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PROBLEMA 1 FADIGA,PERDA DE PESO E ANEMIA HEMATOPOIESE · É o processo responsável pela formação das “novas” que compõem o sangue. · INÍCIO → célula-tronco pluripotente começa a se dividir (divisão assimétrica). · à medida que “AMADURECEM” essas céls. sofrem uma série de alterações funcionais. · vai definir a função daquela célula e a diminuição da sua plasticidade. · Célula Pluripotente => sofre divisão, dando origem a 2 céls. progenitoras (multipotentes) · Linfoide: origem aos linfócitos (linfócitos B, linfócitos-T e células NK) · Mieloide: origem aos eosinófilos, neutrófilos, basófilos, macrófagos, eritrócitos, hemácias e plaquetas OBS: progenitoras hematopoiéticas humanas levam 10 a 14 dias para tornar-se células maduras. MEDULA ÓSSEA · Ambiente propício para a proliferação, maturação e diferenciação das células sanguíneas. · Céls. do estroma → são responsáveis por expressar fatores de crescimento (estimulação das céls. tronco). · Rede microvascular → nutrição e transporte das células maduras para a corrente sanguínea. REGULAÇÃO DA HEMATOPOIESE · É realizado pelos FATORES DE CRESCIMENTO (HORMÔNIOS/CITOCINAS),que agem em diferentes etapa da hematopoiese. · Hormônios → influenciam na proliferação e posterior diferenciação das células. · Citocinas → proliferação (fazem a divisão celular), diferenciação (tornam as células mais específicas) e maturação das células · Os fatores de crescimento são mediados por receptores específicos nas células alvo. · superfamília dos receptores hematopoéticos (sofre dimerização) A dimerização do receptor leva à ativação de uma complexa série de vias de transdução de sinais intracelulares. 1. VIA JAK/STAT → à ativação dos JAKs, fosforilam membros do transdutor de sinal e do ativador de transcrição (STAT) da família dos fatores de transcrição. · dimerização e translocação (até o núcleo) dos dímeros STAT, para transcrição de genes específicos. · JAK também pode ativar a via MAPK, que é regulada por RAS e controla a proliferação 2. VIA proteinoquinase ativada por mitogênio (MAP) 3. VIA fosfatidil-inosiTol 3 (PI3) quinase (fosforila lipídios) → ativação de AKT, que causa bloqueio de apoptose. RESUMINDO A REGULAÇÃO DA HEMATOPOIESE FATORES DE CRESCIMENTO · Fatores que agem nas células do estroma: IL-1 e TNF · Fatores que agem nas células-tronco pluripotentes: SCF, FLT3-L, VEGF · Fatores que agem nas células progenitoras multipotentes: IL-3, GM-CSF, IL-6, G-CSF, Trombopoetina. · Fatores que agem em células progenitoras comprometidas: G-CSF, M-CSF, IL-5 (CSF eosinófilo), Eritropoetina (formação de eritrócitos), Trombopoetina (formação de trombócitos) FATORES INIBIDORES · São produzidos pelas próprias células do estroma ➜ promovem o “freio” da hematopoese. · Interferon Gama e TNF alfa: são citocinas que modulam a proliferação das células hematopoiéticas. · Prostaglandina E, Lactoferrinas e Fatores transformadores de crescimento HEMÁCIAS (HEMOGLOBINA) · As hemácias são originadas a partir da divisão de suas células precursoras, o proeritroblasto. · nas gerações sucessivas, essas células vão acumulando hemoglobina · Após diversas divisões chegará o momento da formação do reticulócito. · ainda contém um pouco de material basofílico · Ao sair da medula, esse reticulócito perde seu núcleo e por fim dão origem às hemácias maduras. OBS: a produção das hemácias é regulada pela eritropoietina. · Hemácias → discos bicôncavos · apresentam a proteína carreadora hemoglobina (composição 4 cadeias polipeptídicas) · globina: duas cadeias alfa e duas cadeias beta · heme: pigmento não proteico anular (liga-se ao Fe²+) BIOSSÍNTESE DO GRUPO HEME 1. Síntese do ácido aminolevulínico · Succinil- CoA e a glicina condensam (na presença de piridoxal fosfato) formando o ácido delta-aminolevulínico · ação