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Resumo de Aulas LINDB

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Disciplina: Teoria Geral do Direito Civil FAPEN/FAPAM 
 Prof. Carlos Francisco S. Maia. Pós graduado em Direito Tributário. Mestrando em Direito Tributário. Advogado 
Página nº 1 
Material de Ensino – Estudos alicerçados no livro de Caio Mário e Flavio Tartuce. 
2º Semestre – Bacharel em Direito 
1. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO 
Serve para Regular a Elaboração e Aplicação Das Normas De Todo Sistema Legal. 
1.1. Noções Introdutórias 
A chamada Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) sofreu recente modificação em sua ementa, 
através da Lei nº 12.376, de 30 de dezembro de 2010, passando a se chamar de Lei de 
Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). A mudança veio em boa hora, ao passo 
que consiste em norma jurídica autônoma, aplicável sobre todo o ordenamento jurídico, e não apenas 
ao Direito Civil. 
A referida lei encontra assentamento legal no decreto-Lei nº 4.657/42, com 19 (dezenove) 
artigos, e nas Lei Complementares nº 95/98 (Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a 
consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e 
estabelece normas para a consolidação dos atos normativos que menciona) e LC 107/2001 (que alterou a 
LC95/98). Serve, em verdade, para Regular a Elaboração E Aplicação Das Normas De Todo 
Sistema Legal. Estruturalmente a Lei de Introdução divide-se em: 
Art. 1º e 2º – Vigência das normas; 
Art. 3º – Obrigatoriedade geral e abstrata das normas; 
Art. 4º – Integração normativa; 
Art. 5º Interpretação das normas; 
Art. 6º – Aplicação da norma no tempo (Direito Intertemporal); 
Art. 7º e seguintes – Aplicação da lei no espaço (Direito Espacial). 
2. VIGÊNCIA 
A promulgação da norma, somada à sua consequente publicação, gera existência e validade 
do texto legal. Todavia, tais fatos (promulgação e publicação) não são capazes de, 
necessariamente, operar a vigência. 
Traduz à validade da norma o estado de consonância desta com o sistema jurídico, seja na 
perspectiva material ou formal. Uma norma para ser considerada válida deverá guardar plena 
harmonia com as disposições da Constituição Federal de 1988, bem como com as leis 
Disciplina: Teoria Geral do Direito Civil FAPEN/FAPAM 
 Prof. Carlos Francisco S. Maia. Pós graduado em Direito Tributário. Mestrando em Direito Tributário. Advogado 
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infraconstitucionais (perspectiva material ou validade material), tendo sido elaborada de 
acordo com o devido processo legislativo (perspectiva formal ou validade formal). 
Deste modo, uma Emenda Constitucional não poderá ser criada sem a aprovação de 3/5 (três 
quintos) do Congresso Nacional, com votação em dois turnos, nos termos do artigo 60, § 2º 
da Constituição Federal. Trata-se de critério formal – devido processo legislativo. Demais 
disto, não pode ir de encontro à principiologia constitucional (critério material) 
A verificação da validade normativa, como dito alhures, não gera, necessariamente, à sua 
eficácia (vigência/coercibilidade). A regra geral é que haja, entre a publicação (existência e 
validade) e a vigência (eficácia/coercibilidade) normativa, um intervalo de tempo no qual a 
norma existe, é válida, mas ainda não produz efeitos (está hibernando). Tal intervalo de tempo 
é denominado de VACATIO LEGIS, sendo, em regra, de 45 (quarenta e cinco) dias no 
território nacional e 3 (três) meses no território estrangeiro (art. 1º LINDB). 
Como foi Cobrado na prova da FGV? 
(SEFAZ/MS/Agente/2006 – Adaptada) Com base na LINDB, assinale a alternativa incorreta. 
e) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade de lei brasileira, quando admiti- da, se inicia 2 
(dois) meses depois de oficialmente publicada. 
Tal lapso de tempo objetiva gerar o conhecimento da norma, a qual irá obrigar a todos. Justo 
por isso, as normas de pequena repercussão podem ser liberadas, pelo legislador, da vacatio. 
