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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE MATERIAIS TRABALHO II RELATÓRIO E ANÁLISE DE FERROS FUNDIDOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA I-b – ENG02002 PROFº MARCELO DUARTE MABILDE SILVEIRA GRUPO I FREDERICO EGGERS 193612 ORION DO NASCIMENTO COSTA 194676 VINICIUS KOLANKIEWICZ 201228 Porto Alegre, 19 de Dezembro de 2012 2 FREDERICO EGGERS, ORION DO NASCIMENTO COSTA, VINICIUS KOLANKIEWICZ RELATÓRIO E ANÁLISE DE FERROS FUNDIDOS Trabalho apresentado em 2012/2 como requisito parcial para obtenção de aprovação na disciplina de Materias de Construção Mecânica I do curso de Engenharia de Mecânica da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul PROFº MARCELO DUARTE MABILDE SILVEIRA Porto Alegre, 19 de Dezembro de 2012 3 AGRADECIMENTOS Agradecemos a oportunidade de familiarização de conteúdos de interesse na engenharia mecânica, bem como o apropriamento de práticas importantes para o desenvolvimento do raciocínio metódico e prático exigido no engenheiro contemporâneo. Nosso reconhecimento é voltado a nossos pais, professores Adao Felipe Oliveira Skonieski , Marcelo Duarte Mabilde Silveira ao técnico Wilbur Trajano Guerin Coelho e aos monitores Henrique Zanini Luz e Douglas Laufer Schmidt, que contribuíram no decorrer do semestre. 4 RESUMO O trabalho apresentado tem por objetivo registrar as análises micrográficas dos constituintes estruturais de determinados tipos de ferros fundidos encontrados comercialmente, a partir de comparações bibliográficas e do conhecimento adquirido na disciplina. Foram analisados 5 diferentes tipos de ferros fundidos, os seguintes: coquilhado, maleável, cinzento, nodular e mesclado, com as devidas ampliações. Palavras-chave: Ferros fundidos, análise micrográfica, constituintes estruturais. 5 ABSTRACT The presented work aims to record the micrographic analysis of structural constituents of certain types of cast irons found commercially, from comparisons bibliographic and knowledge gained in the discipline. We analyzed five different types of cast irons, the following: chilled, soft, gray, ductile and mixed with the appropriate extensions. Key-words: Cast iron, micrographic analysis, structural constituents. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Diagrama de equilíbrio Fe-C. ..................................................................... 10 Figura 2 Tipos de grafita do ferro cinzento. ............................................................. 13 Figura 3 Amostra FF35 sem grafita e com possíveis inclusões, o que é um indício de ferro branco. Ampliação de 100X......................................................................................... 17 Figura 4 Amostra FF35 de ferro branco com pontos pretos de dendritas, ledeburita interdendrítica e cementita aculear a 100X. Ataque nital 2%. ............................................... 18 Figura 5 Lamelas indicando perlita fina adjuntas a uma dendrita de perlita, amento de 1000X. ................................................................................................................................. 19 Figura 6 Grafita em veios do tipo A, em ordem caótica, e E, pequenos aglomerados orientados. Aumento de 100X. ............................................................................................. 20 Figura 7 Ampliação 1000X, grafita em veios, matriz perlítica e ligeiras aparições de ferrita em pequenas áreas claras. Ataque nital 2%. ............................................................... 21 Figura 8 Veios de grafita inseridos na matriz similar ao do ferro branco. Aumento de 100X. ................................................................................................................................... 22 Figura 9 Enfoque a 1000X do fofo mesclado com grafita na forma de veios escuros em matriz de fofo branco, ou seja, de ledeburita próximo a uma fenda. ................................ 23 Figura 10 Inclusões em pontos espaçados e grafita rendilhada. ................................ 24 Figura 11 Faixa de ferrita na periferia (esbranquiçada), e grafita esboroada envolta por ferrita. ............................................................................................................................ 25 Figura 12 Ampliação de 1000X, com a grafita esboroada entre a ferrita em uma matriz de perlita. .................................................................................................................. 25 Figura 13 Estrutura grafitica nodular com ampliação de 100X. ................................ 26 Figura 14 Fofo nodular com presença de ferrita, ampliação de 100X. ...................... 