realizada pela enzima ácido aminolevulínico-sintetase (ocorre na mitocôndria). · processo controlado pela presença de proteínas de ligação ao Fe²+ 2. Formação de porfobilinogènio (PBG) · 2 moléculas de ácido aminolevulínico vão para o citosol e condensam-se para formar o PBG (ocorre a remoção de duas mol. de água). · ação realizada pela enzima desidratase do ácido aminolevulínico ou sintase do PBG. 3. Formação de hidroximetilbilano (HMB) · 4 moléculas de PBG condensam-se para formar a hidroximetilbilano · as moléculas ligam-se através de seus anéis de amina · ação realizada pela enzima desaminase do PBG/sintase do HMB 4. Formação de uroporfirinogênio (UPG) · O hidroximetilbilano (HMB) sofre ciclização da enzima sintase do UPG3, sendo convertido em uroporfirinogênio 3. 5. Síntese de coproporfirinogênio 3 (CPG 3) · Ocorre a descarboxilação da uroporfirinogênio 3 (UPG 3) a coproporfirinogênio 3 (CPG 3) pela ação da enzima descarboxilase do uroporfirinogênio (UROD). · grupos acetato são descarboxilados em grupo metil com a eliminação de 4 moléculas de CO₂ 6. Síntese de protoporfirinogênio (PPG) · Ocorre na mitocôndria a oxidação do coproporfirinogênio 3 a protoporfirinogênio IX (PPG IX) pela ação da enzima oxidase do CPG · necessário a presença de oxigênio molecular para que essa reação aconteça · ocorre a descarboxilação de 2 cadeias laterais propiônicas em grupos vinil. 7. Formação de protoporfirina (PP) · O protoporfirinogênio IX é convertido em protoporfirina IX (PP IX) através do processo de oxidação realizado pela enzima oxidase PPG · as pontes de metileno são oxidadas em pontes de metenil 8. Formação do grupo Heme · Fixação do ferro na protoporfirina (PP) · o ferro é inserido na região central do anel de porfirina pela enzima ferroquelatase/heme sintase CATABOLISMO DO GRUPO HEME · Ocorre a remoção da circulação dos eritrócitos “velhos” e danificados, sendo estes levados para serem degradados pelos macrófagos no baço. · eritrócitos sofrem lise (ferro é removido) · A porção porfirina da molécula de hemoglobina é convertida pelos macrofagos até formar a bilirrubina. · grupo heme é oxidado a biliverdina pela enzima heme oxigenase · a biliverdina é então reduzida e bilirrubina (ação da enzima biliverdina redutase) · Formado a bilirrubina, está é transportada até o fígado, onde é conjugada com o ácido glucurônico · bilirrubina conjugada é levada até o intestino grosso · No intestino grosso, a bilirrubina sofre com ação de bactérias e então é convertida em urobilinogênio. · excretado pela urina na forma de urobilina · excretado nas fezes na forma de estercobilina ANEMIA · Diminuição da concentração de hemoglobina no sangue (redução da massa eritrocitária). ➜ capacidade de ligação de oxigênio fica comprometido. · VALORES (OMS) a anemia é definida quando: · Hbdiminuição da sobrevida dos eritrócitos 1. Vamos olhar o ERITROGRAMA do nosso paciente: · Hemoglobina corpuscular média (HCM) → classifica as anemias em hiper/normo/hipocrômicas. · microcíticas (VCM 100 fl) · anemia megaloblástica, anemias hemolíticas, hipotireoidismo, hepatopatia crônica, anemia aplástica, mielodisplasia e anemia sideroblástica adquirida. · normocíticas (VCM 80-100 fl) · anemia ferropriva, anemia inflamatória da doença crônica, anemia da doença renal crônica, anemias hemolíticas, anemia aplásica e mielodisplasia. · Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) → também é útil para a classificação das hemácias em hiper/normo/ hipercrômicas. · Ampla distribuição de células vermelhas no sangue ou índice de anisocitose (RDW) → corresponde à medida da variação do tamanho das hemácias. · O esperado é que se tenha um RDW baixo, ou seja, que as hemácias tenham pouca variação no tamanho. · A anisocitose é quando há uma diferença no tamanho de hemácias ➜ FOI CONFIRMADO ANEMIA! E AGORA?! · OLHA OS RETICULÓCITOS · Vamos saber qual o grupo que a anemia “se encaixa” → HIPERPROLIFERATIVA OU HIPOPROLIFERATIVA? · Hiperproliferativa → Medula óssea consegue responder a anemia. · Reticulocitose >2% · MO está saudável, ela consegue proliferar a linhagem eritrocitária e consegue mandar vários reticulócitos para o sangue · temos um quadro de perda eritrocitária periférica por hemólise ou sangramento · Hipoproliferativa → Medula óssea NÃO consegue responder a anemia. · Sem Reticulocitose 50 anos = EDA + Colonoscopia. 