesses privados) da esfera do interesse da coletividade (o interesse público), atribuindo-se ao Estado a missão primordial de buscar a satisfação desse último, embora não de forma exclusiva, já que, em inúmeras situações, o ordenamento jurídico confere ao particular a legitimidade para realizar e defender o interesse público, ainda que esse possa ser utilizado como instrumento contrário aos interesses da própria Administração Pública (interesse coletivo e interesse da Administração não se confundem) (ACUNHA, 2013, p. 26). https://jus.com.br/tudo/separacao https://jus.com.br/tudo/separacao 14 - Administração Pública Burocrática: O modelo Burocrático surgiu na Europa no século XIX com a intenção de reduzir a corrupção e trazer mais impessoalidade às ações da administração pública. No Brasil, esse modelo foi adotado na década de 1930, no governo do então presidente Getúlio Vargas. O país passava por um momento de crescente industrialização e ao mesmo tempo de um forte nacionalismo e uma grande centralização administrativa. Tinha-se a intenção de acabar com a cultura patrimonialista que havia se alastrado por toda a administração desde antes da independência, tendo passado por todo período imperial e pela chamada “República Velha”, a qual tem como uma das suas mais fortes marcas o “coronelismo”. Em relação à postura do administrador público frente ao modelo burocrático, Osório (2005) afirma: Nas estruturas burocráticas do domínio legal Weberiano, a administração pública passou a ocupar um lugar de destaque, caracterizando-se não apenas pelo apego às formas instrumentais do governo, mas sobretudo pelo ideal de obediência a legalidade. Daí porque a liberdade do administrador haveria de ser muito restrita, ou mesmo inexistente, dentro dos padrões de divisão dos poderes. (OSÓRIO, 2005) Na Constituição de 1934 já havia um artigo que tratava do direito ao livre acesso a todos os brasileiros aos cargos e o fim das discriminações de estado civil e sexo, questões que faziam parte das legislações até ali existentes. Barbosa (1999). A própria criação do Departamento da Administração do Serviço Público (DASP), em 1936, foi uma tentativa de formar uma nova cultura administrativa, já que esse órgão deveria implementar as diretrizes, formar administradores do alto escalão e supervisionar a administração pública. Sobre o modelo de administração burocrática, Silva (2013) afirma: Entre as principais críticas à administração pública burocrática, pode-se citar a separação do Estado e sociedade, pelo fato de os funcionários se concentrarem no controle e na garantia do poder do Estado. O modelo burocrático está presente na Constituição de 1988 e em todo o sistema do direito 15 administrativo brasileiro. Ele está baseado no formalismo e na presença constante de normas e rigidez de procedimentos. (SILVA, 2013) Essa forma de administração surge como uma reação ao modelo anterior. Visa combater a corrupção e o nepotismo patrimonialistas e apresenta como princípios orientadores de seu desenvolvimento a profissionalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, a legalidade, em síntese, o poder racional. Segundo Osório (2005), o legalismo e a burocracia tornaram-se pilares de legitimação do poder político, em detrimento da discricionariedade. A obediência a processos formalmente corretos do ponto de vista jurídico seria mais importante que o atendimento a resultados. (OSÓRIO, 2005) Nessa forma de administração, os controles administrativos são sempre a priori, pois parte-se de uma desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles dirigem demandas. Daí a necessidade de controles rígidos de processos, como, por exemplo, na admissão de pessoal, nas compras e no atendimento a demandas (BRASIL, 1995, p. 15). O modelo burocrático é constituído por procedimentos formais feitos por funcionários especializados com competências fixas, sujeitos ao controle hierárquico. Essa forma de administração procura-se separar a esfera dos interesses dos indivíduos (interesse privado) daquela atinente ao interesse da coletividade (o interesse público), atribuindo-se ao Estado não o monopólio do último – visto que,como se sabe, interesse coletivo e interesse da Administração não se confundem -, mas a missão primordial de buscar a sua satisfação. O burocrático enfatiza aspectos absolutamente formais, controlando processos de decisão, estabelecendo uma hierarquia funcional rígida, baseada em princípios de profissionalização, formalismo, entre outros. O que é relevante, nesse