Outrossim, o prazo aqui enunciado é uma regra geral, pois é possível que a norma consigne 
(autodeclare) prazo diverso, como o fez o Código Civil, o qual teve vacatio de 1 (um) ano 
(art. 2.044 do CC). 
Interessante observar que o artigo 8º, §1º, da Lei Complementar 95/98 estabelece regra 
diferenciada para sua forma de contagem, com a inclusão da data da publicação e do último dia 
do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. Destarte, a 
contagem do prazo de vacatio legis é realizada de forma diversa da prevista no artigo 132 do 
Código Civil de 2002, em que é “excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento”. 
 Vacatio legis Vigência 
PROMULGAÇÃO (Existência +Validade) Publicação Eficácia 
Dispõe o art. 4º da Lei nº 11.441/07 (Altera dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 
1973 - Código de Processo Civil, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação 
consensual e divórcio consensual por via administrativa.) que esta lei entra em vigor na data 
de sua publicação, indicando que não se submeterá a qualquer prazo de vacatio legis. 
Disciplina: Teoria Geral do Direito Civil FAPEN/FAPAM 
 Prof. Carlos Francisco S. Maia. Pós graduado em Direito Tributário. Mestrando em Direito Tributário. Advogado 
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Com isso, martiriza-se, frontalmente, o comando inserido no art. 8º da Lei Complementar nº 
95/98 que, atualmente, impõe a toda e qualquer norma legal a previsão expressa de um 
período de vacatio legis, correspondente ao número de dias necessários para que todos dela 
tomem conhecimento. Somente podem entrar em vigor na data de sua publicação as 
chamadas "leis de pequena repercussão" - o que não é, a toda evidência, o caso do diploma 
legal em apreço. Ao revés. 
Veja-se a dicção legal da Lei Complementar nº 95/98, cujo art. 8º (com a redação emprestada 
pela Lei Complementar nº 107/01) reza: "a vigência da lei será indicada de forma expressa e 
de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada 
a cláusula 'entra em vigor na data de sua publicação' para as leis de pequena 
repercussão. § 1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam 
período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, 
entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral. § 2º As leis que 
estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula 'esta lei entra em vigor após 
decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial'." 37 
Com isso, nota-se que o novo procedimento (agora administrativo, através de escritura 
pública) das separações e divórcios consensuais pode ser utilizado imediatamente por 
qualquer interessado, já a partir do dia 04.01.07. 
A Lei Complementar 150 foi sancionada pela Presidente da República e já entrou em vigor 
no dia seguinte, devendo ser aplicada (com exceção do art. 21, deve-se analisar o art. 21 
e seu parágrafo único, que diz respeito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS, 
dos empregados domésticos. Segundo o caput do referido artigo, “é devida a inclusão do 
empregado doméstico no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), na forma do 
regulamento a ser editado pelo Conselho Curador e pelo agente operador do FGTS, no âmbito 
de suas competências, conforme disposto nos arts. 5° e 7° da Lei no 8.036, de 11 de maio de 
1990, inclusive no que tange aos aspectos técnicos de depósitos, saques, devolução de 
valores e emissão de extratos, entre outros determinados na forma da lei.”. O parágrafo único 
do dito artigo determina que só será necessário pagar o FGTS do doméstico quando entrar 
em vigor o regulamento referido no caput. De extremo mal gosto a escolha do legislador, pois, 
além de poder demorar anos para se regulamentar o caput do art. 21 – o que levaria à perda 
dedireito por parte dos empregados domésticos -, ainda poderá fazer confusão aos 
empregadores domésticos, que sempre deverão analisar quando entrará em vigor o dito 
regulamento, ou, caso estes sejam maliciosos, poderão negar o direito aos seus empregados, 
sob a alegação da desnecessidade de pagamento – por força do parágrafo único – e o mesmo 
nem procurar os seus direitos na Justiça do Trabalho, por acreditarem fielmente na palavra de 
seus empregadores – ou, na melhor das hipóteses, entupir o Judiciário com demandas para 
pagamento do FGTS não pago) a todos os contratos de trabalho doméstico. É lei deve ser 
respeitada. E, finalmente, após anos de luta dos empregados domésticos – mesmo após o 
advento da Emenda Constitucional 72 -, os mesmos finalmente foram equiparados aos 
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empregados rurais e urbanos, ainda que com certas diferenças, devido às particularidades de 
seus contratos de trabalho. Mas a última senzala finalmente foi fechada, como disse o 
presidente do Senado, Renan Calheiros 
3. MODIFICAÇÃO DA LEI 
A modificação de lei já em vigor SOMENTE PODERÁ OCORRER POR MEIO DE LEI NOVA, 
conforme § 4º, do artigo 1º, da LINDB, havendo novo prazo de vacatio. 