2. Reposição do Ferro : · Sulfato ferroso 200 mg (67 mg de ferro elementar) OBS: duração do tto deve ser feita até que o hemograma e o estoque de ferritina estejam normalizados (+- 6 meses). ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ➜ Anemia macrocítica (VCM > 100 fl HCM > 34 g/dL) · Geralmente ocorre por 2 causas: carência de VITAMINA B12 e/ou carência de FOLATO. · Vitamina B12 → metabolismo de ácidos nucleicos (sínt. purinas e succinil-CoA) · Folato → síntese de DNA METABOLISMO DA VITAMINA B12 · Ao sofrer proteólise a cobalamina liga-se a uma proteína R (secretada na saliva e suco gástrico) → complexo cobalamina-proteína R. · ação de proteases pancreáticas (duodeno) degradam a proteína R e a cobalamina liga-se ao fator intrínseco. · Esse complexo cobalamina-fator intrínseco é formado, e vão ligar-se em receptores presentes nos microvilos da mucosa ileal (recept. cuban) · Nos enterócitos a cobalamina vai se ligar à proteína plasmática transcobalamina 2 · a cobalamina é transportada para médula óssea e tecidos. OBS: Vitamina B12 (cobalamina) é responsável por duas reações bioquímicas : formação de metionina e de succinil-CoA · citoplasma: cobalamina catalisa uma reação que retira o grupo heme do MTHF (folato inativo) tornando-o ativo → homocisteína se torna metionina. Hematopoiese alterada · Deficiência de ácido fólico/ vitaminaB12 → bloqueio na síntese de DNA · formação de um núcleo mal formado juntamente de um citoplasma amadurecido (divisão celular não acontece). · céls. gigantes (macrocitose) com dissociação da maturação núcleo-citoplasmático METABOLISMO DO FOLATO · Ao ser ingerido o folato é absorvido pelo trato gastrointestinal. · proteina transportadora de folato próton-acoplada é responsável por fazer o transporte do folato até os enterócitos. · No enterócito, é convertido em metiltetra-hidrofolato (metil-THF) que sofre ação da metionina sintetase. · formado o poliglutamato (THF) → forma ativa Clínica · Síndrome anêmica : palidez, cefaleia, cansaço e astenia. · Carência nutricional : icterícia leve (coloração amarelo-limão), glossite, queilite, sangramento de mucosa e alterações gastrointestinais (diarreia). Laboratório · AUMENTO VCM (> 110) e Neutrófilos plurissegmentares (patognomônico). · Megaloblastose : VCM > 110 = anemia megaloblástica até que se prove o contrário. · DIMINUIÇÃO de plaquetas e leucócitos (pancitopenia leve) · AUMENTO LDH e BI (marcadores de hemólise) · Lembrar! Parece mas não é hemólise · temos a destruição dos precursores dos eritrócitos · AUMENTO de homocisteína ou de ácido metilmalônico?! É falta de B12 ou folato?! · homocisteína: pode ser causado pela deficiência de ambos. · ácido metilmalônico: carência de B12 Tratamento · Deficiência de B12 · Cobalamina 1000 mcg/ dia IM por 7 dias · + semanal por 4 semanas · + mensal por 6 meses · Deficiência de ácido fólico · Folato 5 mg/dia VO ANEMIAS HEMOLÍTICAS · DEFINIÇÃO → aumento do ritmo de destruição dos eritrócitos. · Hemólise: morte patológica das hemácias ( 120 dias) · Podem ser causadas por: defeitos genéticos, intrínsecos aos eritrócitos ou por causas adquiridas. ➜ HEMÓLISE = ANEMIA HEMOLÍTICA? · NÃO, podemos ter uma hemólise compensada. · Quando temos hemólise, vamos ter redução de hemoglobinas e hipoxemia, mas como consequência vamos ter aumento de