tipo de controle, é o “como” (controle de meio de atuação, ou controle de processos), a observância 16 do atendimento às prescrições legais em todos os momentos de atuação dos agentes do Estado (princípio da legalidade), e não o “o quê” (controle finalístico, ou controle de resultados), que será enfatizado pelo modelo seguinte (ACUNHA,2013, p. 28).O modelo burocrático exerceu enorme influência na estruturação da Administração Pública brasileira plasmada na Constituição de 1988. Desde a década de 30, surgiram os concursos públicos, no Brasil, para a investidura em cargos ou empregos públicos de provimento definitivo, conforme estabelece o art. 37, II, da Constituição de 1988, com a consequente profissionalização das carreiras públicas, é um exemplo dessa influência. Por outro lado, a obrigatoriedade de se realizar licitação nas contratações públicas (art. 37, XXI, CF/88) também é exemplo dessa influência. A existência na Administração Pública brasileira, na atualidade, de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático - art. 39 da Constituição Federal, também é exemplo da permanência dos princípios fundamentais da Administração Pública burocrática. - Administração Pública Gerencial https://jus.com.br/tudo/licitacao https://jus.com.br/tudo/licitacao https://www.google.com.br/imgres?imgurl=https://www.alagoinhashoje.com/wp-content/uploads/2018/05/GEST%C3%83O-P%C3%9ABLICA-1-800x420.jpg&imgrefurl=https://www.alagoinhashoje.com/desafios-da-gestao-publica-rumo-a-excelencia-marilia-reis-jeanine-ferreira/&docid=sgW5GY9IXrPb5M&tbnid=9wSMnswjP7GJCM:&vet=10ahUKEwi6yNm73cblAhXtIbkGHTNsC8IQMwhPKA0wDQ..i&w=800&h=420&bih=768&biw=1366&q=imagens%20de%20gestao%20publica&ved=0ahUKEwi6yNm73cblAhXtIbkGHTNsC8IQMwhPKA0wDQ&iact=mrc&uact=8 17 O modelo gerencial tem como base a preocupação com a qualidade dos serviços prestados e a redução de custos. Busca ainda uma cultura gerencial nas organizações, visando resultados e o aumento da governança do Estado. Nesse modelo de administração a atuação do Estado passa a ser orientada predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade na prestação de serviços públicos, tendo o cidadão como foco principal, e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações. O princípio da eficiência passa a ser a bússola da Administração Pública. No modelo gerencial (governança), a estratégia volta-se: a) para a definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade; b) para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais, e financeiros que lhe forem colocados à disposição para que possa atingir os objetivos contratados. c) para o controle ou cobrança a posteriori dos resultados, ou seja, o controle de resultados. Nessa forma ainda se pratica a competição administrada no interior do próprio Estado, quando há possibilidade de estabelecer concorrência entre unidades internas. O modelo gerencial, fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, descentralização de funções e incentivo à criatividade. Ao invés de enfatizar o controle estrito de procedimentos, ou de “como” agir, passa-se à preocupação com os fins a serem atingidos com a atuação do Estado, ou seja, com “o que” foi feito com o dinheiro do Estado, com a avaliação que permita indicar se a meta estabelecida foi ou não alcançada, se o resultado pretendido foi ou não atingido, se o recurso público foi ou não eficientemente empregado – Princípio de eficiência como bússola da Administração Pública (ACUNHA, 2013, p. 29). https://jus.com.br/tudo/empregado 18 Afirma-se ainda que, a Administração Pública deve ser permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins), tendo como princípios norteadores a eficiência, a orientação para o cidadão-cliente, o controle dos resultados e a competição administrada. A administração pública gerencial foi a principal fonte de inspiração dos autores da chamada “Reforma Administrativa do Estado” (Emenda Constitucional n. 19/1998), a qual adotou uma série de medidas que atenuaram os rígidos controles procedimentais do período precedente, com ênfase muito maior no princípio da eficiência (incorporado ao caput do artigo 37 da Constituição Federal pela EC 19/1998), prevendo, entre outros, a atuação em parceria com sociedade civil, destacadamente, com o chamado Terceiro Setor, por meio de instituições como as Organizações Sociais e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, uma maior autonomia para as entidades administrativas, por meio de instrumentos como os contratos de gestão, que