27 Figura 15 : Fofo nodular contedo grafita em nódulos em uma matriz de perlita com presença de ferrita, ampliação de 1000X. ............................................................................. 27 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................9 1.1 PROPOSTA DE PESQUISA ......................................................................................................... 9 1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 10 2.1 DEFINIÇÕES ..........................................................................................................................10 2.2 DIAGRAMA DE FASES ............................................................................................................10 2.3 MICROCONSTITUINTES ..........................................................................................................11 2.3.1 CEMENTITA ..................................................................................................................11 2.3.2 PERLITA .......................................................................................................................11 2.3.3 FERRITA.......................................................................................................................11 2.3.4 STEADITA .....................................................................................................................12 2.3.5 GRAFITA ......................................................................................................................12 2.3.6 LEDEBURITA.................................................................................................................12 2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS FERROS FUNDIDOS .................................................................................12 2.4.1 FERRO FUNDIDO BRANCO OU COQUILHADO ...................................................................13 2.4.2 FERRO FUNDIDO CINZENTO ..........................................................................................13 2.4.3 FERRO FUNDIDO MESCLADO .........................................................................................14 2.4.4 FERRO FUNDIDO MALEÁVEL..........................................................................................14 GRAFITIZAÇÃO: ................................................................................................................................. 14 DESCARBONETAÇÃO:.......................................................................................................................... 14 2.4.5 FERRO FUNDIDO NODULAR ...........................................................................................143 MATERIAL E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................ 16 3.1 ETAPA I ................................................................................................................................16 3.2 ETAPA II...............................................................................................................................16 3.3 ETAPA III .............................................................................................................................16 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................... 17 4.1 FERRO FUNDIDO BRANCO (FF35) ..........................................................................................17 4.1.1 ANÁLISE A 100X ...........................................................................................................17 4.1.2 ANÁLISE MICROGRÁFICA ...............................................................................................18 4.2 FERRO FUNDIDO CINZENTO (FF32) .......................................................................................19 4.2.1 ANÁLISE A 100X ...........................................................................................................19 4.2.2 ANÁLISE MICROGRÁFICA ...............................................................................................20 4.3 FERRO FUNDIDO MESCLADO (FF77) ......................................................................................21 8 4.3.1 ANÁLISE A 100X ...........................................................................................................21 4.3.2 ANÁLISE MICROGRÁFICA ...............................................................................................22 4.4 FERRO FUNDIDO MALEÁVEL (FF145) ....................................................................................23 4.4.1 ANÁLISE A 100X ...........................................................................................................23 4.4.2 ANÁLISE MICROGRÁFICA ...............................................................................................24 4.5 FERRO FUNDIDO NODULAR (FF142) ......................................................................................26 4.5.1 ANÁLISE A 100X ...........................................................................................................26 4.5.2 ANÁLISE MICROGRÁFICA ...............................................................................................26 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 28 6 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 29 9 1 INTRODUÇÃO A partir das cinco amostras fornecidas pelo laboratório de materiais, FF32, FF35, FF77, FF142 e FF145, foi possível visualizar as microestruturas mostradas nas aulas teóricas de Materiais de Construção Mecânica 1. Essas amostras estavam devidamente envolvidas por uma resina, o que viabilizou os procedimentos de lixamento e polimento indispensáveis antes da utilização do microscópio. Nos capítulos seguintes, inicia-se a fundamentação teórica, com toda a base conceitual necessária para caracterizar as peças de ferro fundido deste trabalho. Em segundo lugar, são apresentados procedimentos experimentais desenvolvidos no laboratório para coleta de dados de forma correta para uma legítima avaliação das peças em resultados e discussções, que é a terceira etapa. Por final, tem-se a conclusão do trabalho com as considerações e associações finais sobre a análise micrográfica dos ferros fundidos. 1.1 Proposta de pesquisa Para a correta compreensão sobre as peças e identificação do tipo de ferro fundido presente, foi necessário ampliar sua visualização inicial de 100X. Com essa aproximação foi possível examinar se havia a presença de grafita e sua morfologia. Havendo grafita, necessitou-se de reconhecimento de seu tipo previsto na bibliografia, pois a amostra poderia ser de FOFO cinzento, nodular, maleável ou mesclado, enquanto que, não havendo grafita, poderia se tratar de um FOFO branco. Ampliações superiores, auxiliadas por ataque químico seletivo superficial, foram requeridas para investigação mais precisa das peças na comparação com o que era previsto pela teoria. 1.2 Objetivos Preparar a peça com lixamento, polimento, limpeza superficial e secagem para visualizar ao microscópio; Classificar os ferros fundidos com ampliação de 100X; Atacar com nital a superfície das peças para definir microestruturas presentes; Discutir resultados. 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Definições Os ferros fundidos são materiais cuja estrutura contém basicamente Ferro e Carbono com teores de 2,11 a 6,67% de carbono. Comercialmente são pouco encontrados com teores acima de 4%, devido a dureza excessiva que inviabiliza o trabalho com o material. Além destes constituintes, podem ser encontradas outras impurezas como Si, Mn e Cs, devido aos processos de obtenção a partir do ferro gusa ou de sucatas. Para visualização mais simplificada utiliza-se o diagrama ferro-carbono. 2.2 Diagrama de Fases Figura 1 Diagrama de equilíbrio Fe-C. 11 O diagrama de fases é o auxílio visual em que constam as definições das ligas dos ferros fundidos a partir do teor de carbono. Para o teor de 4,3% de carbono a liga é chamada de eutética; para o intervalo de 2 e 4,3%, de hipoeutética; para teores acima de 4,3%, de hipereutética. 2.3 Microconstituintes Dependendo do processo de fabricação, os ferros fundidos apresentam diferentes constituintes, como os apresentados a seguir: 2.3.1 Cementita Microestrutura que consiste em carbonetos de ferro (Fe3C), possuindo 6,67% de carbono. Possui elevada dureza e resistência, e menor ductilidade. Sua estrutura é cristalina ortorrômbica e, quando atacada por solução de 2% de Nital, apresenta coloração escura. Aparece em conjunto com a ferrita na microestrutura chamada perlita, crescendo a partir do contorno de grão austenítico. 2.3.2 Perlita Formada por uma mistura eutetóide de duas fases, ferrita e cementita, produzida a 723 ºC quando a composição é de 0,8 %. Sua estrutura está constituída por lâminas alternadas de ferrita e cementita, sendo a espessura das lâminas de ferrita superior ao das de cementita, estas últimas ficam em relevo depois do ataque com ácido nítrico. A perlita é mais dura e resistente que a ferrita, porém mais branda e maleável que a cementita. Apresenta-se em forma laminar, reticular e globular. As lamelas claras são compostas por ferrita e as escuras são compostas por cementita. 