eritropoetina. · ocorre aumento da diferenciação de pré-eritroblastos em reticulócitos, que em menos de 24 horas perdem seu núcleo e tornam-se hemácias · Anemia hemolítica é hiperproliferativa → medula óssea consegue responder a anemia. · Como sei que é uma hemólise compensada? Vamos ter: · hiperplasia de MO (produção de eritrócitos em ritmo 6-8X maior que o normal). · matéria prima disponível (ferro, ác. fólico e vit. B12). · tempo de vida das hemácias é menor que 20 dias OBS: na anemia hemolítica teremos as hemácias (velhas ou esquisitas) destruídas rapidamente e nenhum mecanismo compensatório… só destruição! · a medula produz, mas chega uma hora que o ritmo de destruição supera a produção das hemácias. · Na anemia hemolítica temos 2 mecanismos de destruição dos eritrócitos: · Hemólise extravascular → remoção excessiva de eritrócitos por macrófagos do sist. reticuloendotelial. · observamos: icterícia, litíase vesicular, esplenomegalia, reticulocitose, aumento de bilirrubina não conjugada e ausência de haptoglobina no soro · Hemólise intravascular → destruição direta dos eritrócitos na circulação · observamos: hemoglobinemia livre, metemoglobinemia, hemoglobinúria e hemossiderinúria. Laboratório · AUMENTO do VCM (anemia habitualmente é normocítica) · podemos ter reticulocitose, tendo como consequência aumento maior do VCM (anemia pode se tornar macrocítica). · LEUCOCITOSE · com uma medula hiperplasiada, temos também a estimulação da linhagem leucocitária. · AUMENTO de LDH e BI (marcadores de hemólise) · BI : hemácia destruída e libera a hemoglobina, sua porção protoporfirina irá se transformar em bilirrubina. · pode ocorrer quadro leve de icterícia. · DIMINUIÇÃO de HAPTOGLOBINA · para impedir que a globina gere toxicidade ao organismo, o fígado produz haptoglobina que é consumida e fica com seus níveis séricos baixos. ANEMIAS HEMOLÍTICA AUTOIMUNE · É mediado por meio de hemólise extracelular · fixação da imunoglobulina/proteína do sistema complemento na superfície da membrana da hemácia. · Os auto-anticorpos antieritrocitários (são opsoninas), quando ligados ao auto-antígeno na membrana das hemácias estimulam a fagocitose. · Os anticorpos IgG ou IgM ligam-se a um antígeno e sua região Fc expõem um sítio de ligação para C1q. · C1q “ligado” : ativação da via clássica do sist. complemento · Os macrófagos (responsáveis pela fagocitose) apresentam receptores para componentes C3b e C4b de ação tardia do complemento. · esses componentes atuam de forma conjunta com os receptores Fc gama → aceleração da destruição dos eritrócitos 1. Anemia hemolítica autoimune anticorpos quentes (IgG) · Eritrócitos estão cobertos pela imunoglobulina IgG que se ligara com receptores Fc nos fagócitos. · fagocitose “parcial” : remoção da membrana eritrocitária · eritrócitos perdem seu volume e apresentam formato esferócito. · Síndrome anêmica : palidez, cefaleia, dispneia,fadiga, icterícia e esplenomegalia (pode haver hepatomegalia). · Laboratório: · esferocitose e policromatose (típico de anemia p/hemólise extravascular) · queda de hemoglobina (por conta da fagocitose “parcial”) · reticulocitose e hiperplasia eritroblástica da medula óssea. · bilirrubina ind. e LDH podem estar aumentados · haptoglobina baixa · Coombs direto: positivo (por conta da fixação do IgG, IgG e complemento ou IgA aos eritrócitos) · Tratamento: · Corticosteróides - 1º linha sendo a prednisolona (1-2 mg/kg/dia) · hemólise fulminante: metilprednisolona endovenosa · Transfusão de sangue - caso de anemia grave c/sintomatologia significativa · Esplenectomia - casos que não respondem ou não mantém um nível satisfatório de hemoglobina 2. Anemia hemolítica autoimune anticorpos frios (IgM) · hemólise pode ser extravascular ou intravascular · Eritrócitos estão cobertos pela imunoglobulina IgM, esta apresenta 2 sítios de