A modificação de lei que esteja em vacatio legis deve acontecer através nova publicação de 
seu texto, sendo conferido novo prazo de vacatio (§3º, Art. 1º LINDB). 
(Besc/SC/Advogado/2004) Alterada uma lei, durante o prazo de vacatio legis da lei nova aplica-
se: 
a) a lei nova. 
b) a lei antiga. 
c) a lei que o magistrado entender, segundo seu livre arbítrio, que deva ser aplicada. 
d) o Código Civil. 
e) a lei mais benéfica 
 
4. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE OU PERMANÊNCIA DA NORMA 
Se a lei superou a vacatio e entrou em vigor, em regra se submete ao princípio da 
continuidade ou permanência, leia-se: permanece em vigor até que outra, no todo ou em parte, 
venha revogá-la. 
A revogação pode ser classificada: 
Quanto à extensão: 
a) AB-ROGAÇÃO – REVOGAÇÃO TOTAL, a exemplo da realizada pelo CC/2002 em relação 
ao CC/16; 
b) DERROGAÇÃO – REVOGAÇÃO PARCIAL, a exemplo da realizada pelo CC/2002 à 
primeira parte do Código Comercial. 
A revogação de lei será sempre por outra lei. 
Quanto à forma: Art. 2º, §1º, §2º 
a) EXPRESSA – Situação em que a lei nova taxativamente declara revogada a lei anterior 
ou aponta os dispositivos que pretende retirar. Deve ser a regra, na dicção do art. 9º 
da Lei Complementar 95/98, pois ocasiona segurança jurídica (Art. 9º A cláusula de 
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revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas). 
O respeito, em parte, em relação a tal dispositivo especial, pode ser percebido pela 
leitura do art. 2045 do Código Civil; 
b) TÁCITA – Art. 2º, §2º LINDB Situação em que lei posterior é incompatível com a lei 
anterior, não havendo previsão expressa no texto quanto à sua revogação. O art. 2043 
do Código Civil, vemos uma revogação parcial tácita. É notório que vários preceitos 
materiais da lei do Divórcio (Lei nº 6.515/1973), foram incorporados pelo Código civil. 
Desse modo, permanecem em vigor os seus preceitos processuais, trazendo a 
conclusão de sua derrogação, por via oblíqua. 
Decorre de incompatibilidade ou quando uma nova norma regula todo o tema da lei 
anterior, com colisões. Afirma a doutrina que essa revogação tácita pode ser dar com 
fulcro no CRITÉRIO HIERÁRQUICO (norma superior revoga norma inferior), 
CRONOLÓGICO (norma mais nova revoga a mais antiga) e ESPECIAL (norma 
específica revoga norma geral tratando do mesmo tema). 
Como foi Cobrado em prova da FGV? 
(SEFAZ/MS/Fiscal/2006) A lei geral posterior que cria disposição geral: 
a) Ab-roga a lei especial. 
b) Depende, para entrar em vigor, que a lei especial seja revogada. 
c) Altera a lei especial, mas sem revogá-la. 
d) Não revoga nem modifica a lei especial em vigor. 
e) Revoga a lei especial 
Resposta : art. 2º, § 2º, da LIndB). 
5. REPRISTINAÇÃO - §3º do Art. 2º LINDB 
Repristinação é a restauração da norma, o seu renascimento. No Brasil, é excepcional, 
demandando disposição normativa expressa. 
Em regra, cobrada na prova é a seguinte: A Lei “A” está em vigor e é revogada pelo advento 
da Lei “B”, a qual é revogada pela lei “C”. Pergunta-se: a revogação da Lei “B” pela Lei “C” 
repristina (retoma) os efeitos da Lei “A”? 