2.3.3 Ferrita A ferrita consiste em uma solução sólida intersticial, ou seja, é uma solução na qual os átomos de carbono estão dissolvidos nos interstícios do ferro-α, cúbico de corpo centrado, 12 com carbono variando de 0,008 % (a 0 ºC) até um máximo de 0,022 % (a 727 ºC), subsistindo até 912 ºC. Essa fase apresenta como características a estrutura, na forma de grãos poligonais irregulares, pela baixa dureza (devido à baixa quantidade de carbono, não sendo possível sofrer endurecimento por tratamento térmico), baixa resistência mecânica e boa ductilidade. Após sofrer o ataque com o reativo, aparece em cor esbranquiçada com finos contornos pretos na leitura do microscópio. 2.3.4 Steadita Steadita é um componente eutético composto por partículas esféricas de Fe3P espalhadas em pequenos aglomerados de ferrita saturada de fósforo. Ela é encontrada em áreas interdendríticas, formando segregações quando o teor de fósforo é elevado. 2.3.5 Grafita A grafita é o componente principal encontrado nos ferros fundidos maleável, cinzento, nodular, vermicular e mescladocom distribuição específica para cada tipo. Ela é constituída por carbono livre. 2.3.6 Ledeburita É uma mistura eutética em um ferro fundido que contém 95,7% de ferro e 4,3% de carbono constituido de austenita e cementita em equilibrio metaestável. Um resfriamento continuado provoca a decomposição da austenita (abaixo de 723°C) em ferrita e cementita (perlita) sobre um fundo de cementita, como resultado da reação eutetóide. Morfologicamente a ledeburita se apresenta na forma de bastonetes ou tubos de perlita numa matriz de cementita. 2.4 Classificação dos ferros fundidos Após a apresentadas as estruturas envolvidas neste trabalho, é possível distinguir os exemplares dos ferros fundidos analisados como branco(ou coquilhado), cinzento, mesclado, maleável e nodular. A obtenção destes diferentes tipos é devida basicamente ao tempo de resfriamento e de encharcamento de cada um. 13 2.4.1 Ferro Fundido Branco ou Coquilhado É um material cujo carbono se forma, junto ao ferro, como carboneto de ferro, dando origem à sua superfície de fratura clara altamente dura e resistente ao desgaste. Consequentemente, ao ferro branco atribui-se baixa usinabilidade. Essas características estão ligadas as estruturas obtidas no resfriamento do ferro, as quais são dendritas de perlita anexadas a áreas de ledeburita. O elemento Silício é adicionado no seu processo de fabricação, e determina fatores importantes como espessura do molde metálico na fundição, temperatura de vazamento e profundidade da camada coquilhada do material. No ambiente fabril, o ferro coquilhado pode ser empregado em rolos de laminação, bolas de moagem e cabeças de britadores. 2.4.2 Ferro Fundido Cinzento Os ferros cinzentos são definidos pela presença de grafita inserida em matrizes de ferrita, perlita ou de cementita. Essa grafita, ainda que profícua na absorção de vibrações, é uma grande concentradora de tensões e demanda um acréscimo de elementos ligantes para melhorar a resistência à corrosão, à ruptura e à temperatura principalmente. Conforme a ASTM e a AFS (American Foundry Society), a grafita é disposta em 5 tipos apresentados na Figura 2. Figura 2 Tipos de grafita do ferro cinzento. Tipo A -veios orientados ao acaso (irregular) Tipo B –veios radiais (rosetas) Tipo C –veios retos, normalmente de grandes dimensões (desigual e irregular) Tipo D –veios pequenos e curtos agrupados preenchendo o espaço interdendrítico (orientados ao acaso). Tipo E –veios orientados segundo o espaço interdendrítico (orientados). 14 Em comparação ao Ferro branco, o cinzento possui boa usinabilidade devido a menor dureza da grafita e uma famosa aplicação se dá na confecção de blocos de motor. 2.4.3 Ferro Fundido Mesclado O Ferro mesclado tem a temperatura de resfriamento ajustada e a adição de elementos controlada durante a fabricação, resultando em uma superfície com tubos de perlita inseritos em matriz de cementita, ou seja, de ledeburita, e veios de grafita em áreas não periféricas. Com essa configuração é possível concatenar alta dureza superficial e baixa fragilidade no mesmo material. 