ligação ao complemento (C1q). · ativado C1q temos a geração dos fragmentos C3b e C4b na superfície dos eritrócitos. · na circulação visceral aquecida ocorre a liberação das aglutininas frias, mas o fragmento C3b permanece ligado ao receptor CR1 dos macrofágos. · remoção dos eritrócitos afetados pelos fagócitos no baço, fígado e medula óssea. · Síndrome anêmica : palidez, cefaleia, dispneia,fadiga e insuficiência cardíaca (pode haver esplenomegalia e icterícia leve). · paciente cursa c/aparência cianótica (acrocianose) · Laboratório: · anemia, auto-aglutinação espontânea e reticulocitose · esferocitose é menos notada · hemoglobinemia, hemoglobinúria e hemossiderinúria são incomuns (hemólise intravascular) · Coombs direto: positiva (revela somente complemento C3b) · Tratamento · Transfusão de hemocomponentes aquecidos (p/evitar que ocorra hemólise) + Manter o paciente aquecido. · Plasmaferese - benefício é transitório · Esplenectomia - só indicado se houver grande esplenomegalia · Corticosteróides - ineficazes · indicados apenas em casos de AHAI fria secundária a infecção (usado em um ciclo curto de tempo). HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA · É um distúrbio raro e adquirido de anemia hemolítica. · mutação somática na célula-tronco hematopoiética, resultando em eritrócitos suscetíveis aos componentes litícos do sist. complemento. · perda dos inibidores do complemento ligados ao GPI, CD55 e CD59 nas hemácias. Comment by Julia Camardelli: CD59 (inibidor de membrana da hemólise reativa) e CD55 (inibidor da C3 convertase) são proteínas responsáveis por ancorar o GPI ao eritrócitos. Eles previnem a polimerização de C9, que é o passo final do complexo de ataque a membrana. A deficiência de CD59 e CD55 permitem a aglomeração do complexo de ataque a membrana sobre a superfície do eritrócito, iniciando assim a hemólise intravascular. · Temos hemólise intravascular · Ocorre uma mutação somática que causa um defeito na membrana do eritrócito (mutação no gene PIGA). · gene localizado no cromossomo X · mutação em apenas um alelo do gene gerará um fenótipo PNH · O gene PIGA é responsável por codificar uma enzima (pig-a) essencial para a síntese de glicosilfosfatidilinositol (GPI).· glicopeptídeo liga-se ao aminoácido C-terminal de diversas proteína e as âncora na membrana dos eritrócitos · Com esse gene mutado, teremos a inativação de GPI e como consequência os descendentes das células tronco-hematopoiéticas ficam mais suscetíveis a lise mediada por complemento. Clínica · Síndrome anêmica : palidez, cefaleia, dispneia,fadiga e icterícia · sint. inespecíficos: dor abdominal (vasoespasmo), insuficiência renal, disfunção erétil, trombose e hipertensão pulmonar. · MO sem hipoplasia ou displasia. Laboratório · Hemossidenúria e Hemoglobinúria (urina rosa/vermelha ou “cor de coca-cola”) · Reticulocitose · Lactato desidrogenase sérica (LDH) aumentado · >1,5X limite superior do normal · Leucopenia e trombocitopenia (indicativo de lesão da medula) · Teste direto de antiglobulina (TDA-Coombs): negativo OBS: diagnóstico de PNH é baseado na citometria de fluxo que mostra granulócitos e eritrócitos deficientes em CD55/CD59. Tratamento · Transplante alogênico de células tronco-hematopoiéticas (PNH c/insuficiência grave de MO) · Inibidor de C5 (C5i)- ravulizumabe, eculizumab e crovalimab · inibem a clivagem de C5 que é essencial para a formação do complexo de ataque a membrana ANEMIAS HEMOLÍTICAS HEREDITÁRIAS Esferocitose hereditária · É uma desordem autossômica dominante (80% dos casos) · autossômica recessiva (20% dos casos) · Caracterizada por deficiência/defeitos em uma das proteínas do citoesqueleto: · espectrina, anquirina, banda 3 ou proteína 4.2. · Os defeitos na proteína levam a perda de fragmentos da camada lipídica da membrana (céls. perdem seu formato) · perdem