 Lei “A” volta? 
Lei “A” em vigor Lei “B” Revoga Lei “A” Lei “C” Revoga Lei “B” 
Resposta: Não Repristina “A” Salvo disposição expressa em “C” 
Uma clara exceção à regra geral da repristinação apenas por determinação expressa, já 
cobrada em certame da OAB, está prevista no artigo 27 da Lei nº 9.868/99 (Lei que regula o 
Controle Direto de Constitucionalidade), ao viabilizar uma repristinação por via 
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 Prof. Carlos Francisco S. Maia. Pós graduado em Direito Tributário. Mestrando em Direito Tributário. Advogado 
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oblíqua/Indireta, como efeito anexo da decisão que reconhece a inconstitucionalidade 
normativa. 
Por exemplo, a Lei “A” é revoga- da pela Lei “B”. A Lei “B” foi declarada inconstitucional 
em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade. Nesta hipótese, como a Lei “B” é nula, 
com decisão de eficácia, em regra, ex-tunc (retroativa), é como se a Lei B nunca tivesse 
revogado a Lei “A”, existindo, por consequência, efeito repristinatório. 
No entanto, é preciso ressalvar que esta hipótese só é possível no controle de 
constitucionalidade concentrado, ficando inviável no controle difuso, que não contempla efeito 
erga omnes, mas somente inter partes. 
Igualmente, apenas é possível se no aludido controle a decisão possui eficácia retroativa, não 
sendo aplicado em casos nos quais o STF modula os efeitos decisórios, através da maioria 
de 2/3 (dois terços) dos seus membros, com o escopo de assegurar segurança jurídica ou 
excepcional interesse social (vide art. 27 da Lei 9.868/99). 
6. OBRIGATORIEDADE DAS NORMAS – Art. 3º da LINDB 
A ninguém é dado alegar o desconhecimento da lei para deixar de cumpri-la. 
Indaga-se: a presunção de conhecimento das leis é absoluta? 
Não, pois o próprio ordenamento convive com hipóteses nas quais o erro de direito (são 
hipóteses específicas isoladas) é tolerado. Assim, não se pode alegar desconhecimento da 
lei, a não ser em casos excepcionais. No direito civil, foco do estudo, cita-se ilustrativamente: 
o casamento putativo, suscetível de anulação (art. 1.561, CC) e o instituto do erro ou 
ignorância como vício de vontade (defeito do negócio jurídico), regra do artigo 139, inciso III, 
do Código Civil. 
7. INTEGRAÇÃO NORMATIVA 
Integrar é preencher lacunas. Decorre das seguintes premissas: 
a) O legislador não tem como abarcar todos os tipos de conflitos possíveis em uma 
sociedade, havendo lacunas aparentes; 
b) É vedado ao magistrado deixar de julgar a lide alegando lacuna ou qualquer outra 
justificativa (vedação ao no liquet – art. 126 do CPC); 
c) Nesta linha, se lacunas legislativas existem, e o ao juiz é vedado deixar de decidir, 
torna-se necessária a existência de um mecanismo de integração da norma para o 
preenchimento de eventuais lacunas. Aqui se insere o art. 4º da LINDB, utilizando-se 
da analogia, dos costumes e dos princípios gerais do direito. 
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ANALOGIA: Ex: União homoafetiva. Não há lei regulamentando essa união. Em face da 
ausência normativa, o Juiz não pode se eximir de julgar, abrindo-se duas alternativas: 
a) Compara e aplica os preceitos da legislação da união estável – analogia legis; 
b) Compara e aplica os princípios constitucionais da Liberdade, Pluralidade de Famílias, 
Dignidade da Pessoa Humana – analogia iures. 
c) A utilização da analogia no DIREITO PENAL E TRIBUTÁRIO só é autorizada in bonam 
partem (em favor da parte). Dessa forma, há uma limitação ao uso do instituto em tais 
ramos do direito. 
COSTUMES: Os costumes, como método integrativo, nunca podem ser contra legem (contra 
a lei). 