2.4.4 Ferro Fundido Maleável É obtido a partir do ferro fundido branco, através do processo de maleabilização que pode ser por descarbonetação ou grafitização. A maleabilização acrescenta significativa resistência ao choque e a tração, podendo também aumentar a ductilidade e a tenacidade. Se o ferro fundio maleável for reaquecido a uma temperatura maior que 800°C por pelo menos 20 horas, a cementita se decompõe formando grafita rendilhada circundada por uma matriz de ferrita ou perlita. Podemos ter de FoFo Maleável de Núcleo Preto ou FoFo Maleável Núcleo Branco. Grafitização: Nesse processo toda a cementita se decompõe em ferrita e grafita. Onde a grafita se apresenta em forma de nódulos rendilhados ou esboroados que dão a característica maleável do material. A peça é posta em um recipiente que proporciona um ambiente inerte e aquecido por um longo período de tempo. O aspecto de fratura do material é escuro, portanto, sendo chamado de FoFo Maleável de Núcleo Preto ou FoFo Maleável Americano. Descarbonetação: O carbono é eliminado do ferro fundido branco por oxidação junto à periferia da peça para onde se migra por difusão. Para realizar este procedimento o material é acondicionado em recipiente contendo material oxidante e após é realizado um aquecimento que pode atingir mais de 900°C. O aspecto de fratura do material é escuro, portanto, sendo chamado de FoFo Maleável de Núcleo Branco ou FoFo Maleável Europeu. 2.4.5 Ferro Fundido Nodular Adicionando-se magnésio ou cério ao fofo cinzento, antes da fundição, faz com que a grafita se forme em nódulos esféricos e não em veios. Essa grafita esferoidal é produzida através da solidificação com controles rigorosos da composição química e dos processos de fabricação. 15 São necessários diversos processos para a obtenção desse tipo de ferro fundido, como: dessulfuração e desoxidação através da adição de soda cáustica e magnésio; nodularização e inoculação para promover nucleação heterogênea da grafita. À medida que a liga se resfria, os nódulos crescem pela adição do carbono rejeitado pela austenita. Dependendo da velocidade de resfriamento, a matriz que circunda as partículas ou nódulos pode consistir de perlita ou de ferrita. 16 3 MATERIAL E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL O Laboratório de Caracterização de Materiais (LACAR) forneceu as cinco amostras com diferentes tipos de ferros fundidos previamente lixados e embutidos. Foram dadas as intruções do professor Marcelo Duarte Mabilde Silveira e começaram-se as etapas de identificação. 3.1 Etapa I Foram recebidas cinco amostras, fez-se o polimento e então começou uma varredura pelo corpo de prova, no microscópico a 100X e sem ataque, afim de identificar os tipos de estruturas grafíticas presentes nos ferros fundidos. 3.2 Etapa II Foi pego cada amostra e realizado o ataque químico, para aferir as estruturas presentes em cada uma das amostras, em microscópio. A ampliação visual era dependente do tipo e tamanho de estrutura presente, variando para cada tipo de amostra até a identificação completa do que estava presente. 3.3 Etapa III Classificar cada corpo de prova a partir da presença ou ausência de grafita: a ausência indica a possibilidade do fofo ser do tipo branco; de acordo com o tipo de grafita: cinza, maleável, nodular e pelo tipo de matriz: hipoeutético, eutético e hipereutético. 17 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Esta seção é dedicada principalmente a identificação das estruturas presentes nos ferros fundidos. As amostras foram devidamente lixadas e polidas para a leitura dos resultados. 4.1 Ferro Fundido Branco (FF35) 4.1.1 Análise a 100X Nesta ampliação é possível distinguir áreas escuras que não são de grafita, logo pode se tratar de um ferro branco, o que pode ser comprovado à ampliações maiores. A superfície do material foi varrida ao microscópio e manteve-se a premissa do ferro branco ao eliminar-se a do mesclado pela ausência de grafita. Figura 3 Amostra FF35 sem grafita e com possíveis inclusões, o que é um indício de ferro branco. Ampliação de 100X. 18 4.1.2 Análise Micrográfica A aproximação a 100X da mesma amostra atacada apresentou possíveis dendritas de perlita resultantes da transformação da austenita nessa estrutura representada pelas manchas ordenadas escuras. Há também presença de cementita nas áreas brancas aculeares, característicos do ferro hipereutético ao contrário da anterior, que se trata de um hipoeutético. Esta ambiguidade é explicada pela solidificação da austenita formada no ponto eutético, resultando então em cementita em áreas de ledeburita sem os glóbulos de austenita. Figura 4 Amostra FF35 de ferro branco com pontos pretos de dendritas, ledeburitainterdendrítica e cementita aculear a 100X. Ataque nital 2%. Foi necessária uma ampliação de 1000X para visualização de estruturas interdendríticas. O resultado é representado na Figura 5, a seguir, com dentritas de perlita. 19 Figura 5 Lamelas indicando perlita fina adjuntas a uma dendrita de perlita, amento de 1000X. 4.2 Ferro Fundido Cinzento (FF32) 4.2.1 Análise a 100X A amostra FF32, ao microscópio sem reagente químico, indicou veios escuros classificados como grafita. Conforme a norma da AFS, são encontrados dois tipos dessa grafita no material, sendo A, veios irregulares em ordem caótica, e E, veios orientados no espaço interdendrítico. A disposição em veios é característica do ferro fundido cinzento. 