superfície em relação ao volume, transformando-se em esferócitos. · Na circulação esplênica, os esferócitos não conseguem se “deforma” e penetrar nas fendas sinusoidais. · ficam mais tempo em contato c/macrofágos (morte prematura). Clínica: · Podemos ter anemia ou apenas um quadro de hemólise compensada · Síndrome anêmica : palidez, cefaleia, dispneia,fadiga e icterícia discreta · esplenomegalia e litíase biliar são sintomas predominantes Laboratório: · Anemia (micro ou normo) c/hemácias hipercrômicas · Reticulocitose · Microesferócitos · teste de fragilidade osmótica (sensíveis a hipo-osmolaridade) · Coombs (TDA) : negativo · afasta anemia imuno-hemolítica (causa tbm esferocitose e hemólise) Tratamento: · Esplenectomia laparoscópica (preferencial) · realização da vacina antipneumocócica em todos os indivíduos antes da esplenectomia · Crianças: esplenectomia deve ser evitada antes dos 4 anos (maior risco de sepse fulminante) · Ácido fólico - casos graves de EH para prevenção de deficiência de folato. Eliptocitose hereditária · Desordem autossômica dominante, caracterizada por distúrbios na síntese da espectrina ou da proteína 4.1 · espectrina: quando defeituosa prejudicam a capacidade dos dímeros de espectrina se auto associarem → rompimento do esqueleto da membrana · proteína 4.1: defeitos estruturais ou funcionais parecem romper o contato espectrina-actina no esqueleto da membrana · Apresentação clínica heterogênea - assintomáticos até desenvolvimento de anemia grave · 10% dos pacientes apresentam o tempo de vida dos eritrócitos reduzido · hemólise, esplenomegalia e icterícia intermitente · laboratório: esfregaço de sangue periférico revela ovalócitos e eliptócitos Deficiência de G6PD · Desordem hereditária extremamente comum e que apresenta uma herança recessiva ligada ao X sendo portanto mais comum em homens. · existe dois tipos de enzima G6PD (tipo A e tipo B) que quando sofrem mutação são responsáveis por essa deficiência · mutação acarreta atividade reduzida e/ou meia vida curta da enzima · A glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD ) atua reduzindo a nicotinamida-adenina-dinucleotídeo-fosfato (NADP). · NADP é convertido em NADPH · O NADPH é necessário para a geração de glutationa, está que é essencial na prevenção de danos oxidativos a células OBS: eritrócitos deficiente de G6PD são incapazes de gerar NADPH é com isso as céls. ficam suscetíveis ao dano oxidativo. Clínica · Pode-se ter anemia aguda c/hemólise intravascular rapidamente progressiva com hemoglobinúria. · outros sint.: febre, icterícia, náuseas, dor abdominal, irritabilidade e diarreia. · baço e fígado podem estar aumentados Laboratório · Anemia normocítica c/anisocitose e reticulocitose · Hemoglobinemia, metalbumina e hemoglobinúria · hemoglobinúria intensa pode levar a necrose tubular aguda · Esfregaço de sangue periférico - “céls. mordidas” e “céls. bolhosas” · Corpúsculos de Heinz · OBS: para diagnóstico dosamos a atividade da G6PD no sangue do paciente Tratamento · Não há tto específico (apenas hemólise e suporte clínico) Hemoglobinopatias (anemia falciforme e talassemias) Anemia Falciforme · Síndrome falcêmica que decorre da substituição de ácido glutâmico por valina na posição 6 na cadeia beta da hemoglobina (GAG → GTG). · gene de β-globina S · Anemia falciforme (homozigose) → βS do pai E βS da mãe · Traço falcêmico (heterozigose) → βS do pai OU βS da mãe · Com a alteração no gene da cadeia beta da globina e a formação da HbS vamos ter alterações dessa molécula no estado desoxigenado. · hemoglobina S polimeriza-se frente à hipóxia. · Ocorre então a falcização dos eritrócitos que perdem sua forma discóide, sofrendo deformação até atingirem um aspecto alongado (foice). · eritrócitos acabam perdendo sua capacidade de se “deformar”, aspecto importante quando