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1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 1 1ª FASE OAB | 40° EXAME 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 2 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 3 1ª FASE OAB | 43° EXAME Ética Prof. Leonardo Fetter Sumário 1. Legislação da Ordem dos Advogados .................................................................................... 4 2. Órgão de Gestão da OAB ....................................................................................................... 5 3. Eleições e Mandatos na OAB ............................................................................................... 11 4. Inscrição na OAB .................................................................................................................. 13 5. Licenciamento e Cancelamento da Inscrição ........................................................................ 15 6. Estagiário ............................................................................................................................. 16 7. Advogado Empregado .......................................................................................................... 18 8. Atividades Privativas do Advogado ....................................................................................... 19 9. Sociedade de Advogados ..................................................................................................... 20 10. Procuração e Mandato ....................................................................................................... 23 11. Honorários Advocatícios ..................................................................................................... 25 12. Advocacia Pro Bono ........................................................................................................... 31 13. Direitos e Prerrogativas do Advogado ................................................................................ 32 14. Direitos da Mulher Advogada .............................................................................................. 39 15. Publicidade Profissional ...................................................................................................... 41 16. Infrações e Sanções Disciplinares ...................................................................................... 46 17. Processo Disciplinar ........................................................................................................... 48 18. Incompatibilidade e Impedimento ....................................................................................... 50 Olá, aluno(a)! Este material de apoio foi organizado com base nas aulas do curso preparatório para a 1ª Fase OAB e deve ser utilizado como um roteiro para as respectivas aulas. Além disso, reco- menda-se que o aluno assista as aulas acompanhado da legislação pertinente. Bons estudos, Equipe Ceisc. Atualizado em dezembro de 2024. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 4 1. Legislação da Ordem dos Advogados Prof. Leonardo Fetter @prof.fetter Inicialmente é importante ressaltar que é necessário estudar ética através de três normas, sendo elas: Atenção: a legislação para o estudo deve estar atualizada até a data do edital. 1.1. Natureza jurídica da OAB Os advogados que compõem os órgãos de gestão da OAB não são remunerados. Con- tudo, as pessoas contratadas para trabalharem na OAB, de acordo com a CLT, são remunera- das. Não há dúvida de que a OAB presta serviço público, com personalidade jurídica e forma federativa. A OAB tem natureza jurídica especial e única, sui generis, sendo pessoa jurídica de direito público interno, que executa serviço público federal, porém não equiparável à autarquia nem à entidade paraestatal, conforme definição do STF exarada na ADI nº 3.026/DF (rel. Min. Eros Grau – Tribunal Pleno – j. 8-6-2006 – publicado em 29-9-2006). Dentro dessa natureza jurídica diferenciada da OAB, ela tem imunidade quanto a tributos, contudo, atente-se, isso não quer dizer isenção. Dessa forma, a OAB tem uma qualidade/di- reito/prerrogativa das pessoas jurídicas de direito público, qual seja, a imunidade. Ainda, o contrato particular de honorários não exige duas testemunhas, nos termos do artigo 784, inciso III do CPC, para ser considerado título executivo extrajudicial, e isso quer dizer 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 5 que o contrato de honorários é uma exceção, pois é sim possível ser executado como título executivo extrajudicial, ainda que não cumpra os requisitos de CPC. Por fim, o advogado, em uma condição de gestor da OAB, tem recebido legitimidade de interferir em processos que não são “seus”, mas que neles está ocorrendo violação de prerroga- tivas do advogado atuante. 2. Órgão de Gestão da OAB A partir da identificação dos órgãos de gestão da OAB, é possível perceber como a OAB se organiza, como a OAB é gerida e, após, entender as eleições, pois todos os órgãos de gestão são alcançados através de eleições. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 6 2.1. Conselho Federal (arts. 51 a 55 do Estatuto) O Conselho Federal é integrado por três Conselheiros Federais (a chamada delegação) oriundos dos Conselhos Seccionais (equivocadamente chamados de OAB Estadual), que são eleitos (compõem a chapa do Conselho Seccional) e têm mandato de três anos. Também são considerados membros do Conselho Federal, na forma do art. 51, inciso II do Estatuto, seus ex-presidentes (na qualidade de membros honorários vitalícios). Nas delibe- rações, os ex-presidentes têm apenas direito de manifestação (voz), não de voto (decisão). O voto no Conselho Federal é por delegação, entretanto, na escolha da Diretoria, cada membro da delegação tem um voto, na forma do art. 53, §3º do Estatuto. Para os votos, vale a maioria da delegação (se houver empate, o voto vai ser invalidado – art. 77 do Regulamento Geral). Importante! A competência do Conselho Federal está instituída nos incisos do art. 54 do Estatuto da OAB: Art. 54. Compete ao Conselho Federal: I – dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB; II – representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advoga- dos; III – velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia; IV – representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos inter- nacionais da advocacia; V – editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos que julgar necessários; VI – adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais; VII – intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave violação desta lei ou do regulamento geral; VIII – cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 7 autoridade da OAB, contrário a esta lei, ao regulamento geral, ao Código de Ética e Disci- plina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa; IX – julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais, nos casos previstos neste estatuto e no regulamento geral; X – dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos privativos; XI – apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria; XII – homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos Seccionais; XIII – elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em pleno exercício da profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Con- selho ou de outro órgão da OAB; XIV – ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação civil pública, mandado de segurançaaudiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição; O direito assegurado no inciso IV do art. 7º-A do Estatuto à advogada adotante ou que der à luz será concedido pelo prazo previsto no § 6º do art. 313 do CPC, ou seja, 30 (trinta) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao cliente. IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única pa- trona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente. Atenção: o direito de suspensão de prazos processuais – sendo o único procurador e notificando o cliente, foi estendido ao advogado que adotar ou cuja esposa der à luz (art. 313, X, do CPC) – ressalte-se que, para o advogado homem, o prazo de suspensão será de 8 (oito) dias (art. 313, § 7°, do CPC). Para a mulher, tal suspensão será de 30 (trinta) dias, conforme o art. 313, § 6°, do CPC. Lembrar! São direitos da advogada gestante: • entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios X; • reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais; • preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição; São direitos da advogada lactante: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 41 • acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessi- dades do bebê; • preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição; São direitos da advogada adotante • acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessi- dades do bebê (será concedido pelo prazo 120 dias); • suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente 30 dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção). São direitos da advogada que der à luz • acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessi- dades do bebê (será concedido pelo prazo 120 dias); • preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição (será concedido pelo prazo 120 dias); • suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente 30 dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção). Importante: Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar, respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação. 15. Publicidade Profissional A palavra-chave nas regras referentes à publicidade é a moderação. Não pode a publici- dade ter um viés Mercantilista, Empresarial, Industrial ou Comercial. Não pode o advogado fazer propaganda de seus serviços ou atividades, pois propaganda visa à captação de clientela e tal conduta é vedada, faz-se necessário uma leitura atenta dos arts. 40 e 42 do CED. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 42 Art. 40. Os meios utilizados para a publicidade profissional hão de ser compatíveis com a diretriz estabelecida no artigo anterior, sendo vedados: I – a veiculação da publicidade por meio de rádio, cinema e televisão; II – o uso de outdoors, painéis luminosos ou formas assemelhadas de publicidade; III – as inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qualquer espaço pú- blico; IV – a divulgação de serviços de advocacia juntamente com a de outras atividades ou a indicação de vínculos entre uns e outras; V – o fornecimento de dados de contato, como endereço e telefone, em colunas ou artigos literários, culturais, acadêmicos ou jurídicos, publicados na imprensa, bem assim quando de eventual participação em programas de rádio ou televisão, ou em veiculação de matérias pela internet, sendo permitida a referência a e-mail; VI – a utilização de mala direta, a distribuição de panfletos ou formas assemelhadas de publicidade, com o intuito de captação de clientela. Parágrafo único. Exclusivamente para fins de identificação dos escritórios de advocacia, é permitida a utilização de placas, painéis luminosos e inscrições em suas fachadas, desde que respeitadas as diretrizes previstas no artigo 39. Art. 42. É vedado ao advogado: I – responder com habitualidade a consulta sobre matéria jurídica, nos meios de comuni- cação social; II – debater, em qualquer meio de comunicação, causa sob o patrocínio de outro advo- gado; III – abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da instituição que o congrega; IV – divulgar ou deixar que sejam divulgadas listas de clientes e demandas; V – insinuar-se para reportagens e declarações públicas. Ainda, são admissíveis como formas de publicidade o patrocínio de eventos ou publica- ções de caráter científico ou cultural, assim como a divulgação de boletins, por meio físico ou eletrônico, sobre matéria cultural de interesse dos advogados, desde que sua circulação fique adstrita a clientes e a interessados do meio jurídico, conforme o art. 45 do CED. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 43 Além do CED, é importante se atentar ao Provimento CFOAB n° 205/2021, o qual veio para modernizar a publicidade, principalmente a publicidade na internet. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo art. 54, V, da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, e considerando as normas sobre publicidade e informação da advocacia constantes no Código de Ética e Disciplina, no Provimento n° 94/2000, em resoluções e em assentos dos Tribunais de Ética e Disciplina dos diversos Conselhos Seccionais; considerando a necessidade de ordená- las de forma sistemática e de especificar adequadamente sua compreensão; e conside- rando o decidido nos autos da Proposição n. 49.0000.2021.001737-6/COP, resolve: Art. 1° É permitido o marketing jurídico, desde que exercido de forma compatível com os preceitos éticos e respeitadas as limitações impostas pelo Estatuto da Advocacia, Regu- lamento Geral, Código de Ética e Disciplina e por este Provimento. § 1° As informações veiculadas deverão ser objetivas e verdadeiras e são de exclusiva responsabilidade das pessoas físicas identificadas e, quando envolver pessoa jurídica, dos sócios administradores da sociedade de advocacia que responderão pelos excessos perante a Ordem dos Advogados do Brasil, sem excluir a participação de outros inscritos que para ela tenham concorrido. § 2° Sempre que solicitado pelos órgãos competentes para a fiscalização da Ordem dos Advogados do Brasil, as pessoas indicadas no parágrafo anterior deverão comprovar a veracidade das informações veiculadas, sob pena de incidir na infração disciplinar prevista no art. 34, inciso XVI, do Estatuto da Advocacia e da OAB, entre outras eventualmente apuradas. Art. 2° Para fins deste provimento devem ser observados os seguintes conceitos: I – Marketing jurídico: Especialização do marketing destinada aos profissionais da área jurídica, consistente na utilização de estratégias planejadas para alcançar objetivos do exercício da advocacia; II – Marketing de conteúdos jurídicos: estratégia de marketing que se utiliza da criação e da divulgação de conteúdos jurídicos, disponibilizados por meio de ferramentas de comu- nicação, voltada para informar o público e para a consolidação profissional do(a) advo- gado(a) ou escritório de advocacia; III – Publicidade: meio pelo qual se tornam públicas as informações a respeito de pessoas, ideias, serviços ou produtos, utilizando os meios de comunicação disponíveis, desde que não vedados pelo Código de Ética e Disciplina da Advocacia; IV – Publicidade profissional:meio utilizado para tornar pública as informações atinentes ao exercício profissional, bem como os dados do perfil da pessoa física ou jurídica inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, utilizando os meios de comunicação disponíveis, desde que não vedados pelo Código de Ética e Disciplina da Advocacia; V – Publicidade de conteúdos jurídicos: divulgação destinada a levar ao conhecimento do público conteúdos jurídicos; VI – Publicidade ativa: divulgação capaz de atingir número indeterminado de pessoas, mesmo que elas não tenham buscado informações acerca do anunciante ou dos temas anunciados; VII – Publicidade passiva: divulgação capaz de atingir somente público certo que tenha buscado informações acerca do anunciante ou dos temas anunciados, bem como por aqueles que concordem previamente com o recebimento do anúncio; VIII – Captação de clientela: para fins deste provimento, é a utilização de mecanismos de marketing que, de forma ativa, independentemente do resultado obtido, se destinam a angariar clientes pela indução à contratação dos serviços ou estímulo do litígio, sem pre- juízo do estabelecido no Código de Ética e Disciplina e regramentos próprios. Art. 3° A publicidade profissional deve ter caráter meramente informativo e primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão, sendo vedadas as seguintes condutas: I – referência, direta ou indireta, a valores de honorários, forma de pagamento, gratuidade ou descontos e reduções de preços como forma de captação de clientes; II – divulgação de informações que possam induzir a erro ou causar dano a clientes, a 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 44 outros(as) advogados(as) ou à sociedade; III – anúncio de especialidades para as quais não possua título certificado ou notória es- pecialização, nos termos do parágrafo único do art. 3º-A do Estatuto da Advocacia; IV – utilização de orações ou expressões persuasivas, de autoengrandecimento ou de comparação; V – distribuição de brindes, cartões de visita, material impresso e digital, apresentações dos serviços ou afins de maneira indiscriminada em locais públicos, presenciais ou virtuais, salvo em eventos de interesse jurídico. § 1° Entende-se por publicidade profissional sóbria, discreta e informativa a divulgação que, sem ostentação, torna público o perfil profissional e as informações atinentes ao exer- cício profissional, conforme estabelecido pelo § 1°, do art. 44, do Código de Ética e Disci- plina, sem incitar diretamente ao litígio judicial, administrativo ou à contratação de serviços, sendo vedada a promoção pessoal. § 2° Os consultores e as sociedades de consultores em direito estrangeiro devidamente autorizadas pela Ordem dos Advogados do Brasil, nos termos do Provimento nº 91/2000, somente poderão realizar o marketing jurídico com relação às suas atividades de consul- toria em direito estrangeiro correspondente ao país ou Estado de origem do profissional interessado. Para esse fim, nas peças de caráter publicitário a sociedade acrescentará obrigatoriamente ao nome ou razão social que internacionalmente adote a expressão “Consultores em direito estrangeiro” (art. 4º do Provimento 91/2000). Art. 4° No marketing de conteúdos jurídicos poderá ser utilizada a publicidade ativa ou passiva, desde que não esteja incutida a mercantilização, a captação de clientela ou o emprego excessivo de recursos financeiros, sendo admitida a utilização de anúncios, pa- gos ou não, nos meios de comunicação, exceto nos meios vedados pelo art. 40 do Código de Ética e Disciplina e desde que respeitados os limites impostos pelo inciso V do mesmo artigo e pelo Anexo Único deste provimento. § 1° Admite-se, na publicidade de conteúdos jurídicos, a identificação profissional com qualificação e títulos, desde que verdadeiros e comprováveis quando solicitados pela Or- dem dos Advogados do Brasil, bem como com a indicação da sociedade da qual faz parte. § 2° Na divulgação de imagem, vídeo ou áudio contendo atuação profissional, inclusive em audiências e sustentações orais, em processos judiciais ou administrativos, não alcan- çados por segredo de justiça, serão respeitados o sigilo e a dignidade profissional e ve- dada a referência ou menção a decisões judiciais e resultados de qualquer natureza obti- dos em procedimentos que patrocina ou participa de alguma forma, ressalvada a hipótese de manifestação espontânea em caso coberto pela mídia. § 3° Para os fins do previsto no inciso V do art. 40 do Código de Ética e Disciplina, equi- param-se ao e-mail, todos os dados de contato e meios de comunicação do escritório ou advogado(a), inclusive os endereços dos sites, das redes sociais e os aplicativos de men- sagens instantâneas, podendo também constar o logotipo, desde que em caráter informa- tivo, respeitados os critérios de sobriedade e discrição. § 4° Quando se tratar de venda de bens e eventos (livros, cursos, seminários ou congres- sos), cujo público-alvo sejam advogados(as), estagiários(as) ou estudantes de direito, po- derá ser utilizada a publicidade ativa, observadas as limitações do caput deste artigo. § 5° É vedada a publicidade a que se refere o caput mediante uso de meios ou ferramentas que influam de forma fraudulenta no seu impulsionamento ou alcance. Art. 5° A publicidade profissional permite a utilização de anúncios, pagos ou não, nos meios de comunicação não vedados pelo art. 40 do Código de Ética e Disciplina. § 1° É vedado o pagamento, patrocínio ou efetivação de qualquer outra despesa para viabilizar aparição em rankings, prêmios ou qualquer tipo de recebimento de honrarias em eventos ou publicações, em qualquer mídia, que vise destacar ou eleger profissionais como detentores de destaque. § 2° É permitida a utilização de logomarca e imagens, inclusive fotos dos(as) advoga- dos(as) e do escritório, assim como a identidade visual nos meios de comunicação profis- sional, sendo vedada a utilização de logomarca e símbolos oficiais da Ordem dos Advo- gados do Brasil. § 3° É permitida a participação do advogado ou da advogada em vídeos ao vivo ou grava- dos, na internet ou nas redes sociais, assim como em debates e palestras virtuais, desde que observadas as regras dos arts. 42 e 43 do CED, sendo vedada a utilização de casos concretos ou apresentação de resultados. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 45 Art. 6° Fica vedada, na publicidade ativa, qualquer informação relativa às dimensões, qua- lidades ou estrutura física do escritório, assim como a menção à promessa de resultados ou a utilização de casos concretos para oferta de atuação profissional. Parágrafo único. Fica vedada em qualquer publicidade a ostentação de bens relativos ao exercício ou não da profissão, como uso de veículos, viagens, hospedagens e bens de consumo, bem como a menção à promessa de resultados ou a utilização de casos con- cretos para oferta de atuação profissional. Art. 7° Considerando que é indispensável a preservação do prestígio da advocacia, as normas estabelecidas neste provimento também se aplicam à divulgação de conteúdos que, apesar de não se relacionarem com o exercício da advocacia, possam atingir a repu- tação da classe à qual o profissional pertence. Art. 8° Não é permitido vincular os serviços advocatícios com outras atividades ou divul- gação conjunta de tais atividades, salvo a de magistério, ainda que complementares ou afins. Parágrafo único. Não caracteriza infração ético-disciplinar o exercício da advocacia em locais compartilhados (coworking), sendo vedada a divulgação da atividade de advocacia em conjunto com qualquer outra atividade ou empresa que compartilhem o mesmo es- paço, ressalvada a possibilidade de afixação de placa indicativa no espaço físico em que se desenvolve a advocacia e a veiculação da informação de que a atividade profissional é desenvolvida em local de coworking. Art. 9° Fica criado o Comitê Regulador do Marketing Jurídico,de caráter consultivo, vin- culado à Diretoria do Conselho Federal, que nomeará seus membros, com mandato con- comitante ao da gestão, e será composto por: I – 05 (cinco) Conselheiros(as) Federais, um(a) de cada região do país, indicados(as) pela Diretoria do CFOAB; II – 01 (um) representante do Colégio de Presidentes de Seccionais. III – 01 (um) representante indicado pelo Colégio de Presidentes dos Tribunais de Ética e Disciplina; IV – 01 (um) representante indicado pela Coordenação Nacional de Fiscalização da Ativi- dade Profissional da Advocacia; e V – 01 (um) representante indicado pelo Colégio de Presidentes das Comissões da Jovem Advocacia. § 1° O Comitê Regulador do Marketing Jurídico se reunirá periodicamente para acompa- nhar a evolução dos critérios específicos sobre marketing, publicidade e informação na advocacia constantes do Anexo Único deste provimento, podendo propor ao Conselho Federal a alteração, a supressão ou a inclusão de novos critérios e propostas de alteração do provimento. § 2° Com a finalidade de pacificar e unificar a interpretação dos temas pertinentes perante os Tribunais de Ética e Disciplina e Comissões de Fiscalização das Seccionais, o Comitê poderá propor ao Órgão Especial, com base nas disposições do Código de Ética e Disci- plina e pelas demais disposições previstas neste provimento, sugestões de interpretação dos dispositivos sobre publicidade e informação. Art. 10. As Seccionais poderão conceder poderes coercitivos à respectiva Comissão de Fiscalização, permitindo a expedição de notificações com a finalidade de dar efetividade às disposições deste provimento. Art. 11. Faz parte integrante do presente provimento o Anexo Único, que estabelece os critérios específicos sobre a publicidade e informação da advocacia. Art. 12. Fica revogado o Provimento n° 94, de 05 de setembro de 2000, bem como as demais disposições em contrário. Parágrafo único. Este provimento não se aplica às eleições do sistema OAB, que possui regras próprias quanto à campanha e à publicidade. Art. 13. Este Provimento entra em vigor no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de sua publicação no Diário Eletrônico da OAB. Cabeção, importante! Ler os arts. 39 a 47-A do CED. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 46 16. Infrações e Sanções Disciplinares 16.1. Infrações disciplinares Previsão legal: art. 34 do Estatuto da Advocacia e a OAB. As infrações são condutas negativas ou comportamentos indesejados do advogado, defi- nidas e tipificadas pelo Estatuto (e não podem ser objeto de interpretação extensiva ou analó- gica). Apenas os inscritos na OAB podem cometer infração disciplinar, pois não há como res- ponsabilizar terceiro, não inscrito na OAB. Na forma do art. 34, XXX, é infração disciplinar praticar assédio moral, assédio sexual ou discriminação. E o Estatuto conceituou tais infrações da seguinte forma: I - assédio moral: a conduta praticada no exercício profissional ou em razão dele, por meio da repetição deliberada de gestos, palavras faladas ou escritas ou comportamentos que exponham o estagiário, o advogado ou qualquer outro profissional que esteja prestando seus serviços a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de lhes causar ofensa à personalidade, à dignidade e à integridade psíquica ou física, com o objetivo de excluí- los das suas funções ou de desestabilizá-los emocionalmente, deteriorando o ambiente profissional; II - assédio sexual: a conduta de conotação sexual praticada no exercício profissional ou em razão dele, manifestada fisicamente ou por palavras, gestos ou outros meios, proposta ou imposta à pessoa contra sua vontade, causando-lhe constrangimento e violando a sua liberdade sexual; III - discriminação: a conduta comissiva ou omissiva que dispense tratamento constrange- dor ou humilhante a pessoa ou grupo de pessoas, em razão de sua deficiência, pertença a determinada raça, cor ou sexo, procedência nacional ou regional, origem étnica, condi- ção de gestante, lactante ou nutriz, faixa etária, religião ou outro fator. Importante: tais infrações, caso emerja decisão condenatório, serão punidas com a penas de suspensão, na forma do art. 37, I do Estatuto. 16.2. Sanções disciplinares Previsão legal: arts. 35 a 43 do Estatuto. Já as sanções disciplinares, para serem aplicadas, exigem devido processo legal (contra- ditório e ampla defesa) – ou seja, processo disciplinar válido. Dividem-se em censura (existindo atenuantes, pode ser substituída por advertência), suspensão e exclusão. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 47 16.2.1. Censura (art. 36 do Estatuto) A censura é aplicada, quando o advogado comete atos contrários ao Código de Ética e Disciplina da OAB. Não é pública e consiste em registrar no prontuário do advogado a pena. A censura poderá ser convertida em advertência, situação em que será apenas remetido um ofício reservado ao advogado, sem qualquer registro no prontuário. Existindo circunstâncias atenuantes, previstas no art. 40 do Estatuto. Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de atenua- ção, as seguintes circunstâncias, entre outras: I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional; II - ausência de punição disciplinar anterior; III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB; IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública. Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa por ele revelada, as circunstâncias e as consequências da infração são considerados para o fim de decidir: a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar; b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis. 16.2.2. Suspensão (art. 37 do Estatuto) Aplicada a pena de suspensão, ficará o advogado proibido de exercer a advocacia em todo o território nacional (embora tenha que continuar pagando anuidade da OAB). Infrações disciplinares que podem resultar na pena de suspensão: • Todas que envolvam dinheiro (podendo ser aplicada e mantida até que devolva o dinheiro do cliente); • Erros reiterados, configurando inépcia (somente erro é censura); • Retenção abusiva de autos; • Conduta inadequada (ex.: envolvimento com drogas, álcool, escândalos, improbi- dade etc.). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 48 Importante! As penas somente poderão ser aplicadas após o trânsito em julgado da de- cisão condenatória. No entanto, existe uma exceção: a suspensão preventiva prevista no art. 70, § 3º, do Estatuto (havendo repercussão prejudicial à dignidade da advocacia), o Tribunal de Ética e Disciplina poderá notificar o acusado para uma sessão especial, em que será analisada a aplicação ou não da suspensão preventiva (o acusado terá direito de apresentar sua defesa nesta sessão, pelo prazo de 15 minutos). Caso aplicada a suspensão preventiva, o julgamento do processo disciplinar deve acon- tecer em 90 (noventa) dias, sob pena de constrangimento ilegal. Existe, ainda, uma sanção acessória: a multa. É uma espécie de agravante, não existe sozinha, apenas aplicada em conjunto com a censura ou a suspensão (na exclusão, não existe multa). 16.2.3. Exclusão (art. 38 do Estatuto) A exclusão é a pena mais grave, será pública e gerará o cancelamento da inscrição. Será aplicada nas seguintes infrações: • Prova falsa de requisito da inscrição; • Falta de idoneidade moral para o exercício da advocacia; • Prática de crime infamante; • Produzir/acertar delação premiada contra cliente ou ex-cliente; • Terceira suspensão. Para aplicação da exclusão, será necessária a manifestação de dois terços do Conselho Seccional de forma favorável. 17. Processo Disciplinar Será instaurado de ofício ou mediante representação, contudo, essa representação não pode ser anônima. A atribuição para conduzir o processo, na primeirainstância, será do Tribunal de Ética e Disciplina, órgão subordinado ao Conselho Seccional. Será garantido o sigilo do pro- cesso até a decisão final, proporcionando-se ao acusado a mais ampla e constitucional defesa. O julgamento do TED, apesar de ser a primeira instância, será colegiado (não existe de- cisão monocrática). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 49 O recurso contra decisão do TED será de competência do Conselho Seccional, por uma de suas Câmaras Julgadoras. Os recursos terão, como regra, o duplo efeito (devolutivo e sus- pensivo). Excepcionalmente, o recurso terá apenas efeito devolutivo nos seguintes casos: • Processo/recurso referente à eleição da OAB; • Exclusão de advogado que produziu prova falsa para inscrição nos quadros da OAB; • Suspensão preventiva. Importante! Alteração no § 1° do art. 69 do Estatuto. Foi alterada a forma de contagem de prazos, especificamente nos casos de comunicação por ofício reservado ou de notificação pessoal, considerando-se o dia do começo do prazo o primeiro dia útil imediato ao da juntada aos autos do respectivo aviso de recebimento. Art. 69. Todos os prazos necessários à manifestação de advogados, estagiários e tercei- ros, nos processos em geral da OAB, são de quinze dias, inclusive para interposição de recursos. § 1° Nos casos de comunicação por ofício reservado ou de notificação pessoal, considera- se dia do começo do prazo o primeiro dia útil imediato ao da juntada aos autos do respec- tivo aviso de recebimento. § 2° No caso de atos, notificações e decisões divulgados por meio do Diário Eletrônico da Ordem dos Advogados do Brasil, o prazo terá início no primeiro dia útil seguinte à publica- ção, assim considerada o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário. 17.1. Prescrição no processo disciplinar A prescrição da pretensão punitiva ocorre após 5 (cinco) anos da ciência oficial dos atos que poderia gerar a abertura de um processo disciplinar. Este prazo será interrompido nas seguintes circunstâncias: • Instauração do processo disciplinar; • Notificação regular do acusado; • Decisão condenatória recorrível. No decorrer do processo, é possível acontecer a prescrição intercorrente, a qual é iden- tificada pela paralização do processo disciplinar por mais de três anos. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 50 17.2. Reabilitação (art. 41 do Estatuto) Tem direito o advogado punido de pretender a reabilitação, uma forma de, ultrapassado de- terminado prazo, afastar dos seus registros a referência sobre a punição sofrida (maneira de “limpar a ficha”). O Estatuto prevê, de forma expressa, que será permitido requerer a reabilitação após um ano do cumprimento da pena. Atenção: quando a pena disciplinar decorrer de condenação criminal, a reabilitação pe- rante a OAB exigirá, primeiro, a reabilitação criminal. Importante! Súmula nº 12/2022/OEP O Órgão Especial do Conselho Pleno do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das suas atribuições conferidas no art. 86 do Regulamento Geral da Lei nº 8.906/94, considerando o julgamento do Recurso nº 49.0000.2018.010646-4/OEP, deci- diu, por unanimidade de votos, em sessão ordinária realizada no dia 20 de setembro de 2022, editar a Súmula nº 12/2022, com o seguinte enunciado: “A AUSÊNCIA DO PARE- CER PRELIMINAR PREVISTO NO ART. 59, §7°, DO CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DA OAB, GERA NULIDADE RELATIVA, A SER RECONHECIDA SE COMPROVADO O PREJUÍZO CAUSADO”. Súmula nº 13/2022/OEP O Órgão Especial do Conselho Pleno do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das suas atribuições conferidas no art. 86 do Regulamento Geral da Lei nº 8.906/94, considerando o julgamento do Recurso nº 49.0000.2016.006052-7/OEP, deci- diu, por unanimidade de votos, em sessão ordinária realizada no dia 20 de setembro de 2022, editar a Súmula nº 13/2022, com o seguinte enunciado: “Interrompem a prescrição as decisões do Conselho Federal da OAB que inadmitam recursos interpostos contra acór- dão condenatório ou mantenham a sua inadmissibilidade por ausência de violação à Lei nº 8.906/94, ausência de contrariedade à decisão do Conselho Federal ou de outro Con- selho Seccional e, ainda, ausência de violação ao Regulamento Geral, ao Código de Ética e Disciplina e aos Provimentos (art. 75, da Lei 8.906/94), por ostentarem caráter condena- tório, nos termos do art. 43, § 2°, II, do Estatuto da Advocacia e da OAB.”. 18. Incompatibilidade e Impedimento 18.1. Conceito Impedimento é a proibição parcial (limitação) do exercício da advocacia e incompati- bilidade é a proibição total do exercício da advocacia. A incompatibilidade pode ser definitiva (gerará o cancelamento da inscrição) ou poderá ser temporária (circunstância que acarretará o licenciamento da inscrição). Já o impedimento não gera licenciamento ou cancelamento; o advogado impedido pode advogar, tem carteira da OAB, mas exercerá a advocacia com algumas limitações. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 51 18.2. Causas que geram a incompatibilidade (art. 28 do Estatuto) Conforme o art. 28 do Estatuto, a advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades: A incompatibilidade não cessa quando o ocupante deixa de exercer o cargo que a gerou temporariamente. Estatuto da Advocacia e a OAB Art. 28. (...) § 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 52 relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico. Ou seja, não têm incompatibilidade Diretor ou Coordenador de Curso/Faculdade de Direito de Universidade Pública. Gerente de banco (público ou privado) não pode advogar; no entanto, o Gerente Jurídico de banco pode, exclusivamente para o banco. 18.3. Causas que geram o impedimento Na forma do art. 30 do Estatuto, são impedidos de exercer a advocacia: Atenção, cabeçones! Membro do Poder Legislativo que faz parte da mesa diretora exerce atividade incompatível com a advocacia (não poder advogar). Então, e em resumo, quanto ao Poder Legislativo: a) faz parte da mesa – incompatível; b) não faz parte da mesa – impedimento. Vale recordar que o impedimento aparece na carteira da OAB. Gerente de banco (público ou privado) não pode advogar; no entanto, o Gerente Jurídico de banco pode, exclusivamente para o banco. Por fim, destaca-se que existem alguns cargos públicos com poder de mando (p. ex.: Pro- curador-Geral do Estados, Defensor Público Geral, Advogado Geral da União, entre outros) que são habilitados a exercer a advocacia nos limites do seu cargo (não podem exercer em causa própria). O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade de dispositivos do Estatuto da Advocacia que autorizavam policiais e militares na ativa a advogar em causa própria. A decisão unânime foi tomada no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7227. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 53 Seguindo o voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, foi julgado procedente o pedido for- mulado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra os parágrafos 3º e 4º do artigo 28 do Estatuto (Lei nº 8.906/1994). Os dispositivos, incluídos em 2022 pela Lei nº 14.365, permitiam a atuação "estritamente para fins de defesa e tutela de direitos pessoais", mediante inscrição especial na OAB. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 54 1. Legislação da Ordem dos Advogados 1.1. Natureza jurídica da OAB 2. Órgão de Gestão da OAB 2.1. Conselho Federal (arts. 51 a 55 do Estatuto) 2.2. Conselhos Seccionais (arts. 56 a 59 do Estatuto) 2.2.1. Caixa de Assistência dos Advogados(art. 62 do Estatuto) 2.2.2. Tribunal de Ética e Disciplina (TED) 2.3. Subseção (arts. 60 e 61 do Estatuto) 2.3.1. Conferência Nacional dos Advogados (arts. 145 a 149 do Regulamento Geral) 3. Eleições e Mandatos na OAB 3.1. Apontamentos gerais 3.2. Dos requisitos para a candidatura 3.3. Vedação para votar 3.4. Eleição do Conselho Federal 4. Inscrição na OAB 4.1. Advogado estrangeiro 5. Licenciamento e Cancelamento da Inscrição 5.1. Licenciamento 5.2. Cancelamento da inscrição 6. Estagiário 7. Advogado Empregado 8. Atividades Privativas do Advogado 9. Sociedade de Advogados 9.1. Conceito e formação da sociedade de advogados 9.2. Advogado associado – art. 17-A do Estatuto 10. Procuração e Mandato 10.1. Disposições gerais 10.2. Da renúncia 10.3. Da revogação 10.4. Do substabelecimento 11. Honorários Advocatícios 11.1. Honorários contratados/convencionados 11.1.1. Honorários cota litis (parte na lide) 11.2. Honorários arbitrados 11.3. Honorários de sucumbência 11.3.1. Honorários assistenciais 11.3.2. Prescrição dos honorários 12. Advocacia Pro Bono 13. Direitos e Prerrogativas do Advogado 13.1. Deveres do advogado 13.2. Prerrogativas do advogado 13.3. Inviolabilidade do escritório (local de trabalho) 13.4. Comunicação com o cliente 13.5. Prisão em flagrante do advogado 13.6. Local da prisão 13.7. Relação com o magistrado 13.8. Exame de autos 13.9. Exame de inquérito policial 13.10. Desagravo (arts. 18 e 19 do Regulamento Geral) 13.11. Sigilo profissional 14. Direitos da Mulher Advogada 15. Publicidade Profissional 16. Infrações e Sanções Disciplinares 16.1. Infrações disciplinares 16.2. Sanções disciplinares 16.2.1. Censura (art. 36 do Estatuto) 16.2.2. Suspensão (art. 37 do Estatuto) 16.2.3. Exclusão (art. 38 do Estatuto) 17. Processo Disciplinar 17.1. Prescrição no processo disciplinar 17.2. Reabilitação (art. 41 do Estatuto) 18. Incompatibilidade e Impedimento 18.1. Conceito 18.2. Causas que geram a incompatibilidade (art. 28 do Estatuto) 18.3. Causas que geram o impedimentocoletivo, mandado de injunção e demais ações cuja legitimação lhe seja outorgada por lei; XV – colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou creden- ciamento desses cursos; XVI – autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens imóveis; XVII – participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual; XVIII – resolver os casos omissos neste estatuto. XIX – fiscalizar, acompanhar e definir parâmetros e diretrizes da relação jurídica mantida entre advogados e sociedades de advogados ou entre escritório de advogados sócios e advogado associado, inclusive no que se refere ao cumprimento dos requisitos norteado- res da associação sem vínculo empregatício; XX – promover, por intermédio da Câmara de Mediação e Arbitragem, a solução sobre questões atinentes à relação entre advogados sócios ou associados e homologar, caso necessário, quitações de honorários entre advogados e sociedades de advogados, obser- vado o disposto no inciso XXXV do caput do art. 5º da Constituição Federal. Parágrafo único. A intervenção referida no inciso VII deste artigo depende de prévia apro- vação por dois terços das delegações, garantido o amplo direito de defesa do Conselho Seccional respectivo, nomeando-se diretoria provisória para o prazo que se fixar. A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB, conforme o art. 63 do Estatuto, acon- tecerá na segunda quinzena do mês de novembro, do último ano do mandato, mediante cé- dula única e votação direta, de comparecimento obrigatório, para todos os advogados regu- larmente inscritos na OAB. Veja o esquema na página a seguir... 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 8 Importante! Com exceção do candidato a Presidente, os demais integrantes da chapa deverão ser conselheiros federais eleitos, conforme o art. 67, parágrafo único, do Estatuto. 2.2. Conselhos Seccionais (arts. 56 a 59 do Estatuto) Há um Conselho Seccional por Estado e o Conselho Seccional é composto pelo Presi- dente, sua Diretoria e pelos Conselheiros Estaduais (estes têm direito de votar, de decidir e deliberar – e o voto é unipessoal, diferente do Conselho Federal, que é por delegação). Também podem participar das reuniões do Conselho Seccional o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados (CAA), os conselheiros federais, o presidente do Conselho Federal, presidentes das subseções, presidente do Instituto dos Advogados e ex-presidentes do próprio Conselho. Estes últimos podem participar das reuniões e têm o direito de manifestação (voz – de emitir opinião), mas não poderão participar das deliberações, ou seja, não terão o direito de votar (este será exercido apenas pelos conselheiros e diretoria). 2.2.1. Caixa de Assistência dos Advogados (art. 62 do Estatuto) A Caixa de Assistência dos Advogados (CAA) é vinculada ao Conselho Seccional e tem como objetivo prestar assistência aos advogados inscritos no Conselho Seccional a que se vin- cule (órgão assistencial), conforme o art. 62 do Estatuto. Adquire personalidade jurídica quando seu Estatuto for aprovado e registrado junto ao Conselho Seccional e pode possuir patrimônio próprio, que será incorporado ao Conselho Seccional respectivo no caso de extinção da CAA. Na forma do §7º do art. 62 do Estatuto, o Conselho Seccional, mediante voto de dois terços de seus membros, pode intervir na Caixa de Assistência dos Advogados, no caso de 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 9 descumprimento de suas finalidades, designando diretoria provisória, enquanto durar a interven- ção. 2.2.2. Tribunal de Ética e Disciplina (TED) A atribuição do Tribunal de Ética e Disciplina está definida no art. 71 do Código de Ética e Disciplina: a) Julgar, em primeiro grau, os processos ético-disciplinares; b) Responder a consultas formuladas, em tese, sobre matéria ético-disciplinar; c) Exercer as competências que lhe sejam conferidas pelo Regimento Interno da Sec- cional ou por este Código para a instauração, instrução e julgamento de processos ético-disciplinares; d) Suspender, preventivamente, o acusado, em caso de conduta suscetível de acarre- tar repercussão prejudicial à advocacia, nos termos do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil; e) Organizar, promover e ministrar cursos, palestras, seminários e outros eventos da mesma natureza acerca da ética profissional do advogado ou estabelecer parcerias com as Escolas de Advocacia, com o mesmo objetivo; f) Atuar como órgão mediador ou conciliador nas questões que envolvam: dúvidas e pendências entre advogados; partilha de honorários contratados em conjunto ou decorrentes de substabelecimento, bem como os que resultem de sucumbência, nas mesmas hipóteses; e controvérsias surgidas quando da dissolução de socie- dade de advogados. Atenção: a principal atribuição será de julgar, em primeiro grau, o processo disciplinar – seria a primeira instância (a segunda instância seria uma das Câmaras vinculadas ao Conselho Seccional, ou seja, o recurso contra decisão do TED). 2.3. Subseção (arts. 60 e 61 do Estatuto) A Subseção é parte autônoma do Conselho Seccional, abrange um ou mais municí- pios, desde que possua, pelo menos, 15 advogados a ela vinculados, de acordo com o art. 60 do Estatuto. Quando tiver mais de cem advogados inscritos e vinculados, a subseção pode criar seu Conselho, conforme o §3o do art. 60 do Estatuto. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 10 Conforme o parágrafo único do art. 61 do Estatuto, ao Conselho da Subseção, quando houver, compete exercer as funções e atribuições do Conselho Seccional, na forma do regimento interno deste, e ainda: a) editar seu regimento interno, a ser referendado pelo Conselho Seccio- nal; b) editar resoluções, no âmbito de sua competência; c) instaurar e instruir processos disci- plinares, para julgamento pelo Tribunal de Ética e Disciplina; d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário, instruindo e emitindo parecer prévio, para decisão do Conse- lho Seccional. 2.3.1. Conferência Nacional dos Advogados (arts. 145 a 149 do Regula- mento Geral) A Conferência Nacional da Advocacia Brasileira é órgão consultivo máximo do Conselho Federal, reunindo-se trienalmente, no segundo ano do mandato, tendo por objetivo o estudo e o debate das questões e problemas que digam respeito às finalidades da OAB e ao congraçamento da advocacia, conforme art. 145 do Regulamento Geral. Ainda, na forma do §1º do art. 145 do Regulamento Geral, as Conferências da Advocacia dos Estados e do Distrito Federal são órgãos consultivos dos Conselhos Seccionais, reunindo- se também trienalmente, no segundo ano do mandato. Veja o esquema na página a seguir... 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 11 Atenção: os convidados, expositores e membros dos órgãos da OAB têm identificação especial durante a Conferência. Os estudantes de direito, mesmo inscritos como estagiários na OAB, são membros ouvintes, escolhendo um porta-voz entre os presentes em cada sessão da Conferência. 3. Eleições e Mandatos na OAB 3.1. Apontamentos gerais Os advogados votarão em chapas regularmente inscritas para o Conselho Seccional (Di- retoria, Conselheiros Seccionais, Três Conselheiros Federais e Diretoria da CAA) e Subseção (Diretoria e Conselho da Subseção – se existir). Nas eleições diretas, o voto será obrigatório para os advogados regularmente inscritos – inscrição principal (não votar representa multa – 20% sobre o valor da anuidade). O voto será facultativo para os advogados com inscrição suplementar (para votar deve avisar com ante- cedência). Cabeção, importante! 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 12 3.2. Dos requisitos paraa candidatura São requisitos para a candidatura (cargos de gestão na OAB) aqueles previstos nos arts. 63, § 2o, do Estatuto e 131, §6º, do Regulamento Geral: Estatuto da Advocacia e da OAB Art. 63. A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB será realizada na segunda quinzena do mês de novembro, do último ano do mandato, mediante cédula única e vota- ção direta dos advogados regularmente inscritos. (...) § 2º O candidato deve comprovar situação regular perante a OAB, não ocupar cargo exo- nerável ad nutum, não ter sido condenado por infração disciplinar, salvo reabilitação, e exercer efetivamente a profissão há mais de 3 (três) anos, nas eleições para os cargos de Conselheiro Seccional e das Subseções, quando houver, e há mais de 5 (cinco) anos, nas eleições para os demais cargos. Regulamento Geral Art. 131. São admitidas a registro apenas chapas completas, que deverão atender ao percentual de 50% para candidaturas de cada gênero e, ao mínimo, de 30% (trinta por cento) de advogados negros e de advogadas negras, assim considerados os(as) inscri- tos(as) na Ordem dos Advogados do Brasil que se classificam (autodeclaração) como ne- gros(as), ou seja, pretos(as) ou pardos(as), ou definição análoga (critérios subsidiários de heteroidentificação). § 6º Fica delegada à Comissão Eleitoral, de cada Seccional, analisar e deliberar os casos onde as chapas das Subseções informarem a inexistência ou insuficiência de advogados negros (pretos e pardos) e advogadas negras (pretas e pardas), com condições de elegi- bilidade a concorrer nas chapas, no percentual aprovado em 30% (trinta por cento) referido no caput deste artigo. Atenção: também não poderá ser candidato o advogado que exercer cargo público de- missível ad nutum, ou seja, que não tem estabilidade – o fato de não ter estabilidade retira a necessária independência do advogado, não permitindo sua candidatura. 3.3. Vedação para votar São proibidos de votar os advogados na condição de inadimplentes (devendo anuidade) e os estagiários (inscritos na OAB – estagiário paga anuidade, mas não tem direito de votar). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 13 3.4. Eleição do Conselho Federal A eleição no Conselho Federal é indireta; quem vai eleger a diretoria são os três Conse- lheiros Federais (integrantes das delegações de cada unidade federativa e eleitos junto com a chapa do Conselho Seccional). Cuidado, cabeçones! O presidente do Conselho Federal não precisa ser Conselheiro Fe- deral (art. 67, par. ún., do Estatuto da OAB). Importante: os três Conselheiros Federais de cada Estado, que assumem no Conselho Federal, são chamados de delegação. Nas decisões de competência do Conselho Federal, es- ses Conselheiros Federais apresentarão um voto por delegação. Para a eleição de Diretoria do Conselho Federal, o voto é individual de cada Conselheiro, não há voto por delegação. Ainda, sobre as decisões dentro de cada órgão de gestão, é importante atentar-se para os seguintes questionamentos: 4. Inscrição na OAB Inicialmente, é necessário recordar que a condição de Advogado se adquire com a inscri- ção na OAB (e não com a aprovação no Exame da OAB – este é apenas um dos requisitos para postular a inscrição). Dessa forma, os requisitos para inscrição junto a OAB estão definidos no art. 8º do Estatuto: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 14 Atenção: as atividades incompatíveis com a advocacia estão definidas no art. 28 do Es- tatuto e geram a proibição absoluta do exercício da advocacia. O bacharel em direito, quando não graduado no Brasil, além de atender os requisitos do art. 8º do Estatuto, ainda deve fazer prova do título de graduação, obtido em instituição estran- geira, devidamente revalidado. A falta de idoneidade moral deve ser analisada pelo Conselho Seccional (por decisão de dois terços de seus membros), a fim de impedir a inscrição (sendo concedido ao interessado o direito ao contraditório). Exemplo: o Conselho Federal já definiu que, a prática de violência contra a mulher, assim definida na Convenção Interamericana de Belém do Pará, constitui fator apto a demonstrar a ausência de idoneidade moral para a inscrição de bacharel em Direito nos quadros da OAB, independentemente da instância criminal. Assim, cada Conselho Seccional tem liberdade de analisar, caso a caso, a idoneidade – ou ausência dela – para fins de deferimento ou indeferi- mento da inscrição. Deferida e autorizada a inscrição, o advogado somente receberá sua carteira profissional depois de prestar compromisso perante o Conselho Seccional (juramento previsto no art. 20 do Regulamento Geral). Tal compromisso é solene, formal e personalíssimo, ou seja, não pode ser feito por procuração. A inscrição deverá ser feita perante o Conselho Seccional onde o advogado exercerá a advocacia com habitualidade. Será denominada inscrição principal. Ainda, poderá o 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 15 advogado, facultativamente, buscar inscrição em outro Conselho Seccional, a denominada ins- crição suplementar. O advogado deverá possuir uma inscrição principal e poderá ter quantas inscrição suple- mentares quiser, contudo, apenas uma por Conselho Seccional). Importante! A inscrição suplementar será obrigatória quando: • 1ª situação: quando o advogado estiver atuando em mais de cinco causas em Conselho Seccional onde ele não tenha a inscrição principal. Exemplo: advogado com inscrição principal no Rio Grande do Sul pode atuar – exercer a advocacia – em qualquer Estado; mas se possuir mais de cinco ações num Estado, deverá pro- videnciar a inscrição suplementar naquele Conselho Seccional correspondente. • 2ª situação: quando o advogado for sócio de Sociedade de Advogados, deverá obrigatoriamente possuir inscrição (principal ou suplementar) perante o Conselho Seccional onde a sociedade foi registrada. Não será exigido um novo exame de ordem para cada inscrição suplementar, mas é importante lembrar que, para cada inscrição (principal ou suplementar) haverá a incidência de uma anuidade (ex.: dez inscrições, dez anuidades). Importante! Para atuar nos Tribunais Superiores não haverá necessidade de Inscrição Suplementar. 4.1. Advogado estrangeiro Para advogar no Brasil, o advogado deve se inscrever na OAB, submetendo-se aos mes- mos requisitos do advogado brasileiro (terá, no entanto, que revalidar seu diploma, circunstância que não é de competência da OAB). Ainda, o advogado estrangeiro, pode receber uma autorização (precária), mediante re- querimento ao Conselho Seccional, para dar Consultoria em direito estrangeiro. 5. Licenciamento e Cancelamento da Inscrição 5.1. Licenciamento Licenciamento é forma de interrupção temporária da inscrição, ou seja, é uma forma de o advogado suspender sua capacidade postulatória, considerando que, durante o período 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 16 de licenciamento ele não pode advogar. Ainda, durante o período que o advogado estiver licen- ciado, ele não pagará a anuidade. Atenção: o advogado licenciado não perde o número da sua inscrição, tampouco sua inscrição é cancelada. 5.2. Cancelamento da inscrição O cancelamento da inscrição configura interrupção definitiva do exercício da advoca- cia. Com o cancelamento, a pessoa deixa de ser advogada, perde sua capacidade postulató- ria. Pode acontecer em cinco hipóteses: 1) A pedido (personalíssimo): não precisa ser fundamentado, mas deve ser assinado pelo advogado postulante; 2) Exclusão (pena mais grave do Estatuto): a punição com a exclusão vai gerar o cancelamento da inscrição; 3) O exercício de atividade incompatível (forma definitiva); 4) Perda dos requisitos da inscrição (art. 8º do Estatuto); 5) Falecimento do advogado. Importante! Se a pessoa já possui atividade incompatível no ato da inscrição, haverá o seu indeferimento (art. 8º do Estatuto). A aplicação, portrês vezes, da pena de suspensão ge- rará a pena de exclusão, que acarretará o cancelamento da inscrição. 6. Estagiário Para obter a inscrição como estagiário, devem ser obedecidos os requisitos do art. 9° do Estatuto, quais sejam: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 17 O Estagiário com inscrição na OAB paga anuidade, mas não pode votar. Além disso, o estagiário tem direito de praticar todos os atos privativos da advocacia, desde que em conjunto com o advogado e sob a responsabilidade deste. Na forma do art. 29, §1º do Regulamento Geral, o estagiário inscrito na OAB pode praticar isoladamente os seguintes atos, sob a responsabilidade do advogado: O Estagiário, para atuar no processo, deve ter poderes, ou seja, ele deve aparecer na procuração ou no substabelecimento. Importante! Estagiário não pode fazer publicidade, nem mesmo em conjunto com o ad- vogado. É permitido ao bacharel em direito buscar inscrição como estagiário, na forma do art. 9º, § 4º, do Estatuto. Alteração singela, mas relevante, diz respeito à possibilidade de o estágio profissional ser feito no regime de teletrabalho, fixando-se algumas exigências quanto a requisitos do termo de convênio e de estágio (art. 9º, §§ 5° e 6°, do Estatuto). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 18 7. Advogado Empregado Conforme o art. 18 do Estatuto, o advogado empregado é um profissional assalariado, mas esta relação de emprego não pode retirar sua independência profissional. Além disso, na forma do §1º do art. 18, o advogado empregado não estará obrigado à prestação de serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, desde que fora da relação de emprego. O advogado empregado tem jornada de trabalho de 8 horas diárias e 40 semanais, con- forme o art. 20 do Estatuto. Será considerado período de trabalho o tempo que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, seja no escritório, seja em atividades externas. Ao advogado empregado será reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospe- dagem e alimentação. Importante! Conforme o §2º do art. 20 do Estatuto, as horas trabalhadas que excederem a jornada normal de trabalho, são remuneradas por um adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito. Além disso, na forma do §3º do art. 20 do Estatuto, as horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia seguinte, são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 19 O salário-mínimo profissional do advogado empregado será fixado em sentença norma- tiva, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho, conforme o art. 19 do Estatuto. Ainda, o advogado empregado tem direito aos honorários de sucumbência, con- forme o art. 21 do Estatuto, entretanto, poderá acertar com o empregador, contratualmente ou em convenção coletiva, forma de partilha de tais honorários ou até renunciá-los. 8. Atividades Privativas do Advogado Bacharel em Direito e Estagiário inscrito na OAB não são considerados advogados, ou seja, não podem agir ou atuar naquelas atividades definidas como privativas da advocacia. Con- tudo, de acordo com o §2º do art. 3º do Estatuto, o estagiário inscrito na OAB, pode praticar os atos previstos no art. 1º do Estatuto, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste. Atenção: postular em juíz é atividade privativa da advocacia, mas com exceções de ha- beas corpus em qualquer instância, jus postulandi trabalhista, JEC (limitação de valor), JEF/JEFP, e revisão criminal. Contudo, no JEC criminal, a presença do advogado do acusado é obrigatória. Ainda, microempresa e empresa de pequeno porte não precisam de visto de advogado para os seus atos constitutivos. Nestes casos, das exceções, será possível postular em juízo sem a presença do advogado. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 20 9. Sociedade de Advogados 9.1. Conceito e formação da sociedade de advogados Pessoa jurídica, formada única e exclusivamente por advogados, com o objetivo de atuar em atividades privativas da advocacia. Adquire personalidade jurídica, isso quer dizer que, passa a ser titular de direitos e obrigações, com o registro de seus atos constitutivos junto ao Conselho Seccional competente. Não é registrada na Junta Comercial ou em outro Cartório Extrajudicial. O sócio deve ter inscrição, seja principal, seja suplementar, no Conselho Seccional onde a sociedade de advogados foi registrada. A sociedade de advogados pode ter filial, desde que seja em outro Conselho Seccional, pois não poderá a sociedade ter filial no mesmo Conselho Seccional onde está a sociedade registrada. O advogado somente pode ser sócio de uma soci- edade de advogados por Conselho Seccional. Modificação do § 2º do art. 16: o advogado impedido ou incompatibilizado com o exer- cício da advocacia de forma temporária não é considerado excluído da sociedade (devendo ser tal circunstância averbada no registro da Sociedade). Todavia, traz importante situação: o fato de que não pode ser usado o nome ou imagem do advogado temporariamente afastado. Conforme a inclusão do art. 17-A do Estatuto, o advogado poderá se associar a uma ou mais sociedades de advogados ou sociedades unipessoais de advocacia para prestação de serviços, e, ainda, a presente associação dar-se-á por meio de pactuação de contrato próprio, que poderá ser de caráter geral ou restringir-se a determinada causa ou trabalho. Conforme o art. 17-B do Estatuto, a associação de que trata o art. 17-A deverá ser regis- trado no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede a sociedade de advoga- dos que dele tomar parte. O contrato de associação deve conter no mínimo: Veja o esquema na página a seguir... 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 21 Importante ficar atento nas seguintes situações: a) Nas sociedades de advogados, a escolha do sócio-administrador poderá recair sobre advogado que atue como servidor da administração direta, indireta e fundacional, desde que não esteja sujeito ao regime de dedicação exclusiva. b) A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia deverão recolher seus tributos sobre a parcela da receita que efetivamente lhes couber, com a exclusão da receita que for transferida a outros advogados ou a sociedades que atuem em forma de parceria para o atendimento do cliente. Essa situação tem o intuito admitir que, mesmo que a sociedade de advogados receba honorários de outros advogados que com ela tenham firmado parceria (e tenha ocorrido transfe- rência de valores em decorrência dessa parceria), a sociedade de advogados não precisa reco- lher tributo sobre esta parcela de receita que não teve nela, sociedade, seu destino final (pois foi repassada ao parceiro). Assim, recolherá tributos apenas e tão somente sobre a parcela que efetivamente lhe couber. c) Cabem ao Conselho Federal da OAB a fiscalização, o acompanhamento e a definição de parâmetros e de diretrizes da relação jurídica mantida entre advogados e sociedades de ad- vogados ou entre escritório de advogados sócios e advogado associado, inclusive no que se refere ao cumprimento dos requisitos norteadores da associação sem vínculo empregatício au- torizada expressamente neste artigo). d) A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia podem ter como sede, filial ou local de trabalho espaço de uso individual ou compartilhado com outros escritórios de advocacia ou empresas, desde que respeitadas as hipóteses de sigilo. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 22 e) O impedimento ou a incompatibilidade em caráter temporário do advogado não o exclui da sociedade de advogados à qual pertença e deve ser averbado no registro da sociedade - é proibida, em qualquer hipótese, a exploraçãode seu nome e de sua imagem em favor da socie- dade. 9.2. Advogado associado – art. 17-A do Estatuto O advogado pode associar-se a uma ou mais sociedades de advogados ou a sociedades unipessoais de advocacia, sem vínculo empregatício, para prestação de serviços e participação nos resultados. Dessa forma, tem uma relação sem vínculo empregatício e sem ser sócio de uma sociedade de advogados – dessa forma, para ela (a sociedade) presta serviço e participa limitadamente dos seus resultados. Em resumo: o advogado associado não se confunde com o advogado empregado das sociedades de advogados – e também não se confunde com sócio da sociedade. Importante: a) Não será admitida a averbação do contrato de associação que contenha, em con- junto, os elementos caracterizadores de relação de emprego previstos na Consoli- dação das Leis Trabalhistas (CLT); b) A associação de que trata o art. 17-A dar-se-á por meio de pactuação de contrato próprio, que poderá ser de caráter geral ou restringir-se a determinada causa ou trabalho e que deverá ser registrado no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede a sociedade de advogados que dele tomar parte. Veja-se: o dispositivo legal exige a “pactuação de contrato próprio” para a associação de advogado, podendo ser de caráter geral ou específico a determinada causa, a ser registrado no respectivo Conselho Seccional da OAB. Cuidado – o conteúdo (cláusulas) obrigatório do Contrato de Associação: no contrato de associação, o advogado sócio ou associado e a sociedade pactuarão as condições para o de- sempenho da atividade advocatícia e estipularão livremente os critérios para a partilha dos re- sultados dela decorrentes, devendo o contrato conter, no mínimo: I – qualificação das partes, com referência expressa à inscrição no Conselho Seccional da OAB competente; II – especificação e delimitação do serviço a ser prestado; III – forma de repartição dos riscos e das receitas entre as partes, vedada a atribuição da totalidade dos riscos ou das receitas exclusivamente a uma delas; 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 23 IV – responsabilidade pelo fornecimento de condições materiais e pelo custeio das despe- sas necessárias à execução dos serviços; V – prazo de duração do contrato. Dica olhos de tigre – não existe limites de associação; o advogado pode, então, associar- se há mais de uma sociedade dentro do mesmo Conselho Seccional. 10. Procuração e Mandato 10.1. Disposições gerais Para que o advogado atue em nome de seu cliente, é necessário que ele receba poderes para tanto. A forma processual é a outorga da procuração. A procuração, como todo contrato, pode ter prazo determinado, contudo, se não contiver prazo, presume-se que ela tem eficácia até a conclusão da causa, conforme o art. 13 do CED. A procuração não se extingue ou perde valor/eficácia pelo decurso do tempo. O ad- vogado tem o direito de atuar sem procuração em casos de urgência – por exemplo, os direitos de seu cliente estão em perigo - mas, o advogado deve juntar a procuração no prazo de 15 dias, podendo ser prorrogado por mais 15 dias, conforme prevê o art. 104 do CPC e o art. 5º, §1º do Estatuto. Conforme o art. 11 do CED o advogado, atua como patrono da parte, quando no exercício do mandato, cumprindo-lhe, por isso, imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar a intenções contrárias do cliente, mas, antes, procurando esclarecê-lo quanto à estratégia traçada. Atenção! O advogado não pode aceitar procuração de quem já tenha patrono cons- tituído, sem prévio conhecimento deste, conforme o art. 14 do CED. Contudo, por motivo ple- namente justificável ou para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis o advogado pode aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído. Dica olhos de tigre - as atividades de consultoria e assessoria jurídicas podem ser exer- cidas de modo verbal ou por escrito, a critério do advogado e do cliente, e independem de outorga de mandato ou de formalização por contrato de honorários. Dicas importantes: 1. No processo administrativo, o advogado contribui com a postulação de decisão fa- vorável ao seu constituinte, e os seus atos constituem múnus público. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 24 2. É garantido ao advogado a prerrogativa de, no processo administrativo, contribuir com a postulação de decisão favorável ao seu constituinte. 3. O advogado pode contribuir com o processo legislativo e com a elaboração de nor- mas jurídicas, no âmbito dos Poderes da República. 4. As atividades de consultoria e assessoria jurídicas podem ser exercidas de modo verbal ou por escrito, a critério do advogado e do cliente, e independem de outorga de mandato ou de formalização por contrato de honorários. Importante: conforme o art. 24 do Código de Ética e Disciplina da OAB, o advogado não se sujeita à imposição do cliente que pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem fica na contingência de aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no processo e, ainda, conforme o caput do art. 26 do Código de Ética e Disciplina da OAB, o substabeleci- mento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do advogado da causa, apenas o substabelecimento do mandato sem reserva de poderes exige o prévio e inequívoco conheci- mento do cliente (art. 26, §1º do Código de Ética e Disciplina da OAB). 10.2. Da renúncia Nos termos do art. 16 do CED, a renúncia cessa a responsabilidade profissional, e isso quer dizer que a renúncia é a forma de extinção da procuração e dos poderes nela outorgados e, é requerida pelo advogado. Notificado o cliente, o advogado ainda é responsável pelos atos processuais por dez dias, salvo se um novo profissional se habilite antes de terminado tal prazo, na forma do §3º do art. 5º do Estatuto. Ainda, não há necessidade de a renúncia ser motivada. 10.3. Da revogação Revogação do mandado judicial é uma forma de extinção da procuração e dos poderes nela outorgados por iniciativa do cliente, conforme o art. 17 do CED. Na revogação, não existe o prazo de responsabilização por dez dias. Importante! A renúncia ou a revogação da procuração não desobriga o cliente ao paga- mento dos honorários advocatícios (inclusive verba de sucumbência – neste caso, de forma pro- porcional ao trabalho desenvolvido). 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 25 10.4. Do substabelecimento O substabelecimento é a forma de o advogado transferir poderes recebidos na procuração para outro advogado (relação advogado com advogado). O substabelecimento pode ser com ou sem reserva de poderes. 11. Honorários Advocatícios Previsão legal: arts. 22 a 26 da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil). Os honorários advocatícios correspondem à remuneração ao profissional da advocacia pelos serviços prestados. São divididos em três tipos: 11.1. Honorários contratados/convencionados Contratados e fixados entre o advogado e o cliente, sendo, como regra, uma obrigação de meio, ou seja, não depende de resultado, ainda que, excepcionalmente, possa depender de resultado, quando, por exemplo, o advogado for contratado para elaborar uma minuta de con- trato. Quando o contrato de honorários fixados entre advogado e cliente não estabelecer ou fixar forma de pagamento, o §3º do art. 22 do Estatuto orienta/sugere a seguinte forma: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 26 Atenção: a inclusão do art. 22-A no Estatuto fixa e define que será permitida a dedução de honorários advocatícios contratuais dos valores acrescidos, a título de juros de mora, ao mon- tante repassado aos Estados e aos Municípios na forma de precatórios, como complementação de fundos constitucionais. Importante: de acordo com o §4º do art. 22 do Estatuto da Advocacia e da OAB, se o advogado fizer juntar aosautos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por dedu- ção da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou. 11.1.1. Honorários cota litis (parte na lide) Os honorários cota litis são a maneira de contratar honorários com o cliente, assim, é fixado um percentual no resultado, ou seja, no benefício que o cliente vier a receber. O advogado deve receber em pecúnia/dinheiro e não em bens (para receber em bens, deve existir cláusula contratual declarando que o cliente não tem como pagar em dinheiro). Não existe disposição definindo o percentual adequado dos honorários cota litis, todavia, o art. 50 do CED prevê que, quando acrescidos dos honorários da sucumbência, isso quer dizer que, os honorários cota litis somados aos de sucumbência, não podem ser superiores às vanta- gens advindas a favor do cliente. 11.2. Honorários arbitrados Os honorários fixados por arbitramento judicial, serão fixados pelo Poder Judiciário, me- diante postulação, ou seja, ação do advogado contra o cliente, pois não foram convencionados previamente. Assim, diante da ausência de contrato escrito entre cliente e advogado e negando- se o cliente a efetuar o pagamento de honorários, a alternativa do profissional da advocacia será entrar com uma ação contra o cliente, pedindo que o juiz arbitre os honorários. O §2º do art. 22 do Estatuto fixa critérios para o arbitramento de honorários advocatícios, na falta de estipulação ou de acordo, fixando que, obrigatoriamente, devam ser observadas as disposições nos §§ 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 6º-A, 8º, 8º-A, 9º e 10 do art. 85 do Código de Processo Civil: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 27 Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível men- surá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. § 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais: I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos; II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários- mínimos; III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do pro- veito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos; IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos; V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos. § 4º Em qualquer das hipóteses do § 3º: I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a sentença; II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado; III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econô- mico obtido, a condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa; IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que estiver em vigor na data da decisão de liquidação. § 5º Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I do § 3º, a fixação do percentual de honorários deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e assim sucessivamente. § 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito. § 6º-A. Quando o valor da condenação ou do proveito econômico obtido ou o valor atuali- zado da causa for líquido ou liquidável, para fins de fixação dos honorários advocatícios, nos termos dos §§ 2º e 3º, é proibida a apreciação equitativa, salvo nas hipóteses expres- samente previstas no § 8º deste artigo. § 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equi- tativa, observando o disposto nos incisos do § 2º. § 8º-A. Na hipótese do § 8º deste artigo, para fins de fixação equitativa de honorários sucumbenciais, o juiz deverá observar os valores recomendados pelo Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil a título de honorários advocatícios ou o limite mínimo de 10% (dez por cento) estabelecido no § 2º deste artigo, aplicando-se o que for maior. § 9º Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários inci- dirá sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas. § 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 28 11.3. Honorários de sucumbência Os honorários de sucumbência são verbas honorárias fixada pelo Poder Judiciário, em processo judicial, em que condena a parte vencida (a parte que perdeu no processo) ao paga- mento de honorários em favor do advogado da parte vencedora. O percentual deverá obedecer ao disposto no art. 85, §2°, do CPC, assim, os honorários serão fixados entre 10% e 20% sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos: 11.3.1. Honorários assistenciais Em 2018, os honorários assistenciais foram criados e, podem ser definidos como aqueles honorários pagos a um advogado contratado por entidade sindical para prestar assistência jurí- dica ao trabalhador sem condições financeiras de arcar com os custos de um defensor. Na forma do art. 22, §6º, do Estatuto, os honorários assistenciais são aqueles fixados em ações coletivas propostas por entidades de classe em substituição processual, sem prejuízo aos honorários convencionais. Simplificando, seriam honorários de sucumbência, fixados na Justiça do Trabalho, em be- nefício dos advogados contratados pelos sindicatos para defesa de direitos coletivos. 