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Sistema Respiratório de Cães: Anatomia e Fisiologia
1. Importância da Compreensão do Sistema Respiratório em Medicina Veterinária
O sistema respiratório canino desempenha funções vitais, como oxigenação tecidual, termorregulação e defesa contra patógenos. Sua compreensão detalhada é essencial para o diagnóstico e tratamento de afecções como pneumonia, colapso traqueal e bronquite crônica, comuns na clínica de pequenos animais1. A complexidade anatômica e fisiológica exige que profissionais correlacionem estruturas morfológicas com manifestações clínicas, como dispneia e tosse, para garantir intervenções precisas3.
2. Anatomia e Fisiologia do Sistema Respiratório Canino
2.1. Nariz e Cavidade Nasal
A cavidade nasal canina é composta por estruturas especializadas para filtrar, umidificar e aquecer o ar. As conchas nasais (turbinadas), divididas em dorsal, média e ventral, aumentam a superfície de contato com o ar, enquanto os meatos nasais direcionam o fluxo para a nasofaringe2. A mucosa nasal, revestida por epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado, possui células caliciformes que secretam muco para reter partículas e microrganismos, enquanto os cílios direcionam o material para a faringe5.
Além da termorregulação, as células epiteliais secretam muco que retém partículas e microrganismos, enquanto os cílios movem o muco em direção à faringe para eliminação1.
2.2. Faringe e Laringe
A faringe canina conecta a cavidade nasal à laringe e atua como via comum para respiração e deglutição. A laringe canina é composta por quatro cartilagens principais:
1. Epiglote: Cartilagem elástica em formato de folha, responsável por fechar a entrada da laringe durante a deglutição, prevenindo a aspiração de alimentos.
2. Cartilagem tireóide: Estrutura em forma de escudo que sustenta as pregas vocais e protege a região anterior da laringe.
3. Cartilagem cricoide: Anel completo localizado na base da laringe, conectando-a à traqueia e garantindo estabilidade estrutural.
4. Cartilagens aritenoides: Par de cartilagens móveis que controlam a abertura da glote e a tensão das pregas vocais.
As pregas vocais, localizadas na luz da laringe, vibram com a passagem do ar durante a expiração, permitindo a vocalização (latidos)5.
Em cães, a epiglote tem formato pontiagudo, diferindo de outras espécies como suínos e ruminantes2.
Músculos intrínsecos, como o cricoaritenóideo dorsal, controlam a abertura da glote, enquanto os músculos extrínsecos conectam a laringe ao osso hioide, permitindo movimentos durante a deglutição4.
2.3. Traqueia e Brônquios
A traqueia canina é formada por anéis cartilaginosos incompletos (em forma de "C"), que garantem flexibilidade e resistência ao colapso. Em cães, há entre 42 e 60 anéis, variando conforme o tamanho do animal1. 
Esses anéis são conectados por tecido fibroelástico e musculatura lisa, permitindo ajustes no diâmetro durante a respiração ou tosse. Os brônquios principais bifurcam-se na carina, dando origem a brônquios lobares e segmentares que penetram nos pulmões1.
Carnívoros possuem brônquios traqueais apenas em ruminantes e suínos, ausentes em cães2.
2.4. Pulmões e Alvéolos
Os pulmões caninos são divididos em lobos, com diferenças entre os lados direito e esquerdo. O pulmão direito é composto por quatro lobos: cranial, médio, caudal e acessório. Já o pulmão esquerdo possui dois lobos principais: cranial (subdividido em partes cranial e caudal) e caudal6. Essa segmentação é crucial para entender a distribuição funcional do fluxo aéreo e sanguíneo, especialmente em procedimentos cirúrgicos ou diagnósticos7.
A artéria pulmonar transporta sangue venoso para oxigenação, enquanto as veias pulmonares conduzem sangue arterial ao coração. A pleura visceral reveste os pulmões, facilitando movimentos respiratórios sem atrito4.
Estudos utilizando técnicas de injeção de resina acrílica em pulmões caninos revelaram uma arquitetura bronco-vascular complexa, com 10 a 13 segmentos funcionais no pulmão direito e 7 a 8 no esquerdo, divergindo da classificação tradicional da Nomina Anatômica Veterinária 7. Cada segmento é irrigado por artérias e veias específicas, além de ser servido por brônquios segmentares, o que facilita intervenções cirúrgicas precisas 7.
Os alvéolos são estruturas microscópicas localizadas nos bronquíolos respiratórios, onde ocorre a troca gasosa. Sua parede é composta por:
1. Células epiteliais tipo I: Delgadas e responsáveis pela difusão de gases.
2. Células epiteliais tipo II: Secretam surfactante pulmonar, reduzindo a tensão superficial e prevenindo o colapso alveolar durante a expiração8.
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Referências
1. DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado de anatomia veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Capítulo 4: Sistema Respiratório, p. 150-178.
2. GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. Volume II: Carnívoros, p. 890-915.
3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Métodos diagnósticos em afecções respiratórias de cães e gatos. 2019. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2019. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/47389. Acesso em: Acesso em: 18 fev. 2025.
4. POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. 6. ed. São Paulo: Roca, 2010. Seção III: Sistema Respiratório, p. 203-220.
5. DONATI, Pablo Alejandro; GOGNIAT, Emiliano; MADORNO, Matías; GUEVARA, Juan Manuel; GUILLEMI, Eliana Carolina; LAVALLE, María del Carmen; SCORZA, Francisco Patricio; MAYER, Germán Federico; RODRIGUEZ, Pablo Oscar. Avaliação do tamanho do pulmão em cães: a capacidade inspiratória define o volume corrente. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 144-152, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbti/a/T5kYXNbk9ymCK9PHKZccWNw/. Acesso em: 18 fev. 2025.
6. PARANAÍBA, J. F. F. S.; LIMA, F. C.; PEREIRA, D. K. S.; ARAÚJO, E. G.; PEREIRA, K. F. Morfo-histologia dos pulmões e árvore bronquial de Procyon cancrivorus (Carnivora: Procyonidae). Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 32, n. 4, p. 421-428, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abmvz/a/T6yprdNjVC55tj7MP7838ZG/. Acesso em: 18 fev. 2025.
7. MAIA, Mariana Zanini. Estudo da arquitetura bronco-vascular e determinação da segmentação pulmonar em cães. 2023. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/73399. Acesso em: 18 fev. 2025.
8. ROSA, André Leguthe; MOTA, Patrícia Cristina Azevedo; CASTIGLIA, Yara Marcondes Machado. Determinação de shunt venoso-arterial em pulmões de cães sob anestesia geral inalatória por sistemas com e sem reinalação. Acta Cirúrgica Brasileira, São Paulo, v. 21, n. 6, p. 1-7, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/acb/a/bNN5Gqkf4nr8yc3X4pkcPVG/. Acesso em: 18 fev. 2025.

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