dá ensejo, até mesmo, ao que chama de competição administrada, com o estabelecimento de concorrências internas entre as pessoas jurídicas ligadas ao Estado (ou entre entidades do Terceiro Setor) na busca de recurso públicos, que serão destinados àqueles que se mostrem mais eficientes no emprego das verbas - art. 37, parágrafo 8, CF/88. (ACUNHA, 2013, p. 29). Esta forma de gestão também foi o responsável por abrir a Administração Pública a uma maior participação dos cidadãos/usuários, tendo o art. 37, parágrafo 3, da CF/88, com redação determinada pela EC 19/1998, estabelecido que “A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente”. Na Administração Pública Gerencial, a relação entre o Poder Público e seus parceiros foi radicalmente modificada, sendo digno de nota o surgimento das entidades do espaço público não estatal e a sua forma de relacionamento com o Estado, os tipos de atividades que prestam e o regime jurídico de controle que experimentam. Com a emergência do paradigma do Estado Regulador, surge a concepção de que existem espaços públicos não estatais que podem ser preenchidos por https://jus.com.br/tudo/regime-juridico https://jus.com.br/tudo/regime-juridico 19 organizações da sociedade civil, cuja finalidade consiste em satisfazer as necessidades humanas a que o mercado não consegue dar resposta e o Estado já não está em condições de satisfazer. É o surgimento do chamado Terceiro Setor, com o qual o Estado tratou de estabelecer parcerias nas áreas de saúde, educação, cultura, pesquisa e outros. Esse é o movimento que o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado – PDRAE, denominou de processo de publicização (BRASIL, 1995, p. 12-13). Está relacionado com a prestação de atividades públicas - os chamados serviços públicos, quando entendidas como não exclusivas do Estado - como a imposição e a arrecadação de tributos, o exercício do poder de polícia, e outros. O PDRAE consistiu num movimento que busca estabelecer parceria com o Terceiro Setor - Organizações Sociais e Organizações Sociais da Sociedade Civil de Interesse Público, instituídas, respectivamente pelas Leis n. 9.637/98 e 9.790/99, em relação às atividades que correspondem aos chamados espaços públicos não estatais, em que serviços públicos, como saúde, educação, cultura, pesquisa científica, meio desenvolvimento tecnológico, entre outros, não são entendidos como atividades exclusivas do Estado. Essa parceria entre o Estado e o Terceiro Setor se formaliza medianteContrato de Gestão (art. 5, da Lei n. 9.637/98) ou Termo de Parceria (art. 9, da Lei n. 9.790/99), conforme autorização do constituinte reformador no art. art. 37, parágrafo 8, da Constituição Federal. Trata-se de uma forma de controle mais suave, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados. Tanto a Lei n. 9.637/98 quanto a Lei n. 9.790/99 estabelecem formas de controle pelo resultado. O Art. 8o, § 1o, da Lei n. 9.637/98 estabelece que “§ 1o A entidade qualificada apresentará ao órgão ou entidade do Poder Público supervisora signatária do contrato, ao término de cada exercício ou a qualquer momento, conforme recomende o interesse público, relatório pertinente à execução do contrato de gestão, contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado da prestação de https://jus.com.br/tudo/plano-diretor 20 contas correspondente ao exercício financeiro.” Essa forma de controle pelo resultado também está prevista no art. 10, § 2o, incisos II e II, da Lei n. 9.790/99. É importante observar que, apesar de se tratar de uma forma de administração mais flexível, tais parcerias não estão livres da fiscalização dos órgãos de controle do Estado, como o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União e a Advocacia Pública, conforme expressamente prevê os arts. 9 e 10 da Lei n. 9.637/98 e os arts. 12 e 13 da Lei n. 9.790/99. É importante ressaltar que a Administração Pública brasileira sofre influxos de todos esses perfis de Administração Pública. Com efeito, as inovações gerenciais de dinamização convivem com os principais institutos burocráticos, como a profissionalização, o concurso público, a legalidade e com indesejáveis resquícios de patrimonialismo, como a privatização de espaços públicos e meios públicos, frequentemente colonizados pela busca de interesses privados (ACUNHA, 2013, p. 30). https://jus.com.br/tudo/fiscalizacao https://jus.com.br/tudo/tribunal-de-contas https://jus.com.br/tudo/advocacia 21 Controle da Administração Pública Nos últimos anos, estão sendo