O exemplo é o costume DO CHEQUE PRÉ-DATADO – OU PÓS-DATADO, para alguns -, o 
qual é desprovido de regramento legal e regulado pelos costumes. Sobre o tema, inclusive, 
há súmula do Superior Tribunal de Justiça – Súmula 370. STJ – no sentido de que a 
apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar, 
presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos. 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO - São princípios universais utilizados para preenchimento 
de lacunas. Remetem ao direito romano, sendo expressos ou implícitos da norma. 
Exemplificativamente menciona-se: i) não lesar a ninguém; ii) dar a cada um o que é seu; iii) 
viver honestamente; 
8. INTERPRETAÇÃO DA NORMA – Art. 5º da LINDB 
Teoricamente, a norma jurídica deve sempre trazer um conteúdo claro, não sendo necessário 
qualquer trabalho do seu aplicado para entender o seu sentido e o seu alcance. Interpretar 
significa buscar o alcance e o sentido da norma, busca-se a mens legis, a intenção da lei; 
nascendo daí a hermenêutica, a ciência da interpretação. 
Podemos classificar como: 
a) Interpretação Declarativa: é a interpretação nos exatos termos do que consta da lei, 
sem ampliar ou restringir o conteúdo do texto legal; 
b) Interpretação extensiva: amplia-se o sentido do texto legal, sob o argumento de que 
o legislador disse menos do que pretendia. Direito a vida, liberdade, da criança, do 
idoso, humanos. 
c) Interpretação Restritiva: restringe-se o texto legal, eis que o leigislador disse mais do 
que pretendia. 
Disciplina: Teoria Geral do Direito Civil FAPEN/FAPAM 
 Prof. Carlos Francisco S. Maia. Pós graduado em Direito Tributário. Mestrando em Direito Tributário. Advogado 
Página nº 8 
No Direito Penal e Direito Tributário se impõe uma interpretação restritiva das normas que 
veiculam sanções. 
No Direito Civil, observa-se uma interpretação restritiva em relação a normas que 
estabelecem privilégio, benefício, sanção, renúncia, fiança, aval e transação (art. 114, 819 e 
843). 
9. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO – Art. 6º da LINDB 
Quando uma lei nova chega para regulamentar certa matéria, ela se aplica aos fatos 
pendentes, especificamente suas partes novas, e aos fatos futuros, conforme artigo 6º da 
LINDB e artigo 5º, XXXVI da CRFB. Infere-se, portanto, a existência do princípio da 
irretroatividade da norma. Assim, a regra é que não pode alcançar a nova lei fatos pretéritos 
à sua vigência. 
EXCEÇÃO – A norma jurídica é criada para valer no futuro, não para o passado. Entretanto, 
eventualmente, pode uma determinada norma atingir também os fatos pretéritos, desde que 
sejam respeitados os parâmetros que constam da LINDB e da Constituição. 
Irretroatividade é regra e a retroatividade, a exceção. 
Nada obstante, o mesmo dispositivo legal prevê exceção a esta regra (retroatividade 
normativa), desde que atendidos os seguintes requisitos: 
a) Expressa disposição nesse sentido; 
b) Se esta retroatividade não violar o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito 
adquirido. 
O DIREITO ADQUIRIDO: é o direito material ou imaterial que se incorporou ao patrimônio do 
titular, tendo conteúdo meramente patrimonial. Ressalta-se que inexiste direito adquirido em 
face da nova ordem constitucional, como também a regime jurídico estatutário. 
A COISA JULGADA TRADUZ a imutabilidade de uma decisão exarada em um processo. É 
aquela decisão impassível de ataque, seja por recurso ou ação rescisória. 
O ATO JURÍDICO PERFEITO é aquele perpetrado em consonância com determinada norma 
jurídica vigente ao seu tempo, estando perfeito e acabado, não podendo ser desfeito pelo 
advento de outra norma. 
10. EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO – Direito Internacional Privado 
Tendo em vista a soberania nacional o Direito Brasileiro está submetido ao princípio da 
territorialidade moderada/mitigada; vale dizer: no território brasileiro aplica-se, em regra, a 
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lei brasileira. Excepcionalmente, porém, são aplicáveis as Leis e as Sentenças estrangeiras 
no território brasileiro, desde que haja disposição legal expressa neste sentido, algumas delas 
constantes na própria LINDB. 