11.3.2. Prescrição dos honorários A pretensão de cobrar os honorários prescreverão em 5 (cinco) anos, nos termos do art. 25 do Estatuto e, tal prazo é contado: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 29 Dicas! • O advogado pode executar os honorários de sucumbência em seu nome; • Crédito de honorários não autoriza ao advogado o saque de duplicatas ou qualquer outro título de crédito; • O advogado pode emitir fatura contra o cliente para pagamento dos honorários – se o cliente pedir ou autorizar, mas esta fatura não poderá ser levada a protesto; • Cheque ou nota promissória emitidos pelo cliente para pagamento dos honorários podem ser levados a protesto, desde que antes o advogado tenha tentado amiga- velmente o recebimento do crédito; • É autorizado o uso de cartão de crédito para o recebimento de honorários. A inclusão do art. 24-A ao Estatuto trouxe, em benefício do advogado, o privilégio con- sistente na garantia do recebimento de seus honorários contratuais, mesmo sob bloqueio univer- sal do patrimôniodo cliente, até o montante de 20% dos bens bloqueados. Importante ressaltar que essa possibilidade de desbloqueio não atinge os bloqueios de- terminados em decorrência do crime de tráfico de drogas. Os §§ 1º a 5º dispõem sobre o pedido de desbloqueio; a ordem preferencial de pagamento dos honorários sobre os bens do cliente; a maneira como deve ser transferido esse pagamento diretamente para a conta do advogado ou do seu escritório; e a opção do advogado pela adjudi- cação de bem ou venda em hasta pública. A inclusão do § 3º-A ao art. 24 do Estatuto, prevê que somente sejam consideradas válidas as disposições, as cláusulas, os regulamentos ou as convenções individuais ou coletivas que retirem do sócio o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência “nos casos judiciais e 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 30 administrativos”, após o protocolo de petição que revogue os poderes que lhe foram outor- gados ou que noticie a renúncia a eles. Ainda assim, os honorários serão devidos proporcio- nalmente ao trabalho realizado. Conforme o §4º do art. 24 do Estatuto da Advocacia e da OAB, o acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência (anuência) do profissional, não lhe preju- dica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos por sentença. A inclusão do § 5º ao art. 24 do Estatuto, assegura o direito aos honorários proporcionais ao trabalho realizado nos processos judiciais e administrativos em que tenha atuado, na hipótese de encerramento da relação contratual com o cliente. A inclusão do § 6º ao art. 24 do Estatuto, deixa claro e definitivo, sem qualquer dúvida, que distrato e a rescisão do contrato de prestação de serviços advocatícios, mesmo que formal- mente celebrados, não configuram renúncia expressa aos honorários pactuados. A inclusão do § 7º ao art. 24 do Estatuto, estipula que, na ausência de contrato de prestação de serviços advocatícios e fixação de honorários, estes devem ser arbitrados conforme as dispo- sições contidas no art. 22 do Estatuto. A inclusão do parágrafo único ao art. 26 do Estatuto trouxe uma exceção à regra contida no caput, qual seja: “O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários sem a intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento”. No pará- grafo único foi criada uma exceção, permitindo que o advogado substabelecido com reserva de poderes cobre diretamente o cliente, sem a participação do advogado que substabeleceu, desde que tenha, o advogado substabelecido, contrato celebrado com o cliente. Importante: De acordo com o art. 21 do Estatuto da Advocacia e da OAB, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados, mas o STF, na ADIN 1.194, em seu item 4, entendeu que os honorários de sucumbência podem ser tanto do advogado quanto da sociedade ou de ambos, dependendo de disposição contratual. Estatuto da Advocacia e da OAB Art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada, os honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados. Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado de sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabele- cida em acordo. ADI n. 1194 4. O art. 21 e seu parágrafo único da Lei n. 8.906/1994 deve ser interpretado no sentido da preservação da liberdade contratual quanto à destinação dos honorários de sucumbên- cia fixados judicialmente. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 31 5. Pela interpretação conforme conferida ao art. 21 e seu parágrafo único, declara-se in- constitucional o § 3º do art. 24 da Lei n. 8.906/1994, segundo o qual "é nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do advo- gado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência". 12. Advocacia Pro Bono Durante determinado período, entendeu-se que o advogado não poderia trabalhar sem cobrar honorários, que tal atitude poderia configurar forma de aviltamento de honorários. Com o intuito de regular essa atividade, foi adotado no sistema brasileiro a possibilidade do exercício da advocacia pro bono. Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e voluntária (G E V) de serviços jurídicos – essas são as características principais. Este tipo de atuação pode acontecer em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os bene- ficiários não dispuserem de recursos para a contratação de profissional. Ainda, a advocacia pro bono, pode ser exercida para pessoas naturais hipossuficientes. Entretanto, não poderá o advo- gado atuar como pro bono com objetivos político-partidários ou eleitorais, nem beneficiar institui- ções que visem a tais objetivos, ou como instrumento de publicidade para captação de clientela. Segundo o Provimento nº 166/2015 do Conselho Federal da OAB, os advogados que de- sempenharem a advocacia pro bono estão impedidos de exercer a advocacia remunerada, em qualquer esfera, para a pessoa natural ou jurídica que se utilize de seus serviços pro bono (art. 4º e § 1º). Provimento CFOAB nº 166/2015 Art. 4º Os advogados e os integrantes das sociedades de advogados e dos departamentos jurídicos de empresas que desempenharem a advocacia pro bono definida no art. 1º deste Provimento estão impedidos de exercer a advocacia remunerada, em qualquer esfera, para a pessoa natural ou jurídica que se utilize de seus serviços pro bono. § 1° O impedimento de que trará este artigo cessará uma vez decorridos 3 (três) anos do encerramento da prestação do serviço pro bono. § 2° É igualmente vedado vincular ou condicionar a prestação de serviços pro bono à contratação de serviços remunerados, em qualquer circunstância. Dicas relevantes: 1. Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento judi- cial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, ou seja, devam ser observadas as disposições do CPC que regulam os honorários de sucumbência. 2. Consideram-se também honorários convencionados aqueles decorrentes da indicação de cliente entre advogados ou sociedade de advogados. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 32 3. Fica permitida a dedução de honorários advocatícios contratuais dos valores acresci- dos, a título de juros de mora, ao montante repassado aos Estados e aos Municípios na forma de precatórios, como complementação de fundos constitucionais. Cuidado: essa dedução não será permitida aos advogados nas causas que decorram da execução de título judicial constituído em ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Fe- deral. 4. Somente sejam consideradas válidas as disposições, as cláusulas, os regulamentos ou as convenções individuais ou coletivas que retirem do sócio o direito ao recebimento dos hono- rários de sucumbência “nos casos judiciais e administrativos”, após o protocolo de petição que revogue os poderes que lhe foram outorgados ou que noticie a renúncia a eles. Vale lembrar que mesmo nessa situação, os honorários serão devidos proporcionalmente ao trabalho realizado. 5. O advogado tem direito aos honorários proporcionais ao trabalho realizado nos proces- sos judiciais e administrativos em que tenha atuado, na hipótese de encerramento da relação contratual com o cliente (seja por renúncia ou revogação). 6. No caso de bloqueio universal do patrimônio do cliente por decisão judicial, será garan- tido ao advogado a liberação de até 20% (vinte por cento) dos bens bloqueados para fins de recebimento de honorários e reembolso de gastos com a defesa. Dica olhos de tigre: quando o advogado substabelecido, com reservas de poderes, pos- suir contrato celebrado diretamente com o cliente emerge uma situação especial – este advo- gado substabelecido poderá cobrar esses honorários do cliente sem a participação do advogado que substabeleceu(art. 26, parágrafo único do Estatuto). Importante: não pode ocorrer a condenação cumulativa em honorários assistenciais e em honorários de sucumbência, pois ambos visam remunerar o trabalho prestado pelo advogado no processo trabalhista 13. Direitos e Prerrogativas do Advogado 13.1. Deveres do advogado São deveres do advogado, de acordo com o art. 2º do CED: Art. 2° O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado De- mocrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 33 moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em conso- nância com a sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes. Pará- grafo único. São deveres do advogado: I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia; II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dig- nidade e boa-fé; III – velar por sua reputação pessoal e profissional; IV – empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e profissional; V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI – estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, preve- nindo, sempre que possível, a instauração de litígios; VII – desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilidade jurídica; VIII – abster-se de: a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b) vincular seu nome ou nome social a empreendimentos sabidamente escusos; c) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a digni- dade da pessoa humana; d) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste; e) ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades com as quais tenha vínculos negociais ou familiares; f) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes. IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos direitos indi- viduais, coletivos e difusos; X – adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à administração da Justiça; XI – cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil ou na representação da classe; XII – zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia; XIII – ater-se, quando no exercício da função de defensor público, à defesa dos necessi- tados. O advogado deve zelar por sua liberdade e independência, assim, nos termos do pará- grafo único do art. 4º do CED, é legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a direito que também lhe seja aplicável ou contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente. Importante! • Art. 5º do CED: o exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedi- mento de mercantilização; • Art. 6º do CED: é defeso (proibido) ao advogado expor os fatos em Juízo ou na via administrativa falseando deliberadamente a verdade e utilizando de má-fé; • Art. 7º do CED: é vedado o oferecimento de serviços profissionais que implique, direta ou indiretamente, angariar ou captar clientela. Importante: a condição do advogado: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 34 a) Segundo o art. 2º do Estatuto, o advogado é indispensável à administração da jus- tiça; b) O advogado presta serviço público e exerce função social; c) No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus pú- blico; d) No processo administrativo, o advogado contribui com a postulação de decisão fa- vorável ao seu constituinte, e os seus atos constituem múnus público; e) No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta Lei; f) O advogado pode contribuir com o processo legislativo e com a elaboração de nor- mas jurídicas, no âmbito dos Poderes da República. 