implementados no Brasil mecanismos que possibilitem um maior controle social no que se refere às ações dos agentes públicos e das políticas estatais. A busca pela transparência na gestão pública é um fator importante para que esse controle seja possível. Segundo Figueiredo e Santos (2013), “a Lei de Acesso à Informação, nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, busca tornar menos obscuro o conhecimento da informação por parte dos cidadãos, no que se refere à forma como os nossos recursos públicos são administrados”. O bem-estar social, o bem público, é o objetivo maior da administração pública. No entanto, é comum ocorrer casos de má utilização dos recursos públicos e atos de corrupção. Para buscar resolver tais problemas, tem se pensado em formas de controle que visam uma ação mais ética e eficiente da administração pública. Muitas ações têm sido feitas por parte dos governos, tanto federal quanto estaduais e municipais, referentes a essa questão. A Internet tem ajudado com a disponibilização de informações a partir do chamado “Portal da Transparência”, onde é possível encontrar dados sobre as arrecadações e gastos públicos. 22 Em relação à transparência da gestão pública, a Controladoria-Geral da União (CGU) destaca: Promover transparência é dar condições de acesso a todas as informações sobre a gestão pública. Uma Administração Pública transparente é aquela que funciona de maneira aberta, sem nada às escondidas, baseada em princípios éticos e democráticos, em função da facilidade que têm os cidadãos em acessar as informações públicas [...] Transparência é, portanto, o que permite a qualquer cidadão, saber onde, como e porque o dinheiro público está sendo gasto. (CGU, 2010) Outro ponto de destaque nesse sentido foi a Lei de Responsabilidade Fiscal. Sobre essa lei, Henriques e Alcântara (2012) destaca: A Lei Complementar 101, de 04 de maio de 2000, denominada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), consagra a transparência da gestão financeira como mecanismo de controle social, correspondendo na atualidade importante ferramenta para o controle e acompanhamento do correto destino dos recursos públicos na seara dos municípios, bem como dos demais entes federativos. Sucedeu-se, então, a Lei Complementar 131, de 27 de maio de 2009, conhecida como Lei da Transparência, a qual garante o acesso dos cidadãos às contas públicas. (HENRIQUES E ALCÂNTARA, 2012, p.2) Dentro do tema de controle da administração pública, um termo aparece em destaque: accountability. Esse termo ainda não possui uma tradução para o português, mas se relaciona com a prestação de contas dos governantes e a responsabilização dos mesmos. A accountability quando o cidadão percebe quem são os agentes que agem em seu benefício e os aprovam, elegendo- lhes, ou sancionam lhes, não mais votando neles. O accountability pode ser dividido em vertical, horizontal e social. O accountability horizontal diz respeito à mútua fiscalização dos três poderes ou entre órgãos como os tribunais de contas, as agências reguladoras, controladorias-gerais e os ministérios públicos, por exemplo. Já o accountability vertical é o controle feito pelos cidadãos, por meio de plebiscitos, referendos e voto ou mediante exercício de controle social. 23 O accontability social relaciona-se às ações de associações, organizações não- governamentais (ONG) e sindicatos para tornar públicas as falhas da administração pública, incluir novas questões nas agendas políticas ou até mesmo influenciar decisões a serem tomadas pelo poder público. Esse tipo de accontability não é capaz de, por si só, promover sanções, mas ganham efetividade ao sensibilizar outros mecanismos de controle, como os órgãos públicos que possuem essa atribuição e o próprio eleitor. 24 Referências Bibliográficas BARBOSA, Lívia. Meritocracia à brasileira: o que é desempenho no Brasil? Revista do Serviço Público, 120(3), set./dez. 1996. Disponível em: <http://seer.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/396/402>. Acesso em: 20 de junho de 2014. BRASIL. CGU – Controladoria Geral da União. Manual de integridade pública e fortalecimento da gestão: orientações para o gestor municipal. 2. Ed. Brasília: CGU, 2010. Disponível em: <http://www.portaldatransparencia.gov.br/controleSocial/ documentos/ManualIntegridade.pdf>. Acesso em: 23 de junho de 2014. BRASIL. Decreto No. 1.171, de 22 de junho de 1994. Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. 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