20 Figura 6 Grafita em veios do tipo A, em ordem caótica, e E, pequenos aglomerados orientados. Aumento de 100X. 4.2.2 Análise Micrográfica Atacou-se a amostra e ampliou-se a 1000X. Assim, tornaram-se nítidas estruturas de ferrita em pequenas quantidades, de grafita nos veios escuros e de perlita nas áreas lamelares e acinzentadas de matriz. 21 Figura 7 Ampliação 1000X, grafita em veios, matriz perlítica e ligeiras aparições de ferrita em pequenas áreas claras. Ataque nital 2%. Com essas estruturas identificadas, concluiu-se que a amostra FF32 é um ferro cinzento de matriz hipoeutetoide. 4.3 Ferro Fundido Mesclado (FF77) 4.3.1 Análise a 100X Inicialmente, o ferro FF77 foi ampliado a 100X e não foi encontrada grafita, porém, numa varredura de toda a superfície, foram encontrados veios de grafita próximos a trincas na amostra. Assim, surigiu o indício de ferro fundido mesclado. 22 Figura 8 Veios de grafita inseridos na matriz similar ao do ferro branco. Aumento de 100X. 4.3.2 Análise Micrográfica A ampliação a 1000X indicou matriz de ledeburita com ataque químico e os veios de grafita desordenados, de acordo com a Figura 9. 23 Figura 9 Enfoque a 1000X do fofo mesclado com grafita na forma de veios escuros em matriz de fofo branco, ou seja, de ledeburita próximo a uma fenda. Assim, concluiu-se a amostra FF77 como ferro mesclado, pela matriz de ferro branco com aparições de grafita. 4.4 Ferro Fundido Maleável (FF145) 4.4.1 Análise a 100X A ampliação a 100X indicou grafitas rendilhadas e algumas inclusões no ferro 145. Através desse tipo degrafita é possivel dizer com certeza que o ferro fundido é do tipo maleável, como pode ser visto na Figura 10. 24 Figura 10 Inclusões em pontos espaçados e grafita rendilhada. 4.4.2 Análise Micrográfica Após o ataque, em uma ampliação de 100X, observamos o processo de maleabilização por descarbonetação parcial, devido a faixa de ferrita na periferia da peça. Por esse motivo sabemos se tratar de um ferro fundido maleável de núcleo branco, ou também chamado de europeu. Também é possível ver grafita rendilhada está envolta por ferrita. 25 Figura 11 Faixa de ferrita na periferia (esbranquiçada), e grafita esboroada envolta por ferrita. Figura 12 Ampliação de 1000X, com a grafita esboroada entre a ferrita em uma matriz de perlita. 26 4.5 Ferro Fundido Nodular (FF142) 4.5.1 Análise a 100X Micrografia de ferro fundido nodular sem ataque seletivo apresentando nódulos esférios distribuidos aleatóriamente pela matriz. Figura 13 Estrutura grafitica nodular com ampliação de 100X. 4.5.2 Análise Micrográfica Podemos observar nódulos de grafita e ferrita na Figura 14. 27 Figura 14 Fofo nodular com presença de ferrita, ampliação de 100X. Figura 15 : Fofo nodular contedo grafita em nódulos em uma matriz de perlita com presença de ferrita, ampliação de 1000X. 28 5 CONCLUSÃO A identificação de um ferro fundido se dá principalmente pelo tipo de grafita que nele se manifesta e, não havendo grafita, é necessária uma visualização mais aproximada para averiguar se é coerente sua classificação como ferro branco. Muitos podem ser aferidos com uma análise em microscópio com ampliação de 100X e sem ataque com exceção do ferro fundido branco que tem uma estrutura similar a ligas de aço, alumínio, titânio, sendo necessário ataca-lo quimicamente para observação das estruturas presentes, no caso do fofo branco, principalmente a ledeburita. Através das análises metalográficas, deduções e comparações identificamos cinco tipos de ferros fundidos distintos sendo eles: branco, cinzento, mesclado, maleável e nodular. A amostra FF32 é um ferro fundido cinzento com veios do tipo A e E em uma matriz perlítica. A amostra FF35 é um ferro fundido branco, pois continha ledeburita, estrutura típica desse tipo ferro fundido. A amostra FF77 é um ferro fundido mesclado, contendo ledeburita e ligeiras aparições de veios de grafitas. A amostra FF145 é um ferro fundido maleável por descarbonetação, onde é possível ver que nas bordas há uma camada de ferrita, mostrando de fato que o ciclo de maleabilização é por descarbonetação. Mas a característica principal é a presença de nódulos esboroados de grafita em seu interior. A amostra FF142 é um ferro fundido nodular, apresenta grafita com morfologia arredondada com matriz perlítica. 29 6 BIBLIOGRAFIA CHIAVERINI, Vicente. Aços e ferros fundidos. São Paulo: Associação Brasileira dos Metais, 1982. COLPAERT, Hubertus. Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1997. NOTAS DE AULA
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