13.2. Prerrogativas do advogado O parágrafo único do art. 6º do Estatuto fixou o rol daqueles que devem dispensar ao advogado, quando no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advo- cacia – devendo ser respeitada a imagem, a reputação e a integridade do advogado. Referida alteração vai no sentido positivo de reforçar a dignidade da atuação do advogado, como também corrobora as condições necessárias para o bom desempenho desse múnus público – e, impor- tante, atualiza a orientação legal em harmonia com a Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019). O inciso X do art. 7º do Estatuto garante ao advogado o uso da palavra, pela ordem, não só em juízo (como já previa o texto anterior), mas também em “tribunais administrativos”, órgãos de deliberação coletiva da administração pública ou Comissão Parlamentar de Inquérito, medi- ante intervenção pontual e sumária. A intenção do uso da palavra pela ordem é esclarecer equí- vocos ou dúvidas em relação a fatos, documentos ou, ainda, afirmações que influam na decisão. Importante! O § 2°-B do art. 7° do Estatuto, fixou as situações de cabimento da susten- tação oral pelos advogados nos recursos contra decisões monocráticas do relator que julgar o mérito ou não conhecer da apelação, recurso ordinário, recurso especial, recurso extraordinário, embargos de divergência, ação rescisória, mandado de segurança, reclamação, habeas corpus e outras ações de competência originária. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 35 A realidade é que com essa regulamentação de hipóteses mais precisas de sustentação oral fica superado, ao menos parcialmente, o entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado na ADI nº 1.105-7. O § 6º-D do art. 7° do Estatuto traz a ideia de preservação do sigilo do conteúdo dos documentos (mídia e objetos) não relacionados com a investigação (mesmo quando for impos- sível que eles sejam separados daqueles que forem/devam ser apreendidos). O § 6º-E do art. 7° do Estatuto traz a previsão no sentido de que, uma vez não observado o sigilo das informações apreendidas e não relacionadas à investigação, o representante da OAB deverá informar (via relatório), a fim de que a OAB tome as providências que entender adequa- das, podendo inclusive apresentar notícia-crime contra os envolvidos, os quais deverão ser no- minados e identificados no relato apresentado pelo representante. O § 6º-I do art. 7º do Estatuto definiu a proibição para o advogado efetuar colaboração premiada contra quem seja ou tenha sido seu cliente, fixando que tal situação pode ser punida com a sanção de exclusão, prevista no inciso III do caput do art. 35 do Estatuto, bem como às penas do crime de violação de segredo profissional, previstas no art. 154 do CP. Vale recordar, aqui, que as hipóteses de exclusão estão previstas no art. 38 do Estatuto: Art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de: I – aplicação, por três vezes, de suspensão; II – infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34. Art. 34. (...) XXVI – fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB; XXVII – tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia; XXVIII – praticar crime infamante; Ou seja, como não ocorreu a inserção ou modificação em tais dispositivos, presume-se que o legislador esteja definindo que o advogado que fizer a colaboração premiada se tornará moralmente inidôneo. Nos §§ 14, 15 e 16 do art. 7º do Estatuto, foi atribuída competência privativa do Conselho Federal da OAB, dentro de processo disciplinar próprio, para dispor, analisar e decidir sobre a prestação efetiva do serviço jurídico realizado pelo advogado. Importante! Fez-se a previsão de nulidade do “ato praticado com violação da competên- cia privativa do ConselhoFederal da OAB”. Na mesma linha e intenção, também foi fixada a competência privativa do Conselho Federal para analisar e decidir sobre “os honorários advoca- tícios dos serviços jurídicos realizados pelo advogado”. Verdadeiramente, tal dispositivo 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 36 aprofunda o caráter da OAB como entidade singular de serviço público independente, na exata definição do STF, na ADI nº 3.026. No art. 7°-B do Estatuto, foi apenas incrementada a pena nele cominada, para o crime de violação das prerrogativas do advogado, aumentando-a de 3 (três) meses a 1 (um) ano de de- tenção, e multa, para 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. É vedado ao advogado efetuar colabo- ração premiada contra quem seja ou tenha sido seu cliente. O descumprimento desse dever importará em processo disciplinar – caso condenado a pena prevista será de exclusão (prevista no inciso III do caput do art. 35 do Estatuto), bem como às penas do crime de violação de segredo profissional, previstas no art. 154 do Código Penal. 13.3. Inviolabilidade do escritório (local de trabalho) Nos termos do art. 7º, inciso II do Estatuto, é garantida ao advogado a inviolabilidade dos seus instrumentos de trabalho – aí incluídos todos os documentos relativos ao serviço da advo- cacia. Contudo, na forma do §6º do art. 7º do Estatuto, esta inviolabilidade pode, excepcional- mente, ser quebrada, existindo indícios de autoria e materialidade contra o advogado, mediante ordem judicial, específica e fundamentada, a ser cumprida na presença de representante da OAB. 13.4. Comunicação com o cliente Nos termos do inciso II, do art. 7º do Estatuto, tem direito o advogado a comunicar-se pessoal e reservadamente com seu cliente (mesmo sem procuração), ainda que o cliente esteja recolhido na condição de incomunicável. 13.5. Prisão em flagrante do advogado Nos termos do art. 7º, §3º do Estatuto, o advogado somente poderá ser preso em fla- grante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, e, o advogado tem direito de, quando for preso em decorrência do exercício da profissão (da advocacia), ter a pre- sença de representante na OAB na lavratura do flagrante, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB, conforme o inciso IV do art. 7º do Estatuto. 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 37 13.6. Local da prisão Tem direito o advogado, antes de sentença condenatória transitada em julgado, de ser recolhido preso em sala de Estado Maior (com instalação e comodidade condigna), conforme o inciso V do art. 7º do Estatuto. Neste caso, para o reconhecimento deste direito, a motivação não importa (ou seja, mesmo que a prisão tenha origem em crime não ligado ao exercício da advo- cacia, ainda assim terá o advogado a prerrogativa de local especial para sua prisão). Segundo decisões reiteradas do STF, a falta de instalações condignas para receber o advogado lhe garante o direito de prisão domiciliar (sempre até o trânsito em julgado da decisão condenatória). 13.7. Relação com o magistrado Conforme o art. 6º do Estatuto, não existe hierarquia nem subordinação entre advogados e magistrados. Ainda, conforme o art. 7º, inciso VI, do Estatuto, é direito do advogado ingressar livremente nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados e tem direito de conversar com o juiz, ou seja, ser atendido pelo juiz, independentemente de hora marcada, conforme inciso VIII do mesmo dispositivo legal. 13.8. Exame de autos O advogado tem direito a vistas dos autos em andamento (ou arquivados), mesmo sem procuração – este direito garante a possibilidade de tirar cópia e fazer apontamentos, conforme incisos XIII, XIV e XV do art. 7º do Estatuto. Caso os autos estejam protegidos por sigilo, para ter acesso será necessária a procuração. Tem o advogado, ainda, o direito de retirar os autos em carga – para o exercício deste direito será necessária a procuração. Excepcionalmente, será concedida carga de autos ar- quivados sem procuração, conforme o art. 7º, inciso XVI do Estatuto, no entanto, estando prote- gidos por sigilo, necessária também, neste caso, a procuração. Resumindo: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 38 Sempre que os autos estiverem protegidos pelo sigilo (segredo de justiça), o acesso do advogado, seja para vistas, seja para carga, dependerá da procuração. 13.9. Exame de inquérito policial Tem direito o advogado de fazer cópias e apontamentos de autos de prisão em flagrante ou inquérito policial, findo ou em andamento (ainda que concluso à autoridade), mesmo sem procuração. Será necessária a procuração apenas quando o Inquérito Policial estiver sob sigilo (segredo de justiça). 13.10. Desagravo (arts. 18 e 19 do Regulamento Geral) O desagravo é a forma que a OAB tem, como instituição de classe, de responder a ofensas exaradas contra advogados no exercício (ou em razão) da profissão. Como a ofensa atinge não só o advogado, mas todos os advogados, o pedido pode ser feito por qualquer pessoa (e, também nesta mesma linha, o desagravo não depende de concordância do ofendido, que não pode dis- pensá-lo, devendo ser promovido a critério do Conselho). Quem decide se haverá ou não o desagravo é o Conselho Seccional – no caso de urgên- cia, poderá a diretoria do Conselho conceder imediatamente o desagravo, ad referendum do órgão competente do Conselho. Não sendo caso de urgência, o pedido será analisado podendo o relator solicitar informações da pessoa ou autoridade que proferiu as ofensas, no prazo de 15 dias, sem que isso configure condição para a concessão do desagravo, conforme o §2º do art. 18 do Regulamento Geral. O pedido de desagravo deverá ser decidido no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, con- forme o §5º do art. 18 do Regulamento Geral. Deferido o pedido de desagravo, a sessão deverá ocorrer no prazo máximo de 30 (trinta) dias – no local da ofensa ou onde se encontre a autoridade ofensora, na forma do §6º do art. 18 do Regulamento Geral. 13.11. Sigilo profissional O sigilo profissional do advogado é inerente à profissão – não depende de cláusula de confidencialidade. E, importante, abrange toda e qualquer comunicação entre cliente e advo- gado. Caso seja o advogado arrolado como testemunha e as perguntas digam respeitos a fatos que ele tomou conhecimento em decorrência do sigilo, ser-lhe-á autorizado e reconhecido o di- reito de não depor. Exceções: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 39 Importante: de acordo com o art. 35 do Código de Ética e Disciplina da OAB, o advogado tem o dever de guardar sigilo dos fatos de que tome conhecimento no exercício da profissão e, conforme o inciso XIX do art. 7º do Estatuto da Advocacia e da OAB, é direito do advogado recusar-se a depor como testemunha sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional. 14. Direitos da Mulher Advogada Fixou o Estatuto, no art. 7º-A, uma série de direitos que a advogada mulher possui, espe- cificamente aquela que for gestante, lactante, que der à luz ou adotar. Perceba-se, então: 1ª Fase | 43° Exame da OAB Ética 40 Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar, res- pectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação. Os direitos assegurados nos incisos II e III do art. 7º-A do Estatuto à advogada adotante ou que der à luz serão concedidos pelo prazo previsto no art. 392 da CLT, ou seja, pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias. II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê; III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das sustentações orais e das