Quanto a definição de Território, temos: 
a) Território Real: compreendido pelo solo, subsolo, espaço aéreo, águas continentais 
interiores, baías, golfos, formações geográficas internas, ilhas nacionais e uma faixa do 
mar exterior de 12 milhas; 
b) Território ficto: é aquele criado pela lei: Navios, embarcações e aeronaves de guerra 
nacionais, onde quer que se encontrem, não importando o local. Navios mercantes 
nacionais, quando estiverem navegando em águas territoriais brasileiras e em alto-mar, 
isto é, fora das águas territoriais de outro país. Os navios e as embarcações mercantes 
estrangeiras, quando estiverem navegando em águas brasileiras. As aeronaves 
nacionais, mesmo mercantes, quando sobrevoando em alto-mar e qualquer altura 
atmosférica. E, as embaixadas, que representam a extensão do território nacional. O 
mesmo não pode ser dito em relação aos consulados, que representam o seu povo. 
VAMOS AO SEU ESTUDO: 
a) Estatuto Pessoal – Como bem pontua o artigo 7º da Lei de Introdução, aplica-se a lei do 
domicílio para reger: I) nome; II) capacidade; III) personalidade; IV) direito de família. 
b) Conflito sobre bens imóveis situados fora do Brasil aplica-se a lei do lugar onde 
estiver situado (art. 8º da LINDB). Assim, execução hipotecária cujo bem hipotecado está no 
Paraguai se submete à legislação paraguaia. 
c) O contrato internacional se reputa formado onde residir o seu proponente, sendo 
esta a legislação aplicável e o foro competente (art. 9º, §2º, LINDB). Enfatiza-se que este 
dispositivo apenas se aplica a contratos internacionais. Para os contratos celebrados no Brasil 
há norma específica reputando-os celebrados no local em que foi proposto (art. 435 do CC/02); 
d) Aplica-se a lei sucessória mais benéfica para sucessão de bens de estrangeiros 
situados no Brasil, quando há herdeiros brasileiros (art. 10, § 1º da LINDB e 5º, XXXI 
CF/88). Em outras palavras, quando o estrangeiro morre e deixa bens no Brasil, a competência 
para processar e julgar a ação de inventário e partilha desses bens é exclusiva do Brasil. Tal 
partilha, todavia, não se fará necessariamente com base na lei brasileira, mas sim na lei 
sucessória mais benéfica (art. 89, CPC). 
e) As sentenças, cartas rogatórias e laudos arbitrais estrangeiros podem ser executa- 
dos no Brasil, desde que: 
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I) Homologação pelo STJ (exequatur), que se dá por procedimento especial submetido 
às formalidades insculpidas nos artigos 483 e 484 do CPC.Tal homologação é de 
competência do STJ por força da Emenda Constitucional 45/04 (o art. 15, “e” ficou tacitamente 
derrogado). 
II) prova do trânsito em Julgado da sentença estrangeira, consoante orientação da súmula 
420 do STF. 
III) filtragem Constitucional, pois só é permitida a execução no Brasil de sentença estrangeira 
compatível com a ordem interna, sob pena de manifesta violação a soberania nacional 
brasileira. 
11. PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS 
A) QUANTO À IMPERATIVIDADE: 
a. Norma cogentes ou de Ordem Pública: são aquelas que interessam à 
coletividade em sentido genérico, merecendo aplicação obrigatória, eis que 
são dotadas de imperatividade absoluta. As normas de ordem pública não 
podem ser afastadas pela autonomia privada constante em um contrato, pacto 
antenupcial, convenção de condomínio, testamento ou outro negócio jurídico. O 
atual Código Civil está impregnado de normas dessa natureza, como aquelas 
relacionadas com os direitos da personalidade (art. 11 a 21 do CC). Direito de 
família, função social da propriedade e dos contratos. 