estes estão na corrente sanguínea. · falcização aumenta a viscosidade sanguínea · Os glóbulos vermelhos com formato de foice não circulam de forma adequada na microcirculação acarretando diversas complicações. OBS: HEMOGLOBINA S POLIMERIZAÇÃO (“DESIDRATAÇÃO OU DESOXIGENAÇÃO + ACIDOSE”) TENDÊNCIA À RUPTURA, FORMATO DIFERENTE E “GRUDENTA” + FLUXO TURBILHONAR HEMÓLISE + SINTOMAS VASO-OCLUSIVOS! Clínica · Crises álgicas · É uma das primeiras manifestações da doença e inicia aos 6 meses de vida. ➔ Causadas pela obstrução do fluxo sanguíneo pela hemácia falcilizada, levando ao dano tissular isquêmico. · leva à hipóxia e acidose, que acelera o processo de falcização, aumentando o dano isquêmico · Crises vaso-oclusivas · Síndrome mão-pé (1ª manifestação) · polimerização na medula → dor por isquemia periosteal + dactilite (simétrica- duas mãos/dois pés). · Crise óssea (crise álgica/osteoarticular + comum) : · polimerização na medula → dor por isquemia periosteal sem dactilite princ. em ossos longos · Síndrome torácica aguda · infiltrado pulmonar na RX tórax · febre, dor torácica, tosse, expectoração purulenta, dispneia e/ou hipoxemia. · Infecções · capacidade fagocítica e a produção de anticorpos são diminuídas por consequência da persistente agressão esplênica (asplenia funcional) · principais suspeitas: pneumonias, infecções renais e osteomielites (Salmonella) · ATB (suspeita de infecção) → beta-lactâmico + macrolídeo · Vacinação → pneumococo, meningococo e Haemophilus influenzae b · Sequestro esplênico (complicação de maior gravidade) · estagnação de células falciformes no baço → causa palidez, aumento do baço e dor abdominal Laboratório · Diminuição da hemoglobina e hematócrito (leve/moderado) · anemia falcêmica normocrômica/microcítica · Reticulocitose · Hiperbilirrubinemia indireta e LDH aumentados · Haptoglobina diminuída · Esfregaço de sangue periférico - eritrócitos falciformes (drepanócitos) Talassemias · São alterações hereditárias na síntese de uma ou mais cadeias de globina. · alteração nos genes 16 (cadeia alfa) e genes 11 (cadeias beta,delta e gama). · a⁺ ou B⁺ -> existe alguma síntese de globina (+). · a⁰ ou B⁰ -> não há produção da globina correspondente (0) ALFA TALASSEMIA · Deleção/mutação de genes a-globínicos (normal 4 genes) · a⁺ talassemia: deleção de 1 gene · portador silencioso · a⁰ talassemia: deleção de 2 genes no mesmo cromossomo · anemia discreta ( microcítica/hipocrômica) · Doença da HbH (beta4): quando tem deleção de 3 genes · anemia hemolítica moderada/grave · microcitose e hipocromia OBS: frequente ter esplenomegalia, icterícia e colelitíasesecundária a hemólise · Hidrópsia fetal por Hb de Bart (y4): 4 genes deletados · condição incompatível com a vida · produção de hemoglobina c/cadeias gama → capta o O₂ mas não distribui para os tecidos. · anemia grave com hepatoesplenomegalia · OBS: utilizamos eletroforese de HB para identifica o tipo (Hb de Barts, HbH e Hb variantes) BETA TALASSEMIA · Caracterizada por redução ou ausência da produção de beta-globinas. · β⁰ -> não há produção da cadeia beta · β⁺ -> há produção porém em pouca quantidade · Traço beta-talassêmico: quando o indivíduo tem uma mutação beta-talassêmica e um gene de beta-globina normal · Genótipos: · talassemia MAJOR · β⁰/β⁰ OU β⁰/β+ → gravissíma · manifesta precocemente -> entre 6 e 24 meses de idade · anemia grave (micro/hipo) - Hb entre 2 a 6 anos de idade · anemia moderada (Hb 6-9g/dl) · Clínica: icterícia intermitente + hepatoesplenomegalia + deformidades ósseas moderadas. · talassemia MIJOR · β/β+ OU β/β⁰ → assintomático/diag. diferencial com anemia ferropriva · anemia leve (micro/hipo)- Hb10 · desproporcional ao VCM que está baixo (“anemia muito micro”) · cinética do ferro está normal!!!! · não há anisocitose. image4.png image1.png image5.png image2.png image3.png