 
b. Normas dispositivas ou de Ordem Privada: são aquelas que interessam tão 
somente aos particulares, podendo ser afastadas por disposição volitiva prevista 
em contrato, pacto antenupcial, convenção de condomínio, testamento ou outro 
negócio jurídico. São normas dessa natureza aquelas que dizem respeito ao 
condomínio, ao regime de bens do casamento e à anulabilidade de um negócio 
jurídico. 
 
B) QUANTO À SUA NATUREZA: 
a. Normas Substantivas ou Materiais: são aquelas relacionadas com o direito 
material, como é o código civil, o Código de Defesa do consumidor. 
b. Normas Formais ou Processuais: são aquelas relacionadas com o processo, 
que visa proteger o direito material, como é o caso do Código de Processo Civil. 
 
C) QUANTO AO CONTEÚDO DE AUTORIZAMENTO: 
a. Normas mais que perfeitas: São aquelas cuja violação do seu conteúdo 
possibilita a nulidade ou anulabilidade do ato ou negócio, com o 
restabelecimento da situação anterior, sem prejuízo da imposição de uma 
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 Prof. Carlos Francisco S. Maia. Pós graduado em Direito Tributário. Mestrando em Direito Tributário. Advogado 
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penalidade ao seu ofensor. Ex. a norma que vda o abuso de direito (art. 187 do 
CC); 
b. Normas Perfeitas: são normas que trazem no seu conteúdo somente a previsão 
de nulidades ou anulabilidade do ato ou negócio jurídico, conforme o que consta 
no art. 167 do CC, que consagra nulidade absoluta do negócio simulado; 
c. Normas menos perfeitas: São normas que preveem a aplicação de uma 
sanção ao violador, mas sem a declaração de nulidade ou anulabilidade do ato 
ou negócio jurídico. Ex. a norma que traz as condições suspensivas do 
casamento (art. 1.523 do CC) possui essa natureza. 
d. Normas imperfeitas: a violação dessa norma não acarreta qualquer sanção ou 
consequência jurídica, como acontece com as previsões que constam da 
Constituição Federal, por regra. Ex. Direito a moradia, a saúde, a educação. 
 
D) QUANTO À HIERARQUIA: 
a. Normas Constitucionais: são aquelas que constam na Constituição; 
b. Normas Complementares: são aquelas que regulam matérias especiais 
estipuladas na Constituição, conforme prevê o art. 69 da CRFB/88; 
c. Normas Ordinárias: são leis comuns, elaboradas pelo poder legislativo, de 
acordo com o art. 61 da CRFB. P.ex. Código Civil, CDC; 
d. Normas Delegadas: são as que possuem a mesma posição hierárquica que as 
leis ordinárias, mas são elaboradas pelo Presidente da República que deverá 
solicitar delegação ao Congresso Nacional para sua aprovação (art. 68 CRFB); 
e. Medidas Provisórias: também com a mesma posição hierárquica das leis 
ordinárias, são normas com força de lei, baixadas pelo Presidente da República, 
somente em casos de relevância e urgência, devendo ser submetida de imediato 
ao Congresso Nacional, para sua conversão imediata em Lei, art. 62 da CRFB; 
f. Decretos Legislativos: são normas promulgadas pelo poder Legislativo, sobre 
assuntos de sua competência, como, por exemplo, a cassação de um 
parlamentar – art. 59, VI, da CRFB; 
g. Resoluções: são normas expedidas pelo Poder Legislativo, destinadas a 
regular matéria de sua competência com natureza administrativa ou política, 
como, por exemplo, a cassação de um parlamentar – art. 59, VII, da CRFB; 
h. Normas Internas: são regimentos e estatutos aplicáveis a um certo ramos do 
Poder estatal ou com eficácia aos particulares. 
 
E) QUANTO À ESPECIALIDADE 
a. Normas Gerais: são os preceitos que regulam de forma geral um determinado 
assunto, sem especificações no tratamento legal. P.Ex. O Código Civil, no seu 
todo, constitui norma geral, mas também possui normas especiais.; 
b. Normas Especiais: preceitos normativos aplicados a um determinado instituto 
jurídico. Assim, a Lei nº 8.245/1991 deve ser considerada norma especial, 
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aplicáveis ao contrato de locação de imóvel urbano. Estatuto da Criança e 
Adolescente (Lei nº 8.069/1990).